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01% 01% ÍlIIIIH 111111 1 ký 1 Ilizil DEPOSITA.NDO AS SUAS POUPANÇAS NO BANCO EVITA QUE SEJAM ROUBADAS OU... DEVORADAS PELO FOGO ou... ARRASTADAS PELAS AGUAS ORGANIZE A VIDA DA SUA FAMILIA ABRINDO UMA CONTAoqDEPOSITO PARA GUARDAR AS SUAS POUPANÇAS MONTEPIO DE MOCMBIODE Tete: Um resumo de Moçffmbique e Refugiador da África Austrd "rkt~ :Io: Muradeli Meandhusen; Chefe de R.do.çlo ieteino: Luís Deed. R*o&8.ç: 'Albino M-gele. Alv-n Gon~. Antnio Matone, Cal,,n da Silo CorSas C ~.doss. W$s* David, Mnnd.s de Olivoire, N-roiso Cantenie;: Socr.tád,. de Redeeçco: Oféli. Tombe: F9q.fla: Ri endo R-gei. Kok Nana, N.ite Usene. Arrindo Afonso (coluboader); M ~elueç&o: Eogdni. Aldsse.; Correspondenfe, Inteneuaioei: Wilfred Burchett, Pieiro Pet,ýhi, Aqusta Conohiglia (Angola); tefeda Abder-eek (Fremnçe) ony Avren (Tenzonaie Joet Beptinfa (Inlaterra); Colaboraçio eu'torel co.m reviste «Teronr Mundo» PeNp1d.de: Terpogrdím a Ofiones. Redecção e Seriços Coriis: Ao. Ahred Sekou Toré, 1078-A e 8 (Prddio lca). Teis. 26191/213; C.P. 29t7- auto, Repúblo Popular de Moçanbiqe. 0 problema dos refugiados em Africa assume desde há muito o grau de grande problema. Primeiro pelo grande número de refugiados no nosso continente. Segun- de Zimbabwe, Namíbia e do pelo facto de os países Africa do Sul encontrampara onde têm que ir os -se em países indepenrefugiados serem países dentes vizinhos. pobres. Neste momento, mais de 54 mil refugiados Página ......... 28 Tete é de todas as Províncias do País aquela que mais dificuldades têm devido a características especiais que a individualizam. Numa curt a análise procuramos dar uma visão política desta província que faz fronteira com três países estrangeiros. TambéM tentamos revelar alguns aspectos da História de Moçambique através de testemunhos existentes nesta Província que não é só rica em minerais e agricultura mas também rica em documentos históricos. Página ............... 36

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DEPOSITA.NDOAS SUASPOUPANÇAS NOBANCOEVITA QUE SEJAM ROUBADAS OU...DEVORADAS PELO FOGO ou...ARRASTADAS PELAS AGUASORGANIZE A VIDA DA SUA FAMILIA ABRINDO UMACONTAoqDEPOSITOPARA GUARDAR AS SUAS POUPANÇASMONTEPIO DE MOCMBIODE

Tete: Um resumo de Moçffmbique e Refugiador da África Austrd"rkt~ :Io: Muradeli Meandhusen; Chefe de R.do.çlo ieteino: Luís Deed.R*o&8.ç: 'Albino M-gele. Alv-n Gon~. Antnio Matone, Cal,,n da Silo CorSas C~.doss. W$s* David, Mnnd.s de Olivoire, N-roiso Cantenie;: Socr.tád,.de Redeeçco: Oféli. Tombe: F9q.fla: Ri� endo R-gei. Kok Nana, N.ite Usene.Arrindo Afonso (coluboader); M ~elueç&o: Eogdni. Aldsse.; Correspondenfe,Inteneuaioei: Wilfred Burchett, Pieiro Pet,ýhi, Aqusta Conohiglia (Angola);tefeda Abder-eek (Fremnçe) ony Avren (Tenzonaie Joet Beptinfa (Inlaterra);Colaboraçio eu'torel co.m reviste «Teronr Mundo» PeNp1d.de: Terpogrdím aOfiones. Redecção e Seriços Coriis: Ao. Ahred Sekou Toré, 1078-A e 8 (Prddiolca). Teis. 26191/213; C.P. 29t7- auto, Repúblo Popular de Moçanbiqe.0 problema dos refugiados em Africa assume desde há muito o grau de grandeproblema. Primeiro pelo grande número de refugiados no nosso continente.Segun- de Zimbabwe, Namíbia e do pelo facto de os países Africa do Sulencontrampara onde têm que ir os -se em países indepenrefugiados serem paísesdentes vizinhos. pobres. Neste momento, mais de 54 mil refugiados Página......... 28Tete é de todas as Províncias do País aquela que mais dificuldades têm devido acaracterísticas especiais que a individualizam. Numa curt a análise procuramosdar uma visão política desta província que faz fronteira com três paísesestrangeiros.TambéM tentamos revelar alguns aspectos da História de Moçambique através detestemunhos existentes nesta Província que não é só rica em minerais e agriculturamas também rica em documentos históricos.Página ............... 36

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PÁGINA POR PAGINACartas dos leitoresSemana nacional. .......Passos fundamentais para a socialização da medicina - Trabalhadores contribuempara a defesa do Pais - Deta: liquidar a fraude demilhares de contos.Semana internacional .. ..... 10Rodésia: a voz dos fantoches Segundo aniversário de S. Tomé e Príncipe - PresoNito Alves Paquistão: os militares no poder. Jornais e Revistas .... .... 12 Factos eCritica . ! ....... ..14 O «ýmodelo exportador brasileiro» 18 Potedam e a divisão daAlemanha 20 O Paraíso Perdido ....22 Refugiados da Africa Austral . . . 28 Tete:'Um resumo de Moçambique . 36 Transportes e Comunicações (3). 47 Fazerestradas para transformar a vida . .... 54O Primeiro Encontro . 58Operação diplomática cumprida coméxito . . . . 62PODE COMPRAR «TEMPO» NAS SEGUINTES LOCALIDADES:PROVINCIA DE MAPUTO: Namaacha, Mani;ça, Moamba, lIcoluane. Xinavanee Boane; PROVINCIA DE GAZA: Xei-Xai,-Chicualacuala ChibuOo. Chokwé,Mass;ng;r. Manacoze'. Caniçado, Mabalene e, Nhamavila: PROVINCIA DEINHAMBANE: Inhambane. Qu;ssico-Zavala, Maxixe, Homolne, MorrumbeneoMambone, Penda e Mabote; PROVINCIA DE MANICA: Chimojo, Espungaberae Manica; PROVINCIA DE SOFALA: Beira, Dondo e Marromeu; PROVINCIADE TETE: Tete, Songo. Angónia, Mutarara, Zóbué, Moatize e Mígoé;PROVINCIA DE ZAMBÉZIA: Quelimane, Pebane, GI16, Ile, Mgania da Costa,Namacurra, Ch;nde, Luabo, Alto Molocué. Lugela, Gúrué, Mocuba e Macuse;PROVINCIA DE NAMPULA: Nampula, Nacala, Angoche, Lumbo, Murrupula,Meconta e Mossuil: PROVINCIA DE CABO DELGADO: Pembo, Mocímboa daPraia e Montepuez; PROVINCIA DO NIASSA: Lichinga e Marrupa. EMANGOLA: Luanda. Lubango, Huambo, Cabinda, Benguela e Lobito. EMPORTUGAL: Lisboa.CONDIÇOES DE ASSINATURA:Províncias de Maputo, Gaa e Inhambane: I ano (52 números) - 760$00; 6 meses(26 números) - 30$00; 3 meses (13 números) - 190$00. Outras proeíncias." porvia aérea: 1 ano (52 números) - 840$00; 6 meses (26 números) 420$00; 3 meses(13 números) -210$00. O pedido de assinatura deve ser acompanhado daimportância respectiva.4O~~ ~~~~~~ .o . .,O. ..O.~ .c .. . . ~. .~ .o ... ...o~~~~~ ~~~~~ 1>~'co- '..ol;s..... m

,ba o espír~ode .eL aO fo~o de transformar um 'pas ui.oamente atraesdo em um Estado o~e socialistaoindustrializado alio de giganesc. AO uma batalha em>£a ss~a & o saim!

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que undsnims ie5,a 5fLIMO, na tot~lidade com o a poo ganhaemos omaio eo poseMogomique6um paia que se contra r 9 abutrea do é Viilismo Smith. Esteoecom muita o de destruir a aiM~O cmo&" pelsumtrése. Além dimo te. tido ou uido aba~o por ~aai~ae natuai, que têm prediado anoma economi. AprWovit ando-se doi falta de pessoal adequado, agente «ao"do atigo reime andam por aí epald cautaudo dano e s bondo a n~oss eonomia, como objecti'o de dmped o povo ia to~a o poder 6e mico.H&os que So compreendem isso o peam que Mooueo gan atalh um ua araear por dikfiuad a s internas ou ecternas. Estes mesmoscompanho crave-no problemas e dificuldde com o objectivo de sobrecaregao estado. Mo sei se fazem por ino i mas oro é que s estivessem organizados a partir de suas cass muitos problemas seriam.eitados. Não Uem «nnhu conscidci de responsabliad perante as suas tarefas, eam o tr amos ben oleti.os ou do Estado.Entrei uma vez num dos refeitórios colectivos de Pemba e vi quo a eia e sera nosprats mais que o n mal. Procurei saber porquê disame que de vez em quando tem raretdo coid na cozinha. Ndo procureisab r p'o onde levavam, aquela que sobrava. Numa das oficinas de Mocímboa daPraia pe v um carro quenem eio meses tinha e o motor estava gra . Outros adam mal com o. ceronem controlam a lotaçãio confiando s oficinas. Alguns bares vendem «grades» aindividuos e essas mesmas grades nem ovam fios em suas casas. Outros compramquilos de a$úcar e em vez de consumirem e fazerem lanche pora s seus flios,fazem «cabanga» durante a semana.EM algumas cas~ partem-se copo de qualue maneira, festas em todomomento, a comida estraga-se, sem mais nem menos e deita-se fora etc.,confiando o seu boleo. Estes e outros aspecos que udo pude mencionar. adoproblemas que acontecem no nosso NoCambique.Eu udo sei se as famílias e os estabelecimentos que deitam fora comida por noterem feito antes os câlculos, sabem que as secas e as inund~csTEMPO N.° 354 -pág. 2

'poderiam ter avançado por talves dlguns anos? Eses carros e máquinas que,utilizamos de qualquer maneira confiando nas oficinas, não sei se estescompanheiros sabem donde vêm as peas e quais sõo as despesas que o Estado temque fiazer para obtê-las? Os vendedores e consumidores de bebidas porque é quendo regularizam as quantidades para que estas possam aguentar at aos diasfamiliares e nacionais? Porque 0 que queremos beber tudo no mesmo dia atéesquecermos o nosso próprio nome? Aquelas corrida de moto-oross eautomobilismo que pude ver em 75 nas pistas do A.T.C.M. em Maputo quevantagens têm? Quem ado os que praticam? Ndo sei se estes que praticasa

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acompanham a orise de energia que o globo atravessa? Ndo sei se conhecem ospreços do petróleo que dia após dia estão subindo?Ou pensam que Moçambique tem grandes reservas de petróleo e por issopodemos estragar em simples brincadeiras porque tenho dinheiro no bolso, udo é?Mas eu penso que o petróleo que temos é para a nossa indústria, para os nossostransportes e para as famílias que tiverem veículos mas sempre com viagens epasseios objectivos e organizados, não para ntornar nas pistas do A.T.C.M.. Seprocedermos, desta maneira nunca tiraremos Moçambique do dependênciacapitaulista. E é necessário pensarmos sempre no futuro! A ituação nem sempre éa mesma se os nossos armazén sejam eles da comunidade ou familiares, nãoestiverem em condições ou mesmo sempre cheios como poderemos enfrentar ascalamidades que têm abalado o 4os So pais como contribuiremos aos povos queainda estdo em luta? Devem considerar a eorrupçdo material e o esbanjamentocomo sendo crimes contra Q 0nossa economia! Economizar como as formigas,evitar o pouco que temos e lutar pelo aumento da produção é satisfazer as nossaspróprias aspirações. Porque se assim for sob a direcçdo do nosso Partido e datotalidade do nosso povo, estaremos em condições de alcançar a vitória dentro dealgumas décadas e estaremos firmes e pronI"Ký cron«frentà todo o tipo de dificuldades. A noço de economia e luta contr a corrupão e oesbanjmento .deve ser aplicada em todos o sectores de trabalho; fdbrcs, centroscomerciais, repartiçães, hotéis, refeitórios colectivos, etc..Rogério S. Carlos CossaA Luta Continua!Rogério . Carlos CossaC9ntro Piloto Mocímboa da PraiaCABO DELGADO?Ião há ~otmas no CMInspirado pela palavra de Ordem «VigiMnia» venho, pela 1.0 vez expoo soguin":- No dia 4 do mês em curso, naterminal de Maputo sendo 18,45 has partiu uma Carreira de S. Dâmaso, daCompanhia de Tramportes de Moçambique, na q entre outros,majava uma senhora com duas cri a de idades compreendidas entre os dois e ostrês anos.Ao chegar na paragem que suced. à da Loja do Povo, e a pedido dessa passaueira,o machibombo parou e apenas desceram as crianças que acompa. nhavam asenhora não dando tempo que ela descesse também, o que originou que só fossedescer na paragem seguinte deando as crianças abandonadas. Nisto o motoristaalegou que estava atrasado.Ora aconteceu que no dia seguinte, dia 5, na mesma Carreira que partia de S.Ddmaso "s 7.00 conduzida pelo motorista conhecido por «Oltimo Mo. delo»devido às características do seu chapéu que é preso ao pescoço por um fio, tendoemo cobrador um homem com o c~ da Polícia do Porto (Ez)C.F.M. o machibombo ao chegar na 2." paragem aparecem um companheiro quenos parece ser Polícia Administraiva, passageíro habitual, que se dirigiu aomotorista pedindo que esperasse pelo seu familiar que estava em casa. Assim

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esperámos sem saber o que é que se passava das 7,10 até às 7,18 minutos e porisso fizemos um jercx r ..A qss que ebemos com o Sr.Cobrador foi de que s quissemos po. diamos escrever à revista «Tempo» que eloscompravam pa ler pois não dei. oaria de esperar a pessoa, e que era preferíveldeixarem uma pessoa que correse para apanhar o mahibombo do que esse.-Agora pergunto: Não há normas na Compamhia de Transportes?Isto espelha duma maneira flagran. te, a falta que fazem umas lições de relaçtes -motorista-cobrdoe-e.pas. sageiros.Faço apelo para que o Grupo mizador desses Transportes analisem essassituações.Ricardo Rafael PagulaFuncioáário dos S.M.A.E.SaudacdoMoçambicano de origem e coraçãa, involuntariamente em Lisboa, acomp-nho asvitórias e a luta do nosso' Povo através da «TEMPO», que leio seno' n.almente, e,mesmo distante, neste momento estou com Moçambique, vivendo a «Semana deCultura» de Moçambique com que aqui se comemora o £.' aniversário do gloriosoacontecimento da nossa independência, construída com o sacrificio e o sangue donosso Povo.Ouso pedir a publicaçãio nas vossas colunas desta minha saudaçdo ao Povomoçambicano e às estruturas da FRELIMO, quadras singelas nascidasespontaneamente num coraçto que nunca deixará de ser moçambicano. Eu tesaudo Moçambique novo No dia mais belo da nossa vida Em que vi, hasteadapelo Povo do mundo, a bandeira mais querida Eu te saúdo irmão moçambicanoQue lutaste com tenacidade E com espírito sobre-humano Constróis a novasociedade Eu te saúâdo pois, mesmo distante Porque estou no coração Eu te saúdoe grito - Avante, Moçambicano, meu irmílo!Nuno AraúJo(Noho)TEMPO N. 354 -pág. 3

"'Cadetnos .t etze ,Munodo"oFicamos muito alegr6s com a nowtcia sobre o vosso convénio de cooper 9io, queesperamos sma impotn para as duas revistas. As referê a*Cuadornos dol Tercer Mundo» foram rebidas com entusiasmo e agradecimentopor toda a equipa, retudo por partir de uma revista como «Tempo», cuia li, Rnepe reo w i ,é de ezemplar 'fidedade as lut a dos nosos povos.«Tempo» tem melhorado consdera velmente nessa última fase. Temas poUinicose de grande interesse popular, diagramação ágil e atraente, coerência semcon6eses na análios dos aontecimentos mundiais. Felicita~es a todos osompanheiros que a estio mmformando num efica instrumento ao serio darevoluçio e do socialismo.

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Ressaltamos a n~ossa saisfaço pelo co*vdnio que, através dos milhares dequilómetros que nos eparam, será novo instrumento na luta cntr a men organizadaeo dsiafornaçi planeada do inimigo.Neiva MoreiraEditor internacional da Revista«suadernos Tercer Mundo.Caea não demoeema teac~ãÉ possível que um dia vamo à luta, mas isso io é ir muito longe. A maior distanciaque temos a percorrer ainda está dentro de nós.Após ter relido a carta do leitor Abílio Torres Nahauaniac, publicada, na primeirapdgina da reviset «Tempo» w." 847 de 29 de Maio de 1977, fiquei integralmenteabodegado porque na mesma carta o camarada Nahauaniaca eluida o seguinte:«Em Lichinga "tI centro de reeducaçio mas existe uma camada de prostitutas.Eu tenho visto nos dias em que hd comboio mulher que pede cem eseudos a umhome-tentes 1à perto da dsqo Li~Ora eu perunto. O cammada Nahamiaa depoi de ternotado q e nmmulher 4 prostt ta * nq o momnte, qu, prata Um aco tema menteindesejável, porque nio foi ,wpl vel para com ela? .ü acho qu a aua carta que sepublicou, jato pode demolir at acçis colonuus que herdou ea mulher-.. Será qu opapol caneta sio ar para acabar com a prostituiqio, lI em Lihna? É... que por issotenho v#rificado a falta do pai na papelariaa o em Cabo Delgadol Mas uiodóocamadaNahauoniaca que tem utilizado cUnetas e papéis,0omo an paracombater a prostitu.ao. Ma s , ei istm muitos outros Camaradas que quandoeontram o,tra pestoa a fala igualmente mal de al ou da FRELIMO, nio sabemfazer outra cos . pga, oaneta e papel e escrever «o fuamo é agentedifuaordreacçAo» ou screvem em Moçam ozistemauaoólicos... co~raptos... mas culpados #io grupo* énamizadores .. » e muda publicor na rezs#ta«Tempo». É como o camarada Nahauaníaca que na sua carta fez uma pgun t «..Será que os grupos dinamizadorea "o esmto a ver?».Ora eu pergunto a todos os que or umam proeder idetimente assm: Quai 4 a te6faprioritára dole Ser4 quo " do ver o imigo dq ... paramaltratarem papéis e canetas?Se el dizem que em Mo~~mbque 'estem inimigos e os culpados aso os GruposDinamixadores é porque stio acusar o povo inteiro.Têm que saber que tvde de uma luta dificil e dura que se estendem por vgeraes o povo conquistou o sdireito à Independência nacional e o pode de crticr si mulhr. Nao é ad pDnmiador. E se o camara da dise qu~ ~i tem poderáéporu ~inífiýa que nósatodos temo poder. E imo podo o~ uma situ~ inável que conatituira um isulmo no povo inteiro, um insulto a me i de todos osque se sarificarm para que ,Zv'kLsemos o «poder».o= deIna, da perso alidade moçambi cana, em respeito Paracom os *aorifeios ¿oaetidos peo a todo letores paro. nio deseriçare os papéiscanea*s enquanto não houver necessidade.

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Os pqueo aenteu d«N~«i sda rea~co merece ser:(Nao é só andar a f r c a) E os gra agnte. merecem:Serem criticado. e punidos secra mente no mesamo dia. 1Cart amo demoleareq.MoXad Abiad Richard Chopra Localidade de MuediLCABO DELGADO'V6~d o corpopc* cem escudosLI tamet a cart publicada na~pdgie £ da Riet Tempo n. 847, a qual tinha como titulo - VENDER O CORPOPOR CEM ESCUDOS-.Nela o autor omeoça por dizer que em Lichifga há entro de reeducaçio, mas queezi6te uma camada de prostitutas; mais adiante apela aos caros l~ toros pra oaudem a encontrar solugio de como acabar com a prostituiio ma Provinoia doNiassa; depois faa do só terem sido apanhadas dez prostitas na Provincia doNiassa, de entre as quais, uma, que trabalhava na cola Sec ária Gungunhana,quesegundo o que escreve, d4 a entender que m era prostituta bem como as ou~tsnov, quando adiante afirma que as verdadeiras prostitutas não foram apanhadas eque continuam piores do que antes do ezistência dos centros de Reeduc o.Continuando, easreve que a maior parte das prostitutas so de Pemb, Maputo,Quelimane e SofAala dep assa para o tema da bebida, a qzusa da corrupção.Fechando a carta v om pl as dóceis, de que a'FRELIMO r60o~a acabar com os males citados nw sua carta e que Muitospensam que a FRELIMO esta errada.Até aqui tudo compreendido. Resta-me ~ ~nple0mnt responder ao apeloTEMPO N' 354 -pãg. 4

lançad n parárafo 4.o. «Por iso peço... será que os G.D. não vê5m?».Em primeiro lugar mo existe nenhum centro de Reduea0o no Distrito de Lichinga;na Província do Niasa, sim há vários. Quanto às prostitutas é possível que haja,~éí ndo uma camada.como o escritor faz etende. Do apelo lndo no sentido de etrar uma sobluço para a prostitçuo nio sei quais cio e6sas soluções que o Sr.Abílio quer; tratando-se de um Olemento da populao que não conhece o processoda luta contraa wrostituiçõo sera compreensível, mas tratando-se de um elementodo Corpo de Políi de Moça~bique, penso que ese apelo nAo ~ cabimetý Pensoque o Sr. Abílio pertence a uma estrutura mais ligada a e"Se problema o que sesózinho não encontrava uma soluh&o, encaminhava a questão às estruturascomptents e-om esses «Grupos Dinamizadores que i4o vên»-,podea chegar a uma souoeficaz.Quto a essa esorisurdria da Escoma Gungunhana que lhe inclui na lista dos dezinocentes, talvez eu tenhaa lemrar ao Sr. Abílio que essa iwete foi uma prostitutabem conhe , o até foi a causdor da destruiçcio de um ,caso bem conhecido e

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que es não conhece o caso, tinha obrigação de conhe*r jà que o caro escritorpertence ao C;P.M.Dizer que a nível da Província do Niassa só foram apanhadas dez proãtitutas noCírculo de Mechenga, é uma afirmaç0o sem bases e sem cabimento. Acasodesconhece os problemas que surgiram no Distrito de Metanguia quando selevava a efeito a campanha? Quando afirma que a maior parte das prostitutas sãode outras Provin'a mio aceito muito bem pois que eu saiba, os marginais que vêmde outras Prov~ cio directamente canalizados aos respectivos centros, pelasestruturas competentes, e se é que as houv88e.A bebida é um mal que todos combatemos e que pensamos ser um combate lentoe que não se acaba de um dia para o outro. Para isso a luta continua. Por mim osapelos lançaos são demasiadamente demagógicos e vazios. Acho que o autor da cprecisa deuma maior aproiii'¿o às estruturas.......L ________________________________ 1que pe r~ pormitindo-lh am uma maior vso dos problemas estetes primeiro anível da Localidade onde reside e depois de toda a Próvíncia, pois qua nosafastamos das estruturas a que pertencemos e ndo acompanhamos de perto oprilcesso revolucionário ficamos ultrapassados, confusos e muitas. vezes não nosconhecemos a nós pró8rios e nem quais as tarefas que cabem a cada um, naReaonstruço NacionaLAo fazerem-se carta para publica#ao, em milhares de exemplares, devemosprocurar screver aquilo que sis-te na realidade pois de contrario, mesmo sem querer estaremos a ser boateiros etata~ndo-se ainda de um elemento do C.P.M aí eti,õ passaremos sem querer aopapel do infiltrados.Não nos basta gritar alto - Abaizo a prostituio d necessário que coutribuamostodos para que realmente se abaia.A VITóRIA É CERTA!Joseé da SilvaLICHINGAOnde e~ a nossa criatividade?O que m leva a escrever esta carta introduzida no sistema de exploração im 4 afotogafia que aparece no Jornal perínista. E com essas figuras que a «Noticias» det71//77 n página três, crana aprende o modo de viver ameonde aparece parte daexpo~çò dos riano. Money, money!! (dinheiro).trablh~os de artesanato feitos pelos Será que nós precisamos disso? Seráalunos da escola modelo «A Luta Continua» na capitalVê-se na parede o «pato donald» e outras figuras do mesmo género. N&o seirealmente porquý que as nossas caas têm neesida de c «opia sa doeburguesa ameriena. 3 oomessas figuras que a cria~¢ americana éque a nossa criança não sabe desenhar um elefante, um pato, uma galinha, umgato e um aio? Sem cop-los dos livrinhos? Porque é que essas figuras devem irenfeitar os quartos dos nossos continuadores? Nós temos a nossa cultura, ondeestd a nossa ritividade?

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TEMPO N. 354 - r. 0

-SEMANA A SEMANAPASSOS FUNDAMENTAIS PARA A SOCIALIZAÇÃO DA MEDICINAO internamento de doentes, as medidas preventivas, os exames complementaresde diagnóstico (como radiografias, análises, electrocardiogramas, etc.) oscurativos e pensos, os medicamentos básicos - serão inteiramente gratuitos paratodo o Povo moçambicano. As consultas serão pagas a um preço simbólico de7$50, que pode ser alterado nas zonas onde as populações não possam pagartanto, ou pago sob outras formas em vez de dinheiro.Estes são alguns dos aspectos contidos num projecto de decreto-lei aprovado peloConselho de Ministros da República Popular de Moçambique, e posto à discussãode todo o Povo para seu enriquecimento e posterior aplicação.Esse projecto de lei - que pela sua importância e seu objectivo de ser discutido portodo o Povo publicamos na integra, em caixa - regula ainda a forma de utilizaçãodos cuidados médicos para a população, uniformizando-a para todo o pais e, oaspecto mais essencial, organiza o Serviço Nacional de Saúde. A campanha deesclarecimento e discussão do decreto será organizada pelo Partido. Foi iniciadano Maputo, tevesequência na Beira e em Nampula, e será agora discutida a nível provincial edistrital, devendo ser concluída a nível nacional até 31 de Agosto.Com estas importantes medidas um novo conteúdo é dado à nacionalização damedicina, à batalha para que a saúde passe a estar efectivamente ao serviço doPovo, deixe de constituir uma forma de exploração do homem.Com a colocação dos meios de assistência médica ao serviço das largas massas enão de uma minoria, passando a saúde a ser um direito de todos os cidadãos'e umdever do Estado, o pagamento dos cuidados médicos a não depender da naturezanem da qualidade ou quantidade da assistência prestada, e os salários dostrabalhadores da saúde a não depender do número, nem da qualidade médica poreles prestada, mas unicamente da qualificação profissional ou da experiênciadesses trabalhadores. estão dados os passos fundamentais para a socialização damedicina, para que tenhamos uma medicina socialista.Ainda no âmbito do decreto proposto é preconizada atenção especial ádescentralização da assistência médica. Pa-ra isso serão criadas as condr~e para que sejam fornecidos os cuidados de saúdeprimários em todos os bairros e locais de trabalho. Antes de os doentes sedirigirem a uma unidade sanitária mais diferenciada. deverão ser observados nospostos de saúde ou postos de consulta dos seus locais de residência ou detrabalho, ou do centro de saúde do seu local de residência. Isto pormitirá umaracionalização dos serviços de saúde o a disciplinarização dos próprios doentes.Paralelamente à campanha de esclarecimento e discussão do projecto de lei,haverá uma campanha de recolha de sangue, onde serão explicadas a necessidadede as pessoas saudáveis darem sangue para os hospitais que o não podem fabricar,porque e como dar sangue não faz mal, ao contrário do que muita gente supoe.e1,PROJECTO DE LEI QUE O POVO DEVE DISCUTIR

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O Conselho de Ministros da República Popular de Moçambique aprovou umprojecto de Decreto-Lei sobre a socialização da medicina. No entanto, antes de serformalmente aprovado como Lei, o documento será discutido amplamente a nívelnacional através de uma campanha dirigida palo Partido.Assim, pretende-se não só enriquecer tal projecto de Decreto-Lei que materializaimportantes conquistas alcançadas pelo Povo moçambicano no domínio da Saúde,como também sensibilizar as largas massas para a necessidade deconscientemente contribuirem para a sua aplicação.£ o seguinte o texto do projecto de Decreto-Lei submetido é discussão de todo oPovo:«A nacionalização da medicina teve como objectivo colocar a saúde ao serviço dopovo, tomando-a acessível és largas massas e impedindo que a doença constituauma forma de enjurqcimn~to.1TEMPO N.* 354 -Pàg.i 0A primeira as do Conselho de Ministros e o Decreto-Lei n. 5/75, de 17 deAgosto, logo acentuaram que com as medidas de nacionalizo e visava assegurarassistência sanitária a todos os cidadãos. indiscriminadamente, dando assim,execução ao ~rincípio stabelecido no *.' 10.* de Constituição dq RepúblicaPopular do Moçambiquo.A exp eriência adquirida revela estarem criadas as condições para se decretar,desde já, a gratuidade de um grande número de actos médicos das medidaspreventivas e de uma parte dos medicamentos.Mas porque os encargos com e saúde são muito elevados. todos devemos estarconscientes de que a população deve contribuir parcialmente para esses encargos.Essa necessidade. foi, de resto, proclamada no histérico discuro do Presidente daRepública proferido no estlio de +Me~lva. no dia 24 de Julho de 1975.

Impõe-se. contudo, adoptar um critério uniforme de pagamento de cuidadosmédicos nas diferentes unidades sanitárias do Serviço Nacional de Saúde, pondotermo aos diferentes critérios de pagamento e tabelas de preços que aindasubsistem e que são de carácter discriminatório por conceder beneficias " unscidadãos e negá-los ou concedi-los de maneira diferente " outros.Por outro ledo, os esquemas ainda em vigor de pagamento, de cuidados médicossão de difícil e dispendiosa aplicação pelos serviços de contabilidade das unidadessanitárias, pelo que deverão simplificar-se os métodos de cobrança e osprocedimentos administrativos, eliminando grande parte da pesada burocraciacolonial.Com o sistema instituído pelo presente diploma procura-se igualmente ir aoencontro da necessidade de evitar que exista um consumo injustificado decuidados médicos, e dirigir os doentes para os locais de consulta e tratamento quesejam considerados os mais adequados, possibilitando deste modo uma melhorplanificação da assistência médica que se traduzirá em benefício para aspopulações.As medidas decretadas são as que melhor correspondem ao estádio actual danossa evolução económico-social; elas devem, no entanto, ser consideradas na

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perspectiva das Directivas Económicas e Sociais aprovadas pelo I1 Congresso daFRELIMO. que impõem o engajamento de todos na elevação da produção e daprodutividade e na prioridade que deve ser dada aos sectores produtivos. Serão,pois, em última análise, os resultados obtidos na realização daquelas directivasque nos permitirão, no futuro, elevar decisivamente o nosso bem-estar social, eenriquecer as importantes conquistas consagradas no presente diploma.Nestes termos, ao abrigo do disposto na alíneo c) do Artido 54.0 da Constituição,o Conselho de Ministros decreta:ARTIGO 1.° 1. - Todas as acções sanitárias de carácter profilático são gratuitas.2." O Ministro da Saúde fixará por despacho a lista dos actos médicosconsiderados de carácter profiláctico.ARTIGO 2.0 1 - Todo o cidadão tem direito a assistência médico-medicamentosagratuita quando em regime de internamanto.ARTIGO 3.1 -, Todos os exames complementares de diagnóstico sãa gratuitostanto em regime de internamento como em regime ambulatório.ARTIGO 4.°1. - Os postos de consulta são divididos em postos de local deresidência e postos de local de trabalho.2. O Ministro da Saúde determinará omodo como se processará a identificação dos trabalhadores nas unidades smnitriasARTIGO 5.' 1. - Todas as consultas em regime ambulatório são pagas ao preço deEsc. 7$50.2. Para os Distritos o Localidades em que os recursos económicos da maioria dapopulação sejam limitados poderá o Ministro da Saúde, sob proposta doGovernador Provincial respectivo, fixar por despacho, preços inferiores ou formasespeciais de pagamento.3. Nos casos de reconhecida urgência, a falta de pagamento antecipado não podeconstituir motivo para recusa dos cuidados médicos.ARTIGO 6.° 1. - Todos os doentes devem ser vistos obrigatoriamente, emprimeira instAncia. no Posto de Saúde ou Posto de Consulta do seu local detrabalho ou de residência, ou noCentro de Saúde do seu local de residência, excepto nos casos de reconhecidaurgência.2. Sempre que numa unidade sanitária não existam recursos apropriados iara odiagnóstico ou tratamento determinado doentes ou doenças, o responsável clínicodessa deverá enviar o doente à un dade sanitária mais diferenciada de que aprimeira está dependnte.3. O envio de doentes duma unidade sanitária para ot,tra. por insuficiência derecursos na primeira, deve ser gratuitam te documentado por impresso especial.ARTIGO 7ý. 1. - Em regime de tratamento ambulatório é es tabelecida gratuidadepara os medicamentos. considerados bá sicos.2. Os Ministros da Saúde e das Finanças fixarão por portaria a lista dos produtosde distribuição gratuita.3. A gratúidade estabelecida neste Decreto para medicamen tos ou outrosprodutos a fixar nos termos do número anterior só se aplica nos Postos dedistribuição de medicamentos ou farmácias do, Estado anexas às unidadesSanitárias onde esses produtos foram prescritos.

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ARTIGO 8ý1' - Todos os outros medicamentos constantes do FormulárioNacional de Medicamentos, mas não incluído na lista dos produtos de distribuiçãogratuita, bem como próteses, po darão ser adquiridos a preços constantes de umatabela a fixar por portaria dos Ministros da Saúde e das Finanças.ARTIGO 9[- - A aplicação de injecções, pensos, curativos e outros tratamentosquando prescritos por pessoal para isso habilitado por ocasião duma consulta sãogratuitos. ARTIGO 10.- 1. - Serão da responsabilidade dos assistidos asindemnizações por inutilizações ou -danos causados no patri ménio das unidadessanitárias.2. A avaliação da indemnização a pagar é da competência da Direcção doestabelecimento.3. Exceptuam.se do disposto no número 1. os menores de 10 anos e osidoentesque possam ser considerados inimputáveisARTIGO 11. 1. - Os benefícios atribuídos por este Decreto somente se aplicamaos cidadãos nacionais, aos estrangeiros que possuam uma autorização deresidência válida por um período de pelo menos seis mesas e aqueles abrangidospor contratos ou acordos especiais com cláusulas específicas, quando essescontratos sejam celebrados com o Estado ou organismos estatais2. Exceptuam-se do preceituado no número anterior os beneficios acordados peloartigo 1." deste Decreto que são extensivos tanto a cidadãos nacionais como atodos os estrangeiros.3. Os estrangeiros não indicados no número 1. bem como os diplomatas, estãosujeitos ao pagamento dos cuidados médi. cos segundo urna tabela de preços afixar por Portaria conjunta dos Ministros da Saúde e das Finanças.ARTIGO 12.- - Todas as receitas previstas por este diploma serão cobradas pelopessoal do Serviço Nacional de Saúde, para esse fim designado, devendo serentregues mensalmente nos serviço. competentes do Ministério das Finanças queas contabilizaro na rubrica «Receitas eventuais».ARTIGO 1ý.* - As dúvidas que se suscitarem na aplicação deste decweto serãoresolvidas por despacho do Ministro da Saúde.ARTIGO I: - Este Decreto-Lei entrará em vigor em 1977, o fica o Ministro daSaúde autorizado a indicar'por depecho a data de entrida em vigor das dleposig doArtigo .'.TEMPO N.° 354 -pág. 7

__SEMANA A SEMANATRA BALHADORES CONTRIBUEM PARA A DEFESA DO PAIS* Entrega de um cheque de cinco mil contos ao Presidente Samora.No dia 7 do corrente, uma delegação do Partido e dos Conselhos de Produção devárias unidades de Maputo, fez entrega de um cheque no valor de cinco milcontos ao Presidente Samora MacheL.Aquela importância entregue ao Presidente da FRELIMO e da RPM écorrespondente a um dia de salário de traba. lhadores de vários sectores deprodução da Província ~de Maputo.No acto da entrega do cheque, feita pelas estruturas do Partido e dos Conselhos deProdução, e chefe da delegação Augusto Macamo, membro do Comité Central da

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Frelimo, procedeu à leitura de uma mensagem, que começa por fazer referência àcomunicação do Presidente Samora à Nação e ao Mun. do.Aquela mensagem foca a acção desenvolvida pelos Conselhos de Produção emrepresentação dos operários e diz que «no comunicado da Comissão deImplementação dos Conselhos de Produção a todos os trabalhadores deMoçambique. foram transmitidas as resoluções da sessão plenária dos Conselhosde Produção em que' se salientam as tarefas práticas para o reforço e elevação dacapacidade defensiva, orgenizativa, produtiva, salutar elevação da consciêncianacional em todos os locais de trabalho, tais como: construção de abrigos anti-aéreos, constituição de milícias populares. criação de centros de preparação físicaa desporto, actividades culturais e visitas aos locais atingidos pelas calamidadesnaturais e dasvastados pelas bombas agressoras de soldadesca do regime rebeldeda colónia britanica de Rodésia do Sul».Na enumeração das tarefas desenvolvidas pelos conselhos de produção amensagem salienta que «amplas campanhas de esclarecimento foram realizadasem todos os sectores de actividade industrial» a dezenas de milhares TEMPO N.354 - pág. 8de trabalhadores, explicando o conteúdo da comunicação Presidencial de 18 deJunho.Mais ediante aquela mensagem, depois de se referir «& oxistêncla de um elevadograu organiativo e um certo nivel de conscina políitci e de classe de operários etrabalhadores» lamenta «a fraca consciência de classe revelada pelostrabalhadores da funçio pública que revelark certa apatia e inactividade, face àmensagem dos Conselhos de Produção».No prosseguimento da leitura, deu-se a conhecer o número total em escudos dacontribuição dos trabalhadores de certos sectores das unidades de produçãoagrupadas em vários ramos como: Metalúrgica 6 Metalomecánica; Açúcar, Cajú eÓleos Vegetais; Téxtil,'Vestuário e Calçado; Bebidas Alimentares e Pesca;Cimentos, Construção Civil e Vidros; Energia; Papel e Madeira; Química',Borracha e Plásticos; Transportes; Forças Populares de Libertação deMoçambique e Distritos.Quase a terminar a mensagem faz um apelo aos organismos estatais para «quecontribuam com os seus quadrostécnicos para colaborarem no cumprimento das tarefas que os Conselhos deProdução se propuseram a realizam. Apelam também às estruturas do Partido noslocais onde ainda não existem Conselhos de Produção, no sentido de colaboraremcom os trabalhadores na materialização das propostas dos conselhos.Por fim a mensagem dos trabalhadores representados pelos Conselhos deProdução, felicita «a Direcção máxima do nosso Partido e dó nosso Governo pelaforma dinámice e correcta como tem dirigido o seu povo e pelos seus grandessucessos diplomáticos alcançados em particular ao nível da comunidadeinternacional, levando-a a compreandar e aceitar a necessidade de reforçar acapacidade defensiva de nossa jovem República. Felicitamos igualmente osheróicos combatentes das Forças Populares de Ubertação de Moçambique quepela sua pronta, enérgica e decidida resposta às agressões das tropas do rebeldelacaio do imperialismo, lan Smith às localidades de Espungabera e Chioco».

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Bilhets hitac M A:s DETA:UOUIDMAJ A FRAE DE MEIAES DE CONTOS DE DIVISAS0 Criada Agência Nacional de ViagensTeve ponto final com a invalidação de todos os bilhetes de passageirosinternacionais da DETA uma das mais graves manobras de fraude com divisasque se estava a verificar no pais.Um decreto do Conselho de Ministrosda República Popular de Moçambique decidiu em sessão extraordinária realiza.da na semana passada invalidar intemacionalmente todos os bilhetes depassageiros internacionais da DETA (Linhas Aéreas de Moçambique>.

Ao alto, com fundo escuro (vermelho no original) o novo bilhete da DETA. Emcima, com fundo claro, o bilhete antigo, invalidado inter7nacionaliente porDecreto do Conselho de Ministros da RPM.Efectivamente, verifir-ou.se que dentro do país muitas pessoa- .iravam bilhetesque não utilizavam, pedindo depois o reembolso num pais estrangeiro, ou entãoutilizavam apenas uma parte desse bilhete que normalmente era com. prado comum percurso sinuoso e quase de «volta ao mundo», solicitando também orespectivo reembolso no estrangeiro. Mas mais.grave que este tipo de compradentro do pais, foi a emissão de falsos bilhetes que começaram a apa. recer naSuazilândia, Joanesburgo, Bombaim e Lamego (Portugal,). Esta falsificação quesurgiu do roubo de chapas de emissão tinha não só em -vista o roubo de milharesde contos em divisas do pais, mas fundamentalmente a desestabilizaçãoeconómica da nossa República, facto que o imperialismo tanta se esforça porconseguir.O Decreto do Conselho de Ministros visa sobretudo acabar com aquilo que nadamais era do que uma fraude em termos de moeda false.A fim de se materializar um melhor controlo, o Decreto do Conselho de Ministroscriou também a Agência Nacional de Viagens, Empresa Estatal (ANAVIA - E.E.) a quem é atribuídoo exclusivo de venda de bilhetes de transporte aéreo internacional de passageirose excesso de bagagem, bem como de venda de serviços directamente relacionadoscom a viagem aérea em que envolvam transacções com moeda estrangeira. Ascompanhias aéreas que-e encontram a operar em Moçambique poderão continuar a efectuar apenas avenda de serviços que se encontram definidos nos acordos aéreos com o nossopais.Por outro lado a DETA emitiu novos bilhetes extremamente defíceis de sefalsificarem e onde qualquer rasura ou alteração é facilmente detectável, pois opapel muda de cor. Quar sejam utilizadas borrachas especiais ou líquidosquímicos a alteração é assinalada pelo papel e identificável por qualquer agenteou perito. Este papel também não é acessível a qualquer entidade e a sua vendaprocesa-se tal como acontece com o papel-moeda.ALGUNS LESADOS POR POUCO TEMPOA fim de prmitir também: a concretiação des -sdldas tomadas (Venda de

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novos bilhetes, troca dos antigos, avisos a todas as companhias internacionais)estiveram encerrados ao trafego internacional nos dias 9 e 10 de Julho todos osaeroportos do pais.É claro que as medidas agora tomadas devem ter incomodado alguns passageirosmoçambicanos e de outras nacionalidades em viagem pelo estrangeiro, mas nestecaso basta o contacto com a dele. gação da DETA em Lisboa ou côm a sede emMaputo para a respectiva confir mação da legalidade do bilhete e posteriorreemissão do novo documento de passagem aérea.Por outro lado os pedidos de reembolso oeverão a partir da data do Decreto serapresentados pessoalmente pelo titular do documento no prazo de sessenta(60) dias e, uma vez confirmada a sua legalidade, será efectuado pela DETA orespectivo reembolso no pais onde se processou a emissão original.Julga-se que a situação dos passageiros internacionais da DETA-estará re solvidanos próximos 15 dias e isso dependerá da própria diligência dos afectados.A ANAVIA passará a emitir bilhetes de passagem internacional através dereservas ao balcão ou pelo telefone entre 10 a 6 dias antes do voo. O passageirodeve reconfirmar a viagem e pagar o bilhete para o que é necessário aapresentação do passaporte e cartão de residência. Contra o pagamento do bilheteser-lheá entregue um documento nominativo e intransmissível que apresentará no-acto de embarque no balcão do aeroporto onde lhe será entregue após respectivaindentificação o bilhete de passagem.Finalmente é preciso salientar que antes de tomadas estas medidas, toda uma sériede investigações e deligéncias foram efectuadas de modo a garantir a nossacontra-ofensiva contra estes agentes do imperialismo.TEMPO N.- 354 -pãg. 9

RODÉSIA:A VOZ DOS FANTOCHES.Joana Simeão, Kavandame, Simango, Murupa, Arouca, emMoçambique.Holden Roberto, Jonas Savimbi, em Angola.Hoje o Zimbabwe também tem Os seus fantoches.Numa conferência de imprensa dada rgsentemente em Lusaka o PresidenteKanneth Kaunda denunciou Ndabaningi Sithola como colaborador de polícia se.creta sul-africana BOSS. Ndabaningi Sithole que se apregoa secretário de ZANU- uma das duas organizações que compõem a Frente Patriótica - teve duasreuniões secretas com o general Van den Bergh, chefe de BOSS. Kenneth Kaundadisse dias depois a David Mertin, jornalista do jornal inglês «Observer», que tinhaprovas irrefutáveis sobre duas reuniões entre Sithola e Van den Bergh efectuadasem Maio e Junho deste ano. O Presidente Zambiano acrescontou que na primeiraestava presente Brandt Fouria, secretário permanente do ministério dos negóciosestrangeiros do regime de Vorater, e que a segunda teve a participação de outroagente de Pretória, identificado como senhor Aamman.De acordo com as fontes do Presidente zambiano a BOSS' teria prometido aSithole que podia voltar a Salisbúria pois nada lhe acontecia de mal. O regi. me de

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Petrória impõe-lhe algumas condições, uma delas com certeza a de que ele sedissociasse completamente da via armada.E Sithole cumpriu. Primeiro um telefonema do Malawi p)ara o jornal Rodesiano«Rhodesia Herald» no qual Sithola afirmava-se contra os guerrilheiros.Depois à chegada a Salisbúria. Ndabaningi Sihtole acusou a OUA por terreconhecido a Frente Patriótica como única e legitima representante do povozimbabweano;. chamou á Frente Patriótica uma «força externa»; apelidou osguerrilheiros de terroristas; e deu o seu apoio incondicional aos últimos planosanglo-americanos para uma «independéncia» negociada.Mas SithOle é somente uma espécie de segunda categoria de fantoche, ideológicae politicamente situado entre os chefes tribais e Abel Muzorewa, esse sim overdadeiro port*-voz de capitulaTEMPO N. 354 -pág. 10Abel, MtoreoaUm bispo à procm do podr político àcuota da capitnlnço.ção erante o ímperialísmo. Já há lar gos neses que Muzorewa se encontra naRodôsia gozando de toda a liberdade de movimento para propagandear a suaposiço de compromisso com as intenções neocoloniais dos imperialistas, e., noprocesso, com o próprio lan Smith.Chefes tribais, Sithol. Muzorewa. Eisa equipa completa. Em última análise é através deles que o imperialismo tentaráimpor aquilo que não consegue atravós do regime de Smith assegurar a futuradependência do Zimbabwe em relação és forças económicas e políticas doocidente.Quer queiramos quer não a luta hoje no Zimbabwe já é uma luta dupla: contra oregime de Smith e contra os fanto.Ndaai>ngi Sithole. Colaboraça c~m a polícia secreta sul,africna.ches, os traidores da causa popular. Tal como em Moçambique. Tal como emAngola. Há diferenças substanciais nos trás processos! de luta mas há tambémsemelhanças de onde importa tirar lições.eSáo Tomée Principe: SEGUNDO AIVERMRIO DA INDEPENDÊNCIAO Povo de São Tomé e Príncipe comemorou no passado dia 12 o segundoanivrsánio da sua independéncia, conseguida após séculos de exploração e dedominação colonial portuguesa. Foi sob a direcção do MLSTP, cujo Secretária-Geral, Manuel Pinto da Costa, é o Chefe de Estado, que a 12 de Julho de 1975 seconstituiu a República Democráti9 de S. Tomé e Principe.Poý ocasião do segundo aniversário da indelendéncla da República Democráticade S. Tomé e Príncipe, o Presidente ,'amora Machel. em nome da FRELIMO. IdoPovo moÇambicano e do Go-vrmo da RPM, enviou a Manuel Pinto da Costa uma mensagem de calorosas efraternais felicitações, onde a dado passo afirma:«Apeser das manobras do imperialismo internacional, apostado a travar a marchairresistivel dos povos na via da liberdade, do progresso e da paz, particularmentena Africa, estamos certos de que a firme determinação dos nossos povos emdefesa das suas conquistas revolucionárias constitui já uma certeza da vitória».

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Angola: PRESO NITO ALVES- O líder «fraccionis» angolano Alvas Bermardo Baptista - Nito Alvasfoi presopelas Forças Armadas Populares de Ubertaço de Angola (FAPLA) eamcolaboração com a população do zona de Piri, na 1 Região Militar, a nor. te deLuanda - anunciou no pessado dia 7 um comunicado do Ministério da Dfesa daRepública Popular de Angola, transamitido pela Rádio Nacional angola. na.Nito Alvas, afastado juntamente com Zé Van-Dunnem do Comité Central doMPLA por actividades diviionistas no seio do movimento, é um dos principaisresponsáveis pelas actividades contra-revolucionárlas dirigidas principlrmn. tecontra o MPLA, sob a. direcção do Presidente Agostinho Neto, :e queculminaeam na tentativa de golpe de Esta. do «fraccionista», na manhã dopassado dia 27 de Maio, em Luanda, durante a qual alguns dirigentes do MPLA edo Governo da RPA, e outros angolanos, foram barbaramente assassinados.Enwetanto, foram encontrados mais onze corpos, em adiantado estado dedecomposição, na zona de Belas, a 21 quilómetros de Luanda.Este crime foi detectado pelas FAPLA (Forças Armadas Populares de Uberto-Nito AIlas, um doa pruw ¿pa as gpousdi>eis pela falhaa tentativa de golpe deEstado de 27 de Maio último.ção de Angola) que encontraram os cadéveres - dois civis e nove militares- mortos a tiro, com as mãos amarradas atrás das costas.Segundo as autoridades, este crime está ligado à fracassada intentona de 27 deMaio último.Na manhã do passado dia 5 de Julho os militares paquistaneses tomaram o poderapós um golpe de Estado contra o governo chefiado pelo primeiro MinistroZulfikhar Ali Bhutto, ele também leader do «Partido Popular Paquistanês». Ogolpe militar foi dirigido pelo general Mohamad Zia-lu-Hag, Chefe do EstadoMaior do Exército, com apoio dos Chefes de Estado Maior da Marinha e da ForçaAérea, que fazem actualmente parte do Conselho de quaíro homens designadospara administrar o pais. Zia-ul-Haq foi designado Administrador-em-Chefe da LeiMarcial.As Assembleias Nacionais e Provincial foram dissolvidas e embora a constituiçãonão 'fosse abolida certos arti. gos foram postos em «suspensão temporária»conforme proclamação do novo dirigente do pais após o golpe.Os Juizes dos Supremos tribunais provinciais prometeram sob juramente ac. tuarcomo governadores das respectivas províncias por solicitação das novasautoridades militares que dirigem o país.Necessário se torna recordar que após as eleições de 7 de Março último ganhaspelo Partido de Ali Bhutto, o Partido de direita «Aliança Nacional Pa-quistanesa» desencadeou uma série do acções violentas sob a alegação de que eseleições tinham sido falsificadas. A agitação direitista criou sérias difi. cuIdadaseconómicas ao país e resultaram também na perda de muitas vidas o bens por todoo Paquistão. A «Aliança Nacional Paquistanesa» criava as. sim campo evidentepara um golpe dea estado contra o governo do partido pro. gressista de Ali Bhutto.Segundo informação do embaixador de Pequistão acreditado em Maputo Sr.Rahime Khan. durante uma conferência de imprensa realizada na respectivaembaixada, o actual chefe do governo in. terno general Zia-UI-Haq «anunciou

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que as eleições gerais serão celebrados em Outubro de 1977 e que o governoestav& a trabalhar nas bases de uma operação da 90 dias para colocar o país denovo na sua democracia».Afirmando que o general Zia-UI-Haq «declarou categoricamente que não ti. nhaambições porticas e que a celebração de eleições livres e imparciais era o seuúnico objactivo». conforme discurso pronunciado após o golpe, o embaixador doPaquistão em Moçambique afirmou que o «horário e procésso das eleições serábrevemente anunciado».Respondendo a perguntas de jornalistas em como seria possível eleições livrescom os dirigentes do partido «sob custódia militar» e sem propaganda políticapois os jornalistas também foram obrigados a um silêncio nos próximos tempossobre temas políticos partidários. «A imprensa será livre mas não vamos permitirque se transforme em arenas de confrontação política») o embaixador Khanafirmou que em devido tempo seriam levantadas as restrições e indicado oprocesso das eleições, e os leaders políticos estariam livres de actuar e de sereleitos pelos respectivos partidos.Num país subsenvolvido como o Paquist5o e com tremendos problemas sociais aresolver a luta de classes ganha ali um terreno fértil, mas como os olhos doimperialismo bem abertos, como se está a verificar.eTEMPO N.° 354 -pg. 11PAQIISTÃ:OS MIUTARES NO PODER

A Conferência do «Apartheid» foi mal aproveitada por PortugalPortugal e o seu regime democrátc o progressista foram entusatIcamente sudadospor todos os participantes na Conferéncia Mundial contra o «Apatheid», oRacismo e o Colonialismo na Africa Austral», realizada no último fim-de-semanaem Usboa, A Conferência condenou com veemência os regimes opressores daAfrica do Sul, Zimbabwe e Nanbil.A Conferéncia decorreu com grande en. tuslasmo, nomeadamente aua s ssão deencerramento na reitoria de Universidade de Lisboa, Participaram, «isade os maisimportantes movimentos de Uberteção a de muitos paises africanos, e aindaasiáticos e europeus, de vária tendências democráticas.Todos os observadoras consideram especialmente significativo e Importnte váriasdeclarações sobre Portugal, no. readamente dos novos pases de lingue portuguesa,e entre eles de Angola e Moçambique. Aliás, Angola foi representada pelo seuvice-ministro dos Neg6cios Estrangeiros Roberto de Almeida, que se manteveentre nós onde foi recebido pelo Presidente de República, Primelro.M tro, etc.,sendo unanimemente consideradas que se verificam boas perspectivas demelhorar as reõ entre os dois paiPor sua vez Moçambique foi reprasantudo porSérgio Vieira, do Comité Ce. trai de Fre!imo, que teve uma vibrante e notávelintervenção na sesslo de encerramento, que foi das mis relvants e aplaudidas, a naqual ficou bem vincado o interesse de Moçambique por meliorar e desenvolver assuas relações com o nosao Pais, a quem homens como Sárgio Vieira (dirigente

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associtivo em Lisboa em 1961, e a quem alguns seus colegas de então ofereceramna 4:-feira um jantar) se encontram muito ligados.Aliás, Sérgio Vieira foi também recebi. do depois por aquelas mesmas altasindividualidades, enquanto nos meios de Conferência próximos dos dirigentes deAngola e Moçambique se criticava ou .amentava a pelo menco aparente falta deInteresás que os competentes deartemenos portugueses têm demonstrado TEMPON° 354 - pág 12Una aproximação entre Portugal e os seus pales. Aqaim, ao contrário do queacontoco com países de m~tiplos quadrantes (a oeoçar por paíse como o Brasil),do lado português, fazendo-se ou parOCendo fazer.s oncses inadmissveis a craspreossõs ou chat dos meiosde direita ou fascita tal não s verifica.Salinte-se, ainda, que os memos meios p5em em evidênci o interesse quedemonstra por Portugal o facto do Moçambique, cuja c~ de meios e possoas é notóri, ter nomoado para seu e^beixdor em Usbo um quadro tão i Iportantecomo Armando Panguane.Também em ra aos outros poiseafricanos e do Terceiro Mundo em geral, em especial árabes, foi a Confelnciaaltamente vantajosa pera o nosso Pai e podê-lo-a ter sido muto maia se as respec vautoridades oficiai tivesm iniciativas que não prom . De facto, num momento emque o polo mna inoportuno estabelecImento de relaes diplomáticas com Israel aonível de embaixador criaram graves dificuldades a Prtugl relativamente aos paísesárabes, que nos poderiam der boas ajudas (nomosdamente no campo do pe~, naimportação de tecnologia e mão.dsobra portugues etc.). a Áalizaio da Coeferênclaem Usboa apresentou-s como altamente positiva favorável.Bastará lembrar que, apesar deste recent, acontecimento, o presidente daOrganização de Solidariedade dos Povos Afro.Asláticos (AAPSO) com sed noEgipto, Youef i Sabel (presidente ao mesmo tempo do Sindicato dos Jornalista doseu país referiu-a em termos encomiásticos ao Portugal do pós.25 deAbril.PlSSIMA COBERTURADA RTPUma das provas mais evidentes de falte de vião ou propositada Intenção de nãodar relevo á Conlerênol (dado que não se crê tena sido outro o motivo)evantualmente na sequênci de certa orientação oficia ou oficios, terá sido aextremamente (ou e naiemente?)deficiente ou din cobt noti que deis fez a Televisão. No do~ dia maisImportante e do encerr nto fel u scasse minuto, sem saa dir ct, que a p~Wilsedlçó de Teeia~ 1>5 d& ceu, coffie fria ou 4^tr vozas mais Jan.go dedicado a um p eontrm depescadores socialis em Matoshoa, mi ainda a sucessivs visits à Feia daAgricultura de Sanrêm,(In «0 Jornal», Portugal)«Força armada»da comunidade britânica A QUEM SERVIRA ESTE EXÉRCiTO?0 porta-voz do «F~ Offlcea acabou

Page 20: ahmtem19770717 - JSTORpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff... · individuos e essas mesmas grades nem ovam fios em suascasas. Outros compram quilos de a$úcar e em vez de

por confirmar a atação da una «foa armada», sob a égide de Com ud Britênicaque sorvirá para manter a ordem na Rodésia, durante o período de transição».Esta noticia surge aps a última ra daquele organismo, compo~to pila Wnap abritânica e pelas suas anigas trinta e três colniasDurante a dita conferência, o representante britânicó, David Owan. mostraraas«assdo» quanto ao futuro da colónia «rebelde» e pessímista quanto a eventuailresultados positivos, caso os lanques não participassem, activamente, namegoiações de paz».Após o fracasso das conferênci dos safaria de Owen ea o~ta manifestações«paclficas», os guerrfiliros da liberdade deixaram de duvidar se é que algu vez ofizeram - de que a única via para a Indepondência era a vitória militar. Estaposição foi, desde então, aceite por v á r i os organ mos Internacionais e bastantegovernos e povos.É exactamente quando este posição começ a materializar-se - traduzida numemaior ajuda Internacional - que se pretende reforçar o plano «an-m.dl no» com aInvenção de um exército que estaria incumbido de «desarmar as forças de Smith econfiscar as armas aos guerrilheiros para evitar ataques aos colonos».As opiniões de Smith, quanto a este piano, vão-ae modificando: de uma reosagressiva foi fácil Passar p ra u «s~ m m..., até concordar, quase em absoluto,om a tra t ó.Clero que Smith tem os seus plnos: não está disposto a abandonur a deira e, porisso discrd de tácic anglo.america. lÉ que o imperalism, saado de sma preçaprtndo sso*tti9.1 Com ga a d s *a ldqueme ia e . d (o nãlo só> de Zlmbá ws val.muito o

o extreamient nesáDes às bdéstrias capietalsa.Os verdade i t mas.ma .N poa * oprimidks d Rodéiel já há muito que rejeitaram este plano atavésdos eus vwrdadero represea ~'ts, o s decdiram pea luta armada, ~* dnumcra pat ç dooEstados Unidos que não estio. de modo algu, iados è a do Zimbsbweal~n de mnegóclos com a Rodsia. dos quais o povo nio afere beneflicio alodesprezo Imedãflta pelas opções dos povos não é nov~dde; que esta força armadase ma ganti dos lt 1es capitalias, também não espant ,ogume que sa forma omeomen tos d ertos ~ , africanoa, alám daUnião In o Caudá, só vem c~dfrar e va a s g Imperat emAfi1.Se o plano anglo-amerno nã coincide, nem pouco mais ou menos, com asaspirações da vanguarda revolucionána do povo zlmbabwsno como podar este ~armada asesgurar um tr ~de poders favorável ás classes op~ddas de colóia de Smth?Na malidde, este exército para mivar as dquezas> do Zknéabwe, 6 bastante9emelhante, na sue Intenção, ao que sob o pto i de Gecard da Fran- e e onMtitu, am e para combater, a provfncl zalrene de Siuba, os gumMirosque se levantaram ontra 0 S arno - cidadlo Mobutu.

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Também entlo, como agra, os EUA marcaram a sua presença numa retaguarda«activa», tipica da nova politica da administração Carter.Em si, o esquema é evidente: uma superpotência que es mantém na sombra. umou dois peies industrializados que ficam com a fama e alguma percentagem nosaque e a força de choque, fornecida por paises neocolonizados - neste casoafricanos - para que se possa, cinica. mente, afirmar que «é Africa quem deveresolver os problemas africanos».Claro que este esquema, já denunciado pelas forças proressistas, só servirá paraconfirmar a cisão «ideológica» de governos em África: os ditos «moderado», e osprogressistas.As atribuições dos «moderados».,no contexto africano, foram definidas no actual Conselho de Ministros da OUA.que se realiza no Gabão: o «ímoderado» Senegal á destacado para lançar o mote eos «moderados» de Marrocos, Costa do Marfim, Tunisia, Egipto, Togo a Zaire.lançam-se contra os governos que desagradam os seus patrões por se manteremfirmes e decididos a serem, to. talmente, livres e independentes.Uma das «acusaç6es dos ditos moderados é, como n podia deixar de ser. acercadas ingerências externas. Não as que eles sofrem, que são bem conhecidas, maspara defenderem «estabilidade», isto 6, a estabilidade da economi capiltadministrada do outrolado-doSó esquecem um pormenor impotantissimo: avontade de um povo se lbertar não se detem com estas manobras que. perante aHistória, não passam de pequenos factos, e escritos à margem, para os futurosestudantes perceberem como á que o socialismo se impGs no mundo.(In «Jornal de Angola»)TEMPO N. 354 - pg. 13

FACTOS E CRITICAAs rodas que faltam ao gass ~ ~ . r, r rHouve falta de gas em Maputo. pesca, vaso de flor, fogareiro, e Concretamentecerca de mil e tanta outra coisa que: se de um 800 garrafas de gás estavam emlado serve para justificar a falatraso nas entregas de uma dascompanhias produtoras do refe rido produto. No resto do país continuamigualmente a haver faltas. As razões... sempre a mesma ferida que sangra e fazdoer tantos sectores da nossa economia: os transportes.Deram-nos exemplos por si de masiado evidentes sobre a influência que exercemos transportes na falta de gás, e ainda na própria estrutura económica dascompanhias distribuidoras de gás Contaram-nos' um caso: um camião de Maputopara o Songo com botijas repletas de energia que faz funcionar fogões, esquentadores, etc. Seguiu o camião com garrafas no valor de cento e trinta e seis contos.Mas, o transporte custou nada mais nada menos do que1229 contos de Maputopara Tete. De Tete para o Songo-que era o destino das referidas garra[as - mais 28contos. Isto quer dizer que só em transporte foi gasto quase o dobro do valor dogás transportado.. quase o exagero?! Ou o exagero? Mas há outras questões. Umadelas refere-se ao número crescente de consumidores, e ao número tambémcrescente de garrafas que faltam para distribuir entre esses mesmos consumidores.

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Disseram-nos que perto de qua tro mil garrafas foram encontradas - e sessentadelas guardadas religiosamente num armazém. As outras, e vimos o caso concretode um tambor de batuque feito numa botija de gás que fez dançar tanta gentenuma sessão cultural, diziamos, as. outras foram transformadas em bóias para aTEMPO N 354 - pãg. 14ta de garrafas de gás' de outro serve para desculpar certos atra ios, certasnegligências. Disseram-nos que hoje existem mais 46 por cento dos consumidoresque existiam até 1974. E verdade, não é mentira. Os fretes de

transportes marítimos subiram três vezes e os rodoviários quase duas vezes.Também é verdade. Por outro lado ainda, o número de carrinhas que distribuía aenergia para fogões e esquentadores de restaurantes, hotéis, e casas particularesdiminuiu face à falta de sobressalentes: havia vinte carrinhas numa dascompanhias e na semana passada das vinte só cinco estavam ao serviço.Confirmaram-nos que não havia falta de gás. Há gás na, fábrica, mas não há gásnas casas, nos fogões, nos esquentadores. A resposta está para todo o pais na faltade transportes. Contudo, e se há gás, poderia ser arranjada uma outra forma dedistribuir o gás. Também nos disseram que estava isso a ser estudado e que embreve seria posto em prática um novo serviço de distribuição para Maputo - talvezatravés da criação de postos de venda fixos, onde cada consumidor possa ir buscara sua garrafa de energia? «Seria muito bom. Ficarfamos com o nosso problemaresolvido».Porém, estas palavras de um consumidor de Maputo só respondem a Maputo enão ao pais. Ai, a esse nivel o problema é outro: o tal dos transportes.Acrescentese ainda que as companhias distribuidoras de gás se queixam deestarem a perder os lucros que obtêm no sul do pais com os prejuizos que sãoobrigados a sustentar face aos preços dos transportes.., o problema é bicudoportanto.O problema resume-se: há gás mas não há botijas porque elas servem parafogareiro, bóia, vaso de flor. Há gás e não há transporte, ou por falta desobressalentes, ou porque o transporte é muito mais caro que o próprio gás. Hágás e falta um sistema>adequado pirao o paf. Afirmaram-nos que o problema será resolvido, está a ser resolvido; masainda não está resolvido. Saliente-se só, e final,nente, que a distribuição na cinturada cidade de Maputo se tem >rocessado normalmente: é bom Isto, é muitopositivo. mas não é tudo.ePzerosem de,esti gos é, 1 es»Me mo aq tra'lei cid

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te to.da:coqut v.Coali is,qumemoba diaàbme liaa!ossujserIotel Z4mbeze:UmaqueDderá parecer inoportuno tra para as páginas desta revista problemas de um hotel.Por convém, ante; de mais nada, usar o que é, E final, um hotel. m hotel é um Lsala de visitas qualquer pais. Um hotel é onregra geral, s hospedam os angeiros(ami os e falsos atique nos visi am. Um hotel requentementý, o lugar onde smesmos esrangeiros pasa maior part do seu tempo. lor que nós q PresidenteSadesenvolveu bem este tema ado da reuni o que teve com alhadores dai indústriahoteiem Maputo.por isso que único hotel da de de Tete é e: emplo eloquen aquilo que urestabelecimenlo género nãot deve ser. Estios hospedado: nele a quando nossadeslocação em serviço .ela provlnci Constatámos iportamentos o insuficiênciasnos fazem pr)por uma inter;ão imediata do Ministério de iércio e Indú, tría pois oque erificámos ná dignifica o paião reflecte n mínimo aquilo somos e o ququeremos ser. primeira not foi a poeira de ;es que se vê nas janelas das is debanho no muro das indas dos q(urtos. Depois fo'verificar qu nas mesas do (sembebida,,) do hotel, pose escrever tu. recado devido oeira acumu$ada. Posterioritenotariamo: que o hotel tem ibém falta de toalhas para o ho pois distribuía-sediariaite toalhas de rosto no quarto e estávamos e nenhuma toapara o banho.', tapete do áti io que antecede da de jantar, *o quinto andar e, aliás, tamt ém seencontra ar atrás refe ido, tem tanta dade acumulEda, está em tão i estado deconservaçáo que torna impossível reconhecera cor que teve inicialmente. m tapeteque de tão imundo La ser substitudo.sala de visitasnos envergonhaII

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As refeições do hotel são fran camente más. Ao pequeno almoço serve-se umlíquido que mal faz lembrar café, m a 1 faz. lembrar chá. Uma vez perguntámosaos trabalhadores do hotel se não te riam café de facto. Responderam-nos que nãoporque não havia café à venda em Tete. Nesse mesmo dia, numa visita queefectua mos à única loja do povo da cidade verificámos que havia café «Ricory» àvenda. Ao almoço as refeições são pobres. A mesma so pa servida ao meio dia éservida à noite e quando sobra volta a ser servida no dia seguinte. O segundoprato tem sempre os mesmos condimentos e um dia houve em que constavaapenas de peixe frito com arroz branco quer ao almoço quer ao jantar. Mas o seyupreço era o mesmo: 70$00.Depois de nos termos deslocado aos distritos regressámos com roupa suja.Tínhamos necessidade de mudar e como a roupa da mala estivesse amarrotadapedimos à recepção para que mandasse passar com urgência essa mesma roupa. Aresposta foi que era impossível porque o vestuário para lavar ou passar érecolhido de manhã. Insistimos e o trabalhador de serviço fez-nos «um favor».Acontece, porém, q u e e m qualquer hotel pode-se mandar lavar ou passar roupacom urgência desde que se pague uma sobretaxa que, em Moçambique, costumaser de 25% sobre o preço normal. Estes 25% de sobretaxa garantem que a roupaem vez de ser entregue vinte e quatro horas depois seja entregue logo quepossível. Junto à recepção do hotel encontra-se um Jornal do Povo. Esse jornal dopovo está ali como objecto meramente decorativo e colocado de tal maneira queprejudica a estética natural da sala: tapa a vista à rua, tapa umas flores naturais e ose u conteúdo,TEMPO N.o 354 -pg, 15

quando chegámos era o mesmo de quando partimos duas semanas depois. O temaprincipal era o trabalhO. Veio o aniversário da independência, passou, e o temacontinuou o mesmo. Nem nesse período foi mexido.IIIOs problemas do Hotel Zambeze não seriam relevantes se se trata-se doutraprovíncia que não Tete. De facto, ela é a província mais visitada de Moçambique.Por exemplo estávamos lá quando foi visitada por uma delega ção da Nigéria, naqual estava incluído o embaixador daquele país junto à RPM. Estávamos láquando foi visitada por uma delegação económica da República Popular da China.Estávamos lá quando foi visitada pela delegação do Presidente da República deCabo Verde. Estávamos lá quando foi visitada por uma delegação sueca.Provavelmente terão nos passado despercebidas outras visitas por não termosestado sempre na cidade de Tete. Todas estas delegações passaram pelo HotelZambeze, com excepção do Presidente Aristides Pereira e personalidades d i r i ge n te s que o acompanhavam. Todas estas delegações passaram por lá e viveramos problemas que referimos atrás. Mas pior que estes que estiveram lá apenas depassagem estão cooperantes guineenses a morar no hotel.Um dia, após ter visitado Moatize a delegação chinesa regressou ao hotel e nãoencontrou o recepcionista: como é hábito pois os trabalhadores daquele sectorsaem com frequência. Um dos elementos da delegação entrou no recinto pordetrás do balcão e en tregou as chaves dos quartos a cada um dos seus

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companheiros. Quando regressou, o rec"poionis ta de serviço justificou-sealegando que tinha ido comprar lâmpadas para os quartos. A pergunta que seimpõe é se no hotel não haverá estrutura que se encarregue destas compras poisum recepcionista tem como tarefa atender aos hóspedes e às solicitações destesque são muitas e não se coadunam com as ausências abusivas dos trabalhadoresdo sector. TEMPO N. 354 -Pág. 16Esta falta de lâmpadas veio depois a reflectir-se com mais gravidade quandoesteve lá a delegação cabo-verdiana pois embora houvesse. quartos muitos nãopuderam ser ocupados devido à falta de luz e outros pelo facto de o lugar onrdedevia estar um aparelho de ar condicionado estar um buraco uma vez que osaparelhos já lá não estão.IVO Hotel Zambeze é um hotel tradicionalmente em dificuldades. O seu proprietáriofugiu de Moçambique deixando grandes dividas. Foi nomeado, depois disso, umpara orientar a gestão do estabelecimento mas e ss e indivíduo veio a criar aindamais dificuldades do que aquelas em que estava. De entre as irregularidades quecometeu conta-se o desvio de fundos. Afastado, foi substituído por outro elementonomeado pelo Ministério de Comércio e Indústria que, no dizer das estruturasprovinciais de Tete, desempenhou correctamente as suas funções, corrigiu erros eminimizou dificuldades. Mas esse elemento foi posteriormente solicitado pelomesmo ministério para prestar serviço em Maputo e teve que largar o trabalho queestava a desenvolver. Foi assim que se nomeou uma nova direcção para oestalielecimento. As dividas subsistem e demais dificuldades materiais. Mas amais grave de todas as dificuldades é a falta de iniciativa dos trabalhadores.Habituados a fazer o que o seu ex-patrão lhes mandava fazer ainda não foramcapazes de se libertar da necessidade de ter uma mão em cima que os obrigue aexecutar as suas tarefas. Como o actual responsável não se encontra sempre lá e,ainda por cima, é uma pessoa que não tem experiência nenhuma do sectorhoteleiro mas foi colocado lá de emergência para «tapar um buraco» a suadirecção reflecte precisamente essas insuficiências respeitantes pois a hotelaria,mesmo quenão pareça, é um ramo especializado intimamente ligado ao turismo epresentemente intimamente ligado às actividades nacionais do nosso país. Querdizer, o Partido e o Governo recebem personaldades estrangeiras que encaminhampara Tete. Em Tete encaminhra essas personalidades para o hotel e o hotel nãocumpre a sua função de complementar as boas nipressões que devem levar osestrangeiros que nos visitam no nos

so pais. O hotel, só por si e nos moldes em que está a funcionar, é suficiente paradesfazer todas as explicações sobre organizáção de trabalhadores que se dêm àsnossas visitas. As estruturas provinciais de Tete por si sós não podem resolver osproblemas do hotel. Há, por exemplo ausência total de sabonete para o banho doshóspedes. É. certo que há falta de sabonete mas das poucas vezes que ele aparecefaz-nos supor que

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com um minimo de atenção ele poder ser distribuído pelos hotéis onde não seconcebe que um membro de um governo estrangeiro vá tomar banho com sabão«Pioneiro».Urge, pois, que se tomem medidas para a solução dos problemas que enfrenta ohotel Zambeze as quais não excluem a necessidade de se dar um subsidiomonetário ao estabelecimento para que ele vença a maré em que re-ma. Sobretudo se servissem boas refeições isso permitiria conquistar muitosclientes que presentemente vão à «Taverna» ao Res taurante Zambe, ao «2001»,etc. atraídos pela qualidade da comida. Neste momento toda a estrutura e trato queo hóspede recebe naquele estabelecimento hoteleiro é exemplo acabado do queum hotel não pode ser.eJALJ5flU~'~>AFftI(P 1TEMPO N.° 354 -Pg. 1711-1ou.f

O "MODELO EXP RTADOR"BRASILE OO Balanço de Pagamentos dos países capitalistas dependentes e subdesenvolvidosassume grande importância pois coloca em evidência as relações distorcidas e ointercâmbio desigual que esses países mantêm com nações imperialistas.A análise do Balanço de Pagamentos do Brasil é um caso flagrante que põe a nuas vãs tentativas dos economistas da Ditadura militar que numa «corda bamba»tentam equilibrar o desenvolvimento do pais. O máximo que conseguem fazerpara evitar uma grave crise eco nómica é accionar mecanismos que aumentamcada vez mais a exploração das classes trabalhadoras e a dependência do país emrelação ao capital estrangeiro.Procedamos à leitura analítica do Balanço de Pagamentos do Brasil nos últimosanos, conforme o quadro abaixo.1-A Conta de Comércio ou balanço comercial indica as transações dasmercadorias, as receitas das exportações e as despesas com importações. Se osaldo é positivo, a balança registou um superavit, se é negativo, o país importoumais do que exportou, ocorrê um deficit comercial.É a partir de 1971 que notamos um deficit comercial que tende a se agravar,apesar do aumento notório das exportações. O Governo da Ditadura buscaculpabilizar o deficit comercial pelo encarecimento, do petróleo a partir do finalde 1973, e responsabiliza as exportações por não terem crescido o suficiente.É indiscutível que o aumento do preço internacional daquele produto pesou noagravamento do desiquilíbrio, sobretudo em virude do padrão de crescimento dopaís, desde finais dos anos 50, estar baseado na expansão da produção de bens deconsumo durável, particularmente da indústria automobilística. Além dos efeitosindirectos, pois os países imperialistas aumentaram o preço de suas exportações, afim de compensar seus gastos maiores com a importação do petróleo.Apesar disso, o petróleo não é o principal causador do deficit comercial brasileironos últimos anos.

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Em 1976, depois de três aumentos no preço internacional do petróleo e demedidas severas para conter as demais importações, o petróleo bruto custou aoBrasil 3,5 biliões de dólares; enquanto que a aquisição de produtosmanufacturaTEMPO N. 354 - pág. iSdos e semi-manufacturados custou 7, 5biliões de dólares' Sem levar em cinta quesomente a importação de trigo segundo produto individual, na paut4 deimportações, custou 0,5 biliões de < ólares. Além das importações de gén frosalimentícios como carne, bacalhau fejão.Portanto o desiquilíbrio da balanç comercial tem raízes na própria estru uraeconómica da sociedade: desiquilíbrio entre a indústria de bens de consumopopular e a indústria de produtos sofis;icados, como automóveis, televisores;,esiquilíbrio entre o conjunto da indústria de bens de consumo e a indústria debens de produção; desiquilíbrio entre a ý indústria e a agricultura. Estesdes<quilíbrios são típicos de um desenvolvirriento capitalista baseado naparticipação crescente de capitais e tecnologia eiternos e no monopólio dapropriedadd da terra. Este tipo de desenvolvimentoi assemelha-se a um homem nopânt no, quanto mais se movimenta, mais se a"un, da, isto é quanto mais sedesenv ilve mais se coloca na dependência do i iercado externo, quer paraconseguir d[ivisas para pagamentos de juros, lucrs e royalties, quer parapossibilitar a <ompra de equipamentos, etc. Como nenhum país tem capacidadeilimitada para exportar, é próprio desse desenvolvim nto, que busca soluções nasexportações, icabar desequilibrando o Balanço de Pagamentos.2 - A Conta de Serviços regista as receitas e as despesas do pais com remessas delucros, pagamentos dos empréstimos e financiamentos, pagampnto de assitênciatécnica e de royalties pela utilização de marcas e patentes, dlspesas com fretes detransporte de merc dorias importadas e exportadas, segi ros, viagensinternacionais, ete. Como vemos esta conta sempre se apresentou de icitária.O Balanço de Pagamentos de 1 76, mostra claramente que o resultadoi negativonas Contas Correntes (4) se leve muito mais ao deficit de serviços qut ao deficitcomercial. Enquanto que este aía de 4 biliões em 1974 para 2 biliõedem 1976, odeficit de serviços subia dý 2 para 4 biliões. E se os deficits comrciais são raros nahistória do Balanç* de Pagamentos brasileiro, os deficits de serviços sãoconstantes e crescentes, o ¡queimprime uma excepcional gravidade à actual conjuntura, pois não só os deficits deserviços cresceram, como a ele acresceram os deficits comerciais.Quanto à responsabilidade pelos saldos negativos na Conta de Serviços, tem-seem primeiro lugar os juros da divida externa do país que passaram de 3 biliões dedólares para 28 biliões em 1976. Em seguida estão os lucros remetidos por firmasestrangeiras. Em terceiro entram os fretes e só em seguida as despesas comviagens internacionais, etc.Embora tente o Governo conter pelo menos temporariamente as importações eexpandir as exportações, nenhuma medida foi prevista para combater o deficitmuito mais importante da conta de Serviços. Mas como podem adoptar algumamedida se elas contrariam os interesses das empresas e bancos estrangeiros e se sepretender sair da crise recorrendo ainda mais aos capitais e à tecnologia externos?

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4 - Conta de Transações Correntes é a soma das três contas anteriores. Paraavaliar a transferência distorcida a outros paíess, do excedente duramenteacumulado pelo povo brasileiro, o resultado desta conta é mais relevante do que osaldo final do Balanço de Pagamentos; pois no saldo final o desequilíbrio podeficar estatisticamente ocultado com a entrada momentânea de empréstimos ouinvestimentos estrangeiros, que no entanto remeterão juros e lucros.Os dados 'evidenciam que o desequilíbrio na Conta Corrente resulta muito maisdo deficit em serviços do que do desequilíbrio comercial. Mesmo nos anos emque se conseguiu um superavit comercial, o deficit nas Transações Correntesnão desapareceu, justamente porque prosseguia crescendo o saldo negativo naConta de Serviços.Compreender esse traço marcante na história das contas externas brasileiras éessencial. É inviável reequilibraroBalanço de Pagamentos, de forma duradoura,agindo apenas sobre a Conta Comercial. Por exemplo: de que adiantaria expandiras exportações e alargar a produção interna, ao preço de aumentar a participaçãodas empresas estrangeiras na indústria, na agro-pecuária e mesmo no comércio, seisto requer novas importações de equipamentos e bens intermediários, contracçõesde novos emprés-

timos, novos investimentos e mais remessasde lucros?5 - A Conta de capitais regista os empréstimos, financiamentos e investimentosdirectos de capitais estrangeiros, bem como a amortização de dividas externa doBrasil e eventuais lucros e juros ret~is.Como é possível que o Balanço de Pagamentos registe vários anos um superavitse os deficits são constantes? É queportados; mas desta maneira torna-se ainda mais dependente dos mercados e doscapitais e tecnologias externos; e quando sobrevem uma crise, para atrairinvestimentos e conseguir empréstimos, é forçado a fazer novas concessões, o quemesmo que dê resultados imediatos para o Balanço de Pagamentos, amplia adependência do pais e prepara o terreno para uma crise futura mais aguda.O siuperavit na Conta de Capitais é.A alta prioridade que os países subdesenvolvidos atribuem às suas exportações éporque promovem um desenvolvimento dependente dos capitais e tecnologiasexternos, e assim terminam também dependendo do mercado externo. Parainverter essa espiral bastaria que se começasse por dar prioridade aoabastecimento interno, e de um mercado interno de tipo popular. Para tanto serianecessário redistribuir a -renda nacional,as saídas de divisas são compcnsadas com a entrada de novos investimentosdirectos e contracção de novos empréstimos e financiamentos, muitas vezesempréstimos e financiamentos para pagar empréstimos vencidos ou para manterelevadas as reservas internacionais e garantir o crédito do país.Gera-se assim um circulo vicioso: quando um país se coloca na dependência doscapitais e tecnologia externos para promover seu desenvolvimento, perde capital eé obrigado a dar alta prioridade a incrementar suas exportações, a fim de obter asdivisas necessárias a remunerar os capitais e tecnologias im-

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portanto, enganador. Depois será necessário amortizar os empréstimos, pagarjuros elevados, remunerar a assistência técnica ou as patentes, permitir grandesremessas de lucros. Como nenhum pais tem capacidade ilimitada de exportaçãoou de endividamento, chegará o momento em que se tornará imprescindível paraconter as importações, desacelerar a economia, interromper o desenvolvimento,impor novos sacrifícios aos trabalhadores, tornar precária inclusivé a situação depequenos e médios empresários, tudo para reequilibrar as contas extrem favor dos trabalhadores, modificar o perfil industrial e agrícola. Enfim, optarpor uma outra lógica de desenvolvimento que acabaria não só por assegurar aindependência e a continuidade do desenvolvimento económico, mas tambémelevar realmente o padráo de vida material e cultural dos trabalhadores e poralterar completamente a fisionomia do país, não é como se vê um problematécnico mas essencialmente político e que portanto só poderá ser resolvido noquadro de uma revolução popular-democrática e anti-imperialistaTTEMPO N.o 15 -pg. ISO BALANÇO DE PAGAMENTOS DO BRASILEM MILHÕES DE DÓLARES196 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 19761. Conta de ComércioA - Exportações (FOB) 1.881 2.311 2.739 2.882 3.987 6.199 7.9688.669 10.125a - Importações (FOS) 1.885 1.993 2.507 3.245 4.224 6.192 12.53112.259 12.277C- Saldo (A-B) 26 318 232 -363 -237 7 -4.563 - 3.590- 2.1472. Conta de ServiçosSaldo (diferença entre asreceitas e as despesas -556 - 630 -815 -958 - 1.231 - .722 - 2.345 - 3.200 -3.9193. Conta de TransferênciasUnilaterais Saldo (diferençaentre as receitas e as despesas) 22 31 21 14 8 27 23 44. Conta de TransaçõesCorrentes 1 + 2 + 3 -508 -281 -562 - 1.307 -1.460 - 1.688 - 6.931 - 6.790 -6.0625. Conta de CapitaisA - Investimentos diretos líquidos 61 124 132 168 314 940 883 9001.010B - Empréstimos e financiamentos 964 1.259 1.555 2.528 4.441 4.635 7.0686.100 8.745 C - Amortizações da dívida externa 484 533 672 8 1.1932.063 1.994 2.000 - 2.888D - Saldo (A + B - C) 541 850 1.015 1.846 3.562 3.512 5.958 5.0006.8676. Conta de Erros 2e Omissões -1 -20 -92 -, 337 355 -67 3877. Saldo Final

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4 + 5 + 6 32I 549 545 530 2.439 2.179- 1.040- 1.790 1.192Fontes: Rlafórios anuais do Banco Central. -

PDTSDAME A DIVISÃO DA AL[EMANHAEntre os dias 17 de Julho e 2 de Agosto de 1945 os Chefes de Estado da União.Soviética, Grã-Bretanha e Estados Unidos encontraram-se em Potsdam. DaConferência de Potsdam saíram várias resoluções tomadas pelas potências aliadasque haviam derrotado e esmagadoo império fascista nazi dirigido por Hitler.Contudo, e apesar das resoluções tomadas, a Alemanha conheceria poucos anosmais tarde as verdadeiras intenções imperialistas jogadas em Potsdam pela Grã-Bretanha, Estados Unidos e a França: a sua divisão, a divisão de uma cultura e deum povo, a transformação da Alemanha no grande centro da «cuerra fria»imperialista-A Conferência de Potsdam a que assistem os chefes de Estado da União Soviética- país que havia esmagado" o regime hitieriano no seu próprio ninho: Berlim -Estados Unidos, e Grã-Brc' tanha adoptaria decisões respeitantes àdesmilitarização, à desmobilização do exército fascista hitleriano e à democratiza'ção da vida do povo alemão.Derrotado o império alemão terminara a segunda guerra mundial no seu aspectofísico. É que contrariamente à es. perança existente entre os povos de que a guerraterminaria com a derrota de Hitler, o imperialismo não desistiria sem transformara derrota da Alemanha fas cista numa forma de aumentar o seu campo dedominação. Cóntudo a Conferêncin de Postdam, que vem a ser adoptada pelaFrança mais tarde, revelar-se-ia no cumprimento das suas resoluções como umverdadeiro campo de batalha pois elas admitem que a indústria de' armas deguerra da Alemanha - os monopólios industriais deveriam ser desmantelados afavor de uma economia de reconstrução orientada. Ao mesmo tempo eraassegurado ao povo alemão a conquista das liberdades democráticas.Nesta altura a Alemanha estava dividida em duas partes jápor si distinta. Uma soba adminístra io dos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, enquanto a outra pelaUnião Soviética. A divisão fora feita porque haViam sido os exércitos destesquatro países quem, Invadindo a Alemanha nazi na última caminhada paraesmagar o exército fascista, tomou a capital do regime de IIi tler, . 4rli4.TEMPO N., 354 Pág. 20Apesar de tudo e imediatamente após o estabelecimento de administrações naaltura e face ao perigo do nazismo, aliadius - as áreas sob sua oTtentaçãocomeçam a trilhar caminhos distinto. Mesmo antes da Conferência de Potadam, a10 de Junho de 1945, a Administração Militar Soviética tinha tomado a decisão depermitir na sua zona a criaçao e formação de Partidos que garantissem uma viademocrática para a Alemanha. Enquanto isto, na zona sob administração daspotências capitalistas eram subsidiadas as iniciativas da burguesia para criarem osseus Partidos.Como reflexo da via imposta pelas potências capitalistas em Maio de 1949 éconstituída na prática a República Federal Alemã dando-se o grande passo par a

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divisão definitiva da Alemanha. ýoraa-se pois necessário conhecer o evoluir dasituação após a Conferência de Potsdam.Em Abril de 1946 os Partidos Socialista e Comunista alemão realizaram umCongresso onde é formada uma direcção conjunta, e estabelecido um programaconjunto que tihha como objectivo a criação de uma ordem democrática nocaminho para a construção do socialismo.

As ~ as verificadas na zona sob administração soviética viriam a criar umclima de agitação muito favorável a um processo idêntico nas restantes zonas soba administração das, potências capitalistas. Isto porque as medidas que secomeçam a tomar na primeira das referidas zonas favorecem de forma coerente asclasses trabalhadoras alemãs. Por exemplo, são confiscadas todas as fábricas emonopólios capitalistas ao nível do campo e centros urbanos dos nazis ecriminosos de guerra. Ao mesmo tempo a ordem económica nazi até aíestabelecida começa a sofrer as primeiras grandes transformaçõe.É a partir de então que se assiste nas zonas sob a administração militar dosEstados Unidos, França e Grã-Bretanha à criação de grupos reaccionários quedefendiam a separação da Alem_anha: são criados Partidos de latifundiários eindustriais com a falsa denominação de «democráticom».Em Junho de 1948 no rumo de uma escalada que se vinha tornando demasiadoclara, são anunciadas reformas nas zonas sob a administração das potênciascapitalistas. Elas defendem abertamente os interesses dos capitalistas alemães oque vem a criar uma linha de demarea. ção cada vez mais evidente entre a zonasoviética e as restantes zonas. Aspiste-se nesta altura a diversas provocaçõesarmadas na linha de divisão da capital Berlim o que vem agravar a divisão daAlemanha.Berlim Ocidental é transformada na capital da espionagem imperialista e nogrande ce n t r o de contra-propaganda contra a construção do socialismo. Apro-veitando o clima conscientemente preparado pelas potências capitalistas, oscírculos da burguesia alemã, as suas representações políticas e os dirigentessociais-democratas descaradamente de direita reunem-se em torno do objectivo denão apoiarem nem permitirem qualquer transformação de conteúdo democrático.Como último ponto da sua escalada. e porque o espantalho anti-comunista jánãoise podia esconder por detrás do Acordo de Potsdam, ele é rompido comoúltimo passo para a divisão da Alemanha. Todas as propostas feitas pelas forçasdemocráticas a favor de uma unidade nacional e na luta pela conquista da pazcontra a divisão da Alemanha são recusadas.f. assim que em Maio de 1949 é montado um aparelho de Estado separatista queýcria a lei Fundamental, ou melhor, a Constituição. Toma-se ainda a decisão de seconstruir nas zonas sob influência das potências capitalistas uma economiaseparada com moeda própria. O ponto culminante é atingido em Setembro de1940 com a criação da República Federal Alemã que dividiria até hoje aAlemanha em duas partes. Como forma de consumar o facto a RFA é admitidacomo membro da NATO (organização do Tratado do Atlântico,) organizaçãomilitarista de defesa aos interesses do imperialisno hoje espalhada até ao Oceanofndicó.

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Só em 7 de Outubro de 1949 e ddpois de reunido o Congresso Popular éconstituída a República Democrática Alemã. Wilhelm Pick, líder das classestrabalhadoras alemis é eleito Presidente da Re-squerda, aspecto da Conferência de Potsd&m. A dierita Berlim destruida após aueda do nazismo hitleriano.pública Este novo pais é imediata mente reconhecido pela União Soviética,Bulgária, R. P. China, Checoslováquia, Coreia, Albãnia, Bulgária, Roménia, Vietname e Mongólia que com ele estabelêcem relações diplomáticas. Pela primeiravez as classes trabalhadoras, aliadas a todas as camadas sociais que a apoiamtomam o poder.A partir de então a RDA passa a ser o grande alvo da «guerra fria» imperialista.Ela conhece o embargo de todos os acordos comerciais até aí estabelecidos com oOcidente, a manipulação de moedas, o desvio de operários qualificados e outrostécnicos, assim como especialistas e cientistas. Actos de sabotagem contra asempresas da RDA que causam grandes danos materiais, provocação de incêndiose outros actos criminosos são organizados pela espionagem imperialista. Por outrolado ainda a República Democrática Alemã viria a conhecer os, efeitos da<oGuerra fria» no campo ideo lógico. Emissoras de rádio e estações de televisãoevitam permanentemente a população da RDA contra o Poder operário.Em 1953 um golpe de Estado é preparado para o dia 17 de Junho. Os objectivosda intentona reaccionária eram o afastamento das classes trabalhadoras noéontrolo da economia, com a liquida ção do sistema de cooperativas e a anulaçãodos direitos socialistas até ai coquistados. Hoje mesmo, e embora sob uma formaque causa muito menos embaraços, a RDA continua sendo alvo da contra-propaganda imperialista.Em oposição, a RFA toma caminho distinto da RDA surgindo como um dospaíses subsidiários da guerra colonial portuguesa, apoiando descarada eabertamente o regime racista sul-africano.Passados quase trinta anos sobre a divisão da Alemanha a RDA conseguiualcançar condições de vida muito favoráveis para o seu povo. Hoje só sãonecessárias cinco pessoas para produzir cem mil marcos de renda nacionalenquanto em 1949 eram necessárias 30 pessoas profissionalmente activas. Aindasob a n)esma perspectiva verifica-se que enquanto em 1949 um operário daconstrução civil prod9zia anualmente um valor estimado em 14 mil marcos, eleagora em 1974 podia produzir cerca de setenta e cinco mil. Ao nível daagricultura em 1950 um trabalhador produzia alimentação suficiente para novehabitantes, mas em 1965 ele produzia já para 18. Hoje, o mesmo trabalhadorconsegue produzir a alimentação suficiente para 32 cidadãos.Se é certo que o imperialismo logrou aloançar a divisão da Alemanha, pode-sedizer que ele foi incapaz de impo- a todo o povo alemão a sua dominação.

AFRICA DO SUL:o PARAISO PERDIDO.Os sul-africanos brancos atravessam actualmente um período de grande tensãopsicológica correspondente ao desmoronamento do falso paraíso em que vivem.

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Era uma vez um jornalista sul-africano que veio ao 3.o Congresso da FRELIMO.Durante os seis dias que esteve em Maputo falou com gente de cá de todas asraças e de estratos sociais diferentes, pediu opiniões, andou pelas ruas da cidade,enfim, fez aquilo que deve fazer qualquer jornalista que merece esse nome: tentarperceber as realidades fundamentais de um país e a maneira como o poder políticolocal lida com essas realidades. Depois voltou para Joanesburgo e escreveu o quetinha visto: um partido de vanguarda com uma estrutura interna or ganizada e commuita capacidade mobilizadora; uma população organizada e engajada em tarefasprodutivas; a grande popularidade do Presidente Samora no seio das m a s s a strabalhadoras; as imensas dificuldades que Moçambique atravessa,particularmente no campo económico, etc.Foi o suficiente para provocar o escândalo. O artigo sai no seu jornal («RandDaily Mail») e no dia seguinte começam os telefonemas anónimos; então vocêagora é comunista, como é que ousa defender a FRELIMO, e tantas outrasacusações do género. Serfontein - o jornalista - vai respondendo que não senhornão estava a defender ninguém, que não se tinha aliado à FRELIMO, quesimplesmente escrevera o que tinha observado, q u e a propaganda contra aFRELIMO já tinha atingido a dimensão do ridículo porque não pudera ver nadade crianças assassinadas pelas FPLM, gente a morrer esfomeada pelas esquinas,tentativas semanais de assassinatos do Presidente Samora, e por aí adiante.Por outras palavras, dentro das limitações ideológicas - portantoDois estudantes da Universidade da WITS lutam entre si na sequência de umareunião organizada por cerca de trezentos estudantes daquela. Universidade emapoio aos seus companheiros do Soweto.A imagem exemplifica o tipo de contradição que começa a surgir com muitafrequência no seio da populaeão branca: uns são a favor de um governo demaioria para todo o país, outros querem manter a situação de exploracão racista.Entre os primeiros contam-se já dezenas de figuras que se tornaram célebres peloseu engajamento na luta do povo sul-africano contra o «apartheid» e são, na suamaioria, estudantes universitários.Interpretativas -- que caracterizam o jornalismo liberal sul-africano Serfohteinquis explicar aos sul-africanos b r a n c o s que era completamente absurdo pensarnum Moçambique à beira do abismo social e económico.Tempos depois o mesmo jornalista publica um outro artigo, desta vez sobre asituação na Namlbia, e diz que sem a aceitação de Sam Nujoma, presidente daSWAPO nenhum plano de estabeleci-mento de um governo maoritário naquele território poderia resultar. E lá rebentouo escândalo novamente só que desta feita me teu John Vorster pelo meio a acusarSerfontein de traidor em plena sessão parlamentar.Bem, deixamos de lado este caso, e passemos ao que esta nota introdutóriapretende assinalar.Em larga medida os sul-africanos brancos (mais os afrikaanders do que os deorigem inglesa)TEMPO N.' 354 -- pág. 22

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não estão preparados para um confronto directo com a realidade quer do seu pasquer de toda a conjuntura política internacional. Quase todos eles têm casa, carro,reforma para a velhice, uma profissão que não envolva grandes trabalhosmanuais, e dinheiro no banco para fazer face às dificuldades de qualquer críse.Durante as últimas décadas construiranm uma torre de marfim social à sua voltacorrespondente 4 rapidez com que se desenvolveu o capitalismo na Africa do Sul;rapidez, porque baseado na exploração racista de uma mão-de-obra escravizada epor isso mesmo uma das mais baratas do mundo. O lucro fácil permite a quemdele beneficia uma progressiva distanciação entre a realidade e a perspectiva quese pretende ter dessa mesma realidade. Surge portanto a maior das alienações: nãotenho nada a ver com política, o governo vai resolver, as «tempesta4es» passarãosem que tenha de me preocupar bastante, etc.2 o paraíso, o falso paraíso. Falso porque de baixo, lá muito em baixo na escalasocial, está um mundo em perpétua efervescência cuja revolta é constantementeabafada por uma forte e constante repressão policial mas não eternamente adiável.E quando a revolta surge, incontrol4vel, caótica, os que vivem na torre de marfimfecham os olhos para não perceberem que o seu paraíso é falso; e que vai acabarPor isso acreditam, querem acreditar em tudo que lhes sugira uma onda dedificuldades passageira; acreditam, querem acreditar em qualquer personalidodepública que lhes diga que na Africa do Sul são os agitadores os culpados darevolta e não a própria dinâmica interna do «apartheid». Aparecem então ospapões: os comunistas, os infiltrados enviados pela FRELIMO e pelo MPLA, osextremistas que querem a igualdade. E lá v ã o e 1 e s acreditando piamente que oSmith aguenta a guerra eternamente, que em Moçambique está todo o povorevoltado contra a FRELIMO, que na Africa do Sul «eles» (os pretos) estariamcontentes com a situação se não fossem os tais agitadores. Por isso o escândalo, ochoque psicológico ao lerem no jornal meia dúzia de coisas que não correspondeà sua visão alienada do mundo.E depois aí temos os líderes do regime de Pretória a dizer as coisas mais absurdaspela boca fora na esperança ridicula de que basta acreditar cegamente daquilo qued i z e m para a realidade se adaptar imediatamente aos seus desejos.Ainda recentemente James Kru, ger, ministro da Justiça do regime, ao dar umaentrevista a uma cadela de televisão estrangeira disse, nada mais nada menos, queentre ele e as milhares de pessoas que tem mandado prender nos últimos anosexiste aquilo que ele chamou de «uma relação muito boa»,.Este tipo de afirmações por parte dos dirigentes racistas de Pretória tem feito riros observadores mais criticos do governo de Vorster. Mas, por outro lado, háquem desespere com tanta estupidez. Entre estes últimos contam-se os intelectuaisprogressistas brancos cuja consciência mais ou menos limitada da realidade lhesbasta para temerem (e preverem) um confronto racial de proporções desastrosas.Com efeito é praticamente impossível prever com exactidão o futuro da África doSul. Revolução ou adaptação progressiva dasDIVISESestruturas actuais a uma solução negociada com os representantes da burguesianegra crescente que implique o estabelecimento de uma federação de estados maisou menos autónomos? A resposta esta longe de poder ser dada. No entanto uma

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coisa está sempre presente em todos os diálogos de carácter político: o medo deum confronto entre as diferentes raças que compõem o todo populacional do país.Esse medo, interiorizado por décadas e décadas de obscurantismo político revela-se actualmente na mais completa alienação cultural que existe entre as váriascomunidades populacionais. É portanto nestas condições q u e s e torna dificílimoqualquer trabalho profundo de explicação de que a contradição não é racial massim entre explorados e exploradores. Enfim, o medo, o pânico, a tensãopermanente vão minando o falso paraíso da maioria dos sul'africanos de origemeuropeia. Mas dialecticamente, esses fenómenos são simultaneamente os veículosde desmantelamento da psicologia racista quer ao nível dos privilegiados quer aonível dos oprimidos.EAISDIVISOES APARENTESO reflexo imediato da crescente movimentaçãopopular na Africa do Sul é o conjunto dedivisões, umas reais outras aparentes quecaracterizam a actualidade do poder político eeconómico do «Apartheid».«Não há dúvida de que a situação na Africa do Sul se está a tornar explosiva.Duvido que se possam evitar de futuro o tipo de levantamentos e mortes dos úl'mos anos. Espero que os membros da Oposição não me perguntem se condenoisso. Estamos a falar de uma escalada que atinge proporções assustadoras. Pensoque este pais (a Inglaterra) talvez venha a ter que tomar algumas decisões difíceis.Espero que nessa altura tenhamos o apoio deste Parlamento».Estas palavras, proferidas pelo primeiro-ministro britânico no passado dia 21surgem na sequência de uma série de afirmações de líderes ingleses e norte-americanos sobre a impraticabilidade actual de uma política de relaçõesinqualificadas com o regime de Vorster; os governos britânico e norte-americanoestão longe de assumir uma posição de antagonismo directo com o «Apartheid»preferindo fazer ataques verbais à discriminação racial na Africa do Sul ao mesmotempo que moTEMPO N.- 354 -pág. 23

-Criança sofrendo os eteitos do, gás lacrimogéneo.TEMPO N. 354 -pág. 24vimentam as multinacionais no sentido de exigirem transformações periféricas nosistema de trabalho sul-africano. O objectivo, já em parte conseguido, é fazerdessas exigências o cavalo de batalha público da «nova» política externa deWashington e Londres.Sobre este tipo de pressão importa mencionar já alguns exemplos.No dia 20 do mês passado cerca de 150 accionistas de 21 multinacionais norte-americanas com sucursais na África do Sul aderiram a um programa de seispontos anteriormente proposto por 12 multinacionais dos EUA - programa esseque inclui a exigência do aumento de sul-africanos negros nos postos de direcçãodas empresas privadas; o que significa exigir - pelo menos parcial mente - o fimdas Leis do «Job Reservation» as quais afastam as pessoas de cor dos empregosespecializados. Os diplomatas norte-americanos apresentam esta via como

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cÒntribuição sua para a transformação das. relações sociais e polti cas na Áfricado Sul.Quem apoýa e quem rejeita esta abertura do mercado de mão de obra a pesso s detodas as raças? E porquê?Os ideólo os do «Apartheid», tanto os r formistas modernos Verligtes)'como osdiscípulos do modelo Verwordiano (Verkramptes), vêem nesta abertura avia pa-

ra uma inevitável perda do poder político ainda hoje grandemente concentradonos vários escalões do «establishmente» boer. (É a questão do nacionalismoafrikaander exacerbado, ou seja, elevado à sua conclusão lógica: a suatransformação dialéctica em força de retraimento do desenvolvimento capitalista).Os intelectuais da esquerda liberal branca, certas forças revolucionárias no seiodas massas estudantis negras e da classe operária, e grande parte daintelectualidade do movimento de libertação nacional liderado pelo ANC têm já aconsciência plena de que, a concretizar-se essa será a via para uma ingerência dosEUA na Africa do Sul no futuro muito maior e muito mais perigosa de que aquelaque actualmente existe. No entanto não atacam as pretensões imperialistasdirectamente, nem o farão enquanto existir o inimigo principal, o regime racistade John Vorster, o «Apartheid».Os capitalistas da burguesia industrial sul-africana, apoiados pelas multinacionaise pelos dirigentes políticos do Ocidente, pressionam Vorster a rever todo osistema do «Apartheid», inclusivé a abandoná-lo porque, em última análise, é amanutenção do «Apartheid» que permite a progressiva consciencíalização das m as s ã s trabalhadoras. Alguns dos seusargumentos são apresentados por porta-vozes exteriores d a t al «transformaçãopacifica» preconizada pelo capitalismo liberal, porta-vozes esses tiradosdirectamente da imprensa norte-americana.Por exemplo, recentemente o ministro dos negócios estrangeiros do regime deVorster, Pik Botha, esteve em Nova Iorque para conferenciar com o vice-presidente Walter Mondale, e para pressionar os EUA a aumentarem rapidamenteos seus investimentos na Ãfrica do Sul se exigirem as transformações políticasatrás mencionadas. Durante uma entrevista que deu à c,.deia de televisão CBS PikBotha ouviu da boca do entrevistador as-seguintes palavras: «O perigo para vocêsnão são os esforços dos EUA que tentam preservar o que vocês têm. O perigo é osEUA não vos protegerem da destruição a que inevitavelmente leva a vossapolítica».Na mesma altura encontrava-se em Nova Iorque o presidente da TUCSA(Conselho dos Sindicatos da África do Sul), Arthur Grobellar, cuja organização éhoje - e por enquanto - mais uma estrutura das aspirações conciliatórias doscapitalistàs do que uma força de vanguarda do proletariado urbano negro. Numseminário com 300 «businessmen» norte-americanos que durou uma semana (àporta fechada) Grobellar assumiu a posição de colaborar comGrupo de estudantes do Soweto ao serem confrontados por polícias.as vias propostas pelas multinacionais; o abandono gradual do racismo nasempresas privadas estrangeiras. Portanto a burguesia industrial sul-africana cortacom alguns mecanismos importantíssimos facilmente manobráveis ao nível da

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«base». Outros há, outras forças colaboracionistas ao nível de sindicatos e deorganizações políticas fantoches no seio das comunidades não-brancas do país.Mas quais os caminhos políticos que os capitalistas sul-africanos sugerem para aconcretização dos seus objectivos? Qual a face política do seu poder económico?O primeiro passo seria a concessão de plenos direitos da cidadania e derepresentação parlamentar - poder de voto - para os três milhões de sul-africanosmulatos e indianos. A velha fórmula racista «dividir para reinar» tem aqui aparticularidade de ser empregue por forças económicas, sensivelmente fora dopoder politico cuja propaganda política assenta s o b r e uma proclamaçãoconstante do multi-racialisrno, do anti-«Apartheid». O editorial do dia 21 do mêspassado no jornal liberal «STAR» é bem claro. O editorialista escreve a dadopasso: «A África do Sul não pode perder tempo com as querelas entre os m e m br o s do Partido Nacional (partido de Vorster ). Também não pode esperar maisum ano até que o comité constitucional do senhor P. W. Bohta entregue o seuplano para o futuro - plano esse que, devido à diversidade dos seus arquitectos,está destinado a terminar as querelas dos membros do partido e não os problemasda nação».Que querelas são essas?BANTUSTõES, CANTõES, UNIFICAÇÃOChocam-se perspectivas diferentes sobre o futuro constitucional da África do Sulno seio do regi-. me. Koornhof, ministro da educação do regime, tem vindo apropor um sistema de Cantões - có pia adaptada do modelo suíço como soluçãopara a presente divisão territorial em bantustões.TEMPO N. 354 - pg. 2

Reunião de protestos contra a prisão de estudantes.Estudantes de escolas secundárias do Soweto à saída de uma reunião popular.TEMPO N., 354 - pág. 26

,,antpnizaýão da África do Sul O jornal «Rapport» - jornal 'antí s multirraciais,uns mais do partido - por sua vez criticou o nenos, num todo mais ou AndriesTeurnicht na base de que . federativo<; - surge como propostas como a sua sópiora,nosýrnativa proposta pelos grupos vam as relações raciais no país. ríígte» do partidogovernamen- Outros membros do p a r ti do Nãp é portanto uma proposta maisligados às aspirações do ca.tico. dos capitalistas os quais pital industrial porquenele têmltlirna análise, terão de exi- grande parte do seu próprio di" ofip de todo o tipo dedivisão nheiro, apresentam já, embora tiritofíal devido à própria dinâ- midamente,uma proposta de vo,a eo capitalismo - recruta- to qualificado para as comunida,itocte mão de obra crescente des não-brancas. bUitustões. Outros aindanão aceitam nemidrieS Teurnicht, vice-ministro a bantustanização das comunidaas0Untoý b a n t os, rejeita a des indiana e mulata nem a reposta de Koornhof em bases presentaçãoparlamentar para es-a-raCistas, dizendo que isso tes últimos, filhos e filhas dosiria 1 perda da identidade cul- próprios boers. ,1 e política dos afrikaanders. Estas

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divergências no seio do ua proposta é, nada mais nada poder político efectivo sãomais aos, do que esta: criar um ban- reais do que aparentes. São divertão paramulatos. Connie Mul- gências ideológicas provocadas chefe do partido Nacionalno pela movimentação de massas dos ,nsv1al, apoiou Teurnicht afir últimos doisanos e pelas diferenndo que essa visão se enqua- tes posições que os váriosestrava perfeitamente na política do tos do poder político ocupam no tido. JamesKruger, ministro plano económico. justiça do regime, pôs-se tam- Com a subidado partido Naciori ao lado de Teurnicht, um nal ao poder em 1948 osafrikahorfiens-fortes da organização anders vêem aberta à sua frente a 1«Broederbond» que ainda ho- estrada que os levaria aos escacomamda muitos dosescalões lões médios e superiores do poder nartido e do exército. .económico.Centenas de milhar deafrikaanders concentram-se n as cidades, outrora maioritariamente habitadas pelossul-africanos de origem inglesa. Começa a integração de uma nova geração nocomplexo económico/cultural da burguesia industrial e financeira de origeminglesa. Milhares de afrikaanders enriquecem. A sua ascenção económica provocaas primeiras diferenças sociais importantes no seio dos afrikaanders e umprogressivo abandono das formas mais retrógradas de «afrikaanerdom» (nacionali s m o boer) até 1948 solidamente orientado pela burguesia agrária, quase todaela afrikaander. Hoje alguns milhares de jovens boers, nas escolas das grandescidades e universidades, n o s empregos bem remunerados, começam a virar-separa a alternativa capitalista. A «deserção» é a i n d a débil mas o PartidoNacional já- há alguns anos que começou a perder a sua base social de apoio. Oprimeiro choque interno dá-se em 1969 quando Vorster expulsa do partido toda aala ultra-fascista comandada por Albert Hertzog euja ideologia assentava nopassado agrário da comunidade afrikaander. Oito anos se passaram e uma novaruptura se avizinha O panorama parece-nos claro: uma facção radicalizar-se-á àdireita, uma outra passará sem dúvida para o Partido Progressista - Reformista,(voz política do capitalismo industrial) ou para os outros partidos da oposiçãobranca - Partido Unido, Partido Democrático.Tudo d e p e n de d a velocidade que novas revoltas populares poderão imprimirao processo de transformação social na Africa do Sul. Esta que apresentamos aquié somente uma das várias perspectivas apresentáveis neste momento histórico degrande desequilíbrio de forças, ou seja, nesta fase de reagrupamento de forçaseconómicas e políticas para um novo equilíbrio. Esse novo equilíbrio seráfavorável aos capitalistas ou à revolução? É difícil responder já. Mas uma coisa écerta: até lá muitas lutas e muitas transformações ideológicas serão operadas notodo populacional sul-africano.TEMPO N.- 354 - pág. 27

REFUGIADOS DAPRECISAM APTEMPO N.* 354- oág, 28IL

FRI

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'o0CAA USTRALURGENTECelebrou-se no passado dia 20 de Junho o dia dos -refugiados de Africa-.0 problema dos refugiados em Africa assume desde há muito o grau de grandeproblema. Isto por duas razões essenciais. Primeiro a existência de gr*nde númerode refugiados no nosso continente. Isto acontece porque a descolonização se temfeito de modo descontínuo - ou pala manutenção em certas regiões de regimescoloniais, ou pela sua smbstituição imediata ou a médio termo por regimesneocoloniais, porque igualmente exploradores. igualmente opressores. Segundarazão: o facto de os paíss para onde têm que ir os refugiados serem países pobres,porque sujeitos à dominação imperialista, de modo mais ou menos directo, poucodesenvolvidos, o que dificulta a sua assistência aos refugiados.A manutenção dos regimes racistas e fascistas da parte sul do continente, areacção de repressão cada vez maior por parte destes regimes às lutasdesenvolvidas pelos povos e movimentos de libertação da região, fazem com quenaturalmente esse problema apareça aí de modo agudo.Segundo números do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiadossó em campos para refugiados do Zimbabwe, da Namíbia e da Africa do Sul coma assistência desse organismo, situados nos países indopendentes vizinhos,existem no momento actual 54 mil 550 refugiados. Desses 42 mil sãozimbabweanos, 8.400 são namibianos e 4.150 são sul-africanos.Só o nosso país, a Repúbica Popular de Moçambique, alberga neste momento 32mil refugiados zimbabweanos e 100 refugiados sul-africanos.Tendo em conta o aumento constante desses números e a realidade das nossasenormes dificuldades, bem como de todos estes países independentes da região,na sua totalidade em fase de reconstrução nacional, o Alto Comissariado dasNações Unidas para os Refugiados - organismo da comunidade internacionalencarregue de conseguir apoio internacional para colaborar com os governos naresolução do problema de criar condições mínimas aos refugiados - acaba dedeclarar, através de sua entidade máxima, o Alto Comissário Sadrudin Aga Khan,que o programa aprovado "i oito meses atrás para o ano de 1977 se mostra muitoinsuficiente. Para o cumprimento de novo programa de emergência que inclui 38rojectos nos sete países independentes da região (Angola Botswana, Lesotho,Moçambique, SuaTEMPO N., 354 -pg. 29

Doeroi: refeioozilândi!, Tanzanla e Zâmbia) - o Alto Comissariado pediu 16 milhões de dólares.Este pedido dirigido à comunidado Internacional e a ser coberto através dosdiversos organismos da ONU, foi exactamente feito a 8 de Junho passado, e vemna sequência e ampliação de um outro feito a 22 de Abril deste ano peloSecretário-Geral da ONU, Kurt Waldheim, de que a comunidade internacionaldeveria intensificar o apoio aos governos do Botwana, de Lesotho e'daSuazilândia, tornando-os mais aptos -a acolherem os milhares de estudantes sul-africanos, vindos specialmente do Soweto, porque perseguidos pela polícia de

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longo com maior número de refugiados (como o foram do regime racista afascista de Vorster. a Tanzania e a Zâmbia quando o nosso povo lutavacontraO actual pedido do Alto Comissário da ONU era acom- o colonial-fascismoportuguês). Isso significa, isso s6 é panhado pela descrição sumária doproblema^dos refugia- possível graças ao modo como as massas trabalhadorasdos em cada um desses países, das suas principais no- moçambicanas eouberamassumir, e interiorizar e levar à cossidades urgentes, a projectos para as superar.prática de modo consequente o internacionalismo, fazer da,É com base nesses elementos que divulgamos o presen- luta do povo doZimbabwe sua luta. Tem aqui também exte apontamento.pressão como foi compreendido e aceite o Banco de SoliNele salta à vista seractualmente Moçambique o país dariedade.ANGOLA:5 MIL NAMIBIANOSPara assistência aos refugiados em Angola o Alto Comissariado. pede umaquantia de 500 mil dólares.Há em Angola cerca de 5 mil refugiados da Namíbia, para quem se destina essaassistência.Ela inclui o custo da renovação e reequiparnento de um HospitalTEMPO N. 354 -pág. 30na Provincia de Huila, que serve a população local e os refugiados. Esse hospital,pedido pela SWAPO, era um hospital bem equipado, com 120 camas, que foicompletamente destruido durante as hostilidades que puseram o povo angolanofrente ao exército de invasor da África do Sul. Só oito dessas camas restaranj eexistem agora.Em resposta a este apelo da SWAPO o Alto Comissariado jáconseguiu 100 mil dólares que servirão para substituir o equipamento maisessencial.São ainda no entanto precisos outros 400 mil dólares para completar a reparaçãodo hospital, provê-lo de roupa, transporte, e para assistência à educação e àagricultura da comunidade de refugiados narmibianos em Angola.

cola de ensino secundário preparatório com 12 salas de aulas, para 480 alunoscada, escola; e um centro de recepção e trânsito de refugiados, próximo aGaborone. O programa de assistência aos refugiados no Botswana inclui ainda osseguintes projectos: apoio de emergência ao centro de Francistown, num custoestimado de 30 mil dólares; no campo de refugiados de, Selebi Pikwe há nestemomento mais de 1500 refugiados zimbabweanos acomoda dos em condiçõesabsolutamente insatisfatórias e o governo do Botswana pede que o auxiliem aconstruir um campo de emergência semi-provisório, e um outro centro, ondepossa acomodar mais cerca de 2 mil refugiados, plano que custará 800 mil dólares.Para além destas medidas de

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- - ,emergência, o programa inclui o projecto de construção de um centro derecepção de carácter permanente para 600 refugiados em Selebi Pikwe, quecustará 851 mil dólares.O programa proposto para o Botswana pede também fundos para melhorar suaprovisão de alimentos, para além dos stocks básicos recebidos do WFP (WorldFood Programa, progfama mundial para alimentação), a melhoria dos serviços devisas e projectos para assegurar condições de auto-suficiência dos campos.BOTSWANA:3 MIL ZlMBABWEANOSPara assistência aos refugiadosno Botswana o Alto Comissariado pediu 7 milhões e 211 mil dólares, sendo este opais para cujos refugiados é pedida maior assistência.O n ú m e r o de refugiados da Africa Austral no Botswana é calculado em 4 mil equinhentos, dos quais 600 são namibianos, 900 sul-africanos e 3 milzimbabweanos.A grande maioria desses refugiados são jovens, pessoas singulares,principalmente estudantes.O programa para o qual essefundo é requerido inclui: a criação de condições para que 50 re- . ..fugiados sul-africanos estudantes universitários prossigam seus estudos; aconstrução de uma escola de ensino secundário completo anco. para a esoolaconstruidos pelos refugiados para suas escolas. A grandecom 16 salas de aulas e uma es- íaona dos refugiados sãojovens em idade es ,laTEMPO N.- 354 -pãg. 31

LESOTHO: MIL REFUGIADOSDO SOWETOPara assistência aos refugiados no Lesotho o Alto Comissariado da ONU pede 2milhões e 54 mil dólares. Há no Lesotho entre 800 a 1000 refugiados sul-africanos, na sua maioria estudantes. Devido à situação geográfica do Lesotho -cujo território é cercado em todas as suas fronteiras pela África do Sul - osrefugiados que para lá vão tem muita dificuldade em sair de lá, ai permanecendoportanto.Desde a sua independência que o Lesotho dá facilidades no sector da educação aestudantes sul-africanos refugiados. E ss a medida assume carácter particulardepois dos massacres de Soweto. O governo do Lesotho deu instruções a todas assuas escolas para que admitam todos os estudantes refugiados vindos do Soweto.Graças no entanto aos seus próprios problemas económicos e ao facto de possuirum sistema educacional que não é sequer suficiente para os estudantes nacionais,o governo do Lesotho diz que os estudantes refugiados só poderão beneficiar deapoio satisfatório no campo educacionalo se as instituições educacionaisreceberem apoio financeiro. N esse âmbito o governo submeteu umasérie de propostas para o alargamento das condições educacionais existentes, queinclui a acomodação dos estudantes refugiados.O fundo pedido é para fazer face a estes projectos e ainda para a criação de umserviço de visas e projectos de apoio a actividades para auto-suficiência.

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Dormitório no caMOÇAMBIQUE:32 MIL ZIMBABWEANOSPara assistência aos refugiados em Moçambique foram pedidos 2 milhões e 54mil dólares.Utensílios agrícolas. Nos campos de refugiados em Moçambique, os refugiadosdo Zimbabwe %tprendem a vida colectiva e organizada, a produção colectiva.Aprendem a vida nova.TEMPO N.- 354 - pág. 32O n ú m e r o de refugiados da África Austral em Moçambique é calculado em 32mil e 100, dos quais 100 são sul-africanos e 32 mil zimbabweanos. Destes'últimos cerca de 29 mil são crianças não acompanhadas e adolescentes. Estão nasua maioria em três campos de refugiados criados pe-mpo de Doeroi.lo governo moçambicano, e há-os ainda que vivem na Provincia de Tete emcampos de trânsito até serem conduzidos aos campos de refugiados.Os três campos são Doeroi, na Província de Manica, (com 15 mil refugiados)Trongana, Província de Sofala (com 10 mil e quinhentos refugiados) e Mavudzina Provincia de Tete (com 3 mil e seiscentos refugiados. Estão apetrechados demodo a dar acomodação de emergência, mas necessitam assistência para poderemmelhorar suas condições no domínio da educação, assistência sanitária epromoção da auto-suficiência.A situação em Doeroi é a mais critica, desde que o campo foi criado, quando emAgosto de 1976 as forças rodesianas atacaram o seu acampamento de Nyazónia,onde mataram cerca de 800 refugiados e destruiram a maior parte das estruturasde assistência material que já haviam sido conseguidas para o campo. Osrefugiados sobreviventes foram então transferidos para Doeroi, com o minimo dealimentação, vestuário

e equipamento conseguido pelos fundos do Alto Comissariado das NaçõesUnidas.Desde meados de 1975, o Alto Comissariado já conseguiu um milhão e 375 mildólares e a WFP, 1 milhão e 646 mil dólares. A situação nesses campos mantêm-secontudo precária e o aumento de apoio é indispensável e urgente. Espera-se que aWFP continue a apoiar em alimentação em 1977, a UNICEF está planeando umaajuda intensiva e foi prometida ajuda bilateral e multilateral. O Alto Comissariadopensa noentanto que serão necessírios pelo menos 2 milhões de dola:es para o ano de1977.Uma quantia de 350 mil dólares são esperados em 1977, do programa deassistência preparado o ano passado.O projecto inclui ainda algum equipamento adicionai e uma viatura Land-Roverpara o centro de recepção de refugiados em Maputo, como uma assistênciasuplementar para os refugiados desse centro.

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Na edição especialmente dedicada ao primeiro aniversário do encerramento comas fronteiras da República Popular de Moçambique com a colónia britânica daRodésia do Sul, publicamos um pequeno apontamento s o b r e a questão dõsrefugiados do Zimbabwe no nosso país, com base numa entrevista com o AltoComissário das Nações Unidas para os refugiados em Moçambique.Nele eram salientados dois aspectos essenciais. Primeiro, que, tendo começado averificar-se de modo sistemático logo após a proclamação da IndependênciaNacional (mais precisamente em Julho de 1975) o fluxo de rêfugiados doZimbabwe ,que no nosso país procuram escapar ao ódio feroz e à repressão brutaldo regime racista de Smith, não mais parou.Assim, Dezembro de 1975 já havia nos três campos criados, 14 mil refugiados doZimbabwe. Em Agosto de 1976 havia 24 mil e em Março de 1977, 30 mil. Nomomento actual - de acordo com os números fornecidos pela ONU em Junho - hájá 32 mil.O outro aspecto essencial era que, porque os subsídios consegitidos p e 1 o AltoConssariado das Nações Unidas são extremamente insuficientes para dar omínimo de assistência requerida, o esforço maior de apolo tem par tido dogoverno da República Popular de Moçambique, portanto do nosso povo. Éessencialmente o Governo de Moçambique quem tem fornecido a dieta básicapara a alimentação dos refugiados (em produtos como feijão, pão, sal, açúcar,arroz, farinha de milho e outros) quem tem fornecido mantas e roupas.O u t r o aspecto interessante também então salientado foi de quesaovncerramento das fronteiras não foi um factor determinante no fluxo derefugiados, não foi uma data a partir da qual comeTEMPO N." 34 --Pi 33

Campo de 21j-vudzi de refugiados do Zimbabwe em Moçambique Distribuição degéneros aliamentícios.Maclaoba colectiva em Mavudzi, fruto do trabalho colectivo dos refugiados e seuesforço para auto-suficiência.TEMPO N. ý54 -Pg. 34çaram a entrar ou passou a aumentar o número de refugiados. Isso é Indicativoclaro que os factores determinantes são internos, Inerentes ao próprio processo delibertação dentro do Zimbabwe. Os refugiados começaram a vir quando aumentoua repressão e o ódio do regime racista, este por sua vez começou a crescer com ocrescimento da sua condenação, provocada pelo aumento da luta armada delibertação pelos nacionalistas zimbabweanos.Nesse mesmo apontamento o Alto Comissariado informara-nos que a UNICEF,outro organismo das Nações Unidas, tinha já destinado para o biénio 77/78 aquantia de 300 mil dólares para assistêr,, ia aos refugiados do Zimbabwe emMoçambique. Essa assistência incidirá nos domínios da s a ú d e, educação,formação de professores, criação de pequenas lojas de fabricação de roupas eutensílios domésticos.Estão também prometidos al-guns outros donativos, como por exemplo o daSuécia, que destinou 1 milhão e 200 mil dólares para esse fim.SUAZHANDIA:PASSAGEM DE REFUGIADOS

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DO SOWETOPara fazer face às necessidades na Suazilândia foram pedidos 493 mil dólares.Desde meados de Outubro de 1976, e em sequência da repres-

Prèsert r sua cultura é preocupação de séculos de resistência.são no SOWETO aproximadamente 350 estudantes refugiados fugiram tambémpara a Suazilândia, dos quais 270 foram depois para um terceiro pais. Igualnúmero de outros refugiados passaram através da Suazilândia por seus própriosmeios. Calcula-se que no momento actual 100 desses refugiados ainda estão naSuazilândia.Os meios para acomodação e apoio aos refugiados na Suazilndia são bastanteinsuficientes, em especial no que respeita a escolas secundárias que são tambéminsuficientes para os próprios estudantes suazis.A necessidade mais urgente é de construção de um centro de recepção e trânsitocom capacidade para albergar 100 estudantes refugiados. Outro destino dosfundos pedidos é a criação de serviços de visas e bolsas de estudo para que osestudantes refugiados sul-africanos que para lã se vêem obrigados a fugir possamprosseguir os seus estudos em escolas secundárias na Suazilândia e noutrospalses.TANTANIA:ESTUDANTES SUL-AFRICANOSPara a Tanzana foram pedidos 468 mil dólares.O número de refugiados sul-africanos na Tanzana é de mais de 500, a maioria dosquais estão aguardando oportunidade de poderem prosseguir seus estudos noutrospses.As necessidades mais urgentes são as de assegurar lugares onde os estudantespossam prosseguir seus estudos, a manutenção dos estudantes refugiados e amelhoria do serviço de visas.ZAMBIA:7 MIL ZIMBABWEANOSEm relação à Zâmbia foram pedidos 927 mil dólares. O número de refugiados n es t e pais é d e 10.800, dos quais 3.400 namibianos, 400 sul-africanos e 7 milzimbabweanos. Muitos destes refu giados vêm através do Botswana epermanecem na Zâmbia em bases temporárias onde aguardam ser transferidospara um terceiro pais.As necessidades para os refugiados na Zâmbia incluem assistência imediata emroupas, assistência e equipamento médicos, assistência escolar e acomodações.Isso é particularmente urgente em r e 1 a ç ã o aos refugiados do Zimbabwe, dosquais 3 mil são crianças em Idade escolar.Outros projectos para a Zâmbia incluem a remodelação e alargamento de umprimeiro centro em Makenl, próximo a Lusaka, de acomodação de refuglados aca-bados de chegar ou em trânsito para outros países (caso dos namibanOs).Está ainda dentro dos planos medidas para a criação de serviços de visas.NOUTROS PAISESO total de dinheiro para fazer face a estes planos é de 405 mil dólares.

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Muitos refugiados da A f r i c a Austral a quem são oferecidas oportunidades deeducação noutros países necessitam assistência em passagens e bolsas de estudo.Para permitir que 110 estudantes namibianos refugiados na Africa Oriental sãoprecisos aproximadamente 150 mil dólares. O custo de transportes para o deestudantes sul-africanos é estimado em 170 mil dólares. Uma outra quantia de 85mil dólares é necessária para a manutenção destes grupos durante enquanto nãochegam a seus destinos.A oferta do Governo da Nigéria de lugar nas suas escolas para 256 estudantes daAfrica do Sul e do Zimbabwe é neste âmbito digna de notar.eTEMUPO N,°. 354 -pg. 3Ma dzi: hora da ref~e o.

TEu:uM RESUMO DE MOCAMBIQUEI PARTEÉ uma província complexa. Comparando as características purticulares das outrasnove províncias moçambicanas com. as de Tete conclui-se que é ela que nestemomento atravessa mais dificuldades devido à sua localização geográfica e aosreflexos dos acontecimentos históricos que no seu solo tiveram e têm lugar.Olhemos Tete:TEMPO N.° 354 - pâg. 36

Apenas a sua fronteira sudeste toca o território naciona. Aqui, o Za#ibeze e umseu afluente, o rioN Lunha, separana da província de Manica. A fronteira com aZalbézla, de pouca extensão é feita pelo rio Chire, também afluente do Zambeze.Mas as suas grandes extensões fronteiriças são feitas com países estrangeiros: aZ~bia (ocidente e parte do nor te) O Malawi (outra parte do norte e oriente) e aRodésia (toda a fronteira sul e parte da fronteira ocidental).Dz se que o mapa de Tete tem as linhas do perfil de um cavalo e tm-n a s, defacto. O :pescoço dese cavalo aparece estrangulado entre o Malawi e a Rodésia.Este estrangulamento no mapa foi real na'da política daquela província durante otempo cOlonial e de cert»o modo continua. As suas melhoes estradas dirigem-seou paratã terra de Banda ou para a catde Smith. A estrada que vai para a Zámbiaestá neste momen-to a ser construída o que significa que para ali o governo colonial não tinhainteresses. A sede da província dista 213 quilómetros de Zomba capital política doMalawi e 389 quilómetros de Salisbúria, base política e operacional da Rodésia.Com excepção de Chimoio nenhuma outra sede provincial está tão próxima deSalisbúria e nenhuma outra se encontra num ponto de passagem rodoviária entreuma base fascista (Salisbúria) e uma base neocolonial (Zomba). A emigração detraba~hadores moçambicanos de Tete para a Rodésia e para o Malawi foi umaconstante antes da independência e continua clandestinamente hoje em direcção aeste último pas. É por isso que em qualquer localidade de Tete é frequenteencontrar pessoas que ouvem as emissões radiodifundidas do Malawi. Gwelo, na

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Rodésia, local de onde partem as emissões da Africa Livre encontra-se a meiocaminho entre Tete e Salisbúria.Elas caiem com toda a sua potência sobre esta província devido à suaproximidade. Fins de semana no Malawi ou na Rodésia eram frequentes nostempos do colonialismo em viagens feitas de carro ou de avioneta. Para se chegarao Zumbo, vila moçambicana si, tuada no ponto onde-o rio Zambeze entra emMoçambique e onde se cruzam as fronteiras moçambicana, zambiana e rodesiana,a via de acesso mais fácil é através de duas estradas: uma que sai de Moçambiquee atinge Zumbo pelo território rodesiano, outra q u e sai de Moçambique, entra noMalawi e daqui torna a sair para entrar no território zambiano e atinge Zumbo.Tentar chegar a esta vila utilizando as estradas que existem dentro deMoçambique torna-se praticamente impossível e, como diria um membro doConselho Provincial de Tete, «o carro vai novo e volta velho». Enfim, do distritoda Angónia para Quelimane a via utilizada éNa foto de cima: iMe-se duas elevações. A elevação que se encontra no primeiroplano t#ta 96 da, patafoma onde outrOra esteve construído, um zimbabwe,provavelmente uma fortificação pois as ruínas deixafh supor que o edificio tinha,a um única n od . noi no Songo que deparámos com estes vestígios. Ver asegunda parte deste texto.:01 TEMPO N 354 - pãg. 37

Pormenor das ru;nas de uma construçáo zimbabwe no Songo. Percebe-seperfeitamente que a ordem em que se encontram estas pedras obedece a umcritério orientado pela inteligência humana. (Ver segunda parte deste texto).uma estrada que passa quer por Dadza quer por Biri-Biri, na fronteira com oMalawi, vai por este país a dentro até Milange e daqui para Quelimane. QuerDadza, quer Biri-Biri são postos alfan: degários entre Moçambique e o Malawi.Isto tudo significa que a província onde mais se nota que o nosso país não temestradas é Te, te. Estamos dependentes. Essa dependência chega ao ponto de sernecessário entrar no Malawi para ir de Ulongwe (ex-Vila Coutinho) aM'tindemula também chamada Mulanguene onde existem grandes machambasnassas. Sendo um problema nacional esta falta de estradas não deixa de terreflexos na complexidade política da província: assim força os responsáveispolíticos e do sec" tor económico do distrito da Angónia a constantes entradas noterritório malaviano para prestarem assistência às zonas cujo acesso só é possívelpor aquela via. As próprias fronteiras deixadas pelo colonialismo britânico eportuguês são do mais convencional possITEMPO ÍCI 354 - pág. 38vel. Daqui sucede que é bastant baixa, em regra, a consciência nacional daspopulações dessas zonas pois a chamada «fronteira» muitas vezes mais não é queuma simples picada utilizada quer por veículos moçambicanos quer por veículosdo Malawi. A povoação de Mulanguene, por exemplo, é atravessada a meio poruma estrada. Do ladb de lá da estrada é Malawi. Do lado de cá é Moçambique. Dolado de lá está escrito «Grocery», do lado de cá Mercearia. Lá está «Restaurant»cá «Restaurante». Enfim, do outro lado da estrada comprase em kwachas, do ladode cá em escudos.OS CONDICIONALISMOS

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É este estado de coisas de uma delicadeza extrema que condiciona a vida políticada Angónia, distrito fronteiriço com o Malawi, e condiciona, em traços gerais, avida política da província. A inexistência de contradições entre a Rodésia e oMalawi com o governo colonial português deter-minou que a pequena burguesia de Tete se deixasse atrair como por um iman porSalisbúria e Zomba. A igualdade da origem étnica da população fronteiriça deMoçambique e Malawi fez com que esta tivesse pouca consciência nacional poisera frequente um elemento da população Moçambicana fazer a sua machamba aolado do moçambicano e ir vender todo o produto no Malawi. Era frequente teruma mulher do lado moçambicano e outra do lado malaviano. Eram frequentes osroubos de gado o qual era desviado para o Malawi. Na locadade de Tsanganoainda está por recuperar parte de uma manada que foi desviada recentemente paraaquele país. Eram frequentes as fugas de divisas, de mercadorias e de outros bensmateriais como máquinas através daquela fronteira tão convencional que chega,de facto, a parecer fictícia. As kwachas circulavam livremente em territóriomoçambicano.A juntar a todos estes factos pode-se acrescentar a questão

importante de só após a independência nacional terem sido substituidos osquadros administtativos coloniais na Angónia, distrito mais populoso e terpassado muito tempo após isso sem que houvesse um comissário político distrital(Responsável do Trabalho Ideológico). A própria província ficou bastante temposem Governador, os problemas foram-seno condicionadas, por sua vez, pela falta de quadros.Neste momento os ataques e sabotagens que os mercenários vindos da Rodésiaefectuam nas áreas situadas a sul do rio Zambeze determinam que muitos dosmelhores quadros na luta armada tenham que dar o melhor do seu esforço nadefesa da soberania. Isso também determina que1.0 - O trabalho político e organizacional em Tete está numa fase de arranque.Isto não significa que não tenha importância. Já foram dados grandes avanços omais importante dos quais será a tomada de consciência nacional por uma partesignificativa da população fronteiriça com o Malawi. Por aqui muita, riquezamoçambicana foi roubada. Por estaEste modo de construir casas com pedra seca, isto é, pela justaposição de pedrassem utilização de argamassa será sobrevivência de uma técnica de construçãozimbabwe. É frequente este tipo de construção nos subúrbios da cidade de Tetasituada na margem direita do Zimbabwe. Este rio foi a fronteira norte do impériode Monomotapa. (Ver segunda parte deste texto).avolumando sem que uma estrutura investida de poderes pudesse intervireficazmente. Só após a VIII Sessão do Comité Central da FRELIMO, portanto emMarço de 1976, seria nomeado António Thai para Governador e PrimeiroSecretário Provincial.A partir daqui começaram a ser criadas e consolidadas as várias estruturas doPartido e do gover-a reconstrução nacional, a criação de cooperativas e aldeias comunais sejaimpossível numas zonas ou difícil noutras. Determina, enfim, que populações de

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zonas como Mucumbura, Chioco, etc. continuem a sofrer os efeitos da guerra,elas que foram uma das principais vítimas do colonialismo durante a luta delibertação. Daí que se possa concluir que:frágil fronteira foi feita sabotagem ante a passividade das populações. Agora elasjá começaram a detectar e a denunciar às forças policiais e às FPLM indivíduosinfiltrados através do Malawi e sabotadores que tentavam contornar as alfândegas.Muito importante este aspecto uma vez que algum pessoal alfandegário continuoudurante muito tempoTEMPO N.o 354 - pág. 39

Em último plano encontra-se a montanha onde Zitambira realizava cerimóniasreligiosas aos deuses. Os camponeses fazem parte de um total de 20 cooperantesde Many'ani (Ver a segunda parte deste texto).UndQ o mesmo, e crivado de vícios coloniais, colaborou na fuga ilegal de bens.Os sabotadores tendo agora que recorrer às picada sinuosas e difíceis, encontrama vigilância popular que certamente será cada vez maior.2.° -oTete é de todas as províncias nacionais aquela que mais dificuldades tem,pois, a par daquelas que são comuns, reúne outras muito específicas. Só que sãode categoria naciónal algumas dessas dificuldades. É uma questão nacional e nãoprovincial a inexistência de estradas e mesmo de picadas transitáveis em grandeparte da sua superfície, é uma questão nacional a violação da soberaniamoçambicana pela soldadesca rodesiana, é uma questão nacional a sobrevivênciade uma mentalidade urbana enfeudada ao Malawi e à Rodésia e mesmo a frágilconsciência nacional de outros importantes sectores da população fronteiriça.Enfim, é uma questão nacional a nudez, a falta de lojas, a falta de professores e depessoal médico nas zonas libertadas desta provtncik co-Ao fundo vê-se o monumento funerârio onde se encontram os restos mortais deZitambira, resistente contra a pe~eração colgnial. Este monumento é rodeado porum muro eliptico e no centro contém uma coluna folica. Na árvore que se emprimeiro plano Zitambira realizava reuniões com os seus chefes militares. (Ver asegunda parte deste texto).TEMPO N.- 354 -Pág. 40

Em cima a em baixo: Dois aspectos de uma povoaçlo na Ar óarte deste texto).mo a nossa reportagem constatou.Dos dez distritos da província visitámos os pontos mais importantes de quatro:Tete, Cabora-Bassa, Moatize e Angónia. Estes quatro distritos têm umacaracterística comum: são aqueles em que é possível uma movimentação fácil deJeep. Todos os restantes sete distritos têm urna rede de picadas emíi mau estadoou daquelas que não têm classificação. Isto pressupõe também que são aquelesque mais dificuldades têm. Outra característica dos distritos visitados é que são osmais populosos, aqueles em que existem importantes factores económicos.Dos distritos não visitados é necessário destacar particularme o de Magoé,afectado pelas invasões rodesianas, e o do Zumbo neste momento acessívelapenas através da Zâmbia, via Malawi.

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Incluímos aqui como visitado o distrito de Tembué por onde passa o troço Bene-Catete cujos trabalhos monos apreciar e de qmW daremos noticia.tEMPO Ií;° 354 -ãg. 41

Teta é talvez a província mais rica de Moçambique. É rica em agricultura, rica emminérios, rica em história. A variedade da sua riqueza mineral fez com que sefalasse do «escândalo geológico de Tete». Na verdade esse escândalo não éapenas relativo ao carvão, ferro, ouro, prata,cobre, etc. Também'pode ser assim tida a riqueza agrícolaA FASE PRE-HISTÓRICAEm Tete há inúmeras cavernas com pinturas rupestres. Chamam-se pinturasrupestres os desenhos de figuras humanas e animais que os homens pré-históricosfaziam nas cavernas onde viviam. Curiosamente as maiores testemunhas destaspinturas rupestres são os combatentes da luta armada. Como tivessem que serefugiar na mata onde criavam bases de sabotagem e bases de segurança, comotivessem que subiràs montanhas onde ninguém antes deles subira senão o homempré-histórico, depararam-se com esses desenhos rupestres.Claro que o combatente, hoje quando nos relata o que viu nas cavernas dasmontanhas não diz expressamente q ue encontrou pinturas rupestres. Diz que encontrou «desenhos antigos» que representam «animais». Alguns até atribuiramsignificado místico a esses desenhos.Assim, nas montanhas que rodeiam Songo onde está a Barragem de Cahora-Bassaos combatentes que lá operavam descobriram pinturas rupestres. No Distrito deMacangalex-Furacungo próximo de vila Gamito numa região chamadaDzalanhama existem também pinturas rupestres. Curiosamente a paLvra«Dzalanhama» significa «região de muita carne» o que tem de ser tomado emconta uma vez que o homem pré-histórico que vivia nas cavernas alimentava-sede caça e ainda hoje a região de D.,alanhama é rica em caça. Outro facto que nosioi descrito mas que não podemos assegurar é que nessa região há um lugar ondeparece A igreja de Bo,ter havido uma petrificação das quilómetrpegadas dos animais no solo, fac- dos símbolos ma to demasiadamente invulgarpa- colonial portuguesa ra podermos aceitá-lo sem sérias magistral,dúvidas. Seja o que for, o impor- características Portugal. O setante para aqui é registar as pin- decorado fazendo turas rupestres ali existentes.Moçambique. Data TEMPO N.° 354 --pág. 42de Angónia onde uma só empresa estatal abastece Nampula, Quelimane. Pomba emesmo Maputo. Para Maputo se ial abastecimento não se faz com maiorincidência e regularidade deve-se à falta de estrada de ligação eficaz com aqueledistrito a partir da cidade de Teto para lá.Mas por ora vamos falar de história. Em Teta regista-se o maior cruzamento detodas as fases da história moçambicana, em particular, e da Históriç africana, emgeral. Temos nesta matéria outro aescãndlou.'oma a algumas dezenas de os da cidade de Tete é um s eloquentes da penetraçãov. Arquitectonicamente obra trata-se de um edifício de medievais transplantado deeu interior foi profusamente dela uma igreja única em do século passado (1890).

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Uma investigação histórica não é uma coisa que se faça na mesma altura que seefectua uma reportagem. Necessita de tempo. Aqui limitamo-nos a recolhertestemunhos dos combatentes e das populações. Mas não podemos deixar dechamar a atenção às estruturas da educação acerca da necessidade de se procederà investigação aprofundada destes factos históricos. Em Nhaluiro, distrito deFingué (ex-Marávia) em Zambwé, distrito do Zumbo, há pinturas rupestres.IIMais frequentes que as pinturas rupestres são as estações da idade do ferro.Chamam-se estações da idade de ferro aos vestígios da vida do homem pré-histórico que já conhecia a fundição do ferro. Em Tete esses vestígios aparecemde várias maneiras.Em Angónia, por exemplo, um técnico de agricultura que já trabalha na «CasaAgrícola» há onze anos, dissemos que durante a destronca realizada para aabertura das machambas (importa sublinhar que foram abertas em zonas onde nãohavia população como acontece em grandes extensões da Angónia) encontraramalgumas dessas estações da idaddo ferro. Tal como os combatentes, não dizia dassuas descober tas com esta precisão mas sim que «encontrámos bocados depanelas de barro, lanças e facas de ferro» e outros objectos que adiantou serem«de milhares de anos».Neste caso específico das estações da idade do ferro encontradas na Angónianenhum vestígio ficou pois foram destruidas. A coisa processava-se assim: metia-se a Caterpillar numa zona de florestas para abater as árvores. De repente ooperador notava algo estranho. Verificava tratar-se de bocados de panelas debarro (o peso da máquina destruía as panelas) lanças, facas e outros' objectosmetálicos. Telefonava-se à administração colonial que vinha ver o acontecimento,recolhia' os objectos inteiros e deles mais notícia não se dava e a máquinacontinuava o seu caminho. Pedimos ao técnico de agricultura que da próxima vezque encontrassem esses vestígios fizessem parar a Caterpillar e avisassem asestruturas de educação.TEMPO N' 44 -

Não pode haver dúvida que se tratava de autênticas peças de' idades de ferroprincipalmente porque elas apareciam debaixo de montes de areia (detritos) porcima da qual havia já vegetação e para descobri-las era necessário que a pá daCaterpillar as desenterrasse.No Distrito do Zumbo, em Carinde existem restos de um forno de fundição deferro na região de Kanhama. Esta palavra «Kanhama» significa «local onde existecarne» o que em termos práticos será «local onde existe muita caça». Mais umavez se encontra o fenómeno «abundância de caça» aliado à existência de vestígiosde vida pré-histórica.Mas em Tete vários foram os testemunhos da existência de fornos de fundiçãoque pela sua frequência não podem deixar de merecer uma profunda investigação.Já não relativo à província de Tete mas à província do Níassa, um combatenteagora destacado na Angónia e que fez a luta armada no Niassa Oriental, disse-nosterem encontrado ali uma estação da idade do ferro na zona de Nova Viseu junto à

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base Vietname comandada por Alberto Makadalwale que presentemente seencontra em Lichinga. Este facto apenas vem dar mais autenticidade àsdescobertas feitas em Tete.FASE DE CIVILIZAÇÕES AFRICANASO império de Monomotapa que desenvolveu a civilização zimbabwe estendiase,como é sabido, das margens do rio Zambeze às margens do rio Limpopo. Essacivilização africana que floresceu e mantinha contactos comerciais com a Africaoriental, com a índia e mesmo com a China através do porto de Sofala e pelanavegação fluvial pelo Zambeze deixou muitos vestígios em Tete. Aliás, a técnicade construção de casas com pedras sobrepostas sem utilização de cimento será umdos seus vestígios técnicos e ainda hoje é usada principalmente à volta da cidadede Tete. Sobre este aspecto mais uma vez são os combatentes quem nos dánoticias de ruínas no alto dos planaltos. Mas o que pudemos testemunhar são asruiTEMPO N° 354 -pág. 44nas existentes no Songo, mesmo dentro da vila, próximo da administração e deque publicamos fotos. Essas ruínas impressionaram-nos pela uniformidade da suaplataforma superior que é toda plana. Percebe-se facilmente que a construção foifeita com o aproveitamento de uma grande rocha. No alto- dela erguia-se oedifício. Do que sobrou distinguem-se as pedras do soalho e as pedras justapostasinteligentemente do s dois lados do local o n de seria a entrada principal ou única.Do alto da plataforma vê-se que o edifício erguido ali foi por uma necessidade dedefesa. Quem lá estava dominava toda a vista num raio circular.FAZE DE MIGRAÇõES NGONIIIA palavra Angónia vem de «ngoni». Foi a expressão linguística que osportugueses encontraram para significar que aquele vasto distrito rico emagricultura e gado e bastante povoado era quase todo habitado por descendentesdos guerreiros ngonis (que fo-ram também chamados angns). A história dos angonis é be co. nhecida. Em vagassucessivas, dirigidos por chefes militares experientes em matéria de guerras deocupação devastaram a partir da Africa do Sul toda a região oriental da AfricaAustral:.Hoje os seus descendentes vivem, na Zâmbia, Moçambique e M wi eparece-nos que também no Zimbabwe. As fortes migrações acompanhadas deguerra : efectada. pelos angonis encontram u significado especial na Angóniaeles, juntamente com a acçã0 dos portugueses, destruíram a civiiizaçãoZimbabwe. Com excépção da religião, arma de que se ser viram os portuguesespara lhes refrear o ânimo guerreiro, B populaç da Angónia conservou todos oshábitos antigos: a construção de casas onde a polhota vulgar aparece rodeada deiuma paliçada que serve de coz e armazém; a construção do ýceleiro circularcolocado algunS palmos acima do solo e com uma cobertura móvel; a criação de]gado bovino e caprino; a utilizaçío de uma junta de bois para atrelagem e a formade atrelamento feit¥Pela estrada que liga com a Zlmbia são muitas as re#iões onde havia bases di1FRELIMO. As máquinas da Codam por v"es fazem rebentar velhas minasenteríadas.

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por um sistema aplicado na lunda do alinal, neste caso o boi; o gosto por tecidosunicolores principalmente as cores pálidas muito próximas do branco, a prática dolobolo, a organização clânica fortemente patrilinear, etc.Mas o que a Angónia tem de mais invulgar e não tem paralelo a nível nacional sãoas povoações. Ao contrário da dispersão populacional que é regra em todo o pais(salvo pequenas concentrações habitacionais) em Angónia a dispersão que severifica é uma dispersão de povoações gigantescas e não propriamente depopulações. Podemos dizer que a tarefa de construção de aldeias comunais está decerto modo simplificada ali urna vez que para as reuniões não é necessárioconvocar pessoas dispersas, mas elas realizam-se ali mesmo na povoação. Porexemplo a aldeia comunal em construção na po-voação de Lidõ que tem 880 familias é feita através do alinhamento de casas quejá existem e algumas nem serão tocadas porque se encontram já dentro doalinhamento. Mas o caso de Lidô não é único. Há povoações bem maiores queela. Por exemplo a de Djimo tem 7 quilómetros de comprimento. E há outrasimportantes tais como Xizonde, M'koke, Banga, Manjacazé, etc. Em qualquerdelas há muito mais que 880 famílias. Como cada família tem no mínimo quatropessoas podemos por aqui ver qual é o grau de concentráção da população daAngónia. Neste momento desencadeou-se um trabalho organizativo tendente àedificação de aldeias comunais. A população da Angónia está estimada em cercade 210000 pessoas. Estas pessoas vivem em povoações que nunca têm menos de250 famílias segundo fomos informados.FASE DE PENETRAÇÃO COLONIAL E RESISTÊNCIATal como em grande parte de Moçambique a dominação colonial portuguesaavançou primeiro a cruz antes de avançar a espada. Foi assim em Tete onde aigreja da ex-missão de Boroma, situada a alguns quilómetros da cidade, é ummonumento único como testemunha da penetraçáõ religiosa em Moçambique.Essa igreja foi totalmente construída em pedra e tem as características de umedifício românico da idade média europeia. Na realidade é uma fortalezadisfarçada. Como praya disto, tem uma cisterna de água, cavada-no solo, que umcarro-tanque num dia de idas e voltas ao rio não consegue encher. Tanta reserva deágua permitiria longas re clusões em caso de cerco, por exemplo. A igreja deBoroma pela sua decoração e profusão de santosTEMPO N." 354 -pãg. 45

(alguns dos quais foram recentemente retirados pelos responsáveis da igreja) naotem nenhuma outra que se lhe compare em Moçambique. Na verdade trata-se deuma magistral transplantação de uma- igreja existente em Por tugal segundo nosdiria um comerciante da vila Ulongwe (ex-vila Coutinho). Disse-nos ele que aigreja é «igualzinha à igreja da minha terra, nem pedra a mais nem pedra amenos». Trata-se da igreja de Soutelo Mourisco, em Trás-os-Montes, distrito deBragança, Concelho de Macedo de Cavaleiros.A de Boroma foi concluída em 1890. Um dos seus dois sinos foi no entanto,oferecido à missão em 1888 na fase de construção. A identificação entre a cruz e aes pada é mais que evidente em todo o edifício onde as ameias foram decoradas

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com cruzes de caravelas e onde na entrada principal do dormitório dos religiososvem a seguinte transcrição tirada de Camões: «Se mais mundo houvera, láchegara». Esta inscrição vem feita sobre uma grande cruz.Com excepção do edifício da igreja, hoje todo o complexo foi transformado emescola secundária com especializações em agricultura, construção civil,confecções, serralharia e mecânica. Também funciona como infantário.Podemos tomar esta igreja como um eloquente símbolo da penetração colonial.Como símbolo da resistência a essa penetração temos o caso de Zitambira naAngónia. Zitambira foi o mais novo de entre sete filhos de um chefe tradicionalangoni. Na tentativa de reconstrução que fizemos junto à população de Many'ani,próximo da sede distrital, apurámos que Zitambira tendo sido vencido todos osseus irmãos nas confrontações, que mantiveram com os portugueses levantou-seem armas contra o comandante Brito, chamado «pacificador da Angóna» ecomandou uma séria revolta popular. Foi vencido. O seu túmulo juntamente como dos irmãos e de alguns dos seus filhos está em bom estado de conservação eencontra-se na, mesma localidade de Many'ani (ex-Frutia nos arredores da VilaVelha). Quando perguntámos à mesma população qual a relação que existia entreZitambira e Ngungunhana, imperãdor que resistiu à penetraão portuTEMPO N354 - pág. 46guesa no sul de Moçambique e que foi preso por Mouzinho, a resposta foi queeram parentes. Verificámos que o nome de Ngungunhana não era estranhoàqueles homens e mulheres com quem falávamos. Na recolha histórica queefectuámos fomos prejudicados pelo facto de os mais idosos, aqueles que de factoconhecem os relatos da tradição oral não terem comparecido ao encontro marcadoalegando que ela não fora convocada com multa antecedência pois necessitavamde se consultar uns aos outros.Vencido Zitambira, acabou a resistência angoni. Juntamente com a espada entroua cruz: a campa angoni onde estão os restos mortais deste chefe feudal militar nãotem cruz nem a do seu filho mais velho. Mas a campà do seu filho mais novo levauma cruz em cima da construção funerária angoni. 2 que para vencer o ânimoguerreiro das populações da Angónia a táctica de avançar a cruz não resultou. Foinecessário a espada e depois a religião católica.Mas nem por ter vindo depois deixou de ter sucessos. Poucos distritos emMoçambique terão tanta concentração de missões como a Angónia onde até emalgumas povoações havia e há capelas. Aliás é bastante elucidativo estar numdomingo às oito e trinta da manhã junto à rua principal de Ulungwe (ex-VilaCoutinho). Pessoas de todas as idades vindas das povoações desfilam em direcçãoà missa dando um movimento não habitual ao ambiente.Por isto tudo era de desejar que a campa de Zitambira (situada diante da casa ondevivia e que foi transformada hoje em escola primária do círculo) fosse tornadaoficialmente em monumento da resistência à penetração uma vez que muitosoutros monumentos do género foram destruidos pelas autoridades coloniais. Éimperioso preservar o nosso património histórico.FASE DA LUTA ARMADA

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Esta fase é a que mais teste murhos deixou. Nem seria doutra maneira. Por toda aprovíncia de Tete são multas as picadas intransitáveis não porque estejam másmas porque ainda têm asminas colocadas pelos combatentes moçambicanos. Noutras picadas encontramn-se desvios feitos em determinados troços pelas mesmas razões. Como olevantanente de minas está sendo feito sem utilização de sondas mas guia-se pelamemória dos combatentes que as colocaram é frequente a memória falhar e entãocorta-se a picada através de um desvio: sabe-se que ali há minas mas já não seconhece a localização exacta. '., pois, necessário atarefar uma brigada desapadores munidos de instrumentos próprios pois o perigo subsiste e um dia podeinadvertidamente provocar um desastre com a deflagração de uma mina desde queum veículo se transvie no caminho.Os trabalhadores da Codam, na frente do troço de estrada Bene-Catete, chamamàs Caterpillar de rebenta-minas. É que como esse troço passa por zonas onde aluta armada foi multa acesa acontece que na destronca pisa uma velha mina querebenta e só o seu peso faz com que até hoje não haja vitimas.Foram-nos indicadas multas montanhas, e multas regiões onde estavamimplantadas bases de segurança ou bases de sabotagem. Nos edifícios situadosjunto à berma da estrada que val de Tete (sede) à fronteira com o Malawi notam-se neles marcas de balas. Enfim, foi em Tete que as tropas coloniais fizeram osmassacres de Wiriamu e Mucumbura locais hoje históricos e Tete é a Provínciaque mais aldeamentos teve os quais hoje estão sendo alvo de transformaçõespolíticas. Mas o mais alto testemunho histórico dessa fase de luta armadaorganizada é a grande extensão de zonas libertadas em Tete, que se estendemdesde a fronteira com a Zâmbia e com o Malawi por várias dezenas dequilómetros.A província de Tete é, pois, a província mais rica de Moçambique em documentoshistóricos. Importa estudá-la com cuidado como ponto de partida para outrosestudos a nível nacional.No próximo número continuaremos a falar de Teta.1 1 o

NÃOSE TER EoDA INICIATIVA CRIA!emEncerramos neste número e por agora os trabalhos que temos vindo a fazer sooreransporites e Comunicações. É evidente que nãõ abrangemos como era nossaintenção todos ý sectores de trabalho deste vasto campo da vila económicanacional. As Telecomunicações estão ýtre os sectores que não foram abrangidospelo nosso trabalho, mas sobre o qual nos iremo4 ýbruçar daqui a uns tempos.Outrats lacunas a que já nos referimos nas reportagens anteriores não esgotaramnem o tema !m a situação, e entre essas lacunas evidencia-we o sector referente aooperariado. Dizemos ,iue ele o -motor de toda a transformação, da luta ,ontra ocapitalismo e a burguesia, mas não se seriu &om exemplos e contactos o aspectovi o desta luta. Todawia, há que recordar que estes trabalhõs assim como outrosque temos vindo a publicar como referemtes a Educação e Saúde são sínteses d9que se fez durante estes dois anos de independência, s dificaldades encontradas e

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dos planos en vista. Nesta. última parte queríamos acentuar o poFto referente àiniciativa criadora. É preciso o se ter medo da iniciativa criadora. He que permitirque o operariado e outros trabalhadores ,ssam ver ás suas iniciativas, se velidas, eposslveis de aplicação rãpida e económica, avanç jrem e rem detidamenteimplementadas.Nas Oficinas Gerais dos C.F.M. ha exemplos1 de fabrico de peças assim comonos 'prios Serviços Municipais de Viação do Mapto cmo veremos nos textos quese seguem. 'rnpreemdendo embora que nem tudo pode seý imediatamenteimplementado queremos recordar runs passos das palavras do Presidente Samor .Machel quando em visita a Cabo Delgado £ em nião cczm os responsáveis dostransportes rooviirios. Dizia o Presidente: «Todo o nosso )ais oé capaz deproduzir peças e sobressalentes ým número suficiente? Moçambique? Um teritório > grandea? Vocês não foram capazes ainda de produzir peças?Eu conheçoum país que, incu bido realizar a construção de um importante troço férreomandou alguns técnicos à Europa, tendo adquirkdo uns 300 camiões. Regressammuito tatisfeitos. Desmontaram um camião,estuda am aS ýas e l20içaram-se naconstrução de todos os tipos dessas peças. Um trabalho gigpmtesco. abalhar4amdois anos com os carros, e importa' peças, nada... As firmas estrangeiras quehaviam rnecido os camiões estavam surpreendidas. «Mas esta gente não vemcomprar peças porqu ? «O e se ter% passado?» Serão os nossos carros assim tãobons?». Estas perguntas eram feitas constantente. 1M^ o que eles fizeram foi o seguinte: deois de terem desmontado completamenteum1 camiNs, instalaram uma oficina, estudaram as peças e lançaram-se num trabalhode produção série. % os camiões nunca deixaram de funcibnar. E nunca houvenecessidade de importar peças Europ 4"ý.iTEMPO N. 354 -pg. 47

Ícrreiras de carga e Passageir RODAR PLANIFCADAMEi.Criado ComissãoTEMPO N.° 354 - pág. 48

Assim como está a suceder em relação à cabotagem, à aviação e outros meios decomunicação os transportes rodoviários não poderão ficar à mercê de soluçõesIsoladas ou regionalistas, mas terão de rodar planificadamente do Rovuma aoMaputo. Ora é precisamente neste contexto que surge a C.C.T.R. (ComissãoCoordenadora de Transportes Rodoviárlos) que tem por missão responder hreferida organização e planificagão.Tendo já começado a trabalhar, esta Comissão está no entanto a dar ainda osprimeiros passos nestecampo imperioso e vasto da vida social e econômica nacional.2 ele também que coordena superlormente a maior frota de carreiras urbanas dopais, os S.M.V. do Maputo.Desenhando um esboço da situação actual ao nível nacional sobre os transportesrodoviários e particularmente com o caso especifico dos S.M.V. tentaremos dar

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uma visão das grandes dificuldades existentes e do que se pode fazer paraultrapassálas.Para se fazer uma análise pequena que seja - dos transportes rodoviários emMoçambique é preciso recuar para o período anterior à Independência.Efectivamente no regime colonial o s transportes rodoviários para passageiros ecarga estiveram durante 'multo tempo entregues a privados e aos Caminhos ,deFerro de Moçambique. Este último, embora ao serviço das grandes com-panhias monopolistas agrícolas, começou a desenvolver uma determinadaestrutura de transportes que a ter continuidade e a ser dinamizada poderia ganhardimensões importantíssimas no contexto do pais. Contudo, o de senvolvimentodo capitalismo interno e o aarecimento de companhias monopolistas privadas(nomeadamente de passageiros) pressionou de tal maneira os C.F.M.que estes acabaram por deixar para aqueles uma série de carretras de passageirose de cargas. Enquanto os rodoviários dos C.F.M. cumpriam certos trajectos quebeneficiavam de certa maneira o transporte de carga e p~sageiros, as novascarreiras dos monopolistas abandonaram muitos dos antigos trajectos para apenasse concentrarem naqueles que lhes garantiam mais rapidamente luTEMPO N. 354-págO. 4

cros, economia de peças e gastos com as viaturas.Após a conquista da independência os proprietários d e s s a s companhias detransporte monopolistas começaram a desleixar-se propositamente, sendo multasvezes eles próprios a criar indisciplina e a incitar a reivindicações salariais juntodos trabalhadores de modo a criar o caos susceptível de levar avante os seusintentos, quer dzer: demonstrar que o governo liderado pela FRELIMO eraincapaí de governar o pais.Deixam de ser importados so'bressalentes, muitas vezes alegando-se que era porfalta de boletim de importação - o conhecido B. R.I. - mas nem sempre isso eraverdade. Aqui é preciso frisar que casas especializadas de vendas de peças, osagentes estavam desorganizados e havia «retraimento» dos próprios fabricantes.Acção imperialsta de sabotagem.A situação arrasta-se, os carros vão parando, enquanto o número de passagerosaumenta substancialmente. A indisciplina começa então a reinar efectivamenteentre os trabalhadores desorientados.A TAREFA DO C.C.T.R.-As Cooperativas de Transportes- E as Empresas EstataisEnquanto ,situaç atrás descrita se agmava e as próprias empresas de transporteseram abandonadas pelos patrões o Mínistério de Transportes e Comunicaçõesverificou que não seria apenas com a formaçâo de Comissões Administrativaspara essas empresas abandonadas que se poderia resolver o problema dostransportes no pais. Era novamente a tão apregoda fase do «tapa-buracosi e quetinha de ser ultrapassada.Assim surge a C.C.TR. (Comissão Coordenadora dos Transportes Rodoviários)que é criada para permitir a utilizaçio racional TEMPO N.- 34 - pág. 50

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Os carros, sejam de passageiros ou de carga, preciaam de uma boa manutençãomecânica. O boicote do imperialismo no fornecimento de peças sobressalentes(eituaço qCue agora melhorou) e por outro lado a desorganização oficial aliada aparalie4 o das oficinas de rectificação de motoreB- que para além de rectifi~rpodem fabricar certos componentes- b"zoram durante muito tempo a produção e arespectiwa manutenção dos autocOros dos S.M.V.. a maior empresa detransportes urbanos do país.idos meios materiais e humanos de modo a organizar e planificar os tranportesrodoviários de carga à passageiros e integrá-los assim ,na política geral do pas.Uma das Primeiras tarefas da C.C.TJ. foi começar por fazer a invehtariaçáo aonível nacional do parque automóvel existente e do número de pessoal qualificadopara permitir a utilUzaç racional desses meios. Esta tarefa ainda não estáconcluída.Ao mesmo tempo que se trabalha nesta inventariação vai-se sabendo as causas deimobllização de muitos carros e camiões.- Queremos saber com este levantamento quais os carros que se podem recuperarem curto pra zo, a longo prazo e aqueles que estão parados apenas por pequenasavarias, falta de peças ou mesmo por desorganização oficial particularizou um dosresponsáveis da C.C.T.R.

,umas peças sobressalentes fabricadas pelgs operários dos S.M.V. do Maputo Umexemplo de iniciativa criadora que ,e continuar, não só naquelas oficinas, mas emmuitas outras.No ,que diz respeito aos transtes de carga já foram forma; ComissõesAdministrativas ia as pequenas empresas cu- proprietários abandonaram' ais.Funciona por exemplo uma &tas comissões na «V 1 C AR», kpresa de transportesde caa e já tinha uma estrutura rWáoe que se vai aproveitar. Mas Fo já se dissenãoserá apenas C.A. que se hão-de resolver problemas, assim vão-se apro" r certasestruturas e determias empresas e integrá-las ou balhá-las» de modo a estarem trodo plano geral de cobertudo país com transportes rodoos.o que respeita ao transporte assageiros a C.C.T.R. está emem organizartransporurbanos, regionais e de longoara se pôr em prática este piaé necessário organizar-se a utenção, com os váriosdeparentos oficinais e de aquisição peças. Porém antes de mais é preciso começar-se pela - de pessoal. Esta é umaosa tarefa a que a C.C.TR.meter ombros.Por outro lado dentro do âmbito da cobertura do país com transportes rodoviáriosé necessário frisar que para além dos transportes privados já existentes forma-se-ão a par das empresas estatais as cooperativas de trans-Os Serviços Municipalizados de Viação do Maputo são efectivamente aqueles queao nível urbano detêm o maior número de autocarros e de carreiras e sabendo-seque o seu bom ou mau funcionamento ýafecta perto -de 30 milhões de passageirospor ano, número médio correspondente ao quantitativo de bilhetes vendidos porano, podemos fazer ideia da sua importância.

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Tal como noutros serviços públicos nos SM.V. imperava também a ordemcolonialista. Eram poucos os moçambicanos que ali detinham lugares nclusivé demotoristas ou cobradores, que só nos últimos anos do regime comearam a seradmitidos pu1 w-mas razões já apontadas nos artigos anteriores.Em Novembro de 1974 altura em que uma nova direcção mo çambicana assume aresponsabilidade daqueles serviços os S.M. V. encontram-se num estado de quase«completo abondono», quer dizer, num estado de grande de sorganização interna.Muitos dos chefes tinham sido saneados e havia secções técnicas sem ninguémapto a orientá-las. Os trabalhadores ma l enquadrados politicamente estavamdesorganizados e Imperava a indisciplina e o desinteresse.Por outro lado o próprio desencadeamento das acções reaccionárias de 7*deSetembro e 21 de Outubro desorganizam ainda mais o serviço e os condutores-cobradores, a maior parte estran geiros - alguns por medo outros por oportunismo- recusam-se a fazer determinadas carreiras.Na parte oficinal os problemas também se agravam pelos mesmos m os,acrescidos do facto de que os agentes fornecedores de peças - também4esorganizados- a. que os fabricantm ~ 1 n ctativa» quantoTEMPO N. 354 -Pãg. 51

a Moçambique e não dão respostas aos pedidos feitos. Era a acção de sabotagemeconómica do imperialismo contra o nosso pais. Para lá desta situação existente épreciso considerar que também havia urna inexperiência da parte da novaestrutura directiva do SM.V.UMA FROTA CANSADAAQUISIÇÃO DE PEÇASE NUMERO DE PASSAGEIROSAntes de continuarmos com esta descrição da situação intêrna dos S.M.V.interessa frisar que toda a sua frota estava já cansada, precisando de renovação,pelo que toda a assistência técnica era pouca para pôr os carros emfuncionamento.Face a esta situação a nova estrutura directiva começa pelo enquadramento eracionalização se assim se pode dizer - do pessoal existen.te. Logo a reguir criaum novo tipo de relações entre os S3vlV. e os Agentes para aquisi ção de peçaspois no tempo colonial esse tipo de relação era feita a nível pessoal o que permitiauma série de manobras: perc3ntagens individuais sobre as vendas, etc.Ao nivel oficinal criaram-se brigadas e especializações. Começaram a surgirbrigadas para arranjo de determinadas partes dos motores, para bobinagens, o quenão só permitiu a especialização dos operários nesses r a m o s como contribuiu -para o aumento de produtividade. E s t a especialização permitiu até que no sectorde máquinas ferramentas se começassem a fabricar determinadas peças para osautocarros dentrodos S.M.V.É- claro que mesmo com as brigas vcrificou-se que as lacunas eram grandes e poroutro lado a firma «Leyland» inglesa ainda não começara a enviar peças (dois

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anos depois de encomendodas só este mês é que provavelmente chegam aMoçambique). Outrossim as oficinas de rectificação - tem-bém completamente paralisadas- ficavam com os motores por rectificar e nunca mais os aprontavam aumentandoo número de autocarros da frota parados. Ainda agora se verifica que 50% dafrota se encontra inoperante pelos motivos apontados.Adquiriram-se por esta altura 30 novos autocarros tendo-se estabelecido umprograma de manutenção. Não era de maneira alguma uma manutenção globalpois limitava-se a mudar os óleos do motor e dos travões, verificarem-sedesapertos e outros pequenos trabalhos de manutenção sem nunca sé abrirem osmotores por absoluta falta de peças.Ainda em 1975 e devido ao grave problema existente entre os condutores - muitosdos admiti,dos não correspondiam técnicamente aos requesitos - os S.M.V.organizaram uma Escola de Formação de Condutores, que para além de formá-losfazia exames prévios a todos os futuros candidatos que mesmo aprovados ficavamainda 30 dias em experiência findo os quais voltavam a ser examinados pelaEscola. Esta actuação começou a dar alguns resultados positivos.Entretanto no mesmo período em que os S.M.V. se debatiam com todos estesproblemas o número de passageiros aumentavam extraordináriamente porcarreira. Para se dar uma ideia deste aumento poder-se-ão transcrever algunsnúmeros: em 1974 com 120 carreiras (90 carreiras no fim do ano) vendiam-se 120mil<bilhetes ,por dia. Em 1975 com 71 carreiras venderam-se 145 mil, bilhetes eem 1976 com apenas 67 carreiras venderam-se 170 mil bilhetes diariamente.Em relação hs carreiras há um pormenor que é preciso frisar paracompreendermos este aumento do número de passageiros. Foram traçadas novasrotas para as car reiras pois havia carreiras que serviam zonas onde a maioria doshabitantes possuia automóvel e mesmo assim os autocarros tinham uma rota queera quase «de pôr aqueles tipos jd privilegiados de passageiros à porta decasa»conforme salientou um responsável da C.C.TM. Era a outra face docolonialismo dentro da própria distribuição de carreiras pela cidade. Assim, paraalém de se colocarem mais autocarros em zonas de maior densidade popula-cional, estabeleceram-se carreiras directas em horas de ponta, modificaram-se asprópria s para gens quer dizer, colocaram-se as paragens mais distantes umas dasoutras, evitaram-se muitas curvas no, trajecto com vista a maior segurança emenor esforço e desgaste das viaturas.OS QUADROS E AS ESCALASNos SM.V. existiam também várias classificações profissionais, aliás, factocomum na maior parte das oficinas dos serviços públicos coloniais.Por exemplo nos SM.V. existiam 9 classificações de ajudantes. Depois de muitasdiscussões e er plicações conseguiu-se reduzir de 9 para 3 classificações apenas,isto ao nivel dos ajudantes na parte oficinal.Para a tripulação dos autocar ros havia uma categoria designada por tarefeiro, quecomo o nome indica trabalhava por tarefas. Estes tarefeiros não tinham direito alicença, a assistência médica, enfim, a tudo o que os outros trabalhadores dosSM.V. já tinham conquistado. Acabou-se com esta descriminação passando os

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tare. feiros a eventuais para poderem beneficiar das regalias e terem ga rantia deserviço.Havia nesta altura as chamadas duas escalas (escala de cima e escala de baixo) umdestes grupos quase sempre tinha trabalho e outro não. Organizou-se uma escalaúnica.Todavia o problema de falta de pessoal mantem-se e os S.M.V. a. fim deminoraram este problema,] para além da organização de um, Centro de Formaçãodentro daqueles serviços, tem vindo a enviar operários para centros de formaçaodo Ministério do Trabalho e dos C.F.M.. Por outro lado com a melhoria derelações com" os fabricantes ingleses estes Irão enviar, juntamente com os 52«chassis» para novos autocarros que já foram encomendados, uma equipa técnicaque irá formar pessoal para recuperação das via, turas actualmente paradas.Esta é a realidade estrutural dos S.M.V. pelo que a luta que os trabalhadores alitravam neste momento contra tudo o que é velho pela edificação no novo, quer'dizer, a luta de classes que ali se está a desenvolver, não foi aqui descritaexplicitamente, facto aoTEMPO N 354 - pãg. 52

bre o qual nos debruçaremos da- trabalho sobre Comunicações e qui a algumtempo. Transportes eles tiveram por obComo frisámos no Inicio destejectivo dar uma panorãmica daESCOLA DE FORIMACAO .Arm.r ideolõgicamente os tiA c~ç da Esmola de Formação Poti do Ministério de Comunicação eTranspoftes marcou efectivaent um gnde passo em frente para todos ostrabalhadores deste vasto sector da economia nacional Contando com milhare emilhares de operário. e funcionários a dinaizaçlib e o enquadramento político- sobretudo a formação poJJtica de modo a armar Ideologicamente ostrabalhadores na luta de classs contra a burgs o capitalismo e Imperialismo nãopoderia continuar apenas através dos Grupos Dinamiadores.Esta Escola veio permitir também a própria formação dos elementos dos GruposDinamizadores, demonstrando até que muitos'desses elementos eram meVista a Eiibalhadoros da Sede Provincial do Partido e um trabalhador da DETA) nãoestavam bem certos dos xitos que viriam a alcançar, na soluçãio dos imensosproblemas que diariamente tinham de enfrenter e solucionar. A Escola começou afuncionar no recinto da Pousada dos Trabalhadores dos C,F.M. que possuicondições excelentes de alojamento e refeitório. 1Os monitores que foram escolhidos entre os operár4os dos C.F.M. elementos daSede Provincial do Partido e os próprios responsáveis do Ministério deTrens,portos a Comunicações também vinham e vêm dar a 'sua colaboração nasvárias disciplinas que compõem, o curso, como por exemplo «Noções Políticas deBase»,da Poua dos T'abakadoes dos C.F.M. onde também f~uconaFormaç6o Política do Ministirio de Comunicações o Transportes.nos receptivos à transformação do que 9r~n4e parte dos operários e funcionáriosque têm passado pelos cinco curos já efectuados pala escola.

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Os cursos tkn a duração de cinco semanas em regime de. internat, e, para além dasaulas tericas têm aulas práti. c1s quer da produção, quer de activida. deas flalco-mmlítares.Quando a Escola começou a funcionar em 2 de Janeiro deste ano os poucosmon0~ existentes e os 83 alunos (entr opr dos C.F.M., eativadores, 3 tra-«Noções Económicas de Base», «Estatuto e Programa da FREUMO», «Históriade Moçambique», «Origem da Terra e do Homem») (História de FREUMO»,«Economia e Finanças», «Organização do Trabalho» e «Directivas Económicasdo III Congresso da FREUMO». Para além destas disciplinas o. cursos que sesegui. ram ao primeiro tiveram ainda aulas referentes a «Problemas Sociais»,como por exemplo vida conjugal o lobolo, pro. blmas referentes ao alcoolismo,etc., aulas es que tinham a colaboração dasituaço actua, das dificuldades existentes e dos planos em vista.eIPOLITICArabalhadoresmulheres quer da OMM quer operárias que começaram também a ser Integradasnos cursos de formação da Escola. Nestas au Ias o debate político é intenso e osalunos diante da própria realidade do dia a dia aprendem bastante participando nasdiscussões.Entre as disciplinas que os alunos têm tido mais dificuldades são as que sereferem às «Noções Políticas do Base» por se tratar d uma matéria nova, mastambém por os alunos terem uma esco. larização muito baixa na generalidade.Nas horas destinadas ao estudo colectivo os alunos separam-se em vários grupos,onde muito mais à vontade do que ás vezes na aula, discutem trocam impressães eesclarecem-se. As dúvidas Individuais e colectivas são registada e o representantedo grupo pede põsteror. mente esclarecimento ao monitor durante a aula.Foi através do extenso, critico e pormenorizado relatório feito no final doprimeiro curso que muitos problemas fo. rem resolvidos a contento nos cursosseguintes e foi também neste primeiro curso (cujos alunos após alguns mesesvolta ram para a Escola para reciclagem) que a Escola seleccionou algunsmonrtores e elementos para diverso. departamentos da escola.Para além do aspecto bastante positivo que esta escola está a ter na for. maçãopolítica dos trabalhadores acontece que grande parte dos trabalhadores dos C.F.M.e doutros sectores dos Transportes e Comunicações ainda não compreenderamexactamente os objectivos da escola e colocam um pouco á mar. geo, tentamisolar os novos alunos vindos da Escola. Há efectivamente uMa corte resistncia daparte de utros trabalhadores quando os novos alunos chegam às suas secçes detrabalho e tenta.n mo. bilizar os outros.Mas este problema, segundo nos foi revelado por alunos no primeiro curso. vaiser ultrapassado gradualmente, à medida que novos trabalhadores ingressarem naEscola.Desde Janeiro até agora, em cursos Intensivos do 5 semanas com internato, jáforam formados 300 trabalhadores, estandose presentemente a Iniciar um outrocurso e a fazer-se reciclagem dos alunos do prmeTEMPO N.O 354 -pág. 53

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TEMPO W- 354 - pãg. 54FUIR ESTIMBAS. PIMA

AI A VIMA falta de uma rede de estradas que ligue durante todo o ano - incluindo a épocadas chuvas os diferentes distritos e os principais centros habitacionais, agrícolas ecomerciais de Cabo Delgado é um factor que está aimpedir o escoamento daprodução dos camponeses organizados colectivamente, assim como impede oenvio de todo o tipo de material de que as populações precisam para organizar assuas vidas. A este facto é necessário juntar-se um outro já exaustivamente focadoem reportagem anterior sobre esta província: a falta de transportes. Aqui em CaboDelgado, devido ao facto da Guerra de Libertação Nacional ter alcançado grandessucessos e extensão, multas estradas deixaram de ser utilizadas peloscolonialistas, muitas pontes tiveram de ser estrategicamente destruidas para nãopermitir o avanço do inimigo, assim como o próprio aicatrão teve de ser arrancadopelo povo em grandes troços da estrada principal militar que ligava Pemba aMueda a fim de permitir a colocação de minas e impedir o avanço das tropasagressoras. Derrotado o inimigo impõe-se a reconstrução de tudo o que foidestruido assim como a reabertjra de antigas picadas e construção de novasestradas para a transformação da vida económica da província.Máquinas abandonadas no valor de muitos milhares de contos próprias paraconservação e reparação de estradas, Serviços desorganizados e emper rados pelaburocracia colonial, uma ex-Junta Autónoma de Estradas inoperante e cheia deproblemas, uma tremenda falta de pessoal técnico e de ma l sobressalente foramalgumas das principais heranças com que se deparou o Governo Provincial e nestecaso específico a Direcção Nacional de Estradas em Cabo Delgado, quando paralá enviou um novo responsável para direcção provincial daqueles serviços.Como iniciar o trabalho e planificar a# arrancada?É sobre esta questão que nos debruçaremos em Wguida.TEMPO N.O 354 - pig. 55

Na abertura deste texto falámos na falts de uma rede de estradas. Efectivamente,exceptuando a estrada alcatroada que liga Pemba e Montepuez com o respectivodesvio em Mutorro que liga com a estrada para Nampula e uma outra estrada quevai da capital de Província até Disca com derivações para Mocimboa e de outrolado para Mueda, as restantes ligações são autênticas picadas intransi-táveais durante a época das chuvas. O ma. pa que publicamos em anexo o é bemelucidativo.Logo após a proclamação da independência e mesmo durante o Governo deTransição tanto a ex.Junta Autónoma de Estradas como as Obras Públicastentaram iniciar obras quer de abertura de picadas quer de reconstrução de pontes.Não havia atribuição especifica para a

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responsabilidade no arranjo da conservação e feitura das vias de comunicação.Por outro lado concepções antigas diziam que havia certos troços cujaconservação era da responsabilidade das administraçõe locais.A visita do Presidente da República a Cabo Delgado, a posterior formação daDirecção Nacional de Estradas e respectivos serviços provinciais, a definição deTEMPO N. 354 - pág. 56

tarefas e o principio de dupla subordinação, ao governo Provincial e ao respectivoministério, criaram condições para se ultrapassar a confucão então existente. Énas reso luçOes da 8.a Reunião do Comité Central que vamos encontrar directivasconcretas que permitem também em relação às estradas, ao nível do pais passar-separa uma fase de reorganização com vista a futura planificação.Aclarada portanto a situação a nova direcção de Estradas em Cabo Delgadoestuda o problema e dá o ponto real da situação e, fornecendo dados relativos aoandamento dos trabalhos, permitindo assim ao governo Provincial oconhecimento e dinamização do sector.OFICINAS E RECUPERAÇAO DE MÁQUINAS E VIATURAS£ às Oficinas da Direcção Provincial de Estradas que cabe um papel importante naarrancada dos trabalhos. Com o pouco pessoal técnico existente conseguiu-se noentanto até este momento reparar 3 camiões, 4 Jeeps, 3 tractores de lagartas doisdos quais pertenciam às Obras Públicas e duas pás-carregadoras.Todo este material recuperado seguiu já para Mocímboa da Praia, onde, comoveremos mais adiante, será empregue na construção da Estrada de Mocimboa daPraia para Palma, actualmente intransitável.As Oficinas de Pemba estão neste momento também a recuperar um camiãobasculante, um camião tanque, uma pá.-carregad'ora, um Jeep e ainda uma caterpiller das Obras Públicas.Todavia, há outras muitas dezenas de máquinas que podiam ser recuperadas e queo não são por absoluta falta de peças.- Temos enviado um dos nossos mecânicos a Nampula, Beira e Maputo à coça depeças. Às vezes arranja algumas, mas as que mais necessitamos não as encontra.Isto de andar à caça de peoas pelo país não é solução - afirmou-nos um elementoda Direcção de Estradas com quem contactámos nura das frentes de trabalho emCabo Delgado.Em relação à recuperação salienta-se também o facto de que para uma melhoriados serviços oficinais é preciso a formação de mecAnicos especializados destasmáquinas pesadas para garantir um serviço eficiente e em profundidade. Compessoal habilitado e peças sobressalentes (já existe ao nível nacional-umaComissão Para aquisição de peças) seria possível recuperarem-se máquinas novalor de cor ca de 30 mil contos abandonadas há cerca de 10 anos peloproprietário da firme «Gassiano Gomes» em Mocimboa da Praia.TRABALHOS A EXECUTARE ESTRADA MOCIMBOA-PALMAAfirmámos que a recuperação de certomaterial vai permitir o arranque da construção da Estrada Mocimboa da Praia-Palma. A importância desta obra não está nela em si - uma via litoral de muita

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importância económica - mas na própria experiência e nova organização detrabalho que se pretende implementar na construção e conservação de estradas emCabo Delgado.Esta estrado, para cujo arranque já está sendo ultimado o estudo topográfico tendojá sido instalada uma pequena oficina em Mocimboa assim como o respectivoacampamento, será um teste para a capacidade de execução das estruturas deCabo Delgado. A ideia principal deste trabalho do ponto de vista organizarional eestrutural é criar-se um grupo de terraplanaens (já existentes em parte) e que seráo futuro èmbrião duma Empresa Estatal a nível Provincial que consiga executareconomicamente o programa de estra; das de terra batida naquela Província.Em relação 'a empresas estatais para execução deste tipo de obras é necessáriofrisar que a direcção prbvincial já tem também sob o seu controlo uma outraempresa que foi abandonada, a «Engenheiros Construtores», e que se encontravaa resselar a estrada de Sunate para Macomia e cujos trabalhos encontravam-sequase completamente paralisados. A actuação da direcção Provincial de Estradaspretende com o controlo e dinamização dos. tas firmas, criar futuras empresasestatais empreendedoras, economicamente independentes e que respondam comdinamismo aos trabalhos solicitados quer sejam para & construção de estradas,quer para construção de outras obras públicas.Voltando ainda á estrada de Mocímboa para Palma os trabalhos para a execuçãoda mesma estarão assentes em três fases: 1.' Emergência - dar passagem no temposeco (fase a começar imediatamente); «2.o Reparação da estrado de modo apermitir a passagem mesmo no tempo das chuvas. Após o estudo topográfico, oestudo laboratorial dos solos e o estudo da drenagem das águas superficiais esubterráneas arrancar-s-á com esta segunda fae para estar concluída forçosampnteantes do começo das chuvas (Outubro/ /Novembro), 3." Estrada Nova,OUTRAS OBRAS E A CONSERVAÇÃOPara além desta obra, outras de menores dimen*ses estão em curso como porexemplo a reparação da estrada Meloco-Montepuez pensando-s também emarrancor com o eixo litoral que vai de Pomba, Quissanga a Mecujo, zona rica empeixe e marisco existindo até um frigorífico para pescado em Quissanga. Masoutros trabalhos importantes dizem respeito à conservação das estradas existentes.Sobre a conservação é preciso rectificar a velha noção de conservação de estradade terra batida. Efectivamente e todos nós devemos estar lembrados a situaçãoresumia-se no 'seguinte: pedia-se uma niveladora e a máquina passava uma ouduas vezes pelo troço que Se pretendia conservar, e prontol O que nãoverificávamos era que a niveladora só escavava (nivelava escavando) sem nuncarecarregar o terreno, acontecendo que no tempo das chuvas o tal troço em vez deespalhar as águas transforma-se ele mesmo num rio com margens bemdemarcadas. A drena gem das águas da chuva que devia ser feita para foraacabava sendo feita para dentro.Ora é contra esta velha noção de conservação de estradas que os trabalhadores daDirecção Provincial de Estradas de Cabo Delgado e também de todo o país têm delutar para levar avante com garantia de perfeição o seu serviço.São os serviços da )PE responsáveis pela conservação de todas as estradas daProvíncia acabando-se com a sobrecarga e dispersão de máquinas pelas

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administra. ções o que acontecia quando estas tinham também por incumbência aconservação das estradas.Para o efeito a DPE está neste moment a reorganizar os serviços de conservaçãode modo a permitir a assistência mínima ao número máximo de estradas daProvíncia. Dentro deste contexto a Província de Cabo Delgado foi dividida emtrês zonas de acção tendo cada zona 4 ou 5 grupos sob e direcção de umencarregado de zona.A divisão em zonas acarreta a distribuição de máquinas e respectivo apoiooficinal, distribuição de tarefas e prazos de, execução, lançamento de controloeficaz de gastos, nomeadamente com combustíveis, etc.. Esta estruturação está jáa ser montada com certas dificuldades pois como já se frisou há falta de quadrostécni. cos.A estrada de Mocimbos a Palma encontra-se na 3. Zona de Conservação, zonaesta que apanha uma grande faixa do litoral até ao interior do planalto Oe Mue.da.Embora reparar uma estrada seja diferente de Conservar, pois a reparação podeimplicar o desvio do traçado antigo, os trabalhos actualmente em curso na referidaestrada de Mocímbos irão permitir a formação de pessoal para as grandes tarefasque lhes esperam em Cabo Delgado no sector das estradas.TEMPO N.- 354 -pág. 57

O PRIMEIROENCONT ROEram 14,30 de domingo passado quando iniciamos o #osso encontro com a popubairro de Maputo. Nós da redacção da «Tempo» e alguns companheiros dasoficínas dos outros orgãos de informação com sede no Maputo: RádioMoçambique, «Notí cerca das 17.30 houve as intervenções das pessoas do bairro -mais de vinte. Falar po» mas também sobre os outros orgãos de informação,Depois, até às 19 horas, de vários grupos de jovens e adultos. De realçar duascoisas: a Makwaela dos operá- um dia falaremos deles e dela - e o facto de no bairro Nhagoia a população já ecanções de outras províncias do nosso país. (É essa urna maneira prática e criad aunidade nacional).Mais do que o decorrer da reunião importamos a nós, jornalistas, retirar de unatureza algumas lições. Neste artigo vamo-nos referir a elas sem aprofundarmosc carácter sociológico pois isso requer um trabalho à parte. Vamos tambémdiscutir os jornalistas dos outros orgãos de informação para que o 1.0 SeminárioNacional c nhe bases mais sólidas aonde assentar a sua análise. da realidadesocial, cultural e ic povo.Do conjunto das intervençõesretirámos sugestões imediatas para o nosso trabalho:1) «Desde que nasci nunca vijornalista: ao pé de nós». Estaspalavras de Wilson Langa transmitem uma realidade para muitascentenas de milhar de mqçambicanos. Primeiro, porque na eracolonial a imprensa (falada e escrita) tinha necessariamente que

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focar as questões do colonialismo,a vida da burguesia colonial (e <não a vida do povo), falar dasideias dos colonialistas (e não asdo povo), transmitir a ideologia docapitalismo (e não a ideologiaproletária). Era essa função daimprensa, ser veículo ideológico//cultural do colonial/c-pitalismo.E lá estava sempre a Censura Algumas das pessoas que estavam presentesapara não deixar passar nada nos orgãos de informação que concentrado maisna divulgação aspectos econ focasse as aspirações do povo. das orientações doPartido e de imediatos. N Portanto poucas vezes os jorna- certos conceitosteóricos funda- normalmente, listas iam à base e quando iam mentais p ara opovo entender situações com (salvo r a r as excepções) era com clareza apresente fase de mo se proces para inventar, para dizer de- Democracia Popular,mais isso do Aldeias Comu pois que o povo de tal área ou de que umainvestigação minuciosa is», «qual a d tal província apoiava a tropa por- epermanente dos avanços e recu- mando o em, tuguesa, o governo colonial, etc. osdo processo revolucionário ao pouco vamosDepois do 25 de Abril de 74 ini- nível das massas. Nos nossos or- na realidadeciam-se transformações rápidas e gãos de informação tem-se falado tendendo osprofundas na imprensa moçambi- e escrito sobre esta Aldeia Comu- nossos olhoscana. Desde essa altura até hoje nal, aquela fábrica, este bairro uma visão glc otrabalho dos jornalistas tem-se sem se aprofundar para além dos volucionário.TEMPO N.* 354 -pg. 58lação de N1 goía, mais ele,:entos cias» e AIM. Até am sobre c «Tem danças edanções rios da «Viýreira» conhecer danças ora de consolidarm encontro desta ertas quesOões de ,ste encontro com le Informaão gageológicadO nossoo encontro.ómicos e sociai ão temos escrit sobre conjuntos o por exemplo «c sa a construção< nais em todo o p irecção que vai t ino», etc. Pouco enterrando os p do nossoPovo, E nossos braços ee inteligências pa bal do processo i

O Secretário do Grupo Dinamizador do bairro Nhagoia abrindo o encontro.Em última análise, o que está em questão é o vácuo cultural entre a Informação eas massas trabalhadoras, esse vácuo provocado pelo colonialismo e que só poderáser totalmente preenchido com a gradual tomada do poder pelas classestrabalhadoras ao nível dos próprios Orgãos de Informação. Pouco a Pouco aspreocupações do povo, as questões que o povo põe passam para as linhas faladase escritas da Informação.2) Durante o encontro foi posta a questão da identificação dos leitores. O nossodirector esclareceu que todo o leitor que escreve à «Tempo» dá-nos o seu nome,

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morada e número do bilhete de identidade. Explicou também que todo o leitor temdireito ao sigilo. Portanto não aparece o número do bilhete de identidade. Nósficamos com ele. Também foi esclarecido que se o leitor quiser pode assinar comum pseudónimo desde que na carta esteja o seu verdadeiro nome. É uma normaesta praticada e m t o d o o mundo.Ainda relacionado com a nossa secção «Cartas dos Leitores» Mauricio Manhiquedisse que «camaradas criticados não têm respondido». A ele foi-lhe dito que sealguém é criticado e quer responder pode fazê-lo nas páginas da nossa revista.Tem esse direito. Mas também acontece que muitas vezes trata-se de questõesdemasiado individuais e por isso de-sencorajamos este tipo de assuntos a não ser que seja de interesse geral (casos depolémica, etc). Preferimos que os nossos leitores falem-nos de questões da suaárea, sua província, problémas que não dizem respeito só a uma pessoa. Dessemodo a secção fica mais rica e é uma maneira de populações distantes umas dasoutras contactarem entre elas. 3) Mário Chibotane abordou a questão d osreaccionários q u e são denunciados na imprensa acrescentando que isso «tambémnos m o s t r a o s elementos dos Grupos Dinamizadores do caminho correcto e osque roubam dinheiro. Assim outros que ainda não desviaram ficam a saber 'quenão devem fazer isso». Sim, uma das tarefas principais da Informação é denunciaros reaccionários ou aqueles que têm comportamentos reaccionários. Mas tambémé ,preciso apontarmos aqui que é nossa obrigação, como jornalistas, primeiroestarmos certos de que a pessoa denunciada cometeu realmente algum actocondenável. Senão pode acontecer que alguém é acusado de criminoso quando naverdade está inocente.E gostaríamos de acrescentar que não é o medo que transforma os homens, massim o trabalho político profundo. O medo, geralmente, só adia os actosconsiderados ilegais, criminosos, por uma determinada sociedade. Por, isso aFELIMO fala sempre em reeducação e não só em punição.Se invertermos este aSsufltó veremos que, por exemplo, o medo que oscolonialistas incutiam no povo moçambicano não fez com que o povo ficassesubmisso à dominação colonial. A prova disto é a vitória sobre ocolonial/fascismo.4) Um outro leitor, Ruben Maniate, disse que muitas das nossas fotografias não sevêem bem e que isso acontece mais com assuntos nacionais. Muitas das nossasfotografias, realmente, saem mal, ou por defeito de impressão ou porque astiramos de jornais e revistas estrangeiras (a reprodução de uma fotografia de um.jornal nunca pode ser tão boa como a reprodução de um original). Quanto àsegunda parte achamos que varia: umas vezes são fotografias das secções donacional que saem mal, outras vezes do internacional.Foram várias pessoas a falar sobre a fotografia porque é realmente fundamental.Para o analfabeto (e o semi-analfabetizado) a fotografia substitui as letras que oalfabetizado sabe ler. Em Moçambique a maioria do povo não sabe ler. Portanto«lê» as fotografias. Através delas os leitores que lêm mal tentam perceber o queestá no texto. A fotografia ganha assim uma importância muito grande, umaimportância que por vezes nós não tomamos em consideração. As fotografias danossa revista

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são um meio de alfabetização po-Percina Mundetene: «Mesmo algumas pessoas que estão na alfabetizaç~oconseguem já ler alguma coisa da revista».TEMPO N. 354 -pg. 59

outras pessoas que intervieram para darem a' sua opinião sobre o trabalho darevista.«ensinar» nas isse ásbalitica que às vezes empregamos de maneira errada. Por exemplo, há uns mesesatrás publicámos urna fotografia do Presidente Samora a visitar o hospital centralde Maputo. A fotografia reporta-se ao momento em que o Cama rada Presider.Nestá a falar com um doente mas este não aparece na foto.Outras vezes as nossas fotografias são estáticas, «paradas», falta-lhes«movimento». A isso nós chamamos um trabalho fotográfico burocratizado.Presentemente, n o Seminário da Informação estamos a estudar detalhadamenteesta questão. Um dos grupos de trabalho do Seminário está-se a debruçar quaseexclusivamente sobre o papel da fotografia como instrumento de informação eformação. (Abrimos aqui um parêntesis para apelar aos nossos leitores que nosenviem sugestões de como melhorar o nosso trabalho fotográfico). 5) A leitoraPercina Mundelene disse durante o encontro que «mesmo os que estão naalfabetização já conseguem ler a revista». Podemos já aprofundar um pou-Morais Nhamigunlela: «Porque'é que o Xiconhoca ýu1no é mnulher também?».TEMPO N.° 354 - pág. 60coe s te assunto. Portanto pedimos aos nossos leitores que estejam naalfabetização que nos escrevam e digam qual é o melhor tipo de letra, o tipo deletra que conseguem ler com mais facilidade. Sugerimos que cortem de umarevista qualquer um pedaço de página com o tipo de letra mais fácil de ler e outropedaço com um tipo de letra difícil de ler).6) Américo Cuamba pôs uma sugestão muito concreta: que aumentemos avariedade de assuntos na revista. Concordamos. Trata-se de uma questão dereestruturar a nossa actividade ainda hoje demasiado canalizada para re portagensdo tipo esta fábrica, aquela machamba colectiva, etc. Para exemplificar, o leitorAmérico Cuamba propôs que publicássemos mais artigos sobre Hist& riaUniversal e, mais especificamente, sobre o aparecimento do Homem. «Existe umaconfusão no nosso povo», disse Américo Cuamba, «o povo pergunta como é queo Homem apareceu. Vem da Natureza ou de Deus? » E acrescentou que torna-semuito difícil aos grupos dinamizadores explicarem a origem do Homem semterem textos de apoio onde os responsáveis possam aprender. Estas perguntas sãofundamen.tais em África. Não é só no nosso País. o colonialismo europeu introduziu areligião cristã em Afri, ca através da dominação física Depois seguiu-se adominação dc espírito aproveitando-se os colo nialistas dos vários conceitos dodivindade já existentes no conti nente. Quer dizer, primeiro domi nação física edepois dominaçác do espírito, dominação das cabeças. Esta foi altamente sofistica da. Por exemplo, os missionário que nas últimasdécadas vinhar

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«ensinar» nas misses já aia,falar a língua africana da região onde iam trabalhar. Aprendiam em escolas delínguas africanas na Europa, por exemplo em Lisboa. Assim ficava facilitado oseu trabalho logo de início.Este assunto que Américo Cuamba focou é de extrema impor tância. O espíritoreligioso nas suas diversas formas, encontra-se muito enterrado no nosso povo.Está lá tanto quando se vai à igreja como também nas canções que sãorevolucionárias na letra mas religiosas na forma. Portan to não se pode tratar esteassunto de qualquer maneira. Não bas ta dizer que o Homem tem a su origem notrabalho, que é atravé do trabalho que o símio se trans forma em homem. Épreciso ex plicar isto detalhadamente senã vamos substituir um dogma ( religião)por outro (qualquer r petição mecânica de um ensina mento mal entendido). Levamui to tempo para criar o espírito c entifico; libertar os homens d& cadeias daexploração e, ao mes mo tempo, libertá-lo das cadeiamentais, do obscurantismo.Vamos estudar este assuntoa melhor maneira de abordá-lo.7) Morais Nhamugumela 1vantou a questão do Xiconho Perguntou ele: «Xiconhoca é s homem, porque nãoé mulhel também? De entre as mulhere, . não há xiconhocas? E então a Joana Simeão?».O xconhoca é uma personagen- da banda desenhada através diqual se denunciam diversos corr portamentos do inimigo. O xico . nhoca nãopretende pois caracte o rizar o inimigo em termos de se- xo mas sim em termos de ideolcgia. Por outro lado, as nulhere s em Moçambique são tão reprirm a das que umveículo de caracter

zaço tal como o xiconhoca (aplicado visualmente sobre elas) era capaz deenfraquecer a sua emancipaçáo. No entanto deixamos a pergunta sem umaresposta detalhada porque ela é pertinente e por sso merece que o povo a debata.8) Ibramo Ofice falou da nossa linguagem. Palavras claras: «O colonialismoportuguês martelou-nos muito com uma linguagem carregada, difícil que nós nãoconseguimos ler. É preciso reduzir paranós próprios começamos a dominar. Por outro lado há uma linguagemconfusionista e oca que é aquela construída com frases todas idênticas umas àsoutras, vazias de conteúdo, que não querem dizer nada. Chamamos a issolinguagem esteriotipada, linguagem de slogan.A nossa dúvida sobre este problema é esta: quando os leitores que dominampouco a língua portu guesa falam de linguagem difícil referem-se às palavras cujosi-pequena carta referindo um artigo 'qualquer da nossa revista, dizendo-nos essa édifícil e essa é fácil, compreendo. Ou se quiserem podem muito simplesmentetelefonar e explicar tudo a um dos nossos redactores. Aqui já organizámos ascoisas para qualquer um de nós poder receber as sugestões.

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Este encontro no bairro Nhagola não podia de maneira alguma aprofundarquestões fundamentais na Informação. MuitasDepois de todas as intervenòes o povo cantou e dançou. Mesmo (entes houveinterrupções para canI-òes.uma forma mais simples». Esta é uma questão de fundo. A enxada abre buracosna terra para o trabalhador pôr lá dentro o bago de milho e depois cresce amachamba. A linguagem correcta e simples cava terreno no cérebro dos homens esemeia lá dentro as novas ideias. Ideias novas caminho para o homem novo. Háuma linguagem marxista, precisa, linguagem cielitífica quegnificado desconhecem ou a uma certa maneira de pôr palavras juntas? Referem-se a palavras isoladas ou à estruturação da frase? Os dez grupos de trabalho doseminário quase sem excepção debatem este ponto, fundamental para o leitor epara nós jornalistas. Os leitores podem desde já colaborar. Por exemplo, enviem-nos exemplos do que consideram linguagem difícil e outra clara. Umapessoas e pouco tempo, assim. como uma planificação prévia quase nula. Noentanto ele serviu-nos de orlentação para multas das dificuldades queenfrentamos, par ticularmente, no que se refere a algumas das bases estruturaisdas nossas análises. Como dissemos no princípio vamos -estudar o encontro afundo, quer aqui na «Tempo» quer nos grupos de trabalho do Seml~.TEMPO N 364 - phg. 61

COEL1O 011 SEURANCA: OPERACAO DIPLOUMATICA IMlPRIDA COMIXITOo O imperialismp já é nosso amigo?Marcelino dos Santos, chefe da Delegação moçambica74a à reuni4lo deemergência das Nações lidas quando tomama palavra naquele forum internacionalNão poderá haver, pensamos, qualquer dúvida que a resolução aprovadaconstituiu uma grande vitória da República Popular de Moçambique na frentediplomática, como aliás já assinalou o Con. selho de Ministros em comunicadodivulgado no sábado passado e que reproduzimos extractos noutro local.No entanto, é lógico que ainda possam subsistir dúvidas, pois certamente aindahaverá muita gente que se interroga as razões que levaram os países capi. talistasocidentais a votar positivamente na resolução. Como é possível que oimperialismo, inimigo jurado da nossa revolução para subscrever um apelo parao reforço da capacidade defensiva -da República Popular de Moçambique?São respostas não muito fáceis de responder. Seria necessário uma relação maisprolongada. No entanto, para quem esteve nos corredores das Nações Unidas, acompreensão dalguns eventos mais significativos a que teve oportunidade deassistir, pode dar desde já algumas ache. gas a esta questão.O INTERNACIONALISMO ESTAVAÃ NOSSA ESPERAPara um jornalista que chega a Noya Iorque, a tal cidade dos arranho céus ePelo nosso enviado a Nova lorque...wm -. carros grandes, tem necessariamente uma primeira impressão fantástica destacidade, com mundos e sub-mundos, perfeitamente identificáveis em termos de

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classe, autêntica meca do imperialismo onde se cruzam as mais inacreditáveisaventuras da sociedade de consumo, da futilidade, da repressão, da corrupção, dasinstituições de cavidade em fim tudo o que mais de refinado o capitalismo fezpara crir um «cordão de segurança» ao seu próprio sistema. Mas não 6propriamente de Nova lorque que queremos falar, até porque não nos foi possívelrecolher elementos para uma crónica mais detalhada sobre essa cidade, o que seriadúvida ir4 portantissima para se compreender come o imperialismo exerce o seupoder no in. terior do seu próprio país.Para além desta impressão, o que mate impacto nos causou foi indiscutivelmen4 aexpectativa sem precedentes que aguarj dava a chegada da delegação moça.bicana nas Nações Unidas, e que tivemooportunidade de acompanhar. Váriosobservadores, gente habituad às lides diplomáticas com quem conversá mos,foram unânimes em terem relevad< aspecto, que fez condicionar o imprim não sóo ritmo dos trabalhadores, ma principalmente a direcção dos mesmos. Es teaspecto, veremos mais adiante, é conve niente tomar em conta, para se percebe aengrenagem e o embaraço que envol veu os países capitalistas. É necessário nãonegligenciar esta at tude assumida por estes países, até pev que é a primeira vezque na história da, Nações Unidas é aprovada uma resoluçlj que apela para todosos seus estados-membros a reforçarem a capacidade d, defesa dum país também membro. Toda aAfrica estava já sensibilizada po lo problema. A solidariedade deste con nentepara com Moçambique atingiu pont alto da sua consciência. A presença dpersonalidades ministeriais dos país mandatados do Conselho de Ministros OUA,dos países da linha da frente, d países amigos como a Guin Conacr£TEMPO N.' 354 - Pág. 62

enviou o seu primeiro-ministro, foi um factor que viu criar um ambiente qçeninguém, nem os mais obviamente inimigos, podiam ígnorar. A Africa estavaportanto em peso do nosso Lado. Como se isso não bastasse, a América Latina fezquestão em marcar a sua pre. sença ao nosso lado. Foi comovente ouvir os doismembros deste grupo actualmente também membro do Conselho de Segurança, aVenezuela e o Panamá a re. ferirem-se à nossa luta passada e presente com grandeapreço. Até o Brasil (que bem sabemos como afina o seu diapasão com oimperialismo norteamericano), fez questão em querer ler em nome do grupoLatino-Americano a mensagem de solídariedade deste continente. Os asiáticos,embora não tão marcantas, também quiseram estar presentes e apoiar a resoluçãosem reservas. E des. necessário será réferir ao papel importante que jogam ospaíses socialistas nestas questões. Mais uma vez, os nossos aliados naturaisdemonstraram que internacionalismo proletáriQ não é palavra vã mesmo na frentediplomática. Mas porquê este vento soprava tão forte? As razões são conhecidas:O apoio à luta :do Povo de Zimbabwe, não só traduzida através dum apoiodirecto, mas também por ter aplicado integralmente as sanções contra a colóniabritânica da Rodésia do Sul, em cumprimento do que foi decidido pelaComunidade Internacional. E as agressões de Smith são também devidas a estefacto. Mas o que reforça ainda mais as posições, justamente reconhecidas tomadaspor Moçambique é

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-facto da sua independência ter sido declarada há pouco mais de dois anos e tertido a coragem e a firmeza de estar a consentir sacrifícios.O que se tomou bem claro foi que Moçambique não foi pedir nada nas Na-ções Unidas. Foi apenas exjpir da C( muni. dada Internacional que tomasse assuas responsabilidades perante a situaçío de instabilidade que o regime de Smitliprovocava na África Austral. E mais claro foi ainda que Moçambique não foifazei quei. xa de Smith ao Conselho de Segurança. Smith não existe nas NaçõesUni4as, o seu regime foi considerado ilegal. Seria pois um absurdo colocarmos opro blemaEXTRACTOS Do CCCONSEflH4 DE4.° O Conselho de Ministros constatou com satisfação que a comunidadeinternacional está consciente de que a situação que se vive na Africa Australconstitui -uma ameaça para ýa paz e a segurança mundiais, e que sý com aeliminação do regime ilegal, +inoritário e racista de lan Smith, e a inependênciade Zimbabwe, se poderá construir a Paz e a Segurança na regio.5.* -,O Conselho de Seguran conheceu que:a re-- respostas eficazes e firmes s invasões e agressões para imipedir que o regime delon Smith ýcontinui com a escalada de agresões;- a República Popular de Moçambique tem o seu povo e sololados decididos acombater en9Írgicamente às agressões de regie racista de lan Smith; masneclssita.no entanto de equipamento inilitardeste modo. Moçambique foi ale mundo e a humanidade da insegur, de ameaça àpaz que o regime i Smith representa, principalmente i das últimas agressões aonosso paí.tar onça e e lan lepoise danecessidade de o mundo qontribuir para o reforço da capacidade Oe defesa daRPM para garantir a sua sdorania e íntegridade territorial o deste r ndo contribuirpara a defesa da paz e selurança.Este facto, associado ao prestígio internacional que Moçambique goza, devido àvitória militar que obteve contra o colonialismo português criou, como dissemos.úm clima e um ambipnte extrema-MUNICADO DOMINISTROSmoderno para o fazar com eficácia:- o próprio esforço de RIconstruçãoNacional está condicionado ao reforço da capacidade defensiva. Sem esta não hágarantias qe seja possível realizar as tarefas de Reconstrução.10.* - O Conselho de Mipistros considera que a resolução aprovada porunanimidade foi uma grand4 vitória do Povo moçambicano na frente diplomática.1É sem dúvida a confirmção da justeza e firmeza das nossas I"siçõesinternacionalistas. particularmente o apoio consequente que o nosso PA1RTIDO,

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POVO e ESTADO dão à luta ý armada do povo de Zimbabwe. 1 igualmente umestimulo e uma medida enc rajante para o prosseguimento da nossa batalha daReconstrução Nacional e do nosso apoio solidário com os povos ída ;AfricaAustral ainda submetidos ao colonilaMamo e ao racismo.mente favorável para a vitó'a diplomática que a RPM conseguiu.Talvez possamos ser acusados de chauvinistas por colocarmos adýectivos a nóspróprios. Mas não se trate exactamente disso. Mas trata-se de umi opiniãounãnime de quase toda o Comunidade Internacional (menos os nossos tnimigosnão ousam dizer o contrá.io) e aqui limitamo-nos apenas a sintetizar essasmosmas opiniões.Esta é portanto, uma primeira, razão: seria arriscado aos países imperialistas votarcontra a resolução o mesmo abs. terem-se. O vento soprava emasiado forte anosso favor e tentar Ir contra esta ventania podia custar caro ã implementação danova estratégia d imperialismo para a Africa formulada paa Administração Cartar.ELES DARÃO OU NÃO DýRÃO?« ...Mas eles darão ou #não darão as armas», «será que eles deixaram de ser oinimigo permanente dos povos?», são algumas interrogações frequentes queouvimos já ,desde Nova Iorque a Maputo.TEMPO N 354 - pág. 63«A resolução aprovada traduz o desenvolvimento da tomada de consciência dospovos de acordo com os problemas inere4'tes a esta dignidade, e muitoparticularmente a liberdade e a dignidade do homem de ÁfricaAustral. Ela mostraque se tomou consciência do facto de que a conquista e a defesa da.liberdade àsão problemas dum só povo ou de um grupo de povos, mas da humanidadeinteira.Nós estamos satisfeitos por que as decisões tomadas 9qui constituem umaimportante contribuição para a destruição dol regime de Ian Smith - condiçãoessencial ao restabelecimento da paz e da segurança na África Austral. Elasrepresentam um firme apoio à luta que se desenvolve na África Austral contra ocolonialismo e o racismo, contra a exploração e a opressão. E elas significamtambém que se tomou realmente consciência do facto de biue se não se estriparestes males, não será possível obter a paz, nem a segurança, nem o exercícioefectivo da democracia na África 4ustraí».a)I

Antes de mais, é necessário que se es- estamos recordados da reunião que Youngnecessário recuperar, a um outro nível, clareça: se a batalha no Conselho de Se-teve com os capitalistas sul-africanos li- este acontecimento, ou por outraspalagurança para chegar à unanimidade não derados pelq super-magnateOppenheimer vras, era necessário dar uma outra interfoi difícil, também não écorrecto dizer-se que lá pouco. mais de um mês, estes pretação a esta resoluçãoe encontrar umCOMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE SEGURANÇAO Conselho de Segtirança é composto por quinze países. China, URSS, Canadá,Estados Unidos e Grã-Bretanha são imembros permanentes do Conselho. Os

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outros dez são eleitos pela Assembleia Geral que se reiliza todos os anos, a suaeleição é feita por dois anos, e tem-se em conta a sua distribuição geográficaequitativa. Os 10 membros não permanentes actualmente são: Benin, IlhaMauricias, Líbia (Africa), índia, Paquistão (Asia), Panamá, Venezuela (AméricaLati-na), Alemanha Federal, Canadá (países ocidentais) e Roménia (países socialistas).A proposta foi elaborada pelo grupo africano (que agrupa os países pertencentes àOUA) e apresentado no Conselho de Segurança por Benin, índia, Libia,Mauricias, Paquistão, Panamá, Venezuela e Roménia, habitualmente consideradoscomo representando os países africanos e não-alinhados, ainda que a Roménia nãoseja nem dum ou doutro grupo.que foi fácil. A luta de classes também existe nas Nações Unidas.Com efeito, foi necessário proceder-se a longas consultas com os paisesocidentais para se chegar a um acordo. Estes contactos, dirigidos pelo grupoafricano, e feitos na base da proposta de resolução (que viria í ser aprovada compraticamente insignificantes modificações), viveram, a certo momento, umimpasse. Pelo que conseguimos saber, a intransigência de entre os cinco paísesocidentais, partia precisamente daqueles que não estão directamente envolvidosna resolução na chamada questão rodesiana.Este foi um indicador importante para ,confirmarmos o triunfo que pretendemsalvaguardar estes países: as iniciativas anglo-americanas. Aliás esta indicação játinha tido a Delegação Moçambicana durante as conviersações que Marcelino dosSantos manteve com David Owen, secretário, de Estado das relações Exterioresda Grã-Breianha em Londres quando se encontrava, em trânsito para Nova lorque..Tivemos oportunidade de constatar que Smith já está a constituir um espinhoperigoso para as suas iniciativas. Chegaram já à conclusão que Smith era a razãodirecta do escalonamento que sofre a luta armada do povo de Zimbabwe dirigidopela Frente Patriótica. O receio de esta guerra de libertação se transformerapidamente em guerra popular revolucionária foi evidente do discurso proferidopor AndrewYoung que citando o falecido presidente Kennedy afirmou que «osque :,tomoam revolução pacífica¿ impossível. tornam a revolução violentainevitável». ,Young fez questão em fazer profissão de fé da que o seu país nãoestava disposto a ajudar Smith « a sair da situação em que se colocou». Ainda querestasse es clareter quém eat<riza que produtos norte-emericanrossse. consumamna Rodésia e que ai chagam através da África do Sul,rEMPO N., 354 -pâg. 64preferiam pa Rodésia uma situação estável do que a situação deguerra que se viveactualmente naquele território.É portanto absolutamente« certo que o imperialismo queira encontrar uma soluçãopara a Rodésia que possa continuar a setisfazer os seus interesses e não perder asua influência e não foi surpresa -para os delegados presentes na última sessãodeste Conselho de Segurança, ouvir Ivor Richard, embaixador da Grã-Bretanha epresidente da abortada Conferência de Genobre afirmar que o seu país continua aaceitar « a responsabilidade jurídica da sua colónia que está em estado derebelião». .1

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Mesmo a França e a Alemanha Fedéral, fortemente envolvidas no aumento dacapacidade militar da Africa do Sul, afirmaram a necessidade de acabar com oactual regime de Salisbúria.Votar contra seria portanto, perder algumas posições favoráveis de que dispõemalguns países em relação às iniciativas anglo-americanas.OBJECTIVO IMEDIATO:MINIMIZAR OS EFEITOS DA VITORIASe é certo que afirmamos que foi uma grande vitória para o Povo Moçambicano aresolução aprovada por unanimidade pelo Conselho de Segurança no dia: 30 domês passado, também é certo que é uma vitória para todos os povos vitimas daagressão imperialista. Pelo que podemos observar em Nova Iorque, dentro a foradas Nações Unidas, não é exagero dizer-se que esta resolução marcavincadamente umé página importante na história das Nações Unidas. Abre umprecedente que pode proporcionar um campo favorável de luta para vitóriasdiplomáticas.E foi por isso que o imperialismo pôs toda a sua máquina a funcionar. Já seapercebera de sua derrota. Era portantoadjectivo adequado que qualificasse a sua atitude.Não foi preciso 24 horas. Na manhã seguinte, já «New York Times» e«Washington Post», para além de terem dado um relevo pouco usual (destaque na1.' i página), tiveram, contudo, o cuidado de darem já a «sua» interpretação àresoluçã.o aprovada, principalmente no seu aspecto principal. Com efeito, diziamestes jornais, que exercem uma grande influência na opinião pública americana emasmo europeia, que o «ocidente dera uma interpretação diferente pois estaresolução não pedia senão ajuda financeira», quando qualquer pessoa pode lerclaramente que o ponto principal residia na ajuda militar, em equipamento, àRepública Popular de Moçambique. A atitude dos países ocidentais ao votar afavor da resolução foi qualificada de «concessão».Jornais europeus, agências de informação não tardaram em pôr a circular por todoo mundo esta ideia e nem mesmo o conceituado «La Monde» (que habitualmentemostra preconceitos em identificar-se com o imperialismo) não deixou de "seratingido.Não tem' grande importância saber se os ocidentais darão ou não armas.Moçambique não foi a Nova lorque pedir armas aos capitalistas. Foi sim exigir daComunidade Internacional o direito de ser assistido militarmente por ele e essedireito foi reconhecido, por toda a humanidade que o Conselho de Segurançarepresente, incluindo da parte daqueles que foram obrigados «a ceder».As armas virão. Os amigos revelam-se nas horap difíceis.a) Extracto do discurso de sacarr.monto da Sensdo Extraordinéria do Conselho deSegurança da ONU proferido por Marcelino dos Santos, membro do ComitéPolífico Permanente do Comité Central da FREMO * Ministro doDesenvolvimento * MIanificaçio Económica de RPM.

A NOSSADEUM 1PELO

Page 76: ahmtem19770717 - JSTORpsimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff... · individuos e essas mesmas grades nem ovam fios em suascasas. Outros compram quilos de a$úcar e em vez de

~i1~z\ \-U~'' vi ~ N t\Litografia, Tipografia, Encadernação e EmbalagemAv. Ahmed Sekou.Touré, 1078-A e B (Prédio Invicta). Telefones 26191/2/3 C.P.2917 MAPUTO-0

produzireconomizardepositarpara desenvolver MoçambiqueAumentar a produtividade é PRODUZIR mais em menos tempo. ECONOMIZARé evitar despesas desnecessárias, gastar menos do que ganhamos.DEPOSITAR é garantir a segurança das nossas economias. As economias de cadaum depositadas no INSTITUTO DE CRÉDITO DE MOCAMBIQUEtransformam-se na força que contribue para a reconstrução nacional.