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7/25/2019 A Linguistica Aplicada e o Professor de Língua Inglesa - Novas Formas de Pensar a Prática Pedagógica
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Revista Semioses | Rio de Janeiro | Vol. 01 | N. 05 | Agosto de 2009 | Semestral Artigos
A linguistica aplicada e o professor de língua
inglesa: novas formas de pensar a práticapedagógicaProf. Ms. Catia Aparecida Vieira Barboza (UNISUAM / UNIABEU / SEE-RJ)
RESUMO: O objetivo deste artigo é falar sobre a Linguistica Aplicada e seu papelno desenvolvimento de novos rumos para a prática docente no ensino de línguas
estrangeiras, principalmente, da língua inglesa. O professor recém formado e prin-cipalmente aqueles estão afastados da pesquisa devem observar a importância deuma prática pedagógica mais reexiva e mais comprometida com um ensino de mel-hor qualidade e que atenda às necessidades dos alunos. Nosso foco neste artigo será principalmente os professores que atuam ou que têm intenção de atuar em escolas públicas.
Palavras-chave: ensino; linguistica aplicada; língua inglesa; prática pedagógica.
ABSTRACT: This article aims at talking about the Applied Linguistics and its role in
the development of new paths to the teaching practice concerning foreign languages,
mainly, English as a Foreign Language (EFL). The recently graduated teacher and
the teachers that have not had contact with the last tendencies in this kind of research
should observe the importance of a more reexive pedagogical practice that may ll
the needs of the students. Our focus will be the teachers that work or intend to work
in Brazilian public schools.
Keywords: teaching; Applied Linguistics; English language; pedagogical practice.
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Catia Aparecida Vieira Barboza
alunos. Absorver totalmente esta cultura es-trangeira pode ser um objetivo muito elitizante
e como arma Lopes (1996), muito distante do propósito da maioria das pessoas que apren-dem uma língua estrangeira no Brasil.
Segundo o autor, na maioria das escolas denível médio, a utilização de uma abordageminstrumental, ao invés do tradicional ensinodas quatro habilidades seria muito mais ade-quada aos alunos.
Desta forma, ter conhecimento e reetir
criticamente sobre sua prática devem serações permanentes no cotidiano do professorde língua estrangeira. A situação atual, entre-tanto, segundo Celani (2002) é de abandono.A autora mostra que este quadro de carênciase evidencia em todos os tipos de escola, masque se destaca mais particularmente na escola
pública.
A raiz deste problema muitas vezes se evi-dencia na própria formação dos professoresque geralmente está orientada por uma ênfaseaos aspectos teóricos da aprendizagem e àstécnicas de ensino, como se aprender a ser
professor de inglês se restringisse a aprender ausar técnicas. Nos cursos de formação, poucoou nada se fala em termos de reexão sobre anatureza e a função social desta prática.
Segundo Dutra e Mello (2004)3, uma parteda LA voltou-se para a discussão sobre o de-senvolvimento do professor e a prática reexi-va por que o professor passou a ser visto como
um ser pensante inuenciado por suas crenças. Nunnan (1998) arma que
os eventos da sala de aula não podemser propriamente compreendidos a me-nos que a perspectiva do professor sejaconsiderada, haja vista que professores
possuem estilos pessoais, conhecimentos,crenças e competências distintas em rela-
ção ao processo de ensino/aprendizagemde língua estrangeira (LE). Esses aspec-
tos estão presentes no seu desempenhoenquanto aprendizes em cursos de for-mação de professores e, posteriormente,na sua prática de sala de aula, e, portanto,necessitam ser investigados. (OLIVEI-RA, 2004: 45)4
Fica evidente que a formação completa deum professor não acontece somente duranteo período da graduação, mas é um processocontínuo de aprendizagem.
Duarte (1996:37) destaca o papel da apren-dizagem signicativa, segundo a autora,
aprender signicativamente é o que ocor -re quando se leva em consideração osobjetivos pessoais do aluno e, portanto,a ênfase a ser dada é no aluno situado noseu momento histórico, determinado poruma contexto socioeconômico, político,cultural e religioso 1.
O foco é que o professor se reconheçaenquanto aprendiz e enquanto professor. A
pesquisadora está vinculada a um grupo de pesquisadores da PUC-SP que desenvolve-ram um programa de formação contínua dedocentes de Inglês que tem como proposta oaprimoramento linguistico, o aprimoramentoda formação prossional e a formação domultiplicador.
Duarte (2002) descreve os aspectos afetivos
envolvidos no processo ensino-aprendizagem,que vê como um processo único. A pesquisa-dora ministrou um módulo que tinha comoobjetivo promover uma reexão retrospectivasobre as diferentes formas sob as quais dife-rentes tipos de aprendizagem ocorreram nashistórias de vida dos professores participantesdo módulo. Segundo a autora, “muitas vezes
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as formas pelas quais aprendemos determinamem parte, as formas pelas quais ensinamos”.
Propostas para repensar a práticapedagógica do ensino de LE
Como observamos nos tópicos anteriores,o professor de LE deve estar sempre repensan-do sua prática pedagógica, a pesquisa em LAfaz com que a cada dia este prossional possa
promover mudanças e tornar suas aulas maisdinâmicas e efetivas.
A experiência com alunos de Estágio Su- pervisionado nos mostra um retrato do atualquadro do ensino de língua inglesa. É comumouvirmos no relato de estagiários a observaçãode uma prática de professores pouco compro-metidos com mudanças e com uma aprendiza-gem realmente signicativa. Os relatórios nosmostram que muitos dos atuais prossionaisestão há muito tempo longe do ambiente aca-dêmico e poucos se interessam em reciclare ampliar seus conhecimentos em cursos deespecialização e pós-graduação.
Observamos que as mudanças promovidas pelos PCN’s e leis relativas ao ensino, não temestado acessíveis a estes prossionais. Muitosnão receberam nem leram a estes documentose parece não ter havido um comprometimentoinstitucional com a atualização destes pros-sionais.
A proposta de um trabalho mais ligado àrealidade do aluno no sentido de incentivar o
ensino de língua inglesa para ns especícos(ESP – English for Specic Purposes), princi-
palmente a modalidade de leitura instrumentalque foi sugerida nos PCN’s, parece ter sido
pouco divulgada e temos relato de prossio-nais matriculados em cursos de pós-graduaçãoque nunca sequer ouviram falar deste tipo detrabalho, e continuam enfatizando o uso dasquatro habilidades em suas aulas, ou adotam
um modelo que prioriza um estudo puramentegramatical desvinculado da realidade.
Uma proposta para um ensino da língua in-glesa mais signicativo e estimulante para alu-nos e professores, passa por uma reavaliaçãoda formação destes prossionais e posterioratualização daqueles que já estão formados amais tempo. Segundo Dutra e Mello (2004:31)5,
A reexão só emerge na vida de um professor, no nosso caso de línguas es-
trangeiras, quando há uma abertura paraentendê-lo como prossional em constan-te desenvolvimento e formação. Assim, aformação completa de um professor nãoacontece somente durante o período dagraduação, mas é um processo contínuode aprendizagem.
Abrahão (2004) e Celani (2002) apresen-tam diferentes programas de formação pros-sional contínua desenvolvidos em diferentesuniversidades brasileiras. O ponto de conver-gência destes diversos grupos foi exatamente areexão e a transformação da prática docentede prossionais recém formados e dos já ematuação. Através de pesquisas com coleta dedados utilizando entrevistas e questionários, ecom a participação de professores e alunos, foi
possível para estes professores observar sua prática de forma mais crítica.
Dentre as várias formas apresentadas para aperfeiçoar a prática destes docentes, o
incentivo ao trabalho com a leitura em línguaestrangeira é importante pelo fato de quetambém atua para uma melhor compreensãoda própria língua materna (cf. BARBOZA,2008b). O professor deve direcionar a leitura
para um objetivo especíco. Farrell (2003) eKleiman (1998) nos mostram que no ato daleitura as pessoas normalmente acionam seusconhecimentos prévios sobre o tópico. Uma
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vez que o aluno identique o tópico em ques-tão, a compreensão do texto e a solução das
tarefas propostas deverão ser sucientes paraque ele atinja seu objetivo principal, que não éa tradução do texto em sua íntegra, mas um en-tendimento global do que está sendo exposto.Tal prática também pode se mostrar produtivana leitura em língua materna.
É importante também, que o professor nãose comprometa simplesmente em concluir oconteúdo gramatical proposto para sua dis-ciplina, mas que também se comprometa em
tornar esse conteúdo relevante para o alunoem forma de textos em língua estrangeira comos quais eles possam ter contato em sua rotinafora do contexto escolar.
Desta forma, a escolha dos textos a seremtrabalhados também é outro ponto de extremaimportância. Os textos podem atrair a atençãodo aluno, por exemplo, ao usarmos um textocontendo instruções para utilizar um aparelhocelular ou um equipamento eletrônico comoum Mp3 ou TV que sempre estão presentesem seu dia a dia.
Também podemos falar de assuntos rela-tivos ao contexto cultural de nosso país o quefacilita a compreensão por utilizarmos um co-nhecimento prévio que o aluno já tem de sua
própria cultura. Textos que relatem a cultura deoutros países também são interessantes, poisapesar de o aluno não dominar previamente oassunto, ele muitas vezes é despertado atravésda curiosidade sendo que estes textos podem
atuar interdisciplinarmente, colaborando comoutras áreas de conhecimento.
Outra forma de atrair o interesse do alunoe despertar seu desejo de aprender é fazer comque ele seja mais ativo na aprendizagem, e nãosomente um receptáculo de conteúdos que elenão sabe para o que servem. Fazer com queele pesquise e busque informações, que ele
apresente ou demonstre o conhecimento queobteve em sua pesquisa, se for um trabalho
bem gerenciado, pode dar muitos frutos e mo-tivar a todos.
Citamos como exemplo uma professoraque, lecionando em uma escola pública dazona oeste da cidade do Rio de Janeiro, pediua seus alunos que fotografassem exemplos de
palavras cognatas e de anglicismos na cidade.Seus alunos buscaram em shopping centers,lojas, ruas, todos os lugares possíveis e carammotivados e em sua curiosidade descobriram
que usamos muito mais palavras da línguainglesa do que imaginamos e que esta culturatem grande inuência para nós.
A mesma professora também promoveuoutra atividade na qual os alunos deveriam fa-zer uma apresentação teatral de suas músicasfavoritas. Os alunos não precisavam cantar asmúsicas, mas deviam fazer uma representaçãocomo se fossem os próprios cantores. Com ointeresse e a motivação, muitos até cantarame se interessaram em fazer da apresentação decada grupo a melhor. A professora lmou seusalunos, e eles se sentiram como se estivessemna TV, podendo assistir suas próprias apresen-tações.
O aprendizado se deu nos exemplos cita-dos, não simplesmente como pura absorção deconteúdo, mas como algo mais signicativo eque com certeza trouxe algo a mais para estesalunos. Podemos dizer que houve um trabalhocom a cidadania, a cultura, o conhecimento e
descoberta de si mesmos e de sua importânciano processo de aprendizagem.
Considerações Finais
As reexões e teorias apresentadas nesteartigo apesar de breves, tiveram como objetivoapresentar uma visão geral do que é a prática
pedagógica no ensino da língua inglesa atual-
Catia Aparecida Vieira Barboza
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mente e do que podemos fazer para que esta prática se torne mais signicativa e produtiva.
Destacamos aqui a importância de umaformação prossional mais consciente e maiscomprometida com a reexão e a autocrítica,e de incentivar a formação e a procura de es-
paços para que os prossionais da área possamreciclar e ampliar seus conhecimentos. Apre-
REFERÊNCIAS:
ABRAHÃO, Maria Helena Vieira. Prática de ensino de língua estrangeira: experiências ereexões. São Paulo: Pontes Editores/ArteLíngua, 2004.
BARBOZA, Catia Aparecida Vieira (2008a). “A leitura instrumental como instrumento paraum melhor aproveitamento escolar: reexões e pontes entre LI e LM”. In: Revista Cientíca
Semioses, (Textos Livres) nº 4, Agosto 2008, ISSN 1981-996X.BARBOZA, Catia Aparecida Vieira (2008b). “Estruturas metafóricas e discurso: Um estudoempírico sobre os conceitos e a importância do estudo da língua inglesa no curso supletivo”. In:Miranda, Maria Geralda de et alii . Olhares sobre o discurso: Língua, linguagem e cultura.Rio de Janeiro: HP Comunicação Editora, 2008.
CELANI, Maria Antonieta Alba. Professores e formadores em mudança: relato de um pro-cesso de reexão e transformação da prática docente. São Paulo: Mercado de Letras, 2002.
COOK, Guy. Applied Linguistics.Oxford: Oxford University Press, 2003.
FARRELL, Thomas S. C. Planejamento de Atividades de Leitura para Aulas de Idioma.Tradução Itana Summers Medrado. São Paulo: Special Book Services Livraria, (Portfolio SBS6) 2003.
HUTCHINSON, Tom; WATERS, Alan. English for Specic Purposes: A learning-centred
approach. Cambridge: Cambridge University Press, 1987.
KLEIMAN, Ângela. Texto e Leitor: Aspectos Cognitivos da Leitura. São Paulo: Pontes, 1999.
sentamos também a pesquisa na área de Lin-guistica Aplicada como um caminho para esta
prática docente e formação ativa e reexiva.
Acreditamos ser importante que as novasdiretrizes e parâmetros sejam do conhecimentode todos e que todos busquem novas formas demotivar a si mesmos e a seus alunos, fazendode cada aula um espaço de troca e descoberta.
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KLEIMAN, Ângela. Ocina de Leitura: Teoria e Prática. São Paulo: Pontes, 1998.
LOPES, Luiz Paulo da M. Ocina de Linguistica Aplicada: a natureza social e educacionaldos processos de ensino/ aprendizagem de línguas. São Paulo: Mercado de Letras, 1996.
LOPES, Luiz Paulo da M. (org.). Por uma linguistica aplicada indisciplinar. São Paulo: Pará- bola Editorial, 2006.
Notas:
1 - Tradução do texto original em inglês;
2 - Aronowitz e Giroux (1991) apud Lopes
(2006);3 - Dutra e Mello. “A prática reexiva naformação inicial e contínua de professores delíngua inglesa” In: Abrahão, Maria HelenaVieira. Prática de ensino de língua estran-geira: experiências e reexões. São Paulo:Pontes Editores, ArteLíngua, 2004.
4 - Nunnam (1998) apud Oliveira (2004).
5 - Dutra e Mello. “A prática reexiva na
formação inicial e contínua de professores delíngua inglesa” In: Abrahão, Maria HelenaVieira. Prática de ensino de língua estran-geira: experiências e reexões. São Paulo:Pontes Editores, ArteLíngua, 2004.
Catia Aparecida Vieira Barboza