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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS GRAZIELA DE ANDRADE VIEIRA ANÁLISE DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO EM UMA EMPRESA INDUSTRIAL DO RAMO METALÚRGICO: UM ESTUDO DE CASO São José 2011

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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

GRAZIELA DE ANDRADE VIEIRA

ANÁLISE DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO EM UMA EMPRESA INDUSTRIAL DO RAMO METALÚRGICO: UM ESTUDO DE CASO

São José

2011

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ

CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

GRAZIELA DE ANDRADE VIEIRA

ANÁLISE DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO EM UMA EMPRESA INDUSTRIAL DO RAMO METALÚRGICO: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho elaborado para disciplina de Estágio III do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Municipal de São José – USJ. Orientadora: Profª. Esp. Stela Bueno

São José

2011

GRAZIELA DE ANDRADE VIEIRA

ANÁLISE DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇO EM UMA EMPRESA

INDUSTRIAL DO RAMO METALÚRGICO: UM ESTUDO DE CASO.

Trabalho de conclusão de curso elaborado como requisito parcial para

obtenção de grau de bacharel em Ciências Contábeis do Centro Universitário

Municipal de São José – USJ avaliado pela seguinte banca examinadora:

_______________________________

Prof. Stela Bueno, Esp.

Orientadora

________________________________

Prof. Fernando N. Carvalho, Msc.

Membro Examinador

________________________________

Prof. Renato Brittes, Esp.

Membro Examinador

São José, 05 de dezembro de 2011.

Dedico esta obra a Mauri e Landa, meus pais,

meus grandes exemplos e incentivadores.

Aos meus queridos Irmãos, Thiago, Maikon,

Karine, Bruno e ao meu amado noivo,

que sempre me apoiaram no decorrer de

minha jornada acadêmica e na vida.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho, por mais individual que seja, é fruto de um esforço em equipe.

Para execução dessa pesquisa, tive a felicidade de contar com o apoio de pessoas

especiais, as quais eu quero expressar meus sinceros agradecimentos.

Primeiramente, quero agradecer a Deus por ter me guiado a todo tempo e por

ter colocado todas essas pessoas queridas no meu caminho.

Agradeço ao auxílio da professora Stela Bueno, que me permitiu a honra de

ser sua orientanda. Devo a ela todo o esforço dedicado para que eu seguisse

adiante.

Para elaboração deste trabalho também pude contar com o apoio de diversos

amigos e quero agradecer intensamente as minhas amigas Izis e Léia, pelas

caronas, pelas conversas, pelas risadas, pela troca de experiência e pela amizade

que me foi dedicada durante esses quatros anos de caminhada. Em que, por muitas

vezes, pensamos em desistir, mas que com a união percebemos que era possível

continuar e chegar até aqui.

Quero registrar meu eterno agradecimento ao meu pai, que por diversas

vezes, pacientemente ia me levar e buscar na universidade, na biblioteca, e nos

cursos que eu fiz. Meu eterno agradecimento também a minha mãe, que

ininterruptamente dedicou muito amor e carinho, sempre preocupada com a minha

alimentação, meu cansaço e meus estudos.

Meus sinceros agradecimentos aos meus amados irmãos, pela vontade que

mostravam toda vez que eu precisava de ajuda, em especial ao Bruno, que sempre

me acompanhou nas batalhas e até na busca por livros para que este TCC fosse

concluído. A minha irmã Karine, que “pegava no meu pé” quando eu faltava aula e

sempre me deixava com a consciência pesada por isso. A minha linda e amada

sobrinha Emily, que com seu jeitinho adorado sempre me serenava e distraia

quando eu estava tensa e preocupada.

Agradeço muito ao meu noivo Gibrail, por todo o amor e paciência com que

me ouviu e incentivou nesses quatro anos.

Também sou grata a todas as pessoas que direta ou indiretamente

contribuíram com minha formação acadêmica e com a realização do presente

trabalho.

“Tantas vezes pensamos ter chegado;

tantas vezes é preciso ir além.”

(Fernando Pessoa)

RESUMO

Este trabalho tem como enfoque geral recomendar uma abordagem de formação de preço mais adequada para uma empresa industrial do ramo metalúrgico. Foi elaborado um estudo qualitativo, por se tratar de um estudo de caso, e um estudo quantitativo, haja vista o procedimento da pesquisa necessitar quantificar os documentos precedentes para subsidiar a resposta do problema. Através de uma pesquisa documental e bibliográfica; e entrevista não estruturada com o empresário, foram coletados os dados a serem analisados. Para haver um melhor entendimento do assunto o estudo foi fundamentado teoricamente. Foram abordados os assuntos sobre a contabilidade de custos e a formação de preço através dos custos. A empresa estudada trabalha com produção sob ordem de encomenda e o controle por ela utilizado é feito através de planilhas simples. O método de custeio utilizado para precificação foi o RKW (ou custo pleno), por alocar os custos e despesas ao produto. Contudo, chegou-se a conclusão que a análise dos custos torna-se fundamental para não gerar uma expectativa enganosa de lucro.

Palavras-chave: Análise de custo. Produção por ordem de encomenda. Formação de preço.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Empresas Comerciais ................................................................................ 19

Figura 2: Empresas Industriais .................................................................................. 20

Figura 3: Contabilidade de Custos como processador de informações..................... 20

Figura 4: Integração entre funções. ........................................................................... 22

Figura 5: Custos versus despesas. ........................................................................... 24

Figura 6: Exemplificação da Terminologia de Custos ............................................... 25

Figura 7: Custo Fixo .................................................................................................. 28

Figura 8: Custo Variável ............................................................................................ 28

Figura 9: Esquema Básico do Custeio por Absorção ................................................ 29

Figura 10: Direcionador de Custos ............................................................................ 31

Figura 11: Visão do custo ABC ................................................................................. 32

Figura 12: Fórmula de capitalização composta ......................................................... 36

Figura 13: Organização da MV Serralheria ............................................................... 38

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Custo Diretos e Indiretos .......................................................................... 40

Quadro 2: Custo Fixo e Variável ............................................................................... 40

Quadro 3: Custo com a matéria prima....................................................................... 41

Quadro 4: Valor da Mão de obra ............................................................................... 42

Quadro 5: Custo total com Mão de Obra ................................................................... 42

Quadro 6: Tempo de Produção ................................................................................. 42

Quadro 7: Alocação da Mão de obra ......................................................................... 43

Quadro 8: Cálculo do Quilograma para Zincagem .................................................... 44

Quadro 9: Cálculo dos serviços de terceiros ............................................................. 44

Quadro 10: Materiais de uso e consumo ................................................................... 44

Quadro 11: Preço dos materiais de uso e consumo .................................................. 45

Quadro 12: Rateio da energia elétrica. ...................................................................... 46

Quadro 13: Custo do aluguel ..................................................................................... 46

Quadro 14: Apuração da Depreciação Mensal .......................................................... 47

Quadro 15: Custo da Depreciação ............................................................................ 47

Quadro 16: Despesas Operacionais ......................................................................... 48

Quadro 17: Despesas diretas .................................................................................... 48

Quadro 18: Rateio das despesas indiretas................................................................ 49

Quadro 19: Formação de preço de venda ................................................................. 50

Quadro 20: Capitalização Composta ......................................................................... 51

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABC – Custeio baseado por atividades (Activity Based Costing)

DFC – Demonstração do fluxo de caixa

DLPA – Demonstração dos lucros e prejuízos acumulados

DMPL – Demonstração das mutações do patrimônio líquido

DRE – Demonstração do resultado do exercício

DVA – Demonstração do valor adicionado

INPC – Índice Nacional de Preços ao consumidor

MAQ. - Máquinas

MD – Materiais diretos

MOD – Mão-de-obra direta

RKW – Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................................... 13

1.3 PROBLEMÁTICA E OBJETIVOS......................................................................... 14

1.3.1 Pergunta da pesquisa .................................................................................... 14

1.3.2 Objetivo Geral ................................................................................................. 15 1.3.3 Objetivos Específicos .................................................................................... 15

1.4 PROCEDIMENTOS METADOLÓGICOS ............................................................. 15

1.4.1 Modalidades da pesquisa .............................................................................. 15 1.4.2 Coleta de dados .............................................................................................. 16 1.4.3 Análise e interpretação .................................................................................. 17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 18

2.1 CONTABILIDADE FINANCEIRA, CUSTOS E GERENCIAL ................................ 18

2.1.1 Contabilidade financeira a contabilidade de custos ................................... 18 2.1.2 Contabilidade de Custos e a Gerencial ........................................................ 20 2.1.3 Contabilidade financeira versus contabilidade de custos e contabilidade gerencial................................................................................................................... 21

2.2 CONCEITOS BÁSICOS DE CUSTOS ................................................................. 23

2.2.1 Terminologia ................................................................................................... 23 2.2.2 Elementos formadores do Custo dos Produtos Industriais ....................... 26 2.2.3 Classificação dos Custos .............................................................................. 26

2.3 MÉTODOS DE CUSTEIO .................................................................................... 28

2.3.1 Custeio por absorção ..................................................................................... 28 2.3.2 Custeio variável ............................................................................................ 30 2.3.3 Custeio Baseado por Atividades - ABC ........................................................ 30 2.3.4 Custo Pleno ou RKW .................................................................................... 32

2.4 FORMAS DE CUSTEIO .................................................................................. 33

2.5 SISTEMA DE ACUMULAÇÃO POR ORDEM DE ENCOMENDA .................... 33

2.6 FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA COM BASE NOS MÉTODOS DE

CUSTOS ................................................................................................................... 34

2.6.1 Multiplicador sobre os Custos (Mark-up) ..................................................... 35 2.6.2 Custo de oportunidade dos recursos no tempo .......................................... 36

3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 37

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA .................................................................... 37

3.1.1 Processo industrial da empresa MV SERRALHERIA .................................. 38

3.2 ANÁLISE DOS CUSTOS ..................................................................................... 39

3.2.1 Custos diretos e indiretos ........................................................................... 39

3.2.2 Custo Fixo e Variável ................................................................................... 40

3.3 CUSTOS DIRETOS DE PRODUÇÃO E SUA ALOCAÇÃO ............................. 41

3.3.1 Matéria Prima ................................................................................................ 41 3.3.2 Mão-de-obra .................................................................................................. 41

3.3.3 Serviços de terceiros ................................................................................... 43 3.3.4 Material de uso e consumo .......................................................................... 44

3.4 CUSTOS INDIRETOS DE PRODUÇÃO E SUA ALOCAÇÃO .............................. 45 3.4.1 Energia Elétrica............................................................................................. 45

3.4.2 Aluguel .......................................................................................................... 46 3.4.3 Depreciação .................................................................................................. 46

3.5 DESPESAS OPERACIONAIS ............................................................................. 47

3.5.1 Despesas diretas .......................................................................................... 48

3.5.2 Despesas indiretas ....................................................................................... 48

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 52

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54

12

1 INTRODUÇÃO

Obter o maior retorno possível do capital investido é um dos principais

objetivos de qualquer empresa com fins lucrativos. E para atingir tal objetivo a

empresa necessita de planejamento, controle, e organização. Outro fator importante

para as empresas que visam o lucro é a formação de preço.

O preço exerce uma importante função na atividade econômica, tanto para

quem compra, quanto para quem vende. Do ponto de vista do consumidor, o preço

deve ser acessível e justo, e pelo ponto de vista de quem vende (empresa

ofertante), além de acessível e justo o preço dos seus produtos servem para suprir

os custos, gerar lucro e mantê-la permanente no mercado. De acordo com Sardinha

(1995, p.1),

O sucesso empresarial pode não ser consequência da DECISÃO DE PREÇO. Contudo, o preço equivocado de um produto certamente o levará ao insucesso. E definir o valor de sua comercialização jamais poderá realizar-se de forma cartesiana [...].

Certamente, formular os preços dos produtos não é tarefa fácil, mas será

indicado como é possível realizá-la de forma coerente. No entanto, para que isso

aconteça é necessário obter algum conhecimento ligado a área de custos.

Na visão de Martins (2008, p. 22) “O conhecimento dos custos é vital para

saber se, dado o preço, o produto é rentável; ou, se não é rentável, se é possível

reduzi-los (os custos).”

A contabilidade, ciência que estuda o patrimônio das entidades, oferece

informações a seus usuários que possibilita a integração da empresa com os

resultados.

Para Leoni (2000, p. 24), “Contabilidade de custos organiza, dimensiona e

planeja a qualidade, a forma e as características dos dados de setores fundamentais

[...]”.

Bruni e Famá (2008, p.19) afirmam, “De modo geral, custos podem ser

definidos como medidas monetárias dos sacrifícios com os quais uma organização

tem que arcar a fim de atingir seus objetivos.”

13

Neste sentido, o presente trabalho procurou analisar os custos que são

absorvidos na fabricação de artigos de serralheria, os métodos de custeio e na

sequência formular um modelo de precificação de acordo o conhecimento adquirido

pela pesquisa bibliográfica.

1.2 JUSTIFICATIVA

A metalúrgica é um conjunto de técnicas que o homem desenvolveu com o

decorrer do tempo, que lhe permitiu extrair e manipular metal. A serralheria é um

ramo da metalúrgica, pois trabalha com metais de forma artesanal. Este ramo de

atividade atua com crescimento continuo, mas ressalta-se que este mercado tem se

caracterizado pela alta competitividade. (SEBRAE, 2011)

A competitividade é uma questão de grande relevância da atualidade. Uma

empresa só é competitiva quando consegue se colocar em vantagem a frente de

seus concorrentes. Para isso é necessário utilizar de forma adequada as

ferramentas disponíveis e assim obter a maior “fatia do bolo”.

Conforme Triffany (1998, p. 121),

A competição é uma força que deve ser considerada devido ao poder dos clientes. Os clientes estão lá fora fazendo escolhas, decidindo o que comprar e onde gastar seu dinheiro em função de suas necessidades e disposição de pagar por elas.

Para chegar cada vez mais perto do seu objetivo, as empresas apostam no

seu diferencial e pode-se dizer que a diferença se dá justamente onde muitas vezes

o empresário menos espera, no custo. Na visão de Porter (1989, p. 57), “A

vantagem de custos é um dos dois tipos de vantagem competitiva que uma empresa

pode possuir.”

Segundo Leone (2000, p. 21), “A contabilidade de Custos produz informações

gerenciais para que diversos níveis hierárquicos da administração sejam capazes de

planejar, controlar e decidir com maior eficiência e eficácia.”

A empresa que conhece seus custos já esta um passo a frente das demais e

pode usá-los como estratégia na tomada de decisões.

14

Crepaldi (1998, p. 20) compreende que, “A contabilidade de custos está

afundando as empresas. Se quisermos nos manter competitivos temos que mudar

nossos sistemas de custos” e para que isso aconteça é necessário conhecê-los.

Uma das decisões mais importantes a ser tomada é a formação de preço, no

entanto é também um dos fatores mais intrigantes, visto que o consumidor faz a

análise do benefício e o custo originado; e empresa ofertadora analisa o custo e o

lucro gerado.

Padoveze (2003, p. 5) afirma que a contabilidade de custos “[...] é o segmento da

ciência contábil especializado na gestão econômica do custo e dos preços de venda

dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas”.

Este trabalho justifica-se pelo fato que, muitas vezes, para formular o preço

de venda o empresário analisa dados coletados de forma empírica, histórica e até

subjetiva. Esse tipo de dados não atende mais as necessidades da empresa, uma

vez que atribuir um preço no produto sem conhecer os seus custos pode

comprometer os resultados e o bom desempenho da organização.

1.3 PROBLEMÁTICA E OBJETIVOS

1.3.1 Pergunta da pesquisa

Em um mercado competitivo, a formação de preço torna-se complexa, pois

envolve fatores internos e externos que, muitas vezes, são de difícil identificação e

mensuração. No entanto, o processo de formação de preço é fundamental para que

a empresa conquiste uma vida duradoura e saudável. Conforme Bernardi (1996, p.

31):

Um sistema de formação de preço relaciona-se diretamente com informações de custo e delas depende. Para que o sistema de formação de preços seja desenvolvido, há necessidade de informações precisas, detalhadas e em tempo do custo, seus elementos, composição e tratamento, para que as diversas variáveis de ordem econômica sejam corretamente consideradas e a decisão seja de boa qualidade.

Diante da definição acima, questiona-se: Como pode ser elaborada a

formação de preço em uma Empresa Industrial do ramo Metalúrgico para obter uma

margem de lucro satisfatória?

15

1.3.2 Objetivo Geral

Como objetivo geral, este estudo pretende recomendar uma abordagem

viável para formação do preço através dos custos e despesas em uma empresa

industrial do ramo metalúrgico.

1.3.3 Objetivos Específicos

De forma específica buscar-se-á:

Pesquisar através de referências bibliográficas, assuntos relacionados à

definição de custos, métodos de custeio e existentes adaptações;

Levantar os elementos de custos de produção, analisá-los e classificá-los;

Preparar planilhas para apoio à elaboração da formação de preço;

Proporcionar ferramentas para a escolha da formação de preço.

1.4 PROCEDIMENTOS METADOLÓGICOS

Para desenvolver uma pesquisa, é essencial que o autor possua algum

conceito e conhecimento que o orientarão no momento da realização do trabalho

acadêmico e na busca pela realização de seus objetivos. E, para alcançar tais

objetivos faz-se necessário à utilização de uma metodologia de pesquisa que

demonstre os procedimentos usados.

1.4.1 Modalidades da pesquisa

Denomina-se o presente trabalho como sendo uma pesquisa aplicada, pois a

mesma dará a resposta em sua aplicação no problema.

No que diz respeito à abordagem do problema, caracteriza-se como

qualitativo por se tratar de análises de dados obtidos através de documentos, livros,

relatórios e entrevistas com o empresário, e um estudo quantitativo, haja vista o

procedimento da pesquisa necessitar quantificar os documentos precedentes para

subsidiar a resposta do problema.

Caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quando pelo tratamento delas por meio estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. Richardson (1999, p. 70 apud BEUREN, 2006, p. 92).

16

Verifica-se que o problema remete a uma pesquisa exploratória, quanto aos

objetivos. Pretende-se buscar um método melhor para a formação de preço de uma

indústria de fabricação de artigos de serralheria. Nessa tipologia há uma

preocupação em explorar a viabilidade de sua implantação. Gil (1999 apud

BEUREN, 2006), destaca que a pesquisa exploratória “é desenvolvida no sentido de

proporcionar uma visão geral acerca de um determinado fato”.

Quanto aos procedimentos, refere-se a uma pesquisa do tipo Estudo de

Caso, por ser concentrado em um único caso. Segundo Gil (1999, p. 73 apud

BEUREN, 2006, p. 84):

O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimentos amplos e detalhados do mesmo, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados.

Também será utilizado o procedimento bibliográfico, pois objetiva

recolher informações e conhecimentos mediante material já elaborado acerca do

problema. Na compreensão de Cervo e Bervian (1983, p. 55 apud BEUREN, 2006,

p. 86), “A pesquisa bibliográfica explica um problema a partir de referenciais teóricos

publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte

da pesquisa descritiva ou experimental”.

O procedimento Documental integrará este trabalho de forma que

serão utilizados documentos como relatórios, planilhas de controle, orçamentos e

demonstrações contábeis. Segundo Silva e Griogolo (2002 apud BEUREN, 2006),

“[...] na pesquisa documental vale-se de materiais que ainda não receberam

nenhuma análise aprofundada”.

1.4.2 Coleta de dados

A Coleta de Dados será feita em documentos de fontes primárias e fontes

secundárias. Na pesquisa de fonte primária ou documental podem-se encontrar

documentos de arquivos privados, contratos, gráficos, relatórios administrativos e

Demonstrações Contábeis. Na pesquisa de fonte secundária ou bibliográfica, serão

utilizados livros e demais documentos que abordam o assunto.

17

1.4.3 Análise e interpretação

Será uma análise quantitativa e qualitativa no que diz respeito aos aspectos

metodológicos, visando estudar vários documentos. Kerlinger (1980 apud BEUREN,

2006), define o processo de análise como “a caracterização, ordenação,

manipulação, e sumarização de dados”. Trata-se de transformar os dados brutos em

resultados, trabalhando com materiais obtidos através da coleta de dados.

18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo será destinado a fundamentar a contabilidade de custos e a

formação de preços para melhor compreensão e análise do tema e como auxílio na

tomada de decisão.

Para formar o preço de venda de um produto, além do lucro desejado é

necessário que a empresa conheça efetivamente seus custos.

Desta forma, a contabilidade de custos deve auxiliar na determinação do

lucro, aproveitando os dados coletados nas demonstrações contábeis, ou

processando-os de maneira diferente, tornando-os mais úteis à administração. A

contabilidade de custos também ajuda no controle das operações da empresa e

demais recursos produtivos, como os estoques, com a sustentação de orçamentos,

comparações entre previsto e realizado. Este seguimento da contabilidade apóia na

tomada de decisões referente à produção (o que, quanto, como e quando fabricar),

ou seja, verificar a capacidade de produção da empresa e os produtos que devem

ser cortados da linha de produção; e a fixação de preços de venda dos produtos.

2.1 CONTABILIDADE FINANCEIRA, CUSTOS E GERENCIAL

O escopo deste trabalho é a análise de custos e a formação de preço, por

isso entender a contabilidade de modo geral é importante, para utilizá-la como

ferramenta no apoio da tomada de decisão.

Para entender melhor a importância e contribuição de cada uma delas, neste

capítulo será explicado a função de alguns segmentos da contabilidade e suas

amarrações.

2.1.1 Contabilidade financeira a contabilidade de custos

A contabilidade financeira nasceu na era Mercantilista1 e até nos dias de hoje é

1 Época em que as empresas compravam mercadorias e a revendiam, sem transformá-las.

19

utilizada por usuários externos que necessitam de informações guiadas por

princípios contábeis geralmente aceitos, tais como bancos, fornecedores, clientes,

acionistas e os demais usuários da contabilidade. (MARTINS, 2008) Essas

informações são obtidas através das demonstrações contábeis – Balanço

Patrimonial, DRE, DLPA, DFC, DMPL, e DVA – elaborados periodicamente com

base em princípios e normas.

Segundo Viceconti & Neves (2003, p.5), “A contabilidade financeira tem por

objetivo controlar o patrimônio das empresas e apurar resultado (variação do

patrimônio).”

Essas demonstrações financeiras, embora úteis para administração assim como para os usuários externos, não são suficiente. Relatórios, listagens e análises adicionais são necessários para o uso interno no planejamento e controle. (VANDERBECK E NAGY, 2003, p.18).

Até a Revolução Industrial no século XVIII, praticamente, só existia

Contabilidade Financeira, por estar bem estruturada para servir as empresas

comerciais. A Contabilidade de Custos nasceu da necessidade de maiores

informações que permite basear-se nelas para tomada de decisões adequadas.

Antes desse advento, as empresas exerciam operações que resumiam em

compra e venda de um produto, como podemos observar na figura 1.

Figura 1: Empresas Comerciais Fonte: Elaborado pela Autora, 2011.

Logo, com a revolução industrial a contabilidade teve que se adequar a nova

realidade econômica, que veio através do aparecimento das máquinas e

consequentemente a produção, ou seja, transformação de matérias-primas em

produtos, como demonstra a figura 2.

20

Figura 2: Empresas Industriais Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

O produto elaborado passou a ser o resultado da agregação de diferentes

matérias e esforços de produção, sendo chamado de custo de produção ou

fabricação.

2.1.2 Contabilidade de Custos e a Gerencial

Para Bruni e Famá (2008, p. 22), “A contabilidade de custos pode ser definida

como um processo ordenado de usar os princípios da contabilidade geral para

registrar os custos de operação de um negócio.”

Na contabilidade de custos, todos os dados são organizados e transformados em

informações, de extrema importância e utilidade para contabilidade gerencial.

Figura 3: Contabilidade de Custos como processador de informações.

Fonte: Leoni (2000, p. 21)

Com o aumento da competitividade, os custos são de grande relevância na

hora de decisão, pois podem atingir diretamente os resultados da empresa.

21

A contabilidade de Custos, cuja função inicial era de fornecer elementos para avaliação dos estoques e apuração do resultado, passou, nas ultimas décadas, a prestar duas funções muito importantes na contabilidade gerencial: a utilização dos dados de custo para auxilio ao controle e para tomada de decisão. CREPALDI (1998, p. 18).

A contabilidade gerencial nasceu nos EUA no século XIX, juntamente, com as

indústrias e a com contabilidade de custos, pois as empresas necessitavam de

informações úteis para assegurar a eficiência e eficácia. A Contabilidade Gerencial é

caracterizada como um instrumento para tomada de decisão, com objetivo de ajudar

o empresário a administrar o negócio. Na compreensão de Crepaldi (1998, p. 18):

Contabilidade gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais. É voltada para a melhor utilização dos recursos econômico da empresa, através de um adequado sistema de informação gerencial.

A contabilidade de custos, vinculada à contabilidade gerencial, formam uma

harmonia satisfatória apesar das limitações muitas vezes enfrentadas, pois o

primeiro segmento busca os dados e o segundo segmento transforma esses dados

em informações.

2.1.3 Contabilidade financeira versus contabilidade de custos e contabilidade gerencial

Para tentar adaptar com coerência as informações de um segmento da

contabilidade a outro é necessário conhecer suas diferenças. Horngren; Foster;

Datar (2000, p. 2):

Na prática, faz-se muitas vezes uma distinção entre a contabilidade gerencial e financeira. A contabilidade gerencial mensura e relata informações financeiras bem como outros tipos de informações que ajudam os gerentes a atingir metas da organização. A contabilidade financeira se concentra nos demonstrativos dirigidos ao público externo que são guiados pelos princípios contábeis geralmente aceitos.

A contabilidade direcionada para o segmento gerencial se diferencia da

contabilidade financeira pela maneira que trata, organiza e demonstra as

informações coletadas.

Já contabilidade de custos está interligada com a financeira e a gerencial,

segundo Horngren; Foster; e datar (2000, p.2):

22

A contabilidade de custos mensura e relata informações financeiras e não financeiras relacionadas à aquisição e ao consumo de recursos pela organização. Ela fornece informações tanto para a contabilidade gerencial quanto para a contabilidade financeira.

A diferença entre os segmentos da contabilidade é colocada a seguir:

a) A Contabilidade financeira é dependente às imposições legais e requisitos

fiscais; atende geralmente os usuários externos através das demonstrações

contábeis já especificadas anteriormente neste trabalho.

b) A Contabilidade Gerencial é voltada para administração de empresas, não se

condiciona às imposições legais e tem por objetivo gerar informações úteis para

tomada de decisões, como por exemplo, relatórios de desempenho e orçamentos.

c) A Contabilidade de Custos é voltada para constituição de informação e

mensuração referente aos gastos realizados pela empresa no decorrer de suas

operações.

Se a Contabilidade Financeira fizer a classificação contábil de acordo com a

orientação dada pela contabilidade de custos, estaremos diante de um fenômeno da

integração de funções (LEONI, 2000).

Figura 4: Integração entre funções.

Fonte: Adaptado, Leoni (2000, p.35)

A figura 4 demonstra que, na área “A” é a unificação de todas as funções, na

qual é feito o registro contábil. A “produção” fornece informações para contabilidade

de custos (2) e também para contabilidade geral/financeira (1), cada uma de forma

específica, ou seja, a produção fornece dados para contabilidade de custos e esta a

23

transforma em informações complementares, alimentando os relatórios dos

administradores e também a contabilidade financeira.

2.2 CONCEITOS BÁSICOS DE CUSTOS

Ao iniciar uma conversa, as pessoas envolvidas devem utilizar os mesmos

termos e conceitos para haver o entendimento entre elas. Assim acontece também

com a contabilidade. Crepaldi (2002, p.17) afirma “a contabilidade de custos, bem

como a contabilidade mercantil, usa terminologias próprias cujos termos muitas

vezes são usados com diferentes significados.” Desta forma, é necessário

compreender os significados e os termos para permitir uma uniformização de

conceitos.

2.2.1 Terminologia

Para começar a apreender a contabilidade de custos, primeiramente, é

necessário entender e distinguir certas terminologias. Desta forma serão abordadas

seguintes nomenclaturas para aplicar à Contabilidade de Custos:

a) Gastos - Quando se usa o termo gastos, significa que foi efetuada a compra

de um bem, direito ou serviço que se concretiza no momento do reconhecimento

contábil, ou transferência de propriedade. Segundo Hernandez, Oliveira e Costa

(2001, p. 16) “O gasto são os bens e serviços obtidos por meio do desembolso

imediato ou futuro. Logo, para existir um gasto, é necessário que aconteça

basicamente dois eventos: a compra e o desembolso. Exemplos:

Gastos com matéria-prima;

Gastos com energia elétrica;

Gastos com aluguéis.

Os gastos podem ser transformados em investimentos, custos ou despesas.

b) Desembolso - Como a própria nomenclatura já descreve, desembolso é

concretizado no ato do pagamento referente à aquisição de um bem ou serviço. De

modo simplificado, desembolso é a saída de dinheiro do caixa ou do banco. O

desembolso pode ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade comprada

(MARTINS, 2008).

24

c) Investimento – É a ativação do gasto, ou seja, o momento em que ele passa a

ser contabilizado com expectativas de benefícios futuros. No caso da matéria-prima,

por exemplo, na aquisição é um gasto, na ativação (ou contabilização) é um

investimento, pois vai para o ativo circulante da empresa. Martins (2008, p. 25)

exemplifica:

[...] a matéria-prima é um gasto contabilizado temporariamente como investimento circulante; a máquina é um gasto que se transforma num investimento permanente; as ações adquiridas de outras empresas são gastos classificados como investimentos circulantes ou permanentes, dependendo da intenção que levou a sociedade à aquisição.

Ainda no caso da matéria-prima, esta será transformada em custos no

momento de sua aplicação na produção.

d) Custos - Para Santos et al (2006, p. 20) “[...]pode-se conceituar custos como

sendo o consumo de ativos necessários para produção[...]”. Custos também são

gastos, ativado no momento de sua utilização na produção de um determinado bem

ou serviço. Portanto, o custo são gastos consumidos na produção.

e) Despesas - Passado a fase do processo de fabricação, tudo relativo à

obtenção de receitas diz respeito a despesas. Martins (2008, p. 26) afirma “Todo

produto vendido e todo o serviço ou utilidade transferido provocam despesas”.

Sendo assim, o custo se transforma em despesa quando o bem ou serviço é

consumido.

Figura 5: Custos versus despesas. Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

25

A figura 5 demonstra que custos são os gastos incorridos no momento da

fabricação e as despesas são gastos relativos aos bens e serviços consumidos no

processo de geração de receitas e manutenção dos negócios da empresa. Sob o

ponto de vista de Padoveze (2003, p.13) “A despesa é um gasto ocorrido em um

determinado período e que é lançado contabilmente nesse mesmo período, para fins

de apuração do resultado periódico da empresa”.

f) Perda - De acordo com Martins (2008, p. 26) perda é “Bem ou serviço

consumidos de forma anormal e involuntário”. Uma perda não gera um novo bem ou

serviço tampouco uma receita, são apropriados diretamente no resultado do período

em que ocorrem e não devem ser confundida com despesas e custos, pois não é um

sacrifício feito para obtenção de receita. Exemplos:

Problemas com greves, enchentes, inundações, incêndios;

Material com prazo de validade vencido;

Material deteriorado por defeito anormal.

No meio desse entrelaçado de nomes e conceitos, podem-se sintetizar as

terminologias citadas acima na figura 6.

Figura 6: Exemplificação da Terminologia de Custos Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

No presente trabalho serão usados custos relativos ao consumo na produção

e despesa na fase da obtenção da receita.

26

2.2.2 Elementos formadores do Custo dos Produtos Industriais

A indústria é caracterizada pelo processo de transformação, ou seja, a

matéria-prima é processada e transformada em um produto acabado. Esse

processamento envolve vários elementos de produção formadores de custos dos

produtos e estoques industriais e que geralmente são constituídos por quatro

grandes tipos de necessidades de recursos (PADOVEZE, 2003):

a) Materiais consumidos: Compõe a estrutura dos produtos e serviços, tais como

matérias-primas, acessórios e embalagens, que são vistos no produto acabado.

b) Mão de obra: São enquadradas as despesas com salários e encargos

sociais2. Em empresas industriais, como é o caso deste trabalho, há necessidade de

separar a mão de obra direta, que trabalham diretamente no processo de

industrialização, e indireta, que estão alocados em setores de apoio na produção.

c) Custos gerais de fabricação: gastos relacionados a fabricação, tais como os

fretes, aluguel da fábrica etc.

d) Depreciação, amortização e exaustão: Considera-se a perda de valor dos

ativos imobilizados utilizados no processo industrial.

Com esses dados coletados pode-se elaborar o custo unitário do produto.

2.2.3 Classificação dos Custos

Os fatores de produção da empresa devem ser classificados conforme sua

finalidade e para haver maior realismo no cálculo do custo é necessário a

diferenciação entre custos diretos, indiretos, fixos e variáveis.

2 São classificados os encargos definidos por Leis (INSS, FGTS, 13º, Férias) e os encargos

assumidos pela empresa (assistência médica, recreação).

27

I. Quando à incidência: pode-se classificar como custo direto ou indireto através

do relacionamento com o produto.

a) Custos diretos: Segundo Viceconti & Neves (2003, p. 17) custos diretos “São

aqueles que podem ser apropriados diretamente aos produtos fabricados, porque há

uma medida objetiva de seu consumo nesta fabricação”. Os custos diretos são

facilmente visualizados na produção e perfeitamente mensuráveis, exemplos:

matéria-prima, mão-de-obra, e embalagens.

b) Custos Indiretos: Os custos indiretos são aqueles de difícil alocação, que

precisam de aproximação, necessitando de rateio para serem apropriados. Martins

(2008, p. 79) explica “Todos os Custos Indiretos só podem ser apropriados, por sua

própria definição, de forma indireta aos produtos, isto é, mediante estimativas,

critérios de rateio, previsão de comportamento de custos etc.” Nos critérios de rateio

podem conter algum grau de subjetivismo, mediante as forma aplicada, distorcendo

os valores aos custos indiretos. No entanto, é preciso a análise de cada empresa

para melhor direcionamento do método de rateio. Alguns exemplos de custos

indiretos são: Energia Elétrica da fábrica, vigilância do prédio e aluguel do prédio.

II. Quando ao comportamento: Podem ser classificados como fixos ou variáveis

de acordo com seu comportamento em relação ao volume de produção.

a) Custos Fixos: São os custos que não variam de acordo com a demanda de

produção, ou seja, permanecem fixos mesmo que a produção varie. Para Horngren,

Datar, e Foster (2000, p. 28) “O custo fixo permanece inalterado no total de um dado

período de tempo, apesar de mudanças amplas no nível relativo de atividade ou

volume total”. Exemplos: Aluguel da fábrica, depreciação.

28

Figura 7: Custo Fixo

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

b) Custos Variáveis: Os custos variáveis variam de acordo com a demanda de

produção, isto é, quanto maior o nível de produção, maior o consumo. Conforme

Horngren, Datar, e Foster (2004, p. 28) “O custo variável muda no total em

proporção às mudanças no nível relativo de atividade ou volume total”. Exemplo:

matéria-prima, energia elétrica.

Figura 8: Custo Variável

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

2.3 MÉTODOS DE CUSTEIO

Os métodos de custeio são utilizados para apropriação de custos na obtenção

das informações, utilizadas para ajudar a empresa na tomada de decisão.

2.3.1 Custeio por absorção

O custeio por absorção é o método que trabalha com todos os custos de

produção de forma direta ou indireta. Segundo Vicenconti & Neves (2003, p. 33):

29

Custeio por absorção é um processo de apuração de custos, cujo objetivo é ratear todos os seus elementos (fixos ou variáveis) em cada fase da produção. Logo um custo é absorvido quando for atribuído a um produto ou unidade de produção, assim cada unidade ou produto receberá sua parcela no custo até que o valor aplicado seja totalmente absorvido pelo custo dos produtos vendidos ou pelos Estoques Finais.

Ele consiste na apropriação de todos os custos (diretos, indiretos, fixos e

variáveis) na fabricação dos produtos, ou seja, todos os gastos relativos ao

empenho e fabricação são atribuídos para os produtos elaborados. Para Leone

(2000, p. 242) “O próprio nome do critério é revelador dessa particularidade, ou seja,

o procedimento é fazer com que cada produto ou produção (ou serviço) absorva

parcela dos custos diretos ou indiretos, relacionados à fabricação.”

Figura 9: Esquema Básico do Custeio por Absorção

Fonte: Martins (2008, p. 37)

Este método é aplicado pela maioria das empresas por atender as exigências

fiscais e societárias. O Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações (2010, p.

505), enfatiza: Há inúmeros métodos de custeio e critérios de avaliação da produção e dos estoques, e dentro dos princípios fundamentais da contabilidade, consagrados pela Lei 6.404/76, e pelo Pronunciamento Técnico CPC 16 – Estoques o método de custeio real por absorção é indicado. Isso significa dizer que devem ser adicionados ao custo da produção os custos reais incorridos, obtidos pela contabilidade geral e pelo método de absorção, o que significa a inclusão de todos os gastos relativos à produção, quer diretos, quer indiretos em relação a cada produto.

30

Cabe mencionar que em muitos casos este tipo de método não é o mais

aconselhável, por ratear de modo arbitrário os custos indiretos. Apesar de dessa

desvantagem, na prática este é ainda o critério mais utilizado (PADOVEZE, 2003).

2.3.2 Custeio variável

Neste método só são alocados custos variáveis, sendo os fixos separados e

considerados como despesas do período, indo diretamente para o resultado.

Para Viceconti & Neves (2003, p.149):

O custeio variável (também conhecido como Custeio Direto) é um tipo de custeamento que consiste em considerar como Custo de Produção do Período apenas os Custos Variáveis incorridos. Os custos fixos, pelo fato de existirem mesmo que não haja produção, não são considerados como custo de produção e sim como Despesas, sendo encerrados diretamente contra o resultado do período.

Este método de custeamento é amplamente utilizado com ferramenta na

tomada de decisão em curto prazo. Bornia (2002, p. 56) explica, “[...] o custeio

variável está relacionado com a utilização dos custos para o apoio a decisões de

curto prazo, onde os custos variáveis tornam-se relevantes e os custos fixos não.”

Uma das formas empregadas para facilitar o processo de tomada de decisão

é a não utilização de rateios dos custos indiretos, pois se rateados de forma

imprecisa levam a decisões inadequadas. Custos e despesas indiretas são lançados

diretamente contra os resultados.

Sá e Sá (2009, p.110) salientam “o custeio direto só considera aquilo que

‘acompanha’ diretamente a produção, admitindo que os ‘custos fixos’ devem ser

excluídos porque não ‘seguem’ o ritmo do que se fabrica”.

2.3.3 Custeio Baseado por Atividades - ABC

A nova realidade das empresas está ligada a competitividade e as exigências

do mercado, gerando variedades de produtos e aumentando os custos indiretos de

fabricação. Dessa forma, as empresas, principalmente as indústrias, tiveram que

buscar uma nova maneira de custeamento. Surgiu então o Custeio Baseado em

Atividades.

31

Martins (2008, p. 87) explica, “O Custeio Baseado em Atividades, conhecido

como ABC (Activity-Based Costing), é um método de custeio que procura reduzir as

distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos [...].”

O ABC é uma ferramenta de gestão de custos e não se limita ao simples

custeio dos produtos. Com base no ABC, os custos são apropriados primeiramente

às atividades por meio de um direcionamento, em seguida para os departamentos e

por fim aos produtos.

Nas empresas, cada atividade tem uma tarefa e para que essas tarefas sejam

concluídas elas necessariamente consomem recursos, tais como equipamentos,

mão de obra e materiais. Logo, o direcionador de custos de uma atividade é sua

tarefa ou trabalho.

Figura 10: Direcionador de Custos

Fonte: Elaborado pela Autora, 2011.

Segundo Martins (2008, p. 95), “[...] o que distingue o ABC do sistema

tradicional, é a maneira como ele atribui os custos aos produtos. Portanto, o grande

desafio, a espinha dorsal, a verdadeira ‘arte’ do ABC está na escolha dos

direcionadores de custos.” A diferença entre este método de custeio e os demais

métodos é a forma em que são atribuídos os custos indiretos, conforme a seguinte

figura:

32

Figura 11: Visão do custo ABC

Fonte: Adaptado, Padoveze (2003, p. 210)

Nos métodos mais tradicionais, os custos indiretos são alocados através de

rateios, enquanto o custeio ABC busca a relação entre o consumo dos recursos e as

atividades desenvolvidas através de direcionadores.

2.3.4 Custo Pleno ou RKW

Método que nasceu na Alemanha no século XX, conhecido como RKW

(Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit) ou custo pleno, consiste em ratear todos os

custos e despesas, da produção e as administrativas, com a ideia de usar os custos

para fixar o preço de venda.

“Neste método, os preços são estabelecidos com base nos custos plenos ou

integrais – custos totais de produção, acrescidos das despesas de vendas, de

administração e da margem de lucro desejada.” Bruni e Famá (2008, p. 268).

As técnicas de rateios são semelhantes as demais, principalmente, em

relação aos custos indiretos, e uma das desvantagens é justamente o rateio

arbitrário.

Sendo assim, é muito mais provável que uma empresa analise seus custos e

suas despesas, para assim verificar se é viável trabalhar com o preço estipulado. O

custeio pleno é basicamente utilizado para fins de controle dos custos e análise

gerencial. O objetivo deste método é auxiliar o empresário no controle e

planejamento do total dos custos e despesas. Porém, sua base não serve para fins

fiscais.

33

2.4 FORMAS DE CUSTEIO

Forma de custeio é o sistema de mensuração para registro dos custos dos

produtos e serviços. As principais formas de custeio são Real e Padrão.

a) Custeio Real - adota como base os custos já realizados na produção. Tendo

em vista o planejamento estratégico e a necessidade de antecipar os valores de

diversos tipos de custos, esta forma não é de muito auxílio, pois trata de custos já

ocorridos. No entanto, para avaliação de inventário, o Custo Real, atende todas as

exigências, legal ou fiscal. Para Crepaldi (2002, p. 265), “Neste sistema, os custos

são apropriados à medida que ocorrem e os resultados só poderão ser apurados no

final do período.”

b) Custo Padrão - Para as necessidades gerenciais, a forma de custo padrão é

bem mais aceita, por trazer antecipação dos custos esperados.

Crepaldi (2002, p.265) afirma:

Os custos, neste sistema, são predeterminados antes da produção. É o custo estabelecido pela empresa como meta para seus produtos, levando em consideração as características tecnológicas do processo produtivo, a quantidade e os preços dos insumos necessários para produção e o respectivo volume.

Esta forma de custeio trabalha melhor com orçamentos, metas e decisões em

relação ao custo dos produtos.

De forma geral, o custo real pode ser utilizado com base nos dados reais já

realizados, ou seja, históricos, já o custo padrão em vez de utilizar valores já

conhecidos, deve-se calcular o custo unitário pelo valor de dados futuros, desejados

ou esperados feito de maneira antecipada.

2.5 SISTEMA DE ACUMULAÇÃO POR ORDEM DE ENCOMENDA

O sistema de custos tem por finalidade identificar, coletar e processar

informações. O tipo depende unicamente do produto produzido e o processo de

fabricação aplicado.

O sistema de custo por ordem de produção trabalha através de encomendas,

nas quais, geralmente, o produto é especifico de cliente para cliente.

34

Para Bruni e Famá (2008, p.119), “A produção sob encomenda ocorre quando

um serviço ou produto especifico é comercializado antes ou durante sua elaboração.

Geralmente, a elaboração ocorre segundo as especificações do comprador.”

Esta apuração computa os custos do inicio da fabricação dos produtos até o

fim de sua produção, mesmo que ultrapasse o exercício contábil, transportando para

contabilidade as contas de ordem de encomenda em aberto, permanecendo no

ativo.

Hernandez, Oliveira e Costa (2001, p. 88) asseguram “[...] a produção por

encomenda é caracterizada pala fabricação ou realização especifica de produtos e

serviços diferenciados, podendo utilizar fatores de produção que se alteram de

acordo com especificações do produto ou serviço encomendado.”

Assim, o custeamento por ordem de produção pode ser visto como uma

alternativa real de verificação de custos por produto ordenado, ficando mais fácil sua

visualização e aplicação nas tomadas de decisão, como a elaboração do orçamento

e preço.

A Ordem de Produção – OP é a forma de registro na qual são alocados todos

os custos referentes à encomenda.

Os materiais devem ser registrados pelo custo real, pois a empresa com base

na aquisição dos materiais reconhece os valores; a mão-de-obra é apropriada com

as horas empregadas na encomenda e o custo indireto será rateado às OP’s com

base em algum critério definido (BRUNI E FAMÁ, 2008).

Este sistema de custeamento permite ao empresário identificar os custos

alocados ao produto e ponderar o resultado.

Uma vantagem significativa deste sistema de acumulação de custos por

ordem de encomenda é que as OP’s passadas podem servir de base para

estimativas de custos em ordens futuras.

2.6 FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA COM ENFÂSE NOS MÉTODOS DE

CUSTOS

O preço pode ser definido como a quantidade de dinheiro que o consumidor

desembolsa para adquirir um produto ou serviço e que a empresa recebe em troca

da cessão do mesmo (SARDINHA, 1995).

35

O preço de venda é uma ferramenta muito importante para a empresa, pois

além do lucro almejado há também a permanência no mercado que está cada vez

mais competitivo.

Sardinha (1995, p. 18) afirma, “Na empresa moderna, entende-se o preço

como uma das variáveis da política de marketing, cuja função é servir aos objetivos

gerais da organização.”

Uma empresa cuja produção é por ordem de encomenda, possui intensidade

na variação dos custos, sendo este, um motivo para aderir os métodos de custeio na

tomada de decisão dos preços. O empresário que conhece seus custos por produto

pode utilizar deste para liderar os preços e expandir o crescimento da empresa no

mercado.

São três os modelos principais para gestão de preços de venda:

(PADOVEZE, 2003).

a) Modelos de decisão de preços de venda orientados pela teoria econômica –

Esta é uma teoria que deve ser aplicado observando a demanda de mercado e de

seus custos. Neste modelo é necessária a identificação da estrutura de mercado em

que a empresa atua, ou seja, concorrência perfeita, monopólio, oligopólio e

concorrência monopolística.

b) Modelos de decisão de preços de venda orientados pelos custos - O modelo

de decisão de preço que será empregado neste trabalho é orientado pelos custos.

Neste caso, Padoveze (2003, p.308), explica “O modelo de decisão de preços

orientados pelos custos formam o preço dos produtos, por meio de cálculo de seus

custos e da adição de uma margem de lucro objetivada.”

c) Modelos de decisão de preço de venda orientados pelo mercado – leva em

consideração somente a demanda do produto ou ação da concorrência e o valor

percebido pelos clientes, ignorando os custos no estabelecimento de preços.

Neste trabalho o modelo de decisão de preços de venda será o orientado

pelos custos. Desta forma, a base para formação de preço será feita através de

métodos, formas e sistemas de custeamento, além de abordar o multiplicador sobre

os custos.

2.6.1 Multiplicador sobre os Custos (Mark-up)

A técnica mais utilizada na formação do preço de venda é a adoção de um

multiplicador denominado Mark-up.

36

Santos (2000, p. 190), afirma “O Mark-up é um índice aplicado sobre o custo

de um bem ou serviço para a formação do preço de venda”.

A finalidade do Mark-up é justamente de cobrir os impostos, demais despesas

operacionais e, principalmente, a margem de lucro desejada.

O mark-up é aplicado sobre os custos e despesas que variam

dependentemente do método de custeio utilizado: absorção, variável, RKW, ABC.

2.6.2 Custo de oportunidade dos recursos no tempo

Qualquer análise de preço requer que seja feita considerações sobre a

oportunidade de recursos no tempo, ou seja, o tempo entre o desembolso e o

recebimento.

De acordo com Bruni e Famá (2008, p. 270), “As comparações e cálculos

devem ser feitos a valores presentes. Comumente, cálculos que envolvem o custo

de oportunidade do dinheiro no tempo empregam a fórmula de capitalização

composta e suas derivações.”

Para calcular o valor futuro cobrado, basta aplicar a fórmula de capitalização

composta.

Figura 12: Fórmula de capitalização composta

Fonte: Adaptado, Bruni e Famá, (2008, p. 271)

O “valor presente” é o preço atual do produto, “n” é calculada entre a data de

recebimento do cliente dividida pela data de pagamento ao fornecedor. A taxa de

juros é considerada como o custo de oportunidade de recursos.

37

3 ESTUDO DE CASO

O Estudo de caso será direcionado a uma única encomenda, dentre as quais

foi recebida pela empresa MV SERRALHERIA, abordada nos próximos tópicos.

O modelo proposto para formação de preço neste trabalho será o Método

RKW ou Custo Pleno. Este método de custeio apropria todos os custos e despesas

diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, aos produtos fabricados.

O sistema de acumulação de custos não é feito através de escolhas, mas sim

através de enquadramento. A empresa estudada enquadra-se como sendo

produção por ordem de encomenda, pois os produtos são elaborados de acordo

com as especificações de cada cliente.

Em relação ao sistema de custeio, foi empregado o real, pois quando a

pesquisa foi realizada, os custos já eram conhecidos, além de que também podem

ser conhecidos através de dados reais já registrados.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

O Estudo será realizado em uma empresa industrial do ramo metalúrgico de

pequeno porte, localizada no município de São José/SC, aqui denominada como MV

Serralheria.

A empresa está no mercado há 20 anos, fabricando artigos de serralheria,

desde portões sociais até esquadrias metálicas industriais sob encomenda

intermitente.

A empresa atende clientes de setores residenciais, comerciais, industriais e

também na área de arquitetura e construções, de todas as regiões de Santa

Catarina.

Hoje, a MV Serralheria conta com o proprietário da empresa e três funcionários,

ambos atuando na produção.

38

Figura 13: Organização da MV Serralheria

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Atualmente a MV Serralheria é tributada pelo Simples Nacional, anexo II, em

4,5%.

Este estudo de caso será concentrado em uma única encomenda, recebida

de um dos principais clientes da empresa MV Serralheria, no mês de setembro de

2011. A encomenda consiste em uma grade em ferro chato 7/8 x 1’3/16 com lateral

medindo 46mts de comprimento x 80cm de altura e a frente com 21mts30cm de

comprimento x 80cm de altura.

3.1.1 Processo industrial da empresa MV SERRALHERIA

A fabricação dos artigos de serralheria são feitas por encomenda, variando as

medidas, os materiais, as formas e as necessidades de cada cliente. Por ser uma

empresa com vasta experiência, o proprietário cria seus próprios projetos e

determina um padrão, como por exemplo: se for encomendado um portão, definir se

o mesmo será vazado, de ferro chato ou redondo.

Após definir o modelo, a etapa a seguir é a medição do espaço onde será

instalado o produto.

39

Em relação aos principais materiais para produção, por serem adquiridos com

grande frequência, a indústria possui um bom relacionamento com seus

fornecedores, resultando em bons prazos e preços.

O processo de fabricação consiste em:

Corte: o material é marcado e modelado conforme o projeto do produto

escolhido.

Montagem: é a preparação das partes que compõe do item no espaço que foi

definido pelo cliente.

Soldagem: consiste em soldar as peças montadas e dar forma ao produto.

Acabamento: é o processo de esquadrejar e lixar o item projetado.

Pintura: esta parte do processo é imprescindível para um melhor acabamento

e durabilidade. Sua realização é através de serviços de terceiros.

Entrega: é feita através de veículo próprio da empresa e não é cobrado o

frete, mas existe o gasto com o combustível.

Instalação e Colocação: nessa etapa, é feita a instalação do item no espaço

definido anteriormente.

A empresa não possui canais de distribuição, pois geralmente o cliente

procura o serralheiro.

3.2 ANÁLISE DOS CUSTOS

São os gastos projetados para realização do produto que posteriormente será

incorporado ao preço de venda.

3.2.1 Custos diretos e indiretos

A empresa apresenta os seguintes custos de produção: mão-de-obra,

matéria-prima (ferro, tubos, roldanas, cantoneiras, parafusos, e bucha), materiais de

uso e consumo (eletrodo, disco de corte, disco de desbastes), energia elétrica,

aluguel, depreciação e serviços de terceiros, classificados no quadro abaixo:

40

Quadro 1: Custo Diretos e Indiretos

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

A matéria prima, mão-de-obra, serviços de terceiros e material de uso e

consumo são considerados como custo direto, pois são alocados diretamente na

produção. Já os demais custos são classificados como custos indiretos, pois os

mesmos deverão ser rateados para identificação do valor gasto na encomenda.

3.2.2 Custo Fixo e Variável

Os custos já classificados como diretos e indiretos podem variar de acordo

com o seu comportamento. Abaixo se classificam os custos fixos e variáveis

referentes à produção da encomenda:

Quadro 2: Custo Fixo e Variável Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

41

A mão-de-obra, aluguel e depreciação não variam conforme a produção, pois

são fixos, ou seja, permanecem mesmo se não houver produção. Já a matéria-

prima, energia elétrica, material indireto e serviços de terceiros variam conforme a

magnitude da encomenda, por isso são chamados de custos variáveis.

3.3 CUSTOS DIRETOS DE PRODUÇÃO E SUA ALOCAÇÃO

Para a encomenda abordada neste trabalho, a empresa MV SERRALHERIA

estimou os seguintes custos diretos de produção:

3.3.1 Matéria Prima

A matéria-prima varia de acordo com a medida e modelo da grade, e sua

estimativa de custo está discriminada no quadro abaixo, de acordo com as

especificações da encomenda.

Quadro 3: Custo com a matéria prima.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Observa-se que o custo alocado referente à matéria-prima é de R$ 1.716,10

para esta encomenda.

3.3.2 Mão-de-obra

A fabricação do produto encomendado foi elaborada de acordo com as

funções dos funcionários e proprietário. Sabe-se que os operários estão à

disposição da empresa 220 horas mensais. Foi utilizado como base de cálculo para

42

mão-de-obra: o salário, a insalubridade, e o FGTS. A empresa, por ser optante pelo

simples nacional, anexo II, não possui despesa com INSS, conforme art. 13 da Lei

Complementar 123/2006.

Quadro 4: Valor da Mão de obra

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

É necessário analisar que nas horas trabalhadas irão incidir no 13º salário e

nas férias, portanto, estes serão incluídos no custo.

Quadro 5: Custo total com Mão de Obra Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Para executar as atividades atribuídas, foi estipulado um tempo de produção

para cada setor conforme está demonstrado no quadro 6.

Quadro 6: Tempo de Produção Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

43

Cada funcionário fica responsável por uma etapa da produção e a alocação

da mão de obra foi feita de acordo com o tempo de produção.

Quadro 7: Alocação da Mão de obra

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Considerando o tempo de produção e o valor da mão de obra de cada

colaborador em sua tarefa, chega-se ao valor de custo de R$ 525,44 de mão-de-

obra para a fabricação da encomenda.

3.3.3 Serviços de terceiros

O serviço de terceiros se refere à zincagem da peça para sua finalização.

Este serviço é sempre terceirizado pela mesma empresa e o preço por quilo de

material a ser zincado é de R$ 1,05.

44

Quadro 8: Cálculo do Quilograma para Zincagem

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Com o quilograma calculado, basta aplicar o valor de R$1,05 para cada quilo.

Quadro 9: Cálculo dos serviços de terceiros

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Assim, temos o valor de R$ 620,97 serviços de terceiros referente à

zincagem.

3.3.4 Material de uso e consumo

O material de uso e consumo de produção está relacionado com o tempo de

uso das máquinas. Para cada hora/máquina há uma quantidade de materiais

indiretos utilizados.

Primeiramente, é necessário conhecer os materiais de uso e consumo

utilizados em cada máquina.

Quadro 10: Materiais de uso e consumo

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

45

Após ter conhecido os materiais de uso e consumo, é necessário precificar

cada um deles, conforme o quadro abaixo:

Quadro 11: Preço dos materiais de uso e consumo

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

O custo direto com uso e consumo será de R$ 158,66.

3.4 CUSTOS INDIRETOS DE PRODUÇÃO E SUA ALOCAÇÃO

A metalúrgica MV SERRALHERIA apresenta os seguintes custos indiretos de

fabricação: energia elétrica, aluguel e depreciação.

3.4.1 Energia Elétrica

Para o rateio para a energia elétrica será utilizado o tempo de mão-de-obra

para a realização da encomenda, conforme já foi visualizado no quadro 6.

O rateio da energia elétrica baseia-se no valor mensal de R$ 130,00. A

produção sob a encomenda aqui estudada foi dentro de um único mês e o total de

horas trabalhadas mensais é de 220 horas. Segue abaixo o quadro com o rateio

para alocação do custo de energia elétrica para a encomenda.

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Quadro 12: Rateio da energia elétrica.

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Com base no rateio, tem-se o custo indireto de energia elétrica de R$ 13,90.

3.4.2 Aluguel

A fabricação do produto é realizada num galpão alugado pela empresa MV

Serralheria. O valor mensal do aluguel é de R$ 300,00. Sabe-se que a empresa

trabalha 220 horas por mês e que o produto foi fabricado em 23,5 horas.

Quadro 13: Custo do aluguel

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Posteriormente, calculado o valor do aluguel por hora e multiplicado pelas

horas de mão de obra trabalhadas na encomenda, temos o custo de aluguel de R$

32,07.

3.4.3 Depreciação

A depreciação das máquinas e equipamentos, assim como os demais

imobilizados, é calculada no encerramento de cada mês.

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O cálculo da depreciação será realizado conforme o Regulamento do Imposto

de Renda, art. 305 a 323, no qual consta que para máquinas a taxa é de 10% anual,

no período de 10 anos.

Quadro 14: Apuração da Depreciação Mensal

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Para a identificação da depreciação, necessariamente será rateado a

depreciação mensal das máquinas empregada na ordem de encomenda por

hora/mão-de-obra.

Quadro 15: Custo da Depreciação

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Temos então o valor do custo de depreciação no valor de R$ 2,73.

3.5 DESPESAS OPERACIONAIS

Para obter uma formação de preço que possa cobrir todos os gastos da

empresa, é indispensável alocação das despesas operacionais.

A empresa MV Serralheria obteve as seguintes despesas na venda do

produto:

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Quadro 16: Despesas Operacionais

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

O combustível, a comissão e o telefone variam conforme o volume de vendas.

Já o domínio de site e honorários contábeis incidem mesmo se a empresa não

vender.

3.5.1 Despesas diretas

As despesas diretas apresentadas pela empresa foram o combustível e

comissão. O combustível foi utilizado na venda do produto, tanto para medição no

local onde o produto será instalado, quanto também na entrega neste produto. Este

totalizou em R$ 178, 21.

A comissão é calculada em 3% do valor da venda bruta. Está porcentagem

será agregada diretamente no calculo do preço do produto.

Quadro 17: Despesas diretas Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

3.5.2 Despesas indiretas

Como despesas indiretas, a empresa apresentou: telefone, domínio de site e

honorários contábeis. Estas despesas serão rateadas através das horas trabalhadas

mensais. Sabe-se que a empresa conta com a disponibilidade de 220 horas mensais

e que para esta encomenda foi utilizado apenas 23,5 horas, ou seja, 10,68% das

horas disponíveis.

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Quadro 18: Rateio das despesas indiretas

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

As despesas indiretas totalizam R$43,56.

3.6 FORMAÇÃO DE PREÇO

Após ter calculados os custos e despesas, pode-se passar para a próxima

etapa: a formação de preço.

Optou-se por utilizar o método de custeio RKW, por abranger os custos e as

despesas, sendo variáveis ou fixas, diretas ou indiretas. Este método não é aceito

pelo fisco, no entanto, o presente trabalho visa o auxílio gerencial para tomada de

decisão, que neste caso é a formação de preço.

O mark-up foi utilizado para obter-se uma margem que aplicada sobre os

gastos totais permite a obtenção do preço de venda. No cálculo do mark-up foi

considerado a comissão de 3%, o imposto de 4,5% e o lucro desejado de 30%.

Para formação de preço foi elaborada uma planilha de apoio, na qual todos os

custos e despesas. É importante ressaltar que o preço da venda deve suprir os

gastos variáveis, que se alteram conforme a produção. No entanto, o restante do

valor da venda deve ser suficiente para cobrir os custos e despesas fixas e ainda

consentir uma margem de lucro desejável. A empresa trabalhar com uma margem

de lucro de 30% em todos os serviços.

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Quadro 19: Formação de preço de venda

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Usando o método de precificação através da análise de custo, levam-se em

consideração os gastos incorridos na produção, para que se obtenha um piso mínino

e assim a empresa não irá operar no prejuízo. Esse piso mínimo, conforme

apresentado neste estudo de caso é de $5.379,30, calculado através do mark-up.

Percebe-se que a estimação do lucro foi de 30%, visando o crescimento da

empresa.

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Observando o preço das concorrentes, verifica-se que a empresa MV

Serralheria está trabalhando com um preço maior do que as demais. No entanto, os

clientes já foram conquistados escolhem a qualidade, mas se preciso fazer a

negociação, a empresa pode manipular o lucro desejado, pois este é considerado

alto.

A empresa MV Serralheria compra os materiais utilizados na produção com

prazo para pagamento de 30 (trinta) dias. Já em questão ao recebimento referente

ao produto vendido, a empresa concede um prazo de até 4 (quatro) meses, ou seja,

120 dias. O custo de oportunidade dos recursos será estimado em 0,45% a.m. com

no índice INPC3 do mês de setembro/2011.

Para calcular o valor futuro cobrado, basta aplicar a fórmula de

capitalização composta

Na data de pagamento, o preço sugerido seria igual a R$ 5.379,30. Já que a

empresa MV Serralheria financia o produto em até 120 dias, o preço cobrado

deveria ser o valor futuro do preço desejado na data atual, ou seja,

[5.379,30x(1+0,0045)120/30] = R$ 5.476,78.

No quadro abaixo pode ser demonstrado com maior clareza:

Quadro 20: Capitalização Composta

Fonte: Elaborado pela autora, 2011.

Aplicando a fórmula de capitalização composta, o preço cobrado pela

empresa deveria ser de R$ 5.476,78 considerando o prazo de quatro meses para

recebimento e a taxa INPC do mês de setembro/2011.

3 Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC)

52

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo a análise de custos e a formação de preço em

uma empresa industrial do ramo metalúrgico. Este empresa apresentou diversas

particularidades: ter um sistema de controle de gastos simples; seu sistema de

acumulação é por ordem de encomenda, o que dificulta ainda mais a formação de

preço por serem encomendas intermitentes; não possuía ordem de produção e sua

contabilidade é defasada.

Tendo em vista todas essas limitações, foram desenvolvidos e abordados

alguns controles apresentados no apêndice A. Com esses novos controles e com os

que a empresa já possuía, foram extraídos os dados necessários para análise dos

custos. Já em relação à formação de preço, a empresa MV SERRALHERIA não

possuía nenhuma tabela para auxiliá-la. No entanto, mesmo não sendo conhecedora

dos custos totais realizados para fabricação do produto, o preço estipulado por ela

supria todos os custos e despesas da empresa. Todavia, os custos e despesas

gerais só eram supridos porque a empresa conservava uma margem de lucro de

70%. Os custos que a empresa MV SERRALHERIA calculava no momento da

precificação do produto era a matéria-prima, e mão-de-obra, desprezando os demais

custos e despesas.

Após analisar os custos da empresa, pode-se verificar que dos 70% que a

empresa estimava de lucro, somente 30% são reais, ou seja, a empresa obteve 30%

de lucro no produto aqui estudado.

Embora seja o mercado quem dá o preço de venda dos produtos, este

estudo concluiu que o preço, inicialmente, deve ser calculado em cima das

condições de custo da empresa e o cuidado da administração com custos

envolvidos indica que a empresa poderá ter sucesso ou insucesso. Pois, neste caso

achava que obtinha certo lucro, no entanto, após este estudo verificou-se que era

menor, e isto aconteceu devido à falta da análise correta dos custos por parte da

empresa.

Os objetivos específicos foram atingidos, pois foram mostrados para a

empresa os custos e despesas na produção, também foi criado planilhas para

classificação dos custos e assim obtiveram-se ferramentas para formação de preço.

53

A empresa MV SERRALHERIA, por dispor destas ferramentas conseguirá

verificar os custos gerados para fabricação do produto, e assim terá uma base

mínima para formular o preço.

Recomenda-se que para trabalhos futuros uma análise de todas as

encomendas de um determinado mês, para verificar os totais dos custos e despesas

incorridos. O trabalho poderá ser com empresas do mesmo ramo, ou que utilize o

sistema de acumulação por ordem de encomenda, para serem comparados e

analisados novos métodos de custeio.

54

REFERÊNCIAS

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3. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

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5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 1998.

HERNANDEZ, José Perez Júnior; OLIVEIRA, Luis Martins de; COSTA, Rogério

Guedes. Gestão Estratégica de Custos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

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Custos. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.

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FINANCEIRAS. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as

sociedades. São Paulo: Atlas, 2010.

LEONE, George Sebastião Guerra. Curso de Contabilidade de Custos. 2. ed. São

Paulo: Atlas, 2006.

LEONE, George Sebastião Guerra. Custos, Planejamento, Implantação e Controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

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enfoque direto e objetivo. 5. ed. São Paulo: Frase, 2003.

55

PADOVEZE, Luís Clóvis. Curso Básico Gerencial de Custos. São Paulo:

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PORTER, Michael, Z. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um

desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

SANTOS, Joel José dos. Análise de Custos: remodelado com ênfase para custo

marginal, relatórios e estudos de casos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

SANTOS, Joel José dos. Fundamentos da Contabilidade de Custos. São Paulo:

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SARDINHA, José Carlos. Formação de Preço: a arte do negócio. São Paulo:

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VANDERBECK, Edward J.; NAGY, Charles F. Contabilidade de Custos. 11. ed.

São Paulo: Thomson Pioneira, 2003.

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APÊNDICE A

Requisição de matéria-prima.

APÊNDICE B

Ficha tempo de mão-de-obra4.

4 Na ficha tempo não foram incluídos os custos referentes a 13º salário e Férias. Estes estão

calculados no quadro 5.

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APÊNDICE C

Controle de matérias de uso e consumo

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ANEXO A

Planilha de controle da empresa MV SERRALHERIA

Fonte: Elaborado pela empresa MV Serralheria, 2011.

ANEXO B

Foto da encomenda finalizada

Fonte: Elaborado pela empresa MV Serralheria, 2011.