Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
A LEITURA NA VISÃO DE CRIANÇAS DE PRIMEIRO E QUINTO
ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Ⅰ
Maira de Oliveira Abreu – UNITOLEDO1
Ana Cláudia Celice Alves Vasconcelos - UNITOLEDO2
RESUMO
O presente artigo analisa a relevância da leitura a partir da perspectiva das crianças de
primeiro e quinto ano do Ensino Fundamental Ⅰ de uma escola pública municipal em
Araçatuba-SP. Teve como objetivo investigar o interesse a respeito da leitura em alunos do
Ensino Fundamental Ⅰ e analisar elementos do papel da escola no processo de despertar o
prazer pela leitura.
Palavras-chave: Leitura; Literatura Infantil; Leitura prazerosa; Ensino Fundamental Ⅰ.
ABSTRACT
This article analyzes the relevance of reading from the perspective of the first and fifth grade
of Elementary School in a public school in Araçatuba-SP. The objective was to investigate the
interest in reading in Elementary School students and to analyze the role of the school in the
process of arousing the pleasure of reading.
Key-words: Reading, Children’s literature; Pleasant Reading; Elementary School.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa busca compreender a relevância da leitura a partir da
perspectiva das crianças de primeiro e quinto ano do Ensino Fundamental Ⅰ de uma
determinada escola pública em Araçatuba-SP. Tem como objetivo investigar o interesse a
respeito da leitura em alunos do Ensino Fundamental Ⅰ e analisar qual o papel da escola no
processo de despertar o prazer pela leitura.
1Licencianda em Pedagogia pelo Centro Universitário Toledo. E-mail: [email protected]
2Doutora em Educação pela Unesp/Marília-SP. E-mail: [email protected]
2
Na Educação Infantil, por se tratarem de crianças menores, podemos supor que a
literatura está bem mais presente no dia-a-dia das crianças, comparado ao Ensino
Fundamental. Por conta da faixa etária, os educadores frequentemente contam histórias
usando fantoches, fazendo encenações de teatro, criando um mundo imaginário através da
leitura para que, desde pequenas, as crianças possam desenvolver o gosto pela leitura.
Porém, com base em algumas observações de caráter informal na escola em que
trabalhei, percebi que, ao chegar no Ensino Fundamental, todo esse universo imaginário
desenvolvido através da leitura é deixado um pouco de lado, sendo substituído por conteúdos
didáticos que serão trabalhados nessa nova etapa de suas vidas.
Diante disso, passei a questionar o uso da leitura prazerosa no cotidiano das escolas, se
a mesma é trabalhada de forma mecânica ou tradicional, ao invés de ser trabalhada de forma
prazerosa e deleite.
Vigente esses questionamentos, tive o interesse e a curiosidade de buscar entender a
relevância da leitura para crianças do Ensino Fundamental Ⅰ em uma escola municipal na
cidade de Araçatuba-SP e analisar o trabalho de seus professores.
2. DESENVOLVIMENTO
Em se tratando das especificidades da infância e alguns elementos do processo
educativo, Gondim, Cunha e Dias (2006) nos mostram que não havia livros para o público
infantil até o século XVIII, pois as crianças eram vistas como “adultos em miniatura”. Sendo
assim, a preocupação com a leitura dos pequenos era inexistente, os mesmos liam livros que
eram direcionados aos adultos. As autoras apontam que crianças de classes privilegiadas
tinham contato direto com livros clássicos, enquanto que as outras ouviam apenas histórias
contadas pelos adultos.
Conforme as autoras, essa preocupação com livros adequados à faixa etária das
crianças só se dá quando ela deixa de ser considerada “adulto em miniatura” e passa a ser
vista como um ser com características próprias, necessidades e interesses opostos aos dos
adultos. Sendo assim, essa preocupação resultou em “um casamento com a pedagogia,
passando os educadores a serem os autores da literatura infantil e juvenil, de caráter moralista,
direcionada para a formação e informação das crianças e dos jovens”. (GONDIM; CUNHA;
DIAS, 2006, p. 19).
Contudo, as autoras fazem uma crítica em relação às obras feitas, pois, segundo elas,
eram repletas de infantilização, puerilidade, textos simples e recheados de palavras
3
diminutivas, o que os tornavam “bobos” e “fúteis”. Porém, levando em conta o contexto da
época, essas obras eram vistas como “acessíveis” ao entendimento da criança.
De acordo com Silva (2004 apud SOUZA, 2016), em meados do século XVII até o
século XIX o conceito social de infância começou a se desenvolver, a preocupação com a
criança em meio aos adultos, sua educação e disciplina foram os principais fatores que
levaram a reflexão sobre o conceito de infância. A autora também afirma que a Revolução
Industrial, a diminuição da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida da época
foram elementos que, do mesmo modo, contribuíram para que a noção social da infância e
preocupação se desenvolvesse.
Essa preocupação acarretou mudanças em relação ao gênero literário voltado para essa
faixa etária. Essa mudança se deu por consequência dos acontecimentos da Idade Média,
como a nova concepção de família burguesa e reorganização da escola. Sendo assim, as obras
literárias voltadas ao público infantil passaram a apresentar valores morais e regras, em
respeito à preocupação com o desenvolvimento moral e intelectual das crianças. (SILVA 2004
apud SOUZA, 2016).
Em vista disso, analisando o contexto histórico estudado na época em que as autoras
se referem e fazendo um paralelo com a atual, é evidente que houve um avanço em relação à
literatura. Já são existentes livros específicos para o público infantil que facilitam o contato da
criança com o mesmo e o do professor que utiliza a literatura como instrumento de trabalho.
Atualmente, podemos encontrar políticas públicas que encaram esse desafio de usar a
leitura como parte da proposta de ensino. Uma dessas políticas refere-se ao Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC)3,que foi instituído em 2012, com o objetivo de
alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade e, para isso, contou com um acordo entre
governo federal, estadual, municipal e o Distrito Federal e com parcerias entre Universidades
Públicas e Secretarias de Educação.
O material utilizado para formação de professores é organizado em cadernos/unidades,
esses documentos são disponibilizados para todos os professores das redes municipais que
3No portal do MEC, no site do PNAIC, está disponível uma edição do material de formação de professores com
publicação de 2015. Nessa edição, são disponibilizados 12 cadernos para formação em Língua Portuguesa:
Cadernos de Alfabetização 2015, intitulados: Apresentação; Currículo na perspectiva da inclusão e da
diversidade: as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e o ciclo de alfabetização; A criança no
ciclo de alfabetização; Interdisciplinaridade no ciclo de alfabetização; A organização do trabalho escolar e os
recursos didáticos na alfabetização; A oralidade, a leitura e a escrita no ciclo de alfabetização; Gestão Escolar no
ciclo de alfabetização; A arte no ciclo de alfabetização; Alfabetização matemática na perspectiva do letramento;
Ciências da Natureza no ciclo de alfabetização; Ciências Humanas no ciclo de alfabetização; Integrando saberes.
(BRASIL, 2015).
4
realizam a formação. Um desses documentos discorre em relação aos conceitos abordados
nesses anos de PNAIC, porém, com uma abordagem mais aprofundada na leitura e escrita no
ciclo de alfabetização.
O documento enfatiza que durante o processo de alfabetização as crianças não
aprendem apenas a ler e a escrever, mas também, a “fala e a escuta em diferentes contextos
sociais, e que a leitura, a escrita, a fala e a escuta representam meios de apropriação de
conhecimentos relevantes para a vida” (BRASIL, 2015, p. 36).
No mesmo documento, discorre-se sobre a importância de se trabalhar a leitura em
sala de aula com propostas que se distanciam da abordagem tradicional. Para isso, o professor
como mediador precisa ressignificar a leitura, trabalhando-a de maneira que faça com que
seus alunos criem o hábito de ler de uma forma prazerosa e, ao mesmo tempo, aprendam.
Desse modo:
Ler para responder a perguntas é uma finalidade frequente no cotidiano das salas de
aula, mas nem sempre essa atividade desperta o interesse e a curiosidade das
crianças. Desse modo, além de antecipar para elas os propósitos de leitura, é preciso
criar situações que possam motivá-las a lerem. Além disso, essa não pode ser a única
finalidade de leitura na escola. Outros propósitos podem ser planejados, como ler
para organizar uma peça teatral, para promover um debate sobre um tema polêmico
ou para agregar conhecimentos e escrever um livro sobre um tema relevante para o
grupo. (BRASIL, 2015, p. 33).
Sendo assim, é preciso práticas que ajudem os alunos a se tornarem leitores críticos,
com uma visão ampla do mundo. Os cadernos do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade
Certa (PNAIC) tem a função de formar professores, sendo assim, os cadernos de estudo estão
repletos de estratégias de leitura, onde os professores podem se inspirar e estimular seus
alunos. Dentre algumas estratégias estão:
Perguntas de ativação de conhecimentos prévios: São aquelas que mobilizam o
leitor para o tema que será abordado no texto, para o gênero textual que será lido ou
para aspectos contextuais da obra e seu autor.
Perguntas de previsão sobre o texto: São formuladas para que o leitor faça
antecipações, a partir de indícios pré-textuais (como o título, o texto da quarta capa, o
nome do autor) ou de outras pistas contidas na obra (como as imagens da capa).
Perguntas literais ou objetivas: Visam chamar a atenção do leitor para informações
explícitas no texto, que podem ser localizadas numa releitura ou lembradas na situação
de retomada oral do que foi lido.
5
Perguntas inferenciais: Enfatizam o que está nas entrelinhas, que não é dito
diretamente, mas que pode ser completado pelo leitor a partir de indícios textuais ou
de conhecimentos prévios.
Perguntas subjetivas: Solicitam do leitor um posicionamento em relação aotexto, que
confronte o que foi lido com suas posições. (BRASIL, 2015, p. 35-36).
Estas e outras estratégias do PNAIC foram elaboradas para orientar o professor a
trabalhar a leitura em sala de aula. Além disso, o PNAIC possibilita o uso de recursos ricos e
variados para que os professores possam colocar essas estratégias em prática, sendo esses
recursos: livros didáticos, jogos de alfabetização, obras literárias do PNBE ou obras
complementares do PNLD (BRASIL, 2015).
A literatura infantil é um instrumento que abre portas a um universo da imaginação,
onde desde cedo a criança é incentivada a praticar e entender que a leitura é prazerosa. Além
de o hábito da leitura ser uma fonte de lazer, ela atua aumentando a habilidade e o
aperfeiçoamento da escrita e da própria leitura, contribuindo assim para a formação de uma
sociedade com cidadãos leitores, pensantes e críticos e também para a aquisição de bons
hábitos de leitura, vivenciando mundos diferentes a partir de sua criatividade, como nos
mostra Baldi (2010):
Essa, como qualquer outra forma de arte (a pintura, a escultura, a música, o cinema,
o teatro, a fotografia etc.), é capaz de nos tornar pessoas melhores, não só
intelectual, mas emocionalmente, porque desperta o que de melhor existe em nós.
Pensar a literatura na escola, nessa dimensão, nos leva a ter de selecionar as
propostas que realizamos com os textos e os próprios textos com muita atenção e
com critérios bem definidos. (BALDI, 2010, p.9).
Em seu livro “Literatura Infantil: gostosuras e bobices”, Abramovich (1997) nos
mostra que ler não é somente uma “atividade escolar”, mas sim um hábito de vital
importância que, desde cedo, a criança precisa adquirir, pois é por meio da leitura que ela
pode “entender o mundo através dos olhos dos autores e da vivência dos personagens [...]” ela
continua: “Ler foi sempre maravilha, gostosura, necessidade primeira e básica, prazer
insubstituível [...] e continua, lindamente, sendo exatamente isso!” (ABRAMOVICH, 1997,
p.14).
A autora enfatiza que através das histórias é possível sentir e desenvolver emoções e
sentimentos importantes como a raiva, tristeza, irritação, bem-estar, medo, alegria,
insegurança, tranquilidade e etc. Através da leitura podem-se descobrir novas sensações,
embarcar em grandes aventuras, viajar no tempo, fazer amizades, descobrir novos lugares e
6
isso tudo sem sair do lugar. Deste modo, concordamos com Abramovich quando a autora
declara que ler:
É também suscitar o imaginário, é ter curiosidade respondida em relação a tantas
perguntas, é encontrar outras ideias para solucionar questões [...] É uma
possibilidade de descobrir o mundo imenso de conflitos, dos impasses, das soluções
que todos vivemos e atravessamos [...] É ficar sabendo história, Geografia, Filosofia,
Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que
tem cara de aula [...] Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e
passa a ser Didática, que é outro departamento (não tão preocupado em abrir as
portas da compreensão do mundo). (ABRAMOVICH, 1997, p.17).
Em relação à didática, Abramovich (1997) faz uma crítica ao uso da literatura infanto-
juvenil em sala de aula, pois não era trabalhado de forma prazerosa, deleite, mas sim, de
maneira mecânica e tradicional, o ato de ler era visto como um dever, uma tarefa.
Do mesmo modo, Baldi (2010) discorre que os professores se preocupam mais com a
ampliação do vocabulário, melhoria da escrita, ortografia, conteúdo, do que ao prazer que a
leitura pode proporcionar.
A autora acredita que o professor deve ampliar sua visão em relação ao processo de
letramento, ir mais além e trabalhar a respeito do prazer que a leitura pode nos oferecer. Ela
enfatiza que é preciso estar frequentemente alimentando a imaginação de nossos alunos e
compartilhando leituras com eles a fim de que “descubram os encantos da literatura como
uma forma de arte que possibilita conhecerem melhor a si mesmos, ao mundo que os cercam,
para que se tornem pessoas mais sensíveis, mais críticas, mais criativas”. (BALDI, 2010, p.
08).
Abramovich (1997) retoma sua crítica voltada aos professores que anulam a liberdade
de escolha do aluno ao definirem o livro que será “lido” com a classe, essa escolha não pode
ser feita de forma coletiva, pois cada criança é diferente e cada uma enxerga o mundo de sua
maneira. Além de o professor adotar um livro para classe toda, o mesmo se torna apenas mais
um “pretexto para estudar gramática, sublinhar substantivos concretos, indicar tempos
verbais, encontrar advérbios de modo e mil outras relevâncias do tipo”. (ABRAMOVICH,
1997, p. 142).
Sendo assim, Colomer e Teberoski (2003 apud MASSUCHETTO, 2017) mostram que
os professores podem estimular o gosto pela leitura em seus alunos organizando uma
biblioteca dentro da própria sala de aula, essa “mini biblioteca” pode contar com uma
variedade de gêneros literários e ficarem disponíveis a todo o momento para os alunos. As
autoras também enfatizam que é importante estimular o desenvolvimento integral dos alunos
através de atividades que promovam aprendizagens significativas.
7
Ao trabalhar o livro em sala de aula, Abramovich (1997) nos instiga a aguçar o senso
crítico de nossos alunos, ou seja, estimulá-los a formar opinião própria em relação a
determinados assuntos, livros, histórias, autores, gêneros. A criança precisa saber se gostou ou
não, se concordou ou não, se ficou envolvido, se achou chato, bobo, legal ou emocionante. É
de fundamental importância conversar com a criança sobre o que foi lido.
Para isso, a autora nos dá algumas orientações de como o professor deve discutir o
livro e, assim, despertar o senso crítico em seus alunos. A seguir farei uma breve explicação
sobre as orientações de Abramovich (1997) e a importância de se trabalhá-los:
a) Discutir a história: Em relação à história, segundo Abramovich (1997, p. 144) há
muito do que analisar, discutir e fazer a criança opinar criticamente, por exemplo,
se a história é “boa, interessante, palpitante, se é boba etc [...] E a ideia do autor?
Nova, batida, já lida outras vezes em outros livros? Esse autor repete suas ideias,
seus temas, inventa novos, se atreve caminhar por outros assuntos, por outras
questões?”
b) Discutir o ritmo: Abramovich (1997) explica que nessa prática a criança opina
sobre o ritmo da escrita do autor, se é lento, rápido, longo, curto, se o autor enrola
ao falar sobre um determinado tema ou se o aborda de uma maneira “rapidinha
demais”.
c) Discutir o fim e o começo da história: Nessa técnica, a criança tem a
oportunidade de fazer um paralelo com o inicio e o fim da história. O aluno pode
analisar e discutir se o começo tem ligação com o final, se a história acabou de
uma maneira confusa, se o livro começou de uma forma animada, gostosa de ler,
que deu vontade de saber o final ou também “começou mal e, de repente, pra
surpresa total, foi esquentando, esquentando até que ficou muito do simpático e do
bom”. (ABRAMOVICH, 1997, p. 144).
d) Discutir as personagens: Para Abramovich (1997) essa é uma boa oportunidade
para polemizar a respeito das ações das personagens, se agiram bem ou mal e o
porquê. Se na história havia fadas, vampiros, princesas, bruxas e como cada um
agia de acordo com uma determinada situação. A autora enfatiza que também é
importante discutir sobre aqueles personagens que aparecem no final e, de repente,
desaparecem, aqueles que não agregam nada relevante à história e até mesmo
alguns personagens que são “esquecidos” pelos escritores.
8
e) O objeto-livro: discutir capa, tipo e tamanho das letras e formato do livro: Em
relação ao objeto-livro, Abramovich (1997, p. 145-146) explica que a muito do
que opinar a respeito, por exemplo, a capa: se é bonita, feia, velha, nova, atraente,
se o título chama a atenção ou não tem nada a ver com a história. Discutir o
tamanho das letras se elas eram “grandonas, gostosas de ler, ou pequenas,
apertadinhas, sendo necessário um binóculo para poder seguir aquelas letras tão
mínimas”. Também se pode analisar o formato do livro: se é comprido, largo,
grande, pequeno, grosso, fino, se a ilustração se encaixa com a história ou não.
Sendo assim, a autora deixa evidente o quão significativo é trabalhar a leitura
prazerosa e discutir os vários aspectos dos livros, apresentar a leitura como um universo
infinito de descobertas e aprendizado. Segundo Abramovich (1997, p. 146) é importante para
a criança aprender a “deglutir e a enxergar o livro como um todo e o todo do livro”.
2.1 A PESQUISA
A pesquisa, de cunho qualitativo e caráter exploratório, foi aplicada em uma escola de
Ensino Fundamental Ⅰ, que se encontra no município de Araçatuba, interior de São Paulo. A
mesma atende somente o Ensino Fundamental Ⅰ e funciona no período integral, recebendo
crianças de vários lugares da cidade.
A escolha da escola para a pesquisa se deu por um motivo pessoal, por ser a escola
onde estagiei por dois anos e onde tive a oportunidade de participar de projetos de leitura
envolvendo crianças de todas as idades.
Deu-se através de entrevistas semiestruturadas, aplicadas a 10 alunos da escola, sendo
5 do primeiro ano e os outros 5 do quinto ano, contendo perguntas a respeito do tema
proposto, tais como o gosto da criança pela leitura, se a pratica regularmente e sua relevância.
A escolha dessas séries se deu pelo fato de ser a entrada e saída dos alunos no Ensino
Fundamental Ⅰ , sendo assim, para analisar se há semelhança nas respostas dos alunos do
primeiro ano e quinto ano, visto a grande diferença de idade.
A seleção dos alunos entrevistados foi efetuada por meio de sorteio, envolvendo todos
os alunos da sala. Por fim, os professores das respectivas salas também participaram de uma
entrevista com questões referentes ao uso da literatura em seu trabalho docente.
Lüdke e André (1986) corroboram que a entrevista semiestruturada permite uma
interação maior entre entrevistado e entrevistador. Essa interação possibilita breves
adequações caso se façam necessárias, como por exemplo, correções, esclarecimentos de
9
dúvidas e perguntas complementares caso a pergunta pré-determinada não seja suficiente para
esclarecer o que o entrevistador deseja saber. As autoras ressaltam, ainda, a importância do
entrevistador não incitar a resposta do entrevistado, pelo contrário, o entrevistador deve
estimular de maneira natural o fluxo das respostas.
Iniciei as entrevistas questionando aos alunos a respeito do gosto pela leitura e o que
mais gostavam de consumir. No decorrer da entrevista, questionei o local onde se praticavam
a leitura, procurando saber se as crianças tem mais contato com a mesma em casa ou no
ambiente escolar. Por fim, indaguei acerca da importância da leitura na visão das crianças
entrevistadas, visando saber suas ideias e concepções.
Ao entrevistar as docentes busquei analisar o modo como trabalham a leitura em sala
de aula, a disponibilização de um tempo exclusivo para a leitura livre, o uso de livros
disponibilizados pela escola e sobre a realização das rodas de leitura.
2.3 ANÁLISE DE DADOS
2.4 O contexto do primeiro ano
Levando em conta as entrevistas com as crianças de primeiro e quinto ano, a análise de
dados foi dividida em duas partes. A primeira acerca do gosto pela leitura e o que mais
gostam de consumir, o que também inclui um breve paralelo a respeito de a leitura estar mais
presente em casa ou no ambiente escolar. A segunda retrata a visão da leitura para essas
crianças.
Após realizar o sorteio para a escolha dos entrevistados no primeiro ano, levei os
alunos para a biblioteca da escola, um por vez, para que se sentissem mais confortáveis
durante a entrevista. Os alunos demonstraram excitação por estarem participam de algo
“diferente” na escola.
Em relação aos alunos de primeiro ano, todos com a idade de 6 anos, pude constatar
que dentre os cinco alunos entrevistados, todos relataram ter gosto pela leitura. Ao questionar
a preferência de leitura deles, três citaram o gosto por lerem gibis e “historinhas”, não
especificando quais. Uma aluna citou o gosto por ler parlendas e livros da biblioteca enquanto
outro relatou que gosta de “ler de tudo, até caixa de leite!”.
Todos os alunos alegaram fazer o uso da leitura na escola, três deles contaram que não
realizam a leitura em casa tanto como fazem no ambiente escolar. Uma criança citou que lê a
Bíblia infantil enquanto o outro lê apenas o que a mãe lhe pede. Esse mesmo aluno explicou
10
que sua mãe solicita para que ele leia algumas palavras, como as que estão na caixa de
achocolatado, para averiguar se o mesmo está “aprendendo a ler direito”.
Ao questionar sobre o que exatamente os alunos leem na escola, a maioria citou livros
e gibis que a professora disponibiliza na sala, e apenas um aluno citou que lê os textos que a
professora passa, “sobre Iara e água”, exemplificou.
2.5 O contexto do quinto ano
A escolha dos entrevistados se deu da mesma maneira, por meio de sorteio e todos
ficaram animados em participar. Ao serem questionados sobre o gosto pela leitura, três dos
cinco alunos escolhidos declararam que sim, gostavam muito de ler, enquanto uma aluna
confessou dizendo que não e outro relatou que “gostava mais ou menos”, não sabendo me
explicar o porquê. Ao perguntar à aluna sobre a resposta negativa, ela explicou que algumas
leituras são “chatas e cansativas”, a mesma também conta que só gosta de ler o que lhe
agrada.
Prossegui a entrevista interrogando-os acerca de suas preferências e gostos particulares
para a leitura. A maioria dos alunos citou que gosta muito de ler mistérios, aventuras, livros
de ação e terror. Pude notar que quatro dos cinco alunos citaram a coleção de mistério “A
hora do Espanto” como leitura preferida. Constatei mais adiante com a professora que a
mesma já trabalhou a coleção em sala e obteve uma boa resposta dos alunos.
Outro elemento que pude analisar foi o fato de os cinco alunos lerem mais na escola
do que em casa. Apenas duas alunas disseram que, em casa, fazem uso de livros próprios,
gibis e alguns livros que a professora permite que peguem emprestado, o restante não soube
exatamente o que dizer, citando apenas “livros”. Ao me referir sobre a leitura na escola, os
alunos contaram que leem os livros da biblioteca, os que a professora manda ler, crônicas,
mistérios e etc.
Finalmente, indaguei a respeito da importância da leitura para os alunos, de ambas as
séries, e o porquê de sua resposta, sendo ela afirmativa ou não. Ao analisar as respostas das
crianças das duas turmas obtive os seguintes resultados, descritos nos quadros abaixo:
Quadro 1 – A relevância da leitura na visão das crianças de primeiro ano.
Criança
LER É IMPORTANTE?
JUSTIFIQUE
A
SIM
Por que a gente fica sabendo das coisas
11
B
SIM
Quando crescer vai ter algum documento
pra ler e não vai saber
C
SIM
Se você não ler você não vai aprender
quando crescer
D
SIM
É importante para estudar
E SIM Ler faz a gente saber de tudo
Fonte: Elaborado pela autora com base nas entrevistas.
Quadro 2 – A relevância da leitura na visão das crianças de quinto ano.
Criança LER É IMPORTANTE? JUSTIFIQUE
F
SIM
Ajuda na leitura e a escrever melhor
G
SIM
Quanto mais lê, mais escreve e fala melhor
(não gagueja na hora de ler)
H
MUITO
Desenvolve o cérebro e adquire
conhecimento a respeito de uma obra e suas
características
I
MUITO
Escrita e fala corretamente
J
SIM
Ajuda alunos que não sabem ler a
aprenderem
Fonte: Elaborado pela autora com base nas entrevistas.
A partir da análise das respostas, ficou perceptível que todas as crianças do primeiro
ano, de A à E, consideram a leitura algo importante. Já em relação às justificativas, uma
criança comentou sobre a importância de se saber ler um documento enquanto adulto. Por
outro lado, o restante relacionou a leitura com o ato de aprender algo, estudar, agregar
conhecimento.
Neste sentido, Abramovich (1997, p. 143) afirma que “ao ler uma história, a criança
também desenvolve todo potencial crítico. A partir daí, ela pode pensar, duvidar, se perguntar,
questionar [...] Pode se sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo
que se pode mudar de opinião”.
Considerando as respostas dos alunos do quinto ano, pude averiguar que todos
consideram a leitura algo importante. Ao justificarem sua resposta, é notável que a maioria
dos alunos relaciona a leitura como uma maneira de desenvolver e melhorar a escrita e a fala,
até mesmo ajudando o indivíduo a não “gaguejar” na hora de ler.
12
A aluna H faz um comentário muito importante acerca da aprendizagem que se pode
adquirir através da leitura, além de desenvolver o cognitivo, é possível aprender a respeito das
características daquela obra ou de um determinado gênero textual.
Desse modo, pude averiguar que a leitura está relacionada ao aprender, ao
aperfeiçoamento da escrita e da fala, que são de vital importância para o desenvolvimento
cognitivo de uma criança. Em geral, todos os entrevistados demonstraram e afirmaram ter
gosto pela leitura a praticá-la com frequência, até mesmo a aluna que confessou gostar de ler
apenas o que lhe agrada. Para Abramovich (1997) esta atitude é muito importante, pois a
criança tem que ter a autonomia de escolher o que ler e decidir o que gosta de ler. Segundo a
autora “é preciso saber se gostou ou não do que foi contado, se concordou ou não com o que
foi contado. É formar opinião própria, é ir formulando os próprios critérios, é começar a amar
um autor, um gênero, uma ideia, um assunto [...]” (ABRAMOVICH, 1997, p. 143).
Porém, é importante frisar que, a leitura enquanto objeto de prazer ainda precisa ser
mais trabalho para que as crianças possam entender que também é importante desenvolver a
imaginação, o criativo. Assim como nos mostra Baldi (2010) ao fazer uma comparação entre
a leitura e o brinquedo:
A leitura também é alimento para a imaginação, porque também é um brinquedo:
também dá prazer, mas vai além, pois preenche necessidades da criança e provoca
mudanças nas motivações, tendências; é capaz, como o brinquedo, de oportunizar a
satisfação de desejos “irrealizáveis”, mesmo que numa dimensão ilusória e
imaginária. A partir daí, podemos pensar na leitura de literatura como uma das
formas de acesso a outras referências que nos permitem sonhar ou sair de um
situação de controle racional, sem medo de nos perdermos, ou seja, que nos permite
deslocamentos, a liberdade, o exercício da curiosidade e do espirito aventureiro de
que tanto precisamos para enriquecer nossa vida e nos mantermos saudáveis.
(BALDI, 2010, p. 09).
2.6 Entrevista com as docentes
Quando questionadas a respeito de seu trabalho com a leitura em sala de aula, a
professora do primeiro ano relatou acerca do uso de textos da internet, livros paradidáticos e
didáticos, e gêneros textuais variados tais como parlendas, textos informativos, gibis e entre
outros. Já a do quinto ano afirmou que trabalha através da leitura deleite, com momentos de
leitura na biblioteca e com a “sacola itinerante”, um pequeno projeto desenvolvido para que as
crianças levem alguns livros para casa toda semana.
Ao indagar sobre o tempo disponibilizado para leitura livre, ambas afirmaram oferecer
em sua rotina um espaço reservado para a leitura deleite onde os alunos tem a oportunidade de
manusear e folhear os livros até acharem algum que lhes agrade. A professora do quinto ano
enfatizou o trabalho com gêneros textuais a cada bimestre e que, ao final, as crianças
13
escolhem um livro desse gênero que os agrade, a professora relatou que ao trabalhar com os
contos de mistério as crianças demonstraram mais interesse e empolgação.
Sobre a roda de leitura, as professoras afirmaram ser de grande importância a inserção
da roda de leitura na rotina escolar, pois, relataram que, os alunos tem a oportunidade de
trocar experiências e impressões acerca de livros que já leram e até problematizarem questões
do cotidiano ao lerem o jornal, por exemplo. Uma professora completou dizendo que esses
momentos são muito apreciados pelas crianças. Para Baldi (2010), este momento diário na
rotina escolar se torna uma “viagem ao mundo da ficção”, se cria um novo universo onde o
grupo interage com o livro e compartilha experiências. A autora continua:
Uma atmosfera especial de fruição acaba se criando em torno dessa leitura, seja
pelas qualidades da própria obra, pela possibilidade de construção de uma
experiência única para o grupo, a qual passa a fazer parte, para sempre, da sua
história de leitores, ou pelo repertório comum que vai se criando e permitindo, cada
vez mais, ampliação e aprofundamento dos vínculos. Ou, talvez, por todos esses
aspectos em conjunto. O fato é que essa atividade torna-se, rapidamente, muito
envolvente e esperada pelos alunos. (BALDI, 2010, p.24).
Por fim, em relação ao uso dos livros oferecidos pela escola, ambas declararam fazer o
uso da biblioteca da escola toda semana e, uma das professoras relatou que deixa
disponibilizado em sua sala de aula caixas do PNAIC, onde se oferece diversos tipos de obras
para os alunos. Do mesmo modo, Baldi (2010, p. 18) corrobora a respeito da importância do
uso dos acervos escolares, pois segundo a autora “é essencial oportunizar a aproximação aos
livros, especialmente aos textos literários, desde muito cedo, dos primeiros anos de
escolaridade”.
3. CONCLUSÃO
Com relação aos resultados da análise, obtidos a partir das respostas das crianças, é
possível afirmar que os alunos pesquisados, de modo geral, demonstram interesse pela leitura
e a considera importante em vários aspectos, tais como no desenvolvimento da escrita, da fala
e na obtenção de conhecimento.
As docentes entrevistadas, de modo geral, compreendem o papel importante que a
leitura exerce quanto ao desenvolvimento de seus alunos, demonstrado através do trabalho
com diferentes gêneros textuais, com a leitura deleite e rodas de leitura. As mesmas
estimulam seus alunos a desenvolverem gosto por ler de forma natural e lúdica, mostrando
que é possível quebrar formas tradicionais de se trabalhar a leitura em sala de aula.
A inserção da literatura em sala de aula não pode ser algo ocasional, acidental e nem
14
pode fazer parte de um preenchimento de tempo sem intencionalidade. O professor
precisa realizar atividades constantes, planejadas, em que os estudantes tenham
acesso ao texto literário, mas possam também refletir coletivamente sobre tais
textos, e que esses possam ser modelos de escrita para outros textos. (LEAL;
ALBUQUERQUE, 2010, p. 101).
Sendo assim, posso afirmar que através de situações de leitura no cotidiano escolar
vivenciada pelas crianças, o professor se torna um mediador que estimula, diariamente, esse
contato do aluno com a leitura. De acordo com a análise, a maioria das crianças relatou ter
mais contato com a mesma no ambiente escolar ao invés desta estar mais presente em casa.
Arrisco dizer que as famílias acabam negligenciando o estimulo a leitura e fazendo com que
esse importante papel seja apenas responsabilidade da escola.
Por isso, é importante que a escola rompa práticas tradicionais do uso da leitura em
sala de aula, do ler para realizar algo, ler para responder perguntas e fazer resumos. Segundo
Baldi (2010, p.160) “são essas condições que fazem a diferença na evolução do aluno, em
termos da frequência e intensidade com que se relaciona com o livro e a leitura, e que nos
permitem, como escola, ir além do discurso”.
A realização dessa pesquisa mostra como o universo da leitura pode se fazer presente
no cotidiano da criança de maneira lúdica, divertida e prazerosa na qual as crianças possam
ver a leitura como algo prazeroso que ao mesmo tempo a ajuda a se desenvolver
cognitivamente.
Por fim, pude constatar que a leitura pode ser apresentada de diversas formas a
criança, sendo que, os professores como mediadores devem levar em consideração a
autonomia, os gostos e vivências dos alunos, o que é essencial para uma leitura agradável e
prazerosa. Pois assim, segundo Solé (1995 apud BALDI, 2010) para encontrar tempo e
espaço para a vivência de momentos de ”ler por ler, ler para si mesmo, sem outra finalidade
que a de sentir o prazer de ler”. No entanto, ao final desta pesquisa, pude notar que, em um
contexto geral, não foi possível analisar a relevância da leitura no Ensino Fundamental Ⅰ de
maneira ampla, para isso, seria necessário investigar mais a fundo esse tema por meio de
observações mais profundas em algumas escolas.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. São Paulo:
Scipione, 1997.
15
BALDI, Elizabeth. Leitura nas séries iniciais: uma proposta para formação de leitores de
literatura. 2. ed. Porto Alegre: Projeto, 2010.
GONDIM, Maristella M. Ribeiro; CUNHA, Maria A. Antunes; DIAS, Selma A. Passos
Wanderley. (2006) Coleção PROINFANTIL; Unidade 5: Linguagens e Códigos. Brasília:
MEC. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação à Distância. Disponível em:
<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012789.pdf> Acesso em: 01 jun.
2018.
LEAL, T. F. et al. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Caderno 5 - A
oralidade, a leitura e a escrita no Ciclo de Alfabetização. Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB,
2015. Disponível em: <http://pacto.mec.gov.br/materiais-listagem/item/60-caderno-5-a-
oralidade-a-leitura-e-a-escrita-no-ciclo-de-alfabetizacao> Acesso em: 01 jun. 2018.
LEAL, T. F. et al. Literatura: Ensino Fundamental. Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, Coleção Explorando o Ensino. Brasília: MEC, SEB, 2010. Disponível em:
<http:// portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=7841-
2011-literatura-infantil-capa-pdf&category_slug=abril-2011-pdf&Itemid=30192>
Acesso em: 16 nov. 2018.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. 8. ed.
São Paulo: EPU, 1986.
MASSUCHETTO, Laiz Maria. Ideias das crianças do primeiro ano sobre o que é leitura e
escrita. Disponível em:<http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2017/25604_12730.pdf>
Acesso em: 10 jun. 2018.
SOUZA, Damaris. Literatura Infantil: origens e contribuições na Educação Infantil.
Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/144023/000869945.pdf>
Acesso em: 01 jun. 2018.
VIANNA, C. R. et al. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Caderno 5 - A
oralidade, a leitura e a escrita no Ciclo de Alfabetização. Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio Gestão Educacional. Brasília: MEC, SEB,
2015. Disponível em: <http://pacto.mec.gov.br/materiais-listagem/item/66-apresentacao>
Acesso em: 01 jun. 2018.
16