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Militar e diplomata Afonso de Albuquerque foi a grande base sobre a qual se construiu o Império Português no Oriente. Nomeadamente governador da Índia por D.Manuel I. Tem visão larga e ambiciosa, conquistando diversas praças-fortes, nomeadamente Goa e Ormuz, com o intuito de controlar a navegação no Mar Vermelho e as trocas comerciais em todo o sub-continente. A Outra Asa do Grifo: AFONSO DE ALBUQUERQUE Na estrutura interna de Mensagem o poema é o terceiro do quinto grupo “ O Timbre” da primeira parte O Brasão. Simboliza o poder da força, a concretização do sonho. Se tivermos em conta o simbolismo dos três poemas do Timbre teremos algo como visão (D. Henrique), o poder da vontade (D. João, o segundo) e o poder da força Afonso de Albuquerque. Afonso de Albuquerque representa a parte da força, do poder militar no Oriente, que deu o seu contributo importante para a fixação e ampliaçao do Império naquela regiao. Pessoa apresenta Afonso de Albuquerque “de pé, sobre os países conquistados". Danos pois uma imagem de um herói pelas armas, um soldado. Mas esse mesmo soldado. ‘desce os olhos cansados / De ver 0 mundo e a injustiça e a sorte”. Esta descrição é um bom exemplo de como Pessoa tenta sempre alcançar algo para além do supercial, para além do evidente. No soldado ele tenta perceber o cansaço, despir-lhe por um momento a pele de herói para o desvendar como homem. A injustiça que o autor se refere é à ingratidão dos outros pelos seus feitos. O seu sucesso não desperta admiração nos outros, mas sim inveja. Pessoa chama sorte ao destino ao contrário dos poemas dos das quinas em que o azar é uma constante. Foi o destino que “deu” , que permitiu a realização dos feitos de Afonso de Albuquerque, mas como nada é de graça, ele presenciou um futuro negro, e uma vida repleta de azar. Afonso de Albuquerque “não pensa na Vida ou na morte", já cansado de tanto poder, de tanta conquista. ‘Tao poderoso que nao quere o quanto / Pode”. que nao deseja ter mais, quando podia desejar. Porque "o querer tanto / Calcara mais do que o submisso mundo / Sob o seu passo fundo”, ou seja, o seu desejo de gloria tinha trazido mais do que apenas a posse, também tinha trazido as invejas na corte, o azar. um futuro negro. Mesmo assim, ele deve ser recordado como quem ‘trés impérios do chão” criou “Como quem os desdenha” ou seja com grande facilidade O número três representa simbolicamente a perfeição.Os trés impérios que Albuquerque criou, poderão ser: Goa [Índia. 1510), Malaca (Malásia, 1511) e Ormuz [Golfo Pérsico, 1515)”. Embora podemos pensar que Pessoa se referia igualmente a outros três impérios: 0 material (da conquista), o espiritual (dos missionários cristãos na índia) e 0 Cultural (era conhecido o projecto de Afonso de Albuquerque para a, integração racial. através de casamentos entre Portugueses e mulheres de Goa — processo que cou conhecido como o Principio de Albuquerque).

Afonso de Alburquerque

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Os Lusiadas vs Mensagen

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  • Militar e diplomata Afonso de Albuquerque foi a grande base sobre a qual se construiu o Imprio Portugus

    no Oriente. Nomeadamente governador da ndia por D.Manuel I. Tem viso larga e ambiciosa, conquistando diversas praas-fortes, nomeadamente Goa e Ormuz, com o intuito de controlar a navegao no Mar Vermelho e as trocas comerciais em todo o sub-continente.

    A Outra Asa do Grifo: AFONSO DE ALBUQUERQUE

    Na Na estrutura interna de Mensagem o poema o terceiro do quinto grupo O Timbre da primeira parte O Braso.

    Simboliza o poder da fora, a concretizao do sonho. Se tivermos em conta o simbolismo dos trs poemas do Timbre teremos algo como viso (D. Henrique), o poder da vontade (D. Joo, o segundo) e o poder da fora Afonso de Albuquerque. Afonso de Albuquerque representa a parte da fora, do poder militar no Oriente, que deu o seu contributo importante para a fixao e ampliaao do Imprio naquela regiao. Pessoa apresenta Afonso de Albuquerque de p, sobre os pases conquistados". Danos pois uma imagem de um heri pelas armas, um soldado. Mas esse mesmo soldado. desce os olhos cansados / De ver 0 mundo e a injustia e a sorte. Esta descrio um bom exemplo de como Pessoa tenta sempre alcanar algo para alm do supercial, para alm do evidente. No soldado ele tenta perceber o cansao, despir-lhe por um momento a pele de heri para o desvendar como homem. A injustia que o autor se refere ingratido dos outros pelos seus feitos. O seu sucesso no desperta admirao nos outros, mas sim inveja. Pessoa chama sorte ao destino ao contrrio dos poemas dos das quinas em que o azar uma constante. Foi o destino que deu , que permitiu a realizao dos feitos de Afonso de Albuquerque, mas como nada de graa, ele presenciou um futuro negro, e uma vida repleta de azar. Afonso de Albuquerque no pensa na Vida ou na morte", j cansado de tanto poder, de tanta conquista. Tao poderoso que nao quere o quanto / Pode. que nao deseja ter mais, quando podia desejar. Porque "o querer tanto / Calcara mais do que o submisso mundo / Sob o seu passo fundo, ou seja, o seu desejo de gloria tinha trazido mais do que apenas a posse, tambm tinha trazido as invejas na corte, o azar. um futuro negro. Mesmo assim, ele deve ser recordado como quem trs imprios do cho criou Como quem os desdenha ou seja com grande facilidade O nmero trs representa simbolicamente a perfeio.Os trs imprios que Albuquerque criou, podero ser: Goa [ndia. 1510), Malaca (Malsia, 1511) e Ormuz [Golfo Prsico, 1515). Embora podemos pensar que Pessoa se referia igualmente a outros trs imprios: 0 material (da conquista), o espiritual (dos missionrios cristos na ndia) e 0 Cultural (era conhecido o projecto de Afonso de Albuquerque para a, integrao racial. atravs de casamentos entre Portugueses e mulheres de Goa processo que cou conhecido como o Principio de Albuquerque).

  • Lusiadas Canto 1 estrofe 14 nos reinos da aurora- no Oriente (onde o Sol nasce); um Pacheco fortssimo- Duarte Pacheco Pereira; os Almeidas, por quem sempre o Tejo chora- D.Francisco de Almeida e o filho D.Loureno, nenhum dos quais regressou a Portugal (D. Loureno pereceu num combate naval em Chaul e D.Francisco morreu na costa africana, num recontro de circunstncia contra nativos); Castro forte- D.Joo de Castro, ltimo grande vice-rei da ndia. O primeiro verso encontras se na Dedicatria na qual o poeta oferece ao rei D.Sebastio onde refere alguns heris de Portugal. E o poeta ainda diz que no se vai esquecer de escrever sobre aqueles que se fizerem heris no oriente, Canto 10 estrofe 40 42 44 45 No canto 10 uma nifa profetiza as vitrias portuguesas, menciona Afonso de Albuquerque em termos elogiosos e que salienta a grandeza das conquistas por ele concebidas e comandadas que deram trs novos reinos no oriente a Portugal; enviado para a ndia pelo rei D. Manuel para substituir o vice-rei Albuquerque no s teve que lutar contra os povos indianos que no aceitavam a presena portuguesa, como tambm contra os prprios portugueses: os que para l foram e lhe invejavam o sucesso militar Cames elogia, pela boca de uma ninfa, as virtudes militares de Afonso de Albuquerque e a aquisio dos reinos de Goa, Ormuz e Malaca em trs estrofes mas na ultima Cames por uma razo que me parece injustificada, atendendo ao grande homem que Albuquerque foi; a razo dessa crtica tem origem no facto de Afonso de Albuquerque ter punido com a morte um soldado que, desobedecendo s ordens que lhe foram dadas, passou a noite com uma escrava indgena; por esta razo, a ninfa foi obrigada a calar os elogios e a passar s reprimendas Os Lusadas esto divididos em dez cantos, cada um deles com um nmero varivel de estrofes, que, no total, somam 1102. Essas estrofes so todas oitavas com dez slaba mtricas - decasslabo, obedecendo ao esquema rimtico ABABABCC, rimas cruzadas nos seis primeiros versos, e emparelhada, nos dois ltimos.