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A loucura do trabalho, 1998 de C. Dejours Nome Matrícula Para Dejours, o sofrimento é resultado de forças que empurram o sujeito em direção à doença mental, levando-o a observar o papel da organização do trabalho como preponderante para dirimir ou intensificar tal sofrimento. A organização do trabalho consiste tanto no modus operandi que determina a divisão de tarefas, quanto pelos responsáveis de determina-las, representado pelo sistema hierárquico e repartições no trabalho. O sofrimento patogênico, por sua vez, eclode quando o sujeito se vê incapacitado de adaptar essa organização de trabalho ao seu desejo, criando estratégias defensivas, de forças egóicas, para não desnutrir sua força trabalhadora. O atual sistema de trabalho, que aloca o sofrimento psíquico, não é o primeiro a sofrer com os diferentes modelos de produção. Nas décadas anteriores, fordismo e taylorismo tentaram extrair o máximo da produção calcados em um corpo dócil e disciplinado. A lógica da mais-valia se suplantava na potência de diminuição de gastos e do aumento da produção, e inevitavelmente colocava o trabalhador no epicentro. O pensamento exploratório, somado a diversos acontecimentos históricos que tiveram como base a classe trabalhadora, resultaram nos avanços que ainda reverberam na atualidade. O programa da Resistência, parcialmente

A Loucura Do Trabalho por UVA

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Trabalho apresentado para a disciplina de comportamento organizacional na Universidade veiga de almeida, no Rio de janeiro, campus cabo frio.

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Page 1: A Loucura Do Trabalho por UVA

A loucura do trabalho, 1998de C. Dejours

NomeMatrícula

Para Dejours, o sofrimento é resultado de forças que empurram o sujeito em

direção à doença mental, levando-o a observar o papel da organização do trabalho como

preponderante para dirimir ou intensificar tal sofrimento. A organização do trabalho

consiste tanto no modus operandi que determina a divisão de tarefas, quanto pelos

responsáveis de determina-las, representado pelo sistema hierárquico e repartições no

trabalho. O sofrimento patogênico, por sua vez, eclode quando o sujeito se vê

incapacitado de adaptar essa organização de trabalho ao seu desejo, criando estratégias

defensivas, de forças egóicas, para não desnutrir sua força trabalhadora.

O atual sistema de trabalho, que aloca o sofrimento psíquico, não é o primeiro a

sofrer com os diferentes modelos de produção. Nas décadas anteriores, fordismo e

taylorismo tentaram extrair o máximo da produção calcados em um corpo dócil e

disciplinado. A lógica da mais-valia se suplantava na potência de diminuição de gastos e

do aumento da produção, e inevitavelmente colocava o trabalhador no epicentro. O

pensamento exploratório, somado a diversos acontecimentos históricos que tiveram

como base a classe trabalhadora, resultaram nos avanços que ainda reverberam na

atualidade. O programa da Resistência, parcialmente aplicado, faz nascerem novas

esperanças, com a institucionalização da Medicina do Trabalho (1946), da Previdência

Social (1945), dos Comitês de Higiene e de Segurança (1947). Durante todo esse

período, que se inicia em 1944, o movimento operário permanece desenvolvendo sua

ação para a melhoria das condições de vida mas, simultaneamente, se destaca uma

frente própria, de saúde.

Sobre as causas de sofrimento no trabalho, o autor afirma que a exclusão do

sujeito, ou seja, da sua subjetividade, coloca o homem como vítima do seu próprio

trabalho. Tal exclusão inclui, paralelamente, a promessa falha de que o mundo do

trabalho gera fundamentalmente um trabalhador feliz e plenamente satisfeito. Essa

sensação aumentou a partir da década de 60, com o advento da aceleração da força

produtiva, máquinas e outras ciências tecnológicas. Os empecilhos nos ambientes

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físicos, biológicos e químicos entraram em voga pelo sofrimento insuspeito que

geravam no dia-a-dia dos operários. A partir de então o conceito de normalidade, tido

para Dejours como o equilíbrio entre o sofrimento gerado pelo trabalho e as defesas

psíquicas do trabalhador, aparece como uma regulação das estratégias egóicas que o

trabalhador dispõe para dirimir seu sofrimento.

Dejours afirma que o sofrimento é uma inerência do trabalhador em relação às

expectativas e frustrações de seu trabalho e, não obstante, está em todo lugar. O teatro

do trabalho aparece, portanto, para aflorar que o sofrimento é individualizado por

depender da construção social e psíquica de cada sujeito:

E que isso, invariavelmente, acaba repercutindo no ambiente de

trabalho, em seu “teatro”, com os seus “personagens” (patrão,

empregado, supervisor, colega de trabalho), “seu enredo” (a estrutura

de poder e hierarquia, preconceitos, valores), “o cenário” (o

macroambiente, o desemprego, a instabilidade, as incertezas); até

mesmo, “espectadores” (família, amigos, adversários), que, afinal,

“aplaudiram” ou não, numa analogia com a vida real, o fruto de uma

vida, aprovando-a ou não (Dejours Apud Rodrigues, P. F. et al.).

Seus diversos estudos mostram como a relação trabalhador X chefia pode ser

maléfica. O relato sobre o trabalho das telefonistas mostrou que, quando o sofrimento é

útil à produtividade, pode ser estimulado pelas chefias. O mesmo valeu para a

ansiedade, “cujo valor "funcional" para produtividade pode conduzir à sua utilização

como técnica organizacional de comando”. Igualmente acontece com o medo, que é

usado por diferentes empresas como alavanca para estimular o trabalho. Não obstante

há o que Dejours chamou de ignorância da chefia técnica, explicada a partir do

conhecimento teórico que as novas chefias têm ao chegar na empresa, e que está

totalmente disparatada com a real prática exercida pelos funcionários. Isso gera.