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MARCOS MATOS DA SILVA A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL DE ADOLESCENTES Rio de Janeiro 2009

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA · PDF fileinfluência da Educação Física através da Educação Psicomotora na formação do Adolescente em idade escolar ... coerência na

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MARCOS MATOS DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE

NA CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL DE

ADOLESCENTES

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE

NA CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL

DE ADOLESCENTES

Monografia apresentada à banca examinadora da Universidade Candido Mendes, como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-graduação “Lato Sensu” em Psicomotricidade.

Professora Orientadora: Fabiane Muniz

Rio de Janeiro 2009

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RESUMO

Este estudo expõe como primeiro tópico o conceito de

psicomotricidade, como sendo o relacionar-se através da

ação, como um meio de tomada de consciência que une o

ser corpo, o ser mente, o ser espírito, o ser natureza e o

ser sociedade. Em seguida fala da importância da

conscientização corporal para o adolescente, inclusive na

perspectiva da Educação Física através da visão de vários

autores. Logo após, tratamos o adolescente com um ser

inacabado que precisa relacionar-se com o meio externo

para se desenvolver. Como tópico final, abordamos sobre a

influência da Educação Física através da Educação

Psicomotora na formação do Adolescente em idade escolar

tratando sobre as várias possibilidades que pode ser

trabalhado o esporte.

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METODOLOGIA

Foi utilizada para a execução deste trabalho, uma

pesquisa de fundo bibliográfico, de onde foram coletados e

filtrados dados relevantes do tema tratado. Os fins da

pesquisa foram investigados e descritos, com o propósito

de demonstrar a Importância da Psicomotricidade na

Conscientização Corporal do Adolescente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

A Psicomotricidade

CAPÍTULO II

A Importância da Conscientização Corporal

CAPÍTULO III

Adolescente, um Ser em Construção

CAPÍTULO IV

A Educação Física através da Educação Psicomotora na

formação do Adolescente em idade escolar

Conclusão

Bibliografia

Índice

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INTRODUÇÃO

Esse estudo vai procurar através da visão de vários autores mostrar que

a psicomotricidade é de total relevância no período da adolescência e que

somente devido a ela, esse período de construção do indivíduo será oportuno

para se trabalhar a conscientização corporal para que haja um

desenvolvimento com qualidade e para toda a vida.

Tendo em vista a diferença de desenvolvimento Psicomotor que é

apresentada nos dias de hoje pelos adolescentes,faz-se necessário um estudo

mais específico sobre esse assunto. Essa fase é uma das mais importantes

para qualquer indivíduo porque nela é que deverão ser consolidadas muitas

experiências já vividas.

Compreendendo o ser humano como um ser inacabado, sabemos que a

cada momento novas informações são recebidas e processadas, mas alguns

possuem certa dificuldade em compreender “o novo” e isso pode ser por causa

do ambiente onde está se desenvolvendo, pela pouca liberdade dada pelos

responsáveis para que o indivíduo vivencie novas experiências, pelo bloqueio

que tem em se relacionar com outras pessoas ou por outras questões que

serão abordados nesse texto. Esse último aspecto é muito importante para o

desenvolvimento e que deve ser muito bem trabalhado, pois se ele não se

relaciona, não há nenhuma “troca” de informações, contato com o outro e a

afetividade fica comprometida a ponto daquele indivíduo se retrair e ter sérias

complicações na sua vida, mais específico na coordenação motora,

lateralidade, equilíbrio e outras, ou seja, ele perde a oportunidade de vivenciar

as inúmeras possibilidades que seu corpo tem de se movimentar, uma vez que

não o conhece e sendo assim até mesmo as atividades consideradas mais

simples pela maioria das pessoas, serão complicadas para ele.

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CAPÍTULO I

A PSICOMOTRICIDADE

1.1 O que é Psicomotricidade?

A psicomotricidade, nos seus primórdios, compreendia o corpo

nos seus aspectos neurofisiológicos, anatômicos e locomotores, coordenando-

se e sincronizando-se no espaço e no tempo, para emitir e receber

significados. Hoje, a psicomotricidade é o relacionar-se através da ação, como

um meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser

espírito, o ser natureza e o ser sociedade. A psicomotricidade está associada à

afetividade e à personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para

demonstrar o que sente, e uma pessoa com problemas motores passa a

apresentar problemas de expressão. A psicomotricidade conquistou, assim,

uma expressão significativa, já que se traduz em solidariedade profunda e

original entre o pensamento e a atividade motora. Vítor da Fonseca (1988)

comenta que a psicomotricidade é atualmente concebida como a integração

superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o

meio. É um instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e

se materializa.

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1.1.a Conceitos de Psicomotricidade

Diversos autores apresentam conceitos relacionados à

psicomotricidade. Para Pierre Vayer (1986), a educação psicomotora é uma

ação pedagógica e psicológica que utiliza os meios da educação física com o

fim de normalizar ou melhorar o comportamento da criança.

Segundo Jean Claude Coste (1978), é a ciência encruzilhada, onde se

cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos,

psicanalísticos, sociológicos e lingüísticos.

Para Jean de Ajuriaguerra (1970), é a ciência do pensamento através do

corpo preciso, econômico e harmonioso.

E Sidirley de Jesus Barreto (2000) afirma que é a integração do

indivíduo, utilizando para isso, o movimento e levando em consideração os

aspectos relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É a educação pelo

movimento consciente, visando melhorar a eficiência e diminuir o gasto

energético.

1.1.b Educação do movimento

Mesmo em meio a tantos conceitos, pode-se dizer que existe uma

coerência na ciência. No momento em que a psicomotricidade educa o

movimento, ela ao mesmo tempo coloca em jogo as funções da inteligência. A

partir dessa posição, observa-se a relação profunda das funções motoras

cognitivas e que, também pela afetividade, encaminha o movimento.

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Fonseca (1988) comenta que “O movimento humano é construído em

função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o

movimento transforma-se em comportamento significante”. O movimento é a

parte mais ampla e significativa do comportamento do ser humano. É obtido

através de três fatores básicos: os músculos, a emoção e os nervos, formados

por um sistema de sinalizações que lhes permite atuar de forma coordenada. O

cérebro e a medula espinhal enviam aos músculos pelos seus mecanismos

cerebrais ordens para o controle da contínua atividade de movimento com

específica finalidade e dentro das condições ambientais. Essas ordens sofrem

as influências do meio e do estado emocional do ser humano (BARROS;

NEDIALCOVA, 1999).

A unidade básica do movimento, que abrange a capacidade de equilíbrio

e assegura as posições estáticas, são as estruturas psicomotoras.

As estruturas psicomotoras definidas como básicas são: locomoção,

manipulação e tônus corporal, que interagem com a organização espaço-

temporal, as coordenações finas e amplas, coordenação óculo-segmentar, o

equilíbrio, a lateralidade, o ritmo e o relaxamento. Elas são traduzidas pelos

esquemas posturais e de movimentos como: andar, correr, saltar, lançar, rolar,

rastejar, engatinhar, trepar e outras consideradas superiores, como estender,

elevar, abaixar, flexionar, rolar, oscilar, suspender, inclinar, e outros

movimentos que se relacionam com os movimentos da cabeça, pescoço, mão

e pé. Esses movimentos são conhecidos na educação física como movimentos

naturais e espontâneos da criança. Baseiam-se nos diversos estágios do

desenvolvimento psicomotor, assumindo características qualitativas e

quantitativas diversas (BARROS, 1972).

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O movimento refere-se, geralmente, ao deslocamento do corpo como

um todo ou dos membros, produzindo como uma conseqüência do padrão

espacial e temporal da contração muscular. Movimento é o deslocamento de

qualquer objeto e na psicomotricidade o importante não é o movimento do

corpo como o de qualquer outro objeto, mas a ação corporal em si, a unidade

biopsicomotora em ação.

Os movimentos podem ser voluntários ou involuntários. Movimentos

involuntários são atos reflexos, comandados pela substância cinzenta da

medula, antes de os impulsos nervosos chegarem ao cérebro. Os movimentos

involuntários são os elementares inatos e adquiridos. Os inatos são aqueles

com os quais nascemos e são representados pelos reflexos, que são respostas

caracterizadas pela invariabilidade qualitativa de sua produção e execução.

Movimentos e expressões involuntárias, muitas vezes, estão presentes

em determinadas ações sem que o executante os perceba. Esses movimentos

são desencadeados e manifestados pelo corpo no momento em que realiza

determinados atos voluntários.

Os automatismos adquiridos são os reflexos condicionados, que

ocorrem devido à aprendizagem e que formam os hábitos, os quais, quando

bons, poupam tempo e esforço, porém, se exagerados, eliminam a criatividade.

Os hábitos podem ser passivos (adaptação biológica ao seu

ecossistema) ou ativos (comer, andar, tocar instrumentos). Os reflexos

condicionados são produzidos desde as primeiras semanas de vida. Esses

reflexos condicionados geralmente começam como atividade voluntária e,

depois de aprendidos, são mecanizados.

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Para a execução do ato voluntário exige-se certo grau de consciência e

de reflexão sobre finalidades, entretanto, a maior parte dos atos executados na

vida diária é relativamente automática. Para a atividade voluntária cotidiana, faz

parte uma série de reflexos automáticos e instintivos os quais, na prática, não

podem ser bem diferenciados. A freqüente repetição de atitudes voluntárias

acaba por transformar-se em atos automáticos.

1.2 Psicomotricidade e Afetividade

Associada à psicomotricidade, está a afetividade. A criança utiliza

seu corpo para demonstrar o que sente. Desde o nascimento, a criança passa

por diferentes fases nas quais adquire conhecimentos e passa por diversas

experiências até então chegar a sua vida adulta. As primeiras reações afetivas

da criança envolvem a satisfação de suas necessidades e o equilíbrio

fisiológico.

Segundo Lapierre e Aucouturier (1984), “Durante o seu

desenvolvimento, aparecem os fantasmas corporais que limitam suas

expressões devido à falta de contato corporal dos pais com os filhos. A

afetividade é indispensável para o desenvolvimento da criança e ao equilíbrio

psicossomático”. Como esse contato corporal tende a diminuir com o passar do

tempo, cria-se um grande problema para o desenvolvimento do indivíduo.

É recomendado aos pais que mantenham o contato corporal através do

toque durante toda vida (CHICON, 1999), pois isso certamente levará a uma

evolução psicomotora e cognitiva da criança. É necessário que toda criança

passe por todas as etapas em seu desenvolvimento.

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Henri Wallon (1971) diz que o movimento humano surge das emoções,

que a criança é pura emoção durante uma longa fase de sua vida.

A afetividade compreende o estado de ânimo ou humor, os sentimentos,

as emoções, as paixões, e reflete sempre a capacidade de experimentar

sentimentos e emoções. É ela quem determina a atitude geral da pessoa diante

de qualquer experiência vivencial, perceber os fatos de maneira agradável ou

sofrível, confere uma disposição indiferente ou entusiasmada e determina

sentimentos que oscilam entre dois pólos, a depressão e a euforia. O modo de

relação do indivíduo com a vida se dá através da tonalidade e de ânimo em

que a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou indiretamente, a

afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e sobre toda a

conduta do indivíduo.

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CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DA CONSCIENTIZAÇÃO

CORPORAL

Neste capítulo abordaremos sobre a importância de se conhecer o

próprio corpo, para tal deve-se ter uma noção da “imagem corporal” e do

“esquema corporal”, passando a ser bastante relevante a prática de atividade

física, pois juntos sendo bem trabalhados trarão grandes benefícios para o

desenvolvimento do indivíduo por toda a sua vida fazendo parte desse

processo.

2.1 A evolução das idéias sobre a noção de “Esquema

Corporal”:

O corpo, matéria corruptível, foi muitas vezes posto em segundo plano

nas preocupações de estudo dos fisiologistas e dos psicólogos. Ele interessou

apenas nos aspectos descritivos, independentemente da designação

antropológica do homem ser fundamentalmente corpo. Desde Aristóteles,

passando pelo cristianismo, o corpo é considerado objeto do homem e justifica-

o na sua existência. Só depois de Descartes, nos habituamos a separar um

corpo assimilado a um objeto, (porque ele constitui um fragmento do espaço

visível e mensurável) de um EU, ”sujeito conhecedor”, reduzido ao pensamento

consciente.

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Alguns autores começaram por relacionar o conhecimento do corpo em

função das experiências passadas, experiências essas tanto visuais, táteis e

quinestésicas, como vestibulares, que se agrupam em síntese num modelo

plástico cuja sede se situa no córtex parietal.

A noção de esquema corporal traduz um processo psicofisiológico que

tem origem nos dados sensoriais, que são enviados e fornecidos pelas

estruturas motoras, resultante do movimento realizado pelo sujeito.

Como defende Schilder, a noção não se encontra unicamente

dependente da atividade motora, também se encontra relacionada com os

aspectos emocionais e com as necessidades biológicas.

A corporalidade encarada na sua totalidade aparece imediatamente,

como a abertura ao mundo. O corpo é o eixo de percepção existencial, é o

agente do sujeito na percepção do mundo que o envolve. “Dois seres humanos

em diálogo, não são mais do que dois corpos em comunicação. O corpo

escolhe a palavra, existe como expressão verbal para o outro e pelo outro.”

(Sartre)

2.2 Gênese da noção do Corpo:

A elaboração da noção do corpo estrutura-se nas suas linhas gerais ao

longo da infância, e, projeta-se numa permanente evolução dialética

inacabada, durante toda a existência do indivíduo.

A importância do “outro” no desenvolvimento da noção do corpo é

fundamental. Preyer e Baldwin (1887) são concordantes quando defendem

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que a consciência de si, se constrói pouco a pouco, e elabora-se

posteriormente à consciência do outro. O “tu” é primeiro que o “eu”. A ação do

indivíduo é antes a ação do outro, ambas são vividas como atitudes inerentes a

uma mesma totalidade.

A gênese da noção do corpo reflete uma multiplicidade de aspectos que

lhe dão uma complexidade, cujo esclarecimento não pode ser atingido por

aproximações reducionistas e formalizadas.

Desde os fenômenos emocionais, em que o corpo é simultaneamente

receptor e emissor, até a criação dos afetos, após o rompimento do bloqueio

espacial inicial e da imposição bio-rítmica, o corpo nunca perde a sua

dimensão expressiva e fundamentalmente criativa e personalística.

A consciência do corpo sofre evolução paralela à evolução da aquisição

do espaço, ambas se encontram abertas uma na outra, conceber uma sem a

outra, é cair numa justaposição superficial. Não há espaço sem corpo, assim

como não há corpo que não seja espaço e que não ocupe um espaço. O corpo

é o meio pelo qual o corpo pode mover-se. O corpo (aqui) é ponto em torno do

qual se organiza o espaço exterior (ali).

2.3 A Consciência Corporal na Perspectiva da Educação

Física:

A Educação Física influenciada pelo paradigma cartesiano, que domina

tanto a ciência como a Educação nestes últimos séculos, teve e tem, em sua

caminhada, especialmente nas duas últimas décadas, movimentos e

momentos que caracterizam sua evolução.

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Surgiram nesse período, renomados teóricos, divulgando seus trabalhos,

que, com certeza trouxeram contribuições para esta área.

Entre esses estudiosos podemos citar, à partir da década de 1970, a

contribuição do francês Jean Le Boulch, com a teoria da Psicocinética; na

década de 1980, do português Manuel Sérgio, com a teoria da Motricidade

Humana, entre outros. No Brasil, e de forma mais densa, a partir dos anos

1990, e com ênfase maior na Educação Física Escolar, surgem obras que terão

grande valor para o desenvolvimento da área.

Embora alguns avanços tenham sido conquistados na Educação Física,

muitas pesquisas realizadas no cotidiano escolar ainda revelam uma

predominância de uma Educação Física Tradicional na qual as práticas

pedagógicas se reduzem exclusivamente ao ensino de técnicas e regras

desportivas predeterminadas através de metodologias diretivas. Nesta

perspectiva, o aluno é tratado como um mero repetidor ( autômato, robô) de

habilidades, consideradas importantes ou não pelo professor, que neste caso

tem total autoridade no processo de ensino-aprendizagem.Com certeza esta

Educação Física não serve mais.

A maioria dos professores de Educação Física percebe a necessidade

de encarar a Educação Física numa perspectiva mais abrangente,

especialmente no que diz respeito ao tratamento dado ao aluno, que não pode

ser considerado como sujeito-objeto, mas sim, um sujeito-próprio, que possui

uma identidade, capacidades e limitações e, principalmente, dotado de

intencionalidade. Um ser capaz de sentir, pensar e agir, nas palavras de

Gonçalves (1994)

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Moreira (1995b: 101) propõe para a Educação Física uma visão de

valores, em que: “O corpo-objeto da Educação Física ceda lugar para o corpo-

sujeito da Educação Motora; o ato mecânico no trabalho corporal da Educação

Física ceda lugar para o ato da corporeidade consciente da Educação Motora:

a busca frenética do rendimento da Educação Física ceda lugar para a prática

prazerosa e lúdica da Educação Motora; a participação elitista que reduz o

número de envolvidos nas atividades esportivas da Educação Física ceda lugar

a um esporte participativo com grande número de seres humanos festejando e

se comunicando na Educação Motora; o ritmo padronizado e uníssono da

prática de atividades físicas na Educação Física ceda lugar ao respeito ao ritmo

próprio executado pelos participantes da Educação Motora.”

E é exatamente pensando neste aluno (sujeito-próprio) que devemos

reformular diversas questões do processo ensino-aprendizagem na Educação

Física. Uma das alternativas propostas, ou melhor, investigadas neste trabalho,

é tentar dar maior autonomia aos alunos nas práticas motoras. Este processo

estará sendo favorecido pela tomada de consciência. Consciência esta que é

corporal,portanto, propõe trabalhar nas aulas de Educação Física a consciência

corporal.

Certamente este é um tema bastante amplo e que “invade” diversas

áreas e diferentes perspectivas. Por isso nos delimitaremos aos seguintes

objetivos:

a) Apresentar a abordagem Filosófica da Consciência Corporal;

b) Relacionar Consciência Corporal com a Educação Física.

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2.4 Abordagem Filosófica da Consciência Corporal

A Educação Física, em busca de uma identificação como área de

conhecimento, esteve e ainda está muito vinculada à área biológica. A

dimensão do movimento humano, ou do corpo humano, dentro de uma visão

unitária de homem é bem maior. Portanto, ao tratar do tema Consciência

Corporal, houve a necessidade de visualizar também esta abordagem.

Alguns autores, como Moreira, Freire, Medina, Gonçalves e outros

exprimem em suas obras a necessidade de essa área, que é do corpo em

movimento, incorporar e buscar subsídios além das áreas biológicas

(anatomia, fisiologia, cinesiologia e, mais recentemente, na psicologia), e

acreditam que também a filosofia possa trazer contribuições para a Educação

Física, especialmente no que diz respeito à concepção de corpo.

Conforme Moreira (1995:22), ”olhar sensivelmente os corpos que

passam pela aula de Educação Motora é ir buscar não mais a disciplina, mas a

consciência corporal, mesmo porque o ato de conhecer não é mental; ele é,

antes de tudo, corpóreo.”.

Para Oliver (1995), todo conhecimento inclusive o de si mesmo passa

pelo corpo. Merleau Ponty, apud Oliver (1995:72), escreve que: “ O homem é

um ser encarnado: é consciente de ter um corpo e todos os seus atos de

autoconsciência são filtrados através do corpo”. Este mesmo autor, ao abordar

a relação consciência e corpo, afirma: “... toda consciência é consciência

perceptiva, mesmo a consciência de nós mesmos” (p.73)

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Castellani, apud Oliver (1995:22), conceitua consciência corporal como:

“sua compreensão a respeito dos signos tatuados em seu corpo pelos

aspectos socioculturais de momentos históricos determinados. É fazê-lo

sabedor de que seu corpo sempre estará expressando o discurso hegemônico

de uma época e que a compreensão do significado desse’discurso’, bem como

de seus determinantes, é condição para que ele possa vir a participar do

processo de construção de seu tempo e, por conseguinte, da elaboração dos

signos a serem gravados em seu corpo”.

Olivier (1995) entende que a consciência do corpo, em seus

determinantes psicológicos, sócio-históricos, biológicos os quais não são

distintos e nem distinguíveis na práxis humana, é condição fundamental à

liberdade.

A visão que Régis de Moraes (1992) nos passa sobre consciência

corporal é um tanto quanto diferente daquela que nós já nos reportamos. Este

autor, primeiro diferencia o corpo delineado em laboratórios em suas estruturas

anatômicas e fisiológicas (necessário para estudos objetivos) dos corpos que

somos e vivenciamos no complexo horizonte da existencialização. Após,

demonstra as duas facetas do corpo, ou seja, corpo-problema (desafio na

condição de sujeito cognoscente, possível de equacionamento, e eventual

solução); e corpo-mistério (envolve, carrega o mistério da vida que escapa aos

argumentos médicos). Ambos abrangem o corpo do homem. A seguir, o autor

demonstra o dualismo que distingue o corpo da consciência, o organismo físico

da alma. Já nesta visão, ele associa a consciência à inteligência que

obviamente não se resume no córtex cerebral.

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Discordando da posição dualista, embora ciente de que nossa

linguagem não possui argumentos que expliquem a unidade do homem, o autor

coloca que somos (e não temos) um corpo. Somos um corpo como forma de

presença mais apropriadamente vinculada ao nosso comportamento, torna-se

inverídica ou, no mínimo inacessível no vivente a dicotomia consciência e

corpo.

“Veremos que o corpo é consciente e, por isso, devemos falar em

corpo/consciência; afinal, já não é lícito reduzirmos a noção de consciência à

de raciocínio, uma vez que o corpo apresenta claramente uma consciência e

uma sabedoria que não precisam de raciocínios. Inexiste qualquer atitude

humana que seja puramente interior ou da subjetividade puramente pensante;

toda atitude do ser humano é atitude corporal. Podemos dizer que, mediante

nossas reações neuromusculares, é que nos damos conta (pensamento) de

nossos conteúdos pessoais até aqui chamados “interioridade”. Depressão,

angústia, medo, como também euforia, otimismo e tranqüilidade, são todos

esses sentimentos detonados na estrutura corporal e então captados por nossa

interioridade.” (Régis de Moraes, 1992:79)

Para fazer a relação de consciência corporal do ponto de vista filosófico

com a Educação Física, retomaremos as palavras de Olivier (1995) “A

consciência do corpo, em seus determinantes psicológicos, sociológicos, sócio-

históricos, biológicos os quais não são distintos e nem distinguíveis na práxis

humana é condição fundamental à liberdade”.

Podemos através do assunto abordado, fazer algumas reflexões muito

importantes:

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Do ponto de vista da Educação Psicomotora, os conceitos de Esquema

Corporal e Imagem Corporal deixam muito a desejar se tomarmos estes como

sinônimos de Consciência Corporal. Mas se os estendermos como parte do

processo, eles são extremamente importantes. Esses ”conteúdos” (da

psicomotricidade) são indispensáveis ao processo de desenvolvimento da

criança e a Educação Física, dentro de uma nova perspectiva, poderá

contribuir para o desenvolvimento dos mesmos.

A Consciência Corporal, de um ponto de vista mais abrangente, não se

resume em conhecer, ou mesmo “dominar” o próprio corpo, mas ter a

consciência de que “ somos um corpo” e que toda a atitude do ser humano é

corporal.

Portanto, para dar maior autonomia às práticas motoras, através do

estímulo à Consciência Corporal, acreditamos que, ao encarar a Educação

Física dentro de uma nova perspectiva em que o aluno é tratado como ser-

sujeito e não como “objeto”, ou melhor, um ser que pensa, sente e age, com

certeza estaremos respeitando-o como ser humano, portanto, ser livre.

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CAPÍTULO III

ADOLESCENTE, UM SER EM CONSTRUÇÃO

Durante toda vida, o ser humano passa por um processo de

aprendizagem, reciclagem e momentos de decisões nos mais diferentes

âmbitos, mas é na adolescência que essas mudanças se tornam mais forte,

pois nesse momento deverão ser tomadas atitudes que serão muito

importantes durante toda a vida.

Adolescência, momento da vida onde se pode sentir tormentos e fortes

emoções bem como freqüentes confrontos entre as gerações jovens e a dos

adultos.

As mudanças físicas aparecem a partir dos dez ou onze anos nas

mulheres e um pouco depois nos homens. Devido à velocidade da

transformação do corpo, muitos adolescentes estão preocupados por

sua aparência e precisam ser tranqüilizados.

Todo este crescimento utiliza grande quantidade de energia, o qual

poderia ter a ver com a necessidade que têm de dormir mais. O levantar-se

tarde dos adolescentes irrita aos pais, mas não é produto da preguiça

de seus filhos, senão de causas hormonais e físicas.

É importante ter em conta que cada sujeito se desenvolve a um ritmo

diferente.

Além do rápido desenvolvimento físico, produzem-se grandes mudanças

emocionais que ainda que sejam positivas, às vezes podem ser confusas e

incômodas para os adultos e para o próprio sujeito.

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Para construir uma nova forma de ser no mundo atual, os

adolescentes devem sair de suas casas.

O grupo de amigos é o mais importante neste momento da vida, e é o lugar

onde eles vão construir sua nova subjetividade. Os pais se fazem menos

imprescindíveis.

Os jovens passam muito tempo se falando por telefone, à frente do

computador, escutando música ou fora de casa, o que irrita aos pais e produz

conflitos.

Os conflitos e discussões, ainda que sejam freqüentes, não têm a ver

com a personalidade dos pais nem com a deles. Não é que não nos apreciem

ou não nos queiram mais, senão que está relacionado com a

necessidade dos adolescentes de se tornarem independentes e

construírem seu próprio projeto de vida.

Ao mesmo tempo em que se esforçam para serem mais independentes,

tentam novos caminhos; mas os enfrentam com dificuldades, costumam

enfurecer-se, ficar mal humorados e perder a confiança em si mesmos;

o que os leva a refugiar-se em suas famílias.

BARROS (1993) Diz que os problemas mais freqüentes que podem

atravessar os adolescentes são:

3.1 PROBLEMAS EMOCIONAIS

Que adolescente não se sentiu tão triste que chorou e desejou se afastar

de tudo e de todos; pensando que a vida não vale a pena.

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Estes sentimentos podem dar lugar a um estado depressivo que pode

esconder-se sob excessos alimentícios, problemas para dormir e preocupações

excessivas sobre sua aparência física. Também podem expressar-se estes

transtornos em forma de medos ou ataques de pânico.

3.2 PROBLEMAS DE CONDUTA

Por um lado os adolescentes desejam que seus pais sejam claros e lhes

forneçam limites precisos, mas quando isto se realiza, eles sentem que lhe

tiram a liberdade e não lhe permitem tomar suas próprias decisões.

Produzem-se desacordos e muitas vezes os pais perdem o controle não

sabendo o que está passando com seus filhos, nem onde estão.

Portanto, é importante que os pais perguntem e conheçam onde seus filhos

freqüentam com quem estão e aonde vão. E os filhos informem a seus pais.

3.3 PROBLEMAS ESCOLARES

Muitas vezes os adolescentes recusam ir à escola, expressando assim

uma dificuldade em separar-se de seus pais. Isto se pode expressar

em forma de dores "de cabeça" ou "estômago”.

Outros problemas pode ser a dificuldade de integração ao grupo de

pares ou conflitos com algum aluno, pode estar sendo acossado por

algum colega. Todas estas situações podem fazer com que ir ao

colégio se converta numa experiência solitária e ameaçadora.

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Outros problemas podem estar associados a estados depressivos, ansiosos e

à falta de confiança em si mesmo para encarar os desafios da

aprendizagem escolar e o de fazer amigos.

Estes problemas emocionais afetam ao rendimento escolar, pois é difícil

concentrar-se na tarefa quando se está preocupado consigo mesmo, com os

problemas familiares ou com as amizades.

3.4 PROBLEMAS DE RELACIONAMENTO

Às vezes os adolescentes são tímidos e estão preocupados com seu

físico e isto leva a que não façam perguntas a respeito do sexo a seus pais. Em

outras oportunidades podem receber informação errônea de seus amigos e

parceiros.

Em outras ocasiões, pode ocorrer que suas experiências sexuais sejam

realizadas em situações de risco de gravidezes não desejadas ou de

possíveis contágios de doenças sexualmente transmissíveis.

A atividade de situações de risco pode indicar problemas emocionais

ou refletir uma necessidade de viver ao limite.

Para prevenir tais problemas sexuais é importante que os pais,

docentes, médicos de cabeceira ou centros de orientação familiar, ofereçam

aos nossos jovens a adequada informação e orientação sexual.

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3.5 PROBLEMAS DE ALIMENTAÇÃO

Podem sofrer de anorexia ou bulimia nervosa. Com respeito à

primeira doença, o adolescente se nega a comer e se vê com

sobrepeso ainda que realmente esteja muito magro.

Com respeito à bulimia podem ter sobrepeso ou não, mas eles

canalizam seus problemas através da ingestão inadequada de alimentos, isto

os deprime e faz com que desejem superar este estado de ânimo

através da comida produzindo-se um círculo vicioso difícil de controlar

se não passam por algum tratamento.

. 3.5.a Hábitos alimentares na adolescência

O período da adolescência é caracterizado por crescimento físico e

desenvolvimento rápidos, com aumento da necessidade de nutrientes.

Além destas, características como a crescente independência,

alterações psicológicas, busca de autonomia, definição da própria identidade,

influência de amigos, demandas escolares e de trabalho, pressões e

modificação das preferências alimentares, rebeldia contra os padrões familiares

fazem deste um grupo de risco nutricional. Devemos também considerar os

fatores de risco para a saúde do adolescente, como o tabagismo, uso de

álcool, sedentarismo, excesso de esportes, uso de drogas, hábito de fazer

dieta, problemas familiares, como separação ou morte dos pais, gravidez e

comportamento alimentar inadequado.

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A preocupação, neste período, com a prevenção da saúde relacionada a estes

fatores de risco praticamente não existe, devido ao senso de invencibilidade e

indestrutibilidade do adolescente.

A supervalorização da imagem corporal e a preferência da nossa

sociedade por mulheres magras podem resultar em padrões alimentares

restritivos e ingestão inadequada de nutrientes e energia. A busca frenética por

padrões de beleza e imagens idealizadas, reforçada pela mídia, pode

desencadear transtornos alimentares.

Algumas patologias que antes só se manifestavam em adultos ou idosos

vêm sendo encontradas em adolescentes, como o diabetes do tipo II, doenças

cardiovasculares, osteoporose e outras. Isto ocorre, principalmente, por causa

da alimentação e do estilo de vida inadequados. Estas doenças podem ser

prevenidas precocemente, se houver intervenção dos profissionais de saúde

junto aos grupos de risco. (FONSECA,1998)

Portanto, é importante que os adolescentes, especialmente aqueles com

risco nutricional, sejam acompanhados e orientados para modificação dos

hábitos alimentares e estilo de vida.

3.5.b Comportamento alimentar dos adolescentes

A formação dos hábitos alimentares é influenciada por uma série de

fatores: fisiológicos, psicológicos, socioculturais e econômicos.

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A aquisição dos hábitos ocorre à medida que a criança cresce, até o momento

em que a própria escolherá os alimentos que farão parte da sua dieta. Quando

pequena, seu universo se restringe, geralmente, aos pais e cabe a eles

determinar que alimentos lhes serão ofertados.

À medida que a criança passa a freqüentar a escola e a conviver com outras

crianças, ela conhecerá outros alimentos, preparações e hábitos. Os adultos

são modelos, delineando as preferências alimentares das crianças. Os vínculos

afetivos poderão influenciar positiva ou negativamente na fixação dos padrões

de consumo alimentar. É grande a influência da televisão na formação dos

hábitos alimentares.

É claro que cada um possui preferências e rejeições diferentes, mas o

acesso e a possibilidade de experimentar mais de uma vez determinado

alimento permitem uma mudança de hábito. São comuns alguns preconceitos,

tabus alimentares e atitudes que levam a erros alimentares e prejuízos à

saúde, como os pais ou educadores "obrigarem" as crianças a comer

determinado alimento em troca de presentes, passeios etc., o que pode resultar

em traumas definitivos. A supervalorização dos doces também pode ocorrer,

quando estes são premiações para o bom comportamento da criança.

Sabe-se que os adolescentes costumam pular refeições, especialmente

o café da manhã, o que pode levar a um menor rendimento escolar. No Brasil

há estudos que demonstram que o almoço e o jantar são substituídos por

lanches, principalmente quando este é o hábito familiar. Os lanches e refeições

rápidas geralmente são alimentos mais ricos em gorduras e carboidratos e

pobres em vitaminas, sais minerais e fibras.

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O consumo excessivo de refrigerantes, balas e doces é um problema comum

em todo o mundo. Excessos e restrições são comuns, quer em relação a um

alimento em si (por exemplo, carne ou leite) ou à alimentação como um todo.

(GAMBARDELLA,1995)

O adolescente é normalmente "preguiçoso", não gosta de muitos

esforços, o que acarreta uma alimentação facilitada, com excesso de comidas

prontas, sanduíches, salgadinhos e bolachas (é só abrir e comer!!). Além disso,

muitos adolescentes não fazem nenhum tipo de atividade física, restringindo o

seu lazer à televisão, ao videogame ou ao computador.

Muitos adolescentes, apesar de terem um bom conhecimento sobre os

princípios de uma alimentação equilibrada, têm atitudes que não correspondem

a este conhecimento: uma grande porcentagem ingere regularmente

"salgadinhos" e outros alimentos ricos em gordura e açúcares simples entre as

refeições, em desacordo às recomendações nutricionais. Ocorre alta

porcentagem de preferência por bolachas, batata frita, pizza, refrigerantes e

chocolates como lanche escolar, apesar da disponibilidade de outros alimentos

saudáveis.

A dieta costuma ser pobre em fibras, vitaminas e minerais. O caso do

cálcio é preocupante, pois esse é um período associado à formação de massa

óssea. No entanto, a maioria dos adolescentes não atinge sequer dois terço

das recomendações diárias para o cálcio. O ferro é especialmente importante

para as meninas, devido às perdas menstruais e para os meninos devido ao

aumento da massa magra e do volume sanguíneo.

O hábito de fazer dieta, especialmente entre as meninas, muitas vezes

está associado ao uso de medicamentos para emagrecer ou a "técnicas menos

convencionais", como recorrer a vômito e laxantes. (BARROS, 1993)

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3.6 PROBLEMAS DE ÁLCOOL E DROGAS

O álcool é a droga que em maior freqüência causa problemas nos

adolescentes. Os pais devem estar atentos a qualquer mudança

repentina e grave de conduta de seus filhos.

A maioria das dificuldades na adolescência não é nem grave nem

duradoura, mas o adolescente tem que passar por alguma delas para

constituir-se num ser livre e independente com um projeto de vida

Segundo Sigmund Freud, é nesse período da puberdade entre 11 e 12

anos que é aflorada a sexualidade, onde ocorre o retorno dos prazeres sexuais

da fase fálica. Nesse mesmo período ocorre a mudança corporal do indivíduo

onde o seu corpo que outrora era de criança, hoje está mais desenvolvido,

então ele começa a identificar as semelhanças com o corpo dos pais causando

estranheza, outra coisa é a percepção de que seu corpo passa a ser alvo de

desejo do outro e que também deseja outros objetos de amor sem ser aqueles

primordiais (pai e mãe). Assim surge o “conflito” muito comum nessa fase.

Os questionamentos são outra marca dessa fase, pois o adolescente

que antes via seu pai e sua mãe como donos da verdade, começa a

desenvolver o senso crítico, e muitas vezes questiona o caráter e põe em

xeque a visão maternal e paternal, isso também acaba sendo transferido para

os educadores, que deixam de ser vistos como protetores e passando a ser

questionados pelo sentido e veracidade do que ensinam.

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Esse período também é marcado pelo “Eu” que terá de decidir se agrada

o “ID” votando-se para o lado do desejo, libido, inconsciente ou se dará lugar

ao “SUPEREGO” que privilegia a razão, moral, regras.

Para Jean Piaget é nesta fase que ocorre a transição do pensamento

operatório-concreto para o operatório-formal situado entre os 11 anos até cerca

dos 15/16 anos.

Aquilo que antes só era possível resolver de forma visível, concreta e

palpável, agora já ocorre um avanço para a resolução de forma também

abstrata, pois o pensamento estende-se ao infinito e o desenvolvimento

cognitivo atinge o grau mais complexo e detalhista.

Piaget acredita na maturação, fator biológico onde a aprendizagem deve

ocorrer somente no momento em que o indivíduo está preparado e a partir de

então ocorre mudança de comportamento.

A fase da adolescência é onde o indivíduo trará toda a bagagem de

conhecimento adquirido na infância sendo influenciado pelo ambiente. Nela ele

se torna mais capaz de pensar sobre o que é possível sem limitar o seu

pensamento sobre o que é real, move-se mais facilmente entre o específico e

o abstrato, gera sistematicamente possibilidades alternativas e explicações,

exercita idéias no campo do possível e formula hipóteses.

O pensamento passa a revelar uma natureza auto reflexiva. Com estas

capacidades começa a definir conceitos e valores.

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Para Piaget é nessa fase que se discute e aprende em sala de aula as

regras sociais; como e de que maneira, varia de acordo com a forma pela qual

o professor concebe o desenvolvimento humano e a proposta pedagógica de

cada escola.

“Pesquisando crianças de cinco a doze anos, Piaget descobriu que a

gênese do juízo moral infantil passa por duas grandes fases. Na primeira, o

universo da moralidade confunde-se com o universo físico: as normas morais

são entendidas como leis heterônomas, provenientes da ordem das coisas, e

por isso intocáveis, não-modificáveis, sagradas. A essa concepção das normas

corresponde um nível rudimentar de compreensão destas: os imperativos são

interpretados ao pé da letra, e não no seu espírito...

Na fase posterior, as normas passam a ser entendidas como normas

sociais cujo objetivo é regular as relações entre os homens. Assim, em torno de

dez, onze anos, a criança passa a conceber a si mesma como possível agente

no universo moral, capaz de, mediante relações de reciprocidade com outrem,

estabelecer e defender novas regras.”

Já Erik Erikson diz que essa é a fase onde ocorre a “crise de identidade”,

ou seja, é o período em que ocorre a tomada de consciência de um novo

espaço no mundo, a entrada em uma nova realidade produzindo confusão de

conceitos e perda de certas referências. A busca do “eu” nos outros na

tentativa de obter uma identidade para o seu ego acarretando angustias,

passividade ou revolta, dificuldades de relacionamento inter e intrapessoal,

além de conflitos de valores é o que o autor chamou de crise.

A construção da identidade é pessoal e social, acontecendo de forma

interativa, através de trocas entre o indivíduo e o meio em que está inserido,

ela não deve ser vista como algo estático e imutável, como se fosse uma

armadura para a personalidade, mas como algo em constante

desenvolvimento.

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É no período da adolescência que o indivíduo vai colocar em questão as

construções dos períodos anteriores, próprios da infância. Assim, o jovem

assediado por transformações fisiológicas próprias da puberdade precisa rever

suas posições infantis frente à incerteza dos papéis adultos que se apresentam

a ele.

A crise de identidade é marcada também, por uma confusão de

identidade, que desencadeará um processo de identificações com pessoas,

grupos e ideologias que se tornarão uma espécie de identidade provisória ou

coletiva, no caso dos grupos, até que a crise em questão seja resolvida e uma

identidade autônoma seja construída.

Com o tempo, algumas atitudes são internalizadas, outras não, algumas

são construídas e o adolescente, paulatinamente, percebe-se portador de uma

identidade que, sem dúvida, foi social e pessoalmente construída.

Quer seja a sexualidade explorada por Freud, as etapas psicogenéticas

de Piaget ou a crise de Erikson. Todos falam do adolescente como um ser

inacabado que depende da interação com o mundo que o cerca para construir

a sua personalidade.

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CAPÍTULO IV

A EDUCAÇÃO FÍSICA ATRAVÉS DA

EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA FORMAÇÃO DO

ADOLESCENTE EM IDADE ESCOLAR

Tendo em vista que o adolescente ainda se encontra num processo de

formação, o trabalho da educação psicomotora deve prever a formação de

base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico,

dando oportunidade para que por meio de jogos, de atividades lúdicas, se

conscientize sobre seu corpo. Através da educação física, o indivíduo

desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do

comportamento psicomotor. Para que ele desenvolva o controle mental de sua

expressão motora, a educação física deverá realizar atividades considerando

seus níveis de maturação biológica. A educação física, na sua parte recreativa,

proporciona a aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas que

ajudam na conservação da saúde física, mental e no equilíbrio socioafetivo.

A educação física escolar não deve ser totalmente dissociada do

esporte, já que um de seus objetivos consiste em promover a socialização e a

interação entre seus alunos, proporcionadas reconhecidamente pelo esporte.

O grande questionamento que se faz a respeito do esporte na escola é

que ele muitas vezes transfere para o aluno uma carga de responsabilidade

alta em relação à obtenção de resultados, o que afeta o adolescente

psicologicamente de uma forma negativa.

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Por isso, as atividades recreativas e rítmicas poderiam ser consideradas

como meios mais eficazes para promover essa socialização dos alunos que a

educação física escolar tanto apregoa, uma vez que normalmente são

realizadas em grupos, os quais obedecem ao princípio da cooperação entre

seus componentes, estimulando assim o adolescente em sua apreciação do

comportamento social, domínio de si mesmo, autocontrole e respeito ao

próximo.

Segundo Barreto (2000), “ O desenvolvimento psicomotor é de suma

importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do

tônus, da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”.

A educação do adolescente deve evidenciar a relação através do

movimento de seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, a cultura

corporal e os seus interesses. Essa abordagem constitui o interesse da

educação psicomotora. A educação psicomotora para ser trabalhada necessita

que sejam utilizadas as funções motoras, cognitivas, perceptivas, afetivas e

sociomotoras.

A educação física pode ser definida como ação psicomotora exercida

pela cultura sobre a natureza e o comportamento do ser humano. Ela

diversifica-se em função das relações sociais, das idéias morais, das

capacidades e da maneira de ser de cada um, além de seus valores. É um

fenômeno cultural que consiste em ações psicomotoras exercidas sobre o ser

humano de maneira a favorecer determinados comportamentos, permitindo,

assim, as transformações.

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A diversificação das condições sociais em cada nível escolar e o

respeito à individualidade das crianças em cada processo de aprendizagem de

gestos e movimentos estão sujeitos ao ritmo de aprendizagem e às

peculiaridades das relações sociais que existem entre os integrantes de cada

grupo ou classe escolar.

As bases das formas de aprendizagem das atividades físicas de forma

consciente, intencional e sensível são estabelecidas e solidificadas na

educação física. Essas atividades acompanham o ser humano de maneira

contínua, atuando, sobretudo, nos níveis psicomotor, afetivo e no

aprimoramento do rendimento nos estágios de desenvolvimento subseqüentes.

A educação física escolar está baseada nas necessidades da criança. Tem

como objetivo principal, por meio da educação psicomotora, incentivar a prática

do movimento em todas as etapas de sua vida.

Falar da importância da educação física para o adolescente é o mesmo

que falar da importância de ele se alimentar, dormir, brincar, ou seja, suprir

todas as suas necessidades básicas. O desenvolvimento global do adolescente

se dá através do movimento, da ação, da experiência e da criatividade,

levando-a a conseguir plena consciência de si mesma; da sua realidade

corporal que sente, pensa, movimenta-se no espaço, encontra-se com os

objetos e gradativamente distingue suas formas, e que se conscientiza das

relações de si mesma com o espaço e o tempo, interiorizando, assim, a

realidade.

Segundo Staes e De Meur (1984), o intelecto se constrói a partir da

atividade física. As funções motoras (movimento) não podem ser separadas do

desenvolvimento intelectual (memória, atenção, raciocínio) nem da afetividade

(emoções e sentimentos).

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Educação Psicomotora é a educação do indivíduo através de seu próprio

corpo e de seu movimento. Ele é visto em sua totalidade e nas possibilidades

que apresenta em relação ao seu meio-ambiente.

Assim, a educação física e a psicomotricidade completam-se, pois o

adolescente ao praticar qualquer atividade usa o seu todo; mesmo sendo

regido, predominantemente pelo intelecto. A educação psicomotora atinge o

indivíduo na sua totalidade.

Relacionar-se com o outro na escola, através do ensino, é fundamental.

Esse relacionamento deve ser bem proporcionado para que haja uma relação

entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor.

Nesse aspecto as atividades psicomotoras proporcionam para o

indivíduo uma vivência com espontaneidade das experiências corporais,

criando uma simbiose afetiva entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-

professor, afastando os tabus e preconceitos que influenciam negativamente as

relações interpessoais.

O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se por uma maturação que

integra o movimento, o ritmo, a construção espacial; e, também, o

reconhecimento dos objetos, das posições, da imagem e do esquema corporal.

As atividades propostas na educação física através da educação psicomotora

devem ocorrer com espontaneidade. Elas devem ser bem elaboradas e

pensadas, pois quando envolvem o toque de um com o outro, não é tão fácil

executá-las, até porque muitos educadores têm dificuldades de tocar alguém

ou de deixar-se tocar.

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Bons exemplos de atividades físicas são aquelas de caráter recreativo,

que favorecem a consolidação de hábitos higiênicos, o desenvolvimento

corporal e mental, a melhoria da aptidão física, a sociabilização, a criatividade;

tudo isso visando à formação da sua personalidade.

Diante desses aspectos, entende-se que a educação física é

imprescindível principalmente no ensino pré-escolar e no ensino fundamental,

uma vez que nessa fase o indivíduo começa a sistematizar os seus

conhecimentos, e a educação física, com suas atividades diferenciadas,

diminui dificuldades, diferenças de ritmo de aprendizagem.

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CONCLUSÃO

A fase da adolescência é marcada por muitas transformações (corporais,

emocionais, sexuais) além das crises de identidade, de relacionamento com os

pais etc...

Para que todas ocorram de modo satisfatório, é necessário que o

indivíduo esteja preparado ou preparando-se para recebê-las. Essa preparação

deverá iniciar-se na infância., onde a exploração dos objetos , do mundo, do

movimento começa a ser estimulado.

É importante também que o adolescente saiba que não é somente um

corpo no espaço, mas que esse corpo tem presença marcante no mundo á

partir do momento em que fala, se expressa e se comunica de forma

consciente e atuante.

A educação física é muito importante durante todo esse

desenvolvimento do ser humano em questão, pois ela que será o “carro chefe”

estimulador do indivíduo.

A educação Física e a psicomotricidade são metodologias

contextualizadas, perceptivas, em que o desenvolvimento dos aspectos motor,

social, emocional e lúdico da personalidade e a destreza dos movimentos

corporais são vivenciados, através de atividades motoras organizadas e

seqüenciais, desenvolvidas individualmente e em grupo.

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Pode-se afirmar, então, que a educação física, através de atividades

afetivas, psicomotoras e sociopsicomotoras, constitui-se num fator de equilíbrio

na vida das pessoas, expresso na interação entre o espírito e o corpo, a

afetividade e a energia, o indivíduo e o grupo, promovendo a totalidade do ser

humano. Possui também um impacto positivo no pensamento, no

conhecimento e ação, nos domínios cognitivos, na vida de crianças e

adolescentes. E crianças e adolescentes fisicamente educados vão para uma

vida ativa, saudável e produtiva, criando uma integração segura e adequado

desenvolvimento de corpo, mente e espírito.

É de suma importância não esquecermos de que os pais e professores

são muito importantes no desenvolvimento do indivíduo, por isso devem estar

sempre atentos aos comportamentos dos seus adolescentes e estando sempre

dispostos a conversar e a ouvi-los.

Se o acompanhamento for feito por todas as esferas responsáveis, o

desenvolvimento do adolescente bem satisfatório e poderá desfrutar de seus

benefícios por toda a sua vida.

Assim, a educação física, pelas possibilidades de desenvolver a

dimensão psicomotora das pessoas, principalmente em crianças e

adolescentes, conjuntamente com os domínios cognitivos e sociais, é de

grande importância no ensino pré-escolar e ensino fundamental.

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