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62º CONGRESSO ANUAL DA ABM
GESTÃO ENERGÉTICA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Vitória, 24 de julho de 2007
Impacto do Tratado de Quioto no Brasil
Luiz Gylvan Meira FilhoPesquisador Visitante
Instituto de Estudos AvançadosUniversidade de São Paulo
Clima são as estatísticas (média, desvio padrão, etc.) das variáveis que definem o estado da atmosfera: Temperatura; Pressão; Vento (direção e intensidade); Precipitação; Umidade.
O clima é determinado pelas condições geográficas e pelo aporte de energia solar.
A radiação do sol esquenta a superfície, de forma diferente.
O ar quente se expande e tende a mover-se para onde está mais frio.
Combinado com a rotação da terra, esse movimento gera o tempo, cuja média é o clima.
A terra recebe energia do sol na forma de radiação visível e perde energia na forma de radiação infravermelho, pois a “cor” da radiação de um corpo depende de sua temperatura: Sol, 6.000K, radiação visível; Terra, 300K, radiação infravermelho.
Uma estufa permite a entrada da radiação solar e bloqueia a saída da radiação infra-vermelho, aquecendo o interior.
O planeta Terra é uma estufa natural, porque certos gases na atmosfera são opacos à radiação infra-vermelho.
A grande maioria dos gases da atmosfera não produzem o efeito estufa: Nitrogênio, oxigênio, gases nobres;
Alguns gases produzem o efeito estufa: Vapor d’água, dióxido de carbono, metano,
óxido nitroso e outros gases industriais.
A concentração atmosférica do vapor d’água não depende da ação do Homem.
A concentração atmosférica dos outros gases que provocam o efeito estufa aumentou nos últimos 250 anos, e continua aumentando devido à ação do Homem.
Com o aumento da concentração do dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa na atmosfera, a estufa torna-se mais eficiente – aquecimento global.
É como se tivéssemos um aquecedor de radiação com potência de 2W para cada metro quadrado da superfície, ligado dia e noite há muitas décadas.
A temperatura média da superfície já aumentou 0,7 graus Celsius, e deve aumentar mais 3 graus Celsius até o final do século.
Esta previsão já havia sido feita em 1971, em relatório da Academia de Ciências da Suécia (Study of Man’s Impact on Climate, MIT Press).
Será necessário reduzir as emissões globais de cerca de 60% em relação aos níveis de 1990.
Os gases de efeito estufa são eliminados da atmosfera em tempos diferentes: O dióxido de carbono é eliminado rapidamente no
início: 15% permanece por mais de mil anos; O metano permanece por 11 anos; O óxido nitroso por 114 anos. Os HFCs (hifrofluorcarbonos), gases que substituem
os CFCs (clorofluorcarbonos) que destroem a camada de oxônio, têm vida útil de poucos anos.
Os CFCs são gases de efeito estufa, porém a sua eliminação é objeto do Protocolo de Montreal e portanto não são considerados na Convenção do Clima.
O aquecimento aumenta a temperatura da superfície. Este processo é lento porque há que esquentar a água dos oceanos: As camadas superficiais dos oceanos
são misturadas em 20 a 30 anos; As camadas profundas dos oceanos são
misturadas em cerca de 500 anos.
O aumento da temperatura média da superfície, e portanto a mudança do clima, resultante da emissão de um gás de efeito estufa, tem um máximo algumas décadas após a emissão. 20 anos para o metano; 40 a 50 anos para o dióxido de carbono
e o óxido nitroso.
Máximo efeito sobre o clima ocorre décadas após a emissão
15% do gás carbônico permanece na atmosfera por mais de mil anos
0
20
40
60
80
100
0 50 100 150 200
Anos após emissão
Tem
per
atu
ra(%
do
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to)
dióxido de carbono
metano
óxido nitroso
A mudança do clima não é nem será uniforme em todo o mundo:
O aumento de temperatura é maior nas altas latitudes do hemisfério Norte;
A freqüência e a intensidade de eventos extremos será alterada;
Haverá mudanças no regime de precipitação.
O Protocolo de Quioto, e portanto o seu Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, considera os seguintes gases de efeito estufa: CO2 dióxido de carbono
CH4 metano
N2O óxido nitroso
SF6 hexafluoreto de enxofre HFCs hidrofluorocarbonos PFCs perfluorocarbonos
Face à mudança do clima, há somente três atitudes possíveis:
Inação – não fazer nada e aceitar os danos futuros;
Adaptação – quando possível, adaptar-se a um novo clima;
Mitigação das emissões – reduzir as emissões líquidas antrópicas de gases de efeito estufa.
Para decidir o que fazer, há que pesar o esforço de mitigar as emissões levando em conta os danos a serem evitados no futuro. A dificuldade é devida a dois fatores: Aversão ao risco; Valor hoje dos danos evitados no
futuro.
O risco praticamente desapareceu com o relatório de Paris – agora é certeza e não risco.
O princípio da precaução tornou-se desnecessário.
Mudança do clima deixou de ser um problema ambiental para tornar-se uma questão de planejamento racional.
O planejamento racional visa maximizar uma função utilidade A função utilidade, numa primeira
abordagem, são os ganhos menos as perdas
As perdas incluem: Custo da mitigação das emissões Perdas associadas ao impacto da
mudança do clima no futuro Custo da adaptação.
A função utilidade mais apropriada para este caso inclui também: Fator de aversão ao risco, devido às
incertezas ainda existentes sobretudo quanto à magnitude dos impactos da mudança do clima
Taxa de desconto, necessária para calcular o valor presente líquido de ganhos e perdas no futuro.
Estudo Stern: Aspectos econômicos das mudanças climáticas. As estimativas dos custos de
implementação sugerem que o limite superior do custo anual previsto para as reduções de emissões compatíveis com uma trajetória que leve à estabilização da concentração de CO2e em 550 ppm será provavelmente da ordem de 1% do PIB até 2050;
Estudo Stern: Aspectos econômicos das mudanças climáticas. O estabelecimento de um preço para o
carbono através de impostos, comércio ou regulamentação é um fundamento essencial da política sobre as mudanças climáticas;
São necessárias políticas para apoiar o desenvolvimento urgente de uma gama de tecnologias de baixo carbono e alta eficiência;
Necessidade de tratados internacionais para pactuar a repartição dos esforços para evitar, ainda que parcialmente, a mudança do clima: Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima; Protocolo de Quioto; Regime(s) pós 2012.
Convenção do Clima é um tratado essencialmente universal.
Meta da Convenção: estabilizar a concentração atmosférica de gases de efeito estufa. Para tal é necessário limitar e estabilizar as emissões líquidas globais de gases de efeito estufa.
Princípios da Convenção:
Responsabilidade comum, porém diferenciada, de todos os países;
Responsabilidade histórica, pois a mudança de clima ocorre décadas após a emissão.
Responsabilidade relativa do Brasil:
Brasil tem cerca de 3% da população mundial;
As emissões do Brasil representam cerca de 3,5% das emissões mundiais;
O Brasil é responsável por cerca de 2,6% da mudança do clima hoje.
Protocolo de Quioto:
Países já industrializados: metas de limitação ou redução de emissões relativas a um valor fixo, as emissões em 1990, e expressas em termos da soma das emissões nacionais de todos os gases em todos os setores.
Protocolo de Quioto:
Países ainda em fase de industrialização: programas nacionais de redução de emissões, com suas metas programáticas;
Participação no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, com metas por atividade de projeto, relativas às emissões que ocorreriam no futuro.
Protocolo de Quioto:
Mecanismos, como o MDL, que permitem a compensação de reduções de emissões entre países e entre projetos, de forma a promover a redução de emissões onde isso possa ser obtido mais facilmente.
Regime pós-2012:
Estados Unidos e Austrália decidiram não ratificar o Protocolo de Quioto.
Reconhecem a necessidade de mitigar as emissões de gases de efeito estufa.
Preferem investir em novas tecnologias e promover a cooperação internacional.
Regime pós-2012:
Início de negociações sobre a continuidade do MDL a partir de 2013;
Limites quantitativos para as emissões nacionais dos países industrializados são essenciais para criar a demanda por certificados de redução de emissões.
Regime pós-2012:
Início de debates sobre o futuro do regime de mudanças climáticas sob a Convenção, sem novos compromissos;
Iniciativas importantes, como por exemplo o acordo entre São Paulo e Califórnia.
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo:
Reduções de emissões são a diferença entre as emissões que ocorreriam em um cenário hipotético, dito de linha de base, na ausência da atividade de projeto, e as emissões que efetivamente ocorram no cenário da atividade de projeto.
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo:
A questão central é conseguir argumentar de forma convincente que o cenário de linha de base efetivamente ocorreria;
MDL e o setor florestal: três aspectos distintos:
Sequestro (temporario) de carbonoDeslocamento da liberacao de carbono não renovavelMudanca de processos
Equation 6.3:a) number of years to harvest greater than number of years to A/R;
b) number of years to harvest equal to number of years to A/R;c) number of years to harvest less than number of years to A/R.
7yr to harvest; total 1000ha; 6tC/ha/yr
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
years from start of project activity
C(t
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f carb
on
in
to
ns o
f carb
on
a) 5 yr to A/R
b) 7yr to A/R
c) 20yr to A/R
cumulative removal of carbon dioxide equivalent from the atmosphereex ante estimate according to the methodology of AES Tietê
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00
5.00
6.00
7.00
0 5 10 15 20 25 30 35 40
years from start of project activities
mil
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arb
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xid
e e
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IREF(proj)
BL
D
L
GHG
ACTUAL
NET
a
g
pj
bl
gpj
gbl
emissões específicas de dióxido de carbono equivalente por tonelada de gusana siderurgia, incluindo carbonização e atividades florestais
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
c.v. renovável c.v. não renovável coque coque de petróleo
termorredutor
ton
CO
2 p
or
ton
de
gu
sa
perdasflorestalCH4 carbonizCO2 carboniztransportedesulfuraciariaescóriacarb. no açoelectricidadeerio ferrominredutor