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Trabalho apresentado para a disciplina de comportamento organizacional na Universidade veiga de almeida, no Rio de janeiro, campus cabo frio.
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A loucura do trabalho, 1998de C. Dejours
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Para Dejours, o sofrimento é resultado de forças que empurram o sujeito em
direção à doença mental, levando-o a observar o papel da organização do trabalho como
preponderante para dirimir ou intensificar tal sofrimento. A organização do trabalho
consiste tanto no modus operandi que determina a divisão de tarefas, quanto pelos
responsáveis de determina-las, representado pelo sistema hierárquico e repartições no
trabalho. O sofrimento patogênico, por sua vez, eclode quando o sujeito se vê
incapacitado de adaptar essa organização de trabalho ao seu desejo, criando estratégias
defensivas, de forças egóicas, para não desnutrir sua força trabalhadora.
O atual sistema de trabalho, que aloca o sofrimento psíquico, não é o primeiro a
sofrer com os diferentes modelos de produção. Nas décadas anteriores, fordismo e
taylorismo tentaram extrair o máximo da produção calcados em um corpo dócil e
disciplinado. A lógica da mais-valia se suplantava na potência de diminuição de gastos e
do aumento da produção, e inevitavelmente colocava o trabalhador no epicentro. O
pensamento exploratório, somado a diversos acontecimentos históricos que tiveram
como base a classe trabalhadora, resultaram nos avanços que ainda reverberam na
atualidade. O programa da Resistência, parcialmente aplicado, faz nascerem novas
esperanças, com a institucionalização da Medicina do Trabalho (1946), da Previdência
Social (1945), dos Comitês de Higiene e de Segurança (1947). Durante todo esse
período, que se inicia em 1944, o movimento operário permanece desenvolvendo sua
ação para a melhoria das condições de vida mas, simultaneamente, se destaca uma
frente própria, de saúde.
Sobre as causas de sofrimento no trabalho, o autor afirma que a exclusão do
sujeito, ou seja, da sua subjetividade, coloca o homem como vítima do seu próprio
trabalho. Tal exclusão inclui, paralelamente, a promessa falha de que o mundo do
trabalho gera fundamentalmente um trabalhador feliz e plenamente satisfeito. Essa
sensação aumentou a partir da década de 60, com o advento da aceleração da força
produtiva, máquinas e outras ciências tecnológicas. Os empecilhos nos ambientes
físicos, biológicos e químicos entraram em voga pelo sofrimento insuspeito que
geravam no dia-a-dia dos operários. A partir de então o conceito de normalidade, tido
para Dejours como o equilíbrio entre o sofrimento gerado pelo trabalho e as defesas
psíquicas do trabalhador, aparece como uma regulação das estratégias egóicas que o
trabalhador dispõe para dirimir seu sofrimento.
Dejours afirma que o sofrimento é uma inerência do trabalhador em relação às
expectativas e frustrações de seu trabalho e, não obstante, está em todo lugar. O teatro
do trabalho aparece, portanto, para aflorar que o sofrimento é individualizado por
depender da construção social e psíquica de cada sujeito:
E que isso, invariavelmente, acaba repercutindo no ambiente de
trabalho, em seu “teatro”, com os seus “personagens” (patrão,
empregado, supervisor, colega de trabalho), “seu enredo” (a estrutura
de poder e hierarquia, preconceitos, valores), “o cenário” (o
macroambiente, o desemprego, a instabilidade, as incertezas); até
mesmo, “espectadores” (família, amigos, adversários), que, afinal,
“aplaudiram” ou não, numa analogia com a vida real, o fruto de uma
vida, aprovando-a ou não (Dejours Apud Rodrigues, P. F. et al.).
Seus diversos estudos mostram como a relação trabalhador X chefia pode ser
maléfica. O relato sobre o trabalho das telefonistas mostrou que, quando o sofrimento é
útil à produtividade, pode ser estimulado pelas chefias. O mesmo valeu para a
ansiedade, “cujo valor "funcional" para produtividade pode conduzir à sua utilização
como técnica organizacional de comando”. Igualmente acontece com o medo, que é
usado por diferentes empresas como alavanca para estimular o trabalho. Não obstante
há o que Dejours chamou de ignorância da chefia técnica, explicada a partir do
conhecimento teórico que as novas chefias têm ao chegar na empresa, e que está
totalmente disparatada com a real prática exercida pelos funcionários. Isso gera.