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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
ALLAN BIGATON AMPOLINI
VITOR LORIVAL KUDLANVEC JUNIOR
YURI ARNOLD GRUBER
APLICAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS NO ESTUDO DA TEORIA
DAS PLACAS
CURITIBA
2012
ALLAN BIGATON AMPOLINI
VITOR LORIVAL KUDLANVEC JUNIOR
YURI ARNOLD GRUBER
APLICAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS NO ESTUDO DA TEORIA
DAS PLACAS
Trabalho final de graduação apresentado
ao curso de Engenharia Civil do Setor de
Tecnologia da Universidade Federal do
Paraná como requisito parcial à obtenção
da graduação em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Mauro Lacerda
Santos Filho
CURITIBA
2012
iii
Este trabalho é dedicado a todos que trabalham e lutam por um mundo melhor.
iv
AGRADECIMENTOS
Aos nossos pais, que mais contribuíram para a formação do nosso caráter, nossos
eternos agradecimentos.
Aos nossos familiares, que sempre nos apoiaram nos momentos mais difíceis.
Ao nosso orientador, professor doutor Mauro Lacerda Santos Filho, pela atenção,
compreensão das nossas dúvidas e pela orientação do nosso trabalho.
A nossos professores, em especial aos que pertencem ao Departamento de
Construção Civil, por nos despertar o interesse na Engenharia de Estruturas.
Aos nossos amigos e companheiras pelo apoio, sempre com bom humor e carinho,
o que tornou a realização deste trabalho muito mais agradável.
Ao professor Wilson Picheth Gheur pela confiança na cessão de precioso material
bibliográfico sem o menor questionamento.
A Universidade Federal do Paraná, casa onde conquistamos nossa formação, pelo
acolhimento por todos estes anos.
v
RESUMO
A teoria das placas sempre foi um grande desafio matemático aos pesquisadores e
estudantes graças à complexibilidade matemática para se modelar estas estruturas
de forma mais fiel possível ao seu comportamento real, sendo ainda nos dias de
hoje alvo de inúmeros estudos. Várias hipóteses simplificadoras que possibilitam o
entendimento a nível satisfatório de problemas de placas já foram criados por
estudiosos como Kirchhoff, Love, Mindlin e Reissner, tornando possível a obtenção
de modelos matemáticos que possam levar a soluções das equações diferenciais
que governam o comportamento estrutural das placas. Além disso, ainda há dentro
deste universo o caso das placas com esconsidade, de análise ainda mais complexa
devido ao fato da não-retangularidade de seus bordos, não permitindo a aplicação
da mesma formulação matemática das placas com ângulos retos. O caso das placas
esconsas, devido à sua grande aplicação na Engenharia, levou pesquisadores a
desenvolverem métodos numéricos e tabelas que suprem as necessidades de
projetistas estruturais há décadas, como por exemplo, os modelos de Rüsch e
Homberg. Contudo, o desenvolvimento acelerado da tecnologia atual faz com que a
análise estrutural seja cada vez mais eficaz através dos métodos computacionais,
em especial do método dos elementos finitos. O objetivo deste trabalho é aplicar o
método dos elementos finitos no estudo de placas retangulares e esconsas com
diferentes tipos de condição de apoio e apresentar ao fim, além dos resultados
gráficos do comportamento dos esforços internos nas placas, uma análise
comparativa com diferentes modelos já difundidos nos meios acadêmico e
profissional. Entre estes modelos, foram utilizadas as equações de deslocamentos e
esforços internos de placas obtidos através da teoria de Kirchhoff-Love, além dos
métodos aproximados de Czerny e Bares para o caso das placas retangulares, e
dos modelos de Rüsch e Timoshenko para o caso das placas esconsas. A
comparação entre os métodos mostrou-se bastante satisfatória, apresentando na
grande maioria dos casos, desvios entre resultados abaixo dos 10%. Em alguns
casos ocorreram desvios acima deste valor, porém são situações pontuais e
justificáveis e que não comprometem a eficácia do método computacional.
Palavras-chave: Teoria das placas. Placas esconsas. Método dos elementos finitos.
vi
ABSTRACT
The theory of plates has always been a big mathematical problem for researchers
and students due to the complexity for modeling these structures as closely as
possible to their real behavior, being even nowadays subject of several studies.
Many simplifying assumptions which permit a satisfactory level of understanding
about plates have been created by researchers such as Kirchhoff, Love, Mindlin and
Reissner, which become it possible to obtain mathematical models that lead to
solutions of differential equations that govern the structural behavior of the plates.
Moreover, there is the case of skewed plates, which make the analysis even more
complex due to non-rectangularity of their edges, which does not permit the
application of the same mathematical formulation that are used for rectangular
plates. Skewed plates, due to its wide application in Engineering, have led
researchers to develop methods and numerical tables that meet structural designers’
requirements for decades, for example, the models of Rüsch and Homberg.
However, the accelerated development of current technology makes the structural
analysis increasingly effective through computational methods, especially the finite
element method. The objective of this work is to apply the finite element method in
the study of rectangular plates and skewed ones with different types of supports and
to present, in addition to the graphical results of the behavior of internal stresses on
the plates, a comparative analysis with different models already spread between
academics and professionals. Among these models, it had been used the equations
of displacements and internal forces of plates obtained through the Kirchhoff-Love
theory, beyond the approximate methods of Czerny and Bares for the case of
rectangular plates, and models of Rüsch and Timoshenko for the case of skewed
ones. The comparison between these methods proved to be quite satisfactory,
presenting in the majority of cases, differences between results below 10%. In some
cases, these deviations were above this value, but are occasional and justifiable
situations that do not compromise the effectiveness of the computational method.
Key words: Theory of plates. Skewed plates. Finite element method.
vii
“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um
objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo
fará coisas admiráveis."
(José de Alencar)
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Exemplo de viaduto com esconsidade em Curitiba-PR .............................. 6
Figura 2 - Viaduto esconso da figura 1, enfatizando a não presença de vigas na laje -
problema de placa esconsa com dois bordos livres. ................................................... 6
Figura 3 - Modelos de tabuleiros de pontes. ............................................................. 17
Figura 4 - Placa carregada (a) e estado de tensões provocado pelo carregamento
(b). ............................................................................................................................. 21
Figura 5 - Placa carregada com a representação dos seus esforços internos. ......... 22
Figura 6 - Sistema de coordenadas para uma placa retangular simplesmente
apoiada. .................................................................................................................... 24
Figura 7 - Sistema de coordenadas para uma placa retangular simplesmente
apoiada em duas extremidades com as outras duas livres. ...................................... 29
Figura 8 - Sistema de coordenadas para uma placa retangular engastada. ............. 32
Figura 9 - Modelo de ponte de grande esconsidade de Taylor. ................................ 36
Figura 10 - Representação das coordenadas oblíquas em placa esconsa. .............. 38
Figura 11 - Direção de caminhamento de cargas em pontes esconsas .................... 40
Figura 12 - Sistema de coordenadas de placa esconsa em função da direção dos
momentos principais. ................................................................................................ 41
Figura 13 – Comportamentos particulares de placas esconsas. ............................... 42
Figura 14 - Direção dos momentos principais para lajes esconsas (a) estreitas, (b)
largas, (c) com quatro bordos apoiados e (d) com bordos engastados. .................... 43
Figura 15 - Modelos de placa esconsa simplesmente apoiada em todas as
extremidades (a) e com duas extremidades livres (b). .............................................. 44
Figura 16 - Modelo de cálculo de laje esconsa proposto por Rüsch ......................... 46
Figura 17 - Posição do ponto A no modelo de Rüsch. .............................................. 48
Figura 18 - Ábaco de Rüsch para os coeficientes Ku e Kuv no ponto A. .................... 48
Figura 19 - Posição do ponto B no modelo de Rüsch. .............................................. 49
Figura 20 - Ábaco de Rüsch para os coeficientes Kx e Ky no ponto B. ...................... 49
Figura 21 - Ábaco de Rüsch para o coeficiente Kxy no ponto B................................. 50
Figura 22 - Posição do ponto C no modelo de Rüsch. .............................................. 50
Figura 23 - Ábaco de Rüsch para os coeficientes Ku e Kuv no ponto C. .................. 51
Figura 24 - Posição do ponto E no modelo de Rüsch. .............................................. 51
Figura 25 - Ábaco de Rüsch para o ponto E. ............................................................ 52
ix
Figura 26 - Modelo de cálculo de laje esconsa proposto por Homberg ..................... 53
Figura 27 - Rede de elementos finitos ....................................................................... 54
Figura 28 - Elemento finito de chapa (a), de placa (b) e de casca (c). ...................... 59
Figura 29 - (a) Exemplos de malha triangular estruturada e (b) malha estruturada
retangular aplicada a um polígono regular (retângulo). ............................................. 59
Figura 30 - (a) Exemplos de malha estruturada retangular e (b) malha estruturada
triangular aplicada a um polígono com geometria irregular. ...................................... 60
Figura 31 - Exemplos de malhas não estruturadas (a) triangular e (b) retangular. ... 60
Figura 32 - Tela de preparação da interface de usuário. ........................................... 64
Figura 33 - Diferença entre o “h-method” e o “p-method”. ......................................... 65
Figura 34 - Representação geométrica do elemento SHELL281. ............................. 66
Figura 35 - Modelo de placa analisado (A), as malhas de elementos finitos utilizadas
(B) e os desvios de resultado entre tipos de malha (a direita)................................... 67
Figura 36 - Definição das constantes geométricas do elemento finito. ..................... 68
Figura 37 - Definição do modelo de comportamento e inserção das constantes
elásticas do material .................................................................................................. 69
Figura 38 - Apresentação das condições definidas para simulação .......................... 71
Figura 39 - Representação gráfica do elemento SHELL281 com seus esforços
internos ..................................................................................................................... 72
Figura 40 - Resultado computacional da placa com quatro bordos simplesmente
apoiados deformada com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45
graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus. ............................................................................ 73
Figura 41 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção x da placa
com quatro bordos simplesmente apoiados com ângulo de esconsidade de (a) 0
graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus................................... 74
Figura 42 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção y da placa
com quatro bordos simplesmente apoiados com ângulo de esconsidade de (a) 0
graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus................................... 75
Figura 43 - Resultado computacional dos momentos de torção da placa com quatro
bordos simplesmente apoiados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30
graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus. ....................................................... 76
Figura 44 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção xy da placa
com quatro bordos simplesmente apoiados com ângulo de esconsidade de (a) 0
graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus................................... 77
x
Figura 45 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção yx da placa
com quatro bordos simplesmente apoiados com ângulo de esconsidade de (a) 0
graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus................................... 78
Figura 46 - Resultado computacional da placa com dois bordos simplesmente
apoiados e dois livres deformada com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30
graus, (c) 45 graus e (d) 60 graus. ............................................................................ 79
Figura 47 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção x da placa
com dois bordos simplesmente apoiados e dois livres com ângulo de esconsidade
de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus e (d) 60 graus. ......................................... 80
Figura 48 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção y da placa
com dois bordos simplesmente apoiados e dois livres com ângulo de esconsidade
de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus e (d) 60 graus. ......................................... 81
Figura 49 - Resultado computacional dos momentos de torção da placa com dois
bordos simplesmente apoiados e dois livres com ângulo de esconsidade de (a) 0
graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus e (d) 60 graus. ....................................................... 82
Figura 50 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção xy da placa
com dois bordos simplesmente apoiados e dois livres com ângulo de esconsidade
de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus e (d) 60 graus. ......................................... 83
Figura 51 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção yx da placa
com dois bordos simplesmente apoiados e dois livres com ângulo de esconsidade
de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus e (d) 60 graus. ......................................... 84
Figura 52 - Resultado computacional da placa com quatro bordos engastados
deformada com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d)
60 graus e (e) 75 graus. ............................................................................................ 85
Figura 53 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção x da placa
com quatro bordos engastados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30
graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus. ....................................................... 86
Figura 54 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção y da placa
com quatro bordos engastados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30
graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus. ....................................................... 87
Figura 55 - Resultado computacional dos momentos de torção na placa com quatro
bordos engastados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45
graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus. ............................................................................ 88
xi
Figura 56 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção xy da placa
com quatro bordos engastados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30
graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus. ....................................................... 89
Figura 57 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção yx da placa
com quatro bordos engastados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30
graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus. ....................................................... 90
Figura 58 - Variação do deslocamento vertical máximo variando o ângulo de
esconsidade. ............................................................................................................. 92
Figura 59 - Variação dos momentos máximos variando o ângulo de esconsidade. .. 92
Figura 60 - Variação dos momentos máximos variando o ângulo de esconsidade. .. 93
Figura 61 - Variação dos esforços cortantes máximos variando o ângulo de
esconsidade. ............................................................................................................. 93
Figura 62 - Variação do deslocamento vertical máximo variando o ângulo de
esconsidade. ............................................................................................................. 94
Figura 63 - Variação dos momentos máximos variando o ângulo de esconsidade. .. 95
Figura 64 - Variação dos momentos mínimos variando o ângulo de esconsidade. ... 95
Figura 65 - Variação dos esforços cortantes máximos variando o ângulo de
esconsidade.. ............................................................................................................ 96
Figura 66 - Variação do deslocamento máximo variando o ângulo de esconsidade. 97
Figura 67 - Variação dos momentos máximos variando o ângulo de esconsidade. .. 97
Figura 68 - Variação dos momentos mínimos variando o ângulo de esconsidade. ... 98
Figura 69 - Variação dos esforços cortantes máximos variando o ângulo de
esconsidade.. ............................................................................................................ 98
Figura 70 - Compatibilização das dimensões da placa esconsa entre os modelos de
Timoshenko e Rüsch. .............................................................................................. 106
xii
LISTA DE QUADROS E TABELAS
QUADRO 1 - HIPÓTESES PARA CADA TIPO DE PLACA EM FUNÇÃO DA
ESPESSURA ....................................................................................................... 19
QUADRO 2 - COEFICIENTES DE DEFLEXÃO DE PLACA COM DUAS
EXTREMIDADES SIMPLESMENTE APOIADAS E DUAS EXTREMIDADES LIVRES
PARA ........................................................................................................ 31
QUADRO 3 – VALORES DE DEFLEXÃO E MOMENTOS FLETORES DE PLACA
COM EXTREMIDADES ENGASTADAS EM SEUS QUATRO BORDOS............ 36
QUADRO 4 – COEFICIENTES DE DEFLEXÃO E MOMENTOS FLETORES PARA
PLACAS ESCONSAS. .......................................................................................... 45
QUADRO 5 – PONTOS DE IMPORTÂNCIA NO DIMENSIONAMENTO DE PLACAS
ESCONSAS. ......................................................................................................... 47
QUADRO 6 – FORMULAÇÕES UTILIZADAS NO MÈTODO DOS ELEMENTOS
FINITOS PARA OBTENÇÃO DE DIFERENTES TIPOS DE RESULTADOS....... 56
QUADRO 7 – POSIÇÃO DOS KEYPOINTS NO PLANO (XY). ........................... 69
TABELA 1 - NÚMERO DE ELEMENTOS FINITOS EM CADA UMA DAS PLACAS
MODELADAS........................................................................................................ 70
QUADRO 8 – RELAÇÃO DE RESULTADOS GERADOS PARA O ELEMENTO
SHELL 281. .......................................................................................................... 72
QUADRO 9 – RESULTADOS DOS ENSAIOS PARA PLACAS APOIADAS EM
TODAS AS EXTREMIDADES. ............................................................................ 91
QUADRO 10 – RESULTADOS DOS ENSAIOS PARA PLACAS APOIADAS EM
DUAS EXTREMIDADES....................................................................................... 94
QUADRO 11 – RESULTADOS DOS ENSAIOS PARA PLACAS APOIADAS EM
DUAS EXTREMIDADES....................................................................................... 96
QUADRO 12 – RESULTADOS DOS DESLOCAMENTOS MÁXIMOS VERTICAIS
PARA PLACAS RETANGULARES........................................................................ 101
QUADRO 13 – RESULTADOS DOS MOMENTOS FLETORES MÁXIMOS PARA
PLACAS RETANGULARES................................................................................. 101
QUADRO 14 – RESULTADOS DOS MOMENTOS FLETORES MÍNIMOS PARA
PLACAS RETANGULARES ................................................................................ 101
xiii
QUADRO 15 – COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DE DESLOCAMENTOS
VERTICAIS MÁXIMOS PARA PLACAS RETANGULARES ................................. 102
QUADRO 16 – COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DE MOMENTOS
FLETORES MÁXIMOS PARA PLACAS RETANGULARES ................................. 102
QUADRO 17 – COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DE MOMENTOS
FLETORES MÍNIMOS PARA PLACAS RETANGULARES .................................. 102
QUADRO 18 - COEFICIENTES DE DEFLEXÃO E DE MOMENTOS FLETORES
PARA PLACAS COM BORDOS SIMPLESMENTE APOIADOS, CALCULADOS
PELOS MÉTODOS NUMÉRICO E DOS ELEMENTOS FINITOS........................ 104
QUADRO 19 - COEFICIENTES DE DEFLEXÃO E DE MOMENTOS FLETORES
PARA PLACAS BIAPOIADAS, CALCULADOS PELOS MÉTODOS NUMÉRICO E
DOS ELEMENTOS FINITOS................................................................................. 104
QUADRO 20 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DOS DESLOCAMENTOS
TEÓRICO E COMPUTACIONAL DA PLACA RETANGULAR.............................. 104
QUADRO 21 – VALORES DE ENTRADA DAS PLACAS MODELADAS PARA OS
ÁBACOS DE RÜSCH............................................................................................ 106
QUADRO 22 – COEFICIENTES DE RÜSCH PARA PLACAS ESCONSAS........ 107
QUADRO 23 – MOMENTOS FLETORES E TORCEDORES PARA AS PLACAS
MODELADAS........................................................................................................ 107
QUADRO 24 – RESULTADOS DOS MOMENTOS FLETORES E TORCEDORES
DAS PLACAS MODELADAS ATRAVÉS DO MEF................................................ 108
QUADRO 25 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DOS MOMENTOS FLETORES
E TORCEDORES OBTIDOS PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS E PELO
MODELO DE RÜSCH........................................................................................... 109
xiv
LISTA DE SIGLAS
APDL – ANSYS PARAMETRIC DESIGN LANGUAGE
MDF – MÉTODO DAS DIFERENÇAS FINITAS
MEF – MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
1
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................... 4
1.2. OBJETIVOS ................................................................................................... 5
1.3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 5
1.4. ESTRUTURA ................................................................................................. 7
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 8
2.1. HISTÓRICO .................................................................................................... 11
2.2. TEORIA DAS PLACAS ................................................................................... 18
2.3. TEORIA DE KIRCCHOFF ............................................................................... 20
2.4. RESOLUÇÃO DA EQUAÇÃO GERAL DE LAGRANGE ................................. 23
2.4.1. Placas simplesmente apoiadas em todas as extremidades ...................... 24
2.4.2. Placas simplesmente apoiadas em duas extremidades com outras duas
livres ................................................................................................................... 28
2.4.3. Placas com todos os bordos engastados ................................................. 31
2.5. FORMULAÇÃO ANALÍTICA PARA PLACAS ESCONSAS ............................. 36
2.5.1. Momentos principais ................................................................................. 39
2.5.2. Esforços cortantes e reações de apoio ..................................................... 41
2.5.3. Modelos para cálculo de esforços em placas esconsas ........................... 43
2.6. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ......................................................... 53
2.6.1. Histórico .................................................................................................... 53
2.6.2. Apresentação ............................................................................................ 55
2.6.3. Elementos finitos bidimensionais .............................................................. 58
3. METODOLOGIA ................................................................................................. 61
3.1. DEFINIÇÃO DO MATERIAL ........................................................................... 61
3.2. DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA DAS PLACAS ................................................. 62
3.3. DEFINIÇÃO DO CARREGAMENTO ............................................................... 62
3.4. CONDIÇÕES DE CONTORNO ....................................................................... 63
3.5. MODELAGEM COMPUTACIONAL ................................................................. 63
3.5.1. Preparação da interface do usuário .......................................................... 63
3.5.2. Pré-processamento (comando /PREP7) ................................................... 65
2
3.5.3. Processamento ......................................................................................... 71
3.5.4. Pós-processamento .................................................................................. 71
4. RESULTADOS ................................................................................................... 73
4.1. PLACAS SIMPLESMENTE APOIADAS .......................................................... 73
4.1.1. Placa deformada ....................................................................................... 73
4.1.2. Momento fletor na direção X ..................................................................... 74
4.1.3. Momento fletor na direção Y ..................................................................... 75
4.1.4. Momento torcedor ..................................................................................... 76
4.1.5. Esforço cortante na direção XY ................................................................ 77
4.1.6. Esforço cortante na direção YX ................................................................ 78
4.2. PLACAS SIMPLESMENTE APOIADAS EM DOIS BORDOS ......................... 79
4.2.1. Placa deformada ....................................................................................... 79
4.2.2. Momento fletor na direção X ..................................................................... 80
4.2.3. Momento fletor na direção Y ..................................................................... 81
4.2.4. Momento torcedor ..................................................................................... 82
4.2.5. Esforço cortante na direção XY ................................................................ 83
4.2.6. Esforço cortante na direção YX ................................................................ 84
4.3. PLACAS ENGASTADAS EM QUATRO BORDOS ......................................... 85
4.3.1. Placa deformada ....................................................................................... 85
4.3.2. Momento fletor na direção X ..................................................................... 86
4.3.3. Momento fletor na direção Y ..................................................................... 87
4.3.4. Momento torcedor ..................................................................................... 88
4.3.5. Esforço cortante na direção XY ................................................................ 89
4.3.6. Esforço cortante na direção YX ................................................................ 90
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 91
5.1. COMPORTAMENTO DO DESLOCAMENTO MÁXIMO E DOS ESFORÇOS
INTERNOS COM A VARIAÇÃO DO ÂNGULO ...................................................... 91
5.1.1. Placas com os bordos simplesmente apoiados ........................................ 91
5.1.2. Placas com dois bordos livres .................................................................. 94
5.1.3. Placas com os bordos engastados ........................................................... 96
5.1.4. Considerações dos resultados .................................................................. 98
5.2. COMPARAÇÃO ENTRE MODELOS ............................................................ 100
5.1.1. Deslocamento máximo e momentos fletores da placa retangular .......... 100
5.1.2. Método numérico de Timoshenko ........................................................... 101
3
5.1.3. Modelo de Rüsch .................................................................................... 105
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 110
6.1. CONCLUSÃO ............................................................................................... 110
6.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 112
APÊNDICES ............................................................................................................ 114
APÊNDICE A – APDL PARA PLACA APOIADA COM ESCONSIDADE 0º ......... 114
APÊNDICE B – APDL PARA PLACA APOIADA COM ESCONSIDADE 30º ....... 115
APÊNDICE C – APDL PARA PLACA APOIADA COM ESCONSIDADE 45º ....... 116
APÊNDICE D – APDL PARA PLACA APOIADA COM ESCONSIDADE 60º ....... 117
APÊNDICE E – APDL PARA PLACA APOIADA COM ESCONSIDADE 75º ....... 118
APÊNDICE F – APDL PARA PLACA LIVRE COM ESCONSIDADE 0º ............... 119
APÊNDICE G – APDL PARA PLACA LIVRE COM ESCONSIDADE 30º ............ 120
APÊNDICE H – APDL PARA PLACA LIVRE COM ESCONSIDADE 45º ............ 121
APÊNDICE I – APDL PARA PLACA LIVRE COM ESCONSIDADE 60º .............. 122
APÊNDICE J – APDL PARA PLACA ENGASTADA COM ESCONSIDADE 0º.... 123
APÊNDICE K – APDL PARA PLACA ENGASTADA COM ESCONSIDADE 30º . 124
APÊNDICE L – APDL PARA PLACA ENGASTADA COM ESCONSIDADE 45º . 125
APÊNDICE M – APDL PARA PLACA ENGASTADA COM ESCONSIDADE 60º 126
APÊNDICE N – APDL PARA PLACA ENGASTADA COM ESCONSIDADE 75º . 127
4
1. INTRODUÇÃO
1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nos dias de hoje, a utilização de aplicativos computacionais na Engenharia,
em qualquer uma de suas especialidades, tem se apresentado como tendência
irreversível. Ao passo que os computadores se tornam cada vez mais potentes, a
velocidade de processamento e a capacidade de armazenamento de dados vão
permitindo que se obtenham resultados de problemas mais complexos a um período
de tempo cada vez menor.
Este panorama, inimaginável em meados do século passado, é uma realidade
muito bem aproveitada por profissionais e pesquisadores no que se trata de estudos
de numerosos assuntos. Com um determinado aplicativo, pode-se observar o fluxo
de um fluido que escoa forçadamente em uma tubulação, por exemplo. Este cenário
em outros tempos era digno de imensas instalações, com materiais especiais,
gastos de energia exorbitantes e muitas vezes não tinha todos os seus recursos
bem aproveitados. Com a computação gráfica, isso se torna muito mais simples,
exigindo apenas um bom computador, aplicativos adequados, conhecimento técnico
e capacidade de análise de resultados. Isto pode tornar o estudo mais barato e
menos trabalhoso.
Na Engenharia de Estruturas os softwares de cálculo e dimensionamento
estrutural já vêm sendo utilizados em escritórios especializados no Brasil há
algumas décadas, especialmente nas estruturas de concreto armado. Em
universidades, vários programas são alvo de estudos envolvendo aprimoramento da
linguagem de programação a fim de terem seus recursos expandidos.
A escolha deste tema para realização de um trabalho acadêmico assume um
papel importante no conceito da Engenharia moderna. A análise estrutural de lajes
por métodos numéricos constitui-se em rotina nos escritórios de projeto. Seu cálculo
e detalhamento com o auxílio de softwares são praticamente imprescindíveis, devido
ao ritmo imposto pelos contratantes de projetos (PAULA, 2007). Posto isto, tem este
5
trabalho a responsabilidade de apresentar de forma científica as funcionalidades de
um estes programas na aplicação destes cálculos.
1.2. OBJETIVOS
Este trabalho tem por objetivo estudar o comportamento de placas de
concreto submetidas a carregamento uniformemente distribuído com variação do
ângulo de esconsidade através do método dos elementos finitos.
Além deste objetivo principal, podem ser citados outros objetivos específicos
decorrentes deste estudo, como a verificação das mudanças de comportamento dos
esforços e deslocamentos de acordo com a variação do ângulo de esconsidade,
comparações de resultados entre métodos teóricos, numéricos e computacionais
indicando variações de resultados e a elaboração de gráficos de variação dos
esforços conforme a variação de ângulo de esconsidade em determinados pontos
críticos das placas.
Ao fim deste trabalho espera-se mostrar a utilidade do método dos elementos
finitos no estudo da teoria das placas e apresentar alguns dos resultados que este
método pode oferecer a quem pesquisa ou projeta este tipo de estrutura.
1.3. JUSTIFICATIVA
O estudo das placas sempre foi um problema complexo. A quantidade de
variáveis que são consideradas na resolução de problemas de Engenharia
envolvendo placas retangulares excede o número de equações disponíveis, o que
mesmo na teoria, impossibilita a obtenção de resultados exatos. Ao se tratar de
placas com ângulos diferentes de esconsidade, existe ainda o fato da não simetria
de esforços nas placas, o que acaba dificultando ainda mais a solução.
Problemas de placa esconsa em Engenharia são bastante comuns. Estas,
que possuem a característica de possuírem seu eixo longitudinal não-ortogonal aos
bordos opostos constituem aparecem em vários tipos de peças estruturais. Lajes,
6
pontes e viadutos são exemplos de onde este tipo de elemento pode aparecer.
Conhecer bem o comportamento deste tipo de estrutura leva o engenheiro a
conseguir obter resultados mais precisos, consequentemente, projetos mais seguros
e econômicos.
Figura 1 - Exemplo de viaduto com esconsidade em Curitiba-PR. Fonte: GOOGLE (2011).
Figura 2 - Viaduto esconso da figura 1, enfatizando a não presença de vigas na laje - problema de placa esconsa com dois bordos livres. Fonte: GOOGLE (2011).
7
Com o avanço da tecnologia, os profissionais de hoje podem contar com o
auxílio da computação, tanto para resolução de equações matemáticas complexas
quanto para observação gráfica dos resultados desejados. Muitos aplicativos
computacionais de análise estrutural oferecem a possibilidade de observar o
comportamento de estruturas com inúmeros tipos de formatos, carregamentos,
combinações de materiais e outros fatores.
O grande propósito deste trabalho é fazer uma aplicação desta tecnologia em
um problema comum na engenharia. Utilizar métodos computacionais no estudo de
placas pode ser uma alternativa bastante vantajosa em projetos, desde pequeno a
grande porte, resultando em economia considerável de tempo e mão de obra, além
da obtenção de resultados finais mais precisos e confiáveis.
1.4. ESTRUTURA
Este trabalho será composto por seis capítulos.
O capítulo primeiro traz as considerações iniciais do estudo realizado, bem
como apresenta seus objetivos e justificativa do estudo do problema.
O capítulo segundo apresenta a revisão bibliográfica do assunto, incluindo as
equações e teorias desenvolvidas ao longo dos anos para resolução de problemas
envolvendo placas, bem como uma explicação simplificada que aborda a teoria do
método dos elementos finitos.
O terceiro capítulo apresenta a metodologia aplicada nos ensaios, incluindo
as definições de carregamento, geometria e materiais, bem como as configurações
do aplicativo computacional utilizado e o detalhamento da modelagem.
O quarto capítulo é dedicado à apresentação gráfica dos resultados de cada
um dos ensaios.
O quinto capítulo trata da análise dos resultados, comparações entre métodos
e discussão dos resultados obtidos.
8
O sexto e último capítulo se refere às considerações finais, à conclusão final do
estudo, bem como à apresentação de sugestões para trabalhos futuros.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Placas são elementos estruturais bidimensionais com uma de suas
dimensões, comumente denominada como espessura, muito menor que suas duas
outras: a largura e o comprimento. A versatilidade de tais elementos permite que
além de poderem ser usados como componentes estruturais, também possam ser
utilizados na formação de estruturas inteiras. Assim sendo, placas estáticas podem
ter bordas livres, simplesmente apoiadas ou engastadas.
Podemos desta maneira, separar as placas em três grupos: placas finas com
deflexões pequenas, placas finas com grandes deflexões e placas espessas, de
acordo com as definições de Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1959):
Placas finas de pequena deflexão: Se as deflexões de uma placa forem
pequenas em comparação a sua espessura, uma teoria aproximada da flexão da
placa por carregamentos pode ser desenvolvida tomando-se como base as
seguintes premissas:
1) Não há deformação no plano médio da placa. Este plano permanece neutro
durante a flexão.
2) Pontos da placa estando inicialmente em um plano ortogonal ao meio da
placa permanecem neste estado após a flexão.
3) Os esforços ortogonais transversais na direção transversal ao plano da placa
podem ser ignorados.
Utilizando-se destas suposições, todos os componentes dos esforços podem
ser expressos por uma deflexão ω da placa, a qual é uma função de duas
coordenadas x e y em relação ao plano desta. Esta função deve satisfazer a
equação diferencial parcial linear, o que, juntamente com as condições de contorno,
9
define completamente ω. Assim, a solução da equação dá todas as informações
necessárias para calcular esforços em qualquer ponto das placas.
A segunda associação é equivalente à negligência dos efeitos do
cisalhamento na deflexão de placas. Esta associação é usualmente satisfatória, mas
em alguns casos (por exemplo, o caso de buracos em uma placa), o efeito da força
de cisalhamento se torna importante e algumas correções na teoria das placas finas
devem ser introduzidas.
Se, em adição aos carregamentos laterais, há forças externas agindo no meio
da placa, a primeira associação já não é mais suficiente, e é necessário levar em
consideração o efeito da flexão no meio da placa dos esforços agindo no plano
médio dela. Isto pode ser feito através da introdução de alguns termos adicionais
nas equações diferenciais das placas mencionadas anteriormente.
Placas finas com grande deflexão: A primeira associação é completamente
satisfeita somente se a placa for curvada em uma superfície desenvolvível. Em
outros casos a flexão da placa é acompanhada por tensões do plano médio, mas
cálculos mostram que esforços correspondentes ao plano do médio são
negligenciáveis se as deflexões da placa forem pequenas em comparação com sua
espessura. Se esta condição não for satisfeita, estes esforços adicionais devem ser
levados em consideração na derivação das equações diferenciais das placas. Deste
modo, obtêm-se equações não lineares e a solução do problema torna-se mais
complexa. No caso de grandes deflexões nós temos também de distinguir entre
bordos engastados e bordos livres para moverem-se no plano da placa, o que pode
ter uma considerável influência na magnitude das deflexões e esforços da placa.
Devido à curvatura do centro deformado desta, as tensões de tração
complementares, as quais predominam, agem em oposição ao carregamento lateral
dado; sendo assim, o carregamento dado é agora transmitido parcialmente pela
rigidez à flexão e parcialmente por um comportamento de membrana da placa.
Consequentemente, placas muito finas com resistências a flexão negligenciáveis se
comportam como membranas, exceto por uma zona estreita onde a flexão pode
ocorrer devido as condições de bordo impostas pela placa.
O caso de uma placa sendo curvada em uma desenvolvível, em particular em
uma superfície cilíndrica deve ser considerado uma exceção. As deflexões de tal
10
placa podem ser da ordem de sua espessura sem necessariamente produzir
esforços que se comportam como membranas e sem afetar o caráter linear da teoria
da flexão. Esforços de membranas iriam, no entanto, aparecer em uma placa se
suas bordas fossem imóveis em relação ao seu plano e as deflexões forem
suficientemente grandes. No entanto, em placas com pequenas deflexões efeitos de
membrana causados por bordas imóveis no plano da placa podem ser praticamente
desconsiderados.
Placas espessas: As teorias aproximadas de placas finas, discutidas acima,
se tornam pouco confiáveis no caso de placas com espessura considerável,
especialmente em casos de carregamentos altamente concentrados. Em um caso
como esse, a teoria da placa espessa deve ser aplicada. Esta teoria considera que o
problema das placas como sendo um problema tridimensional de elasticidade. A
análise de esforços se torna, consequentemente, mais complexa e, até agora, o
problema é completamente resolvido somente para alguns casos particulares.
Usando esta análise, as correções necessárias para a teoria de placas finas nos
pontos de aplicação de cargas concentradas pode ser introduzido.
As suposições principais da teoria de placas finas também forma a base para
a teoria usual de cascas finas. Existe, no entanto, uma diferença substancial no
comportamento das placas e das cascas sobre a ação de carregamentos externos.
O equilíbrio estático de uma placa sob um determinado carregamento lateral só é
possível pela ação de momentos flexores e torcedores, usualmente acompanhados
por forças cisalhantes, enquanto uma casca, geralmente, é capaz de transmitir o
carregamento da superfície por efeitos de membrana, os quais agem paralelamente
ao plano tangencial a um dado ponto no meio da superfície e são distribuídos
uniformemente atrás da espessura da casca. Esta propriedade das cascas faz delas,
como regra, uma estrutura muito mais rígida e econômica do que a placa seria sob
as mesmas condições.
Em princípio, as forças de membrana são independentes de flexão e são
inteiramente definidas pelas condições de equilíbrio estático. Os métodos de
determinação destas forças representam a chamada “teoria das membranas em
cascas”. No entanto, as forças reativas e deformações obtidas pelo uso da teoria
das membranas em bordas de cascas geralmente se tornam incompatíveis com as
11
condições de contorno verdadeiras. Para remover esta discrepância, a flexão da
casca na zona de bordo tem que ser considerada, o que pode afetar levemente a
magnitude das forças calculadas na membrana. Esta flexão, no entanto, usualmente
tem um caráter muito localizado e pode ser obtida com base nas mesmas
associações que foram usadas em casos de pequenas deflexões de placas finas.
Mas há alguns problemas, especialmente nas questões que envolvem a estabilidade
elástica das cascas, na qual a associação de pequenas deflexões deve ser
descontinuada e a teoria das grandes deflexões deverá ser utilizada.
Se a espessura de uma casca for compatível com raio de curvatura, ou se
nós considerarmos os esforços perto das cargas concentradas, outra teoria mais
rigorosa, similar a das placas espessas, deverá ser aplicada.
2.1. HISTÓRICO
Enquanto o desenvolvimento da mecânica das estruturas começou com a
investigação de problemas estáticos, os primeiros estudos analíticos e experimentais
em placas foram devotados quase que exclusivamente a vibrações livres.
A primeira abordagem a teoria das membranas de placas muito finas foi
formulada por L. Euler em 1766. Euler resolveu os problemas de vibrações livres de
membranas elásticas retangulares, triangulares e circulares usando a analogia de
dois sistemas de cordas esticadas perpendiculares uma a outra. Jacques Bernoulli,
seu estudante, estendeu a analogia de Euler ao trocar a rede de cordas por uma
malha de vigas tendo somente rigidez a flexão. Uma vez que a resistência à torção
das vigas não foi incluída nas equações diferenciais obtidas das placas, encontrou
somente uma semelhança geral entre sua teoria e experimentos, sem uma
concordância mais próxima.
Um ímpeto real para a pesquisa de vibrações em placas, no entanto, foi dado
pelo físico alemão Ernst Florenz Friedrich Chladni (1756 -1827). Em seu livro sobre
acústicas, ele descreve diversos trabalhos de vibração em placas. Chladni descobriu
modos de vibrações livres em seus experimentos, utilizando pó distribuído
uniformemente o qual formou padrões regulares após vibrações serem introduzidas.
12
O pó acumulou-se ao longo das linhas nodais, onde o deslocamento ocorreu. Em
adição, ele foi capaz de determinar as frequências correspondentes a estes padrões
de vibrações. Convidado pela Academia Francesa de Ciências em 1809, ele
demonstrou seus experimentos em Paris. A apresentação de Chladni também foi
assistida pelo Imperador Napoleão, o qual ficou muito impressionado com suas
demonstrações. A pedido então do próprio imperador, abriu-se um concurso na
academia a fim de receber trabalhos lidando com a teoria matemática da vibração
em placas fundamentadas por verificações experimentais de resultados teóricos.
Após a competição ter seu prazo para entrega dos estudos prorrogado por duas
vezes pelo fato de ninguém ter submetido nenhum trabalho, somente uma pesquisa
intitulada “Reserches sur la théorie des surfaces élastiques,” escrita pela matemática
Marie-Sophie Germain (S. Germain, “L’état des sciences et des Lettres,” Paris, 1833)
foi mandada no último dia em que o concurso seria encerrado.
Ainda jovem, Germain começou a estudar matemática para escapar do horror
psicológico provocado pelos abusos da Revolução Francesa. Ela até mesmo
correspondeu-se com os maiores matemáticos de seu tempo, incluindo Lagrange,
Gauss e Legendre, usando o pseudônimo La Blanc. Presumidamente, ela usou esse
pseudônimo pela razão de que matemáticos femininos não eram levados a sério em
seu tempo.
Em seu primeiro trabalho na teoria das vibrações das placas, ela usou
(seguindo o trabalho anterior de Euler em curvas elásticas) uma aproximação da
energia de tensão. Mas ao avaliar a energia da tensão usando o método dos
trabalhos virtuais, ela cometeu um erro e obteve uma equação incorreta para
vibrações livres na placa como demonstrado a seguir:
(
)
(1)
Onde z(x,y,t) representam a superfície média de uma placa em movimento expresso
em um sistema de coordenadas cartesiano X, Y, Z; t é o tempo e denota a
constante contendo propriedades físicas da placa que vibra. Esta constante não era
claramente definida no trabalho dela, no entanto. Lagrange, que era um dos jurados,
13
percebeu este erro matemático e o corrigiu. A equação diferencial obtida agora
descrevendo corretamente as vibrações livres na placa agora seguia como:
(
)
(2)
Uma vez que os jurados não estavam inteiramente satisfeitos com o trabalho
de Germain, eles propuseram o trabalho novamente. Em outubro de 1813, Germain
entrou com a, agora corrigida, equação (2), mas deixou de fora a definição precisa
da constante k². Tornando novamente sua empreitada sem sucesso. Finalmente, em
sua terceira aproximação, ela ganhou o prêmio em 1816. Mas os jurados criticaram
sua definição para a constante k² uma vez que ela pensou que esta contivesse a
quarta força da espessura da placa no lugar do valor correto de h³. Embora seus
trabalhos originais sejam muito difíceis de ler e contenham alguns raciocínios
matemáticos e físicos dúbios, o mérito pela primeira equação diferencial
descrevendo vibrações livres em placas ainda pode ser dado a ela.
Em seguida, o matemático L. D. Poisson (1781-1840) fez uma tentativa de
determinação do valor correto da constante k² na equação diferencial de vibrações
em placas (equação 2). Assumindo, no entanto, que as partículas da placas estavam
localizadas em seu plano central, ele erroneamente concluiu que a constante é
proporcional ao quadrado da espessura da placa e não ao seu cubo.
Finalmente, o famoso engenheiro e cientista L. Navier (1785-1836) pode ser
creditado como o homem que desenvolveu a primeira equação diferencial das
placas correta, sujeita a carregamentos laterais distribuídos (x,y). A tarefa, na qual
Navier se propôs, não era nada menos do que a introdução de métodos
matemáticos rigorosos na análise estrutural. Em suas palestras, as quais eles
ministrou na École Polytechnique de análises estruturais, Navier integrou pela
primeira vez as descobertas isoladas de seus predecessores e os resultados de
suas próprias investigações em um sistema unificado. Consequentemente, a
publicação de seu livro sobre o assunto foi um importante marco no
desenvolvimento da análise estrutural moderna.
14
Navier aplicou as hipóteses de Bernoulli, as quais já eram utilizadas com
sucesso no tratamento de flexões de vigas, adicionando a elas as ações
bidimensionais de tensões e esforços, respectivamente. Em seu trabalho sobre o
tema (publicado em 1823), ele corretamente definiu as equações diferenciais
governantes das placas sujeitas a esforços laterais estáticos (x,y) como:
(
)
(3)
Nesta equação, D denota a rigidez a flexão da placa, a qual agora é proporcional ao
cubo da espessura desta, enquanto que w(x,y) representam a superfície central
fletida.
Para a solução de certos problemas de valores de contorno em placas
retangulares, Navier introduziu um método que transforma a equação diferencial da
placa em uma equação algébrica. Esta aproximação é baseada no uso de séries
duplamente trigonométricas introduzidas por Fourier na mesma década. Esta
solução forçada, por assim dizer, da equação diferencial da placa (equação 3) rende
resultados matematicamente corretos para vários problemas com relativa facilidade
desde que as placas sejam simplesmente apoiadas em seu contorno. Ele também
desenvolveu uma equação diferencial válida para flambagem de placas sujeitas a
forças de compressão uniformemente distribuídas ao longo do contorno. Ele falhou,
no entanto, em obter uma solução para este problema mais complexo. Seus
trabalhos teóricos posteriores estabeleceram conexões entre elasticidade e
hidrodinâmica, baseados em uma “hipótese molecular”.
Foi então a vez de Gustav R. Kirchhoff (1824 – 1887), desenvolver a primeira
teoria completa sobre flexões de placas. Em seu trabalho baseado nas hipóteses de
Bernoulli para vigas em 1850, ele derivou as mesmas equações diferenciais para
flexões de placas que Navier, no entanto, usando uma aproximação diferente no
tocante a energia. Sua contribuição para a teoria das placas foi a introdução para
forças suplementares de contorno. Estas “forças de cisalhamento equivalente”
substituíam os momentos torcionais nos bordos das placas. Consequentemente,
todas as condições de contorno poderiam agora ser declaradas em função dos
deslocamentos e suas derivadas em relação a x ou y. Mais adiante, Kirchhoff é
15
considerado como o fundador da teoria das placas estendida, a qual leva em conta a
combinação de flexão e deformação. Ao analisar placas com grandes deflexões, ele
descobriu que termos não lineares não poderiam mais ser ignorados. Suas outras
contribuições são o desenvolvimento de uma equação de frequências de placas e a
introdução do método dos deslocamentos virtuais para a solução de vários
problemas em placas. Seu livro foi posteriormente traduzido para o francês por
Clebsch, a obra incluía inúmeros comentários por Saint-Venant, o mais importante
sendo a extensão da equação diferencial da flexão, a qual considera, em termos
matematicamente corretos, a ação combinada de flexão e deformação.
Por volta da virada do século, construtores de navios mudaram seus métodos
construtivos substituindo a madeira por aço estrutural. Esta mudança no material
constituinte das estruturas foi extremamente frutífera para o desenvolvimento de
várias teorias sobre placas. Cientistas russos fizeram uma contribuição significativa a
arquitetura naval ao serem os primeiros a substituir métodos antigos de construção
de navios por teorias matemáticas da elasticidade. Krylov (1863 – 1945) e seu aluno
Boobnov contribuíram especialmente para a teoria das placas com rigidezes a flexão
e a deformação. Por causa da barreira linguística existente, o ocidente levou tempo
para reconhecer esses feitos e fazer uso deles. Foi graças a Timoshenko que a
atenção do oriente gradualmente começou a se voltar para a pesquisa Russa, no
campo da teoria da elasticidade. Entre as inúmeras contribuições de Timoshenko,
estão a solução para placas circulares considerando grandes deflexões e a
formulação de problemas de estabilidade elástica.
Föppl, em seu livro sobre Engenharia Mecânica publicado primeiramente em
1907, já havia tratado da teoria não linear das placas. A forma final das equações
diferenciais da teoria de grandes deflexões, no entanto, foi desenvolvida pelo
cientista húngaro Kármán, o qual em seu trabalhos posteriores também investigou o
problema da largura efetiva e o comportamento pós-flambagem das placas.
O desenvolvimento da indústria aeronáutica moderna promoveu outro
importante ímpeto no caminho das investigações analíticas mais rigorosas de vários
problemas em placas. Problemas de forças no plano, comportamento pós-
flambagem, vibrações e placas rígidas foram analisados por muitos cientistas.
16
A análise da flexão em placas é um campo clássico para a aplicação do
método das diferenças finitas. Esta abordagem numérica gera resultados muito úteis
para uma grande variedade de problemas de placas específicos onde os métodos
analíticos falham. O método das diferenças finitas é baseado na discretização
matemática do contínuo das placas. Em muitos casos, este método requer somente
uma calculadora científica avançada para resolver as equações simultâneas
resultantes. Nádai utilizou esta técnica em 1925 para a solução de problemas
práticos de placas à mão. Por volta de 1940, Southwell revisou o método das
diferenças finitas na Inglaterra. Stüssi e Collatz mais adiante aperfeiçoaram esta
técnica numérica, a qual ainda é lembrada como uma ferramenta prática de análise
de placas apesar da existência do método dos elementos finitos.
A invenção de computadores eletrônicos no final da década de 40 exerceu a
influência mais dramática na análise numérica de placas estruturais. Embora, em
1941, Hrennikoff já tivesse desenvolvido um sistema equivalente de malhas para a
análise estática de problemas complexos de placas, seu trabalho fundamental
relacionado a um processo de discretização física do contínuo não poderia ser
totalmente utilizado devido à falta de computadores de alta performance, uma vez
que o alto número de equações diferenciais acopladas retornado não poderia ser
resolvido por meios convencionais.
Apesar das placas estruturais possuírem uma infinidade de aplicações em
construções, indústria aeroespacial, naval e automotora, infelizmente soluções
analíticas exatas e aproximadas são limitadas a placas de espessura constante e
com condições de contorno relativamente simples. Porém, as indústrias desejam na
época um procedimento genericamente aplicável, altamente versátil e
computadorizado que permitisse lidar com todos os problemas de placas reais de
um modo uniforme. Em 1956, Turner, Clough, Martin e Topp, introduziram o Método
dos Elementos Finitos, o qual se tornou a mais importante ferramenta para
engenheiros e cientistas para a resolução de problemas altamente complexos de
elasticidade e não elasticidade contínua de um modo econômico. É importante
salientar que o método dos elementos finitos já havia sido inventado em 1943 pelo
matemático Courant, o qual em seu estudo sobre métodos variáveis discutiu todos
os fundamentos teóricos desta técnica numérica, baseado, novamente, em
discretizações físicas do contínuo. No entanto, seu trabalho permaneceu intangível
17
durante quase uma década principalmente pela falta de comunicação apropriada
entre engenheiros e matemáticos. Várias contribuições originais neste campo são
devido a Argyris e Zienkiewicz (1965). A maioria dos trabalhos científicos publicados
até a presente data sobre placas é relacionada com extensões e refinamentos do
método dos elementos finitos aplicados a vários problemas práticos e teóricos neste
campo.
Aplicações de placas em pontes
O uso placas é frequentemente associado ao cálculo de esforços em
tabuleiros de pontes, sendo este uma peça estrutural contínua em duas dimensões
com a finalidade de que um carregamento aplicado seja suportado por distribuições
de forças de cisalhamento bidimensionais causadas pelo tráfego, fatores climáticos
e afins.
Dentre os tipos de tabuleiros podemos enumerar:
a) Sólido
b) Vazado
c) Composto sólido
d) Composto Vazado.
Figura 3 - Modelos de tabuleiros de pontes. (Fonte: HAMBLY, 1991)
18
2.2. TEORIA DAS PLACAS
Neste item do trabalho, o objetivo principal é a demonstração matemática da
obtenção da equação (3), bem como da obtenção das equações referentes aos
esforços internos em placas que derivam desta.
Para o estudo de peças estruturais em forma de placa, é indispensável o
entendimento completo do comportamento do elemento. Uma placa é um elemento
estrutural tridimensional e seu comportamento pode ser escrito através das
seguintes equações (CHUN, 2010):
a. Equações de equilíbrio
(4)
(5)
(6)
b. Equações constitutivas
[
( )]
(7)
[
( )]
(8)
[
( )]
(9)
(10)
19
(11)
(12)
c. Equações de compatibilidade
(13)
(14)
Nota-se que há 15 incógnitas para serem determinadas através destes três
conjuntos de equações – 6 tensões, 6 deformações e 3 deslocamentos – o que torna
uma solução analítica extremamente complexa.
Isto pode ser solucionado através da aplicação de alguma hipótese
simplificadora, onde, assumindo algumas condições conhecidas e aceitáveis, pode-
se encontrar uma solução com maior facilidade.
CHUN apud HANGAI (1995) caracteriza os tipos de solução para problemas
de placas conforme sua espessura, que pode ser vista no quadro 1.
Espessura Ordem de grandeza1 Hipótese apropriada
Muito Espessa 100 Segunda ordem
Espessa 10-1 – 100 Reissner-Mindlin
Delgada 10-1 Kircchoff-Love
Muito delgada 10-2 Membrana
QUADRO 1 - HIPÓTESES PARA CADA TIPO DE PLACA EM FUNÇÃO DA ESPESSURA.
FONTE: CHUN, (1995)
1 Corresponde à ordem de grandeza da relação entre espessura e comprimento de borda.
20
Em geral, as aplicações de placas em Engenharia Civil remetem ao uso de
placas de espessura delgada, como no caso de lajes e pontes em concreto armado.
Neste caso, o estudo da parte analítica deste trabalho será embasado na teoria de
Kirchhoff-Love.
2.3. TEORIA DE KIRCCHOFF-LOVE
Como já citado anteriormente, uma abordagem matematicamente exata para
um problema de placa fina carregada sobre sua superfície requer solução de
equações diferenciais de grande complexidade. Porém a aplicação da teoria clássica
de Kirchhoff-Love para estas placas produz resultados suficientemente precisos
(SZILARD, 2004).
As hipóteses simplificadoras adotadas pela teoria para dedução da equação de
placa são as seguintes:
a. Material homogêneo, isotrópico e elástico linear, obediente à Lei de Hooke;
b. Placa inicialmente plana;
c. A superfície média da placa permanece indeformável durante a flexão;
d. A espessura da placa é pequena em comparação às outras dimensões
(conforme citado no quadro 1);
e. Os deslocamentos transversais são pequenos em relação à
espessura da placa. Uma deflexão de até 1/10 da espessura é aceitável para
uma teoria de pequenas deformações (SZILARD, 2004);
f. As inclinações da superfície média da placa são pequenas;
g. As seções transversais da placa tendem a permanecerem normais à
superfície média da placa – hipótese de Bernoulli;
h. As tensões normais na direção do eixo Z ( podem ser negligenciadas.
21
Figura 4 - Placa carregada (a) e estado de tensões provocado pelo carregamento (b). (Fonte: SZILARD, 2004).
As hipóteses então podem ser escritas como equações conforme segue:
Hipótese (c) – superfície média da placa indeformável:
(15)
Hipótese (e) – deformações infinitesimais:
(
)
(
)
(16)
22
Hipótese (g) – As seções transversais da placa permanecem perpendiculares
à superfície média:
(17)
Hipótese (h) – Tensões negligenciadas:
(18)
Ao se aplicar estas hipóteses nas equações gerais acima descritas,
transforma-se um problema de análise tridimensional em um problema
bidimensional.
Pode-se então, convenientemente escrever a placa carregada com a
representação dos seus esforços internos, em coordenadas ortogonais para placas
com esta configuração.
Figura 5 - Placa carregada com a representação dos seus esforços internos. (Fonte: SZILLARD 2004).
Fazendo todas as passagens matemáticas a partir da equação geral por fim,
podemos escrever a equação de placa como sendo
23
(19)
Ou, aplicando o operador laplaciano
em (19) pode-se escrever:
(20)
Onde
(21)
Assim, as equações que representam os momentos fletores e torcedores da
placa podem ser escritas como:
(
)
(22)
(
)
(23)
(
)
(24)
2.4. RESOLUÇÃO DA EQUAÇÃO GERAL DE LAGRANGE
Pode-se resolver a equação (20) aplicando a solução de Navier, para a qual
se considera ser w (x,y) uma função tipo série dupla de senos que verifica
simultaneamente a equação de Lagrange e também as condições de contorno.
24
2.4.1. Placas simplesmente apoiadas em todas as extremidades
Figura 6 - Sistema de coordenadas para uma placa retangular simplesmente apoiada. (Fonte: TIMOSHENKO, 1959).
No caso da placa apoiada em todos os seus quatro bordos, temos as
seguintes condições de contorno:
{
, p/ x=0 e x=a (25)
{
, p/ y=0 e y=b (26)
A partir destas condições, aplica-se a série dupla de Fourier:
∑ ∑
(27)
25
A carga p(x,y) também pode ser representada através de uma série dupla de
Fourier
∑ ∑
(28)
Onde e são os coeficientes e m e n são números inteiros positivos.
Substituindo então as expressões na equação (19) temos: (SZILLARD, 2004)
(
)
(29)
Assim pode-se isolar o valor de :
(
)
(30)
E, por fim, pode-se apresentar uma solução analítica para as equações
diferenciais como sendo:
∑ ∑
(
)
(31)
∑ ∑
(
)
(32)
26
∑ ∑
(
)
(33)
∑ ∑
(
)
(34)
∑ ∑
(35)
∑ ∑
(36)
Para o cálculo do coeficiente particular multiplica-se ambos os lados da
equação (28) por
e integrando de 0 a b. (TIMOSHENKO, 1959).
∫
∑
(37)
Multiplicando então por
ambos os lados da equação (37), e
integrando a mesma entre 0 e a, tem-se:
∫ ∫
(38)
Assim
27
∫ ∫
(39)
Pode-se particularizar para o caso deste trabalho a função carga , já
que o objetivo é a análise de placas submetidas uma carga uniformemente
distribuída sobre suas superfícies. Pode-se, desta forma, tomar como uma
constante :
∫ ∫
(40)
Assim, é possível escrever as equações das deformações na placa como sendo:
∑ ∑
(
)
(41)
Esta série se configura como uma série de rápida convergência, o que
garante um resultado aceitável já no seu primeiro termo (TIMOSHENKO, 1959).
Porém com o advento da computação nos dias de hoje, pode-se obter resultados
mais precisos com grande rapidez, fazendo com que o cálculo dos outros termos da
somatória de Fourier da equação possa ser uma ferramenta interessante em
determinados casos.
A convergência das séries para determinação dos esforços internos não se dá
de maneira tão rápida quanto no caso da equação (41), portanto é aconselhável que
se obtenha mais termos para melhores resultados (TIMOSHENKO, 1959).
∑ ∑
(
)
(42)
28
∑ ∑
(
)
(43)
∑ ∑
(
)
(44)
∑ ∑
(
)
(45)
∑ ∑
(
)
(46)
2.4.2. Placas simplesmente apoiadas em duas extremidades com outras duas
livres
Placas com esta configuração são bastante comuns em problemas de
Engenharia, como no caso de passarelas onde seja necessária abertura suficiente
que não permita a utilização de vigas de bordo.
29
Figura 7 - Sistema de coordenadas para uma placa retangular simplesmente apoiada em duas extremidades com as outras duas livres. (Fonte: TIMOSHENKO, 1959).
As condições de contorno para uma placa com duas extremidades livres e
outras duas simplesmente apoiadas podem ser escritas como sendo
{
(
)
⁄
[
]
⁄
(47)
Assumindo que a carga é uniformemente distribuída e ambas extremidades
são idênticas livres, o comportamento da placa retangular será simétrico em relação
ao eixo x (TIMOSHENKO, 1959). Esta é uma grande vantagem da utilização do eixo
x no centro da placa, podendo, desta forma, considerar os efeitos apenas ao longo
de y=b/2.
Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1959) escreve a deformação para este
tipo de placa como sendo
(48)
30
Onde
∑
(49)
∑
(50)
Onde o coeficiente particular é dado por
(
)
(51)
Aplicando-se então as condições de contorno e resolvendo as equações para os
coeficientes e , obtém-se a equação geral do deslocamento da placa:
∑ (
)
(52)
(53)
(54)
Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1959) apresenta uma solução da
somatória para o caso de . Como este trabalho tem por fim o estudo de
placas de concreto, este coeficiente de Poisson não é válido, portanto, são
resolvidas as somatórias para o caso de , conforme apresentado no quadro 2.
31
No caso dos momentos fletores, que não dependem do coeficiente de Poisson,
podem ser utilizados os resultados já obtidos e apresentados no mesmo quadro.
⁄
0,5 0,01300 0,1235 0,0102 0,01350 0,1259
1 0,01316 0,1225 0,0271 0,01463 0,1318
2 0,01306 0,1235 0,0364 0,01597 0,1329
∞ 0,01303 0,1250 0,0375 0,01724 0,1330
QUADRO 2 - COEFICIENTES DE DEFLEXÃO DE PLACA COM DUAS EXTREMIDADES
SIMPLESMENTE APOIADAS E DUAS EXTREMIDADES LIVRES PARA .
Fonte: O AUTOR; TIMOSHENKO e WOINOWSKY-KRIEGER, (1959).
Nota-se que a deformação e os esforços internos da placa nestas condições
se dão com mais intensidade nos bordos externos (para y=+-b/2) do que no centro.
Este fenômeno pode ser explicado pela maior rigidez que o centro da placa
apresenta em relação aos bordos.
2.4.3. Placas com todos os bordos engastados
As aplicações de placas com continuidade são inúmeras em Engenharia Civil,
como o caso de pontes em vigas e lajes de edifícios.
Para este caso, as condições de contorno podem ser escritas da seguinte
forma
(55)
Válido para toda a extensão do contorno da placa. A representação gráfica das
coordenadas pode ser feita conforme figura 8.
32
Figura 8 - Sistema de coordenadas para uma placa retangular engastada. (Fonte: TIMOSHENKO, 1959).
Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1959) demonstra a deflexão em placas
com quatro bordos engastados através de uma superposição de efeitos. É
determinado o deslocamento de uma placa semelhante simplesmente apoiada e,
fazendo uma série de deduções envolvendo rotação nos apoios e os momentos de
engastamento, chega-se a uma deflexão “negativa” da placa.
A deflexão de uma placa simplesmente apoiada com a origem em seu centro
(figura 8) pode ser escrita como sendo:
∑
(
)
(56)
A rotação em
é escrita como:
33
(
)
∑
[
(
)]
∑
[
]
(57)
E o momento fletor no bordo
como:
( )
∑
(58)
Com isto, pode-se escrever a deflexão neste bordo:
∑
(
)
(59)
E a rotação como sendo:
(
)
∑
(
)
(60)
Definidas estas relações, é necessária também a determinação dos
comportamentos nos bordos paralelos ao eixo y. Portanto:
(
)
∑
(
)
(61)
34
(
)
∑
(
)
(62)
A expressão entre parênteses é função de y que desaparece para a condição
. Pode-se representar então esta função como uma série:
∑
(63)
Calculando o coeficiente através da equação:
∫ (
)
(64)
Tem-se
⁄
(
)
[( )
( )
]
(65)
Inserindo (65) em (62) e (63):
(
)
∑
∑
⁄
[( )
( )
]
(66)
Da mesma forma podem ser obtidas as deflexões e a rotação nos bordos
onde atuam os momentos . Assumindo a simetria e adotando para o bordo
:
35
∑
(67)
Obtém-se usando as expressões (60) e (66):
(
)
∑
(
)
(68)
(
)
∑
∑
⁄
[( )
( )
]
(69)
Tendo em vista que deve-se obedecer a condição de contorno que implica em
uma rotação final nula nos bordos da placa, pode-se escrever:
(
)
(
)
(70)
(
)
(
)
(71)
Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1959) exemplifica a resolução destas
equações para o caso de uma placa quadrada, onde . Também é
apresentado um quadro com coeficientes para cálculo de deflexões e momentos
fletores para diversas relações de comprimentos de bordo que está apresentada no
quadro 3.
36
⁄
( ) ( )
1,0 0,00126 -0,0513 -0,0513 0,0231 0,0231
1,1 0,00150 -0,0581 -0,0538 0,0264 0,0231
1,2 0,00172 -0,0639 -0,0554 0,0299 0,0228
1,3 0,00191 -0,0687 -0,0563 0,0327 0,0222
1,4 0,00207 -0,0726 -0,0568 0,0349 0,0212
1,5 0,00220 -0,0757 -0,0570 0,0368 0,0203
1,6 0,00230 -0,0780 -0,0571 0,0381 0,0193
1,7 0,00238 -0,0799 -0,0571 0,0392 0,0182
1,8 0,00245 -0,0812 -0,0571 0,0401 0,0174
1,9 0,00249 -0,0822 -0,0571 0,0407 0,0165
2,0 0,00254 -0,0829 -0,0571 0,0412 0,0158
∞ 0,00260 -0,0833 -0,0571 0,0417 0,0125
QUADRO 3 – VALORES DE DEFLEXÃO E MOMENTOS FLETORES DE PLACA COM
EXTREMIDADES ENGASTADAS EM SEUS QUATRO BORDOS.
Fonte: TIMOSHENKO e WOINOWSKY-KRIEGER, (1959)
2.5. FORMULAÇÃO ANALÍTICA PARA PLACAS ESCONSAS
O estudo de placas esconsas já remonta de longa data. Taylor (1937), já na
primeira metade do século XX, estudava placas esconsas para serem usadas como
pontes. Inclusive criou teorias de arranjos de vigas a serem utilizados em casos de
pontes de pequena ou grande esconsidade, conforme Figura 9.
Figura 9 - Modelo de ponte de grande esconsidade de Taylor. (Fonte: TAYLOR, 1937)
37
Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1959), além de citar que “[...] placas em
forma de paralelogramo têm sido largamente utilizadas em lajes e pontes esconsas
[...]”, publicou uma resolução numérica da deformação e momento fletor máximo
para estas placas com relação entre comprimento e largura fixa. Através do método
das diferenças finitas, chegou a valores de coeficientes para alguns ângulos de
esconsidade. Estes resultados estão apresentados no item 2.5.1 e servem como
base comparativa deste presente estudo.
Rüsch (1965), que teve imensa importância no estudo das pontes em
concreto armado, publicou livros com tabelas contendo coeficientes para auxílio no
dimensionamento de pontes ortogonais (livro 1) e esconsas (livro 2).
Leonhardt (1979) cita a importância da consideração de alguns fatores no
projeto de pontes esconsas. Estes fatores são “a relação entre a largura e o
comprimento da ponte, o próprio ângulo de esconsidade e o tipo de apoio a ser
utilizado”.
A Prestressed Concrete Institute (1997) publicou que pontes com ângulos de
esconsidade acima de 20 graus influenciam de forma importante no momento fletor,
no cisalhamento em regiões de extremidade e no comportamento sísmico da placa.
Para início da formulação matemática para estudo de placas esconsas, faz-se
necessária a adoção de um sistema de coordenadas conveniente para a geometria.
Pode-se apresentar a relação entre as coordenadas retangulares e
coordenadas oblíquas. As coordenadas seguem os eixos X e Y, com origem no
ponto O, sendo o ângulo entre o eixo y e o eixo Y representa o ângulo de
esconsidade α da placa.
38
Figura 10 - Representação das coordenadas oblíquas em placa esconsa. (Fonte: CHUN, 2010).
MORLEY (1963) escreve a relação entre as coordenadas retangular e oblíqua
da seguinte forma:
[ ] [
] [ ]
(72)
{
(73)
Transforma-se então o operador laplaciano da equação X.X (derivada a
quarta) de um sistema de coordenadas retangular para o sistema oblíquo.
(
)
(74)
Pode-se então expressar a equação geral de placas em função das suas
coordenadas oblíquas:
39
[
(
)
]
(75)
“Uma solução analítica para a equação (75) é complicada devido à ausência
de relações ortogonais. Além disso, soluções rigorosamente exatas são difíceis e
raramente são encontradas, bem como os problemas ângulos tornam estas
soluções exatas ainda mais difíceis.” (SZILLARD, 2004).
“Quando métodos analíticos se tornam inviáveis na resolução de problemas
de placas, como no caso de placas esconsas, métodos numéricos devem ser
utilizados”. (SZILLARD, 2004).
2.5.1. Momentos principais
A título de dimensionamento, Leonhardt (1979) explica que é necessário
esclarecer o desenvolvimento dos momentos principais, que são diferentes para
cada tipo de carregamento. Estes momentos principais dependem dos momentos
fletores nas direções x e y da placa, bem como do momento de torção em cada
ponto a ser estudado, já que a direção dos momentos principais muda conforme os
pontos.
Os momentos principais em cada ponto da placa podem ser obtidos através
da equação do estado plano (76) e as respectivas direções através da equação (77).
√(
)
(76)
(77)
40
A principal dificuldade da aplicação destas equações é a determinação de
cada um destes valores de momentos. Como já citado anteriormente, a formulação
matemática é complexa para casos gerais.
Para resolver problemas de Engenharia, alguns engenheiros pesquisadores
elaboraram tabelas que fornecem estes valores para o caso do concreto armado.
Entre eles, podem ser citados como exemplo Rüsch2, Homberg3, Stiglat4 e
Schleicher5.
Deve-se ressaltar que o comportamento dos momentos principais depende
das condições de contorno da placa. Placas com os bordos apoiados tendem a ter
os esforços seguindo na direção das vigas de apoio, já placas com bordos livres têm
os seus esforços seguindo o caminho mais curto até os apoios opostos.
(PRESTRESSED CONCRETE INSTITUTE, 1997).
Figura 11 - Direção de caminhamento de cargas em pontes esconsas (Fonte: PCI, 1997)
Com estes valores, o cálculo dos momentos para a placa com ângulo de
esconsidade ficará em função do ângulo entre a direção dos momentos principais e
o ângulo , donde se definem os momentos fletores dos eixos de simetria da placa
esconsa conforme figura 12.
2 RÜSCH, H. Berechnungstafeln für schiefwinklige fahrbahnplatten von strassenbrücken. Berlim: W. Ernst u.
Sohn, 1965. 3 HOMBERG, H., Marx, W.R. Schiefe Stäbe und Platten. Berlim: Werner Verlag Düsseldorf, 1958.
4 STIGLAT, K., Einflußfelder rechteckiger und schiefer platen mit randbalken. Berlim: W. Ernst u. Sohn, 1965.
5 SCHLEICHER, C. Durchlaufende schiefe platten. Berlim: VEB, 1968.
41
Figura 12 - Sistema de coordenadas de placa esconsa em função da direção dos momentos principais. (Fonte: RÜSCH, 1965).
{
[ ]}
(78)
{
[ ]}
(79)
2.5.2. Esforços cortantes e reações de apoio
Com relação aos esforços cortantes, Leonhardt (1979) cita que a verificação
ao cisalhamento deve ser feita através das reações de apoio:
“[...] determinam-se as tensões τ0 a uma distância h/2 da face do aparelho de apoio.
[...] No caso de lajes de concreto armado, pode ser necessário adotar estribos nas
zonas próximas aos apoios, principalmente nos cantos obtusos.”
Hambly (1991) se refere à importância da verificação do esforço cortante e da
reação de apoio nas regiões de ângulo obtuso, onde pode haver grandes
42
concentrações devido ao fato de que as cargas tendem a percorrer o caminho mais
curto aos apoios. Este fenômeno, além de implicar na sobrecarga destas regiões,
acaba ainda tendendo ao levantamento da região de ângulo agudo.
Figura 13 – Comportamentos particulares de placas esconsas. (Fonte: HAMBLY, 1991)
Hambly (1991) sugere, para amenizar os efeitos da esconsidade, apoiar a
placa em apoios elásticos que dividam as grandes reações de apoio entre as regiões
de ângulo agudo e obtuso, equilibrando estes efeitos. Isto acaba acarretando na
redução dos esforços cortantes e equilibrando ainda a torção na placa e os
momentos fletores. O efeito de levantamento do canto agudo pode ser eliminado
com esta providência, porém acarreta em uma nova redistribuição de esforços no
vão.
Hambly (1991) ainda cita que para pontes de laje com vigas nos bordos o
efeito da esconsidade não é tão significativo. A Figura 14 mostra, a grosso modo, a
direção dos momentos principais para diferentes casos de apoio da laje.
43
Figura 14 - Direção dos momentos principais para lajes esconsas (a) estreitas, (b) largas, (c) com quatro bordos apoiados e (d) com bordos engastados. (Fonte: HAMBLY, 1991).
2.5.3. Modelos para cálculo de esforços em placas esconsas
2.5.3.1. Modelo numérico de Timoshenko
Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1959) apresenta uma solução numérica
para os casos de placas esconsas simplesmente apoiadas em todas as suas
extremidades e para o caso de duas extremidades livres, conforme ilustrado na
Figura 15.
44
Figura 15 - Modelos de placa esconsa simplesmente apoiada em todas as extremidades (a) e com duas extremidades livres (b). (Fonte: TIMOSHENKO, 1959).
Os modelos matemáticos do comportamento das placas foram escritos como
sendo:
Para placa simplesmente apoiada em todas as extremidades:
(80)
(81)
Para placa com dois bordos livres:
(82)
(83)
(84)
(85)
A solução apresentada por Timoshenko foi obtida através do método das
diferenças finitas e está apresentada no quadro 4, onde é o coeficiente para
deslocamentos e para os momentos fletores.
45
m n α β α0 α1 β 0 β 1
0° 2 2 0,01013 0,09999 0,2140 0,224 0,495 0,508
30° 2 1,73 0,01046 0,09680 0,1183 0,1302 0,368 0,367
45° 2 1,414 0,00938 0,08980 0,0708 0,0869 0,291 0,296
60° 2 1 0,00796 0,07720 0,0186 0,0396 0,166 0,152
75° 2 0,518 0,00094 0,03350 - - - -
QUADRO 4 – COEFICIENTES DE DEFLEXÃO E MOMENTOS FLETORES PARA PLACAS
ESCONSAS.
FONTE: TIMOSHENKO e WOINOWSKY-KRIEGER (1959).
Este é um método que, segundo Timoshenko e Woinowsky-Krieger (1959)
começou a ser desenvolvido em 1941 por Jensen e Allen, pesquisadores da
universidade de Illinois, e aperfeiçoado ao longo do tempo até ser publicado. Foram
resultados obtidos numericamente através do Método das Diferenças Finitas.
Este método permite que se calculem esforços e deslocamentos de placas
esconsas que pertençam a um universo bastante limitado, pois como se pode
observar, os coeficientes disponíveis se limitam a apenas uma relação entre lados
da placa, bem como ângulos de esconsidade específicos.
Com as ferramentas computacionais disponíveis nos dias atuais, a
modelagem de placas tornou-se uma tarefa trivial em diversos aplicativos
eletrônicos. Estes aplicativos, em sua grande maioria, utilizam-se do método dos
elementos finitos para resolução de problemas de Engenharia. O subcapítulo 2.6
trata, de forma simplificada, do funcionamento teórico do método dos elementos
finitos, bem como de suas hipóteses de cálculo.
2.5.3.2. Modelo de Rüsch para pontes esconsas
O modelo de Rüsch completo foi publicado em 1967 como uma ferramenta
para projeto e dimensionamento de pontes. Em 1961, Rüsch e Hergenröder
publicaram os primeiros ábacos para determinação dos coeficientes em placas
esconsas solicitadas por carregamento distribuído uniforme. Anos mais tarde,
46
lançou-se, além das tabelas, superfícies de influência para cargas concentradas,
possibilitando assim cálculo de lajes de pontes esconsas com grande precisão.
O modelo consiste em uma série de tabelas e superfícies de influência para
determinação de esforços ao longo de lajes esconsas em concreto armado com dois
bordos apoiados e dois bordos livres.
Por ser um método aplicado em pontes, Rüsch (1967) considera três tipos de
carregamento envolvidos na laje:
a. Carregamento móvel aplicado do veículo (P)
b. Carregamento de multidão distribuído sobre a pista principal (p)
c. Carregamento de multidão distribuído sobre o passeio (p’)
As tabelas fornecem, portanto, os coeficientes de momento para carga
unitária em pontos específicos das placas. Rüsch (1967) observa que para placas
livres existem 12 pontos de importância na avaliação do comportamento dos
esforços, dependendo do ângulo de esconsidade e da relação entre lados da placa,
que podem ser observados na Figura 16 e no quadro 5.
Figura 16 - Modelo de cálculo de laje esconsa proposto por Rüsch (Fonte: RÜSCH, 1967)
47
α b/lx Pontos importantes
90
0,4 A, B, E
0,6 A, B, C, E
1,0 A, B, C, D, E
1,6 A, B, C, D, E
60
0,4 A, B, E
0,6 A, B, C, E
1,0 A, B, C, D, E
1,6 A, B, C, D, E
45
0,4 A, B, C, E
0,6 A, B, C, E
0,67 A, B, C, D, E, F, G, H, I, K, L
1,0 A, B, C, D, E
1,6 A, B, C, D, E
30
0,4 A, B, C, E
0,6 A, B, C, E
1,0 A, B, C, D, E
1,6 A, B, C, D, E
QUADRO 5 – PONTOS DE IMPORTÂNCIA NO DIMENSIONAMENTO DE PLACAS ESCONSAS.
FONTE: RÜSCH (1967)
Com isso, o momento fletor ou torcedor do ponto é dado pela expressão
(86)
Onde
momento devido ao carregamento unitário aplicado na pista principal
momento devido ao carregamento unitário distribuído na pista principal
momento devido ao carregamento unitário distribuído no passeio
coeficiente de impacto dinâmico
Estes valores de momento são obtidos através das seguintes equações
(RÜSCH, 1967):
(87)
Onde
coeficiente de Rüsch
48
No caso deste trabalho, será levado em consideração apenas a carga
distribuída sobre a placa, cujos valores de são obtidos dos ábacos a seguir para
cada um dos pontos:
Ponto A
Figura 17 - Posição do ponto A no modelo de Rüsch. (Fonte: RÜSCH e HERGENRÖDER, 1961)
Figura 18 - Ábaco de Rüsch para os coeficientes Ku e Kuv no ponto A. (Fonte: RÜSCH e HERGENRÖDER, 1961)
49
Ponto B
Figura 19 - Posição do ponto B no modelo de Rüsch. (Fonte: RÜSCH e HERGENRÖDER, 1961)
Figura 20 - Ábaco de Rüsch para os coeficientes Kx e Ky no ponto B. (Fonte: RÜSCH e HERGENRÖDER, 1961)
50
Figura 21 - Ábaco de Rüsch para o coeficiente Kxy no ponto B. (Fonte: RÜSCH e HERGENRÖDER, 1961)
Ponto C
Figura 22 - Posição do ponto C no modelo de Rüsch. (Fonte: RÜSCH e HERGENRÖDER, 1961)
51
Figura 23 - Ábaco de Rüsch para os coeficientes Ku e Kuv no ponto C. (Fonte: RÜSCH e HERGENRÖDER, 1961)
Ponto E
Figura 24 - Posição do ponto E no modelo de Rüsch. (Fonte: RÜSCH e HERGENRÖDER, 1961)
52
Figura 25 - Ábaco de Rüsch para o ponto E. (Fonte: RÜSCH e HERGENRÖDER, 1961)
2.5.3.3. Modelo de Homberg
O modelo de Homberg foi publicado pela primeira vez em 1958 e segue o
mesmo princípio do modelo de Rusch, porém mudam-se alguns critérios.
53
Segundo Leonhardt (1979) o modelo de Homberg assume que o
dimensionamento a flexão deve ser limitado a três pontos, ditados pela experiência,
onde os momentos principais atingem seus valores máximos. Estes pontos
determinam:
a. o máximo momento fletor positivo no centro da laje (m);
b. o máximo momento fletor positivo no vão do bordo livre (r);
c. o máximo momento fletor negativo de engastamento no canto de ângulo
obtuso (s).
A posição de cada um deles segue de acordo com a Figura 26 e baseiam-se
em uma convenção prática, do ponto de vista técnico.
Figura 26 - Modelo de cálculo de laje esconsa proposto por Homberg (Fonte: LEONHARDT, 1977)
2.6. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
2.6.1. Histórico
O Método dos Elementos Finitos (MEF) apresenta atualmente um nível de
desenvolvimento que permite a sua utilização por todo o tipo de projetista de
estruturas, e tem como objetivo a determinação do estado de tensão e de
deformação de um sólido de geometria arbitrária sujeito a ações exteriores.
(AZEVEDO, 2003).
54
O método dos elementos finitos surgiu como uma nova possibilidade para
resolução de problemas da teoria da elasticidade. Sendo baseado no método de
Rayleigh-Ritz, prevê a divisão do domínio de integração, contínuo, em um número
finito de elementos, como exemplificado na figura 27. (ASSAN, 2003)
Figura 27 - Rede de elementos finitos (Fonte: ASSAN, 2003)
Na década de 1950 engenheiros e pesquisadores envolvidos no
desenvolvimento de aviões a jato na Boeing iniciaram os primeiros trabalhos práticos
no estabelecimento do MEF aplicados à indústria aeronáutica. M. J. Turner, R. W.
Clough, H. C. Martin e L. J. Topp publicaram em 1956, um dos primeiros artigos
que delinearam as principais ideias do MEF, entre elas a formulação matemática dos
elementos e a montagem da matriz de elementos.
Mas, no artigo ainda não se fazia referência ao nome elementos finitos para
designar os elementos de discretização da geometria do problema físico. O
segundo coautor do artigo, Ray Clough era na época professor em Berkeley que
descreveu o método com o nome de método dos elementos finitos num artigo
publicado subsequentemente. Os seus trabalhos deram início às intensas
pesquisas em Berkeley por outros professores, entre eles E. Wilson e R. L. Taylor,
juntamente com os estudantes de pós-graduação T. J. R. Hughes, C. Felippa e K. J.
Bathe. Durante muitos anos, Berkeley foi o principal centro de pesquisa em MEF.
Essas pesquisas coincidiram com a rápida disseminação de computadores
eletrônicos nas universidades e institutos de pesquisas, que levaram o método a se
tornar amplamente utilizado em áreas estratégicas à segurança americana durante o
55
período da Guerra Fria, tais como pesquisa nuclear, defesa, indústria automotiva e
aeroespacial.
2.6.2. Apresentação
Os elementos finitos são organizados em redes de elementos, cujos pontos
de interseção são denominados nós. A base do método dos elementos finitos é
buscar, não uma função admissível que satisfaz as condições de contorno do
domínio, mas sim defini-las no domínio de cada elemento finito.
Assan (2003) descreve um funcional que formam o funcional para todo o
domínio quando somados:
∑
(88)
Pode-se então, para cada elemento i, criar uma função aproximadora v que
se refere aos nós e à forma de cada elemento:
∑
(89)
onde são os parâmetros nodais e as funções de forma. Assim, o funcional
fica sendo expresso como:
∑
(90)
Segundo Assan (2003), a condição de estacionaridade gera um sistema de
equações lineares, assim como no método de Rayleigh-Ritz, tal como
( ) ∑
( ) ∑∑ ( )
(91)
56
cuja solução fornece os valores dos parâmetros nodais que podem representar
deslocamentos ou esforços internos, dependendo da formulação utilizada, conforme
quadro 6.
Função aproximadora Incógnita Descrição do método
Campo dos deslocamentos Componentes dos
deslocamentos nodais
Método dos deslocamentos ou
modelo da rigidez
Campo dos esforços internos Tensões ou esforços internos
nodais
Método das forças ou modelo
da flexibilidade
QUADRO 6 – FORMULAÇÕES UTILIZADAS NO MÈTODO DOS ELEMENTOS FINITOS PARA
OBTENÇÃO DE DIFERENTES TIPOS DE RESULTADOS.
FONTE: ASSAN (2003).
É comumente prático que o processo de solução seja dividido em dois
estágios bem separados: criação da malha e análise. Como o principal esforço está
no tempo humano despendido na criação de malhas aceitáveis, a construção da
malha por si só se torna, a priori, o objetivo principal, embora realmente não tenha
absolutamente nenhum valor, uma vez que todo o interesse está na solução
numérica (como, por exemplo, a distribuição de tensões e suas implicações para o
processo de projeto). O primeiro esforço para combinar a criação da malha com o
critério de solução em um único processo, inteiramente automatizado, emprega
técnicas de estimativa de erro e adaptabilidade de malha. Isso soluciona um item na
criação da malha que é o de se alcançar a densidade apropriada para reduzir erros
da solução aproximada sem resolver o problema através de um excessivo
refinamento da malha. (GUIMARÃES, 2006).
A primeira etapa do processo de modelagem computacional de um fenômeno
físico consiste na identificação dos fatores que influenciam de maneira relevante no
problema. Isso implica na escolha adequada dos princípios físicos e das variáveis
dependentes e independentes que descrevem o problema, resultando em um
modelo matemático constituído por um conjunto de equações diferenciais. A
segunda etapa do processo consiste em obter a solução do modelo matemático,
tarefa esta atribuída aos métodos numéricos. O método das diferenças finitas é um
desses métodos, que como o próprio nome sugere, foi criado com a finalidade
específica de resolver sistemas de equações diferenciais. De uma forma
simplificada, o MEF, consiste em subdividir o domínio do meio contínuo numa
quantidade finita de subdomínios. Cada subdomínio é considerado um elemento
57
finito que, uma vez conectado aos outros através dos chamados pontos nodas,
formam uma malha, cobrindo todo o domínio do contínuo. Não é difícil imaginar que
estes elementos podem assumir diferentes "tamanhos" e geometrias, (ZENKIEWICZ
e TAYLOR, 1989).
Segundo Shigue (2002), as diferenças entre o Método das Diferenças Finitas
e o Método dos Elementos Finitos são que, no primeiro, aplicam-se aproximações
nas derivadas das equações diferenciais, reduzindo a um problema de sistemas de
equações lineares que fornecem a solução em pontos (nós) discretos no interior do
domínio do problema. No segundo, a solução das equações diferenciais
governantes do problema físico pode ser resolvida por funções de aproximação que
satisfazem condições descritas por equações integrais no domínio do problema.
Essas funções de aproximação podem ser funções polinomiais com grau razoável
de ajuste em elementos discretizados a partir da geometria do problema
satisfazendo as equações integrais em cada elemento discreto ou elemento finito.
Assim, como no MDF o MEF ocorre um processo de discretização do domínio, mas
diferente daquele, o MEF resulta em soluções descritas por polinômios conhecidos
todo o domínio e não apenas em nós da malha de diferenças finitas.
A formulação do MEF requer a existência de uma equação integral, de modo
que seja possível substituir o integral sobre um domínio complexo, de volume V, por
um somatório de integrais estendidos a subdomínios de geometria simples, de
volume Vi.
Esta técnica é ilustrada com o seguinte exemplo, que corresponde ao integral
de volume de uma função f :
∫
∑∫
(92)
Em (92) pressupõe-se que:
∑
(93)
58
Se for possível calcular todos os integrais estendidos aos subdomínios Vi,
basta efetuar o somatório correspondente ao segundo membro de (1) para obter o
integral estendido a todo o domínio. Cada subdomínio Vi corresponde a um
elemento finito de geometria simples (segmento de reta, triângulo, quadrilátero,
tetraedro, paralelepípedo). O somatório indicado em (93) vai dar origem à operação
designada assemblagem, que apresenta muitas semelhanças com a que é efetuada
nas estruturas reticuladas.
Segundo Zienkiewicz e Taylor (1989), a equação integral referida no início
desta secção é proveniente da aplicação do método dos resíduos pesados ou de um
princípio variacional. No caso da aplicação do MEF à análise de estruturas a
formulação mais intuitiva é a que se baseia no princípio dos trabalhos virtuais.
2.6.3. Elementos finitos bidimensionais
Segundo Assan (2003) os problemas bidimensionais planos podem ser
divididos entre problemas de estado plano de deformação e de estado plano de
tensão. Problemas que envolvam corpos longos onde a geometria e estado de
carregamento não mudam muito ao longo de seu eixo longitudinal estão sob estado
de deformação, como no caso de muros de contenção, barragens, vigas longas,
tubulações, placas solicitadas transversalmente ao plano, entre outros. Já problemas
onde as dimensões de espessura são muito pequenas, como no caso de chapas
solicitadas longitudinalmente ao seu plano, estão sob estado plano de tensão.
Assan (2003) cita que as variáveis dependem das coordenadas nas
formulações, daí a importância de identificar cada caso. No estado plano de
deformações, as variáveis dependem apenas dos eixos x e y. No outro caso, há as
considerações de nulidade de tensões normais e de cisalhamento que envolvam o
eixo z.
Na figura 28 é apresentado um exemplo de cada tipo de elemento
bidimensional plano dos mais comumente utilizados na análise de estruturas.
59
Figura 28 - Elemento finito de chapa (a), de placa (b) e de casca (c). (Fonte: ASSAN, 2003).
O comportamento da placa na abordagem do método dos elementos finitos
define-se por uma função deslocamento variável segundo a normal ao plano da
mesma. Além do deslocamento vertical dos nós, são considerados os giros destes
nós em torno das duas direções do plano. Assim, são três os graus de liberdade por
nó. Deste modo, são desenvolvidas matrizes correspondentes aos elementos das
placas, podendo esses serem triangulares ou retangulares, conforme a abordagem
escolhida.
Shigue (2002) cita que outra diferença marcante entre o MDF e o MEF é na
topologia de discretização do domínio. No MDF com elementos planos geralmente
empregam-se malhas de topologia triangular ou retangular estruturada (fig. 29). Na
malha estruturada os intervalos entre nós adjacentes nas direções x e y são
constantes, como pode ser observado na própria figura.
Figura 29 - (a) Exemplos de malha triangular estruturada e (b) malha estruturada retangular aplicada a um polígono regular (retângulo). (Fonte: SHIGUE, 2002)
O emprego de malhas estruturadas dificulta a descrição de geometrias
irregulares, como pode ser observado na Fig. 30 e por essa razão a aplicação do
60
MDF em problemas com geometria irregulares resulta em problemas numéricos de
aproximação da fronteira.
Figura 30 - (a) Exemplos de malha estruturada retangular e (b) malha estruturada triangular aplicada a um polígono com geometria irregular. (Fonte: SHIGUE, 2002)
O MEF por sua vez não requer topologia de malha estruturada e como
usualmente emprega uma aproximação polinomial aos valores interiores aos
elementos discretizados, pode utilizar para descrever problemas com geometria
plana usando elementos triangulares ou retangulares não estruturados, isto é, com
dimensões diferenciadas entre os elementos discretos (figura 31).
Figura 31 - Exemplos de malhas não estruturadas (a) triangular e (b) retangular. (Fonte: SHIGUE, 2002)
A computação moderna baseada em processadores capazes de executarem
bilhões de cálculos por segundo, sendo comuns vários núcleos nestas mesmas
61
unidades; memórias ostensivas capazes de acumular vários gigabytes, e, sobretudo,
o desenvolvimento de placas gráficas relativamente potentes para o mercado
comum, tendo preços bastante acessíveis, o que facilita sua aquisição para órgãos
de pesquisa e desenvolvimento e empresas tanto de médio quanto de pequeno
porte; possibilitam uma extensiva aplicação do método dos elementos finitos para o
cálculo de estruturas.
Dentro deste universo de possibilidades na Engenharia, a aplicação de
programas que se utilizam desta abordagem numérica para a simulação de cargas e
cálculos de esforços em tabuleiros de pontes que se mostram na forma de placas,
tanto retangulares quanto esconsas, revela-se como uma alternativa deveras
interessante. Uma vez que a quantidade de pontos a ser simulada em estruturas
tridimensionais é bastante elevada, os resultados referentes a estes esforços no
material podem ser bem aproximados da situação real. Entre os vários programas
que se utilizam desta técnica, foi utilizado para este trabalho o ANSYS ® da
empresa ANSYS Inc.
3. METODOLOGIA
Este capítulo irá tratar das definições de modelagem das placas em
computador. Devem ser definidos valores de constantes do material, geometria das
placas, condições de carregamento e de contorno para obtenção dos valores de
entrada no aplicativo.
3.1. DEFINIÇÃO DO MATERIAL
O material a ser simulado será o concreto de resistência característica 25
MPa , que segundo a norma NBR 6118:2003, possui as seguintes características:
Peso específico
Módulos de elasticidade:
62
o Tangente:
⁄
⁄
o Secante:
Coeficiente de Poisson:
3.2. DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA DAS PLACAS
Será ensaiada uma placa com espessura de 60 centímetros, o que
corresponde à altura usualmente adotada em projetos de pontes em lajes em
concreto armado. Para se adaptar ao modelo de Timoshenko para placas esconsas,
será utilizado um vão fixo de 20 metros e uma largura de 10 metros.
O módulo de elasticidade do material será definido conforme especificação da
norma brasileira de procedimento para cálculo de estruturas de concreto. Neste caso
a norma determina que se utilize o módulo de elasticidade secante, pois segundo o
item 8.2.8 da norma NBR 6118 (2003):
“O módulo de elasticidade secante a ser utilizado nas análises elásticas de projeto, especialmente para
determinação de esforços solicitantes e verificação de estados limites de serviço [...]”
“Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural ou seção transversal pode ser adotado um módulo
de elasticidade único, à tração e à compressão, igual ao módulo de elasticidade secante (Ecs)”
Com a definição destes dados, podemos então determinar a rigidez flexural
da placa a partir da equação (21):
3.3. DEFINIÇÃO DO CARREGAMENTO
A título deste trabalho, o carregamento será uniforme por área. Será adotada
uma carga acidental de 250 quilogramas por metro quadrado, carregamento
bastante utilizada em projetos de Engenharia no Brasil.
63
Conforme definida no item 3.2, a geometria da placa, por ser uniforme, já
define o seu peso próprio a partir do peso específico do material definido no item
3.1.
a) Peso próprio
b) Cargas acidentais
c) Carga total
3.4. CONDIÇÕES DE CONTORNO
Este trabalho estudará o comportamento de três tipos de contorno das placas:
quatro bordos simplesmente apoiados, dois bordos simplesmente apoiados e dois
livres e quatro bordos engastados.
3.5. MODELAGEM COMPUTACIONAL
A modelagem computacional das placas foi realizada através do aplicativo
ANSYS 12.0 seguindo as definições de material, geometria e carregamento
definidas nos itens anteriores. Nos itens a seguir serão mostradas as etapas e os
passos do lançamento das estruturas no programa, bem como as etapas de
configuração das análises.
3.5.1. Preparação da interface do usuário
A preparação da interface do usuário no aplicativo ANSYS é uma etapa
opcional de um processo de análise. Esta etapa basicamente permite que o usuário
64
otimize a exibição de comandos do programa para que tenha acesso apenas aos
recursos que pretende utilizar.
Figura 32 - Tela de preparação da interface de usuário. (Fonte: ANSYS INC., 2009).
O aplicativo proporciona opções a serem escolhidas sobre o tipo de análise a
ser realizada. Estas opções podem ser observadas na Figura 32.
O usuário também pode escolher o método de análise a ser realizado. Entre
estas opções estão o “p-method” e o “h-method”.
Segundo a ANSYS (2009), o “p-method” obtém resultados de deslocamentos,
tensões e deformações com grau de precisão definido pelo usuário. Estes resultados
são obtidos através da elevação do grau da polinomial do elemento finito até que se
chegue ao resultado mais próximo do real. Este método de análise, segundo a
ANSYS (2009) deve ser específico para uma determinada análise. Pode-se observar
na Figura 32 que o “p-method” é específico para análise estrutural ou
eletromagnética.
Em contrapartida, o “h-method” adota um grau de polinomial específico para
cada elemento, que pode ser grau 1 (linear) ou grau 2 (quadrática). Este método,
segundo a ANSYS (2009), é válido para qualquer tipo de análise.
65
SCHIERMEIER (1990) explica que a diferença entre ambos os métodos para
uma análise estrutural é que a precisão no “h-method” e controlada apenas pelo
refinamento da malha de elementos, enquanto no “p-method”, esta precisão é
controlada, além de através do refinamento, pelo grau da polinomial. A Figura 33
ilustra esta diferença.
Figura 33 - Diferença entre o “h-method” e o “p-method”. Fonte: SCHIERMEIER (1990)
Para este estudo foi utilizado o h-method no cálculo dos elementos. Por ser
uma análise plana, o estudo não exige o grau de precisão que se obtém no outro
tipo de análise, esta que demandaria um maior tempo de processamento.
3.5.2. Pré-processamento (comando /PREP7)
Este comando é utilizado para definição de todos os elementos que
antecedem o processamento do objeto. Existe, dentro deste comando, uma grande
quantidade de subcomandos que definem cada um destes elementos.
a. Definição do elemento (subcomando ET)
66
Este subcomando permite que se escolha um elemento qualquer da própria
biblioteca do aplicativo. (ANSYS, 2009). Existem ainda outros subcomandos que
permitem ao usuário uma liberdade maior para definição de graus de liberdade.
Para a análise dos elementos neste trabalho foi utilizado o elemento
SHELL281 disponível no aplicativo ANSYS 12.0. Este elemento pode ser descrito,
segundo a ANSYS (2009):
“O elemento SHELL281 é apropriado para analisar estruturas de casca, desde finas até
moderadamente espessas. O elemento possui oito nós com seis graus de liberdade em cada um:
translação e rotação nos eixos x, y, e z. Este elemento também pode ser utilizado para aplicações em
camadas, para modelar cascas compostas ou a construção em sanduíche. Este elemento permite a
análise das tensões e alongamentos de membrana. No entanto, as alterações de curvatura no interior
de um incremento de tempo são assumidos para ser pequena.”
A representação gráfica deste elemento pode ser feita segundo a Figura 34.
Figura 34 - Representação geométrica do elemento SHELL281. Fonte ANSYS (2009).
É importante ressaltar que a escolha do elemento finito empregado na
modelagem de placas influencia no resultado final. Um estudo realizado por
ALMEIDA (1999) observou para uma placa esconsa em 30 graus, resultados
diferentes para modelos com malhas formadas por elementos diferentes. A Figura
35 mostra as malhas e o modelo ensaiado e seus resultados.
67
Figura 35 - Modelo de placa analisado (A), as malhas de elementos finitos utilizadas (B) e os desvios de resultado entre tipos de malha (a direita). Fonte: (ALMEIDA,1999)
b. Inserção dos dados do modelo
Esta é uma série de etapas que mostra como os dados de material, geometria
e carga são inseridos no aplicativo.
Constantes do elemento (subcomando R)
Nesta etapa inserem-se dados relativos a geometria do elemento, como
espessura do elemento, densidade de massa, entre outros. Neste caso, entra-se
com o valor de 0,6 metros constante em todo o elemento.
68
Figura 36 - Definição das constantes geométricas do elemento finito.
B2. Definição das propriedades do material (subcomando MP)
Nesta etapa, devem ser definidas as propriedades mecânicas dos materiais a
serem analisados. O aplicativo oferece diversas opções de propriedades de material
para determinados tipos de análise. Neste caso em específico, será utilizado o
modelo linear elástico isotrópico, para fins de comparação com modelos teóricos.
Devem ser inseridos os valores do módulo de elasticidade do material (EX) e
do coeficiente de Poisson (PRXY).
69
Figura 37 - Definição do modelo de comportamento e inserção das constantes elásticas do material (Fonte: ANSYS, 2009)
c. Geração do desenho da placa
O desenho geométrico da placa a ser ensaiada é inserido no ambiente de
trabalho do aplicativo através de keypoints (subcomando K), que posteriormente são
unidos para formação de uma área (subcomando A).
Como todas as placas que serão ensaiadas neste trabalho possuem as
mesmas dimensões, a posição dos keypoints no plano é função apenas do ângulo
de esconsidade de cada uma das placas. A geração de keypoints para cada ângulo
pode ser escrita conforme o quadro 7.
Ângulo Keypoint 1 Keypoint 2 Keypoint 3 Keypoint 4
X Y X Y X Y X Y
0 0 0 20 0 0 10 20 10
30 0 0 20 0 5,77 10 25,77 10
45 0 0 20 0 10,00 10 30 10
60 0 0 20 0 17,32 10 37,32 10
75 0 0 20 0 37,32 10 57,32 10
QUADRO 7 – POSIÇÃO DOS KEYPOINTS NO PLANO (XY).
FONTE: O AUTOR
70
d. Geração da malha de elementos finitos
Nesta etapa será gerada a malha de elementos finitos sobre a área. As
dimensões dos elementos da malha podem ser editadas através do subcomando
AESIZE. No caso deste estudo, foi utilizada uma malha de elementos quadrados
com dimensão de 0,2 m, resultando em uma área de 0,04 m² por elemento. Caso
esta etapa não seja efetuada, o programa ANSYS gerará uma malha com dimensão
definida pelo próprio programa.
Ao serem definidas as dimensões do elemento, executa-se o subcomando
AMESH, que irá propriamente aplicar a malha de elementos finitos sobre a área
criada na etapa c.
A quantidade de elementos finitos por cada placa também é função do ângulo
de esconsidade e está apresentada na tabela 1.
TABELA 1 – NÚMERO DE ELEMENTOS FINITOS EM CADA UMA DAS PLACAS MODELADAS
Ângulo Quantidade de elementos teórica
Quantidade de elementos efetiva
0 5000 5000
30 5773,50 5800
45 7071,07 7100
60 10000 10000
75 19318,52 19400
FONTE: O AUTOR.
Este número de elementos é obtido pela relação entre as áreas da placa e a
área do elemento, considerando o efeito do aumento de comprimento das arestas
esconsas que mantém a largura da placa fixa
(94)
Como se observa na tabela 1 a quantidade teórica de elementos nem sempre
é exata, pois para determinados ângulos o comprimento da aresta esconsa não é
múltipla da aresta predeterminada do elemento, portanto o próprio aplicativo corrige
esta aresta e divide a peça em um número exato de elementos efetivos.
71
3.5.3. Processamento (comando /SOLVE)
Na fase de processamento, o aplicativo realiza as etapas de cálculo para
cada elemento, com base nas definições apresentadas no item 3.5. Ao ser solicitada
a resolução da placa, o aplicativo oferece uma tela onde podem ser verificados os
detalhes da solução
Figura 38 - Apresentação das condições definidas para simulação (Fonte: ANSYS, 2009)
3.5.4. Pós-processamento
A etapa de pós-processamento corresponde na interpretação dos resultados
obtidos pela parte de processamento.
Esta etapa fornece vários tipos de resultado, sendo cada um deles específico
para determinados fins. A título deste trabalho, os itens do pós-processamento que
serão utilizados são a estrutura deformada e as tabelas e gráficos dos esforços
internos em cada placa analisada.
72
Figura 39 - Representação gráfica do elemento SHELL281 com seus esforços internos (Fonte: ANSYS, 2009)
Estes elementos devem ser definidos em tabela de acordo com as
necessidades do usuário através do comando ETABLE. Cada um dos esforços
representados na Figura 39 tem um item específico do comando conforme quadro 8.
Resultado Item E Descrição
N11 SMISC 1 Esforço normal na direção x
N22 SMISC 2 Esforço normal na direção y
N12 SMISC 3 Esforço normal na direção z
M11 SMISC 4 Momento fletor em torno de x
M22 SMISC 5 Momento fletor em torno de y
M12 SMISC 6 Momento de torção
Q13 SMISC 7 Esforço cortante no plano xz
Q23 SMISC 8 Esforço cortante no plano yz
ε11 SMISC 9 Deformação de membrana
ε22 SMISC 10 Deformação de membrana
ε12 SMISC 11 Deformação de membrana
k11 SMISC 12 Curvatura na direção x
k22 SMISC 13 Curvatura na direção y
k12 SMISC 14 Curvatura na direção z
γ13 SMISC 15 Deformação transversal no plano xz
γ23 SMISC 16 Deformação transversal no plano yz
THICK SMISC 17 Espessura do elemento
QUADRO 8 – RELAÇÃO DE RESULTADOS GERADOS PARA O ELEMENTO SHELL 281.
FONTE: ANSYS (2009)
73
4. RESULTADOS
4.1. PLACAS SIMPLESMENTE APOIADAS
A simulação computacional das placas simplesmente apoiadas em seus
quatro bordos apresentou os resultados que seguem nos itens 4.1.1 a 4.1.6.
4.1.1. Placa deformada
Figura 40 - Resultado computacional da placa com quatro bordos simplesmente apoiados deformada com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus.
74
4.1.2. Momento fletor na direção X
Figura 41 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção x da placa com quatro bordos simplesmente apoiados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60
graus e (e) 75 graus.
75
4.1.3. Momento fletor na direção Y
Figura 42 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção y da placa com quatro bordos simplesmente apoiados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60
graus e (e) 75 graus.
76
4.1.4. Momento torcedor
Figura 43 - Resultado computacional dos momentos de torção da placa com quatro bordos simplesmente apoiados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60
graus e (e) 75 graus.
77
4.1.5. Esforço cortante na direção XY
Figura 44 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção xy da placa com quatro bordos simplesmente apoiados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus,
(d) 60 graus e (e) 75 graus.
78
4.1.6. Esforço cortante na direção YX
Figura 45 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção yx da placa com quatro bordos simplesmente apoiados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus,
(d) 60 graus e (e) 75 graus.
79
4.2. PLACAS SIMPLESMENTE APOIADAS EM DOIS BORDOS
A simulação computacional das placas simplesmente apoiadas em dois
bordos e livre em outros dois apresentou os seguintes resultados:
4.2.1. Placa deformada
Figura 46 - Resultado computacional da placa com dois bordos simplesmente apoiados e dois livres deformada com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus e (d) 60 graus.
80
4.2.2. Momento fletor na direção X
Figura 47 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção x da placa com dois bordos simplesmente apoiados e dois livres com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45
graus e (d) 60 graus.
81
4.2.3. Momento fletor na direção Y
Figura 48 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção y da placa com dois bordos simplesmente apoiados e dois livres com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45
graus e (d) 60 graus.
82
4.2.4. Momento torcedor
Figura 49 - Resultado computacional dos momentos de torção da placa com dois bordos simplesmente apoiados e dois livres com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45
graus e (d) 60 graus.
83
4.2.5. Esforço cortante na direção XY
Figura 50 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção xy da placa com dois bordos simplesmente apoiados e dois livres com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45
graus e (d) 60 graus.
84
4.2.6. Esforço cortante na direção YX
Figura 51 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção yx da placa com dois bordos simplesmente apoiados e dois livres com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45
graus e (d) 60 graus.
85
4.3. PLACAS ENGASTADAS EM QUATRO BORDOS
4.3.1. Placa deformada
Figura 52 - Resultado computacional da placa com quatro bordos engastados deformada com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e) 75 graus.
86
4.3.2. Momento fletor na direção X
Figura 53 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção x da placa com quatro bordos engastados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e)
75 graus.
87
4.3.3. Momento fletor na direção Y
Figura 54 - Resultado computacional dos momentos fletores na direção y da placa com quatro bordos engastados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e)
75 graus.
,
88
4.3.4. Momento torcedor
Figura 55 - Resultado computacional dos momentos de torção na placa com quatro bordos engastados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60 graus e (e)
75 graus.
89
4.3.5. Esforço cortante na direção XY
Figura 56 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção xy da placa com quatro bordos engastados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60
graus e (e) 75 graus.
90
4.3.6. Esforço cortante na direção YX
Figura 57 - Resultado computacional dos esforços cortantes na direção yx da placa com quatro bordos engastados com ângulo de esconsidade de (a) 0 graus, (b) 30 graus, (c) 45 graus, (d) 60
graus e (e) 75 graus.
91
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1. COMPORTAMENTO DO DESLOCAMENTO MÁXIMO E DOS
ESFORÇOS INTERNOS COM A VARIAÇÃO DO ÂNGULO
Depois de concluídos os ensaios das placas, pode-se estudar o
comportamento dos deslocamentos máximos de cada uma delas, bem como a
variação nos picos de momentos e esforços cortantes.
Como era esperado, o comportamento destes esforços varia conforme a
condição de apoio da placa, o que confirma as hipóteses teóricas. Os resultados de
cada uma das condições de apoio estão detalhados nos itens que seguem.
5.1.1. Placas com os bordos simplesmente apoiados
O quadro 9 apresenta os resultados dos deslocamentos e momentos
máximos e mínimos da modelagem e ensaio das placas apoiadas em seus quatro
bordos e as figuras 58, 59, 60 e 61 representam graficamente as variações conforme
os ângulos de esconsidade.
PLACAS APOIADAS
Ângulo MÁXIMOS MÍNIMOS
w (mm) MX
(kNm) MY
(kNm) MXY
(kNm) QXY (kN)
QYX (kN)
MX (kNm)
MY (kNm)
MXY (kNm)
QXY (kN)
QYX (kN)
0 4,034 178,39 68,66 83,91 175,77 180,51 -9,06 -9,24 -83,91 -175,77 -180,51
30 3,945 147,34 97,99 108,48 509,66 598,01 -30,42 -56,77 -55,21 -509,50 -598,14
45 3,653 130,91 121,37 92,63 575,76 723,32 -30,33 -68,99 -46,14 -575,76 -723,32
60 2,722 109,76 131,23 58,36 486,04 622,78 -17,56 -49,30 -32,96 -486,04 -622,78
75 0,370 16,96 58,58 7,28 81,39 81,54 -0,87 -3,21 -7,03 -81,39 -81,54
QUADRO 9 – RESULTADOS DOS ENSAIOS PARA PLACAS APOIADAS EM TODAS AS
EXTREMIDADES.
FONTE: O AUTOR
92
a. Deslocamento vertical máximo
Figura 58 - Variação do deslocamento vertical máximo variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor)
b. Momentos fletores e torcedores máximos
Figura 59 - Variação dos momentos máximos variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
0 15 30 45 60 75
w (
mm
)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
DESL. VERTICAL MÁXIMO DA PLACA APOIADA
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 15 30 45 60 75
(kN
.m)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
MOMENTOS MÁXIMOS DA PLACA APOIADA
MX
MY
MXY
93
c. Momentos fletores e torcedores mínimos
Figura 60 - Variação dos momentos máximos variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor)
d. Esforços cortantes máximos
Figura 61 - Variação dos esforços cortantes máximos variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor).
-90
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
0 15 30 45 60 75
(kN
.m)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
MOMENTOS MÍNIMOS DA PLACA APOIADA
MX
MY
MXY
0
100
200
300
400
500
600
700
800
0 15 30 45 60 75
(kN
)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
ESFORÇOS CORTANTES MÁXIMOS DA PLACA APOIADA
QXY
QYX
94
5.1.2. Placas com dois bordos livres
O quadro 10 apresenta os resultados dos deslocamentos e momentos
máximos e mínimos da modelagem e ensaio das placas apoiadas em dois bordos e
livres nos outros dois, e as figuras 62, 63, 64 e 65 representam graficamente as
variações conforme os ângulos de esconsidade.
PLACAS LIVRES
Ângulo MÁXIMOS MÍNIMOS
w (mm) MX
(kNm) MY
(kNm) MXY
(kNm) QXY (kN)
QYX (kN)
MX (kNm)
MY (kNm)
MXY (kNm)
QXY (kN)
QYX (kN)
0 85,286 55,92 887,22 78,79 545,87 283,45 -8,41 14,91 -78,79 -545,87 -283,45
30 58,153 88,72 635,59 220,14 1244,40 2248,70 -214,06 3,09 -248,24 -1244,40 -2248,70
45 35,091 135,85 505,29 203,79 1803,70 3136,10 -384,38 0,24 -283,30 -1803,70 -3136,10
60 17,179 125,57 289,11 160,80 1872,00 3157,10 -444,17 -4,75 -216,23 -1872,00 -3157,10
QUADRO 10 – RESULTADOS DOS ENSAIOS PARA PLACAS APOIADAS EM DUAS
EXTREMIDADES.
FONTE: O AUTOR
Figura 62 - Variação do deslocamento vertical máximo variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 15 30 45 60
w (
mm
)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
DESL. VERTICAL MÁXIMO DA PLACA COM BORDOS LIVRES
95
Figura 63 - Variação dos momentos máximos variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor).
Figura 64 - Variação dos momentos mínimos variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
0 15 30 45 60
(kN
.m)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
MOMENTOS MÁXIMOS DA PLACA COM BORDOS LIVRES
MX
MY
MXY
-500
-400
-300
-200
-100
0
100
0 15 30 45 60
(kN
.m)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
MOMENTOS MÍNIMOS DA PLACA COM BORDOS LIVRES
MX
MY
MXY
96
Figura 65 - Variação dos esforços cortantes máximos variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor).
5.1.3. Placas com os bordos engastados
O quadro 11 apresenta os resultados dos deslocamentos e momentos
máximos e mínimos da modelagem e ensaio das placas apoiadas em dois bordos e
livres nos outros dois, e as figuras 66, 67, 68 e 69 representam graficamente as
variações conforme os ângulos de esconsidade.
PLACAS ENGASTADAS
Ângulo MÁXIMOS MÍNIMOS
w (mm) MX
(kNm) MY
(kNm) MXY
(kNm) QXY (kN)
QYX (kN)
MX (kNm)
MY (kNm)
MXY (kNm)
QXY (kN)
QYX (kN)
0 1,017 71,28 26,14 20,50 75,77 88,29 -136,06 -90,83 -20,50 -75,77 -88,29
30 1,000 58,03 36,99 47,08 77,00 77,23 -108,64 -95,67 -20,92 -77,00 -77,22
45 0,943 45,09 47,30 52,68 63,04 79,05 -79,00 -101,96 -20,48 -63,04 -79,05
60 0,700 28,55 52,79 36,80 41,46 79,88 -42,44 -105,81 -10,59 -41,46 -79,88
75 0,084 5,05 19,57 6,72 10,90 45,21 -8,31 -37,99 -01,95 -10,90 -45,21
QUADRO 11 – RESULTADOS DOS ENSAIOS PARA PLACAS APOIADAS EM DUAS
EXTREMIDADES.
FONTE: O AUTOR
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
0 15 30 45 60
(kN
)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
ESFORÇOS CORTANTES MÁXIMOS DA PLACA COM BORDOS LIVRES
QXY
QYX
97
Figura 66 - Variação do deslocamento máximo variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor).
Figura 67 - Variação dos momentos máximos variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor).
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
0 15 30 45 60 75
w (
mm
)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
DESL. VERTICAL MÁXIMO DA PLACA COM BORDOS ENGASTADOS
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 15 30 45 60 75
(kN
.m)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
MOMENTOS MÁXIMOS DA PLACA COM BORDOS ENGASTADOS
MX
MY
MXY
98
Figura 68 - Variação dos momentos mínimos variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor).
Figura 69 - Variação dos esforços cortantes máximos variando o ângulo de esconsidade. (Fonte: O autor).
5.1.4. Considerações dos resultados
O deslocamento vertical máximo, tanto da placa com quatro bordos apoiados
como da placa com quatro bordos engastados apresentou bastante variação
decrescente a partir do ângulo de esconsidade de 30 graus. Já a placa biapoiada
apresenta uma variação também negativa, mas praticamente linear nos
-160
-140
-120
-100
-80
-60
-40
-20
0
0 15 30 45 60 75
(kN
.m)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
MOMENTOS MÍNIMOS DA PLACA COM BORDOS ENGASTADOS
MX
MY
MXY
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 15 30 45 60 75
(kN
)
ÂNGULO DE ESCONSIDADE
ESFORÇOS CORTANTES MÁXIMOS DA PLACA COM BORDOS ENGASTADOS
QXY
QYX
99
deslocamentos máximos já a partir do ângulo zero. Como esperado, as condições
de apoio fizeram com que a placa biapoiada tivesse maior deslocamento vertical,
pela menor rigidez nas extremidades livres em comparação aos outros dois
modelos.
Os momentos fletores apresentaram cada qual variação particular conforme a
sua direção. No caso de placas totalmente apoiadas ou engastadas, a variação do
comportamento dos momentos fletores conforme o ângulo de esconsidade é
bastante uniforme e têm uma tendência de diminuição a partir do ângulo de 60
graus. A variação de comportamento mais brusca ocorre no momento fletor na
direção X da placa biapoiada, que pode ser observado nas figuras 47 (a) e 47 (b),
porém, não apresentou valores de grande significância. Já o comportamento dos
momentos mínimos foi mais significativo, pois este aumentou significativamente de
valor até o ângulo de 60 graus, com maiores concentrações nas regiões de ângulos
obtusos, como se pode observar nas figuras 48 e 64.
Os momentos de torção das placas têm, em todos os casos, valores iguais
em módulo na placa retangular e, com a variação do ângulo de esconsidade, estes
valores se tornam diferentes, desequilibrando a torção no seu interior. Isto faz com
que haja necessidade de consideração dos momentos de torção interiores à placa
para dimensionamento, em especial nos ângulos obtusos. (HAMBLY, 1991). Esta
concentração de momentos de torção pode ser observada nas figuras 43, 49 e 55. O
maior desequilíbrio de torção em valores aconteceu na placa engastada, onde há
restrição de movimentos em todos os bordos. Em contrapartida, neste caso estes
momentos ficaram mais distribuídos nos bordos, ao contrário dos outros dois
modelos em que a torção concentrou seu pico nos ângulos obtusos.
As variações dos esforços cortantes máximos das placas totalmente apoiadas
apresentaram variação significativa, aumentando em até quatro vezes o pico no
ângulo de 45 graus e decrescendo da mesma forma a partir deste. Nota-se, pela
figura 45, que nos ângulos de 30, 45 e 60 graus, há grande concentração de
esforços cortantes nos bordos da placa, e que nos outros, há uma melhor
distribuição destes esforços. Os esforços nas placas biapoiadas têm tendência de
crescimento em ambos os sentidos conforme variação do ângulo, porém há um
momento que pode ser observado na figura 65 em que o esforço na direção XY
100
ultrapassa o valor na direção YX antes mesmo do ângulo de 30 graus, evidenciando
mudança de comportamento da placa nas regiões de apoio. Nas figuras 50 e 51
nota-se que a concentração destas forças fica nos bordos, principalmente nos
ângulos obtusos, o que leva à confirmação da teoria exposta por Hambly (1991).
Nas placas engastadas aparece a única tendência de decrescimento das forças
cortantes em ambas as direções, exceto na direção YX entre 30 e 60 graus, onde
nota-se uma levíssima taxa de acréscimo.
5.2. COMPARAÇÃO ENTRE MODELOS
5.2.1. Deslocamento máximo e momentos fletores da placa retangular
Pelo fato de terem sido deduzidas equações que calculam o deslocamento
máximo de placas retangulares a partir da resolução da equação geral das placas
para diferentes condições de apoio, pode-se comparar estes resultados com aqueles
obtidos computacionalmente. Além disso, é possível que se compare estes
resultados a modelos já bastante difundidos, como os modelos de Bares (1972) e
Czerny (1976), largamente aplicados na Engenharia, que seguem hipóteses e
formulações distintas.
Existem vários outros métodos para análise simplificada de placas
retangulares. O método de Marcus, por exemplo, é derivado da teoria das grelhas e
é bastante útil para dimensionamento de lajes de concreto armado que admitem um
comportamento elástico-linear do material. ARAÚJO (2003).
Ambos os métodos não contemplam a solução de laje biapoiada, ou seja, não
há modelo matemático para este tipo de situação nestes dois casos. Portanto, a
comparação dos resultados com estes dois métodos se dará apenas para as placas
apoiadas e engastadas.
O quadro 12 apresenta os resultados dos deslocamentos máximos para os
quatro modelos analisados, o quadro 13 apresenta os resultados de momentos
fletores máximos e o quadro 14 apresenta os resultados dos momentos fletores
mínimos.
101
a. Deslocamentos verticais (em milímetros)
Apoio Teoria das placas MEF Bares Czerny
Quatro bordos apoiados
4,073 4,034 4,281 3,882
Biapoiada 8,307 8,529 - -
Engastada 0,977 1,017 1,043 0,973
QUADRO 12 – RESULTADOS DOS DESLOCAMENTOS MÁXIMOS VERTICAIS PARA PLACAS
RETANGULARES
FONTE: O AUTOR, BARES (1972), CZERNY (1976)
b. Momentos fletores máximos (em kN.m)
Apoio Teoria das placas MEF Bares Czerny
MY MX MY MX MY MX MY MX
Quatro bordos apoiados
17,479 6,597 17,839 6,866 17,34 5,53 17,678 7,447
Biapoiada 88,13 6,07 88,722 5,592 - - - -
Engastada 7,298 2,788 7,128 2,614 7,087 1,68 7,292 3,065
QUADRO 13 – RESULTADOS DOS MOMENTOS FLETORES MÁXIMOS PARA PLACAS
RETANGULARES
FONTE: O AUTOR, BARES (1972), CZERNY (1976)
c. Momentos fletores mínimos (em kN.m)
Apoio Teoria das placas MEF Bares Czerny
MY MX MY MX MY MX MY MX
Engastada -14,508 -9,992 -13,606 -9,083 -14,577 -10,01 -14,58 -10
QUADRO 14 – RESULTADOS DOS MOMENTOS FLETORES MÍNIMOS PARA PLACAS
RETANGULARES
FONTE: O AUTOR, BARES (1972), CZERNY (1976)
d. Comparações e considerações
O quadro 15 apresenta o desvio de resultados dos modelos em relação ao
modelo matemático teórico para os deslocamentos verticais máximos, o quadro 16
102
apresenta os desvios para os momentos máximos e o quadro 17 para os momentos
mínimos.
Tipo de apoio MEF Bares Czerny
Quatro bordos apoiados -0,96% 5,11% -4,69%
Biapoiada 2,67% - -
Engastada 4,09% 6,76% -0,41%
QUADRO 15 – COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DE DESLOCAMENTOS VERTICAIS
MÁXIMOS PARA PLACAS RETANGULARES
FONTE: O AUTOR
Tipo de apoio MEF Bares Czerny
MY MX MY MX MY MX
Quatro bordos apoiados
2,06% 4,08% -0,80% -16,17% 1,14% 12,88%
Biapoiada 0,67% -7,87% - - - -
Engastada -2,33% -6,24% -2,89% -39,74% -0,08% 9,94%
QUADRO 16 – COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DE MOMENTOS FLETORES MÁXIMOS
PARA PLACAS RETANGULARES
FONTE: O AUTOR
Tipo de apoio MEF Bares Czerny
MY MX MY MX MY MX
Engastada -6,22% -9,10% 0,48% 0,18% 0,50% 0,08%
QUADRO 17 – COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DE MOMENTOS FLETORES MÍNIMOS
PARA PLACAS RETANGULARES
FONTE: O AUTOR
Em comparação com a resolução das equações da teoria das placas, os
resultados obtidos através do método dos elementos finitos foram bastante
satisfatórios apresentando desvios aceitáveis.
Percebe-se também que, ao comparar os métodos tabelados simplificados,
eles também apresentam valores satisfatórios, com exceção dos momentos
máximos positivos para placas engastadas, onde houve vários resultados
103
discrepantes entre si. Isto significa que o projetista deve sempre buscar várias
fontes de resultados quando se trata de dimensionamento de lajes, pois a
interpretação da teoria das placas é bastante variada entre pesquisadores. No caso
do modelo de Marcus, por exemplo, a consideração do efeito de grelha leva a
resultados diferentes daqueles obtidos por outros métodos, pois quando propôs seu
modelo, Marcus observou que o processo das grelhas fornecia valores relativamente
altos para os momentos fletores positivos, propondo então coeficientes de correção
para os mesmos. (CAMACHO, 2004).
No caso de projetos mais específicos, como lajes industriais, onde haja
necessidade da consideração de carregamentos pontuais, ou no caso de pontes,
onde existam cargas móveis de grande monta, o método dos elementos finitos é de
grande valia, pois são poucos os modelos matemáticos que contemplam casos
específicos. Esta liberdade de projeto que a computação fornece nos dias de hoje é
uma das principais vantagens do seu uso na Engenharia.
Para o caso da consideração do ângulo de esconsidade nas placas, conforme
citado no item 2.5, a formulação analítica para este estudo é inviável devido sua
complexidade matemática. Neste caso, os itens que seguem mostram a comparação
dos resultados obtidos computacionalmente com outros modelos de cálculo já
bastante difundidos nos meios científico e profissional da Engenharia.
5.2.2. Método numérico de Timoshenko para placas esconsas
Conforme apresentado no item 2.5.3.1, Timoshenko publicou uma tabela de
coeficientes para determinação de momentos e deformações em lajes esconsas
obtidas através de diferenças finitas. A partir das simulações computacionais, pode-
se construir uma tabela semelhante e então fazer uma comparação entre métodos.
De posse dos resultados dos ensaios, podem ser criadas tabelas e gráficos
comparando os resultados obtidos por Timoshenko e obtidos computacionalmente.
104
a. Para placas com bordos simplesmente apoiados
φ Timoshenko MEF Desvio (%)
α β α β α β
0° 0,01013 0,09999 0,01049 0,10194 -3,55% -1,95%
30° 0,01046 0,0968 0,01026 0,08419 1,93% 13,02%
45° 0,00938 0,0898 0,00950 0,07481 -1,27% 16,70%
60° 0,00796 0,0772 0,00708 0,07467 11,08% 3,28%
75° 0,00094 0,0335 0,00096 0,03347 -2,35% 0,08%
QUADRO 18 - COEFICIENTES DE DEFLEXÃO E DE MOMENTOS FLETORES PARA PLACAS
COM BORDOS SIMPLESMENTE APOIADOS, CALCULADOS PELOS MÉTODOS NUMÉRICO E
DOS ELEMENTOS FINITOS.
FONTE: O AUTOR.
b. Para placas com dois bordos livres
φ Timoshenko MEF
α0 β0 α1 β1 α0 β0 α1 β1
0° 0,214 0,495 0,224 0,508 0,2113 0,4956 0,2218 0,5070
30° 0,1183 0,368 0,1302 0,367 0,1174 0,3609 0,1285 0,3937
45° 0,0708 0,291 0,0869 0,296 0,0728 0,2863 0,0912 0,2945
60° 0,0186 0,166 0,0396 0,152 0,0194 0,1613 0,0447 0,1611
QUADRO 19 - COEFICIENTES DE DEFLEXÃO E DE MOMENTOS FLETORES PARA PLACAS
BIAPOIADAS, CALCULADOS PELOS MÉTODOS NUMÉRICO E DOS ELEMENTOS FINITOS.
FONTE: O AUTOR.
φ DESVIO (%)
α0 β0 α1 β1
0° 1,26% -0,12% 1,00% 0,20%
30° 0,76% 1,93% 1,31% -7,27%
45° -2,82% 1,62% -5,00% 0,52%
60° -4,30% 2,83% -12,80% -5,98%
QUADRO 20 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DOS DESLOCAMENTOS TEÓRICO E
COMPUTACIONAL DA PLACA RETANGULAR.
FONTE: O AUTOR.
105
c. Considerações dos resultados
Pode-se observar pelos quadros 17 e 19 que os resultados obtidos através do
método das diferenças finitas e do método dos elementos finitos convergem-se entre
si de forma bastante satisfatória, apesar de alguns deles tenham apresentado
desvios maiores que 10%. Levando-se em consideração que nenhum dos dois
métodos é exato, pode-se dizer que são desvios aceitáveis, até mesmo por se tratar
de diferenças que são da ordem do milímetro ou décimo de milímetro, e que o
modelo de Timoshenko teve seus coeficientes calculados em uma época onde não
se contava com a tecnologia de computação dos dias de hoje.
O modelo de Timoshenko, apesar de relativamente preciso, mostra-se
limitado em se tratando de aplicabilidade em projeto. Possui relações entre lados de
placa e ângulos de esconsidade bastante restritos, o que dificulta a aplicação do
método em problemas reais de Engenharia.
5.2.3. Modelo de Rüsch
Ao se fazer a comparação entre os resultados baseando-se no modelo de
Rüsch, deve-se adaptar as notações ao que foi modelado para este trabalho. A
modelagem das placas para este trabalho obedece à notação de Timoshenko,
portanto os dados de entrada dos ábacos de Rüsch (figuras 17 a 25) devem ser
adaptados. A figura 70 mostra a compatibilização das dimensões entre os dois
métodos.
Conforme pode ser observado pelas figuras 15 e 16, há diferença nas
notações de ângulo de esconsidade e de larguras que servem como dados de
entrada nas tabelas elaboradas por Rüsch. Esta incompatibilidade é corrigida
através de trigonometria conforme mostra o quadro 21.
106
Figura 70 - Compatibilização das dimensões da placa esconsa entre os modelos de Timoshenko e Rüsch. Fonte: O AUTOR.
⁄
0º 90º 20 20 10 0,50
30º 60º 20 17,32 8,66 0,43
45º 45º 20 14,14 7,07 0,35
60º 30º 20 10 5 0,25
QUADRO 21 – VALORES DE ENTRADA DAS PLACAS MODELADAS PARA OS ÁBACOS DE
RÜSCH.
FONTE: O AUTOR
Com os dados de entrada do modelo devidamente corrigidos, aplicam-se
estes valores nos ábacos expostos nas figuras 17 a 25 e obtêm-se os valores de
coeficientes que são apresentados no quadro 22.
Ao se aplicar os coeficientes para a placa modelada para este estudo
conforme a equação (87) obtêm-se os valores apresentados no quadro 23.
107
Ponto
A
0 1,230 0 0,002 - - -
30 1,205 0 0,350 - - -
45 1,205 0 0,560 - - -
60 1,225 0 0,900 - - -
B
0 - - - 1,23 0,085 0
30 - - - 1,30 0,02 -0,23
45 - - - 1,35 0,08 -0,39
60 - - - 1,40 0,40 0,30
C
0 1,275 0 0,0012 - - -
30 1,255 0 0,35 - - -
45 1,400 0 0,60 - - -
60 1,800 0 1,20 - - -
E
0 - - - 0,22 -0,01 0,12
30 - - - 0,28 -0,29 0,16
45 - - - 0,52 -0,70 0,27
60 - - - 0,91 -1,80 0,24
QUADRO 22 – COEFICIENTES DE RÜSCH PARA PLACAS ESCONSAS.
FONTE: RUSCH (1961)
Ponto
A
0 861,0 0 1,4 - - -
30 632,6 0 183,7 - - -
45 421,6 0 195,9 - - -
60 214,4 0 157,5 - - -
B
0 - - - 861,0 59,5 0
30 - - - 682,5 10,5 -120,7
45 - - - 472,4 28,0 -136,5
60 - - - 245,0 70,0 52,5
C
0 892,5 0 0,8 - - -
30 658,8 0 183,7 - - -
45 489,9 0 209,9 - - -
60 315,0 0 210,0 - - -
E
0 - - - 154,0 -7,0 84,0
30 - - - 147,0 -152,2 84,0
45 - - - 181,9 -244,9 94,5
60 - - - 159,3 -315,0 42,0
QUADRO 23 – MOMENTOS FLETORES E TORCEDORES PARA AS PLACAS MODELADAS.
FONTE: O AUTOR; RÜSCH (1961).
Os resultados obtidos através do método dos elementos finitos seguem no
quadro 24 e junto a eles o elemento finito onde foi identificado cada um dos valores.
Esta indicação do elemento serve apenas como referência, pois ao confrontar os
valores resultantes dos ábacos de Rüsch, observou-se que estes valores podem
108
estar em elementos adjacentes ao de referência, já que as distâncias dadas por
Rüsch são aproximadas.
Ponto Elem.
A
0º 884,6 11,6 1,0 - - - 350
30º 627,4 5,7 175,0 - - - 2782
45º 423,4 -6,2 188,1 - - - 4123
60º 218,1 5,7 140,7 - - - 4187
B
0º - - - 867,3 55,9 0 2450
30º - - - 681,1 4,2 121,3 2768
45º - - - 502,6 35,4 -118,9 3515
60º - - - 283,5 73,5 52,5 4950
C
0º 887,2 0,36 -0,9 - - - 151
30º 667,1 -1,71 166,8 - - - 2202
45º 473,3 -4,43 190,3 - - - 4762
60º 289,1 -6,78 216,2 - - - 9703
E
0º - - - 163,3 -7,7 78,6 204
30º - - - 148,8 -144,8 82,6 333
45º - - - 183,0 -221,1 104,8 6962
60º - - - 150,3 -312,2 30,6 9602
QUADRO 24 – RESULTADOS DOS MOMENTOS FLETORES E TORCEDORES DAS PLACAS
MODELADAS ATRAVÉS DO MEF.
FONTE: O AUTOR
Com base nestes resultados, pode-se fazer uma comparação entre os
resultados de ambos os modelos para cada ponto e estudar a convergência de cada
um dos valores obtidos. Este estudo está apresentado no quadro 25.
O que se observa do quadro 25 é que os resultados são, em sua grande
maioria convergentes entre si, e, em como nas outras comparações, alguns deles se
apresentaram com variação pouco mais significativa. Porém deve-se levar em conta
que a análise dos coeficientes de Rüsch é visual, em ábacos, o que nem sempre
possibilita grande precisão.
Na aplicação prática da Engenharia estes desvios acabam se tornando
insignificantes. Isto porque a maior parte dos casos de desvios significativos ocorreu
para pequenos valores absolutos. Além disso, ao se trabalhar com estes valores na
prática, a aplicação de coeficientes de segurança absorve estas imprecisões.
109
Ponto φ MX - MU (kN.m) MY - MV (kN.m) MXY - MUV (kN.m)
MEF RÜSCH DESVIO MEF RÜSCH DESVIO MEF RÜSCH DESVIO
A
0º 884,6 861,0 2,74% 11,6 0 - 1,0 1,4 -26,63%
30º 627,4 632,6 -0,82% 5,7 0 - 175,0 183,7 -4,77%
45º 423,4 421,6 0,43% -6,2 0 - 188,1 195,9 -4,00%
60º 218,1 214,4 1,71% 5,7 0 - 140,7 157,5 -10,64%
B
0º 867,3 861,0 0,73% 55,9 59,5 -6,02% 0 0 -
30º 632,6 682,5 -7,31% 10,4 10,5 -1,09% -121,3 -120,7 0,48%
45º 502,6 472,4 6,39% 35,4 28,0 26,39% -118,9 -136,5 -12,90%
60º 283,5 245,0 15,69% 73,5 70,0 4,97% -52,5 -52,5 0,03%
C
0º 887,2 892,5 -0,59% 3,6 0 - -0,9 -0,8 7,14%
30º 667,1 658,8 1,26% -17,1 0 - 166,8 183,7 -9,22%
45º 473,3 489,9 -3,38% -44,3 0 - 190,3 209,9 -9,33%
60º 289,1 315,0 -8,22% -67,8 0 - 216,2 210,0 2,97%
E
0º 163,3 154,0 6,04% -7,7 -7,0 9,43% 78,6 84,0 -6,45%
30º 148,8 147,0 1,20% -144,8 -152,2 -4,89% 82,6 84,0 -1,66%
45º 183,0 181,9 0,57% -221,1 -244,9 -9,72% 104,8 94,5 10,90%
60º 150,3 159,3 -5,63% -312,2 -315,0 -0,90% 30,6 42,0 -27,14%
QUADRO 25 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DOS MOMENTOS FLETORES E
TORCEDORES OBTIDOS PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS E PELO MODELO DE
RÜSCH
FONTE: O AUTOR
Ao se comparar a modelagem do estudo no método dos elementos finitos
com o modelo de Rüsch e obter resultados satisfatórios, pode-se dizer que esta
ferramenta é bastante poderosa para ser utilizada no projeto de lajes esconsas. Isto
porque o modelo de Rüsch já possui mais de 60 anos e até hoje é largamente
utilizado em dimensionamento de pontes retangulares ou esconsas.
110
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1. CONCLUSÃO
Ao fim deste trabalho, pode-se concluir que o método dos elementos finitos
mostrou-se uma ferramenta poderosa na análise de placas, onde se podem
observar desvios de resultados considerados bastante satisfatórios para a análise
realizada. Levando-se em conta a grande complexidade de um estudo aprofundado
da teoria das placas, um método que se mostra eficaz tanto na praticidade de
modelagem quanto nos resultados gerados vem a ser um aliado de extrema
importância na Engenharia.
Concluiu-se também a importância da análise visual do comportamento de
placas, onde existe certa dificuldade de compreensão deste fator analisando apenas
modelos teóricos matemáticos, e, em especial para placas esconsas. As imagens
dos resultados computacionais mostram claramente as tendências de esforços
internos migrando para os ângulos obtusos e alterando o equilíbrio comum de uma
placa retangular, como exposto por Hambly (1991). Além disso, pode-se identificar
com clareza os pontos de acúmulo de forças, fazendo-se identificar pontos de
melhor estudo ao dimensionamento.
Por fim, houveram alguns desvios de valores de resultados entre os métodos
analisados, como por exemplo na comparação dos momentos fletores negativos da
placa retangular engastada. Deve-se levar em conta que os métodos que desviaram
do resultado teórico são aproximados e são deduzidos para cálculo de lajes onde se
considera uma continuidade, e não um engastamento perfeito. Também na
comparação entre o método de Rüsch e o MEF, alguns valores de esforços tiveram
maiores desvios, que podem estar relacionados com a dificuldade na obtenção dos
dados nos ábacos, estes que ainda apresentam comportamentos bastante
irregulares das curvas, especialmente nos gráficos dos momentos de torção.
Pode-se dizer que os objetivos previamente traçados ao iniciar este estudo
foram atendidos. No item seguinte, serão descritas algumas sugestões para outros
trabalhos que possam ser desenvolvidos academicamente.
111
6.2. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
De forma geral, pode-se em pesquisas e estudos futuros, estudar o
comportamento de placas levando em conta a sua variação da relação entre as
dimensões dos seus lados, citado por Leonhardt como um fator importante no
comportamento dos momentos principais.
É importante também considerar, para o caso específico de pontes, o que se
refere à norma NBR 7188 (1982) sobre carregamentos móveis de veículo tipo. Um
exemplo de trabalho seria estudar o comportamento de placas através das
superfícies de influência de Rüsch e através do método dos elementos finitos ao
receberem carregamentos móveis em seus variados pontos críticos e assim
acrescentar mais este fator de carga ao já estudado carregamento uniformemente
distribuído.
A possibilidade do estudo de modelos mais refinados de estrutura, como por
exemplo, sólidos tridimensionais de pontes, pontes com vigas de diversas seções
transversais, além de modelos mais próximos do concreto armado real considerando
este material como não-linear ortotrópico pode contribuir também no melhor
entendimento das estruturas reais. Nos dias de hoje há diversos aplicativos
computacionais que permitem simulações envolvendo estes fatores.
112
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, F. P. A. Análise comparativa de resultados de diferentes discretizações para as lajes de pavimentos utilizando os elementos finitos DKT e P15N. 153 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999. ANSYS INC. Help topics of ANSYS v.12.0.1 UP20090415. SAS IP, Inc: Canonsburg, 2009. ARAÚJO, J. M.. Curso de concreto armado. 2. ed. Rio Grande: Dunas, 2003. ASSAN, A. E. Método dos Elementos Finitos. 2ª edição. Campinas: Editora da Unicamp, 2003 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 – Projetos de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. AZEVEDO, A. Método dos elementos finitos. Material didático. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, 2003. CAMACHO, J. S. Estudo das lajes. Material didático. Faculdade de Engenharia da UNESP. Ilha Solteira, 2004. CHUN, B. J. Skewed bridge behaviors experimental, analytical, and numerical analysis. Tese (Doutorado em Engenharia Civil). Wayne State University, Detroit, 2010. CZERNY, F. Tafeln fur rechtekplatten. Beton-Kalender, Teil I. Berlin: Ernst & Sohn, 1996. GOOGLE MAPAS. <https://maps.google.com/?ll=-25.419268,-49.264267&spn= 0.001057,0.002064&t=h&z=20> Acesso em 18/11/2012. GUIMARÃES, W. R. S. Método dos Elementos Finitos Generalizados com Continuidade C1 Aplicados a Placas de Kirchhoff. 140 p. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica da PUC-MG. Belo Horizonte, 2006. HAMBLY, Edmund Cadbury. Bridge Deck Behavior. 2ª Edição. E & FN SPON, 1991. HENNEMANN, José Carlos. Análise de Placas pelo Método dos Elementos Finitos. Porto Alegre: UFRGS, 1972. 91 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1972. LEONHARDT, F. Construções de concreto: Princípios básicos da construção de pontes de concreto. Rio de Janeiro: Interciencia, 1977-1978.
113
MORLEY, L. S. D. Skew plates and structures. Nova Iorque: Pergamos Press, 1963. PAULA, W. C. Comportamento estrutural de lajes nervuradas de concreto armado com base no emprego do programa ANSYS. 189 f. Dissertação (mestrado em Engenharia Civil). Centro de Tecnologia e Ciências. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. PRESTRESSED CONCRETE INSTITUTE. Bridge design manual – Curved and skewed bridges. Chicago: PCI, 1997. RÜSCH, H. Berechnungstafeln für schiefwinklige fahrbahnplatten von strassenbrücken. Berlim: W. Ernst u. Sohn, 1965 RÜSCH, H., HERGENRÖDER, A. Einflußfelder der momente schiefwinkliger platten. Munique: _____, 1961. SCHIERMEIER, J. E., The P-version of the finite element method in MSC/PROBE. Universidade de Washington, St. Louis, 1990. SHIGUE, Carlos Y. Método dos Elementos Finitos, Métodos Numéricos Aplicados, Material Didático, Departamento de Engenharia de Materiais da USP, São Paulo, 2002. SZILARD, R. Theories and Applications of Plate Analysis: Classical, Numerical and Engineering Methods. Hoboken: John Wiley & Sons, 2004. TAYLOR, F. W., THOMPSON, S. E., SMULSKI, E. Reinforced-concrete bridges with formulas applicable to structural steel and concrete. London: Chapman & Hall, 1939. TIMOSHENKO, S; WOINOWSKY-KRIEGER, S. Theory of plates and shells. New York: McGraw-Hill, 1959. ZIENKIEWICZ, O. C. and TAYLOR, R. L. The Finite Element Method, Vol. 1 Londres: McGraw-Hill Book Company, 1989
114
APÊNDICES
APÊNDICE A – APDL PARA PLACA APOIADA COM ESCONSIDADE 0º
/BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20,0,, K,3,0,10,, K,4,20,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,UZ, FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,UX, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
115
APÊNDICE B – APDL PARA PLACA APOIADA COM ESCONSIDADE 30º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20,0,, K,3,5.77,10,, K,4,25.77,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,UZ, FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,UX, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
116
APÊNDICE C – APDL PARA PLACA APOIADA COM ESCONSIDADE 45º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20, 0,, K,3,10,10,, K,4,30,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,UZ, FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,UX, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
117
APÊNDICE D – APDL PARA PLACA APOIADA COM ESCONSIDADE 60º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20,0,, K,3,17.32,10,, K,4,37.32,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,UZ, FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,UX, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
118
APÊNDICE E – APDL PARA PLACA APOIADA COM ESCONSIDADE 75º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20, 0,, K,3,37.32,10,, K,4,57.32,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,UZ, FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,UX, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
119
APÊNDICE F – APDL PARA PLACA LIVRE COM ESCONSIDADE 0º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20,0,, K,3,0,10,, K,4,20,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,2,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,3 !* /GO DL,P51X, ,UZ, FLST,2,2,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,3 !* /GO DL,P51X, ,UX, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
120
APÊNDICE G – APDL PARA PLACA LIVRE COM ESCONSIDADE 30º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20,0,, K,3,5.77,10,, K,4,25.77,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,2,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,3 !* /GO DL,P51X, ,UZ, FLST,2,2,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,3 !* /GO DL,P51X, ,UX, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
121
APÊNDICE H – APDL PARA PLACA LIVRE COM ESCONSIDADE 45º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20, 0,, K,3,10,10,, K,4,30,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,2,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,3 !* /GO DL,P51X, ,UZ, FLST,2,2,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,3 !* /GO DL,P51X, ,UX, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
122
APÊNDICE I – APDL PARA PLACA LIVRE COM ESCONSIDADE 60º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20,0,, K,3,17.32,10,, K,4,37.32,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,2,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,3 !* /GO DL,P51X, ,UZ, FLST,2,2,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,3 !* /GO DL,P51X, ,UX, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
123
APÊNDICE J – APDL PARA PLACA ENGASTADA COM ESCONSIDADE 0º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20,0,, K,3,0,10,, K,4,20,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,ALL, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
124
APÊNDICE K – APDL PARA PLACA ENGASTADA COM ESCONSIDADE
30º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20,0,, K,3,5.77,10,, K,4,25.77,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,ALL, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
125
APÊNDICE L – APDL PARA PLACA ENGASTADA COM ESCONSIDADE
45º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20, 0,, K,3,10,10,, K,4,30,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,ALL, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
126
APÊNDICE M – APDL PARA PLACA ENGASTADA COM ESCONSIDADE
60º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20,0,, K,3,17.32,10,, K,4,37.32,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,ALL, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL
127
APÊNDICE N – APDL PARA PLACA ENGASTADA COM ESCONSIDADE
75º /BATCH /input,menust,tmp,'',,,,,,,,,,,,,,,,1 WPSTYLE,,,,,,,,0 /NOPR /PMETH,OFF,0 KEYW,PR_SET,1 KEYW,PR_STRUC,1 KEYW,PR_THERM,0 KEYW,PR_FLUID,0 KEYW,PR_ELMAG,0 KEYW,MAGNOD,0 KEYW,MAGEDG,0 KEYW,MAGHFE,0 KEYW,MAGELC,0 KEYW,PR_MULTI,0 KEYW,PR_CFD,0 /GO /PREP7 ET,1,SHELL281 R,1,0.6, , , , , , RMORE, , , , , MPTEMP,,,,,,,, MPTEMP,1,0 MPDATA,EX,1,,2.426934e+6 MPDATA,PRXY,1,,0.2 K,1,0,0,, K,2,20, 0,, K,3,37.32,10,, K,4,57.32,10,, FLST,2,4,3 FITEM,2,1 FITEM,2,3 FITEM,2,4 FITEM,2,2 A,P51X FLST,2,2,4,ORDE,2 FITEM,2,1 AESIZE,P51X,0.2, MSHAPE,0,2D MSHKEY,0 CM,_Y,AREA ASEL, , , , 1 CM,_Y1,AREA CHKMSH,'AREA' CMSEL,S,_Y AMESH,_Y1 CMDELE,_Y CMDELE,_Y1 CMDELE,_Y2 FLST,2,4,4,ORDE,2 FITEM,2,1 FITEM,2,-4 !* /GO DL,P51X, ,ALL, FLST,2,1,5,ORDE,1 FITEM,2,1 /GO SFA,P51X,1,PRES,1.75 FINISH /SOL