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Ministério 4 aAgricuftura

ISSN 1517-2201 e do Abastecimento A

Outubro,1999 ,

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Presidente

Fernando Henrique Cardoso

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO

Ministro

Marcus Viniclus Pratini de Moraes

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA

Presidente

Alberto Duque Portugal

fletores

Dante Daniel Giacomelli Scolari EIza Angela Battaggia Brito da Cunha

José Roberto Rodrigues Peres

Chefia da Embrapa Amazônia Oriental

Emanuel Adilson Souza Se'rrâo - Chefe Geral Jorge Alberto Gazel 'íared - Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento

Antonio Carlos Paula Neves da Rocha - Chefe Adjunto de Comunicação, Negócios e Apoio Antonio Ronaldo Teixeira Jatene - Chefe Adjunto de Administração

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ISSN 1517-2201

Documentos N2 16

Outubro, 1999

PROGRAMA DE MELHORAMENTO

GENÉTICO E DE ADAPTAÇÃO DE ESPÉCIES

VEGETAIS PARA A AMAZÔNIA ORIENTAL

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Documentos, 16 Exemplares desta publicação podem ser solicitados à: Embrapa Amazônia Oriental Trav. Dr. Enéas Pinheiro, s/n Telefones: (91) 276-6653, 276-6333 Fax: (91) 276-9645 e-mail: [email protected] Caixa Postal, 48 66095-100 - Belém, PA

Valci cqiafçCo:_,, Data

Fisc.'n: ------.----

'te

Tiragem: 250 exemplares

Comitê de Publicaçées Leopoldo Brito Teixeira - Presidente Joaquim Ivanir Gomos

Antonio de Brito Silva Maria do Socorro Padilha de Oliveira

Antonio Pedro da S. Souza Filho Maria de N. M. dos Santos - Secretária Executiva

Expedito Ubirajara Peixoto Galvão

Revisores Técnicos César Augusto Brasil Pereira Pinto - UFLA Eniel David Cruz - Embrapa Amazônia Oriental

Expediente Coordenação Editorial: Leopoldo Brito Teixeira Normalização: Lucilda Maria Souza de Matos Revisão Gramatical: Maria de Nazaré Magalhães dos Santos Composição: Euclides Pereira dos Santos Filho

EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental (Belém,

PA). Programa de melhoramento genético e de adaptação de espécies

vegetais para a Amazônia Oriental. Belém, 1999. 1 37p. (Enibrapa

Amazônia Oriental. Documentos, 16).

ISSN 1517-2201

1. Melhoramento genético vegetal - Programa - Brasil - Amazônia.

2. Planta cultivada - Aclimatação - Brasil - Amazônia. 3. Açaí. 4. Camu-

-camu. S. Fruta cítrica. 6. Cupuaçu. 7. Arroz de sequeiro. 8. Arroz irriga-

do. 9. Caupi. 10. FeUão. 11. Milho. 12. Soja. 13. Jambu. 14. Tomate.

15. Ipeca. 16. Mandioca. 17. Pimenta-do-reino. 1. Título. II. Série.

CDD: 631.53098115

() Embrapa - 1999

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APRESENTAÇÃO

A Amazônia possui a maior biodiversidade do planeta, principalmente na área vegetal. Entretanto, grande parte deste acervo necessita de estudos que permitam um melhor aproveitamento dos germoplasmas existentes

A domesticação das espécies de interesse sócio-econômico é de fundamental importância para incorporá-las aos sis-temas de uso da terra, permitindo assim, além daquelas espécies tra-dicionalmente utilizadas, mais úma alternativa ab produtor rural. Pro-gramas de melhoramento genético ou de adaptação das espécies de-vem ser estimulados para que os germoplasmas possam ser melhor conhecidos e utilizados.

O germoplasma introduzido e/ou coletado deve ser subme-tido a um completo estudo de sua potencialidade, através das ativida-des de caracterização e avaliação, onde são aplicados descritores morfológicos e agronômicos adequados ao estabelecimento da dife-renciação entre acessos de germoplasma de uma mesma espécie, complementados, quando necessários, com outras avaliações envol-vendo estudos fitoquímico e molecular.

Para se chegar à disponibilização de produtos de alta pro-dutividade e de qualidade, para o fim desejado, e no menor tempo possível, é necessário que se disponha de programas de melhoramen-to genético consistentes e que se use as ferramentas metodológicas modernas adequadas para dar a celeridade desejada.

A publicação deste trabalho tem como objetivo principal, ser um instrumento orientador dos programas de melhoramento gené-tico e adaptação de espécies vegetais que vêm sendo pesquisadas pela Embrapa Amazônia Oriental, podendo sofrer modificações e adaptações durante o seu desenvolvimento ou para uso em outras re-giões da Amazônia.

Jorge Yared

Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amazônia Oriental

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SUMÁRIO

Capítulo 1 AÇAIZEIRO (Euterpe oleracca Mart.).M. do S.P. de Oliveira .....9

CAMU-CAMUZEIRO (Myíciaria dubia (H.B.K.) MC VAUGI-). J.F. da Silva ...................................................................25

CITROS NO ESTADO DO PARÁ. S.l.Ribeiro .........................29

CUPUAÇUZEIRO (Theobroma grandiflorum (WiId. ex. Spreng) Schum). R.M. Alves ...............................37

Capítulo 2

ARROZ DE SEQUEIRO NO ESTADO DO PARÁ. A. de M. Lopes ...............................................................49

ARROZ DE VÁRZEA NO ESTADO DO PARÁ. A. de M. Lopes ...............................................................57

CAUPI NO ESTADO DO PARÁ. J.F. de A.F. da Silva .............65

FEIJOEIRO COMUM (Phaseolus vulgaris L.). A.F.F. de Oliveira ............................................................71

MILHO NO ESTADO DO PARÁ. F.R.S. de Sarmanho .............79

SOJA NO ESTADO DO PARÁ. J.C. EI-Husny e E.B. de Andrade ..............................................................89

Capítulo 3 JAMBU (Spllanthes o/eracea, L.) VISANDO RESISTÊNCIA AO CARVÃO (Thecaphora spi/anthes). M.C. Poltronieri; L.S. Poltronieri e N.R.M. MUlIer ................................................99

TOMATEIRO. S.Cheng ...................................................105

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Capítulo 4 IPECACUANHA (Psychotria ipecacuanha Stokes). O.A. Lameira; O.F. de Lemos; I.A. Rodrigues; S. de M. Alves; O.G. da R. Neto; M. do S.P. de Oliveira; M .R.Costa ...................................................................113

MANDIOCA NO ESTADO DO PARÁ. E.M.R. Cardoso e W.M.G. Fukuda .............................................................119

PIMENTA-DO-REINO (Pipernigrum Li. M.C. Poltronieri; O.F. de Lemos e F.C. de Albuquerquer ..............................127

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CAPÍTULO 1

MELHORAMENTO GENÉTICO DE FRUTEIRAS

NA AMAZÔNIA ORIENTAL

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AÇAIZEIRO (Euterpe oleracea Mart.)

Maria do Socorro Padiiha de Oliveira 1

INTRODUÇÃO

O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma palmei-ra nativa da Amazônia, utilizada pela população de baixa ren-da dessa região, de forma integral, tendo porém, importância econômica como produtor de frutos e palmito.

A produção de frutos é a sua principal vocação, que através da maceração, manual ou mecânica, da polpa, se obtém um suco concentrado, nutritivo e de alto valor calóri-co, conhecido por açaí, o qual é utilizado desde a época pré-colombiana. O consumo desse suco era restrito ao Estado do Pará e a outros locais da Amazônia mas, atualmente, vem conquistando mercados em outras regiões brasileiras e em outros países.

A segunda utilização econômica do açaizeiro é a produção de palmito. Esse mercado é recente, tendo iniciado na década de 70, em substituição ao palmiteiro (E. edulis Mart.) que já se encontrava sob forte ameaça de extinção. Ao contrário do mercado de frutos, grande parte da produção sempre foi destinada à demanda nacional e internacional.

O Estado do Pará destaca-se como o maior produ-tor de frutos e palmito, sendo também o maior consumidor de suco. Este suco é o segundo alimento mais consumido pela população desse Estado, superado apenas pela farinha

'Eng.-Agr., M.Sc., Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, caixa Postal, 48, CEP 66 017-970, Belém, PA.

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de mandioca (SUDAM, 1992). Contudo, a maioria dessas produções provém do extrativismo, onde as estimativas de

produtividade para frutos e palmito alcançam 12 Ilha/ano e 200 kg/ha/ano, respectivamente (Siqueira et ai, 1998). Tais produtos arrecadaram ao Estado, em 1992, cerca de 200 milhões de dólares, com 15% sendo correspondente à extra-ção de palmito. Tais resultados revelam a produção de frutos como a mais rentável, com a comercialização sendo destina-

da para suco "in natura" e polpa congelada.

Vale ressaltar que o extrativismo não permite obter produtos de qualidade capazes de competir com os procedentes de cultivos racionais. Além desse fato, convém lembrar que a exploração de palmito é realizada em popula-ções naturais de açaizeiro e que os cortes indiscriminados de

plantas colocam em risco o seu patrimônio genético. Em vista disso, vem se tornando freqüente produções irregulares de frutos, baixo rendimento de suco e qualidade inferior dos produtos obtidos, sendo reflexos da seleção negativa pratica-

da nessas populações.

Levando em consideração todos esses aspectos, se faz necessário e urgente o cultivo do açaizeiro em escala comercial, de modo a incrementar as demandas de suco e palmito e, dinamizar a economia regional. Contudo, não exis-

tem cultivares para atender empreendimentos nesse nível, f a-zendo com que produtores interessados em seu plantio utili-zem sementes de origem e procedências desconhecidas, cor-rendo o risco de terem insucesso.

Em vista disso, é imprescindível a realização de um programa de melhoramento para o açaizeiro, para que possam ser conhecidos, estudados e difundidos os genótipos que apresentarem o melhor conjunto de características agroindustriais para suco e palmito.

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OBJETIVOS

O programa de melhoramento genético do açaizei-ro para a Amazônia Oriental tem como objetivos:

• Recomendar e obter cultivares produtivas para o mercado de frutos, que tenham frutos violáceos, produzam acima de 25 kg de frutos/planta, possuam um bom rendimen-to de polpa/fruto ( acima de 20%), pesando seus frutos me-nos de lg e, principalmente, apresentem um bom rendimento de suco e com características organolépticas desejáveis;

• Recomendar e obter cultivares produtivas para o mercado de palmito que apresentem um bom perfilhamento (acima de cinco perfilhos), estipes grossos (CAP acima de

22 cm), possuindo entrenós longos, que produzam acima de 300g de palmito creme/planta e de qualidade desejável.

A precocidade de produção deve ser uma caracte-rística indispensável no melhoramento do açaizeiro, para atender qualquer finalidade.

METAS

• Através da seleção fenotípica, recomendar se-mentes básicas de açaizeiro para produção de frutos e/ou

palmito, em 1999, 2006 e 2012, procedentes do primeiro, segundo e terceiro ciclos de seleção massal, respectivamen-te, e obter pelo menos uma cultivar produtiva, até 2017;

• Através da seleção fenotípica com teste de

progênie, obter pelo menos uma cultivar produtiva para frutos e/ou palmito, até 2017;

• Obter pelo menos um híbrido intra-específico de açaizeiro produtivo para frutos e/ou palmito, até 2017;

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• Obter pelo menos um híbrido interespecífico en-

tre o açaizeiro e espécies afins que seja produtivo para frutos e/ou palmito até 2023.

METODOLOGIA

Cada cultura apresenta necessidades próprias que

devem ser solucionadas através de métodos de melhoramen-to, técnicas de manejo, segundo as prioridades da região, No caso do açaizeiro, espécie que ainda não sofreu nenhum pro-cesso de melhoramento e, por esse motivo, não se tem re-comendação de cultivares para plantio, seja para a produção de frutos ou palmito.

Os principais entraves na produção de frutos de açaí, detectados nas populações naturais são: a irregularidade de produção, baixa produção de frutos, baixo rendimento de polpa e, conseqüentemente, menor rendimento de suco. Tais problemas são complexos e requerem como solução melhores técnicas agrícolas, variedades melhoradas, etc. Assim, o melhoramento vegetal progressivo deve acompanhar as ten-dências do mercado, novas indicações de manejo e cultivo para que o material lançado no mercado possa expressar todo seu potencial.

Precocidade, uniformidade de maturação, colheita de frutos o ano todo, plantas de entrenós curtos e vigorosas e, principalmente, aumento da produção são alguns itens a serem alcançados através do melhoramento,

Em relação aos problemas encontrados no açaizei-

ro para a produção de palmito tem-se: o baixo rendimento de palmito creme/planta, o longo período para efetuar o primeiro corte e o rápido escurecimento das fibras, que ocasiona qua-lidade inferior ao produto. Apesar de tudo, possui caracterís-ticas desejáveis para este mercado como o perfilhamento e a

rusticidade.

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Pelo fato do açaizeiro ser planta perene, ter meca-

nismos que dificultam a autogamia e, principalmente, ser uma espécie pouco estudada, deve-se testar os métodos clássicos de melhoramento disponíveis. Em vista do exposto e levando em consideração às exigências do mercado para frutos e palmito, os métodos de melhoramento, inicialmente adotados são:

- seleção fenotípica;

- seleção fenotípica com teste de progênie;

- hibridação.

Vale ressaltar também, que embora o açaizeirã seja característico de áreas alagadas, seu programa de me-lhoramento tem sido direcionado para terra firme, por ser de fácil manejo. Paiva (1998) destaca essas áreas como sendo

as de maior aptidão agrícola para culturas perenes, ocupando cerca de 370 milhões de hectares e, as áreas de várzea como de vocação natural para culturas alimentares.

Seleção fenotípica

Este método é simples e tem sido aplicado no dendê (Barcelos & Amblard, 1992), no coqueiro (Siqueira et aI. 1994) e em algumas fruteiras, perenes (Gonzaga Neto, 1995; Paiva & Fioravanço, 1994) como eficiente no aumento da produção de frutos. Este método tem como exigência, a presença de variabilidade genética na população em que se está praticando a seleção.

No açaizeiro, esta seleção vem subsidiando os primeiros trabalhos de melhoramento, sendo realizada na co-leção de germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental para frutos e palmito.

Para frutos, têm sido selecionado indivíduos e acessos superiores com base nas produções de três anos consecutivos, aplicando-se índice de seleção de 33,3%. Os

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melhores indivíduos e/ou acessos selecionados são identifi-cados no campo para a confirmação de suas potencialidades. Caso haja aprovação, os cachos devem ser colhidos e os fru-tos misturados proporcionalmente para a formação da próxi-

ma geração (Fig. 1). As sementes dos melhores genótipos podem ser recomendadas para plantios, a cada ciclo de sele-ção praticada. Pretende-se, após três ciclos de seleção, re-comendar uma cultivar.

Oliveira (1995), estudando 16 caracteres quantita-tivos em 20 acessos de açaizeiro, da coleção existente na Embrapa Amazônia Oriental, encontrou ampla variação feno-típica para seis caracteres, sendo cinco deles relativos à pro-dução de frutos, e evidenciou a possibilidade de serem explo-rados no melhoramento dessa espécie. Verificou também,

que os acessos procedentes de Breves foram mais produtivos que os de Muaná e Chaves, todos municípios paraenses, de-vendo haver divergência genética entre e dentro de proce-dências. Tais informações são relevantes para o sucesso do melhoramento genético dessa palmeira, principalmente na identificação de progenitores para a produção de híbridos, como também, na escolha de procedências, acessos e indiví-duos a serem utilizados na seleção fenotípica.

Para palmito, tem-se levado em consideração ca-racteres não-destrutíveis correlacionados com a produção de palmito bruto e palmito creme, tais como: circunferência do estipe, comprimento do entrenó e número de folhas. Os indi-víduos e/ou acessos que apresentarem produção acima da média desta coleção devem ser selecionados, os cachos co-

lhidos e misturados os frutos para formar a próxima geração.

A existência de grande variabilidade entre os açai-

zeiros dessa coleção, para as principais características de produção, deve garantir bons ganhos genéticos e, portanto, deve-se esperar que seus descendentes sejam superiores à

média da próxima geração.

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Coleta e introdução

Clonagem dos melhores 4-1 Coleta de germoplasma

indivíduos

sementes dos melhores genótipos

Clonagem dos melhores4—] População melhoradai

individuos

Coleta e mistura das sementes dos melhores

genótipos

Clonagem dos melhores 4-1 População melhoradaz

indivíduos

Campo de Coleta e mistura das produção sementes dos melhores

de sementes genótipos básicas 1 E

Seleção melhores individuos

Recomendação Semente básicasi Prazo: 1999

Seleção melhores individuos

Recomendação Semente básicaa Prazo: 2006

Seleção melhores individuos

Recomendação Sementes básica] Prazo: 2012

Recomendação Reomendação Prazo: 2017

FIG. 1. Esquema da seleçâo fenotípica em açaizeiro.

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Independente da finalidade (frutos ou palmito), no primeiro ciclo de seleção devem ser retirados 3.000 frutos para compor a população melhorada. Nos demais ciclos, o ín-

dice de seleção deverá ser mais forte.

Pelo fato desta seleção ser baseada nas potencia-lidades do progenitor feminino, não há controle de poliniza-ção. Dessa forma, ela corresponde ao acasalamento ao acaso

com seleção.

Seleção fenotípica com teste de progênie

Para conseguir maior segurança na seleção fenotí-

pica, garantindo superioridade dos indivíduos selecionados, faz-se necessária a aplicação do teste de progênie. Através deste teste pode-se verificar se a potencialidade da planta selecionada é devida a influência do ambiente ou da expres-são de seu genótipo, ou seja, avalia-se o genótipo do proge-nitor através do fenótipo de seus descendentes (Allard,

1971).

Assim sendo, após a seleção fenotípica das plan-tas superiores, na coleção de açaí, deve-se identificá-las, co-

letar os cachos, retirando-se de cada cacho uma amostra de 300 a 500 frutos (progênies de meios-irmãos) para serem semeados, repicadas as plântulas mais vigorosas para, poste-riormente, instalar o ensaio de progênies (Fig. 2).

A fidelidade deste teste é maior se for instalado com repetições, de preferência em diferentes locais e por vá-rios anos. Por este motivo, pretende-se instalar os ensaios de

progênies usando-se o delineamento de blocos ao acaso com, pelo menos, duas repetições e parcelas de 25 plantas, os quais devem ser instalados em áreas de produtores, em duas condições climáticas. Para frutos, o espaçamento mais reco-mendado é o 5m x 5m, o qual será empregado em todos os

experimentos; enquanto para palmito, os experimentos serão instalados no espaçamento de 2,5m x 2,5m.

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Coleta e introdução

Seleção melhores Coleta de germoplasma indivíduos

Prazo: 1999

Coleta das sementes dos melhores indivíduos

separada

Teste de progênies Seleção entre 1

meios-irmãos e dentro

y Avaliação em diferentes FFi Teste de progênies 1 Seleção entre

e dentro locais e anos m eios-irmãos - Prazo: 2006

Teste de progênies Seleção entre meios-irmãos e dentro

Campo de produção de Clonagem sementes das melhores das melhores

progênies progênies Prazo: 2012

Cultivar Prazo: 2017

FIG. 2. Esquema da seleção f€notfpica com teste de progê-nies no acaizeiro.

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Estabelecido o ensaio, as progênies serão avalia-das entre e dentro delas e aquelas que se mostrarem inferio-res serão eliminadas. As melhores serão identificadas para a colheita de seus cachos, sendo retirado os frutos separada-mente de cada uma para compor a geração seguinte. Esta população será transformada em campo de produção de se-mentes melhoradas (pomar de sementes) e deverá também, fornecer pólen para a obtenção de híbridos intra-específicos.

Hibridaçâo

A obtenção de híbridos intra-específicos, no açai-

zeiro, será baseada na capacidade de combinação entre pro-cedências, origens e indivíduos selecionados através da sele-

ção fenotípica para caracteres com alta herdabilidade.

Após a identificação dos indivíduos divergentes, será efetuada a polinização controlada entre eles e entre seus recíprocos; para verificar a capacidade geral e específica de combinação. Os híbridos obtidos serão avaliados através de

ensaios comparativos, em diferentes locais por, pelo menos,

três anos de produção.

Os melhores serão reproduzidos novamente, em

campos isolados, para produção de sementes, devendo exis-tir um controle rígido no processo de polinização, através de faixa de isolamento de pelo menos 300m de plantios naturais

ou comerciais (Fig. 3).

Pretende-se, também, realizar cruzamentos entre

indivíduos dos híbridos selecionados para obter novas recom-binações e atender novos programas de melhoramento.

Esta metodologia será utilizada também, para obtenção de híbridos interespecíficos entre as espécies E. oleracea x E. precatoria, E.oleracea x E. espiritossantense e E. oleracca x E. edulis, assim como seus recíprocos. Neste

caso, devem participar como progenitores os indivídups que possuírem características desejáveis para frutos e/ou palmito

EU

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(Fig. 4). Híbridos naturais entre E. oleracea x E. edulls foram reproduzidos em São Pauto, assim como seus recíprocos, para atender o mercado de palmito e, as primeiras avaliações, mostram que esses híbridos são superiores aos seus paren-tais para as principais características dessa linha de produção (Bovi et aI. 1987).

O interesse na obtenção de híbridos, no açaizeiro, está na exploração da heterose, com a possibilidade de con-seguir genótipos mais precoces, rústicos e mais produtivos que seus parentais, seja para frutos ou palmito. No coqueiro, tem-se alcançado maiores produtividades, melhores caracte-rísticas para frutos, assim como tolerância através deste mé-todo (Frémond & Nucé de Lamothe, 1971).

Critérios para a orientação no processo de seleção

Os parâmetros a serem utilizados na seleção de germoplasma de açaizeiro visando à produção de frutos são:

- plantas que produzam frutos violáceos;

- produção de frutos/planta (PFP): 25kg;

- rendimento de polpa/fruto (RPF): 20%;

- plantas de entrenós curtos (CEN): ~5 10 cm;

- plantas com bom perfilhamento (NEP): 2: de cinco/planta.

Na seleção de genótipos promissores para palmito, devem-se levar em consideração os seguintes parâmetros:

- plantas com perfilhamento abundante (NEP);

- plantas com estipes grossos (CAP): ~! 22 cm;

- número de folhas/planta (NF): ~: 12 folhas;

- entre nós longos (CEN): ~: 10cm.

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Coleta e introdução

Seleçao dos mais

Coleta de germoplasma divergentes

Avaliação p1 precocidade e

produção Prazo: 2006

entre os mais divergentes Prazo: 2000

Ensaio dos híbridos Fi intra-específicos

Clonagem dos melhores Fi e de

seus parentais

Autofecundação parental dos melhores híbridos

Campo de produção de sementes Prazo: 2012

Cultivar Prazo: 2017

FIG. 3. Esquema de obtenção de híbridos intra-específicos no

açaizeiro.

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Coleta e

introdução

Seleção dos indivíduos Coleta de germoplasma mais divergentes/

espécies

controlados entre os mais divergentes/espécies

precocidade e Ensaio dos híbridos melhores Ei e de

Avaliação: 1 Clonagem dos

produção 1 interespecíficos Fi seus parentais

Prazo: 2011 1 _____

Campo de produção de sementes

Prazo: 2017

Cultivar

Prazo: 2023

FIG. 4. Esquema de obtenção de híbridos interespecíficos no

açaizeiro.

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PROPAGAÇÃO VEGETATIVA

Apesar do açaizeiro emitir rebrotos (perfilhos),

têm-se encontrado dificuldades em multiplicá-lo pelos méto-dos vegetativos tradicionais, devido ao baixíssimo índice de pegamento (próximo de 1%). Este problema deverá causar entraves nas etapas finais do programa de melhoramento dessa espécie.

Em vista disso, pretende-se utilizar os métodos "in viu-o" para a regeneração de plantas visando a clonagem dos melhores genótipos e tornar disponível mudas em larga escala, em menor tempo, ao setor produtivo.

Essa técnica utiliza pequenas partes de tecidos ou órgãos das plantas elites, sendo removidas e cultivadas, as-septicamente, através de meios de cultura. No açaizeiro, se-rão testadas as técnicas de indução de calos, organogênese e proliferação de gemas. Na literatura disponível, há relatos da aplicação dessa técnica em outras palmeiras (Siqueira et ai.

1994).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo fato do açaizeiro ser perene, seu melhora-mento deve possuir características apropriadas para essas espécies. Assim sendo, devem ser considerados alguns que-sitos como: maior disponibilidade de áreas para a instalação dos experimentos e/ou redução no tamanho da parcela e no número de repetições, porém sem prejudicar a confiabilidade dos resultados. Para efeito de sugestão, os primeiros experi-mentos serão instalados com parcelas de 25 plantas e duas repetições.

Deve-se ressaltar que parcelas muito reduzidas, aliadas a longas gerações, poderão ocasionar diminuição na variabilidade genética, devido à intensidade de seleção muito forte e, com isso, facilitar o aparecimento de indivíduos inde-sejáveis.

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Outro aspecto que deve ser enfatizado é a neces-

sidade de priorizar coletas em populações naturais do açaizei-ro, antes que a seleção negativa praticada nesses locais eli-mine todos os genótipos desejáveis e cause prejuízos ao seu

melhoramento.

Estudos de correlações devem ser priorizadas, principalmente as genéticas entre caracteres juvenis e produ-tivos (frutos e palmito), pois como o açaizeiro é perene, a obtenção de parâmetros precoces serão úteis na seleção de genótipos superiores, reduzindo assim o tempo necessário

para a obtenção de cultivares.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLARD, R.W. Princípios do melhoramento genético de plan-

tas. São Paulo: Edgard Blucher, 1971. 382p.

BARCELOS, E.; AMBLARD, P. OiI palm breeding program at Embrapa/Brasil. Manaus: Embrapa-CPAA, 1992. 20p.

FREMOND, Y.; NUCE DE LAMOTI-IE, M. de. Caracteristiques et production ducocotier hybride "Nain Jaune Malaisie x grand ouest africain". Oleagineux, v.26, n.7, p.459-464,

1971.

OLIVEIRA, M do S.P de. Avaliaç5o do modo de reprodução e

de caracteres quantitativos em 20 acessos de açaizeiro

(Euterpe o/eracea Mart., ARECACEAE) em Belém-PA.

Recife:UFRPe, 1995. 145p. Dissertação Mestrado.

PAIVA, J.R de. Melhoramento genético de espécies agroin- dustriais na Amazônia: estratégias e novas abordagens. Brasília. Embrapa - SPI/Fortaleza: Embrapa-CNPAT, 1998.

135 p. il.

PAIVA, M.C; FIORAVANÇO, J.C. Cultivares e melhoramento. Itt MANICA, 1. ed. Cultivo das anonáceas: ata, cherimólia, graviola. Porto alegre: EVANGRAF, 1994. p.18-29

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SIQUEIRA, G.C.L.; MENEZES, M. SIQUEIRA, S.L.; SILVA, J.F. da; ALVAREZ RIVERA, G.R.; VICENTE, C.A.R.; NIETO, M.D. Açaí: produtos potenciais da Amazônia. Brasflia: MMA/SUFRAMA/SEBRAE/GTA, 1998. 51 p.

SIQUEIRA, E.R. de; RIBEIRO, F.E; ARAGÃO, W.M. Melhora-mento genético do coqueiro. In: FERREIRA, J.M.S; WARWICK, D.R.N; SIQUEIRA, L.A., ed. Cultura do coquei-ro no Brasil. Aracaju: Embrapa-SPI, 1994.

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CAMU-CAMÚZEIRO (Myrc/aria dubia (H.B.K.) MC VAUGH)

Jefferson Felipe da Silva 1

INTRODUÇÃO

O camu-camuzeiro é uma planta de porte arbusti-vo, semiperene, pertencente à famflia Myrtaceae, que ocorre na Colômbia, Venezuela, Amazônia peruana e Amazônia bra-sileira, às margens dos rios, lagos, furos e paranás, sendo conhecido vulgarmente por várias denominações, em diferen-tes locais de dispersão natural.

Na Colômbia, é conhecido por guayaba; na Vene-zuela, guayabito; no Peru, camu-camu; e no Brasil, camu--camu, caçari, araçá-da-várzea, araçá-do-lago, murta, murta d'água, sarão, etc.

Os frutos da espécie são utilizados no preparo de sucos, sendo difícil consumi-lo "in natura" devido à acidez elevada, porém, são muito apreciados pelos peixes, princi-palmente pelo tambaqui e pacu, sendo responsáveis pela sua disseminação.

Entretanto, a maior importância dessa planta é comprovada pelo fato do fruto conter elevado conteúdo de vitamina C, cerca de 2.894 mg/100 g de polpa, sendo supe-rior à laranja e à acerola em torno de 92 e 1.300 mg/100 g de polpa, respectivamente.

'Eng.-Agr., BS, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, caixa Postal, 48, cEP 66 01 7-970, Belém, PA.

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Na Amazônia brasileira realizam-se pesquisas com essa planta na Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Amazônia Ocidental e no Instituto de Pesquisa da Amazônia (INPA). Tem-se notícias que a Universidade de Taubaté, em São Paulo, desenvolve pesquisas sobre o melhoramento ge-

nético vegetal da espécie.

A expansão do cultivo do camu-camuzeiro no Es-tado do Pará está ocorrendo no município de Tomá-Açu, por

médios produtores japoneses, em consórcio com a pimenta-do-reino e com o cupuaçuzeiro ou mesmo solteiro, em ambi-ente de terra firme, encontrando-se cerca de 21 mil plantas, sendo que dessas, 3.500 estão em produção. Em condições naturais, o rendimento de frutos está em torno de 7,5 a

12 t/ha.

OBJETIVOS

Obter clones de alta produção com boas arqui-

teturas, bom aspecto vegetativo e fitossanitário;

. Obter clones com bom potencial produtivo de frutos, aliado a um elevado teor de vitamina C, para atender

às exigências do mercado consumidor; e

. Obter sementes melhoradas e indicar clones

produtivos ao produtor em curto espaço de tempo.

METAS

. Selecionar aproximadamente 500 plantas em

um plantio comercial até o ano 2000;

. Instalar ensaio clonal para fornecimento de se-mentes melhoradas ao produtor no ano 2001; e

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• Fornecer sernentes melhoradas e indicar os melhores clones e/ou recombiná-los para dar origem a um novo ciclo de seleção no ano 2005.

METODOLOGIA

O programa deverá ter início no ano 2000, em um plantio comercial com cerca de 5.000 plantas, onde aproxi-madamente 500 serão selecionadas por ocasião da colheita. Essas plantas deverão ser marcadas e clonadas posteriormen-te.

Instalação de um ensaio clonal com três a cinco-plantas por parcela, sem repetição, para fornecimento de se-mentes aos produtores, enquanto o programa se desenvolve.

De acordo com a quantidade de sementes, o en-saio clonal poderá ser instalado em dois ou três locais, para a

obtenção de maior número de informações, em curto espaço de tempo.

Após duas ou três produções/ano, poderá haver indicação dos melhores clones, podendo ser indicados aos produtores e ao mesmo tempo serem recombinados para dar origem a um novo ciclo de seleção. Este procedimento pode-rá ser seguido por vários anos.

Estrutura do programa de melhoramento genético do camu-camuzeiro (Myrciaria dubia (H.B.K.) Mc Vaugh) na Amazônia oriental.

Ano 2000 - Seleção em ,m plantio comercial

Ano 2001 - Instalação dum ensaio clonal

Ano 2005 - Fornecimento de sementes melhora-das, indicação de melhores clones ao produtor e/ou recombiná-los para da-rem origem a um novo ciclo de sele-ção.

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CITROS NO ESTADO DO PARÁ

Sydney Itauran Ribeiro'

INTRODUÇÃO

As várias espécies do gênero Citrus são todas na-tivas das regiões tropicais e subtropicais da Ásia e Arquipéla-go Malaio, sendo sua disseminação muito lenta, estando liga-da a grandes acontecimentos históricos como as conquistas de Alexandre Magno, as invasões árabes, as Cruzadas e as viagens dos navegantes espanhóis e portugueses.

Os citros são árvores de porte médio, cuja altura

varia de 3 a 5 metros (limeiras), 3 a 7 metros (limoeiros), 8 a 12 metros (laranleiras) e 10 a 17 metros (pomeleiros), di-ferindo pouco em seu hábito de crescimento e desenvolvendo copas arredondadas ou piramidais. Em geral as plantas cítri-cas começam a produzir ao atingirem a idade de três anos,

podendo produzir até aos 50 anos de idade.

As folhas são simples, coriáceas em textura, colo-ração verde, com glândulas de óleos essenciais na forma de pontos translúcidos, e variam de forma e tamanho, de acordo com as espécies e variedades. No geral, quanto maiores são os frutos, maiores também são as folhas. Os pecíolos podem ser alados (laranjeiras, limeiras e pomeleiros), ou não (limeiras

e cidreiras).

'Eng.-Agr., M.5c., Pesquisador da Entrapa Amazônia Oriental, caixa Postal, 48, EP 66017-970, Belém, PA.

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As flores ocorrem solitárias ou em rácimos termi-nais ou axilares, apresentando quatro a cinco pétalas brancas ou avermelhadas, numerosos estames (20 a 40), e um único pistilo, algumas altamente perfumadas. Uma árvore adulta

chega a produzir de 60 mil a 70 mil flores.

As frutas são bagas, particularmente chamadas de hesperíades, sendo derivadas do tecido ovariano e consistem essencialmente de uma casca, e uma porção interior dividida em 5 a 15 segmentos ou gomos, que são preenchidos por vesículas de suco que contém açucares, vários ácidos orgâ-nicos e grande quantidade de ácido ascórbico ou vitamina "C". A maioria das variedades são auto-férteis, ocorrendo também freqüentemente, a polinização cruzada. Algumas va-riedades como a laranja Bahia, o limão Tahiti, produzem fru-

tos partenocarpicamente.

As sementes são recobertas por um tecido per-gaminhoso, contendo um ou mais embriões de cor verde, amarela ou branca. Apresentam tamanho variado, não possu-

em albumém e as reservas dos embriões se encontram nos

cotilédones, que são carnosos.

A propagação dos citros é normalmente efetuada via assexuada (enxertia), sendo utilizados porta-enxertos que evidenciem amplo sistema radicular, que se desenvolve tanto lateralmente quanto em profundidade, para que possa asse-gurar um suprimento adequado de água para a copa. As plan-tas cítricas adultas apresentam ciclos alternados de cresci-mento, florescimento e desenvolvimento dos frutos seguidos pela maturação dos ramos e frutos. Normalmente as plantas

desenvolvem ramos e folhas de duas a três vezes ao ano, O número somático de cromossomos em todas as espécies e variedades de Citrus é 18 (2n = 18), com genoma básico de 9 (n=9). O mesmo é verdadeiro para Poncirus e Fortunelia, e outros gêneros afins dos Citros, como é o caso de Aeglopsis, Citropsis, Severinia Tripasia, Feronia, Murraya, Afraegle,

Atalantia, Clausena e Microcitrus.

eW

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• Sabe-se que através do melhoramento genético de plantas visa-se a obtenção de populações melhoradas ou uma geração Fi, que evidencie vigor de híbrido para característi-cas de interesse comercial, que se deve, em espécies de re-produção alógama, à elevada freqüência de genes favoráveis, para o caráter, quando comparada com a população original.

O conhecimento da variabilidade genética presente em populações, associada à quantificação da parte desta que é devida a diferenças genéticas, é de fundamental importân-

cia para um programa de melhoramento, tendo em vista que permitirá ao melhorista conhecer o controle genético do cará-ter, bem como o potencial da população para seleção.

As características, que são controladas por vários genes são, via de regra, estudadas pela genética quantitativa, cujas estimativas são obtidas através de estatísticas, como é

o caso de médias variâncias, correlações e regressões, que quantificam os efeitos evidenciados pelo fenótipo, que são de origem genética.

O trópico úmido paraense vem demonstrando ser pólo promissor na produção de frutas cítricas, por apresentar condições de solo e clima favoráveis ao crescimento e des-

envolvimento das plantas. Devido à carência de informações sobre o comportamento de diferentes variedades cítricas nas condições edafoclimáticas do Pará, associada à importância que a citricultura vem representando para a região, torna-se necessária a implementação de um programa de melhoramen-to genético para citricultura, afim de que possam ser obtidos e/ou selecionados genótipos superiores para produção de fru-tos, vigor, tolerância a pragas, a doenças e à seca, além de elasticidade de produção, afim de comporem os sistemas de produção na região.

A pesquisa com citros no Pará iniciou-se em 1980, no município de Altamira,- através da introdução de va-riedades de laranjeiras, tangerineiras e limoeiros, com vistas a estudos referentes ao comportamento de copas e de porta-

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enxertos. A partir de 1990, a pesquisa em melhoramento ge-nético com citros tomou impulso, tendo em vista a expansão geográfica da cultura no Pará, bem como pela demanda cada vez maior, de informações para incrementar os sistemas de produção com a cultura, notadamente na região guajarina, expoente na produção de laranjas no Estado, onde o municí-pio de Capitão Poço destaca-se como detentor da maior área plantada, bem como o maior produtor estadual de frutas cí-

tricas.

Assim sendo, foi implementado, em cooperação com o Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultu-ra da Embrapa, um programa de melhoramento genético com citros, envolvendo diferentes variedades de laranjeiras, de tangerineiras, de tangeleiros, de limoeiros e de pomeleiros,

em diferentes microrregiões do Estado, afim de serem efetu-adas seleções interpopulacional e intrapopulacional, de genó-tipos superiores de ampla adaptabilidade e estabilidade de produção, e outros caracteres de interesse, para serem intro-duzidos nos sistemas de produção citrícola no Trópico Úmi-

do.

OBJETIVOS

Explorar a máxima variabilidade genética das es-

pécies de Citros e de outros gêneros afins, mediante caracte-rização e avaliação de germoplasma;

Selecionar variedades de porta-enxertos que evi-denciem características superiores para vigor, precocidade de

produção, tolerância a doenças, a pragas e a seca;

Selecionar variedades de copas que evidenciem maior elasticidade de produção e que sejam adaptadas às condições edafoclimáticas do trópico úmido paraense, e de-monstrem superioridade à produção e qualidade de frutos;

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Selecionar combinações de enxerto x porta-

enxerto, que evidenciem características agronômicas superio-res para vigor, produção de frutos, tolerância a doenças, a pragas e à seca.

METAS

• Selecionar, até o ano 2000, pelo menos duas novas variedades de laranjeiras, do tipo mesa e industrial e duas novas variedades de tangeleiros do tipo mesa;

• Selecionar, até o ano 2001, pelo menos uma variedade de porta-enxerto para ser utilizado na formação de mudas cítricas no trópico úmido;

• Selecionar, até o ano 2001, pelo menos duas

variedades de copa para laranjeiras e tangerinei-ras/tangeleiros, que evidenciem maior elasticidade de produ-ção;

• Selecionar, até o ano 2001, pelo menos duas combinações enxerto/porta-enxerto com potencial para pro-duzir mais de quatro caixas de frutos por planta/safra.

METODOLOGIA

Objetivando alcançar as metas propostas no pro-grama de melhoramento genético para citros, foi implemen-tado, em cooperação com o Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura, o programa de melhoramento gené-tico com citros, envolvendo diferentes variedades de laranjei-ras de tangerineiras, de tangeleiros, de limoeiros e de pome-loiros, em diferentes microrregiôes do Estado, afim de serem efetuadas seleções interpopulacional e intrapopulacional, vi-sando selecionar genótipos superiores, de ampla adaptabili-dade e estabilidade de produção, e outros caracteres de inte-resse para serem introduzidos nos sistemas de produção ci-trícola no trópico úmido.

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Desse modo, foram introduzidas, em diferentes condições edafoclimáticas, os seguintes genótipos (acessos):

Laranjeiras: Pêra, Pêra D6. Seleta, Natal, Natal

CNPMF112. Valência, Valência CNPMF27. Rubi, Bahia, Bahia Marrs, Baianinha, Baianinha 1AC79, Sunstar, Pinneaple, Parson Brown, Westin, Gardner, Salustiana, Midsweet Lima e Pira-

lima.

Tangerineiras/tangeleiros: Ponkan, Mexerica, Lee, Nova, Mineola, Page, Robinson e Orlando

Pomeleiros: Marsh seedless, Henderson, Redblush,

Foster e Marsh pinck,

Limoeiros/Limas Ácidas: Cravo, Rugoso da Flórida,

Volkameriano, Eureka, Tahiti, Galego.

Desses acessos, os que mais se destacaram f o-

ram:

Para porta-enxerto: o limoeiro Volkameriano, que se mostrou superior para os caracteres vigor, tolerância à Gomose e à Seca, sendo recomendado para implantação de

viveiros.

Para laranjeiras: as variedades Valência, Seleta e Natal, mostraram-se superiores para o caráter produção de frutos, podendo ser alternativas viáveis para comporem, jun-tamente com a Pêra, às pomares citricos da região.

Para tangeleiros: as variedades Page; Mineola e Nova, mostraram-se mais produtivas e com frutos de melhor

qualidade que as demais.

Para pomeleiros: as variedades Henderson e

Marsh pinck mostraram-se superiores às demais em produ-

ção e qualidade dos frutos.

Estratégias para serem empregadas em um pro-grama de melhoramento genético de citros (Fig. 1).

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FIG. 1. Estratégias para um programa de melhoramento gené-tico de citros.

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Coleta de germoplasma: nesta etapa, deverão ser efetuadas coletas de germoplasma de citros que venham apresentado comportamento superior para os caracteres de-sejáveis, em diferentes regiões citrícolas do País. Esta etapa terá a duração de um ano.

Introdução de germoplasnia: neste processo, de-verá ser introduzido para teste de avaliação, o maior número de genótipos possíveis, em diferentes áreas de produção ci-trícola, objetivando provocar recombinações gênicas possí-veis afim de serem obtidos genótipos superiores para caracte-res de interesse comercial, num prazo de três a quatro anos.

Avaliação de cultivares: nesta etapa, deverão ser avaliados os acessos, levando-se em consideração caracteres quantitativos e qualitativos de interesse comercial, a fim de

se definirem quais as cultivares destinadas à produção para indústrias e/ou consumo "iri natura". Esta etapa deverá ocor-rer num prazo de cinco anos.

Testes de progênies: nesta etapa, os materiais selecionados como superiores deverão ser testados em lotes isolados, a fim de serem confirmadas suas potencialidades em campos de prova. Esta etapa deverá ser concretizada no prazo de três a quatro anos.

Clonagem dos materiais comprovadamente supe- riores.

Introdução dos materiais em Banco Ativo de ger- m oplasma.

Testes de validação e transferência de tecnologia.

Recomendação e introdução dos materiais nos sis-

temas de produção citrícolas em uso na região: etapa final do processo, com duração de um ano.

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CUPLJAÇUZEIRO (Theobroma grandiflo- rum (WiId. ex.Spreng) Schum)

Rafael Moisés Alves'

INTRODUÇÃO

O cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum (WiIld. ex. Spreng.) Schum) é uma fruteira nativa da região amazôni-ca, cujo cultivo em escala comercial foi incrementado a partir da década de 70.

Em face dos bons preços alcançados pelo fruto "in natura" e pela polpa beneficiada e congelada, a cultura do cupuaçuzeiro ganhou,. nos últimos anos, um impulso muito forte em todos os estados da região. Nos próximos anos, com a entrada desses plantios na fase produtiva, é esperado um incremento elevado na oferta do produto. Caso não ocor-ra, nesse período, um aumento proporcional na demanda, através da abertura de novos mercados, haverá uma tendên-cia de queda no preço. Nesse cenário, a produtividade exer-cerá um papel fundamental no lucro dos empreendimentos, definindo quais os produtores que permanecerão efetivamen-te na atividade.

No aumento dessa produtividade, a utilização de sementes melhoradas geneticamente é o insumo mais barato. Aliada ao emprego das novas tecnologias de cultivo disponí-veis para a cultura, será possível, pelo menos, duplicar a pro-dutividade média atual dos cultivos, sem acréscimos substanciais no custo de produção.

1 Eng.-Agr., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal, 48, CEP 66017-970, Belém, PA.

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Apesar do cupuaçuzeiro estar sendo cultivado na região amazônica há cerca de três décadas, não existem va-riedades melhoradas recomendadas aos agricultores.

Desde os primórdios da domesticação do cupua-çuzeiro, o agricultor que deseja formar um pomar, procura as sementes que necessita na propriedade vizinha, em locais de beneficiamento de polpa (feiras livres, usinas beneficiadoras,

sorveterias, etc), na mata ou em plantas remanescente de seu próprio pomar (quintal).

A conseqüência dessa prática redundou na situa-ção que se observa em todas as plantações: elevada variabi-lidade, quanto à produção de frutos, formato do fruto, arqui-tetura da copa, formato da folha, entre outros (Alves ei ai., 1998a) à semelhança do que ocorre nas condições silvestres. Essa elevada variação da capacidade produtiva, planta a plan-ta, ocasiona baixa produtividade média aos plantios.

Plantios apresentando grandes desuniformidades, aliado à falta de material genético melhorado, têm sido apon-

tado entre os principais fatores que limitam a expansão da cultura do cupuaçuzeiro na Amazônia (Souza ei ai., 1992).

Grande esforço tem sido despendido, nos últimos anos, pelas unidades da Embrapa na região, para atender a essa demanda e, muito brevemente, serão lançadas as pri-

meiras cultivares de cupuaçuzeiro, tanto para Amazônia ori-ental quanto ocidental, com características de alta produção

de fruto e resistência à vassoura-de-bruxa.

Em face das características de longo ciclo da cul-tura e do estádio de desenvolvimento cultural dos agriculto-

res amazônidas, poucos são os que têm consciência que uma simples mudança da semente utilizada poderá causar um im-pacto significativo na produtividade de seu pomar. Nesse as-pecto, haverá necessidade de utilização de todas as técnicas de difusão de tecnologia disponíveis, especialmente a monta-gem de áreas demonstrativas, para sensibilizá-los da impor-

tância e necessidade dessa mudança.

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OBJETIVOS

• Desenvolver materiais altamente produtivos e resistentes às principais pragas e doenças que ocorrem na

região e, cuja polpa do fruto apresente boas qualidades tec-nológicas para emprego na industrialização (Alves et ai., l997a);

• Obter clones adaptados às condições das regi-ões produtoras, compatíveis entre si, que sejam resistentes à vassoura-de-bruxa, com alta produção de polpa e que atenda às exigências da indústria de beneficiamento;

• Desenvolver populações melhoradas (semerites sexuadas), oriundas do cruzamento entre clones com carac-terísticas agronômicas complementares, que poderiam ser reunidas nas progênies. Através do método de seleção recor-rente recíproca, deverão ser obtidas populações cuja percen-tagem de genes agronomicamente interessantes seja elevada, mantendo ampla a base genética e, conseqüentemente, a sustentabilidade biológica dos cultivos.

METAS

• A curto prazo (1999) serão lançados quatro clones que têm como característica principal a resistência à vassoura-de-bruxa, para serem plantados em pequena escala. Estes clones somente serão recomendados para o plantio em larga escala em 2005, para o município de Tomé-Açu e 2007 para as demais regiões produtoras do estado (Tabela 1);

• Em 2005 serão recomendadas duas populações melhoradas de primeiro ciclo, desenvolvidas em Tomé-Açu e Belterra, com características de alta produtividade, para se-rem plantadas em pequena escala. Com a obtenção de novas populações, segundo ciclo, a recomendação se estenderá para larga escala, que deverá acontecer em 2014, paralela-mente com o lançamento de oito clones, também com alta produção de frutos (Tabela 1).

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TABELA 1. Cronogramá para o lançamento de materiais me-lhorados de cupuaçuzeiro, obtidos pelo Programa de Melhoramento Genético do Cupuaçuzeiro da Embrapa Amazônia Oriental. Belém, Pará, 1999.

Ano Material melhorado Amplitude da recomen-

Características do material dação

Pequena escala, Estado Resistente à vassoura de 1999 4 clones;

do Pará; bruxa e boa produtividade;

Populaç&o melho- Pequena escala, Estado

2005 rada de primeiro do Pará;

Alta produtividade;

ciclo;

2005 15 clones; Pequena escala, Estado•

Alta produtividade; do Pará;

Larga escala - Tomé- Resistente à vassoura de 2005 3 clones;

Açu; bruxa e boa produtividade;

Larga escala, Estado do Resistente à vassoura de 2007 3 clones;

Pará; bruxa e boa produtividade;

Populaçáo molho- Larga escala, Estado do

2014 rada de segundo Pará;

Alta produtividade;

ciclo;

2014 8 clones; Larga escala, Estado do

Alta produtividade. Pará;

METODOLOGIA

Encontram-se instaladas em campo três Coleções sendo uma composta por 46 clones coletados em diferentes localidades da Amazônia brasileira; outra constituída de 49 progênies selecionadas em um plantio comercial localizado no município de Castanhal, PA, e uma coleção instalada nos moldes que serão descritos a seguir. Novas coleções serão paulatinamente incorporadas ao programa, a depender da disponibilidade de recursos humanos e materiais

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As etapas a serem seguidas no programa de me-

lhoramento proposto, até a liberação dos materiais melhora-dos, encontram-se esquematizadas na Fig. 1. Vale ressaltar que parte desse programa já se encontra em plena execução.

Para a formação da coleção base, as matrizes são originadas de coletas efetuadas nas zonas de ocorrência na-tural, pomares caseiros (quintais), plantios comerciais, e in-troduções de outras unidades de pesquisa. Estima-se que um número máximo de 50 matrizes por coleção seja adequado, em face dos procedimentos subseqüentes.

A avaliação dessas matrizes deverá ser feita, pre-ferencialmente, na forma de clones e progênies de meios ir-mãos. -

Na avaliação clonal é estabelecido um lote isolado, e a distribuição em campo das plantas de cada clone obedece a um arranjo tipo "policross", fornecido por um programa de computador, que maximiza as chances de cruzamentos, ten-do como pré-requisito que plantas do mesmo clone não po-dem ser vizinhas, devido a problemas de auto-incompatibilidade, e proporciona aos clones a chance de fica-rem próximos uns dos outros, pelo menos em um ponto da quadra.

O arranjo policross será utilizado para que não haja necessidade de, após a seleção dos melhores clones, ter que preparar mudas, plantá-las e esperar que produzam flores para começar os cruzamentos, o que representa uma econo-mia de quatro anos. Além do mais, com esse sistema não haverá necessidade de cruzamentos controlados, sendo ma-ximizados os cruzamentos naturais, dispensando a utilização de mão-de-obra especializada.

Cada clone fica representado em campo por dez plantas (rametes), uma planta por parcela, no delineamento inteiramente casualizado com dez repetições. Todos esses cuidados serão importantes para a fase posterior à seleção. Foram utilizadas dez plantas por clone, por se tratar da se-gunda avaliação. A primeira triagem foi realizada quando da seleção das matrizes nas áreas dos produtores.

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Coleta em plan- ) (

Coleta na

) Ç Introdução tios comerciais mata

Coleção base

Clonal Testo de

progênies

Avaliação

Recom. clonal Seleção )r'( (pequena escala)

Avaliação (larga escala)

Pomar do sementes

Recomendação " Recom. clonal

(população) ( (larga escala)

FIG. 1. Fluxograma do programa de melhoramento genético do cupuaçuzeiro desenvolvido pela Embrapa

Amazônia Oriental,

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A quadra deve ser circundada por plantas borda-

duras dos clones em teste. É fundamental que o terreno seja o mais homogêneo possível, pois não existirá controle local. Daí a impossibilidade de testar um número muito numeroso de clones, pois em grndes áreas o risco de desuniformidades no terreno será maior. Serão testados, portanto, 50 clones.

Na avaliação através de progênies (sementes de meios irmãos obtidas das matrizes), que deverá acontecer pa-ralelamente à avaliação clonal, os experimentos devem ser colocados em pelo menos dois locais, preferencialmente em áreas de produtores. Esse tipo de material não deverá acarre-tar problemas de baixa produtividade pois, seguramente, se-rão materiais interessantes, visto que, as matrizes já foram pré-selecionadas. Tal parceria permite aliviar os custos da pesquisa e proporciona que o agricultor desfrute de uma pro-dutividade superior às demais quadras da propriedade.

Nesses experimentos, por se tratarem de materiais sexuados, não haverá necessidade dos cuidados reportados anteriormente (arranjos de campo), podendo o plantio ser efe-tuado em blocos casualizados com três repetições e cinco plantas na parcela. Os tratamentos serão constituídos por 50 progênies, oriundas das mesmas matrizes que serão avaliadas na forma de clones, descritos anteriormente.

As avaliações deverão ser conduzidas pelo período de cinco safras pelo menos, quando serão anotados dados de produção (frutos, polpa), resistência à pragas e doenças, es-pecialmente vassoura-de-bruxa, qualidade bromatológica da polpa, entre outros.

É estimado que até esta fase tenham decorridos oito anos, desde o preparo de mudas (um ano), fase juvenil (dois anos) e avaliações da produção (cinco anos).

Com base na avaliação clonal e no teste de pro-gênies, serão definidas e selecionadas as matrizes mais pro-

missoras. A intensidade de seleção será da ordem de 50%. Esta seleção consistirá em voltar ao ensaio de avaliação cIo-

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nal e fazer a decaptação das plantas dos clones "refugados" e, na brotação dos cavalos reenxertar os clones selecionados,

obedecidos os pré-requisitos do arranjo de campo, quando da

instalação da coleção. Com isso haverá a recomposição do

"stand" inicial, composto, a partir desse momento, somente por clones comprovadamente de alto potencial genético para

os caracteres de interesse.

Nessa fase, a coleção será transformada em po-mar de sementes clonais e, as sementes colhidas na safra imediatamente posterior, já poderão ser distribuídas aos pro-dutores, como sementes melhoradas de primeiro ciclo.

Será necessário fornecer a cada produtor um

"pOol" de sementes dos diferentes clones, para manter ele-vada a base genética das plantações. Portanto, todo o ciclo de melhoramento será completado em nove anos.

Tomando-se para base de calculo que 400 plantas

estarão, nessa fase, em produção plena e, cada planta produ-zindo 20 frutos, com 30 sementes cada, em média, a produ-ção dessa pequena coleção de 1,5 ha, seria da ordem de 240 mil semente melhoradas. Computando-se o preço de venda em R$ 0,30/semente (R$.9,00/fruto), haveria um receita bru-

ta/ano de R$ 72.000,00, suficiente para pagar todo o custeio do programa de melhoramento genético e ainda ajudar no

custeio da Unidade.

O programa continuará, no ciclo seguinte, através

da utilização dessas sementes para a formação de um novo lote isolado, que poderá continuar dentro de uma base da Embrapa ou, através de contrato de parceria, ser instalado em área de um produtor selecionado, quando então serão produzidas as sementes melhoradas de segundo ciclo. Atra-vós da quantificação do nível de variabilidade dentro da po-pulação resultante, será possível definir o momento de enri-quecer a coleção, com a incorporação (coletas, introduções)

de novos materiais.

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Outra estratégia do programa, que pode ser visua-lizada no fluxograma (Fig. 1), indica que, uma vez definidas as matrizes superiores, com um índice de seleção de 30%, um pouco mais forte que no procedimento anterior, estas se-

rão multiplicadas na forma de clones elites e recomendadas aos produtores, para plantio em pequena escala, uma vez co-nhecido o grau de compatibilidade entre eles. Ensaios com-plementares em diferentes regiões ecológicas (ensaios em larga escala), permitirão identificar os clones (intensidade de seleção de 50%) com boa plasticidade fenotípica, que serão recomendados para os diferentes ambientes.

Após a avaliação, os ensaios em larga escala, uma vez isolados por ocasião da instalação, também poderão se transformar em pomar de sementes clonais, adotando-se a metodologia relatada anteriormente. Esse conjunto de clones guarda a vantagem de ter sido exaustivamente avaliado e, portanto, somente os "top lines" estariam reunidos, preven-do-se que o ganho genético seria muito maior que no esque-

ma anterior. A desvantagem é o tempo consumido até chegar a Mse de pomar de sementes, mais nove anos.

Para exemplificar e resumindo a metodologia rela-tada, tendo como ponto de partida que 50 matrizes constitui-rão a coleção base, 25 donos (50%) seriam selecionados para formar o pomar de sementes. Por outra via, a seleção clonal levaria à obtenção de 15 clones (30%) que poderiam ser recomendados imediatamente aos produtores ou entrar no ensaio de larga escala. Nessa fase, 50% dos clones seri-am selecionados (oito clones, aproximadamente) para serem recomendados para plantios em larga escala ou, se constituí-rem em um novo pomar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, R.M.; CORRÊA, J,R.V.; GOMES, M.R.O. Avaliação preliminar de Clones de cupuaçuzeiro (Thcobroma grandiflorum), em áreas de produtores de Tomé-Açu, PA. In: Encontro de Genética do Nordeste, 13, Feira de San-tana, Resumos. Universidade Estadual de Feira de Santa-na, Anais, p.359, 1998.

SOUZA, A. das G., GUIMARAES, R.R,, NUNES, C.D.M. Melhoramento genético do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum (WilId ex Spreng) Schum). Embrapa-CPAA, 1992. 4p. (Embrapa-CPAA,Pesquisa em andamento, 12).

W.

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CAPÍTLJLO2

MELHORAMENTO GENÉTICO DE GRÃOS

NA AMAZÔNIA ORIENTAL

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ARROZ DE SEQUEIRO NO ESTADO DO PARA

Altevir de Matos Lopes'

INTRODUÇÃO

O Estado do Pará tem sido, nos últimos anos, o maior produtor de arroz em casca da Região Norte do Brasil, seguido pelo Estado de Tocantins e pelo Estado de Rondônia. A maior parte da produção estadual, cerca de 95%, provém da cultura sob condições de sequeiro (terra firme), daí a sua grande importância socioeconômica. A cultura de arroz de sequeiro é desenvolvida tanto por grandes produtores, visan-do o abastecimento dos grandes centros, como, principal-mente, por pequenos produtores, sob a forma de agricultura familiar, onde ainda são cultivadas diversas variedades tradi-cionais, de baixo potencial produtivo.

Atualmente, quatro variedades melhoradas de ar-roz de sequeiro são largamente cultivadas no Estado: as cul-tivares IAC 47, Progresso e Xingu, para as áreas de capoeira e a cultivar Araguaia, para as áreas de cerrado. A cultivar IAC 47, por ser cultivada há muitos anos, apresenta-se com maior susceptibilidade às doenças, além de acamar com bastante facilidade, tornando inviável a continuidade de seu cultivo. Além disso, as cultivares Araguaia e Xingu apresentam pro-blemas com relação ao acamamento, quando plantadas em solos muito férteis, devido ao crescimento exagerado e, tam-bém, já estão se tornando susceptíveis às doenças, princi-palmente à "mancha parda", à "escaldadura das folhas" e à "mancha dos grãos".

'Eng.-Agr., Doutor, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, caixa Postal, 48, CEP 66017-970, Belém, PA.

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Apesar da boa produtividade e da grande adapta-bilidade dessas cultivares atualmente cultivadas, à exceção da cultivar Progresso, as demais apresentam grãos longos e espessos, enquanto que o mercado consumidor tem prefe-rência pelos grãos longos, finos e vítreos. No programa de melhoramento genético, além do aumento da produtividade, há necessidade também de modificação das características dos grãos das cultivares atualmente em uso.

Desse modo, há necessidade da geração de novas cultivares que corrijam esses problemas agronômicos, com maior rendimento de grãos, além da modificação do tipo de grão das atuais variedades cultivadas. Para atingir esse obje-tivo, foram estabelecidas ações de pesquisa visando a obten-

ção de cultivares dotadas de grãos com as características de-sejadas pelos consumidores, com alta produtividade, qualida-de de grãos e resistência às doenças.

OBJETIVO

Obtenção de cultivares de arroz a partir da intro-dução e avaliação de linhagens e/ou do desenvolvimento de cultivares de arroz a partir de cruzamentos intervarietais, com características apropriadas para as condições de sequeiro.

Essas cultivares devem possuir alto grau de esta-bilidade, adaptabilidade, resistência à seca, bom tipo de plan-ta (arquitetura), bom índice de perfilhamento útil, ciclo de vida mediano (em torno de quatro meses), altura de planta adequada (100 a 110 cm), resistência ao acamamento, à de-granação e às doenças, como "mancha parda", "escaldadura das folhas" e "mancha dos grãos", que sejam dotadas de grãos com qualidade de valor comercial (longos, finos e ví-treos), e que mantenham elevado potencial de produtividade de grãos.

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1 LIVA I

Obtenção e lançamento de uma cultivar de arroz para as condições de sequeiro, do Estado do Pará, até o ano de 1998, com produtividade de grãos em torno de duas to-neladas por hectare, com ciclo de vida da planta em torno de 120 dias, tolerante às doenças conhecidas como "mancha parda", "escaldadura das folhas" e "mancha dos grãos", re-sistente ao acamamento e dotada de grãos longos, finos e translúcidos.

METODOLOGIA

Dentro do programa de melhoramento genético f o-ram estabelecidas duas ações de pesquisa visando a obten-ção dessas cultivares de arroz. A primeira consta do processo de introdução e avaliação de Linhagens melhoradas oriundas de programas nacionais e internacionais de melhoramento de arroz. A segunda consta de um programa próprio de cruza-mentos intervarietais com avaliação e seleção dentro das ge-rações segregantes.

Esses ensaios, desde 1994, vêm sendo conduzi-dos nos Campos Experimentais da Embrapa Amazônia Orien-tal, situados em Alenquer, Altamira e Capitão Poço. Geral-mente, os ensaios não são adubados, aproveitando-se a ferti-lidade natural dos solos ou os resíduos da queimada que an-tecede a semeadura.

Introdução e avaliação de linhagens

O processo de introdução e avaliação de linhagens melhoradas, provenientes de programas nacionais e interna-cionais de melhoramento genético de arroz, é realizado em cooperação com a Embrapa Arroz e Feijão, sendo constituído seqüencialmente de três fases: Ensaio Geral de Observação (EGO), Ensaio Comparativo Preliminar (ECP) e Ensaio Compa-rativo Avançado (ECA).

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Estão sendo avaliadas linhagens provenientes do programa nacional de melhoramento de arroz da Embrapa Arroz e Feijão e do Centro Internacional de Agricultura Tropi-cal (CIAT), em três etapas:

a) Ensaio geral de observação.

Este ensaio é formado, anualmente, por cerca de 150 a 200 linhagens, oriundas dos programas de melhora-mento genético da Embrapa Arroz e Feüão e do dAT, sendo conduzido no município de Altamira. O delineamento experi-mental utilizado é conhecido como "blocos aumentados de Federer". Esse delineamento permite o teste de um grande número de linhagens e caracteriza-se pela subdivisão dos tra-tamentos em grupos menores, os quais juntamente com as testemunhas sorteadas formam um bloco, sendo essas tes-temunhas repetidas pelos demais blocos e são os únicos tra-tamentos comuns entre eles. As parcelas experimentais são constituídas de três linhas de cinco metros de comprimento, com espaçamento de 40 cm entre linhas e 25 cm entre co-vas, com dez sementes por cova. Neste ensaio são coletados dados de floração média, altura de planta, acamamento, de-granação, perfilhamento útil, doenças, produtividade e quali-dade de grãos. As linhagens selecionadas neste ensaio são testadas, no ano seguinte, no Ensaio comparativo preliminar.

b) Ensaio comparativo preliminar.

Este ensaio anualmente é constituído de 36 a 49 tratamentos, incluindo as linhagens selecionadas no ensaio geral de observação e as testemunhas Xingu e Araguaia, e tem sido conduzido nos municípios de Alenquer e Altamira. O delineamento experimental utilizado é o de "látice simples", com três repetições. A parcela é formada por quatro linhas de cinco metros, com espaçamento de 40 cm entre linhas e 25 cm entre covas, com densidade de dez sementes por cova. Neste ensaio são coletados dados de floração média, altura de planta, acamamento, degranação, perfilhamento útil, doenças, produtividade e qualidade de grãos. As linha-gens selecionadas nesta fase do programa de avaliação devem participar do Ensaio Comparativo Avançado do próxi-mo ano.

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c} Ensaio comparativo avançado

Anualmente, este ensaio é conduzido nos municí-pios de Alenquer, Altamira e Capitão Poço. É constituído de 20 a 25 tratamentos delineado experimentalmente em "blo-cos ao acaso" com quatro repetições, incluindo as linhagens selecionadas na fase anterior, acrescido das testemunhas Xingu e Araguaia. A parcela é formada por seis linhas de cin-co metros, com espaçamento de 40 cm entre linhas e 25 cm entre covas, com densidade de dez sementes por cova. Nes-te ensaio são coletados dados de floração média, altura de planta, acamamento, degranação, perfilhamento útil, doen-ças, produtividade e qualidade de grãos. Nesta fase, também são realizados testes de rendimento de engenho e de quali-dade culinária, principalmente, temperatura de gelatinização e

teor de amilose, As linhagens promissoras são repetidas, por mais dois anos, para decidir qual delas deve ser testada em nível de produtor, para futuro lançamento como cultivar co-mercial.

Seleção em gerações segregantes

Os níveis de produtividade e de várias característi-cas agronômicas em muitas espécies vegetais, inclusive no arroz, têm sido melhorado através da exploração do potencial genético em cruzamentos simples. Entretanto, a taxa de me-lhoramento genético pode ser acelerada através da utilização de híbridos triplos simbolizados por (AB)C, que compreende cruzamentos entre um híbrido Fi (AB) e uma linhagem não aparentada (C). Desse modo, visando ampliar a variabilidade

genética, a fim de aumentar a chance de se conseguir linha-gens com combinações gênicas desejáveis, foram efetuados cruzamentos triplos, seguindo o modelo proposto por Rawlings e Cockerham.

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Foram utilizadas seis variedades de arroz: Xingu,

Progresso, Araguaia, Bluebelle, Caiapó e CNA 6848. Tanto os cruzamentos simples, do tipo (AS), quanto os cruzamen-tos triplos, do tipo (AB)C, foram realizados na sede da Em-brapa Arroz e Feijão, em Santo António de Goiás, GO. As ge-rações segregantes oriundas dos híbridos triplos estão sendo conduzidas e avaliadas no Estado do Pará.

São coletados, em campo, os dados referentes à floração média, altura de planta, arquitetura de planta (fenó-tipo), perfilhamento útil, resistência às doenças, ao acama-mento e à degranação, tipo de panícula e produtividade. Em laboratório, são anotados os dados referentes ao rendimento de engenho e qualidade de sementes e de grãos.

CRONOGRAMA

Introdução e avaliação de linhagens

1994— Avaliação de potencial de rendimento, adaptabilidade e outras características agronômicas, em Alenquer e Altamira.

1995 - Repetição dos ensaios do ano anterior, nos mesmos locais e aumento de sementes da linhagem

CT 10/20.

1996— Repetição dos ensaios do ano anterior nos dois locais e teste da linhagem CT 10120 em área de produ-

tor, em Santarém.

1997— Repetição dos ensaios do ano anterior, nos mesmos locais e aumento de sementes da linhagem CNA 6843-1. E recomendação da linhagem CT10120, com a de-nominação de Progresso

1998— Repetição dos ensaios do ano anterior nos dois locais e teste da linhagem CNA 6843-1 em área de pro-dutor, em Altamira.

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1999 - Repetição dos ensaios do ano anterior, nos mesmos e recomendação da linhagem ONA 6843-1, com a denominação de MaraviTha.

Seleç5o dentro de populações segregantes

1994 - Obtenção dos cruzamentos simples, do tipo A x B.

1995 - Obtenção dos cruzamentos triplos do tipo (AB)C.

1996 - Avaliação da primeira geração de híbridos triplos no primeiro semestre. No segundo semestre de 1996 houve avanço de geração.

1997 - No primeiro semestre será avaliado o ma-terial selecionado na geração anterior. No segundo semestre haverá avanço de geração.

1998 - No primeiro semestre será avaliado o ma-terial selecionado na geração anterior. No segundo semestre haverá avanço de geração.

1999 - Seleção de linhagens e encaminhamento para participarem do Ensaip Geral de Observação.

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ARROZ DE VÁRZEA NO ESTADO DO PARÁ

Altevir de Matos Lopes'

INTRODUÇÃO

O Estado do Pará possui uma extensa área de vár-zea, da qual três milhões de hectares localizam-se no estuário amazônico e nos seus arredores, Nessa região, as várzeas es-tão submetidas ao regime de marés, que permite o cultivo do arroz no período de janeiro a agosto, totalizando cerca de 240 dias, com disponibilidade de irrigação natural. Entretan-to, um dos fatores limitantes para a obtenção de mais de

uma safra por ano, na mesma área, é o ciclo das cultivares mais utilizadas no Estado, como Caeté, Alupi e Apura, com cerca de 150 dias da semeadura à colheita. Por outro lado, na região do Médio e Baixo Amazonas, a inundação das vár-zeas ocorre no período de fevereiro a julho, permitindo para a cultura do arroz, um período de apenas 120 dias, incluindo as operações que vão desde o preparo de solo até a colheita. Também nessa região, um dos problemas é o ciclo das culti-vares de arroz.

As variedades atualmente plantadas são, na sua grande maioria, provenientes do Suriname, como Apura, Alupi, Pisari e Washabo e apresentam boa produtividade e excelente tipo de grão (longo, fino, translúcido). Essas varie-dades por serem cultivadas há muitos anos, apresentam-se

1 Eng.-Agr., Doutor, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal, 48,

CEP 66 017-970, Belém, PA.

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com maior susceptibilidade às doenças como mancha parda, mancha estreita e escaldadura, tornando inviável a continui-dade de seu cultivo no Estado. Desse modo, há necessidade de redução da característica ciclo da planta das cultivares atualmente em uso. Há necessidade também de que se obte-nha cultivares mais resistentes às doenças que ocorrem no

Estado.

Para contornar esses problemas, iniciou-se um programa de melhoramento genético visando a obtenção de cultivares de arroz com bom potencial de produtividade, re-sistência às doenças, ao acamamento e à degranação, ciclo

de vida da planta de precoce à médio e excelente qualidade dos grãos. Assim, foram estabelecidas duas ações de pesqui-sa visando a obtenção de cultivares com ciclo precoce, com resistência às doenças e com características de grãos deseja-das pelos consumidores. A primeira ação de pesquisa consta do processo de introdução e avaliaão de linhagens melhora-das oriundas de programas nacionais e internacionais de me-

lhoramento de arroz.

OBJETIVO

• Obtenção de cultivares de arroz a partir da in-trodução e avaliação de linhagens e/ou do desenvolvimento de cultivares de arroz a partir de cruzamentos intervarietais, com características apropriadas para as condições de várzea.

Essas cultivares devem possuir adaptabilidade, re-sistência ao encharcamento do solo, tipo de planta (arquitetu-ra), bom perfilhamento útil, ciclo de vida precoce, altura de planta adequada, resistência ao acamamento, à degranação e às doenças, como "mancha parda", "escaldadura" e "mancha

de grãos", com alto rendimento de engenho e que mante-nham elevado potencial de produtividade de grãos.

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Fi'1*Vs

• Obtenção e o lançamento de uma cultivar de arroz para as condições de várzea, da região do estuário amazônico, até o ano de 1998, com produtividade de grãos em torno de quatro toneladas por hectares, com ciclo de vida da planta inferior a 120 dias, dotada de grãos longos, finos e translúcidos.

METODOLOGIA

Foram estabelecidas duas ações de pesquisa visando a obtenção dessas cultivares geneticamente melho-radas. A primeira consta do processo de introdução, avalia-ção e seleção de linhagens melhoradas oriundas de progra-mas nacionais e internacionais de melhoramento de arroz. E a segunda consta de um programa próprio de cruzamentos in-tervarietais com avaliação e seleção dentro das gerações se-gregantes.

Esses ensaios, desde 1994, vêm sendo conduzi-dos no Campo Experimental da Embrrapa Amazônia Oriental, situado em Belém, Pará, na Area Experimental de Várzea do Rio Guamá, situado a 10 km de sua desembocadura, com clima Af (Küppen), onde o solo foi classificado como Glei Pouco Húmico. Em função do regime de marés, há uma con-tínua reposição da sua fertilidade natural, Não tem havido adubação.

Introdução e avaliação de linhagens

A primeira ação de pesquisa consiste no processo de introdução e avaliação de linhagens melhoradas, proveni-entes de programas nacionais e internacionais de melhora-mento de arroz. Estão sendo avaliadas linhagens provenientes do programa nacional de melhoramento da Embrapa Arroz e Feijão, e do Centro Internacional de Agricultura Tropical (dAT), em três etapas: Ensaio geral de observação (EGO), Ensaio comparativo preliminar (ECP) e Ensaio comparativo avançado (ECA).

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a) Ensaio geral de observação.

Este ensaio é formado, anualmente, por cerca de 150 a 200 linhagens, oriundas dos programas de melhora-mento genético da Embrapa Arroz Feijão e do dAT, conduzi-

do em Belém, PA. Foi utilizado o delineamento experimental conhecido como "blocos aumentados de Federer". Esse deli-

neamento permite o teste de um grande número de linhagens e caracteriza-se pela subdivisão dos tratamentos em grupos menores, que luntamente com as testemunhas sorteadas formam um bloco, sendo essas testemunhas repetidas pelos demais blocos e são os únicos tratamentos comuns entre eles. •As parcelas são constituídas de três linhas de 5 metros de comprimento, com espaçamento de 25 cm entre linhas e 25 cm entre covas, com três mudas por cova. As linhagens selecionadas neste ensaio são testadas no Ensaio Comparati-vo Preliminar

b) Ensaio comparativo preliminar.

Este ensaio anualmente é constituído de 36 a 49 tratamentos, incluindo as linhagens oriundas do ensaio geral de observação acrescido das testemunhas CICA 8 e BR IRGA 409 e tem sido instalado no município de Belém, PA: O deli-neamento utilizado no ensaio é o de "látice simples", com três repetições. A parcela é formada por quatro linhas de 5 metros, com espaçamento de 25 cm entre linhas e 25 cm en-tre covas, com densidade de três mudas por cova. As linha-gens selecionadas nesta fase devem participar do Ensaio Comparativo Avançado do próximo ano,

c) Ensaio comparativo avançado.

Anualmente, este ensaio é conduzido no município de Belém, PA. É constituído de 20 a 25 tratamentos, deline-

ado experimentalmente em "blocos ao acaso" com quatro re-petições, incluindo as linhagens selecionadas na fase anteri-or, mais as testemunhas CICA 8 e BR IRGA 409. A parcela é formada por seis linhas de 5 metros, com espaçamento de 25 cm entre linhas e 25 cm entre covas, com densidade de

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três mudas por cova. As linhagens promissoras são normal-mente repetidas, neste ensaio, por mais dois anos, para deci-dir qual delas deve ser testada em nível de produtor, para fu-turo lançamento• como cultivar comercial.

Seleção em gerações segregantes

Quatro cultivares americanas, Labelle, Lebonnet, Bluebelle e New Rex, de cicio bastante precoce de vida, e excelente qualidade de grãos, foram selecionadas e, posteri-ormente, submetidas a um processo de cruzamentos interva-rietais com quatro cultivares surinamenses, Apura, Alupi, Pi-sari e Washabo, que possuem boa estabilidade e adaptabili-dade às condições locais, além de apresentar elevada produ-tividade, mas que apresentam um ciclo de vida de planta bas-tante tardio.

Os cruzamentos foram efetuados na sede da Em-brapa Arroz e Feijão, em Goiás, devido a infra-estrutura ali existente. Pelo mesmo motivo, a geração Fi também foi

conduzida na Embrapa Arroz e Feijão. A partir da geração F2, o programa de seleção, entre e dentro das populações segre-gantes, passou a ser conduzido na Área Experimental da Vár-zea do Rio Guamá, situada na sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, PA.

Foram transplantadas 1.200 plantas de cada po-pulação, utilizando-se o espaçamento de 25 cm x 25 cm, com uma planta por cova. Foram anotadas as datas de flora-ção da primeira panícula em cada planta e, no final da matu-ração, as panículas foram colhidas individualmente para dar

continuidade ao processo de seleção. Após a análise dos da-dos, foram selecionadas as 30 panículas das plantas mais precoces de cada população segregante.

As sementes de cada população constituíram a

geração F3, com um estande de 1000 plantas por cada cru-zamento. Foram consideradas as mesmas condições de plan-

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tio da geração anterior. Utilizou-se o mesmo procedimento experimental, e foram selecionadas as 30 plantas mais pre ff coces em cada população segregante e conduziu-se a gera-ção F4. A partir dessa geração, foram selecionadas 60 plan-tas individuais, que deram origem à geração F5. Nessa gera-ção, foram transplantadas 60 linhas correspondentes as pro-gênies das 60 plantas selecionadas, e cada parcela foi consti-tuída de uma linha de 5 metros, com 25 cm entre linhas.

Esse material encontra-se na sexta geração filial e já podem ser observadas linhagens promissoras em todas as populações originadas dos cruzamentos.

CRONOGRAMA

Introdução e avaliação de linhagens

1994— Introdução e avaliação inicial de adaptabi-lidade e outras características agronômicas, em Belém, PA. Seleção das melhores linhagens.

1995 - Avaliação das linhagens selecionadas no ano anterior, e avaliação do potencial de produtividade, além

das características agronômicas.

1996 - Avaliação das linhagens promissoras, no mesmo local, com relação ao potencial de produtividade, além das características agronômicas e qualidade de grãos.

1997 - Repetição do ensaio do ano anterior, e

aumento de sementes genéticas da linhagem CNA6343.

1998— Repetição dos ensaios do ano e teste da linhagem CNA6843 em área de produtor, em Abaetetuba. Multiplicação de sementes básicas e lançamento da linhagem com o nome de Marajó.

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1999 - Liberação da cultivar Marajó para produ-ção de sementes fiscalizadas e distribuição aos produtores do Estado.

Seleção dentro de populações segre9antes

1994 - Obtenção dos cruzamentos simples, do tipo A x 8, entre cultivares americanas e surinamenses.

1995 - Obtenção dos cruzamentos triplos do tipo (AB)C, envolvendo cultivares americanas e surinamenses.

1996 - Avaliação da primeira geração segregante a partir de híbridos triplos no primeiro semestre. Avanço de geração no segundo semestre.

1997 - No primeiro semestre, avaliação do mate-rial selecionado na geração anterior. No segundo semestre, avanço de geração.

1998 - No primeiro semestre, avaliação do mate-rial selecionado na geração anterior. No segundo semestre, avanço de geração.

1999 - Seleção de linhagens homozigotas pro-missoras e encaminhamento para participarem do Ensaio Geral de Observação.

[*3

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CAUPI NO ESTADO DO PARÁ

José Francisco de Assis F. da Silva'

INTRODUÇÃO

O caupi, originário da África, está difundido em todos os estados das Regiões Norte e Nordeste do Brasil. NÓ Estado do Pará, é cultivado em áreas sujeitas a limitações ambientais características de pequenos agricultores. Em de-corrência da baixa produtividade com declínio gradativo agra-

vado pela atuação individual ou conjunta de fatores como: a) Baixa produtividade das cultivares em uso pelo agricultor; b) instabilidade da produção devido à ocorrência de pragas e doenças de importância econômica; e c) Inadaptação de cul-tivares a extremos de fertilidade e sistemas de cultivo, que ocorrem praticamente em todas as áreas de cultivo do caupi.

Os programas de melhoramento com caupi, no Brasil, tiveram início em 1965 e foram conduzidos na Região Norte pelo antigo Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Norte (IPEAN), atendeu na época áos Esta-dos do Pará, Amazonas, Maranhão e os Territórios de Rorai-ma e Amapá.

No Estado do Pará, especificamente, no IPEAN seleções efetuadas dentro da cultivar 40 dias forneceram 24 linhagens que apresentaram maior homogeneidade na matu-ração, hábito de crescimento desejado e maior produtividade. A mistura dessas linhagens originou a cultivar IPEAN V-69.

'Eng.-Agr., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Posta, 48, CEP 66017-970, Belém, PA.

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A Embrapa Arroz e Feijão, incluiu o caupi na sua programação de pesquisa a partir de 1977, agregado ao Pro-grama Nacional de Pesquisa de Feijão, em colaboração com outras instituições de pesquisa nacional e internacional (llTA).

A Embrapa Amazônia Oriental vem desenvolvendo pesquisas em rede nacional desde 1978, contudo só a partir de 1981 é que as pesquisas foram intensificadas, baseadas na introdução e seleção de materiais através dos ensaios es-taduais de competição e adaptação de cultivares, visando produtividade, reação às principais pragas e doenças de ocor-rência local, qualidade do grão e alto valor comercial, que deram origem a duas cultivares BR 2 - Bragança e BR3-Tracuateua.

O caupi é cultivado em todo o Estado do Pará, e explorado na maioria dos municípios, sendo componente im-portante dos sistemas naturais de produção, porém, as culti-

vares em uso muitas das vezes não se adaptam ao sistema explorado. A obtenção de cultivares compatíveis com os sis-temas utilizados é fator importante para que se promova o melhoramento do cultivo, visando à estabilidade de produção.

OBJETIVOS

. Selecionar cultivares/linhagens de. caupi que apresentem características superiores em produtividade e adaptabilidade aos sistemas em uso nas diversas regiões de

plantio, observando seu comportamento ante ao ataque de pragas e doenças de ocorrência local.

• Identificar as melhores cultivares ramadoras e

não ramadoras em diferentes condições ambientais.

r*1

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• Identificar no prazo de três a quatro anos, uma a duas cultivares de caupi ramador e não ramador com carac-

terísticas superiores de produtividade, adaptabilidade aos sis-temas de produção em uso, comportamento ante ao ataque das principais pragas e doenças de ocorrência local e de alto valor comercial.

METODOLOGIA

A metodologia é desenvolvida obedecendo as se-guintes etapas de melhoramento:

Etapa 1 - É feita através da introdução de materi-ais e condução de ensaios preliminares envolvendo linha-gens/cultivares oriundas das geração F3/F4, dos programas de melhoramento em nível nacional coordenados pela Embrapa Arroz e Feijão e Embrapa Meio Norte. Sendo incluídas nesses ensaios as testemunhas locais ou regionais, tendo-se como parâmetro principal de avaliação a produtividade.

Etapa 2 - Segue-se com os ensaios avançados ge-ração F5/F6, que são conduzidos em diferentes locais, reunin-do as principais linhagens selecionadas nos ensaios prelimina-res do ano anterior, usando uma a duas cultivares comuns a todos os locais, como testemunha.

Nesses ensaios são avaliados além da produtivi-dade, outros caracteres de interesse: cor da semente, porte da planta, hábito de crescimento, inserção da vagem em re-lação à folhagem e índice de debulha.

Etapa 3 - São formados os ensaios estaduais a partir da geração Fe, onde reúnem-se as linhagens seleciona-das nos Ensaios Avançados. Nesses ensaios, podem também ser incluídas linhagens de programas estaduais e do exterior e

que são comparadas às testemunhas locais,

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Nessa etapa, a prioridade é definida por demanda,

de modo a atender às exigências do mercado consumidor,

seja por cor ou tamanho da semente.

As linhagens, por um período médio de três anos,

passarão a entrar em estudo de competição em blocos ao

acaso em diferentes condições ambientais, de modo a se

identificar as mais produtivas com boa adaptação, aceitação comercial e resistentes ou tolerantes às principais doenças e

pragas de ocorrência local.

Nesse período, é determinado o valor agronômico

dos materiais que vai desde a fase de desenvolvimento vege-

tativo até a colheita, outras características qualitativas e

quantitativas também são avaliadas como hábito de cresci-

mento, ciclo, cor da semente, palatabilidade, comprimento de

vagem, número de vagens por planta, número de sementes

por vagem, índice de debulha, peso de 100 sementes e pro-

dutividade.

A consolidação de todas essas informações e a

conseqüente confirmação de suas características determinam•

a obtenção de nova cultivar que após os testes de validação

e a respectiva produção de sementes básicas culmina com o

lançamento da cultivar em nível comercial junto aos produto-

res(Fig. 1).

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Introdução I4—b4 BAG

Ensaios preliminares

Ensaios avançados

Ensaio estadual ramador 1 Ensaio estadual não ramado,

1991 1 1991

Cultivar j 2000

Validação em U0s Validação em UD's

2000 2000

Produção de sementes básicas

2001

Produtores 1 2002

FIG. 1. Fluxograma do programa de melhoramento genético do feij5o.

M.

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FEIJOEIRO COMUM (Phaseo!us vulgaris L.)

Aristáteles Fernando Ferreira de Oliveira 1

INTRODUÇÃO

No Estado do Pará, a cultura do feijoeiro comum (P. vulgaris) tem se caracterizado por crises cíclicas na sua produção, oriundas de fatores entre os quais se destacam a doença conhecida por meia do feijoeiro, uso de insumos em quantidades inadequadas, carência de assistência técnica ao nível de fazenda e inexistência de cultivares com maior toie-rância ou resistência à mola.

Produto tradicional na zona rural do estado, o fei-jão destaca-se por sua grande importância na dieta da popu-lação paraense. Entretanto, a produção estadual só consegue atender pouco mais de 20% da necessidade mínima de fei-jão. Esta situação deve-se, principalmente, aos baixos rendi-mentos obtidos pelo produtor paraense, cujos 500 a 600 kg colhidos por hectare representam apenas cerca da metade do que produz o agricultor paulista ou goiano. Os baixos rendi-mentos devem-se não somente às práticas de cultivo, ainda pouco avançadas, empregadas por uma parcela significativa de produtores, mas também à necessidade de novas cultiva-res que apresentem resistência ou maior tolerância à meIa. Daí, o interesse de instituições nacionais e internacionais em dedicar boa parte de seus esforços em melhorar tanto as práticas de cultivo como as características genéticas do feijoeiro.

1 Eng.-Agr., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal, 48, CEP 66 01 7-970, Belém, PA.

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Entre as características importantes do feijoeiro, são levadas em consideração: a capacidade inerente de alta produtividade, condicionada basicamente ao balanço adequa-do entre os componentes primários do rendimento (número de vagens/planta, número de grãos/vagem e peso de grãos); o ciclo vegetativo, que condiciona a área de adaptação das cultivares de feijão e a sua utilização nos sistemas de produ-ção, inclusive nas rotações com outras culturas; o porte da planta que pode se apresentar ereto, semi-ereto ou trepador e o hábito de crescimento, que pode ser determinado ou inde-terminado; a relação com alguns fatôres bióticos, observan-do-se a resistência ou tolerância às doenças e/ou pragas. As doenças transmitidas através das sementes podem ter sua

incidência reduzida de forma significativa, mediante o uso de sementes sadias. Por outro lado, as condições climáticas de-terminam o desenvolvimento de certas doenças do feijoeiro, como é o caso da meia, que pode causar maiores danos quando prevalecem condições favoráveis de umidade, preci-pitação e alta temperatura. A semeadura do feijão em regiões e épocas do ano favoráveis ao seu desenvolvimento e produ-ção, constitui-se em uma prática essencial para minimizar as

perdas em rendimento e os prejuízos na qualidade do grão, que as doenças poderiam causar. Entretanto, a melhor pre-

venção contra o ataque de doenças, é o uso de cultivares re-sistentes. Em muitos casos, a resistência apresenta uma he-rança relativamente simples, o que facilita o seu aproveita-mento através dos métodos convencionais de melhoramento genético.

Na relação com os fatores do ambiente físico, observa-se a diferença entre as cultivares de feijão quanto à sua capacidade em aproveitar com eficiência os nutrientes e a energia solar, assim como difere a sua aptidão no que se refere à tolerância a determinados graus de umidade e de temperatura. A recomendação das cultivares deve levar em consideração essas características.

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OBJETIVO

Os projetos de melhoramento genético de feijão

baseiam-se, principalmente, na obtenção de genótipos adap-tados, altamente produtivos nas condições de cultivo pre-ponderantes nas áreas de produção, resistentes às principais doenças e que satisfaçam as necessidades e exigências dos sistemas.

META

• Melhorar o rendimento do feijoeiro, a ponto de torná-lo uma cultura economicamente atraente e ecologica-

mente viável, como parte do desenvolvimento de sistemas sustentáveis de produção de alimentos.

METODOLOGIA

Na Embrapa Amazônia Oriental, seguem-se as ori-entações emanadas da Embrapa Arroz e Feijão, através de um programa nacional que orienta o melhoramento genético do feijão no Brasil, porém sempre com algumas adaptações locais que às vezes se fazem necessárias (Fig. 1).

O melhoramento genético do feijão segue os mé-todos convencionais utilizados para as plantas autógamas. Essencialmente, ao material que se deseja melhorar aplica-se a seleção massal, a seleção individual ou uma combinação das duas. A variabilidade genética é obtida direta ou indire-tamente. As fontes diretas ou imediatas de variabilidade ge-nética são constituídas mediante a coleta local ou por inter-médio da introdução de materiais, enquanto que as indiretas ou artificiais são obtidas mediante o cruzamento entre linha-gens ou através da indução de mutações.

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Introdução 199511996

Linhagens de instituições nacionais

Ensaio nacional 1 199511996 Avaliado

____>Fitotecnia/Avaliado Ensaio regional 199511998

* Fertilidade

Seleção de mate- riais promissores

Teste em Laboratório de Sementes -> ..-. Caracterização completa

Teste em área 199811999 de Produtor

Recomendação 1 1999

Produção de 1 199912000

Difusão Lançamento do 2000

Tecnologia

Acompanhamento Socioeconômica Adoç5o Nova cultivar 200012001

FIG. 1. Organograma do programa de melhoramento do feijo-

eiro comum no Pará.

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No Estado do Pará, as cultivares predominantes pertencem aos grupos Rosinha e Carioca. Apesar das limita-ções impostas pelo ataque da meia, alguns genótipos chegam a atingir rendimentos satisfatórios quando são usados alguns recursos, como a cobertura morta adequada do solo e/ou a utilização de defensivos em controle químico bem orientado.

Entretanto, em ambiente favorável à doença, sem a devida proteção e utilização de material tolerante, a perda devida ao ataque da meia pode ser total. Para contornar esse problema, a introdução de cultivares e linhagens constitui-se em boa opção. A introdução é um dos métodos mais reco-mendados para melhorar o rendimento, podendo ser feita através da utilização imediata do material introduzido, através do cruzamento com outras linhagens, com outras introduções ou cultivarás tradicionais e utilização de genes das introdu-ções mediante o emprego do retrocruzamento.

A introdução se processa visando a adaptação, a avaliação e a utilização de novas cultivares aos sistemas de produção regionais, seu comportamento ante o ataque de doenças e pragas e sua resposta no que se refere à produ-ção, produtividade, qualidade do grão e tolerância às condi-ções dos ecossistemas locais.

A seleção entre e dentro dos materiais introduzi-dos possibilitará a utilização de cultivares com melhor adap-tação às condições da região e, conseqüentemente, com possibilidade de atingir rentabilidade consistente dentro dos sistemas locais, melhorando quantitativa e qualitativamente o feijão produzido na região. São utilizados os ensaios regionais de feijão.

Ensaios regionais de feijão

São compostos por linhagens oriundas do progra-ma nacional de melhoramento genético da Embrapa Arroz e Feijão e de centros internacionais de pesquisa, pertencentes aos grupos precoce, preto, mulatinho, carioca, roxo-rosinha e jalinho, selecionadas nos ensaios nacionais.

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a) Ensaio regional de feijão do grupo mulatinho.

São utilizadas 15 linhagens e uma testemunha lo-cal, avaliadas em um delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetiçôes. As parcelas são constituídas de quatro f i-leiras de cinco metros de comprimento e espaçadas de 50 centímetros. A densidade de semeadura é de 15 sementes por metro de sulco. Em campo são anotados os dados refe-rentes a floração, maturação de colheita, reação a pragas e doenças, stand final e rendimento. Em laboratório são anota-dos dados referentes à qualidade dos grãos.

b) Ensaio regional de feijão do grupo roxo-rosinha.

Contempla as mesmas características do ensaio anterior, com a diferença de conter apenas 13 linhagens e uma testemunha local.

c) Ensaio regional de feijão do grupo carioca.

Contempla as mesmas características dos ensaios anteriores, com a diferença de conter 13 linhagens e uma testemunha local.

Avaliação das novas cultivares

Uma vez obtida uma nova cultivar, as sementes devem ser multiplicadas, visando as provas finais e extensi-vas de avaliação da cultivar, Deve-se evitar a contaminação por doenças que se transmitem através da semente, ou por genótipos de qualidade inferior. As plantas provenientes de genótipos indesejáveis ou afetadas por essas doenças deve-rão ser eliminadas. A avaliação das novas cultivares poderá ser feita em duas etapas, a saber:

a) Ensaios em zonas produtoras de feijão;

b) Unidades de observação e demonstração.

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O delineamento experimental varia de acordo com o número de tratamentos. Com um número reduzido de tra-tamentos (10 a 14) pode-se lançar mão de um delineamento em blocos ao acaso. Para um número maior de tratamentos (acima de 16), pode-se utilizar um delineamento em blocos incompletos (látices). Em geral, os ensaios regionais testam poucas cultivares, uma vez que são comparadas apenas as que se sobressaíram nos ensaios anteriores. As unidades de demonstração devem ser as mais simples possíveis e sufici-

entemente grandes para que possam simular um plantio co-mercial típico da região, devendo-se dar preferência a uma área de um produtor entusiasta, dinâmico, responsável e que coopere plenamente com as atividades a serem desenvolvi-das.

Em cada uma das etapas de avaliação serão in-cluídas testemunhas locais para uma comparação realista. Depois de demonstrar, durante três a quatro anos que a nova cultivar supera consistente e efetivamente as testemunhas locais, suas sementes poderão ser distribuídas entre os pro-dutores.

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

1995 - Avaliação do rendimento e outras caracte-rísticas agronômicas em Alenquer.

1996 - Repetição dos ensaios do ano anterior no mesmo local.

1997 - Repetição dos ensaios do ano anterior no

mesmo local e também em Capitão Poço e Tracuateua, com seleção das melhores linhagens.

1998 - Repetição dos ensaios dos anos anteriores nos mesmos locais e testes das melhores linhagens.

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1999 - Recomendação das linhagens mais adap-tadas, a partir da introdução feita por intermédio dos ensaios regionais.

• 2000 - Ensaios de novas linhagens procedentes de programas nacionais e internacionais de melhoramento de feijão. Avaliação de prováveis cultivares promissoras em áre-as de produtores, com posterior lançamento das novas culti-vares.

W.

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MILHO NO ESTADO DO PARÁ

Francisco Ronaldo Sarmanho de Souza'

INTRODUÇÃO

O milho é cultivado em quase todo o território brasileiro, o que faz com que assuma expressiva importância, tanto pelo volume de produção e extensão da área plantada, como pelo papel socioeconômico que representa, constituin-do-se como fonte alternativa da renda do agricultor.

No Estado do Pará, a área colhida com milho em 1997 foi de 350 mil hectares e uma produção da ordem de 493,5 mil toneladas, para um rendimento médio de 1,41 to-nelada/ha. Esta produção concentrou-se, principalmente, nas mesorregiões nordeste, sudoeste e sudeste paraense, que juntas contribuíram com aproximadamente 81 % do total pro-duzido no referido ano. Sabe-se que os atuais sistemas miii-zados para a cultura têm contribuído para a baixa produtivi-dade e sustentabilidade.

Ainda no Estado, as lavouras caracterizam-se peTo pouco uso de insumos modernos (sementes melhoradas, adubos, corretivos, defensivos, etc.), além do baixo nível tecnológico e socioeconômico dos produtores, tudo isso alia-do a significativas perdas durante o processo de colheita, be-neficiamento, armazenamento e comercialização. Verifica-se, portanto, baixa participação do Estado do Pará em relação à produção nacional de milho, em torno de 1,62 %.

1 Eng.-Agr., M.$c., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal, 48,

CEP 66017-970, Belém, PA.

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O melhoramento genético de qualquer espécie de planta ou animal pode ser dirigido essencialmente visando duas alternativas: obtenção de população melhorada e obten-ção de uma geração Fi com vigor de híbrido. A característica diferencial mais saliente entre as duas alternativas é que a população melhorada se reproduz segundo o modo usual da espécie (autogamia, alogamia ou graus intermediários entre esses extremos). No caso de espécies alógamas, como o mi-lho, a população é melhorada porque apresenta uma freqüên-cia de genes favoráveis, mais elevada do que nas populações originais ou não melhoradas. Verifica-se, assim, que os mes-mos genes, melhores e piores estão presentes nas diferentes populações melhoradas, estando os alelos mais favoráveis presentes com maior freqüência, e os inferiores com menor freqüência. O aumento da freqüência dos genes favoráveis é conseguido através de diferentes métodos de seleção. Trata-se, portanto, de um processo dinâmico em que o melhora-mento é conduzido de maneira contínua e progressiva. As-sim, muito embora o objetivo seja conduzir a população para as máximas freqüências dos genes favoráveis, isso na prática nunca é conseguido. O que se consegue é um aumento gra-dativo da freqüência dos genes favoráveis. À medida que as freqüências gênicas aumentam, os progressos subseqüentes tendem a diminuir em magnitude e a fixação dos genes rara-mente é conseguida, a não ser por um evento aleatório (os-cilação genética).

O conhecimento da variabilidade existente nas po-pulações e, mais ainda, quanto desta variabilidade é devida a diferenças genéticas, é de fundamental importância em qual-quer programa de melhoramento, porque permite conhecer o controle genético do caráter e o potencial da população para a seleção.

Resta ainda salientar que, além do grande número de genes envolvidos no controle de caracteres quantitativos, um outro fator que dificulta o estudo desses caracteres é o efeito acentuado do ambiente.

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Em resumo, pode-se dizer que a dificuldade do es-tudo dos caracteres quantitativos reside em dois fatos: o grande número de genes envolvidos e o pronunciado efeito do ambiente . Isto faz com que geneticistas e melhoristas te-nham de trabalhar, via de regra, com populações grandes e utilizar parâmetros estatísticos para estudar estes tipos de carateres.

A genética de populações é um ramo da genética de capital importância porque fornece subsídios ao melhora-

mento das populações de plantas e animais e fornece ainda as bases necessárias à compreensão de como são aqui tam-bém válidos, o que modifica e como avaliar as propriedades genéticas das populações. Desse modo, quando o melhorista possui uma população que está pouco melhorada , isto é, onde a freqüência do alelo recessivo é alta, ele réaliza os ci-clos seletivos iniciais sem autofecundá-la. Porém, quando a população já está com baixa freqüência do alelo recessivo, a melhoria da eficiência da seleção após a autofecundação compensa o tempo adicional gasto. Com isso, a obtenção de híbridos é um procedimento empregado em muitas plantas e animais porque, muitas vezes, apresentam o fenômeno de heterose ou vigor de híbrido, muito utilizado, principalmente na cultura do milho, é a obtenção dos denominados híbridos duplos, obtidos pelo cruzamento entre quatro linhagens. Con-siderando, que o melhorista sempre dispõe de um número muitas vezes superior a dez linhagens, a obtenção e avalia-ção dos híbridos duplos possíveis fica impraticável. Para so-lucionar este problema, a única opção viável para o melhoris-ta é utilizar a expressão de predição de média. Com base nas predições, ele irá sintetizar e avaliar somente aqueles híbridos que de antemão, mostraram ser agronomicamente superiores.

Atualmente a pesquisa no Estado do Pará é mais abrangente, envolvendo um maior número de aspectos espe-cíficos da cultura, atuando desde a escolha da semente até o

armazenamento da produção, sendo dado destaque especial a um programa de melhoramento, o qual pelas próprias ca-

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racterísticas do trabalho, envolve maior gama de problemas ao mesmo tempo. Entre esses problemas, pode-se citar a tí-tulo de exemplo, a carência de sementes melhoradas na regi-ão, tendo-se que para suprir a crescente demanda, importar das regiões Sul e Sudeste do País, ou mesmo de procedência ignorada, materiais a maioria das vezes impróprios para as

condições da região, o que põe em risco não só o investimen-to do produtor, como também a credibilidade das instituições responsáveis pelo desenvolvimento da agricultura no Estado.

Objetivando minorar a gravidade de muitos pro-blemas coma cultura, bem como erradicar outros, desenvol-veu-se um programa de melhoramento em um trabalho de parceria com Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, Minas Gerais, com base na introdução e avaliação de cultivares, seleção inter e intrapopulacional complementada por uma programação de produção de sementes básicas correspon-

dentes.

O programa de melhoramento envolvendo a sele-ção intrapopulacional teve início em 1979180, cujas popula-ções bases eram o composto dentado e o amarillo dentado, sendo o composto dentado um material genético originado no

departamento de genética da ESALQ - USP, e o Amarillo dentado, material genético que foi originado no Centro Inter-nacional de Milho e Trigo, no México. Após dois ciclos de Seleção massal no composto dentado, e dois ciclos de sele-ção massal e um ciclo de seleção entre e dentro de famflias de meios irmãos no amarillo dentado, tornou - se possível o lançamento das cultivares BR 5101 e BR 5102. A cultivar

BR 5101 permaneceu por pouco tempo à disposição dos agricultores, por ter apresentado problemas, principalmente quanto à dureza dos grãos, que por serem do tipo mole apre-sentavam-se suscetíveis ao ataque de pragas de campo e de armazenamento. A cultivar BR 5102, devido a suas caracte-rísticas de alta produtividade e resistência e/ou tolerância às principais pragas e doenças, teve uma grande aceitação por

E*1

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parte dos produtores e ainda permanece em uso, agregada aos diferentes sistemas de cultivo do milho no Estado, mais voltado para as condições de solos de baixa fertilidade natu-ral.

No ano agrícola de 1982183, foi iniciado um novo programa de seleção intrapopulacional utilizando-se como po-pulação base a cultivar P001 22 (CMS 12), devido esta ter apresentado bom desempenho no tocante à característica de produtividade e resistência às principais pragas e doenças do milho, quando avaliada em condições de solos de média a alta fertilidade do Estado, na rede de Ensaios Regionais de avaliação de cultivares. Após dois ciclos de seleção conforme proposto por Gardner (1961), citado por Paterniani & Miranda Filho (1987), e Lonnquist(1964), dentro da população CMS 12, tornou-se possível o lançamento da cultivar BR 5107 indicada para solos de média a alta fertilidade.

OBJETIVO

• Identificar, obter e selecionar cultivares de mi-lho com características dos grãos semidentado, amarelo-alaranjado, porte da planta em torno de 2,35m, ciclo do plan-tio a colheita em torno de 120 a 130 dias e com produtivida-de superior a 3.000 kg/ha sob condições ambientais variá-veis, visando a melhoria da estabilidade e sustentabilidade do rendimento físico dos atuais sistemas de produção em uso.

META

• Obter no período de três anos , duas novas cultivares de milho com produtividade de grãos superior a 3.000 kg/ha, semidentado e amarelo-alaranjado, porte médio a intermediário em torno de 2,35 m e ciclo do plantio a co-lheita em torno de 120 a 130 dias, resistentes/tolerantes às principais pragas e doenças e adaptadas às condições ecoló-gicas e de cultivo do Pará.

um

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METODOLOGIA

Com base nas informações geradas no atual pro-grama de melhoramento, e ainda levando-se em considera-ção que o melhoramento de plantas e um processo dinâmico e contínuo, propõe-se um programa com base nos seguintes aspectos:

Introdução e avaliação de cultivares

De acordo com a sistemática preconizada para a recomendação de cultivares, deverão ser desenvolvidos tes-tes através de uma rede de experimentos distribuídos nas di-versas regiões produtoras do Estado.

Seleção intrapopulacional

Deverá ser dado continuidade aos trabalhos de seleção dentro de populações que se destacaram na rede de ensaios regionais: BR 5102; BR 5107; CMS 39; CMS 50; CMS 59. Aspectos como bom empalhamento das espigas, resistência ao acamamento e quebramento das plantas, altura de plantas e espigas, ciclo do plantio ao florescimento, proli-ficidade e produtividade entre outros, são características que serão levadas em consideração durante o processo seletivo, embora o critério fundamental seja a produção de grãos.

Com as populações citadas, se procurará atender a procura por milhos com endospermas do tipo flint ou duro, conferindo maior resistência ao ataque de pragas nas condi-ções de lavouras e de armazenamento.

Cada lote de seleção gerará material básico para a produção de semente, alimentando um sistema dinâmico de oferta de semente melhorada. Com a realização de dois ciclos de seleção por ano, será possível ganhar mais velocidade no processo. Os testes para avanço genético das populações poderão avaliar a eficiência dos métodos a serem emprega-dos.

ZI

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A seguir, são listados alguns métodos ou modali-dades de seleção que poderão ser utilizados durante o pro-cesso de seleção intrapopulacional.

Seleção massal: seleção massal simples; seleção massal estratificada (seleção massal estratificada genetica-mente e seleção antes do florescimento).

Seleção com testes de progênies: seleção de espi-ga por fileira; seleção entre e dentro de famílias de meios ir-mãos; seleção entre e dentro de famílias de irmãos germanos; seleção entre e dentro de famílias endogâmicas Si ou S2.

Seleção recorrente: seleção recorrente fenotípica; seleção recorrente para capacidade geral de combinação; se-leção recorrente para capacidade específica de combinação; seleção recorrente recíproca, seleção recorrente recíproca com famílias de meios irmãos; seleção recorrente recíproca com famílias de meios irmãos obtidas de plantas prolíficas e seleção recorrente com famílias de irmãos germanos.

Métodos combinados

Com a expansão das áreas de lavouras de milho, principalmente nas regiões nordeste, sudoeste, sudeste e sul do Estado, observa-se uma crescente demanda por sementes de milho híbrido, daí a necessidade de se incrementar um programa de produção de híbridos visando atender aos an-seios dos produtores assentados nessas regiões. Com a mul-tiplicação de populações promissoras em lotes isolados, é possível se manter dinâmico o processo de produção e testes de híbridos, principalmente os intervarietais, a princípio, o que já seria um grande passo, levando-se em consideração as populações já melhoradas, de onde se poderiam extrair linha-gens endogâmicas para a produção de híbridos.

Uma outra alternativa seria a formação de com-postos regional, para tanto deverão ser utilizadas as informa-ções que estão sendo geradas no Subprojeto Regeneração e Multiplicação de Germoplasma de Milho na Amazônia. Tra-

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tam-se da regeneração de 300 acessos de que foram coleta-dos na Amazônia na década de 80, e até o momento já foram regenerados 100 acessos que geraram informações suficien-tes para serem utilizadas para a formação de compostos regi-onais. Na Fig. 1, é apresentada uma representação esquemá-tica de como pode funcionar um programa de melhoramento de milho no Estado do Pará.

O estádio atual do programa de seleção recorrente (intrapopulacional), tendo como base de material genético as populações BR 5102 e BA 5107, tiveram e deverão ter os seguintes desdobramentos ao longo do tempo:

1994/95: Seleção massal (Ciclo 1), nas duas po-pulações em ambientes distintos (Alenquer e Capitão Poço).

1995/96: Seleção massal estratificada Ciclo 1), nas duas populações em ambientes distintos (Alenquer e Capitão Poço).

1996197: Seleção massal estratificada (Ciclo II), nas duas populações em ambientes distintos (Alenquer e Capitão Poço).

1997198: Seleção massal estratificada (Ciclo III), nas duas populações em ambientes distintos (Alenquer e Capitão Poço).

1998199: Testes de validação e transferência de tecnologia utilizando sementes dos ciclos avançados de sele-ção dentro das duas populações em áreas de produtores, completar a caracterização das duas novas cultivares origina-das dos ciclos de seleção recorrente nas duas populações e produção de sementes básicas.

199912000: Lançamento das duas novas cultiva-res de milho para condições de ambientes distintos já com a nova marca Embrapa, em eventos a serem realizados na for-ma de Dia Especial ou Dia de Campo, com distribuição de sementes aos produtores.

E41J

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Introdução

Coleção

Seleção inter- Seleção intra- Formação de populacional

populacional

compostos

Ensaio regional

Campos de observação/ de-

monstração/difusão e trans- 1998 Hibridação

ferência de tecnologia

Semente básica 1 1999

Semente fiscalizada 1 2000

Agricultores 1 2001

FIG. 1. Representação esquemática do programa de melho-ramento no Estado do Pará.

Rfi

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS

LONNQUUIST, J.H. A modification of ear-to-row Procedure of the improvement of maize Population. Crop S&ence, Madison, v.2, p.227-228, 1964.

PATERNIANI, E., MIRANDA FILHO, J.B. Melborament de Populaões: In: PATERNIANI, E.; VIÉGAS, G.P.; ed. melho-ramento e Produção do milho. Campinas: Fundação Cargill, 1987. v.1, p.217-274.

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SOJA NO ESTADO DO PARÁ

Jamil Chaar El-Husny' Em&eocípio Botelho de Andrade'

INTRODUÇÃO

Nas últimas três décadas houve um substancial investimento, por parte do governo federal, no sentido da ocupação da Amazônia, mediante incentivos fiscais e linhas de crédito vantajosas para atividades agropecuárias.

A implantação de pastagens, após a derrubada e queima da floresta nativa, tem sido a principal responsável pelo elevado índice de devastação da região, assim como, em menor escala, a ocupação da região pela substituição da flo-resta por cultivos temporários ou permanentes.

A recuperação e reincorporação ao processo pro-dutivo de áreas alteradas ou degradadas consiste em aspecto fundamental, no sentido de contemporizar a agropecuária da região no que se relaciona à sustentabilidade. Inovações tec-nológicas determinam a recuperação de áreas pela melhoria na fertilidade dos solos. Por outro lado, o cultivo de grãos para diminuir custos da recuperação sinaliza que, não obstan-te a tradição agropecuária, pode exercer um papel fundamen-tal neste processo.

'Eng.-Agr., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal, 48, CEP 66 01 7-970, Belém, PA.

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A cultura da soja, em face das suas importantes características agronômicas e econômicas, pode constituir-se

em opção na composição de sistemas de produção tanto para produção de grãos como para recuperação de pastagens. Produtores rurais e o governo do Estado reconhecem a impor-tância da cultura e incentivam a introdução e o incremento

desta cultura no Estado, por reconhecerem também as boas perspectivas de exportação, mediante uso do complexo fer-roviário Carajás - Ponta da Madeira, já utilizado no Programa Corredor de Exportação Norte.

O aumento da produção, fator contribuinte na evolução e sustentabilidade agrícola de uma região, tem no melhoramento genético um importante aliado, em face da possibilidade de melhoria na produtividade, mediante a cria-

ção de novas cultivares.

A pesquisa em melhoramento tem demonstrado a necessidade de se realizar o trabalho de obtenção de cultiva-res, nas condições em que o material será utilizado. Por outro lado, um dos métodos mais rápidos na obtenção de novas cultivares consiste na introdução e seleção de linhagens e cultivares, oriundas de programas de melhoramento genético.

Nesse contexto, a introdução e seleção de cultiva-res e linhagens de soja que melhor se adaptem às condições edafoclimáticas do Estado do Pará, pelo caráter básico que possui, entre outros fatores de produção, vem merecendo atenção da Embrapa Amazônia Oriental, justificando pesqui-sa/desenvolvimento com estes propósitos.

OBJETIVOS

. Introduzir e avaliar o comportamento de genóti-

pos de soja nas condições edafoclimáticas do Estado do Pará.

. Selecionar e recomendar cultivares de soja melhor adaptadas às condições das regiões de produção do Estado.

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METAS

• Indicar até três cultivares de soja em 1998 pro-cedentes das avaliações dos ensaios preliminares e regionais para as regiões de Paragominas e Sul do Pará.

• Indicar e recomendar até três cultivares proce-dentes dos ensaios de caracterização varietal para as regiões de Paragominas, Santarém e Sul do Pará.

METODOLOGIA

A pesquisa/desenvolvimento da Embrapa Amazônia Oriental com o objetivo supracitado, é executada em parceria com a Embrapa Sola mediante a introdução de cultivares e linhagens desenvolvidas no programa de melho-ramento deste último. Desse modo, em consonância com o Sistema Embrapa de Planejamento - SEP, na Embrapa Amazônia Oriental, é conduzido o Subprojeto "Avaliação e Identificação de Cultivares e de Soja para o Nordeste e Sudeste do Pará", vinculado ao Projeto da Embrapa Soja "Desenvolvimento de germoplasma e cultivares de soja adaptados às várias regiões ecológicas e aos vários sistemas de produção", o qual se insere no Programa da Embrapa "Sistema de produção de grãos".

Programa de melhoramento da Embrapa Soja para as regiões de baixas latitudes

Conduzido na região sul do Estado do Maranhão, tem como principal objetivo desenvolver linhagens e novas cultivares de soja mais produtivas e resistente às principais doenças como mancha-olho-de-rã (Cercospora so/ina), cancro-da-haste (Pbomopsis phaseoll f. sp. merid/onal/s; Diaporthe phaseolorum f. sp. meridionalis ), podridão verme-lha da raíz (Fusarium solanfl, mancha alvo (Corynespora cassilcola), e recentemente oídio (Microsphaera diffusa) e meIa ou requeima (Thanatephorus cucumeris; Rhizoctonia so/am).

91

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Métodos tradicionais são empregados no melho-ramento da espécie. Como base inicial do programa r são in-

troduzidaé populações segregantes e linhagens avançadas da Embrapa Soja, em Londrina, PR. Ddssas populações e linha-gens, são feitas seleções de plantas, testes de progênies e seleção de linhagens com características agronômicas de adaptação às condições ambientais da região. Na etapa se-guinte, são conduzidas as avaliações preliminares e regionais, que visam identificar linhagens de alto potencial produtivo e com boa estabilidade de produção e características agronô-micas.

Além do Maranhão, as avaliações preliminares e regionais são realizadas nos estados do Piauí, Tocantins, Pará, Roraima, Acre e Pernambuco. A coordenação dessa rede de ensaios é realizada pelo Campo Experimental de Bal-sas, pertencente à Embrapa Soja, entretanto a execução da avaliação nos demais estados é de responsabilidade das insti-tuições parceiras, sediadas nessas regiões, no caso do Pará, a Embrapa Amazônia Oriental.

Etapas do melhoramento no Estado do Pará

No Pará, os ensaios são conduzidos em três muni-cípios: Paragominas, Redenção e, recentemente, em Santa-rém. Os trabalhos são realizados no Campo Experimental da Embrapa Amazônia Oriental, no caso de Paragominas, e em área de produtor nos demais municípios.

Nas áreas experimentais são instaladas as seguin-tes ações de pesquisa (Fig. 1):

a) Avaliação preliminar

Nesta etapa, as linhagens selecionadas como promissoras, dentre aquelas introduzidas de programas de melhoramento dirigidos para desenvolver linhagens adaptadas às regiões de baixas latitudes, principalmente da Embrapa Soja, são avaliadas em ensaios para identificar as linhagens de alto potencial produtivo e com características agronômicas de adaptação às regiões do Estado do Pará.

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Avaliação preliminar

Ensaio preliminar de 1 0 Ano

Ensaio preliminar de 2 0 Ano

Local: Paragominas

Avaliação regional

Ensaios regionais

Local: Paragominas, Redenção,

Santarém.

Pode haver indicação de cultiva-res

Ensaios de caracterização varietal

Local: Paragominas, Redenção,

Santarém

Indicação de cultivares

FIG. 1. Esquema do melhoramento de soja no Estado do Pará.

Obs: As etapas ocorrem simultaneamente, e cada ensaio avalia separadamente os

genótipos por grupo de maturação (precoce, médio e tardio).

Anualmente essas linhagens são avaliadas em en-saios preliminares, de primeiro ano, conduzidos em um ou dois locais, conforme o número de materiais selecionados na fase de introdução. As melhores linhagens são reavaliadas no ano seguinte em ensaios preliminares de segundo ano. São instalados ensaios constituídos por linhagens de ciclo preco-ce, médio e tardio.

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O delineamento experimental adotado é o de blo-cos casualizados com no mínimo três repetições por local. O número de tratamentos por ensaio pode variar de 20 a 30, incluindo-se duas cultivares como padrão comparativo do ci-

clo de maturação (testemunha).

As parcelas possuem 10 m 2 , sendo a área útil de

4 m2 . O espaçamen'to entre linhas é de 0,50 m, As seguintes

características são observadas: data da floração, cor da flor, reação às principais doenças que ocorrem naturalmente,data da maturação, cor da pubescência e da vagem, altura de planta, altura de inserção da primeira vagem, grau de aca-mamento, grau de deiscência de vagem, peso de 100 semen-

tes, e produtividade (kglparcela, convertido para kgíha com

teor de umidade de 13%).

As linhagens que se destacam nos ensaios preli-minares de segundo ano, comparativamente à melhor cultivar padrão de cada grupo de maturação, são avaliadas nos en-

saios regionais norte/nordeste, compostos pelas linhagens eli-tes, selecionadas nos vários programas de melhoramento da soja para regiões de baixa latitude.

b) Avaliação regional de cultivares e linhagens de

soja

Participam nesta avaliação, as linhagens indicadas

pelos programas de melhoramento da região norte/nordeste do Brasil. A avaliação é realizada anualmente, em experimen-tos separados em três grupos de maturação: precoce, médio e tardio. As linhagens e cultivares permanecem por no míni-mo dois anos, ou até que se obtenham dados suficientes para

propor indicação e lançamento da cultivar para o Estado. Cada experimento tem número variável de tratamentos, po-rém sempre incluindo-se duas cultivares padrão comparativo, para cada grupo de maturação. O delineamento experimental, as áreas das parcelas e as características observadas são as

mesmas realizadas nos ensaios preliminares.

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c) Ensaio de caracterização varietal

Este ensaio é realizado com o objetivo de avaliar o comportamento de cultivares e linhagens elites, que já parti-ciparam pelo menos um ano no ensaio regional, em módulos maiores, e de demonstrar os materiais promissores para pro-dutores e técnicos.

As parcela possuem área de 500 m 2 e a área útil corresponde a quatro subparcelas de 4 m 2 , escolhidas ao acaso dentro das parcelas maiores, O espaçamento entre li-

nhas é de 0,50 m. São avaliadas cerca de dez cultivares plantadas em duas épocas de plantio.

As características avaliadas são as mesmas dos ensaios anteriores. É verificada também, na condução dos ensaios, a ocorrência de pragas, mediante coleta e envio para identificação em laboratórios especializados.

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

1996 - Instalação de ensaios preliminares em Pa- ragominas.

1997 - Instalação de ensaios preliminares e regio-nais em Paragominas e sul do Pará.

1998 - Indicação de cultivares para Paragominas e sul do Pará.

- Instalação de ensaios preliminares e regionais em Paragominas, sul do Pará e Santarém.

1999 - Instalação de ensaios de caracterização va-rietal em Paragominas, sul do Pará e Santarém.

- Instalação de ensaios preliminares e regionais em Paragominas, sul do Pará e Santarém.

- Indicação de cultivares para Paragominas, sul do Pará e Santarém.

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CAPÍTULO 3

MELHORAMENTO GENÉTICO DE HORTALIÇAS

NA AMAZÔNIA ORIENTAL

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JAMBU (Spilanthes oleracea, L.)

VISANDO RESISTÊNCIA AO CARVÃO (Thecaphora spilanthes)

Marli Costa Poltronieri' Luiz Sebastião Poltronieri 1 Nina Rosária Maradei MülIer 2

INTRODUÇÃO

Duas espécies do gênero Spi/ant/ies são encontra-

das na Amazônia Oriental: Spilanthes oleracca, L. e

Spi/anthes acmella, a primeira é cultivada como hortaliça no

Estado do Pará, por pequenos produtores em municípios pró-ximos à cidade de Belém.

O jambu é consumido através de folhas e caules cozidos, no preparo de pratos regionais como o tacacá e pato no tucupi, ou na forma "in natura" em saladas cruas. Tam-bém é conhecido popularmente como erva medicinal, em face da presença em suas folhas e ramificações mais tenras, de uma resina sialagoga, tida como possuidora de propriedades odontálgicas e de ação contra doenças da boca, garganta e

cálculos da bexiga.

O jambu é uma planta anual herbácea, com caule

cilíndrico, carnoso, decumbente e ramificado. A inflorescên-

cia é em capítulo globoso terminal de coloração amarela, com

floretes hermafroditas. A flor é considerada como sendo de

'Eng.-Agr., M.So., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, caixa Postal, 48, CEP 66 01 7-970, Belém, PA. 'Eng.-Agr., BS, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

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autopolinização, ocorrendo quando o estilete cresce e ultra-

passa as anteras e ao despontar no exterior os estigmas já se

encontram cheios de pólen. Este modo de autopolinização é

chamado de cleistogamia.

O fruto é um aquênio de tamanho reduzido, com

pericarpo de cor cinza escuro, parcialmente envolvido por

páleas membranosas.

Nos últimos anos, nas áreas de produção de jam-

bu houve o aumento considerável de uma enfermidade cau-

sando perdas elevadas na produção, devido à depreciação

comercial de caules e folhas. Essa enfermidade tem como

agente causal o fungo Thecaphora spilanthes (Vanky, 1996)

e seu sintoma caracteriza-se pela presença de galhas distri-

buídas nos caules, pecíolos, folhas e pendúnculos florais

(Fig. 1). Quando ocorre sobre pecíolos e folhas, provocam

distorção, ocasionando o enrolamento do pecíolo e enruga-

mento do limbo foliar. As inflorescências quando atacadas

mostram-se deformadas, menores e com poucas sementes. A

doença não é transmitida por sementes e o fungo é predomi-

nantemente de solo (Vanky, 1996).

Visando um controle eficiente e econômico dessa

doença, em nível de pequeno produtor, através de métodos

que não causem danos ao meio ambiente, está sendo desen-

volvido um trabalho de melhoramento genético, na Embrapa

Amazônia Oriental, tendo em vista a obtenção de material

genético com resistência ao carvão. As vantagens de ofere-

cer uma cultivar resistente são: ausência de custo extra no

preço da semente (tecnologia de controle "embutido" na se-

mente), tecnologia ambiental saudável e redução de custo de

produtos e aplicações.

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Caracteriza ateia l uMniforrme

?ão do rnato -[.øj com resis- rial obtido tência ao

carvão

Ano de 1998

Ano de 1999

1 Cultivo O, 1

Ano de 199411995 f Coleta de germoplasma

Ano de 199411995 Formação de coleção -] Caracterização - aspectos morfológicos

Avaliação - carvão

4- Plantio de materiais sem

Ano de 1996 formação de galhas de carvão em ambiente infectado

1 • seleção: obtenção de Ci

Ano cio 1997

Ano de 1997

Ano de 1997

Ano de 1998

Ano de 1998

Cultivo de Ci 2' seleção:

obtenção de G2

Cultivo 02 W seleção:

Obtenção de 03

Cultivo 0, 4 seleção:

Obtenção de 04

Cultivo 04 6' seleção:

Obtenção do 05

Cultivo Os W seleção:

obtenção de Os

Ano de 1999

Unidade demonstrativa Unidade demonstrativa Área de produtor Área de produtor

Ano de 1999 1 Nova cultivar

FIG. 1. Organograma para melhoramento de jambu visando resis-tência ao carvão Thecaphora spilanthes - Embrapa Amazônia Oriental, 1998.

101

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Resistência de plantas a patógenos é a capacidade de determinado genótipo evitar ou restringir a infecção e subseqüentes atividades do patógeno, quando exposto a inóculo suficiente, sob condições ambientais favoráveis (Robinson, 1969; Agrios, 1972). A resistência, como uma reação de defesa do hospedeiro, é resultante da ação de di-. versos fatores variáveis, sendo relativa, assim existe uma gradação entre resistência completa (não há multiplicação do patógeno e/ou sintomas) e alta suscetibilidade. Entre estes extremos ocorrem diferentes níveis de resistência incompleta, isto é, diversos níveis de reprodução do patógeno (Plank, 1975; Parlevliet, 1979).

A avaliação de resistência deve ser feita através da medição do crescimento e desenvolvimento do patógeno; em geral, avaliam-se os sintomas da doença, assumindo-se que eles refletem, quantitativamente, o crescimento do pató-geno no hospedeiro (Parlevliet, 1979).

A avaliação quantitativa de doenças, segundo Ja-mes (1974), pode ser feita através da incidência da doença, definida como o número de unidades infectadas, expressa a percentagem de plantas ou órgãos infectados; severidade da doença, definida como a área de tecido afetado pela doença, expressa a percentagem de área infectada através de diver-sas escalas descritas. A reação do hospedeiro pode èer quali-tativa, isto é, presença ou ausência de infecção, e quantitati-va, ou seja, restrição ao desenvolvimento do patógeno; as-sim, a resistência pode ser avaliada por meio de tipos de in-fecção que indicam desde as lesões necróticas ou cloróticas, até lesões típicas de alta suscetibilidade (Parlevliet 1979).

OBJETIVO

Obter uma cultivar de jambu com resistência ao fungo T. spilanthes, associada às características agronômicas dese]áveis tais como: alta produção de biomassa aérea e ma-nutenção da boa palatabilidade.

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METAS

Em quatro anos, obter uma cultivar de jambu re-sistente ao carvão.

METODOLOGIA

O trabalho teve início com a coleta de material genético proveniente de alguns municípios próximos a Belém, para a formação de uma coleção de germoplasma. Os aces-sos da coleção foram caracterizados e avaliados para resis-tência ao carvão, onde se iniciou o processo de seleção para obtenção de plantas com baixos níveis de sintomas (galhas), selecionando-se assim, plantas do acesso 95010 provenien-tes do município de Santa Isabel.

As sementes destas plantas deram origem à se-qüência de sete ciclos de seleção que deverão ser concluídos em 1999.

Para selecionar plantas com resistência ao carvão, foi sugerida uma escala de notas:

O = ausência de galhas/planta - resistente;

1 = 1 - 3 galhas/planta - moderadamente resis- tente;

2 = 4 - 8 galhas/plantas - suscetível;

3 = acima de 8 galhas/planta - altamente suscetí- vel

As plantas são avaliadas no início da floração, pe-ríodo que coincide com a colheita em área de produtor. As

plantas com nota 2 e 3 são descartadas e as plantas avalia-das com nota O e 1 são deixadas no campo para produção de sementes. No período da colheita das sementes (60 dias após semeio) é feita nova avaliação, colhendo-se, assim, apenas sementes de plantas sadias.

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Inicialmente foram utilizados canteiros preparados com terra preta e esterco de gado sendo incorporados a es-tes, restos culturais de jambu com galhas, com a finalidade de infectar os canteiros. Nas gerações seguintes, foram utili-zados os mesmos canteiros, repetindo o processo de incorpo-ração dos restos culturais, para o aumento de inóculo no solo.

A partir do quinto ciclo, iniciou-se a avaliação também para outros caracteres relacionados à produção e qualidade tais como: produção de biomassa aérea (folhas e caules), rendimento (número de maços por canteiro), palata-bitidade, composição em nutrientes e uniformidade no culti-vo.

Após sete ciclos de seleção, será instalada em área de produtor uma unidade demonstrativa, para avaliação final e posterior lançamento como nova cultivar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGRIOS, G.N. Plant Pathology. 3. ed. New York, Academic Press, 1972. 629p

JAMES, W.C. Assessment of ptant diseases and tosses. Annual Review of Phytopathology, v.1 2, p.27-48, 1974.

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ROBINSON, R.A. Disease resistance terminology. Review Applied Mycology, v.48, p.593-606. 1969.

PLANK, J.E. Van der. Principies of Plant Infection. New York: Academic Press, 1975. 216p.

VANKY, K. Taxonomicai studies on ustilaginales. Mycotaxon, v.59, p,89-1 13. 1996.

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TOMATEIRO

Simon Chen'

INTRODUÇÃO

A comercialização de tomate na Amazônia oriental é realizada através da Ceasa-PA, em Belém, que movimenta anualmente em torno de R$ 12.000.000,00, segundo esta-tística da CEASA-PA, 1996-1997.

O volume comercializado anualmente é de aproxi-

madamente 20.000t, ou seja, 1.800 t/mên. Deste total, 99,98% é importado de outras regiões do Brasil, principal-mente do Nordeste e Sudeste. A produção regional de tomate comercializado não ultrapassa a taxa de 0,02% ao ano.

As doenças bacterianas têm sido apontadas como

fator limitante da produção do tomate na região, principal-mente a murcha bacteriana e o talo oco do tomateiro. As pragas do solo, tais como as paquinhas e formigas de fogo, plantas daninhas, acidez e pobreza do solo também contribu-

em para a baixa produtividade do tomate.

Os problemas estruturais como a falta de um ca-nal de comercialização, de energia elétrica, na zona rural, de irrigação e de organização de pólo de produção são muito ca-rentes na região amazônica.

1 Eng.-Agr., Ph.D. Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal, 48, CEP 66017-970, Belém, PA.

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Com a criação da gramicultura do tomateiro pela Embrapa Amazônia Oriental, os problemas técnicos de produ-ção do tomateiro estão sendo solucionados e as soluções de problemas estruturais se tornam justificáveis.

Com a globalização da economia e a concorrência livre, o intercâmbio internacional de tomate se torna natural. A produção do tomate na Amazônia oriental deve visar, prin-cipalmente, o Mercosul e outro macro bloco econômico, em face da demanda de 1.800 tlmês na região ser facilmente sa-turada pelo trabalho de milhares de pequenos agricultores sem opção lucrativa. A exportação é o único caminho para o fomento da produção de tomate.

Exportação significa concorrência de qualidade, quantidade, continuidade e preços. Se a qualidade do tomate produzido na Amazônia oriental não for superior à das outras regiões produtoras, e se não for mantida certa quantidade de produção em todas as épocas a preços competitivos, não ha-. verá chance de se concorrer no mercado.

Os tomates exportáveis, portanto, são aqueles que ganham os produtos de outras regiões em alguns aspec-tos importantes, tais como:

• tomate produzido sem uso de agrotóxico;

• tomate de tamanho e apresentação internado-

nal;

• boa durabilidade pós-colheita, superior a 30 dias;

• superioridade em sabor, textura e coloração;

• alta produtividade, alta resistência às doenças e pragas e baixo custo de produção;

• Materiais genéticos de exclusividade da região que não podem ser propagados através de sementes contidas nos frutos exportados.

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Para atingir esses objetivos, há necessidade de se

desenvolver um programa de melhoramento do tomateiro hí-

brido visando a exportação e a propagação através enraiza-mento de ponteira para evitar a evasão genética.

OBJETIVO

• Criar tomateiros híbridos resistentes às doenças e pragas da região com fruto multilocular, com peso médio

superior a 250 g e durabilidade pós-colheita superior a 30 dias, resistentes à rachadura do fruto sob pancadas de chuva que podem ser produzidos sem uso de agrotóxico.

META

• Lançar três clones híbridos do tomateiro para os produtores da Amazônia oriental, com padrão para atender

ao cultivo para exportação de tomate e para o abastecimento regional a partir do ano 2001.

METODOLOGIA

Os materiais genéticos melhorados pela Embrapa Amazônia Oriental, a partir de 1981, tais como as cultivares

C-38-D, Compacto 6 e C-38-D Novo são muito produtivos e resistentes. Porém, o tamanho médio do fruto desses materi-ais é em torno de 80 g, muito pequeno para o padrão inter-nacional. Para aumentar o peso médio do fruto, é necessário introduzir genótipos de frutos maiores, de preferência supe-rior a 300 g. Esta característica será transferida para as culti-vares já adaptadas através do programa de avaliação e hibri-dação. Porém não se pode sacrificar o nível de resistência à murcha bacteriana ao se ganhar peso médio do fruto das cul-tivares adaptadas. No passado, a experiência mostrou que os híbridos procedentes dos EUA, tais como Big Boy, da Burpee

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Co, e Beefmaster, da Park Seed Co, foram materiais promis-sores para doar a característica de frutos grandes, superior a 250 g. O trabalho pretende reintroduzir estes dois híbridos e possivelmente outros similares para avaliação juntamente com as cultivares C-38-D, C-38-D Novo, B-1 50, e realizar hi-bridação entre estes dois grupos de materiais.

Após a hibridação em 1999 (Fig. 1), os híbridos que envolvem três progenitores (tri-cross) serão avaliados no Campo Experimental de Belém e de Marituba que é infestado pela murcha bacteriana. Os híbridos segregantes, cem plan-tas por cruzamento, serão avaliados e selecionados pela re-sistência à murcha bacteriana, tamanho do fruto, produtivi-dade da planta e qualidade do fruto, sem rachadura, com boa durabilidade pós-colheita e coloração vermelho intensa, nos

anos 1999 e 2000.

A técnica de multiplicação do tomateiro via enrai-zamento de ponteiras já foi aperfeiçoado na Embrapa Amazônia Oriental, em 1997-1998, que permite a transmis-

são integral de carga genética da planta matriz para seus cIo-nes, garantindo a uniformidade das características da popula-ção. Dependente da capacidade de emissão de brotos late-rais, e seu desenvolvimento, uma planta matriz pode produzir de 100 a 300 mudas de ponteira. Uma vez a planta selecio-nada, suas ponteiras serão removidas para enraizamento e plantio posterior, visando a multiplicação via processo vege-tativo. Os clones selecionados serão mantidos num campo especialmente preparado para a manutenção à propagação. Conforme a demanda de mudas, vários ciclos de multiplica-

ção vegetativa podem ser realizados até que contraiam doen-ças sistêmicas e incuráveis, tais como viroses. Neste caso, há necessidade de passar o processo de limpeza de vírus via cultura de ponta de crescimento.

1:

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1999

2000

1999 dução-avaliação

Belém

Intro Ç pro

ão

Avaliação de

qualidade do fruto r dutividade e

Marituba

Avaliação de

resistência

à niurchadeira

Seleção e manutenção

de clones promissores

Multiplicação de

clones pomissores

1 Avaliação de clones

selecionados através da

experimentação no

campo de produtores

Distribuição de

donas selecionados

FIG. 1. Organograma do melhoramento genético do tomateiro na Amazônia Oriental.

2000

2001

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CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

1999

• (Abr.-Ago.): Avaliação dos materiais de frutos grandes introduzidos dos EUA e seleção das melhores plantas para hibridar com as cultivares adaptadas, formando pelo menos seis híbridos.

(Ago.-DezJ: A avaliação dos seis híbridos no campo contaminado pela murcha bacteriana será realizada em Marituba, no campo de produtor de hortaliças. A avalia-ção do tamanho do fruto e a produtividade serão realizados em Belém, no Campo Experimental da Embrapa Amazônia Oriental. Os híbridos e as melhores plantas serão logo multi-plicados via enraizamento da ponteira antes da primeira co-lheita dos frutos. A avaliação de produtividade e do peso mé-dio dos frutos, bem como a resistência à murcha bacteriana será feita com delineamentos experimentais com repetições e análises estatísticas, comparando com as cultivares adapta-das.

2000

• (Jan.-Abr.): Manutenção de clones selecionados em campo isolado e multiplicação de clones superiores.

(Abr.-Agoj: Avaliação da potencialidade dos cIo-nes propagados vegetativamente através de ensaios realiza-dos no campo de produtor, visando a exportação e o abaste-cimento interno, realizando o teste de aceitação nos merca-dos, na época chuvosa.

(Ago.-Dez.): Avaliação dos clones selecionados na época menos chuvosa (verão amazônico).

2001

(Jan.-Abr.); Recomendação, divulgação dos resul-tados alcançados e multiplicação dos clones para os produto-res amazônicos a realizar plantio comercial de tomate para exportação e para abastecimento interno.

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CAPÍTULO 4

MELHORAMENTO GENÉTICO

DE IPECACUANHA, MANDIOCA E PIMENTA-DO-

-REINO NA AMAZÔNIA ORIENTAL

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IPECACUANHA (Psycho fria ipecacuanha Stokes)

Osmar Alves Lameira 1 Orlei Filgueira de Lemos 2 Irenice Alves Rodrigues 2 Sérgio de Melio Alvos 2 Olinto Gomes da Rocha Neto 1 Maria do Socorro Padilha de Oliveira 2 Maria Rosa Costa 2

INTRODUÇÃO

As plantas medicinais têm desempenhado um im-portante papel na conservação da saúde do homem. O uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito significativo nos últimos tempos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que cerca de 80% da p0-

pulação mundial fez uso de algum tipo de erva na busca de alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável. Desse total, pelo menos 30% deu-se por indicação médica.

Segundo alguns autores, é bem provável que cer-ca das 200 mil espécies vegetais que possam existir no Bra-sil, pelo menos a metade pode ter alguma propriedade tera-pêutica útil à população, mas nem 1 % dessas espécies com potencial foi motivo de estudos adequados. As pesquisas com estas espécies devem receber apoio total do poder pú-blico, pois além do fator econômico, há que se destacar a importância para a segurança nacional e preservação dos

1 Eng.'Agr., Doutor, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal, 48, CEP 66017-970, Belém, PA.

2Eng.-Agr., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

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ecosistemas onde ocorrem tais espécies. Contudo, qevido ao processo extrativo indiscriminado e à ocupação acelerada e desordenada de várias regiões brasileiras, em particular no Estado do Pará, provocada pelo intenso fluxo migratório e abertura de novas fronteiras agrícolas, muitas espécies de grande valor econômico, em particular a ipecacuanha, estào em vias de extinção ou ameaçadas de erosão genética.

A grande demanda pelos fitoterápicos produzidos por diversas espécies, dentre estas a ipecacuanha, tem pro-vocado um acelerado processo extrativo dessa espécie. Além da diminuição da oferta do produto bruto (raízes secas) no mercado, o material colhido do ponto de vista quantitativo é extremamente heterogêneo e muitas vezes de baixa qualida-de.

Psvchotria ipecacuanha Stokes é uma planta indí-gena do Brasil, pncontrada na Amazônia sob árvores de gran-de porte, popularmente conhecida por ipeca, que possui em suas raízes sete alcalóides como princípios ativos, onde a emetina se destaca como o principal. Estes alcalóides são eficazmente utilizados no combate de diarréias tropicais, principalmente a de origem amebiana, além de possuírem propriedades adstringentes, espectorante e antiinflamatória. As plantas de ipeca pertencem à familia Rubiaceae, são her-báceas, perenes, com aproximadamente 36 cm de altura, possuem folhas opostas, ovais e lanceoladas, as flores são brancas e os frutos ovóides, de coloração avermelhada. A raiz é fibrosa, com depressões circulares de 24 cm de com-primento, externamente é cinzenta escura, cheiro fraco e sa-bor amargo e nauseante. As plantas de ipeca encontradas sob a floresta com a idade de três anos produzem cerca de 30 g de peso seco de raízes.

Programas de pesquisa voltados para selecionar plantas de elevado teor de emetina e alta produtividade de raízes, bem como, redução do tempo para colheita, conse-qüentemente despertariam o interesse pelo seu cultivo racio-nal.

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OBJETIVOS

• Identificar e selecionar materiais que apresen-

tem alto teor de emetina, boa produtividade de raízes e pre-cocidade para colheita;

• Clonar os melhores materiais através da micro-propagação;

• Recomendar cultivares que apresentem alto

teor de emetina, bom rendimento de raízes e precocidade na colheita.

METAS

• Selecionar até o ano 2000 cinco materiais atra-vés da caracterização e avaliação morfológica, agronômica e fitoquímica provenientes da coleção de germoplasma da Embrapa Amazônia Oriental;

• Lançar e recomendar até o ano 2001 cinco ma-teriais de ipeca com alto teor de emetina e produtora de boa quantidade de raízes através de seleção e clonagem via cultu-

ra de tecidos;

• Recomendar até o ano 2008 pelo menos três

cultivares de ipecacuanha provenientes da seleção de clones, avaliação em vários locais, e multiplicação em larga escala dos clones recomendados.

METODOLOGIA

• O programa de melhoramento da ipecacuanha para o Estado do Pará consta das seguintes ações de pesqui-sa (Fig. 1):

115

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Coleta de germoplasnia em área de oconência

Propagação ia vítra e in vivo

Formação de - Avaliação e caracterização

campo de seleção morfológica, ecofisiológica e

agronômica

Seleção individual de planta

Clonagem das plantas 1 - Micropropagação e enrai-

1 selecionadas 1 zamento de segmentos de raiz

Recomendação'\ 2001

Formação de campo - Avaliação da intera93o

de copnipetição de genótipo x ambiente.

clones em vários locais agronômica, fisiológica e fito- química

2004

1 - Micropropagação e enrai- Seleção de clones zamento de segmentos de

raiz, avaliação litoquímica e Recomendação molecular

de nes

de dem:::onção

Formaçãoistraeun:s

dos clones ga escala I

Lançamento de cultivares

2008

FIG. 1. Organograma do programa de melhoramento da ipe-cacuanha.

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• Coleta de material para formação de banco de

germoplasma e coleção de trabalho, visando a seleção feno-típica a partir de uma população de 1.500 plantas;

• Clonagem de material: formação de campos de seleção constituídos de dez plantas, plantio em dois ambien-tes, sem repetição (seleção fenotípica com avaliação fitoquí-mica), plantio em vários locais com quatro repetições;

• Seleção de clones com avaliação molecular.

• Na seleção fenotípica serão considerados os

seguintes parâmetros agronômicos e morfológicos para avali-ação: peso, comprimento e número de raiz; altura de planta; época de floração e cor da inflorescência, além do teor de emetina; período de colheita de raízes e número de colheita por ciclo econômico.

Primeira fase

• Coleta de germoplasma em diferentes regiões

do Brasil objetivando a formação de um banco de germo-plasma e coleções de trabalho. O trabalho teve início em 1991,1992 e 1998, e conclusão prevista para 1999;

o Determinação de protocolos de propagação "in vitro" e "in vivo", objetivando a multiplicação de material para os estudos de domesticação da espécie. Trabalho reali-zado de 1992 a 1994;

Estudos ecofisiológicos visando determinar através do estresse hídrico e da determinação da quantidade de luz, parâmetros necessários para o cultivo da ipecacuanha fora de seu hábitat natural. Trabalho realizado de 1995 a

1997;

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• Estudos de nutrição mineral em casa de vege-tação, de plantas clonadas através da micropropagação. O trabalho teve início em 1997 e conclusão prevista para 1999;

• Cultivo da ipecacuanha sob várias condições, sombreado debaixo de sub-bosque, em campo sob sombrite a 70% de intercepção de luz e sob populações de bacurizeiro e seringueira, a partir de materiais clonados através da micro-propagação e do enraizamento de estacas de raiz. Trabalho iniciado em 1997 e conclusão prevista para 2000.

Segunda fase

• Conclusão do trabalho de coleta de germoplas-maem 1999;

• Clonagem dos materiais identificados de melhor potencial genético a ser realizado de 1999 a 2000;

• Recomendação dos donos selecionados para 2001;

• Formação de campos de competição de clones em vários locais. Trabalho a ser realizado de 2001 a 2004;

• Seleção e recomendação de clones para 2004;

• Formação de unidades de demonstração. Tra-balho a ser realizado de 2005 a 2007;

• Lançamento de cultivares a ser realizado em

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MANDIOCA NO ESTADO DO PARÁ

Etoisa Maria Ramos Cardoso'

Wania Maria Gonçalves Fukuda 2

INTRODUÇÃO

Os primeiros trabalhos de melhoramento da man-dioca na Amazônia iniciaram em Belém, PA em 1964, pelo Instituto Agronômico do Norte (lAN), com a instalação de uma coleção de variedades regionais e introduzidas do Nordeste brasileiro, que ao longo desses anos foi ampliada em sua base genética com variedades primitivas selecionadas naturalmente ou por agricultores, através de coletas feitas em comunidades indígenas, áreas de produção e do inter-câmbio com instituições de pesquisas (Cardoso & Mota, 1994). Esses acessos compõem o.Banco de Germoplasma da Amazônia Oriental, um dos seis bancos regionais represen-tantes das diferentes condições ecológicas do Brasil, formado por 267 acessos que passaram por processos de caracteriza-ção morfológica e avaliação agronômica, constituindo impor-tante instrumento para os trabalhos de melhoramento com mandioca na Amazônia oriental e o intercâmbio entre insti-tuições de pesquisa.

No nordeste paraense, região tradicional produtora de mandioca, os agricultores que dependem da agricultura de subsistência têm na mandioca, a base da sua economia atra-vés da comercialização da farinha-de-mesa. Mesmo apresen-tando vantagens sobre outros cultivos alimentares com rela-ção à tolerância a solos ácidos e de baixa fertilidade que ocorrem nas áreas de cultivos do trópico úmido, a produtivi-dade média do Estado de 1 3,5t/ha, está muito abaixo do

1 Eng.-Agr., M.So., Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal, 48, CEP 66 01 7-970, Belém, PA. 2 Eng.-Agr., M.Sc., Pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura, caixa Postal, 007, CEP 44 380-000, Cruz das Almas, BA.

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potencial produtivo estimado para a espécie de 90t1ha (Cock, 1974). O baixo nível tecnológico empregado nas áreas de produção, onde os cultivos se sucedem na mesma área, após um curto período de pousio, tem contribuído para que doenças de origem fúngicas se manifestem, como é o exem-plo da podridão radicular causada por fungos dos gêneros Fusarium e Phytop/ithora, que vêm comprometendo a produ-ção, além do plantio de cultivares tradicionais com baixo po-tencial produtivo. Estes problemas podem ser controlados através do melhoramento genético, uma vez que tem sido encontrada entre as variedades da espécie Man/hot escu/enta, resistência estável à maioria dos estresses bióticos e abióticos dos ecossistemas específicos onde foram selecio-nadas (Fukuda, 1996).

Devido à alta interação genótipo com o ambiente, tem sido observada variação comportamental qualitativa e quantitativa em cultivares de mandioca quando transferidas de sua área de ocorrência para outras condições ambientais, o que mereceu a atenção dos melhoristas para implementar a proposta de regionalização da pesquisa de melhoramento (Porto, 1984 & Fukuda, 1984).

A substituição das variedades plantadas nos sis-

temas de produção por material melhorado e com melhor adaptação aos estresses que passam as plantas nas condi-ções edafoclimáticas do trópico úmido, associado ao manejo adequado, trará benefícios para a mandiocultura estadual, sem representar custos adicionais aos produtores, o que rati-fica, a importância deste programa de melhoramento, que visa atender demandas específicas do ambiente de cultivo.

OBJETIVOS

• Incorporar os produtores no processo de sele-ção de germoplasma, utilizando a metodologia da pesquisa participativa;

• Retroalimentar o programa de melhoramento com critérios selecionados pelos produtores, para adoção de cultivares melhoradas;

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• Ampliar a diversidade genética da mandioca nas áreas de produção, disponibilizando variedades para se-rem introduzidas a curto prazo, nos sistemas de produção utilizados pelos produtores;

• Selecionar progenitores superiores para atender os trabalhos de cruzamento;

• Selecionar híbridos resistentes à podridão radi-cular da mandioca.

• Selecionar cinco produtores viabilizando sua in-corporação ao programa de melhoramento, dentro do contex-to de pesquisa participativa;

22Ano 49 - 2001 a 2003

• Selecionar dez donas elites com adaptação aos fatores bióticos e abióticas que ocorrem nas áreas de cultivo;

• Selecionar 10 progenitores com características de resistência varietal para atender os trabalhos de hibrida-çao;

52 Ano - 2005

• Validar junto aos produtores dez genótipos se-lecionados no trabalho de melhoramento;

62 Ano - 2006

• Multiplicação e recomendação das três cultiva-res que apresentaram melhor desempenho, para as áreas de produção.

Estratégia de Ação - Este programa visa dar conti-nuidade às pesquisas de melhoramento para a Região Norte, que estão sendo desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Ori-ental, em parceria com os demais centros da Região Norte,

121

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sob a coordenação da Embrapa Amazónia Ocidental, um dos Centros Ecorregionais para melhoramento da mandioca. Em nível nacional, o programa é coordenado pela Embrapa Man-dioca e Fruticultura.

Está previsto neste programa, a participação dos produtores de mandioca junto com os pesquisadores, na definição dos critérios de seleção, utilizando a metodologia desenvolvida por Hernandez Romero (1992b), e testada no Seminário do Nordeste do Brasil por Fukuda et ai. 1997 vi-sando maior eficiência na adoção das cultivares recomenda-das pela pesquisa.

METODOLOGIA

Introdução de variedades

Introdução de variedades é o processo de melho-ramento mais utilizado no Brasil para recomendar genótipos superiores para o ecossistema onde ocorreu a seleção. Inicia com a ampliação da variabilidade genética através da intro-dução de novos genótipos que irão compor a coleção de tra-balho. Ainda nesta coleção, ocorre a primeira avaliação dos parâmetros relacionados ao vigor, arquitetura, resistência às principais pragas e doenças de interesse econômico e rendi-mento, realizada em cinco plantas com duas repetições. As cultivares que apresentarem melhor desempenho serão sele-cionadas para o Teste Intermediário de Produtividade, onde ocorrerá nova avaliação das cultivares plantadas em parcelas de 25 plantas, seguindo o delineamento de blocos ao acaso com duas repetições. As melhores cultivares passarão a compor o Teste Avançado de Produtividade 1, utilizando o mesmo delineamento experimental anterior, porém com 36 plantas sendo seguidos do Teste Avançadode Produtividade 2, que diferencia dos testes anteriores por apresentar duas idades de colheita, aos 12 e 15 meses, visando conhecer a precocidade das variedades, enquanto que nas etapas anteri-ores, o rendimento será avaliado aos 12 meses de idade das plantas. Em todas as etapas, o espaçamento adotado é o de lm entre linhas e plantas, e terá uma cultivar testemunha do produtor.

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Este programa inicia com um grupo grande de cul-tivares que é reduzido a cada estádio de avaliação, chegando à fase final apenas aquelas cultivares que mostraram desem-penho superior à testemunha no período estudado. Entretan-to, antes de serem multiplicadas e difundidas aos produtores, vão ser acompanhadas em Unidades de Demonstração insta-ladas em áreas de produtores. Nestas Unidades, os produto-

res receberão raízes de cada cultivar selecionada para serem processadas nas casas-de-farinha, para confirmar a superiori-

dade em relação também ao rendimento e qualidade na agroindústria. As etapas deste método de melhoramento são mostradas na Fig. 1.

Introdução e avaliação de cultivares (BAG Mandioca)

Seleção

Teste preliminar de produtividade 1

Seleção

1 Teste avançado de produtividade 1 1

Seleção

Teste avançado de produtividade 2

Seleção

Validação e provas com o produtor 1

Multiplicação e recomendação do cultivares

FIG. 1. Cronograma de introdução de

variedades de mandioca.

Fonte: Embrapa (1996).

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Hibridação Intra-específica

A partir de progenitores selecionados com carac-terísticas de resistência aos fatores que limitam a produção da mandioca nas áreas de cultivo, entre eles a podridão radi-cular, serão desenvolvidos os trabalhos de hibridação, con-tando com a infra-estrutura de pessoal e laboratório da Embrapa Amazônia Oriental para realizar esta etapa do me-lhoramento. A primeira seleção dos híbridos será feita ainda na fase de seedling", dentro e entre famílias segregantes, sendo cada híbrido selecionado, plantado vegetativamente em fileiras de cinco plantas, sendo colhidas e avaliadas ape-nas três plantas centrais Os híbridos selecionados a partir desta fase seguem a mesma metodologia utilizada pelo mé-todo anterior, conforme é mostrado na Fig. 2.

Obtenção e seleção de hflDridos (Farnflias F1)

Seleção

1 Teste preliminar de produtividade 1 Seleção

Teste avançado de produtividade 1

Seleção

Teste avançado de Produtividade 2

Seleção

Validação Provas com produtor

Multiplicação e recomendação

FIG. 2. Cronograma de avaliação e se-leção de híbridos de mandioca.

Fonte: Embrapa (1996).

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Parâmetros de avaliação

A seleção será feita considerando os parâmetros de produtividade de raízes e ramas, resistência varietal às pragas e doenças, principalmente à podridão radicular da mandioca. A avaliação Inicia 15 dias após o plantio, com a contagem do número de plantas brotadas, e é concluída com o processamento das raízes, quando o objetivo da seleção visa o uso na agroindústria. Quando o melhoramento destina-se ao consumo "in natura" de cultivares mansas ou macaxei-ras, inclui-se o tempo de cozimento e qualidade da massa co-zida que são parâmetros determinantes na seleção. Outros dados tomados durante as avaliações são: arquitetura e altu-ra das plantas, cor da polpa das raízes, teor de amido(%),

rendimento e qualidade da farinha, índice de colheita, e teor de ácido cianfdrico nas raízes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDOSO, E.M.R.; MOTA, M.G. da C. Situação dos progra-mas de melhoramento da mandioca no Brasil. In: REUNIÓN PANAMERICANA DE FITOMEJORADORES

DE YUCA, 3., 1994, Cali, Colombia. Memórias. Cali: dAT, 1994. p.37-53.

COCK, J.H. Agronomic potential for cassava production. In: ARRAULLO, E.Y.; NESTELL, B.; CAMPBEL, M. Cassava processing and storage. Pattaya, Thailand: IDRC,1 974.p.21 -26

FUKUDA, W.M.G. Pesquisa participativa em melhoramento de mandioca, uma experiência no semi-árido do nordeste do Brasil. Cruz das Almas, BA: Embrapa-CNPMF, 1997. 46p. (Embrapa-CNPMF. Documentos, 73).

FUKUDA, W.M.G. Estratégia para um programa de melhora-mento genético. Cruz das Almas, BA: Embrapa-CNPMF, 1996. 34p. (Embrapa-CNPMF. Documentos, 71).

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HERSHEY, C; AMAVA, A. Germoplasma de yuca: evolucion, distribuicon y coleccion. In: RODRIGUESZ M.C.E. Vuca: investigfación, produccion y utilización, programa de yuca. Cali, Colombia: PNUD/CIAT, 1982. p.77-89.

HERNANDEZ ROMERO, L.A. Evaluación de nuevas varieda-des de yuca com a participacion de agricultores. In: HERNANDEZ ROMERO, L.A. Unidade de predizaje para la capacitación en tecnologia de produccion. Cali, Colombia: dAT, 1992a. 203p.

PORTO, M.C.M.. 1984. A figura dos pólos regionais na coordenação das pesquisas com mandioca no Brasil. 9p. (mimeografo).

BUENO, A.; FUKUDA, W.M.G. O melhoramento genético no Programa Nacional de Pesquisa de Mandioca. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura, Cruz da Almas, BA, Brasil, 1984. 75p. (mimeografado).

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PIMENTA-DO-REINO (Pipernígrun, L)

Marh Costa Poltronieri' Orlei Filgueira de Lemos 1 Fernando Carneiro de Aibuquerque'

INTRODUÇÃO

No cenário da produção mundial de pimenta-do--reino (Piper nigrum L.), o Brasil destaca-se como o terceiro maior produtor, tendo atingido, em 1991, uma produção de cerca de 50 mil toneladas, decrescendo a partir de então, e chegando em 1996 a 13 mil toneladas. Dentre os estados brasileiros, o Pará ainda é o maior produtor de pimenta-do-reino, onde a cultura é significativamente importante por ser um produto de exportação.

A redução da produção brasileira de pimenta-do--reino nos últimos anos deveu-se aos problemas de mercado, grande baixa nos preços no âmbito internacional; o elevado custo de produção (insumos e mão-de-obra); e o mais agra-vante nos cultivos, a ocorrência de doenças.

A fusariose constitui-se na mais importante das

doenças, pois influencia de forma significante na longevidade das plantas, reduzindo o ciclo produtivo e afetando direta-mente a produção. O melhoramento genético visando a ob-tenção de genótipos com resistência e/ou tolerância a essa doença, com características desejáveis e superiores àquelas

prevalecentes nos cultivos atuais, seria uma das formas de melhorar o sistema de produção.

1 Eng.-Agr., M.Sc., Pesquisadora da Embrapa Amazônia Orientai, caixa Postal, 48, CEP 66 017-970, Belém, PA.

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O centro de origem da pimenta-do-reino é a Índia, onde ocorre maior dispersão e variação dessa espécie. Entre-tanto, no Brasil, devido à forma que foi introduzida e propa-gada (propagação clonal de uma única planta), originou culti-vos uniformes geneticamente e conseqüentemente vulnerá-veis à ação de microorganismos, como do fungo Nectria

haematococca f. sp. piperis (Fusarium so/ani f. sp. piperis),

agente causal da fusariose, o qual foi amplamente dissemina-do em toda a região.

Mesmo a Embrapa Amazônia Oriental dispondo de um Banco de Germoplasma de Pimenta-do-reino, os materiais mostram uma variabilidade genética estreita e susceptibilida-de à doença. Uma das formas de aumentar a base genética seria a introdução de novos materiais do Centro de origem (Índia),, mas há grandes dificuldades e não existe a doença füsariose nas áreas de ocorrência da espécie.

Algumas espécies de Piper, nativas da região amazônica, foram coletadas e testadas para resistência à fusariose. Após inoculações artificiais, os resultados foram satisfatórios, podendo as espécies Piper aduncum Linn.;

P. colubrinum Link.; P. tuberculatum Jacq.; P. hispidinervium

C. D. C.; P. hispidum Sw. serem utilizadas como fonte de re-sistência. Porém, a base genética e os genes de resistência dessas espécies devem ser estudados. Em Piper nigrurn L.,

alguns caracteres qualitativos estão sendo estudados, alguns já definidos como monogênicos e dominantes.

Apesar dos esforços para obtenção de material genético superior, principalmente com tolerância a doenças, o melhoramento genético tem logrado êxito na seleção de cul-tivares com caracteres agronomicamente superiores às culti-vares tradicionais, particularmente quanto à produção. Ou-trossim, a variabilidade genética intervarietal é muito estreita, o que tem limitado os avanços no melhoramento.

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Em pimenta-do-reino, o emprego de métodos tra-dicionais de melhoramento ainda são os mais utilizados. A hi-bridação intra-específica com várias combinações visa obter híbridos com elevada heterose para clonagem e indicação de nova cultivar.

O programa de melhoramento genético de pimen-ta-do-reino deve compreender métodos convencionais e não convencionais, ambos atrelados à biotecnologia (técnicas de cultura de tecidos) para que se tenha ganho de tempo na ob-tenção do produto final.

A floração da pimenta-do-reino, nas condições climáticas da Amazônia, ocorre de novembro a abril. A inflo-rescência apresenta-se como uma espiga pendulosa com 5 a 20 cm de comprimento e contém, em média, de 70 a 100 floretas. Essas floretas apresentam-se rodeadas na parte infe-rior por quatro brácteas que as protegem na fase de botão e são dispostas espiralmente sobre um eixo comum. As flores são hermafroditas, possuem dois estames na forma de um

corpo esférico de cor clara, dispostos lateralmente ao ovário e ao estigma. O estigma possui de três a cinco ramificações e o ovário é unilocular com um óvulo. Uma condição viscosa indica a receptividade do estigma. A polinização natural é fei-ta através da dispersão do pólen por gotículas d'água, orva-lho ou chuva. Não há evidências nem relatos de insetos ou ventos atuando como agente polinizador. É uma planta autó-gama.

OBJETIVO

• Obtenção de novas cultivares com tolerância à fusariose em combinação com os seguintes caracteres: espi-gas longas, frutos graúdos e densos, tolerância à seca, pre-cocidade, boa arquitetura da planta, ciclo produtivo definido

(material com produção tardia é indésejável, pois dificulta a colheita), espigas predominantemente hermafroditas.

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META

• Obter no final de 15 anos novas cultivares de pimenta-do-reino.

METODOLOGIA

• Os métodos de melhoramento adotados para pi -menta-do-reino serão: hibridação intra-específica; hibridação interespecífica; e indução de mutação através de irradiação gama da fonte de `Co.

Método 1 - 1-libridação intra-específica

Na índia, a maioria das variedades obtidas é atra-vésde polinização controlada. Em 1967 foi obtida a varieda-de Pannyur-1, que produz quatro vezes mais que as varieda-de tradicionais, sob as mesmas condições. Este híbrido foi obtido através dá cruzamentos sucessivos envolvendo 30 combinações entre diversas variedades.

A hibridação intra-específica tem como objetivo explorar a heterose nas combinações para caracteres depro-dução, sem se preocupar com a fusariose, já que não se tem no Brasil fonte de resistência na espécie P. nigrum.

• A metodologia é simples e consiste na combina- ção de diversas variedades, fazendo-se polinizações controla-das entre elas, avaliando-se o vigor do híbrido.. Plantas que apresentarem desempenho produtivo superior serão clonadas e lançadas como nova variedade. Ressalte-se que a germina-ção da semente é in vitro, sendo usado os ápices caulinares para a clonagem via micropropagação e toda planta selecio-nada será multiplicada através desse processo até a produção em larga escala do material promissor (Fig. 1).

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Cultivar A x Cultivar II (Polinização controlada) (1999)

1

1-5 meses

Fi Híbrido (Obtenção de sementes) 1 (1999)

5- 7 meses

Germinação iii Wlm (2000)

1- 2 meses

Clonagem dos híbridos 1 Manutenção in W!rn -<---1 (Plantas narizes) 1 (cropi-àpagação) (2001)

6- 12 meses

Testes em área de produtor (Avaliações agronônicas) 1 (2002)

4 - 7 anos

Híbrido superior (Multiplicação em larga escala) 1 (200

6-12 meses

Nova cultivar 1 (2010)

FIG. 1. Estratégia para hibridação intra-especifica em pirnen-ta-do-reino.

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Para este método serão utilizadas as cultivares

que apresentaram boa produtividade em trabalhos experimen-tais durante seis anos, nos municípios de Tomé-Açu e Capi-

tão Poço, com caracteres agronômicos desejáveis, tais como

espigas longas, bom enchimento de espigas, plantas com boa

conformação, sementes graúdas e pesadas, casca

grossa, etc. Essas cultivares serão: Guajarina, Bragantina,

Kotanadan, laçará, Cingapura e Kuthiravally. Os cruzamentos

serão recíprocos entre elas.

Método 2 - Hibridação interespecífica

Em trabalhos de melhoramento através de cruza-

mentos, geralmente há preferência que os pais sejam da

mesma espécie biológica, isto porque, representantes da

mesma espécie cruzam-se, facilmente, para produzir híbridos

férteis e apresentam pouco ou nenhum impedimento à re-

combinação gênica. Algumas circunstâncias podem indicar,

entretanto, que um certo problema de melhoramento de plan-

ta pode ser solucionado utilizando amplo cruzamento, envol-

vendo representantes de diferentes espécies e gêneros.

A hibridação interespecífica pode ser usada como

uma alternativa .a ser manipulada no melhoramento de plan-

tas, não só no sentido de criar ou aumentar a variabilidade,

mas, principalmente no sentido de introduzir características

agronômicas desejáveis, tais como: resistência a doenças e

insetos, precocidade, eficiência de fixação simbiótica de ni-

trogênio e tolerância às condições ambientais drásticas (esti-

agem longa, baixas ou elevadas temperaturas, acidez do solo

e teor elevado de alumínio).

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Em pimenta-do-reino esta é uma metodologia que

deve ser explorada, considerando que algumas espécies nati-

vas apresentam certa resistência aos fungos de podridão de

raízes, visando principalmente a introdução de genes de resis-

tência ao material de cultivo. Por outro lado, essas plantas

nativas podem ser utilizadas também como porta-enxerto no

trabalho de conservação de germoplasma em campo.

Barriga (1975) iniciou as primeiras hibridações in-

terespecíficas às cultivares Cingapura de Píper nigrum L. com a espécie Piper colubrinum Link. Sementes viáveis em nível

de germinação foram obtidas, mas os trabalhos não tiveram

continuidade. Este método é uma alternativa de transferir ge-

nes de resistência da espécie nativa para a cultivada. Apesar

da obtenção de sementes viáveis, não se tem idéia do nível

de fertilidade das plantas adultas.

Dependendo das caraterísticas dos descendentes,

se houver algum caráter que não seja desejável, principal-

mente de produção, deverão ser utilizados retrocruzamentos

em direção ao progenitor feminino (P. nigrum).

A metodologia consiste na escolha dos progenito-

res, sendo o progenitor feminino uma variedade da espécie

P. nigrum (Cingapura, Kotanadan, Kuthiravally, Guajarina,

Bragantina e laçará), o progenitor masculino poderá ser ou-

tras espécies, como: Piper colubrinum, P. aduncum. As se-mentes obtidas dos cruzamentos serão submetidas ao cultivo

in vitro do embrião, obtendo as plantas Fi, que deverão ser

micropropagadas para que se obtenha uma quantidade sufici-

ente de plantas para testes de resistência, através de inocu-

lações artificiais e ter plantas F2 em estoque (clone) para

observações genéticas, caracterização e avaliação do

híbrido. Toda planta selecionada será multiplicada via

micropropagação (Fig. 2).

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ko (1999ente.)

-7 mmm

virra (199

-Zmaa

CampodeClonesFi bsidos (Cnctinçlogatos. o) snlisçte. eporndas)

1 Seleção (Cl) ecesfrs flato..

(Imoelação silifidul)

(300

2° Seleção () Piaste de. rtuJstu

okgs.ivenie ais área infralads

(2004)

Pluafio da plarda. e'uIea ais — de wo&ltes

(Ca.ctaização • anli.çS, pure arflera rhproãjçâo)

Germinação is vidro e cloesagem

s4iamp8sção)

6-12 meses (2008) 4-6 usei

Retzocnszanenbo i L 1 Avaliação e seleção (Sobtnstvesl.x Culávar) í 1

(2012 4-6.noa

Retrocnszsnento 2 L 1 Avaliaço e seleção (Seba4vadsx Oilfit)_F 1 Qtinsu pro&üvi&de)

(2016 4-6seou

Itetxocnaumento L ] Avaliação e seleção (Scbrevmtex Culfivar) F 1 (Ráutsssis •

(2020 4-6ane,

Relrccnszamento i 'j Avaliação e seleção (Steivmt,* Culávaç) m (Ràaãuds. wo&vidade)

ãode lv

1 Unidade demonstra Unidade dc obscrvaçao E- (área de produtcr)

3-Sanou

(2000) (2026)

FIG. 2. Estratégia para hibridação interespecífica em pimenta--do-reino.

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Para resgatar posteriormente, o genoma da espé-cie P. nigwm, deverá ser adotada uma série de retrocruza-mentos para a recuperação dos caracteres agronômicos de-sejáveis, utilizando-se como parental recorrente diferentes cultivares como forma de evitar a endogamia. Em cada retro-cruzamento serão realizadas avaliações visando à seleção de plantas com resistência à doença e com características agro-nômicas das cultivares da espécie Pipernigrum.

Método 3 - Indução de mutacão através de irradiação gama da fonte de toCo

Um método não convencional de melhoramento utilizado em pimenta-do-reino como uma alternativa promis-sora para indução de variabilidade genética em pimenta-do--reino.

O método consiste na irradiação de estacas e se-mentes de pimenta-do-reino com doses de 2,0 a 2,5 KR de raios gama na fonte de `Co. As mudas obtidas inicialmente (Vi) são plantadas em campo e submetidas a podas para obtenção de V2 e aumento do setor mutado nestas plantas. As plantas V2 são submetidas à primeira seleção para resis-tência à fusariose através de inoculação artificial. Plantas V2 sobreviventes são multiplicadas e submetidas à segunda se-leção em área naturalmente infectadas, obtendo-se plantas V3. As plantas Va são plantadas em campo, iniciando-se a ca-racterização e avaliação, assim realiza-se a terceira seleção para caracteres como vigor, arquitetura da planta e produção de frutos. As plantas selecionadas são multiplicadas, obten-do-se plantas V4. As plantas V4 devem ser plantadas em área de produtor através de uma unidade de observação. Após ca-racterização e avaliação fina!, instala-se uma unidade de-monstrativa com os materiais selecionados cultivados em área de produtor, juntamente com as cultivares tradicionais. Daí, passa-se para a multiplicação do novo material, tendo-se uma nova cultivar. Ressalte-se que as etapas de multiplicação do material provenientes de sementes podem ser realizadas através da cultura de tecidos. As sementes são germinadas in vitro, os ápices caulinares usados para a micropropagação. Representantes de cada planta (dono) são mantidos in vitro e multiplicados quando selecionados (Fig. 3).

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local

1 Irradiação em sementes 1

(1999) (Raios gama de "Co) (1999)

1-2

(1999) 1 Gernunação in vilto (2000)

•(Poda de VI) (2000) Clonagem das plántulas 1 (Micropropagação - ápices (2000)

4 2-3 1 caulinares)

fusariose em plantas 1' Seleção (SI) contra (2002) + 3-6

(Inoculação artificial) Subcultivos (3x)

4 6-8 Obtenção de plantas V2, V3 e V4) (2001)

Poda de plantas sobreviventes 1 V2 para multiplicação V3 (2003)

42-3

1 2a. Seleção ( S2) 1 1 Plantio das plantas V3 em (2006)

área infectada -

Poda de plantas sobreviventes V3 para multiplicação V4

Plantio das plantas V4 em área de produtor

(Caracterização e avaliação para caracteres de produção)

7 (2007) 1

1 Micropropagação dos 1 clones selecionaados

(2012)

Poda e multiplicação de plantas sobreviventesV4

Unidade de observação

$r2.3

1 Nova cultivar

Unidade de demonstração

(2016)

(2017)

FIG. 3. Estratégia para obtenção de mutantes em pimenta-do-reino através de irradiação gama de fonte de 60 Co.

Irradiação em estacas (Raios gama de 60Co)

42-3

Obtenção e plantio de plantas Vi

4 1 Obtencão de olantas V2

Manutenção dos clones 1 (2002)

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ESTRATÉGIAS PARA SUPORTE AO PROGRAMA DE MELHORAMENTO GENÉTICO DE PIMENTA-DO-REINO

Caracterização e avaliação do BAG pimenta-do- -reino;

Determinação do número de cromossomos dos clones de P. nigrum e das espécies silvestres de Piper;

Estudos genéticos de herança de caracteres rela-cionados à produção e a doenças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRIGA, R.H.M.P. ALBUQUERQUE, F.C. de; SUMIDA, T. Estudos sobre a hibridação da pimenta-do-reina. Belém: IPEAN, 1975. 12p. (IPEAN. Comunicado Técnico, 50).

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Em"Z. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Ministério da Agricultura e do Abastecimento

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