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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO ART 231, VII, DO CTB – efetuar transporte de pessoas ou bens, quando não for licenciado para esse fim, salvo casos de força maior ou com permissão da autoridade competente. Recentemente muito se tem comentado a respeito da legalidade da aplicação do artigo 231,VII-CTB por parte da PMMG, alegando-se que tal artigo não resta claro a situação dos veículos de aluguel (Taxi) e/ou que tipo de situação se enquadraria ao caso. Gerando dúvida no que se refere a situação irregular ou não de um taxi registrado, licenciado e autorizado por um determinado município que angaria e/ou transporta passageiros de um outro município para qualquer destino. Primeiramente, temos que ter em mente que não há restrição legal para o taxi que transporta passageiros do seu município de registro para um outro qualquer, e ainda, que retorne com os mesmos. Quanto aos demais veículos, excluindo os de aluguel, não há dúvida, sendo estes abordados efetuando transporte de pessoas ou bens sem a devida licença, e após comprovada aludida situação, seja pela habitualidade da conduta, seja pelo testemunho dos passageiros, o enquadramento ao artigo em comento está caracterizado. No entanto, ainda nos resta esclarecer a legalidade da aplicação do artigo 231, VII-CTB por parte da PMMG. Destarte, entendendo estar pacificado o dever da PMMG, após convênio firmado, em executar fiscalização de trânsito como agente do Órgão ou entidade executivos de trânsito ou executivos rodoviários (art. 23, III – CTB), estamos convictos que inexiste conduta arbitrária por parte dos policiais que notificam os condutores surpreendidos na prática de referida infração, senão vejamos: O CTB, nos artigos 107 e 135, estabelece que os veículos de aluguel (taxi), destinados ao transporte individual ou coletivo de passageiros, deverão satisfazer, além das exigências previstas no Código em tela, às condições técnicas e os requisitos de segurança, higiene e conforto estabelecidos pelo PODER COMPETENTE PARA AUTORIZAR, PERMITIR OU CONCEDER a

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO ART 231 - CTB

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Page 1: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO ART 231 - CTB

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO ART 231, VII, DO CTB – efetuar transporte de pessoas ou bens, quando não for licenciado para esse fim, salvo casos de força maior ou com permissão da autoridade competente.

Recentemente muito se tem comentado a respeito da legalidade da aplicação do artigo 231,VII-CTB por parte da PMMG, alegando-se que tal artigo não resta claro a situação dos veículos de aluguel (Taxi) e/ou que tipo de situação se enquadraria ao caso. Gerando dúvida no que se refere a situação irregular ou não de um taxi registrado, licenciado e autorizado por um determinado município que angaria e/ou transporta passageiros de um outro município para qualquer destino.

Primeiramente, temos que ter em mente que não há restrição legal para o taxi que transporta passageiros do seu município de registro para um outro qualquer, e ainda, que retorne com os mesmos.

Quanto aos demais veículos, excluindo os de aluguel, não há dúvida, sendo estes abordados efetuando transporte de pessoas ou bens sem a devida licença, e após comprovada aludida situação, seja pela habitualidade da conduta, seja pelo testemunho dos passageiros, o enquadramento ao artigo em comento está caracterizado.

No entanto, ainda nos resta esclarecer a legalidade da aplicação do artigo 231, VII-CTB por parte da PMMG. Destarte, entendendo estar pacificado o dever da PMMG, após convênio firmado, em executar fiscalização de trânsito como agente do Órgão ou entidade executivos de trânsito ou executivos rodoviários (art. 23, III – CTB), estamos convictos que inexiste conduta arbitrária por parte dos policiais que notificam os condutores surpreendidos na prática de referida infração, senão vejamos:

O CTB, nos artigos 107 e 135, estabelece que os veículos de aluguel (taxi), destinados ao transporte individual ou coletivo de passageiros, deverão satisfazer, além das exigências previstas no Código em tela, às condições técnicas e os requisitos de segurança, higiene e conforto estabelecidos pelo PODER COMPETENTE PARA AUTORIZAR, PERMITIR OU CONCEDER a exploração dessa atividade, e ainda, que tais veículos, para registro, licenciamento e respectivo emplacamento de característica comercial, DEVERÃO ESTAR DEVIDAMENTE AUTORIZADOS PELO PODER PÚBLICO CONCEDENTE. Ou seja, sabemos que o poder público concedente ou competente para autorizar e/ou permitir a exploração do TAXI, no âmbito do município, é o próprio município e, entre municípios, deverá haver o crivo do DER.

Isto posto, voltando a indagação inicial: “está irregular ou não a situação de um taxi registrado, licenciado e autorizado por um determinado município que, estando numa outra cidade, angaria e/ou transporta passageiros daquele local para qualquer destino?”. Para dirimir aludida celeuma, basta reportar-nos a nossa Lei Maior, CF/98, onde no seu artigo 30, inciso I e V, atribui ao município a organização e fiscalização do transporte de passageiros dentro do seu território.

Ora, se um determinado município possui competência para autorizar os serviços, ora em análise, apenas no seu território, logicamente, o taxista surpreendido angariando

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e/ou transportando passageiros partindo de um município diverso do seu registro/autorização, e ainda, estando o mesmo sem a devida documentação/autorização legal expedida pelo DER, ESTÁ IRREGULAR e perfeitamente enquadrado no artigo 231, VII-CTB, devendo o Policial Militar adotar todas as medidas pertinentes, sob pena de sua inércia ser alcançada pelos artigos 319 ou 324 do CPM.

Lembro que estamos analisando apenas a aplicabilidade do artigo 231, VII-CTB, por parte da PMMG, não entrando na seara do entendimento dos diplomas estaduais de nº 19.445/11 e 44035/05.

Por derradeiro, salvo existindo regulamentação específica, a qual não localizei, é o meu entendimento.

Emerson Martins da Silva, Tenente PMComandante do 3º Pel PM Rv