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ANNO I—JY.° 2•;'à
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m -• SETEMBRO DE 1895. r> -,
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rnmha teria; natal ondo cantaa Jandaia na fronde da earnahuba,
José de Alencar.»
REVISTA DA CLASSE ESTUDANTAL
Director: JOAQUIM C. FONTENELLE
lledacção :
BOHEMUNDO AFFONSO, OCTAVIO MENDESe GERVASIO NOGUEIRA
EXPEDIENTE A JANDAIA
ASSIGNATURAS
Serie de 5 números. ...... . 2$000
Toda correspondência deve eer dirigidaá—Jandaia,—Fortaleza.—
A Jandaia publica-se mensalmente.
- SUMMARIO :'¦
— 7 de Setembm. — Vês? C. ;—Brevestraços, Gervasio Nogueira ; — O annel daPrinceza, Fiúza de Pontes ,—Scismando;...R. Damasio ;—Manhã de Abril, R. The-mistocles ;;— Santinha, José Carvalho ; —Are-Maria, Rubens Monte ;—Carta abef-ta, M. Cunha \—Noticias e Visitas.
X'x y> ...'. -T-jasshr , ¦'¦.'.'' '•'.";''":
7 de SetembroTodas as nacionalidades têm seus dias
de glorias. Nós, os brazileiros filhos desteimménso recanto de Colombo, que dormea beira do raivoso e indomito Atlântico,osculado de um lado pelas quentes brisasque soprão da África e do outro pelas gé-
lidas dos pólos, também temos "estes gran-des dias. ;:|f
E entre outros Üestaca-se o 7de Setem-bro.
Completãp, pois, hoje 73 annos que seuvio o echo de Independência que Pe-°dro I'soltando nas margens históricas doYpiranga, e, echoando em todo o Brazilo libertou do julgo luzi^-ino.
Jr N'aquelles tempos de tristes reminiscen-leias o cidadão-brazileiro curvava-se timi-do e humilde ante c sabre hediondo dosoldado luzitano ; mas, nós como os Es-tados Unidos que teve Washington, comoa Venezuela que teve Bolívar, nós tivemospatriotas distinetos, conio José Bonifácio,e outros que ao lado do regente coopera-
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A JANDAIA
ram para a realização desta grande datagloriosa.
E nós associando-nos ao regosigio na-cional consignamos estas linhas como ho-menagem de nosso patriotismo. v
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VÊS '?¦'.*<
Eu vivo d'esta incerteza, .Que brilha rio teii olhar,Tão vago. . . tão indeciso!
Mas penso que no teu risoIrei a morte encontrar !
E vivo só porque vivesOra triste ora risonhoE venho contar-te agora.. ..
Mas tenho medo, Senhora,De confessar-te o meu sonho /
Tenho medo que ri es f hora,Não te chegue ao pensamentoA minha triste lembrança. . .
Enão queiras dar "lhe esperançaCom vago presentemento;/
Si estes versos sentidosPor um accaso encontrar es,D eixo-os então destruídosO o a chamma de teus olhares /
Também o meo triste nomeEnvolve neste vulgorE vê que o fogo consomeUm outro fogo do amor.
vn>
y.
Breves traçosA LITTERATURA
Como o sol que pela manhã vai se cr-guendo acima do horisonte, derramandoluz e vida sobre a terra, doirando comseus raios nascentes desde o cimo dasmontanhas até a relvageladadossttepes da
Sibéria, derramando vida de paizem paiz,de cidade em cidade, annunciando quevence o espaço com rapidez incrível, fir-mando sua força na creação, porque é útila todos ; assim a litteratura, utifee neces-saria, vai dia a dia ganhando suàvictorianos corações dos povos e na justiça dahistoria.
E, é justo.Não ha bronze secular que guarde mais
a memória de um povo, não ha mármoreque immortalize mais as nações, que re-memore mais suas glorias, que a—littera-tura.
A litteratura é o cinzel divino e sublimeque esculpe no coração da pátria as figu-ras de seus filhos que elevaram-na.
As glorias das grandes nações são, pois,filhas de seus filhos.
A Grécia e a Itália ou mèlho;* ÀthenaS"e Roma bradam eloqüentemente porque ei •Ias devem a seus filhos a admiração quelhes consagram as gerações—Ainda hojeos nomes de Athenas e Roma trovejandoem todos os espirites são repetidos jomadmiração e enthüsiasmo pelos povospasmos.
Suppomos que naofoi somente a bria-vura de seus filhos que celebrizou essespaizes—mas, umacouza superior—a litte-ratura.
Muito embora Themistoclese Leonidas,Mario e Sylla, Cezar e Pompeo não exis-tissem, Roma e Athenas seriam grandio-sas porque acima dos feitos dáqüelles fi-lhos está a litteratura que as engrandeceu.
Nossos corações ainda parecem sentir asvibrações sonoras e suaves da lyrá de Ho-racio, Pindaro, Ovidio e Homero; anos-sosouvidos ainda pare^cern chegar, tangi-dos por uma briza de aftagos, as palavras
. eloqüentes de Demosthenes e Pericles,Cicero e Hortencio,que ainda repercutem nas a-bobadas parlamentares de Athenas è Roma.
Nós vemos também na litteratura obras—primas, verdadeiros monumentos quealem de immortalizarem seus auçtores eh-grandecem suas pátrias.
. A Illiada, a Eneida, as! Philippicas. aHistoria de Roma, são nionumentos dalitteratura que o tempo, este destruidoreterno jamais fará olvidar. E estas epopéasque produzirão aqüelíes grandes gênios
A J AN DAI A 3
da antigüidade são, como já dissemos,monumentos que immortalizarão seus au-ctores porque ainda hoje atravezde tantosséculos de progresso na litteratura, ao vol-vermos cada uma cTaquellas paginas fulgu-rantes ficamos pasmados e curvamo-nosante o talento de seus auctores. tributando-lhes as homenagens de admiração que lhessão devidas.
A litteratura, porém, é filha da instruc-ção. E nós tendo em vista o que dissemos,tendo em vista os áureos e fascinadoreshorisonte do Porvir ; tendo em vista con-tribuir.tambemcomnossosesforçosparaele-vármòl a litteratura de nossa pátria ; agoraque encetamos a lueta na imprensa, procu-rando fazer de nossa frágil penna uma ala-vanca formidável, semelhante a de Arçhimedes,'afim de abalarmos e derrocarmospelo aliiercs o solio da ignorância, queobscurece com seu véo denso e opaco os ce-rebros,; temos como nossa diviza : «Ins-trucção e progresso. »
E é luminosa
Gervasio NOGUEIRA.
Agosto de—95.
Scismando. . .A' beira mar, íVum embevicimento de
eterna melancholia, está uma joven sen-tada languidamente na areia setinosa dapraia, ouvindo o sussurrar das ondas ma-rulhosas do oceano.
Esmaga-lhe o coração uma acerba dor eum sorriso de louca anda sempre a rolar-lhe pelos lábios rubros.
A sua voz desata-se pelo espaço afora,como o som mavioso d'uma flauta decrystal.
Para amenizar os seus tormentos, cantabailadas antigas que as brizas noctivagaslevam docemente para além. ..
A lua iVuma emanação lacrimante depoeira argentea, acaricia-lhe o rosto escul-ptural.
E sempre aquelle sorriso a brincar-lhenos lábios!...
Vive desolada e triste pela perfídia doamante...
Agora as lagrimas orvalham-lhe as facesdivihaes apagando aquelle sorriso outr'ora
tão encantador, e hoje única alegria de suaalma dorida !.. .
R. Damasio,
O annel da princeza
Chegam do lago a ponte, reclinou-seMirando às águas vivida a princeza.,Riu-se dever sublime a correntezaPor entre a selva encaminhar-se doce.
Airosa e terna olhando ella quedou-sePuxa o annel e viva de bellezaLeva-o brincando aos lábios, (com certezaDe que fatal seria, não lembrou-se) !
Discuida-se, da mão cahe d'entro d'água..Uni grito seu escapa-lhe de magua !E o principe com toda ligeireza.
Salta dèpressv livido no lagoSurgindo traz nos dentes com affagoO bello annel doirado da princeza!
— -*~j\0>\<o+-
Fiusa de Pontes
Das mMypsotes.
Uma manha de Abril
Em brancas vagas de luzSurge a aurora namorada,Saudando ao sol que despontaEm bellissima alvorada.
O sol nascente destendeAmplo manto JlammejanteNa vastidão infinita« Do ocecaso poluçante. »
Pejietra ufano á soslaioPor entre os lyrios mimosos,Que, de prazeres cercados,Brincam com as virgens, airosos.
Refrata directamenteLento e suave nas flores,Que ledas—lançam perfumesyGentis—suspiram amores*
ÀJÀNDAIA
As viçosas açucenas,Ricas de mimo, innocentes,
c Àccordamplácidas, béllas,' Púdicas, alvas, nitentes.
.: Ergeum afronte soberbaPela briza balouçadas,Enchendo os campos vir entesDe fragrancias recendradas.
As flores lindas, dos camposNyestas manhas de alegriaDeitam perfumes muscados,Saudando ao nascer do dia. <
R. Themistoc4.es.
SantinhaAo Octavio Mendes (
Doze annos. E uma ereaturinha tãosimples, tão poética, que eu não possodeixar de escrever a interessante historiade Santinha.
Ella e sua avó moravam em uma d a-
quellas pequeninas casas que ficam pertoda Igreja da Erainha:.-, 7 p M'Eram muito pobres; porem Santinhaera uma menina branca, de uma complei-cão muito delicada, de um temperamentomuito sensivel e amoroso. Franzina, fra-ca, mas, viva e intelligènte.
Quando comecei a vel-a ella usava, oraum vestidinho de cambraia, outras vezesde cassa salpicado de azul muito curtosyinda, muito acima dos tornozelos.
E todos os Domingos — acompanhadada Dindinha —vinha a Sé ouvir a missado dia, 7
Uma fita azul cingia-lhe a cintura edois lacinhos da mesma eram pregadosaos hombros do casaco. Ouvia a missa,sempre no corpo da igreja, encostada ao
gradil.--'Não era influída como muitas
que iam lá para cima; para as -tribunas !
Quando entrava na Ig/eja ia cáminhan-do muito garbosa e olhando para todos oslados para ver si por a-lli* havia outra maisbonita que ella.
Ajoelhava-se, benzia se, rasava e espe-rava que o padre viesse dizer-a Missa.
Santinha, apezar de pobre, tinha as suasaspirações, formava também os seus cas-tellos de sonhos!
Muitas vezes, suspirando dizia:—Oh.meu Deus, eu não nasci para ser pobreneste mundo !
1 Muito intelligènte e por isso tinha con-fiança em si própria.—Era muito pobre,mas não era tão despresivel, tão mísera-vel que não podesse ter as suas phanta-sias ! ! ,
Gostava de vêr os rapazes ricos, os ra-
pazes da moda, e conhecia-os todos. Sa-bia-lhes o nome e para isso tinha uma
perspicácia admirável. Em Maio quandoiam as novenas da Prainha, ella, de lon-
ge, de muito longe dizia :! —Aquillo é o Manduca! é o Silva e o
poeta Santos !. ..No emtanto elles não sabiam qne San-
tinha os conhecesse. •
*% *
Aos 15 annos corruçiu á' sentir unsdesejos vagos, mysteriosos^ indefenidosbrotarem-lhe no coração. Scismava, sor-ria sem causa, saltava as vezes,contente,
.muito contente..,. . Outras vezes entriste-cia, uma saudade, um pezar inconsciente,annuviavam-lhe a-alma de immensa tris-teza. . . chorava ! e não sabia porque.
Eram os prelúdios do amor!Santinha era mulher e precisava de
amar.Não podia ouvir mais religiosamente a
Missa. O Manduca, aquelle rapaz, rico,lord, de flor na lapella, roubava-lhe todaa attenção. .. • v
Não se cançava de olhal-o,—Oueria-lhe tanto bem! e elle tão in-
grato, nunca olhava para ella ?!e O Manduca só fitava as pessoas da tri-
¦ buna e quando Santinha procurava ver oque prendia a attenção dé seu amor, pas-sava por uma triste decepção.
Via as moças ricas, bem vestidas I en-tristecia, entristecia mortalmente. Desejaardentemente ser também rica.
Logo, porém, reanimava-se, sentia-seforte, um contentamento intimo, uma con-fiança extranha lhe davam coragem ; jul-gavà-se conquistadôrae fitavao rapaz com
A J ANDA IA>¦' > V"
e olhar radiante de alegria e de amor. Vi-nham-lhe a imaginação mil pensamentosdifferentes e bons.
Terminada a Missa ella fitava mais umavez o seu amor e voltava, para casa com oçspinto inebriado de' sonhos e chimeras.
Emquanto subia pelo calçamento daPrainha, mirava-se* toda, sorria, julgava-semuito feliz, parecia-lhie ir apoiada doce-mente ao braço da seu noivo!'
A' noite tesava, olhava amorosamente aimagem da Virgem e pedia sua intercessão.Deitava-se enlevada em doces pensamen-tos. Pensava que era uma Princeza, mui-to formosa, coberta de ouro e via o Man-dúca ào seu lado amàrídò-a muito eas-sim adormecia nas mais risonhas medita-ções.
Desta -fôrma passava toda a semana.j A * . . * . j
* •*¦
Voltava o Domingo, e ella toda vesti-da de branco, enfeitada de laços de fitaazul vinha ouvir a missa.'
Estavam na Igreja o Sérgio, o Pio, opoeta Santos mas o Manduca não estava.
_Ah! ingrato, pensava, tanto que oamo ! !".'' .„' .
—Não veio é porque não faz conta demim!' Santinha baixava tristemente o olhar etinha saudade áo namorado desejava vel-o.
A. presença dos outros rapazes, porém,prendia sua attenção e ella jiojntimo he-
—Só não podia amar era os matutos ;aquelles rapazes bestas, mal amanhados,com a gravata no pescoço limpo,; eo cabel-lo penteiado com banha. '¦¦
—Credo,'grande gente porca ! nojenta!eu caso nuhca com um bicho daquelles !!—Ave Maria ;
È dava duas palmadinha? na bocea;para que Deus não a castigasse %
** *
sitava em escolher um d'aquelles páraobjecto de seu amor. >" — Não queria mais o Manduca, aquillonão presta!
—Amava o Pio, tão bonitinho! tãosympathico: ! ! •. -
: Üs mesmos sentimentos inspirados peloprimeiro amor affluiam m.ysteriosamenteao seu coração. . •
, Naquella semana era o Pio, a imagemque ella afagava nalma com as doces ca-.riciâs de amante. ;
, Oh ! Santinha era uma borboleta de.volúvel ! , ..a Quando na. Igreja não via .nenhum dosrapazes da moda, amava o poeta Santos
* que era infalLivel e estava sempre encosta-do a uma columna, a torcer uma penugemque elle chamava bigode:
Santinha não estava' livre das tristesdecepções d'este mundo.
Com os annos e com.' a indiiTereça dosrapazes tbram-lhe chegando as desillu-soes. ¦',*•.•¦ '.¦¦ ijjA.;- a
—Ah ! não era rica ! e via que era im-possível casar com algum, deílfes. ,,,,,
E vivia triste, muito triste! . .Não queria vir mais a Missa e a Dindi-
nha brigava-lhe todos, os Domingos.Pois bem, pensava ella, com aquelles
bestas e nojentos eu não casarei nunca, sósi achar um rapazinho, mesmo pobre, masque seja bonitinho, que ande decente,com geito de gente !
Pensava n'um que tinha visto no Outei-ro, em casa da Marianna, mas nunca mais0 vira, não sabia delle«—-Lá tornaria a irpara ver si o via!
E assim se passou muito tempo, e apobre de Santinha soffria cruelmente estastorturantes alternativas da sorte*.
Tornava - se pallid a ^ePnhava, consü-mia-se lentamente.
: / Oh ! como são dolorosos os desehga-nos, as dcsillusões desta v.rdá! a á x'a
Muitos leitores maliciosos, talvez já es-tejam a pensar que a pobre tivesse morridodè dôr e de amarguras ! Não ! ella nãomorreu ! Sua estrella Sempre lhe dizia quehavia de ser muito feliz ainda.
Os Dons Juans hão;deixara'm de perse-guil-a e duas ou três velhas lhe levaramas propostas de que uns rapazes queriamamparal-a.
Por um milagre, Santinha não se per-deu!
Um dia na Confereneia de S. Vicentede Paulo um irmão que a conhecia lem-
t$ A J AND AI A
brou a idéa de se procurar um casamentopara ella.
O Manoel empregado na Ferro Carrilque era confrade e estava presente ficoumuito vermelho e tossio para desfazer Liiáperturbação
Elle tinha >este desejo, mas nunca seattreveu confessa-lo.
Quando terminoju a sessão elle confe-rendou com o Presidente e ficaram en-tendidos.
Santinha foi consultada e hesitou muitotempo em dar o consentimento. Umare-volta agitava-se em sua alma, uns restosde suas illusões não lhe queriam abando-nar. Chorou, chorou muito, como prpcu-rando nas lagrimas a solucção daquelleproblema difflcil que ella não tinha forçaspara resolver . .,
Depois de alguns conselhos da Dindi-nha — conselhos de ternura e de amor—ella consentio casar com o Mançel. (
*
O casamento foi celebrado na Sé e hou-veum grande acompanhamento. Ellaves-tida de noiva trazia na fronte as ílôres delarangeira e um grande véo a lhe cobriras ruborencias das faces.
Foram muitç- felizes, amavam-se muitoe ella nunca mais se lembrou do Mandiica
Jnem dos outros. _.Vinham juntos a missa e voltavam mui-
to alegres e quando subiam o calçamentoda Prainha, ella toda de branco, mi-rava-se sorrindo, e apoiava-se docementeao braço vigoroso do noivo.
*
Um anno depois traziam o primeiro fi-lhinho para se baptisaf.
O Presidente da confraria foi o padrinhoe Santiriha, meiga affectuosa e com estaphysionomia puríssima e angélica de Mãe,não sabia o que fazer para despensar ácreancinha os m^is#cariciadores desvelos.
Ceará—31—Agosto—95
José Carvalho ,̂-;;-
Ave-MaTiaA Raul Damasio
Cahia a tarde.A esta hora em que tudo parece calmo e
triste, em que nossos corações despertame scismam, a natureza nos apresenta umdos quadros mais bellos de sua mágestosacreação.
O sol escondfendo-se no horizonte espa-lhava sobre a terra seus últimos raios deouro.
O céo ao contacto dos frouxos clarõesdo declinar da tarde tingia-se de rubro.
O mar de verde que era tornava-se pra-teado pelos raios nascentes da lua refle-ctindo em suas ondulações este conjunctode encantos.
A fresca aragem do occaso balouçandoas flores trazia-nos um ar ambiente e em-briagador.
Os pastores cantarolando recolhem seusrebanhos.
Os pássaros voltam pouco e pouco paraseus ninhos despedindolse com seus sua-ves cânticos do dia que se findava e sau-dando a noite que cahia
Esta hora sublime e encantadora é a—Ave-Maria.—
Ceará—95.Rubens Monte.
« — E' comQ lhe disse a Jandaia éumjornalzinho catüa, que não é mal escriptoe ébem impresso ; só o que n'elle não meagradou foi o trabalho xylographico...»
« — Ah ! eu notei logo na xylographiaque a Jandaia estava, maior do que a car-nahuba onde pouzava...»
Ouvimos esta palestra de dois bohemios,no café Java, e para satisfazer-lhes vamosencommendar, para Portugal, uma novaxylographia, caprichosamente preparadapelo punho do Pastor. Devemos poremacrescentar que isto não é reclame á Jan-daia...
—?-»•«.,-
A J AN DAI A 7
CARTA(VERSOS DE UM ESTUDANTE apaixonado)
Ao 'Chrispim
Meo compadre, como agoraTenho preguiça a valer,Vou esperdiçar um "horaEm versos a lhe escrever.. .
y*
Por aqui, eu vou vivendo :Nem sei mesmo como vivo !Nada mais nó mundo entendo...Pois sou um pobre captivo...
Captivo d*uma menina,..Oy compadre, bem formosa !Ey loura bella e franzina,Mais franzina que uma rosa !
Ao vel-a, minhyalma andadaDiz baixinho : é chique ! é chique !E fica toda apaixonada,Quasi tendo um iremelique...
A ys vezes, scismo ser ellaUm anjo, \compadre, um anjo !E ao lado d'ella, tão bella,
1 Eu só me julgo um mar manjo !
Porem, falando a verdade,Ella tem abocca torta !E grande que faz piedade. . .Do tamanho d* uma porta! .
Demais meo compadre, sabe ?Bocca enorme é o meo desejo...Pois quanto maior, mais cabeMaior numero de beijo...
E o pai d'ella, ri outro dia,Falou-me sobre seo dote :O clpte é que ella sabiaSer professora em calote...
Ah, que espera ! bôa espera !Se ella um calote passa...Eu emito a mesma cousa...E se vive assim de graça !
Eu,ia, pois, lhe dizendoQue'em atlotes ella brilha,E a mesma cousa eu fazendo...—Ah / meo Deus, que maravilha !
Ella tem certo caprichoDe não mostrar o cabelloPois é mesmo que um rabicho,Que nem eu procuro vel-o !
Assim, compadre, a meninaE} bèm formosa, não acha ?Muito loira, alva e franzina,Com carinha de bolacha. .. s
Pode, pois, ir declarandoPor ahi meo casamento :Serei solteiro até quandoVocê for menos... mofento...
Mofento quer, meo compadre,Direi: cara limpa e nua,Sem barba como a de padre:Ora, mesmo como a sua...
E nada mais de novo havendoMeu nome vote escrevendo.
M. Cunha.
4, *i , /
DE TARDE
A MATHIAS MOREIRA
•Foi solem nerhe-hte bella a paisagem quecontemplamos do Alto do Serrote em Mo-rada Nova iVaquella tarde dè inverno.
Apenas havíamos chegado ao cume^l-a*qiíeila pequena serra abruptamente er-guida e cofoadá de pedras, logo descor-tinamos o panorama divino dvaquella na-tu reza grandiosamente fecunda e ardente-mente tropical.
O sol, como um enorme coração queenru.becera ao calor, das paixões, ia decli-nando dando ás coisas um tom mágico eoriginal.
O rio que distava dous kilometros doAlto parecia uma fita decrystal atravezdoverde esmeraldino da vegetação onde ozumbido imprudente dos insçetos produ-zia uma orchestra factidica.
Gaitiava ao longe um touro medonhoque ora espalhava a tsrra e-car^muçandosoberbamente, ora afiava as suas-aguçadaspontas rías arvores dos caminhos."
Ouvia-se alem o grito forte dè um và-queiro que em vestes de couíò, queíft&và
A*}-. A .' r a'
5i;»:s;í»Jt
¦ •'.•
¦
8 A J AN D AI A
a.matta campeando uma r^jz, dando assus-tadoras desfiladas em seu formoso cavai Iopedrez.
Para o lado do oriente murmurava nos-talgicamente orlado de matagàes intrinca-dos um pequenino regato, serpeandç> atra-vez de uma vereda reflectindo ligeiramenteáguas transparentes a sombra rápida dasjuritysquç/passavam ferindo o silencio doazul...
Para as bandas do Nordeste uma chuvacupiosa despejava-se com a força de umacatadupa.
Morria a tarde : já o escuro começava acahir, a noite friorenta ameaçava invadir ascouzas, dissipando as phantasias d'aqu3llatarde magicamente divina ; e ouvia-se, aolonge, o cantar perseverante das cigarras,o arrulho ultimo da jurity que chamava acompanheira; o canto pungente das ciri-coias, e «fiir^se-hia que uma tristeza im«mensa, infinita, era naquelle momento a ai-ma dolorida da Natureza...
José Victor
Desejamos que a Academia- marche,marche sempre para mais honra e gloriade nosso querido Ceará.
NOTICIAS E VISITASílP
r.^Y^*Y'a*:
Joaquim Carneiro
Éntristiceu-nos bastante ter sabido dalredacçãOYdQ nosso jornãTo nosso qu^rktor-collega JoaqiUm, Carneiro. Motivos supe-riores oççazionaram a sua sabida/
Para pccupar o seu, logar, foi escolhidoo nossq amigo B. Affonso que por suasqualidades de collega sincero vem para aliça corajoso e perseverante.
O nosso collega e amigo .Luiz Cesarioacaba de soffrer o rude golpe do falleè;-mento de seu prezado pae.
Sentidos por tão dolorosa perda envia-mos-lhe nossos pezames. x;
' r ¦..:¦¦¦ ¦' ,-<
«Iracema» c «O Pão»Recebemos estas duas revistas do Centro
Litterario e da Padaria Espiritual.Como sempre têm dado honras k — Ter-
ra da Luz.
«A Iliustraçao»Recebemos os números 1, 4 e 11 illus-
trados com os retratos do eminente litte-rato cearense Cíoyis Beviláqua, AntônioRayol e Tito Ro?asv, mf^^m?*^*
«A Epocha»
Fomos visitados por esta importante^evis-ta-pamense_. _____;_ y
Agradecidos. •YY ^Y:'í';YfYYYvYY A--
De Maceió e Campos {Rio de Janeiro)recebernos o Correio Mercantil e a Gazetado Povo. ?
Aos collegas nossos agradecimentos.
¦
Academia Cearense
Brilhante a sessão que deu a AcademiaCearense festejando o seu primeiro anni-ver sario*
Lá, ao lado do que ha de mais eelectono Ceará, estivemos gosando embevicidosdas eloqüências dè nossos mestres, qüeespargindo luz sobre tudo patentearamao publico que a Academia está na alturade collòçar-àb ao lado das mais proemi-nentès de sitas congêneres. v
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SSlSãa A JAJKn}ii |§?jjf||j|áj «waiItMT cor li:ilniciilc B&
2li|§iS íi imprensa rcjirrnsr ;í* f|2a*Ülj honrosas míinifVsla<;òi(S §gISHBm Mnc lhe ilis|ic;)Miii. ||
CEARÁ — TypograVhia UnivKksal— Rua Formosa n.° 33. —