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  • 8/3/2019 a-investigacao-policial-e-a-busca-da-verdade

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    Curso de Ps-Graduao em Direito Penal e Processo PenalProfessor: Desgualdo

    Trabalho sobre A busca da verdade na Investigao Policial.

    A investigao Policial.Envolve processos de coleta e tratamento de informaes sensveis queprocura instruir o processo de tomada de deciso de um usurio determinado,no caso os autores da persecuo penal, incluindo o delegado de polcia,promotor de justia e o juiz criminal. Estruturam-se como procedimentos debusca da verdade, cujos pilares se assentam, em ltima estncia, no modelocomum da pesquisa cientfica.

    Pressupostos.A investigao criminal se origina da necessidade de averiguar a existncia deuma infrao criminal possivelmente ocorrida, inclusive no que concerne

    respectiva autoria.

    Finalidade.Visa angariar subsdios probatrios, ainda em carter indicirio, para asseguraro exerccio profcuo da ao penal por parte do sujeito ativo legitimado. Emboraem fase preambular da ao penal, a investigao policial, no se ocupa deprovas judicirias strictu senso, a aferio da viabilidade da acusao, exercidapor seu respectivo titular, implica necessariamente uma previso dapossibilidade de converter em prova os insumos da investigao. As restriesde valorao probatria galvanizam o processo penal, por conseguinte,acabam repercutindo na investigao policial, assim, o maior rigor exigido paraconvolar uma informao em prova processual justificado pelas repercussesmais gravosas que o processo penal enseja, afetando direitos fundamentais.Ou a investigao policial serve para orientar a deciso do detentor da ao nosentido de acionar ou no o juzo penal, ou ento no serve para nada. O graude influncia sobre o decisor depende da qualidade do que foi colhido durantea investigao que passar pelo crivo da instruo processual, assim podemosconcluir que qualquer material colhido durante a investigao deve conter oscondicionamentos legais do valor probatrio.

    Meios.

    Para que a investigao satisfaa a expectativa que depositria deve elegerseus mtodos entre os exemplificados no artigo 6 do Cdigo de ProcessoPenal, que tem em comum o trao de consubstanciarem manifestaes dopoder de polcia.Inqurito Policial.Instrumentaliza a finalidade da investigao policial de apurar as infraespenais em sua materialidade e autoria. No sistema escalonado da justiacriminal, entre o crime e a conseqncia jurdica, intervm necessariamente oprocesso penal, fazendo s vezes de um sistema de garantias institudo emnome do rigoroso controle de legalidade que deve preceder a incidncia das

    mais drsticas sanes manejadas pelo Estado. Embora anteceda osancionamento criminal, o processo penal representa, ele prprio, um nus

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    jurdico imposto aos direitos fundamentais do acusado de modo que suaprpria deflagrao deve contar com um juzo de pr-admissibilidade que instrudo pelo Inqurito Policial.

    Origem histrica.Origem no direito brasileiro com base no sumrio de culpa elaborado pelo juizde paz, no perodo colonial. O embrio do nosso inqurito policial surge pelaprimeira vez em 1841, com a edio da Lei 263 de 3 de dezembro de 1841 oqual modificou o Cdigo de Processo Criminal do Imprio As competnciasdo Juiz e do Delegado eram concorrentes ambas as autoridades podiamproceder apurao da formao de culpa, preliminarmente. Em 1871 com aedio da Lei 2033, modificando a Lei 263/1841 houve a diviso do sistema deperseguio criminal em duas fases. O nome inqurito policial surge com aedio do Decreto 4824, de 22 de novembro de 1871 que nos artigos 11, 3,in fine, e 42 definia que o objeto do inqurito policial era a verificao daexistncia da infrao penal, o descobrimento de todas as circunstncias e darespectiva autoria, com isso foi criado o inqurito policial, procedimento queperdura at hoje.

    Conceito. o procedimento administrativo, inquisitivo, persecutrio e preparatrio daao penal.

    Procedimento: Porque escrito, um conjunto de atos, consubstanciados emdocumentos formais ordenadamente dispostos num s processado.Administrativo: Elaborado por autoridade policial, que pertence ao poderexecutivo, e por isso possui natureza administrativa.Inquisitivo: Uma vez que, regra geral, no se aplicam todos os institutos daampla defesa, visto que, em princpio, sequer h acusado. Inquisitivo transmitea idia de inquirir, ou seja, indagar, questionar e, portanto, vale como garantiade uma investigao dirigida nica e especificamente busca da verdade real.Persecutrio: Porque o procedimento formal de investigao (art.4 eseguintes do CPP).Preparatrio da ao penal: A imputao de um ilcito penal a algum ofende-lhe a dignidade, portanto, h a necessidade que haja um procedimento prvio

    acusao formal que determine indcios suficientes de autoria e damaterialidade do fato, compilando provas ou princpios de provas e demaisinformaes necessrias imputao de um fato criminoso a algum. Sendo oInqurito Policial preparatrio da ao penal e a pena criminal a mais aguda epenetrante forma de interveno estatal sobre a defesa dos direitosfundamentais do homem, uma vez que a sano penal, por excelncia, recaisobre a liberdade de locomoo do indivduo, deve a atividade persecutriainvestigativa sempre se pautar consoante os imperativos constitucionais ticose tcnicos voltados preservao do status dignitatis da pessoa humana,mediante transparentes procedimentos garantistas a serem evidenciados eassegurados no Inqurito Policial.

    Portaria DGP 18/98

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    Instituda em 25 de novembro de 1998 dispe sobre as medidas e cautelas aserem adotadas na elaborao de Inquritos Policiais para a garantia dosdireitos da pessoa humana. Visa tal portaria aprimorar as atividades de PolciaJudiciria, tendo ateno principal o resguardo e a proteo da intimidade, vidaprivada e a imagem de vtimas, testemunhas e investigados trazendo normas

    claras e precisas de condutas procedimentais que se prestam a garantir, comacuidade tica o respeito dignidade e aos direitos fundamentais dosenvolvidos na investigao criminal. Tem na motivao dos atos decisrios,sua base fundamental de garantia e respeito aos direitos e garantias inerentesa pessoa do investigado, assim o indiciamento deve ser motivado pelaAutoridade Policial, sob claros e precisos fundamentos jurdicos de que temconhecimento, levando-se em conta a tcnica e a tica, em decorrnciasempre da relao ftica e o conjunto probatrio carreado nos autos.

    A busca da verdade.

    Verdade RealDefinio: A reconstruo atingvel de fato relevante e metaprocessual,inquisitivamente perquirida pra deslinde da causa penal (Rogrio LauriaTucci).Deve a Polcia Judiciria, atravs do inqurito policial ser guiada pela busca daverdade e a discricionariedade em sua atuao, no pode restringir direitos dosuspeito ou indiciado. A busca da verdade na persecuo penal passa em umaprimeira fase pelo inqurito policial e se consubstancia de maneira oficial com apresena da defesa na obrigatoriedade da presena de advogado na priso emflagrante, na realidade de realizar pedidos autoridade policial, e entre outrosatos, a possibilidade de reao face ao indiciamento ilegal ou indevida atravsdo instituto do habeas corpus e com o contraditrio diferido ou postergado,onde o material colhido pode ser amplamente discutido e questionado,inclusive com a apresentao de quesitos ou da assistncia tcnica parapercias. Evidente fica a necessidade da busca da verdade no inqurito policialquando observamos as alteraes que sofreu nosso Cdigo de Processo Penalao longo do tempo, mais precisamente com o advento da Lei 10.792 de 2003que alterou o art.185 prevendo a presena de advogado, constitudo ounomeado no interrogatrio do ru e no art.188 abrindo a possibilidade deperguntas do defensor e do promotor, atos que tambm devem ser observadospelo Delegado de Polcia conforme dispe o art.6, V do CPP.

    Art.115 O Juiz formar sua convico pela livre apreciao da prova produzida em contraditrio judicial, no podendo fundamentar sua decisoexclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigao,ressalvadas as provas cautelares, no repetveis e antecipadas.

    Tambm se observa o quanto importante essa busca da verdade quando damudana do art.155 do CPP, produzido pelo advento da Lei 11690/08 ondeatravs da insero da palavra exclusivamente aceitou mesmo quesubsidiariamente os elementos de informao oriundos do inqurito policialcomo base para o juzo condenatrio, na contramo do que desejavam alguns

    doutrinadores que para o alcance do sistema acusatrio propugnado pelaConstituio Federal, de forma alguma o material colhido durante a fase de

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    inqurito policial poderia ser levado em considerao pelo julgador na formaode sua convico. Ainda citando o referido artigo e reforando a busca daverdade durante o inqurito, a lei utilizou exatamente a denominao provas(cautelares, no repetveis e antecipadas) demonstrando que assim considerao material colhido na fase pr-processual. A nova redao do artigo 155 do

    CPP reafirmou a importncia do inqurito policial na persecuo penal, assim abusca da verdade e as conseqentes provas colhidas no inqurito policialpodem ser objeto de fundamentao para a deciso judicial desde que emcompleta harmonia com o conjunto probatrio colhido em juzo.

    Concluso:

    Desde 1871 o inqurito policial basicamente permaneceu o mesmo, porm coma Constituio Democrtica de 1988 ficou evidente que alteraes tinham queacontecer adequando a persecuo penal a uma filosofia de garantia dedireitos. Atendendo a essa necessidade surgiu portaria DGP-18/98 que

    balizou procedimentos com a finalidade de assegurar os direitos da pessoahumana apregoados na Carta Magna. Tal tendncia se manifestou e semanifesta at hoje no s na persecuo penal, como tambm em todos osramos do direito. As alteraes do Cdigo de Processo Penal (Lei 10792/03 eLei 11690/08) de certa forma reforaram a figura do inqurito policial comoinstrumento preparatrio da ao penal trazendo mais responsabilidade notocante a busca da verdade para a elucidao da infrao penal.