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ANÁLISE DAS RESPOSTAS DA LOCALIDADE AO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO E DAS POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: O CASO DE BIRIGUI SP Andréia de Alcântara Cerizza 1 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Unesp Marília Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo campus Birigui [email protected] RESUMO A partir da abertura econômica ocorrida no início dos anos 90, o Brasil enfrenta a concorrência global, no mercado externo e interno, no setor calçadista. O maior produtor de calçados do mundo é a China com 9 bilhões de pares anuais, em segundo lugar está a Índia, com 900 milhões e em terceiro o Brasil, com 800 milhões. O estudo desenvolvido contempla as modificações ocorridas na indústria calçadista, observadas num processo sócio-histórico, no enfrentamento de sucessivas crises do capitalismo e as mudanças inerentes ao processo de globalização. Partindo dos estudos críticos sobre globalização, globalidade e globalismo desenvolvidos por Ianni, e outros autores tais como Santos, Giddens, o trabalho se configura especificamente sobre a cidade de Birigui-SP, identificando as mudanças do sistema sócio-histórico capitalista, vivenciadas na localidade, pelo processo de industrialização (fordismo, reestruturação produtiva) embasadas em Boltansky e Chiapello, Chesnais, Harvey, Sennet, entre outros. Com mais de 100 anos de história, a cidade conta com 110 mil habitantes e o título de Capital Nacional do Calçado Infantil. A partir de 1958, com o surgimento da primeira fábrica de calçados, dos irmãos Assumpção, com 10 empregados e fabricando 20 pares/dia, inicia-se um processo de crescimento vertiginoso nesse setor específico, produzindo atualmente 10% do calçado nacional (ano), com mais de 21 mil trabalhadores. Nos últimos 20 anos, a localidade tem efetuado respostas ao processo de globalização. O desdobramento do trabalho tem como objetivo analisar essas respostas, verificando se são somente constituintes do processo de globalização e ou constitutivas de Desenvolvimento Local. Palavras - chave: Desenvolvimento Local, Globalização, Sociologia do Desenvolvimento, Brasil- China, Competitividade dos Calçados Chineses. 1 Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico; Coordenadora de Pesquisa e Inovação Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus Birigui. Doutorado em Ciências Sociais Unesp Marília - linha de pesquisa: Relações Internacionais e Desenvolvimento (em andamento); Mestre em Desenvolvimento Local UCDB, Especialista em Administração Empresarial, Especialista em Educação Ambiental, Bacharel em Administração e Licenciada em Formação Pedagógica. Pesquisadora - Grupo de Pesquisas do BRIC - UNESP (Brasil; BRIC; China; Índia; Modelo de Desenvolvimento; Rússia).

ANÁLISE DAS RESPOSTAS DALOCALIDADE AO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO EDAS POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: O CASO DE BIRIGUI –SP - ANDRÉIA DE A. CERIZZA

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ANÁLISE DAS RESPOSTAS DA LOCALIDADE AO PROCESSO DE

GLOBALIZAÇÃO E DAS POSSIBILIDADES DE DESENVOLVIMENTO LOCAL: O

CASO DE BIRIGUI – SP

Andréia de Alcântara Cerizza1

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp Marília

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo campus Birigui

[email protected]

RESUMO

A partir da abertura econômica ocorrida no início dos anos 90, o Brasil enfrenta a concorrência global,

no mercado externo e interno, no setor calçadista. O maior produtor de calçados do mundo é a China

com 9 bilhões de pares anuais, em segundo lugar está a Índia, com 900 milhões e em terceiro o Brasil,

com 800 milhões. O estudo desenvolvido contempla as modificações ocorridas na indústria calçadista,

observadas num processo sócio-histórico, no enfrentamento de sucessivas crises do capitalismo e as

mudanças inerentes ao processo de globalização. Partindo dos estudos críticos sobre globalização,

globalidade e globalismo desenvolvidos por Ianni, e outros autores tais como Santos, Giddens, o

trabalho se configura especificamente sobre a cidade de Birigui-SP, identificando as mudanças do

sistema sócio-histórico capitalista, vivenciadas na localidade, pelo processo de industrialização

(fordismo, reestruturação produtiva) embasadas em Boltansky e Chiapello, Chesnais, Harvey, Sennet,

entre outros. Com mais de 100 anos de história, a cidade conta com 110 mil habitantes e o título de

Capital Nacional do Calçado Infantil. A partir de 1958, com o surgimento da primeira fábrica de

calçados, dos irmãos Assumpção, com 10 empregados e fabricando 20 pares/dia, inicia-se um processo

de crescimento vertiginoso nesse setor específico, produzindo atualmente 10% do calçado nacional

(ano), com mais de 21 mil trabalhadores. Nos últimos 20 anos, a localidade tem efetuado respostas ao

processo de globalização. O desdobramento do trabalho tem como objetivo analisar essas respostas,

verificando se são somente constituintes do processo de globalização e ou constitutivas de

Desenvolvimento Local.

Palavras - chave: Desenvolvimento Local, Globalização, Sociologia do Desenvolvimento, Brasil-

China, Competitividade dos Calçados Chineses.

1 Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico; Coordenadora de Pesquisa e Inovação –

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus Birigui.

Doutorado em Ciências Sociais Unesp Marília - linha de pesquisa: Relações Internacionais e

Desenvolvimento (em andamento); Mestre em Desenvolvimento Local UCDB, Especialista em

Administração Empresarial, Especialista em Educação Ambiental, Bacharel em Administração e

Licenciada em Formação Pedagógica.

Pesquisadora - Grupo de Pesquisas do BRIC - UNESP (Brasil; BRIC; China; Índia; Modelo de

Desenvolvimento; Rússia).

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INTRODUÇÃO

Como discutir os efeitos da mundialização do capital no âmbito local? Como analisar

tais efeitos? Que tipologia de desenvolvimento se caracteriza como tal em uma realidade

global? E o desenvolvimento no local, é local? O local e o global se relacionam numa (in)

constância e diversidade de relações, fixos e fluxos, de redes sobre redes, de desigualdades

sociais e econômicas e proporcionam uma infinidade de indagações e estudos sobre o tema.

Na interconexão entre global e local, estudar as singularidades do local, objetivo desse

trabalho, num processo histórico simultaneamente global, se caracteriza, no aspecto

sociológico, como reflexão desafiadora, com múltiplas perspectivas, propostas teóricas, diante

de um contexto social complexo e transitório.

Atrela-se à discussão, outra dimensão complexa - desenvolvimento, observada pelo

prisma local, como bem-estar/qualidade de vida, caracterizado e protagonizado em âmbito

local, de acordo com o conceito de desenvolvimento valorizado pela localidade e de caráter

emancipatório2. O estudo sobre desenvolvimento local que foi iniciado no mestrado

3 e cuja

dissertação versou sobre as estruturas de governanças evidenciadas na cidade de Birigui-SP,

na perspectiva dos Arranjos e Sistemas Produtivos Locais; é retomado tendo como objetivo

geral analisar criticamente, numa perspectiva histórica, as respostas/reações da localidade ao

processo de globalização, desde a abertura econômica no início da década de 90 a atualidade;

e verificar se constituem exemplos de desenvolvimento local.

Partindo dos estudos críticos sobre globalização, globalidade e globalismo

desenvolvidos por Octavio Ianni, e outros autores tais como Milton Santos, Antony Giddens,

o trabalho se configura no processo de industrialização da cidade de Birigui-SP, identificando

as mudanças do sistema sócio-histórico capitalista, observados na localidade pela

industrialização ocorrida (fordismo, toyotismo, flexibilização - reestruturação produtiva)

(Boltansky e Chiapello, Chesnais, Harvey, Giddens, Sennet). O pressuposto do estudo é que

os efeitos do processo de globalização provocam o local a produzir respostas, observadas em

iniciativas de ações sócio-históricas de participação coletiva. Ao absorver a dinâmica global, o

local apresenta um modo próprio de exercer sua temporalidade e territorialidade, premissa

básica do desenvolvimento local.

BIRIGUI– RESPOSTAS DA LOCALIDADE AO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO A

PARTIR DA ABERTURA ECONÔMICA DA DÉCADA DE 90

Em 1958, os irmãos Assumpção iniciaram a produção de calçado infantil em Birigui,

contando com 10 empregados e fabricando 20 pares por dia (SOUZA, 2006; VEDOVOTTO,

1996). Segundo Zampiere (1976), a escolha pela fabricação de calçado infantil se deu em

razão do conhecimento sobre a fabricação desse tipo de calçados e do mercado consumidor,

adquirido em São Paulo pelos irmãos Assumpção. Os irmãos Assumpção sabiam da existência

2 Conceito desenvolvido por Ávila (2000), Doutor em Política e Programação do Desenvolvimento/(enfoque

em)Educação e Emprego pela Université de Paris-I/Panthéon-Sorbonne (França). Professor aposentado da

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul- UFMS. Foi docente das disciplinas Teoria do Desenvolvimento

Local e Desenvolvimento-Local, Comunidade e Comunitarização no Programa de Mestrado Acadêmico em

Desenvolvimento Local da Universidade Católica Dom Bosco -UCDB. 3 CERIZZA, A. A. Governanças do Arranjo Produtivo Local Calçadista Infantil de Birigui, São Paulo.

Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Local) – UCDB – Campo Grande, 2009.

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das atividades de produção de calçados masculinos em Franca e feminino em Jaú, a pouca

concorrência no segmento infantil e a necessidade de menor investimento em relação aos

sapatos masculino e feminino.

Dentre os vários problemas enfrentados pelo pioneirismo, destaca-se a falta de mão de

obra especializada. Este problema foi contornado por meio da manutenção de uma banca

particular na capital (São Paulo), que cortava e pespontava o cabedal (parte superior do

calçado), restando então a montagem e o acabamento efetuados em Birigui (VEDOVOTTO,

1996). De acordo com Souza (2006) até a metade da década de 60 a cidade tinha quatro

empresas produtoras de calçados. Em 1965, as empresas produziram 316.000 pares e

contavam com 211 empregados. Na década sequente, 35 fábricas se instalaram e o elevado

número de novas empresas suscitou o aparecimento de empresas fornecedoras de insumos,

componentes e máquinas, num total de 12 empresas (SOUZA, 2006).

O crescimento nos anos setenta foi contínuo. Foi instalado um centro de treinamento

para a formação de trabalhadores especializados, pela necessidade e pelas frequentes

discórdias entre os empresários em virtude de mão de obra especializada escassa. Os

confrontos entre os empresários se davam pelo recrutamento desleal, onde eram oferecidos

vários benefícios para os empregados especializados em produção, para mudarem de empresa.

As fábricas de calçados de Birigui empregavam 347 trabalhadores em 1966, aumentando para

1.575, em 1972 e chegando a empregar no final da década de setenta 3.500 pessoas. A partir

desse período Birigui se tornou referência nacional em produção de calçados infantis, fato

percebido por meio de divulgação do Jornal Exclusivo (SOUZA, 2006).

Souza (2006) salienta que no começo dos anos 80, as empresas locais buscavam uma

inserção no mercado internacional. O intuito era desenvolver uma marca (uma característica)

que chamasse a atenção dos compradores internacionais e projetasse a especialidade das

empresas locais. Em 1989, havia 211 empresas, contra 49 em 1981. No mesmo período foram

instaladas 41 empresas, entre fornecedoras e representantes. Outro fator determinante para o

crescimento do arranjo, segundo Souza (2006), foi à utilização de materiais alternativos na

fabricação de calçados, em detrimento da utilização do couro. O encarecimento do couro, os

ganhos de produção decorrentes das facilidades em usar os materiais alternativos e a

consequente diminuição dos custos são considerados alguns motivos da substituição desta

matéria-prima, que tem expressiva representatividade junto ao custo total do calçado.

Na década de 90, o setor vivenciou uma crise decorrente do Plano Collor (1990) e do

Plano Real (1994). Neste processo de liberalização comercial nacional, observado por uma

nova política industrial e de comércio exterior, caracterizado fortemente entre 1988 e 1995,

pela diminuição de barreiras não tarifárias e consequentemente diminuição da proteção da

indústria local. O impacto no setor calçadista, particularmente o calçado infantil, foi

evidenciado principalmente pelo aumento das importações de calçados advindos da China.

Muitas empresas locais fecharam, outras se tornaram subcontratadas. Ocorreram demissões

em massa e nesse contexto foi observada a atuação do SINBI. O sindicato entregou um

manifesto à FIESP em 1995, expressando a maior dificuldade já enfrentada pelo arranjo até o

momento. Neste mesmo ano, a igreja católica se prontificou a ceder um salão da matriz para

que os empresários, juntamente com a Prefeitura, pudessem realizar duas feiras, intituladas

Feirão das Indústrias do Calçado de Birigui (I e II FIBI).

Em 1996, o sindicato desenvolveu junto aos empresários o “Programa Biriguiense de

Qualidade Total”, considerado pelos associados o gatilho motivador para estratégias conjuntas

do APL. Uma parceria entre o sindicato, o SEBRAE e a prefeitura viabilizou a realização de

uma palestra com um consultor renomado. 32 empresas participaram durante 2 anos de um

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programa oferecido pela Fundação Christiano Ottoni (RIZZO, 2005). Em 1999 foi organizado

um consórcio para exportação. Algumas MPEs aderiram à ideia e desenvolveram uma

associação, nomeada APEMEBI, que obteve apoio da APEX – Agência de Promoção de

Exportação, órgão do governo instituído com o intuito de estimular as exportações (SOUZA,

2006).

Verifica-se, por algumas ações articuladas e desenvolvidas pelos agentes locais, que a

concepção de arranjo produtivo se materializa segundo a definição da REDESIST, em que os

Sistemas Produtivos Locais, ou SPLs, são conjuntos de agentes econômicos, políticos e

sociais que se constituem num dado território, desenvolvendo atividades similares e

congruentes, que apresentam articulações de produção, cooperação e aprendizagem. Os

APL(s) diferem dos SPL(s) pelo fato de não serem solidificados e não apresentarem

significativo vínculo entre os agentes (LASTRES e CASSIOLATO, 2005). No caso específico

da territorialidade observada pelas empresas em arranjos produtivos, para Albagli & Maciel

(2002) essas constituem o meio pelo qual as relações sociais, a cultura e os códigos da

população incidem diretamente sobre a atividade produtiva.

Os autores acrescentam que na concepção do desenvolvimento endógeno, “as relações

entre empresas constituem ainda um mecanismo fundamental de dinamismo das economias

locais e regionais” e reforçam, numa observação sistêmica, que esses arranjos envolvem

empresas e agentes locais, citando os organismos de pesquisa, educação e treinamento

(ALBAGLI & MACIEL, 2002, p. 16). O Arranjo Produtivo Local de Birigui destaca-se em

tamanho e importância, sendo considerado o maior produtor de calçados infantis do Brasil e

da América latina. Em 2012, segundo dados levantados pelo sindicato patronal local, o arranjo

possuía mais de 350 empresas que produziam 59.108 milhões de pares de calçados por ano.

As micro e pequenas empresas representam juntas, segundo o SINBI, mais de 70% das

empresas locais do setor calçadista. Comumente, são micro e pequenas empresas

independentes, que criam seus negócios mediante necessidade ou oportunidade de negócios,

ou são vinculadas às médias e grandes empresas, por meio de subcontratação. A participação

da produção de calçados infantis de Birigui frente ao cenário nacional representa 52%. O APL

possui uma produção significativa com relação ao calçado feminino, evidenciado pelo SINBI.

Segundo o sindicato patronal, em 2012, 17,4% da produção diária de calçados correspondeu a

calçados femininos.

A cidade recebe diariamente trabalhadores de vários municípios vizinhos, que fazem

parte do arranjo: Bilac, Braúna, Buritama, Clementina, Coroados, Gabriel Monteiro, Glicério,

Penápolis, Rinópolis, Brejo Alegre, entre outros e emprega 21.986 pessoas na atividade

econômica em destaque (SINBI, 2013). A estrutura produtiva local conta com uma gama de

empresas fornecedoras de matérias-primas, insumos, componentes, máquinas e equipamentos

e com um conjunto de agentes formalizados tais como sindicatos, centro de capacitação

técnica, juntamente com instituições informais tecem uma rede de relações, ditando

estratégias para o crescimento e competitividade do arranjo, conforme Figura 01.

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Figura 01. Relações entre os agentes produtivos e organismos de apoio.

Representantes

Empresas Fornecedoras:

matrizarias, formas, facas, fivelas, alta-frequência,

Escritórios de

Representação

Comercial

Lojas de Fábrica

Representantes Autônomos

Bordados manuais/à

máquina

Bancas

Micro – pequenas

subcontratadas

Matérias-primas

Representantes

Empresas Fornecedoras:

embalagens, injetados, etiquetas

Médias - Grandes

Máquinas e

equipament

os

Organizações de apoio: ABICALÇADOS, ASSINTECAL, SINBI, SEBRAE, SENAI, SESI, ETEC, IFSP

Prestação de Serviço Comunicação Visual, Sistemas de Informatização, Manutenção de Máquinas/equipamentos;

Modelagem, Transportadoras Agências de Trabalho Temporário, Higiene e Segurança do Trabalho

Pesquisa de

Mercado

Micro – pequenas independentes

Limites APL

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Além da ascensão do calçado feminino, que está reorganizando o território do calçado

infantil, e que demonstra a versatilidade do APL em absorver novos focos dentro do setor,

outros destaques locais verificados foram governanças territoriais, as alianças regionais,

nacionais e internacionais. A análise dos sistemas de governança encontrados no arranjo

produtivo local de Birigui permitiu o desenho das redes de transação e de poder existentes no

APL, como também a identificação do papel do sindicato patronal denominado SINBI nessas

governanças. Nessa complexa teia de relações, três fatores cruciais foram apurados no tocante

as governanças estabelecidas.

A primeira constatação é que existem diferentes modos de governança estabelecidos

entre as empresas, tendo como fundamentação e comparativo os estudos de Storper &

Harrison (1991), apud Suzigan et al. (2002) e Humphrey & Schmitz (2000), apud Suzigan

(2002). Existem empresas de pequeno porte que possuem independência com as grandes

empresas, dispõem de seu próprio estilo e competem no mercado com as grandes de forma

igualitária. Já nas chamadas bancas, relações de quase hierarquia foram identificadas em

relação às empresas contratantes, que podem ser MPEs não subcontratadas, MPEs

subcontratadas e as médias e grandes empresas. Nas empresas subcontratadas com as grandes

empresas ocorre também uma relação de quase hierarquia, mas é possível encontrar uma

dependência mútua entre as subcontratadas e as contratantes.

As ações do APL são desenvolvidas e executadas coletivamente através dos órgãos de

apoio e da comunidade empresarial. A quantidade de projetos e as intensas manifestações de

cooperação entre os organismos de apoio e a comunidade empresarial, que compreendem

melhorias efetivas para a comunidade, são alicerçadas no sentimento de pertença da

comunidade empresarial que se identifica com as necessidades da população, não

negligenciando ou negando suas raízes. O SINBI destaca-se pelas ações em diferentes esferas,

atuando como articulador e parceiro de muitas atividades executadas e principalmente como

provedor de um sistema de governança equilibrado para o arranjo. As relações entre os

agentes foram fortalecidas no decorrer das décadas, passando por acréscimos significativos

em cenários de extrema dificuldade econômica para o setor, por meio de mobilização e

coordenação do SINBI.

Outro ponto a ser valorizado é a tecnologia no âmbito calçadista, traduzidos em

sistemas de tecnologia da informação e automação. O setor de serviços de informática cresceu

significativamente. A parte de automação é uma realidade vivenciada pelas grandes empresas,

porém em algumas etapas do processo produtivo. As iniciativas de capacitação tecnológica

são notadas principalmente no desenvolvimento de produtos. As grandes empresas do APL de

Birigui detêm o acesso rápido às tendências e as pesquisas de mercado e influenciam

empresas de menor porte sobre os modelos que efetivamente serão utilizados na próxima

estação.

Apesar da influencia das grandes empresas sobre algumas de porte menor, muitas

empresas obtêm também acesso às tendências de moda pelo Fórum de Design e Tecnologia,

da Assintecal e do SEBRAE, pelo Caderno de Tendências do SENAI. Essas organizações

trabalham unificadas no evento Fórum de Inspirações, realizado no SINBI anualmente. Outro

meio de acesso às tendências efetua-se por uma empresa prestadora de serviço, a Pesquisa e

Produto, que realiza pesquisas do mercado e das tendências da moda. Esses canais de

informações são importantes para as pequenas empresas, pois permitem diminuir suas

dependências para com as grandes empresas.

Houve também o fortalecimento de outros setores tais como comércio, inclusive lojas

de fábrica (em torno de 25), serviços, setor sucroalcooleiro, moveleiro, metalúrgico, têxtil

(confecções, mais de 80 empresas). A cidade tem participação significativa no setor agrícola,

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responsável pela produção de 37,5% do milho, 30,8% do arroz, 30% da soja, 28% do sorgo

entre outras culturas (PREFEITURA MUNICIPAL DE BIRIGUI, 2013). Muitos desses

setores estão se mobilizando institucionalmente para obter representatividade no APL.

Diante da perspectiva sócio-histórica, foi possível verificar os diversos grupos

empresariais, sobretudo o calçadista infantil, representado por meio do SINBI, com

formatação em forma de rizoma, demonstram uma forte autonomia do arranjo na condução de

sua territorialidade, expressando sua cidadania de acordo com seus anseios e necessidades,

utilizando-se da interação e coesão para a resolução de problemas relacionados à vida em

comunidade. Nesse caso, o exercício autônomo da comunidade empresarial manifestou-se em

todos os âmbitos do arranjo através da articulação do sindicato, que extrapolou sua dimensão

setorial atuando em várias esferas, convergindo em exemplo de processo de desenvolvimento

local.

Porém, ao analisar as mudanças ocorridas, quanto de global, no sentido capitalista, como novo espírito, modo libertário de fazer lucro (capitalismo de esquerda) possuem essas respostas?

(BOLTANSKI & CHIAPELLO, 2009). O maior produtor mundial de calçados atualmente é a

China com 9 bilhões de pares anuais, em segundo lugar está a Índia, com 900 milhões e em

terceiro o Brasil, com 800 milhões. Como competir com essa realidade global, onde os outros

setores locais em ascensão – moveleiro, metalúrgico e confecção são dominados também pela

China? Quais as possibilidades de sobrevivência e manutenção dessa localidade? O que

qualifica uma localidade – sua tradição, seu modo de exercer o poder, sua territorialidade? Em

que medida essas qualificações são notadamente locais e ou globais?

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelos resultados parciais, foi identificada a consolidação do Arranjo Produtivo Local

de Birigui na década de 90, paradoxalmente pelo enfrentamento de sucessivas crises advindas

principalmente da abertura econômica, forçando a localidade a responder mediante uma

reestruturação produtiva (terceirização, movimento pela qualidade total entre outros) e

empresarial, criação de associações de aporte, como exemplo a Associação de Pequenas e

Médias Empresas Exportadoras de Birigui - APEMEBI. No que tange aos trabalhadores –

intensa profissionalização e contratação de mão de obra especializada em outras cidades e

regiões, Demanda de novos agentes na rede de empresas, cooperação entre empresas,

crescimento do setor de serviços, falta de mão de obra, reivindicações trabalhistas.

A partir de 2000, outras respostas foram evidenciadas pelo arranjo produtivo local

diante da competitividade global: fortalecimento das governanças territoriais, formação de

alianças regionais, nacionais e internacionais, maiores investimentos em tecnologia:

informática e automação, fortalecimento de outros setores: comércio, serviços, setor

sucroalcooleiro, moveleiro, metalúrgico, confecção, agrícola; ascensão da produção de

calçados femininos; intensa escassez de mão de obra na indústria, fortalecendo as políticas de

recursos humanos das grandes empresas, no sentido de manter e angariar novos

colaboradores. O enfrentamento da crise capitalista mundial de 2008, com crescimento de

quase 3% no ano respectivo. O equilíbrio alcançado pela alíquota antidumping, aplicada nas

importações chinesas.

Diante de duas décadas de respostas ao processo de abertura econômica, a pesquisa se

confronta com a dialética local/global, as questionando se são somente constituintes do

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processo de globalização e ou constitutivas de Desenvolvimento Local. Giddens (2011)

categoriza a globalização como um processo antagônico, pois ao mesmo tempo em que retira

poder ou influência das comunidades locais, cria novas demandas por autonomia local e

denota a globalização como causa do ressurgimento de identidades culturais locais em várias

partes do mundo.

O pressuposto do estudo é que os efeitos do processo de globalização provocam o

local a produzir respostas, observadas em iniciativas de ações sócio-históricas de participação

coletiva. Ao absorver a dinâmica global, o local apresenta um modo próprio de exercer sua

temporalidade e territorialidade, premissa básica do desenvolvimento local. Porém, no local,

verifica-se reduzida possibilidade de contrapor-se às problemáticas condicionantes da

globalização/globalidade. Outro fator a ser investigado é a dimensão hegemônica que o

conceitual sobre desenvolvimento geralmente se qualifica. A hipótese é de que existem

dimensões locais consideradas na perspectiva do desenvolvimento, como exemplo, poder e a

e a cultura local, mas atrelados à realidade global capitalista.

Ianni (2011) dimensiona a globalização como categoria nova de estudo, e não se trata

de reproduzir o que se compreende sobre a sociedade nacional e o indivíduo, e ressalta que

esses novos modos de verificação/compreensão podem modificar inclusive a modo atual das

categorias já existentes, pelas perspectivas múltiplas concernentes ao estudo do global.

Propriamente a observação, e estudo do local, exigem diversificadas propostas teóricas.

Refletir sobre o local/global na contemporaneidade exige uma pesquisa alargada, de absorção

de várias correntes e leituras concepções e seus duplos, se posicionar no sentido do

“também”, das possibilidades, no argumento, no debate, na coletividade. Diante da

continuidade da pesquisa, revela-se, entre tantas análises possíveis dos fenômenos

observados, a importância de extensão do objeto – não somente no processo de

industrialização, mas no contexto geral vivido da cidade, cidade aqui entendida como recorte

local-geográfico estabelecido para o estudo.

Ao estudar o local e seu duplo, percebe-se a necessidade de outras propostas teóricas,

inclusive da ação social como possibilidade. O estudo de DL e suas potencialidades,

embasado principalmente nas concepções de Ávila, responsável pela incursão da pesquisadora

nesse debate (ao ler seu artigo na revista Interações: “Pressuposto para a Formação

Educacional em Desenvolvimento Local”, sobre sua experiência no distrito de Pratinhas, a

pesquisadora sentiu o chamado) requer também uma observação de agência: “O que conta

mesmo é o tempo das possibilidades efetivamente criadas, o que, à sua época, cada geração

encontra disponível, isso a que chamamos de tempo empírico, cujas mudanças são marcadas

pela irrupção de novos objetos, de novas ações e relações e de novas ideias” (SANTOS, 2000,

p. 173).

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