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Anais Expressão 2015 UFRR

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Compêndio com os trabalhos apresentados no Expressão 2015

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Page 1: Anais Expressão 2015 UFRR

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Page 2: Anais Expressão 2015 UFRR

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA - UFRR

Reitora:

Gioconda Santos e Souza Martinez

Vice-Reitor:

Reginaldo Gomes de Oliveira

Pró-Reitoria de Ensino e Graduação:

Antonio Cesar Silva Lima

Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Extensão:

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Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação:

Rosangela Duarte

Fotos da Capa: Acervo UFRR

Editora da UFRR

Diretor da EDUFRR:

Cezário Paulino Bezerra de Queiroz

Conselho Editorial

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Felipe Kern Moreira

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Gustavo Vargas Cohen

Lourival Novais Néto

Luis Felipe Paes de Almeida

Marisa Barbosa Araújo

Rileuda de Sena Rebouças

Silvana Túlio Fortes

Teresa Cristina E. dos Anjos

Wagner da Silva Dias

Editora da Universidade Federal de Roraima

Campus do Paricarana - Av. Cap . Ene Garcez, 2413

Aeroporto - CEP.: 69.304-000. Boa Vista - RR - Brasil

Fone:+55.95.3621-3111 E-mail: [email protected]

A Editora da UFRR é filiada à:

Page 3: Anais Expressão 2015 UFRR

3

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA - UFRR

REPRESENTAÇÕES CULTURAIS E SUAS

LINGUAGENS

MAURÍCIO ELIAS ZOUEIN

LUÍS FRANCISCO MUNARO

SÔNIA COSTA PADILHA

JEFFERSON TIAGO DE SOUZA MENDES DA SILVA

(organizadores)

Boa Vista / RR

2015

Page 4: Anais Expressão 2015 UFRR

4

Editora da Universidade Federal de Roraima

Todos os direitos reservados.

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos

direitos autorais (Lei n. 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.

Comissão Organizadora

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Isidoro de Morais

Rafael Ricardo Friesen

Lilian Coelho Pires

Cristiane Bade

Fabricio Tetsuya Parreira Ono

Sônia Costa Padilha

Apoio técnico

Josilane da Silva Conceição

Bianca Araújo Nascimento

Keliane Evangelista dos Santos

Comitê Científico

Ancelma Barbosa Pereira

Gustavo Frosi Benetti

Ivete Souza da Silva

Jefferson Tiago de Souza Mendes da

Silva

Leila Adriana Baptaglin

Lilian Pires

Luís Francisco Munaro

Mauricio Elias Zouein

Page 5: Anais Expressão 2015 UFRR

9

APRESENTAÇÃO:

Em 2012, a Direção do CCLA tomou a iniciativa de realizar um evento

para promover a integração das atividades de ensino, pesquisa e extensão

desenvolvidas no âmbito do CCLA. Assim nasceu a primeira edição

do EXPRESSÃO.

O evento também é um espaço de maior diálogo dos componentes do

CCLA com a sociedade, e uma oportunidade de receber renomados estudiosos e

pesquisadores, cujo conhecimento em área ou temática é de interesse dos

professores e alunos do CCLA.

Com as edições do EXPRESSÃO, estamos construindo pontes de

ligação entre acadêmicos locais e externos, assim como com a comunidade,

proporcionando entendimento e maior aproximação para realização de projetos e

parcerias.

Page 6: Anais Expressão 2015 UFRR

10

SUMÁRIO

EIXO 1 . TRANSCULTURALIDADE, LÍNGUA(GEM) E EDUCAÇÃO ....................................... 9

PRÁTICAS DE IMERSÃO: UM RELATO SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA PARA

ENSINO FUNDAMENTAL .................................................................................................................. 10

Antonio Lisboa Santos Silva Júnior

Vitor Rafael Siqueira de Araújo

A TRADUÇÃO DO CONTO COMO GÊNERO TEXTUAL: ESTRATÉGIAS TRADUTOLÓGICAS

EM “A SMALL, GOOD THING” DE RAYMOND CARVER ............................................................ 13

Vitor Rafael Siqueira de Araújo

A REPRESENTATIVIADE AFETIVA E SEMIÓTICA DOS EMOJIS NA DESCENTRALIZAÇÃO

E RECONSTRUÇÃO DE DISCURSOS EM COMUNIDADES VIRTUAIS ...................................... 17

Jacquellinne Marcella Araujo de Araujo

HISTÓRIA E LITERATURA: APROXIMAÇÕES E LIMITES NA PESQUISA HISTÓRICA ......... 20

Patricia Pereira do Nascimento

O PARADOXO DA INTERDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA ....... 24

Maria Odileiz Sousa Cruz

EIXO 2 . ENSINO E APRENDIZAGEM .......................................................................................... 26

A MÚSICA COMO UMA FERRAMENTA IMPORTANTE PARA ENSINO E APRENDIZAGEM

DO ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA .......................................................................... 27

Ana Pinheiro dos Santos

O PROFESSOR E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ............................................... 32

Ana Pinheiro dos Santos

Sofia Pinheiro dos Santos

A FERRAMENTA SCOOP.IT E SUA INFLUÊNCIA PARA O LETRAMENTO CRÍTICO NAS

AULAS DO PROGRAMA INGLÊS SEM FRONTEIRAS .................................................................. 36

Rafaela Portela Bezerra

HORTA PEDAGÓGICA COM EIXO MULTI E TRANS DISCIPLINAR.......................................... 40

Rafael Souza Coimbra

Verônica Pinheiro dos Santos

Célida Socorro Vieira dos Santos

APRENDENDO MATEMÁTICA ATRAVÉS DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ................... 44

Brenda Souza Coimbra e Silva

Mayra Karollinne Vieira dos Santos

Rozinaldo Galdino da Silva

RELATO DE EXPERIENCIA: ATIVIDADE MUSICAL REALIZADA NA ESCOLA MUNICIPAL

DE ENSINO BÁSICO VOVÓ DANDAE ............................................................................................. 48

Raísa Barbosa Lima

Celso Henrique Vieira de Lima

Page 7: Anais Expressão 2015 UFRR

11

CICLO SUSTENTÁVEL: DE RESÍDUOS SÓLIDOS A MERENDA ESCOLAR ............................. 52 Rafael Souza Coimbra

Verônica Pinheiro dos Santos

EIXO 3 . FORMAÇÃO DE PROFESSORES ................................................................................... 57

A GRAVURA ENQUANTO PRÁTICA PEDAGOGICA NO ENSINO DAS ARTES VISUAIS NO

ENSINO FUNDAMENTAL .................................................................................................................. 58

Dayana Soares Araújo

Marcele Socorro de Almeida Figueira

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: O PIBID COMO MEDIADOR DE EXPERIÊNCIAS NA VIDA

PROFISSINAL DO LICENCIANDO ................................................................................................... 62

Érika dos Santos Ferreira Gomes

DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA PARA O PROFESSOR

DA UERR, BOA VISTA-RR................................................................................................................. 67

Francisleile Lima Nascimento

Aline Dias de Santana

Marta de Almeida

TECNOLOGIA NO ENSINO SUPERIOR: ANÁLISE DO USO DE FERRAMENTAS

TECNOLÓGICAS POR DOCENTE EM SALA DE AULA NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE

RORAIMA (UERR), BOA VISTA-RR ................................................................................................. 72

Francisleile Lima Nascimento

Marta de Almeida

Aline Dias de Santana

EIXO 4 . PRODUTOS COMUNICACIONAIS................................................................................. 76

CAMINHOS DA AMAZÔNIA: NA DEFESA DA VIDA E ENCANTOS DO MONTE RORAIMA 77

Antonia Costa da Silva

A MIDIATIZAÇÃO E SEUS ORDENAMENTOS .............................................................................. 81

Vilso Junior Santi

DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL INTEGRADA NA UFRR ........................ 86

Sandra Gomes

JORNAL O ELABORADO ................................................................................................................... 90

Angeliana Louveira

Ana Paula Lima

A IMPRENSA DAS PERIFERIAS AMAZÔNICAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX .......................... 93

Luís Francisco Munaro

PRÁTICAS POLÍTICAS E COMUNICAÇÃO PÚBLICA: ALGUNS ANTECEDENTES EM

RORAIMA ............................................................................................................................................. 97

Damião Marques de Lima

EIXO 5 . PRODUÇÕES ARTÍSTICAS, CULTURAIS E LITERÁRIAS .................................... 102

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL NO CONTO “UM LADRÃO”, DE GRACILIANO RAMOS ...... 103

Carla Carolina Moura Barreto

Rosangela Costa de Abreu

Odilon Rosa Corrêa

Page 8: Anais Expressão 2015 UFRR

12

MURALISMO E INTERVENÇÕES CONTEMPORÂNEAS NO CAMPUS DA UFRR .................. 107

Elias Magalhães de Almeida

EUCLIDES DA CUNHA E NENÊ MACAGGI: UMA LEITURA SOBRE A AMAZÔNIA

BRASILEIRA DO SÉCULO XX ........................................................................................................ 111

Emily Monteiro Costa

Maurício Elias Zouein

BEIJO LESBICO E GAY: UMA QUEBRA DE PADRÕES OU DIREITO DE IGUALDADE? ...... 114

Joilson Trindade de Souza

Mariana Beserra de Oliveira

NOVE NOITES: DISCURSO ACERCA DA EXISTÊNCIA ............................................................. 119

Jakson Hansen Marques

REPRESENTAÇÕES DE CURITIBA EM “A LINGUAGEM PROMETIDA” DE SÉRGIO RUBENS

SOSSÉLLA .......................................................................................................................................... 124

Jacquellinne Marcella Araujo

EIXO 6 . ESTUDOS REGIONAIS ................................................................................................... 126

A DEFESA DE UMA GEOGRAFIA MAIS LÚDICA EM SALA DE AULA .................................. 127

Hudson Gustavo Almeida

Felipe Rhuan do Santos Paixão

Altiva Barbosa da Silva

O GEOTURISMO COMO UMA NOVA PERSPECTIVA DO RURAL NO APIAÚ E CAMPOS

NOVOS: A POUSADA DO SOSSEGO .............................................................................................. 130

Felipe Rhuan dos Santos Paixão

Altiva Barbosa da Silva

A VIOLÊNCIA ENTRE ALUNOS NA ESCOLA ESTADUAL JESUS NAZARENO DE SOUZA

CRUZ ................................................................................................................................................... 134

Ana Pinheiro dos Santos

Linalva da Silva

O GADO PÉ DURO DE RORAIMA NA HISTÓRIA REGIONAL................................................... 138

Lodewijk Hulsman

MIGRANTES EM RORAIMA: DIFUSÃO CULTURAL NA CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DA

MÚSICA REGIONAL RORAIMENSE .............................................................................................. 142

Marcos Vinícius Ferreira da Silva

Leila Adriana Baptaglin

UMA PERSPECTIVA DO ENSINO DA L3 NAS ESCOLAS BILÍNGÜES E INCLUSIVAS PARA

SURDOS NO BRASIL: A SITUAÇÃO DO SURDO EM BOA VISTA - RORAIMA ..................... 146

Antonio Lisboa Santos Silva Júnior

A PERCEPÇÃO DO ARTISTA INDÍGENA SOBRE A PEDRA PINTADA/RR ............................. 149

Acsa Ribeiro

Leila Adriana Baptaglin

Page 9: Anais Expressão 2015 UFRR

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EIXO 1 . TRANSCULTURALIDADE, LÍNGUA(GEM) E

EDUCAÇÃO

Page 10: Anais Expressão 2015 UFRR

10

PRÁTICAS DE IMERSÃO: UM RELATO SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA

INGLESA PARA ENSINO FUNDAMENTAL

Antonio Lisboa Santos Silva Júnior – UFRR

([email protected])

Vitor Rafael Siqueira de Araújo – UFRR

([email protected])

A proposta deste trabalho é contar uma experiência vivenciada por alunos do curso de

Letras com Habilitação em Língua Inglesa da Universidade Federal de Roraima que

planejaram e executaram um projeto de imersão na disciplina obrigatória de Estágio em

Língua Inglesa Ensino Fundamental no semestre 2015.1.

O projeto foi organizado junto ao Núcleo de Estudos de Línguas Estrangeiras

(NUCELE) da UFRR, competindo ao núcleo a responsabilidade de elaborar as inscrições dos

alunos no projeto, disponibilizar uma sala de aula para as oficinas serem realizadas e,

também, de emitira certificação dos participantes.

O intuito da oficina foi fazer com que alunos do ensino fundamental da rede pública

tivessem a experiência de vivenciar 14 dias (distribuídos em três semanas, cada semana com

três dias de oficina, e cada oficina com 2 horas) usufruindo da cultura guianense sem que eles

soubessem.

A hipótese de trabalhar com a temática de trazer a cultura guianense foi instigada

devido a falta de atenção à cultura Guianense nas aulas observadas nas escolas publicas

locais.

Para observar aspectos sócio antropológicos como cultura e história, e metodológicos

como a relação professor-aluno, nos utilizamos da teoria etnográfica de André (2007). A

partir disso, trouxemos atividades que possibilitariam a imersão do aluno de língua

estrangeira em um contexto sociocultural com características que figurem a realidade de um

país falante de inglês como língua nativa, a Guiana, mais especificamente a cidade de

Georgetown. A priori, falamos que a cidade era chamada de “English City”. Mantivemos o

segredo até o último dia, quando os alunos foram perguntados sobre onde eles imaginariam

que essa cidade poderia existir de verdade, pois era um dos objetivo da oficina.

Este projeto foi desenvolvido a partir de diálogos envolvendo as teorias de Woodward

(2001) e de Richards & Nunan (1990) que dialogam sobre o “macroteaching e

Page 11: Anais Expressão 2015 UFRR

11

microteaching”, que são as atividades experienciais, nas quais o professor direciona sua

experiência de vida para o aluno.

De acordo com as análises feitas sobre os conteúdos programáticos da disciplina de

língua inglesa do Colégio de Aplicação - CAp/UFRR (a partir do qual nos embasamos para

montar os planos de aulas) foi acordado que trabalharíamos com alunos do oitavo ano, no

intuito de facilitar o trabalho de aperfeiçoamento das habilidades de Reading, Speaking,

Writingand Listening, tendo como resguarda que esses alunos já possuem uma noção básica

do idioma, mas atentos à possibilidade de participação de estudantes cujo nível de

proficiência era abaixo do esperado. Nos utilizamos da linguagem encontrada em guias de

inglês para viagem como auxílio ao desenvolvimento da oficina e, consequentemente, ao

ensino-aprendizagem da língua.

O pressuposto de que as atividades na aprendizagem de língua estrangeira devem ser

relevantes para que o aluno tenha mais um incentivo nos leva a pensar na possibilidade de

induzir o aprendiz ao gosto pelo idioma do outro. Nesse sentido, o foco da oficina foi quebrar

paradigmas e desmistificar a crença de tradicional repercussão entre os alunos roraimenses de

que o inglês falado na Guiana é marginal. De modo geral, o projeto visou desenvolver a

língua inglesa, em suas quatro habilidades, realçando aspectos relevantes a situações reais e

exaltando a cultura Guianense para alunos do ensino fundamental do Colégio de

Aplicação/UFRR e de outras instituições de ensino.

O objetivo da oficina foi trabalhar com a imersão dos alunos em um contexto

sociocultural semelhante ao da Guiana através de situações reais de comunicação.

Trabalhamos com um modelo de dólar guianense, nomes reais dos restaurantes que há por lá,

comidas típicas, pontos turísticos reais e literatura regional (as utilizadas foram The Baccoo e

The Moongazer).

O que vemos geralmente nas escolas de ensino básico é o engrandecimento da cultura

de países dominantes, prática que inferioriza a variação guianense da língua e até mesmo a

cultura desse povo.

A da oficina tivemos como objetivo geral incentivar os alunos a permanecer estudando

o idioma de língua inglesa no NUCELE, tendo em vista que as aulas das oficinas foram

ministradas lá e, portanto, os alunos já estariam habituados com ambiente e material didático

utilizados. E os objetivos específicos foi melhorar a comunicação dos alunos em Língua

Inglesa, promover a produção de materiais pelos alunos e faze-los refletir sobre as aulas

aprendidas na oficina, promover motivação nos alunos acerca de desenvolver as habilidades

propostas por este trabalho de acordo com suas necessidades comunicativas e, por fim,

promover um bem-estar em sala de aula, tornando a relação entre professor e aluno

Page 12: Anais Expressão 2015 UFRR

12

confortável, gerando confiança entre ambos para uma melhor comunicação que facilite no

aspecto tira-dúvidas.

A metodologia da oficina foi baseada no conteúdo programático de ensino dos alunos

da escola Aplicação/UFRR, ou seja, o material estudado pelos alunos deu suporte ao que eles

estavam estudando na escola. As aulas foram dadas em blocos pares, isto é, em uma aula o

aluno foi submetido a receber orientações dos professores sobre o conteúdo a ser estudado, e

na outra aula, foi lhe entregue um material para produção de atividades.

No fim dessa oficina, todas as atividades produzidas foram expostas para as alunas. As

atividades foram guardadas dentro de uma boxfolio, que era uma caixa que serviu como meio

de avaliação de cada aluno onde todo material produzido era guardado. As alunas se deram

conta que estavam vivenciando um tipo de cultura já percebida antes (o da Guiana) e disseram

que o modelo de oficina contribuiu para entender melhor a cultura do país vizinho.

REFERÊNCIAS

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. Campinas:

Papirus, 1995.

RICHARDS, Jack C.; NUNAN, David. Second Language teacher education. Cambridge

University Press, 1990.

WOODWARD, Tessa. Planning lessons and courses: designing sequences of work for the

language classroom. United Kingdom: CUP, 2001.

BRUNER, J. O Processo da educação Geral. 2ª ed. São Paulo: Nacional, 1991

MARQUIM, Camila. Guia prático para se virar em inglês. Disponível em:

<https://naviagemcomcamila.files.wordpress.com/2013/04/guia-prc3a1tico-para-se-virar-em-

inglc3aas1.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2015.

ALLICOCK, Dmitri. Myths, Legends, Folktales, of Guyana.

<https://guyaneseonline.files.wordpress.com/2012/10/myths-legends-folktales-and-fables-of-

guyana.pdf>. Acesso em 27 abr. 2015.

HUBPAGES. Jumbees of guyana. Disponível em

<http://littletwotwo.hubpages.com/hub/Jumbies-of-Guyana>. Acesso em 27 abr. 2015.

Page 13: Anais Expressão 2015 UFRR

13

A TRADUÇÃO DO CONTO COMO GÊNERO TEXTUAL: ESTRATÉGIAS

TRADUTOLÓGICAS EM “A SMALL, GOOD THING” DE RAYMOND CARVER

Vitor Rafael Siqueira de Araújo - UFRR - [email protected]

Este projeto, desenvolvido no âmbito da disciplina de Metodologia do Texto

Científico ofertada na UFRR, é o primeiro passo para a confecção de um Trabalho de

Conclusão de Curso (TCC). Desta forma, a pesquisa feita é, até o momento, uma parte

preliminar do trabalho, cujo objetivo geral é explicitar as estratégias tradutológicas utilizadas

por Rubens Figueiredo ao traduzir o conto “A Small, Good Thing” de Raymond Carver – o

qual será concluído durante o semestre 2015.2.

Atualmente, o arcabouço teórico da tradução de literatura em prosa é menos vasto do

que de poesia, como percebe Windle & Malmkjær (2011) no The Oxford Handbook Of

Translation Studies. Sendo assim, depois de elencar as estratégias utilizadas na tradução de A

Small Good Thing, pretendo levantar hipóteses sobre essa utilização ter ligação ou não com o

gênero do texto-alvo Uma Coisinha Boa. No entanto, é preciso que delimite-se também a que

gênero o texto-alvo pertence, visto que ocorre certa confusão quanto à conceituação dos

gêneros literários na teoria da literatura e os textos de Carver foram reeditados pelo menos

três vezes.

Nos Estados Unidos, país onde Raymond Carver escreveu e publicou toda sua obra, o

texto-fonte é conhecido como uma short story, expressão que equivale em português a conto.

Porém, há conceituações distintas sobre os termos nas duas línguas. O conto – short stories ou

tales – é um dos estilos literários mais aclamados na literatura americana atualmente. E há

quem relacione essa ascensão de prestígio, durante o século XX, às produções de Raymond

Carver, que “foi um entre os seletos escritores contemporâneos creditados com o

reavivamento do que já se havia considerado uma forma de literatura em decadência“

(POETRY FOUNDATION, 2015). Com o tempo cada vez mais fragmentado devido aos

diversos afazeres cotidianos do mundo globalizado, o interesse por leituras rápidas tem

ganhado espaço no contexto literário desse país, e no mundial. Os contos, consequentemente,

são alternativas para a leitura, como dizia Poe (1999), “de uma assentada só” ao invés de

romances e novelas, que demandam mais tempo de quem as lê. A procura por textos breves

de produção recente em literatura norte-americana, me levou a consultar um manual

encontrado na internet chamado “Perfil da Literatura Americana”, o qual trazia um panorama

Page 14: Anais Expressão 2015 UFRR

14

com as principais características dos períodos literários nos Estados Unidos. Encontrei, então,

um autor que escrevia sobre a “vida cotidiana e os pequenos acontecimentos que afetam a

chamada ‘gente comum’: a parcela marginalizada pela sociedade, excluída do ‘Sonho

Americano’” (MARQUES & SCHEREEN, 2012) e que fora intitulado “o escritor de contos

de maior influência nos EUA” (VANSPANCKEREN, 2015). As obras de Carver são ainda de

tanta importância para a literatura norte-americana que foi fundada em 2005 a Sociedade

Internacional de Estudos sobre Raymond Carver, durante uma convenção da Associação

Americana de Literatura, em Boston. Segundo Marques e Schereen (2012), Raymond Carver

foi revitalizador da maneira de se escrever narrativas curtas na literatura norte-americana do

seu tempo.

No entanto, Carver não é um autor popular entre os brasileiros. Há apenas um livro de

contos traduzido integralmente para o português brasileiro. Rubens Figueiredo traduziu em

2009 o livro Beginners, cuja única tradução publicada no Brasil até o momento é Iniciantes,

portanto, merece atenção quanto à maneira com que o versionista se prestou a traduzir. Essa,

contudo, não é a única tradução dos escritos de Carver, pois Figueiredo já traduzira outros

contos do autor na antologia 68 Contos de Raymond Carver; e outros tradutores se

debruçaram sobre seus livros de poemas. Por ter sido publicado recentemente, Iniciantes é um

livro pouco estudado no Brasil no que concerne à sua tradução, apesar de que existe

quantidade satisfatória de trabalhos em literatura sobre os textos encontrados no livro. É

interessante, por isso, um olhar teórico sobre a obra, sem dúvida menos avaliativo e mais

descritivo, focado no processo de tradução das narrativas de Carver encontradas em

Iniciantes. O site Tiro de Letra diz sobre Rubens Figueiredo que “a preservação das

características linguísticas dos [textos] originais é uma de suas marcas como tradutor”. No

entanto, nos estudos contemporâneos sobre tradução literária, a literalidade não é o principal

critério de qualidade, como se configurava tempos atrás. Isso relativiza a questão de que

preservar características específicas de um autor é fazer uma boa tradução. Como foi feita,

então, a tradução da narrativa Uma Coisinha Boa? Quais foram as estratégias tradutológicas

utilizadas no processo de tradução de “A Small, Good Thing”, de Raymond Carver, para a

versão “Uma Coisinha Boa” por Rubens Figueiredo?

Rosemary Arrojo (2007) defende que o fato de o tradutor saber que um texto é

literário influi diretamente na escolha de palavras e expressões enquanto se traduz um texto;

para ilustrar seu pensamento, dá um exemplo do gênero poesia. Inferimos, partindo disso, que

a prosa também tem esse efeito e, portanto, influi na escolha das palavras durante a tradução.

Existe alguma especificidade na tradução de prosa literária enquanto gênero, assim como em

Page 15: Anais Expressão 2015 UFRR

15

poesia? Se sim, quais características são predominantemente encontradas na tradução de prosa

literária?

Depois de ter pesquisado sobre a sua obra, e lido “A Small, Good Thing”, e sua versão

em português “Uma Coisinha Boa”, tive curiosidade sobre como se dá o processo de tradução

de um texto literário, em especial o conto, sabendo-se que cada gênero literário tem suas

peculiaridades perante a crítica literária. Para alcançar esse objetivo, julgo importante

diferenciar os gêneros literários, diferenciação que neste caso será feita segundo a visão de

Massaud Moisés (2006), e especificar os aspectos particulares ao gênero conto, segundo

Nadia Battella Gotlib (2006), por levar em consideração que a história de Carver é

considerada uma short story, expressão equivalente à palavra “conto” do português. A partir

disso, procurarei descobrir quais foram as estratégias tradutológicas utilizadas pelo tradutor

Rubens Figueiredo ao traduzir o livro de Raymond Carver Beginners para a única versão em

português publicada por uma editora no Brasil, o livro Iniciantes –– o qual reúne 17 contos do

autor, incluindo “Uma Coisinha Boa”, objeto de estudo deste trabalho.

Visto que a tradução de poesia dispõe de vasto aporte teórico específico e os estudos

da tradução parecem não endereçar atenção particular ao subgênero conto em si, buscarei

explicitar particularidades do gênero prosa que influenciem no processo tradutológico de

tomada de decisão, procurando especificamente por peculiaridades do subgênero narrativa

curta. Farei um apanhado dos trabalhos elaborados na área de tradução literária que deem

atenção ao gênero literário como fator importante no momento da escolha das palavras no

texto-alvo. Serão levantados estudos acerca da conceituação de “conto”, distinguindo-o,

portanto, de outros gêneros literários como a novela e o romance. Consultarei aos estudos

literários e de tradução e, paralelamente, farei análise comparativa entre o texto-fonte no livro

Beginners e o texto-alvo, traduzido por Rubens Figueiredo, no livro Iniciantes.

Para a análise irei dispor uma página fotocopiada de cada texto (fonte e alvo) por vez,

coladas à parede lado a lado, identificando, assim, as estratégias utilizadas durante a tradução.

O trabalho visa a auxiliar futuros estudos na área de tradução literária, pois serão apresentadas

as estratégias de tradução de um conto por um tradutor apenas, mas que poderão ser

generalizadas para a tradução do gênero em si. Dessa forma, o presente estudo poderá

contribuir com os Estudos da Tradução, mais especificamente à subárea de Tradução de Prosa

Literária. Levando em consideração, ainda, que a área de tradução literária é pouco

prestigiada na universidade em que estudo, pretendo divulgar o trabalho em eventos

acadêmicos como tentativa de instigar a pesquisa nesse campo e endereçar a atenção dos

Page 16: Anais Expressão 2015 UFRR

16

participantes às estratégias tradutológicas identificadas no processo de tradução de “A Small,

Good Thing” para o português.

REFERÊNCIAS

CARVER, Raymond. Beginners. London: Chatto Bodley Head & Cape (2009)

________. Iniciantes. Trad. Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do conto. 11 .ed. São Paulo Ática, 2006. 95p. —

(Princípios ; 2).

MALMKJÆR, Kirsten; WINDLE, Kevin. The Oxford Handbook Of Translation Studies.

Oxford University Press, 2011.

MARQUES, Ariane Conceição Ribeiro; SCHEEREN, Cláudia Mendonça. Raymond

Carver: A Genialidade dos Detalhes Mínimos. In: Revista Entrelinhas – Vol. 7, n. 2

(jul./dez. 2012). Pág. 217-226.

MOISÉS, Massaud. A criação literária : prosa 1. 20. ed. -- São Paulo : Cultrix, 2006.

POE, Edgar Allan. Resenhas sobre Twice-Told Tales, de Nathaniel Hawthorne. Tradução

de Charles Kiefer. Bestiario, Porto Alegre, v.1, n.6, 2004. Disponível em:

<http://www.bestiario.com.br/6.html> Acesso em: 31 out. 2011.

POETRY FOUNDATION. Raymond Carver. Disponível em:

http://www.poetryfoundation.org/bio/raymond-carver. Acesso em 24 jun. 2015.

VANSPANCKEREN, Kathryn. Perfil da Literatura Americana, edição revisada.

Departamento de Estados Unidos da America. [s.l:s.n]. Disponível em:

<http://photos.state.gov/libraries/amgov/30145/publications-

portuguese/B_Outline_AmericanLiterature_Portuguese_digital.pdf>. Acesso em 14 abr. 2015.

Page 17: Anais Expressão 2015 UFRR

17

A REPRESENTATIVIADE AFETIVA E SEMIÓTICA DOS EMOJIS NA

DESCENTRALIZAÇÃO E RECONSTRUÇÃO DE DISCURSOS EM

COMUNIDADES VIRTUAIS

Jacquellinne Marcella Araujo de Araujo – UFRR

([email protected])

Este trabalho pretende analisar, de forma dialética, como o uso de símbolos

pictográficos no cibercontexto desconstrói, descentraliza e reconfigura a linguagem

tradicional - afetiva e semioticamente - reconstruindo-a em comunidades virtuais a fim de

compensar as limitações não verbais impostas aos discursos virtuais.

A sociedade se deu primeiramente de forma fechada, onde se tinha como foco a

comunicação oral. Em seguida as sociedades imperialistas com o uso da escrita e

desenvolvimento da impressa, e, por fim, na atualidade, a cibercultura; reflexo do que se

chama, em termos gerais, de globalização. (LÉVY, 1999).

A fluidez é uma das características mais salientes da modernidade, e,

conseguintemente, da pós-modernidade; velocidade, fragmentação das relações - sejam estas

sociais, políticas ou econômicas -, e também a noção de tempo e, especialmente, de espaço.

Diante da perspectiva estética da modernidade, com o avanço tecnológico, tem-se a facilidade

de reprodutibilidade de informações em tempo real. E é todo este contexto que atua

diretamente nas configurações das linguagens atuais.

O advento das tecnologias, expandido com o surgimento da internet, tende a

acompanhar o ritmo imposto pela sociedade capitalista, logo a linguagem tende a ser mais

fluída, informal e assume o hipertexto como gênero predominante. As principais

características dessa linguagem virtual são uma escrita rápida, na qual há prevalência da

informalidade, e a formação de pequenas comunidades, nas quais há uso de um mesmo

código. Esta linguagem é caracterizada pelas abreviações, aglutinações, substituições, desvios

da norma em vigência em gramáticas e dicionários, uso de estruturas coloquiais e uso de

componentes não verbais. (STORTO, 2011).

Estes componentes não verbais têm o intuito de compensar a ausência de gestos,

expressões faciais e entonação da voz utilizando-se de elementos pictográficos na

representação de afetividade, atividades, sensações e até mesmo sentimentos mais complexos

e/ou efemeridades características de uma rede em constante atualização.

Page 18: Anais Expressão 2015 UFRR

18

Originalmente os emoticons eram compostos apenas por sinais de pontuação e outras

virtualidades oferecidas e limitadas apenas pelos teclados convencionais, como por exemplo

:), ;), :D, :( , =), :], :/, :|, :O.

Em seguida, houve a popularização, principalmente em função do mensageiro

instantâneo Windows Messenger, do uso de sinais não mais de pontuação na constituição das

imagens para representar emoções, passa-se a ter então ícones amarelos, redondos,

apresentando expressões mais específicas e variadas, porém estáticas. Não pressupunham

nenhuma atualização já que pretendiam representar ideias mais universais.

Com o advento dos smarphones e de redes sociais como Whatsapp, Facebook e

Instagram, teve-se a popularização dos emojis, que são formas mais modernas e em constante

atualização, acompanhando o ritmo da configuração sociocultural e política atual.

Paralelamente aos emojis há os emojicons, que também são utilizados largamente no

Whatsapp e em outras mídias sociais. Entretanto estes não assumem essa característica de

transformação em “rostos”, como aqueles citados previamente, redondos e amarelos; os

emojicons conservam as características da primeira versão dos emoticons. Estes são

compostos por elementos gráficos, como barras e parênteses, entretanto, mais complexos que

os primeiros, e em uma configuração de rede diferente e constantemente atualizada por seus

usuários. ლ(╹◡╹ლ), ¯\_(ツ)_/¯, ಠ_ಠ, and (╯°□°)╯︵┻━┻

Page 19: Anais Expressão 2015 UFRR

19

Esse tipo de linguagem diversa só é possível em função do ciberespaço e,

consequentemente, das comunidades virtuais; o ciberespaço seria como um sistema interativo

aberto para trocas e infinitas conexões com outros hipertextos (MUSTARO, 1997). O

hipertexto consiste em um texto interligado a outros por meio de hiperlinks – estes são partes

constituintes de softwares que se ligam a outros por meio de hiperlinks, que, por sua vez, são

partes constituintes dos softwares. A influência da internet na vida pós-moderna pode ser

observada no fato de os internautas criarem e acompanharem as novidades linguísticas e se

atualizarem em relação a elas.

Estas representações imagéticas são dotadas de sentidos e objetivam se utilizar da

qualidade das informações no estabelecimento comunicativo; tornando-as, portanto, mais

rápidas e fluidas. No contexto cibernético isso se mostra mais claro a partir da criação, por

parte dos usuários, de imagens capazes de dinamizar a comunicação já que as imagens

resultantes servem a finalidade de representar letras, expressões, emoções, sentimentos, e

referências a eventos, tendências, no presente momento de uso (STORTO, 2011).

Por outro lado, os emojis são mais que apenas substituições de ideias, sentimentos e da

grafia de palavras. Os emojis, justamente pela possibilidade de atualização constante,

conseguem acompanhar o fluxo da vida moderna, sendo muito mais que apenas a

representação de emoções e sensações, expõe também como se dão as relações entre os

sujeitos virtuais e o contexto histórico-social no qual se encontram; o espectro semântico de

cada imagem é ampliado, de modo a ser coerente com a própria complexidade proposta.

Em função dos tempos contemporâneos, tornou-se impossível limitar a linguagem aos

formatos rígidos e convencionais. Tornou-se necessário compreender que a associação entre

elementos verbais e não verbais passou, em realidade, a ser a própria condição da linguagem.

Preciso foi desconstruí-la, através do processo iniciado com as representações afetivas virtuais

- que se utilizavam de sinais de pontuação, quando se pretendia apenas suprir a ausência de

elementos não verbais e afetivos num plano virtual -, de modo a reconstrui-la constantemente

a partir de cada descoberta, acontecimento e mudança sociocultural da atualidade, já que a

composição das próprias imagens, seus sentidos e suas virtualidades dependem dessa

constante atualização, estabelecendo, portanto, uma via de mão dupla.

REFERÊNCIAS

LÉVY, Pierre. A emergência do cyberspace e as mutações culturais. Disponível em:

<http://www.caosmose.net/pierrelevy/aemergen.html>Acesso em: 28 set. 2015

MUSTARO, PollyanaNotargiacomo. Ciberespaço: horizontes e possibilidades. Disponível

em: <http://www.fics.edu.br/index.php/augusto_guzzo/article/view/103/118>. Acesso em 27

set. 2015

Page 20: Anais Expressão 2015 UFRR

20

STORTO, Letícia Jovelina; SILVA, Marcio Renato Pinheiro.Emoticons: adereços às

conversas virtuais?Disponível

em:http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_16_emoticons.pdf. Acesso em 24 set. 2015

HISTÓRIA E LITERATURA: APROXIMAÇÕES E LIMITES NA PESQUISA

HISTÓRICA

Patricia Pereira do Nascimento - UFRR - [email protected]

INTRODUÇÃO

Tendo em vista a importância da construção do conhecimento histórico, a presente

pesquisa tem como um de seus objetivos discutir a relação existente na utilização da

Literatura como fonte histórica no ofício do historiador, tendo em vista que a obra literária se

apresenta como um caminho que possibilita a análise da representação da história de diversas

épocas e períodos apresentando ricas visões sobre o contexto histórico. Deste modo, é

possível perceber elementos econômicos, geográficos, do cotidiano e as relações sociais de

uma certa sociedade em um certo período da História por meio do texto literário.

Porém, deve-se considerar que a Literatura, assim como as outras fontes, também tem

suas particularidades, seus interesses, ou seja, um texto literário como uma fonte histórica é

fruto de um processo social, sendo assim, ele precisa ser interrogado como qualquer outro

documento, monumento, assim como qualquer outra fonte. Então, como utilizar esse tipo de

fonte? Como funciona o diálogo interdisciplinar entre a História e a Literatura com fins à

pesquisa histórica? Em meio a tais indagações, a questão central que norteia essa pesquisa, é

compreender quais as potencialidades na utilização do gênero literário como fonte histórica.

OBJETIVOS

Discutir sobre a utilização da Literatura como fonte histórica no ofício do historiador.

Mostrar a relação existente entre História e Literatura, analisando suas proximidades e

distanciamentos;

Compreender como a Literatura pode ser uma representação simbólica de um dado

contexto histórico.

METODOLOGIAS

Page 21: Anais Expressão 2015 UFRR

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Por se tratar de um trabalho teórico, que busca fazer uma discussão epistemológica,

foi feita uma pesquisa de cunho teórico metodológico, dialogando com autores que abordam

sobre o tema, sendo de grande importância a busca por autores que trabalham a questão da

narrativa histórica e literária, assim como a relação existente entre história e literatura, a

escrita da história, dentre outros assuntos afins, para que assim se torne possível fazer uma

discussão sobre a utilização da Literatura como fonte histórica. Além disso, tornou-se

indispensável traçar um diálogo interdisciplinar, buscando o auxílio de algumas discussões a

respeito de conceitos próprios da teoria literária.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Atualmente, sabe-se, pois, que a busca pelo conhecimento histórico não esta retida

somente em documentos escritos políticos, bem mais do que isso, a construção do

conhecimento histórico se dá a partir de qualquer produção feita pelo homem no tempo e no

espaço. Sendo assim, a Literatura pode ser considerada uma fonte histórica, tendo muito a

oferecer como documento para o historiador.

A partir de obras literárias, é possível compreender o passado a partir de

representações dadas pelo texto literário. “Ela representa o real, ela é fonte privilegiada para a

leitura do imaginário”. (PESAVENTO, 2004, p.82). As narrativas literárias propagam valores

culturais, visões de mundo do homem a partir do tempo e do espaço.

Graças à renovação das fontes utilizadas pelos historiadores, atualmente podemos

fazer uso dos impressos como fonte de pesquisa, pois hoje o conceito de fonte histórica vai

muito além de documentos oficiais, sendo tudo aquilo que é produzido pelo homem no tempo

e no espaço, tudo o que sirva de base para a construção do conhecimento histórico

(SILVA;SILVA, 2009).

Considera-se então, que a Literatura pode ser uma representação simbólica de um

determinado contexto histórico, pois a narrativa literária é construída através de reconstrução

de fatos, lugares e temporalidade inventados ou não, e podendo servir como uma interpretação

do mundo a partir de quem escreve a obra. Diante disso recorre-se à Chartier (2002) quando

descreve que a noção de representação pretende compreender o funcionamento da sociedade

ou definir as operações intelectuais que permitem compreender o mundo.

Page 22: Anais Expressão 2015 UFRR

22

Entretanto, como diz a historiadora Zeloí Aparecida Martins dos Santos (s/d), a

literatura e a história são duas formas de se registrar o discurso da humanidade, porém elas se

diferenciam por seus conceitos de ficção e veracidade.

A discussão entre o que é verdadeiro e o que é falso é justamente o que causa

distanciamentos entre as duas disciplinas aqui tratadas. Para ser mais específica, existe uma

diferenciação entre os compromissos de cada uma dessas narrativas.

A História tem total compromisso com a verdade, ou seja, ela se diferencia da ficção

literária por tentar reconstruir o passado através de vestígios. O historiador precisa seguir a

rigorosos métodos, fazer análise crítica das fontes que serão utilizadas em sua pesquisa. Sendo

assim, a historiografia é uma narrativa sobre o passado, que tem por intenção atingir a

verossimilhança das práticas do passado conforme as fontes consultadas. Já a narrativa

literária, ao contrário da História, não tem o compromisso de comprovar algo que realmente

tenha acontecido, ela não tem compromisso com a veracidade, a Literatura é “imaginativa, no

sentido de ficção – escrita esta que não é literalmente verídica” (EAGLETON, 2001).

É como afirma Jonathan Culler:

A obra literária é um evento linguístico que projeta um mundo

ficcional que inclui falante, atores, acontecimentos e um público

implícito (um público que toma forma através das decisões da obra

sobre o que deve ser explicado e o que se supõe que o público saiba).

As obras literárias se referem a indivíduos imaginários e não

históricos (CULLER, 1999, p.37).

Como se pode perceber, a Literatura mesmo tendo um valor fictício, é uma ótima fonte

para se compreender um contexto histórico-social, podendo fazer com que várias

problemáticas sejam despertadas a partir da leitura de um texto literário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os debates sobre o uso da Literatura como fonte histórica ainda hoje continuam a ser

um tema bastante discutido entre os historiadores. Ainda há pesquisadores receosos em fazer

abordagens sobre esse assunto e que se sentem desconfortáveis ao pensar a respeito do uso de

uma obra literária como um documento de pesquisa para a História. Isso se dá por conta do

compromisso de cada uma delas, pois a literatura como uma narrativa fictícia, que não tem

nenhum compromisso com a verdade, podendo ser uma riquíssima fonte histórica no ofício do

historiador, considerando que a historia não busca exclusivamente a veracidade dos fatos.

Page 23: Anais Expressão 2015 UFRR

23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORGES, Valdeci. História e Literatura: algumas considerações. Disponível em:

<http://www.historia.ufg.br/up/114/o/ARTIGO__BORGES.pdf> Acesso em: 12 jul. 2014

BURKE, Peter. A revolução francesa da historiografia: a Escola dos Annales 1929-1989.

2 ed. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991.

CHARTIER, Roger. À beira da falésia. Porto Alegre: UFRGS, 2002. p. 223-242.

CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Lisboa e Rio de

Janeiro: Difel e Editora Bertrond, 1990.

CULLER, Jonathan. Teoria Literária: uma introdução. São Paulo: Beca Produções

Culturais LTDA, 1999.

EAGLETON, Terry. Teoria da literatura: uma introdução. 4º ed. São Paulo: Martins

Fontes, 2001.

LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre. História: novas abordagens. Rio de Janeiro: Francisco

Alves, 1995.

PESAVENTO, Sandra. História e História Cultural. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

PINSKY, Carla; LUCA, Tania (orgs). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto,

2009. p. 61-88.

RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Campinas, SP: Papirus, 1994.

REIS, José Carlos. A escola metódica dita “positivista” In: A História, entre a filosofia e a

ciência. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 15-33

RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Campinas, SP: Papirus, 1994.

SANTOS, Zeloí. História e Literatura: uma relação possível. Disponível em:

<http://www.fap.pr.gov.br/arquivos/file/RevistaCientifica2/zeloidossantos.pdf> Acesso em:

29 mai. 2014.

SILVA, Kalina. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto: 2005. p. 158-161.

SILVA, Tomaz. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Rio de

Janeiro: Vozes, 2009.

VAINFAS, Ronaldo. História das Mentalidades e História Cultural: In CARDOSO, Ciro

Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (orgs). Domínios da História. Rio de Janeiro: Campus,1997.

p. 127-162.

Page 24: Anais Expressão 2015 UFRR

24

O PARADOXO DA INTERDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO ESCOLAR

INDÍGENA

Maria Odileiz Sousa Cruz (PPGL-UFRR/[email protected])

A motivação inicial desta abordagem toma por base a citação de Japiassu (1994, p. 2) ao

afirmar que “em nosso atual sistema educacional, é praticamente inexistente a prática

interdisciplinar, tanto no campo do ensino quanto no da pesquisa”. Neste contexto situamos as

agências de fomento Capes e CNPq que, em parceiras com Instituições de Ensino Superior e

vários Centros Tecnológicos de Ensino do país, vêm nos últimos dois anos discutindo a

interdisciplinaridade nos níveis da pesquisa, do ensino e da extensão. Vários seminários

regionais, contemplando os estados brasileiros, e um seminário internacional foram realizados

por essas agências, além dos colaboradores internacionais, com o intuito à visualização de

demandas bem como a implementação de um programa de política de ensino-pesquisa-

extensão respaldado no parâmetro da interdisciplinaridade. Lembrando que o foco desses

eventos privilegiou muito as áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (PHILIPPI JR. et. al,

2011). Ficou claro nesses encontros que pouquíssimos são os cursos de graduação e pós-

graduação que trabalham com currículos interdisciplinares e, dos poucos que atuam, ao

formarem seus profissionais, esses têm muitas dificuldades para serem absorvidos no mercado

de trabalho. Vale notificar que facetas de diferentes correntes teóricas podem representar a

interdisciplinaridade, dentre elas, a ideia de Japiassu (1994: p. 2) ao defender um conceito

interdisciplinar como sendo algo interativo entre

as disciplinas, uma interpenetração ou interfecundação, indo desde a simples comunicação das idéias até a

integração mútua dos conceitos (contatos interdisciplinares), da epistemologia e da metodologia, dos

procedimentos, dos dados e da organização da pesquisa. É imprescindível a complementação dos métodos,

dos conceitos, das estruturas e dos axiomas sobre os quais se fundam as diversas disciplinas. O objetivo

utópico do interdisciplinar é a unidade do saber. (JAPIASSU 1994: p. 2).

Isto posto, apresentamos um caso pontual envolvendo a educação escolar indígena, de modo

particular uma experiência entre os Inkarikó, grupo Karib das Montanhas de Pacaraima,

estado de Roraima. Os Inkarikó, em especial os professores indígenas, percebem a construção

do conhecimento da ciência a partir de uma rede interativa de saberes que não pode ser

compartimentalizada em formato de disciplinas, ou informações segregadas, pois, o mundo

parece ser uma teia de elementos intrinsecamente associados, por exemplo: a linguagem do

corpo humano tem profundas e representativas significações compartilhadas com a estrutura

de uma árvore (poni=umbigo/humano-árvore, enu=olho/humano-árvore, mikë=veia-

Page 25: Anais Expressão 2015 UFRR

25

raiz/humano-árvore); entre o corpo humano e os minerais (kuima=rins-pedra jaspe/humano-

mineral); entre o corpo humano e os numerais (tewin miyak=mão-cinco/humano-matemática,

tewin kakpon=um homem-vinte unidades/humano-matemática); nas relações hierárquicas da

cadeia alimentar (waikin=veado e waikinimî=onça que come veado, waira=anta e

wairarimî=onça que come anta) (CRUZ 2005); entre os pássaros e sapos que avisam ao

homem quando é tempo de fazer roça (parantarai=tipo de pássaro, anpak tipo de sapo)

indicando a relação do tempo e das sementes a serem plantadas. Exemplos como estes

indicam que o conhecimento de mundo culturalmente dominado pelos professores indígenas

Inkarikó deve ser visto como um exercício de interdisciplinaridade no qual biologia,

matemática, linguística, educação interagem entre si. A despeito dos exemplos, a realidade da

educação curricular vigente, apesar de assegurar uma educação diferenciada aos indígenas

(RCNE/Indígena 2005), pauta o ensino em disciplinas separadas e, por conseguinte, formando

professores especialistas. Eis o grande desafio que os professores Ingarikó enfrentam: têm o

domínio de um saber holístico e um cotidiano profissional que demanda pela segregação da

informação disciplinarizada. Essa realidade não é prerrogativa exclusiva dos indígenas em

foco, mas um fato comum a vários outros grupos étnicos da Amazônia brasileira. O paradoxo

da interdisciplinaridade está no tipo de realidade que as agências tanto buscam e a realidade

pragmática dos Inkarikó que têm muita dificuldade para desconstruir ou reorganizar os nichos

de saberes em formato de disciplinas. Por isso, o objetivo desta abordagem é de refletir sobre

as questões postas e juntamente com a academia e o grupo de professores indígenas traçarmos

estratégias viáveis aos desafios da educação escolar.

CRUZ. Maria Odileiz Sousa. FONOLOGIA E GRAMÁTICA INGARIKÓ – KA’PON

BRASIL. (Tese de doutorado). Amsterdam: Vrije Universiteit Amsterdam. 2005.

JAPIASSU Hilton. A questão da interdisciplinaridade. Em: SEMINÁRIO

INTERNACIONAL SOBRE REESTRUTURAÇÃO CURRICULAR. Secretaria

Municipal de Educação de Porto Alegre. Porto Alegre: 1994.

PHILIPPI JR. Arlindo e NETO, Antônio J. Silva. INTERDISCIPLINARIDADE EM

CIÊNCIA, TECNOLOGIA & INOVAÇÃO. São Paulo: Manole, 2011.

RCNE/Indígena-REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA AS ESCOLAS

INDÍGENAS. Ministério da Educação, Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e

Diversidade. Brasília: MEC-SECAD, 2005.

Page 26: Anais Expressão 2015 UFRR

26

EIXO 2 . ENSINO E APRENDIZAGEM

Page 27: Anais Expressão 2015 UFRR

27

A MÚSICA COMO UMA FERRAMENTA IMPORTANTE PARA ENSINO E

APRENDIZAGEM DO ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

Ana Pinheiro dos Santos - UERR - [email protected]

Existem evidências de que a música é conhecida e praticada desde a pré-história,

considerada por diversos autores como uma prática social e humana, a questão do

desempenho, da prática, o significado e até mesmo o conceito variam de uma cultura para

outra e também de acordo com o contexto social. Para indivíduos de algumas culturas, a

música está extremamente ligada à sua vida.

A palavra música vem do grego musiké téchne- a arte das musas pode ser dividida em

gêneros e estilos como, por exemplo: música erudita, popular, clássica, folclórica, religiosa

entre outras, com estilos variados, jazz, rock, pop, blues, punk, MPB, e mais outros.

Definir música não é tarefa fácil, pela sua efemeridade, ela foge de qualquer definição

completa, de todos os seus significados, assim, seu conceito acaba caindo em abordagens que

tentam dar conta de defini-la, como, por exemplo, as abordagens naturalistas, a funcional, a

artística, a social, a histórica.

Vejamos alguns conceitos. Segundo MED (1996, p. 11), "Música é a arte de combinar

os sons simultânea e sucessivamente, com ordem, equilíbrio e proporção dentro do tempo".

Uma definição frequentemente citada da música, dita por Edgard Varèse, é que é “som

organizado” (Goldman 1961, p. 133). Para Thomas Clifton em seu livro Música como ouvido

(1983), define a música como “um arranjo requisitado dos sons e dos silêncios”.

A música é uma das principais manifestações culturais de uma sociedade, tendo em

vista o fato de sua difusão ser muito mais imediata do que a de outras formas de arte. É uma

arte e também uma linguagem, sendo assim, uma forma de comunicação que, há milhares de

anos, os homens e as mulheres utilizam para se expressar. Está presente nas mais diversas

situações, como: a afetividade, a cognição e a estética.

Campbell (2000), mostra que:

A música tem acompanhado a história da humanidade, ao longo dos tempos,

exercendo as mais diferentes funções. Está presente em todas as regiões do globo,

em todas as culturas, em todas as épocas: ou seja, a música é uma linguagem

universal, que ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço. (CAMPBELL, 2000, p.

68) O conceito de música deriva dos tempos antigos, na atualidade, a música possui poder

criador e liberador, torna-se um poderoso recurso educativo a ser utilizado na educação. Mas

Page 28: Anais Expressão 2015 UFRR

28

para que se obtenha algum resultado, é preciso que a criança seja habituada a expressar-se

musicalmente desde os primeiros anos de sua vida.

A criança entra em contato com os sons antes até do seu nascimento, a voz materna

também constitui material sonoro especial e referência afetiva para ela, a criança interage

permanentemente com o ambiente sonoro que a envolve. A musicalização pode contribuir

para o processo de aprendizagem, no que se refere à aquisição de novos conhecimentos,

concentração, autonomia, é um importante instrumento didático.

Ao utilizar a música como uma ferramenta importante para ensino e aprendizagem do

espanhol como língua estrangeira, o professor tem a oportunidade de observar o

desenvolvimento da coordenação motora ampla do aluno, já que essa modalidade quando

utilizada no cotidiano do aluno, permite a mesma emitir movimentos envolvendo de modo

geral a expressão corporal.

O trabalho com música em espanhol, facilita a construção da identidade cultural1 e o

desenvolvimento de habilidades interpessoais, sendo necessárias no cotidiano escolar, pois

permite melhor concentração, memória e sensibilização diante das temáticas realizadas em

sala de aula, por ser um método facilitador que contribui para o processo de aprendizagem

favorecendo o desenvolvimento cognitivo, linguístico, psicomotor e sócio afetivo da criança.

De acordo com Brito (1998) apud Joly (2003, p. 116), “aprender música significa

ampliar a capacidade perceptiva, expressiva e reflexiva com relação ao uso da linguagem

musical”. No processo de musicalização a preocupação maior do professor, deve ser com o

desenvolvimento geral do aluno, o educador deve buscar assegurar as aprendizagens de

aptidões complementares àquelas diretamente relacionadas às musicas.

O aluno interage o tempo todo com o meio, e a música tem este caráter que é de

provocar essa interação, pois ela traz ideologias, emoções, histórias que muitas vezes se

identificam com as de quem a escuta. Percebe-se que em relação ao ensino há necessidade de

uma mudança com relação à utilização da música na educação infantil. Em algumas situações

ela é utilizada para outros fins como: entretenimento na hora do lanche e comemorações.

As atividades musicais realizadas na escola não visam a formação de músicos, e sim a

busca de vivência e compreensão da linguagem musical, propiciando a abertura de canais

sensoriais, facilitando a expressão de emoções e visões de mundo.

1 Identidade cultural é o sentimento de identidade de um grupo ou cultura, ou de um indivíduo, na

medida em que ele é influenciado pela sua pertença a um grupo ou cultura. Disponível em

<http://www.mundoeducacao.com/sociologia/identidade-cultural.htm>. Página visitada em 18 de maio de 2015.

Page 29: Anais Expressão 2015 UFRR

29

Portanto, é importante que o educador se sensibilize quanto às possibilidades da

música favorecer o bem-estar e o crescimento do saber dos alunos, pois ela fala diretamente

ao corpo, à mente e às emoções o que leva á reflexões sobre a vida.

A MÚSICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DO ESPANHOL

A música, ao ser usada como instrumento de ensino na educação desempenha

importante papel, como por exemplo, ela ajuda a incentivar os alunos a aprender e facilita o

processo de aprendizagem.

Para Bréscia (2003, p. 33), “a música tem poder criador e liberador, por isso é um

poderoso recurso educativo a ser utilizado na educação”. Utilizar a música no espaço escolar é

uma forma de propiciar ao aluno um ambiente alegre e receptivo, de forma que o mesmo

adquire a liberdade de expressão oral e corporal.

A música além de ser facilitadora do processo de aprendizagem, pode também ampliar

o conhecimento cultural do aluno. Para Campbell (2000, p. 68), “a música na educação é algo

que está associada à cultura e às tradições de um povo e visa uma aprendizagem significativa

e de acordo com as necessidades dos alunos”. Contudo deve-se levar em conta o aspecto

pedagógico, o professor tem o importante papel de mediar todas as ações realizadas.

A música é um instrumento que pode ajudar no ensino, de acordo com estudos

realizados por Fuks (1991) apud Hummes (2004, p. 22): “Sabemos que a música tem a

capacidade de acalmar, concentrar e disciplinar. Entretanto, temos na musicalização uma

riqueza que deve ser explorada em sua totalidade”. Ou seja, o educador tem o dever de

utilizar-se de métodos que sejam inseridos em seu planejamento cotidiano.

Portanto, a música é um importante instrumento para que o professor venha obter

resultados positivos ao explorar essa estratégia de ensino, como por exemplo, utilizar a

música como uma ferramenta importante para ensino e aprendizagem do espanhol como

língua estrangeira, podendo realizar atividades que venham de encontro com a necessidade de

cada aluno, pois, a partir dessa prática em sala de aula o mesmo tem a oportunidade de

conhecer as necessidades do aluno.

ATIVIDADES PEDAGÓGICAS COM O USO DA MÚSICA

Para que se obtenha resultado com o ensino da música, o professor deve ser criativo e

assim tornar as aulas mais ricas e interessantes utilizando a música. Pois, como citado

Page 30: Anais Expressão 2015 UFRR

30

anteriormente, a música faz crescer a sensibilidade e atenção dos alunos, desenvolve a

capacidade de concentração, raciocínio e memória, ressalta-se ainda, que os benefícios da

utilização da música na educação se estendem por todas as áreas de aprendizagem.

Ao usar a música na Educação Infantil, o professor deve desenvolver o canto, pois

argumenta Ferreira (2002, p. 47), que “a música cantada na sala de aula deve buscar um espaço para evocar, pensar, criar

meios próprios de expressão, para representar o movimento interior de compreensão de situações vivenciadas”.

O professor ao usar a música certa para o conteúdo adequado, os dois geram uma

aprendizagem para o aluno. O cantar é um excelente treino à leitura, pois através da música as

crianças, se expressam e participam da aula com muita espontaneidade.

Ao trabalhar a música como uma ferramenta importante para ensino e aprendizagem

do espanhol como língua estrangeira, o professor deve escolher as que estimulem o aluno, ou

seja, ritmos do gosto do mesmo, por exemplo, as do tipo que são utilizadas em sala de aula

como as cantigas de roda, músicas popular do língua espanhola, músicas religiosas, infantis,

entre outras.

Ressalta-se que os estilos de músicas a serem trabalhados pelos professores deverão

ser escolhidos de acordo com o interesse da maioria dos alunos, pois desta forma existirá

maior participação e desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem. Destaca-se

ainda a importância de trabalhar vários estilos de músicas, mostrando as diferentes sensações

que elas causam.

Para Ferreira (2008, p. 02) “Ao pensarmos em música, logo imaginamos o ouvido

como órgão importante de sentido, mas é o cérebro que interpreta as ondas sonoras recebidas

pelo ouvido”. Trabalhar com a música que os alunos gostam é uma forma de trazer

motivação para o processo de ensino-aprendizagem. Por isso, a prática educativa deve

procurar, através dos conteúdos e métodos, respeitar os interesses dos alunos e da comunidade

onde vivem e constroem suas experiências.

REFERÊNCIAS

BARRETO, Sidirley de Jesus; SILVA, Carlos Alberto da. Contato: Sentir os sentidos e a

alma: saúde e lazer para o dia-a dia. Blumenau: Acadêmica, 2004.

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São Paulo: Átomo, 2003.

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meio das Inteligências Múltiplas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

CLIFTON, Thomas. Música como ouvido: Um estudo em Phenomenology aplicado. New

Haven e Londres: Pressão da universidade de Yale, 1983

Page 31: Anais Expressão 2015 UFRR

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FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. 2a edição, São Paulo, Editora

Contexto, 2002.

FERREIRA, Reginaldo Elias. A música na sala de aula. Artigo publicado em 1 de agosto de

2008. Disponível em:< http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/2803/a-musica-

na-sala-de-aula>. Acesso em 5 de marc. de 2015.

GOLDMAN, Richard Franko. 1961. “Varèse: Ionisation; Densidade 21.5; Intégrales;

Octandre; Hyperprism; Poème Electronique. Instrumentalists, cond. Ofício de Robert.

Colômbia ms 6146 (stereeo)” (nas revisões dos registros). Publicação trimestral musical 47,

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2004.

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PENNA, Maura. Este é o ensino de artes que queremos? Uma análise das propostas dos

Parâmetros Curriculares Nacionais. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 2001.

Page 32: Anais Expressão 2015 UFRR

32

O PROFESSOR E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Ana Pinheiro dos Santos - UERR - [email protected]

Sofia Pinheiro dos Santos - UFRR - [email protected]

Na concepção sócio interacionista o educador contribui para aproximar os alunos,

defendendo a existência de uma relação mais íntima entre o desenvolvimento e a

aprendizagem, o que implica diretamente na função de um profissional ativo e consciente de

seu papel enquanto educador.

Espera-se de um bom educador o poder de ajudar os alunos, a arte da boa convivência

entre os mesmos, acreditando que cada um pode aprender dentro do seu próprio ritmo,

inovando, criando, sendo um profissional politizado para poder oferecer alternativas aos

educandos desenvolvendo uma interação criadora e dialética com os alunos, percebendo se

estão entendendo o assunto ou não; que não cobre dos alunos memorização de conteúdos e

sim o progresso de seu desenvolvimento, compartilhando, dialogando e desenvolvendo as

aulas em clima de interesse e harmonia, sem renunciar à autoridade docente.

A partir dessa concepção pode-se perceber que algumas questões como a leitura

também está vinculado ao processo de desenvolvimento por parte dos alunos. Esse processo

ocorre no nível intelectual e não social. O aprendizado da leitura é algo que exige uma

preocupação maior do professor no processo de alfabetização, é sabido que o método do “bê-

á-bá” é ultrapassado para alfabetizar o aluno. Da mesma forma a leitura para os alunos das

séries iniciais do ensino fundamental deve atender necessidades específicas dos alunos, ou

seja, o texto deve fazer sentido e estar diretamente ligado ao conhecimento de mundo que o

aluno traz, essa bagagem de conhecimentos por mínima que seja facilita no desenvolvimento

do aluno de forma significativa, pois o mesmo transforma as informações recebidas como

meio de assimilar o que lhe foi passado. Como afirma Ferreiro (2004, p. 22):

O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social.

Mas as práticas sociais, assim como as informações sociais, não são recebidas

passivamente pelas crianças. Quando tentam compreender, elas necessitam

transformar o conteúdo recebido. Além do mais, a fim de registrarem a

informação, elas a transformam.

Page 33: Anais Expressão 2015 UFRR

33

O mesmo ocorre com a leitura, às informações recebidas são transformadas de forma

que seja possível a identificação com o meio em que vive como seres sociais que somos

precisamos de algo que nos “represente”. Essa possível representação é adquirida

principalmente por parte da leitura, ou seja, o aluno precisa se enxergar no texto, se

reconhecer nele.

Uma das possibilidades que a leitura pode ser trabalhada de forma significativa na sala

de aula é por meio da literatura para crianças, de modo que não seja imposta, mas seja um

atrativo que o professor use atraindo a s crianças para o seu objetivo que é o de torná-lo leitor,

no sentindo mais primitivo da palavra, que comece a ler através de textos literários. É

importante salientar que a leitura não é só de textos, a leitura de imagens é tão importante

quanto a decodificação do texto escrito.

Em se tratando de Literatura para crianças, reconhecemos a dificuldade do professor

em, trabalhar Literatura na sala de aula, pois nas séries iniciais a criança tende a gostar mais

do lúdico, porém não é impossível. Deve-se considerar que antes de aprender a reconhecer os

sinais gráficos e a reproduzir verbalmente os sons que as letras representam a criança já lê.

Deve-se, portanto, levar em conta que a criança possui um vocabulário restrito porque ela

conhece um número de palavras menor do que conhecerá no futuro, portanto cabe ao

professor promover acesso a cultura escrita além de audição de histórias e leitura de imagens,

pois, devem ser feitas em conjunto, como afirma Brito (2005, p. 18).

Na educação infantil, ler com os ouvidos e escrever com a boca (situação em que a

educadora se põe na função de enunciadora ou de escriba) é mais fundamental do

que ler com os olhos e escrever com as próprias mãos.

Em consonância com o processo de desenvolvimento do qual a leitura faz parte, é

sabido que nesse contexto pode-se levar o aluno a refletir mesmo que de forma ainda

pequena, mas é importante despertar o senso crítico nesses discentes, pois, é uma base que

servirá para as demais séries. Sabemos que hoje, o professor desempenha inúmeros papéis

que são importantes para o desenvolvimento das futuras gerações, cabendo-lhe estimular a

solidariedade, a cooperação, à valorização individual e do grupo. O professor deve, portanto,

encarar com muita seriedade sua profissão, trabalhar para esclarecer seus alunos e fazer com

que eles reflitam sobre a realidade em que vivem.

O PAPEL DO PROFESSOR

Há muito o professor deixou de ser apenas mero transmissor de conhecimentos, mas

sim um mediador do conhecimento, sobretudo nas séries inicias, ou seja, no processo de

alfabetização.

Page 34: Anais Expressão 2015 UFRR

34

Para tanto, há que ser um professor que acima de tudo tenha formação adequada para

exercer esse papel tão importante, além de dominar os conteúdos do campo específico, mas

também, a metodologia e didática eficientes na missão de organizar o acesso ao saber dos

alunos. E não apenas o saber de determinadas matérias, mas o saber para a vida, o saber ser

gemente com ética, dignidade, valorizando a vida, o meio ambiente, a cultura, em outras

palavras, muito mais que transmitir conteúdos das matérias curriculares organizadas e ou

programadas para o desenvolvimento intelectual da humanidade, é preciso ensinar a ser

cidadão, mostrar aos alunos seus deveres e seus direitos, subsidiando-os para que saibam

defendê-los.

O educador dispõe da oportunidade de mudar, disciplinar, criar, reconstruir, enriquecer

a vida dos seres humanos. Para tanto, precisa superar sua onipotência, sua concepção de dono

do saber, de quem se esconde atrás de avaliações difíceis que muitas vezes traumatizam a

criança. Há que ter bem claro que, se queremos um adulto mais humano e consciente no

futuro, precisamos investir na formação da criança dos dias de hoje, que chega ao espaço

pedagógico chamado escola, pronta para possibilitar a quem ensina o desenvolvimento de um

trabalho de construção do saber e do conhecimento das questões que envolvem o mundo que

os cerca. Para que isso ocorra de forma satisfatória é necessário que o professor esteja em

constante formação.

O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

O processo de alfabetização é por vezes uma relação complicada entre o professor e os

alunos, pois se deve ter muita consciência por parte do docente nesse processo, como afirma

Ferreiro (2004, p. 06) Tradicionalmente, a alfabetização inicial é considerada em função da

relação entre o método utilizado e o estado de maturidade ou de prontidão da criança. . A

partir dessa informação nos parece claro que a criança deve ter certa maturidade para que o

processo de alfabetização seja possível, mas se pensarmos que as crianças aprendem em

diferentes níveis isso não seria possível a todos. No entanto os métodos utilizados de acordo

com Ferreiro (2009) dependem muito do que ela chama de dois polos do processo de

aprendizagem (quem ensina e quem aprende) levando em conta um terceiro elemento que

seria a natureza do objeto de conhecimento envolvendo esta aprendizagem.

Essa natureza da qual a autora fala pode ser considerado como o sistema de

representação das letras ou a associação que a criança faz de um objeto, por exemplo, com a

primeira letra em que se inicia. A criança apreende de forma mais rápido e fácil quando

consegue associar as letras e palavras a objetos.

O desenvolvimento da alfabetização ocorre sem dúvida em um ambiente em que a

criança recebe mais estímulos, ou seja, em um ambiente puramente social, onde ocorre

interação, de forma que as informações nesse ambiente não são recebidas de forma passiva, as

crianças não aceitam de imediato, na tentativa de compreender acabam por transformar o

conteúdo recebido trazendo essas informações o mais próximo possível do seu mundo. E é

Page 35: Anais Expressão 2015 UFRR

35

nesse processo que as primeiras associações e familiaridade com a escrita são feitas. Para a

criança as letras são como sinais que ao se unirem adquirem sentido.

O processo de alfabetização talvez seja o meio mais importante de inserir a criança de

fato no mundo, pois, ela se torna conhecedora dos sinais gráficos de modo que poderá

descobrir a cada dia um, mundo novo através da magia das palavras. A criança de fato

alfabetizada se desenvolverá de forma satisfatória nas demais séries.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRITO Luis Percival. Letramento e alfabetização: implicações para a educação infantil.

São Paulo: autores associados, 2005.

FARIA Maria Alice. Como usar a literatura infantil em sala de aula. 3 ed. São Paulo:

contexto, 2006, (coleção como usar na sala de aula).

FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. 15 ed. São Paulo: Cortez editora, 2004.

GOLDENBERG, M. (1999) A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em

Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record.

MARTINS, Milena Ribeiro, LITERATURA: explorando o ensino: Brasília, 2010.

Page 36: Anais Expressão 2015 UFRR

36

A FERRAMENTA SCOOP.IT E SUA INFLUÊNCIA PARA O LETRAMENTO

CRÍTICO NAS AULAS DO PROGRAMA INGLÊS SEM FRONTEIRAS

Rafaela Portela Bezerra – UFRR – [email protected]

INTRODUÇÃO

Em uma sociedade onde o que é digital passou a ter forte predominância nas relações

interpessoais, acadêmicas e profissionais, onde o manuscrito é aos poucos substituído por

caracteres imersos em pixels e onde a leitura não segue mais uma sequência linear, mas sim

ganha dinamicidade aos passos em que os conteúdos da esfera virtual tornam-se pequenos

mercados e os consumidores – usuários – escolhem a melhor opção para satisfazer seus

interesses, encontra-se o Scoop.it, ferramenta online que possibilita a curadoria de conteúdos

na web, ação essa que consiste em preservar conteúdos digitais, tendo em vista que a

constante evolução tecnológica pode torná-los inacessíveis no futuro.

Trata do gerenciamento do objeto digital durante todo o seu ciclo de vida. A

curadoria digital é hoje vista como um processo mais completo, que trata do

planejamento, avaliação e reavaliação das ações em prol da curadoria do objeto

digital e que engloba a preservação digital como parte do seu ciclo (SIEBRA, 2013,

p.1).

O que está na rede está conectado de alguma forma, quase nada é isolado, links e endereços

transformam a internet em uma grande cidade onde o fluxo de textos pode tornar-se tão

caótico a ponto de atalhos serem altamente recomendados e utilizados para um melhor

aproveitamento de tempo e apreciação das leituras. O Scoop.it serve exatamente para otimizar

o fluxo de informações da maneira que o usuário quer, utilizando-se de palavras-chave, filtros

e websites interconectados para concentrar os textos de interesse em um painel pessoal, assim

como permite o compartilhamento de ideias e comentários sobre os textos de interesse. Uma

rede social onde o foco é a leitura, ideias e posicionamentos sobre textos. Essa ferramenta

adapta-se a vários tipos de uso, e a vários usuários também, logo sua utilização para fins

acadêmicos não só é recomendado, como também bem aproveitado, principalmente quando a

ferramenta é vista pelo viés do Letramento Crítico, onde

O processo de ler criticamente envolve aprender a escutar não apenas o texto e as

palavras que o leitor estiver lendo, mas também – e talvez mais crucialmente no

mundo de conflitos e diferenças de hoje – aprender a escutar as próprias leituras de

textos e palavras. Isso quer dizer que ao mesmo tempo em que se aprende a escutar,

é preciso aprender a se ouvir escutando. (SOUZA,2011,p.132)

Page 37: Anais Expressão 2015 UFRR

37

Ler criticamente envolve deixar a “consciência ingênua” (FREIRE,1979) para trás e

dar lugar à percepções críticas na relação do escrito com o mundo. O desenvolvimento da

leitura sob uma perspectiva que engloba “as condições sociais e históricas complexas da

produção de significação” (SOUZA, 2011) de um texto é um enfoque feito na redefinição do

Letramento Crítico. Há mais questionamentos, mais discussões e menos homogeneidade nas

significações, algo “sempre será passível de ser reinterpretado”. (SOUZA,2011)

Tendo em vista a infinidade de leituras, links , vídeos, imagens e outros tipos de

informações e opções –diversas visões sobre o mesmo tema- contidas na ferramenta digital

Scoop.it, o Idiomas Sem Fronteiras, programa de ensino de língua estrangeira nas Instituições

de Ensino Superior do Brasil (IES), implantado na Universidade Federal de Roraima no ano

de 2013, por meio do curso presencial “Reading and speaking: critical perspectives”, viu que

o despertar da “leitura nas entrelinhas”, da exploração do conteúdo do texto e também a

atenção a mais pela vida e obra do autor é bem mais produtivo do que apenas procurar

respostas semi-prontas /prontas para questões que nem sempre avaliam a visão de mundo que

cada aluno carrega e ignoram outras ricas informações sobre determinado assunto.

Neste trabalho, serão relatadas algumas experiências com a ferramenta, assim como

particularidades e ideias para utilização do Scoop.it em sala de aula, fazendo-se também

referência ao Letramento Crítico como base para utilização mais significativa do website.

OBJETIVOS

Despertar o interesse dos alunos em relação às mídias digitais que podem ser fortes

aliadas no processo de ensino e aprendizagem de todas as matérias, entretanto focalizando a

Língua Inglesa; explorar mais o que a internet tem a oferecer em termos de leitura e diferentes

interpretações e encorajar o exercício de transformar informação em conhecimento são

objetivos que guiam esse trabalho.

MATERIAIS E MÉTODOS OU METODOLOGIAS

Para realizar a atividade de conhecimento e exploração do Scoop.it são necessários

computadores com conexão à internet – o website também funciona de maneira satisfatória

em smartphones. Integrar as aulas com assuntos que os alunos sentem vontade de ler, discutir

e opinar transforma os encontros em sessões de debate utilizando a língua Inglesa como

idioma principal. Os participantes acessam o website Scoop.It, criam suas contas e já no início

delimitam suas áreas de interesse, ou seja, filtram o que desejam ler e explorar de maneira

Page 38: Anais Expressão 2015 UFRR

38

mais profunda, deixando a leitura superficial de lado. A partir de então, as ações de clicar em

links que levam para websites nunca visto antes e que carregam consigo uma gama de novos

dados de interesse começam. Contudo, não é apenas ler, é falar sobre, publicar sobre, ação

essa que é permitida na maioria das redes sociais e que se faz útil tanto para as aulas como

para o exercício de opinar sobre determinada leitura e não apenas ler e deixa-la de lado. Ao

compartilhar uma texto, o participante deve escrever algo sobre, a razão, o que mais o chamou

a atenção e o motivo, histórico do autor, que possíveis interpretações talvez possam sair

daquele texto, enfim, é um website que também visa “promover outras maneiras de se

interpretar: questionar conceitos (...)” (MACIEL, 2013, p.101)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apesar de ser uma ideia relativamente nova para as atividades do programa Idiomas sem

Fronteiras, a curadoria de conteúdos e a utilização de um website voltado somente para a

exploração de leituras mostra-se uma atividade produtiva, pois o exercício de “estar no

mundo” é aos poucos substituído pelo exercício de “estar com o mundo” (MARIO), o mundo

da leitura. O que se publica importa e as diferentes interpretações que um texto pode carregar

mesclam-se em um só lugar e enriquecem o processo de (re)significação de textos. Pretende-

se divulgar e explorar mais a ferramenta ao decorrer das aulas e despertar ainda mais o

interesse dos alunos em pesquisar e escrever sobre temas relevantes para a sua realidade.

Explorar as ações que o ato de “ler criticamente” engloba, são também objetivos que estão em

posição para serem alcançados e que fazem parte dos princípios do Letramento Crítico.

As atividades feitas por intermédio do Scoop.it visam também estimular a percepção

do aluno de como

O autor produziu determinados significados que tem origem em seu contexto e seu

pertencimento sócio-histórico, mas ao mesmo tempo, perceber como, enquanto

leitores, a nossa percepção desses significados e de seu contexto sócio-histórico está

inseparável de nosso próprio contexto sócio-histórico e os significados que dele

adquirimos. (SOUZA,2013,p.132)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de o Letramento Crítico apresentar propostas de significação e interpretação de

textos diferentes das tradicionais, onde além do conteúdo foca-se também nas condições de

produção do texto, muito ainda há a ser propagado no contexto em que o programa Inglês sem

Page 39: Anais Expressão 2015 UFRR

39

Fronteiras está inserido em relação às perspectivas críticas no que diz respeito à leitura. É

importante também frisar que ler não se resume apenas a algo impresso em um papel, porém

engloba também outros meios de comunicação. Ter em mente que um texto não possui apenas

uma interpretação e que estas vão variar de acordo com o “pertencimento sócio-histórico dos

produtores de significação” (SOUZA, 2013, p.137 ) é crucial para abraçar essa perspectiva de

braços abertos e fazendo uso de ferramentas digitais que, se utilizadas de maneira consciente,

podem trazer benefícios imensuráveis para a visão de mundo de quem os utiliza.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 12ª Edição. Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1979.

MACIEL, Ruberval F. Globalização, política crítica de línguas e formação de professores.

In Letramentos transnacionais: mobilizando conhecimento entre Brasil/Canadá/ Roseanne

Rocha Tavares e Diana Brydon (orgs.). – Maceió: EDUFAL, 2013. P 95 – 111.

SCOOP.IT. Disponível em:<www.scoopit.com>. Acesso em: 27 de Setembro de 2015

SIEBRA, Sandra. et al. Curadoria digital: além da questão da preservação digital.

ENANCIB, 2013. p. 1.

SOUZA, Lynn Mario. Para uma redefinição de Letramento Crítico: conflito e produção

de significação. In Maciel, Ruberval Franco e Araújo, Vanessa de Assis. Formação de

Professores de línguas: ampliando perspectivas/ Ruberval Franco Maciel e Vanessa de

Assis Araujo (Orgs.) – Jundiaí, Paco Editorial: 2011.P 128 – 139.

Page 40: Anais Expressão 2015 UFRR

40

HORTA PEDAGÓGICA COM EIXO MULTI E TRANS DISCIPLINAR

Rafael Souza Coimbra e Silva, Universidade Federal de Roraima – UFRR,

[email protected]; Verônica Pinheiro dos Santos, Universidade Federal de

Roraima – UFRR, [email protected]; Célida Socorro Vieira dos Santos Universidade Federal de Roraima – UFRR, [email protected];

INTRODUÇÃO

Este projeto buscou utilizar ações de parcerias que possibilitaram a revitalização e

assim o desenvolvimento de uma horta escolar com parâmetros pedagógicos, onde o objetivo

deste projeto, se baseou na interdisciplinaridade, procurando incorporar na comunidade

escolar métodos de ensino e aprendizagem constatados na elaboração e utilização de uma

horta. Além deste conhecimento teórico das salas de aulas e a prática na horta, promoveu-se

resultados positivos na perspectiva sustentável, quesito este de grande importância nos dias de

hoje. Os processos do desenvolvimento da horta se tornou uma ferramenta que culminou na

disseminação do conhecimento escolar, pois se torna uma cadeia aberta. Na prática consiste

em desenvolver todos as etapas iniciais do preparo dos canteiros até a colheita onde cada

turma terá sua participação no ciclo. Dessa forma foi propiciado aos alunos um conhecimento

mais amplo das disciplinas, além disso visando à alimentação saudável, promovendo

responsabilidade socioambiental e desencadeando por sua vez ganho técnico cientifico

experimental.

OBJETIVO

Revitalizar o uso da horta escolar, tornando-a pedagógica.

METODOLOGIA

Num primeiro momento foi realizado uma pesquisa bibliográfica aonde por meios de

dados já publicados conceituou sobre o trabalho apresentado, que possibilitou o conhecimento

teórico.

Page 41: Anais Expressão 2015 UFRR

41

Vale destacar que os próprios alunos da escola possibilitaram a implantação e

condução da horta na Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia sob coordenação do aluno

do curso de Agronomia da Universidade Federal de Roraima – UFRR, Rafael Souza Coimbra

e Silva que esteve sob orientação da professora Dr.ª Célida Socorro Vieira dos Santos. Onde o

período de trabalho se deu entre os meses de julho a novembro de 2014.

Posteriormente assim as atividades foram realizadas na escola juntamente discutidas

a coordenação Pedagógica. O projeto destinou-se aos alunos de Educação Infantil (Ens.

Fundamental) e a sociedade em geral que se interessou pelo tema do projeto apresentado. Na

escola foi trabalhada com três turmas do 3º Ano do turno vespertino, ao todo com noventa

alunos com idades entre nove a dez anos de idade. Os alunos foram levados a conhecer o

ambiente da horta, onde foi apresentado sobre: o que é uma horta, para que serve, o que se

pode plantar, mostrando as ferramentas utilizadas na semeadura e como manusear com

segurança

No início das atividades do projeto foi confeccionado uma composteira doméstica,

utilizando baldes de tinta encontrados no lixo, onde o mesmo foi utilizado para armazenar

todo o material sólido da cozinha da escola para se transformar em adubo para a horta. Os

Alunos realizaram a limpeza de quatro canteiros. Foram feitas as retiradas de plantas

invasoras e de materiais não orgânicos dos canteiros, depois o solo foi revolvido e feita a

calagem para diminuir a acidez do solo. A alface, foi a primeira hortaliça que os alunos

começaram a estudar, foi semeada junto ao substrato e colocado em tubetes, que é um

recipiente utilizado para a produção de plantas. Logo mais eles tiveram trabalhos com outras

plantas como: Coentro, Feijão, Rabanete.

Além disso foi desenvolvido com os alunos um trabalho paralelo, junto a orientação

do monitor, onde eles semearam em copinhos descartáveis sementes de feijão que ficou

conhecido como “feijão no copinho”, para que eles pudessem acompanhar junto a matéria de

ciências o desenvolvimento do feijoeiro, desde da germinação da semente até quando a planta

começa-se a desenvolver suas folhas caule e raízes, para que os alunos pudessem ter contato

com as partes dos vegetais e reforçar o que eles estudaram na sala de aula.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Por meio da horta pedagógica, o estudante tem garantida a possibilidade de aprender

a plantar aliado aos estudos da sala de aula, selecionar o que plantar, regar, cuidar, colher e

isto com certeza altera sensivelmente a relação das pessoas com o ambiente em que elas

Page 42: Anais Expressão 2015 UFRR

42

vivem, estimulando a construção dos princípios de responsabilidade e comprometimento com

a natureza (imagem 1).

Imagem 1: Desenvolvimento da Horta Escolar Pedagógica

O uso de medidas protetoras sustentáveis e ambientais estão sendo tomadas nas

escolas constantemente para que assim os alunos por sua vez despertem o interesse por esta

prática saudável dentro e fora das salas de aula, assim sensibilizando ações socioambientais.

Dessa forma com a revitalização da horta na Escola Municipal Francisco de Souza

Bríglia, buscou-se fazer uma ligação com as disciplinas (imagem 2), que os alunos estudam

nas salas de aula, aplicando-as com o conhecimento obtido na prática da manipulação desta

horta, para que assim possibilite um aprendizado ambiental com eixo pedagógico.

Imagem 1: Praticas Interdisciplinares da Horta Escolar Pedagógica

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto obteve excelentes resultados, os alunos do terceiro ano desenvolveram de

forma coletiva nos canteiros da horta e acredito que eles assim como os professores, iram

Page 43: Anais Expressão 2015 UFRR

43

continuar e manter o local. Sobre os cursos ministrados, foi abordado a produção de algumas

hortaliças como: alface, rabanete, cebolinha, feijão-verde (que foram plantados), e também

outras hortaliças funcionais para o organismo humano. Os alunos tiveram ainda a

oportunidade de assimilar conhecimentos sobre o destino de resíduos orgânicos, sobre a

importância da compostagem, essas assimilações desses assuntos foram percebidas nas

interações nas salas de aula.

Por fim, com esses métodos de ensino e aprendizagem os alunos irão ter uma

sensibilidade muito maior sobre o meio ambiente que elas vivem e dessa forma busca-se

desencadear resultados positivos na formação destes alunos.

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a escola por me acolhido com o projeto, agradecer a minha orientadora pela

paciência e ensinamentos, a minha família, a minha namorada Verônica Pinheiro dos Santos

quem me ajudou, persistiu muito, me motivou.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

TEIXEIRA, A.S. - Dicas de Alimentos e Plantas para a Saúde. Ed. Tecnoprint

S.A. Rio de Janeiro, 1983.

GONZALEZ, Edgar Gaudiano. Interdisciplinaridade e Educação Ambiental: Explorando

novos territórios epistêmicos. In: SATO Michele; Carvalho Izabel. Educação Ambiental

Pesquisa e Desafios. Porto Alegre: Artmed, 2005.p119-133.

Page 44: Anais Expressão 2015 UFRR

44

APRENDENDO MATEMÁTICA ATRAVÉS DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Brenda Souza Coimbra e Silva – Universidade Estadual de Roraima –

[email protected]

Mayra Karollinne Vieira dos Santos – Universidade Estadual de Roraima –

[email protected]

Rozinaldo Galdino da Silva – Universidade Estadual de Roraima – [email protected]

INTRODUÇÃO

Este projeto iniciou-se através do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação

à Docência) UERR - CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior). O Subprojeto que é denominado Educação Física – Brinquedoteca que tem como

objetivo pesquisa e produção de jogos, brinquedos e brincadeiras de interação conteúdo de

sala de aula-conteúdo de Educação Física, conta com 5 (cinco) participantes, o coordenador

que é o orientador do projeto e professor do curso de Educação Física da Universidade

Estadual de Roraima, as três discentes-bolsistas do projeto, estudantes do Curso de Educação

Física da Universidade Estadual de Roraima e a supervisora que é professora de Educação

Física na Escola Municipal Frei Artur Agostini, local onde o projeto é realizado.

De uns tempos atrás até os dias atuais, foi observado a carência de aprendizado que os

alunos sentem durante as aulas de matemática. Assim, desencadeando a reprovação, a

desmotivação e a ausência de alunos durante as aulas.

Partindo do princípio da Interdisciplinaridade, que busca associar disciplinas uma as

outras, a importância da matemática nas aulas de educação física, foi para trabalhar jogos

lúdicos que envolvesse as operações (conteúdo qual os alunos estavam trabalhando) a

proposta vem a servir como um auxiliador para expandir os conhecimentos de uma forma

dinâmica e descontraída. Silva (2014) menciona que, o jogo em si permite a ludicidade,

poderá ocorrer por meio do prazer e da emoção. O aspecto lúdico para o ser humano é

importante para seu desenvolvimento social, cultural e cognitivo.

Nos PCN’s consta que a matemática precisa estar ao alcance de todos e a

democratização do seu ensino deve ser meta prioritária do trabalho docente (...) (1997).

Page 45: Anais Expressão 2015 UFRR

45

Este projeto tem caráter de apresentar as dificuldades e desenvolver jogos para

melhorar a aprendizagem, através das aulas de educação física, tendo como objetivo constatar

se jogos durante a aulas de educação física auxiliam na aprendizagem da matemática. Assim

tendo como meta principal de facilitar o entendimento do conteúdo e buscar saber de que

forma a educação física pode ajudar a melhorar essa situação. Buscando através de jogos fazer

com que o conteúdo fique mais lúdico, a aprendizagem se torne mais prazerosa e o

entendimento mais prático. Assim como apresentar os benefícios que esses jogos possam

fazer para os alunos.

Metodologia

Projeto realizado na escola municipal Frei Artur Agostini, localizada na rua Av.

Surumu 1905, São Vicente. Com uma população de 41 alunos do 4º e 5º ano do Ensino

Fundamental I, sendo prática pedagógica realizada duas vezes na semana, com aplicação de

jogos que desenvolvam a aprendizagem dos alunos. Os seis jogos estarão descritos a seguir:

Montando o triângulo: A professora irá dividir os alunos em dupla e distribuirá um

triângulo pra cada um, eles terão que encaixar todas as peças. O jogo envolve

raciocínio lógico e socialização entre os alunos.

Correndo atrás dos números: A professora irá distribuir um número para cada aluno,

este irá ter que guardar o número que lhe foi dado, em seguida, o professor irá chamar

um número aleatório. Ele irá pegar de 2 a 3 colegas para poder fazer a conta, o mesmo

terá que jogar o dado para saber qual operação terá que fazer. Em seguida irá

responder a questão. Se acertar ganha ponto. E assim acontecerá com os demais

alunos.

Percurso divertido: Dividir os alunos em 2 grupos, eles terão que fazer um circuito de

4 estações, na primeira estação, o primeiro da fila irá ter que entrar dentro de um saco

e pular a uma distância de 4 metros até a seguinte estação, nessa, eles terão que passar

entre as garrafas, fazendo zigue e zague, na terceira terá que equilibrar uma colher na

boca com uma bolinha de papel sem deixar ela cair, na quarta eles terão que enroscar

ou desenroscar a tampa de uma garrafa, e por final tentar resolver a conta, que estará

em uma tabela. O aluno irá completar a tabela com as respostas.

Estourada certa: O Professor irá distribuir a turma em dois grupos, com duas filas

formadas, cada um terá que sair do seu lugar, pegar um balão voltar para a fila

estourar e passar a vez para o outro colega, e assim cada componente da fila fará o

Page 46: Anais Expressão 2015 UFRR

46

mesmo, dentro de cada balão terá uma conta, e então cada um irá responder a sua

conta.

Jogo dos pregadores: Cada aluno vai pegar dois pregadores (de roupa) e pregar na

camiseta que estão vestindo. Na primeira fase eles vão ficar em dupla, e em seguida,

cada dupla tentará arrancar o pregador da camiseta do outro. E defender o seu. Os

alunos terão dois minutos para isso. Ao final de tudo será contado o que cada dupla

conseguiu, sendo que os pregadores terão cores diferentes e que cada cor equivale a

uma pontuação. Ex: cor azul vale 5 pontos, cor amarela vale 3 pontos e assim por

diante. E então os alunos terão que verificar a tabela de pontuação e somar o que eles

tiverem e mostrar o total para o professor. Na segunda fase, a duplas que menos

pontuaram irão se separar e formar trios. E a brincadeira se repetirá e então será feita a

nova contagem para ver qual foi o trio que mais pontuou.

Resultados

A partir dos jogos que foram propostos, foi observado que os alunos se sentiam mais

estimulados durante a aprendizagem e consequentemente a participarem do projeto, pois no

início encontrou-se uma rejeição por parte dos alunos, que resistiram pela causa de ser no

mesmo horário das aulas de educação física, porém, com a aplicação dos jogos e com o passar

do tempo, ele foram aceitando as condições e a participação, com relação a aprendizagem na

matéria, nesse aspecto evoluiu, pois faziam ligação ao que estava sendo colocado nos

conteúdos teóricos, pois a cada jogo aplicado os alunos se interessavam mais e ficavam mais

dispostos em aprender brincando, por ser uma forma diferente de trabalhar regras, raciocínio

lógico e a socialização entre eles.

Com isso os alunos que tinha dificuldade na matéria foram melhorando aos poucos,

pois nas aulas eles tiravam suas dúvidas facilitando assim o conhecimento e o seu

aprendizado, e aqueles alunos que não tinha problema na disciplina se aperfeiçoavam mais e

ajudava os seus colegas fazendo assim uma troca de conhecimento.

Pois, trabalhar os jogos a partir do princípio das aulas de educação física é positivo pois

as dinâmicas propostas auxiliam no processo ensino–aprendizagem.

Considerações Finais

Consideramos que a matemática sendo muitas vezes um processo dificultoso para

muitas crianças, a utilização de jogos e brincadeiras para o processo de aprendizagem é de

extrema necessidade. A interdisciplinaridade é muito importante nesse sentido pois com a

Page 47: Anais Expressão 2015 UFRR

47

conciliação que o aluno possa fazer durante as aulas de educação física só tem a engrandecer

o acervo deste aluno.

____________________

BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. PARÂMETROS

CURRICULARES NACIONAIS: MATEMÁTICA / Secretaria De Educação

Fundamental. – Brasília: Mec/Sef, 1997. 142p.

SILVA. Delcio Barros. A INTERDISCIPLINARIDADE AO ALCANCE DA ESCOLA.

2014. Disponível em: http://coral.ufsm.br/lec/01_01/DelcioLC5.htm. Acessado em: 10 de

dezembro de 2014.

ANEXO

Figura da atividade estourada certa.

Figura da atividade percurso divertido.

Page 48: Anais Expressão 2015 UFRR

48

RELATO DE EXPERIENCIA: ATIVIDADE MUSICAL REALIZADA NA ESCOLA

MUNICIPAL DE ENSINO BÁSICO VOVÓ DANDAE

Raísa Barbosa Lima

Universidade Federal de Roraima

[email protected]

Celso Henrique Vieira de Lima

Universidade Federal de Roraima

[email protected]

A formação de um professor dentro da academia é discutida, analisada e até bem

teorizada, porém o contato com o aluno trás a experiência mais rica desta profissão, o fazer

docente, o fato de estar dentro de uma sala de aula se transforma na performance do professor.

Ao se tratar de uma aula especificamente de música, a escola como um todo espera

não só a execução instrumental ou cantada do professor, mas sim, que os alunos possam ter a

experiência de realizar uma apresentação ou a oportunidade de subir ao palco, de forma

individual ou coletiva, além de aprender música para satisfazer uma vontade pessoal e

desenvolver atividades para momentos cívicos e comemorativos da escola.

Aprender arte é desenvolver progressivamente um percurso de criação pessoal

cultivado, ou seja, alimentado pelas interações significativas que o aluno realiza com

aqueles que trazem informações pertinentes para o processo de aprendizagem

(outros alunos, professores, artistas, especialistas), com fontes de informação (obras,

trabalhos dos colegas, acervos, reproduções, mostras, apresentações) e com o seu

próprio percurso de criador (BRASIL, 1997, p. 35).

E foi com base neste ponto de vista que ministramos uma Oficina de Música na Escola

Municipal de Ensino Básico Vovó Dandae (Boa Vista - RR), objetivando a oportunidade de

termos a experiência de regência de sala de aula e realizar uma performance musical com os

alunos como fruto da oficina.

Em uma das reuniões administrativas do Programa de Iniciação a Docência

(Pibid/Música), o professor Jefferson Mendes2 lançou o convite aos acadêmicos que

estivessem dispostos a ajudá-lo em um projeto que ele estaria fazendo para representar o

curso de Música da Universidade Federal de Roraima, oferecendo uma oficina na Escola,

2 O professor Jefferson ministra no curso de música da UFRR disciplinas voltadas para pedagogia musical.

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49

quatro alunos se dispuseram, e o professor dividiu em duas equipes ficando uma dupla em

cada horário para ajudá-lo.

A formação do educador ocorre em suas experiências diárias e por meio de

incessantes pesquisas, refletindo, construindo e reconstruindo sua prática, buscando

suporte pedagógico necessário para sua atuação profissional. (CUNHA, 2012, p.

11).

Inicialmente a proposta era auxiliar o professor nas tarefas, contudo ao chegarmos a

Escola nossa surpresa foi que ele iria nos supervisionar e nós teríamos que dar a Oficina,

desenvolvendo nossa prática de improvisação para os imprevistos que por ventura iremos

encontrar na vida profissional. Este relato trata somente sobre o período matutino.

O professor propôs que o tema da Oficina fosse “Paisagem Sonora” através de livros

aletrados, no qual os alunos escolheriam qual o livro que mais os cativassem e através de sons

do corpo e percussivos de objetos como talheres, copos, prato e alguns instrumentos musicais

contariam a história do livro escolhido.

A turma escolhida para trabalhar a Oficina tinha cerca de 35 crianças, com faixa etária

de 07 a 08 anos. Logo após uma breve apresentação sobre o nosso curso o professor dividiu a

turma em duas partes. Um grupo ficou na sala de aula e outro no espaço da sala de leitura,

com a turma já dividida foi à hora de apresentar dois livros, um sobre um menino que ia para

o mar e se aventurava no oceano conhecendo vários tipos de animais marinhos, e o outro a

história de uma indiazinha que passeava pela floresta e encontrava todo tipo de animais nas

matas e depois contava toda sua aventura para a aldeia.

Coincidentemente os dois grupos escolheram o livro Abaré3 de Graça Lima, que trata

da aventura da indiazinha. Acreditamos que por estarmos em Roraima onde o contexto

indígena é muito forte e a mata esta no dia a dia dos alunos é muito mais fácil se identificar

com a floresta e a aldeia do que a praia, o mar e os animais marinhos.

Os grupos desenvolveram metodologias diferentes para começar a Oficina, um

catalogou os objetos que tínhamos e outro através da releitura identificou as possibilidades de

sons.

O texto literário, a canção e a imagem trarão mais conhecimentos ao aluno e serão

mais eficazes como portadores de informação e sentido. O aluno, em situações de

aprendizagem, precisa ser convidado a se exercitar nas práticas de aprender a ver,

observar, ouvir, atuar, tocar e refletir sobre elas (BRASIL, 1997, p. 35).

3 Abaré - significa amigo em Tupi-guarani.

Page 50: Anais Expressão 2015 UFRR

50

Nós sempre íamos perguntando aos alunos como podemos fazer o som do vento, do

macaco, da onça, e de outras ilustrações. As crianças foram introduzidas as práticas musicais

de altura, duração, intensidade e timbre, sem perceberem, desta forma fomos desenvolvendo a

criação, leitura, apreciação, concentração e a performance musical, além de refletirem sobre a

vida na floresta.

No final da aula juntamos as turmas e apresentamos as duas performances musicais

que agradaram a coordenação e logo foram apresentadas para toda Escola.

Ao concluir o trabalho proposto o professor nos questionou a respeito das dificuldades

encontradas para a realização da Oficina.

Vieira de Lima: “Além do espaço físico demasiado pequeno e com muito estímulo

para as crianças que estavam rodeadas de brinquedo e livros tinha a inclusão de alunos com

necessidade de atenção específica junto com os demais, dificultando a concentração e

participação de todos”.

Barbosa Lima: “A dificuldade em não preparar previamente a Oficina desestabilizou

as atividades no inicio, utilizei de competição para estimular e prender a atenção das crianças,

resultando em vaias para performance musical do outro grupo, percebi que poderei em outras

atividades estimular a competição e o respeito mútuo”.

A teoria já fazia parte do nosso currículo acadêmico, porém a prática docente se dá

dentro da sala de aula, apesar de fazermos parte do Pibid/Música à experiência na Escola foi

uma realidade diferente dentro de um contexto que não estávamos acostumados.

“Com a finalidade de garantir uma aula consistente e prazerosa, além do

conhecimento metodológico, é necessário sensibilidade por parte do educador sobre o que

vem a ser Arte e consciência sobre a importância do ensino no desenvolvimento pessoal e

social do aluno” (CUNHA, 2012, p.11). Swanwick (1979) cita também que ao utilizarmos o

modelo do C(L)A(S)P devemos ter o cuidado de incentivar os alunos a buscarem o prazer

através da composição, apreciação e performance.

Em suma foi de grande importância ter a experiência de improvisar com a supervisão

de um professor, pois infelizmente esta poderá ser eventualmente uma realidade que vamos

nos deparar quando formos para o ensino regular.

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51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros

curriculares nacionais: artes. Brasilia: MEC/SEF, 1997. 130p.

CUNHA, Julia Maria de Jesus. Ensino de artes: dificuldades, experiências e desafios. Revista

acadêmica interinstitucional, Praia Grande, ano 6, n. 14, dez. 2012.

DIAS, Henrique Guedes. Os PCN – arte, o modelo C(L)A(S)P e as ideias de Swanwick:

repensando os referenciais para o ensino da música na escola. 2011. 50p. Monografia

(Licenciatura Plena em Educação Artística – Habilitação em Música) - Instituto Villa-Lobos,

Centro de Letras e Artes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2011.

LIMA, Graça. Abaré. São Paulo: Paulus. 40p

Page 52: Anais Expressão 2015 UFRR

52

CICLO SUSTENTÁVEL: DE RESÍDUOS SÓLIDOS A MERENDA ESCOLAR

Verônica Pinheiro dos Santos, Universidade Federal de Roraima – UFRR,

[email protected]; Rafael Souza Coimbra e Silva, Universidade Federal de

Roraima – UFRR, [email protected].

INTRODUÇÃO

Este trabalho trata-se de um empreendimento social, que buscou adaptar com base da

necessidade da Escola Estadual Buriti em Boa Vista-RR um ciclo sustentável, na qual os

alunos, professores, gestão e comunidade local, participaram para a realização do projeto de

forma interativa, e assim possibilitaram a aplicação deste ciclo, mediante cultivo de: rabanete,

alface, cebolinha, coentro, couve, feijão, pimentão e quiabo, abóbora, executados de forma

orgânica, com os próprios resíduos produzidos pelo então refeitório e ambiente escolar. Dessa

forma foi proposto a execução de uma gestão ambiental, que analisou as consequências e

quais resultados pertinentes se obteria sobre a responsabilidade socioambiental. Espera-se

assim com este projeto contribuir de forma efetiva com ações ecologicamente corretas,

promovidas por essas atitudes sustentáveis, que por sua vez possam estar sendo incorporadas

na estratégia de gestão escolar, logo a expectativa é de se gerar uma nova cultura para

produção de insumos numa merenda escolar mais saudável, com estas adequações ambientais

mediante horta sustentável, através deste empreendedorismo social. Vale destacar que o

desenvolvimento deste projeto se deu pelo BITERR – Bolsa de Inicialização Tecnológica de

Roraima, promovido pelas instituições: IEL, SEBRAE e SENAI no ano de 2014 em sua 5º

edição.

OBJETIVO

Page 53: Anais Expressão 2015 UFRR

53

Demonstrar a necessidade, viabilidade, e a rentabilidade do cultivo de alimentos

utilizados na merenda escolar, por meio da gestão de um ciclo sustentável, no contexto

escolar, mediante um empreendimento social.

METODOLOGIA

Num primeiro momento houve uma pesquisa bibliográfica, onde este estudo teórico,

destinou-se a busca de informações que embasou todo conhecimento sobre o tema

apresentado, na qual conforme Prestes (2012): “para efetuar esse tipo de pesquisa, deve-se

fazer um levantamento dos temas e tipos de abordagens já trabalhadas por outros estudiosos”,

onde se buscou ampliar conhecimentos já existente sobre o tema apresentado. Assim

posteriormente foi introduzido uma nova ação no que diz respeito a destino dos resíduos

sólidos da Escola Buriti para prática de alimentos orgânicos, mediante desenvolvimento de

uma horta, no ano de 2014, produzida de forma interativa pela comunidade escolar por um

ciclo sustentável, através de uma pesquisa participativa, na qual vale destacar que este estudo

trata-se de uma pesquisa intervencionista, à medida que “seu objetivo é interpor-se na

realidade estudada a fim de modificá-la.” Kahlmeyer-Mertens (2007), sendo que suas ações

caracteriza-se como um tipo de pesquisa social em estreita associação, no qual os

pesquisadores e os participantes, estão envolvidos de forma cooperativa e participativa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mediante as ações socioambientais, desenvolvidas na escola, promovidas através da

horta escolar sustentável, possibilitou ao Buriti aspectos/características de escola sustentável

quanto a responsabilidade socioambiental. As ações promovidas, desencadearam resultados

benéficos quando ao empreendedorismo social – Ambiental (Imagem 1).

Empreendedorismo social é o processo de procura e implementação

de soluções inovadoras e sustentáveis para problemas importantes e

negligenciados da sociedade que se traduz em inovação social sempre

que se criam respostas mais efetivas (relativamente às alternativas em

vigor) para o problema em questão. (FILIPE SANTOS, INSEAD

2012 JOURNAL OF BUSINESS ETHICS, APUD IES 2014)

Após todas as fases desenvolvidas (coleta do material orgânico, processo da

compostagem, plantio, trato cultural, colheita das hortaliças, inserção na merenda escolar),

Page 54: Anais Expressão 2015 UFRR

54

conclui-se o ciclo sustentável (Imagem 2) que o projeto propôs realizar, através de ações

socioambientais, voltado à merenda escolar, promovidas pela gestão ambiental.

Vale destacar que para a realização, quanto a necessidade financeira deste projeto,

foi estipulado uma estratégia de participação, que possibilitou um investimento zero à escola,

no que se diz respeito a compra de matérias para a montagem do ciclo sustentável, isto é, a

horta escolar e composteira – local para a decomposição orgânica de resíduos. Assim foi

realizado promoções beneficentes como: gincana, bazar e arrecadações, que possibilitaram o

custeio e desenvolvimento do projeto de forma interativa e participativa com a comunidade

escolar e local. Conforme ilustrativo (quadro1):

Imagem 1: Ambiente Escolar - Escola Estadual Buriti.

Imagem 2: Ciclo Sustentável – Escola Estadual Buriti.

INSERÇÃO NA MERENDA ESCOLAR

COLHEITA DAS HORTALIÇAS

TRATO CULTURAL PLANTIO

COLETA DO MATERIAL ORGÂNICO

PROCESSO DA COMPOSTAGEM

ANTES DO PROJETO APÓS O PROJETO

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Quadro 1: Orçamento Final do Projeto.

Materiais Necessários Valor (R$) Estratégia de Realização

Limpeza do Terreno 100,00 Pago com os alimentos arrecado na I Gincana Solidaria

Ecológica;

Canteiros 824,00 Construídos pela comunidade escolar em prova em

Gincana;

Sementes 54,00 Arrecadas em prova da Gincana;

Composteira 72,00 Comprado após venda de garrafas pet e latas, arrecadas

em Gincana;

Despesas Extras 200,00 Pagas após vendas de roupas adquiridas em Gincana.

Total 1.350,00 Custo Zero Para a Escola

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Iniciativas empreendedoras sem objetivar somente o lucro em si, se torna algo de

valor muito maior que financeiro, pois um conhecimento adquirido, uma ajuda realizada, um

auxilio proposto, pode-se conseguir tornar as pessoas, a comunidade e quem sabe o mundo

melhor. Transmitir e sensibilizar aos acadêmicos dessa realidade se tornando uma estratégia

escolar que propicia benefícios para todos de maneira geral, pois interliga os elementos

sociais com relação aos elementos ambientais, com base educativa, e assim a capacitação de

alunos e funcionários do ambiente escolar, e assim por sua vez a coexistir em equilíbrio com o

meio, praticando a responsabilidade socioambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DRIPP, DAVID. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São

Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005.

Page 56: Anais Expressão 2015 UFRR

56

KAHLMEYER, R.S. Como elaborar um projeto de pesquisa. Rio de Janeiro: Editora FGV,

2007.

PRESTES, M. L. de M. – Introdução / Pesquisa, Livro Pesquisa e a Construção do

Conhecimento Científico: do Planejamento aos Textos, da Escola à Acadêmica – Edição:

4º, Editora: Rêspel – Ano: 2012. Págs. 28-31.

ROCHA, TERMISIA LUIZA. Viabilidade da Utilização da Pesquisa-Ação em situações

de Ensino-Aprendizagem. Cadernos da FUCAMP, v.11, n.14, p.12-21/2012.

Page 57: Anais Expressão 2015 UFRR

57

EIXO 3 . FORMAÇÃO DE PROFESSORES

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A GRAVURA ENQUANTO PRÁTICA PEDAGOGICA NO ENSINO DAS ARTES

VISUAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL

Dayana Soares Araújo – UFRR – [email protected]

Marcele Socorro de Almeida Figueira – UFRR - [email protected]

Durante as aulas de gravura no curso de Artes Visuais da Universidade Federal de

Roraima foram apresentadas algumas técnicas, sendo algumas com o nível de dificuldade

maior que outras. Portanto, quando iniciamos a prática da docência no PIBID (Programa de

Iniciação à Docência) e nos estágios, mais precisamente no Ensino Fundamental, percebemos

que essas técnicas aprendidas no Curso trariam grandes contribuições no processo de ensino

das Artes, pois queríamos romper com as formas tradicionais das aulas que presenciamos em

Escola Estaduais de Boa vista-RR. Esse incentivo se deu porque tivemos algumas vivências

anteriores nestas Escolas e as aulas de artes geralmente eram realizadas a partir das atividades

que haviam nos livros pedagógicos, não haviam práticas muito inovadoras. Na maioria das

vezes eram feitas leituras e exercícios desse livro, atividades de xerox para pintar, desenho

livre, ensino das cores primárias, secundarias e, poucas vezes, acompanhamos atividades

práticas que despertavam mais o interesse dos estudantes, como a releitura de imagens, por

exemplo.

Pensando em contribuir com o ensino das Artes Visuais nas Escolas pelas quais

tivemos a oportunidade de ter experiências e poder contribuir com o que aprendemos na

Universidade, sugerimos trabalhar com a gravura, ou seja, romperíamos as formas que

estavam sendo trabalhas até então. Assim, podemos dizer que a ruptura das formas

tradicionais se dá quando o professor de artes ou arte-educador deseja que seus alunos tenham

todo o seu processo pedagógico enriquecido. Assim, ao pesquisar e trazer algo diferente,

motiva tanto o professor quanto o aluno, ao mesmo tempo essa metodologia traz inovações

para o espaço escolar revolucionando o processo de ensino aprendizagem. Trabalhar com a

arte é proporcionar ao estudante a liberdade de se expressar e, com o ensino de novas

técnicas, o professor se torna um facilitador dessa experiência.

Somente a ação inteligente e empática do professor pode tornar a Arte ingrediente

essencial para favorecer o crescimento individual e o comportamento de cidadão

como fruidor de cultura e conhecedor da construção de sua própria nação

(BARBOSA,2003,p.14).

Page 59: Anais Expressão 2015 UFRR

59

Enquanto futuros professores de Artes Visuais pensarem que o maior compromisso

que temos para com nossos futuros alunos é incentivar a livre expressão, instigar a

interpretação, a reflexão, estudos teóricos e práticos e, mais do que isso, contribuir para o

processo de sua própria criação, pois isso poderá acrescentar em sua própria história como um

ser que pensa e que tem sentimentos. No decorrer de novas descobertas, novos aprendizados e

novas técnicas, as mudanças vão ocorrendo aos poucos, devagar, sem atropelos, fazendo com

que o indivíduo externalize seus pensamentos e se re-signifique no mundo.

Sabemos que a gravura é uma linguagem antiga, mas que, conforme nossa realidade

educativa local, muitos professores de artes estão longe de utilizá-las como ferramenta

pedagógica. Precisamos inovar, buscar caminhos para que os alunos aprendam. Inúmeras são

as práticas que estão aí para investir no desenvolvimento e na criatividade do aluno, no seu

potencial, apresentar atividades de artes visuais, promover essa reflexão, a ideia. O fazer é

simplesmente colaborar com o processo onde ele se aproprie dessa descoberta.

Devemos dar oportunidade nas aulas de arte para os alunos se expressarem,

envolvendo-os nas aulas, sugerindo modificações, encorajando-os a tal reflexão sobre o

assunto, sensibilizando esse aluno sobre sua importância no processo histórico de sua geração.

Dentre as Escolas que passamos enquanto bolsistas do PIBID e estagiários,

percebemos que ainda se fala pouco sobre atitudes pedagógicas transformadoras no processo

de ensino aprendizagem no ensino de artes, ou ainda outros meios que possam possibilitar ao

aluno o desenvolvimento de outras linguagens dentro das artes visuais. Mas entendemos que a

partir da formação de mais professores nesse campo, tais atitudes possam ocorrer, visto que

um dos maiores problemas que encontramos hoje, é a falta de pessoas qualificadas e, por

conta dessa falta de formação esses professores não possuem determinadas habilidades para

desenvolver as atividades.

Dentre as linguagens das Artes visuais, reconhecemos a importância de cada uma e,

especificamente no caso da Gravura, existe uma gama de possibilidades para desenvolver

atividades que consideramos inovadoras. Nessa área temos a gravura em metal, xilogravura,

litogravura, etc. No caso das técnicas citadas, é necessário um local e materiais mais

apropriados para realizar as atividades e, neste caso, além de exigir mais habilidades,

geralmente a Escola não tem como proporcionar meios para a execução dessas aulas. Devido

a isso, dos professores que buscam trazer novas abordagens pedagógicas para o Ensino das

Page 60: Anais Expressão 2015 UFRR

60

Artes Visuais, alguns passaram a adotar a “isogravura” como uma forma de ensinar gravura.

Nesta técnica é utilizado materiais bem acessíveis, como isopor e tinta e o grau de dificuldade

é baixo, podendo ser ensinado para crianças. Mesmo com a isogravura é possível mostrar

alguns artistas gravadores, as técnicas de gravura e, por fim, iniciar um trabalho prático com

os estudantes. É importante lembrar que o professor precisa dominar essa linguagem.

O desenvolvimento do planejamento do professor de arte tem que ser articulado de

acordo com o contexto escolar, visto que a partir disso toda a proporção das aulas são

duradoras e sequenciadas para melhor entendimento dos alunos. Assim, as motivações sobre

os momentos de descobertas vêm com a variação do processo do aluno desde o começo onde

se apresenta e passa toda a informação teórica e prática com reflexões do professor, passando

por outras etapas que vem desde a escolha de um desenho significativo para o aluno até as

técnicas e as reflexões sobre as atividades e suas produções.

A criança está atenta e aberta às experiências e ao mundo, sem medo dos ricos, por

isso arrisca-se... Vive intensamente. E vai construindo assim, frente aos objetivos, às

pessoas e ao mundo, suas percepções iniciais que Influenciarão toda sua subsequente

compreensão do mundo(MARTINS,p.89).

No momento que o professor proporciona tais atividades nas aulas, amplia o

desenvolvimento do aluno. Durante vivências com os alunos do Ensino fundamental e

aplicação das atividades de gravura, observamos que ao se entusiasmar com a atividade, estes

nos dão um retorno que para o professor mostra que estamos seguindo um bom caminho e

obtendo êxito. Da forma que essas atividades são realizadas e com os materiais que

utilizamos, pelo simples motivo de levarmos algo que diferencia a aula de artes como a batata,

o isopor, as madeiras ou uma simples folha natural, é suficiente para uma aula fantástica.

Durante as atividades que aplicamos com a isogravura, percebemos que as

manifestações dos alunos foram as mais diversas. A formação de pensamentos e as ideias

foram se construindo e, nas series iniciais do ensino Fundamental, essas construções de

pensamento e ideias eram mais demoradas, provavelmente por eles terem a faixa etária de 9 a

11 anos. Já os alunos das series finais, com a faixa etária de 11 a 14, tinham mais agilidade e

habilidades, pois executavam o processo bem mais rápido.

Percebemos que durante o processo esses alunos conversavam bastante pois cada um

queria saber o que o outro iria fazer, os desenhos eram significantes para si. Segundo Ferraz

(2009) “A especificidade do processo de ensinar e aprender artes- em suas múltiplas

Page 61: Anais Expressão 2015 UFRR

61

linguagens- exige condições diferenciadas de espaço tempo na organização do trabalho

pedagógico da escola.” Desta forma, podemos considerar a aula de artes tão necessária quanto

as outras disciplinas. Os estudantes têm uma forma de se expressar e a criatividade é

significativa para eles e, também, o fazer arte, mantem um desenvolvimento cognitivo mais

saudável, adquirindo vários conhecimentos e reflexões sobre a história de si e do outro no

mundo.

Ao se tratar dessa questão tão pouca falada e desenvolvida nas aulas de artes, no

ensino fundamental, que é o uso da gravura e devidos as experiências que tivemos durante

essa pesquisa, podemos afirmar que nossos conhecimentos se tornaram mais aprofundados.

Esperamos ter contribuído e continuar a contribuir na vida dessas crianças e pré-adolescentes

que encontram na arte sua forma de se expressar e se comunicar com seus entornos.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte/Ana Mae Barbosa(org).-2.ed.

São Paulo:Cortez,2003.

FERRAZ, Maria Heloísa C. T, FUSARI, Maria F. de Resende. Metodologia do ensino da

arte: fundamentos e preposições.2.ed.rev.

e ampl.-São Paulo: Cortez,2009

MARTINS, Mirian Celeste. Teoria e Prática do ensino da Arte: A língua do Mundo:

volume único: livro do professor/ Mirian Celeste Martins, Gisa Picosque, M. Terezinha Telles

Guerra.-1. Ed.- São Paulo: FTD, 2009.

PAGATINI, Rafael, Questões para uma metodologia do ensino da gravura.22º encontro da

anpap.2013- Disponível em:<http:// www.anpap.org.br>. Acessado em: 05 de agosto. de

2014.

Page 62: Anais Expressão 2015 UFRR

62

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: O PIBID COMO MEDIADOR DE

EXPERIÊNCIAS NA VIDA PROFISSINAL DO LICENCIANDO

Érika dos Santos Ferreira Gomes

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

[email protected]

RESUMO

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é uma oportunidade

singular na vida do aluno em formação, caracterizando-se por contribuir no aperfeiçoamento

da formação docente em nível superior, proporcionando ao graduando uma perspectiva geral

sobre sua profissão. O presente texto tem por finalidade descortinar algumas experiências

vivenciadas no PIBID/ESPANHOL da UFRR.

PALAVRAS-CHAVE: Formação de Professores. PIBID. Identidade Profissional.

Introdução

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à docência (PIBID), que é uma

iniciativa do Ministério da Cultura e Educação (MEC), sendo executado pela CAPES

(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O referido programa surgiu

em resposta à necessidade do fortalecimento das licenciaturas, tendo por finalidade fomentar a

iniciação à docência, com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento da formação de

docentes em nível superior e para a melhoria da educação básica pública brasileira.

Contribuindo positivamente para a formação de novos profissionais na área da docência,

alguns autores apontam como desafios a serem vencidos para a melhoria da formação inicial

de professores (Pereira, 2000): a dicotomia entre a pesquisa e o ensino, a valorização do

bacharelado em detrimento da licenciatura, a desvalorização do magistério e, com maior

ênfase, a dicotomia entre a teoria e a prática docente.

O PIBID concede bolsas tanto para os estudantes de licenciatura, quanto aos

professores da instituição de ensino superior de origem e das escolas de ensino básico. Para

participar do referido programa, é necessário observar as ofertas de vagas e inscrever-se no

processo de seleção, que avalia o coeficiente de rendimento do aluno de licenciatura,

disponibilidade de horário, disciplinas já cursadas e produções acadêmicas.

Page 63: Anais Expressão 2015 UFRR

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O primeiro edital do PIBID nacional foi lançado em 2007 para as áreas de física,

química, biologia e matemática, estendendo-se em 2009 para todas as demais licenciaturas.

Segundo o Decreto nº 7.219, de 24 de junho de 2010, o PIBID possui como objetivos:

I- incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica;

II - contribuir para a valorização do magistério;

III - elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura,

promovendo a integração entre educação superior e educação básica;

IV - inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação,

proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas,

tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a

superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem;

V - incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores

como co-formadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de

formação inicial para o magistério; e

VI - contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos

docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura.

Precisa pelo menos de um parágrafo de finalização.

O professor em formação

A formação dos professores deve ter como foco o estímulo do pensamento crítico-

reflexivo, proporcionando aos alunos meios de pensamentos autônomos, facilitando assim sua

capacidade de auto compreensão e (auto) formação participada, sendo a última uma

modalidade que permite ao indivíduo aprender ao seu ritmo com a utilização de recursos

específicos para esse feito, e, por conseguinte um trabalho em equipe mais dinâmico e

proveitoso. O professor em formação deve atentar-se para suas responsabilidades diante de

sua carreira, suas práticas, sua identidade. Com essa proposta Nóvoa diz:

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de

conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho

de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção

permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão

importante investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da

experiência.

A teoria nos proporciona uma infinidade de leituras e mundos diversificados,

entretanto o que fica impregnado dentro da pessoa, neste caso os professores, são suas

vivências, suas experiências e sua própria identidade. No PIBID o licenciando tem a

oportunidade de vivenciar a sua formação, a escola, as dificuldades encontradas ao longo do

percurso, e todas as experiências que estão diante do professor. O programa é um mediador

Page 64: Anais Expressão 2015 UFRR

64

entre a formação e a vida profissional, que contribui, com experiências boas e outras ruins, na

identidade profissional e pessoal do acadêmico bolsista.

Experiência 1 - 2012.2

No ano de 2012.2 tive a primeira oportunidade de vivenciar a experiência docente

como acadêmica da Universidade Federal de Roraima vinculada ao PIBID (Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência). O programa possibilita aos graduandos a

oportunidade ímpar de viver a realidade na escola: conhecer os alunos, os professores, a sala

de aula, os ambientes recreativos, a orientação educacional, a gestão da escola e muitos outros

elementos que fazem parte do contexto escolar. Segundo Tardif (2002, p. 82) esse início na

carreira docente “representa uma fase crítica em relação às experiências anteriores e o

confronto inicial com a dura e complexa realidade do exercício da profissão”.

Como bolsista do PIBID/Espanhol (pibidiana), desenvolvi as primeiras atividades em

uma das maiores escolas da rede pública de ensino médio de Boa Vista, Roraima. Durante o

período em que estive na escola, aproximadamente 1 (um) ano e 5 (cinco) meses trabalhei

especificamente com 4 (quatro) turmas das séries de 1º (primeiro) e 2 º (segundo) ano do

ensino médio. O primeiro contato com a sala de aula, agora não mais como aluna, mas sim

como parte do corpo docente, como parte de um programa que visa a iniciação à docência, foi

bastante duro e complexo, mas foi como uma dose de incentivo e me sustentou no curso de

Letras. Vivenciar a sala de aula é a oportunidade chave que todo aluno precisa para certificar-

se de que está na profissão “certa”, que está fazendo aquilo que realmente o faz sentir-se bem.

Experiência 2 - 2014.1

No ano de 2014.1, ainda vinculada ao PIBID/Espanhol como acadêmica da

Universidade Federal de Roraima, desenvolvi atividades com alunos de 6º (sexto) e 7º

(sétimo) ano, em uma escola de Ensino Fundamental de Boa Vista, Roraima. Essa experiência

causava entusiasmo e muita curiosidade, pois o trabalho com crianças é diferente das

atividades desenvolvidas com os adolescentes. Foi realizado na escola um trabalho muito

significativo, e que marcou bastante, tanto para os acadêmicos quanto para o corpo docente e

também para os alunos. Nesse segundo momento, onde surgiram inúmeros desafios, o

grupo encontrou dificuldades e cresceu em meio a todas essas barreiras.

Experiência 3 - 2015.1 e 2015.2

No ano de 2015 o PIBID sofreu várias mudanças, e no PIBID/espanhol não foi

diferente, diante de uma crise, houveram encontros entre todos os bolsistas, professores,

supervisores e coordenadores do PIBID de um modo geral, foram mencionados cortes e

Page 65: Anais Expressão 2015 UFRR

65

reduções de gastos, pois a situação estava se agravando. No início do ano, o PIBID/espanhol

abriu edital para seleção de um novo (a) supervisor (a) de ensino fundamental, no entanto não

recebeu nenhuma inscrição, o que levou a uma nova abertura do mesmo edital, e nesse

segundo momento houveram duas professoras inscritas. Após a seleção de uma nova

supervisora e de uma nova escola para que os acadêmicos pudessem desenvolver suas

atividades, foram organizados os horários de cada bolsista, já que somos 5 (cinco), realizamos

uma pequena apresentação entre o grupo PIBID/espanhol e a coordenação da escola

selecionada. Entretanto, após pouco tempo de trabalho na escola, houve uma intervenção da

coordenação geral do PIBID, era necessário que a professora selecionada fosse desligada do

programa, pois não havia verba o suficiente para novos participantes. Os cinco bolsistas foram

remanejados para a escola de ensino médio, que agora conta com um total de 10 (dez)

bolsistas acadêmicos. Essa terceira experiência posso classificar como sendo uma das mais

importantes em todos os três anos como participante do programa. O grupo tornou-se mais

uníssono como um todo e passou a desenvolver suas atividades contando com o apoio da

coordenação, e as experiências foram gigantescas. O grupo iniciou uma atividade para os

alunos de ensino médio da “nova” escola, mais propriamente para o 2º ano do ensino médio,

desenvolvendo o plano de aula, criando os slides a serem apresentados e fazendo todo o

planejamento em conjunto, contando com a capacidade de cada um para o desenvolvimento

de um bom trabalho.

Considerações Finais

A boa formação de futuros professores é o principal objetivo que se pretende alcançar

nos cursos de licenciatura no cenário atual, mas mesmo com toda a informação existente hoje,

faz-se necessário pensar no professor como educador, como aquele que lida com os conflitos

de sala de aula, como um ser (pois o professor é um ser), um mediador de conhecimentos.

Pensar nas experiências que um professor carrega consigo é algo que deve ser exercitado

dentro dos cursos de formação. O PIBID é um dos programas mais importantes desenvolvidos

dentro das Instituições Federais e Estaduais atualmente, é um mediador que possibilita ao

acadêmico uma oportunidade dentro de sua formação. Assim, o referido programa não é um

“emprego” por conta da bolsa de R$400 (quatrocentos reais), mas sim uma experiência a ser

levada por todo o contexto profissional a ser seguido, uma bagagem positiva que o

licenciando pode carregar como um aperfeiçoamento e ter como referência para os seus

próximos passos.

Page 66: Anais Expressão 2015 UFRR

66

BIBLIOGRAFIA

CAPES. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

<http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/pibid>. Acesso em: 03.10. 2015.

NÓVOA, ANTONIO. Formação de Professores e Profissão Docente. Disponível em:

<http://core.ac.uk/download/pdf/12424596.pdf>, acesso em 03.10.2015.

PEREIRA, J.E.D. Formação de professores – pesquisa, representações e poder. Belo

Horizonte: Autêntica, 2000

Page 67: Anais Expressão 2015 UFRR

67

DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA PARA O

PROFESSOR DA UERR, BOA VISTA-RR

Francisleile Lima Nascimento, Universidade Federal de Roraima, UFRR; E-mail:

[email protected]

Aline Dias de Santana, Universidade Estadual de Roraima, UERR; E-mail:

[email protected]

Marta de Almeida, Universidade Estadual de Roraima, UERR; E-mail:

[email protected]

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar a importância da pesquisa para o

docente no ensino superior da Universidade Estadual de Roraima (UERR) na cidade de Boa

Vista-RR. O processo de coleta de dados ocorreu no período de julho de 2015, foi elaborado

01 (um) questionário com 07 (sete) perguntas de classificação fechada onde foram aplicados

aos 20 (vinte) professores (docentes) com aspectos relevantes sobre a temática. Um

pesquisador é um profissional capacitado para realizar produções bibliográficas tendo

fundamentação teórica, prática e metodológica, tornando os professores incentivadores à

pesquisa.

Palavras-Chave: Pesquisa. Ensino Superior. Docentes. UERR.

1. INTRODUÇÃO

A formação e a prática docente do professor universitário é uma tarefa complexa que

abrange diversas perspectivas, o que implica conscientizar-se de que não basta graduar-se e

exercer determinada profissão, para estar habilitado a lecionar. A docência como profissão

requer um conhecimento especializado, isto é, uma formação específica (SILVA; PEREZ,

2009).

Além disso, é necessário que o professor invista na formação continuada que o

habilite e o capacite pedagogicamente, dando-lhe condições para vivenciar a ação docente,

bem como para conhecer e acompanhar as mudanças que ocorrem continuamente na área da

educação. Assim, com o avanço dos meios de comunicação e com o fluxo de informações

cada vez maior, novas capacidades e novos saberes são exigidos para atender as demandas

atuais do mercado de trabalho. Portanto, a expansão do ensino de nível superior tem

demandado cada vez mais docentes qualificados tanto para responder às exigências

curriculares e condução pedagógica constitui um grande desafio.

Page 68: Anais Expressão 2015 UFRR

68

2. METODOLOGIA

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a importância da pesquisa para o docente

no ensino superior da Universidade Estadual de Roraima (UERR) na cidade de Boa Vista-RR.

O processo de coleta de dados ocorreu no período de julho de 2015, onde os resultados foram

avaliados de forma quali-quantitativamente que trouxeram aspectos relevantes sobre a

temática.

Pesquisa Exploratória: A pesquisa classifica-se no modelo exploratório, fazendo

uso de levantamento bibliográfico, aplicação de questionário, visando maior familiaridade

com o assunto em questão, buscando analisar a importância da pesquisa científica para o

docente no ensino superior. Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior

familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A

grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com

pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de

exemplos que estimulem a compreensão. Essas pesquisas podem ser classificadas como:

pesquisa bibliográfica e estudo de caso (GIL, 2007).

Método Quali-quantitativo: a pesquisa se dá com uma análise qualitativa, “Uma

avaliação qualitativa dedica-se a percebe tal problemática para além dos levantamentos

quantitativos usuais, que nem por isso deixam de ter sua importância” (DEMO, 2008, p. 17).

Pois esse tipo de análise depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados coletados,

a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que direcionam

a pesquisa, para que tenha maior conhecimento do objeto de estudo e buscando sempre maior

quantidade de informações para se tiver uma pesquisa relevante, e que alcance o objetivo

proposto.

Etapas da pesquisa: Na etapa inicial foi realizado um levantamento de literatura

disponível em livros e sites; na segunda etapa com base teórica foi elaborado 01 (um)

questionário com 07 (sete) perguntas de classificação fechada onde foram aplicados aos 20

(vinte) professores (docentes); a terceira etapa foi feita a interpretação dos dados obtidos, e

analisados de forma quali-quantitativamente, tabulados e apresentados em gráficos com

valores percentuais para maior compreensão da leitura.

Público – alvo: Foram 20 (vinte) professores, docentes de nível superior de vários

cursos de graduação da instituição de ensino a Universidade Estadual de Roraima (UERR).

Desse total, 13 (treze) são do gênero feminino e 07 (sete) do gênero masculino, distribuídos

entre especialistas; mestres e doutores.

Page 69: Anais Expressão 2015 UFRR

69

Técnicas de coleta de dados: Os dados necessários para responder aos objetivos

foram obtidos a partir da aplicação de 20 (vinte) questionários aplicados aos professores de

ensino superior a UERR. O questionário foi elaborado com perguntas de múltipla escolha de

classificação fechada previamente definidas e com uma resposta marcada individualmente por

cada docente. Os critérios para a escolha das perguntas seguiram o interesse de fazer um

diagnóstico da importância da pesquisa para o docente no ensino superior (MARCONI, 2009,

p. 18; 86).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao perguntar dos professores sobre o grau de titulação, 5% é especialista; 50% sãos

mestres e 45% são doutores. Não foi possível aplicar o questionário a todos os docentes, o

quadro de professores atualmente é de um total de 236 professores, divididos em: 31 doutores,

116 mestres e 89 especialistas. Atualmente 33 professores estão cursando mestrado e

doutorado (UERR, 2015). Através do percentual total de quantos especialistas, mestres e

doutores há na instituição de ensino, infelizmente não foi possível aplicar a pesquisa a todos.

Mas a partir do que foi aplicado percebe-se que aqueles que fizeram parte da entrevistada

foram mais mestres do que doutores (total de questionários aplicados e respondidos foram de

20 (vinte) aos professores de nível superior da UERR; a pergunta é de categoria fechada,

portanto as alternativas de respostas foram elaboradas pelas autoras da pesquisa).

Continuando os questionamentos, ao perguntar dos professores se no ensino superior

o docente deve fazer pesquisa, 100% apontaram que sim. Com base nisso, 98 projetos entre

pesquisa e extensão estão em andamento na instituição de ensino (UERR, 2015). Quando o

professor tem a ciência de que é um pesquisador, ele sabe da importância que isso tem pra sua

formação e também para o nível de ensino ao qual ele escolheu para atuar como professor, ele

deve assumir a responsabilidade com os alunos e também com a instituição de ensino superior

(total de questionários aplicados e respondidos foram de 20 (vinte) aos professores de nível

superior da UERR; a pergunta é de categoria fechada, portanto as alternativas de respostas

foram elaboradas pelas autoras da pesquisa).

Com base no resultado acima, ao perguntar dos professores quais atividades de

cunho científico os mesmos desenvolvem no ensino superior, 38% disseram que elaboram

artigos científicos; 29% desenvolvem projetos de extensão; 19% desenvolvem projetos de

pesquisa; 8% elaboraram capítulos de livros e 2% organização de algum livro. Isso mostra

que dentro do universo pesquisado, os docentes são ativos quanto a atividades de cunho

científico (total de questionários aplicados e respondidos foram de 20 (vinte) aos professores

Page 70: Anais Expressão 2015 UFRR

70

de nível superior da UERR; a pergunta é de categoria fechada, portanto as alternativas de

respostas foram elaboradas pelas autoras da pesquisa; estava em aberto mais de uma opção de

resposta para cada indivíduo).

Ao perguntar dos professores se os mesmos desenvolvem pesquisa com os alunos,

100% disseram que sim. A intuição de ensino superior é um ambiente que necessita

desenvolver pesquisas para estar contribuindo; alcançando metas; criando possibilidades que

alimentem e estimulem a capacidade do ser humano em satisfazer suas necessidades

intelectuais, além de beneficiar o coletivo. Com isso as necessidades diversas serão

compartilhadas no sentido de se trazer mudanças significativas neste contexto, possibilitando

para professores e alunos um crescimento pessoal e intelectual. Para o professor é importante

para a valorização do seu currículo profissional. Para o aluno é importante pelo aprendizado

que ele irá adquirir experiência, preparação para o ensino superior, além de começar a fazer o

seu currículo acadêmico e profissional (total de questionários aplicados e respondidos foram

de 20 (vinte) aos professores de nível superior da UERR; a pergunta é de categoria fechada,

portanto as alternativas de respostas foram elaboradas pelas autoras da pesquisa).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O docente tem um papel e uma responsabilidade muito grande perante a sua

formação e principalmente ao grau de escolaridade que escolheu para atuar, portanto, a

docência do ensino superior é uma realidade que traz desafios aos docentes, pois os mesmos

devem atuar ativamente como professor-pesquisador. Na medida em que a universidade se

propor a formar cientistas e pesquisadores desde os primeiros anos da graduação, estará

contribuindo no sentido de consolidar uma educação superior de qualidade, pautada na

autonomia do indivíduo/cidadão e conectada com as exigências futuras da pós-modernidade.

Um pesquisador é um profissional capacitado para realizar produções bibliográficas tendo

fundamentação teórica, prática e metodológica, tornando os professores incentivadores à

pesquisa. Os grandes mestres deixaram de ser somente um repassador de ensino, mas se

tornaram parte da história da vida daquele que por seu incentivo tornou-se não somente um

pesquisador, mas também um profissional diferenciado dos outros que apenas possuem um

diploma da graduação.

REFERÊNCIAS

1. DEMO, Pedro. AVALIAÇÃO QUALITATIVA. 9. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.

(Coleção Polêmicas do nosso tempo; 25).

Page 71: Anais Expressão 2015 UFRR

71

2. GIL, A. C. COMO ELABORAR PROJETOS DE PESQUISA. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

3. SILVA, Maria Heloísa Aguiar da.; PEREZ, Isilda Louzano. DOCÊNCIA NO ENSINO

SUPERIOR. Curitiba: IESDE Brasil, 2009.

4. UERR. Universidade estadual de Roraima. HISTÓRICO DA UERR. Disponível

em:<http://uerr.edu.br/sobre-a-uerr/>. Acesso em: 05 jul. 2015.

Page 72: Anais Expressão 2015 UFRR

72

TECNOLOGIA NO ENSINO SUPERIOR: ANÁLISE DO USO DE FERRAMENTAS

TECNOLÓGICAS POR DOCENTE EM SALA DE AULA NA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE RORAIMA (UERR), BOA VISTA-RR

Francisleile Lima Nascimento, Universidade Federal de Roraima, UFRR; E-mail:

[email protected]

Marta de Almeida, Universidade Estadual de Roraima, UERR; E-mail:

[email protected]

Aline Dias de Santana, Universidade Estadual de Roraima, UERR; E-mail:

[email protected]

RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo analisar o uso de ferramentas tecnológicas por

docente em sala de aula no ensino superior da Universidade Estadual de Roraima (UERR) na

cidade de Boa Vista-RR. O processo de coleta de dados ocorreu no período de maio de 2015,

onde os resultados foram avaliados de forma quali-quantitativamente que trouxeram aspectos

relevantes sobre a temática. Foram 10 (dez) professores, docentes de nível superior de vários

cursos de graduação da instituição de ensino pública, a UERR. Aplicando o uso da tecnologia

nas ações docentes no ensino superior ele terá possibilidades de torna-se seu trabalho mais

“fácil”, o leque de possiblidades dentro desse mundo tecnológico disponível muda a forma

educacional (dentro ou fora de uma instituição), trazendo soluções e melhorias na forma de se

dar aula e de atrair o aluno, envolvendo-o cada vez mais nas aulas.

Palavras-Chave: Tecnologia. Ensino Superior. Docentes. UERR.

3. INTRODUÇÃO

Todos os dias o avanço tecnológico apresenta novos recursos e ferramentas mais

completas e poderosas, a fim de que as tarefas cotidianas sejam cada vez mais ágeis e rápidas.

Essas tecnologias permeiam todas as ações e atividades cotidianas e altera a cultura social, a

maneira de se relacionar, de aprender e ensinar. Neste contexto as instituições de ensino estão

utilizando das ferramentas tecnológicas para agilizar os trabalhos; ter uma comunicação mais

rápida – um retorno instantâneo das informações que necessita para aquele momento;

possibilitando que o andamento das atividades ocorra de forma que as “respostas” ou até

mesmo o “retorno” de alguma informação seja de forma que adiante o andamento dos

trabalhos (GEBRAN, 2009).

Além disso, o desenvolvimento da tecnologia facilitou a comunicação entre

instituições e pessoas por meio de aplicativos; processador de textos; planilhas eletrônicas;

gerenciadores de bancos de dados e os programas de comunicação que permitem o envio de

Page 73: Anais Expressão 2015 UFRR

73

mensagens, documentos, imagens e até mesmo a consulta de informações de outros

computadores via acesso remoto e de redes mundiais, como é o caso da internet. Contudo essa

revolução trouxe também vários problemas relativos principalmente à privacidade das pessoas

e ao seu direito à informação (GEBRAN, 2009, p.12).

4. METODOLOGIA

Esta pesquisa tem como objetivo analisar o uso de ferramentas tecnológicas por

docente em sala de aula no ensino superior através da Universidade Estadual de Roraima

(UERR) na cidade de Boa Vista-RR. O processo de coleta de dados ocorreu no período de

maio de 2015, onde os resultados foram avaliados de forma quali-quantitativamente que

trouxeram aspectos relevantes sobre a temática.

Pesquisa Exploratória: A pesquisa classifica-se no modelo exploratório, fazendo

uso de levantamento bibliográfico, aplicação de questionário, visando maior familiaridade

com o assunto em questão, buscando analisar a importância da pesquisa científica para o

docente no ensino superior. Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior

familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A

grande maioria dessas pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com

pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de

exemplos que estimulem a compreensão. Essas pesquisas podem ser classificadas como:

pesquisa bibliográfica e estudo de caso (GIL, 2007).

Etapas da pesquisa: Na etapa inicial foi realizado um levantamento de literatura

disponível em livros e sites; na segunda etapa com base teórica foi elaborado 01 (um)

questionário com 08 (oito) perguntas divididas em fechadas e abertas onde foram aplicados

aos 10 (dez) professores (docentes); a terceira etapa foi feita a interpretação dos dados

obtidos, e analisados de forma quali-quantitativamente, tabulados e apresentados em gráficos

com valores percentuais para maior compreensão da leitura.

Público – alvo: Foram 10 (dez) professores, docentes de nível superior de vários

cursos de graduação da instituição de ensino a Universidade Estadual de Roraima (UERR).

Desse total, 07 (sete) são do gênero feminino e 03 (três) do gênero masculino, distribuídos

entre mestres e doutores.

Técnicas de coleta de dados: Os dados necessários para responder aos objetivos

foram obtidos a partir da aplicação de 10 (dez) questionários aplicados aos professores de

ensino superior a UERR. O questionário foi elaborado com perguntas de múltipla escolha de

Page 74: Anais Expressão 2015 UFRR

74

classificação fechada previamente definidas e com uma resposta marcada individualmente por

cada docente. Além de perguntas de classificação aberta deixando o entrevistado à vontade

nas respostas, caracterizando-se assim um levantamento de dados. Os critérios para a escolha

das perguntas seguiram o interesse de fazer um diagnóstico do uso de ferramentas

tecnológicas por docente em sala de aula no ensino superior (MARCONI, 2009, p. 18; 86).

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao perguntar dos professores se os mesmos são adeptos ao uso de ferramentas

tecnológicas, 100% disseram que sim, nos dias atuais o computador tornou-se uma ferramenta

indispensável na vida de qualquer pessoa. No cotidiano o uso da tecnologia trouxe mudanças

nas relações pessoais; profissionais; lazer; instrumento de pesquisa; rápida comunicação;

facilidade e agilidade. Portanto, utiliza-las na contribuição de atividades acadêmicas, como o

caso dos docentes do ensino superior é de extrema importância, além de trazer um leque de

possibilidades (total de questionários aplicados e respondidos foram de 10 (dez) aos

professores de nível superior da UERR; a pergunta é de categoria fechada, portanto as

alternativas de respostas foram elaboradas pelas autoras da pesquisa).

Quais ferramentas tecnológicas o professor utiliza para auxiliar no planejamento de

suas aulas, 24% disseram que utilizam a internet e documento de texto Word; 19% disseram

notebook; 17% apresentação em slides no Power point; 12% planilha do Excel; e 5%

microcomputador desktop. Essas tecnologias se forem empregadas com fim educacional

trazem benefícios e novas possibilidades para o professor em sala de aula contribuindo para o

ensino e aprendizado. Portanto, conforme o maior percentual pesquisado a utilização da

internet e o documento de texto Word são as ferramentas mais utilizadas pelos docentes ao

planejar suas aulas e realizar atividades de docência (total de questionários aplicados e

respondidos foram de 10 (dez) aos professores de nível superior da UERR; a pergunta é de

categoria aberta, portanto as alternativas de respostas foram fornecidas pelos entrevistados;

estava em aberto mais de uma opção de resposta para cada indivíduo).

Quais ferramentas tecnológicas o professor utiliza em sala de aula, 18% disseram que

utilizam apresentação em slides no Power point, data show e notebook, 13% utilizam vídeos e

multimídias audiovisuais; 8% laboratórios e tem aqueles que não utilizam nenhuma

ferramenta tecnológica em sala de aula, e por fim 3% utilizam softwares educativos. Com

base neste resultado, observa-se que as ferramentas mais utilizadas é um conjunto que reúne

um computador + software Power point + data show, que representa uma aula didática com

elementos tecnológicos na tentativa de atrair o aluno a se envolver ainda mais nas aulas (total

de questionários aplicados e respondidos foram de 10 (dez) aos professores de nível superior

Page 75: Anais Expressão 2015 UFRR

75

da UERR; a pergunta é de categoria aberta, portanto as alternativas de respostas foram

fornecidas pelos entrevistados; estava em aberto mais de uma opção de resposta para cada

indivíduo).

Ao perguntar se o professor percebeu mudanças positivas ao utilizar ferramentas

tecnológicas como auxílio para suas atividades como docente, 100% disseram que sim, o uso

da tecnologia permite que além da rapidez e da confiabilidade dos serviços oferecidos por

esse meio também seja os benefícios é a interatividade (isso acontece quando se utiliza de

computadores e dos diferentes softwares que estão disponíveis, além do acesso a internet que

atende as mais diversas áreas e públicos). Segundo Kampff (2009), estas ferramentas

tecnológicas desmobilizam variedades de tarefas, de como irá manipular para suas

necessidades e também como disponibilizará na rede para outros fins e que outras pessoas

também tenham acesso. Portanto, o professor cada vez mais deve introduzir a tecnologia fora

e dentro de sala de aula para trazer agilidade, facilidade e outros benefícios válidos que

contribuem para as atividades profissionais somados ao uso dessas ferramentas tecnológicas

(total de questionários aplicados e respondidos foram de 10 (dez) aos professores de nível

superior da UERR; a pergunta é de categoria fechada, portanto as alternativas de respostas

foram elaboradas pelas autoras da pesquisa).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de ferramentas tecnológicas na gestão educacional é de suma

importância. Todos que fazem parte das instituições públicas ou privadas de ensino, como é o

caso da UERR necessitam dessa atualização e de buscar novas formas de melhorar o

desenvolvimento e desempenho do seu trabalho em sala de aula. As novas tecnologias

representam um progresso importante por permitirem combinar textos, passar de um texto a

outro e construí-los com grande facilidade. Necessitamos utilizar as novas tecnologias

ativamente. Portanto, não podemos deixar de lado à praticidade, a rapidez, a economia, entre

outras coisas, ao qual a utilização dessas ferramentas tecnológicas que estão disponíveis nos

permite em nosso presente (GEBRAN, 2009).

REFERÊNCIAS

1. GEBRAN, Mauricio Pessoa. TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS. Curitiba: IESDE Brasil S. A.

2009.

2. GIL, A. C. COMO ELABORAR PROJETOS DE PESQUISA. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

3. KAMPFF, Adriana Justin Cerveira. NOVAS LINGUAGENS EM EDUCAÇÃO. 2. ed. Curitiba,

Pr: IESDE Brasil, 2009.

Page 76: Anais Expressão 2015 UFRR

76

EIXO 4 . PRODUTOS COMUNICACIONAIS

Page 77: Anais Expressão 2015 UFRR

77

CAMINHOS DA AMAZÔNIA: NA DEFESA DA VIDA E ENCANTOS DO MONTE

RORAIMA

Antonia Costa da Silva

Doutoranda em Ciências da Comunicação do POSCOM Unisinos. Mestre em Educação e

professora efetiva do curso de Comunicação da UFRR

E-mail: [email protected]

O presente trabalho pretende destacar como a Rede de Notícias da Amazônia - RNA4 -

vem produzindo e divulgando assuntos relacionados ao meio ambiente no programa

Caminhos da Amazônia.5 No dia 7 de março de 2015, a equipe de reportagem da FM Monte

Roraima produziu um programa temático intitulado Parque Nacional do Monte Roraima.6 Ele

foi levado ao ar para todas as Rádios ligada à RNA. Pretendemos averiguar como ela

trabalhou a temática do Parque Nacional do Monte Roraima no programa especial produzido

pela equipe da FM Monte Roraima.7 Uma semana antes da Rede Globo de Televisão colocar

no ar os últimos capítulos da novela “Império”.8 Com isso, poderemos estar colocando em

reflexão as questões de fundo da prática jornalística, da ausência ou presença da grande

problemática ambiental relacionada com temas debatidos pela RNA. O Monte Roraima ficou

4 Rede de Notícias da Amazônia é uma associação de emissoras de rádio sem fins lucrativos, que tem como meta

democratizar a comunicação na região amazônica priorizando o ponto de vista dos lutadores sociais, através da

divulgação de suas ações politicas, econômicas, culturais e sociais. 5 O Programa ganhou em 2011 o prêmio Microfone de Prata conferido pela Unda Brasil/ CNBB. "O júri para o

prêmio “Microfone de Prata” aconteceu no dia 20, em São Paulo, na sede das Paulinas, com um júri formado,

conforme prevê o regulamento, de representantes da Associação Católica de Comunicação, a Signis Brasil, com

diretor e produtor de Rádio, ouvintes e um representante da CNBB. Dos 66 inscritos nas categorias Religioso,

Jornalismo e Entretenimento, os contemplados foram: vencedor na categoria religioso, “A caminho do Reino”,

Rádio 9 de julho, arquidiocese de São Paulo (SP), apresentação padre José Renato; categoria jornalismo, “Jornal

da Manhã”, Rádio Educadora AM, Coronel Fabriciano (MG), apresentação de Roberto Siqueira e categoria

entretenimento, “Caminhos da Amazônia”, Rede de Notícias da Amazônia – Rádio Rural de Santarém (PA),

apresentação Joelma Viana e Anderleia Oliveira".O programa Caminhos da Amazônia é produzido pela Rádio

Rural e emissoras integrantes da Rede de Notícias da Amazônia que tem a sede gestora na Rádio Rural de

Santarém. 6 O Parque foi criado em 28 de junho 1989 pelo então presidente da república do Brasil José Sarney, Decreto N°

97.887. Lá se encontram belíssimas savanas, muitas florestas de altitude e rios de correnteza forte. Também se

localizam no Parque algumas das mais antigas montanhas da terra, destacando-se aí o Monte Roraima. É um

costume se dizer que quem vai ao Monte Roraima não se arrepende. Isso dizem os próprios roraimenses

Aventureiros abrem a imaginação, pelo fato de o Monte possuir uma forma estranha de mesa, denominada pelos

índios de "Tepuí". Na região existem muitas espécies de samambaias ebromélias. O Parque ocupa cerca de

116.000 hectares. 7 Rádio Fm Monte Roraima, opera na freqüência Modulada 107,9 MHz, correspondente ao canal 300E da faixa

de FM, potência de 1,0 KW u 1000 wat´ts; classe B1. É a única emissora católica do Estado e outorgada à

Diocese pelo Ministério da Educação e Cultura e gerida pela Fundação Educativa Cultural José Allamano. fica

na cidade de Boa Vista, Estado de Roraima. 8 Telenovela brasileira produzida e exibida pela Rede Globo no horário das 21 horas entre 21 de julho de 2014 e

13 de março de 2015, em 203 capítulos que destacou as belezas naturais do Monte Roraima. Foi escrita por

Aguinaldo Silva.

Page 78: Anais Expressão 2015 UFRR

78

mais conhecido ainda devido à novela que mostrou suas belezas. Ele possui fontes de águas

límpidas que formam rios. Porém, pode sofrer sérias consequências de impactos ambientais

com as constantes visitas.

Observaremos como foram conduzidas as dicas, músicas, as informações e as

entrevistas no sentido de alerta dado pelo programa para a preservação do local que poderá

correr risco de poluição e degradação devido o aumento de pessoas que visitam o berço de

Macunaíma. Para saber como se deu esse processo, ouvimos e transcrevemos o script do

programa enviado pela produção de jornalismo da FM Monte Roraima.

Pelo fato da Amazônia ser uma região de difícil acesso pela sua extensão geográfica,

há lugares em que o rádio ainda é o único meio de comunicação social utilizado pelos seus

habitantes. Por ser um dos meios de comunicação de massa que presta grandes serviços à

sociedade através da informação e do entretenimento, o rádio tem se transformado ao longo

de sua existência. Como define Charaudeau (2006, p. 107), o rádio é essencialmente voz,

sons, música, ruído, e é esse conjunto que o inscreve numa tradição oral. “O rádio é, por

excelência, a mídia da transmissão direta e do tempo presente”.

Tecnicamente, Ferraretto (2001) define rádio como:

Meio de comunicação que utiliza emissões de ondas eletromagnéticas para

transmitir a distância mensagens sonoras destinadas a audiências numerosas. A

tecnologia é a mesma da radiotelefonia (ou seja, transmissão de voz sem fio) e

passou a ser utilizada, na forma que se convencionou chamar de rádio, a partir de

1916, quando o russo radicado nos Estados Unidos David Sarnoff anteviu a

possibilidade de cada indivíduo possuir em sua casa um aparelho receptor.

(FERRARETTO, 2001, p. 23)

E muitas emissoras na região Norte estão ligadas a grupos partidários ou de algum

político diretamente. Mas desde 2008, inicia uma nova proposta na Região Amazônica com a

criação da Rede de Notícia da Amazônia – RNA que interliga Rádios populares, comunitárias

ou Educativas; algumas ligadas à Igreja Católica, através das Dioceses.

A RNA tem como finalidade ser um instrumento diferenciado entre os povos da

Amazônia com notícias educacionais, culturais, ambientais e de gênero para estimular a

formação da consciência crítica e participativa dos e das ouvintes da região. Com isso,

cumpre seu papel de ser um instrumento de comunicação democratizada na Amazônia,

priorizando o ponto de vista dos protagonistas sociais, a partir das fontes de informação.

A RNA tem dois programas: O Jornal Amazônia e Notícia (JAN). Além desse

noticiário, a rede produz um programa de educação ambiental denominado ”Caminhos da

Amazônia”, cuja intenção não é apenas denunciar as ações que estão sendo praticadas contra

o bioma amazônico, mas sensibilizar os e as ouvintes de que é necessário fazer algo para

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mudar a realidade. O programa é veiculado aos sábados e produz dicas de meio ambiente,

entrevistas, músicas e outras informações. A cada semana uma emissora sócia da RNA produz

o programa com temáticas que despertem a consciência dos/das ouvintes para a preservação

do Meio Ambiente.

Benetti (2007) sugere, que no jornalismo, de modo geral, a discussão tem misturado

dois pontos de vista: o funcional – quando define, por exemplo, os gêneros informativo e

opinativo – e o textual – quando emolduram os gêneros, subgêneros ou formatos notícia,

reportagem, entrevista, crítica e editorial, entre outros textos possíveis. Nem mesmo

combinados, entretanto, esses pontos de vista contemplam as relações intersubjetivas e de

poder que efetivamente constituem um gênero.

A produção e apresentação são da jornalista Janaína Souza e as reportagens são de

Lidiane Cabral e Rose Moraes e edição de Joelcy Mariano. O programa inicia com a vinheta

de abertura e uma música de fundo.

Vale ressaltar a importância da Rede de Notícias da Amazônia no contexto amazônico

e criando possibilidade de uma nova Comunicação interligada, no momento vive discutindo a

questão da Sustentabilidade e quem de fato dá uma lição de como lidar isso, talvez não seja a

Voz oficial e sim as vozes alternativas que se manifestam em ocasiões oportunas, quer seja

numa simples matérias de coleta correta do lixo como possibilidade de reciclar, quer seja,

num movimento de defesa de um grande rio da Amazônia ou seus Parques de Reservas

Naturais.

O programa especial sobre o Monte Roraima nos remete a memória, o quanto os seres

humanos do século XXI estão à procura de lugares de beleza natural. Apesar de tanta

destruição do planeta, ainda há lugares tão exóticos como o Monte Roraima, que leva

milhares de olhares que clamam por uma mudança.

O etnólogo alemão Theodor Koch-Grunberg9 descreve o Monte Roraima como o

“monte majestoso.” Ele afirmou que para os nativos, o “Roraima é o berço da humanidade”.

Aqui, o herói de sua tribo, makunaíma, viveu com seus irmãos. Aqui, em sua

loucura e cobiça, ele derrubou a árvore do mundo, que dava todos os frutos bons. A

copa caiu para o norte. Por isso, ao norte de Roraima até hoje nascem todas as frutas

na úmida região de florestas, enquanto ao sul de Roraima, na seca savana, semente

com muito trabalho é o que o índio tira o alimento do solo. O tronco caiu sobre o

Caroni. Está lá até hoje, como uma grande rocha que atravessa o rio, formando uma

lata catarata, onde os barcos têm que ser descarregados e arrastados por terra. O

rochedo Roraima é o cepo que ficou de pé. Dele veio o grande dilúvio, do qual

poucos se salvaram. (KOCH-GRUNBERG, 2006, p. 126-127).

9 Expedição etnográfica entre os anos de 1911 e 1913, onde ele percorreu milhares de quilômetros, desde a bacia

do rio Branco, visando a alcançar as nascentes do rio Orinoco, patrocinada pelo Baessler-Institut de Berlim.

Page 80: Anais Expressão 2015 UFRR

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Os ameríndios acreditavam que a grande rocha na realidade era uma imensa mesa de

pedra, e, em volta dela os deuses se encontravam e decidiam o destino de seus povos. Por

isso, os índios temiam aquela rocha, acreditavam que ao redor dela suas vidas poderiam vir a

ser negociadas.

REFERÊNCIAS

BENETTI, Marcia. O jornalismo como gênero discursivo. SBPJor - Associação Brasileira

de Pesquisadores em Jornalismo 5º ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM

JORNALISMO Universidade Federal de Sergipe – 15 a 17 de novembro de 2007 acessado

em 21/05/2015

BUENO, Wilson da Costa. Comunicação, Jornalismo e Meio Ambiente: teoria e pesquisa.

São Paulo: Mojoara Editorial, 2007.

_______. Jornalismo ambiental: explorando além do conceito. In: Desenvolvimento e meio

ambiente, UFPR, n.15, p. 33-44, jan/jun 2007.

_______ . Jornalismo ambiental: navegando por um conceito e por uma prática. S/d.

Disponível em: http://jornalismoambiental.org.br/1148/jornalismo-ambiental-navegando-por-

um-conceito-e-por-uma-pratica.html. Acesso em 01 jun. 2014.

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Mídias. São Paulo: Editora Contexto, 2006.

FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: o veículo, a história e a técnica. 2ª Ed. São Paulo: Sagra

Luzzatto, 2001.

KOCH-GRUNBERG, Theodor. Do Roraima ao Orinoco, v. I: observações de uma aviagem

pelo norte do Brasil e pela Venezuela durante os anos de 1911 a 1913. São Paulo: Editora

UNESP, 2006.

MANUAL DE PRODUÇÃO da Rede de Notícias da Amazônia.

VIANA, Joelma. Entrevista concedida à Jornalista e pesquisadora Antonia Costa da Silva em

Santarém (PA), 10/09/2014.

Page 81: Anais Expressão 2015 UFRR

81

A MIDIATIZAÇÃO E SEUS ORDENAMENTOS

Vilso Junior Santi

Universidade Federal de Roraima (UFRR).

[email protected]

INTRODUÇÃO

Neste trabalho a Midiatização é tomada como armação, como forma de

conhecimento e como modalidade de análise do comunicacional. Nele buscamos analisar seu

edifício (o da Midiatização), aclarar seu modelo conceitual, seus ordenamentos e suas

implicações nas discussões do comunicativo – para assim contribuir no seu melhor

acabamento (teórico-metodológico).

O contexto justificador da proposição se relaciona ao questionamento intenso das

coleções organizativas dos sistemas tradicionais de inquérito que tem a ideia de Midiatização

em sua base (da sua lógica de desenvolvimento e da insuficiência de suas matrizes) e à

impressão de crise nos modelos explicativos que esse tensionamento provoca.

O que há de particular no construto da Midiatização? Qual é, afinal, o seu modelo

conceitual? Há um ordenamento possível para seus postulados? – foram as perguntas que

nortearam a pesquisa.

Para integrar o corpus de análise da presente discussão escolhemos escritos/autores

considerados expoentes teóricos desses estudos no Brasil. Esta observação não significa que

atribuímos a eles a exclusividade da discussão. Antes que, no contexto deste trabalho,

foram/são suas formulações/reflexões que suscitaram e sustentam a abordagem.

Deu suporte à análise, além do texto primeiro Antropológica do espelho: uma teoria

da comunicação linear e em rede, publicado em 2002 por Muniz Sodré de Araújo Cabral, as

obras coletivas organizadas por Fausto Neto et al. em 2008 e 2010. E, mais alguns dos

desenvolvimentos principais acerca da temática divulgados ao longo dos anos 2000.

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82

ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

Para promover essa interlocução nosso método de trabalho e seus preceitos (sua linha

filosófica, suas estratégias de coleta e forma de análise das evidências), esteve relacionado a

certo tipo de experimentação. Experimentação esta que nos ajudou problematizar a

Midiatização através dos subsídios fornecidos pela sua própria armação. Tal itinerário, junto

com sua matriz de averiguação, foi semeado sobre o solo exposto por uma prévia análise

exploratória, emergiu por entre as brechas da historicização e ganhou corpo acerca da análise

transversal dos ordenamentos que propomos.

A análise exploratória esteve relacionada a um esforço primeiro de acesso e

catalogação dos estudos que no Brasil têm as discussões de Midiatização como problemática

central. A historicização serviu para recuperar retrospectivamente as matrizes teórico-

metodológicas que formam a Midiatização. Foi ela também (a historicização) que nos ajudou

a identificar os ordenamentos que propomos para o detalhamento das discussões. Por último,

realizamos a leitura transversal das concepções, o que nos ajudou re-apreciar (impingir um

novo apreço) ao ideário manejado e reapresentar (apresentar de novo) a matriz lógica de sua

construção conceitual.

Tratamos aqui da armação da Midiatização a fim de garimpar por entre os detritos

temáticos trabalhados pelo construto um modelo conceitual para suas formulações. Esta

seleção de ângulos, obviamente, levou em consideração o recorte particular de nosso trabalho.

Sua tomada enquanto teoria, armação e/ou construto trata-se, portanto, de uma convenção

para falar de uma linha de investigação específica, de uma forma de abordagem teórico-

metodológica particular, manejada na discussão do comunicativo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Constatamos neste percurso que as matrizes principais que constituem a

Midiatização advêm de uma variada gama de fontes. Reunimos tais contribuições no entorno

de três grandes matrizes; de três grandes conjuntos de insumos que nomeamos: matriz social-

sociológica; matriz técnico-tecnológica; e, matriz semiológico-discursiva.

Esta variedade de fontes atesta de pronto a flagrante instabilidade das modulações

conceituais utilizadas para qualificar a armação da Midiatização. Optamos, diante dessa

variabilidade, por trabalhar no desenvolvimento de uma tipologia própria para a Midiatização

Page 83: Anais Expressão 2015 UFRR

83

a fim de que, através dela, possamos entender melhor os desígnios desta armação e dos seus

postulados.

Nessa construção, os tipos de Midiatização que elencamos (Midiatização de primeira

ordem; Midiatização de segunda ordem; e, Midiatização de terceira ordem) estão relacionados

intimamente às etapas de instalação/apropriação do conceito por entre os estudos do

comunicativo no Brasil e na América Latina. Tais tipos se apresentam conforme três ordens

distintas (traduzem três ordens de Midiatização), as quais, apesar de marcadas, são

complementares e atestam antes de tudo a evolução/complexificação dos debates patrocinadas

pelo conjunto no estudo do comunicacional.

No cerramento de tais ordens, primeiro atestamos sua vinculação com um tipo

particular de organização social (de sociedade), depois buscamos sua forma de tratamento da

mídia e do midiático; e, por último, sua particular definição de Midiatização.

Obviamente que a proposição desta tipologia não pretende esgotar tais questões.

Almeja antes organizar suas contribuições com o objetivo de permitir emprestar maior

materialidade aos debates. A promessa desse empreendimento (se assim podemos qualificá-

la) é ler em outra chave os debates acerca da Midiatização e emprestar maior nitidez à faixa

de conhecimento apreensível pelo que nela há do comunicacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este debate deixa evidente que a Midiatização, em um primeiro momento, pode ser

relacionada ao espraiamento do midiático sobre o comunicativo e, depois, para os demais

campos sociais. Porém, com as discussões acerca do novo bios midiatizado percebe-se que

esta argumentação vai além. A Midiatização surge então como processo decorrente da

acelerada evolução tecnológica, mas também tem relação com as novas demandas sociais.

Nessa construção, a Midiatização toma como lugar privilegiado de análise os

chamados processos midiáticos, o que acaba por vincular em definitivo sua problemática às

distintas práticas sociais. Assim, a Midiatização pode enfim ser entendida como um efeito de

significado. Aí ela cobra seu sentido em relação aos sistemas de signos mobilizados, em

relação aos recursos utilizados na construção do que se expressa. Nessa lógica ela passa a

funcionar como re-orientadora dos discursos, das perspectivas e das formas de conhecimento

social.

Page 84: Anais Expressão 2015 UFRR

84

A Midiatização converte assim as práticas midiáticas em macroprocessos de

funcionamento discursivo operando transversalmente na configuração das chamadas “zonas

de pregnância” – locais privilegiados de alteração e transformação; espaços potenciais de

ajuste e criação. Esse processo organiza um novo espaço social.

A Midiatização assume assim a equação de um dar a ver midiático intenso. Seu grau

de ação nos permite falar em intervenção. Esta intervenção se processa em dois movimentos:

o primeiro aponta que o fluxo interventivo da mídia é fomentador da Midiatização. O segundo

que eles retroalimentam o processo, uma vez que são também midiatizados. Ou seja, o campo

midiático também sofre com as consequências da Midiatização.

É possível identificar, assim, que o processo de Midiatização tem pelo menos duas

modulações: uma relacionada à Midiatização de formas não midiáticas (primeira ordem da

Midiatização), e outra que torna visível a substituição de determinada atividade social por

uma forma própria, originária da Midiatização e que antes não existia (segunda e terceira

ordens da midiatização).

Cremos, desse modo, que tomar a Midiatização como processo e conforme suas

distintas ordens (níveis) de problematização ajuda a emprestar contornos mais claros ao

modelo de análise próprio de sua armação, já que ainda não há estabilidade no seu ideário,

nem existem tipologias coerentes que organizem suas contribuições. Com essa forma de

discutir almejamos, portanto, pronunciar a capacidade de explicação do modelo de análise da

Midiatização. Não nos preocupamos, porém, com o seu absoluto fechamento.

REFERÊNCIAS

FAUSTO NETO, Antônio. Midiatização: prática social, prática de sentido. In: XV COMPÓS,

2006, Bauru. Anais do XV Encontro Anual da Compós. Bauru: Unesp, 2006b. p. 01-15.

FAUSTO NETO, Antônio. A midiatização produz mais incompletudes do que as completudes

pretendidas, e é bom que seja assim. Revista IHU online. São Leopoldo. v. 1, n. 289, p. 16-18,

fev 2009a.

GOMES, Pedro Gilberto. A filosofia e a ética da comunicação na midiatização da sociedade.

São Leopoldo: Editora Unisinos, 2006.

LUCHESSI, Lila. Transdisciplina e multimetodologia: chaves para abordagem da

midiatização em culturas hipermidiatizadas. In: FAUSTO NETO, Antônio et al. Midiatização

e processos sociais: aspectos metodológicos. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2010.

MATA, Maria Cristina da. De la cultura masiva a la cultura mediática. Revista Diálogos de la

Comunicación. Lima. v. 4, n. 19, p. 80-91, mar 1999.

Page 85: Anais Expressão 2015 UFRR

85

MUNIZ SODRÉ. Reinventando la cultura: la comunicación y sus productos. Barcelona:

Gedisa, 1998.

RODRIGUES, Adriano Duarte. Estratégias da Comunicação. Lisboa: Presença, 2001.

VERÓN, Eliseo. Esquema para el análisis de la mediatización. Revista Diálogos de la

Comunicación. Lima. v. 6, n. 48, p. 29-42, ago 1997.

VERÓN, Eliseo. Fragmentos de um tecido. São Leopoldo: Unisinos, 2004.

Page 86: Anais Expressão 2015 UFRR

86

DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL INTEGRADA NA UFRR

Sandra Gomes, UFRR, [email protected]

INTRODUÇÃO

A comunicação é cada vez mais importante como ferramenta estratégica nas

organizações. Sua participação vai além da transmissão de informações, atuando na

construção da imagem e identidade. Numa sociedade cada vez mais tecnológica, rápida e com

transformações constantes e complexas, é preciso buscar novas estratégias para comunicar e

alcançar a sociedade e seus diversos públicos. Nas instituições públicas, sobretudo, alia-se á

necessidade de modernização e transparência da gestão, a ampliação de objetivos como

produtividade, qualidade do serviço e sustentabilidade. São transformações na economia, na

gestão e , principalmente, nos relacionamentos entre as pessoas. Assim, esse trabalho se

propõe ao relato da experiência de Comunicação Integrada na Universidade Federal de

Roraima, ao mostrar o crescimento da instituição, bem como a variedade de seus públicos

interno e externo e as demandas e tipos de comunicação inerentes. Para comunicar de forma

mais eficiente é preciso atuar, de forma coordenada, em várias áreas e com ferramentas

variadas, integrando a comunicação.

OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é oferecer um recorte sobre os desafios da

comunicação integrada na UFRR. Os objetivos específicos são mostrar o trabalho

desenvolvido na área de comunicação da instituição, suas necessidades e demandas e os

vários produtos de comunicação trabalhados.

METODOLOGIAS

Através de observação de campo e análise bibliográfica, é possível através deste

recorte, mostrar como é realizado o trabalho da comunicação na UFRR e a necessidade de

atuar de forma integrada, visando ampliar sua eficácia.

Para Chaparro, “Comunicação Integrada é um saber estratégico e um poder criador

para o dizer pragmático das organizações, no uso competente das linguagens de comunicação

em cenários competitivos do mundo globalizado” (2010). Em palestra realizada para o Banco

do Brasil, em 2010, o autor destaca a necessidade - tanto de profissionais da área, quanto as

organizações - de ampliar o olhar sobre a comunicação. Uma mudança estrutural. Refere-se,

Page 87: Anais Expressão 2015 UFRR

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especificamente ao fato de as transformações tecnológicas terem mudado a face do mundo a

ponto de derrubar antigas formas de ver e atuar nas organizações humanas: “O mundo

globalizado é, cada vez mais, um complicado ambiente de confrontos discursivos. Por isso, a

comunicação se tornou tão importante e complexa na estrutura, no desempenho e na vida das

organizações” (CHAPARRO, 2010).

Ao falar em comunicação e organizações, é pertinente trazer conceitos sobre a

comunicação organizacional. A comunicação organizacional na visão de J.B. Pinho é “por sua

natureza multifacetada e pode ser entendida como uma combinação de processos, pessoas,

mensagens, significados e propósitos” (PINHO, 2006). Nesse sentido, ao citar as funções da

comunicação nas organizações KUNSH (2003) cita o composto ou Mix de Comunicação

organizacional integrada, ao listar as grandes áreas: a comunicação institucional, a

comunicação mercadológica, a comunicação interna e a comunicação administrativa

(KUNSH apud PINHO, 2006).

Tomando-se por base os conceitos de cada área, identifica-se que cada uma tem um

objetivo e abordagem específicos. As ações envolvem desde a comunicação com os

funcionários, público externo e interno, divulgação e promoção dos produtos, serviços e

marcas de uma empresa até a “construção e formatação de uma imagem e identidade

corporativas fortes e positivas dentro de uma organização” (idem).

Assim, soma-se outro conceito, que aponta: a comunicação integrada é a convergência

das diversas áreas, permitindo uma atuação sinérgica. Ela é a convergência de todas as

atividades, com base numa política global, claramente definida, e nos objetivos gerais da

organização, o que possibilitará ações estratégicas e táticas de comunicação mais pensadas e

trabalhadas com vistas na eficácia da comunicação realizada (ibidem).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Tomando por base tais autores e seus conceitos, é pertinente apresentar o trabalho de

comunicação na Universidade Federal de Roraima, UFRR. A Coordenadoria de

Comunicação-COORDCOM é o órgão ligado diretamente a Reitoria, responsável pela

comunicação institucional da UFRR em todas as suas esferas. Sua função é a de produzir e

difundir os conhecimentos e informações de conhecimentos e tecnologia das áreas de

pesquisa, ensino e extensão.

A atual estrutura de comunicação da UFRR é formada por quatro jornalistas, dois

programadores visuais, um publicitário, um fotógrafo (uma profissional está de licença

sem remuneração por dois anos), três bolsistas, duas de jornalismo e um atuando na

programação visual e uma secretária. O espaço físico da COORDCOM compõe-se de duas

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salas, onde são exercidas as atividades de cobertura jornalística, clipagem e programação

visual, a criação de layouts para as demandas dos eventos da instituição.

É preciso destacar, no entanto, que com o crescimento e o aumento da complexidade

organizativa da UFRR, é imprescindível uma reestruturação na comunicação para aumentar

sua eficácia, ampliando o tamanho da sua equipe para aumentar sua atuação. A identidade da

instituição deve ser reforçada, e em alguns aspectos construída, e deve ser compreendida por

seus públicos de maneira efetiva.

Para a comunicação com seus públicos interno e externo, conta com a Ouvidoria e

com alguns meios e canais para tornar públicas suas atividades. São exemplos o portal da

UFRR, lançado em 2015, as Redes Sociais como o Facebook, twitter, Instagram, a Newsletter

(com periodicidade semanal), CAPES WEB e o Parlatório, o Informe do servidor, voltado

exclusivamente ao público interno.

As ações de planejamento dizem respeito à composição e a qualificação das ações de

comunicação e tem por objetivo manter a unidade visual da comunicação da UFRR, a

continuidade da mensagem da instituição e a coerência das peças de mídia com o padrão

discursivo da UFRR. Nesta medida, aponta-se ainda que cursos de capacitação são essenciais

para a equipe desenvolver e ampliar suas habilidades, tais como Mídias sociais, comunicação

interna, comunicação integrada e Relações Públicas. Tais cursos deverão, em casos especiais,

ser ampliados para toda a instituição.

Estudiosos de comunicação estabelecem a importância estratégica da comunicação na

gestão, muito embora no Brasil há ainda um longo caminho para tal aspecto atingir um

patamar de qualidade. Sobretudo em instituições e órgãos públicos. Pesquisas realizadas em

empresas de médio e grande porte, as dificuldades percebidas são de que a comunicação é

ainda um instrumento tático e até operacional e que as políticas de comunicação estratégica e

integrada fica apenas no papel.

De acordo com Jorge Duarte, ao destacar a comunicação interna como uma das áreas

mais importantes, afirma que tal segmento, considerado um alicerce para as práticas

comunicativas eficientes em todos os âmbitos, parece ser frágil, uma espécie de calcanhar-

de-aquiles. “Assim a frase nossa comunicação interna é ruim é bastante frequente em nossa

área”, explica. Isso para exemplificar o aspecto fundamental de seu público interno conhecer

– e reconhecer – as atividades desenvolvidas pela organização. No seu artigo O desafio de

criar competência comunicativa, o autor afirma que:

Muitas dificuldades decorrem do fato de que, apesar do interesse por

comunicação ter aumentado bastante nos últimos anos, ainda não temos a

compreensão e o engajamento dos dirigentes e das equipes em viabilizar a

disseminação de uma comunicação de excelência em cada célula organizacional

(DUARTE, 2011)

Page 89: Anais Expressão 2015 UFRR

89

No setor público, por excelência, a comunicação ganha mais destaque com o aumento

da exigência por transparência, agilidade, planejamento e informação qualificada. Some-se a

isso a necessidade por avaliação e estratégia. Para o profissional da área, o desafio de

corresponder às exigências é cada vez mais emergente. As mudanças organizacionais devem

acompanhar essa urgência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS São muitos os desafios a serem vencidos. Durante o ano de 2015, a CoordCom criou

um novo veículo de comunicação interna, o Parlatório, o informe do servidor, além de

incrementar sua participação nas redes sociais, atuando de maneira mais efetiva sobretudo no

Facebook, Twitter, Instagram e Flicker. O UFRR Informa foi paralisado, mas deve ser

reativado até o final de 2015, ampliado para 12 páginas, formato tabloide, colorido e com

distribuição regional.

Observa-se que o crescimento da instituição demanda uma estratégia de comunicação

mais ampla, que alie ás atividades de assessoria de imprensa a comunicação interna,

comunicação mercadológica e a institucional. Tais ferramentas irão potencializar uma

comunicação mais eficaz entre a instituição e seus públicos interno e externos.

REFERENCIAS Cardoso, Onésimo de Oliveira Cardoso, Comunicação empresarial versus comunicação organizacional: novos desafios teóricos, RAP Rio de Janeiro 40(6):1123-44, Nov./Dez. 2006. CHAPARRO, Manuel Carlos. Comunicação Integrada. Palestra proferida no XV Seminário de Comunicação Banco do Brasil, realizado em São Paulo (SP), em Setembro de 2010. PINHO, J. B. Comunicação nas Organizações, Editora UFV, 2006. Duarte, Jorge. Assessoria de Imprensa e Relacionamento Com a Mídia - Teoria e Técnica -

4ª Edição 2011.

Page 90: Anais Expressão 2015 UFRR

90

JORNAL O ELABORADO

Angeliana Louveira - Universidade Federal de Roraima

email: [email protected]

Ana Paula Lima - Universidade Federal de Roraima

email: [email protected]

INTRODUÇÃO

O Elaborado é um site (www.jornalelaborado.com.br) de notícias criado pelos

acadêmicos da disciplina de Redação Jornalística II, ministrada pela Professora Sandra

Gomes, do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Roraima.

Com 8 editorias: Política, Economia, Esporte, Cultura, Saúde, gastronomia, Moda e

Tecnologia. Criado em laboratório, o jornal não pretende parar com o término do semestre.

Ele é atualizado com notícias aprofundadas sobre diversos assuntos de Roraima, com uma

abordagem que mostra a beleza e cultura da terra Macunaíma.

A ideia era produzir uma plataforma online, onde as notícias de diversas editoriais

pudessem ser acessadas, com publicações imparciais e de credibilidade, incentivando os

alunos a terem contato direto com o mercado onde vão atuar por meio do veículo de

comunicação webjornalística.

Além de conteúdo de texto o webjornal produz também conteúdo de mídia como

fotos, vídeos institucionais, reportagens e entrevistas. Existe um ditado popular que diz "a

rádio diz, a televisão mostra e o jornal explica". No caso do veículo webjornalístico os três

meios são abrangidos pelo webjornal, tanto as reportagens de texto, som e imagem em

movimento podem ser utilizados em sites, o que possibilita levar um conteúdo completo e

dinâmico aos leitores e telespectadores, ou seja, o suporte técnico e o meio de notícia que

permite os avanços que a informação terá.

Para Murad (1999), "de certa forma, o conceito de jornalismo encontra-se relacionado

com o suporte técnico e com o meio que permite a difusão das notícias. Daí derivam conceitos

como jornalismo impresso, telejornalismo e radiojornalismo." (MURAD, 1999). Outro autor

muito importante para representar esta era da Web em que vivemos é o autor Pierre Levy que

escreveu diversos livros sobre a cibercultura e o ciberespaço. Ele nunca defendeu a

cibercultura, mas dizia que todos devem estar abertos as novas tecnologias que chegam e nos

adequarmos a ela, como a notícia.

O termo [ciberespaço] especifica não apenas a infraestrutura material

Page 91: Anais Expressão 2015 UFRR

91

da comunicação digital, mas também o universo oceânico de

informação que ela abriga, assim como os seres humanos que

navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo

‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e

intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de

valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do

ciberespaço (LÉVY, 1999, p. 17).

OBJETIVO GERAL

Incentivar os acadêmicos a produzirem conteúdos jornalísticos mais elaborados para a

plataforma de Web.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abranger assuntos de economia, esporte, política, saúde, moda, culinária e cultura de

forma imparcial, despido de grupos políticos, onde a informação fosse produzida para

informar sem favorecer ou desmerecer algo; Oferecer conteúdos para todos os públicos,

independente de classe social ou lado político; Mostrar a realidade e belezas do Estado de

Roraima.

METODOLOGIA

Os métodos usados foram a internet, para a construção do site no Wordpress que é

uma plataforma semântica de vanguarda para publicações pessoais e oferece padrões de Web.

Todos os alunos colaboraram financeiramente para a construção do site e manutenção do site,

já que é necessário atualizar o pagamento num período trimensal. Eles se prontificaram a

produzir textos para os editoriais que se identificassem, possibilitando a existência do portal

com vários conteúdos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O jornal O Elaborado entrou no ar em junho de 2015 e até o momento já teve mais de

mil visualizações e 1166 compartilhamentos divididos em diversas matérias. A página no

Facebook tem quase 200 seguidores. Os conteúdos são atualizados sem um prazo determinado

pelos alunos de Jornalismo da Universidade Federal de Roraima (UFRR). O jornal virou

pauta no programa radiofônico Comunicação no Campus, da Rádio Universitária vinculada da

TV Universitária da Universidade Federal de Roraima.

Mantendo os leitores antenado no mundo da música mais tocadas, lugares para

frequentar e ouvir um bom som, lugares que tocam desde o sertanejo até o rock. Com dicas de

filmes e séries mais assistidos, os últimos lançamentos e recomendações para ter uma vida

saudável e fisicamente ativa.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O espaço virtual é resultado final das atividades desenvolvidas na disciplina durante o

semestre 2015.1 O intuito do site é produzir matérias mais elaboradas, com um desfecho mais

abrangente. Um projeto acadêmico que se desenvolveu e hoje tem os padrões estabelecidos

pelos próprios alunos com critérios de noticiabilidade variados, de importância para o Estado

de Roraima, relevância cultural e informações atuais.

REFERÊNCIAS

MURAD, Angèle. "Oportunidades e desafios para o Jornalismo na internet", 1999. Disponível

em: <http://www.uff.br/ciberlegenda/ojs/index.php/revista/article/view/241/134> Acesso em

05 de outubro de 2015.

LÉVI, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 2. ed., 1999.

Page 93: Anais Expressão 2015 UFRR

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A IMPRENSA DAS PERIFERIAS AMAZÔNICAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX

Luís Francisco Munaro - UFRR - E-mail: [email protected]

O viajante norte-americano Hardenburg, quando de sua passagem por Iquitos, no

início do século XX, presenciou o massacre de comunidades indígenas peruanas pelos barões

da borracha. Tanto quanto Bartolomé de Las Casas em sua chegada ao Novo Mundo,

Hardenburg narrou com horror em seu The Devil´s Paradise as atrocidades cometidas contra

comunidades indígenas em prol de uma campanha civilizatória. Os empreendimentos de

Arana, o principal barão local se expandiam e ganhavam escritórios em Manaus e Londres.

Naqueles confins da selva enriquecidos pelo comércio de látex, não havia nenhuma voz

política capaz de afastar Arana de sua posição de comando, como alegava Hardenburg. Em

1908, este

assistiu à demolição da gráfica de um certo Benjamin Saldaña Rocca, que ousara

publicar um boletim atacando Arana. Esse periódico, que se chamou La Sanción e,

depois La Felpa (“A Chicotada”), publicara relatos de testemunhas oculares das

atrocidades no Putumayo, de homens que haviam trabalhado lá. Como era de se

esperar, ele durou apenas alguns meses, entre 1907 e 1908, e a maioria de seus

exemplares foi destruída (HEMMING, 2011, p. 272)

Arana, além de barão da economia gomífera, era o líder de um grupo de bandidos que

aterrorizava o Peru escravizando índios, matando inimigos políticos e convertendo as terras

em zonas de extração de borracha, no melhor estilo dos cortejos de Cortez no México e

Pizarro no próprio Peru. Era a volta da história como farsa, repetindo a barbárie cometida em

nome de um projeto civilizador. Em seus relatos, Hardenburg exemplifica o processo de

conquista e empoderamento dessas regiões ainda remotas da selva amazônica. As tentativas

do viajante comunicar a chacina de povos indígenas levaram-no até Manaus:

Ele navegou [de Iquitos] até Manaus, em parte para obter outra confissão, mas

também para ver se seria capaz de agitar a opinião pública na metrópole brasileira da

borracha. Em junho de 1908, o governo colombiano convenceu o periódico

manauense O Jornal do Commercio a publicar denúncias contra os agressores

peruanos. Mas a companhia de Arana era uma importante empresa comercial em

Manaus, e, naquela cidade da febre da borracha, o dinheiro falava mais alto do que os

injustiçados colombianos ou os aterrorizados indígenas; então, os relatos de crimes

cessaram (HEMMING, 2011, pp. 279-8).

Próximo das zonas borracheiras do Peru, no Acre, os retirantes nordestinos levados

para a selva eram escravizados junto aos galpões dos seringalistas. Contudo, a presença da

autoridade federal, desde 1903, data da assinatura do Tratado levado a cabo pelo Barão do Rio

Page 94: Anais Expressão 2015 UFRR

94

Branco, tornou os excessos menos pungentes. Ainda que a autoridade fosse exercida na base

da arma e do cabresto, os grupos que se opunham – Autonomistas e Construtores – criaram

um balanço de forças que tornou a autoridade bélica menos efetiva que no Peru, onde as

chacinas eram simplesmente uma praxe da vida política. Contudo, tornou ainda mais

necessária a força política exercida através do convencimento dos grupos de pares

seringalistas (MUNARO e PETTERSON, 2015). É curioso como, quase um século depois da

emancipação acreana, Chico Mendes tenha sido assassinado pela denúncia desse mesmo

esquema coronelista que tornava o seringueiro escravo do aviador. E, mais do que isso, que a

denúncia tenha sido feita através de órgãos estrangeiros, como aconteceu com Hardenburg.

Ainda que a imprensa tenha conhecido um surto durante a economia gomífera,

permaneceu cuidadosamente arregimentada em torno de grupos de poder vinculados às

autoridades municipais – no caso do Rio Branco, o município era administrado diretamente

por um político ligado ao governo federal. Nos arredores de Manaus, o poder de decisão

estava mais bem distribuído em torno de grupos políticos, ainda que também nesse caso,

vinculados à venda da borracha. Esses grupos podiam direcionar a ação dos delegados e, desta

forma, da polícia que, como no caso do jornal La Sanción, constantemente empastelava as

redações dos jornais (Correio de Serpa, 22 de junho de 1913, p. 1).

A imprensa amazônica, para subsistir nesse período de predomínio dos barões,

precisou evitar ultrapassar determinados limites da crítica política. Em geral, estava ela

mesma vinculada aos blocos que se alternavam no poder municipal e exerciam o controle

político através da ação mais imediata da prisão – ou do assassinato. Ainda não havia, no

primeiro quartel do século XX, uma imprensa seguramente guiada pelo dinheiro dos

subscritores ou venda de anúncios. Daí a importância dos grupos políticos e dos clubs,

responsáveis pelo surgimento de grande número de jornais que, ainda que de pouca expressão

política e pequena duração, ajudavam a estender os limites daquilo que era considerado

aceitável em termos de cultura política.

No que concerne ao Amazonas, pelo menos 10 municípios do atual estado10

vão

desenvolver alguma forma de exercício jornalístico nas duas primeiras décadas do século XX,

todos eles integrados pela rede hidrográfica do Rio Amazonas, recebendo de forma mais ou

menos regular paquetes com informações que poderiam ser distribuídas para uma população

ainda incipiente: Barcelos (Rio Negro), Lábrea (Rio Purus), Coari (Rio Solimões), Manicoré

(Rio Madeira), Parintins (Rio Amazonas), Humaitá (Rio Madeira), São Gabriel da Cachoeira

10

Os dados foram coletados através de pesquisa nos arquivos do Centro Cultural dos Povos, em Manaus.

Page 95: Anais Expressão 2015 UFRR

95

(Rio Negro)11

, Manacapuru (Rio Solimões), Eirunepé (Antiga São Felippe, no Rio Juruá) e

Codajás (Rio Solimões).

Essa distribuição de jornais segue o itinerário descrito por uma leitura tradicional da

Amazônia – nem por isso menos verdadeira – de que a selva, e sobretudo a sua rede

hidrográfica, domina o homem e estabelece as suas possibilidades de colonização. A

integração crescente das cidades ribeirinhas, tornada possível pela navegação através do

vapor, cuja circulação tem início em 1852 através das atividades do Barão de Mauá, foi um

passo importante para a fixação de culturas letradas na Amazônia. Evidentemente, a maior

disposição para intercambiar produtos favorece a criação de inúmeros jornais que, se por um

lado servem para anunciar produtos, taxas de câmbio, etc, tornam-se também eles um produto

crescentemente necessário para a orientação do homem amazônico que se quer um homem

moderno.

Nosso projeto de pesquisa (“Imprensa e Modernidade na Amazônia Brasileira” –

2015) busca investigar essa imprensa que buscava vencer a resistência dos poderes

tradicionais ao mesmo tempo em que era o seu mais moderno aliado. O objetivo do projeto é

investigar a dispersão do exercício impresso no período de 1821 a 1921 no interior do

Amazonas e as estratégias discursivas mantidas pelos jornais para convencer o público leitor

ainda incipiente da competência de um ou outro grupo político. Essas estratégias destoam da

ideologia do primeiro e mais emblemático jornal da Amazônia brasileira, construído no

contexto de independência do Brasil por Felipe Patroni e João Batista Campos, em 1821. O

Paraense, naquele contexto, vinculava-se a um jornalismo de cariz mais marcadamente

iluminista, em que entravam em pauta a questão política nacional diante da emergência das

repúblicas na América Latina. E, sobretudo, a postura regional amazônica diante das Cortes

de Lisboa e da independência manifestada pela elite carioca. Antes disso, cabe ainda lembrar,

entre 1818 e 1820, sob a direção de Simon Bolívar foi publicado na Venezuela o jornal

Correo del Orinoco, jornal que construiu redes de leitores no Brasil e aproximou os

brasileiros do pensamento republicano. Também é um importante indício da construção da

tipografia na Amazônia.

Os municípios periféricos indicados anteriormente tem o seu crescimento vinculado ao

ciclo da borracha, o que torna a dispersão da palavra impressa bastante próxima do boom

econômico verificado no início do século. Esse boom permite às pequenas vilas tornarem-se

escoadouros comerciais importantes e requererem um trânsito mais regular de informações

impressas. Um mapeamento da produção periódica jornalística pode ser antecipado, inclusive,

11

Jornal Hury de 1904, cuja informação constante no Centro Cultural dos Povos indica para “São Joaquim”.

Page 96: Anais Expressão 2015 UFRR

96

pelos valores de exportação da borracha. O período de maior produção, ainda que já desse

mostras de crise com a concorrência asiática, acontece durante a década de 1910 (DEAN,

1989, p. 231).

A multiplicação de jornais nas cidades interioranas de Itacoatiara, Parintins, Coari e

Humaitá e Rio Branco acontece justamente durante a década de 1910. A Amazônia como um

todo assiste ao crescimento da estrutura urbana e, nessa medida, os jornais deixam em

segundo plano as pungentes brigas relacionadas à nacionalidade brasileira e se tornam mais

especificamente voltados para a reflexão da urbe, a crônica urbana, a disposição de anúncios,

enfim, a vida na cidade. São os ecos não só da borracha como da República que se quer

construir e afirmar através das cidades-modelo.

Esses são passos iniciais de um amplo estudo cujo escopo é a investigação da palavra

impressa nas periferias. Se Amazonas, Pará e Acre assistem a um surto de papel impresso, o

mesmo não acontece no Amapá, Rondônia e Roraima, cujas práticas impressas são ainda bem

mais modestas. O estudo integral desses espaços está em curso e deverá ser o resultado do

projeto de pesquisa “Imprensa e Modernidade na Amazônia Brasileira”. Até lá, podemos

apenas divagar e aprofundar a hipótese relativa ao vínculo íntimo entre borracha e imprensa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Correio de Serpa. Itacoatiara: Officina 13 de maio, 1913

DEAN, Warren. A Luta pela Borracha no Brasil. Um estudo de histórica ecológica. São

Paulo: Nobel, 1989.

HEMMING, John. Árvore de Rios. São Paulo: Senac, 2011.

MUNARO, Luís e PETTERSON, Roni. “Imprensa da borracha: os primeiros anos do

jornalismo no Acre.” Trabalho apresentado na Divisão Temática – Jornalismo, no Grupo de

Pesquisa – História do Jornalismo, do XXXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da

Comunicação, 2015.

Page 97: Anais Expressão 2015 UFRR

97

PRÁTICAS POLÍTICAS E COMUNICAÇÃO PÚBLICA: ALGUNS

ANTECEDENTES EM RORAIMA

Damião Marques de Lima, Centro Universitário Estácio Amazônia, [email protected]

Trata-se de breves notas sobre os antecedentes das práticas políticas locais que

incidiram sobre a noção de Comunicação Pública (CP) no Governo de Roraima. Parte-se do

pressuposto de que o cenário mais contemporâneo dessas práticas é devedor de um processo

histórico, tendo como marco de análise as eleições de 1990, por representarem um período de

transição política que afetou as relações institucionais com o Governo Federal e com a

sociedade.

Comunicação Pública, de acordo com a pesquisadora Elizabeth Pazito Brandão (2010)

é um conceito em construção, estando dependente das práticas que cada um faz dela. A CP

não é somente um fator de mudança para a administração pública, mas também um meio de

modificar o comportamento do público, de configurar condições propícias para revitalização

das práticas democráticas no espaço político.

As bases históricas da Secom

Não se trata de um estudo historiográfico em profundidade, mas da necessidade de

apontar alguns fatos do passado político recente de Roraima, por manterem um vínculo íntimo

com a proposta de contextualização da CP local. Um desses fatos diz respeito a Roraima ter

realizado só em 1990 a primeira eleição direta para governador, quando cabia ao gestor a

responsabilidade de institucionalizar o Estado dentro de uma ordem democrática que aos

poucos vinha se instalando no País; outro fato é que o primeiro governador eleito, o

brigadeiro Ottomar de Sousa Pinto, oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) e responsável por

conduzir essa institucionalização, foi escolhido pelo Poder Central entre abril de 1979 a abril

de 198312

e, portanto, mantinha fortes vínculos com o governo ditatorial da época.

12

O governador Ottomar de Sousa Pinto encerrou seu ciclo político à frente do executivo estadual entre

dezembro de 2004 até 11 de dezembro de 2007, quando faleceu em Brasília vítima de parada cardiorrespiratória.

Page 98: Anais Expressão 2015 UFRR

98

Neste contexto se insere o direito à informação, posto que os modos como os governos

lidam com o fluxo de informação revelam os caminhos para um entendimento sobre suas

atitudes enquanto representação de um Estado democrático e a defesa ao direito dos homens.

Os antecedentes da comunicação pública em Roraima

Desde 1943, quando o então presidente Getúlio Vargas criou os territórios federais,

estabeleceu-se um vínculo forte entre Roraima e as administrações militares. As grandes obras

estruturais existentes hoje no Estado são ainda do período do Governo Militar, talvez isso

contribua para consolidar a imagem política do brigadeiro Ottomar de Sousa Pinto que, por

quatro vezes, esteve no comando do executivo estadual.

O primeiro mandato de governador (1979/1983), nomeado pelo presidente João

Figueiredo, marca o início de sua vida política. É a partir da década de oitenta que Ottomar

Pinto e seu adversário político, o senador Romero Jucá, protagonizaram grandes disputas

políticas em Roraima, montando suas estruturas de comunicação a partir da concessão de

veículos de comunicação e instalação de jornal impresso. Os dois buscavam jornalistas em

outros estados para atuar no front da guerra midiática.

Em entrevista, diz o deputado Erci de Moraes, que esteve como secretário-chefe do

Gabinete Civil no segundo governo de Ottomar, quando deu-se a primeira eleição por voto

direto: “Foi montada uma arena na imprensa local. Jornalistas trazidos por Ottomar (os

ottomaristas) e os jornalistas trazidos por Romero Jucá (os romeristas). Eram esses jornalistas

que se revezavam à frente da Assessoria de comunicação.”13

Esta forma de escolha dos chefes da comunicação interferiu na possibilidade de

planejamento e estratégias de comunicação pública para o Estado. As diretrizes eram tomadas

por quem estava no poder e as ações de comunicação eram definidas não em função do

Governo ou do Estado, mas de maneira a conquistar benefícios político-partidários. Ainda

segundo Morais, os coordenadores de comunicação eram uma espécie de secretário particular

do governador. Eles não participavam das reuniões de secretariado e, praticamente, não

tinham autonomia sobre os assessores de comunicação dentro das pastas. “[...] trabalhavam na

13

Entrevista concedida pelo deputado estadual Erci de Moraes, na Assembleia Legislativa do Estado de

Roraima, em 05 de julho de 2011. Boa Vista, RR.

Page 99: Anais Expressão 2015 UFRR

99

personificação da figura política do secretário”. Ainda para o deputado, Ottomar fez sua

reputação no Estado desta forma:

[...] Ele tinha uma explicação. Às vezes tinha uma pessoa pouco

mais que alfabetizada. Ele dizia textualmente: acredito muito

mais no humanograma do que no organograma. Tinham as

estruturas formais, mas o centralismo era absoluto. Secretário

obediente se dava bem com ele, não corria nenhum risco.

Naquele tempo, nenhum secretário era gestor ou ordenador de

despesa. Tudo era com ele. Quero dizer que com esse estilo,

você não consegue implementar políticas públicas de fôlego.

Nem curta nem média.

As práticas políticas em Roraima guardam similaridades às ações comuns em Estados-

Nação não-democráticos, em que há um baixo grau de participação civil perpetrada, no caso

do Brasil, pelo modelo de governo militar. Como afirma Avritzer (2005), antes da

redemocratização havia quase que uma ausência de participação civil na política, o que

caracterizava uma “sociabilidade política verticalizada”. O autor ainda acrescenta que este é

um processo arraigado na história do país desde sua colonização.

Os governos Ottomar e a comunicação

Ao relacionar o perfil centralizador do governo de Roraima, em particular, o do

brigadeiro Ottomar Pinto, com fortes características populistas, é conveniente recorrer a

Marilena Chauí (2004) para investigar a pertinência de algumas características sobre o

populismo para a construção desse diálogo. A primeira característica é o entendimento de que

é um poder que busca uma relação direta entre governante e governados. Evita a mediação de

outras formas de poderes na sua governança. Traduz-se numa verticalização da ação política

sobre os cidadãos. Essa ação aciona outra marca: o poder é pensado como favor. O

governante arroga-se conhecedor do social e dos significados das leis; o poder é exercido pela

benevolência e caridade do governante ante a ignorância e fragilidade do cidadão. Ao assumir

o poder de decidir o que é bom ou ruim para esses cidadãos, compara-se ao chefe de família.

“O pai-de-família está acima e fora dela, na medida em que detém a chave da própria família,

e no entanto, sendo ele o constituidor dela, não pode separe-se dela nem existir sem ela”

(CHAUI, 2004, p, 20).

Segundo Max Weber (1982) apud Campante (2003, p 155), mais que a obediência,

importa é o nível de aceitação e naturalidade, tanto do poder dominante como dos que estão

Page 100: Anais Expressão 2015 UFRR

100

sob o jugo do poder. Hoje, o túmulo do Brigadeiro é um dos mais frequentados por populares,

e muitos o chamam de ‘pai’ no sentido dado por Chauí.

O populismo em estados democráticos, além de inibir o diálogo entre os comandantes

e os cidadãos, dificulta as relações entre as instituições sociais com os veículos de

comunicação. Algo que marca as administrações de Ottomar em Roraima é descrito pelo

secretário de Comunicação do Estado, Rui Figueiredo, nos seguintes termos:

[...] quando eu era ligado a veículos de comunicação de

oposição ao governo dele, ele determinava à segurança pessoal

que tomasse os equipamentos dos repórteres: fita, câmera,

máquina fotográfica... Eu me lembro que a gente fez um

protesto no carnaval e fomos para a avenida com uma camisa

que dizia: “Ottomar ou largar, o pinto é frouxo” com uma

caricatura dele [...] A gente era muito provocativo. Ele mandou

a PM prender todo mundo. Ele tinha uma atitude assim, violenta

em relação à imprensa. Uma das condições para vir trabalhar

com ele, foi que atitudes em relação à imprensa caberia a mim

resolver. Ele tinha o rigor do militar. Assim, ele não foi muito de

ouvir as pessoas.14

A visão deste modelo administrativo demonstra o obscurantismo as quais eram

relegadas as políticas de comunicação nos governos Ottomar. “Comunicação para ele era

gasto e não era investimento”, diz Figueiredo. O poder político e o fascínio exercidos sobre a

maioria dos cidadãos, dotavam o ex-governador de uma certeza de idolatria do povo que só

pode ser comparada a do filho pelo pai. Diz Figueiredo:

Ele ia para casa de uma pessoa simples e sentava-se à mesa e

comia o que tinha para comer. Era só feijão, comia só feijão.

Depois atava uma rede e dormia. Batia papo de igual para igual.

Ia para uma comunidade indígena atava uma rede deitava lá,

comia o que os índios estavam comendo.

A convicção inabalável nas suas opiniões, a ausência de uma confrontação mais

enfática da sociedade (seja pela acomodação, o fascínio e a ausência de canais para a

expressão de opiniões contrárias) proporcionaram ao ex-governador não alterar muito o modo

de governar durante as quatro vezes em que esteve no comando do Estado. É importante

considerar esses e outros aspectos de uma história de poder relativamente recente como forma

de perceber o tamanho dos desafios presentes para implantação de Políticas Públicas de

14

Entrevista com o secretário de Estado da Comunicação Social, Rui Figueiredo, realizada em 13 de outubro de

2011.

Page 101: Anais Expressão 2015 UFRR

101

Comunicação e as dificuldades em efetivar seus usos e sentidos como um dos pilares da

democracia.

REFERÊNCIAS

AVRITZER, L. e PEREIRA, Maria L. Dolabela. Democracia, participação e instituições

híbridas, Teoria e Sociedade. Belo Horizonte, março de 2005, p. 14-39.

BRANDÃO, Elizabeth Pazito. Usos e Significados do Conceito Comunicação Pública.

Instituto de Educação Superior de Brasília – IESB

<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2006/resumos/R1037-1.pdf>. Acesso em:

Dez/2010.

CHAUÍ, Marilena. Os Anos 90: política e sociedade no Brasil, organizado por Evelina

Dagnino. São Paulo, Editora Brasiliense, 2004.

CAMPANTE, Rubens Goyatá. O patrimonialismo em Faoro e Weber e a Sociologia

Brasileira. Dados: Revistas de Ciências Sociais, vol. 46 n. 1 Instituto Universitário de

Pesquisas do Rio de Janeiro, 2003, pp. 153-193.

Page 102: Anais Expressão 2015 UFRR

102

EIXO 5 . PRODUÇÕES ARTÍSTICAS, CULTURAIS E

LITERÁRIAS

Page 103: Anais Expressão 2015 UFRR

103

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL NO CONTO “UM LADRÃO”, DE

GRACILIANO RAMOS

Carla Carolina Moura Barreto (Universidade Federal de Roraima-UFRR)

E-mail: [email protected]

Rosangela Costa de Abreu (Universidade Federal de Roraima-UFRR)

E-mail: [email protected]

Odilon Rosa Corrêa (Universidade Federal de Roraima-UFRR)

E-mail: [email protected]

O caráter social da literatura assume um importante papel na construção da capacidade

reflexiva do leitor e visa despertar uma visão crítica da realidade na qual ele, leitor, está

inserido. O presente artigo tem como propósito levantar alguns aspectos críticos da escrita de

Graciliano Ramos, especificamente em seu conto “Um ladrão”, do livro Insônia (1947), a fim

de destacar a importância da literatura enquanto ferramenta para a crítica social - uma vez que

a literatura não se limita a ser um mero instrumento de entretenimento - mas pode, por vezes,

proporcionar um retrato esteticamente elaborado da realidade, a partir da análise do referido

conto, na qual ele nos mostra como um indivíduo de classe baixa pode vir a sofrer rejeição

por parte da sociedade.

O conto “Um ladrão”, constitui-se de uma narrativa cuja escrita se deu dentro do

período político-social brasileiro da ditadura de Getúlio Vargas. A narrativa se passa no

espaço urbano e apresenta traços de universalização, presente já no título: “Um ladrão”. O

fato da inserção de um artigo indefinido no título do conto, juntamente com a ausência de

nome do ladrão, nos mostra que o protagonista representa qualquer ladrão. Sendo assim,

Ramos pretendia abranger todo e qualquer indivíduo que, por algum motivo, acaba sendo

inserido na marginalidade. O autor parte do particular para o geral, ou seja, daquilo que

acontecia na vida de um, mas que retratava a realidade de muitos.

O conto apresenta a trajetória de um personagem marcado por conflitos psicológicos e

sociais. O autor registra as falas do personagem através do discurso indireto livre, ou seja, em

boa parte da obra a voz narrativa se mescla à perspectiva do personagem, a ponto de sugerir

que o próprio ladrão tem sobre seus ombros uma câmera que tudo flagra, ou seja, na medida

em que a ação ocorre, vai sendo narrada. A narrativa ocorre em terceira pessoa, porém, em

alguns momentos o personagem principal toma a palavra do narrador:

[...] Desceu a rua, entrou no café da esquina, espiou as horas e teve desejo de tomar

uma bebida. Não tinha dinheiro. Doidice beber álcool em semelhante situação.

Page 104: Anais Expressão 2015 UFRR

104

Procurou um níquel no bolso, estremeceu. As mãos estavam frias e molhadas. – Tem

de ser. (RAMOS, 2003, p. 20)

Nesta passagem do conto, podemos observar a mescla de vozes, pois ora a palavra está

com o narrador onisciente, ora com o personagem principal, como nos trechos: “Doidice

beber álcool em semelhante situação” e “Tem de ser”.

Outro ponto relevante evidente na narrativa de Ramos é a chamada interiorização do

personagem, a qual consiste no fato de a narrativa deslocar o personagem da realidade das

cenas para focar em seus pensamentos, posto que, no conto, o ladrão passa grande parte do

tempo preso aos seus pensamentos e suas memórias, o que permite ao leitor ter acesso a sua

vida interior, tornando-se mais íntimo dele.

Utilizando estes recursos, Ramos, como bom escritor engajado, constrói uma narrativa

repleta de críticas sociais que um leitor atento é capaz de identificar. Para compreendê-las,

iniciamos falando do momento em que surge, na memória do protagonista do conto, três

personagens que fizeram parte de sua infância:

[...] Durante minutos lembrou-se da escola do subúrbio e viu-se menino,

triste, enfezado. A professora interrogava-o pouco, indiferente. O vizinho mal-

encarado, que o espetava com pontas de alfinetes, mais tarde virara soldado. A

menina era linda, falava apertando as pálpebras, escondendo os olhos verdes.

(RAMOS, 2003, p.24)

Vale ressaltar que o jovem não tinha casa, vivia na rua, não tinha família e durante sua

infância sofreu com a indiferença por parte da professora, que representava o sistema

educacional, uma vez que, neste período, as oportunidades educativas eram voltadas,

sobretudo, às pessoas que pertenciam a classes sociais mais abastadas. Sofreu com as

agressões do vizinho que, posteriormente, virou soldado e passa a representar

metonimicamente, na narrativa, a segurança pública e seu método de repressão, através da

força, o que nos remete à opressão exercida por aquele governo vigente, que levara Ramos à

prisão simplesmente por não concordar com seus ideais.

Diante da indiferença da professora, o ladrão formou uma ideia negativa sobre o

funcionamento do sistema educacional, que rejeitava os desfavorecidos socialmente, ou seja,

os marginalizados. Esses, por consequência, possuíam dificuldades de aprendizagem, atraindo

o desinteresse da professora.

Além do vizinho e da professora, o ladrão recorda-se de uma menina de olhos verdes,

por quem ele nutria carinho e afeto em sua breve vida escolar. Essa menina, pelo fato de

sentir-se superior, passa a rejeitar as pessoas de classe inferior. No conto, a menina

Page 105: Anais Expressão 2015 UFRR

105

representava a sociedade de modo geral, que exclui socialmente as pessoas que não se

encaixam nos padrões impostos por ela.

Isto nos remete à necessidade que o ladrão sentia de ser amado. Por não ter família e

ninguém que o amparasse, o ladrão associou a visão do amor àquela menina de olhos verdes.

E, ao ver uma moça que dormia em um dos quartos da casa invadida, a lembrança dessa

menina veio à tona e despertou nele o desejo de beijar a moça. Assim, não nos parece forçado

dizer que o desamparo e o afeto negado na infância regeram a vida do protagonista do conto,

assim como seus anseios.

Em torno desta questão Moisés (2008, p. 134) afirma: “(...) A mola psicológica que o

arrastou para o crime seria de ordem sentimental, antes de tudo, e depois de natureza social. A

primeira representada pela menina dos olhos verdes, e a segunda pela indiferença da

professora e a maldade do vizinho”.

Diante disso, parece-nos que Ramos utiliza essa narrativa para expressar sua crítica

social, com o propósito de chamar a atenção do leitor para estas importantes questões. O

autor, através de seu conto, denuncia a exclusão e a violência sofridas por pessoas que não se

inserem nos padrões impostos pela sociedade. Apresenta-nos uma relação entre o ser humano

e o restante do mundo, isto é, uma reflexão sobre os caminhos aos quais a desigualdade social

pode levar determinado indivíduo.

Para entendermos melhor esta relação entre o ser e o resto do mundo é preciso

ressaltar que o protagonista foi, de algum modo, “rejeitado” pela sociedade e que seu

principal vínculo era com outro ladrão mais experiente, o Gaúcho, que o iniciou na vida do

crime e que representava uma autoridade paternal, ou seja, era uma referência para ele, visto

que o rapaz era órfão e precisava suprir este espaço de autoridade paterna em sua vida.

De acordo com Moisés (2008, p. 135), “Gaúcho personifica precisamente aquilo que o

ladrão novato desejava ser para indenizar-se dos malogros morais e afetivos sofridos na

infância”, ou seja, o ladrão almejava ser como Gaúcho por conta dos episódios ocorridos em

sua infância, e está nítido no conto que ele via Gaúcho como “um mestre”, pois se mostrava

sempre preocupado com o fato de Gaúcho, ao ter conhecimento sobre suas ações, aprová-las

ou não.

Ainda que um pouco atrapalhado, o protagonista teve algumas experiências bem-

sucedidas que o levaram a invadir uma casa, na calada da noite, com a intenção de roubá-la.

Este ato nos aponta o desejo de resgatar, por meios ilícitos, aquilo que a sociedade, através da

exclusão social, retirou do ladrão. Como afirma Gomide (2000, p. 03), ao acreditar que não

podem obter algo desejado por meios legítimos, alguns jovens podem optar por utilizar táticas

Page 106: Anais Expressão 2015 UFRR

106

antissociais para expressar seu descontentamento e adquirir o que desejam. Trata-se de um

meio de afrontar a sociedade e provar que assim como a sociedade não respeitou seus direitos,

o ladrão não tem porque respeitar suas regras. É, também, o que nos diz Machado (2014,

p.55), ao afirmar que “Por não se sentir capaz de ser sujeito – não pode falar nem ser ouvido –

ele invade o espaço do outro para se tornar visível”.

Dessa maneira, Ramos demonstra ao leitor como uma pessoa de classe social inferior

pode sofrer rejeições da sociedade. O autor pretende mostrar como pessoas desfavorecidas

economicamente sofrem, como são excluídas socialmente, e como tal prática de exclusão

pode influenciar negativamente na vida de um indivíduo, levando-o à criminalidade.

O conto nos remete às desigualdades e exclusões sociais, de modo a refletirmos acerca

das consequências destas na vida do ser humano. Faz-nos recordar que todos temos

necessidades a serem preenchidas dentro do espaço social, pessoal e emocional. Propicia-nos,

ainda, um questionamento sobre as maneiras através das quais a sociedade lida com estas

necessidades, denunciando a educação deficiente e a segurança opressora, levando-nos,

enfim, a uma reflexão crítica acerca das injustiças sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOSI, Alfredo. A interpretação da obra literária. São Paulo, 1988.

CARVALHO, Antônio Moraes. Graciliano: Ramos excluídos. João Pessoa, 2005.

DENIS, Benoît. Literatura e engajamento: de Pascal a Sartre. São Paulo: EDUSC, 2002.

GOMIDE, Paula Inez Cunha. A influência de filmes violentos em comportamento agressivo

de crianças e adolescentes. Psicol. Reflex. Crit. V. 13 n. 1, Porto Alegre, 2000.

MACHADO, Valéria Aparecida. Nas dobras do tempo: A narrativa de Graciliano Ramos.

Cadernos Cespuc, Belo Horizonte, 2014.

MOISÉS, Massaud. A análise literária. 17ª ed., São Paulo: Cultrix, 2008.

RAMOS, Graciliano. Insônia. 17ª ed., Rio: Record, 1981.

RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere, vl. 2, São Paulo: Martins, 1976.

Page 107: Anais Expressão 2015 UFRR

107

MURALISMO E INTERVENÇÕES CONTEMPORÂNEAS NO CAMPUS DA UFRR

Elias Magalhães de Almeida - UFRR – [email protected]; Leila A. Baptaglin - UFRR –

[email protected]; Rhafael Porto Ribeiro - UFRR – [email protected]

INTRODUÇÃO

O Arte no Campus é uma ação de extensão promovida pela Coordenação do curso

de Artes Visuais que compreende uma série de ações artísticas realizadas nos campi da UFRR

e na comunidade em geral, com a participação de professores, estudantes, técnicos, gestores

educacionais e artistas convidados. Essa iniciativa surgiu de uma crescente demanda por

eventos e ações culturais, por parte principalmente dos estudantes, que precisam suprir a

criação de espaços de diálogo e produção em arte contemporânea, de modo a congregar os

conteúdos desenvolvidos nas disciplinas (ensino), os demais projetos de abrangência

comunitária (extensão) e os novos conhecimentos produzidos em e sobre arte (pesquisa).

Para o ano de 2015-2016 novas ações estão sendo realizadas pelo projeto. Dentre

elas: Muralismo e Intervenções Contemporâneas e, Oficina de Cerâmica: e, eventos

como a Mostra Arte no Campus e, o Grafita Roraima.

O Projeto Arte no Campus propõe, portanto, a oferta de um conjunto de ações à

sociedade roraimense baseadas em uma metodologia integrada de abordagem transdisciplinar

em que os processos criativos, o desenvolvimento das linguagens artísticas, o exercício da

crítica e da leitura de imagens, a produção e a socialização de conhecimento em oficinas,

exposições e em eventos acadêmico-científicos resultem no aprimoramento dos processos

artísticos e na formação cultural dos nossos alunos.

Este estudo busca apresentar as atividades que estão sendo desenvolvidas na ação

Muralismo e Intervenções Contemporâneas. Para isso, apresentaremos as atividades que os

docentes, discentes e técnicos administrativos do curso de Artes Visuais vem realizando, no

intuito de atender as demandas do projeto. Para isso, trabalharemos também com alguns

referencias teóricos que abordam o Muralismo no contexto contemporâneo e,

especificamente, o muralismo na cidade de Boa Vista/RR.

Page 108: Anais Expressão 2015 UFRR

108

2. MURALISMO CONTEMPORÂNEO: UM OLHARA PARA BOA VISTA/RR

O Muralismo, no contexto brasileiro, apresenta-se com uma vinculação aos ideais

advindos do Muralismo Mexicano. Segundo Vasconcelos (2004), a pintura mural, advinda do

processo da Revolução Mexicana de 1910 apresenta-se como uma manifestação artística

intencional e plena de significado ideológico com o objetivo de atingir os mais diversificados

públicos. Daí sua exibição em espaços públicos apresentando aos olhos populares imagens da

história, da cultura e da política do pais, permitindo uma leitura do que vem sendo

apresentado.

Nos estudos de Vasconcellos (2004, p. 03), temos que os primórdios do movimento

Muralista teve início “no ano de 1922, podendo ser dividido em duas grandes etapas

cronológicas ou gerações: a primeira que abrange o período entre 1922 a 1942, e a segunda,

que vai desde o início da década de 50 até nossos dias”

Com base neste contexto histórico, podemos perceber que o muralismo representou

também um olhar para o contexto estético que passou a ser usado em intervenções no

perímetro urbano ou mesmo no âmbito de intervenções escolares estimulando a criatividade, a

criticidade e o desenvolvimento artístico.

Em Boa Vista/Roraima podemos encontrar algumas intervenções pictóricas em áreas

urbanas, painéis e grafites que contam um pouco da história e cultura do estado. Além disso,

busca também sem deixar de ter seu valor estético, dar vida a cultura local e trazer à tona

problemáticas e valorizar o ambiente social. No olhar de Souza (2012, p. 16) “A arte

muralista, quando intencionada à crítica social possui notadamente uma forte função social,

sendo um canal de comunicação direto e eficiente entre o artista, a arte e o meio”. Possibilita

assim uma interlocução que atinge a públicos variados e instiga o olhar crítico para os

acontecimentos locais.

Neste sentido é que buscamos compreender o valor comunicacional das pinturas

murais procurando integrar comunidade acadêmica e comunidade m geral no intuído de

possibilitar um olhar crítico para os fatores sociais, políticos, econômicos e culturais que vem

sendo desenvolvidos no Estado.

3.2 ARTE DO CAMPUS: AÇÃO DO MURALISMO E INTERVENÇÕES

CONTEMPORÂNEAS

Page 109: Anais Expressão 2015 UFRR

109

Partindo de um olhar para o desenvolvimento crítico e reflexivo do sujeito, no ano de

2015, iniciamos as atividades do Projeto Arte do Campus com a ação de Muralismo e

Intervenções Contemporâneas. Sendo assim, primeiramente, no início das reuniões, que

ocorriam uma vez por semana, na UFRR, no bloco I, o CCLA (Centro de Comunicação,

Letras e Artes), com a presença de alunos do Curso de Artes Visuais e professores para

discutir e apresentar ideias e propostas dentro do projeto inicial.

Ao iniciarmos os encontros do grupo partimos para as propostas de intervenções que

já haviam sido solicitadas. O primeiro projeto a ser posto em prática, foi a convite do PET –

Letras (Programa de Educação Tutorial – Letras) da UFRR.

A segunda solicitação foi do IGEO (Instituto de Geociências), para a produção de

pinturas que pudesse dar visibilidade o prédio do Instituto.

Inicialmente, foi pensado em uma intervenção na Maloca e, como essa edificação

possui um formato circular, buscamos produzir algo condizente com o que ela representa e

com a cultura regional. Assim, a proposta apresentada centrou-se na confecção de uma

mandala com a representação de símbolos indígenas.

Painel PET Letras/UFRR Pintura da Maloca no IGEO/UFRR

Imagem 01: Arquivo dos autores Imagem 02: Arquivo dos autores

A terceira proposta foi elaborada a partir de uma demanda dos alunos do curso de

Artes Visuais em tornar o CCLA um espaço que represente o curso. Para isso, os professores

e alunos do curso de Artes Visuais articularam as ações do Arte do Campus com algumas

disciplinas do curso no intuito de ampliar a participação e o envolvimento dos alunos. Sendo

assim, solicitamos à direção do CCLA as 4 (quatro) paredes da praça dos fundos do CCLA,

sendo este espaço concedido ao projeto.

Pintura das paredes da praça pelos grupos de alunos.

Page 110: Anais Expressão 2015 UFRR

110

Imagem 03, 04, 05 e 06: Arquivo dos autores

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O projeto Arte do Campus tem uma significativa preocupação em, como já

sinalizado por Vasconcellos (2004), apresentar imagens que retratem os valores e as

problemáticas locais utilizando-se da preocupação estética, porém não somente desta, para o

desenvolvimento da criticidade do sujeito. Isto pode ser evidenciado nos projetos

apresentados nas intervenções de Muralismo desenvolvidas até o momento e nas propostas

que estão sendo pensadas em sua continuidade.

REFERÊNCIAS:

SOUZA, A. O Muralismo de Rivera e Portinari: a arte como possibilidade de reflexão crítica

e mediação com a realidade social. Trabalho de conclusão de Curso. Ouro Preto/MG. 2012.

Disponível em: < http://bdm.unb.br/bitstream/10483/5650/1/2012_AdelsonMatiasSouza.pdf

>. Acesso em: 05 de outubro de 2015.

VASCONCELLOS, C. M. Visões da Revolução Mexicana: Arte e política nos murais do

museu nacional de história da cidade do México. Anais eletrônicos do VI Encontro do

ANPHLAC. UEN/PA-ANPHLAC, Maringá/PR, 20 a 23 de julho de 2014. Disponível em: <

http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/105373/ 20Revolucao%20Mexicana.pdf >.

Acesso em: 05 de outubro de 2015.

Page 111: Anais Expressão 2015 UFRR

111

EUCLIDES DA CUNHA E NENÊ MACAGGI: UMA LEITURA SOBRE A

AMAZÔNIA BRASILEIRA DO SÉCULO XX

Emily Monteiro Costa - UFRR - [email protected].

Maurício Elias Zouein - UFRR - [email protected]

INTRODUÇÃO

Propomo-nos na pesquisa a desvendar duas Amazônias: a do carioca Euclides da

Cunha, visitada e relatada na obra “À margem da história” (1909), e a da paranaense Nenê

Macaggi, transformada em cenário do romance “A mulher do garimpo” (1970). Os dois

autores, além de compartilharem do ofício de jornalista, deixaram o Rio de Janeiro rumo a

Amazônia em missões oficiais. Ele, em 1904, exercendo a função de diplomata do Ministério

das Relações Exteriores, e ela, em 1941, atuando como delegada do Serviço de Proteção ao

índio (SPI). Separados por décadas, mas unidos por um mesmo olhar, revelaram a Amazônia

cada um ao seu tempo, seguindo o mesmo curso, pregando a mesma visão: a unir a Selva,

riquíssima e descrita como capaz de alimentar a todas as populações da terra, ao resto do país.

A primeira obra pesquisada, o livro “À margem da história” é fruto de um apurado

olhar técnico, tem como personagem central os “rijos caboclos nordestinos” exploradores da

borracha que golpeiam solitariamente o ventre da selva, retirando-lhe a seringa e sonhando

com a acumulação de bens. Na obra, o engenheiro, escritor, jornalista, diplomata e poeta

Euclides da Cunha exerce o papel de intrépido desbravador, que se propõe a revelar a

Amazônia do início do século XX: uma terra sem história, que precisa, tão logo, ser integrada

ao resto do país com estradas de ferro e missões diplomáticas.

Em “A mulher do garimpo”, a jornalista paranaense Nenê Macaggi descreve a

migração de Adria, que se torna o garimpeiro José Otávio. O jovem, que deixa o Rio de

Janeiro rumo a Roraima na década de 70, período em que houve um grande fluxo migratório

intra e inter-estadual vindo do Norte (Manaus e Belém) e Nordeste (Fortaleza e São Luiz),

segundo Diniz e Santos (2006). Ao longo do texto, Macaggi descreve os povoadores da região

como abnegados desbravadores, que lutam contra a instabilidade geológica e inadaptável do

lugar onde é “tudo verde! Verde vivo, verde pálido, verde obsedante e manchado, verde

limoso e baço, verde musgoso, verde veludoso, verde brutal e luxuriante, esposo perpétuo da

selva” (MACAGGI, 2011, p. 61).

Page 112: Anais Expressão 2015 UFRR

112

Lidas em conjunto, as obras se revelam em acertado passo. Ora, se em 1909 Euclides

propôs a construção da transacreana, que ligaria a selva ao país (CUNHA, 1909), Macaggi

pondera, já em 1970, que o Amazonas um dia ressurgiria “primeiro com a Lavoura, a

Pecuária, e as Rodovias Interioranas e Internacionais. E, mais tarde com o Petróleo. O Brasil

espera pacientemente esse milagre! Ele não tardará” (MACAGGI, 2011, p. 56).

A construção desse diálogo entre os dois autores, além de inédito, é rico e traz consigo

uma nova visão comum sobre a Amazônia, do século XX, descrita por ambos como atrasada,

caluniada e carente de investidas civilizadoras. Desta forma, as duas vozes se unem para

contar a história de uma terra sem história, que se perpetua como avassaladora, perturbadora,

selvagem capital de seringueiros e de garimpeiros, que jamais conseguiram domá-la

inteiramente.

OBJETIVOS:

Geral

Construir um diálogo entre as obras “À margem da história” de Euclides da Cunha e

“A mulher do garimpo” de Nenê Macaggi.

Específicos

Conhecer as duas obras a partir do contexto histórico em que foram produzidas;

Identificar elementos que revelem a compreensão dos autores sobre a Amazônia do

século XX;

Analisar as semelhanças e divergências entre as obras, no que diz respeito à

construção da ideia de Amazônia.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Durante a leitura, identificação e análise das duas obras, é possível identificar robustas

construções em comum. Dentre elas, a afirmação conjunta de que a Amazônia é uma terra

fecunda, impúbere, preciosíssima, desconexa, terra-mãe em prolongada gestação,

inconcebível. Um lugar que, em pleno século XX, abrigava de um lado a miséria de

seringueiros e garimpeiros, filhos do nordestes, que trabalhavam para escravizar-se, e os ricos

possuidores de seringais e garimpos, que enchiam os bolsos com a fortuna da terra. Neste

sentido, a pesquisa propõe uma nova discussão baseada nas produções de dois autores

Page 113: Anais Expressão 2015 UFRR

113

brasileiros, que saíram do centro do país, rumo a Amazônia e concluíram uma mesma teoria

irrefutável: a de que a selva precisava ser integrada à civilização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se em 1905 Euclides da Cunha testemunhou o sofrimento dos “caboclos rijos”

amansadores do deserto, consumidos pelo trabalho escravo, solitários, doentes e selecionados

pelo clima amazônico, Nenê Macaggi, mais de meio século depois, se depara com a mesma

realidade: abandono, miséria, servidão e desigualdade social. A diferença entre as obras

reside, no entanto, justamente na forma como cada um vivenciou e sentiu a Amazônia: ele

apenas como observador e ela como personagem, uma vez que também exerceu o ofício de

garimpeira.

Neste sentido, concluímos que tanto Euclides da Cunha, quanto Nenê Maccaggi foram

sensíveis observadores da realidade social vivida pela Amazônia no século XX e eternizaram,

por meio de suas obras literárias, um retrato não só da terra, quanto de seus mais humildes

construtores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUNHA, Euclides da. Um Paraíso Perdido: reunião de ensaios amazônicos. Brasília,

Senado Federal, 2000.

CUNHA, Euclides. Á margem da história. 1ª Ed. São Paulo, Martin Claret, 2006.

GONDIM, Neide. A invenção da Amazônia. 2ª Ed. Manaus: Editora Valer, 2007.

SOUZA, Márcio. Breve história da Amazônia: a incrível história de uma região

ameaçada contada com o apaixonado conhecimento de causa de um nativo. 2ª Ed. Rio de

Janeiro: Agir, 2001

DINIZ, Alexandre M. A.; SANTOS, Reinaldo Onofre. Fluxos migratórios e formação da

rede urbana de Roraima. Disponível em

<http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/docspdf/ABEP2006_345.pdf>. Acessado

em 4 de outubro de 2015.

Page 114: Anais Expressão 2015 UFRR

114

BEIJO LESBICO E GAY: UMA QUEBRA DE PADRÕES OU DIREITO DE

IGUALDADE?

Joilson Trindade de Souza, UFRR, [email protected]

Mariana Beserra de Oliveira, UFRR, [email protected]

INTRODUÇÃO

Através de uma observação geral do modo como a sociedade reage à quebra de padrão

de relacionamentos afetivos, durante o desenvolvimento de um trabalho realizado no

Seminário Interdisciplinar do Curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Roraima,

houve o interesse em fazer artisticamente uma ação determinada como “Beijo é beijo” que

engloba a diferença social relacionada à orientação sexual. O objetivo da escolha de trabalhar

através da performance era observar a reação das pessoas ao verem a representação do beijo

lesbico e gay, e através deste gerar um registro para se discutir sobre o ato do beijo e suas

limitações perante a sociedade.

A metodologia utilizada foi selecionar fotografias conhecidas popularmente de beijos

heterossexuais, sendo elas dos artistas: Man Rey (“O beijo de Salvador Dalí e Gala”) e Alfred

Eisenstaedt (“O beijo do marinheiro e a enfermeira com o fim da 2ª guerra mundial”), e então

realizar a representação de dois tipos de beijos homossexual, através de uma releitura. Obra

hibrida (ORNELLAS e NETO, 2010) que transita em diversos campos da arte, como

performance (COHEN, 2002), fotografia, uma intervenção artística (BARJA, 2008) que

objetivou debater um problema político-social.

As performances foram realizadas em espaço públicos com objetivo de trazer a

discursão como a sociedade reage ao beijo público de duas pessoas do mesmo sexo.

DESENVOLVIMENTO

O beijo na história não se tem uma data concreta de quando surgiu conforme Haydu

(2006) o que consta é que o beijo começou a ser praticado na pré-história estando relacionado

à alimentação das crianças. No decorrer dos tempos passou a possuir diferentes características

em cada sociedade, na Itália, o ato de um homem cumprimentar entre si é através de um beijo

na face, e as mulheres cumprimentam entre si com um aperto de mão, e assim constituindo

também um ato de firmar compromissos.

Page 115: Anais Expressão 2015 UFRR

115

A partir da seleção das fotografias, foi realizada a primeira performance15

da

representação do beijo lésbico tomando como referência “O beijo de Salvador Dalí e Gala”. A

performance ocorreu na Universidade Federal de Roraima (UFRR), no hall do auditório da

Alexandre Borges durante o evento “A reinvenção do Corpo” que contou como palestrante a

professora doutora Berenice Bento. A performance abriu o evento e no decorrer da mesma o

que pôde ser observado foi como o público reagiu calmamente ao ato, sendo que o público

presente estava familiarizado com o tema em questão.

O procedimento da primeira experiência artística contou com a representação do casal

homossexual de mulheres, após analisar de modo superficial a opinião e reações das pessoas

presentes, não transpareceu algo totalmente intransitável de aceitar, mas claramente muitos

dos sujeitos participantes trataram o beijo como objeto de desejo, ou fantasia sexual.

Durante a segunda performance16

seguindo a releitura da fotografia de Alfred

Eisenstaedt, que foi representada através de um beijo homossexual gay foi possível observar a

preocupação e ansiedade dos atores. Levando-nos a pensar a respeito de como um simples ato

de afeto pode causar tanto desconforto. Ansiedade, nervosismo, medo, esses foram alguns dos

sentimentos que um homem sentiu ao beijar outro. Ansiedade por não saber qual seria a

reação das pessoas que iriam presenciar o beijo, nervosismo por se tratar de uma quebrar de

padrões estabelecidos na sociedade gerando repudio ao desconhecido, e medo em saber que

estava em jogo esperar uma resposta agressiva do público.

A segunda performance ocorreu na 15ª edição do Boa Vista Junina, arraial promovida

pela prefeitura municipal de Boa Vista/RR, foi realizado cinco atos em diversos pontos do

arraial, onde foi possível observar diferente reações do público que estava presente, sabendo

que a maioria do público participante do arraial era familiar, sendo este um dos motivos que

mas deixou os atores do beijo apreensivo, já que a sociedade não reage muito positivamente

em relação a comunidade LGBT e seus atos.

Para Cohen (2002) "Performance é nada mais que um modo de expressão cênica, pois

algo necessita estar acontecendo em tempo real em algum local”, o corpo é uma das formas de

comunicação e ela ocorreu através dos gestos e expressões a como o ser humano reage ao

meio em que vive, a escolha da performance foi exatamente para causar um certo impacto

social a quem estaria presenciando o ato e a quem estaria nos bastidores.

15

em anexo o registro fotográfico da primeira performance “Beijo é Beijo”.

16 em anexo o registro fotográfico da segunda performance “Beijo é Beijo”.

Page 116: Anais Expressão 2015 UFRR

116

RESULTADOS

No entanto o que surpreendeu foi que houve certo desconforto do público ao

presenciar a performance, mais que em nenhum momento ousaram invadir o espaço em que

os atores se encontravam no ato, em resposta a intervenção artística houve curiosos que

paravam para observar e outros que seguiam seu caminho.

Ousado? Não seria a palavra para expressar a ação de se realizar performances

artísticas que trataria de um assunto polemico e muito debatido hoje em dia, quando nos

deparamos com certas designações para tudo, uma união entre um casal hetero é designado de

“união estável”, já uma união entre um casal de mesmo sexo é designado “união homo

afetiva”. As próprias designações relacionadas aos casais gays e lésbicos são cheios de

preconceitos.

CONCLUSÃO

É importante relatar também que a religião apresenta-se como uma forte influência

para o assunto na sociedade, pois claramente nota-se que parcela da população trata o

relacionamento homossexual como pecaminoso, havendo infelizmente essa mesclagem entre

Estado e religião. , pois todos têm o direito de demonstração de afeto, e que isto não esteja

reservado somente a uma minoria.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COHEN, Renato. Performance como linguagem. São Paulo: Perspectiva S.A. 2002. 176 p.

SILVA, Genilson; ORNELLAS, Valter; NETO, Melquíades. Território híbrido:

experiência artística e a pesquisa em artes. Bahia: Anpap, 2010. 14 p.

HAYDU, Verônica Bender. O beijo. Tribuna do Vale do Paranapanema, Rolândia, nº 1217,

p. 3, 7 de junho de 2006. Disponível em: <http://www.uel.br/pessoal/haydu/index.html>.

Acesso em: 20 de jun. 2015.

BARJA, Wagner. Intervenção/terinvenção: a arte de inventar e intervir diretamente sobre o

urbano, suas categorias e o impacto no cotidiano. Revista Ibero-americana de Ciência da

Page 117: Anais Expressão 2015 UFRR

117

Informação (RICI), v.1 n.1, p.213-218, jul./dez. 2008. Disponível em: <

http://periodicos.unb.br/index.php/RICI/article/viewFile/816/2359>. Acesso em: 04 de out.

2015.

Anexo 1 – Primeiro registro fotográfico da Performance “Beijo é Beijo”

Page 118: Anais Expressão 2015 UFRR

118

ANEXO 2 – Segundo registro fotográfico da Performance “Beijo é Beijo”

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119

NOVE NOITES: DISCURSO ACERCA DA EXISTÊNCIA

Jakson Hansen Marques - Centro Universitário Estácio da Amazônia -

[email protected]

“Procuro um ponto de vista em que eu já não esteja no campo de visão”

(Buell Quain apud CARVALHO, 2006, pág. 100)

Não houve empatia, não houve choro, não houve consternação, os colegas da

Universidade de Columbia que estavam no Brasil em trabalho de campo receberam a notícia

de seu suicídio com protocolares respeitos: Charles Wagley; William Lipkind e com um

pouco mais de consternação Ruth Landes; dona Heloisa Alberto Torres a responsável pelo

Museu Nacional e pelo grupo de estudantes em solo brasileiro e Ruth Benedict professora

antropóloga da Universidade de Columbia ficaram chocadas com a notícia, bem como sua

mãe Fannie Dunn Quain.

O antropólogo Buell Quain morreu no dia 2 de agosto de 1939. cometeu suicídio junto

aos Krahó. Ele tinha vinte e sete anos.

A priori Buell Quain veio estudar os índios karajá, porem ao saber que os trumai

estavam em vias de extinção, mudou a pesquisa para estudar essa etnia. E é nesse momento

que adentramos aos personagens narradores da história: Manuel Perna e posteriormente o

narrador jornalista.

A história da personagem Buell Quain, é relatada no texto de Bernardo Carvalho

utilizando-se de alguns narradores, o principal, o narrador jornalista presente na obra, que

toma conhecimento do evento que articula o eixo condutor de “Nove Noites”, a morte

/suicídio? do antropólogo Buell Quain (toda morte é um assassinio17

pág. 114), a partir de

uma leitura de uma matéria de um jornal, matéria essa escrita pela antropóloga Mariza

Peirano.

17

O não encontro de evidências da morte de Buell Quain é um ato intencional do autor. O que o texto nos

traz são os relatos dos indígenas que estavam com o antropólogo no momento em que ele comete o suicídio, que

segundo o texto é gradativo, com cortes no corpo até o derradeiro enforcamento

Page 120: Anais Expressão 2015 UFRR

120

Ninguém nunca me perguntou. E por isso também nunca precisei

responder. Não posso dizer que nunca tivesse ouvido falar nele, mas a

verdade é que não fazia a menor idéia de quem ele era até ler o nome

de Buell Quain pela primeira vez num artigo de jornal (…) O artigo

tratava das cartas de outro antropólogo, que também havia morrido

entre os índios do Brasil (…) e citava de passagem, em uma única

frase, por analogia, o caso de “Buell Quain, que se suicidou entre os

índios krahô, em agosto de 1939”. (CARVALHO, 2006; pág. 11)

A partir do fragmento do jornal o narrador jornalista vai atrás da história de Buell

Quain e se depara com versões, narrações, histórias, elipses, memórias de um evento ocorrido

a 62 anos atrás.

Para além da formação da memória, Halbwachs (2006) aponta que as lembranças

podem, a partir desta vivência em grupo, ser reconstruídas ou simuladas. Podemos criar

representações do passado assentadas na percepção de outras pessoas, no que imaginamos ter

acontecido ou pela internalização de representações de uma memória histórica.

Quando o personagem jornalista pergunta, no presente, para um dos indígenas mais

antigos da aldeia, sobre a morte de Quain, mesmo ele não estando presente e não colaborando

com alguma informação relevante, a memória individual deste silvícola foi acionada, posto

que ela foi significada mediante uma memória coletiva do grupo.

No livro acompanhamos duas narrativas e três temporalidades: Manoel Perna e anos

1940 (que narra a história a partir do encontro com Buell Quain, seu ponto de vista, as nove

noites que passaram juntos e as cartas deixadas pelo antropólogo) o narrador jornalista, que

pode ser Bernardo Carvalho mas pode ser eu ou você (“isso é para quando você vier”) nos

anos 2000 e o narrador jornalista na sua infância / adolescência acompanhando seu pai no

interior.

O texto de Bernardo Carvalho vagueia entre o ficcional e o histórico. Ele preenche e

não preenche lacunas deixadas pela história usando a ficção, até por que não se sabe se é a

intenção do autor, como demonstrado na obra, preencher lacunas.

Este é um livro de ficção, embora esteja baseado em fatos,

experiências e pessoas reais. É uma combinação de memória e

Page 121: Anais Expressão 2015 UFRR

121

imaginação – como todo romance, em maior ou menor grau, de forma

mais ou menos direta. (CARVALHO, 2006, pág. 151)

Algo que chama atenção na prosa de Bernardo Carvalho, é o modo como ele elabora a

narrativa. O autor apresenta as personagens e o evento que desencadeia o arco da história logo

nas primeiras páginas do romance, não significando com isso, que o texto perca credibilidade,

pois a estratégia discursiva lançada pelo autor, prende o leitor pela multivocalidade, a

perspectiva da memória e a questão da identidade fragmentada das personagens principais,

pois considera-se que não existe apenas Buell Quain como personagem principal, mas

também o narrador jornalista, que não apenas narra sua saga para reconstruir a história do

(suicida?), como também aos poucos o leitor fica sabendo da vida deste personagem a medida

que ele aciona um “gatilho” literário: “Ninguém nunca me perguntou e por isso nunca

precisei responder...”(CARVALHO, 2006, pág. 11)

Percebe-se a medida que o romance avança, ao acionar esse gatilho, uma aproximação

entre Buell Quain e o narrador jornalista, como experiências mais ou menos parecidas

moldaram estes sujeitos. Como por exemplo, para Quain viajar era um momento de encontro

com o exótico associado ao paraíso, para o narrador jornalista as viagens ao exótico

proporcionavam uma visão do inferno. Quain viajava para buscar um ponto de vista, ao que

Manoel Perna pergunta: “Para olhar o que?” “Um ponto de vista em que eu já não esteja no

campo de visão” (CARVALHO, 2006, p. 100).

Manoel Perna, o sertanejo local, engenheiro, presenteará o leitor com a outra narrativa.

É dele a narrativa intimista, como se o leitor estivesse lendo uma missiva. A partir do olhar de

Manuel Perna o leitor sente-se mais próximo a Buell Quain. É dos encontros com Manuel

Perna que tem-se o título do romance “Nove Noites”, sendo que essas nove noites foram

divididas em três momentos: uma noite, sete noites e uma noite, a última noite embaixo das

estrelas no meio do mato a que Manoel Perna sentiu ser a derradeira onde Quain lhe contou

alguns segredos, para na manhã seguinte partir bem cedinho.

O importante ele me disse ainda na primeira noite em Carolina, sem

que eu pudesse entender do que realmente falava, “é que os Trumai

vêm na morte uma saída e uma libertação dos seus temores e

sofrimentos”. (…) Agora, me parece que ele tinha encontrado um

povo cuja cultura era a representação coletiva do desespero que ele

próprio vivia como um traço de personalidade. (CARVALHO, 2006;

p. 50, 51)

Page 122: Anais Expressão 2015 UFRR

122

O livro constrói olhares sobre Quain. Olhares próximos e distantes. E o que podemos

entrever de Quain? encontra-se em suas cartas confessionais (seus diários).

Buell Quain segundo o que relata a obra estava cansado de entrar no campo de visão.

Ele procurava um ponto de vista, que o liberta-se desse “estigma” alguma coisa, ou algo o

perturbava, e isso é constatado em alguns trechos do livro, onde ele demonstra não ter

nenhuma confiança pelas pessoas. Como por exemplo, em seu último encontro com Manuel

Perna, ele confessa que sente estar sendo perseguido por alguém ou algum grupo.

Buell Quain é um homem fruto de seu tempo resultado daquilo que Freud explicitou

em seu livro Mal Estar na Civilização (1997). O ser humano ao eclipsar sentimentos, desejos,

sensações, retira-se do homem aquilo que lhe é subjetivo explicitando somente o primado da

razão. Vive-se no alvorecer do século XX a tentativa da ruptura do primado cartesiano.

Porem este permanece forte no imaginário e na consciência coletiva dos povos

ocidentais. As neuroses do homem moderno são partícipes da compartimentação oriunda do

pensamento de Descartes.

Esse dualismo que separa a razão da sensibilidade não dá conta de explicar todas as

questões presentes, e quando ela (a razão) falha, nossas estruturas mentais começam a por em

cheque nossos julgamentos, o que nos leva ao texto: “de certo modo, ele se matou para sumir

do seu campo de visão, para deixar de se ver”(CARVALHO, 2006, p. 100).

O cogito ergo sun, amargura o homem, enjaulando-o, tirando dele a possibilidade de

construir um olhar que leve em consideração a totalidade da existência. Quain pelas cartas,

pelas versões, pelas negações, era um homem do cogito.

Em um texto de Kafka chamado ¨Um relatório para uma academia” de 1919 Kafka é

convidado a oferecer um relatório a academia sobre a sua vida pregressa de “macaco”. Neste

pequeno texto o autor nos conta sobre sua natureza de macaco, o momento em que ele é

capturado pelos civilizados e o processo de treinamento ou de mimetismo pelo qual ele é

obrigado a passar. Segundo Kafka faziam apenas cinco anos que o separavam da condição de

símio, dessa condição de natureza / cultura; da condição de não amestrado para amestrado, em

que o primado da razão desse jardim zoológico que é a academia, como nos diz Kafka se

impõe. Porem ao final do texto, escreve:

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Se chego em casa tarde da noite, vindo de banquetes, sociedades

científicas, reuniões agradáveis, esta me esperando uma pequena

chimpanzé semi-amestrada e eu me permito passar bem com ela à

maneira dos macacos. (KAFKA, 1919, pág. 72).

A tentativa de romper com o cartesianismo da sociedade ocidental, com o método

dualista, com a fragmentação, é percebida na esquizofrenia de Buell Quain, quando dos

últimos relatos de Manuel Perna, em que o antropólogo via-se perseguido, se isolava, das

pessoas.

Kafka denuncia em seu texto esse cartesianismo, esse treinamento, essa sublimação

dos sentimentos, para tornar-se homo sapiens sapiens é necessário amestrar-se, é necessário

participar do jardim zoológico. Buell Quain participava do jardim zoológico, mas a que

preço?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CARVALHO, Bernardo. NOVE NOITES. São Paulo: Companhia Das Letras, 2006.

FREUD, Sigmund. O MAL ESTAR NA CIVILIZAÇÃO. Rio de Janeiro: Imago, 1997.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006 [1950].

KAFKA, Franz. Um Relatório para uma academia. In: KAFKA, Franz. UM MÉDICO

RURAL: Pequenas narrativas. São Paulo: Companhia Das Letras, 1997. p. 59-72.

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124

REPRESENTAÇÕES DE CURITIBA EM “A LINGUAGEM PROMETIDA” DE

SÉRGIO RUBENS SOSSÉLLA

Jacquellinne Marcella Araujo – UFRR

([email protected])

Este trabalho pretende analisar, dialeticamente, como as representações da cidade de

Curitiba se manifestam em A Linguagem Prometida, dentro da perspectiva da Modernidade e

da literatura contemporânea, e de que modo o conjunto dessas representações influenciam na

releitura e reescrita da urbs.

Sério Rubens Sossélla foi um juiz, escritor e crítico paranaense que ao longo de sua

vida compôs mais de quatrocentos livros, em sua grande maioria com tiragens pequenas, e

manufatura artesanal. Ele próprio controlava todo o processo de composição, edição e

impressão de seus livros. Ademais teve coletâneas publicadas como, por exemplo, Tatuagens

de Nathannaël (1981) – sua maior tiragem; 1000 cópias – e a em questão; A Linguagem

Prometida (2000).

Esta coletânea teve sua edição pela Imprensa Oficial do Paraná e é composta por

aproximadamente duzentos poemas, dentre eles “a porta de saída pra rua pretendida”: “que

difícil organizar uma antologia poética/aquelas ruas todas não podem ficar de fora”

(SOSSÉLLA, 2000 apud SANTOS, 2012, p. 18). As ruas, mais especificamente as cidades,

surgem como resultado das revoluções industriais, sendo, portanto, e posteriormente,

transformadas em material estético. O poeta que vivencia a modernidade - os conflitos e

contradições impostas pelo centro urbano - se volta para a babel e a encara horrorizado.

A proposta apresentada consiste em apontar as influências desse processo de

modernização dos séculos XX e XXI na produção estética brasileira e delinear as

características desta poesia contemporânea tendo como foco a coletânea A Linguagem

Prometida (2000), sob a óptica da cidade moderna reescrita e relida por Sério Rubens

Sossélla.

Os discursos múltiplos da cidade, a justaposição dos signos, a tentativa de leitura

destes são o que compõe o livro de registros da cidade. Esta, enquanto texto, é o encontro, o

choque entre discursos múltiplos permeados por culturas e influências diferentes e diversas.

“Essa cidade torna-se um labirinto de ruas feitas de textos, essa rede de significados móveis,

que dificulta a sua legibilidade.” (GOMES, 1994, p.24). Ou seja, na composição dessa cidade

textual seu registro se dá a partir da conexão e contradição, como num labirinto, destas várias

escrituras. Justamente devido à multiplicidade de discursos, de vozes nas multidões, o

citadino se vê impossibilitado de apreender todas as informações; a partir da modernidade

torna-se necessária a compreensão de diversas formas, códigos e linguagens, sendo percebida

meramente através de fragmentos.

A cidade se apresenta em fragmentos, a justaposição destes, onde um texto remete ao

outro, e a velocidade de circulação de informação, entremeio o próprio caos das cidades,

torna-se difícil o estabelecimento de uma tradição. Justamente no ponto de convergência entre

Page 125: Anais Expressão 2015 UFRR

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as modificações urbanísticas da modernidade e a poesia moderna, a metrópole capitalista e

seu ritmo de vida acelerado e, conseqüentemente, neurótico, afeta diretamente seus habitantes,

e isto se torna em estímulo para a modernidade e as vanguardas artísticas. As múltiplas

linguagens, aspirações artísticas e ideológicas estão proporcionalmente em relação com o

metropolitano. (GOMES, 1994)

Em relação especificamente ao objetivo deste estudo, pretende-se apontar na poética

de Sossélla as conseqüências das modificações sofridas no espaço urbano de Curitiba na obra

A Linguagem Prometida (2000).

Uma das fontes da poesia de Sossélla é exatamente essa linhagem da poesia

moderna; ou se quisermos, da arte moderna. Há muitas referências em seus poemas

ensaios a personalidades do mundo das artes (e a suas obras, evidentemente) que

carregam o estigma do grandennui, para usar a expressão de Steiner. Perguntado

sobre os artistas que teriam influenciado sua obra, Sossélla lista nomes como os de T

S. Eliot, Rilke, Paul Celan, Georg Trakl, Manuel Bandeira, Paul Valéry, W.H.

Auden, Kafka, Dostoiévski, Nietzsche, Lima Barreto, Giovani Papini, Van Gogh,

AntoninArtaud, cujas obras estão relacionadas quase sempre a uma tensão entre o

indivíduo e seu meio social, vislumbrando perspectivas bastante pessimistas. (LIMA,

1998, p. 104)

Tomando como base o que foi mencionado previamente deve-se ressaltar que as

principais características da escrita de Sérgio Rubens Sossélla, as quais são analisadas neste

trabalho, a partir de A Linguagem Prometida (2000), sob o viés do desenvolvimento urbano

de Curitiba, são: subjetividade, metalinguagem, montagem cinematográfica, fragmentação e

intertextualidade.

É precisamente nesta tentativa de ler o ilegível (entendendo-a como a tentativa de

apreensão dos múltiplos signos da modernidade e da pluralidade de formas e conteúdos que

impossibilitam a decodificação do espaço moderno e, igualmente, dos habitantes deste

espaço) que está inserida a coletânea A Linguagem Prometida; em sua aproximação direta

com as linguagens contemporâneas, como a do cinema, da aplicação de determinadas técnicas

em sua poética e com as características mais marcantes da poesia deste período. Apesar de,

em suas palavras, ser “o morto/da literatura brasileira”, a sua poética, além do rigor técnico,

apresenta concisão em sua forma repleta de signos estéticos que resultam em uma opção de

leitura do espaço e do contexto urbano nacional.

REFERENCIAS

GOMES, Renato Cordeiro. Todas as Cidades a Cidade. Rio de Janeiro, 1994.

LIMA, Marcelo Fernando. A poesia de Sério Rubens Sossélla. Curitiba, 1998.

SANTOS, Gersonita Elpídio. Silêncio, Sombra e Solidão na poesia de Sérgio Rubens

Sossélla. Maringá, 2012.

SOSSÉLLA, Sérgio Rubens. A Linguagem Prometida. Curitiba: Imprensa Oficial do

Paraná, 2000.

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EIXO 6 . ESTUDOS REGIONAIS

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A DEFESA DE UMA GEOGRAFIA MAIS LÚDICA EM SALA DE AULA

Hudson Gustavo Almeida - Graduando de Geografia, UFRR

[email protected]

Felipe Rhuan do Santos Paixão - Graduando de Geografia, UFRR

[email protected]

Altiva Barbosa da Silva - Professora - Coord. PIBIB/Geografia e do LAGETAM/UFRR -

[email protected]

INTRODUÇÃO A realidade do ensino a geografia se molda a partir das vivências

ocorridas em sala de aula desde antes da graduação, quando o estudante, seja no ensino

fundamental ou médio, encontrasse com questões maçantes e decorativas, o que acaba por

tornar uma disciplina desinteressante e entediante para o mesmo. Nunca houve em outra

geração tantos meios de tirar a atenção das pessoas por meio das tecnologias, são tablets,

phablets, smartphones, notebooks, televisões, entre outras, que se tornaram o principal meio

de passa tempo nas horas vagas, logo a sala de aula se tornou desinteressante para os

estudantes, pois o ensino não conseguiu acompanhar o ritmo acelerado da tecnologia, causado

pela globalização.

Atualmente, o professor tem a difícil missão de competir com tantos aparatos

tecnológicos, utilizando apenas sua voz, um pincel, e uma lousa tornando um combate desleal,

onde a tecnologia se tornou a mocinha, e o professor o vilão. É triste, mas não desanimador,

pois o professor tem sua função e obrigação social, e é por meio da tecnologia que se pode

mudar o ensino da Geografia em sala de aula. "Se o espaço não é encarado como algo em que

o homem (o aluno) está inserido, natureza que ele próprio ajuda a moldar, a verdade

geográfica do indivíduo se perde e a Geografia torna-se alheia para ele” (RESENDE,1986, p.

20).

O trecho acima citado retrata bem a realidade vivida no ensino em sala de aula; a

tecnologia tem o poder de possibilitar a interação e inclusão, seja de quem for, evento que

infelizmente a sala de aula não tem sido capaz, e que se for continuar em um modelo

educacional tradicionalista, podemos ter consequências não muito agradáveis. Ensinar o

estudante a entender o espaço em que ele vive, através de jogos interativos originados para o

ensino de Geografia, pode se tornar uma opção além da educação tradicionalista, e uma forma

eficaz de ensino.

O presente trabalho foi motivado a partir do cotidiano dos bolsistas do PIBID/UFRR

na Escola Estadual Presidente Costa e Silva, que observaram a necessidade de aplicar um jogo

interativo em sala de aula, como um mecanismo de revisão para uma avaliação bimestral aos

estudantes dos 9ºs ano do ensino fundamental.

OBJETIVO

Este trabalho teve como objetivo utilizar um mecanismo diferenciado de revisão para

uma avaliação bimestral de ensino fundamental, no qual foi aplicado um jogo interativo em

sala de aula, que foi elaborado e aplicado pelos próprios professores.

Page 128: Anais Expressão 2015 UFRR

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MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho possui uma abordagem qualitativa, onde se debruça em teorias de

estudiosos na área da educação e aprendizagem.

Luckesi (2000) afirma que o lúdico significa jogo, faz parte da atividade humana e

caracteriza-se por ser espontâneo, funcional e satisfatório. Na atividade lúdica não importa

somente o resultado, mas a ação, o movimento vivenciado. E baseado nas teorias socio-

interacionistas de Vygostky onde sua teoria concebe o indivíduo em interação com o meio e a

escola com a tarefa de transformar o atual estado de desenvolvimento do aluno, conduzindo-o

a uma elaboração mais apurada dos seus conceitos. Logo foi aplicado um jogo com os

estudantes do 9º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Presidente Costa e Silva, onde

a turma foi dividida em dois grupos iguais. O grupo vencedor foi o que mais conseguiu

acertar as questões.

O jogo possui dez questões de múltipla escolha sendo apenas uma verdadeira, e foi

elaborado a partir do programa Microsoft Office Power Point 2010, com o intuito de revisar o

conteúdo das aulas ministradas sobre o continente asiático de uma maneira mais lúdica e

didática, além de possibilitar que os estudantes tirem suas dúvidas a partir do próprio jogo,

sem que se sintam constrangidos por não saberem a resposta.

Foi utilizado em sala de aula um notebook, um aparelho de data show, e uma caixa de

som para o jogo trabalhado, a fim de proporcionar uma experiência audiovisual e interativa

para os estudantes.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com a aplicação do jogo, os estudantes se mostraram mais interessados e motivados

em participar da aula, estudar o conteúdo abordado e se mostrar mais determinado a presta

atenção na aula. Os estudantes solicitaram que em outras oportunidades os professores

apliquem novamente o jogo, pois é uma alternativa mais agradável e proveitosa do que os

exercícios de intuito decorativo, que o sistema impõem e que são aplicados em sala de aula e

que fazem parte do modelo educacional em um modo geral.

O que os professores puderam constatar foi que os estudantes se empenharam no jogo,

e que buscaram interagir com os professores e com os colegas de aula, na busca por sanar

dúvidas, ou para gerar questionamentos. O que nos remete a teoria de Vygotsky, onde o

individuo, tem a necessidade de se inserir na sociedade, e que o jogo aplicado em aula,

possibilita tal interação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observações e reflexões sobre a educação é um desafio que os educadores travam

todos os dias, em busca de um ensino qualitativo, que agregue a realidade regional do

estudante com a realidade global. O ensino dinâmico e lúdico vai de encontro com o

tradicionalismo retrogrado e anti-ludico, onde o professor é um mero reprodutor de um

sistema falho, que produz estudantes alienados e sem capacidade de reflexão. Contrariando as

realidades estabelecidas pelo sistema, realizamos em sala de aula a aplicação do jogo

interativo, com a intenção de agregar conhecimento aos estudantes, sem um ensino maçante

Page 129: Anais Expressão 2015 UFRR

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transformando a aula mais interativa e possibilitando a influência mútua entre os estudantes e

os professores.

Tendo em vista estas necessidades, o PIBID na Geografia configura-se no ponto de

vista de agregar licenciados, professores e alunos da educação básica, onde seu fundamento

baseia-se em aproximar o graduando da realidade escolar para contribuir para a atualização do

educador; e, paralelamente, desenvolver práticas metodológicas de ensino, pois segundo

Kishimoto (2003, p. 37-38), “(...) a utilização do jogo potencializa a exploração e a

construção do conhecimento, por contar com a motivação interna típica do lúdico (...)”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KISHIMOTO, Tizuko. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2000.

----------------- O jogo e a Educação Infantil. In Kishimoto, T. M. (Org). Jogo, brinquedo,

brincadeira e a educação. 4. ed. São Paulo: Cortez,2003, p. 13-43.

LUCKESI, Cipriano Carlos (org.) Ludopedagogia - Ensaios 1: Educação e Ludicidade. Salvador:

Gepel, 2000.

RESENDE, M. S. A geografia do aluno trabalhador: caminhos para uma prática de ensino. São

Paulo: Loyola, 1986. VIGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001

Page 130: Anais Expressão 2015 UFRR

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O GEOTURISMO COMO UMA NOVA PERSPECTIVA DO RURAL NO APIAÚ E

CAMPOS NOVOS: A POUSADA DO SOSSEGO

Felipe Rhuan dos Santos Paixão - graduando Geografia – UFRR

[email protected]

Altiva Barbosa da Silva - Professora - Coord. PIBIB/Geografia e do LAGETAM/UFRR -

[email protected]

RESUMO:

O discurso desenvolvimentista que vem sendo produzido por atores políticos e empresariais

sobre o estado de Roraima ressaltam as dificuldades concernentes a um modelo apropriado às

condições geográficas e estratégicas nos permitindo refletir sobre as mudanças de foco a partir

dos anos 90 com a valorização do espaço rural com agregação de valor vinculando natureza e

condições socioeconômicas para Roraima. Este novo enfoque abre perspectivas para novos

usos do espaço rural, ou seja, através das diferentes formas de turismo, lazer, geoturismo

como alternativas que conciliem os interesses de diversos grupos. Abordamos

especificamente a região da serra Mucajaí, onde localizam-se as vilas do Apiaú e Campos

Novos, tendo como exemplo a "Pousada do Sossego". O lazer neste local, apesar da

precariedade para receber seus visitantes, vem se mostrando como alternativa para o lazer

daqueles que tem acesso ao local, e pode apontar para uma forma de auferir renda naquela

região.

INTRODUÇÃO

O estado de Roraima, por estar em uma tríplice fronteira, é considerado um grande potencial

para o mercado do turismo, principalmente quando voltado a natureza e sua beleza cênica,

onde apresenta grande riqueza no estado, como exemplos o Monte Roraima, Pedra Pintada,

Serra do Tepequém, Corredeiras do Bem-Querer, Cachoeira do Véu de Noiva, e que são

classificadas como atrações geoturisticas (SIBELÔNIA, 2012). Além de ser os pontos

naturais mais visitados e conhecidos do estado, e que evidenciam um certo interesse no

Geoturismo.

O Geoturismo compreende a geodiversidade como seu atrativo, e embora as atividades de

geoturismo existam há muito tempo, foi apenas em 1995 que o termo passou a ser utilizado na

Europa, e no inicio dos anos 2000, no Brasil (NASCIMENTO, 2008). Isso mostra o quão

recente é esta modalidade, e quanto ainda precisa se conhecer esta nova modalidade de

turismo, dado o seu recente destaque no Brasil, mas que já possuem certos destaques em

Page 131: Anais Expressão 2015 UFRR

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âmbito nacional como exemplos os projetos Caminhos Geológicos do Estado do Rio de

Janeiro, sítios geológicos e paleontológicos integrados a roteiros turísticos no Estado do

Paraná, além dos roteiros geoturísticos dos Estados da Bahia e do Rio Grande do Norte.

A área de estudo abordada possui paisagem serrana e a presença de afloramentos rochosos,

possui rios e cachoeiras que nos dias de maior insolação, são utilizadas pela população local

para o lazer, não apenas para o aproveitamento da cachoeira, mas também para contemplação

da paisagem e neste sentido se caracterizam na modalidade do Geoturismo. Esta região

precisamente localizada na colônia agrícola Pirilândia, localizada na gleba de Caracaraí com

trezentos e onze ocupações, sendo uma destas ocupações a Propriedade do Sr. Evandro, mais

conhecida como “Pousada do Sossego”.

Além da Pirilândia, atende uma região que fica entre as duas vilas mais populosas e que

possuem suma importância para seus municípios, que são as agrovilas de Campos Novos e

Apiaú, com uma população 1230 e 1200 habitantes (IBGE, 2000), respectivamente. O Projeto

Apiaú, criado pelo INCRA em 1980, foi de suma importância e teve em grande parte

influência da geopolítica por parte do governo federal, para reforçar, sobretudo a soberania

nacional nesta região, justamente pelo afastamento desta das demais regiões do país, com o

povoamento de pessoas oriundas de outras regiões do país,( Le Tourneau, 2006) . Segundo o

IBGE de 2000, a área central do projeto se situa na própria vila do Apiaú contém duzentos e

cinquenta casas, com uma população de 1200 habitantes.

A partir de tais iniciativas governamentais, o rural roraimense tem passado por muitas

transformações na ultima década, principalmente pelo estado ser considerado como uma nova

fronteira agrícola, devido a sua grande potencialidade agrícola (MORALES,2002). A região

estudada possui grande destaque agrícola em Roraima, e é conhecida como o “arco da

produção”, onde é possível seu acesso a partir da RR-325 e que integra as regiões de maior

produção dos municípios de Mucajaí e Alto Alegre, em que atualmente encontra-se

completamente asfaltada. Esta região que possui uma paisagem serrana, possui rios, e

cachoeiras que nos dias de maior insolação, são utilizadas pela população local para o lazer, e

neste sentido poderiam ser utilizadas para atender ao geoturismo devido a sua exuberância

desta paisagem.

OBJETIVOS

Este trabalho teve como objetivo abordar o Geoturismo na região, que é um novo fenômeno

presente no rural do Apiaú e dos Campos Novos, pois além de ser uma nova forma de lazer na

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região, também tem gerado renda para a população local, e em especial na pousada do

sossego.

METODOLOGIA

Foram realizadas entrevistas com instituições e pessoas envolvidas com o tema, desde

moradores da região, a funcionários de órgãos, pesquisadores entre 2013 e 2014. Debates no

GT do Projeto de Extensão Saúde e Lazer em Roraima, coordenado pelo Laboratório de

Gestão Territorial da Amazônia/LAGETAM, alem das aulas de Geografia do Turismo e Lazer

e Geografia da Amazônia, leituras, pesquisas de campo e pesquisas bibliográficas a respeito

do tema, serviram para completar nossa compreensão do fenômeno abordado.

A ÁREA DE ESTUDO: POUSADA DO SOSSEGO

Localizada a aproximadamente 140 km de Boa Vista, o acesso é feito a partir da estrada que

liga a RR-325 à agrovila de Campos Novos e que possui trajeto inicial a partir da BR-174 até

o município de Mucajaí, distante 54 km da capital, iniciando a partir do município o seu

trajeto mais longo. A pousada do sossego é visitada por moradores que vivem na região e

também pelos boa vistenses, que buscam uma alternativa diferenciada de lazer no final de

semana, alem de um contato diferenciado com a natureza. O local apresenta uma simples casa

de apoio aos visitantes, com dois banheiros e uma simples cozinha como suporte aos

visitantes, e tem como sua principal atração a cachoeira encontrada no fundo do terreno do Sr.

Evandro, que cobra uma taxa de 5 (cinco) reais por pessoa.

Para ter acesso a cachoeira, e necessário seguir por uma trilha um pouco acidentada, mas de

modesto acesso, que a geomorfologia do local proporciona aos visitantes um mirante em que

se pode observar uma floresta ombrofila densa, inclusive a própria serra Mucajaí.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio de pesquisas, e a analise realizada da região, fica evidente a necessidade de criação

de Geoparques no estado de Roraima, já que atualmente esta é uma vertente econômica em

ascensão no estado, para que estes auxiliem na preservação e conscientização da população

de modo geral, ainda servindo como fonte de renda para a população local, que pode por meio

destes, realizar visitação nos locais e oferecer guias turísticos da região.

Os Geoparques, são uma ótima alternativa para o Estado, pois associa a proteção da

Geodiversidade, com o desenvolvimento regional através do turismo, sem que este cause

Page 133: Anais Expressão 2015 UFRR

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degradação do meio ambiente, controlando a quantidade dos grupos de visitação, para que não

cause impacto tão nocivo à natureza. É necessária uma preocupação maior da sociedade e do

governo, quanto a preservação das áreas serranas de Roraima, e de toda a Geodiversidade que

estas abrangem, pois muitas destas áreas estão sob risco, inclusive a região do Apiaú e

Campos Novos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Infográficos: dados gerais

sobre o município de Mucajaí. Acesso em: 17 de out, 2014.

MORALES, E. A. V. Revista Panorama Rural. Especial Roraima – sol, sonhos e

coragem. São Paulo. Ano 3. nO: 35. pp. 52 - 65. 2002.

SCHOBBENHAUS, Carlos; SILVA, Cassio Roberto - O papel do Serviço Geológico do

Brasil na criação de geoparques e na conservação do patrimônio geológico- volume 1,pg. 16-

17, 2012.

NASCIMENTO, Marcos Antonio Leite do. Geoturismo no Brasil: realidades e desafios. In:

Anais, @NUMERO EVENTO., 2008, Curitiba, PR. @TITULO PUBLICACAO. Curitiba,

PR: @EDITORA, 2008.

SIBELONIA, Ana; CAMARA, Luiza; TAVARES, Stélio; - As feições Geomorfológicas e

Geológicas e a contribuição na formatação de um novo produto (Geoturismo) no

município de Mucajaí - RR. VI Encontro Nacional da Anppas, 18 a 21 de setembro de 2012.

Belém-PA – Brasil.

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A VIOLÊNCIA ENTRE ALUNOS NA ESCOLA ESTADUAL JESUS NAZARENO DE

SOUZA CRUZ

Ana Pinheiro dos Santos - UERR- [email protected]

Linalva da Silva - UERR- [email protected]

Conforme a pesquisa de campo realizada no dia 03 de dezembro de 2012 na Escola

estadual Jesus Nazareno de Souza Cruz, localizada na Rua: Manoel Sabino dos Santos, n° 36

no Bairro: Caranã na Cidade de Boa Vista/RR, o ensino na referida escola e realizado do nível

fundamental ao nível médio e atende aproximadamente 1.113 alunos, que tem como Missão

“Garantir ensino público com qualidade, assegurando acesso, permanência, sucesso escolar e

o exercício da cidadania” a escola contem 4 ( quatro) pavilhões com salas de aulas para os

alunos, 1 pavilhão para administração da escola, e uma cantina e um refeitório.

O presente trabalho foi delimitado junto aos alunos da 2° ano turma 203, no qual após

pesquisa de campo através de entrevista junto á coordenação foi indicada como aquela que

possuem maior índice de ocorrências envolvendo alunos.

Com base na entrevista realizada no dia 03 de dezembro de 2012 com a vice-gestora

da escola Jesus Nazareno, V.O, a violência na escola e somente entre alunos da instituição o

motivos das brigas segundo relatos dela e por motivos bestas, como por exemplo: uma garota

tive uma roupa melhor do que a outra, rixa já de fora da escola, por namorado (a), ciúmes de

amigas (os) etc.

Muitos casos de violência da escola já foram parar na delegacia de defesa da infância

e juventude DDIJ, segundo ela quando um aluno leva armas ou quando tem brigas que

ninguém consegue contem a violência entre os alunos, e chamada a policia para poder

encaminhar o aluno ate o DDIJ, segundo relatos da vice ela e a gestora da escola não

acompanhar os alunos ate o DDIJ, pois os policiais falam para elas que não precisa

acompanha o aluno, pois elas tem que apenas avisa os pais ou responsável do aluno da

instituição.

A vice-gestora relatou que ela e a gestora da escola acompanharam os alunos por

duas vezes, mas quando chegaram na delegacia houve muita espera, pois não havia nenhum

delegado na DDIJ, a gestora da escola falou para um dos policias que queria falam com o

delegado, mas ele nem se quer informou o nome do delegado que estava de plantão, ela

relatou que não havia delegado de maneira nenhuma na delegacia. Não falaram nada com

medo dos policias, pois eles a trataram muito mal. Desde então não acompanhara, mas

nenhum caso encaminhado ao DDIJ.

Através de um olhar na pesquisa in locun os funcionários da escola tratam os alunos

com mal educação, gritam para eles entrarem na sala de aula, falam auto a todo tempo com

eles, e um desrespeito enorme entre ambas as partes.

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Após uma pesquisa de campo pude observar que a violência estar em torno de toda

escola, a falta de respeito é recíproco entre alunos e professores, diante disto não há respeito

de nenhum dos lados. A violência é permanente na escola ocorrendo com mais frequência a

violência física e o bulling.

Além desse tipo de violência, também tem o uso das drogas dentre da escola, a droga

que eles fazem o uso e a maconha e a pasta base cocaína, segundo a assistente de aluno da

referida escola, o uso destas substâncias fazem nos banheiros onde era para ser um local para

realizar as necessidades básicas, esta sendo utilizado para o uso de substâncias químicas a

faixa etária dos usuários são de 15 a 18 anos os alunos trazem a substancias da rua para dentro

da escola.

Medidas preventivas para a diminuição da violência nas escolas

Para enfrentar a violência no meio escolar, “organismos internacionais, governos,

organizações não-governamentais e escolas vêm empreendendo esforços no sentido de propor

alternativas viáveis aos jovens que convivem com a violência no cotidiano” (OLIVEIRA,

S/A,p.494). Entre essas iniciativas, encontram-se o programa: “Abrindo Espaços: Educação e

Cultura Para a Paz”, lançado pela UNESCO (2000), em parceria com os governos estaduais e

municipais, que tem conseguido, conforme Werthein (2006), reduzir a baixo custo por aluno

as violências em escolas e comunidades de baixa renda.

Abramovay (apud Oliveira, S/A p. 495) aduz dizendo que:

O programa supracitado tem por objetivo a construção de uma cultura

de paz, de educação para todos e, ao longo da vida, a erradicação e o

combate à pobreza e a construção de uma nova escola para o século

XXI. Tal iniciativa consiste em abrir escolas localizadas em áreas de

baixa renda nos finais de semana - justamente quando mais aumentam

os índices de violência relacionados à juventude -, oferecendo

alternativas de lazer, cultura e esportes a jovens em situação de

vulnerabilidade social (ABRAMOVAY; AVANCINI, 2006, apud

OLIVEIRA, S/A p. 495).

Dentro destas oficinas que estão sendo desenvolvida uma variedade de cursos, como

artesanato, bijuteria, teatro, rádio, culinária, papel marchê, grafite, dança, tricô, maquiagem,

modelagem, origami, percussão, entre outros.

Segundo Abramovay e Avancini (2006, apud OLIVEIRA, S/A p. 495), a UNESCO

acredita que um dos caminhos mais promissores para a construção da cultura de paz é o

desenvolvimento de propostas que priorizem a juventude, concebidos a partir de conceitos

como cidadania e participação, viabilizados por meio de práticas de educação, cultura, esporte

e lazer. Assim, “o desafio maior está em transformar premissas, filosofias, concepções e

Page 136: Anais Expressão 2015 UFRR

136

resultados de pesquisas em medidas práticas que possam contribuir para a formulação de

políticas públicas” (ABRAMOVAY; AVANCINI, 2006, p. 25 apud OLIVEIRA, S/A p. 495).

Onde muitas pessoas das comunidades participam das às experiências do programa

“Abrindo Espaços” demonstraram que as comunidades que participam do programa passam a

se identificar com as escolas, o que resulta em queda na depredação do seu patrimônio e na

violência” (ABROMOVAY, 2006, apud OLIVEIRA, S/A p. 495).

Werthein (2006, apud Oliveira, S/A p. 495) explica que:

Participando do programa, o desempenho escolar dos alunos melhora,

visto que a escola se torna um lugar mais prazeroso, ou seja, onde se

deseja estar. O programa vem sendo desenvolvido nos estados de

Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas

Gerais, Piauí, Sergipe, Santa Catarina, Curitiba e Bahia. São mais de

seis mil escolas públicas em todo o país, atingindo um público médio

de oito milhões de pessoas. Adiciona-se à iniciativa supracitada o

“Programa Nacional Paz nas Escolas”, uma parceria entre o Ministério

da Justiça, através da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, e o

Ministério da Educação, no qual a solidariedade, o respeito aos

direitos humanos, a promoção de uma cultura de paz e não-violência

são as principais diretrizes. O programa vem alargando as parcerias

para expandir suas ações e preservar as escolas como espaços

privilegiados de democracia e de construção da cidadania. Alguns dos

projetos apoiados pelo programa são: Radical pela Paz nas Escolas;

Convivência Multicultural Cidadã pela Paz; Paz e Arte na Escola;

Agentes Comunitários de Educação - Educadores Sociais; Paz e

Cidadania nas Escolas e no Bairro; Direitos Humanos na Escola;

Ampliando o Espaço e Ação para a Paz; Escola Participativa:

construindo segurança; entre outros (WERTHEIN, 2006, apud

OLIVEIRA, S/A p. 495).

É importante que o estado desenvolva juntamente com as escolas medidas para

prevenção e diminuição da violência escolar, estes programas supramencionados acima e de

suma importância para os alunos e gestores das escolas para a prevenção e diminuição das

violências, para combater qualquer ato violento através de ensinamento (OLIVEIRA, S/A).

Os jovens precisam de políticas públicas com equipe multidisciplinar contendo

diversos profissionais que atendem expectativas dos jovens e adolescentes em situação de

vulnerabilidade, tais como psicólogo, pedagogo, assistente social, cientista social ou

sociólogo, até mesmo profissionais da área da saúde especializados para atender os jovens que

se encontram em situação de dependência química. As informações foram obtidas no site

governamental do ministério da justiça.

Page 137: Anais Expressão 2015 UFRR

137

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, Miriam Brasília: UNESCO, Observatório de Violência, Ministério da

Educação, 2005. 404 p.

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REDEPITÁGORAS, Coordenação DST/AIDS do Ministerio da Sociedade, a Secretaria de

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UNAIDS, Banco Mundial, USAID, Fundação Ford, CONSED, UNDIME 2002.

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Maria. violência intrafamiliar contra a mulher: Intervenções do Assistente Social.

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infância e na adolescência. São Paulo, SP: Robe Editora, 1995.

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Empoderamento e a Intervenção do Assistente Social. TCC apresentado ao Departamento do

Curso de Graduação em Serviço Social da

CALISSI, Luciana Rosa Godoy Silveira (organizadoras). O ECA nas Escolas: Perspectivas

Interdisciplinares / João pessoa: Editora universitária UFPB, 2013. 4v.

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Acesso em 10 de Fevereiro de 2015, Disponivel em:

https://www.ucb.br/sites/100/127/documentos/artigo13.doc.Disponível em

www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack. Acesso em : 26 de junho de 2015.

FALEIROS, Vicente de Paula, SILVEIRA, Eva Silveira Faleiros. Escola que protege:

enfrentando a violência contra crianças e adolescentes. 2ª Edição Brasília, 2008.

MINAYO, Maria Cecília de S. A Violência Social sob a Perspectiva da Saúde Pública. Rio

de Janeiro: Cad. Saúde Pública, 1994. p. 07-18.

Page 138: Anais Expressão 2015 UFRR

138

O GADO PÉ DURO DE RORAIMA NA HISTÓRIA REGIONAL

Lodewijk Hulsman (PPG-DRA; UFRR) [email protected]

INTRODUÇÃO

A criação de gado tem sido uma atividade que contribuí significantivamente para a

cultura típica da Roraima. Esse Estado se destaca dentro da Amazônia por integrar 70 % da

superfície das grandes savanas das Guianas, localmente chamado de lavrado, que oferece uma

pastagem natural à pecuária (BARBOSA 2011). O gado foi introduzido nas savanas

roraimenses no final do século XVIII por Lôbo d’Almada e se adaptou rapidamente

(RIVIÈRE 1972; SANTILLI 1994; VIEIRA 2003, OLIVEIRA 2003).

OBJETIVOS

Esta apresentação faz parte do projeto Fazendo e Trabalho na Amazônia: o caso da

criação bovina em Roraima (1790-1890) estudo histórico que procura entender melhor o

primeiro século dessa atividade econômica em Roraima.1 O estudo procura contribuir para

uma visão diacrónica sobre o tópico da criação de gado na Amazônia. No trabalho a ser

apresentado procura-se compreender como o gado que se desenvolveu no lavrado roraimense,

de modo particular o gado chamado pé-duro.

MATERIAIS E MÉTODOS OU METODOLOGIAS,

O estudo histórico se baseia em pesquisa bibliográfica e arquivística.

RESULTADOS E DISCUSSÃO,

O gado foi introduzido pelos europeus nas Américas logo após o descobrimento do

continente. O primeiro gado no Brasil chegou por volta de 1535 e no final do século XVI já

havia rebanhos consideráveis no litoral oriental, especialmente no vale do Rio S. Francisco

(CORRÊA DA SILVA, BOAVENTURA, FIORAVANTI 2008: 35). O primeiro gado nas

Américas chegou nas colônias Castillianas nas ilhas caribenhas em 1493 (ROUSE 1977: 21).

A criação de gado na península ibérica havia se desenvolvido durante a reconquista

desde o século X e tomou a forma de rebanhos de reis que pastaram livremente nos campos ao

contrário da prática anterior de curralar o gado. O cavalo e o vaqueiro constituíram 2

ingredientes indispensáveis para esse desenvolvimento onde o boi se transformou de

um animal encurralado que supria leite e servia para lavrar, para um animal solto no campo

que era explorado da carne à pele (ROUSE 1977: 11).

O gado se multiplicou rapidamente, especialmente na ilha de Hispaniola, hoje

conhecido como Haiti, onde havia-se formado um rebanho em 1512 que servia para exportar

animais para outras ilhas e a terra firme (ROUSE 1977: 34). Esse gado se adaptou

extremamente bem e se espalhou pelas Américas do Norte do Canada ao Sul da Argentina

(ROUSE 1977: 43). Esse gado, chamado de criollo se transformou em vários tipos de gado

Page 139: Anais Expressão 2015 UFRR

139

como o leiteiro de México ou o pequeno animal selvagem nos llanos da Venezuela (ROUSE

1977: 90).

1 Projeto Pós-doc no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da

Amazônia (PPG-DRA/ UFRR) sobre supervisão de Prof. Dr. Alberto Carlos Marinho Cirino.

2 Esse gado originou-se das raças nativas andaluzas como a Retinta e a Berrenda da

família de Bos Taurus. (ROUSE 1977: 18-19).

Com efeito havia uma grande semelhança entre essas raças e o gado introduzido pelos

portugueses no Brasil, que deram origem a maioria das raças brasileiras onde se destaca a raça

Caracu (FELIX et Al. 2012: 1717).3 Oportunamente Felix et al. comentaram que:

A seleção natural destes rebanhos agindo em ambientes extremamente variáveis em

todo o país, juntamente com os eventos recorrentes da miscigenação destas raças levaram ao

desenvolvimento das raças adaptadas a uma ampla gama de ambientes com níveis

excepcionais de variabilidade fenotípica e melhor adequação às condições locais (EGITO et

al., 2007) (FELIX et al. 2012: 1717). 4

A introdução do gado na Amazônia Brasileira foi demorada. O principal centro da

criação até o meado do século XVIII foi a ilha de Marajó onde se espalharam os descendentes

de gado importado de Piauí e Maranhão e búfalos importados das ilhas atlânticas (LISBOA

2012: 99-109). Parece que nas fronteiras ocidentais da Capitania do Rio Negro com o

território castelhano aconteceu uma importação de gado criollo porque as fontes históricas

testemunham que Lôbo d’Almada trouxe gado criollo da cidade de Têfê para os campos do

Rio Branco (BARBOSA 1993: 128-129). llanero. Uma raça bovina de estatura pequena com

chifres longs, completamente adaptado ao ambiente do lavrado onde foi abandonado para se

multiplicar. Os animais eram extremamente ágeis, o que exigiu cavalos ligeiros e vaqueiros

competentes para manejar os animais selvagens (RIVIERE 1972: 51). Coudreau que visitou o

Rio Branco em 1884-1885 comentou que seria difícil de se aproveitar do gado selvagem, pois

não podia ser domesticado. Era perigoso caçar e matar os animais para fazer carne seca e

exigia bons vaqueiros, muitos cavalos e bons fuzéis (COUDREAU 1886: 128).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O boi pé-duro Roraimense foi o resultado de um processo histórico que criou um

animal perfeitamente adaptado ao lavrado, mas a introdução no final do século passado de

gado da família Taurus Zebu, como o Nelore, transformou o rebanho de forma que o boi pé

duro virou raridade. A mesma transformação aconteceu em outras regiões brasileiras, mas

gradualmente os produtores começaram a recohecer mais as capacidades das raças locais por

causa de sua adaptação ao ambiente. Pois a extinção destas raças pode acarretar a perda de

importantes características de interesse para a produção, enquanto sua conservação pode ser

significativa para melhorar a rusticidade de raças bovinas de alta produtividade, porém com

baixa capacidade de adaptação’ (FELIX et al. 2013: 1718). Em vários estados do Brasil

surgiram movimentos para conservar as raças locais. No Piauí, por exemplo, tramita um

projeto para declarar o gado pé duro como patrimônio histórico cultural do Estado. A

conservação do boi pé-duro de Roraima não é só importante para melhorar a qualidade do

rebanho roraimense com motivos econômicos, mas é também um gesto de respeito a futuras

gerações que tem direito de conhecer em completo um animal tão importante para a história

do Estado

Page 140: Anais Expressão 2015 UFRR

140

Esse gado criollo pode se ter misturado com outras raças como alguns autores

sugerem, mas o resultado da seleção natural no lavrado era um tipo de bovino muito parecido

com o criollo 3

2 O gado começou a se multiplicar rapidamente nos llanos da Venezuela e Colômbia

desde sua introdução entre 1520-1530 de forma que Venezuela se constituiu no final do

século XVI como exportador de couro.

3 Destacam-se também a Barrosã, a Mirandesa, a Minhota, a Alentejana e a

Arouquesa (PRIMO, 1992; EGITO et al., 2002 APUD FELIX et al. 2012: p. 1717.

4 No Nordeste do país cresceu o gado Curraleiro ou Sertanejo, que migrou para Minas

Gerais e Goiás. No sudeste desenvolveu-se o Junqueira e o Franqueiro, além das raças Caracu

e Mocho Nacional. No sul, formou-se o Crioulo Lageano e no Pantanal, o gado Pantaneiro

(EGITO, 2007) APUD FELIX et al. 2012: p. 1717.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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do assentamento dirigido. Boletim Museu Paraense Emílio Goeldi, 9 (1), 1993: 123-144.

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Geography and Regional Planning, 4(3): 122-136. Disponível em

<http://academicjournals.org/article/article1381833635_Barbosa%20and%20Campos.pdf>.

Acesso em: 4 out. 2015. 4

CORRÊA DA SILVA, Marcelo; BOAVENTURA, Vanda Maria; FIORAVANTI,

Maria Clorinda Soares. História do povoamento bovino no Brasil Central. Revista UFG /

Dezembro 2012 / Ano XIII nº 13. Disponível

em:<http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/dezembro2012/arquivos_pdf/05.pdf>. Acesso em: 4

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COUDREAU, H. A. Voyage au Rio Branco; au Montagnes de la Lune, au haut

Trombetta. Rouen, 1886.

FELIX, Gisele Aparecida; PIOVEZAN, Ubiratan; JULIANO, Raquel Soares;

CORRÊA DA SILVA, Marcelo; BOAVENTURA, Vanda Maria; FIORAVANTI, Maria

Clorinda Soares. Potencial de uso de raças bovinas locais brasileiras: curraleiro pé - duro e

pantaneiro. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9,

N.16; p. 1717-1741. Disponível em:<

http://www.conhecer.org.br/enciclop/2013a/agrarias/potencial%20de%20uso.pdf>. Acesso

em: 4 out. 2015.

LISBOA, P. L. B. A Terra dos Aruã. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2012.

OLIVEIRA, Reginaldo Gomes de. A herança dos descaminhos na formação do

Estado de Roraima. PhD USP, São Paulo, 2003.

RIVIÈRE, P. The forgotten frontier- Ranchers of North Brazil. New York: Holt

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ROUSE, John E. The Criollo, Spanish Cattle in the Americas. Norman: University

of Oklahoma Press, 1977.

Page 141: Anais Expressão 2015 UFRR

141

SANTILLI, Paulo. Fronteiras da República / história e política entre os Macuxi no

vale do rio Branco. São Paulo: NHII-USP, 1994.

VIEIRA, Jaci Guilherme. Missionários, Fazendeiros e Índios em Roraima: a

disputa pela terra - 1777 a 1980. Dissertação (Doutorado em História), Centro de Filosofia e

Ciências humanas, programa de pós-graduação em história, Universidade Federal de

Pernambuco, Recife, 2003.

Page 142: Anais Expressão 2015 UFRR

142

MIGRANTES EM RORAIMA: DIFUSÃO CULTURAL NA CONSTRUÇÃO

IDENTITÁRIA DA MÚSICA REGIONAL RORAIMENSE

Marcos Vinícius Ferreira da Silva (UFRR) e-mail: [email protected]

Leila Adriana Baptaglin (UFRR) e-mail: [email protected]

RESUMO

O Trabalho abarca um breve estudo da expansão de Boa Vista-RR, considerando relatos de

migrantes, dentre eles os gaúchos, que enraizaram sua tradição ao fundar o CTG Nova

Querência, demonstrando a presença intersticial do migrante em Roraima, bem como a visão

de um artista cearense, uma fluminense e uma roraimense. Analisamos músicas executadas na

mídia local e após observação de eventos no CTG, acreditamos que a música regional

apresenta traços da musicalidade gaúcha, contribuindo na construção identitária da música

regional roraimense, não esquecendo da influência nordestina, mesclando e/ou suturando um

processo de hibridismo cultural.

Palavras-chave: Cultura regional; Música; Migrantes gaúchos.

1 INTRODUÇÃO

A problemática sobre a ocupação territorial em Roraima, mais especificamente na região do

rio Branco foi caracterizada desde as primeiras explorações portuguesas em meados de 1630,

citadas pelo narrador Cristobal de Acuña, sobre a viagem no Rio Amazonas de Pedro

Teixeira, “que dá a entender como um acidente o primeiro encontro das populações nativa e

‘civilizada’ nesta região” (BARBOSA, 1993, p.124). A região roraimense abrigava os índios

que, antes e durante o período da colonização lusitana, desenvolveram uma identidade

cultural marcada pela dança, pela música, pelo artesanato, entre outras contribuições. Após a

descoberta do garimpo na Serra do Tepequém, o processo de migração em Roraima foi

acentuado, recebendo “Centenas de pessoas vindas das mais diferentes regiões do Brasil (que)

migraram para está região a procura do rápido enriquecimento” (BARBOSA, 1993, p.137).

Por meio desse processo migratório, analisamos como o migrante gaúcho se faz presente na

construção identitária da música no estado de Roraima e se há um processo de hibridismo nas

manifestações culturais em Boa Vista, outrossim, a trajetória do migrante gaúcho, as

contribuições do CTG e o trabalho dos artistas, músicos e compositores que articulam a

musicalidade gaúcha com a musicalidade roraimense.

2 DESENVOLVIMENTO

Page 143: Anais Expressão 2015 UFRR

143

O atual estado de Roraima, transformado à estado em 1988, acolheu migrantes oriundos das

diversas regiões, desde o “Chuí ao Oiapoque”, que em busca de oportunidades, trouxeram

intrinsicamente um pouco de sua terra natal, bem como seus costumes culturais, tradições,

valores, entre outros. Souza aponta que ““O migrante se integra em exposição das diferenças,

pois é um “outro” em um mundo de “outros”” (2006 p.33). Não é difícil perceber a

diversidade de migrantes em Roraima, ”um estado feito por brasileiros”, nas palavras da

mesma, pois se encontra estabelecidos em Boa Vista, diversos migrantes oriundos das regiões

do Brasil, como por exemplo, os nordestinos que estão presentes maciçamente em Boa Vista.

Desse encontro do migrante gaúcho com os demais migrantes e o roraimense, surgiu um

interstício, na qual a construção identitária em Roraima passa por esse “entre-lugar”,

mesclando desde a cultura, os costumes, valores, tradição, arraigados das suas origens para a

estadia em outra terra. Assim, o resultado é o hibridismo, que vem enfatizar que “culturas são

construções e as tradições, invenções, e que, quando em contato, criam novas construções

desterritorializadas”. (SOUZA, 2004, p. 126). O “entre-lugar” demonstra na prática, que

estamos “nem cá, nem lá”, na linha tênue da fronteira que arraiga as culturas de suas origens,

mas que se faz presente ao encontrar outras culturas de outros povos e a necessidade de não

perder suas origens, estando em outra região.

O trabalho fronteiriço da cultura exige um encontro com "o novo" que não seja parte

do continuum de passado e presente. Ele cria uma ideia do novo como ato

insurgente de tradução cultural. Essa arte não apenas retoma o passado como causa

social ou precedente estético; ela renova o passado, refigurando-o como um "entre-

lugar” contingente, que inova e interrompe a atuação do presente. O "passado-

presente" torna-se parte da necessidade, e não da nostalgia, de viver. (BHABHA,

1998 p.27)

Por meio desse processo migratório, surgiu esse encontro com “o novo”, e para compreender

como o migrante gaúcho se faz presente na construção identitária da música no Estado de

Roraima, devemos considerar a importância do Centro de Tradições Gaúchas Nova

Querência, fundado no início da década de 1980. Esse ambiente cultural fluido está presente

no CTG, que permanece sendo uma associação com o espaço mais amplo para eventos

artísticos, recebendo não somente grupos de música gauchesca, mas de diversos artistas de

renome nacional e regional, sem perder as suas origens ao apresentar um pouco da trajetória

cultural dos migrantes gaúchos, no qual poderá abarcar músicos e compositores que articulam

a musicalidade gaúcha com a musicalidade roraimense.

Hoje qualquer um que fala em CTG, não fala do CTG dos gaúchos, mas de uma

associação voltada para a sociedade roraimense. Como um bom exemplo disso, a

coluna social mais importante de Boa Vista noticiou, no dia 30-7-2005, o seguinte:

“A banda Paçoquinha e outros grupos de forró convidados farão acontecer hoje à

noite no CTG, o Forró do Mensalão”. Por viver em Roraima e frequentar o CTG,

Page 144: Anais Expressão 2015 UFRR

144

afianço não ser este um evento isolado. [...] Graças a Deus, o CTG hoje na verdade é

um termômetro, é um conciliador. (SOUZA, 2006, p.206)

Podemos considerar que não é recente a hipótese da presença do hibridismo sociocultural nas

manifestações musicais no Centro de Tradições Gaúchas em Boa Vista, conforme

verificaremos nos relatos.

3. RELATOS

Para conhecer melhor essa pluralidade identitária que se faz presente em Roraima e as visões

da diversidade cultural e artística, realizamos entrevistas que foram gravadas, procurando

perceber e compreender as diferentes percepções acerca da temática deste artigo, sob o olhar

do artista gaúcho Ricardo Silveira, que é Cônsul Honorário da Tradição Gaúcha da Amazônia

Ocidental e autor da obra Relincho de Potro, lançada no CTG Nova Querência, com a

presença de praticamente mil pessoas; e de outro lado, as percepções do compositor e

intérprete cearense George Farias, que é considerado um dos maiores expoentes musicais da

segunda geração do Movimento Roraimeira, sendo agraciado com premiações em diversos

festivais e notoriamente conhecido pelas gravações de álbuns e apresentações musicais.

Foram realizadas uma entrevista individual com cada artista e outra com a participação das

suas esposas, fluminense e roraimense respectivamente, que apontaram pontos convergentes,

divergentes e consensuais durante o período que estão radicados em Roraima, além das suas

considerações das manifestações culturais em Boa Vista.

4. VISÃO DA MÚSICA EM RORAIMA POR UM MÚSICO

Após as primeiras entrevistas, foi realizada outra entrevista com o músico George Farias, com

o objetivo de identificar traços da música gaúcha na música de massa ou música midiática.

Primeiramente analisamos as origens musicais, pelo fato dele ser cearense e possuir

propriedade para falar da música do Nordeste, principalmente o forró e o xote que o artista

Ricardo Silveira apontou, estar presente no CTG e um pouco da música conhecida como axé,

samba-reggae e a “tche music”, gênero musical executado pelos grupos gaúchos e não

gaúchos. Citamos grupos sulistas conhecidos nacionalmente como o Tchê Garotos e Os

Monarcas, o Forró executado em Roraima por meio dos grupos Forró do Gavião, Forró do

Poder e Banda Paçoquinha, além dos artistas que passaram por aqui realizando apresentações

no Parque do Anauá, como Gustavo Lima e Aviões do Forró e o nosso objeto de estudo, o

CTG com os grupos Cavaleiro do Forró e Henrique e Juliano, dentre outros. Enfatiza-se que o

foco foi dialogar a música para as massas, ou midiática [e se ele encontrou traços da música

gaúcha].

Page 145: Anais Expressão 2015 UFRR

145

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não é objetivo deste artigo em ser conclusivo, mas algumas questões puderam ser levantadas

a partir dos dados coletados. Após as entrevistas, por exemplo, podemos considerar que, se há

traços de hibridismo da música gaúcha com a música midiática difundida em Roraima, tal

processo é percebido primeiramente através das características rítmicas do xote executado no

sul e do nordeste, que em um passado já foram muito distantes, mas que se fazem presentes na

música em Roraima, bem como o hibridismo do baião com o vanerão, e do estilo musical

conhecido como “tchê music”. Outro traço característico desse hibridismo musical, acontece

na harmonia das músicas executadas na mídia local, nos bailes do CTG ora por grupos

gauchescos e pelos grupos de forró, bem como por artistas nacionais que se apresentaram por

aqui. E como ícone inerente da sutura das culturas, a gaita ou sanfona, que é o instrumento

peculiar das regiões dos migrantes gaúchos e nordestinos, presente nas bandas locais

mostrando uma possível afinidade entre as culturas. Os migrantes com certeza agregaram tais

valores que são latentes e percebidos na cultura em Roraima, dentre eles a música.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BARBOSA, R. I. Ocupação Humana em Roraima. I. Do histórico Colonial ao início do

Assentamento dirigido. Bol. Mus. Par. Emílio Goeldi. 9 (1). 1993. 123-144.

BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, trad. Myriam Ávila, Eliana

Reis, Gláucia Gonçalves, 4ª reimpressão, 1987.

SILVA, Marcos Vinicius Ferreira da. Entrevistas com George Farias e Irone Andrade.

Disponível em áudio, no formato compact disc. Boa Vista-RR, 16 de Junho de 2015.

SILVA, Marcos Vinicius Ferreira da. Entrevista com Ricardo Silveira e Mônica Rangel.

Disponível em áudio, no formato compact disc. Boa Vista-RR,16 de Junho de 2015.

SOUZA, Carla M. de. Do Chuí ao Oiapoque: migrações de gaúchos para Roraima.

Dissertação de Mestrado em História. PPGH/PUCRS. Porto Alegre, 1997.

__________________. Gaúchos em Roraima. (Coleção História, 42). Porto Alegre:

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Acesso em 19/05/2015.

__________________.História, memória e migração: processos de territorialização e

estratégias de inserção entre migrantes gaúchos radicados em Roraima. Tese de

Doutorado em História. PPGH/PUCRS. Porto Alegre, 2004.

Page 146: Anais Expressão 2015 UFRR

146

UMA PERSPECTIVA DO ENSINO DA L3 NAS ESCOLAS BILÍNGÜES E

INCLUSIVAS PARA SURDOS NO BRASIL: A SITUAÇÃO DO SURDO EM BOA

VISTA - RORAIMA

Antonio Lisboa Santos Silva Júnior – UFRR

([email protected])

No campo da educação, desde a promulgação da LDB/96, as escolas que oferecem

educação básica/regular têm sido convocadas a adequar-se para atender, satisfatoriamente, a

todas as crianças regularmente matriculadas. O programa Educação Inclusiva: Direito à

Diversidade (BRASIL, 2003), implantado pelo MEC, tem como objetivo a transformação dos

sistemas educacionais ao abordar a fundamentação filosófica, a organização do sistema

educacional, a participação da família e o atendimento individualizado nessas escolas.

Esse resumo traz uma parte do meu trabalho de conclusão de curso que aborda as

similitudes e contrastes em metodologias no ensino de língua inglesa para alunos surdos no

Brasil, e a priori, relata um pouco de como anda esse ensino da língua estrangeira em escolas

públicas e privadas que têm alunos surdos devidamente matriculados. Devido às dificuldades

de entrar em contato com pesquisadores que tenham feito apenas pesquisas com escolas

publicas, decidi, também, expandir para as escolas privadas e não apenas bilíngües, mas

escolas inclusivas ou que tivessem um professor que se dedicasse a ensinar a língua inglesa

para surdos nas instituições de ensino. No caso, eu seria um terceiro elemento, ou seja,

mostrarei uma avaliação de um conjunto montado de informações já pesquisadas. Mostro

abaixo minha posição nessa pesquisa:

A parte de coleta de dados dessa pesquisa foi feita através de troca de e-mails com

Pereira (2015). Esse estilo de entrevista comentada por Félix (2012) diz respeito à técnica de

entrevista narrativa desenvolvida por Fritz Schutze em meados da década de 70 que pretendia

romper com o estilo de técnicas tradicionais de coleta de dados através de pergutas-respostas.

Page 147: Anais Expressão 2015 UFRR

147

As informações abrangidas nesse resumo correspondem a dados coletados por Pereira

(2015) das escolas que tem educação bilíngüe e inclusiva para surdos no Brasil que foram

oferecidas pelas Secretarias de Educação das cinco regiões do Brasil em sua tese de doutorado

“O ensino de língua estrangeira na educação de surdos recontextualização dos discrusos

pedagógicos em praticas de professores de alunos surdos”. Porém, nem todas as escolas

quiseram participar do questionário de sondagem, portanto segue o quadro demonstrativo que

mostra a quantidade de escolas que dão suporte no ensino da L3 para surdos no Brasil:

Fonte: Pereira (2015)

Vejamos agora a parte mais interessante do resumo que relata a situação de ensino da

L3 na região norte. A única que decidiu participar da entrevista foi uma escola inclusiva em

Manaus, esta trabalha o espanhol como língua estrangeira no ensino fundamental e médio. A

outra, que não respondeu o questionário e, consequentemente, não fez parte da pesquisa, foi

indicada pela secretaria de Educação e está localizada no estado do Pará, também inclusiva e

tendo o espanhol como L3.

A escola de Manaus (participante do questionário) tem âmbito Estadual e possui

ensino fundamental e médio. Existem intérpretes nas salas de aula que o surdo participa e

possui sinais impressos em cartazes pela escola na língua de sinais.

Após a pesquisa foi se desenrolando, é percebido o porcentual muito pequeno de

escolas que trabalham o ensino da L3 para os surdos, sem contar a precariedade de infra-

estrutura. Como relata Ana Paula Soares, em uma entrevista dada no G1, no qual afirma que a

matrícula de alunos com necessidades especiais é assegurada por lei, e que nenhuma escola,

publica ou privada, pode se negar este direito, mas compete as escolas a oferecer o suporte

necessário, seja ele arquitetônico ou pedagógico.

Em Boa Vista – Roraima é dado, pela Secretaria de Educação, a Escola Estadual

Monteiro Lobato como referencia a suporte para alunos surdos, porém, no ano de 2013,

durante uma participação no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência, foi

percebido um aluno surdo no quinto ano, já repetente e sem interprete ou acompanhamento de

um outro professor que tivesse alguma noção da língua de sinais.

Na escola o aluno surdo alcança um nível de desempenho

escolar satisfatório no momento em que há preocupação

com o resgate de toda sua historicidade; com o

entendimento sobre a diversidade lingüística e uma

educação escolar diferenciada que valorize suas

capacidades e potencialidades; além de uma compreensão

sobre as formas de organização social das comunidades

surdas e a importância da Libras no processo educativo e

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148

em demais instâncias cotidianas( KOTAKI; LACERDA,

2013, p. 202)

A escola tem a língua inglesa como L3. A professora não tem conhecimento da língua

de sinais, então trabalha com traduções no quadro sem se atentar com o estilo semântico e

pragmático das línguas da LI (Lingua Inglesa), LP (língua Portuguesa) e Libras. Para Sousa

(2008) quanto mais fluência um aluno surdo tem na LP, mais facilidade ele terá para aprender

sua L3.

Em suma, a escola deveria rever conceitos e, talvez, fazer atividades para treinar o

corpo docente para saber lidar com essa problemática, assim, fazendo com que a escola possa

ser a referencia que todos os surdos do estado precisem e que a Secretaria de Educação

afirma, atribuindo valor a comunidade surda e ouvinte, fazendo com que ambos andem em

sintonia, sem discriminações de nenhuma das partes.

REFERENCIAS

SOUSA, Aline Nunes de. Surdos Brasileiros Escrevendo em Inglês: Uma

experiência com o ensino comunicativo de línguas. Tese de mestrado – Programa de pós-

graduação em lingüística aplicada, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2008.

PEREIRA, Karina Avila. O ensino de língua estrangeira na educação de surdos:

Recontextualização dos discursos pedagógicos em práticas de professores de alunos surdos.

Tese de doutorado – Programa de pós graduação em educação, Faculdade de Educação,

Universidade Federal de Pelotas, 2015.

KOTAKI, Cristine Satiko; LACERDA, Cristina B. F. de. O intérprete de Libras no

contexto da escola inclusiva: Focalizando sua atuação na segunda etapa do ensino

fundamental. In: LACERDA, Cristina B. F. de: SANTOS, Lara F. dos. (org) Tenho um

aluno surdo, e agora? Introdução à Libras e educação de surdos. EDUFSCAR: São Carlos,

2013, PP. 201-218.

FÉLIX, Jeane. Entrevistas on-line ou algumas pistas de como utilizar bate-papos

virtuais em pesquisa na educação e na saúde. In MEYER, Dagmar E.; PARAÍSO,

Marlucy, A. Metodologias de pesquisas Pós-Criticas em Educação. Belo Horizonte: Mazza

Edições, 2012, PP. 133 – 152.

SITES:

_____. Número de alunos com deficiência em escolas regulares cresce na PB. Disponível em

<http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2015/07/numero-de-alunos-com-deficiencia-em-

escolas-regulares-cresce-na-pb.html>. Acesso em 26 de Setembro de 2015.

_____. Educação Inclusiva: Direito à diversidade. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/orientador1.pdf>. Acesso em 27 de Setembro de

2015.

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A PERCEPÇÃO DO ARTISTA INDÍGENA SOBRE A PEDRA PINTADA/RR

Acsa Ribeiro - UFRR - [email protected]

Leila Adriana Baptaglin - UFRR - [email protected]

Resumo

A intenção de fazer essa pesquisa surge durante a disciplina do TCC – trabalho de conclusão

de curso, por meio do curso de Artes Visuais. Tendo em vista que essa pesquisa ainda não foi

concluida, apresento a intenção e a importância de estudar um tipo de patrimônio pouco

pesquisado, preservado e valorizado. Este se encontra no sítio arqueológico de São Marcos

em Roraima, dentre os vários tipos de denominações que a pedra pode ter, escolhemos como

ponto de pesquisa nomear a pedra como patrimônio cultural, uma vez que este trabalho terá

como ponto principal buscar as produções artísticas que os indígenas roraimenses fazem sobre

esse bem.

Palavras-Chave: Pedra Pintada. Patrimônio. Produções artísticas.

Tendo em vista que este trabalho tem a intenção de trabalhar com a percepção dos

artistas indígenas roraimenses sobre o patrimônio cultural que é a Pedra Pintada, temos como

temática: A representação artística da Pedra Pintada, e o problema constituem-se em Como os

Artistas indígenas de Roraima representam artisticamente a Pedra Pintada? Destacamos

assim que o objetivo geral é investigar as representações que os artistas indígenas de

Roraima fazem da Pedra Pintada. Os Objetivos específicos constituem-se em: - compreender

a história e constituição da comunidade aonde se encontra a Pedra Pintada; - buscar as

produções dos artistas indígenas que representam a Pedra Pintada e; analisar as

representações que são feitas por estes artistas acerca da comunidade e da Pedra Pintada. À

vista disso, estabeleço a abordagem que será feita nesse processo de investigação, a mesma é

qualificada como abordagem qualitativa uma vez que esta se caracteriza por lidar com um

universo cheio de significados, símbolos e crenças. Conforme esse pensar, busco como base

para essa afirmação o autor Minayo, no qual o mesmo vem validar a escolha da investigação

desta pesquisa, de tal modo ele entende que:

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Enquanto cientistas sociais que trabalham com estatística apreendem dos fenômenos apenas

a região visível, ecológica, morfológica e concreta. A abordagem qualitativa aprofunda-se

no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não

captável em equações, médias e estatísticas. (MINAYO, 1994, apud, CORREA, NUNES,

2009, p 2.)

O caminho analítico volta-se para a “análise de conversação e da fala” (NYERS, in BAUER e

GASKEL, 2002). Com tal característica, uma das principais contribuições que a análise da

conversação pode proporcionar, consiste no fato de que podemos nos valer do olhar dos

participantes para entender o que eles pensam a respeito de tal assunto.

1- COMPREENSÃO E ACEPÇÕES ACERCA DO PATRIMÔNIO E SUAS ESFERAS

DE DIVISÕES.

1.1 Definições sobre o que é: Patrimônio Cultural, Histórico, Artístico e Natural.

Uma vez que o meu assunto é abordar a Pedra Pintada como um patrimônio cultural,

precisamos entender alguns conceitos para chegar até ponto. Assim, o primeiro conceito parte

da autora Zanirato, uma vez que em seu artigo intitulado: Usos sociais do patrimônio cultural

e natural (2009), a mesma afirma que: o patrimônio cultural é tudo aquilo que através dos

bens materiais e imateriais¹ narram à história de um povo, exemplo disso são as alegorias,

superstições, rituais e tudo aquilo que se possa identificar como algo falado para narrar

alguma coisa que aconteceu, ou o que certa comunidade pensa a respeito de tais imagens,

desenhos, pinturas ou objetos. Para a autora Zanirato (2009,p.137)

Os elementos culturais são conformados pelas manifestações materiais e imateriais criadas

pelos sujeitos que nos precederam. Neles se incluem objetos e estruturas dotados de

valores históricos, culturais e artísticos, bens que representam as fontes culturais de uma

sociedade ou de um grupo social e que podem ser materiais ou imateriais.

Além deste tipo de patrimônio que já foi falado, a Pedra Pintada também pode ser

constituida de outras formas, dentre as quais ela pode ser considerada como patrimônio

histórico, uma vez que ela é concreta/papável e possui um valor para a sociedade onde ela se

constitui, pois no seu corpo podem ser vistas e estudada as gravuras, desenhos, pituras e etc.

Ela também pode ser considerada um patrimônio artístico, uma vez que as pinturas que estão

contidas na pedra possuem um significado de valor cultural, religioso e estético, portanto, é

por meio delas que os indígenas valorizam essas pinturas, uma vez que estas mesmas fazem

parte da sua história e cultura. Por fim descrevo o último tópico denominado como

Patrimônio natural, ainda com a autora Zanirato (2009, p.138), entendemos que, patrimônio

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natural é tudo aquilo que inclui formações físicas, biológicas e geológicas, habitats de

espécies animais, vegetais, etc., e mais este deve ter valor estético.

No decorrer dessa investigação e posteriormente na minha pesquisa de campo, opto

por trabalhar com a denominação da Pedra Pintada enquanto Patrimônio Cultural, pois

entendo que ela contém um bem material e imaterial que podem ser explorados distintamente

e que se insere tanto em uma classificação do histórico como do natural. Pretendo ir ao

encontro de artistas indígenas, para investigar qual é a sua percepção sobre esse patrimônio e

principalmente valorizar a sua visão sobre este tema e também sobre os seus trabalhos

artísticos. Agora, partimos para um outro ponto que desejo abordar neste capítulo, trazer as

definições sobre Patrimônio material e imaterial.

1- COMPREENSÃO E ACEPÇÕES ACERCA DO PATRIMÔNIO E SUAS ESFERAS

DE DIVISÕES.

1.2 Outras “ramificações” sobre Patrimônio: Material e Imaterial

Percebendo as multiplicidades de estudos referente a Pedra Pintada, entendemos que

para essa pesquisa existem duas facetas para essa pesquisa, estes se referem ao bem material e

imaterial. Quando conversamos com alguem, esta pessoa nós oferece duas possibilidade de

pesquisa, uma é analisar a sua fala, patrimônio imaterial, ou avaliar um trabalho seu, que

corresponde por ser um patrimônio material ou tangível.

Consequentemente, a fala dessas pessoas pode ser importante uma vez que entender os

seus interesses para criar algo é de extrema irmportância, e não somente isso, mas também

compreender as suas percepções e conceitos referente a mesma. Deste modo, o IPHAN

conceitua que o patrimônio imaterial.

São os ofícios e saberes artesanais, as maneiras de pescar, caçar, plantar, cultivar e

colher, de utilizar plantas como alimentos e remédios, de construir moradias, as danças e

as músicas, os modos de vestir e falar, os rituais e festas religiosas e populares, as

relações sociais e familiares que revelam os múltiplos aspectos da cultura cotidiana de

uma comunidade. (IPHAN, 2012, p. 19)

Ou seja, a fala destes sujeitos é fundamental para a análise das obras dos mesmos, uma

vez que é através dela que poderemos compreender a sua visão e a forma de como este artista

se coloca diante do mundo, que vem através da arte.

Porém, como essa pesquisa também inclui a investigação e análise das obras, partimos

para o que se entende por Patrimônio material. Ainda com a contribuição sobre o que o

IPHAN conceitua, podemos apresentar este bem como algo que envolve “Os bens culturais,

paisagens naturais, objetos, edifícios, monumentos e documentos” (2012, p.19). Com isso,

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fica evidente sobre essa proposta que é analisar trabalhos artísticos, sua vinculação com a

perspectiva patrimonial tanto material, como imaterial.

PEDRA PINTADA

O objeto dessa pesquisa, Pedra Pintada, esta situada na comunidade de São Marcos e:

é um símbolo que retrata a existência do indígena nestas terras antes mesmo de chegar

o homem branco (karaiwa) nas Américas. Os estudos arqueológicos e antropológicos

mostram que há pelo menos cinco mil anos o homem já habitava estas terras. Esse

homem deixou suas marcas e gravuras em pedras especiais, aos quais chamamos de

sítios arqueológicos, para poder se comunicar com as futuras gerações. (ALMEIDA;

MANDUCA; SILVA; 2008 p.31)

A Pedra Pintada, a qual possui 40 metros por 60 metros de diâmetro. A abundância

de inscrições rupestres existentes em sua superfície deu origem a sua denominação de “Pedra

Pintada”. Essas pinturas deram “vida” a várias lendas sobre a existência de um imenso lago,

“Parimé ou Manoa”, que por conta do alto nível da água teria possibilitado a realização das

gravuras, seja no seu cume como também dentro de algumas grutas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar do trabalho ainda está em fase de conclusão entendemos que é importante

mostrar alguns estudos já feitos, e principalmente evidenciar as intenções desta investigação

que tem como ponto principal pesquisar sobre um patrimônio cultural que se econtra no

estado de Roraima, a Pedra Pintada. Além de trazer esse olhar crítico a esse bem que possui

poucas propostas de preservação, também temos a intenção de evidenciar a questão do

patrimônio imaterial, que será fruto desta pesquisa com base na Pedra Pintada. Assim,

buscaremos entender a percepção dos artistas indígenas roraimenses sobre esse bem,

registrando a sua fala e analisando os seus trabalhos artísticos.

REFERÊNCIAS

BAUER, M ; GRASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. 7. ed. São

Paulo: Vozes, 2002. 516 p.

CORRÊA, A; NUNES, A. Abordagem qualitativa de pesquisa em educação. 2009, 6 p.

MANDUCA, L; DA SILVA, N; ALMEIDA,F. Atlas escolar –Terra indígena de São Marcos.

1 ed. Roraima: UFRR, 2008. 25 p.

ZANIRATO, S. Usos sociais do patrimônio cultural e natural. São Paulo, 2009, 152 p.

ZANIRATO, S; RIBEIRO,W. Patrimônio cultural: a percepção da natureza como um bem

não renovável.

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