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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pedagogia
Fernanda Kelly de Mattos Rodrigues
Lais da Silva Lutero
A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA
FORMAÇÃO DE PEQUENOS LEITORES NO 1º ANO
DO ENSINO FUNDAMENTAL
LINS – SP
2014
1
FERNANDA KELLY DE MATTOS RODRIGUES
LAIS DA SILVA LUTERO
A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA FORMAÇÃO DE
PEQUENOS LEITORES NO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação da Profª Ma. Fatima Eliana Frigatto Bozzo.
LINS – SP
2014
2
Rodrigues, Fernanda Kelly de Mattos; Lutero, Laís da Silva
A importância da contação de história para a formação de pequenos leitores do 1° ano do ensino fundamental / Fernanda Kelly de Mattos Rodrigues; Laís da Silva Lutero. – – Lins, 2014.
50p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Pedagogia, 2014.
Orientador: Fatima Eliana Frigatto Bozzo
1. Contação de história. 2. Metodologia para professores. 3. Formação de leitores. I Título.
CDU 37
R613i
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho principalmente a minha mãe,Fatima Dias de Mattos, que tanto lutou para que hoje eu fosse a mulher que sou, e que sempre me apoiou nesta difícil trajetória acadêmica
que enfrentei para alcançar o meu objetivo profissional. Dedico também aos meus irmãos Fábio, Luciano, Romoaldo, e ao meu
irmão e “pai” Ronaldo, o qual sempre esteve ao meu lado nos momentos mais complicados, naqueles que eu imaginei que não
pudesse superar, naqueles em que a saúde estava em jogo, e também a minha tata Selma Adriana, por tudo que fez e
continua fazendo para ver um sorriso estampado em meu rosto. E aqui vai uma dedicatória totalmente especial para todos
aqueles que julgaram a minha escolha profissional. Foi por vocês, meus queridos, que lutei para chegar onde cheguei, e para
mostrar que ser uma educadora não é para qualquer pessoa!
Fernanda.
Dedico este trabalho aos meus pais Aparecida e Antônio que sempre me instruirão a me manter firme nos estudos, e ao meu noivo Vinicius que esteve me apoiando e ajudando durante toda
minha trajetória acadêmica.
Lais.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado o dom da vida, por ter sempre me abençoado, e por ter me dado tanta
força, quando pensei que não possuía nem vestígios dela.
Obrigada Mãe, por me amar incondicionalmente, por ser esse exemplo de mulher guerreira, que luta por aquilo que quer, e que
dá a sua vida para ver seus filhos bem. Obrigada por sempre estar ao meu lado, e me guiar pelo melhor caminho. A senhora é
meu espelho! EU TE AMO!
Ronaldo, meu irmão, não sei o que seria de mim hoje se Deus não tivesse mandado você como meu anjo protetor! Não tenho
palavras para agradecer tudo o que fez por mim! Só eu, nossa família e você sabem que devo a minha vida a ti! Eu te amo!
Obrigada!
Obrigada Tata, minha irmã, por estar sempre ao meu lado, sempre pronta a fazer até o impossível por mim! Obrigada Fábio,
meu irmão, por tudo que pode fazer enquanto estava do meu lado, e por tudo que fez à distância! Obrigada Luciano, meu
irmão, pelo amor e carinho, e pelos puxões de orelha! Obrigada Romoaldo, meu irmão e meu amigo, por ter me ensinado a viver,
por ter tido tanta paciência quando eu era tão pequenina, obrigada pela filosofia de vida que você me ensinou! Eu amo cada
um de vocês incondicionalmente!
Agradeço a minha orientadora Fátima, que iluminou a minha mente, e que possuiu um papel essencial para a conclusão deste
trabalho!
E obrigada Lais, minha amiga, irmã, e companheira de TCC, pela paciência e dedicação que possuiu para que concluíssemos esse
trabalho com tal zelo! Eu Te Amo!
Fernanda.
6
Agradeço antes de qualquer coisa a Deus, que fortaleceu e me mostrou
que eu sou capaz de realizar meus sonhos.
A minha família, noivo e amigos que me incentivaram a me manter firme
durante toda a trajetória, embora os problemas e dificuldades que
surgiram durante minha caminhada.
Aos professores que tive durante esses três anos, pois foram eles que
deram todo o suporte para a minha excelente formação como educadora.
Meu obrigado também para minha orientadora que esteve sempre
presente para a realização deste trabalho.
Obrigada também a minha querida amiga e parceira Fernanda, que
juntas conseguimos realizar este trabalho com sucesso.
Lais
7
EPÍGRAFE
Viajar pela leitura
“ Viajar pela leitura
sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
quem gosta de ler.
Experimente!
Assim sem compromisso,
você vai me entender.
Mergulhe de cabeça
na imaginação!”
(Clarice Pacheco)
8
RESUMO
Contar histórias pode ser um excelente meio utilizado pelos professores para promover o estimulo a leitura. A fantasia que se encontra na literatura infantil é fundamental para o desenvolvimento da criança. Ela encontra mais significado nesse mundo imaginário, no que no mundo da realidade adulta que é apresentado aos seus olhos. O trabalho realizado teve como objetivo sintetizar a importância da leitura no primeiro ano do ensino fundamental; definir a contação de histórias e as metodologias diversificadas para seu desenvolvimento; justificar a importância da utilização dos contos de fadas como estimulo a leitura e analisar como os professores do primeiro ano trabalham a contação de histórias. A metodologia usada foi a observação pela análise qualitativa dos dados obtidos em questionário respondido pelas professoras do 1º ano do ensino fundamental. A contação de histórias quando bem trabalhada e ainda com o gênero contos de fadas, tem um papel muito importante de estimular o gosto pela leitura das crianças de seis anos de idade. Os resultados mostram que contar histórias nessa fase escolar tem grande influência para formar leitores com competência. O professor deve abusar da criatividade e imaginação, podendo contar com o auxilio de diversos métodos e recursos materiais, variando de acordo com o conteúdo da história a ser contada. Após a pesquisa realizada pode-se concluir que é de suma importância que todos os professores das séries iniciais devem usufruir da contação e seus recursos para estimular os seus alunos. Ao formar pequenos leitores, o professor deve mostrar que a leitura é um caminho incrível, pelo qual se pode passar sem medo de chegar ao fim e ter que retoma-lo para cumprir com tarefas e obrigações.
Palavras - Chave: Contação de histórias. Metodologia para professores. Formação
de leitores.
9
ABSTRACT
Storytelling can be an excellent means used by teachers to encourage stimulating reading. The fantasy that lies in children's literature is elementary to the child development. The child finds more meaning in this imaginary world than in the world of adult reality that is presented to their eyes. This work aimed to synthesize the importance of reading in the first grade of elementary school. Storytelling and different methodologies for their development Justify the importance of using fairy tales as motivation to read and analyze how teachers the first grade working at storytelling. The methodology chosen the observation by qualitative analysis of data from a questionnaire answered by the teachers of the first grade of elementary school. The storytelling when well crafted and together with the genre of fairy tales, has a very important way of encouraging a taste for reading of children six years old. The results show that storytelling in this stage school has great influence to form competent readers.The teacher should abuse of creativity and imagination, and can count on the help of several methods and materials resources, varying according to the content of the story to be told. After the research it can be conclude that it is paramount that all teachers of the initial series should make use of storytelling and its resources to stimulate their students. To form small readersthe teacher must show that reading is a amazing way which you can do without fear of coming to the end and having to resume it to accomplish tasks and obligations. Key words: Storytelling. Methodology of teachers. Formation of readers.
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Descobrindo a leitura.......................................................................... 11
Figura 2: Leitura................................................................................................. 15
Figura 3: A magia dos livros.............................................................................. 18
Figura 4: A paixão de ler................................................................................... 20
Figura 5: Contando historia.............................................................................. 21
Figura 6: Tapetes de histórias.......................................................................... 25
Figura 7: Fantoches.......................................................................................... 26
Figura 8: Flanelógrafo ...................................................................................... 27
Figura 9: Avental contador de história............................................................... 27
Figura 10: Gravuras .......................................................................................... 28
Figura 11: O livro .............................................................................................. 29
Figura 12: Caixa de história .............................................................................. 29
Figura 13: Dobradura ........................................................................................ 30
Figura 14: A magia dos contos de fadas........................................................... 31
Figura 15: Livro Novos contos de Andersen ..................................................... 33
Figura 16: A menina dos fósforos ..................................................................... 34
Figura 17: A metodologia.............................................................................. 37
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Faixa etária e interesses ..................................................................17
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
CAPÍTULO I – A IMPORTÂNCIA DA LEITURA....................................................... 16
1 LEITURA......................................................................................................... 16
CAPÍTULO II – A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS....................................................... 22
2 DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA....................................................................... 22
2.1 Métodos e recursos......................................................................................... 23
2.1.1 Tapete de histórias............................................................................................ 24
2.1.2 Fantoches......................................................................................................... 25
2.1.3. Flanelógrafo .................................................................................................... 26
2.1.4 Avental contador de histórias ........................................................................... 27
2.1.5 Gravuras ........................................................................................................... 28
2.1.6 O livro ............................................................................................................... 28
2.1.7 Caixa de histórias ............................................................................................. 29
2.1.8 Dobradura ........................................................................................................ 30
CAPÍTULO III – CONTOS DE FADAS...................................................................... 32
3 DEFINIÇÃO..................................................................................................... 32
3.1 Importância da leitura dos contos de fada no ensino fundamental...................... 35
CAPÍTULO IV – A PESQUISA ................................................................................. 38
4 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................. 38
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO............................................................................. 43
CONCLUSÃO............................................................................................................ 44
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 46
APÊNDICE................................................................................................................. 48
12
Introdução
Figura 1: Descobrindo a leitura
Fonte: https://bibliocatolicasc.files.wordpress.com
“A verdadeira liberdade, encontramos na leitura de um bom
livro que nos remete a lugares lindos e por vezes, distantes da
realidade.”
Gil Nunes
12
INTRODUÇÃO
Através da contação de histórias pode-se desenvolver os aspectos cognitivo,
social e emocional dos alunos. Para tanto o professor pode usufruir de diversos
recursos, o que pode lhe abrir um leque de atividades, e assim estimular os seus
alunos a se tornarem leitores assíduos.
A contação de histórias ensina a respeitar regras, pois para se ouvir uma
história é preciso silêncio, atenção, concentração, respeitar quem está contando e
quem está ouvindo, e saber o momento certo de intervir.
A fantasia que se encontra na literatura infantil é fundamental para o
desenvolvimento da criança. Ela encontra mais significado nesse mundo imaginário,
no que no mundo da realidade adulta que é apresentado aos seus olhos. Assim,
desenvolve – se os sentimentos, as emoções, aprende a lidar com essas
sensações, pode observar de perto conflitos sendo resolvidos, por mais que estes se
distanciem da realidade, aprende valores, desenvolve sua moralidade, e com tudo
isso sua personalidade.
Ao ouvir histórias a criança entra em um mundo surreal, observa que aquilo
que ela tanto imagina pode realmente existir, afinal no mundo do faz de conta, vale
tudo. Com isso ela vai notando que a fonte disso tudo são os livros, e que eles
podem ser lidos para lhe dar prazer, para se emocionar, e também para aprender.
Partindo do objetivo geral que consiste em reconhecer a importância da
contação de histórias, focando nos contos de fadas, como um estímulo a formação
de pequenos leitores, realizamos a pesquisa esmiuçando – a nos seguintes
objetivos específicos: sintetizar a importância da leitura; definir a contação de
histórias e as metodologias diversificadas para seu desenvolvimento; justificar a
importância da utilização dos contos de fadas como estímulo a leitura; e analisar
como os professores do primeiro ano do ensino fundamental trabalham a contação
de histórias.
O presente trabalho procurou responder a seguinte questão: “Os professores
contam histórias de forma que estimule em seus alunos o gosto pela leitura?”. Hoje
se vê muitos dos professores utilizando da contação de histórias apenas como um
passatempo, uma forma de manter a classe quieta.
13
Porém a contação tem por função despertar o gosto pela leitura. Levar o
aluno a compreender que nos livros ele pode criar um mundo só dele, ou reinventar
um mundo que ele pensa existir.
Por causa dessa visão distorcida sobre a contação de histórias que
atualmente o professor deixa perder a essência do que é contar história, e assim
perde a oportunidade de formar alunos leitores, alunos que leem porque isso lhe
causa prazer, que leem sem obrigatoriedade.
Em relação à metodologia, foi realizada uma pesquisa descritiva com revisão
bibliográfica e abordagem qualitativa, onde usufruímos do método histórico, o qual
apresenta dados sobre a evolução da contação de histórias, e o método qualitativo o
qual corresponde à um questionário composto de 8 questões direcionado à duas
professoras do 1° ano do ensino fundamental de uma escola municipal, que possui
por objetivo nos apresentar qual a visão das professoras em relação a contação de
histórias.
No capítulo I “A importância da leitura” trata da leitura verbal e não verbal
como algo essencial para a sociedade letrada em que vivemos hoje. Retrata
algumas formas do professor incentivar a leitura prazerosa, e define o nosso objeto
de estudo, que são crianças de seis anos de idade.
“A contação de histórias”, título dado ao capítulo II, descreve a evolução da
contação de histórias, a qual existe a milhares de anos, e possuía por função passar
os valores de uma geração para outra, compartilhar conhecimentos, e fazer com que
a cultura dos povos se mantivesse viva.
Ainda neste capítulo encontramos diversas metodologias que podem ser
aplicadas em sala de aula para incrementar o momento mágico da contação de
histórias. Materiais simples que os próprios professores podem fabricar, e alcança o
auge durante as contações, trazendo o encantamento desse universo maravilhoso
que está por trás das linhas escritas em cada livro.
O capítulo III “Contos de fadas” apresenta a importância dos contos de fadas
para a formação da moralidade e da personalidade dos pequenos leitores, sendo
que é esse gênero textual que é indicado para a faixa etária escolhida para se
trabalhar nessa pesquisa. Essa afirmação encontra – se no primeiro capítulo.
São abordados ainda neste capítulo a evolução dos contos de fadas, os quais
deixaram de ter um enredo assustador, para ter um enredo mais encantador e
fantasioso. Isso aconteceu para que os contos fossem melhor aceitos pela
14
sociedade. Pensando nisso, alguns autores fizeram adaptações de contos famosos.
Neste capítulo encontra – se um exemplo de adaptação feito por Monteiro Lobato.
O capítulo IV “A pesquisa” trata da pesquisa realizada com duas professoras
do 1° ano do ensino fundamental, onde buscamos identificar o que elas entendem
por contação de história e sua influencia para a formação de leitores, se a utilizam
em sala de aula e qual a frequência, quais as metodologias aplicadas, se os alunos
gostam desse momento lúdico, e que tipo de intervenções ocorrem durante a
contação por parte delas e dos alunos.
15
Leitura
Figura 2: Leitura
Fonte: http://www.webquestfacil.com.br
Era uma vez
Um lugarzinho no meio do nada
Com sabor de chocolate
E cheiro de terra molhada...
(Era uma vez – Sandy e Junior)
16
CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
1 A LEITURA
A leitura é de extrema importância para qualquer ação que se faça na
sociedade existente hoje. Isso é um fato inquestionável e que não se muda. “Leitura
é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda
à própria vida do ser humano.” (SILVA, 2005, p.42). Porém, a leitura não se restringe
apenas a ler para obter informações, para se comunicar, entre outras necessidades
de uma leitura social, não é dizer somente aquilo que está impresso no papel, é
conseguir compreender o que o autor do texto quis nos transmitir com aquelas
palavras. Ler vai além do que está expresso nas palavras escritas no texto, pois
cada um que lê-lo o interpretará de um jeito, pois cada um dá um significado
diferente diante da leitura de mundo que possui.
Sabe-se que a escola, por meio do trabalho do professor em sala de aula, é o
principal local de formação de leitores, pequenos leitores, pois ela tem o dever de
incentivar a leitura. Sua função é prepará-los para o mundo, ensinando-lhes a
importância que a leitura verbal e não verbal exerce em suas vidas, e que isso (ler)
será feito por toda a vida, mesmo que sem perceber.
Sempre que possível, os encontros com livros devem ser experiências realmente ativas para as crianças. Exposições de livros na sala de aula, desenhos de livros e composições escritas sobre eles são uma adição interessante ao currículo normal (BAMBERGER, 1977, P. 69)
As escolas atualmente, e na sala de aula, possuem uma enorme diversidade
de livros que o professor pode proporcionar muitas oportunidades para aprender a
ler, consequentemente levando a escrever também como afirma Oliveira:
Uma das principais propostas de inserção do aluno no mundo da leitura é a inserção deste aluno no mundo letrado. É participar de momentos de leitura, mesmo não sabendo ler convencionalmente, é oportunizar a ele o contato com textos diversificados e significativos socialmente, é fazer leitura de “ouvidos”, ou seja alguém lê o texto para ele. A leitura ouvida é uma das maneiras positivas do aprendiz compreender que o que esta sendo lido ali, no texto, a história, está ali, escrita e pode ser descoberta como uma mágica, é entrar no
17
mundo dos autores, é apossar-se de sua criação: o texto. (2008, p.95).
Mas o professor pode, e deve lhe apresentar a leitura prazerosa, aquela que
se faz por paixão, por gosto e não por obrigatoriedade, pois é através do ouvir
histórias que a criança começa a sentir o gosto pela leitura, pelas letras e passa a
querer entender o que está escrito ali. Proporcionar momentos onde o aluno entre
na leitura, e a curta, sem se preocupar se alguma informação que contém naquele
texto lhe será cobrado posteriormente, e isso pode ser feito nas rodas de
leitura,onde elas se sentem mais a vontade para se expressarem e participarem. De
acordo com Teberosky e Colomer quando ocorre esse tipo de atividade de leitura,
isso faz que:
[...]”entrem” no mundo do texto, que participem da leitura de muitas maneiras: olhando as imagens enquanto o professor lê o texto, aprendendo a reproduzir as respostas verbais, imitando o escutado anteriormente, memorizando histórias, incorporando traços lingüísticos dos discursos escritos. Ao escutar a leitura, as crianças aprendem que a linguagem escrita pode ser reproduzida, repetida, citada e comentada (2003, p.127).
Outra sugestão para despertar o gosto das crianças pela leitura é a contação
de história. Com ela é possível desenvolver o senso crítico do aluno, pois ao escutar
as histórias ele é levado a questionar a ação dos personagens, e buscar o sentido
das palavras do texto, ampliando seus horizontes e instigando – o a, conforme
Borges (2010, p.81), “desvendar pistas deixadas pelo autor, a expressar os
conteúdos intelectuais, sensoriais e afetivos despertados pela obra. E também
aproximando os alunos de obras que superem as suas expectativas, os instiguem e
os desafiem”. É também uma forma do professor abordar vários conteúdos
importantes de forma lúdica, que causará grande encanto e fascino dos seus alunos
por uma boa leitura.
Para Busatto:
[...] contar histórias é uma atitude multidimesional. Ao contar histórias atingimos não apenas o plano prático, mas também o nível do pensamento, e, sobretudo, as dimensões do mítico-simbólico e do mistério (2008, p.45)
Voltando o olhar para essa afirmação de Busatto, é possível compreender
que contar história não é apenas pegar um livro qualquer e ler o que está escrito
18
nele, mas sim criar todo um clima em relação ao que está sendo lido, de modo que a
criança quando ouvir um conto de fadas, uma fábula ou qualquer outro tipo de
gênero textual possa conseguir chegar ao nível de viajar ao mundo da fantasia.
Assim, pode trazer a história para sua realidade.
Tendo objetivos diferentes, a leitura deve ser trabalhada de acordo com o gênero textual, e são diversas as maneiras de ler, assim como diversos são os textos e os objetivos de leitura. No que diz respeito ao gênero literário, a escola assume o importante papel não só de apresentar aos alunos um mundo lúdico, prazeroso, divertido e emocionante, como principalmente o de promover ações pedagógicas estruturadas e planejadas, que os levem a compreender e apreciar o universo da leitura e da literatura (BORGES et AL,2010,p.77).
Para aumentar ainda mais o interesse dos seus alunos, o professor deve
escolher com muito cuidado textos que sejam interessantes para eles e descartando
o que está carregado de falsos valores, e de acordo com a sua faixa etária para que
haja melhor compreensão, pois “A história é um alimento da imaginação da criança
e precisa ser dosada conforme sua estrutura cerebral” (COELHO, 2008, p.14).
Quando a leitura feita pelo professor está de acordo com o interesse dos seus
alunos, poderá proporcionar um momento divertido e mágico, de forma que
aumentará ainda mais a curiosidade de saber ler o que está escrito no livro.
Figura 3- A magia dos livros
Fonte: http://socialspirit.com.br
Abaixo segue o quadro de faixa etária e interesses, de acordo com Coelho
(2008, p.15) que pode servir de parâmetro para o professor ao escolher a história a
ser lida aos seus alunos:
19
Quadro 1: Faixa etária e interesses
Pré-escolares
Até 3 anos: fase pré
mágica
3 a 6 anos: fase
mágica
Histórias de bichinhos, brinquedos,
objetos, seres da natureza
(humanizados)
Histórias de crianças
Histórias de repetição e acumulativas
(Dona Baratinha, A formiguinha e a
neve etc.)
História de fadas
Escolares
7 anos
Histórias de crianças, animais e
encantamento
Aventuras no ambiente próximo:
família, comunidade
Histórias de fadas
8 anos
História de fadas com enredo mais
elaborado
Histórias humorísticas
9 anos Histórias de fadas
Histórias vinculadas à realidade
10 anos em diante
Aventuras, narrativas de viagens,
explorações, invenções
Fábulas, mitos e lendas
Fonte: Coelho, 2008, p.15
Observando a tabela identificamos que a criança de seis anos, objeto da
pesquisa, está na fase mágica que é aquela quando a criança solicita ouvir várias
vezes a mesma história e não perde o encanto e o interesse por tal, e passa
apreciar melhor os detalhes por já conhecer e saber o que vai acontecer, fazendo
assim, o prazer da leitura sempre se renovar. (COELHO, 2008)
Esse repetir de histórias deve ser levado a sério pelo professor, pois pode ser
usado como um grande instrumento incentivador de leitura.
Através do ouvir histórias que o aluno começa a perceber que além de
necessidade, a leitura pode-se tornar uma paixão. Que ele inventa, reinventa, brinca,
fantasia, vive e revive, um mundo que ele, como leitor autônomo, torna-se co autor.
21
Contação de Histórias Figura 5: Contando histórias
Fonte: http://4.bp.blogspot.com
Pra gente ser feliz
Tem que cultivar as nossas amizades
Os amigos de verdade
Pra gente ser feliz
Tem que mergulhar na própria fantasia
Na nossa liberdade...
(Era uma vez – Sandy e Junior)
22
CAPÍTULO II
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
2 DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA
A arte de contar histórias é uma atividade que faz parte da rotina humana há
milhares de anos. Pessoas de qualquer lugar, de qualquer tradição, qualquer cultura
ou raça, contam histórias para divertir, ensinar, relembrar, ou a apenas para passar
o tempo.
A contação de histórias surgiu muito antes da escrita. Hoje se encontram
histórias escritas em livros, que contam histórias de ficção, romance, suspense,
contos de fadas, ou ainda terror, entre outros tipos de histórias. Porém, todos os
povos ainda mantêm a tradição de contar histórias oralmente.
Antes da invenção da escrita, o meio mais importante para repassar
informações era o ato de contar histórias. As crenças, as histórias, as tradições, tudo
que era necessário manter viva em uma cultura era contado oralmente, e isso
perdurou por muitas gerações. Em algumas culturas qualquer pessoa podia passar
as informações, em outras tinha os contadores específicos, e destes eram exigido
uma excelente memória.
O professor que assume o papel de contador deve ler previamente a história,
deve fixar a sua sequência, para evitar improvisos e acabar com a essência da
história, e dispersar a atenção dos alunos.
O contar e ouvir histórias proporciona aos ouvintes uma oportunidade de
desenvolver a imaginação, os aspectos cognitivo, social e emocional, enriquecer o
vocabulário, completar experiências. Proporciona aos alunos ouvintes a convivência
com regras, pois para se ouvir uma história é preciso silêncio, atenção,
concentração, respeitar quem está lendo ou contando e quem está ouvindo, e saber
o momento certo de intervir.
A contação de histórias é um dos principais instrumentos no estímulo a
leitura, à leitura com prazer, ao desenvolvimento da linguagem e do senso crítico da
criança, e é um passaporte para a escrita.
Na formação de uma criança, ouvir histórias é o inicio para que aprenda a ser
um leitor, e assim descobrir um caminho infinito de prazer, o que a leva a ter uma
compreensão de mundo maior.
23
Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... Escuta – las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descobertas e de compreensão de mundo [...] (ABRAMOVICH, 1991, p. 16)
Contação de histórias é algo que vai além da imaginação, é uma viagem sem
fim, recheada de aventuras o que prende a atenção da criança do início ao fim. Mas
para ter essa atenção total, os contadores de histórias precisam navegar no mundo
imaginário, embarcando nessa aventura.
2.1 Métodos e recursos
Ao ler uma história a criança entra no mundo da personagem, vivencia
aqueles momentos, faz questionamentos a certos pontos da história, desenvolve
assim seu potencial crítico, a capacidade de imaginar, sonhar, construir fantasias e
principalmente também acaba descobrindo vários sentimentos ao decorrer da
história.
Segundo Abramovich:
É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoção importante, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (1991, p.17)
Ao contar uma história não é preciso se converter em um ator para que seja
um momento agradável e divertido, basta ter estudado a história antecipadamente,
para que não haja dúvidas e improvisos e que ela perca o seu sentido. Usufruir das
modalidades e possibilidades da voz é essencial, pois este é o principal instrumento
para o contador de histórias, pois através dela há a transmissão de emoções, de
intensidade, de clareza e de conhecimento.
A força da história é tamanha que narrador e ouvintes caminham juntos na trilha do enredo e ocorre uma vibração recíproca de sensibilidades, a ponto de diluir-se o ambiente real ante a magia da palavra que comove e enleva. A ação se desenvolve e nós participamos dela, ficando magicamente envolvidos com os personagens; mas sem perder o senso crítico, que é estimulado pelos enredos (COELHO, 2008, p.11).
Após o domínio da história é recomendável que o professor ao contar a
história não fique preso a certos padrões e sim haja com naturalidade, mostrando
24
isso nos seus simples gestos corporais e em suas expressões, e esteja em sintonia
com o que está sendo contado.
Abramovich (1993, p. 23) afirma que “O ouvir histórias pode estimular o
desenhar, o musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o
livro, o escrever, o querer ouvir de novo afinal, tudo pode nascer dum texto!”
Além de todo esse preparo, o professor deve abusar da criatividade e
imaginação, podendo contar com o auxilio de diversos métodos e recursos
materiais, variando de acordo com o conteúdo da história a ser contada que fará
esse momento ser mais prazeroso, tanto para ele quanto para crianças, pois
despertará ainda mais o encantamento e a curiosidade delas pela história.
Abramovich apud Barcellos (1995, p.16) traz algumas afirmações referentes
às emoções que as histórias bem contadas são capazes de provocar nas crianças.
Ouvir histórias é viver um momento de gostosuras, de prazer, de divertimento dos melhores [...] É encantamento, maravilhamento, sedução [...] O livro da criança que ainda não lê é a história contada. E ela é (ou pode ser) ampliadora de referenciais, poetura colocada, inquietude provocada, emoção deflagrada, suspense a ser resolvido, torcida desenfreada, saudades sentidas, lembranças ressuscitadas, caminhos novos apontados, sorriso gargalhado, belezuras desfrutadas e as mil maravilhas mais que a história provoca... (desde que seja boa). Contar histórias é uma arte [...] e tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro [...] Ela é o uso simples e harmônico da voz.
2.1.1 Tapetes de historias
Para confeccionar esse tipo de recurso não é preciso ser um excelente
costureiro ou até mesmo ter excelentes materiais, retalhos e sucata também servem,
o mais importante no momento de fazê-lo é deixar a criatividade tomar conta da
mente e deixar fluir.
Os tapetes são uma ótima alternativa para que a criança possa participar
durante a história e também despertar o seu encantamento pelo mundo da leitura,
pois ele pode ser utilizado de diversas formas e em vários lugares pela sua
praticidade.
25
Figura 6: Tapete de histórias
Fonte: http://www.orientapais.blogspot.com.br
2.1.2 Fantoches
O teatro de bonecos tem sua origem na antiguidade, onde os homens
começaram a modelar bonecos de barro sem movimentos e aos poucos foram
aprimorando tais bonecos, conseguindo posteriormente a articulação da cabeça e
membros. Com o passar do tempo, as técnicas de confecção foram se
aperfeiçoando e se adequando conforme as necessidades, possibilidades e
tradições de cada povo.
Para a confecção dos bonecos são usados vários tipos de materiais, inclusive
sucatas, que pode ser um recurso muito bem adotado pelo professor, com custos
muito reduzidos, tornando as atividades de confeccioná-los mais interessantes.
A arte de confeccionar fantoches dependerá também da criatividade de cada
professor, pois na falta de materiais, pode-se utilizar até as próprias mãos como
fantoches.
A utilização dos fantoches tem ainda como ponto positivo a estimulação do
aluno a explorar todos os movimentos dos dedos, mãos e braços, criando uma
atmosfera do conhecimento do próprio corpo.
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Figura 7: Fantoches
Fonte: http://www.reciclagemearte.blogspot.com.br
2.1.3 Flanelógrafos
O flanelógrafo é um complemento muito útil para qualquer professor da
educação infantil e educação fundamental, pois podem ser usados para muitas
atividades diferentes, principalmente como instrumento de contação de histórias e
são fáceis de fazer.
Um flanelógrafo é uma prancha que normalmente é coberta com flanela ou
feltro, apoiado em um cavalete.
A utilização deste instrumento é importante, principalmente, para aprimorar a
narrativa, ele pode usar imagens dos personagens e outras partes importantes da
história para ilustrar enquanto lêem. Outro ponto interessante dos flanelógrafos é
que também podem ser utilizados em meio aos estudantes de modo que os alunos
possam manipular as peças, proporcionando uma aprendizagem prática.
27
Figura 8: Flanelógrafo
Fonte: http://www.bebebrincando.blogspot.com.br
2.1.4 Avental de contar histórias
Uma alternativa criativa é a contação de histórias por meio de um avental
colorido, com bolsos de onde saem as principais personagens da história.
As surpresas retiradas do avental conseguem despertar a atenção das
crianças e essa ferramenta pode ser utilizada como estimulante à prática de leitura.
Figura 9: Avental Contador de Histórias
Fonte: http://www.elo7.com.br
28
2.1.5 Gravuras
Quando o livro escolhido tiver figuras pequenas, que possa dificultar a
visualização da criança, pode-se ampliar às imagens do livro em outro material para
facilitar sua compreensão.
As imagens são importantes para que a criança veja os detalhes, o que irá
contribuir para melhor entendimento da história, e identificando os principais
elementos da narrativa.
Figura 10: Gravuras
Fonte:http://www.pedrocamachosalvador.blogspot.com
2.1.6 O livro
É importante também que o professor explore bem o próprio livro. Ao contar a
história deve se ter cuidado para manuseá-lo, como as imagens proporcionam uma
melhor compreensão da história é preciso que todos possam visualizar de modo
bem claro.
Afirma Coelho (2008, p.33), “Devemos mostrar o livro para a classe virando
lentamente as páginas com a mão direita, enquanto a esquerda sustenta a parte
inferior do livro, aberto de frente para o público”.
29
Figura 11: O livro
Fonte: http://www.amigadaedu2.blogspot.com
2.1.7 Caixa de historias
As caixas de histórias é outro recurso muito simples ao qual o professor pode
recorrer. Elas podem ser grandes ou pequenas, quadradas ou redondas, basta o
professor usar sua imaginação para customizá-las.
O segredo da caixa está dentro dela, pois conforme o professor vai narrando
a história é retirada as personagens e os elementos que fazem parte da história,
criando um clima de diversão e encantamento para os que ouvem.
Figura 12: Caixa de histórias
Fonte: http://www. Criandoartescomeva.blogspot.com
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2.1.8 Dobradura
A dobradura pode ser um forte instrumento para a contação de histórias. É
uma prática que pode ser realizada pelo professor e, também pelo aluno, pois a arte
da dobradura pode ser feita pelas crianças. Quando isso acontece as crianças se
sentem mais motivadas a também contar as suas próprias histórias, e isso
desenvolve a sua oralidade.
Figura 13: Dobradura
Fonte: http://www. artesanato.culturamix.com
Quando o aluno conta história ele aprende a gostar desse hábito, e quando
seu repertório se encerra ele vai atrás de novas histórias a ser contadas, e é aí que
o hábito da leitura surge naturalmente.
31
Contos de Fadas Figura 14: A magia dos contos de fadas
Fonte:http:// laraunemat.blogspot.com
Uma história de amor
De aventura e de magia
Só tem a ver
Quem já foi criança um dia...
(Era uma vez – Sandy e Junior)
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CAPÍTULO III
CONTOS DE FADAS
3 DEFINIÇÃO
Os contos de fadas, também são conhecidos como contos maravilhosos, são
variações de contos populares com uma magia a mais, onde se tem um motivo para
que tudo se discorra da forma descrita, e através de valentes heróis, com poderes
surreais que vivem em um mundo fantástico, são passados valores e conhecimentos
culturais de geração em geração. “Por lidar com conteúdos da sabedoria popular,
com conteúdos essenciais da condição humana, é que esses contos de fadas são
importantes, perpetuando-se até hoje [...]” (ABRAMOVICH, 1991, p. 120)
Algumas características são próprias dos contos de fada. Nem sempre
possuem fadas em seu enredo, animais falantes são muito mais comuns do que
elas, o herói ou heroína está sempre em busca de uma realização pessoal, e os
obstáculos que eles têm que enfrentar são sempre um ritual de iniciação, como se a
partir dali é que eles vão se tornar heróis.
Os contos de fada existem a milhares de anos, mas nem sempre tiveram essa
magia e encantamento que tem hoje. O bem não costumava vencer o mal, os
cenários descritos não eram coloridos, cheios de coisas que impressionam, cheios
de flores e muito menos belos, as personagens não eram doces, e o final do conto
não era um “Felizes para sempre!”.
Os que eram escritos inicialmente possuíam um enredo assustador,
assombroso, recheado de coisas malignas. Esse enredo foi modificado, pois o olhar
sobre a criança mudou. Conforme pesquisas realizadas durante tantos anos, hoje
podemos compreender o verdadeiro significado de infância, e respeitar as suas
peculiaridades e particularidades.
Para que os contos escritos há muitos anos atrás fossem hoje aceitos pela
sociedade, escritores como os Irmãos Grimm, o francês Charles Perrault e também
Hans Christian Andersen fizeram adaptações de suas obras. Atualmente os
escritores se preocupam com o impacto que seus contos podem produzir nos
pequenos leitores e em como suas histórias podem influenciar na vida deles. Por
esse motivo não encontramos mais contos de fada com temáticas violentas e pouco
33
lúdicas, apesar de que, nos principais contos ainda é possível encontrar vestígios de
um universo assustador que deu início a tudo.
Um dos escritores que se dedicou a fazer adaptações de contos de fadas
famosos foi José Bento Ribeiro Monteiro Lobato, o renomado Monteiro Lobato (18
de abril de 1882 – 4 de julho de 1948), que se preocupo com dois objetivos: levar às
crianças o conhecimento da tradição, e questionar as verdades feitas, os valores e
os não – valores que o passado apresentou e o presente renovou.
Uma de suas adaptações se encontra no livro “Novos Contos de Andersen –
Tradução e adaptação de Monteiro Lobato” (1962, p.15): “A menina dos fósforos”.
Figura 15: Livro Novos Contos de Andersen
Fonte: http//:encantamentosdaliteratura.blogspot.com.br
A menina dos fósforos Isto foi num dêsses países onde a neve cai durante o tempo de inverno – e fazia um horrível frio naquela noite, que era a última noite do ano. Dentro do frio e dentro do escuro da noite a menininha lá seguia, de pés descalços pela cidade deserta. Descalça? Sim. É verdade que saíra de casa com um par de chinelas muito grandes para seus pés, pois tinham sido de sua mãe. Ao atravessar a rua, porém, teve de correr para desviar-se duma carruagem na disparada, e perdeu as chinelas; quando voltou para procurá-las, viu que um moleque havia apanhado um pé, saindo a correr com êle na mão. “Vou fazer um berço desta chinela!” dizia êle. O outro pé não foi possível encontrar – com certeza sumiu enterrado na neve pelas patas dos cavalos. Por isso lá ia a menina de pés nus e já azuis do frio. Era uma vendedeira de fósforos, do tempo em que os fósforos se vendiam soltos e não em caixas; no avental trazia uma porção dêles e na mão um punhadinho. Mas ninguém lhe comprara ainda um só, e lá se ia ela, tiritando de frio, sem um vintém no bôlso. Verdadeiro retrato da miséria, a coitadinha!
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Flocos de neve recobriam seu cabelo cor de ouro, todo cacheado, sem que a menina desse por isso. Em muitas casas a luz do interior saía pelas janelas misturada com um assombroso cheiro de ganso assado – porque era o dia de S. Silvestre, dia em que todos que podem comem um ganso assado. Em certo ponto a menina sentou-se encolhidinha rente a uma parede e cruzou os pés debaixo da saia. Nadas adiantou. Sentiu – os mais enregelados ainda. Como não tivesse vendido nenhum fósforo não se animava a voltar para casa. Sem dinheiro no bôlso estava proibida de aparecer lá. Seu pai com certeza que a surraria – além disso o frio era lá tanto ali. Uma casa velha, de teto esburacado e paredes rachadas por onde o vento entrava zunindo. Suas mãozinhas começaram a perder os movimentos. Teve uma idéia: acender um daqueles fósforos para aquecer os dedos entanguidos. Assim fêz. Riscou um fósforo na parede – chit! Que luz bonita e agradável quentura! O fósforo queimava qual velhinha, com a chama defendida do vento pela sua mão em concha. Que bom! A menina sentia como se estivesse sentada diante dum grande fogão, com ferros para mexer as brasas e uma caixa de lenha ao lado. Tão agradável aquêle calorzinho do fósforo, que ela espichou o pé para que também aproveitasse um pouco – mas nisto a chama foi morrendo e afinal apagou – se. Só ficou em sua mão um toquinho carbonizado. A menina riscou outro fósforo, e à luz dêle a parede da casa a que estava encostada tornou-se transparente como um véu, deixando ver tudo quanto se passava lá dentro. Estava posta uma grande mesa, com toalha alvíssima e prataria e porcelana; no centro, um ganso recheado com maçãs e ameixas, que rescendia um perfume delicioso. De repente o ganso ergueu – se da travessa e, ainda com a faca e o garfo de trinchar espetados no papo, veio na direção dela. Nisto o fósforo apagou – se e tudo desapareceu. A menina riscou outro fósforo, e imediatamente se achou sentada deixada da mais bela árvore de Natal que seus olhos ainda tinham visto nas casas de brinquedos. Mil velinhas ardiam na ponta dos galhos, e os enfeites dependurados pareciam olhar para ela. Mas êsse fósforo também se foi apagando, e à medida que se ia apagando a árvore de Natal ia crescendo, crescendo, e as velinhas subindo até ficarem como estrêlas no céu. Uma delas caiu, traçando um longo risco de luz. - Alguém está morrendo, pensou a menina com idéia em sua avó. A boa velhinha fôra a única pessoa na vida que lhe dera amor, e costumava dizer que quando uma estrêla cai é sinal de que alguém está morrendo e com a alma a ir para o céu. A menina acendeu outro fósforo – e desta vez o que apareceu foi a sua própria vovó, brilhante como um espírito e com o mesmo olhar meigo de sempre. - Vovó! Exclamou ela. Leve – me consigo! Eu sei que a senhora vai sumir – se quando êste fósforo chegar ao fim, como aconteceu com o ganso recheado e a linda árvore de Natal... E para que isso não acontecesse a menina tratou de acender um fósforo atrás do outro, sem esperar que a chama morresse. Era o meio de conservar a vovó perto de si. E os fósforos foram ardendo com luz brilhante como a do dia, e sua vovó nunca lhe pareceu tão bela, nem tão grande. Foi – se chegando, tomou a netinha nos braços e com ela voou, radiante, para as alturas onde não há neve, nem frio mortal, nem fome, nem cuidados – para o céu. Nooutro dia encontraram o corpo da menina entanguido na calçada, com as faces roxas e um sorriso feliz nos lábios. Havia morrido de fome e frio na última noite daquele dezembro. O sol do nôvo ano veio brincar sôbre o pequenino cadáver. Em sua mãozinha rígida estavam ainda os fósforos que não tivera tempo de
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acender. Os passantes olhavam e diziam: “A coitada procurou aquecer – se com os fósforos”, mas ninguém suspeitou as lindas coisas que ela viu, nem o deslumbramento com que começou o ano novo em companhia de sua vovó.
Figura 16: A menina dos fósforos
Fonte: http://espaco-horizontes.blogspot.com.br
3.1 Importância da leitura dos contos de fada no ensino fundamental.
Os contos de fadas são um caminho de descobertas, compreensão do
mundo, desenvolvimento da imaginação e fascínio. É segundo Bettelheim, “o
caminho pelo qual uma criança pensa e experimenta o mundo; por esta razão os
contos de fadas são tão convincentes para elas.”
Os contos partem de problemas bem simples como a pobreza de João e
Maria, a carência afetiva de Cinderela ou o conflito entre a filha e a madrasta em
Branca de Neve, que são encontrados ainda hoje na realidade de muitas crianças.
Com o desenrolar da história, vai mostrando a busca de soluções, e, nessa busca,
aparecem fadas, bruxas malvadas, anões, duendes, e no final o herói ou heroína
conquista o que quer e volta para a realidade. Tudo isso ajuda na construção da
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personalidade, e contribuem para que as crianças entendam melhor o mundo que as
cercam.
Só partindo para o mundo é que o herói dos contos de fada (a criança) pode se encontrar; e fazendo-o, encontrará também o outro com quem será capaz de viver feliz para sempre; isto é, sem nunca mais ter de experimentar a ansiedade de separação. O conto de fadas é orientado para o futuro e guia a criança – em termos que ela pode entender tanto na sua mente inconsciente quanto consciente – a ao abandonar seus desejos de dependência infantil e conseguir uma existência mais satisfatoriamente independente. (BETTELHEIM, 2014, p.19)
Muitas das respostas para as perguntas das crianças sobre o mundo são
baseadas nessa fantasia que elas encontram nos contos de fadas, e isso acontece
porque o enredo das histórias se aproxima mais da forma como elas vêem, e
imaginam o mundo. Para elas as árvores espreguiçam, os animais falam, os
duendes existem, e claro, as bruxas realmente voam com suas vassouras.
Todos são capazes de ficar maravilhados com um belo conto de fadas e se a
apresentação foi significativa, ainda hoje se é capaz de passar horas a fio ouvindo
ou lendo uma boa história. Isso acontece porque os contos de fadas interpretam
questões do dia a dia, tais como os conflitos de poder e de aquisição de valores,
combinando realidade com fantasia.
“Os contos de fadas são tão ricos que têm sido fonte de estudo para
psicanalistas, sociólogos, antropólogos, psicólogos, cada qual dando sua
interpretação e se aprofundando no seu eixo de interesse”. (ABRAMOVICH, 1991,
P.121).
Por meio da contação de contos de fadas as crianças podem aprender sobre
alguns problemas que envolvem o mundo que a rodeia, sobre conflitos que seres
humanos enfrentam e suas soluções. Além disso é uma oportunidade para que a
cultura seja transmitida à criança, construindo assim a sua moralidade. Contribuem
também para a formação dos pequenos em relação a si mesmo e ao mundo que
vive, determinando valores e até mesmo sua personalidade.
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CAPÍTULO lV
A PESQUISA
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia deste Trabalho de Conclusão de Curso consistiu em pesquisa
bibliográfica e questionário de sondagem entregue a 02 (duas) professoras do 1º
ano do ensino fundamental.
O questionário foi preparado com 08 (oito) questões dissertativas referentes
às concepções teóricas e utilização da contação de histórias que norteiam a prática-
pedagógica dos professores.
Participaram dessa pesquisa apenas duas profissionais do sexo feminino,
com mais de 40 anos, sendo que uma delas possui formação no curso de Magistério
e, posteriormente Pedagogia e a outra formação apenas no Magistério. O tempo de
atuação profissional na área entre as participantes da pesquisa é de mais de 15
(quinze) anos.
Quanto ao questionário, a primeira pergunta feita aos professores foi “o que
você entende por contação de histórias”, obteve-se como respostas duas linhas de
raciocínio diferentes. A professora 1 respondeu que “é uma didática que estimula a
leitura, através da imaginação, mas tem que ser bem narrada para que a criança se
concentre durante a história”, já a professora 2 respondeu que “o contador trabalha a
linguagem oral abrindo caminhos para que aprendamos a falar, escrever, ler e
pensar melhor. Ele assume o papel de mediador, estabelecendo uma relação
dialógica com o ouvinte”.
Pode-se perceber que as concepções de contação de histórias são definidas
com raciocínios diferentes entre as participantes da pesquisa, pois no primeiro caso
percebemos que o conceito ilustrado teve o enfoque, principalmente, no estímulo à
leitura e a qualidade da narração. Já no segundo caso, percebemos uma definição
mais ampla, abordando um leque maior de funções que podem ser desempenhadas
através de uma atividade de contação de histórias.
O tempo é um fator importante no planejamento diário do educador. Define as
escolhas, escolhas essas que são pautadas na visão de aprendizagem e de
currículo do educador que intencionalmente elege atividades necessárias para o
aprender e o desenvolver da criança. O que baseiam as escolhas do educador
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pode-se dizer que os princípios, as legislações curriculares, os parâmetros
educacionais nacionais, teorias de aprendizagem e desenvolvimento, desde que
esteja disposto a fazer uma articulação entre teoria e prática.
Quando perguntado aos professores se utilizam a contação de histórias em
suas aulas, as respostas foram afirmativas, sendo que a Professora 1 pautou que
utiliza o conteúdo programado, gerando uma sequência no estudo, já a Professora 2
citou que na maioria das vezes utiliza um apoio de textos escritos.
Através das respostas obtidas, temos a sensação que uma das participantes
aparenta se prender aos métodos pré-programados, demonstrando, como se a
utilização da contação de histórias fosse tratada como apenas uma execução de um
determinado currículo, já o segundo caso percebe-se uma dinâmica maior, não se
prendendo tanto aos conteúdos.
Quando perguntado aos professores com que frequência você conta histórias
em suas aulas, obteve-se como respostas:
“Todos os dias faço a leitura e uma vez por semana há uma contação de histórias”. “Todos os dias, no início das aulas, pois os alunos estão com maior disposição para uma roda de histórias”.
Ao entrevistar os educadores sobre a questão da frequência da contação de
histórias em suas aulas, é comprovada a análise feita na questão anterior,
demonstrando claramente que uma das participantes acaba se prendendo ao
conteúdo programático e citando que realiza “leitura diária” com a classe, deixando a
contação de histórias propriamente dita apenas em um dia da semana. Por outro
lado, percebemos que a outra participante realiza a contação de histórias
diariamente, analisando ainda a forma em que a introdução deste item se faz mais
proveitosa e prazerosa para os alunos.
É evidente que, no mundo atual abrangido de diversas fontes de
entretenimento, um método como a contação de histórias deve ser tratado de uma
forma em que se transforme em um momento de prazer para o aluno, não deixando
que o mesmo se confunda com os currículos obrigatórios de uma rotina de aulas,
pois há uma possibilidade muito maior que a criança desenvolva o interesse à
leitura, que é o objetivo principal da introdução da contação de histórias, quando
este for desenvolvido de uma forma mais atrativa.
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Quando perguntado aos professores quais métodos você aplica, obteve-se
como respostas que são utilizados fantoches, máscaras, modulações de voz e
elementos que possam imitar o acontecido na história.
De uma maneira geral, as duas professoras foram parecidas em suas
respostas, porém uma delas fez chamar atenção pois citou que em seus momentos
de contação de história ela tenta melhorar o interesse da narrativa, com diferentes
tons de voz, sons de eventos que aconteçam na história, como barulho da água,
vento, etc. E ainda disse que é importante estabelecer um contato de olho no olho
com a criança, pois com isso ela consegue conquistar o ouvinte.
A importância de colocar a criança como um co-personagem da história é
fundamental, ela tem que sentir-se dentro da narrativa e esses métodos são
importantíssimos para que esse fator aconteça efetivamente. Contar uma história
sempre com métodos tradicionais acaba virando rotina para a criança, que necessita
de inovações e motivações sempre.
Quando perguntado aos professores se os seus alunos gostam de te ouvir
contar histórias, obteve-se como resposta que sim, porém com duas vertentes:
“Sim, desde que a história tenha sentido e seja uma aula diferente, usando
materiais que façam parte da história.”
“Acredito que sim, pois todos os dias eles querem saber que história teremos, aguardando com prazer.”
Com base nestas complementações às respostas, é interessante notar que
em um caso os alunos demonstram um condicional: somente gostam da história se
houver um diferencial, quando por outro lado os alunos demonstram grande
interesse independentemente dos diferenciais. É bem possível que essa diferença
de comportamentos tem base nos métodos utilizados pelas professoras, onde
percebemos que em um dos casos tal metodologia tem se mostrado mais eficaz.
Quando perguntado aos professores se você acha que a contação de
histórias é um estímulo à leitura, obteve-se uma resposta com a mesma linha de
raciocínio, as participantes responderam que sim e complementaram que a contação
de histórias é um estímulo muito grande e que quanto mais incentivado, maiores
serão os resultados. Citaram ainda que esse estímulo deve ser aplicado na
formação escolar, ou seja, nos anos iniciais.
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O desenvolvimento de hábitos de leitura tem grande influência do professor.
Um docente que não trabalha ou dá pouca importância a este assunto tende a ter
alunos que não desenvolvam o prazer em ler. Na formação da criança, ouvir
histórias é o início da aprendizagem para ser um leitor e em conseqüência disso ser
leitor é ter um caminho de descobertas e compreensão do mundo. Além disso, a
contação de histórias traz outros benefícios como criar, experimentar, estimular a
memória, entre outros benefícios, sendo um bom recurso para o desenvolvimento
infantil, pois é um meio para eles aprenderem conceitos e atitudes de uma forma
diferenciada. (ABRAMOVICH, 1989)
Quando perguntado aos professores se os seus alunos se sentem motivados
a ler um livro após ouvir uma história, obteve-se como resposta sim, com vertentes
complementares interessantes a serem analisadas:
“Sim, porque eles também gostam de contar histórias, mesmo antes de serem
alfabetizados, só com a ilustração eles imaginam e contam histórias”
“Sim, o estímulo à leitura vem a partir de tenra idade e nós, na escola,
complementamos o que já vem sendo feito em anos ateriores de escolaridade
e além de ler com os alunos, levo livros que estou lendo para que eles
assimilem a minha paixão pela leitura”.
Durante a pesquisa com os professores em relação à resposta dessa
pergunta deixa claro uma diferenciação do trato com a leitura, comparando-se as
respostas. Por um lado conta-se com uma situação onde que a leitura é tratada
apenas como mais uma parte integrante do currículo escolar, em contrapartida
percebemos outra situação onde a professora que tenta transmitir aos alunos, além
do conteúdo curricular, um conceito sobre a leitura que vem através do contato, da
troca de experiências, de uma forma em que a criança possa entender que é
importante e prazeroso o ato da leitura.
É importante destacar ainda que o professor é um agente influenciador do
aluno, principalmente quando criança, em seus anos iniciais de escolaridade, onde
as idéias, pensamentos e definições de mundo estão iniciando sua formação. E essa
influência pode ser percebida tanto da vida escolar, quanto na vida pessoal do
aluno.
Quando perguntado aos professores que tipo de intervenções você e seus
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alunos fazem durante a contação de histórias, como, obteve-se duas respostas
diferentes em termos dos métodos utlizados por cada uma das professoras.
“As intervenções vem depois que é contada a história, para que eles não percam a sequência, a coesão e coerência da história e saibam interpretá-la”. “Muitas vezes, ao ler, percebemos palavras ou termos de pouca compreensão aos alunos. Damos uma pausa para troca de informações, enriquecendo, fazendo reflexões, problematizando situações que façam as crianças pensar, fazendo descobertas e construindo aprendizagens”. Com base nas duas respostas, podemos perceber claramente a diferenciação
na metodologia utilizada na contação de histórias e, muito provavelmente, esta
diferenciação deve se expandir para todos os outros conteúdos trabalhados dentro
do currículo. Dentro desta especificidade da leitura, notamos duas formas bem
diferentes de como trabalhar, por um lado um método onde o aluno pode expor suas
idéias e dúvidas após o término da história, voltado para um ensino mais
conservador e de outro lado o aluno participando ativamente da história, tirando
dúvidas, intervindo durante o processo, vivenciando situações e aprendendo com
experiências.
Durante a realização da pesquisa e análise das respostas podemos notar
quantas diferenças há nos métodos de ensino de apenas um tema, podemos
confrontar, em apenas dois questionários, uma diversidade de metodologias e até
formas de pensamento quanto a produção dentro da aprendizagem. Conseguimos
captar características de uma metodologia tradicional de aprendizagem sendo
confrontada com inovações e traços de construtivismo. Com base nas informações
contidas na pesquisa e observando comportamentos das crianças, percebemos
ainda uma eficácia maior quando se tratada no segundo método de ensino.
É extremamente importante também que o Diretor e Coordenador da escola,
apóiem o educador para que o mesmo possa ter condições de trabalho, para que ele
possa criar mais momentos lúdicos dentro do próprio ambiente, e que seja
garantindo também capacitações para aprimorar os seus conhecimentos e seu
currículo.
43
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Após serem analisados os questionários de pesquisa entregue as
professoras, é possível perceber que ambas tem conhecimento sobre a contação de
histórias e aplicam de alguma forma um dos vários métodos em suas classes.
Ambas as professoras deixam esclarecido que contar histórias nessa fase escolar é
essencial na formação da criança, pois o interesse por histórias vem bem antes, e o
professor é quem deve alimentar esse interesse. O ouvir histórias tem grande função
de estimular os alunos a querer ler, pois eles começam a se envolver de tal forma
nesse mundo mágico que começam a se interessar em querer saber o que está
escrito nos livros, e com esse interesse que surge neles, provavelmente muitos fará
da leitura sua paixão.
Mediante pesquisa, podemos notar que as professoras que fizeram parte dela
já possuem uma visão ampla sobre a contação de histórias. Porém, é sempre
possível melhorar. O envolvimento da escola como um todo, principalmente da
coordenação pedagógica, pode ser um instrumento de grande relevância no
desenvolvimento do gosto pela leitura. Quando se trata de estimular e formar
pequenos leitores, não podemos envolver apenas o professor como o agente de
transformação, como o único e exclusivo ser que irá provocar os seus alunos a
lerem. Todo o ambiente escolar influencia nessa motivação e nessa formação de
pequenos leitores. O que se propõe então, é que tanto o professor, com suas
metodologias e recursos, quanto a equipe escolar, no apoio ao trabalho do
professor, e também buscando abrir caminhos para esse mundo da leitura, e
capacitando os seus professores, estejam sempre dispostos a realizar um bom
trabalho em prol da leitura.
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CONCLUSÃO
A contação de histórias é um hábito que está presente na sociedade muito
antes da linguagem escrita e os livros existirem, quando era usada para transferir
conhecimentos, e preservar a cultura e a tradição de diversos povos, de geração em
geração.
Hoje, com a existência de livros de histórias de diversos gêneros, a função da
contação de histórias não mudou muito. Com essas histórias podemos passar aos
alunos valores, ética, direitos, deveres, e assim ajudar na construção da sua
personalidade e moralidade.
A contação de histórias é uma porta que se abre para que o aluno viaje na
história. Invente e reinvente um mundo que só ele pode criar, imaginar
características próprias de personagens, de lugares, como a floresta pela qual a
Chapeuzinho Vermelho passa e até de ambientes internos, como a casa de doces
de João e Maria. Neste mundo de faz de conta, quem manda é a imaginação
daquele que o cria.
O professor tem por dever levar o seu aluno à este mundo do faz de conta,
proporcionar momentos para que sua imaginação possa fluir sem medo, e assim
entrar de cabeça na história que lhe é contada.
Para que esta tarefa possa ser realizada com sucesso, o professor, que
assumirá o papel de contador de histórias, deve também entrar neste mundo, curtir
cada palavra que sair da sua boca para contar o que vai acontecer, usar das
modalidades da voz para ajudar o seu aluno a imaginar cada personagem, e utilizar
de recursos visuais, como aqueles citados no presente trabalho: fantoches, painéis,
aventais, etc., para motivar o seu aluno a prestar atenção em cada detalhe da
história.
O professor deve também estar preparado para repetir uma mesma história
inúmeras vezes, quantas lhe for solicitado. Pois é nessas repetições que o aluno
pode observar detalhes ainda não notados, recriar aquilo que ele já criou outras
vezes, e também sentir de novo as emoções sentidas anteriormente, e ele é capaz
de fazer tudo isso como se fosse pela primeira vez.
Quando o professor vai contar a história, sem a ajuda do livro, é importante
que ele mostre o livro, que ele apresente a fonte da história, para que o seu aluno
ouvinte, perceba que é dos livros que surge tudo aquilo que lhe encanta, e assim,
45
posteriormente, buscar por incentivo próprio livros para ler, ler com prazer e sem
obrigatoriedade.
A leitura na sociedade existente hoje é algo imprescindível. Não há como
viver sem estar conectado à este mundo letrado, ao mundo das palavras. Temos
que ler para nos informar, para informar alguém sobre algo, ler para buscar novos
conhecimentos, ler para poder comprar algo, ler para ser alguém, ler para se divertir,
ler para descansar, ler para fugir dos problemas, ou ler para soluciona-los.
Sendo assim, a escola, por meio do professor, é o principal agente nessa
construção do ler por prazer. Afinal, não podemos nos restringir apenas às leituras
obrigatórias, já que esta pode nos servir de lazer. E é com isso que o educador deve
se preocupar. Ao formar pequenos leitores, o professor deve mostrar que a leitura é
um caminho incrível, pelo qual pode-se passar sem medo de chegar ao fim e ter que
retoma-lo para cumprir com tarefas e obrigações.
46
REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e bobices. 2 ed.São Paulo: Scipione, 1991.. BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 1 ed. São Paulo: Cultrix, 1977. BARCELLOS, G. M. F.; NEVES, I. C. B. A Hora do Conto: da Fantasia ao Prazer de Ler. Porto Alegre: Sagra-Luzzatto, 1995. BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2004. BORGES, Ana Gabriela Simões (org.). Leitura: o mundo além das palavras. Curitiba: Instituto RC, 2010. BUSATTO, Cléo. Contar e encantar: pequenos segredos da narrativa. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. COELHO, Betty. Contar historia: uma arte sem idade. 10 ed. São Paulo: Ática, 2008. OLIVEIRA, Cleonice Maria Cruz de. Da leitura intensiva apresentada por Roger Chartier à leitura de memória defendida por Telma Weisz. Ano I, n. 1. Jussara,
GO: UEG, 2008. SILVA, Ezequiel Theodoro da. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma
nova pedagogia da leitura. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2005. TEBEROSKY, Ana. E COLOMER, Teresa.Aprender a ler e a escrever: uma
proposta construtiva. Porto Alegre: Artmed, 2003. ZILBERMAN, Regina. Literatura Infantil na escola. 6 ed. São Paulo: Global, 1987
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APENDICE A
QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES
Idade:
Formação:
Tempo de carreira:
1. O que você entende por contação de histórias?
2. Você utiliza a contação de histórias em suas aulas?
3. Com que freqüência você conta histórias em suas aulas?
4. Quais métodos você aplica?
5. Os seus alunos gostam de te ouvir contar histórias?
6. Você acredita que a contação de histórias é um estimulo a leitura?
7. Os seus alunos se sentem motivados a ler um livro após ouvir uma história?
8. Que tipo de intervenções você e seus alunos fazem durante a contação de
histórias?