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Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas – FAFICH (UFMG) Antropologia do Gênero Cristiane Foschetti Dias (2002005596) Fichamento do texto “Sexo e temperamento” (Margaret Mead) Ao estudar sociedades mais simples não pode nos deixar de impressionar como o homem tomou poucas sugestões advindas da natureza e nelas traçou texturas sociais belas e imaginosas que denominamos civilização; sugestões a partir das quais foi possível desenvolver as idéias de categoria e casta, de sacerdócios especiais, do artista e do oráculo. Foi assim que o homem se destacou dos demais animais se tornando um ser humano com nome, uma posição e um deus. A cultura incorpora valores retirados dos temperamentos humanos cada vez mais em sua estrutura. Assim como cada uma cultura cria de modo distinto a tessitura social em que o espírito humano pode enredar-se com segurança e compreensão, pode inclinar cada indivíduo nascido dentro dela a um tipo de comportamento que não reconhece idade, nem sexo, nem tendências especiais como motivos para a elaboração diferencial. Ou então, uma cultura pode apoderar-se de fatos realmente óbvios como os aqui citados e os converte em temas culturais dominantes. A imaginação humana trabalhou reavaliando um simples fato biológico, tomou circunstância da ordem e sobre ela construiu uma superestrutura de hierarquia. Em cada cultura observa-se a construção arbitrária por associações irrelevantes e através da institucionalização de certos tipos de temperamento. Segundo Mead, este texto não é um tratado sobre o feminismo e não pretende descobrir bases universais ou diferenças reais entre os sexos. È muito simplesmente um relato de como três sociedades primitivas agruparam suas atitudes sociais em relação ao temperamento em torno dos fatos realmente evidentes das diferenças sexuais.

Antropologia Genero - Margaret Mead

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Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas – FAFICH (UFMG)

Antropologia do Gênero

Cristiane Foschetti Dias (2002005596)

Fichamento do texto “Sexo e temperamento” (Margaret Mead)

Ao estudar sociedades mais simples não pode nos deixar de impressionar como o homem tomou poucas sugestões advindas da natureza e nelas traçou texturas sociais belas e imaginosas que denominamos civilização; sugestões a partir das quais foi possível desenvolver as idéias de categoria e casta, de sacerdócios especiais, do artista e do oráculo.

Foi assim que o homem se destacou dos demais animais se tornando um ser humano com nome, uma posição e um deus.

A cultura incorpora valores retirados dos temperamentos humanos cada vez mais em sua estrutura. Assim como cada uma cultura cria de modo distinto a tessitura social em que o espírito humano pode enredar-se com segurança e compreensão, pode inclinar cada indivíduo nascido dentro dela a um tipo de comportamento que não reconhece idade, nem sexo, nem tendências especiais como motivos para a elaboração diferencial. Ou então, uma cultura pode apoderar-se de fatos realmente óbvios como os aqui citados e os converte em temas culturais dominantes.

A imaginação humana trabalhou reavaliando um simples fato biológico, tomou circunstância da ordem e sobre ela construiu uma superestrutura de hierarquia.

Em cada cultura observa-se a construção arbitrária por associações irrelevantes e através da institucionalização de certos tipos de temperamento.

Segundo Mead, este texto não é um tratado sobre o feminismo e não pretende descobrir bases universais ou diferenças reais entre os sexos. È muito simplesmente um relato de como três sociedades primitivas agruparam suas atitudes sociais em relação ao temperamento em torno dos fatos realmente evidentes das diferenças sexuais.

Comparando o modo como essas sociedades dramatizam o sexo é possível perceber melhor que elementos são construções sociais, originalmente irrelevantes aos fatos biológicos importantes do gênero e do sexo.

Constatação de que há uma diferença dos papéis e expectativas para homens e mulheres em cada cultura.

Sobre o matriarcado, Mead alerta para as dificuldades de se usar categorias de pensamento ocidental para na descrição de diferentes culturas. Nesse caso específico, o que se observa é uma simples inversão da lógica binária homem/mulher para partiarcado/matriarcado.

“Ignoramos o fato de que as culturas gozam de uma licença muito maior do que esta na seleção dos possíveis aspectos da vida humana e, embora toda cultura tenha de algum modo institucionalizado os papéis dos homens e das mulheres, não foi necessariamente em termos de contrastes entre as personalidades prescritas entre os dois sexos, em termos de dominação e submissão” (p.24).

A conformação de homens e mulheres aos papéis que lhe são atribuídos muitas vezes se expressa através do uso de determinadas vestimentas, etc., e não obrigatoriamente por diferenças de temperamentos. Tomando essa característica, Mead propõe que povos

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primitivos parecem muito mais sofisticados que nós por não incluir diferenças de temperamento entre os sexos em suas presunções culturais enquanto norma pela qual os indivíduos serão julgados.

Em nossa sociedade o que predomina é exatamente a base inata no temperamento como forma de se atribuir diferenças sociais entre os sexos.

Através de uma pesquisa entre as tribos Tchambuli, Mundugumor e Arrapesh, Mead conclui que o que é típico enquanto papel feminino e masculino em uma tribo, não é em outra.

Então, por que motivo surgem as diferenças entre as personalidades padronizadas que as diferentes culturas decretam para todos os seus membros, ou que uma cultura decreta para os membros de um sexo em contraste com os do sexo oposto?

Sobre o termo “inadaptado”, Mead inclui qualquer indivíduo que, por disposições inatas ou acidente da primeira educação, foi culturalmente “cassado”; o indivíduo para quem as ênfases mais importantes de sua sociedade parecem absurdas, irreais, insustentáveis ou completamente erradas.

São dois os tipos de desadaptados: os fisiologicamente inadequados e os desajustados culturais.

Como conclusão, têm-se que as personalidades entre os dois sexos são construídas, socialmente produzidas e que o sistema cultural, em todos os lugares pesquisados, castiga apenas os indivíduos que, apesar de toda educação, não apresentam as personalidades esperadas.