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Pequena biografia sobre o autor japonês da era Meiji. Autor de obras como Rashomon, O fio da Aranha ( Kumo no Ito) e Dentro da Mata (Yabu no Naka).
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Akutagawa Ryuunosuke
Ryūnosuke Akutagawa nasceu no distrito Kyōbashi de Tóquio, a terceira criança e único filho
de Toshizō Niihara e Fuku Niihara (nascida Akutagawa). Ele recebeu o nome de
"Ryūnosuke" ("Filho Dragão") porque supostamente ele nasceu noAno do Dragão, no mês do
Dragão, no Dia do Dragão, e na Hora do Dragão. Sua mãe enlouqueceu logo após seu
nascimento, e ele foi adotado e criado por seu tio materno, Akutagawa Dōshō, de quem
ele recebeu o nome de família Akutagawa. Ele mostrou interesse por literatura
chinesa clássica desde a mais tenra idade, bem como pelos trabalhos de Mori Ōgai e Natsume
Sōseki, ambos populares durante sua infância.
Ele entrou na Primeira Escola Superior em 1910, tornando-se colega de Kan Kikuchi, Kume
Masao, Yamamoto Yūzō e Tsuchiya Bunmei, todos os quais futuramente tornar-se-iam autores
famosos. Ele começou a escrever ao entrar na Universidade Imperial de Tóquio em 1913, onde
estudou literatura inglesa.
Quando ainda estudante ele propôs casamento à uma amiga de infância, Yayoi Yoshida,
mas sua família dotiva não aprovou a união. Em 1916 ele contraiu núpcias com Fumi
Tsukamoto, com quem casou em 1918. Tiveram três filhos: Hiroshi Akutagawa (1920-1981) foi
um ator famoso, Takashi Akutagawa (1922-1945) foi morto quando um recruta estudante
na Birmânia, e Yasushi Akutagawa (1925-1989) um compositor famoso.
Após sua graduação ele ensinou por um curto período na Escola de Engenharia Naval
em Yokosuka, Kanagawa como um instrutor de língua inglesa, antes de decidir dedicar-se
exclusivamente à escrita.
Em 1914, Akutagawa e seu amigos da escola reviveram o jornal literário Shinshichō ("Novas
Correntes de Pensamento"), publicando traduções de William Butler Yeats eAnatole France junto
com seus próprios trabalhos.
Akutagawa publicou seu primeiro conto Rashōmon no ano seguinte na revista
literária Teikoku Bungaku ("Literatura Imperial"), quando ainda um estudante. A história,
baseada num conto do século XII, com um profundo drama psicológico, foi em grande
parte descartado pelo mundo literário, com exceção do famoso autor Natsume Sōseki.
Encorajado por este apoio, Akutagawa considerou-se a partir de então discípulo de Sōseki,
e começou a visitar o autor nas suas reuniões do seu círculo literário que ocorria toda
quinta-feira. Foi também nesta época que ele começou a escrever haiku sob o haigo (nome
literário) Gaki.
Estas reuniões o levaram a escrever Hana ("O Nariz", 1916), que foi publicado no
Shinshicho, e novamente louvado por Sōseki. Akutagawa seguiu com uma série de contos
ambientados no Japão do período Heian, período Edo e início do período Meiji, e baseavam-se nos
temas da feiura do egoísmo e do valor da arte. Estas histórias reinterpretavam trabalhos
clássicos e incidentes modernos de um ponto de vista moderno.
Exemplos destas histórias incluem: Gesaku zanmai ("Uma Vida Devotada a Gesaku", 1917)
e Kareno-shō ("Colheita de um Campo Definhado", 1918), Jigoku hen ("Tela do Inferno",
1918); Hokōnin no shi ("A Morte de um Cristão", 1918) e Butōkai ("O Baile", 1920).
Akutagawa foi um forte oponente do naturalismo, que havia dominado a ficção japonesa no
início do século XX. Ele continuou a inspirar-se em contos antigos, dando-lhes uma
interpretação complexa moderna, mas, entretanto, o sucesso de histórias
como Mikan ("Mexirica", 1919) e Aki ("Outono", 1920) o levaram a escrever cada vez mais
utilizando uma ambientação moderna.
Em 1921, no auge de sua popularidade, Akutagawa interrompeu sua carreira literária para
passar quatro meses na China, como reporter para o Mainichi Shinbun deOsaka. Esta viagem
foi estressante e ele sofreu de várias doenças, das quais sua saúde nunca recuperar-se-ia.
Logo após o seu retorno ele publicaria seu conto mais famoso, Yabu no naka (Dentro de um
Bosque, 1922).
A fase final da carreira literária de Akutagawa foi marcada pela deterioração de sua saúde
física e mental. Uma boa parte do seu trabalho desta época é claramente autobiográfico,
partes mesmo tomadas diretamente de seus diários. Seus trabalhos durante este período,
especialmente o Daidōji Shinsuke no hansei ("A Juventude de Daidōji Shinsuke", 1925) e
o Tenkibo ("Registro de Morte", 1926) são introspectivas e refletem sua depressão e
crescente impaciência com o deterioramento de seu estado mental.
Apesar de sua condição enfraquecida ele travou um debate espirituoso com o famoso
autor Jun'ichirō Tanizaki. Akutagawa atacou Tanizaki sugerindo que o lirismo era mais
importante que a estrutura numa história.
Os últimos trabalhos de Akutagawa: Kappa (1927), uma sátira baseada numa criatura
do folclore japonês, Haguruma ("Roda Dentada", 1927), uma história de terror baseada numa
mente sensível que perde gradualmente o senso de realidade, Aru ahō no isshō ("A Vida
de um Idiota"), e o Bungeiteki na, amari ni bungeiteki na ("Literário, Literário Demais",
1927) revelam muito sobre o seu etado psicológico final.
No fim de sua vida Akutagawa começou a sofrer de alucinações visuais e nervosismo devido ao medo de que ele houvesse herdado a loucura de sua mãe. Ele tentou o suicídio em 1927, junto com um amigo de sua esposa, mas a tentativa não teve sucesso. Por fim ele suicidou-se tomando uma overdose de Veronal, que lhe foi dado por Saito Mokichi a 24 de julho desse mesmo ano. Suas últimas palavras no seu testamento diziam que ele sentiu uma "vaga ansiedade" 「ぼんやりとした不安」 (Bon'yaritoshita fuan?). Contava com apenas 35 anos de idade.
Akutagawa não escreveu nenhum livro extenso, concentrando-se nos contos dos quais ele
escreveu mais de 150 durante sua curta vida. Akira Kurosawa dirigiu o filme Rashōmon (1950)
baseado nas histórias de Akutagawa; a maior parte da ação no filme era na realidade uma
adaptação do conto Dentro de um Bosque.
Em 1935, o grande amigo de Akutagawa, Kan Kikuchi, estabeleceu o prêmio literário de
mais prestígio do Japão, o Prêmio Akutagawa, em sua honra. O prêmio é conferido
anualmente a escritores iniciantes de potencial.