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Aplica¸ ao de autovalores e autovetores em programas de melhoramento gen´ etico Tatiana de O. Gon¸calves , ucio B. de Ara´ ujo, UFU - Faculdade de Matem´atica, 38400-902, Uberlˆandia, MG E-mail: [email protected], [email protected] Mirian F. C. Ara´ ujo, Priscila N. Faria, UFU - Faculdade de Matem´atica, 38400-902, Uberlˆandia, MG E-mail: [email protected], [email protected] Palavras-chave: Feij˜ ao, intera¸ aogen´otipo × ambiente, estabilidade, adptabilidade Resumo: Dada a grande importˆ ancia de experimentos multi-ambientais, este trabalho mostra a aplica¸ ao dos modelos AMMI na avalia¸c˜ ao de 13 gen´otipos de feij˜ao em nove ambientes. Foi poss´ ıvel verificar uma f´acil aplica¸ ao dos modelos AMMI. Observa-se tamb´ em que os gen´otipos G 2 e G 3 s˜ao est´aveis e os locais Aquidauana na ´ epoca da secas e Dourados, em qualquer ´ epoca, ao bons locais. 1 Introdu¸c˜ ao Dentro dos programas de melhoramento gen´ etico, existe uma pesquisa intensa por novas ferra- mentas estat´ ısticas que auxiliem na busca de novas variedades que proporcionem, principalmente, uma alta produtividade. Neste contexto, os modelos AMMI vem ganhando um grande destaque, principalmente no que se refere `a avalia¸ ao da produtividade em experimentos multi-ambientais. Assim o objetivo deste deste trabalho ´ e avaliar o uso de modelo AMMI aplicado a dados de produtividade de feij˜ao; encontrar quais os melhores gen´otipos e quais os melhores ambientes. 2 Materiais e M´ etodos Os dados a serem utilizados s˜ao relativos a experimentos com 13 gen´otipos de feij˜ao que foram conduzidos em 9 experimentos distintos constitu´ ıdos pelos anos agr´ ıcolas de 2000/2001, 2001/2002 e 2005/2006, nos munic´ ıpios de Dourados e Aquidauana no estado de Mato Grosso do Sul, sendo que os experimentos foram instalados na ´ epoca das ´aguas (Dourados) e tamb´ em na ´ epoca da seca (Dourados e Aquidauana). Cada local ´ e constitu´ ıdo de munic´ ıpio e uma ´ epoca de instala¸ ao. Tˆ em-se ainda que em cada experimento foi utilizado um delineamento em blocos ao acaso, com 3 blocos em cada experimento.A vari´ avel utilizada foi a produtividade (em ton/ha). Com o objetivo de verificar se existe a intera¸ ao entre gen´otipos e ambiente, realiza-se uma an´ alise de variˆ ancia conjunta. Os dados ser˜ao representados pelo seguinte modelo matem´atico: Y ijr = μ + g i + e j +(ge) ij + b r (e j )+ ε ijr (1) sendo que: Y ijr e o valor observado do iesimogen´otipono j esimo ambiente e no resimo bloco, com i =1, 2, ..., g, j =1, 2, ..., e e r =1, 2, ..., b; μe uma constante, geralmente a m´ edia; g i e o efeito do iesimogen´otipo; e j e o efeito do j esimo ambiente; (ge) ij e o efeito da intera¸ ao 381 ISSN 2317-3300

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Aplicacao de autovalores e autovetores em programas demelhoramento genetico

Tatiana de O. Goncalves, Lucio B. de Araujo,UFU - Faculdade de Matematica,

38400-902, Uberlandia, MG

E-mail: [email protected], [email protected]

Mirian F. C. Araujo, Priscila N. Faria,UFU - Faculdade de Matematica,

38400-902, Uberlandia, MG

E-mail: [email protected], [email protected]

Palavras-chave: Feijao, interacao genotipo × ambiente, estabilidade, adptabilidade

Resumo: Dada a grande importancia de experimentos multi-ambientais, este trabalho mostraa aplicacao dos modelos AMMI na avaliacao de 13 genotipos de feijao em nove ambientes. Foipossıvel verificar uma facil aplicacao dos modelos AMMI. Observa-se tambem que os genotiposG2 e G3 sao estaveis e os locais Aquidauana na epoca da secas e Dourados, em qualquer epoca,sao bons locais.

1 Introducao

Dentro dos programas de melhoramento genetico, existe uma pesquisa intensa por novas ferra-mentas estatısticas que auxiliem na busca de novas variedades que proporcionem, principalmente,uma alta produtividade. Neste contexto, os modelos AMMI vem ganhando um grande destaque,principalmente no que se refere a avaliacao da produtividade em experimentos multi-ambientais.

Assim o objetivo deste deste trabalho e avaliar o uso de modelo AMMI aplicado a dados deprodutividade de feijao; encontrar quais os melhores genotipos e quais os melhores ambientes.

2 Materiais e Metodos

Os dados a serem utilizados sao relativos a experimentos com 13 genotipos de feijao queforam conduzidos em 9 experimentos distintos constituıdos pelos anos agrıcolas de 2000/2001,2001/2002 e 2005/2006, nos municıpios de Dourados e Aquidauana no estado de Mato Grosso doSul, sendo que os experimentos foram instalados na epoca das aguas (Dourados) e tambem naepoca da seca (Dourados e Aquidauana). Cada local e constituıdo de municıpio e uma epoca deinstalacao. Tem-se ainda que em cada experimento foi utilizado um delineamento em blocos aoacaso, com 3 blocos em cada experimento.A variavel utilizada foi a produtividade (em ton/ha).

Com o objetivo de verificar se existe a interacao entre genotipos e ambiente, realiza-se umaanalise de variancia conjunta. Os dados serao representados pelo seguinte modelo matematico:

Yijr = µ+ gi + ej + (ge)ij + br(ej) + εijr (1)

sendo que: Yijr: e o valor observado do i-esimo genotipo no j-esimo ambiente e no r-esimo bloco,com i = 1, 2, ..., g, j = 1, 2, ..., e e r = 1, 2, ..., b; µ: e uma constante, geralmente a media; gi: eo efeito do i-esimo genotipo; ej : e o efeito do j-esimo ambiente; (ge)ij : e o efeito da interacao

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do i-esimo genotipo com o j-esimo ambiente; br(ej): e o efeito do r-esimo bloco dentro j-esimoambiente; εijr: e erro experimental associado ao i-esimo genotipo, no j-esimo ambiente e nor-esimo bloco assumido ser independente e com distribuicao normal com media zero e varianciaconstante (εijr ∼ N(0, σ2)).

Sendo a interacao significativa, o proximo passo e fazer a decomposicao da soma de quadradosda interacao genotipo × ambiente (SQG×E), para descartar um resıduo adicional presente nessasoma de quadrados [3]:

(ge)ij =p∑

k=1

λkαikγjk, (2)

em que λk: e a raiz quadrada do k-esimo autovalor da matriz (GE)(GE)t (ou (GE)t(GE)),com k = 1, 2, ..., q e onde q < p determina uma aproximacao de mınimos quadrados para a matrizGE pelos q primeiros termos da DVS e p = min{g−1, e−1} e λ1 ≥ λ2 ≥ ... ≥ λp; αik: e o i-esimoelemento do vetor coluna αk associado a λk; γjk: e o j-esimo elemento do vetor linha γk associado

a λk; e αik, γjk satisfazem o contraste de orto-normalizacao∑i

αikαik′ =

∑j

γjkγjk′ = 0 para

k = k′e∑i

α2ik =

∑j

γ2jk = 1;

Existem varias tecnicas estatısticas para selecionar o numero de componentes adequado nadecomposicao da SQG×E . Entre estes metodos destaca-se o teste Fr [1] que sob a hipotese nulade que nao haja mais do que n termos significativos para a interacao, existe uma distribuicaoF aproximada com f2 = (g − 1 − n)(e − 1 − n) graus de liberdade e os graus de liberdade doresıduo:

Fr =SQG×E −

∑nk=1 λ

2k

f2QMRes(3)

3 Resultados

Pela analise de variancia percebe-se que os efeitos de genotipos, ambientes e interacao genotipos× ambientes sao significativos.

A proxima etapa da analise, uma vez que a interacao e significativa, corresponde ao ajusteda interacao pela decomposicao em valores singulares (GE=USV

′), aplicada a matriz GE. O

desdobramento da SQG×E e apresentado na Tabela 1.

Eixo valores Autovalor Proporcao Proporcao GL QM F valor-psingulares(λk) (λ2

k) explicada acumulada

1 3,079 9,480 0,485 0,485 77 0,131 9,952 0,0002 1,768 3,127 0,160 0,645 60 0,116 8,805 0,0003 1,588 2,523 0,129 0,774 45 0,098 7,471 0,0004 1,484 2,202 0,113 0,887 32 0,069 5,267 0,0005 1,058 1,120 0,057 0,944 21 0,052 3,966 0,0006 0,821 0,675 0,035 0,979 12 0,035 2,661 0,0027 0,599 0,359 0,018 0,997 5 0,012 0,921 0,4688 0,246 0,060 0,003 1,000 0 - - -

Tabela 1: Teste Fr de Cornelius para determinar o numero de termos significativos para ainteracao G× E

Pela Tabela 1, observa-se que o primeiro eixo singular da interacao captura 48, 5%, o segundo16, 0%, o terceiro 12, 9%, o quarto 11, 3%, o quinto 5, 7%, o sexto 3, 5%, o setimo 1, 8% e o oitavo0, 3%. Consequentemente, o modelo AMMI com dois componentes explica 64, 5% da soma dequadrados da interacao entre genotipos e ambientes como resposta padrao.

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Para o conjunto de dados em questao, o biplot (Figura 1) de duas dimensao representa 64, 5%da SQG×E , pois este grafico utiliza os dois primeiros componentes para obter as coordenadasdos genotipos e ambientes.

−1 −0.5 0 0.5 1

−0.6

−0.4

−0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

G1

G2G3

G4

G5

G6

G7

G8

G9

G10

G11G12

G13

E1

E2

E3

E4

E5

E6

E7

E8

E9

Eixo 1

Eix

o 2

Figura 1: Biplot para os dados de producao de feijao (ton/ha), com 13 genotipos e 9 ambientes

Pela Figura 1 nota-se que os genotipos que menos contribuıram para a interacao foram osgenotipos G2, G3, G4, G6, G7 e G11, entretanto para fins de recomendacao de cultivares deseja-seuma alta performance na produtividade, que pode ser avaliada pelas medias [2]. Assim, entreestes genotipos destacam-se os genotipos G2 e G3, que tiveram a primeira e a quarta maiormedia, respectivamente, em termos de produtividade. Os demais genotipos tiveram adaptacoesespecıficas a determinados ambientes.

Entre os ambientes destacam-se E6 (combinacao do local Aquidauana na epoca das secascom o ano de 2001/2002), E7 (combinacao do local Dourados na epoca das aguas com o ano de2005/2006) e E8 (combinacao do local Dourados na epoca das secas com o ano de 2005/2006)como ambientes estaveis, enquanto que os demais locais nao sao estaveis e tem uma grandecontribuicao para a interacao G× E.

4 Conclusao

Com este estudo foi possıvel concluir que: A analise AMMI se apresentou, como uma boaferramenta, para estudar a interacao genotipo ambiente; Os genotipos G2 e G3 sao estaveis ap-resentam alta produtividade; Os locais Aquidauana na epoca das secas e Dourados em qualquerepoca sao considerados bons locais;

Referencias

[1] CORNELIUS, P. L., Statistical tests and retention of terms in the additive main effectsand multiplicative interaction model for cultivar trials. Crop Science, v. 33, p. 1186-1193,1993.

[2] DUARTE, J.B.; VENCOVSKY, R., Interacao genotipo × ambiente: uma introducao aanalise “AMMI”. Ribeirao Preto: Sociedade Brasileira de Genetica, 1999. 60p. (Serie Mono-grafias, 9).

[3] MANDEL, J., A new analysis of variance model for non-adittive data. Technometrics, v.13,n.1, p.1-18, 1971.

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