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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público _______________________________________________________________ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA/GO. DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA aos AUTOS nº 201302363004 Natureza: Ação Cautelar de Quebra de Sigilo Bancário e Fiscal Autor: Ministério Público Requeridos: Jardel Sebba e outros O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pela Promotora de Justiça que esta subscreve, vem perante Vossa Excelência, no uso de suas atribuições conferidas pelo art. 127, caput, e 129, caput e incisos II e III da Constituição Federal, pelo art. 25, inc. IV, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.625/93, à vista dos elementos inclusos no Inquérito Civil Público nº 201200443636, propor em face de: 1. JARDEL SEBBA, brasileiro, casado, prefeito de Catalão/GO, ex- Presidente da ALEGO – Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, inscrito no CPF sob o nº 039.682.271-15, residente e domiciliado na Rua Jovina Silva Leão, número 173, Loteamento Leão, CEP: 75707-101, Catalão – GO; 2. ANA ABIGAIL TEIXEIRA KOPPAN SEBBA, brasileira, primeira- dama de Catalão/GO, inscrita no CPF sob o nº 233.780.026-120, residente e domiciliada na Rua Jovina Silva Leão, número 173, Loteamento Leão, CEP: 75707-101, Catalão – GO; 1 AÇÃO CIVIL PÚBLICA por ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA c/c Pedido de MEDIDA CAUTELAR INCIDENTAL

78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do ... · 78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público _____ 3. ZÉLIA SALOMÃO ELIAS, brasileira,

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA

FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA COMARCA DE GOIÂNIA/GO.

DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA aos AUTOS nº 201302363004Natureza: Ação Cautelar de Quebra de Sigilo Bancário e FiscalAutor: Ministério PúblicoRequeridos: Jardel Sebba e outros

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pela

Promotora de Justiça que esta subscreve, vem perante Vossa Excelência, no uso de suas

atribuições conferidas pelo art. 127, caput, e 129, caput e incisos II e III da Constituição

Federal, pelo art. 25, inc. IV, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.625/93, à vista dos elementos

inclusos no Inquérito Civil Público nº 201200443636, propor

em face de:

1. JARDEL SEBBA, brasileiro, casado, prefeito de Catalão/GO, ex-

Presidente da ALEGO – Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, inscrito no CPF sob o nº

039.682.271-15, residente e domiciliado na Rua Jovina Silva Leão, número 173, Loteamento

Leão, CEP: 75707-101, Catalão – GO;

2. ANA ABIGAIL TEIXEIRA KOPPAN SEBBA, brasileira, primeira-

dama de Catalão/GO, inscrita no CPF sob o nº 233.780.026-120, residente e domiciliada na

Rua Jovina Silva Leão, número 173, Loteamento Leão, CEP: 75707-101, Catalão – GO;

1

AÇÃO CIVIL PÚBLICA por ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA c/c Pedido

de MEDIDA CAUTELAR INCIDENTAL

78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

3. ZÉLIA SALOMÃO ELIAS, brasileira, estado civil ignorado,

professora aposentada e ex-servidora da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascida

no dia 19/10/1941, inscrita no CPF sob o nº 218.083.171-49, residente na Rua João

Boaventura, número 220, São João, CEP: 75700-000, Catalão – GO;

4. ANTÔNIO GOMES PIRES, brasileiro, estado civil ignorado,

empresário e ex-servidor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia

13/11/1953, inscrito no CPF sob o nº 083.320.371-15, residente na Avenida João XXIII,

número 228, Centro, CEP: 75702-130, Catalão/GO;

5. THIAGO FERREIRA DA SILVA, brasileiro, ex-servidor da

Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 14/04/1982, inscrito no CPF sob o

nº 003.311.621-05, residente na Rua Sete de Setembro, número 128, Jardim Brasília, CEP:

75712-240, Catalão – GO;

6. SILVANO BATISTA FILHO, brasileiro, ex-servidor público da

Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 01/05/1986, inscrito no CPF sob o

nº 011.084.831-43, residente na Rua Enéas da Fonseca, número 470, Santa Terezinha, CEP:

75709-480, Catalão/GO;

7. MARIA ESMERIA DA SILVA CAIXETA, brasileira, ex-servidora da

Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascida no dia 11/01/1956, inscrita no CPF sob o

nº 714.340.541-87, residente e domiciliada na Rua Leopoldo de Bulhões, número 506, apto.

1.103, São João, CEP: 75702-070, Catalão/GO;

8. MARIA RITA TARTUCI FONSECA, brasileira, ex-primeira dama de

Ouvidor/GO e ex-servidora da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascida no dia

10/03/1954, inscrita no CPF sob o nº 712.817.621-72, residente na Rua Eliseu da Silva,

número 568, Casa Centro, CEP: 75715-000, Ouvidor – GO;

2

78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

9. NEUZA MARIA DA SILVA ALCINO, brasileira, ex-primeira dama

de Nova Aurora/GO e ex-servidora da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascida no

dia 10/09/1950, inscrita no CPF sob o nº 263.973.901-87, residente na Rua Adalardo Silva,

número 92, centro, CEP: 75750-000, Nova Aurora/GO;

10. ARNALDO ALVES DA SILVA, brasileiro, empresário e ex-servidor

da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 04/04/1987, inscrito no CPF

sob o nº 014.119.901-61, residente na Rua Norma, número 490, Nossa Senhora de Fátima,

CEP: 75709-040, Catalão/GO;

11. JOSÉ COELHO DA SILVA JÚNIOR, brasileiro, empresário e ex-

servidor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 31/08/1983, inscrito

no CPF sob o nº 001.668.851-18, residente na Rua 25 de Agosto, número 245, Jardim

Brasília, CEP: 75712-180, Catalão/GO;

12. JOSÉ MAURÍCIO PASCHOAL SALLES, brasileiro, empresário e

ex-servidor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 06/12/1959,

inscrito no CPF sob o nº 266.964.011-72, residente na Rua Dr. Willian Fayad, número 142,

Centro, CEP: 75701-220, Catalão/GO;

13. JULIANO ROSA TAVARES, brasileiro, empresário e ex-servidor da

Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 08/06/1973, inscrito no CPF sob o

nº 498.614.501-06, residente na Rua Jason Roberto da Paixão, número 375, Casa Santa

Terezinha, CEP: 75709-470, Catalão/GO;

14. LUÍZA INÁCIA NETA, brasileira, casada, empresária e ex-servidora

da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, inscrita no CPF nº 506.382.116-20, residente

na Rua Moisés Santana, nº 36, Bairro São João, Catalão/GO;

3

78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

15. MARIA APARECIDA FERREIRA, brasileira, ex-servidora da

Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascida no dia 19/11/1968, inscrita no CPF sob o

nº 599.935.531-15, residente na Rua 501, quadra 04, lote 04, número 54, Casa Santa Cruz,

CEP: 75706-480, Catalão/GO;

16. MARILA CÂNDIDA DA SILVA, brasileira, estado civil ignorado, ex-

vereadora do Município de Cumari/GO e ex-servidora da Assembleia Legislativa do Estado

de Goiás, inscrita no CPF sob o nº 350.255.571-00, residente na Rua Professor Matias

Galvão, s/nº, Centro, Cumari/GO;

17. SANDRA PONCIANO PIRES, brasileira, ex-servidora da Assembleia

Legislativa do Estado de Goiás, nascida no dia 08/07/1962, inscrita no CPF sob o nº

278.386.761-34, residente na Rua E, número 21, Vila Liberdade, CEP: 75711-230,

Catalão/GO;

18. NANCI PIMENTA CARNEIRO EVANGELISTA, brasileira, ex-

servidora da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascida no dia 20/04/1956, inscrita

no CPF sob o nº 576.582.501-04, residente e domiciliada na Rua 31, número 375, Margon,

CEP: 75711-080, Catalão/GO;

19. RAUL CÂNDIDO DA SILVA, brasileiro, ex-vereador de Cumari/GO

e ex-servidor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 18/01/1960,

inscrito no CPF sob o nº 220.032.071-04, residente na Rua Augusto de Paiva, número 241,

Centro, CEP: 75760-000, Cumari/GO;

20. SÍLVIO PATRÍCIO RIBEIRO, brasileiro, ex-servidor da Assembleia

Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 02/02/1966, inscrito no CPF sob o nº

353.303.501-82, residente na Rua 03, número 33, apto 103, São Francisco, CEP: 75707-300,

Catalão/GO;

4

78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

21. TÚLIO AQUINO DE AMORIM, brasileiro, ex-servidor da

Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 19/06/1987, inscrito no CPF sob o

nº 021.893.011-90, residente e domiciliado na Rua 30, número 230, Vila Margon, CEP:

75711-070, Catalão/GO;

22. JOSÉ ANGELO ARIOZA, brasileiro, dentista e ex-servidor da

Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 05/09/1954, inscrito no CPF sob o

nº 018.786.858-13, residente na Rua João Boa Ventura, número 220, Casa São João, CEP:

75701-010, Catalão/GO;

23. IRIS LÚCIA MAIA SILVA, brasileira, ex-servidora da Assembleia

Legislativa do Estado de Goiás, nascida no dia 26/05/1963, inscrita no CPF sob o nº

289.467.401-59, residente na Rua G II, número 366, Santa Terezinha, CEP: 75701-970,

Catalão/GO;

24. DIMAS ZORZETTE BALEEIRO, brasileiro, empresário e ex-

servidor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 10/03/1982, inscrito

no CPF sob o nº 963.344.101-30, residente na Rua Bernardo Guimarães, número 162, Centro,

CEP: 75701-200, Catalão/GO;

25. WANDA SAFATLE FAYAD, brasileira, tia de JARDEL SEBBA, ex-

servidora da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascida no dia 29/01/1943, inscrita

no CPF sob o nº 625.608.161-72, residente na Rua Bernardo Guimarães, número 237, Setor

Central, CEP: 75701-190, Catalão/GO;

26. GUILHERME AFFIUNE SELLANI, brasileiro, genro de JARDEL

SEBBA, ex-servidor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia

12/07/1989, inscrito no CPF sob o nº 009.697.431-14, residente na Rua Jovelina Tânia da

Rocha, número 66, Centro, CEP: 75701970, Catalão/GO;

5

78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

27. RÔMULO CHAUL NETO, brasileiro, primo de JARDEL SEBBA,

ex-servidor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 03/05/1989,

inscrito no CPF sob o nº 026.700.411-75, residente na Rua GV 1, s/n, quadra 15, lote 26,

Residencial Granville, CEP: 74366-024, Goiânia/GO;

28. CÉSAR JOSÉ FERREIRA, brasileiro, ex-vereador de Catalão/GO e

ex-servidor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 06/03/1967,

inscrito no CPF sob o nº 576.858.436-68, residente na Rua Getúlio Vaz, número 187, Nossa

Senhora de Fátima, CEP: 75701-540, Catalão/GO;

29. PAULO HENRIQUE MARQUES NETTO DE MELO, brasileiro,

solteiro, administrador de empresa e ex-servidor da Assembleia Legislativa do Estado de

Goiás, inscrito no CPF sob o nº 010.862.241-08, residente na Rua Dr. Prates, nº 71, Centro,

Catalão/GO;

30. DANIELA CRISTINA DA SILVA CARVELO COELHO, brasileira,

ex-servidora da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascida no dia 20/09/1978,

inscrita no CPF sob o nº 017.065.731-03, residente na Rua Igarapava, número 269, Setor

Universitário, CEP: 75706040, Catalão/GO;

31. ROMEL RODRIGUES ALCÂNTARA, brasileiro, ex-servidor da

Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, nascido no dia 05/07/1987, inscrito no CPF sob o

nº 014.299.111-23, residente na Rua José Marcelino, número 1.081, Setor Central, CEP:

75701-430, Catalão/GO;

32. ROSIMARA ALMEIDA SANTOS, brasileira, solteira, diarista, ex-

servidora da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, portadora do RG nº 4144985

DGPC/GO, inscrita no CPF sob o nº 893.432.551-87, residente na Rua São Tomé, número 94,

Cruzeiro I, Catalão/GO;

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

33. JOSÉ RICARDO DE PAIVA, brasileiro, solteiro, vigilante sanitário e

ex-servidor da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, inscrito no CPF sob o nº

506.382.116-20, residente e domiciliado na Rua da Resistência, nº 1.623, Bairro dos Lucas,

Catalão/GO;

34. SÔNIA MARIA DA COSTA LEÃO, brasileira, casada, ex-Primeira

dama do Município de Cumari/GO e ex-servidora da Assembleia Legislativa do Estado de

Goiás, inscrita no CPF sob o nº 351043766-72, residente na Rua Adalardo Naves, nº 263,

Centro, Cumari/GO;

pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas:

I - DOS FATOS

O Ministério Público do Estado de Goiás instaurou o Inquérito

Civil Público nº 081/2013 para apurar irregularidades no âmbito da ALEGO – Assembleia

Legislativa do Estado de Goiás, consistente na existência de “funcionários fantasmas” no

gabinete do ex-Deputado JARDEL SEBBA.

Ao receber representação encaminhada ao CAOPPS – Centro de

Apoio Operacional do Patrimônio Público e Social -, que a distribuiu à 78ª Promotoria de

Justiça, foi instaurado o procedimento para esclarecer os fatos narrados na referida

representação.

O representante informou que o então Deputado Estadual

JARDEL SEBBA teria nomeado 32 (trinta e duas) pessoas para cargos comissionados na

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

ALEGO, mas que eles não trabalhavam, já que não residiam no local de trabalho, ou seja,

embora estivessem lotados no gabinete do requerido JARDEL SEBBA, na verdade, estavam

há mais de 200 quilômetros de Goiânia, nas cidades de Catalão/GO e Cumari/GO.

Segundo o representante, o requerido JARDEL SEBBA, na

qualidade de Presidente da ALEGO, contratava e mantinha uma enorme quantidade de

funcionários fantasmas, desde pessoas acamadas, como o Sr. ANTÔNIO PINHEIRO DOS

SANTOS, até o caseiro de sua fazenda.

Informou que na lista de comissionados contratados por

JARDEL SEBBA, que não trabalhavam efetivamente, encontrava-se o Sr. JOSÉ RICARDO

PAIVA, que embora recebesse do Estado de Goiás, contratado pela ALEGO, residia em

Catalão/GO, há mais de 200 quilômetros de Goiânia e trabalhava em uma concessionaria de

veículos, cujo nome é Maudi.

Asseverou que dentre os “fantasmas” contratados pelo requerido

JARDEL SEBBA, o Sr. ROMEL RODRIGUES ALCÂNTARA, que residia em Catalão/GO,

mas que, na verdade, cursava engenharia mecânica na Faculdade Politécnica de

Urbelândia/MG, ou seja, durante toda a semana e no horário de expediente ele se encontrava

em Urbelândia/MG, há mais de 100 quilômetros de Catalão/GO, e mais de 300 quilômetros

de Goiânia.

Apontou que o Sr. ANTÔNIO PINHEIRO DOS SANTOS,

contratado pelo requerido JARDEL SEBBA, era um senhor idoso, com mais de 70 anos e, que

era aposentado, mas ainda assim fora contratado pela ALEGO, e que o referido senhor estaria

acometido por doença grave e vivia acamado, portanto, não poderia trabalhar.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

O Sr. ANTÔNIO PINHEIRO DOS SANTOS faleceu em 2014,

razão pela qual não fora arrolado no polo passivo da ação, conforme documento juntado aos

autos.

Esclareceu que a Sra WANDA SAFATLE FAIAD é senhora com

aproximadamente 80 anos e que não poderia trabalhar na ALEGO, além de que ela sempre

residiu em Catalão/GO.

Ao requerido JARDEL SEBBA, fora solicitado informações

acerca da denúncia, especialmente se os servidores nominados foram nomeados por ele e se

estavam lotados na ALEGO, em seu gabinete. Solicitou-se também a folha de frequência

deles, referentes a janeiro de 2012 a março de 2013.

JARDEL SEBBA confirmou a nomeação e lotação dos

servidores nominados e que eles estavam lotados em seu gabinete na ALEGO.

Entretanto, negou a remessa da lista de frequência dos

servidores comissionados nominados, alegando que “é responsabilidade do titular do

gabinete e é encaminhada regularmente a seção de registro e cadastro”.

O Procurador-geral de Justiça solicitou informações ao

requerido JARDEL SEBBA então Presidente da ALEGO (fls. 17/18).

O requerido JARDEL SEBBA atendeu a solicitação e

encaminhou ao PGJ resposta, na qual limitou-se a informar que: “Ademais, informo que

na forma da Resolução nº 1.118/2003, que 'Dispõe sobre o Regulamento

Administrativo dos Serviços e do Pessoal de Gabinete Parlamentar', as

funções dos servidores lotados nos gabinetes parlamentares compreendem,

intrinsecamente, o suporte administrativo e logístico necessário à atuação

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

do Deputado, competindo-lhe dentre outras atribuições básicas, vg., redação

de correspondência, atendimento a pessoas encaminhadas ao gabinete,

execução de serviços de secretaria, pesquisa, acompanhamento interno

externo de assuntos de interesse do deputado, e outras atividades afins

determinadas pelo titular do gabinete, podendo a prestação de serviço se

dar nos municípios da representação Parlamentar (§2º do art. 1º)”.

Tendo em vista que o requerido JARDEL SEBBA deixou o

cargo de Presidente da ALEGO ao assumir o cargo de Prefeito do Município de Catalão/GO

em janeiro de 2013, o procedimento foi remetido ao CAOPPS para distribuição, em razão de

que o PGJ declinou a atribuição por não se aplicar mais o artigo 29, VIII, da Lei Federal nº

8.625/93.

Assim, os autos foram distribuídos à 78ª Promotoria de Justiça,

que instaurou Inquérito Civil Público, no qual solicitou informações ao Presidente da

ALEGO, se os servidores citados na Portaria ainda encontravam-se nos quadros da ALEGO,

caso em que deveria remeter informações sobre o local de suas lotações.

Solicitou-se informações ao Diretor da Faculdade Politécnica de

Uberlândia/MG acerca de ROMEL RODRIGUES ALCÂNTARA, especialmente se era aluno

e, caso positivo, qual o curso e data de início.

Oficiou-se à Concessionária Maudi de Veículos Ltda para que

informasse se JOSÉ RICARDO DE PAIVA era gerente daquele estabelecimento e, caso

positivo, qual o período e carga horária.

Solicitou-se, também, uma investigação ao CSI, a fim de apurar

a conduta dos requeridos.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Foi proposta ação cautelar de quebra de sigilo bancário e fiscal

dos requeridos.

Expediu-se carta precatória à Comarca de Catalão/GO,

Cumari/GO e Ouvidor/GO para a oitiva dos requeridos.

A Promotoria de Justiça de Catalão/GO remeteu à 78ª

Promotoria de Justiça denúncia formulada pela Sra. ROSIMARA ALMEIDA SANTOS, que,

em síntese, alegou ter trabalhado para o requerido JARDEL SEBBA de maio de 2009 a

fevereiro de 2011, mas que só trabalhava em eventos no período da política, pois nunca

trabalhou na ALEGO, embora tenha sido contratada como secretária daquela Casa.

A Sra. ROSIMARA declarou ainda que ficava em sua casa em

Catalão/GO aguardando para fazer campanha eleitoral e que recebia R$ 1000,00 (mil reais),

mas em suas mãos só chegavam apenas R$ 700,00 (setecentos reais).

II – DO DIREITO

O Ministério Público instaurou Inquérito Civil Público para

apurar a existência de “funcionários fantasmas” no gabinete do ex-Deputado Estadual

JARDEL SEBBA.

No curso das investigações, apurou-se que o requerido JARDEL

SEBBA nomeou 32 (trinta e duas) pessoas para trabalhar em seu gabinete, mas todas elas

residiam em Catalão e não desempenhavam nenhuma atividade de interesse da ALEGO, pelo

contrário, muitas delas exerciam outras atividades, como empresários, funcionário de

concessionária, estudante, ou, ainda, não podiam ocupar o cargo em razão de enfermidade.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Apurou-se, ainda, que as nomeações de “fantasmas” pelo

requerido JARDEL SEBBA, se intensificaram no período em que ele ocupou o cargo de

Presidente da ALEGO, o que ocorreu no biênio 2011/2012, e também que ele contava com o

apoio irrestrito de sua esposa e requerida ANA ABIGAIL SEBBA, que saia às ruas de Catalão

prometendo e contratando eleitores para a ALEGO, em nome do seu esposo.

Constatou-se através do depoimento das testemunhas LEILA

CRISTINA GONÇALVES DA SILVA e FÁBIO DA SILVEIRA (fls. 876/885), bem como

pelos depoimentos dos requeridos, que a representação que denunciava a existência de

“funcionários fantasmas” da ALEGO em Catalão era verdadeira.

As duas testemunhas acima mencionadas já trabalharam com

JARDEL SEBBA e narraram com riqueza de detalhes como funcionava o “esquema”

arquitetado pelo requerido para obter vantagem nas eleições às custas do dinheiro público.

A testemunha FÁBIO DA SILVEIRA declarou ainda algo muito

grave. Disse que quando trabalhou com JARDEL SEBBA, ele era obrigado a repassar a maior

parte de seu salário para ANA SEBBA, esposa do ex-deputado e também requerida nessa

ação.

A conclusão que se chegou é que JARDEL SEBBA utilizou

indevidamente os cargos de Deputado Estadual e de Presidente da ALEGO para obter

vantagem indevida, contratando parentes, empresários, políticos e cabos eleitorais para cargos

comissionados naquela Casa.

Em razão dos sectos acima mencionados é que a conduta e

tipificação de cada um dos requeridos foi dividida em quatro núcleos: núcleo familiar, núcleo

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

empresarial, político e dos cabos eleitorais, que correspondem ao envolvimento que possuíam

com JARDEL SEBBA ou em referência a atividade que desempenhavam.

1. NÚCLEO FAMILIAR – WANDA SAFATLE, GUILHERME AFIUNE SELLANI e

RÔMULO CHAUD NETO:

O núcleo familiar dos “fantasmas” de JARDEL SEBBA é

composto por sua tia WANDA SAFATLE, seu genro GUILHERME AFIUNE SELLANI e seu

primo RÔMULO CHAUD NETO.

Requerido Cargo(s) ocupado(s) na ALEGO Resumo das condutas Valor pago pela ALEGOjaneiro/2012 ajaneiro/2013

01 Wanda SafatleFayad

1º/03/2011 a 31/03/2011 –Assessor Nível III – ANI-3

1º/04/2011 a 31/12/2012 –Assessor Nível IV - ANI-4

• Senhora de idade, tia do ex-deputadoJARDEL SEBBA, contratada para dar apoio político aoseu sobrinho ou simplesmente a título de “presente”;

• “funcionária fantasma” da ALEGO nomeadapelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 33.333,38

02 GuilhermeAfiune Sellani

01/03/2011 a 31/01/2013 –Assessor Nível II – ANI-2

• Genro do deputado JARDEL SEBBA,contratado apenas para dar apoio político ao seusogro;

• “funcionário fantasma” da ALEGO nomeadopelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 22.666,66

03 Rômulo ChaudNeto

1º/05/2007 a 1º/06/2007 –Secretário da Diretoria – DAI-2

1º/06/2007 a 1º/11/2008 –Assessor II – DAS-2

1º/11/2008 a 31/01/2009 –Assessor IV – DAS-4

• Primo do deputado JARDEL SEBBA e irmãodo ex-presidente da AGEPEL, NASER CHAUL,contratado apenas para dar apoio político aodeputado;

• “funcionário fantasma” da ALEGO nomeadopelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

R$ 60.044,39

13

78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

1º/02/2009 a 1º/01/2010 –Assessor IV – DAS-4

1º/01/2010 a 30/09/2010 –Assessor Nível IV – ANI-4

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

Conforme se vê, o requerido JARDEL SEBBA utilizou o cargo

público que ocupava de Deputado Estadual para “agraciar” parentes com um cargo

comissionado na ALEGO.

Nenhum desses requeridos desempenhou qualquer atividade de

interesse da ALEGO, mas se tem notícia que WANDA e GUILHERME, eventualmente,

participavam de atividades políticas privadas de JARDEL SEBBA, tais como reuniões,

comícios, passeatas, atendimentos de eleitores, dentre outras.

A requerida WANDA SAFATLE FAYAD, ouvida no Ministério

Público, declarou que “nunca foi nomeada para cargo comissionado na ALEGO” e que

sempre “trabalhou diretamente para JARDEL” (fls. 1611/1612).

Já o genro de JARDEL SEBBA, o requerido o professor de

educação física GUILHERME AFFIUNE SELLANI, afirmou que foi convidado por JARDEL

SEBBA para desenvolver um projeto denominado “Vida Ativa”, que consistia no

desenvolvimento da prática de esportes com crianças carentes de Catalão (1614/1616).

Entretanto, em que pese o benefício social que eventualmente

tenha sido alcançado caso o mencionado projeto realmente tenha sido desenvolvido, o cargo

que ele foi contratado não tinha essa finalidade e, somando isso ao fato de que GUILHERME

não tinha nenhum controle de frequência, subordinação e desempenho, resta claro que o que

fazia e se fazia era estritamente do interesse particular de JARDEL SEBBA.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Já o primo de JARDEL SEBBA, requerido RÔMULO CHAUL

NETO, apurou-se que ele nem mesmo era visto no escritório político de JARDEL SEBBA em

Catalão, onde poderia alegar, como muitos dos outros “fantasmas”, que lá fazia alguma

atividade de interesse do parlamentar.

Mesmo não desempenhando nenhuma atividade inerente ao

cargo que ocupava na ALEGO, o requerido RÔMULO CHAUL NETO recebeu daquela Casa

mais de R$ 60 mil reais, somente no período em que seu primo ocupou a Presidência de

janeiro/2012 a janeiro/2013.

Assim, por terem sido pagos pela ALEGO por trabalho que não

desempenharam, os requeridos WANDA SAFATLE FAYAD, GUILHERME AFIUNE

SELLANE e RÔMULO CHAUL NETO, obtiveram vantagem patrimonial indevida, ou seja,

enriqueceram ilicitamente, encontrando-se, portanto, incursos na conduta descrita no artigo 9º,

caput, da Lei nº 8.429/92.

Saliente que para esta modalidade de ato de improbidade

administrativa exige-se o dolo na conduta do agente, tal elemento subjetivo é facilmente

perceptível a partir da simples análise dos fatos, pois não seria crível admitir que eles não

tinham consciência de que recebiam por um órgão público para fazerem política em favor de

JARDEL SEBBA.

Os requeridos WANDA SAFATLE FAYAD, GUILHERME

AFIUNE SELLANE e RÔMULO CHAUL NETO também encontram-se incursos nas

condutas descritas no artigo 10, caput, da Lei nº 8.429/92, eis que ao serem remunerados

indevidamente pelo Poder Público, acarretaram grave dano ao erário.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Quanto a esta segunda modalidade de ato de improbidade

administrativa, tem-se pacificado o entendimento de que se admite a responsabilização do

agente por dolo ou culpa (nesse sentido: REsp 1206741/SP; REsp 1228306/PB). Assim,

embora o Ministério Público tenha claro que os requeridos agiram com consciência e vontade

de auferirem vantagem indevida às expensas do Poder Público, ainda que se apure que agiram

com negligência, imprudência ou imperícia, também será possível suas responsabilizações.

Obtempera-se que o valor do dano calculado corresponde ao

valor da remuneração paga pela ALEGO aos requeridos no período de janeiro/2012 a

janeiro/2013, cujo total encontra-se identificado no quadro acima.

Por fim, não há dúvidas de que os requeridos que compõem o

núcleo familiar de JARDEL SEBBA violaram os princípios constitucionais da administração

pública da legalidade, moralidade e impessoalidade, que se encontram insculpidos no caput

do artigo 37 da Carta Magna, razão pela qual encontram-se incursos nas condutas descritas no

artigo 11, I, da LIA.

Assim, por estarem incursos nas condutas descritas nos artigos

9º, caput; 10 caput e 11, caput e inciso I, da Lei nº 8.429/92, os requeridos WANDA

SAFATLE FAYAD, GUILHERME AFIUNE SELLANE e RÔMULO CHAUL NETO

merecem suportar as sanções descritas nos incisos I, II e III do artigo 12 da LIA.

2. NÚCLEO EMPRESARIAL – ANTÔNIO GOMES PIRES, ARNALDO ALVES DA

SILVA, JOSÉ COELHO DA SILVA JÚNIOR, JOSÉ MAURÍCIO PASCHOAL

SALLES, JULIANO ROSA TAVARES, LUÍZA INÁCIA NETA e DIMAS ZORZETTE

BALEEIRO:

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Os requeridos que compõem o núcleo empresarial dos

“funcionários fantasmas” de JARDEL SEBBA, são aqueles que foram contratados pela

ALEGO, mas moram em Catalão/GO e lá são empresários, como o próprio nome do núcleo

diz.

Além de residirem há mais de 200 quilômetros de Goiânia onde

deveriam exercer suas atividades inerentes ao cargo que ocupavam na ALEGO, pesa contra

esses requeridos o fato de ter sido apurado que eles dedicavam exclusivamente a atividade

empresarial e não terem disponibilidade de horário para outras atividades.

O quadro abaixo demonstra de forma clara a conduta e valores

aferidos por cada um desses requeridos:

Requerido Cargo(s) ocupado(s) naALEGO

Resumo das condutas Valor pago pela ALEGOjaneiro/2012 ajaneiro/2013

01 Antônio GomesPires

1º/09/2007 a 1º/12/2007 –Garçon – FEC-2

1º/12/2007 a 31/01/2011 –Coordenador Público

1º/12/2011 a 31/12/2012 –Superintendente TécnicoParlamentar

1º/01/2013 a 31/01/2013 –Técnico Administrativo -DAÍ-4

• Empresário que possui uma fábrica desorvetes na cidade de Catalão/GO.

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBA apenaspara participar de atividades políticas privadas dodeputado na cidade de Catalão.

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 15.408,00

02 Arnaldo Alves daSilva

1º/11/2008 a 1º/01/2009 –Segurança da PresidênciaFEC-3

1º/05/2009 a 31/01/2011 –Auxiliar Administrativo IDAI-2

1º/02/2011 a 30/04/2011 –Secretário ParlamentarFGSP-07

• Empresário, proprietário de uma loja decelulares na cidade de Catalão/GO, contratado paradar apoio político ao deputado JARDEL SEBBA;

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBA apenaspara participar de atividades políticas privadas dodeputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$

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03 José Coelho daSilva Júnior

1º/02/2009 a 31/01/2011 –Segurança da PresidênciaFEC 3;

1º/02/2011 a 28/02/2011 –Secretário ParlamentarFGSP 6;

1º/03/2011 a 31/03/2012 –Secretário ParlamentarFGSP 7;

1º/04/2012 a 30/04/2012 –Secretário ParlamentarFGSP 9;

1º/05/2012 a 30/11/2012 –Assessor Nível 3;

1º/12/2012 a 31/01/2013 –Assessor Nível 1.

• Empresário, proprietário do SupermercadoUnião na cidade de Catalão, contratado para darapoio político ao deputado JARDEL SEBBA;

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBA apenaspara participar de atividades políticas privadas dodeputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 24.113,00

04 José MaurícioPaschoal Salles

1º/02/2007 a 31/01/2009 –Secretário DAÍ 1;

1º/05/2009 a 31/01/2011 –Secretário DAÍ 1;

1º/02/2011 a 30/04/2011 –Secretário ParlamentarFGSP 07, lotado no gabinetedo deputado.

• Empresário, proprietário de uma serigrafiae de um jornal, contratado para dar apoio políticoao deputado JARDEL SEBBA;

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBA apenaspara participar de atividades políticas privadas dodeputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 34.846,33

05 Juliano RosaTavares

1º/06/2008 a 1º/11/2008 –Secretário da Diretoria DAÍ2;

1º/11/2008 a 31/01/2009 –Assessor III DAS 3;

1º/02/2009 a 31/01/2011 –Técnico administrativo DAÍ4;

1º/02/2011 a 31/12/2012 –Secretário ParlamentarFGSP 05, lotado no gabinetedo deputado;

01/01/2013 a 31/01/2013 –Assessor nível I.

• Empresário, proprietário da JR Rolamentose Torneadora, contratado para dar apoio político aodeputado JARDEL SEBBA;

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBA apenaspara participar de atividades políticas privadas dodeputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 18.347,33

06 Luíza Inácia Neta 1º/05/2009 a 1º/08/2009 –Secretário DAÍ-1

1º/08/2009 a 31/01/2011 –

• Empresária, proprietária da loja LuízaNoivas, onde dava expediente todos os dias,contratada para dar apoio político ao deputado

R$

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Segurança da PresidênciaFEC-3

1º/02/2011 a 31/12/2012 –Secretário ParlamentarFGSP-07

1º/01/2013 a 31/01/2013 –Assessor Nível I ANI-1

JARDEL SEBBA;

• “funcionária fantasma” da ALEGO nomeadapelo requerido JARDEL SEBBA apenas paraparticipar de atividades políticas privadas dodeputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

07 Dimas ZorzetteBaleeiro

1º/02/2011 a 31/01/2013 –Agente Administrativo –DAI-3

• Empresário, proprietário do Bar MaisGelada, localizado na Praça Pio Gomes na cidade deCatalão, contratado para dar apoio político aodeputado JARDEL SEBBA;

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBA apenaspara participar de atividades políticas privadas dodeputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 13.333,33

Ouvido no Ministério Público, o requerido JULIANO ROSA

TAVARES – proprietário da JM ROLAMENTOS E PEÇAS -, afirmou que trabalhou para a

ALEGO ao mesmo tempo em que administrava sua empresa. Disse que esporadicamente ia ao

escritório político de JARDEL SEBBA onde davam-lhe uma atividade. Disse ainda não saber

como feito o controle de sua frequência e nunca foi-lhe dito que tinha de trabalhar “de tal a

tal horário”.

Por sua vez, o requerido JOSÉ COELHO DA SILVA JÚNIOR,

proprietário do Supermercado União, disse que fazia algumas funções de marketing “cuidava

da carreira dele”, da carreira de JARDEL SEBBA, atividades estas que não são inerentes

aos cargos de segurança, secretário e assessor parlamentar que ocupou na ALEGO.

Observe que para acomodar JOSÉ COELHO em algum cargo na

ALEGO, o requerido JARDEL SEBBA chegou ao ponto absurdo de nomeá-lo no cargo de

segurança da presidência, mesmo ele não tendo nenhuma formação nessa área e não tendo de

fato desempenhado nenhuma atividade inerente a esse cargo.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

A requerida LUÍZA INÁCIA NETA também foi contratada por

JARDEL SEBBA para ser segurança da presidência. Ora, a época de sua contratação a

requerida contava com 57 (cinquenta e sete) anos de idade, e não só por isso, mas também por

não ter formação de segurança, ela jamais poderia exercer tal cargo, como jamais exerceu.

Ouvida no Ministério Público, a requerida LUÍZA INÁCIA

NETA – empresária proprietária da LUIZA NOIVAS há 35 anos, declarou que suas funções

eram de participar de eventos, conforme trecho abaixo reproduzido:

“... que a declarante 'já prestou um serviço por DeputadoJARDEL'; que a declarante mantinha contato com a pessoa,'dava assistência nos eventos que ele fazia, entrava em contatocom pessoal'; que era um assessoramento; que esse serviço foiprestado em Catalão/Goiás e na região … recebia pelaAssembleia, era 'contratada pela Assembleia e prestava serviçopara ele' … que a declarante não ia no Escritório todos os dias enem assinava frequência diária; que não fazia controle defrequência, não era contratada para fazer serviço diário, apenaspara os eventos;

JOSÉ MAURÍCIO PASCHOAL SALLES, proprietário de uma

serigrafia e de um jornal na cidade de Catalão, embora teoricamente contratado pela ALEGO

para desempenhar o cargo de secretário parlamentar, disse que ficava no escritório político de

JARDEL SEBBA cuidando da limpeza, fazendo café, buscando coisas, montava som em

eventos, ou seja, atividades não inerentes a seu cargo e de cunho nitidamente privado.

Outro empresário contratado por JARDEL SEBBA foi o

requerido DIMAS ZORZETTE BALEEIRO, proprietário de um bar na cidade de Catalão, o

qual disse que tinha como função participar de eventos patrocinados pelo deputado, tais como

dias das mães e natal. Confira-se trecho de seu depoimento prestado no Ministério Público:

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

“ … que tinha um comércio de bebidas, razão social DIMASZORZETTE BALEEIRO E CIA LTDA – MAIS GELADA; queesse comércio teve por aproximadamente 08 (oito) anos,acreditando que de 2008 a 2014 (…) que trabalhou também naAssembleia Legislativa do Estado de Goiás, isto do início domandato do Deputado JARDEL SEBBA, de 2010, até mais oumenos OUTUBRO de 2011 (…) que o declarante trabalhava noEscritório do Deputado JARDEL SEBBA, em Catalão (…) queo trabalho do declarante era fazer as visitas na região, TrêsRanchos, Ouvidor, Goiandira, Nova Aurora, Cidades da Região;que tinha os eventos, fazia os convites, que os eventos eramesporádicos, uma média de dois/três eventos por semana; queesses eventos eram 'eventos de datas comemorativas, porexemplo, chegava dia das mães a gente ia convidar pros eventosque ele fazia”.

O requerido DIMAS ZORZETTE ainda tenta fazer crer que

participava de reuniões políticas regulamente em favor do deputado JARDEL SEBBA, mas

quando inquerido para identificar sobre quais eventos participava, soube declinar apenas a

comemoração do dia das mães.

Esse discurso de que participavam de eventos lançado por

DIMAS ZORZETTE não tem exclusividade. Assim como ele, outros “funcionários

fantasmas” dizem que participavam de eventos até 3 (três) vezes por semana, mas nenhum

deles soube falar outro evento que não dia das mães e natal. Para quem participa de eventos

semanalmente, seria fácil identificar uma série deles.

Na verdade, os “fantasmas” eram convocados para participarem

de eventos esporádicos que eram patrocinados por JARDEL SEBBA, eventos estes que de tão

esporádicos jamais poderão justificar as participações dos requeridos como exercício das

atividades inerentes aos cargos que ocupavam na ALEGO.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Posto isso, os requeridos que compõem o núcleo empresarial de

“funcionário fantasmas” de JARDEL SEBBA, enriqueceram ilicitamente (art. 9º), às expensas

da ALEGO (art. 10), vez que receberam sem trabalhar, mediante a prática de atos

absolutamente, ilegais, imorais e impessoais (art. 11), razão pela qual merecem ser

sancionados de acordo com o artigo 12, I, II e III, da Lei nº 8.429/92.

3. NÚCLEO POLÍTICO – SILVANO BATISTA FILHO, MARIA ESMÉRIA DA SILVA

CAIXETA, MARIA RITA TARTUCE FONSECA, NEUZA MARIA DA SILVA

ALCINO, MARIA APARECIDA FERREIRA, MARIA CÂNDIDA DA SILVA, SANDRA

PONCIANO PIRES, NANCI PIMENTA CARNEIRO EVANGELISTA, RAUL

CÂNDIDO DA SILVA, TÚLIO AQUINO DE AMORIM e CÉSAR JOSÉ FERREIRA:

O núcleo político dos “funcionários fantasmas” de JARDEL

SEBBA é composto por pessoas envolvidas com a atividade política, ou por já terem ocupado

algum cargo eletivo, ou por serem parentes de quem já ocupou. O resumo das condutas e

valores recebidos indevidamente por cada um dos requeridos desse grupo são:

Requerido Cargo(s) ocupado(s) naALEGO

Resumo das condutas Valor pago pela ALEGOjaneiro/2012 ajaneiro/2013

01 Silvano BatistaFilho

1º/12/2006 a 1º/02/2007 –Secretário Parlamentar

1º/02/2007 a 1º/06/2007 –Secretário Parlamentar

1º/06/2007 a 31/01/2009 –Motorista da Presidência

1º/08/2009 a 31/01/2011 –Secretário Parlamentar

1º/02/2011 a 31/03/2011 –Supervisor TécnicoParlamentar

• Sem nenhuma atividade específica,contratado simplesmente por ser filho do vereador deCatalão SILVANO BATISTA.

• “funcionário fantasma” da ALEGO nomeadopelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado nacidade de Catalão.

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 24.060,33

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

1º/04/2011 a 31/12/2012 –Assessor Especial deGabinete

1º/01/2013 a 31/01/2013 –Assessor Nível II

02 Maria Esmeria daSilva Caixeta

1º/05/2008 a 31/01/2009 –Assessor 2;

1º/02/2009 a 31/01/2011 –Secretário ParlamentarFGSP 07;

1º/02/2011 a 31/12/2012 –Assessor Especial deGabinete com lotação nogabinete da Presidência daMesa Diretora, ex-deputadoJARDEL SEBBA;

1º/01/2013 a 31/01/2013 –Assessor 2.

• Sem nenhuma atividade específica,contratada para dar apoio político ao deputadoJARDEL SEBBA, pois foi candidata a vereadora nacidade de Catalão.

• “funcionária fantasma” da ALEGO nomeadapelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado nacidade de Catalão.

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 22.247,33

03 Maria RitaTartuce Fonseca

1º/02/2009 a 31/01/2011 –Secretário ParlamentarFGSP 7;

1º/02/2011 a 31/12/2012 –Secretário ParlamentarFGSP 6;

1º/01/2013 a 31/01/2013 –Assessor Nível 1.

• ex-primeira dama da cidade de Ouvidor/GO,contratada para dar apoio político ao deputadoJARDEL SEBBA;

• “funcionária fantasma” da ALEGO nomeadapelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 21.110,00

04 Neuza Maria daSilva Alcino

1º/02/2009 a 31/01/2011 –Secretário ParlamentarFGSP 7;

1º/02/2011 a 28/02/2011 –Secretário ParlamentarFGSP 7;

1º/04/2011 a 28/06/2012 –Assessor Nível 1.

• ex-primeira dama na cidade de NovaAurora/GO, contratada para dar apoio político aodeputado JARDEL SEBBA,;

• “funcionária fantasma” da ALEGO nomeadapelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 9.000,00

05 Maria AparecidaFerreira

1º/03/2005 a 1º/02/2007 –Secretário ParlamentarFGSP 06;

1º/02/2007 a 31/01/2009 –Assessor I DAS 1;

1º/02/2009 a 1º/08/2009 –Segurança da PresidênciaFEC 3;

• Esposa do vereador de Catalão SILVANOBATISTA, contratada para dar apoio político aodeputado JARDEL SEBBA;

• “funcionária fantasma” da ALEGO nomeadopelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenha

R$ 21.110,00

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

1º/08/2009 a 31/01/2011 –Técnico Administrativo DAI4;

1º/02/2011 a 31/12/2012 –Secretário Parlamentar;

1º/01/2013 a 31/01/2013 –Assessor Nível 1.

recebido normalmente seu salário.

06 Marila Cândidada Silva

1º/02/2009 a 31/01/2011 –Segurança da PresidênciaFEC 3;

1º/02/2011 a 31/12/2012 –Secretário ParlamentarFGSP 5;

1º/01/2013 a 31/01/2013 –Agente Administrativo 3.

• Ex-Vereadora no Município de Cumari/GO,contratada para dar apoio político ao deputadoJARDEL SEBBA;

• “funcionária fantasma” da ALEGO nomeadopelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 13.715,66

08 Nanci PimentaCarneiroEvangelista

1º/02/2007 a 31/01/2009 –Secretário DAÍ-1

1º/02/2009 a 31/08/2011 –Técnico Administrativo DAÍ-4

1º/02/2011 A 31/08/2011 –Técnico Administrativo DAÍ-4

• Sogra do ex-Presidente da AGETOP, Sr. JOSÉAMÉRICO DE SOUSA, contratada para dar apoiopolítico ao deputado;

• “funcionária fantasma” da ALEGO nomeadopelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$

09 Raul Cândido daSilva

1º/02/2009 a 31/01/2011 –Secretário – DAÍ-1

1º/02/2011 a 31/05/2012 –Agente Administrativo –DAÍ-3

• Ex-Vereador no Município de Cumari/GO,contratada para dar apoio político ao deputadoJARDEL SEBBA;

• “funcionário fantasma” da ALEGO nomeadopelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 12.000,00

10 Túlio Aquino deAmorim

1º/04/2010 a 31/01/2011 –Auxiliar Administrativo I –DAI-2

1º/02/2011 a 31/01/2013 –Agente Administrativo –DAI-3

• Filho da Vereadora de Catalão/GO, REGINAFÉLIX DE AMORIM, contratado para dar apoio políticoao deputado JARDEL SEBBA;

• “funcionário fantasma” da ALEGO nomeadopelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividade

R$ 13.333,00

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

pública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

11 César JoséFerreira

1º/07/2011 a 31/07/2011 –Assessor Nível 4;

1º/08/2011 a 31/10/2011 –Assessor Nível 5;

1º/11/2011 a 31/03/2012 –Assessor Nível 7.

• Ex-vereador e presidente da Câmara deCatalão, Coordenador da campanha do eleitoral deJARDEL SEBBA, contratado apenas para dar apoiopolítico ao ex-deputado;

• “funcionário fantasma” da ALEGO nomeadopelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$ 17.700,00

12 Sônia Maria daCosta Leão

• Ex-primeira dama do Município deCumari/GO, contratada apenas para dar apoio políticoao ex-deputado JARDEL SEBBA;

• “Funcionária fantasma” da ALEGO nomeadapelo requerido JARDEL SEBBA apenas para participarde atividades políticas privadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma atividadepública de interesse da ALEGO, embora tenharecebido normalmente seu salário.

R$

MARIA RITA TARTUCI FONSECA, ex primeira-dama de

Ouvidor/GO, prestou declarações no Ministério Público onde declarou que embora tenha

trabalhado para a ALEGO por aproximadamente 3 (três) anos, não lembrava do nome de

nenhum outro funcionário, nem o nome do cargo que ocupava, não tinha controle de

frequência e de carga horária.

Disse que seu trabalho era, além de fazer reuniões e

atendimentos, trabalhava fazendo filiações na época das eleições, demonstrando claramente

o caráter privado de suas atividades. Confira-se trechos das declarações da requerida MARIA

RITA TARTUCI:

“... que a declarante aposentou-se em 1999, tendo, quando seumarido foi Prefeito de Ouvidor/Goiás, exercido a função deprimeira dama (…) que de 2008 a 2013 a declarante ficou semtrabalhar, não ocupando nesse período nenhum cargo público,

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

ou melhor, lembrou de ter ocupado um cargo na AssembleiaLegislativa do Estado de Goiás, mas não se lembra anomenclatura do cargo; que ocupou esse cargo na Assembleia de2009 a 2012, mas a declarante 'trabalhava era aqui, eu nãotrabalhava lá', Assessorando o Deputado JARDEL SEBBA,fazendo o trabalho de contato com os eleitores dele, passava asreivindicações para ele, fazia reuniões (…); que às vezes adeclarante ia na Assembleia, em Goiânia, mas nunca trabalhoudiretamente no local (…) que geralmente não tinha controle defrequência e carga horária (…)

O requerido SILVANO BATISTA FILHO, certamente foi

contratado por JARDEL SEBBA para trabalhar na ALEGO para garantir ao ex-Deputado

apoio político de Silvano Batista, vereador de Catalão.

O declarante disse que trabalhava diariamente no escritório

político do requerido JARDEL SEBBA, mas também só sabe declinar atividades que fazia em

eventos esporádicos, como dia das mães e natal, e confirma que não tinha controle de

frequência.

Outro detalhe importante que merece registro é que um dos

cargos ocupados por SILVANO na ALEGO foi o de motorista da presidência, mas ele nunca

trabalhou na capital, nunca dirigiu um veículo oficial da ALEGO, nunca transportou o

presidente ou alguma outra autoridade, mas somente ficava em Catalão auxiliando em eventos

esporádicos promovidos pelo ex-deputado e outras politiquices.

Confira-se trecho do depoimento do requerido SILVANO

BATISTA FILHO:

“... que o declarante era funcionário da Assembleia, mastrabalhava em Catalão, ficava em Catalão, trabalhava comCristina do HOT DOG, com essas ações que tinha da OVG,entrega de brinquedos, almoço das mães; que a entrega debrinquedos era uma vez no ano e almoço das mães também umavez no ano; que nos intervalos 'fazia eventos de comunidades,

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

nos bairros', aos sábados; que nesses eventos montava pula-pulapara criança, entregava água para as crianças, que a cargahorária do declarante, de fato, era das 08hs00 até as 11hs00min,volta 13hs00 e ficava até as 17hrs00min, todos os dias; que paratanto foi nomeado para a Assembleia Legislativa para o cargo demotorista; que o 'meu cargo era de motorista, mas nunca pegueicarro da Assembleia não', pois 'eu trabalhava no meu própriocarro'; que o carro do declarante era abastecido ora pelo pai dodeclarante, quando ia em Goiânia levar sua mãe para tratamento;que quando 'fazia o serviço aqui dentro' mesmo às vezes opróprio declarante abastecia seu carro, outras vezes 'ganhava oabastecimento de alguém do Casarão; que esse Casarão era oescritório do à época deputado JARDEL SEBBA”

A ex primeira-dama da cidade de Nova Aurora/GO, Sr. NEUZA

MARIA DA SILVA ALCINO, também foi contratada pelo requerido JARDEL SEBBA para

trabalhar para a ALEGO, porém, a finalidade exclusiva era ampliar ou manter a base eleitoral

do deputado, tanto que dela também não era exigido nenhuma atividade que não fosse

comparecer a eventos políticos privados promovidos pelo ex-deputado.

A requerida NEUZA afirmou que não tinha controle de

frequência e de horário, não lembra o nome do cargo que ocupava, não lembra o nome de

outras pessoas que trabalhavam com ela e que embora seu local de trabalho fosse no escritório

de JARDEL SEBBA, ela trabalhava em sua própria casa.

Confira-se os principais trechos do depoimento de NEUZA

MARIA DA SILVA ALCINO colhido no Ministério Público:

“... a declarante já trabalhou na Assembleia Legislativa doEstado de Goiás há muito tempo, não se recordando o ano. Adeclarante era indicada pelo deputado Jardel Sebba e ocupavaum cargo comissionado. A declarante comparecia na Assembleiae trabalhava na região de Catalão, Nova Aurora, Corumbaíba,etc. (…) Perguntado se a declarante assinava ponto, respondeuque a folha de ponto em si a declarante não assinava, até porque

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

nem sempre a declarante estava lá, pois trabalhava no interior.(…) não se recorda o nome do cargo que ocupava (…) queatendia aos pedidos do deputado Jardel Sebba ou de seusassessores, pedidos estes que eram para trazer documentos efazer serviço de assistência social (…) perguntado onde era seulocal de trabalho, respondeu que era no escritório do entãodeputado Jardel Sebba, que fica na casa do próprio Jardel (…)não se recorda qual era seu salário. A declarante não ia todosos dias a Catalão, sendo que alguns dias ficava em NovaAurora, pois tem escritório em casa (…) que na época emtrabalhou na Assembleia a declarante era aposentada (…)perguntado se recorda o nome de alguma pessoa que trabalhavacom a declarante no escritório de Jardel, respondeu que tinhamuita gente mas se recorda somente de um tal de Marquinhos(…) e uma loira chamada Débora (…)”.

Diante desse depoimento, está claro que NEUZA MARIA DA

SILVA ALCINO era “funcionária fantasma” da ALEGO.

O requerido TÚLIO AQUINO DE AMORIM, filho da vereadora

de Catalão Regina Félix de Amorim, também foi contratado apenas para garantir apoio de sua

mãe a base aliada de JARDEL SEBBA, pois além de não prestar nenhum serviço de interesse

da ALEGO, ele não soube descrever com exatidão quais suas atividades que desempenhava,

limitando-se a dizer que fazia “serviço de rua”.

A requerida MARIA ESMÉRIA DA SILVA CAIXETA foi

candidata a vereadora em Catalão por partido de oposição a JARDEL SEBBA, e, para dar

apoio político ao ex-deputado, ela foi agraciada com um cargo comissionado na ALEGO,

porém, como ela mesma afirmou, “trabalhava pedindo votos”.

Já o requerido CÉSAR JOSÉ FERREIRA, ex-vereador e

presidente da Câmara de Catalão, também disse que trabalhava “na rua”, o que até pode ser,

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

mas na verdade não desempenhava nada de interesse da ALEGO, mas somente de interesse

particular dele e de seu tutor JARDEL SEBBA.

RAUL CÂNDIDO DA SILVA é ex-vereador do Município de

Cumari/GO, igualmente contratado por JARDEL SEBBA para manter ou ampliar sua base

eleitoral, e assim como os diversos requeridos, não sabe nome do cargo, local de lotação, não

tinha controle de frequência e de horário.

Chama a atenção que no mesmo período em que RAUL foi

contratado para trabalhar na ALEGO, ele também trabalhava para a Prefeitura de Cumari no

cargo de Motorista de Ambulância. Devido a natureza de ambos os cargos, reluz a

incompatível não somente pela impossibilidade de acumulação, mas também pela carga

horária, sendo certo que a atividade prejudicada por RAUL foi a inerente ao cargo na

ALEGO.

Também para manter ou ampliar sua base política em

Cumari/GO, o requerido JARDEL SEBBA contratou pela ALEGO as requeridas MARILA

CÂNDIDA DA SILVA, ex-vereadora, e SÔNIA MARIA DA COSTA LEÃO, ex-primeira-

dama daquele Município.

MARILA CÂNDIDA DA SILVA disse que cumpria expediente

em sua própria residência e que não havia controle de ponto. Já SÔNIA MARIA DA COSTA

LEÃO disse o seguinte:

“... que o referido Deputado sempre foi aliado político do grupopolítico que a Declarante e seu marido integram; … que emmeados de dezembro de 2008, o Deputado Jardel Sebba seofereceu para conseguir uma colocação para a Declarante noserviço público sem explicar o local da lotação … que logo noinício do mês de janeiro de 2009, a Declarante começou a

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

receber ligações telefônicas de assessores do Deputado JardelSebba solicitando cópia da cédula de identidade do seu cartão deCPF, bem como a abertura de conta bancária no Banco Itaú; queatendeu ao que foi solicitado; que no mês de fevereiro de 2009,precisamente no último dia útil, foi creditada na conta que abriuno Banco Itaú uma quantia no valor de R$ 1.437,00; que nosmeses seguintes os depósitos foram repetidos até o mês deagosto de 2009; que não assinou qualquer documento que possacaracterizar admissão por qualquer forma no serviço públicoestadual; que em momento algum tomou conhecimento deque tenha sido nomeada para exercer cargo público naAssembleia Legislativa do Estado de Goiás ou em qualquerórgão público estadual … que nunca exerceu as atribuiçõesdecorrentes do exercício de cargo no serviço públicoestadual, seja em Goiânia ou em qualquer outra cidade doEstado de Goiás (fls. 1577/1579).

Por fim, a requerida NANCI PIMENTA CARNEIRO

EVANGELISTA, sogra do ex-Presidente da AGETOP, José Américo de Souza, repudia que

tenha trabalhado para a ALEGO, disse que já trabalhou para JARDEL SEBBA mas dentro de

seu próprio comitê, confira-se trechos de seu depoimento:

“... que na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás nuncatrabalhou, 'fui contratada por eles, pelos políticos', mas nuncatrabalhou na ALEGO; que a declarante já trabalhou pedindovoto para JARDEL SEBBA, mas “dentro do comitê mesmo'nunca trabalhou, … que na última eleição o marido dadeclarante, REILDO GOMES EVANGELISTA, foi candidato aVereador pela mesma coligação de JARDEL SEBBA … que adeclarante ouviu comentários que 'tem muita gente que recebe edevolve dinheiro”. (fls. 1670/1671).

Embora a requerida NANCI negue ter trabalhado para a

ALEGO, todos os documentos encaminhados ao Ministério Público por aquela Casa dão

conta que ela foi sim contratada, não havendo dúvidas, portanto, que era “fantasma”, pois

recebeu de órgão público para trabalhar em atividades privadas de JARDEL SEBBA.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Assim, igual aos dois núcleos anteriores, os requeridos

identificados no núcleo político dos “funcionários fantasmas” de JARDEL SEBBA também

devem ser sancionados nas penas do artigo 12, I, II e III da Lei nº 8.429/92, por terem

enriquecido ilicitamente (art. 9º) ao receberem remuneração da ALEGO sem prestarem a

devida contraprestação, causando grave dano ao erário (art. 10), mediante a prática de atos

atentatórios à legalidade, moralidade e impessoalidade (art. 11).

4. NÚCLEO DOS CABOS ELEITORAIS – ZÉLIA SALOMÃO ELIAS, THIAGO

FERREIRA DA SILVA, SÍLVIO PATRÍCIO RIBEIRO, JOSÉ ÂNGELO ARIOZA,

IRIS LÚCIA MAIA, PAULO HENRIQUE MARQUES NETTO DE MELO, DANIELA

CRISTINA DA SILVA CARVELO, MARIA LUCINE DE SOUZA MELO, ROMEL

RODRIGUES ALCÂNTARA, SANDRA PONCIANO PIRES e JOSÉ RICARDO DE

PAIVA:

Esse núcleo é composto dos cabos eleitorais de JARDEL

SEBBA, pessoas que foram “presenteadas” com um cargo comissionado da ALEGO, sem

precisarem trabalhar ou para trabalharem em atividades particulares do ex-deputado.

Requerido Cargo(s) ocupado(s) na ALEGO Resumo das condutas Valor pago pela ALEGOjaneiro/2012 ajaneiro/2013

01 Zélia SalomãoElias

1º/08/2007 a 1º/07/2008 –Coordenadora de Gabinete;

1º/07/2008 a 31/01/2009 –Segurança da Presidência FEC 3;

1º/01/2010 a 31/01/2011 –Secretário Parlamentar FGSP 3;

1º/02/2011 a 31/12/2012 –Supervisor Técnico;

1º/01/2013 a 31/01/2013 –

• Professora aposentada nomeadapelo requerido JARDEL SEBBA apenas paraparticipar de atividades políticas privadas doex-deputado na cidade de Catalão;

• “Funcionária fantasma” da ALEGO,pois não comparecia ao seu local de trabalhoe não desempenhava nenhuma atividade deinteresse público, porém, recebianormalmente seu salário.

R$ 15.408,00

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Técnico Administrativo DAÍ 4.

02 Thiago Ferreira daSilva

1º/07/2005 a 1º/04/2007 –Secretário DAI-1

1º/02/2009 a 1º/03/2010 – AgenteAdministrativo DAI-3

1º/02/2011 a 31/12/2012 –Assessor Especial de Gabinete

1º/01/2013 a 31/01/2013 –Assessor Nível II ANI-2

• Possui um site na internet utilizadopara “alavancar” o nome do deputado JARDELSEBBA

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBAapenas para participar de atividades políticasprivadas do deputado na cidade de Catalão.

• Não desempenhou nenhumaatividade pública de interesse da ALEGO,embora tenha recebido normalmente seusalário.

R$ 24.060,33

03 Sílvio PatrícioRibeiro

1º/02/2009 a 31/01/2011 – AgenteAdministrativo DAÍ-3

1º/02/2011 a 28/06/2012 – AgenteAdministrativo DAÍ-3

• Pastor evangélico e proprietário deuma clínica de tratamento para usuários dedrogas, contratado para dar apoio político aodeputado JARDEL SEBBA;

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBAapenas para participar de atividades políticasprivadas do deputado;

• Não desempenhou nenhumaatividade pública de interesse da ALEGO,embora tenha recebido normalmente seusalário.

R$ 6.333,33

04 José ÂngeloArioza

1º/03/2011 a 31/03/2012 –Técnico administrativo – DAÍ-4

1º/04/2012 a 31/01/2013 –Assessor Nível II – ANI-2

• Dentista e genro da sra ZÉLIASALOMÃO, cabo eleitoral de JARDEL SEBBA,contratado para dar apoio político aodeputado;

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBAapenas para participar de atividades políticasprivadas do deputado;

• Não desempenhou nenhumaatividade pública de interesse da ALEGO,embora tenha recebido normalmente seusalário.

R$ 21.166,66

05 Iris Lúcia Maia 1º/04/2008 a 31/01/2009 –Secretário da Diretoria DAÍ-2;

1º/02/2011 a 21/03/2011 – AgenteAdministrativo DAÍ 3.

• Conselheira Tutelar na cidade deCatalão, contratada para dar apoio político aodeputado JARDEL SEBBA;

• “funcionária fantasma” da ALEGOnomeada pelo requerido JARDEL SEBBAapenas para participar de atividades políticasprivadas do deputado;

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

• Não desempenhou nenhumaatividade pública de interesse da ALEGO,embora tenha recebido normalmente seusalário.

06 Paulo HenriqueMarques Nettode Melo

1º/07/2011 a 31/07/2011 –Assessor Nível VI – ANI-6

1º/08/2011 a 31/12/2012 –Assessor Nível VII – ANI-7

• Sobrinho de CÉSAR JOSÉ FERREIRA eproprietário de uma transportadora,contratado apenas para dar apoio político aoex-deputado;

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBAapenas para participar de atividades políticasprivadas do deputado;

• Não desempenhou nenhumaatividade pública de interesse da ALEGO,embora tenha recebido normalmente seusalário.

R$ 78.666,66

07 Daniela Cristinada Silva Carvelo

1º/08/2011 a 31/01/2013 –Assessor Nível I ANI-1

• Prima de CÉSAR JOSÉ FERREIRA,contratada apenas para dar apoio político aoex-deputado;

• “funcionária fantasma” da ALEGOnomeada pelo requerido JARDEL SEBBAapenas para participar de atividades políticasprivadas do deputado;

• Não desempenhou nenhumaatividade pública de interesse da ALEGO,embora tenha recebido normalmente seusalário.

R$ 20.000,00

08 Maria Lucine deSouza Melo

• Prima de CÉSAR JOSÉ FERREIRA,contratada apenas para dar apoio político aoex-deputado;

• “funcionária fantasma” da ALEGOnomeada pelo requerido JARDEL SEBBAapenas para participar de atividades políticasprivadas do deputado;

• Não desempenhou nenhumaatividade pública de interesse da ALEGO,embora tenha recebido normalmente seusalário.

09 Romel RodriguesAlcântara

1º/08/2011 a 31/12/2012 –Técnico Administrativo

• Estudante de engenharia na UFU –Universidade Federal de Uberlândia/MG,contratado apenas para dar apoio político aoex-deputado;

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBAapenas para participar de atividades políticasprivadas do deputado;

• Não desempenhou nenhuma

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

atividade pública de interesse da ALEGO,embora tenha recebido normalmente seusalário.

10 Sandra PoncianoPires

1º/10/2008 a 31/01/2009 –Segurança da Presidência FEC 3;

1º/02/2009 a 31/01/2011 – AgenteAdministrativo DAÍ 3;

1º/02/2011 a 31/12/2012 –Assessor Nível 1.

• Mãe de um forte cabo eleitoral deJARDEL SEBBA, sr. ROGÉRIO PONCIANO PIRES,contratada para dar apoio político aodeputado;

• “funcionária fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBAapenas para participar de atividades políticasprivadas do deputado;

• Não desempenhou nenhumaatividade pública de interesse da ALEGO,embora tenha recebido normalmente seusalário.

R$ 18.500,00

11 José Ricardo dePaiva

• Gerente da Concessionária Maudi,revendedora da Volkswagen.

• “funcionário fantasma” da ALEGOnomeado pelo requerido JARDEL SEBBAapenas para participar de atividades políticasprivadas do deputado;

• Não desempenhou nenhumaatividade pública de interesse da ALEGO,embora tenha recebido normalmente seusalário.

A requerida ZÉLIA SALOMÃO ELIAS é uma professora

aposentada, que se diz amiga pessoal de JARDEL SEBBA. A declarante NEGA ter sido

contratada pela ALEGO, embora conste que ela já possuiu 5 (cinco) vínculos com aquela

Casa, inclusive, pasme, um de segurança da presidência.

ZÉLIA é uma senhora de mais de 70 (setenta) anos de idade e

logicamente não tinha condições físicas de exercer o cargo de segurança. Mas não é só isso,

nem ela mesma reconhece que trabalhou para a ALEGO. Diz a requerida:

“... que o vínculo da declarante com JARDEL SEBBA é de'amizade'; que na Assembleia Legislativa a declarante nuncatrabalhou com JARDEL SEBBA; Que a declarante nuncaassumiu nenhum cargo na Assembleia Legislativa; que uma vez

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

foi convidada por JARDEL SEBBA para trabalhar naAssembleia Legislativa, no primeiro mandato dele, 'mas nãoquis, não trabalhei não'.

A negativa da requerida ZÉLIA não encontra consonância com

toda a prova documental constante na investigação despendida pelo Ministério Público, logo,

se ela não trabalhou ou não recebeu para a ALEGO, isso é matéria de defesa, cumprindo a ela

provar.

JARDEL SEBBA também contratou para trabalhar na ALEGO o

requerido THIAGO FERREIRA DA SILVA, o qual tinha a única função de promover o nome

do deputado e atacar desafetos políticos em seu blog que possui na internet.

Também foi contratado por JARDEL SEBBA o requerido

SÍLVIO PATRÍCIO RIBEIRO, pastor evangélico que não desempenhava nenhuma atividade

de interesse da ALEGO, mas somente de seu grupo e em favor do ex-deputado.

O requerido SÍLVIO deixou claro que no ato de sua contratação

foi combinado que era para ele trabalhar na campanha de JARDEL SEBBA, e que no período

das eleições não recebia nada por isso, somente o salário da ALEGO. Confira-se:

“... que o declarante era servidor da Assembleia, mas prestavaserviços no Escritório do à época Deputado Estadual JARDELSEBBA; que o declarante 'ficava dando assistência na rua,precisava fazer uma reunião ia atrás, convidava, reunia o povo';'tipo assim, ele ia fazer reunião na casa das pessoas no final desemana', o declarante ia atrás das pessoas, convidava, arrumavao local, 'a gente ficava à disposição'; que o declarante fazia essetrabalho quando era convocado; que quando não era convocadoo declarante trabalhava na Igreja e na Fundação … trabalhavainclusive nas campanhas políticas de JARDEL SEBBA, masnão recebia de JARDEL SEBBA para isto, apenas o que

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

recebia da Assembleia Legislativa; que tinha um trabalho maistranquilo ao longo do ano, mas na época da campanha políticatinha que pegar firme, mas não recebia nada extra por isso …que no momento da contratação, nomeação pela AssembleiaLegislativa já era combinado que tinha que trabalhar nacampanha política, 'que a gente ficava à disposição na épocade fazer a campanha'; que esse compromisso, combinação, erafeito 'quando eles chamavam a gente no escritório para contratar,no escritório dele”.

Outros “fantasmas” contratados por JARDEL SEBBA foram o

JOSÉ ÂNGELO ARIOZA, o qual disse que foi contratado como dentista pela ALEGO, mas

não há informação de que ele ocupou tal cargo na ALEGO; IRIS LÚCIA MAIA SILVA,

conselheira tutelar que sempre trabalhou nas campanhas eleitorais do ex-deputado, PAULO

HENRIQUE MARQUES NETTO DE MELO, o qual embora tenha dito que trabalhava

regularmente no escritório político de JARDEL, ninguém o via por lá e ele nem mesmo

lembra o nome dos outros funcionários.

Também foram contratados os “fantasmas” DANIELA

CRISTINA DA SILVA CARVELO COELHO, ROMEL RODRIGUÊS ALCÂNTARA e

ROSIMARA ALMEIDA SANTOS. A primeira, alega ter trabalhado no escritório de JARDEL

mas não lembra nome de nenhum outro funcionário, não batia ponto, não tinha controle de

suas atividades e, sequer, tinha conta bancária. O segundo, estudava engenharia em

Uberlândia, cidade distante de Catalão 100 km, o que impossibilitava de exercer algum cargo

na ALEGO. Já a última, ROSIMARA ALMEIDA SANTOS, foi contratada para “ficar em

casa”.

Ouvida no Ministério Público, a requerida ROSIMARA

ALMEIDA SANTOS declarou que:

“... A declarante trabalhou fazendo campanha para Jardel Sebbadesde 1998 até o ano de 2011; que era prática costumeira de

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Jardel Sebba a nomeação de funcionários comissionados semque trabalhassem efetivamente; que sabe que são mais de 500pessoas nesta mesma situação; que apesar de ser servidoracomissionada da Assembleia Legislativa não comparecia noÓrgão para trabalhar de modo que só era chamada atrabalhar efetivamente quando Jardel Sebba organizavaalgum evento, tais como almoço das mães, entregarbrinquedos no final de ano, etc.; que não sabe informar comquem ficava a diferença de R$ 300,00 referente ao vencimentoque não chegava em suas mãos (…) que mesmo no período emque era servidora da Assembleia Legislativa, sempre residiu emCatalão; o mesmo ocorria com os demais contratados da mesmaforma; que só esteve na Assembleia Legislativa uma única vezpara buscar um holerite”.

“que a declarante trabalhou na Assembleia Legislativa em 2009,mas foi contratada pela Assembleia e trabalhava 'aqui emCatalão, lá em Goiânia nunca trabalhei não' … que a declarantefoi contratada pela DONA ANA SEBBA, esposa do entãoDeputado JARDEL SEBBA, pois a conhecia 'da política', pois adeclarante trabalhou em várias campanhas dele, desde 1998,'toda época da eleição trabalhava'

“que ANA SEBBA mandou alguém ligar para a declarante eentregar um papel para a declarante abrir a conta para 'colocaresse dinheiro que era da Assembleia'; que o cartão dessa contaficava com a declarante; que a declarante recebia R$ 699,00 pormês, 'era mil e tanto no holerite, mas nunca recebia o que estavalá não', não sabendo a declarante por que razão … que não erafrequente eles chamarem a gente lá não, não ia frequentemente,às vezes passava semana sem trabalhar, outras vezes ia uma ouduas vezes na semana … depois que eu comecei a mexer comisso ai eles foram na minha casa me ameaçar, jogou bomba naminha casa, tentou jogar o carro em cima de mim … que todomundo que era comissionado pela Assembleia era obrigado atrabalhar sem receber nas campanhas do Deputado JARDELSEBBA”

“que recebia e ficava em casa; que 'eles pagavam para a genteficar em casa, não era só eu não era muitas pessoas … é gentedemais', 'umas quinhentas pessoas'.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Por fim, a requerida SANDRA PONCIANO PIRES também

alega que trabalhava no escritório de JARDEL e cuidava da “parte social”, andando pelas ruas

e fazendo atendimentos. Pode até ser que SANDRA tenha realmente trabalhado para

JARDEL, mas foi para ele e não para a ALEGO, pelo interesse político dele, o que era

facilmente perceptível, já que muitas de suas atividades era de pedir votos.

Posto isso, não há dúvidas que os requeridos que compõem o

núcleo dos cabos eleitorais dos “fantasmas” de JARDEL SEBBA enriqueceram ilicitamente

(art. 9º), ao tempo que receberam dinheiro público sem prestarem nenhum tipo de

contraprestação, causando danos ao erário (art. 10), mediante a prática de atos absolutamente

atentatórios à legalidade, moralidade e impessoalidade (art. 11), devendo, pois, serem

submetidos às sanções do artigo 12, I, II e III, da Lei nº 8.429/92.

5. DAS CONDUTAS PRATICADAS PELOS REQUERIDOS JARDEL SEBBA e ANA

ABIGAIL TEIXEIRA KOPPAN SEBBA:

O requerido JARDEL SEBBA, no exercício dos cargos de

Deputado Estadual e de Presidente da ALEGO – Assembleia Legislativa do Estado de Goias,

contratou 32 (trinta e dois) “servidores fantasmas”, divididos entre parentes, empresários da

cidade de Catalão, políticos de Catalão e cidades circunvizinhas e também cabos eleitorais,

causando o enriquecimento ilícito de terceiros, provocando grave dano ao erário e violando os

princípios regentes da atividade administrativa.

Por sua vez, ANA ABIGAIL TEIXEIRA KOPPAN SEBBA

valia do cargo ocupado por seu esposo JARDEL SEBBA para prometer a eleitores cargos

públicos na ALEGO, cargos estes que ela sabia os contratados não iriam desempenhar

nenhuma de suas funções, mas sim iriam se dedicar a atividades políticas privadas de seu

esposo.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

As condutas dos requeridos JARDEL SEBBA e sua esposa ANA

ABIGAIL SEBBA podem ser sintetizadas da seguinte forma:

Requerido Cargo ocupado na ALEGO Síntese das condutas

01 Jardel Sebba Presidente • Contratou, no mínimo, 32 pessoas para trabalhar naALEGO, mas, na verdade, essas pessoas não compareciam aolocal de trabalho e não prestavam nenhuma atividade deinteresse público, sendo, portanto, “funcionários fantasmas”;

• utilizou indevidamente o cargo público que ocupavapara obter vantagem indevida, mediante a contratação decabos eleitorais para cargos comissionados na ALEGO, os quaisnão desempenhavam nenhuma atividade pública;

• Propiciou o enriquecimento ilícito de terceiros aocontratar “funcionários fantasmas”, haja vista que elesreceberam normalmente da ALEGO sem prestarem nenhumaatividade pública;

• Acarretou dano ao erário ao utilizar o cargo públicoque ocupava para contratar “funcionários fantasmas”, os quaisreceberam normalmente seus salários sem nenhumacontraprestação ao órgão que os remunerava;

• Atentou contra os princípios da administraçãopública, pois, no exercício do cargo público que ocupava, agiupara atender interesses particulares.

02 Ana Abigail TeixeiraKoppan Sebba

Não se tem notícia de que a requeridaocupou algum cargo na ALEGO, noentanto,

• Esposa de JARDEL SEBBA. Responsável pelo escritóriopolítico do ex-deputado na cidade de Catalão.

• Utilizava do cargo ocupado por seu esposo paraprometer e contratar eleitores para cargos comissionados naALEGO, mesmo sabendo que os contratados iriam se dedicar aatividades políticas privadas de JARDEL SEBBA;

• Colaborou para o enriquecimento ilícito de terceiros,grave dano ao erário e atentou contra os princípios damoralidade, legalidade, impessoalidade e eficiência.

Ouvido no Ministério Público, o requerido JARDEL SEBBA

confirmou que mantinha aproximadamente 30 (trinta) servidores da ALEGO em seu escritório

político, porém todos dentro da “cota do regimento da Assembleia”. (fls. 1529/1532)

Confirmou que ANA SEBBA era quem o ajudava a coordenar

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

toda a equipe, dizendo claramente que “a coordenação predominante era da esposa do

declarante”.

Registra que as funções dos funcionários contratados são de

auxiliá-lo em sua representação política, “organizar eventos, promover eventos,

ajudar nos eventos, divulgar o trabalho parlamentar e divulgar as ações da

ALEGO, promover fórum de debates, audiências públicas, encontros políticos,

e outras atividades diversas”.

Aduz que o trabalho dos funcionários da ALEGO em Catalão

não tinha controle de frequência, “pois eles trabalhavam em horários variados, às

vezes à noite, às vezes mais de oito horas por dia; que não havia controle

algum de forma documentada, o que era praxe na ALEGO, pois era um cargo de

confiança do Deputado”.

Quanto a ANTÔNIO PINHEIRO DOS SANTOS, senhor que

ficou por muitos anos acamado e fatalmente veio a falecer, JARDEL disse que o manteve no

cargo “por uma questão de lei, de justiça”.

Disse que os contratados, “não tinha assim uma função

específica”, “dependia do evento e da época”. De outros contratados JARDEL

SEBBA sequer se lembra que trabalharam com ele, como é o caso de JOSÉ COELHO DA

SILVA JÚNIOR e ARNALDO ALVES DA SILVA.

Pois bem. As declarações do requerido JARDEL SEBBA não

deixam dúvidas quanto a afirmação de que ele contratou para a ALEGO 32 (trinta e dois)

“funcionários fantasmas”.

Primeiro. A afirmação do requerido JARDEL SEBBA de que

sua esposa ANA ABIGAIL SEBBA era quem o ajudava a coordenar a equipe e seu escritório

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

político vai ao encontro do depoimento prestado pela requerida ROSIMARA ALMEIDA

SANTOS de que ANA utilizava o nome do seu esposo para prometer cargos comissionados na

ALEGO.

Assim, por ter concorrido para a prática de atos que lesionaram

os cofres da ALEGO, ANA ABIGAIL TEIXEIRA KOPPAN SEBBA deverá responder em

solidariedade com JARDEL SEBBA pela prática de atis de improbidade administrativa, nos

termos do artigo 3º da Lei nº 8.429/92.

Segundo. O argumento de JARDEL SEBBA para justificar as

contratações de “funcionários fantasmas” pela ALEGO é uma falácia. Diz o ex-deputado que

as contratações estavam dentro de sua cota parlamentar e tinham previsão no regimento

interno da Casa que permite a contratação de servidores nas bases eleitorais.

Nesse ponto, tem-se que ter em mente que nem JARDEL e nem

os “funcionário fantasma” souberam dizer ao Ministério Público quais eram suas funções no

escritório político do parlamentar. Todos dizem de forma genérica e imprecisa que as funções

eram de participar de eventos, fazer atividade de rua e alguma outra atividade, todas bastante

limitadas, que jamais podem ser confundidas com o exercício de um relevante cargo

público.

As atividades desempenhas pelos “fantasmas”, quando as

prestavam, eram nitidamente de interesse pessoal e político do deputado, tanto é verdade, que

o requerido SÍLVIO PATRÍCIO RIBEIRO afirmou categoricamente que “no momento da

contratação, nomeação pela Assembleia Legislativa já era combinado que

tinha que trabalhar na campanha política, 'que a gente ficava à disposição

na época de fazer a campanha”.

41

78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Outra requerida que afirmou o caráter privado das atividades

que faziam foi ROSIMARA ALMEIDA SANTOS, a qual disse “que apesar de ser

servidora comissionada da Assembleia Legislativa não comparecia no Órgão

para trabalhar de modo que só era chamada a trabalhar efetivamente quando

Jardel Sebba organizava algum evento, tais como almoço das mães, entregar

brinquedos no final de ano”.

ROSIMARA foi além e deixou claro que “eles pagavam para

a gente ficar em casa”.

JARDEL SEBBA também chegou ao ponto de contratar

servidores impossibilitados de exercer as atividades inerentes ao cargo que ocuparam, como é

o caso de ZÉLIA SALOMÃO ELIAS, que é uma senhora de 70 (setenta) anos de idade e foi

contratada para ser segurança da presidência, ANTÔNIO PINHEIRO DOS SANTOS,

senhor que ficou por anos acamado impossibilitado de exercer qualquer atividade e, também,

ROMEL RODRIGUES ALCÂNTARA, estudante de engenharia em uma universidade em

Uberlândia/MG, distante mais de 100 km de Catalão.

JARDEL justifica que a contratação de ANTÔNIO foi por

questão “legal, de justiça”. Ora, legal e de justiça seria JARDEL auxiliar ANTÔNIO e

sua família a ter acesso a recursos públicos que atendem pessoas enfermas e não violar a lei

contratando-o para um cargo que não poderia exercer, apenas para receber uma remuneração,

em troca, obviamente, de apoio político.

Os casos dos requeridos ZÉLIA, ANTÔNIO, ROSIMARA e

SÍLVIO aqui mencionados, retratam o de todos os demais “funcionários fantasmas”. Todos

eles moram em Catalão e se vieram à sede da ALEGO na capital foi pouquíssimas vezes; não

se recordam com exatidão o nome do cargo que ocupavam; não tinham controle de frequência

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

e de desempenho; narram de forma genérica e imprecisa suas funções; não sabem descrever

rotinas de trabalho diárias; não lembram ou lembram de apenas alguns outros funcionários.

Os elementos acima mencionados são indicativos claros da

caracterização do “funcionário fantasma”, devendo, portanto, levar a responsabilização da

prática de atos de improbidade administrativa daquele que deu causa (JARDEL SEBBA),

quem concorreu para os atos (ANA ABIGAIL SEBBA) e quem dele se beneficiou (32

“funcionários fantasmas”).

Terceiro. O TJGO tem posição firme no sentido de que a

contratação de servidores comissionados fora das hipóteses previstas no artigo 37, inciso V,

CF, ou seja, contratação de comissionado que não seja para exercer as funções de chefia

direção ou assessoramento, caracteriza ato de improbidade administrativa. Confira-se:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.CONTRADITA DE TESTEMUNHAS: PRECLUSÃOVERIFICADA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.CARACTERIZAÇÃO. DESVIO DE FUNÇÃO. CARGOCOMISSIONADO. “SERVIDORES FANTASMAS”.PENALIDADES. RAZOABILIDADE EPROPORCIONALIDADE. EFEITO EXPANSIVO DO APELO.1 - A contradita de testemunhas tem lugar somente na audiênciade instrução, após a qualificação e antes de iniciado odepoimento, sendo descabida a suscitação da matéria em sede derecurso de apelação, quando já operados os efeitos da preclusão.2 - A nomeação de particular para ocupação de cargo emcomissão, cujas funções factualmente exercidas não se ajustam ànormativa traçada no art. 37, inciso V, da Lei Magna (desvio defunção), caracteriza ato de improbidade administrativa daautoridade nomeante - Chefe do Poder Executivo (art. 10, incisoXII, da Lei 8.429/92), ainda mais se esta, diante da ausência daefetiva prestação dos serviços pelos nomeados, apresentouconduta conivente, concorrendo com o enriquecimento ilícitodaqueles “servidores fantasmas”, e corroborando, por conse-guinte, com a perda patrimonial a que foi submetido o ente

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

municipal. 3 - Observada a efetiva perda patrimonial sofridapelo Poder Público, ao agente causador do dano deve serimposta a penalidade pertinente à devolução dos valoresindevidamente recebidos (art. 12, inciso II, da Lei 8.429/92), emsolidariedade com os respectivos corresponsáveis. 4 - Apesar dese reconhecer a possibilidade de aplicação cumulativa das penastraçadas para a penalização do agente público ímprobo, cumpreao Julgador, ao cominar a sanção, valer-se do princípio daproporcionalidade, dosando a pena de modo condizente com agravidade e extensão do dano causado e do benefíciopatrimonial auferido pelo agente (art. 12, parágrafo único, daLei 8.429/92), evitando-se a impunidade, deve o julgadoresquivar-se do excesso, ou seja, da hipertrofia da punição. Logo,dentro da margem de variação das condutas abstratamenteprevistas na Lei de Improbidade Administrativa, mostram-sedesarrazoadas e desproporcionais as medidas restritivas dedireito impostas ao agente público para penalizá-lo pela práticade conduta ímproba de média gravidade. 5 - Em caso delitisconsórcio unitário, a interposição de recurso por um doslitisconsortes aproveita aos demais que não tenham recorrido(art. 509, do CPC).(TJGO, APELACAO CIVEL 443393-06.2008.8.09.0000, Rel.DES. ZACARIAS NEVES COELHO, 2A CAMARA CIVEL,julgado em 23/11/2010, DJe 715 de 10/12/2010)

Nenhum dos “fantasmas” requeridos ouvidos pelo Ministério

Público exercia função de direção, chefia ou assessoramento. Todos eles eram pagos pela

ALEGO para serem cabos eleitorais de JARDEL SEBBA.

O ex-deputado contratou motorista que nunca dirigiu um carro

oficial, contratou assessor que ficava fazendo café e limpando o escritório, contratou uma

senhora aposentada para ser segurança, contratou um assessor que era dentista, e ai vai …

nenhum, absolutamente nenhum, contratado por JARDEL SEBBA desempenhava alguma

função de direção, chefia ou assessoramento, logo, fatalmente, também por esta razão, o

requerido JARDEL SEBBA encontra-se incurso na Lei de Improbidade Administrativa.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Assim, não há dúvidas que o requerido JARDEL SEBBA

enriqueceu-se ilicitamente ao tempo que o Poder Público custeou funcionários que

trabalhavam defendendo seus interesses particulares, causando um enorme rombo nos cofres

da ALEGO, mediante a prática de ato ardiloso, impessoal, ilegal, imoral e desleal, justamente

de quem mais deveria zelar pela ética e pela preservação do patrimônio público.

Posto isso, o requerido JARDEL SEBBA encontra-se incurso

nas condutas descritas no artigo 9º, caput; artigo 10, caput e incisos I, IX e XII; e artigo

11, caput e inciso I, por 32 (trinta e duas) vezes, da Lei nº 8.429/92. A requerida ANA

ABIGAIL TEIXEIRA KOPPAN SEBBA também encontra-se incursa na tipologia dos

mesmos artigos que seu esposo, cumulados com o artigo 3º da Lei nº 8.429/92.

III- DA MEDIDA CAUTELAR INCIDENTAL

Para concretização de parte da providência jurisdicional pedida,

calcada no art. 5º da Lei 8.429/92, afigura-se imperiosa a concessão de cautelar nos autos

principais desta ação, medida consistente no bloqueio de bens dos requeridos, forte no que

dispõem o art. 37, § 4º, da Constituição Federal e art. 7º da Lei 8.429/92 c/c art. 273, § 7º, do

CPC:

Art. 37. § 4º - Os atos de improbidade administrativaimportarão a suspensão dos direitos políticos, a perda dafunção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimentoao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo daação penal cabível.

Art. 7º Quando o ato de improbidade causar lesão aopatrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá aautoridade administrativa responsável pelo inquérito representarao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens doindiciado.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caputdeste artigo recairá sobre bens que assegurem o integralressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonialresultante do enriquecimento ilícito.

Art. 273. § 7º Se o autor, a título de antecipação de tutela,requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quandopresentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelarem caráter incidental do processo ajuizado.

É preciso ter presente que a decretação de indisponibilidade de

bens inaudita altera pars em Ações de Improbidade Administrativa não viola o art. 17, § 7º,

da Lei 8.429/92, podendo ser deferida antes mesmo da notificação prévia. Eis o entendimento,

pacífico, do Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.INDISPONIBILIDADE DE BENS. DEFERIMENTO SEMAUDIÊNCIA DA PARTE ADVERSA. POSSIBILIDADE.MEDIDA ACAUTELATÓRIA.1. É pacífico nesta Corte Superior o entendimento segundo oqual, ante sua natureza acautelatória, a medida deindisponibilidade de bens em ação de improbidadeadministrativa pode ser deferida sem audiência da parteadversa e, portanto, antes da notificação a que se refere oart. 17, § 7º, da Lei n. 8.429/92. Precedentes.2. Recurso especial provido.(REsp 862.679/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELLMARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/09/2010, DJe04/10/2010)

Por outro lado, é cediço que as medidas cautelares, em regra,

como tutelas emergenciais, exigem, para a sua concessão, o cumprimento de dois requisitos: o

fumus boni iuris (plausibilidade do direito alegado) e o periculum in mora (fundado receio

de que a outra parte, antes do julgamento da lide, cause ao seu direito lesão grave ou de difícil

reparação).

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

No caso da medida cautelar de indisponibilidade, prevista no art.

7º da Lei 8.429/92, não se vislumbra uma típica tutela de urgência, mas sim uma tutela de

evidência, uma vez que o periculum in mora não é oriundo da intenção do agente dilapidar

seu patrimônio e, sim, da gravidade dos fatos e do montante do prejuízo causado ao erário, o

que atinge toda a coletividade. O próprio legislador dispensa a demonstração do perigo de

dano, em vista da redação imperativa da Constituição Federal (art. 37, § 4º) e da própria Lei

de Improbidade Administrativa (art. 7º).

Releva observar que para o deferimento da indisponibilidade de

bens em Ações de Improbidade Administrativa não é preciso demonstrar que os requeridos

estejam dilapidando seus patrimônios ou na iminência de fazê-lo, uma vez que o periculum

in mora encontra-se implícito no art. 37, § 4º, da Constituição Federal e no art. 7º da Lei

8.429/92.

Depois de muitos julgados, o Superior Tribunal de Justiça,

conforme noticiado no Informativo STJ n.º 547, de 8 de outubro de 2014, por meio de sua

PRIMEIRA SEÇÃO, que congrega as duas Turmas de Direito Público da Corte, em processo

submetido ao rito dos recursos repetitivos (CPC, art. 543-C), pacificou o tema em aresto

paradigmático, in verbis:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSOESPECIAL REPETITIVO. APLICAÇÃO DOPROCEDIMENTO PREVISTO NO ART. 543-C DO CPC.AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADEADMINISTRATIVA. CAUTELAR DEINDISPONIBILIDADE DOS BENS DO PROMOVIDO.DECRETAÇÃO. REQUISITOS. EXEGESE DO ART. 7º DALEI N. 8.429/1992, QUANTO AO PERICULUM IN MORAPRESUMIDO. MATÉRIA PACIFICADA PELA COLENDAPRIMEIRA SEÇÃO.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

1. Tratam os autos de ação civil pública promovida peloMinistério Público Federal contra o ora recorrido, em virtude deimputação de atos de improbidade administrativa (Lei n.8.429/1992).2. Em questão está a exegese do art. 7º da Lei n. 8.429/1992 e apossibilidade de o juízo decretar, cautelarmente, aindisponibilidade de bens do demandado quando presentesfortes indícios de responsabilidade pela prática de ato ímproboque cause dano ao Erário.3. A respeito do tema, a Colenda Primeira Seção deste SuperiorTribunal de Justiça, ao julgar o Recurso Especial 1.319.515/ES,de relatoria do em. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,Relator para acórdão Ministro Mauro Campbell Marques (DJe21/9/2012), reafirmou o entendimento consagrado em diversosprecedentes (Recurso Especial 1.256.232/MG, Rel. MinistraEliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19/9/2013, DJe26/9/2013; Recurso Especial 1.343.371/AM, Rel. MinistroHerman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 18/4/2013, DJe10/5/2013; Agravo Regimental no Agravo no Recurso Especial197.901/DF, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, PrimeiraTurma, julgado em 28/8/2012, DJe 6/9/2012; AgravoRegimental no Agravo no Recurso Especial 20.853/SP, Rel.Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em21/6/2012, DJe 29/6/2012; e Recurso Especial 1.190.846/PI,Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em16/12/2010, DJe 10/2/2011) de que, "(...) no comando do art. 7ºda Lei 8.429/1992, verifica-se que a indisponibilidade dos bensé cabível quando o julgador entender presentes fortes indícios deresponsabilidade na prática de ato de improbidade que causedano ao Erário, estando o periculum in mora implícito noreferido dispositivo, atendendo determinação contida no art. 37,§ 4º, da Constituição, segundo a qual 'os atos de improbidadeadministrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, aperda da função pública, a indisponibilidade dos bens e oressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,sem prejuízo da ação penal cabível'. O periculum in mora, emverdade, milita em favor da sociedade, representada pelorequerente da medida de bloqueio de bens, porquanto esta CorteSuperior já apontou pelo entendimento segundo o qual, emcasos de indisponibilidade patrimonial por imputação deconduta ímproba lesiva ao erário, esse requisito é implícito aocomando normativo do art. 7º da Lei n. 8.429/92. Assim, a Lei

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

de Improbidade Administrativa, diante dos velozes tráfegos,ocultamento ou dilapidação patrimoniais, possibilitados porinstrumentos tecnológicos de comunicação de dados quetornaria irreversível o ressarcimento ao erário e devolução doproduto do enriquecimento ilícito por prática de ato ímprobo,buscou dar efetividade à norma afastando o requisito dademonstração do periculum in mora (art. 823 do CPC), este,intrínseco a toda medida cautelar sumária (art. 789 do CPC),admitindo que tal requisito seja presumido à preambulargarantia de recuperação do patrimônio do público, dacoletividade, bem assim do acréscimo patrimonial ilegalmenteauferido".4. Note-se que a compreensão acima foi confirmada pelareferida Seção, por ocasião do julgamento do AgravoRegimental nos Embargos de Divergência no Recurso Especial1.315.092/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJe7/6/2013.5. Portanto, a medida cautelar em exame, própria das açõesregidas pela Lei de Improbidade Administrativa, não estácondicionada à comprovação de que o réu esteja dilapidandoseu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, tendo em vistaque o periculum in mora encontra-se implícito no comandolegal que rege, de forma peculiar, o sistema de cautelaridadena ação de improbidade administrativa, sendo possível aojuízo que preside a referida ação, fundamentadamente,decretar a indisponibilidade de bens do demandado, quandopresentes fortes indícios da prática de atos de improbidadeadministrativa.6. Recursos especiais providos, a que restabelecida a decisão deprimeiro grau, que determinou a indisponibilidade dos bens dospromovidos.7. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e do art. 8ºda Resolução n. 8/2008/STJ.(REsp 1366721/BA, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIAFILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES,PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 19/09/2014)

Assim, diante da tutela de evidência que marca a decretação de

indisponibilidade de bens em ações de improbidade administrativa, basta ao Ministério

Público demonstrar a verossimilhança das alegações.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Outrossim, o fumus boni iuris se encontra presente, notadamente

nos fatos e fundamentos jurídicos esgrimidos nesta petição inicial, embasados, inclusive, em

depoimentos pessoais prestados pelos requeridos no Ministério Público confirmando que

eram “servidores fantasmas” da ALEGO.

Todavia, é cediço que a indisponibilidade de bens deve recair

sobre o patrimônio de modo suficiente não só a garantir o integral ressarcimento do prejuízo

ao erário, mas também, considerando o valor de possível multa civil como sanção autônoma.

Bem por isso, devem ser bloqueados tantos bens quantos forem bastantes para dar cabo

da execução em caso de procedência da ação.

Considerando o art. 12, caput, II, da Lei 8.429/92, estão os

requeridos sujeitos, dentre as demais cominações estabelecidas por lei, ao ressarcimento do

dano e ao pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano ao patrimônio público.

Portanto, é devido o bloqueio de bens no valor total de R$ 3.738.767,19 (três milhões,

setecentos e sessenta e sete reais e dezenove centavos).

Obtempera-se que tal valor leva em consideração somente o

período de janeiro/2012 a janeiro/2013, sendo certo que o valor do dano será muito

superior, já que muitos dos “fantasmas” trabalharam para a ALEGO nos anos anteriores.

Todavia, devido a urgência em se ajuizar a presente ação, o Ministério Público reserva o

direito de aditar a petição inicial nesse ponto, logo que a ALEGO declinar os valores integrais

pagos a cada um dos requeridos a título de remuneração, férias, 13º salário, gratificações e

outras vantagens.

Assim, com apoio na melhor doutrina e na jurisprudência, e

presente a verossimilhança das alegações do Ministério Público, a determinação de bloqueio

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

de bens dos requeridos se impõe, porquanto constatada a presença do fumus boni iuris e do

periculum in mora. Os bens a serem indisponibilizados são:

✔ R$ 3.738.767,19 em contas bancárias e/ou aplicações financeiras dos requeridos,

constrição a ser realizada por meio do sistema BacenJud 2.0, porquanto possível o uso

da penhora on line de forma cautelar e não somente na fase de execução, o que

inegavelmente geraria efetividade ao processo, evitando-se a dilapidação do

patrimônio dos requeridos e garantindo-se o perdimento de bens em favor do

combalido Estado de Goiás ao final da ação;

✔ se o bloqueio de valores acima referido não alcançar a cifra de R$ 3.738.767,19

requer seja decretada a indisponibilidade de bens imóveis e veículos dos

requeridos, com expedição de ofícios ao cartório de registro de imóveis de

Goiânia/GO, Aparecida de Goiânia/GO, Cumari/GO, Catalão/GO e Nova Aurora/GO

para averbação na matrícula dos imóveis cuja propriedade lhes pertença, bem como o

bloqueio de veículos registrados em nome dos requeridos por meio do sistema

RENAJUD.

Apesar da solidariedade na reparação dos danos causados ao

patrimônio público, é cediço que o bloqueio de bens deve ser proporcional ao prejuízo

provocado por cada requerido. Nesse sentido: STJ, REsp 1119458/RO, Rel. Ministro

HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/04/2010, DJe

29/04/2010; TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 385941-96.2012.8.09.0000, Rel. DES.

ELIZABETH MARIA DA SILVA, 4ª CÂMARA CÍVEL, julgado em 20/06/2013, DJe 1332

de 28/06/2013.

Bem por isso, a decretação de indisponibilidade de bens deve

respeitar os seguintes limites:

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Valor do dano Valor da multa = valor do

dano + 2x o valor do dano

Zélia Salomão Elias R$ 15.408,00 R$ 46.224,00

Antônio Gomes Pires R$ 15.408,00 R$ 46.224,00

Thiago Ferreira da Silva R$ 24.060,33 R$ 72.180,99

Silvano Batista Filho R$ 24.060,33 R$ 72.180,99

Maria Esméria da Silva Caixeta R$ 22.247,33 R$ 66.741,99

Maria Rita Tartuci Fonseca R$ 21.110,00 R$ 63.330,00

Neuza Maria da Silva Alcino R$ 9.000,00 R$ 27.000,00

Arnaldo Alves da Silva * *

José Coelho da Silva Júnior R$ 24.113,00 R$ 72.339,00

José Maurício Paschoal Salles R$ 34.846,33 R$ 104.538,99

Juliano Rosa Tavares R$ 18.347,33 R$ 55041,99

Luíza Inácia Neta * *

Maria Aparecida Ferreira R$ 21.110,00 R$ 63.330,00

Marila Cândida da Silva R$ 13.715,66 R$ 41.146,98

Sandra Ponciano Pires R$ 18.500,00 R$ 55.500,00

Nanci Pimenta Carneiro Evangelista * *

Raul Cândido da Silva R$ 12.000,00 R$ 24.000,00

Sílvio Patrício Ribeiro R$ 6.333,33 R$ 18.999,99

Túlio Aquino de Amorim R$ 13.333,00 R$ 39.999,00

José Ângelo Arioza R$ 21.166,66 R$ 63.499,98

Iris Lúcia Maia Silva * *

Dimas Zorzette Baleeiro R$ 13.333,33 R$ 39.999,99

Wanda Safatle Fayad R$ 33.333,38 R$ 100.000,14

Guilherme Affiune Sellani R$ 22.666,66 R$ 67.999,98

Rômulo Chaul Neto R$ 60.044,39 R$ 180.133,17

César José Ferreira R$ 17.700,00 R$ 53.100,00

Paulo Henrique Marques Netto de Melo R$ 78.666,66 R$ 235.999,98

Daniela Cristina da Silva Carvelo Coelho R$ 20.000,00 R$ 60.000,00

Romel Rodrigues Alcântara * *

Rosimara Almeida Santos * *

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Valor do dano Valor da multa = valor do

dano + 2x o valor do dano

José Ricardo de Paiva * *

Sônia Maria da Costa Leão * *

VALOR TOTAL R$ 1.246.255,73 R$ 3.738.767,19

* dados ainda não fornecidos pela ALEGO.

Os requeridos JARDEL SEBBA e ANA ABIGAIL TEIXEIRA

KOPPAN SEBBA, por terem sido os responsáveis pela contratação dos 32 (trinta e dois)

“funcionários fantasmas”, deverão responder solidariamente a eles pelo valor integral do

dano. Assim, a indisponibilidade dos bens do casal deve recair sobre os seguintes valores:

Valor do dano Valor da multa = valor do

dano + 2x o valor do dano

Jardel Sebba R$ 1.246.255,73 R$ 3.738.767,19

Ana Abigail Teixeira Koppan Sebba R$ 1.246.255,73 R$ 3.738.767,19

Frise-se que o art. 655, I, do CPC dispõe que a penhora recairá

preferencialmente sobre o dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição

financeira, sendo desnecessário buscar outros bens antes de se efetuar o bloqueio via Bacen-

Jud, conforme restou definido pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça ao julgar o

REsp 1.112.943/MA, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, julgado em 15/09/2010, DJe

23/11/2010 (Informativo STJ n.º 447, de 13 a 17 de setembro de 2010).

É necessário frisar, ainda, que o bloqueio de bens aqui pleiteado

não se afigura como antecipação de aplicação de sanções aos requeridos, mas tão somente

meio de assegurar o resultado útil do processo, instaurado em defesa do patrimônio público e

dos princípios da Administração Pública.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Desta forma, presente a verossimilhança das alegações do

Ministério Público, a determinação de bloqueio de bens dos réus se impõe, porquanto

constatada a presença do fumus boni iuris e do periculum in mora.

IV - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, o Ministério Público requer:

1. o deferimento da medida cautelar incidental inaudita altera pars;

2. a notificação pessoal dos requeridos, nos termos do artigo 17, § 7º,

da Lei 8.429/92;

3. o recebimento da inicial, nos termos do artigo 17, § 9º, da Lei de

Improbidade Administrativa e posterior citação dos requeridos;

4. a citação do Estado de Goiás, na pessoa de seu Procurador-Geral,

domiciliado na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, n.º 03, Centro,

Goiânia/GO, CEP 74003-010, nos termos do art. 17, § 3º, da Lei

8.429/92;

5. a procedência do pedido para:

5.1) condenar os requeridos Zélia Salomão Elias; Antônio

Gomes Pires; Thiago Ferreira da Silva; Silvano Batista Filho;

Maria Esméria da Silva Caixeta; Maria Rita Tartuci Fonseca;

Neuza Maria da Silva Alcino; Arnaldo Alves da Silva; José

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Coelho da Silva Júnior; José Maurício Paschoal Salles; Juliano

Rosa Tavares; Luíza Inácia Neta; Maria Aparecida Ferreira;

Marila Cândida da Silva; Sandra Ponciano Pires; Nanci Pimenta

Carneiro Evangelista; Raul Cândido da Silva; Sílvio Patrício

Ribeiro; Túlio Aquino de Amorim; José Ângelo Arioza; Iris

Lúcia Maia Silva; Dimas Zorzette Baleeiro; Wanda Safatle

Fayad; Guilherme Affiune Sellani; Rômulo Chaul Neto; César

José Ferreira; Paulo Henrique Marques Netto de Melo; Daniela

Cristina da Silva Carvelo Coelho; Romel Rodrigues Alcântara;

Rosimara Almeida Santos; José Ricardo de Paiva; Sônia Maria

da Costa Leão nas penas do artigo 12, I, II e III, da Lei nº

8.429/92, por estarem incursos nas condutas descritas nos

artigos 9º, 10 e 11 da mesma Lei;

5.2) condenar os requeridos Jardel José Sebba e Ana Abigail

Teixeira Koppan Sebba nas penas dos artigos 12, I, II e III da

Lei nº 8.429/92, por estarem incursos nas condutas descritas nos

artigos 9º, caput, 10, caput e incisos I, IX e XII, da mesma Lei,

por 32 (trinta e duas) vezes;

6. a condenação dos requeridos ao pagamento de custas e emolumentos

processuais e ônus de sucumbência;

7. a juntada do inquérito civil n.º 81/2013 (registro Atena n.º

201200443636), bem como a produção de todas as provas

legalmente admitidas.

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78ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Defesa do Patrimônio Público_______________________________________________________________

Valor da causa: R$ 3.738.767,19 (três milhões, setecentos e

trinta e oito mil, setecentos e sessenta e sete reais e dezenove centavos).

Goiânia, 18 de março de 2016.

VILLIS MARRAPromotora de Justiça

Defesa do Patrimônio Público

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