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Universidade Estadual de Maringá 02 a 04 de Dezembro de 2015
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A LINGUAGEM E A FORMAÇÃO DE CONCEITOS NA
PERSPECTIVA DO MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO
OLIVEIRA, Rosangela Miola Galvão1
FRANCO, Sandra Aparecida Pires2
Agência financiadora: OBEDUC/CAPES
INTRODUÇÃO
Compreender o processo de desenvolvimento da linguagem no homem, faz-se
necessário ao docente que trabalha sob a perspectiva da formação humana, já que se
pode observar que a linguagem está relacionada a apropriação dos conceitos, que é
primordial ao processo de ensino e aprendizagem. Para os materialistas históricos e
dialéticos a partir da apropriação de conceitos advindos das relações sociais, o homem
se desenvolve enquanto ser humano, sendo este processo de caráter dinâmico, pois os
conceitos são aprimorados pelos sujeitos historicamente. Neste contexto, a linguagem
possui participação fundamental, pois mediante a aquisição dos signos os homens
desenvolvem as funções psíquicas superiores que contribuem para que o sujeito se
aproprie dos conhecimentos científicos necessários ao saber.
No intuito de entender a contribuição da linguagem na formação dos conceitos, a
investigação foi dividida em duas partes. Na primeira parte do artigo, o objetivo é expor
como ocorre o processo de linguagem no homem e como este contribui para a formação
dos conceitos na perspectiva do Materialismo Histórico e Dialético. Na segunda parte, é
exposta à pesquisa realizada com 105 alunos do 8º ano e 9º ano escolar do Ensino
Fundamental Fase II, com o intuito de perceber qual o conceito dos alunos sobre o 1 Graduada em Letras e em Ciências Econômicas pela UEL. Aluna do programa de Pós-graduação: Mestrado em Educação da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected]. 2 Graduada em Letras e em Pedagogia pela UEM. Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2003). Doutora em Letras na UEL (2008). Professora Adjunta do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina - UEL, na área de Didática e professora do Programa de Pós-Graduação - Mestrado em Educação – UEL. E-mail: [email protected].
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assunto trabalhado em sala de aula e se este conceito contempla o entendimento dos
diferentes determinantes, tais como: sociais, econômicos, políticos, culturais, históricos.
A Linguagem e a formação dos conceitos no Materialismo Histórico e Dialético
A palavra é o modo mais puro e sensível de relação social.
(BAKTHIN, 1988, p.36). Os estudos selecionados tiveram como critério de escolha a base teórica que
fundamenta esta pesquisa, o Materialismo Histórico e Dialético, presentes em revistas
eletrônicas da base de pesquisa Scielo (Scientific Electronic Library Online). Dentre os
estudos sobre a linguagem embasados no materialismo estão os de Zandwais (2009) que
demonstra o embate teórico dos componentes do Círculo de Bakhtin contra os
posicionamentos de Nicolai Marr, sendo as críticas direcionadas a Marr por conceber a
linguagem a partir de uma visão mecanicista, ou seja, de conhecimento da estrutura em
rechaço à influência do social em sua composição. Este posicionamento diverge da
concepção de linguagem dos materialistas históricos e dialéticos que consideram que o
seu desenvolvimento se obtém a partir das relações sociais advindas da realização do
trabalho.
Os estudos de Souza (2003) envolvem a forma como é tratado o tema gêneros
discursivos na obra Marxismo e Filosofia da Linguagem. A preocupação do estudioso
advém de impressões sobre a falta de um enfoque sobre os gêneros discursivos, tema
central do Círculo de Bakhtin. Para tanto, Souza (2003) busca dentro da obra os indícios
sobre os estudos da linguagem e os gêneros discursivos em várias traduções. A primeira
grande descoberta é que existe uma relação entre ideologia e a formação dos signos,
sendo o signo considerado como de caráter puramente ideológico.
O trabalho de Moreira (2003) teve como cunho investigativo a aprendizagem
significativa e as contribuições da linguagem. Para isto, Moreira (2003) revisa os
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conceitos de teóricos como Vigotski3 sobre significado, interação e conhecimento. Ele
finaliza a investigação reafirmando o fato da linguagem não ser neutra.
Para Costa (2000), as contribuições da abordagem marxista nos estudos da
linguagem se constituem do entendimento das várias dimensões que compõem as
relações inter-humanas. Para este autor, a abordagem marxista pensa a sociedade como
uma totalidade concreta, por isso a importância do saber como forma de integração dos
conhecimentos e não como forma fragmentada como está posta na sociedade atual. A
pesquisa de Costa (2000) parte da concepção de Marx e Engels de que a linguagem é
um fenômeno social.
Para Lampreia (1999) que analisa as noções de linguagem e atividade. Para ela,
a linguagem é inseparável da atividade. Sendo atividade entendida como trabalho, ou
seja, a ação humana em busca da realização de uma necessidade. Segundo a
pesquisadora, linguagem é ação, atividade, pois tudo que realizamos é de alguma forma
realizado com o uso da linguagem.
No trabalho com a formação e organização da consciência está a linguagem, que
para Luria (1987) seria a responsável por organizar as funções psicológicas superiores.
Mediante o desenvolvimento da linguagem, o homem começa a apresentar em sua
estrutura cognitiva características antes não apresentadas que colaboram para o
aprimoramento de funções, tais como: memorização, percepção. Para Luria (1987, p.
25) a linguagem pode ser considerada como um conjunto de “[...] códigos que designam
objetos, características, ações ou relações; códigos que possuem a função de codificar e
transmitir a informação, introduzi-la em determinados sistemas [...]”.
Na tentativa de entender a origem da linguagem Tuleski (2011, p.150) considera
que “[...] os signos, assim como os instrumentos foram criados por necessidades
humanas concretas, vinculadas à sobrevivência social, em cada período histórico”.
Percebe-se neste contexto que a linguagem não é neutra e suas intencionalidades, pois
diferem em conformidade com as necessidades históricas humanas. Desta forma, a
linguagem pode ser considerada ideológica. Em relação ao caráter ideológico do signo,
Bakhtin (1988, p.10) considera que “[...] os signos são o alimento da consciência
3 Optou-se por esta grafia no nome de Vigotski, mas nas referências a grafia segue a opção de grafia dos autores de outras obras (Vigotsky; Vygotsky).
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individual, a matéria de seu desenvolvimento, e ela reflete sua lógica e suas leis”.
Observa-se desta forma que a linguagem reflete as relações coletivas do homem, ao
mesmo tempo que busca cumprir com a realização de suas necessidades, para isto
utiliza um discurso intencional.
Assim como Vigotski (2010), Tuleski (2011, p. 203) considera a palavra o
elemento fundamental da linguagem, pois ela “[...] nomeia as coisas, individualizando
suas características, designando as ações e relações, inserindo objetos em determinados
sistemas, codificando a experiência”, sendo a linguagem considerada símbolo de
libertação por Vigotski (2010), pois por meio da linguagem o homem se apropria dos
conhecimentos históricos das gerações anteriores, o que permite o desenvolvimento da
raça humana.
Observa-se, segundo Luria (1987), que a origem da palavra advém do trabalho,
ou seja, das ações que o homem realiza mediante o trabalho e, neste contexto, o uso da
palavra possuía ao princípio um caráter sinpráxico, ou seja, utilizada para situações
específicas e entendida também somente nestas situações por seus interlocutores. Com o
tempo, a palavra mudou para o sistema sinsemântico, que vai além do uso em situações
pontuais, mas podem ser usadas e entendidas em diferentes contextos, pois os
significados se ampliam e podem ser entendidos por diferentes interlocutores.
No desenvolvimento da criança, a palavra, segundo Luria (1987) surge primeiro
com a imitação que ela realiza da fala dos adultos, ou seja, está relacionada com a
prática e a ação, sendo esta condição determinante para o desenvolvimento de novos
significados, ou seja, a palavra é mutável neste processo, pois ganha novos significados
mediante diferentes contextos. Para Tuleski (2011, p. 204), o desenvolvimento do uso
da palavra pode ser observado quando a criança a utiliza fora do contexto prático, neste
momento “[...] registra-se um aumento significativo do vocabulário da criança e a
palavra adquire um caráter substantivo, isto é, adquire um significado objetal preciso,
podendo designar, também, uma ação ou qualidade (e mais tarde uma relação) ”.
Com o domínio da palavra, o homem amplia sua visão de mundo, pois pode
transmitir suas experiências e assegurar que tenham continuidade ou que sejam
entendidas e façam parte da história humana. As palavras para Luria (1987) estão
envoltas por um campo semântico, pois cada palavra estabelece relações com outras de
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mesmo sentido, uma cadeia de conexões, de sentidos que o homem utiliza para a
comunicação. Eleger uma ou outra palavra é uma atividade que o homem realiza para
dar sentido e significado a linguagem.
Percebe-se que as palavras possuem várias funções, que vão além da função de
representatividade do mundo; nomear as coisas; situações; experiências, ela também
possui a função de conceituar, de formar categorias. As categorias de palavras (verbos,
substantivos, numerais, pronomes, etc) estabelecidas pelo homem podem ser entendidas
como conjuntos de palavras com partes em comum, ou seja, é uma organização
realizada pelo homem no intuito de classificar por igualdades, similitudes, em busca do
entendimento e da sistematização da linguagem. Para que ocorra esta classificação o
homem abstrai, analisa e generaliza a palavra, ou seja, emite os pareceres que a inclui
em determinada categoria (TULESKI, 2011).
Para Luria (1987), as palavras possuem um sentido coletivo (compartilhado com
a comunidade linguística a qual pertence) e um sentido individual que surge das
relações da palavra com o próprio ser e de situações de vivências mais afetivas. Estas
características percorrem todo o desenvolvimento humano sendo que,
Em cada etapa do desenvolvimento infantil, a palavra embora conservando a mesma referência objetal, vai adquirindo novas estruturas semânticas, mudando e enriquecendo o sistema de enlaces e generalizações que a compõem. Essa mudança não significa somente a alteração da estrutura semântica da palavra, mas a alteração dos processos psíquicos que estão por detrás dela. (TULESKI, 2011, p. 206-207).
Para Bakhtin (1988, p.12), “[...] a palavra é o fenômeno ideológico por
excelência”, por considerar que a palavra possui a característica de ser neutra, podendo
então representar as funções ideológicas que o interlocutor desejar, tais como:
ideológica, política, cultural, psicológica, religiosa. Nestes contextos, a palavra assume
a função de signo, e por isso, ideológico, no qual transmite as intencionalidades do autor
do discurso. Para Marx (1990), as intencionalidades podem ser denominadas de
determinantes, e para Gasparin (2012) recebem o nome de dimensões. Os determinantes
podem indicar ao interlocutor os caminhos por quais o conhecimento necessita percorrer
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para que haja o real entendimento de determinado assunto. A apropriação da linguagem
propicia ao homem uma superação enquanto ser, pois revoluciona as funções
psicológicas, que vão de primitivas a superiores, ou seja, de biológicas, ou também
denominada de elementares que em geral servem para a sobrevivência sendo de caráter
instintivo, como: comer, alimentar-se, vestir-se. O salto qualitativo ocorre quando as
funções elementares passam a produzir conexões antes não existentes. O contato com a
cultura, com as relações sociais que o homem desenvolve principalmente no trabalho,
são as que fornecem subsídios para o desenvolvimento de funções antes não presentes
no psiquismo e que colaboram para que o homem se aprimore enquanto ser humano.
(MARTINS, 2011; VIGOTSKI, 1960b; LURIA, 1987).
A aquisição da linguagem, que é cultural para os materialistas históricos e
dialéticos, advém das relações humanas. Assim, a linguagem organiza o cérebro e
promove o desenvolvimento do pensamento, que compreende uma das funções
psíquicas superiores (VIGOTSKI, 1960b). Muitas das funções humanas classificadas
como involuntárias, que são reflexo do desenvolvimento biológico, passam à condição
de voluntárias após a aquisição da linguagem, sendo assim, ela contribui para esse passo
emancipador. O homem então como condutor de suas ações, antes mais instintivas,
quando isoladas do contato social, passa a apresentar funções mais racionais, mediadas
pela consciência. A subordinação voluntária, o desenvolvimento da linguagem interior
são exemplos de funções psíquicas que se desenvolvem com a apropriação da
linguagem (VIGOTSKI, 1960b).
A passagem no homem da fala para a escrita se dá no momento em que a criança
percebe que além de desenhar coisas é possível também desenhar o que se fala. Para
Luria (1987), na linguagem escrita existe o processo de ações conscientes e não
conscientes que se desenvolvem à medida que o homem se aprimora neste tipo de
linguagem.
Percebe-se que a linguagem escrita torna-se uma ferramenta para a elaboração
do processo do pensamento, ou seja, auxilia na melhoria das funções cognitivas.
(TULESKI, 2011; LURIA, 1987). Na comunicação escrita, o leitor busca a
compreensão do que se lê mediante a leitura do todo. No texto, o leitor busca pistas para
o entendimento do que se quer transmitir, as pistas não são lineares, mas esparsas e
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mostram o sentido interno do que está escrito. Luria (1987) constata isto por meio de
seus estudos nos quais os olhos percorrem o texto num sentido diagonal e não linear, na
busca por campos semânticos e palavras significativas para o entendimento do motivo e
do contexto do escrito, processo automatizado que procura a essência do que está
escrito.
Os estudos de Luria (1987) demonstram a preocupação deste cientista em
fundamentar as bases de uma Psicologia marxista, com o foco na relação entre o social e
o biológico para o desenvolvimento humano, sendo os dois fatores importantes para a
emancipação humana. A abordagem luriana considera essencial o papel da linguagem,
sendo ela um fator de mediação do sujeito com o mundo. Segundo Tuleski (2011), para
Luria (1987) o contato social pela linguagem altera a configuração do cérebro e o torna
mais complexo, como também contribui para o desenvolvimento e a inclusão cultural
dos entes mais novos na sociedade.
Para Tuleski (2008; Marx, 1990; Leontiev, 2001; Luria, 1987) a diferença entre
o homem e os outros animais está no trabalho (uso dos instrumentos) e na linguagem
(uso dos signos), sendo o pensamento verbal o que permite o desenvolvimento máximo
das operações intelectuais, o que as tornam voluntárias. Para Vigotski (2010), a
aquisição da fala é espontânea e depende do ambiente para que se desenvolva, já a
escrita necessita de um ensino sistematizado e associado ao conhecimento científico.
Vigotski (2010) considera que é pela apropriação da cultura historicamente
elaborada pela humanidade que os indivíduos desenvolvem sua atividade psíquica
complexa e sua personalidade. Sendo então o social o responsável pelo salto qualitativo
do homem. Lembrando que não se trata de mera interação entre as funções biológicas e
as funções sociais, ou seja, os princípios sociais possuem primazia em relação ao
natural, biológico, eles os superam por incorporação (VIGOTSKI, 1960b; MARTINS,
2011).
A importância do social, do contato com a cultura, no desenvolvimento humano
pode ser historicamente observada pelo uso dos instrumentos que rompem com a fusão
animal, dependência da natureza. Assim, pode-se considerar que “[...] as aptidões e
caracteres especificamente humanos não se transmite de modo algum por
hereditariedade biológica, mas adquirem-se no decurso da vida por um processo de
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apropriação da cultura criada por gerações precedentes” (LEONTIEV, 2001, p.196).
Para Leontiev (2001), a leitura é considerada instrumento cultural que modifica as
funções psíquicas, transformando-as em funções superiores. As funções psíquicas
superiores são conquistadas historicamente pelo gênero humano e não se desenvolvem
de forma natural, mas dependem da apropriação da cultura. Na escola, o
desenvolvimento das funções superiores é capaz de modificar as reações aos estímulos,
no caso, a necessidade dos alunos diante das atividades organizadas pelo professor,
fazendo com que o aluno se aproprie, ou seja, a atividade é educativa.
Por isso, a linguagem para Vigotski (2010) é uma conquista social e na escola
pode ser potencializada, quando o ensino da leitura e da escrita for significativa ao
aluno, tornando-se uma necessidade ao discente. Para Vigotski (1960b), a leitura é
capaz de dirigir a memória, a atenção, a percepção semântica. Com o aprimoramento do
aprendizado da leitura, ou seja, com o domínio da atividade é possível conquistar a
liberdade segundo Saviani (2009), pois o homem passa a exercer o papel de conhecedor
da atividade que exerce. Por isso, não basta interagir com a objetivação da cultura, mas
é preciso um mediador entre o aluno e o conhecimento, para que o discente tenha a
oportunidade de aprofundar os conhecimentos científicos e, consequentemente, ter
consciência e domínio sobre o aprendizado. Desta forma, cabe ao docente o trabalho
sistematizado e organizado da leitura e da escrita para o domínio de ambas pelo aluno.
Sendo assim, para Saviani (2009) educar é garantir ao outro o direito de humanizar-se,
de apropriar-se da formação humana em sentido completo.
Com relação à formação de conceitos, pode-se considerar que um conceito é
capaz de representar um conjunto de objetos passíveis de identificação por uma palavra.
No caso de um objeto, o conceito que o representa transmite os traços externos capazes
de identificá-los. Para Peternella e Galuch (2012, p.65), o trabalho pedagógico com os
conceitos deve ir além da “[...] descrição de aspectos distintos dos fenômenos
diretamente perceptíveis e observáveis, sem tomá-los em seu movimento histórico de
constituição [...]”, ou seja, o conceito precisa se desvincular das experiências empíricas
de objetos isolados.
Para Luria (1987), a passagem do significado da palavra ao estágio dos conceitos
proporciona a apropriação de uma informação mais completa, além de contribuir para
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os processos cognitivos no que concerne ao processo de formação das categorias. Para
que isto ocorra, faz-se necessário que ocorra a tomada de consciência da estrutura verbal
da linguagem. A criança entra em contato com a linguagem de forma inconsciente, mas
ao longo do tempo dá-se conta da composição verbal da linguagem e passa a categorizar
as palavras, e formar conceitos destas, para depois dar a ela significados distintos.
Vigotski (1960a) considera que na formação de conceitos, o homem categoriza o
real, dando significado as atividades que realiza, sendo para ele este processo criativo e
orientado a solução de problemas. Ainda segundo Vigotski (1960a), a formação de
conceitos começa na infância, mas por volta do início da puberdade, em média aos 12
anos que o homem começa a realizar as abstrações, que superam os significados ligados
as suas práticas imediatas. A idade não pode ser considerada fator predominante, as
relações que o sujeito estabelece no meio cultural e histórico é que possibilitam o seu
desenvolvimento. Vigotski (1960a) considera a existência de três fases no processo de
formação de conceitos: conglomerado vago e sincrético de objetos isolados; pensamento
por complexos e formação de conceitos. No contexto escolar a apropriação dos
conceitos é dividida em: conceitos cotidianos (também denominados de conceitos
espontâneos) e conceitos científicos.
A análise do conceito espontâneo mostra que a criança tem mais consciência do objeto do que do conceito em si. Todavia, a análise do conceito científico demonstra que a criança, desde o início, tem melhor consciência do conceito em si do que do objeto que representa. (GASPARIN, 2012, p. 89).
A apropriação dos conceitos difere da criança para o adulto, ou seja,
qualitativamente cada um apresenta profundidades divergentes, pois as significações são
aparentemente iguais, mas são utilizadas com generalidades distintas entre estes dois
sujeitos. Assim, a criança “Ainda que ela não compreenda toda a significação atribuída
às palavras pelo adulto, é no seguimento dessas palavras que passa a organizar seu
processo de elaboração mental. O significado de novas palavras para a criança é
formado, portanto, com o auxílio da palavra do adulto, em uma ação conjunta”.
(GASPARIN, 2012, p.90).
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Desta forma, com o auxílio do considerado mediador por Vigotski (2010), a
criança possui o aprendizado antecipado ao seu desenvolvimento, no processo
denominado por Vigotski (2010) de Zona de Desenvolvimento Proximal, no qual a
criança em contato com um adulto ou colega com mais conhecimento, consegue superar
o estágio real de conhecimento no qual se encontra, ou seja, o professor no papel de
mediador entre o aluno e o conhecimento, com um trabalho organizado e sistematizado
faz com que o aprendizado se adiante ao desenvolvimento considerado de natural para a
idade.
Para tanto, o ensino direto dos conceitos não é recomendado por Vigotski
(1960a) que considera esta prática vazia de sentido e significado ao aluno, somente
serve para a memorização momentânea sem a aprendizagem consciente. Ele sugere
então a aprendizagem do conhecimento vivo, de coisas concretas ao aluno. As
dificuldades de entendimento das crianças menores pode ser porque ainda não possuem
o conceito de algo. Para Vigotski (1960a), para a formação dos conceitos é necessário o
material sensível e a palavra. O material sensível seria algo que vai abstrair, generalizar
e colocar em categorias por significados, que ao final resulta no conceito. E a palavra é
fundamental neste processo, pois permite a transmissão ao interlocutor do conceito em
forma se signos.
Para esclarecer a importância da linguagem no processo de formação dos
conceitos, o psicólogo russo dá um exemplo, que diz que quando uma pessoa quer
comunicar que tem frio, ela poderia utilizar uma série de movimentos expressivos, “[…]
mas a compreensão somente terá lugar quando eu possa generalizar e dar nome ao que
sinto, ou seja, quando possa relacionar a sensação de frio que experimento com uma
determinada classe de estados, conhecidas de meu interlocutor” (VIGOTSKI, 1960ª, p.
60).4
Para que o conceito surja se faz necessário que haja uma necessidade por parte
do homem no qual o conceito o satisfaça, ou seja, na realização de uma atividade com
objetivo determinado ou quando da resolução de uma tarefa concreta (VIGOTSKI,
4 […] pero la comprensión sólo tendrá lugar cuando yo pueda generalizar y nombrar lo que siento, es decir, cuando pueda relacionar la sensación de frío que experimento con una determinada clase de estados, conocida de mi interlocutor (VIGOTSKI, 1960ª, p. 60).
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1960a). Desta forma, assim como a linguagem, o conceito também nasce na atividade
do homem, na realização das necessidades. A diferença é que o conceito depende da
linguagem, para Vigotski (1960a, p.73) “[...] o conceito é impossível sem as palavras, o
pensamento com o uso dos conceitos é impossível sem o pensamento baseado na
linguagem”.
Relação entre linguagem e conceitos com alunos da Educação Básica
A pesquisa apresentada é do tipo descritiva, na qual as pesquisadoras no papel
de observadoras participaram de duas aulas baseadas em material elaborado pelos
participantes do Observatório da Educação “A práxis pedagógica: concretizando
possibilidades para a avaliação da aprendizagem” na Universidade Estadual de
Londrina. Na observação, as pesquisadoras aplicaram uma atividade de compreensão
oral com o uso de dois vídeos, sendo o primeiro uma reportagem sobre o uso do celular,
no qual várias pessoas relatavam como utilizavam o aparelho em suas atividades diárias,
no final havia a apresentação de uma psicóloga que indicava o uso correto do celular. O
outro vídeo consiste em uma entrevista com uma psicóloga que falava sobre os males do
uso incorreto do aparelho e também indicava o tempo e lugares adequados para o uso
desta tecnologia. Cada vídeo tinha a duração de oito minutos em média.
Ao final, as pesquisadoras pediam aos alunos que demonstrassem a compreensão
dos vídeos com o uso de uma produção escrita. Para a produção, os alunos foram
orientados a escrever a respeito dos vídeos e indicassem possíveis relações com outros
determinantes, tais como: psicológicos, sociais, culturais, econômicos, políticos, ao
mesmo tempo que indicassem o porquê da escolha dos determinantes, assim podiam
expressar as opiniões pessoais sobre a temática.
Os participantes foram duas turmas do 8º ano e 9º ano escolar de uma instituição
pública do município de Londrina, totalizando 105 alunos, divididos em quatro turmas
do 8º ano e duas do 9º ano escolar. A atividade proposta teve a duração de duas aulas
geminadas. A pesquisa faz parte do projeto acima mencionado e teve a aprovação do
comitê de ética, por isso antes da realização desta atividade os alunos e os responsáveis
receberam e entregaram assinados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido
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para a participação dos estudantes em atividades diferenciadas realizadas em sala de
aula com o objetivo de contribuir para pesquisas e para o aprimoramento da educação
como um todo.
As produções selecionadas para este artigo tiveram como critério as que
apresentaram maior relevância para a análise, ou seja, estavam mais condizentes com a
formação de conceitos e a indicação de determinantes. Das 105 produções escritas oito
produções foram transcritas literalmente e identificadas por letras como: aluno A, B, C,
D, E, F, G e H.
Com relação a perceber a formação de conceitos sobre a temática “uso do
celular” e as relações deste assunto com os diferentes determinantes, seguem abaixo as
produções dos oito alunos.
Aluno A. Psicológica e social, pois é algo que atinge a mente e com a sociedade para ficar no aparelho. Causando transtornos. Aluno B. Psicológicas, por que pode visiar os jovens, adultos e crianças e causa dor de cabeça mal jeito para usar o celular. Aluno C. Social e psicológica, social pois hoje já faz parte da vida da pessoa e psicológica porque se torna um vicio. Aluno D. Social afeta a sociedade. O vídeo esta falando sobre o visios do celular. Aluno E. Social porque decha de falar com o procimo. Aluno F. Por que? Ninguem consegue ficar sem celular hoje então me chame visiado. Aluno G. Social porque as pessoas dependem dele para várias coisas. Aluno H. Social, cultural e psicológica. Por que as pessoas deixam de fazer suas tarefas e perder horas dias ou até deixar de comer pra ficar no celular. Mas também do razão, porque se não tem nada de interessante na vida real, pessoas procuram meios de entretenimento.
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Nas produções dos alunos apresentadas acima, pode-se observar a
predominância do determinante social. O determinante é exposto pelos alunos e
relacionado as palavras: sociedade, pessoas, procimo. Ou seja, os alunos relacionam o
social primeiro a grande quantidade de pessoas, que remete a própria definição da
palavra sociedade (reunião de pessoas com objetivos comuns) que no caso seria o do
uso do celular. A relação social que caracteriza uma sociedade pode ser observada na
palavra procimo do aluno E. As relações efetuadas são condizentes com a palavra
sociedade, mas a nível superficial, já que não apresenta nenhum incremento a fala dos
vídeos apresentados, ou seja, são quase transcrições das falas das psicólogas.
No que concerne ao determinante psicológico, os alunos o relacionaram com as
palavras: mente, transtornos, vicio. Novamente os alunos realizaram associações
simples com as falas das psicólogas sobre os possíveis efeitos do uso do celular.
Somente o aluno H apresenta em seu discurso um entendimento diferenciado ao
relacionar o psicológico, social e cultural com algo positivo, a realização do
entretenimento. O aluno H ainda complementa sua fala quando diz que não tem nada de
interessante na vida real, desta forma o uso do celular seria para ele a solução para uma
necessidade humana. Assim, este recurso tecnológico estaria atuando como instrumento
pelo aluno para a realização de uma necessidade. Marx (1990) e Leontiev (2001)
também destacam a importância dos instrumentos para a realização das necessidades
humanas.
No intuito de observar quais foram os determinantes identificados pelos alunos
nos dois vídeos apresentados, foi elaborado o quadro 1 abaixo o qual está dividido em
três partes. A primeira coluna apresenta quais os determinantes apontados pelos alunos
e a segunda e terceira coluna apresentam a quantidade de determinantes por ano escolar.
Observa-se que houve a predominância do determinante social em ambas os
anos escolares. De acordo com os estudantes, este fato é explicado porque o uso
excessivo do celular afeta a sociedade como um todo, em frases como as seguintes
transcritas literalmente: o celular faz parte da vida das pessoas; afeta a nossa
sociedade; porque trata de várias pessoas viciadas no celular, porque pode visiar
adultos, crianças e causa dor de cabeça. Frases que indicam que o uso excessivo do
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celular pode influenciar o coletivo tanto em comportamento quanto em questões físicas,
de saúde.
Quadro 1- determinantes identificados pelos alunos dos vídeos “Uso do celular”
Determinantes 9º ano 8º ano
Social 23 23
Psicológico 16 22
Cultural 5 0
Econômico 2 6
político 1 0
afetivo 0 1
tecnológico 0 1
Fonte: As pesquisadoras (2014).
No quadro 1 acima ainda é possível perceber que a questão psicológica foi lembrada por
grande parte dos estudantes. Este fato revela a observação dos alunos da fala das psicólogas que
enfatizaram em seus discursos os males causados pelo uso do celular. Os alunos
compreenderam que o fator psicológico está presente, mas não conseguiram demonstrar um
conhecimento mais aprimorado sobre o assunto, as escritas demonstravam descrições
superficiais sobre o assunto baseadas na palavra vicio.
As divergências ocorreram pela lembrança de alguns e falta de outros determinantes,
tais como: afetivo e tecnológico pelos alunos do 8 º ano e político e cultural pelos alunos do 9º
ano escolar. Isto pode ser considerado normal para a compreensão de um texto, já que as leituras
anteriores de cada estudante auxiliaram na compreensão das leituras atuais segundo Rezende
(2009). Interessante observar que o determinante cultural pode ser considerado o terceiro mais
lembrado pelos alunos do 9º ano e esquecido pelos alunos do 8º ano escolar, talvez pelo fato de
que o processo do conhecimento pode ser considerado acumulativo, sendo assim, os alunos do
9º ano já obtiveram mais informações sobre as questões culturais que os alunos do 8º ano
escolar. Os conhecimentos apropriados pelo homem ao longo da história são transmitidos
culturalmente as gerações precedentes pelas relações sociais segundo Marx (1990), o que talvez
não tenha sido percebido no primeiro momento pelos alunos poderá ser apropriado em outro
momento, assim como é estruturado o ensino, em processos sistematizados de aprofundamento
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dos conhecimentos. Para Saviani (2011), o docente precisa organizar e sistematizar o ensino
para que o aluno conquiste o domínio das atividades que realiza.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A linguagem cumpre papel fundamental para a formação humana. Conhecer
como ocorre o processo da apropriação da linguagem e como ela possibilita o
desenvolvimento das funções psíquicas superiores faz com que o professor possa
organizar o ensino de forma a superar muitas dificuldades de leitura e compreensão dos
alunos. Para que o processo de ensino e aprendizagem seja condizente com as reais
necessidades dos alunos é preciso que este esteja embasado em uma corrente teórica que
vise a formação humana. O Materialismo Histórico e Dialético cumpre este papel, pois
busca no caso da linguagem a formação dos conceitos, primordiais a apropriação dos
conhecimentos. Da mesma forma que o conhecimento é dinâmico, os conceitos também
o são. Sendo assim, o docente precisa sistematizar o ensino de forma a buscar o que o
aluno sabe sobre determinado assunto, e num processo dialético, no qual cumpre o
papel de mediador, fazer com que o aluno domine o conhecimento, e saiba que o saber é
um processo infinito adquirido nas relações sociais e culturais do homem durante a
realização da atividade, do trabalho.
Os alunos participantes ainda apresentam uma leitura ingênua sobre a temática
apresentada. A grande parte dos estudantes apresentou apenas a descrição do vídeo sem
relacioná-lo com os determinantes que o envolvem. Este fato revela a necessidade de
um trabalho mais intenso com a leitura, pois quanto mais leituras o aluno possui, mais
conhecimento de mundo o terá. Ao mesmo tempo, o docente precisa estar atento ao
trabalho com os conceitos. Quanto maior for a apropriação dos conceitos pelos alunos,
mais ele terá a possibilidade de produzir textos permeados por um conhecimento maior,
e assim possa relacionar de forma mais natural o assunto tratado com as
intencionalidades do discurso apresentado em textos escritos, orais, vídeos.
A preocupação ao final da pesquisa deu-se com relação aos apontamentos dos
determinantes pelos estudantes, já que grande parte apenas citou determinantes sem
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produzir uma justificativa plausível a existência ou não no vídeo assistido por eles.
Desta forma, percebe-se que existe o conhecimento da palavra em si, mas não o
entendimento do que seja. Por isso, faz-se necessários mais estudos que visem revelar o
real entendimento dos alunos sobre o conceito de cada determinante.
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