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Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313
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Regente: Fátima Moreira
6 ECTS
Apontamentos
Intervenções de Enfermagem à Família em
Processo de Transição
_______________________________________
Curso de Licenciatura em Enfermagem 3º Ano, 1º Semestre
2013/2014
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1
Aula 1 – INTRODUÇÃO À UC 17/09/2013
Profª Fátima Moreira
Avaliação
8 De Janeiro - Trabalho de grupo (30%, sendo 8 valores para a apresentação e 12 valores para a
componente escrita)
9/17 De Janeiro – Apresentações
16 De Dezembro – Frequência
NOTA: Esta Unidade Curricular agrega as componentes de Saúde Materna, Saúde Infantil e Saúde
Familiar.
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Aula 2 – 2. CONCEITOS E TRAJETÓRIAS FAMILIARES | 3. ABORDAGEM DE CUIDADOS À FAMÍLIA
17/09/2013
Profª Fátima Moreira
SUMÁRIO ALARGADO – 17 e 18 de Setembro
Apresentar a estrutura da UC: ficha da UC e Guia do estudante.
Definir os métodos e momentos de avaliação da disciplina
Descrever os principais conceitos de enfermagem dirigido à família: (família; saúde familiar; ambiente
familiar, enfermagem de família e enfermeiro de família).
Analisar as características universais das famílias
Caracterizar as famílias saudáveis
Rever as tipologias de configuração familiar aprendidas no 1º ano
Rever as funções universais da família aprendidas no 1º ano
Descrever os referenciais de suporte à enfermagem de família
Descrever as principais processos de transição familiar (desenvolvimento, situacionais e de saúde doença).
Relacionar os diferentes tipos de processos de transição familiar ao longo do ciclo de vida familiar
(segundo MC Goldrick & Carter)
Analisar as características da enfermagem focada no cliente família
Distinguir os níveis de abordagem familiar e os tipos de abordagem à família (contexto, cliente, sistema e
componente social)
Descrever os papéis do enfermeiro que cuida das famílias.
OBJETIVOS
Descrever as tipologias da configuração familiar
Distinguir os tipos de abordagem à enfermagem de família e os níveis de abordagem familiar
Analisar as características universais das famílias e as suas funções
Caracterizar famílias saudáveis
Descrever os papéis do enfermeiro que cuida das famílias
NOTA: Não há famílias disfuncionais. Este rótulo depende dos padrões de quem rotula. Há família em
funcionamento.
CONCEITO DE FAMÍLIA
Podemos recorrer a diversas características (em simultâneo ou dissociadas) para caracterizar uma família:
Critério legal
Relação afetiva
Coabitação
Componente genética
Sistema de 2 ou mais pessoas
Porém, encontramos muitas famílias que não apresentam as características enunciadas. A título de exemplo, e
sobre o que consta no último ponto, o INE diz-nos que há famílias unipessoais.
Assim, conclui-se que famílias são quem os seus membros dizem que são. Por isso, o enfermeiro, no
cuidado à família, deve ancorar-se no autoconceito dessa família.
Transição familiar
A família é um sistema e, como sistema, sofre várias alterações (diferentes processos de transição e diferentes
configurações). Comumente, a primeira grande transição familiar é a transição da família de orientação para a
família de procriação.
Teoria da ciência social da família
Teoria dos sistemas familiares
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3
Teoria de stress
Teoria do desenvolvimento
Teoria da mudança
Teoria da comunicação
Teoria da terapia familiar e modelos comunicativos
Teoria da transição (?)
Para além da teoria dos sistemas, a conceção familiar pode ancorar-se na teoria do stress, nas teorias ligadas à
cooperação familiar (relativamente à dimensão psicoafectiva), entre outras.
- As relações dinâmicas internas do microssistema familiar representam-se pela psicofigura.
- O ecomapa representa as relações do microssistema com o macrosistema.
Modelo de Mónica Goldrick e Emili Carpi - Slide 32
ESTÁDIO PROCESSO DE TRANSIÇAO MUDANÇAS DE 2ªORDEM
1) Jovem adulto
independente
Aceitação da separação dos
pais dos filhos
Diferenciação do self em relação à
família de origem
Desenvolvimento de relações íntimas
com o parceiro
Estabelecimento de identidade no
âmbito laboral
2) Junçao de 2
famílias pelo
casamento. Novo
casal
Compromisso com o novo
sistema
Formação de novo sistema conjugal
Realinhamento das relações com a
família e amigos de modo a incluir o
cônjuge
3) Famílias com filhos
pequenos
Aceitação no sistema dos
membros da nova geração
Ajustamento do sistema conjugal: criar
espaços para o novo filho
Assumir papeis parentais. Realinha a
relação com a família de origem
4) Famílias com
adolescentes
Flexibilização dos limites
familiares de modo a aceitar
a independência dos filhos
Mudança da relação pais/filhos
Recentração na vida conjugal da meia-
idade e carreiras profissionais
5) Saída dos filhos Aceitação das entradas e
saídas
Renegociação do sistema conjugal
como díade
Relacionamento adulto/adulto entre
jovens e pais
Realinhamento das relações para incluir
parentes e netos
6) Última fase da vida
familiar
Aceitação da mudança dos
papéis geracionais
Manutenção de interesses do casal
Papel de destaque da geração
intermédia
Aceitação das perdas e lutos
Fonte: McGoldrick, Monica & Carter E. (1999). The family life cycle in Walsh The GuildfordPress. P.176
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Aula 2 (continuação) – 2. CONCEITOS E TRAJETÓRIAS FAMILIARES | 3. ABORDAGEM DE CUIDADOS À
FAMÍLIA 18/09/2013
Profª Fátima Moreira
Metodologia para a aula – brainstorming; apresentação da opinião dos autores; questões orientadoras.
QUESTÃO PARA BRAINSTORMING
O QUE É A SAÚDE FAMILIAR/ O QUE É UMA FAMÍLIA SAUDÁVEL/ O QUE É A SAÚDE DA FAMÍLIA?
Uma família saudável aquela que…
Tem uma estrutura interna que possibilita o desempenho dos papéis dos seus indivíduos
Tem uma estrutura flexível que permite dar resposta às situações de transição
Possibilita estabilidade social e afetiva dos seus membros
Possibilita mecanismos de coping ou respostas adaptativas adequadas
Assume as suas responsabilidades internas e externas (inerentes à vida em sociedade)
Age do modo ético, no respeito pela lei
Mobiliza os recursos externos
Induz a adoção de estilos de vida saudável
Transmite informação genética de qualidade
SAÚDE FAMILIAR
“(…) estado dinâmico de relativa mudança de bem-estar que inclui os fatores biológicos, psicológicos,
sociológicos, culturais, e espirituais do sistema familiar.” (Hanson, 2005)
A família saudável é aquela que responde às necessidades materiais, emocionais e espirituais dos seus
membros, tendo em conta a adaptação no ciclo de vida e outras transições
Saúde da família “consiste no seu funcionamento como agente social primário, na promoção da saúde e
bem-estar” (OMS).
CARACTERÍSTICAS DAS FAMÍLIAS SAUDÁVEIS
1. Empenho familiar Desenvolve a confiança; ensina a respeitar os outros
Partilha responsabilidades
2. Tempo passado na família Partilha rituais e tradições familiares
Partilha tempo e lazer. Apreciam a companhia
3. Flexibilidade e capacidade para lidar com o
stress
Vê as crises como desafio e oportunidade
Abertura a mudanças. Procura ajuda para os problemas
4. Bem-estar espiritual Partilha a fé. Encoraja a esperança
Ensina valores éticos. Respeita a privacidade de cada um
5. Comunicação positiva Comunica e ouve eficazmente. Partilha sentimentos
Aceita discordar. Não recrimina
6. Apreciação e afeto Preocupa-se com os outros. Partilham emoções
Tem sentido de humor
Fonte: Hanson (2005). Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família. Loures: Lusociência. P.213
CARACTERÍSTICAS DAS FAMÍLIAS SAUDÁVEIS
Comunicam e ouvem
Fomentam a comunicação, o tempo livre e lazer
Aceitam e apoiam cada membro
Ensinam o respeito pelos outros
Desenvolvem a confiança e o sentido de humor
Interagem de forma equilibrada com todos os membros
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Partilham responsabilidades
Ensinam a distinguir entre certo e errado
Conhecem rituais e tradições
Partilham crenças religiosas
Identificam o problema e encontram soluções ou procuram ajuda
Respeitam a privacidade
Ensinam a distinguir o certo do errato
Não há famílias disfuncionais, há familiares em funcionamento
Cada família reage a uma crise de determinada maneira
Pergunta
Indique 5 áreas/aspetos/itens que valoriza/considera nas famílias saudáveis
CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DAS FORÇAS FAMILIARES
Modelos de forças de Otto
Devem estar presentes para desempenho das funções e manutenção da saúde da família as seguintes
habilidades e capacidades:
Habilidade para satisfazer as necessidades físicas, económicas e espirituais dos seus membros
Habilidade para ser sensível às necessidades dos seus membros
Habilidade para comunicar pensamentos e sentimentos
Habilidade para dar apoio, segurança e encorajamento
Habilidade para iniciar e manter relações de produção, crescimento e esperança dentro e fora da família
Habilidade para crescer com e através das crianças
Habilidade para criar e manter relações comunitárias, construtivas e responsáveis
É capaz de desenvolver funções básicas como cuidar do outro
MODO DE FUNCIONAMENTO
Flexíveis ou flutuantes: são funcionais, adaptáveis, procuram um ponto de equilíbrio em função das
necessidades de momento, são abertas ao exterior, sem perder a coerência interna, têm criatividade e
maleabilidade
Rígidas ou convergentes: não gostam de mudança, constituem um sistema que se fecha
progressivamente e acaba por estagnar, podem ter um membro psicótico.
Dispersas ou divergentes: têm mudanças frequentes, por vezes tão amplificadas que acabam numa
desorganização completa; as fronteiras não são claras, o que acentua a instabilidade interna; meio
propício para desenvolver delinquentes.
Caóticas ou alternantes: oscilam entre a rigidez, que pode ir até ao imobilismo e a desestruturação, não
criam condições para uma adaptação funcional e criativa dos membros.
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MODELO CIRCUNFLEXO
adaptabilidade e coesão
- caótica; flexível; estruturada; rígida da alta adaptabilidade para baixa adaptabilidade
- desmembrada; separada; ligada; emaranhada da baixa coesão para a alta coesão
- Zona de famílias mais saudáveis; nos extremos as famílias menos saudáveis
Ver: instrumento FACES 1 ou FACES 3, que permite compreender a percepção da família
AVALIAÇÃO DOS ASPETOS AFETIVOS DAS FAMÍLIAS
Atributo Parâmetros de bom
funcionamento
Parâmetros de funcionamento
inadequado
Saúde mental Boa Má
Coesão Nível médio Muito alta ou muito baixa
Comunicação Aberta Paradoxal ou ausente
Empatia pelos outros Existe Inexistente
Expressão de sentimentos Capacidade Incapacidade
Meio extra familiar Perceção realista Percebida como hostil/ ameaçadora/
sedutora
Mitos da família Congruentes com as
necessidades
Discrepantes das necessidades
Orgulho familiar Presente Ausente
Desempenho de papéis Flexíveis/maleáveis Rígidos/ não definidos
Relação conjugal Forte Fraca
Satisfação familiar Presente Ausente
Sentimentos de pertença Presente Ausente
Tolerância dos outros Alta Baixa
QUESTÃO PARA BRAINSTORMING
O QUE É UM ENFERMEIRO DA FAMÍLIA?
É um promotor de estilos de vida saudáveis, onde se incluem práticas preventivas e de promoção da
saúde
Está mais próximo da comunidade
É geralmente aquele que trabalha no centro de saúde ou diretamente na comunidade
Na carta de saúde 21, meta 15, consta a importância do enfermeiro da família: «No ano 2020 as pessoas
deverão ter melhor acesso aos cuidados de saúde primários orientados para a família e comunidade e
suportados por um sistema hospitalar flexível e responsável»
Ajuda na promoção de estilos de vida saudáveis; nos processos de doença; transição; na doença crónica;
em fim de vida.
Segundo consta no artigo 67º da Constituição Portuguesa:
Desmembrada Separada Ligada Emaranhada
Caótica Caótica
Desmembrada
Caótica Separada Caótica Ligada Caótica Emaranhada
Flexível Flexível
Desmembrada
Flexível Separada Flexível Ligada Flexível Emaranhada
Estruturada Estruturada
Desmembrada
Estruturada
Separada
Estruturada Ligada Estruturada
Emaranhada
Rígida Rígida
Desmembrada
Rígida Separada Rígida Ligada Rígida Emaranhada
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1 - A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da sociedade e do Estado
e à efetivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus membros.
2 - Incumbe, designadamente, ao Estado para proteção da família:
a) Promover a independência social e económica dos agregados familiares;
b) Promover a criação e garantir o acesso a uma rede nacional de creches e de outros equipamentos
sociais de apoio à família, bem como uma política de terceira idade;
c) Cooperar com os pais na educação dos filhos;
d) Garantir, no respeito da liberdade individual, o direito ao planeamento familiar, promovendo a
informação e o acesso aos métodos e aos meios que o assegurem, e organizar as estruturas jurídicas e
técnicas que permitam o exercício de uma maternidade e paternidade conscientes;
e) Regulamentar a procriação assistida, em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa humana;
f) Regular os impostos e os benefícios sociais, de harmonia com os encargos familiares;
g) Definir, ouvidas as associações representativas das famílias, e executar uma política de família com
carácter global e integrado
O ENFERMEIRO DE SAÚDE FAMILIAR
Introduzido no quadro concetual das políticas de saúde da OMS, para atingir os 21 objetivos traçados
nessas políticas
O “Enfermeiro Familiar”, como modelo organizativo, é uma mais-valia no âmbito da qualidade dos
cuidados prestados à população, com ênfase para a afetividade, proximidade e acessibilidade
De entre os profissionais de saúde que integram as equipas multiprofissionais, a OMS considera que o
enfermeiro é aquele que, pela formação específica que detém, está melhor posicionado para avaliar
globalmente as necessidades em cuidados de saúde das pessoas e mobilizar os recursos (internos e
externos), tendo em conta não só as expetativas dos utentes, mas também a adequação e rentabilização
dos meios (Ordem dos Enfermeiros)
NOTA: há dois níveis de intervenção nos cuidados às famílias; a intervenção dos generalistas e a intervenção
dos enfermeiros especialistas.
NÍVEIS DE ENVOLVIMENTO COM A FAMÍLIA
Fonte: Albuquerque A. (2003). Natureza das intervenções …
Níveis Tipo de interações
I Mínima enfase na família
Contacto apenas necessário e por razões práticas ou legais
II Enfase na informação
Os contactos são para obter informação para educação para a
saúde
III Relação e apoio emocional
O envolvimento é baseado no reconhecimento sobre o
desenvolvimento normal da família e as reações ao stress
IV
Enfermeiro especialista
Avaliação sistemática e planeamento da intervenção. Baseada
na compreensão dos sistemas familiares. Requer competência
para: planear; estruturar entrevistas à família. Apreciar o
funcionamento familiar. Apoiar membros sem formar alianças.
Ajudar membros a trabalhar em conjunto para gerar soluções
aceitáveis para todos. Redefinir situações para promover a
identificação de soluções para os problemas. Identificar
situações que precisam de encaminhamento
V Nível mais elevado e complexo
Exige formação em terapia familiar
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ABORDAGENS DO ENFERMEIRO À FAMÍLIA
1. Família como contexto
2. Família como cliente
3. Família como sistema
4. Família como componente da sociedade
Fonte: Hanson (2005)
Perguntas
Qual a diferença entre família como cliente e como sistema (?)
Quais os principais documentos políticos que orientam a definição do enfermeiro de família?
Quais dos níveis de intervenção de um enfermeiro generalista e especialista?
Rever
Quais são as principais funções da família?
- Função económica; de aumento da natalidade; estabilizar pessoas; função socializadora
FUNÇÕES MICRO E MACRO/ INTRASISTEMA E DO MACROSSISTEMA
Funções sociais
Económica
Reprodução e aumento da natalidade
Socialização dos filhos
Estabilizar a personalidade adulta através
de conjugalidade
Funções como sistema
Adaptação ao ambiente
Manter a integração familiar
ACABAR
Funções da família (OMS)
FUNÇÕES
BIOLÓGICAS
FUNÇÕES
ECONÓMICAS
FUNÇÕES
EDUCACIONAIS
FUNÇÕES
PSICOLÓGICAS
FUNÇÕES
SOCIOECONÓMICAS
•Reprodução
•Cuidar
•Educar
•Alimentação
•Manutenção da
saúde e lazer
•Recursos
suficientes às
necessidades
•Gestão do
orçamento
familiar
•Assegurar a
estabilidade
financeira
•Tarefas
•Atitudes
•Promoção de
ambiente saudável
ao
desenvolvimento
da personalidade
•Proteção
psicológica
•Promover
capacidade de
relacionamento
•Socialização
•Transmissão de:
•Valores
•Tradições
•Religião
•Atitudes
•Linguagem
•Comportamento
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FUNÇÕES DA FAMÍLIA – OUTROS AUTORES
Adaptação – capacidade que a família tem de utilizar os seus recursos dentro e fora da família
para resolver determinado problema, nomeadamente quando o equilíbrio da família está
ameaçado durante uma situação de crise.
Participação – implica a partilha e a tomada de decisões e de responsabilidades pelos seus
membros. Todos os problemas e novas situações são discutidos e analisados na família, havendo
uma tomada de decisões e um compartilhar de decisões entre os seus membros.
Crescimento- contribui para a maturidade física e emocional da família e a realização conseguida
pelos seus membros através do apoio mútuo e orientação.
Afeto – dá suporte e apoio á manutenção da personalidade e da relação de cuidados e ternura
que existem entre os membros da Família. Permite uma estabilização da personalidade.
Decisão – implica um compromisso de dedicar tempo a outros membros da família, encorajando-
os física e emocionalmente, o que implica uma decisão na partilha do espaço e dos bens da
família.
FUNÇÕES DO ENFERMEIRO DE FAMÍLIA
Perito
Advogado
Supervisor de processos
Substituto
Modificador do ambiente
Intermediário
Implementador de teorias
Investigador
Epidemiologista
Explicador e intérprete
Colaborador e coordenador
Fonte: Hanson (2005)
BIBLIOGRAFIA
CARTER, E. & MCGOLDRICK, M. (cols) (1995). As mudanças no ciclo de vida familiar. 2ª ed. Porto Alegre:
Artes Médicas.
FIGUEIREDO, M. Henriqueta (2012). Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar (MDAIF). Loures
Lusociencia.
FRIEDMAM, Marilyn M. (1986). Family Nursing-Theory and Assessment. (2.ª Ed.). Norwalk Connecticut:
Appleton-Centory-Crofts.
HANSON, S.M.H. (2005). Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família. Lisboa: Lusociência.
WRIGHT, Lorraine & LEAHEY, Maureen (2002). Enfermeiros e Famílias. (3ª ed.). S. Paulo: Editora Roca.
No livro de STANHOPE, M. & LANCASTER, J. (2011). Enfermagem de Saúde Pública. Loures: Lusociencia tem
2 capítulos sobre a enfermagem de família:
Capitulo 24 - Desenvolvimento da família: Apreciação de enfermagem da família, p. 574- 604
Capitulo 25 - Riscos de saúde familiar, p. 602-630.
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Aula 3 – 1. ENFERMAGEM DE CUIDADOS À FAMÍLIA 19/09/2013
Profª Emília Brito
SUMÁRIO ALARGADO
Perfil demográfico das famílias do seculo XXI em Portugal.
Identificação de fontes de referência sobre demografia familiar (INE e PORDATA).
Tendências atuais que afetam a família e suas repercussão na saúde familiar.
Diretivas internacionais e nacionais que enquadram o enfermeiro de família: Organização Mundial de
Saúde (Saúde 21 e Declaração de Munique); International Council of Nurses - Nurses always there for you
- Caring families; Ordem dos Enfermeiros - A cada família seu enfermeiro e Plano Nacional de Saúde
2004-2010 - abordagem centrada na família e ciclo de vida.
Recursos de saúde e sociais existentes que permitem responder às necessidades de cada família.
Considerações legais e deontológicas que configuram o acesso aos recursos de saúde.
Caracterização e acesso aos contextos de cuidados dirigidos à família: comunitário e hospitalar.
OBJETIVOS
1. Contextualizar o perfil demográfico das famílias do século XXI
2. Descrever as principais diretivas internacionais e nacionais para enquadrar o enfermeiro de família
3. Descrever os recursos de saúde e sociais para dar resposta às necessidades de saúde das famílias
4. Caracterizar os contextos dos cuidados dirigidos à família
CONFIGURAÇÕES FAMILIARES
TENDÊNCIAS ATUAIS QUE AFETAM A FAMÍLIA
Envelhecimento da população
Declínio da taxa de natalidade e tamanho da família
Aumento da desigualdade entre ricos e pobres
Aumento do acesso das mulheres à educação
Aumento da taxa de divórcio e recasamento
Aumento do número de famílias monoparentais e reconstituídas
Mudança e equiparação dos papéis de género
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Aumento do trabalho da mulher fora de casa
Avanços tecnológicos que reduzem o trabalho e proporcionam mais tempo livre
DEMOGRAFIA DAS FAMÍLIAS EM PORTUGAL
Nota: Nas famílias foram apresentados os seguintes dados:
Agregado doméstico por composição
Famílias por número de indivíduos segundo os censos
Famílias unipessoais segundo os censos: total e mais de 65 anos
Agregados domésticos monoparentais: total e por sexo
Dimensão média das famílias segundo os censos
Fonte: Adaptado de PORDATA (2013)
1º OBJETIVO – CONTEXTUALIZAR O PERFIL DEMOGRÁFICO DAS FAMÍLIAS DO SECULO XXI EM
PORTUGAL
Famílias de menor dimensão
Famílias monoparentais
Famílias reconstituídas
Famílias unipessoais
IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA PARA A ENFERMAGEM
Os comportamentos saudáveis e de risco são aprendidos dentro do contexto familiar
As unidades familiares são afetadas quando um ou mais membros têm problemas de saúde, sendo as
famílias um fator importante no estado de saúde e bem-estar dos indivíduos
As famílias afetam a saúde dos seus membros e os acontecimentos e práticas de saúde de cada indivíduo
afetam toda a família;
A eficácia dos cuidados de saúde é melhorada quando se dá maior enfase à família, e não apenas ao
individuo
A promoção, manutenção e restauração da saúde das famílias é importante para a sobrevivência da
sociedade
Considerando as alterações demográficas, os enfermeiros que trabalham com as famílias devem
perguntar aos clientes quem é que eles consideram a sua família e incluir estes membros no planeamento
dos cuidados de saúde
2º OBJETIVO – DESCREVER AS PRINCIPAIS DIRETIVAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS PARA
ENQUADRAR O ENFERMEIRO DE FAMÍLIA
Marcos históricos
ONU – ano internacional da família em 1994
- Tema: Família, capacidades e responsabilidades num mundo em transformações
- A família é a unidade social básica de todas as sociedades e é necessário adequar a atenção a várias
dimensões
- 15 de Maio – dia internacional das famílias
OMS – Saúde 21
- Anuncia um novo e importante papel, o papel do enfermeiro familair prestador de cuidados que
combina a promoção da saúde e prevençãs das doenças com atuação e responsabilidades clinicas
dirigidas aos membros da família
- Meta 15 – enfase forte nos cuidados de saúde primários e no centro deve estar o enfermeiro de saúde
familiar
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OMS – SAÚDE 21: PAPEL DO ENFERMEIRO DE SAÚDE FAMILIAR
Promoção da saúde, prevenção da doença e tratamento
Famílias
Domicilio
Favorecer a tomada de consciência
Contribuir para o encurtamento das hospitalizações
Aconselhamento sobre estilos de vida e fatores de risco
*Declaração de Alma-Ata: ênfase nos cuidados de saúde primários, onde deve estar o enfermeiro de saúde
familiar, que não cuida do indivíduo mas da família
OMS 2000 – DECLARAÇÃO DE MUNIQUE
A segunda conferência ministerial da OMS em Enfermagem e Enfermagem obstétrica na europa, consigna
o papel único desempenhado pelos 6 milhões de enfermeiros e parteiras da europa no desenvolvimento
da saúde e na prestação de cuidados de saúde
Garantir a participação dos enfermeiros e parteiras na tomada de decisão em todos os níveis de
desenvolvimento e definição das políticas de saúde
Estabelecer programas e serviços de enfermagem comunitária e enfermagem obstétrica centrados na
família, incluindo a enfermagem de saúde da família
Reforçar o papel dos enfermeiros e das parteiras na saúde pública, na promoção da saúde e no
desenvolvimento comunitário
INTERNACIONAL COUNCIL OF NURSES, 2002
Em todos os contextos de intervenção dos enfermeiros, o foco de atenção é a família:
A sua saúde
Capacidade de crescimento
Cuidados a si mesma
O seu contributo para a comunidade
No dia internacional do Enfermeiro, a 12/05/2005, o tema foi: cuidar da família – os enfermeiros sempre
presentes para ajudar
Objetivos
Promover a consciencialização sobre o papel do enfermeiro no cuidado à família e saúde da família,
inclusive como principal ponto de entrada no sistema de cuidados de saúde
Incentivar a participação da Enfermagem no desenvolvimento e implementação de políticas de saúde e
sociais que sejam favoráveis à família
Chamar a atenção para a importância da família e do papel dos seus membros na sua própria saúde,
individualmente e como unidade familiar.
ORDEM DOS ENFERMEIROS – A CADA FAMÍLIA O SEU ENFERMEIRO
Responsável por um grupo de famílias
Elemento ativo de equipa multidisciplinar
Elemento de referência e gestor de cuidados
PLANO NACIONAL DE SAÚDE (2004-2010)
Abordagem centrada na família e por ciclo de vida
Reorientação do sistema de saúde - Visão integrada que inclua de forma articulada a rede de cuidados de
saúde primários, a rede de cuidados hospitalares, a rede de cuidados continuados e os serviços de saúde
pública
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3º OBJETIVO: DESCREVER OS RECURSOS DE SAÚDE E SOCIAIS PARA DAR RESPOSTA ÀS NECESSIDADES
DA FAMÍLIA
Nota: saúde é um recurso interno da família
Focos de abordagem
1. Recursos de saúde e sociais existentes
2. Necessidades de saúde das famílias
RECURSOS DE SAÚDE E SOCIAIS – em resposta a… influenciados por…
Mudança na condição feminina – trabalhadora e/ou estudante
Mudança no papel masculino – papel ativo na parentalidade e na assistência doméstica
Reformulações na relação conjugal
Reformulações na relação pais-filhos
Literacia em saúde
Acesso à informação
A valorização dos direitos humanos
A multiculturalidade
Processos de saúde-doença: aguda ou crónica
RECURSO – promoção do crescimento e desenvolvimento
“Os cuidados de enfermagem são centrados na unidade familiar, concebendo a família como uma
unidade em transformação, promovendo a sua capacitação face às exigências decorrentes das transições
que ocorrem ao longo do ciclo vital da família”. (Figueiredo, M., 2009,p.31)
“… muitas situações de maior risco ou vulnerabilidade implicam a diferenciação e personalização das
respostas de cuidados de saúde de acordo com as condições particulares dos seus destinatários”.
(Guerreiro, 2006, p. 22)
RECURSOS – considerar
Constituição da república
CDE
REPE
Constituição da república
Artigo 64º
1. Todos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover.
2. O direito à proteção da saúde é realizado:
a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e
sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;
b) Pela criação de condições económicas, sociais, culturais e ambientais que garantam, designadamente, a
proteção da infância, da juventude e da velhice, e pela melhoria sistemática das condições de vida e de
trabalho, bem como pela promoção da cultura física e desportiva, escolar e popular, e ainda pelo
desenvolvimento da educação sanitária do povo e de práticas de vida saudável.
3. Para assegurar o direito à proteção da saúde, incumbe prioritariamente ao Estado:
a) Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da
medicina preventiva, curativa e de reabilitação;
b) Garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos humanos e unidades de saúde;
c) Orientar a sua acção para a socialização dos custos dos cuidados médicos e medicamentosos;
d) Disciplinar e fiscalizar as formas empresariais e privadas da medicina, articulando-as com o serviço nacional
de saúde, por forma a assegurar, nas instituições de saúde públicas e privadas, adequados padrões de
eficiência e de qualidade;
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14
e) Disciplinar e controlar a produção, a distribuição, a comercialização e o uso dos produtos químicos,
biológicos e farmacêuticos e outros meios de tratamento e diagnóstico;
f) Estabelecer políticas de prevenção e tratamento da toxicodependência.
Artigo 67º
1. A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à proteção da sociedade e do Estado e à
efetivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus membros.
2. Incumbe, designadamente, ao Estado para proteção da família:
a) Promover a independência social e económica dos agregados familiares;
b) Promover a criação e garantir o acesso a uma rede nacional de creches e de outros equipamentos sociais
de apoio à família, bem como uma política de terceira idade;
c) Cooperar com os pais na educação dos filhos;
d) Garantir, no respeito da liberdade individual, o direito ao planeamento familiar, promovendo a informação
e o acesso aos métodos e aos meios que o assegurem, e organizar as estruturas jurídicas e técnicas que
permitam o exercício de uma maternidade e paternidade conscientes;
e) Regulamentar a procriação assistida, em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa humana;
f) Regular os impostos e os benefícios sociais, de harmonia com os encargos familiares;
g) Definir, ouvidas as associações representativas das famílias, e executar uma política de família com carácter
global e integrado;
h) Promover, através da concertação das várias políticas sectoriais, a conciliação da atividade profissional com
a vida familiar.
REPE
Os cuidados de enfermagem são caracterizados por:
1) Terem por fundamento uma interação entre enfermeiro e utente, indivíduo, família, grupos e comunidade;
2) Estabelecerem uma relação de ajuda com o utente;
3) Utilizarem metodologia científica, que inclui:
a) A identificação dos problemas de saúde em geral e de enfermagem em especial, no indivíduo, família,
grupos e comunidade;
b) A recolha e apreciação de dados sobre cada situação que se apresenta;
c) A formulação do diagnóstico de enfermagem;
d) A elaboração e realização de planos para a prestação de cuidados de enfermagem;
e) A execução correta e adequada dos cuidados de enfermagem necessários;
f) A avaliação dos cuidados de enfermagem prestados e a reformulação das intervenções;
Código deontológico
Artigo 80º
O enfermeiro, sendo responsável para com a comunidade na promoção da saúde e na resposta adequada às
necessidades em cuidados de enfermagem, assume o dever de:
a) Conhecer as necessidades da população e da comunidade em que está inserido;
b) Participar na orientação da comunidade na busca de soluções para os problemas de saúde detetados;
c) Colaborar com outros profissionais em programas que respondam às necessidades da comunidade.
(passou um slide)
Evidência científica produzida
A enfermagem não é uma profissão estática, sendo necessário adotar uma postura dialética e interventiva
junto do doente, família e comunidade assim como de outras áreas do conhecimento”
“A forma como os enfermeiros conceptualizam os cuidados de saúde é fator determinante nos processos
de tomada de decisão desde a conceção à execução dos cuidados à família”
(Figueiredo)
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4º OBJETIVO: CARACTERIZAR OS CONTEXTOS DOS CUIDADOS DE SAÚDE ÀS FAMÍLIAS
UNIDADES FUNCIONAIS DE SAÚDE
As várias unidades funcionais dos ACES são:
Unidade de Saúde Familiar (USF)
Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP)
Unidade de Saúde Pública (USP)
Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC)
Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados (URAP)
REDE NACIONAL DE CUIDADOS CONTINUADOS INTEGRADOS
A RNCCI, que se constitui como um novo modelo organizacional criado pelos Ministérios do trabalho e da
Solidariedade Social e da Saúde, é formada por um conjunto de instituições públicas e privadas, que
prestam cuidados continuados de saúde e de apoio social. Estas novas respostas promovem a
continuidade de cuidados de forma integrada a pessoas em situação de dependência e com perda de
autonomia.
Proposta da RNCCI
São objetivos da RNCCI a prestação de cuidados de saúde e de apoio social de forma continuada e
integrada a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em situação de dependência. Os
Cuidados Continuados Integrados estão centrados na recuperação global da pessoa, promovendo a sua
autonomia e melhorando a sua funcionalidade, no âmbito da situação de dependência em que se
encontra.
Recuperar; reabilitar; readaptar; reintegrar
RNCCI – unidades de internamento e ambulatório e de equipas domiciliares
Tipologias de cuidados continuados
Unidades de Convalescença
Unidades de Média Duração e Reabilitação
Unidades de Longa Duração e Manutenção
Unidades de Cuidados Paliativos
Unidades de dia e de promoção da autonomia
Equipas domiciliárias
RNCCI – circuito de admissão
1. Através do Hospital do Serviço Nacional de Saúde (SNS) Contactar o serviço onde está internado ou a Equipa de Gestão de Altas (EGA) desse hospital. A EGA do hospital pertencente ao SNS onde o doente está internado é quem faz a referenciação para a
RNCCI. A avaliação da necessidade de cuidados continuados integrados é realizada, de preferência, logo
no início do internamento no hospital, porque é preciso preparar, com tempo, a etapa que se segue à alta
clínica. A proposta desta equipa é apresentada à Equipa Coordenadora Local (ECL).
2. Através do Domicílio/Casa Contactar o centro de saúde através do:
Médico de família; Enfermeiro; Assistente social. A proposta de ingresso na RNCCI é apresentada por estes profissionais do centro de saúde à Equipa
Coordenadora Local (ECL). Em caso de dificuldade, contactar directamente a ECL sedeada no centro de saúde da respectiva área
de residência.
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INTRA-HOSPITALAR Centralidade na pessoa doente e família Considera as necessidades da pessoa doente e família Promover momentos de discussão/ informação Garantir o acesso a suporte institucional (financeiro e social) Promover a continuidade dos cuidados Promover o acesso à família na participação e tomada de decisão relativamente aos cuidados
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA
—Figueiredo, M. (2009). Enfermagem de família: um contexto do cuidar. Dissertação de Doutoramento em
Ciências de Enfermagem. ICBAS.
—Figueiredo, I. (2004).Ética e formação em enfermagem. Lisboa : Climepsi editores.
—Gerreiro, I. (2006). Cuidados Continuados e Paliativos - Desafios. Gestão & Saúde. Janeiro, 4.
—Hintz, H. (2001) - Novos tempos, novas famílias? Da modernidade à pós-modernidade. Pensando Famílias,
3, pp. 8-19.
—International Council of Nurses (2002). Nurses always for you: caring for families. Geneva: ICN.
—Ordem dos Enfermeiros. (2007). Desenvolvimento Profissional – Individualização das Especialidades em
Enfermagem. Revista Ordem dos Enfermeiros , 26(suppl.), pp. 9- 20.
—Ordem dos Enfermeiros (2002). A cada Família o seu Enfermeiro. Lisboa: Ordem dos Enfermeiros.
—Organização Mundial de Saúde (2002). Saúde XXI: Uma introdução ao enquadramento político da saúde
para todos na Região europeia da OMS. Loures: Lusociência.
—World Health Organization (2000). Munich Declaration: Nurses and midwives: a force for health.
Copenhagen: WHO Regional Office for Europe.
—http://www.pordata.pt/Subtema/Portugal/Familias-29. Acedido a 18/7/2013.
—http://www.rncci.min-saude.pt
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Aula 4 - PROMOÇÃO DA SAÚDE AO LONGO DO CICLO DE VIDA FAMILIAR 24/09/2013
Profª Sónia Colaço
OBJETIVOS Identificar os principais programas de proteção e vigilância de saúde familiar Analisar os principais indicadores de saúde nas diferentes etapas do ciclo de vida PNS 2012-2016 Compreender as estratégias de promoção de saúde infantil e juvenil
- Programa nacional de saúde infantil e juvenil 2013
- Intervenção de enfermagem na promoção de saúde infantil e juvenil
PNS 2012-2016 - Visão
Maximizar os ganhos em saúde, através do alinhamento em torno de objetivos comuns, a
integração de esforços sustentados de todos os sectores da sociedade e da utilização de
estratégias assentes na cidadania, na equidade e acesso, na qualidade e nas políticas saudáveis.
Envolvimento de todos na responsabilização dos recursos de saúde.
AVALIAÇÃO DO PNS 2004-2010 PELA OMS:
1. Aspetos positivos: participação alargada; consenso quanto a prioridades; compromisso político
2. A melhorar: suporte à sustentabilidade; hierarquia de indicadores e metas: maior foco nos
determinantes sociais e nos métodos em saúde; método para atribuição de ganhos.
PROMOÇÃO DA SAÚDE DA FAMÍLIA - PNS 2012-2016
Eixos estratégicos Cidadania em saúde Acesso e equidade Qualidade em saúde Políticas saudáveis
OBJETIVOS PARA O SISTEMA DE SAÚDE Obter Ganhos em Saúde Promover Contextos Saudáveis ao Longo da Vida Reforçar o Suporte Social e Económico na Saúde e na Doença Fortalecer a Participação de Portugal na Saúde Global
Objetivo para o sistema de saúde - Promover Contextos Favoráveis à Saúde ao Longo do Ciclo de Vida
Retorna ganhos em saúde e em sustentabilidade, ao
reforçar uma cadeia de potenciação dos efeitos
positivos ou atenuação dos efeitos negativosde
fatores de risco e determinantes.
Perdas cumulativas de saúde determinam o
aparecimento precoce de incapacidade e de doença
crónica e degenerativa (FIGURA 4.2.1.). O SdS e os
contextos saudáveis são fatores protetores e
estratégia fundamental para que o crescimento da
população idosa não seja proporcional ao aumento
da doença crónica (Fries JF et al, 1980).
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ORIENTAÇÕES E EVIDÊNCIA
Na sua prática os profissionais de saúde devem: Incorporar aspetos da saúde e do bem-estar dos indivíduos e das populações na missão da sua atividade
profissional, numa perspetiva de agente do Sistema de Saúde, com capacidade e responsabilidade por
produzir e/ou proteger a saúde.
Assegurar registos de elevada qualidade
Promover a melhoria contínua do desempenho nas áreas e intervenções consideradas prioritárias
Desenvolver, investigar, avaliar e disseminar estratégias inovadoras para situações e contextos específicos
no âmbito das áreas consideradas prioritárias.
VISÃO PARA 2016
1. Identificação das oportunidades de promoção da saúde e prevenção da doença da responsabilidade das
instituições
2. Colaboração e desenvolvimento de redes de intervenção, sinalização e articulação
3. Envolvimento pelos profissionais e instituições de saúde de outros profissionais e instituições fora da
saúde na intervenção sobre necessidades individuais e populacionais de saúde; respondem também às
necessidades de colaboração nos contextos fora da saúde
4. Desenvolvimento de estratégias locais de saúde, como meios de articular respostas de várias instituições e
setores em torno de situações específicas, para a obtenção de ganhos em saúde
Promoção da saúde centrada no ciclo de vida e na família – Continuação do PNS (2004-2010)
Consideram-se etapas do Ciclo da Vida, as definidas no PNS 2004-2010: Nascer com Saúde, gravidez e período neonatal; Crescer com Segurança, pós-neonatal até 9 anos; Juventude à Procura de um Futuro Saudável, dos 10 aos 24 anos; Uma Vida Adulta Produtiva, dos 25 aos 64 anos; Um Envelhecimento Ativo, acima dos 65 anos. Morrer com Dignidade
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Para cada etapa, ilustram-se necessidades e determinantes de saúde específicos.
PRINCIPAIS INDICADORES E PROBLEMAS DE SAUDE, PROGRAMAS DE PROTECÇÃO, PROMOÇÃO E
VIGILÂNCIA DA SAÚDE NAS DIFERENTES ETAPAS DO CICLO DE VIDA FAMILIAR
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OS PROGRAMAS DE SAÚDE E A FAMÍLIA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES Os programas de saúde são orientações para a intervenção dos profissionais, visando a obtenção de
ganhos em saúde
PROGRAMA DE SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
Recomendações para a intervenção – áreas com necessidade de intervenção Prevenção da prematuridade e baixo peso ao nascer e cuidados pós-natais Prevenção de acidentes, da obesidade e da depressão infantil Intervenção precoce nas situações de doença rara e deficiência Promoção das relações parentais
A FAMÍLIA COMO CONTEXTO PROMOTOR DA SAÚDE DOS SEUS FILHOS PEQUENOS E ADOLESCENTES
Estratégias de intervenção de enfermagem Capacitação da família/ empowerment – orientação antecipada; informação; treino de capacidades Apoio e orientação na tomada de decisão Promoção do potencial máximo de desenvolvimento da criança Prevenção e deteção da doença
- Meleis: cada vez que ocorre uma mudança, a pessoa tenta estabilizar. Dá-se a necessária transição até ao
equilíbrio. É neste período que pode ocorrer a doença. Aqui o enfermeiro deve apoio para prevenir a doença
através do apoio, da informação, do treino, …
O PROGRAMA DE SAÚDE INFANTIL E JUVENIL 2013 Entrou em vigor a 1 de Junho de 2013 e veio substituir o programa-tipo de atuação em saúde infantil e
juvenil, orientação técnica nº12, 2ª edição de 2005
As principais alterações em relação ao PNSIJ de 2005 são:
a) Alteração na cronologia das consultas referentes a idades-chave da vigilância;
b) Adoção das curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS);
c) Novo enfoque nas questões relacionadas com o desenvolvimento infantil, as perturbações emocionais e do
comportamento e os maus tratos.
Fonte: norma da DGS. Assunto: Programa Nacional de saúde infantil e juvenil
(vimos o programa de saúde infantil)
VER LINHAS MESTRAS DOS PNSIJ 2013
OBJETIVOS DOS EXAMES DE SAÚDE
1. Avaliar o crescimento e desenvolvimento e registar os dados obtidos, nos suportes próprios,
nomeadamente no Boletim de Saúde Infantil e Juvenil (BSIJ) ou no eBoletim;
2. Estimular a opção, sempre que possível, por comportamentos promotores de saúde, entre os quais os
relacionados com:
alimentares equilibrados;
despoluídos; a gestão do stress;
3. Promover:
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comportamento;
4. Detetar precocemente e encaminhar situações que possam comprometer a vida ou afetar a qualidade de
vida da criança e do adolescente, tais como: malformações congénitas – doença luxante da anca, cardiopatias
congénitas, testículo(s) não descido(s), perturbações da visão, audição e linguagem, perturbações do
desenvolvimento estaturo-ponderal e psicomotor, problemas dentários, alterações neurológicas, alterações do
comportamento e do foro emocional e relacional.
5. Prevenir, identificar e saber como abordar as doenças comuns nas várias idades, nomeadamente reforçando
o papel dos pais e outros cuidadores, alertando para os sinais e sintomas que justificam o recurso aos diversos
serviços de saúde.
6. Sinalizar e proporcionar apoio continuado às crianças com doença crónica/deficiência e às suas famílias,
bem como promover a eficaz articulação com os vários intervenientes na prestação de cuidados a estas
crianças.
7. Assegurar a realização do aconselhamento genético, sempre que tal esteja indicado, quer para os
progenitores, quer para os adolescentes, se necessário, através da referenciação para serviços especializados.
8. Identificar, apoiar e orientar as crianças e famílias vítimas de maus tratos e de violência, tais como:
negligência, maus tratos físicos, psicológicos, abuso sexual, bullying, práticas tradicionais lesivas,
nomeadamente a mutilação genital feminina.
9. Promover o desenvolvimento pessoal e social e a autodeterminação das crianças e dos jovens, com
progressiva responsabilização pelas escolhas relativas à saúde, prevenindo situações disruptivas ou de risco
acrescido e promovendo a equidade de género.
10. Apoiar e estimular o exercício adequado das responsabilidades parentais e promover o bem-estar familiar
e em outros ambientes específicos.
A concretização destes objetivos implica a otimização dos recursos disponíveis. Assim, de molde a potenciar o
trabalho em equipa, há que, em cada situação, aplicar os princípios deontológicos e as competências técnicas
atribuídas pelas entidades próprias dos diferentes profissionais de saúde.
Pretende-se rentabilizar a ação dos profissionais e desenvolver sinergias nas diferentes equipas (intra e
interinstitucionalmente), com as famílias e a própria comunidade, no sentido de assegurar e otimizar a
vigilância adequada da saúde das crianças e jovens.
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Periodicidade dos exames de saúde
INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM NA FAMÍLIA COM CRIANÇAS PEQUENAS Consultas de enfermagem Visitas domiciliárias
Consulta de enfermagem em saúde infantil e juvenil - O que fazer…como fazer… Conteúdo
- Deteção da doença (rastreios…)
- Prevenção da doença (EpS..)
- Promoção da saúde (bem-estar, otimização…)
- Orientação antecipada (a partir da avaliação feita)
Estrutura
- Modelo SOAP
- Modelo GAPS
- Modelo Bright Futures
Modelos de consulta SOAP – Polisky et al (2005)
- Subjetive history
- Objetive findings
- Assessment
- Plan
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GAPS – Elster, A; Fleming, M et al (1994)
- Gather information
- Assess further
- Problem identification
- Solutions
Modelo de consulta Bright Futures
Abordagem baseada no fortalecimento A. Contexto B. Prioridades da consulta C. Vigilância de saúde
C1- História
C2 – Interação pais-criança
C3 – Vigilância do desenvolvimento
C4 – Exame físico
C5 – Rastreios
C6 – Vacinas
C7 – Outras intervenções D. Orientação antecipada
*modelo Bright Futures – abordagem baseada no fortalecimento (tem uma sequência nem sempre possível de
operacionalizar – muitas vezes rastreios e vacinas são realizados no final para não destabilizar a criança)
Consulta de enfermagem em saúde infantil e juvenil - Fases
1. Preparação:
Leitura do processo: identificação/revisão dos problemas e elaboração do plano de consulta
Preparação dos materiais identificados como necessários
2. Execução:
3. Registo:
Marcação da próxima consulta
Registo do observado, da entrevista, dos problemas identificados e das questões pendentes
Avaliação do plano de cuidados e reformulação do mesmo quando necessário
VISITA DOMICILIÁRIA
Objetivos:
Investigar uma situação aparentemente problemática
Assistir o utente em caso de necessidade
Fazer educação para a saúde
Pressupostos.
Estabelecer prioridades e definir a população alvo
Identificar pessoas ou grupos em risco, p.e.:
- período perinatal, período de introdução de novos alimentos
- situação de doença ou deficiência da mãe ou da criança
- criança com problemas de desenvolvimento ou insucesso escolar
- crises ou problemas familiares (como toxicodependência, alcoolismo, deliquência, …)
- mãe adolescente, solteira primípara ou com muitos filhos
- ausência às consultas ou à vacinação
Trabalhar em equipa (saber o que já foi feito)
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Promover reuniões de equipa de enfermagem e interdisciplinares
Articular com csd e com outras instituições ou técnicos do…. …
Articular recursos
Fases da visita domiciliária:
1. Preparação:
Identificação do problema/situação
Recolha de dados no processo individual e familiar, junto dos técnicos, de outros serviços de saúde ou de
líderes locais
Planeamento da visita:
1. Onde e quando;
2. Problemas identificados;
3. Objetivos; ações a desenvolver (conteúdos e estratégias);
4. Organização de material, se necessário
2. Realização
Apresentação e explicitação do motivo da visita
Prestar os cuidados de acordo com o planeado, mas com flexibilidade – ouvir, apoiar, ajudar o utente a
tomar decisões
Validar os conhecimentos, orientar e realçar os aspetos considerados pertinentes
Avaliar cuidados prestados
Marcar nova visita domiciliária ou lembrar consulta seguinte
3. Registo
Registar (tipo de habitação, espaço, luz, cheiro, arrumação, materiais, roupa…e da relação entre os
elementos da família)
4. Avaliação
Confrontar o planeado com o realizado
Atualizar o plano de cuidados
5. Conclusão
*existindo…
Ver: Wong: capítulos 8, 12, 14, 15, 17, 19.
FOCOS DE ATENÇÃO NA PROMOÇÃO DA SAUDE DA FAMILIA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES Adaptação ao papel parental e exercício do papel parental. Promoção da alimentação saudável da criança ao longo do desenvolvimento. Prevenção de acidentes infantis e juvenis. Promoção da saúde oral.
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LEITURA OBRIGATÓRIA
Hockenberry, M.; Wilson, D. (2011). Wong’s Nursing Care of Infants and Children,9 th Edition. Missouri: Mosby
Elsevier.
Capítulos: CHAPTER 8 – Health Promotion of the Newborn and Family, pp. 231- 273 CHAPTER 12 – Health Promotion of the Infant and Family, pp. 488-518 CHAPTER 14 – Health Promotion of the Toddler and Family, pp. 570- 583 CHAPTER 15 – Health Promotion of the Preschooler and Family, pp. 601-605 CHAPTER 17 – Health Promotion of the School-Age Child and Family, pp. 665-681 CHAPTER 19 – Health Promotion of the Adolescent and Family, pp. 756-772 Portugal. Direcção-Geral da Saúde (2013). Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil: Programa Nacional/Direcção-Geral de Saúde (Norma da DGS nº 10/13 de 31/05/2013
LEITURA RECOMENDADA
Hagan JF, Shaw JS, Duncan PM, eds. 2008. Bright Futures: Guidelines for Health Supervision of
Infants, Children, and Adolescents, Third Edition. Elk Grove Village: American Academy of
Pediatrics, p. 11-219.
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Aula 5 – PROGRAMA NACIONAL DE VACINAÇÃO (PNV) 25/09/2013
Profª Sónia Colaço
VACINA Originalmente referida à inoculação com o vírus da varíola para tornar uma pessoa imune a esta doença;
habitualmente significa um ato físico de administração de qualquer vacina ou toxoide. Produto antigénico a que se retirou a capacidade de provocar doença que introduzido no organismo,
provoca uma reação imunológica comparável à que acontece quando um individuo tem contacto com o
agente patogénico a que se refere
IMUNIDADE ATIVA Estado onde os anticorpos são ativamente formados contra antigénios específicos, naturalmente, por se
ter tido clinica ou subclinicamente a doença, ou artificialmente por introdução do antigénio no individuo
Ver conceitos na Wong – a partir do capítulo 12
IMUNIDADE PASSIVA Imunidade temporária obtida por transfusão de imunoglobulinas ou antitoxinas, artificialmente, de outro
humano ou animal que tenha sido ativamente imunizado contra um antigénio ou naturalmente, da mãe
para o feto, através da placenta
IMUNIDADE DE GRUPO Uma condição na qual a maioria da população da comunidade está vacinada e a propagação de certas
doenças é impedida, uma vez que a população que foi vacinada protege aqueles que, na mesma
população, não foram vacinados. Taxa de cobertura da vacinação pra a uma determinada doença, a partir da qual se consegue a sua
irradicação Depende de dados epidemiológicos e fatores socioeconómicos Nas doenças em que a imunidade de grupo funciona, ela consegue-se com uma percentagem de 70-80%
de vacinados, relativamente a essa doença No caso da tuberculose, difteria, tétano, sarampo, este conceito não se aplica, sendo necessário vacinar
100% da população
RESPOSTA IMUNOLÓGICA
A resposta imunológica depende de: Condições do hospedeiro Condições das vacinas Organização do esquema vacinal/ PNV
Condições do hospedeiro Idade – sistema imunitário Situação de saúde
Condições do hospedeiro que contra indicam todas as vacinas Doença febril aguda até à sua cura Descompensação de doença neurológica se a vacina puder provocar febre Alergia aos compostos da vacina (ovo, antibióticos…) Reação grave ou de sensibilidade a uma dose anterior da mesma vacina
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Condições do hospedeiro que contra indicam as vacinas vivas Gravidez nos primeiros 4 meses Doenças oncológicas ou imunodeficiências Terapêutica imunossupressora Administração há menos de 3 meses de sangue, plasma ou imunoglobulina.
Condições das vacinas Composição Conservação (entre 2 e 8ºC) Administração (princípios da administração de terapêutica – 6 certos) Doses Local Intervalos entre a administração das vacinas
Conservação Respeitar os prazos de validade Não expor os preparados à luz direta ou fontes de calor Não guardar nas portas do frigorífico Seguir as instruções relativamente às instruções de conservação Manter a temperatura entre 2 e 8ºC e não congelar As vacinas anti-sarampo, anti-parotidite, anti-rubeola e anti-hepatite B, quando diluídas devem ser
utilizadas no prazo de 1hora e dentro de 8 dias se forem mantidas entre 2 e 8ºC
COMPOSIÇÃO DAS VACINAS
Antigénios utilizados na produção de vacinas Toxoide – ex: vacina tetânica Microorganismo vivos atenuados (p.ex. vacina antisarampo, papeira e rubéola) Micro organismos mortos (vacina anti tosse convulsa) Micro organismos similares (vacina BCG) Polissacáridos bacterianos (vacina anti hemophillus influenzae do tipo B) Antigénio de superfície purificado (vacina anti hepatite B) Imunoglobulinas específicas
*Junçao de determinadas substâncias
TIPOS DE VACINAS
Vacinas vivas atenuadas Contêm estirpes modificadas de um agente patogénico (bactérias ou vírus) que foram enfraquecidas por
meio de passagens por um hospedeiro não natural, ou por um meio que lhe seja desfavorável. Estas
estirpes mantêm a capacidade de se multiplicar dentro do hospedeiro e continuar a ser suficientemente
antigénicas para induzir uma forte resposta imunitária Exemplo: a vacina contra a varicela-zoster, a vacina oral contra i vírus da poliomielite (VAP) e a contra o
víus da febre amarela
As vacinas heterólogas são um subgrupo de vacinas ativas atenuadas que produzido a partir das estirpes
que são patogénicas em animais mas não em pessoas. O único exemplo até à data é o vírus da variola das
vacas que protege contra o vírus da varíola humana
Vacinas mortas/ inativadas O agente bacteriano ou viral é morto ou inativado através de tratamento químico (ex: forlmaldeído) ou
por calor.
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Exemplo: a vacina inativada contra o vírus da poliomielite (VIP), a vacina contra a pertussis (Pw), a vacina
contra a raiva ou a vacina contra o vírus da hepatite A.
Vacinas sub-unitárias Contêm frações ou sub-unidades do agente infecioso (bactérias ou vírus) selecionado devido à sua
capacidade de inciar uma resposta imunitária especifica Exemplo: a vacina contra o Haemophilus influenza do serotipo b ou a vacina acelular contra a pertussis~
As toxoides são um importante grupo de vacinas sub-unitárias, como a toxoide de difteria, que contêm
uma toxina bacteriana quimicamente modificada, que mantém as suas propriedades imunogénicas,
estimulando a formação de anticorpos. (Wong)
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
Seguir as orientações relativas à via de administração
As vacinas do PNV são administradas por injeção i.d. BCG i.m. anti meningococo do tipo C e anti-papiloma vírus i.m. ou s.c. anti hepatite B, anti tétano, tríplice, tetra pentavalente s.c. anti sarampo, anti rubéola ou anti sarampo, papeira e rubéola (VASPR)
DOSES E LOCAIS DE ADMINISTRAÇÃO
Doses O número de dose depende da imunidade conferida pela vacina
Local de administração Onde seja menor o risco de lesão local, nervosa, vascular ou dos tecidos A injeção intradérmica, do BCG, é administrada na face superior externa do braço esquerdo, na união do
terço superior com o terço médio As injeções subcutâneas são administradas na coxa dos latentes ou na face superior externa do braço, nas
crianças maiores As injeções intramusculares são administradas no vasto lateral da coxa nos latentes ou no deltoide nas
crianças maiores
INTERVALOS DE ADMINISTRAÇÃO Vacinas mortas (sem restrições) Vacinas vivas (4 semanas de intervalo)
- 3 semanas no caso das vacinas anti cólera e anti febre amarela
Idade mínima para iniciar a
vacinação e intervalos mínimos
entre múltiplas doses da mesma
vacina
(a)A VHB pode ser excepcionalmente
administrada em esquemas
acelerados (viajantes e recém-
nascidos <2 000g filhos de mães Ag
HBs+ (ver “Vacinação em
Circunstâncias Especiais – Crianças
pré-termo e de baixo peso”).
(b) Excepcionalmente, em situação de
surto, a idade mínima para a 1ª dose
de DTPa, será de 4 semanas.
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(c) Excepcionalmente, pode ser aceite um intervalo de 4 meses entre a DTPa 3 e a DTPa4.
(d) Até aos 10 anos de idade (exclusive), a 5ª dose de DTPa ou Td só é recomendada se a 4ª dose tiver sido
administrada antes dos 4 anos de idade. Nestes casos, a 5ª dose deve ser administrada, pelo menos, 6 meses depois
da 4ª dose.
(e) Se a VIP 3 for a última dose do esquema vacinal (administrada ≥4 anos de idade) recomenda-se um intervalo de 6
meses em relação à VIP 2.
(f) A VIP 4 só é recomendada se a 3ª dose tiver sido administrada antes dos 4 anos de idade, excepto para os que tenham
recebido um esquema misto VAP e VIP que devem receber a VIP 4 mesmo que a VIP ou VAP 3 tenha sido administrada
depois dos 4 anos de idade. Todas as crianças que tenham feito 4 ou mais doses de VIP e/ou VAP precocemente (antes
dos quatro anos de idade) devem sempre fazer uma dose de VIP depois dos 4 anos, com intervalo mínimo de 6 meses
entre a penúltima e a última dose.
(g) A MenC pode ser administrada a partir das 6 semanas de vida, no contexto de vacinação pós-exposição (Quadro XVII),
a contactos de casos, sem prejuízo da dose recomendada aos 12 meses de idade.
(h) Se for necessária protecção mais precoce (surtos, pessoas infectadas com VIH, viajantes), a 1ª dose de VASPR pode ser
antecipada para os 6 meses de idade, não contando esta dose para o esquema recomendado. As crianças vacinadas
durante o primeiro ano de idade devem ser revacinadas, com a VASPR 1, aos 12 meses.
(i) Excepcionalmente, em crianças com contra-indicação absoluta para a Pa, a Td pode ser administrada antes dos 7 anos
de idade.
PNV (2012: 22)
CONTRAINDICAÇÕES DAS VACINAS - As contraindicações às vacinas são raras e podem ser permanentes
ou transitórias. No capítulo do documento relativo ao PNV 2012
“Descrição das Vacinas do PNV” são apresentadas as contraindicações e precauções específicas para cada
vacina. As precauções não são contraindicações para a vacinação mas exigem prescrição médica para
administrar as respetivas vacinas.
Consultar também Honkenberry & Wilson (2011) - subcapítulo "Contraindicações e
Precauções".
FALSAS CONTRA-INDICAÇÕES PARA A VACINAÇÃO ÀS VACINAS DO PNV - Exceto quando existe uma
contraindicação verdadeira, a decisão de não vacinar, por razões médicas, deve ser sempre cuidadosamente
ponderada e é da responsabilidade do médico assistente, que terá em consideração os benefícios da
prevenção da doença e as raras situações adversas, temporalmente relacionadas com as vacinas. É importante
lembrar que qualquer adiamento da vacinação devido a uma falsa contraindicação constitui uma
oportunidade perdida de vacinação. (consultar circular normativa nº 040/2011 DGS- Quadro IX- Falsas
contraindicações às vacinas do PNV - pag.38)
Reações locais, ligeiras a moderadas, a uma dose anterior da vacina
Doença ligeira aguda, com ou sem febre (exemplo: infeção das vias respiratórias superiores, diarreia)
Terapêutica antibiótica concomitante (exceto os tuberculostáticos para a BCG - ver “Vacina BCG”)
Imunoterapia concomitante com extratos de alérgenos
História pessoal ou familiar de alergias (exemplo: ovos, penicilina, asma, febre dos fenos, rinite ou outras
manifestações atópicas)
Dermatoses, eczemas ou infeções cutâneas localizadas
Doença crónica cardíaca, pulmonar, renal ou hepática
Doenças neurológicas não evolutivas, como a paralisia cerebral
Síndroma de Down ou outras patologias cromossómicas
Prematuridade
Baixo peso à nascença (< 2 000 g) (exceto para a VHB e a BCG – ver “Vacinação em Circunstâncias
Especiais”)
Aleitamento materno
História de icterícia neonatal
Malnutrição
História anterior de sarampo, parotidite epidémica, rubéola ou outra doença alvo de uma vacina
Exposição recente a uma doença infeciosa
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Convalescença de doença aguda
História familiar de reações adversas graves à mesma vacina ou a outras vacinas
História familiar de síndroma da morte súbita do lactente
História familiar de convulsões
…
PNV (2012: 38)
PROGRAMA NACIONAL DE VACINAÇÃO É gratuito para todos os que vivam em Portugal. É determinado e atualizado em função da epidemiologia das doenças infecciosas. Inclui as idades, doses e vias de administração de vacinas para prevenção de doze* doenças (*desde
Janeiro de 2009)
PNV – Vacinas Vacina contra a tuberculose (BCG) Vacina monovalente contra a hepatite B (VHB) Vacina monovalente contra a doença invasiva por Haemophilus influenzae b (Hib) Vacina “monovalente” contra a poliomielite (VIP) Vacina trivalente contra a difteria, o tétano e a tosse convulsa/pertussis (DTPa) Vacina tetravalente contra a difteria, o tétano, a tosse convulsa e a doença invasiva por Haemophilus
influenzae b (DTPaHib) Vacina tetravalente contra a difteria, o tétano, a tosse convulsa e a poliomielite (DTPaVIP) Vacina pentavalente contra a difteria, o tétano, a tosse convulsa, a doença invasiva por Haemophilus
influenzae b e a poliomielite (DTPaHibVIP) Vacina monovalente contra a doença invasiva por Neisseria meningitidis C (MenC) Vacina trivalente contra o sarampo, a parotidite epidémica e a rubéola (VASPR) Vacina tetravalente contra infecções por vírus do Papiloma humano (HPV) Vacina bivalente contra infecções por vírus do Papiloma humano (HPV) Vacina bivalente contra o tétano e a difteria (Td)
PNV – CALENDÁRIO
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(a) À data de entrada em vigor do PNV 2012, apenas se recomenda 1 dose de MenC aos 12 meses. No período de
transição, as crianças que já tenham 1 dose de MenC no 1º ano de vida, necessitam apenas da dose aos 12 meses.
Independentemente do numero de doses (uma ou duas) efectuadas no primeiro ano de vida, é necessária a dose dos 12
meses (respeitando sempre o intervalo mínimo entre doses).
(b) Aplicável apenas a raparigas.
BCG – BACILO DE CALMETTE-GUÉRIN
VACINA ANTI-TUBERCULOSE É uma vacina de microrganismos vivos que é administrada por enfermeiros especificamente preparados,
por via i.d., na face posterior do braço esquerdo dos recém-nascidos com mais de 2kg, na dose de 0,05ml
e, mais tarde, 0,1ml. O controlo vacinal é feito às 10 semanas pela verificação da cicatriz vacinal. Dos 3
meses aos 18 anos é efetuada após reação intradérmica de Mantoux negativa Confere imunidade a 80% das pessoas vacinadas, quando administrada a menores de 5 anos, defendendo
dos casos graves da doença. A a partir dos 18 anos, pensa-se que deixe de ser eficaz para proteger da
tuberculose
Efeitos secundários Incluem reações imediatas – lesão supurativa que vem a formar crosta – e não imediatas – adenite satélite
axilar.
Contra indicações
As relacionadas com as vacinas vivas; as dermatoses generalizads; a síndrome de imunodeficiência
humana sintomática
PROVA DE MANTOUX Administração de 0,1ml de um soluto de 2 unidades de tuberculina, na face anterior ou ântero-lateral do
1/3 médio do antebraço esquerdo. O aspeto de casca de laranja indica uma boa técnica. Faz-se a leitura às 48-96h após a inoculação, palpando-se e medindo-se em milímetros, com régua
transparente, a zona de induração. A reação é positiva se for ≥10mm; se for entre 5 e 9 mm, apesar de duvidosa, não é preciso revacinar.
VACINA HPV
VACINA ANTI PAPILOMA VÍRUS (para genótipos 6, 11,16,18) Foi a última vacina a ser integrada no PNV – em janeiro 2009 Previne lesões genitais pré-cancerosas, cancro do colo do útero e verrugas genitais externas relacionados
com os genótipos que a compõem, não para as outras formas de infeção por papiloma vírus; É uma vacina produzida por DNA recombinante do HPV, com um adjuvante, pelo que deve ser
administrada 0,5ml, por via i.m. profunda, em 3 doses, entre os 11 e os 13 anos; O intervalo entre a 1.ª e a 2.ª não deve ser inferior a 2 meses e entre a 2.ª e a 3.ª será de 3 meses; A imunogenicidade da vacina está demonstrada entre os 9 e os 26 anos de idade.
Conservação 2 a 8ºc, sem congelar, protegida da luz
Precauções da vacinação contra o HPV Doença aguda grave, com ou sem febre Em indivíduos com alterações da coagulação / risco de hemorragia, fazer segundo prescrição médica Gravidez
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Reações adversas da vacinação contra o HPV Febre e sinais inflamatórios no local da injeção (muito frequentes) Equimose ou prurido no local da injeção (frequentes) Broncospasmo (muito raras)
OUTRAS VACINAS NÃO INTEGRADAS NO PNV Prevenar – streptococcus pneumoniae Rotavírus Antigripe A – 6 meses aos 2 anos Gripe
VACINAÇÃO EM CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIAIS (consultar circular normativa nº 040/2011 DGS -pág. 49 a 66) Crianças Pré-termo e de baixo peso Gravidez e Amamentação Indivíduos com alterações/disfunções imunitárias Terapêutica com produtos contendo imunoglobulinas Indivíduos com alterações da coagulação Viajantes - Vacinação no âmbito do PNV Profilaxia pós exposição
CUIDADOS GERAIS A OBSERVAR NA PRÁTICA DA VACINAÇÃO Certificar-se da vacina a administrar, em função da idade e do boletim individual de saúde (BIS), assim
como na ficha central de vacinação da criança Assegurar o respeito pelos prazos de validade, condições de armazenamento e local de disponibilidade
das vacinas Preparar as vacinas de acordo com as regras de administração terapêutica Preparar a criança – e/ou informar os pais para o procedimento – o que vai fazer, como, objeto –
elogiando-a no fim Informar sobre os efeitos secundários possíveis Escrever a lápis no BIS as datas das próximas vacinas Registar a vacina administrada, o laboratório, o lote, a dose na ficha central de vacinação da criança,
através do programa SINUS Aconselhar a criança a permanecer 30 minutos no centro de saúde
REAÇÕES ANAFILÁTICAS E O SEU TRATAMENTO (Consultar circular normativa da DGS nº 040/2011 -
PNV 2012) Diagnóstico de reação anafilática Equipamento e medicamentos Procedimentos a adotar em caso de anafilaxia
- As reações anafiláticas surgem, geralmente, pouco tempo após o contacto com alérgeno, sendo tanto mais
graves quanto mais precoces, pelo que as pessoas vacinadas deverão permanecer sob observação durante 20
minutos após a administração da vacina.
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EQUIPAMENTOS E MEDICAMENTOS – PÁG 50 DGS
Procedimentos
1. Pedir ajuda e telefonar para o 112 para transporte do doente para o Serviço de Urgência mais próximo.
2. Deitar o doente com os pés elevados (posição de Trendelenburg, porque há necessidade de restaurar
rapidamente a volémia); a posição supina pode ser fatal por aumentar o depósito sanguíneo nos membros
inferiores. Nos doentes com dificuldade respiratória deve optar-se pela posição sentada, com elevação dos
membros inferiores. Algumas crianças com dificuldade respiratória preferem estar sentadas ao colo.
Utilizar uma “abordagem ABCDE” e tratar os problemas potencialmente fatais à medida que surgem.
3. Manter as vias aéreas permeáveis, usando um tubo de Guedel, se necessário.
4. Administrar O2 por máscara, com reservatório a 15 L/min ou, na sua falta, por cânula nasal até 6 L/min.
5. Administrar adrenalina aquosa a 1:1 000 (1 mg/mL), na dose de 0,01 mL/kg (máximo 0,5 mL), por via
intramuscular12 na face anterolateral da coxa13. Repetir após 5 minutos se não houver melhoria clínica.
6. Se se mantiverem os sinais de obstrução das vias aéreas, que não responderam à administração parentérica
de adrenalina, administrar aerosol com broncodilatadores (salbutamol em 0,03 mL/kg até à dose máxima de
1mL) ou adrenalina a 1:1 000 (1 mg/mL) (diluir 1 mL em 4 mL de soro fisiológico).
7. Monitorizar o Tempo de Preenchimento Capilar (TPC), a frequência cardíaca e a pressão arterial.
Registar as medições efectuadas, devendo essa informação acompanhar o doente na sua transferência para o
Serviço de Urgência.
RESPONSABILIDADE DO ENFERMEIRO NA VACINAÇÃO
Informar adequadamente os pais acerca da natureza, prevalência e riscos da da doença; tipo de produto
de imunização utilizado; benefícios esperados e risco de efeitos secundários.
Realizar registos rigorosos, documentação precisa (dia;mês; ano da administração; fabricante e nº de lote
da vacina; nome, Instituição de Saúde e assinatura legível da pessoa que administra a vacina.
Reportar quaisquer reações adversas
Manter-se atualizado acerca das recomendações das vacinas
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LEITURA OBRIGATÓRIA Direção Geral da Saúde – Programa Nacional de Vacinação 2012 Norma 040/2011, Lisboa, DGS, 21.12.2011, atualização 26.1.2012 Hockenberry, M.; Wilson, D. (2011). Wong’s Nursing Care of Infants and Children, 9th Edition. Missouri: Mosby Elsevier, Chapter 12 Direcção-Geral da Saúde –Orientações para a operacionalização do módulo de vacinação SINUS. “Direcção-Geral dos Cuidados de Saúde Primários – Circular Normativa N.º 04/DT”, Lisboa, 31/03/03, 3 p. Direcção-Geral da Saúde – Boletim Vacinação n.º2, Abril 2012
LEITURA COMPLEMENTAR Documentos WHO - Bases Imunológicas para a vacinação ( ficheiros em anexo)
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SAÚDE SEXUAL SAÚDE
REPRODUTIVA
Aula 6 – SEXUALIDADE E SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA 1/10/2013
Profª Madalena Oliveira
SUMÁRIO ALARGADO
Conceitos de sexualidade/Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva/Direitos Sexuais e Reprodutivas
Dimensões e funções da sexualidade
Componentes da saúde sexual
Ciclo de Resposta Sexual humana
Vivências e expressões da sexualidade ao longo do ciclo de vida
A carta dos Direitos Sexuais e reprodutivos
Principais problemas e tendências em SSR
O cuidado em SSR
SAÚDE SEXUAL E SAÚDE REPRODUTIVA
- Verifica-se atualmente, uma mudança de paradigma. Distinguimos saúde sexual e saúde reprodutiva,
porque falámos, cada vez mais, de sexualidade não reprodutiva e de reprodução “não sexual”.
- Hoje falámos em “orientações técnicas para a saúde reprodutiva”. O “sexual” fica invisível. E o que é que isto
quererá dizer? Falamos nestas duas conceções separadamente para não confundir as 2 áreas.
- Do mesmo modo, já não falamos tanto em saúde da mulher, mas em saúde sexual, que abrange homens e
mulheres.
O QUE ENTENDEM POR SEXUALIDADE?
É uma energia que nos motiva para encontrar amor, contacto, ternura, intimidade e se integra no modo
como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados. É ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual.
A sexualidade influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia a nossa
saúde física e mental”. (WHO, 2006)
- Ainda assim, vários autores contestam esta conceção. Esta é uma definição “muito romantizada” e positivista;
pouco inclusiva.
- Ao longo da história, sempre existiram muitos mitos acerca da sexualidade. Hoje falámos em sexualidade
como um bem de consumo mas, segundo Michel (filosofo), hoje faz-se tanto barulho acerca da sexualidade,
que o efeito é semelhante ao do passado. Não há comunicação, mas barulho que, esconde “esta lacuna”.
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dimensões
biologica
sociocultural
ético legal psicoafetivo
espiritual
DIMENSÕES DA SEXUALIDADE
FUNÇÕES DA SEXUALIDADE
Reprodução
- Durante muito tempo, falamos em reprodução, associada ao modelo social vigente – o casamento
Prazer
Comunicação
- Gradualmente, falamos também em comunicação na sexualidade
SAUDE SEXUAL
É um processo contínuo de bem-estar físico, psicológico e socio cultural, relacionado com a sexualidade,
que se evidencia nas expressões livres e responsáveis de capacidades sexuais que conduzem ao bem-estar
pessoal e social enriquecendo a vida individual e social.
Para conseguir alcançar e manter a vida sexual é necessário que se reconheçam e defendam os direitos
sexuais de todas as pessoas. (WAS, 2000)
Satisfação e gratificação
Sexualidade livre de abusos
Prática de sexo seguro
(Cook, Dichens e Fathalla, 2003)
- Temos uma legislação desde Abril de 2009 (relatório do grupo de trabalho para a educação sexual nas
escolas) que obriga a trabalhar as áreas da sexualidade
VIVÊNCIAS E EXPRESSÕES DA SEXUALIDADE AO LONGO DA VIDA
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TIPOS DE AFETOS
APEGO E SEXUALIDADE
Apego – vínculos afetivos que estabelecemos com os outros significativos
Modelos familiares
Estilo de vinculação – segura, ansiosa, evitante
Contactos/interações – informais; constantes; frequentes
- Um bebé que chora e cuja mãe/pai não atende ao seu chamamento frequentemente, muito provavelmente,
desaprende a ligar-se ao outro; desaprende a viver a relação afetiva, de proximidade, “de toque”.
- Este tipo de relação entre pais-bebés, “aparentemente infantil”, volta a surgir no âmbito das relações
amorosas.
Segundo Jean Watson (2005), a união precoce entre mãe e filho num verdadeiro relacionamento é um
princípio básico para o desenvolvimento psicológico da necessidade de sexualidade, a qual é
demonstrada precocemente, quando o bebé suga, morde e se alimenta como também na segurança e no
contacto diário com outras pessoas.
Relação entre o apego primário e as relações afetivo sexuais no adulto
Relacionado a com auto estima, traços de personalidade, ansiedade e altruísmo
O comportamento de apego na vida adulta é uma continuação direta do comportamento na infância
No adulto existe a procura de proximidade, o refúgio seguro e a criação de 1 base segura entre os pares
Toca a simbologia das relações interpessoais e está ligada ao desenvolvimento do apego na infância
Logo, o apego infantil permanece nas relações adultas (Bowby).
O QUE É A RESPOSTA SEXUAL HUMANA?
Ciclo da resposta sexual humana
Fase de desejo
Fase de excitação
Fase do orgasmo
De Master e Johnsons ao modelo circular de Basson
- Master e Johsons começaram por falar na excitação, planalto, orgasmo e resolução (período refratário). Esta
seria a resposta sexual do Homem. Mais tarde, sugeriu-se que a resposta da mulher seria diferente.
- Atualmente, é amplamente aceite que o desejo antecede a excitação e que o desejo é possibilitado pela
existência de disponibilidade para o desejo.
SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA
Carta dos direitos sexuais e reprodutivos – Federação Internacional para o Planeamento Familiar (IPPF)
•Desejo - prazer
•Atração
•Enamoramento
•Experiência amorosa
•Inibiçao, rejeição, dor, culpa, ciúme
Sexo- afetivos
•Empatia
•Apego
•Amizade
•Hostilidade
Socio-afetivos
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1 – DIREITO À VIDA
Nenhuma mulher deve ter a vida em risco por razões de gravidez. Nenhuma pessoa deve ter a vida em
risco por falta de acesso aos serviços de saúde e/ou informação, aconselhamento ou serviços relacionados
com a saúde sexual e reprodutiva.
2 – DIREITO À LIBERDADE E SEGURANÇA DA PESSOA
Todas as pessoas têm o direito de poder desfrutar e controlar a sua vida sexual e reprodutiva, no respeito
pelos direitos dos outros.
Todas as pessoas têm o direito de não estarem sujeitas a assédio sexual.
Todas as pessoas têm o direito de estar livres do medo, vergonha, culpa, falsas crenças ou mitos e outros
fatores psicológicos que inibam ou prejudiquem o seu relacionamento sexual ou resposta sexual.
3 – O DIREITO À IGUALDADE E O DIREITO A ESTAR LIVRE DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO
Ninguém deve ser discriminado, no âmbito da sua vida sexual e reprodutiva, no acesso aos cuidados e/ou
serviços.
Todas as pessoas têm o direito à igualdade no acesso à educação e informação de forma a preservar a sua
saúde e bem-estar, incluindo o acesso à informação, aconselhamento e serviços relativos à sua saúde e
direitos sexuais e reprodutivos.
Nenhuma pessoa deve ser discriminada no seu acesso à informação, cuidados de saúde, ou serviços
relacionados com as suas necessidades de saúde e direitos sexuais e reprodutivos ao longo da sua vida,
por razões de idade, orientação sexual, “deficiência” física ou mental.
4 – O DIREITO À PRIVACIDADE
Todos os serviços de saúde sexual e reprodutivos, incluindo a informação e o aconselhamento, deverão
ser prestados com privacidade e a garantia de que as informações pessoais permanecerão confidenciais.
Todas as mulheres têm o direito de efetuar escolhas autónomas em matéria de reprodução, incluindo as
opções relacionadas com o aborto seguro.
Todas as pessoas têm o direito de exprimir a sua orientação sexual a fim de poder desfrutar de uma vida
sexual segura e satisfatória, respeitando contudo o bem-estar e os direitos dos outros, sem receio de
perseguição, perda da liberdade ou interferência de ordem social.
Todos os serviços de cuidados em saúde sexual e reprodutiva incluindo os serviços de informação e
aconselhamento devem estar disponíveis para todas as pessoas e casais, em particular os mais jovens,
numa base de respeito aos seus direitos de privacidade e confidencialidade.
5 – O DIREITO À LIBERDADE DE PENSAMENTO
Todas as pessoas têm direito à liberdade de pensamento e de expressão relativa à sua vida sexual e
reprodutiva.
Todas as pessoas têm o direito à proteção contra quaisquer restrições por motivos de pensamento,
consciência e religião, no seu acesso à educação e informação relativas à sua saúde sexual e reprodutiva.
Os profissionais de saúde têm o direito de invocar objecção de consciência na prestação de serviços de
contraceção e aborto e o dever de encaminhar os utentes para outros profissionais de saúde dispostos a
prestar o serviço solicitado de imediato. Este direito não é contemplado em casos de emergência, quando
esteja em risco a vida de uma pessoa.
Todas as pessoas têm o direito de estar livres de interpretações restritas de textos religiosos, crenças,
filosofias ou costumes, como forma de delimitar a liberdade de pensamento em matérias de cuidados de
saúde sexual e reprodutivos.
6 – O DIREITO À INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO
Todas as pessoas têm o direito de receber uma educação e informação suficientes de forma a assegurar
que quaisquer decisões que tomem, relacionadas com a sua vida sexual e reprodutiva, sejam exercidas
com o seu consentimento pleno, livre e informado.
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Todas as pessoas têm o direito de receber informações completas quanto às vantagens, eficácia e riscos
associados a todos os métodos de regulação e fertilidade e de prevenção.
7 – O DIREITO DE ESCOLHER CASAR OU NÃO E DE CONSTITUIR E PLANEAR FAMÍLIA
Todas as pessoas têm o direito de acesso aos cuidados de saúde reprodutiva, incluindo casos de
infertilidade, ou quando a fertilidade esteja comprometida devido a doenças transmitidas sexualmente.
8 – O DIREITO DE DECIDIR TER OU NÃO FILHOS E QUANDO OS TER
Todas as pessoas têm o direito ao acesso à gama mais ampla possível de métodos seguros, eficazes e
aceitáveis de contraceção.
Todas as pessoas têm o direito à liberdade de escolher e utilizar um método de protecção contra a
gravidez não desejada, que seja seguro e aceitável.
9 – O DIREITO AOS CUIDADOS
Todas as pessoas têm o direito a usufruir de cuidados de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o direito:
Informação dobre os benefícios e riscos dos métodos contracetivos
Acesso à maior variedade possível de serviços
Opção para decidir utilizar ou não serviços e para escolher o método contracetivo a usar
Segurança relativa aos métodos e serviços ao seu dispor
Privacidade na informação e serviços prestados
Confidencialidade relativa a informações pessoais
Dignidade no acesso e na prestação dos cuidados em saúde sexual e reprodutiva
Confiança e comodidade relativa à qualidade dos serviços oferecidos
Continuidade que garanta a disponibilidade futura dos serviços
Opinião sobre o serviço oferecido
10 – O DIREITO AOS BENEFÍCIOS DO PROGRESSO CIENTÍFICO
Todas as pessoas utentes dos serviços de saúde sexual e reprodutiva têm o direito ao acesso a todas as
novas tecnologias reprodutivas seguras e reconhecidas.
11 – O DIREITO À LIBERDADE DE REUNIÃO E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
Todas as pessoas têm o direito de influenciar os governos para que a saúde e os direitos em matéria de
sexualidade e reprodução sejam uma prioridade dos mesmos.
12 – O DIREITO A NÃO SER SUBMETIDO NEM A TORTURA, NEM A TRATAMENTO DESUMANO OU
DEGRADANTE
Todas as crianças têm o direito a proteção contra todas as formas de exploração e, especialmente, da
exploração sexual, da prostituição infantil e todas as formas de abuso, violência e assédio sexuais.
DO PLANEAMENTO FAMILIAR À SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA
Mudança no conceito de P.F. influenciada pelas várias conferências internacionais
Saúde materna/P.F. – direitos e saúde reprodutiva
1995 – Cairo (integra todas as etapas do ciclo de vida, perspetivando a individualização dos cuidados) –
direito à saúde sexual (os vários elementos estão ligados)
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Percurso histórico da contraceção no P.F.
Em suma: alargou-se o âmbito das suas atividades
Passamos de um modelo higiénico sanitário a um modelo holístico individualizado.
Forma de assegurar que as pessoas têm acesso a informação, métodos eficazes e seguros, a serviços de
saúde que contribuem para a vivência da sexualidade de forma segura e saudável.
DO P.F. À SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA
Objetivos
1. Promover comportamentos saudáveis face à sexualidade
2. Informar e aconselhar sobre a saúde sexual e reprodutiva
3. Reduzir a incidência de IST e as suas consequências, nomeadamente a infertilidade
4. Reduzir a mortalidade e morbilidade materna, perinatal e infantil
5. Permitir ao casal decidir quantos filhos quer, se os quer e quando os quer, ou seja, planear a sua família
6. Preparar e promover uma parentalidade responsável
Atividades
Esclarecer sobre vantagens e desvantagens de regular a fecundidade em função da idade
Reconhecer e orientar os casais com desajustes/dificuldades sexuais
Prestar cuidados pré concecionais tendo em vista a redução do risco numa futura gravidez
Identificar e orientar os casais com problemas de infertilidade
Efetuar prevenção, diagnóstico e tratamento das IST
Efetuar rastreio do cancro do colo e mama
SAÚDE REPRODUTIVA
Implica que as pessoas possam ter uma vida sexual satisfatória e segura e que tenham a capacidade de se
reproduzir e decidir quando e com que frequência têm filhos.
Saúde Reprodutiva é um estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade, em todos os aspetos relacionados com o sistema reprodutivo, suas funções e processos. In Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (Cairo, 1994)
Finalidade
Que as pessoas gozem de ausência …
PRINCIPAIS TENDÊNCIAS EM SSR
Promover a saúde na esfera sexual e reprodutiva
Promover uma efetiva igualdade
..Acabar
Os laços existentes entre pobreza, desigualdade e violência de género, fertilidade, gravidez indesejada e
aborto, demonstram que o investimento na saúde sexual e reprodutiva é fundamental para quebrar este
ciclo.
1. Contraceção
(limitação/
espaçamento dos
nascimentos)
2. Contraceção
(prevenção da
gravidez não
desejada)
Prevenção de IST e
Rastreio do cancro
genital
Informação e
educação sexual
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É necessário
Atendimento imediato
Encaminhamento adequado
Protocolos de articulação
Consulta de P.F. hospitalar
Consulta de P.F. em CS
OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SS
Consulta de enfermagem programada
Atendimento não programado
Unidades móveis
Projetos em estabelecimentos de ensino, associações..
Espaços de atendimento a jovens
Escolas de pais
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Aula 7 (TP) – MÉTODOS DE CONTROLO DA FECUNDIDADE 2/10/2013
Profª Esmeralda Afonso
SUMÁRIO ALARGADO
Sistema reprodutor feminino e masculino (revisões)
Métodos de controlo da fecundidade
Eficácia contraceptiva teórica e prática: (conceitos e interpretação dos valores)
Descrição e formas de actuação:
- Métodos hormonais
- Métodos barreira
- Métodos cirúrgicos
- Métodos de conhecimento do período fértil ou de auto-observação
- Dispositivo intra-uterino (DIU)
- Contraceção de emergência
Critérios de escolha de um método de controlo da fecundidade e características do utilizador
O cuidado de enfermagem no aconselhamento contraceptivo
SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
Órgãos sexuais internos
Gonadas (ovários)
Trompas
Útero
Vagina
Órgãos sexuais externos
Vulva (conjunto dos pequenos e grandes lábios e clítoris)
Grandes lábios
Pequenos lábios
Clítoris
Introito vaginal
Ciclo ovárico
- Em cada ciclo ovárico – antes da menstruação vários oócitos passam por um processo de maturação. Um
deles tem um desenvolvimento “especial” e os outros acabam por atrofiar.
- A principal fonte de estrógeno são os folículos
- O muco cervical, produzido pelas células do colo do útero e estimulado pelo estrogénio, ajuda no transporte
dos espermatozoides até às trompas.
- O muco cervical distingue-se do corrimento porque o muco cervical é uma secreção produzida pelo colo do
útero, também chamado cérvix. Este muco impede que as bactérias que habitam a vagina penetrem no útero
mantendo-o saudável, além disso também ajuda o espermatozoide a alcançar o útero durante o período fértil
da mulher. O muco cervical durante a maior parte do mês é espesso, o que dificulta a passagem dos
espermatozoides da vagina ao útero, mas durante o período fértil da mulher esse muco se torna transparente
e elástico, ajudando a passagem do esperma pela vagina até o útero e tubas uterinas, onde pode ocorrer a
conceção do bebê e começar a gravidez.
- Ciclo menstrual – começa quando se inicia a menstruação e termina e reinicia na menstruação seguinte
- Se houver uma gravidez…
Ciclo endometrial
Fase menstrual
Fase descamativa
Fase secretória
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Ciclo menstrual, ovárico e endometrial
Ciclo menstrual – 1º dia da menstruação até ao último dia antes da menstruação seguinte
1ª Fase (antecede a ovulação): duração variável
2ª Fase (depois da ovulação): aproximadamente 14 dias
Primeiros 2 anos após a menarca e pré-menopausa (última menstruação) – habitualmente ciclos mais
longos e irregulares devido a ciclos anovulatórios
SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
Testículos
Epidídimo
Canas deferentes
Uretra
Pénis
Escroto
Glândulas anexas
Vesiculas seminais
Próstata
Glândulas de Cowper ou bulbos uretrais
Espermatogénese
Processo de diferenciação das espermatogónias em espermatozoides
Demora cerca de 70/80 dias (qualquer problema ou modificação temporária das condições de
espermatogénese pode originar problemas de fertilidade durante 2 a 3 meses
Inicio na puberdade e continua ao longo da vida
EFICÁCIA DOS METODOS CONTRACETIVOS
Índice de Pearl (permite calcular a eficácia de um método)
(Nº de gravidezesx12x100)/ ciclos de uso
Número de gravidezes em cada 100 mulheres que usam esse método durante 1 ano
Eficácia teórica - Corresponde à eficácia contracetiva de um método quando ele é utilizado em
condições ideais
Eficácia prática - Corresponde à eficácia contracetiva de um método na prática, ou seja, tendo em conta
a qualidade da sua utilização: a motivação e experiência dos utilizadores, erros na sua utilização, as
omissões, etc.
Formas diferentes de apresentar as eficácias
Numero de gravidezes em 100 mulheres por ano (ex: 0,1 a 2 gravidezes em 100 mulheres por ano)
Apresentação da taxa de fracasso…
…
MÉTODOS CONTRACETIVOS
Formas de atuação
Impedindo a ovulação
Impedindo o encontro dos espermatozoides com óvulo
Impedindo a nidação
1. Métodos hormonais
- Oral; adesivo; anel vaginal; injetável; implante
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2. Dispositivo intra-uterino (DIU)
3. Métodos barreira
- Preservativo; diafragma; espermicida
4. Métodos de conhecimento do período fértil ou de observação
- métodos com base no calendário e métodos com base na observação de sinais e sintomas (método da
temperatura basal; método do muco; método sintotérmico)
5. Testes preditivos da ovulação
6. Métodos cirúrgicos
7. Contraceção coital
1. Métodos hormonais
1.1. Contraceção combinada (estrogénio e progestagénio)
Contraceção oral combinada (COC)
Anel vaginal
Adesivo contracetivo transdérmico
1.2. Contraceção progestativa
Contraceção oral progestativas (POC)
Implante subcutâneo
Contraceção injetável
Atenção às interações medicamentosas!
1.1.1. Anel vaginal
Pode ficar ou ser retirado antes da relação sexual. Neste caso, ou se o anel tiver sido expulso, deve ser
lavado com água, fria ou morna, e recolocado.
Não é necessário retirá-lo para o exame ginecológico.
1.1.2. Adesivo contracetivo transdérmico
Esquecimento
Semana 1 (o 1º adesivo não foi colocado no dia previsto):
Aplicar novo adesivo de imediato, iniciando-se um novo ciclo
Usar contracepção suplementar durante 7 dias
Se o atraso no início do novo ciclo por 2 a 3 dias e, tiver havido relações sexuais vaginais não protegidas,
deve ser considerada a utilização de Contraceção de Emergência.
Semana 2 ou 3 (o adesivo não foi substituído no dia correto):
< a 48 horas – aplicar novo adesivo de imediato, manter o dia previsto para a substituição seguinte
o a 48 horas – aplicar de imediato um novo adesivo. Inicia-se um novo ciclo
Usar contraceção suplementar durante 7 dias
O adesivo não foi retirado no fim do ciclo:
Retirar o adesivo e colocar um novo, no dia previsto
1.2.1.Contraceção hormonal progestativa
Iniciar preferencialmente no 1º dia do ciclo, ou até ao 5.º dia da menstruação, não necessitando, nestas
circunstâncias, de outro método contraceptivo complementar. Em casos particulares, a pílula pode ser
iniciada em qualquer dia do ciclo (desde que haja a segurança de que a mulher não está grávida),
devendo ser utilizado um método adicional nos primeiros 7 dias (após 2 dias de toma do POC, já se
verifica a sua acção sobre o muco cervical).Tomar o comprimido diariamente e à mesma hora,
recomeçando uma nova embalagem, sem interrupção.
2. Dispositivo interno uterino (DIU) – tipos de DIU
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Dispositivos inertes de polieteno (não comercializados em Portugal)
Dispositivos ativos: com cobre; com cobre e prata; com levonorgestrel (progesterona)
3. Métodos barreira
4. Métodos de conhecimento do período fértil
Métodos de auto-observação (baseados na avaliação de sinais e sintomas
- Método da temperatura basal
- Método do muco cervical – enquanto há muco à possibilidade de produzir a gravidez
- Método sinto-térmico
Métodos com base no calendário
Nota: podem ser utilizados como métodos contracetivos ou como métodos de conceção
4.1. Métodos de auto observação
Pressupostos
Período fértil
4.2. Método do calendário
A utilização do método do calendário baseia-se no cálculo do período fértil com base nas premissas:
A mulher tem uma ovulação por mês, 14 dias antes da menstruação seguinte
O óvulo é viável entre 1 a 3 dias após a ovulação e o espermatozóide pode ser fecundante 3 a 5 dias após
a ejaculação
Considerando a duração dos ciclos menstruais anteriores (pelo menos 6 ciclos), calcula-se o período fértil,
subtraindo 11 dias ao número de dias do ciclo mais longo e 18 dias ao número de dias do ciclo mais curto.
5. Testes preditivos da ovulação
Teste de urina preditivo da ovulação: deteta a subida da hormona luteinizante (LH) que ocorre,
aproximadamente 12 a 24horas antes da ovulação (?)
Acabar
6. Métodos cirúrgicos
Laqueação das trompas
Vasectomia
- Os espermatozoides são destruídos por fagocitose
A quantidade… Acabar
7. Contraceção coital
Modo de ação
Impede ou retarda a ovulação (contracetivo)
Caso tenha havido fecundação, impede a nidação (anti-nidatório)
Disponíveis, em Portugal, no momento:
Método de Yuzpe
Método com progestagestativo
Método do DIU
Qualquer dos métodos deverá ser utilizado até 5 dias depois da relação sexual (DGS, 2008) ……
A ESCOLHA DE UM MÉTODO DEPENDE..
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De uma decisão voluntária e esclarecida sobre a segurança, eficácia, custos, efeitos secundários e
reversibilidade dos métodos disponíveis. Há um conjunto de questões que devem ser colocadas quando se
pretende escolher um método de contraceção:
É o mais conveniente e eficaz?
Está adequado ao meu estilo de vida?
É reversível?
É um método acessível?
Existem riscos para a saúde?
CARACTERISTICAS DO UTILIZADOR
O MÉTODO IDEAL
ACONSELHAMENTO CONTRACETIVO – princípios gerais
O enfermeiro
Deve ter conhecimentos aprofundados e atualizados sobre todos os métodos de controle da fecundação
Sempre que
Acabar
Saber escutar estabelecer um clima de confiança
Encorajar a pessoa a falar e colocar questões
Adequar a informação à pessoa em causa
Acabar
Identificar os conhecimentos e grau de compreensão da mulher/ companheiro relativamente aos métodos
de controlo da fecundidade
Identificar mitos, fatores éticos, culturais, ecológicos
Identificar o nível de adesão da mulher/ companheiro à contraceção e as objeções relativas a algum
método
Colher dados relativos à história de saúde pessoal (incluindo ginecológica e obstétrica…
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Aula 8 – CONJUGALIDADE E PARENTALIDADE – DO SISTEMA CONJUGAL AO SISTEMA PARENTAL 3/10/2013
Profª Madalena Oliveira
SUMÁRIO ALARGADO
Formação do sistema conjugal
Conceitos de conjugalidade/tipos de conjugalidade
Tipologias de relações de vinculação no adulto
Conjugalidade e género
Relações de género na conjugalidade e na parentalidade
Conjugalidade e Parentalidade
A construção do papel parental (Mercer)
O QUE É CONJUGALIDADE?
O QUE É O CASAL ATUALMENTE?
COMO SE FORMA? COMO FUNCIONA?
A nova forma de mudança do fato conjugal (Kaufmann, 1993)
Menor institucionalização e normalização dos percursos familiares e conjugais
Alongamento (verticalização) dos laços familiares (K.Wall, 2002)
- As famílias mudaram e, por isso, temos que olhar para as famílias de uma forma diferente.
DO SISTEMA CONJUGAL AO SISTEMA PARENTAL
Conjugalidade como fenómeno existente em todas as culturas
“Amar e ser amado é absolutamente organizador”
É nessa reciprocidade da relação e na vida com os outros que nos construímos como pessoas
Contudo, existe outras formas de alcançar esse equilibrio
O SISTEMA CONJUGAL
- Há vários tipos de conjugalidade. Nem todos têm os mesmos objetivos…
Várias formas de entrega na conjugalidade
Multiplicidade de modelos
Tipos de conjugalidade
Institucional – assenta no passado; casamento como bem instituído e estatutário
Fusional – pessoas que fazem “tudo” juntas; que se fundem numa só
Associativa - casais que têm um espaço individual e um espaço comum; existe um ele/eu e um nós
(Anália Torres, 2000)
- Há casais ou membros num casal que valorizam…
A dimensão sexuada da conjugalidade
A construção da identidade pessoal e conjugal – a relação com o par amoroso valoriza-nos enquanto
pessoa
Novos desafios da conjugalidade
Cada elemento aspira a uma vida provada com gratificações afetivas e sexuais
DIMENSÕES DA CONJUGALIDADE
1. Afetos
2. Sentido
3. Género
4. Recursos
5. Contexto
6. Identidade
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ADAPTAÇÃO À CONJUGALIDADE E PARENTALIDADE
A adaptação à conjugalidade e à parentalidade sofre influência das tendências sociais e das mudanças
drásticas nas sociedades ocidentais
Situação das mulheres portuguesas sui-generis relativamente ao panorama europeu
Mudança no papel da mulher que participa ativamente na vida económica, social e política
Mudança no desempenho do pai que inclui uma participação direta na parentalidade
PARENTALIDADE
“Processo de incorporação e transição de papeis que começa durante a gravidez e termina quando o
pai/mãe desenvolvem um sentimento de conforto e confiança no desempenho dos seus respetivos papéis
(Lowdermilk, 2008)
“Assumir as responsabilidades de ser mãe ou pai” (ICN, 2009)
Ter filhos é transmitir heranças diversas desde a genética às dos costumes, valores e significados mas
igualmente num contexto de intimidade, aceitar a diferença da individualidade”. (Canavarro, 2002)
Gravidez e sobretudo a maternidade jogam-se no (desequilíbrio entre estar juntos, dar continuidade,
proteger e estar separado, promover a descontinuidade e a autonomia
Representações da parentalidade
A gravidez é um teste à funcionalidade do corpo feminino, definindo a sua “normalidade” possibilidade
(...)
A perceção do investimento emocional e de tempo que a gravidez e sobretudo a maternidade implicam,
pode ser perspetivado como um roubo à relação conjugal/marital estabelecida
Para as mulheres que consideram um corpo grávido como fisicamente pouco atraente, existe o medo de
uma vida a desenvolver-se dentro de si, dia torcendo a sua imagem física, fazendo-a engordar e produzir
leite, modificando também a sua capacidade de sedução e vida sexual. (Canavarro, 2001)
TRANSIÇÃO PARA A PARENTALIDADE
Uma passagem de um estado, condição ou lugar para outro podendo gerar instabilidade, produzir efeito
negativos e profundas alteações passageiras ou permanentes, deixando a sua marca no individuo … (Chick
e Meleis, 1986)
FATORES QUE INFLUENCIAM A TRANSIÇÃO PARA A PARENTALIDADE
Condições pessoais (significados, atitudes e crenças; estatuto socioeconómicos, preparação e conhecimento)
Condições da comunidade (recursos)
Condições da sociedade (estereótipos e marginalização)
Dimensões:
Comportamentos
Cognições
Afetos
PRINCIPAIS EXIGÊNCIAS NA TRANSIÇAO PARA A PARENTALIDADE
Adaptação materna
Privação do sono e cansaço
Alteração da imagem corporal
Insatisfação com a aparência física
Duvidas acerca da competência parental
Ansiedade acerca dos novos papéis e responsabilidades
Alterações de humor
Aumento das tarefas domésticas
Mudanças na situação profissional
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Adaptação paterna
Privação do sono e cansaço
Aumento das tarefas domésticas
Constrangimentos financeiros e económicos
Intrusividade da família
GÉNERO NA CONJUGALIDADE E PARENTALIDADE
Conceito (afeta todas as dimensões da vida)
Diferença entre género e sexo
O género como um determinante em saúde
Ainda fortes desigualdades sociais e de género na família e rede de parentesco (K.Wall, 2002)
- Construção social que é feita sobre um corpo biológico. Papéis que na sociedade estão definidos para o
homem ou para a mulher. Construções sociais aplicadas a homens e a mulheres que constituem uma
justificação para um corpo biológico masculino ou feminino.
GÉNERO
Sexo – diferenças biológicas entre homens e mulheres (“nascer” homem ou mulher)
Género – construção social da masculinidade e feminilidade (“tornar-se” homem ou mulher)
Relações de género
Diferentes de acordo com a cultura, religião e sociedade
Influenciadas por diferentes fatores (etnia, classe social, condição e situação das mulheres)
Caracterizadas por ser dinâmicas e estarem no centro das relações sociais
Distinguirem-se ainda pela sua desigualdade
Afeta todas as dimensões
O FEMININO E O MATERNO/ O MASCULINO E O PATERNO
Feminino – significante de capacidade de auto afirmação de poder, de competência física…
Materno – significante de afeto de ternura, de capacidade de cuidar, de altruísmo, defesa e proteção do
outro
Feminino e materno
Mulheres centradas no feminino
Querer ter um filho como querer ter um carro, uma casa, currículo profissional…
Ter filhos porque é suposto, porque está na idade, porque é suposto, porque está na idade, porque o
conjugue, os pais, o meio circundante o reivindica.
Mulheres centradas no materno
Desejar a todo o custo ser mae
(...)o parceiro da relação com ele é secundário e secundarizado
A VIVENCIA DA PARENTALIDADE
História pessoal
Qualidade da relação conjugal
Qualidade da relação com a família de origem
Expetativas em torno do bebé
Fatores sociais, económicos e culturais
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TRANSFORMAÇÕES DA PARENTALIDADE
Continuidade
Assentava exclusivamente na figura materna
O pai não participava nos cuidados aos filhos estando afastado do exercício da paternidade
Famílias alargadas que apoiava os futuros pais e recém-nascido
Mudança
Pais e mães entendem a ter cada vez mais papéis igualitários em termos de direitos e deveres
Famílias nucleares e urbanas (casais vivem longe da família de origem)
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO À PARENTALIDADE
A maternidade e a paternidade constituem valores sociais eminentes.
Os trabalhadores têm direito a proteção da sociedade e do Estado na realização da sua insubstituível ação
em relação ao exercício da parentalidade. Leis de proteção à parentalidade e maternidade
FUNÇÕES DA PARENTALIDADE
1. Satisfazer as NHF de sobrevivência e saúde da criança
2. Disponibilizar-lhe um mundo físico organizado e previsível
3. Responder às suas necessidades de compreensão cognitiva das realidades extra familiares
4. Satisfazer as suas necessidades de afeto, confiança e segurança
5. Ir ao encontro das suas necessidade de interação social e respetiva integração na comunidade
TAREFAS DESENVOLVIMENTAIS DA MATERNIDADE
Aceitação da gravidez (1ºT)
Aceitar a realidade do feto (2ºT)
Reavaliar e reestruturar a relação com os pais
Reavaliar e reestruturar a relação com o cônjuge/ companheiro
Aceitar o bebé como pessoa separada
Integrar a identidade materna/paterna
Reavaliar e reestruturar a relação com o(s) outro(s) filho(s)
(Canavarro, 2001)
TAREFAS DESENVOLVIMENTAIS DA PATERNIDADE
Fase de tomada de conhecimento
Fase moratória
Fase de concentração
May (1982)
PARENTALIDADE E FAMILIA ALARGADA
O nascimento de uma criança implica:
A ligação irreversível entre 2 famílias biológicas
O aparecimento de uma serie de novos laços de parentesco (avós, tios, sobrinhos, primos...)
Conjugalidade e parente
- Nas épocas de grande mudança das necessidades de reajustamentos…
identidade pessoal ser pessoa ser marido/ mulher ser mãr/ pai
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A CONSTRUÇAO DO PAPEL PARENTAL
Teoria da consecução do papel maternal (Mercer, 1991)
Microssistema (família, relações conjugais, apoio social, stress)
Mesossitema (família largada, escola, trabalho, igreja e comunidade)
Macrossitema
Influências
Relação conjugal
Funcionamento da família
Stress
Apoio social
4 Fases importantes
1. Antecipativa (expetativa do papel – gravidez)
2. Formal (a partir do nascimento desempenho do papel=
3. Informal
4. Pessoal (identidade)
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
É necessário sensibilizar a mulher para o papel do marido, mostrando as vantagens que daí poderão advir
e fazendo-a sentir q tem enorme influência neste processo de envolvimento paterno
É desejável encorajar o pai a expressar as suas expectativas, os seus medos e sentimentos sensibilizando-o
para o envolvimento em todas as fases do processo de parentalidade.
É fundamental que se centrem na tríade mãe-filho-pai
É indispensável reconhecer-se que o pai também sofre um processo de adaptação, paralelo ao da mãe,
que pode e deve ser facilitado pela ação dos profissionais de saúde
É desejável que as intervenções se centrem também na harmonização....
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Aula 9 – FECUNDAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO 8/10/2013
Profª Madalena Oliveira
SUMÁRIO ALARGADO
Fecundação e desenvolvimento embrionário e dos anexos ovulares
Aspetos psico sociais da gravidez e parentalidade
Transição para a parentalidade
Tarefas do ponto de vista psicossocial
- 1º trimestre da gravidez (fase de aceitação)
- 2º trimestre da gravidez (fase de diferenciação)
- 3º trimestre da gravidez(fase de separação)
Aspetos biofísicos da gravidez
Conceitos em Obstetrícia
Diagnóstico de gravidez (presunção, probabilidade e certeza)
Avaliação da DUM, Idade Gestacional/DPP
Índice Obstétrico/ história Obstétrica
Adaptações maternas à gravidez do ponto de vista biofísico
Vigilância de saúde da gravidez
Principais desconfortos da gravidez e medidas de alívio
Cuidados de enfermagem na prevenção e alívio dos principais desconfortos durante a gravidez
PERIODO PRÉ-EMBRIONÁRIO – GAMETOGENESE
Cada célula tem:
22 Pares de cromossomas
1 Par de cromossomas sexuais – xx na mulher e xy no homem
Formam um número diploide de cromossomas – 46
46 cromossomas dispostos em 23 pares de cromossomas homólogos emparelhados
Cada gameta tem 23 cromossomas – nº haploide
A gametogénese inclui:
PERIODO PRÉ-EMBRIONÁRIO - FECUNDAÇÃO
1. Dá-se a ovulação – o ovócito é captado pela trompa
2. 1% DOS ESPERMATOZÓIDES DESPOSITADOS NA VAGINA (150 a 500 milhoes) entram no útero e dirigem-
se para a trompa a uma velocidade média de 2 a 3 mm/m (trajeto em 1 hora)
3. Os espermatozoides podem fertilizar até 48/72 horas
4. Óvulo pode ser fertilizado até 24/48 horas
5. Para que ocorra fecundação o espermatozoide vai sofrer capacitação e reação acrossomal
Oogénese oogónias oócitos primários oócitos maduros
Espermatogénese espermatogónias espermatócitos
primários
espermatócitos
maduros
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Capacitação – Alteração fisiológica de Remoção da camada glicoproteica e de proteínas que cobrem a
membrana plasmática da região acrossomal dos espermatozoides (revestimento protetor da cabeça do
espermatozoide, o acrossoma); depois, formam-se pequenas perfurações no acrossoma, permitindo que as
enzimas (ex: hialuronidase) se escapem. Estas enzimas são necessárias para que o espermatozoide penetre
nas camadas protetoras do ovulo antes da fecindação. Só os espermatozoides capacitados conseguem passar
as células da corona radiata
Reação acrossomal - Reação em que são libertadas enzimas necessárias à penetração do espermatozoide na
zona pelúcida
A – Oócito em repouso na 2ª divisão meiótica
B – Fertilização
C – Formação do zigoto com 2 pronúcleos – feminino e masculino – que iniciam a replicação do seu DNA
D e E – divisão mitótica
F – Formação de um ovo ou zigoto com 2 células
“A fecundação” tem lugar na ampola (terço externo) da trompa uterina. Quando um espermatozoide penetra
com êxito na membrana que circunda o óvulo, tanto o espematozóide como o óvulo são fechados dentro da
membrana, que se torna impenetrável a outro espermatozoide. Isto denomina-se reação da zona. A segunda
divisão meiótica do óócito é concluída, e o núcleo do óvulo trona-se no pronúcleo feminino.
A cabeça do espermatozoide aumenta, tornando-se no pronúcleo masculino e a cauda degenera. Os núcleos
fundem-se e os cromossomas associam-se, recuperando o núcleo diploide. Concretizou-se a conceção, a
formação do ovo ou zigo (primeira célula do novo individuo)
A reprodução celular mitótica, chamada clivagem, começa com a viagem do ovo ao longo da trompa uterina
até ao útero. Esta viagem duara 3 a 4 dias. Como o ovo fecundado se divide rapidamente sem qualquer
aumento de tamanho, forma-se sucessivas células mais pequenas, os blastómeros, em cada divisão. No
espaço de 3 dias, produz-se a mórula, uma solida esfera de 16 células. A morula encontra-se ainda
protegida pela zona pelúcida. O desenvolvimento prossegue enquanto amorula flutua livremente dentro do
útero. O fluido passa através da zona pelúcida para os espaços intercelulares entre os blastómeros. À medida
que os espaços se vao juntando dentro da massa celular, forma-se uma estutura cavitária chamada
blastocisto. A formação do blastocisto marca a primeira grande diferenciação do embrião. A massa sólida de
células internas, botao embrionário ou massa celular interna sá origem ao embrião e à membrana
embrionária, chamada âmnio. A camada exterior de células que circundam a cavidade constitui o trofoblasto,
a partir do qual se desenvolve a membrana embrionário, o córion, e a parte embrionária da placenta.”
(Lowdermilk, página 69)
“Nidação. A zona pelúcida degenera e o trofoblasto adere ao endométrio uterino. Entre 7 a 10 dias após a
conceção, o trofoblasto segrega enzimas que lhe permitem introduzir-se no endométrio, até que todo o
blastocisto fique coberto.
Chama-se a isto nidação. Os vasos sanguíneos endometriais sofrem um erosão e algumas mulheres têm uma
ligeira perda de sangue muito ténue na altura da primeira falta de período menstrual. As vilosidade
coriónicas, umas saliências em forma de deo, desenvolvem-se fora do trofoblasto e estendem-se até aos
lagos sanguíneos de endométrio. Estas vilosidades constituem processos vasculares que obtêm oxigénio e
Ovulação
oócitos
captados pela
trompa
12/24h -
fecundação zigoto
2º dia - 2
células
3º dia - mórula (16
células
4º dia -
Entrada na
cavidade
uterina
Blastocisto
inicial
desaparecime
nto da zona
pelúcido
5º-7º dia
Implantação
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nutrientes a partir do fluxo sanguíneo materno e que depositam dióxido de carbono e produtos de
degradação. Após a nidação o endométrio passa a chamar-se de decídua. A parte diretamente abaixo do
blastócito, onde as vilosidades coriónicas se liagam aos vasos sanguíneos maternos, constitui a decídua
basalis. A parte que cobre o blastócito é a decídua capsularis e a parte que envolve o resto do útero é a
decídua vera.” (Lowdermilk, páginas 69-71)
“A gravidez dura aproximadamente 9 meses, 40 semanas ou 280 dias. A duração da gravidez é contada desde
o primeiro dia do último período menstrual ou data da ultima mensatruação até ao dia do nascimento. No
entanto, a conceção ocorre aproximadamente 2 semanas depois do primeiro dia da ultima menstruação
(DUM). Assim, a idade gestacional do feto é de duas semanas menos, num total de 266 dias ou 38 semans. A
idade gestacional vai ser usada para se estudar o desenvolvimento do feto.
O desenvolvimento intrauterino divide-se em 3 estádio: ovo ou zigoto, embrião e feto. O estádio de zigoto
dura desde a conceção até ao 14º dia. Este período cobre a reprodução celular, a formçao do blastócisto, o
desenvolvimento incial das membranas embrionárias e o estabelecimento das camadas germinativas
primitivas.
O estádio de embrião dura desde o 15º duas até aproximadamente 8 semanas após a conceção ou até o
embrião medir 3 cm de comprimento crânio-caudal. Este estádio constitui o tempo mais crítico no
desenvolvimento dos sistemas orgânicos e das principais características externas. As áreas de
desenvolvimento com rápida divisão de células são as mais vulneráveis às malformações por agentes
teratog+enicos ambientais. No final da 8ª semana, estão presentes todos os sistemas orgânicos e estruturas
externas e o embrião é indubitavelmente um ser humano.” (Lowdermilk, página 71)
Formação do disco germinativo trilaminar – constituído por 3 camadas
Ectoderme
Mesoderme
Endoderme
- Cada uma das 3 camadas germinativas dá origem aos vários tecidos e órgãos
Derivados da ectoderme
SNC e SNP
Epitélio sensorial do olho ouvido e nariz
Epiderme
Glândulas subcutâneas, mamárias e hipófise
Derivados da mesoderme
Tecidos de suporte
Sistema vascular
Sistema urogenital
Sistema respiratório
Baço
Derivados da endoderme
Revestimento epitelial do ap. Gastrointestinal
Revestimento do aparelho respiratório
Revestimento da bexiga
Revestimento da tiroide, fígado e pâncreas
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CALENDÁRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO PRÉ-NATAL, DESDE A DUM ATÉ À DECIMA SEMANA
DE GESTAÇÃO
DIA 1 – Fecundação. Início do Estádio 1.
DIA 2 - Divisão do zigoto. Início do Estádio 2.
DIA 3 - Mórula
DIA 4 - Blastócisto primário. Início do Estádio 3
DIA 5 - Blastocisto secundário
DIA 6 – nidação. Inicio do Estádio 4
DIA 7 - Início do estádio 5
DIA 8 – (IMAGEM DE) Cavidade amniótica – embrião bilaminado
DIA 9 - Aparecem lacunas no sinciotrofablasto – saco vitelino primitivo
DIA 10 - Nidação completa do blastócito e crescimento do epitélio
DIA 11 - Estabelecimento da circulação placentária primaria
DIA 12 – (IMAGEM DE) Mesoderme extra embrionária – celoma
DIA 13 – vilosidade primária. Início do estádio 6
DIA 14 – (IMAGEM DE) Aspeto dorsal do embrião. Placa pré cordial e disco germinativo
DIA 15 - Primeira folha menstrual
DIA 16 – Processo neo cordial. Início do estádio 7
DIA 17 – (IMAGEM DE) Mesoderme intra embrionário – embrião trilaminar
DIA 18 - Inicio do estádio 8
….
Ver: MATERIAL PEDAGÓGICO DE SUPORTE
A vida no ventre “National Geografic”
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Aula 9 – PARTE 2 – ASPETOS BIOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS DA GRAVIDEZ
8/10/2013
Profª Madalena Oliveira
ASPETOS PSICOSSOCIAIS – Adriana Wagner (2006)
A gestação de um bebé é um período cheio de expetativas, em que a família se prepara para a chegada
do novo membro. Cada criança que chega ao mundo ano se incorpora num contexto vazio, muito pelo
contrário, nasce num contexto familiar repleto de expetativas, crianças, valores e metas.
Fatores biológicos
Idade
História anterior relacionada com a gravidez
Evolução da gravidez
Psicológicos
Relação do casal com seus progenitores
Relação do casal com a sua história
Psicodinâmica do casal e de cada cônjuge
Fatores sociais
Estrutura do casal
Estrutura social de apoio
Anseios e pressões socioculturais
TAREFAS DE DESENVOLVIMENTO
tarefas de
desenvolvimento
aceitação da gravidez
preparação para a
experiencia do parto
reorganização da
relaçao com o
companheiro
estabelecimento de
uma relaçao com a
criança que ainda nao
nasceu
reorganizaçao da
relaçao com os seus
modelos parentais
identificação com o
papel de mae/ pai
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A GRAVIDEZ NO CICLO DE VIDA
Primeiro trimestre – da conceção até ao final da 13ª/ 14ª semana
1. Fase de integração
Aceitação da notícia da gravidez
Modificações corporais e psicológicas
Alteração dos estilos de vida
Preparação da casa família
Em suma, início do processo de parentalidade (?)
Segundo trimestre (até à 26ª semana)
2. Fase de diferenciação
Desconfortos tendem a cessar
Inicio dos movimentos fetais
O feto reage de forma diferente aos estímulos
A mãe interpreta as reações como características individuais
Bebé imaginário – o casal começa a atribuir personalidade ao feto
Começa a vinculação pré-natal
Terceiro trimestre (27ºsemana até ao nascimento)
3. Fase de separação
Proximidade do Parto
Ansiedade
Novo período de ambivalência
Desejo de ver o filho e terminar com a gravidez
Vontade de prolongar a gravidez
Adaptação exigidas pelo nascimento do bebé
PRINCIPAIS DESCONFORTOS DA GRAVIDEZ
Desconfortos mais frequentes no 1º trimestre
Alteração de humor(labilidade, confusão de sentimentos)
Nauseas, vomitos e ptialismo
Hipersensibilidade mamária
Mal-estar, fadiga e prostração
Urgência e aumento de frequência urinária
Congestão nasal: epistaxis
Desconforto no 2º trimestre
Aumento do apetite e sede
Hipotensão supina
Síndrome do canal cárpico
Lopotímia
Aumento da pigmentação
Pirose
Obstipação/flatulência
Desconforto no 3º trimestre
Dispneia
Varizes
Maior dificuldade na realização das AVDs
Lombalgias
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polaquiuria
Obstipação
ASPETOS BIOFÍSICOS DA GRAVIDEZ
Protegem o funcionamento fisiológico normal da mulher
Respondem às necessidades metabólicas que a gravidez impõe ao corpo da mulher
Satisfazem as necessidades de crescimento e desenvolvimento do feto
MECANISMO DE ADAPTAÇÃO NA MULHER GRÁVIDA
Durante a gravidez ocorrem inúmeras adaptações fisiológicas
Alteração sistema endócrino Alteração corporais
Sintoma e /ou desconforto da gravidez
Esclarecimento e medidas de alívio
O Corpo amarelo é importante inicialmente para a produção de estrogénio e progesterona
“As adaptações são atribuídas às hormonas de gravidez e às pressões mecânicas provocadas pelo aumento do
útero e de outros tecidos. Estas adaptações protegem o funcionamento fisiológico normal da mulher,
respondem às necessidades metabólicas que a gravidez impõe ao corpo da mulher, e satisfazem as
necessidades de crescimento e desenvolvimento do feto.” (Lowdermilk, página 97)
PLACENTA – funções
Respiratória
Excreção
Nutrição
Armazenamento
Atua como glândula endócrina
Assegura o estabelecimento de estrogénios e progesterona
SISTEMA ENDÓCRINO
“Durante a gravidez ocorrem profundas alterações endócrinas, essenciais à manutenção da gravidez,
crescimento fetal normal e à recuperação pós-parto” (Lowdermilk, página 111)
Aumento de estrogénios (ovários e placenta a partir da 7º semana), no final da gravidez aumenta
significativamente
Estimula o desenvolvimento uterino
Aumenta o tecido mamário
Enfraquecimento do tecido dérmico (estrias abdómen, mamas e coxas)
Aumenta a vascularização materna (rubor facial, eritema e epistaxes)
Aumenta o fluxo sanguíneo uteroplacentário
Estimula contratilidade do miomério.
Aumento de Progesterona (corpo lúteo e depois placenta)
Promove desenvolvimento e manutenção do endométrio
Inibe contração uterino, manutenção da gravidez
Desenvolvimento do sistema Ductal secretório das mamas
Estimula a excreção de sódio
Reduz a tonicidade de músculos e esfinteres-obstipação, pirosa, varicosidades
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1. Aumenta a Hormona gonatrofina coriónica (produzida pelo trofoblasto a partir do 14º dia)
Aumenta a produção de estrogénios e progestrona pelo corpo luteo para manter a gravidez
Não há ovulação – amenorreia
2. Aumento da hormona lactogeneo placentar (placenta)
Semelhante a 1 hormona de crescimento. Estimula o metabolismo materno
Alteração do metabolismo das proteínas e do açucar disponibilizado mais proteínas para o crescimento
fetal e necessidades da mãe
Efeito diabetogénico
3. Aumento da hormona estimulante dos melanócitos (MSH) produzida pela pituitária anterior
Aumento da pigmentaçao da pele nos mamilos; linha negra (entre a sínfise púbica e o umbigo); cloasma;
escurecimento de sinais e sardas
4. Aumento da relaxina (corpo luteo e depois pela placenta)
Inibe a contratibilidade uterina
Promove alterações a nível do tecido colagénio
Tecido conjuntivo fica amolecido
5. Aumento da prolactina (no final da gravidez)
Prepara as mamas para a lactação
6. Aumento da oxicitocina produzida pituitária posterior na fase final da gravidez
Estimula as contrações uterinas
Estimula o reflexo de ejeção de leite na amamentação
7. Aumento da hormona placentar (placenta)
Semelhante a uma hormona de crescimento. Estimula o metabolismo materno
Altera o metabolismo das proteínas e do açúcar disponibilizando mais proteínas para o crescimento fetal
e necessidades da mãe
Efeito diabetogénico
8. Aumento da insulina
Durante o 2º e 3º trimestres as necessidades de insulina aumentam
9. Aumento das hormonas tirodeias e paratirodeias
Metabolismo basal aumenta 20% (metabolismo do cálcio tb)
CONSULTAR: Lowdermilk e bobak
10. AUMENTO DA ALDOSTERONA (CONTRAREGULADA PELA PROGESTROBA DURANTE A GRAVIDEZ)
Estimula a reabsoorçao de agua
Se desiquilibrio – hipertensão
11. Aumento dos estrogénios
Ovários e placenta a partir das 7s
Nota: no final da gravidez aumenta significativamente (teor desencadenate do tp)
Estimula do desenvolvimento uterino
Aumenta o tecido mamário
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Enfraquecimento do tecido dérmico
Aumenta a vascularidade – varizes e epistaxis, pele mais ruborizada na face (telangiectasias) porque
aumenta o fluxo útero-placentário
Aumenta o fluxo sanguíneo útero-placentário
Estimula a contractilidade do miométrio
A progesterona é a responsável pela manutenção da gravidez
Promove o desenvolvimento do endométrio
Inibe as contrações uterinas
Desenvolvimento do sistrema ductal secretório das mamas
Estimula a secreção de sódio
Reduz a tonicidade dos músculos (tal como a relaxina) e esfíncteres – obstipação, pirose e varicosidades
Relativamente ao útero…
Hipertrofia e hiperplasia
A termo 1/6 do volume de sangue materno está no útero
- As artérias transportam 1/6 do volume sanguíneo
Cresce a um ritmo previsível – o que nos dá a noção do tempo gestacional
“O crescimento acentuado do útero durante o primeiro trimestre de gravidez ocorre me resposta aos
estímulos produzidos pelos níveis elevados de estrogénios e progesterona. Este aumento resulta de (1)
aumento da vascularização com dilatação dos vasos sanguíneo, (2) hiperlplasia (produção de fibras
musculares novas e de tecido fibro-eslático) e hipertrofia (aumento das fibras musculares e do tecido fibro-
elástico existente) e (3) desenvolvimento da decídua”. (Lowdermilk, página 98)
Ao nível da vagina e vulva
Aumentam as secreções vaginais com aumento do glicogénio – devido à descamação das células vaginais
ricas em glicogénio, sob a estimulação dos estrogénios.
Ph aumenta (menos ácido, com maior risco infecioso – infeções do trato urinário e vaginais)
“O aumento da vascularização vaginal e das outras visceras pélvicas origina uma sensibilidade elevada. Este
aumento pode conduzir a níveis elevados de interesse e prazer sexual, sobretudo durante o segundo trimestre
de gravidez. Associados à maior congestão e relaxamento das paredes dos vasos sanguíneos, e ao aumento
de peso do útero, pode surgir edema e varizes vulvares que, geralmente desaparecem após o parto.
(…) a estruturas externas da vulva aumentam de volume, devido à vascularização, hipertrofia do corpo perineal
e deposição de gordura”. (Lowdermilk, página 102).
Mamas
Aumentam de tamanho e sensibilidade (cerca das 6 semanas) – estas alterações constituem sinais de
presunção de gravidez
Aumenta a pigmentação aréola e mamilo – a hormona estimulante dos melanócitos aumenta
Glândulas Montgomery tornam-se mais proeminentes, lubrificam e protegem o mamilo – glândulas
sebácias existentes na aréola primária perto do mamilo. Estas desempenham um função prtetora do
mailo, uma vez que os mantêm lubrificados
Podem começar a excretar colostro (leite primordial) entre 16 e 20ª semana/ apartir da 6ª semana pode
surgir pré-colostro
- O colostro tem uma cor mais amarelada porque tem muito caroteno. Por vezes é transparente e está
preparado para ajudar na função intestinal do RN
“ O colostro é um fluido cremoso, branco, amarelado, percursor do leite, que pode ser excretado pelos
mamilos durante o 3ºsemestre”. (Lowermilk, página 103).
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SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO
Ligeiro relaxamento e aumento de mobilidade das articulações pelvicas. Este processo é secundário a uma
elasticidade exagerada dos tecidos conjuntivo e colagénio, e resulta do aumento do nível das hormonas
esteroides circulantes
Alterações da postura e no andar
Possível estiramento do ligamento redondo
Pode ocorrer síndrome do canal cárpico
“As alterações que gradualmente se vão operando no corpo, acrescidas ao aumento de peso que se verifica,
condicionam na gravida, alterações marcadas de postura e no andar. A grande distensão abdominal que a
empurra para a frente, a diminuição do tónus muscular abdominal e o aumento de peso que se verificam na
fase mais avançada da gravidez, exigem o realinhamento das curvaturas da coluna vertebral. O centro de
gravidade da mulher desloca-se para a frente. A curvatura lombo-sagrada acentua-se e, no sentido de manter
o equilíbrio, acentua-se também de forma compensatória a curvatura cérvico-dorsal (acentuada flexão
anterior da cabeça). O aumento do volume das mamas e a posição mais inclinada dos ombros, acentuam as
curvaturas dorsal e lombar. A locomoção torna-se mais difícil e o andar bambaleante adquirido pela gravida é
bem patente” (Lowdermilk, página 109)
Desconfortos
Dor lombar
Dor localizada na pélvis
Centro de gravidade altera-se
Andar instável
SISTEMA CARDIOVASCULAR
- Alterações anatómicas e fisiológicas
Coração
Aumento do volume de sangue injetado em cada batimento/ débito cardiaco
Hipertrofia ligeira ou dilatação cardíaca
Alteração da posição do coração para fora e para a esquerda por elevação do diafragma
Palpitações e arritmias benignas – habitualmente, não são significativas
Aumenta o pulso +- 10 b/min – entre as 14 e 20 semanas o pulso pode sofrer algumas alterações que
revertem no pós-parto
Pulso
Aumento do volume sanguíneo em 40%
Aumento do plasma é maior que o aumento celular – ocorre hemodiluição
Aumento de eritrócitos, leucócitos e fatores de coagulação
Hemodiluição – anemia fisiológica (Hg 11gr e Hct 35%)
Sistema venoso
Pressão venosa femoral aumentada, pelo peso do útero sobre veias dos membros inferiores (edema MI)
Sindrome de hipotensão supina
Hipotensão ortostática
Veias varicosas nomeadamente na vulva e ânus
Veia cava inferior - sensação de lipotimia se deitada em decúbito dorsal
Pressão sanguínea
Estável nos valores prévias à gravidez
TA >= 140/90 = sinal de alarme
Distribuição do aumento do débito cardíaco durante a gravidez e 6 semanas após o parto
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“Estas adaptações protegem o funcionamento fisiológico normal da mulher, respondem às necessidades
metabólicas impostas pela gravidez e garantem o necessário para assegurar o crescimento e desenvolvimento
do feto.
- A hemodiluição poderia justificar a ocorrência de hipertensão, mas é mais habitual a hipotensão (quando a
gravidez é normal) porque ocorre vasodilatação periférica, grandemente responsável pelas hormonas
mencionadas. Assim, a gravida só fica hipertensão se houver uma desregulação em termos daquilo que seria
expectável.
- Na gravida devemos medir a tensão com a gravida sempre sentada, apontando-se sempre o local de
medição. Com a gravida deitada a tensão é muito mais baixa. Esta não é uma posição desejável para grávida.
Prefere-se decúbito lateral esquerdo (para evitar também compressões sobre o fígado e etc)
“A posição materna pode influenciar a avaliação dado poder intervir na circulação de retorno (devido à
pressão exercida pelo útero), diminuindo assim o debito cardíaco e baixando os valores de TA. A TA braquial é
mais elevada quando a mulher esta sentada, mais baixa quando esta deitada em decúbito lateral esquerdo e
apresenta valores intermédios quando a mulher está deitada em decúbito dorsal. Deste modo as avaliações
de TA devem efetuar-se sempre no mesmo braço e com a mulher na mesma posiçao. A posiçao e braço
utilizado devem ser registados concomitantemente com os valores obtidos.
Durante a primeira metade da gravidez, verifica-se uma diminuição dos valores de tensão diastólica e sistólica
de cerca de 5 a 10 mmHg. Esta diminuição resulta, provavelmente, da vasodilatação periférica provocada pelas
alterações hormonais verificadas durante a gravidez. No terceiro trimestre, a tensão volta, de forma geral, aos
valores verificados durante o primeiro trimestre.” (Lowdermilk, página 104).
“O aumento do volume de sangue refere-se a 100ml de plasma e 450 ml de eritrócitos. O aumento incia-se
cerca das 10-12 semanas, atingindo o seu pico máximo cerca de 30% a 50% acinma dos valores normais entre
as 20 e 26 semanas, para diminuir a partir das 30 semanas. Este aumento de volume constitui um mecanismo
protetor. É essencial para (1) o sistema vascular hipertrofiado do útero, (2) hidratação adequada dos tecidos
da mãe e feto, quando a mulher está de pé ou em decúbito dorsal, (3) reserva de líquidos para reposição de
perdas sanguíneas ocorridas durante o parto e puerpério. A vasodilatação periférica ajuda na manutenção de
valores de TA normais, apesar do aumento do volume de sangue durante a gravidez.
Durante a gravidez, verifica-se uma produção exagerada de eritrócitos. Este aumento é influenciado pelas
reservas de ferro existentes (…) Apesar do aumento da produção de eritrócitos verifica-se uma aparente
diminuição dos valores normais da hemoglobina e do hematrócito. Esta situação é conhecida como anemia
fisiológica.”
SISTEMA RESPIRATÓRIO
- Ocorrem alterações estruturais e ventilatórias que têm como principal finalidade suprir as necessidades da
mãe e do feto
Elevação do diafragma +- 4 cm
Aumenta a circunferência torácica
Mantém a capacidade pulmonar
Aumenta a profundidade e frequência respiratória – no fim da gravidez a respiração tende a ser mais
superficial
Alteração do tipo respiratório de abdominal para torácico – porque temos o abdómen preenchido com o
feto. Os níveis elevados de estrogénios condicionam o relaxamento dos ligamentos da caixa torácica,
permitindo uma maior expansão do tórax. O comprimento dos pulmões diminui, por forma a permitir o
aumento do útero.
Pode ocorrer dispneia relacionada com a maior sensibilidade do sistema respiratório causada pela
progesterona e também pela pressão do útero grávio no diafragma
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SISTEMA GASTROINTESTINAL
Aumenta a sensibilidade das gengivas – porque há vasodilatação pelos estrogénios (estradiol..),
responsáveis, entre outros, pelo aumento do endométrio
Aumenta o apetite e a sede (2ª trimestre); pode ocorrer alteração do gosto – os sentidos ficam mais
apurados porque possibilita uma maior proteção ao bebé pela deteção de
Náuseas e vómitos pelo efeito dos estrogénios (estradiol)
Ptialismo
Pirose, obstipação (progesterona), flatulência – pela alteação do relaxamento dos esfíncteres
Alteração do metabolismo dos hidratos de carbono e gorduras
A secreção intestinal diminui. O colon é deslocado para cima e para trás. A atividade peristáltica
(motilidade) diminui.
O fluxo sanguíneo pélvico aumenta, bem, como a pressão venosa, o que contribui para o aparecimento de
hemorroidas na fase mais avançada da gravidez.
SISTEMA URINÁRIO
Aumento da função renal
- por efeitos dos estrogénios e progesterona a mulher pode ter polaquiúria. Do mesmo modo, esta situação
pode ocorrer no fim da gravidez por aumento da força gravítica.
Polaquiúria no inicio e final da gravidez
Dificuldade no esvaziamento total de bexiga ou estase nos ureteres
Risco de infeções urinárias (frequentemente assintomático)
EM SÍNTESE – PRINCIPAIS DESCONFORTOS NA GRAVIDEZ
1º trimestre
Alterações do humor (labilidade, confusão de
sentimentos
Mal estar, fadiga, prostração
Ptialismo
Urgência e aumento da frequência urinária
Congestão nasal, epistaxis
Hipersensibilidade mamária
2º trimestre
Aumento da fome/ sede
Aumento da pigmentação
Pirose
Leucorreia
Obstipação/ flatulência
Lipotímia
Síndrome do canal cárpico
Hipotensão supina
3º trimestre
Dispneia
Varizes
Maior dificuldade na realização das AVD
Obstipação
Lombalgias
Polaquiúria
Maior ansiedade no final da gravidez
O QUE FAZER…
Promover a comunicação e o diálogo
Promover períodos de descanso
Evitar alimentos muito condimentados
Controlar estilo de vida, dentro do possível (exemplo, acesso ao wc); ingestão hídrica
Usar soutien adequado/ hidratação
Aplicar soro fisiológico/ pressão nasal
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Promover alimentação equilibrada
Informar sobre etiologia
Orientar o posicionamento privilegiando em DLE ou Semi Fowler
Orientar para a dieta alimentar (evitar café, gorduras, andar após as refeições, ingerir pequeno gole de
água)
Informar sobre etiologia; efetuar massagem; promover hábitos intestinais; ingestão hídrica
Educar sobre observação das secreções; cuidados de higiene; vestuário apropriado
Orientar para mudanças bruscas de posição
Promover alimentação rica em fibras; orientar para a realização de atividade moderada
- É muito importante conhecer o estilo de vida para identificar riscos e cuidados a ter
GRAVIDEZ DE RISCO
Risco
Quando a incidência de complicações é maior para a gravida ou para o seu filho que na pulação gravida
em geral
Conceito dinâmico
- O limite 90/140 não pode ser ultrapassado
FATORES DE RISCO
Demográficos – as pessoas e as suas histórias
Socioeconómicos
Antecedentes pessoais
Historia obstétrica
Gravidez atual
Estilos de vida
OBJETIVOS ASSISTENCIAIS
Identificar precocemente
Informar e orientar sobre prevenção e identificação precoce de fatores riscos
Apoiar e orientar a mulher e família
Referenciar e encaminhar
IMPACTO
Morte fetal – morte in útero
Morte neonatal – morte de nado vivo apartir até às 20 semanas desde os 28 dias após o nascimento
Morte perinatal – morte fetal e neo natal
- O limite entre o aborto ou parte pré-termo são as 20 semanas ou 500 gramas
Mortalidade infantil – número de mortos por mil nados vivos
BIBLIOGRAFIALOWDERMILK, Deitra Leonard; PERRY, S (2008). Enfermagem na Maternidade- 7ªed - Loures :
Lusodidata. Capítulo 9 - Pag 245-286
Material Pedagógico de Apoio - “A vida in útero” (Filme da National Geografic)
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Aula 10 – PARTE 2 – PREPARAÇÃO PARA A PARENTALIDADE
10/10/2013
Profª Madalena Oliveira
PREPARAÇÃO PARA A PARENTALIDADE (diferente de preparação para a gravidez)
Período pré-natal
Implica preparação física e psicológica
- Crescimento fetal e adaptações maternas
OBJETIVOS DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA VIGILÂNCIA PRÉ-NATAL
Promover uma boa saúde física e mental durante a gravidez parto e pós parto
Assegurar o nascimento de uma criança de termo viva e saudável
Preparar a grávida(casal para a gravidez, T.P, puerpério, lactação e cuidados parental
Detetar precocemente situações de risco e agir em conformidade com a complexidade da situação
Promover a relação precoce entre a tríade
“O resultado esperado de todos os cuidados de saúde materna é o de garantir 1 gravidez saudável e segura, e
um resultado emocional satisfatório. A supervisão da saúde e o acompanhamento de toda a gravidez, são da
máxima importância. Muitas das adaptações maternas que se operam durante a gravidez são estranhas para a
grávida e para a família. O enfermeiro de saude materna pode ajudar a grávida e perceber a relação entre o
seu estado físico e o plano de cuidados a implementar. A partilha de informação estimula a grávida a
participar ativamente nos cuidados, de acordo com o seu interesse, necessidade de aprendizagem e
motivação para aprender” (Lowdermilk)
Vigilância de saúde na gravidez
Vigilância na gravidez – diminuir morbilidade e mortalidade materna e infantil
Gratuita no SNS (tendencialmente)
Obedece a padrões DGS
CONCEITOS
Gestação - gravidez
Gestante/gravida – mulher grávida
Idade gestacional – tempo de gestação
Nuligesta – mulher que nunca teve gestação
Primigesta – mulher gravida pela primeira vez
Multigesta – mulher que teve 2 ou mais gestações
Gravidez de termo/ parto termo – entre as 37 e até às 42 semanas (a placenta começa a plcer e deixa de
nutrir o bebé)
Parto prematuro – antes das 37 semanas ou inferior a 259 dias
Parto pós termo – após 42 semanas ou 294 dias
Abortamento – IG antes das 20s ou peso fetal inferior a 500g (precoce até às 12s; tardio após as 12s
Viabilidade – capacidade do feto para viver fora do útero cerca das 20s ou com peso superior a 500gr
Paridade – numero de gestações me que o feto atingiu a viabilidade (ter nascido vivo ou morto não afeta
a paridade)
Nulípara – mulher que não atingiu o fim de nenhuma gravidez com fetos com viabilidade
Primípara – mulher que completou uma gestação até ao estádio de viabilidade fetal
Multípara – mulher que completou duas ou mais gestações até ao estádio de viabilidade fetal
Grande multípara
Parturiente – mulher em trabalho de parto
Período perinatal – 20s ou 154d até 7d após nascimento
Período neonatal – 20s ou 154d até 28d pós nascimento
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PERÍODOS DA GRAVIDEZ
1º Trimestre – até às 12s
2º Trimestre – das 12s até às 27s completas
3º Trimestre – das 27s até ao fim da gravidez
1ª metade da gravidez- até às 20s
2ª metade – a partir das 20s
DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ
Diagnóstico clínico
Sinais de presunção - de pequena probabilidade (amenorreia, fadiga, sonolência, náuseas e vómitos,
alterações mamarias, poliquiúria e 1º movimentos fetais 16-20 semanas). “Eu presumo que estou grávida”
Sinais de probabilidade (amenorreia (após 10 a 14 dias de atraso menstrual-Teste de diagnóstico de gravidez);
alterações uterinas; alteração da coloração vaginal). “É provável que esteja grávida”
Sinais de certeza - atribuídos à presença do feto (visualização e palpação dos movimentos fetais; auscultação
dos batimentos cardiofetais; exame ecográfico: 5/6 semanas saco gestacional, 7/8 semanas MF do embrião, 12
semanas Placenta)
Diagnóstico bioquímico – testes de diagnóstico da gravidez
Diagnóstico ecográfico
“Algumas das alterações fisiológicas que ocorrem durante a gravidez são denominadas sinais de gravidez.
Existem 3 grandes categorias: sinais de presunção, aquelas alterações sentidas pela mulher (p.ex. amenorreia,
fadiga, alterações mamárias); sinais de probabilidade, aquelas alterações observadas pelo examinador (p.ex.,
sinal de Hegar, ballottement, testes de gravidez); e sinais de certeza (p.ex., sonografia, sons cardíacos fetais).
(Lowdermilk, página 98)
DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ
Sinais de presunção (pequena probabilidade)
Amenorreia
Fadiga, sonolência
Náuseas e vómitos
Alterações mamárias – turgência e aumento de volume
Polaquiúria
Primeiros movimentos fetais (16-20 semanas)
Sinais de probabilidade
Amenorreia - superior a 10/14 dias de atraso menstrual
Alterações uterinas
- Sinal de hegar (6-12s) – amolecimento do istmo
- Sinal de Goodell (6-8s) – amolecimento do colo
Alteração da coloração vaginal
- Sinal de Jequemnir ou de Chadwick – 8s – coloração violácea do vestíbulo, meato urinário e cólo
Sinais de certeza
Visualização e palpação dos movimentos fetais realizada pelo examinador
Auscultação dos batimentos cardíacos fetais
- Doppler – 12ª semana
- Pinard – 20ª semana
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70
Exame ecográfico
– 6/5s (saco gestacional); 7/8 semanas MF do embrião; 12 semanas Placenta
Diagnostico Bioquímico (testes de diagnostico da gravidez na urina ou no soro materno
CUIDADOS DE ENFERMAGEM
1. 1º Trimestre
Validar o diagnostico da gravidez
Avaliar/validar idade gestacional e data provável do parto (DPP)
Recolha de dados ginecológicos (se já teve gravida, como é que ocorreu, se teve fetos mortos/abortos e
etc.), obstétricos, clínicos, familiares (como tem a relação de companheiro), sociais (vive na
vivenda/edifício, com marido ou não, e etc)
Exame físico
Preparação para a parentalidade
Legislação maternidade/paternidade
Educação para o autocuidado
Orientar para esquema de vigilância da gravidez
2. 2º Trimestre
Avaliação materno-fetal
Orientações para exames de diagnóstico
Preparação para a parentalidade
Reforço da EpS para o autocuidado acrescido
Acabar
3. 3º Trimestre
Avaliação materna e fetal
Educação para o autocuidado: revisão dos sinais de alerta, identificação dos sinais do trabalho de parto
Identificação dos sinais de alerta e sinais do TP
Reforço da importância da amamentação
Educação para os cuidados parentais ao RN
Esclarecimentos acerca do que deve levar para a maternidade
Educação para a saúde
ESQUEMA DE VIGILANCIA PRÉ-NATAL RECOMENDADO – 10 CONSULTAS
3. Até às 36s (mensal)
1. Até às 38 s (15/15d)
2. A partir das 38s (semanal)
Esquema reduzido – 6 consultas
Consultas nos CS se baixo ou medio risco
Se gravidez é considerada de risco é referenciada para consulta hospitalar
Pode haver ajustes de acordo com os protocolos de articulação CS/Hospital
Boletim de Saúde da Gravidez – preenchido e entregue na 1ª consulta à gravida e deve ser atualizado em
cada consulta.
VIGILÂNCIA PRÉ-NATAL
Objetivo dos cuidados de enfermagem
Promover uma boa saúde física e mental durante a gravidez, parto e pós-parto
Proporcionar condições para que a gravidez seja uma experiencia positiva e gratificante
Assegurar o nascimento de uma criança de termo, viva e saudável
Preparar a grávida(casal para a gravidez, T.P, puerpério, lactação e cuidados parental
Detetar precocemente situações de risco e agir em conformidade com a complexidade da situação
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Promover a relação precoce entre a tríade
Etapas da consulta de enfermagem
1. Acolhimento (pressupostos da relação terapeutica): Flash Geral (expressão facial, mãos, olhos,
comunicação, marcha, pés, acompanhante, estado geral de bem-estar)
2. Entrevista. Validar (expetativas, necessidades /desconfortos, conhecimentos, dúvidas/queixas, estilo de
vida)
3. Exame físico / Observação dirigida (exame objetivo). Inclui: exame ginecológico; exame Obstétrico (AFU-
altura do fundo de útero,PA-perimeto abdominal,BCF-batimento cardiaco fetais)
4. Educação para Saúde
5. Registos
ANAMNESE
Idade
Grupo sanguíneo
IO
Raça/etnia
IMC
Estilo de vida (dieta, consumos, fármacos)
História social (emprego, atividade física, lazer)
AP/ ginecológicos/ obstétricos/ familiares
História de gravidez atual
Vacinação
HISTÓRIA OBSTÉTRICA DA MULHER
Caracterizar o passado ginecológico e obstétrico
Gesta...para...
Índice Obstétrico (IO): nº partos termo; nº partos prematuros; nº abortos ou gravidez ectópica; nº de filhos
vivos
História de gestação, partos e Acabar
Antecedentes ginecológicos…
“Os dados são agrupados em idade da menarca e história menstrual, algum dado de infertilidade, anomalias
ginecológicas de qualquer tipo (por exemplo, fibromas), história de doenças sexualmente transmissíveis,
história sexual, todas as gravidezes, incluindo a atual e respetivos resultados finais”. (Lowdermilk)
Antecedentes ginecológicos
Menarca
Características do ciclo menstrual (regularidade, frequência e diração)
Contraceção
Cirurgias prévias
Malformações
Infeções
Historia obstétrica da mulher/ antecedentes obstétricos
Gesta..para…
Índice obstétrico – IO =T P A V
Nº de partos termo
Nº de partos prematuros
Nº de abortos ou gravidez ectópica
Nº de filhos vivos
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Avaliação da idade gestacional
Cálculo da data provável do parto
“Uma vez que a data precisa da conceção é meramente conjectural, existem muitas formulas e regras para
efetuar a determinação da DPP. Nenhuma delas é infalível, mas regra de Nagele demonstrou um grau de
exatidão razoável, sendo por isso, a mais utilizada”. (Lowdermilk, página 132)
“A regra consiste em adicionar 7 dias ao 1º dia da ultima menstruçao, subtrair três meses e adicionar um ano.
Este ciclo considera que a mulher tem ciclos de 28 dias e que a gravidez se deu no 14º dia. Se o ciclo for
menor ou superior é necessário um ajustamento.
1ª CONSULTA
A avaliação do risco é feita através de 1 tabela (tabela de Godwin modificada)
Avaliação inicial – entrevista dirigida e focalizada
Acabar
Entrevista
1. Acolhimento (pressupostos da relação terapêutica)
2. Flash geral (expressão facial; mãos olhos comunicação marcha
3. EpS
4. Registos
EpS implica…
O conhecimento da mulher/ casal nas suas várias dimensões de forma a poder prestar cuidados de
enfermagem de qualidade, personalizados e individualizados
Implica a preparação para a parentalidade e não apenas para o parto
Orientação para o autocuidado
Vestuário: roupa confortável e solta; meias de descanso
Postura e mecânica corporal: prevenir e aliviar lombalgias
Banho: de imersão desaconselhado e há rotura de membranas; de imersão/duche com água morna pode
ter função terapêutica
Atividade física
Repouso e relaxamento: mais aconselhado é decúbito lateral esquerdo
Preparação para amamentação:
Preparação para o parto:
Preparação para o pós-parto: amamentação; relação/gestão das visitas; cuidados ao RN
GRAVIDEZ DE RISCO
Quando a incidência de complicação para a gravida ou pra o seu filho é maior que na população gravida
em geral
Identificar Acabar
Informar e orientar cobre prevenção e identificação precoce Acabar
Apoiar a mulher /família com 1 gravidez de risco
Referenciar para unidade de cuidados diferenciados (protocolos de interligação CSP/H)
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Aula 11 – O PARTO NO CICLO DE VIDA FAMILIAR
15/10/2013
Profª Madalena Oliveira
SUMÁRIO ALARGADO
O Parto no ciclo de vida da família
Conceitos de T.P e Parto
Dimensões do Parto
Estádios do T.P
Fatores que influenciam o T.P
Sinais e sintomas de início do T.P (distinção entre verdadeiro e falso T.P)
O convivente significativo durante o T.P
O cuidado do enfermeiro generalista durante o T.P
Apesar de se poder ensinar uma mulher a ter um bebe exatamente como ela pode aprender a fazer um
sofflé, tudo pode fracassar no último momento
O parto não consiste numa pura habilidade obstétrica, não é um exercício intelectual, não é um exercício
de ginástica, também não é simplesmente uma questão de se agachar
Às vezes a duração do trabalho de parto, existe em razão inversa do garu de civilização.
- Cada vez mais, o parto é medicalizado, menos natural e mais demorado do que o parto que ocorria em meio
natural.
O PARTO
Processo que conduz ao apagamento progressivo e dilatação do cervix à descida d aparte que se
apresenta com expulsão do feto e dos outros produtos de conceção (B. Seguy)
Processo pelo qual os produtos de conceção (feto e anexos – placenta e membranas) são expulsos dp
organismo materno, através do canal de parto
- Para se adaptar à bacia, o bebé tem que executar uma serie de movimentos até que adquira a posição mais
correta para o trabalho de parto.
DIMENSÕES DO PARTO
Dimensão fisiológica
Dimensão psicológica e emocional
Dimensão sociológica
- O enfermeiro tem que monitorizar a futura mãe e registar toda a informação no partograma.
- Relativamente à dimensão sociológica, podemos dizer que o parto é vivido de acordo com a sociedade em
que os indivíduos se inserem: uma mulher de etnia cigana, geralmente “grita” muito; uma mulher oriental, em
geral, não reage de modo tão exacerbado.
FATORES QUE INTERVÊM DURANTE O TRABALHO DE PARTO
Objeto (feto e placenta)
Trajeto (canal de parto)
Forças (contrações e esforços maternos)
Posição da mãe
Reações psicológicas, sociológicas e culturais
- Por exemplo, uma mulher jovem que está fisiologicamente preparada para ter o bebé, mas que viveu um
processo de gravidez anterior muito problemático, em que o bebé faleceu, poderá ter dificuldades no
trabalho de parto porque a mulher está mais contraída, com dor…
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- Daqui decorre que a preparação para o parto é muito importante, sobretudo, pelo ensino sobre o que vai
acontecer durante o parto, diminuindo a ansiedade e medo. Criamos assim as condições para que o trabalho
de parto ocorra de modo mais favorável.
ESTÁDIOS DO TP
1º Estádio - Desde o inicio das contrações regulares até à dilatação completa
Fase latente (apagamento do colo até aos 4cm de dilatação
Fase ativa (dilatação e descida da apresentação)
2º Estádio - Desde a dilatação completa até à expulsão do feto
Duração média – 20 a 40 minutos (na nulípara até 2horas. Na multípara até 1h30mn)
3º Estádio - Desde a expulsão do feto até À completa expulsão da placenta (dequitatura)
Duração – 10 a 60 minutos
4º Estádio
Período de recuperação imediata (cerca de 2horas; restabelecimentos da homeostase
- O rolhão mucoso é uma saída de muco sanguinolento que ocorre no fim da gravidez e que indicia a
proximidade do trabalho de parto
- No 4º estádio, se não se formar o globo de segurança de pinard, a mulher apresenta elevados riscos.
MECANISMO DO PARTO
Adaptações e ajustes do feto, necessários ao nascimento e aos contornos e diâmetros da pelve materna
(conceito de relações feto-pélvicas)
SINAIS E SINTOMAS DO TP
Aparecimento de contrações dolorosas (sinal mais frequente)
Dores abdominais ou lombares persistentes
Endurecimento uterino
À observação – colo uterino mais flácido encurtado e permeável
Perda do rolhão mucosos – emissão de mucosidades sanguinolentas que precedem algumas horas de
trabalho de parto
Rotura de bolsa de águas (eventualmente)
DISTINÇAO ENTRE VERDAIRO E FALSO TP
TP verdadeiro TP falso
As contrações são cada vez mais intensas,
regulares, próximas e longas
Colo uterino (evolução progressiva,
amolecimento, apagamento, dilatação)
Feto (vai-se progressivamente encaixando na
pelve materna)
Contrações irregulares que se interrompem com
mudança de posição ou medidas de conforto
Colo (sem alterações em várias avaliações
Feto (mantém-se no mesmo plano, geralmente
não encaixado)
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TIPO DE PARTO
Parto normal
Gestação de termo entre 37 e 42 semanas de gestão, sem complicações, feto de vértice e duração de 24
horas
Parto eutócico (não instrumental
Parto distorcico (distocias mecânicas/ dinâmicas)
Fórceps
Ventosa
Cesariana
- Distocia mecânica relacionada com o diâmetro imcopativel entre feto e pelve
- Dinâmica quando as contrações não são suficientes
OBJETIVOS DOS CUIDADOS
Estabelecer eficaz padrão de comunicação
Avaliar o grau de risco
Proporcionar conforto
Controlar dor
Promover a vinculação
OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM DURANTE O PRIMEIRO ESTÁDIO DO TP
1º Estádio do TP
Contribuir para que esta fase decorra sem intercorrências e seja viva pela mulher/casal como um
momento importante das suas vidas
2º Estádio do TP
Ajudar a mulher/casal a participar no nascimento à medida dos seus desejos Ajudar a mulher/casal a manter adequado nível de energia Ajudar a mulher/casal a controlar o desconforto
3º Estádio do TP
Manter a parturiente (mulher durante o parto) hemodinamicamente estável
Evitar a hemorragia
Favorecer a relação precoce da tríade
4º Estádio do TP
Proporcionar conforto à puérpera e família
Vigiar estado geral da puérpera e família
Prevenir complicações
Favorecer a relação precoce da tríade
RESPOSTA FISIOLÓGICA AO STRESS
O parto vivido como um acontecimento stressante induz, na mulher, a produção de hormonas (adrenalina,
cortisol...) que inibem a produção de hormonas importantes para a evolução normal do parto
(ex.ocitocina)
DESCONFORTO E DOR EM TRABALHO DE PARTO
A perceção individual da dor varia de acordo com factores individuais socio-culturais e étnicos
As expressões verbais e não verbais de dor variam de acordo com as interações estabelecidas com p
grupo social primário
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A dor varia segundo o estádio de TP
MÉTODOS DE CONTROLO DA DOR
Não farmacológicos
Hidroterapia
Acupressão, acunpuntura
Massagem e pressão na região do sacro
Terapias complementares
Estimulação nervosa electrica (TENS)
Preparação para o parto e parentalidade
Farmacológicos
Analgesia sistémica
Bloqueio nervso (analgesia, anestesia)
Anestesia por infiltração local e sistémica
BIBLIOGRAFIA
LOWDERMILK, Deitra Leonard; PERRY, S (2008). Enfermagem na Maternidade- 7ªed - Loures: Lusodidata.
Capítulo 11 – Trabalho de parto e Nascimento 334, 342, 344 a 347 e 355 a 359
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Aula 12 – O PÓS-PARTO NO CICLO DE VIDA FAMILIAR
16/10/2013
Profª Madalena Oliveira
SUMÁRIO
Fisiologia materna no puerpério (sistema reprodutor e estruturas associadas, sistema endócrino,
gastrointestinal, urinário, cardiovascular e músculo-esquelético)
Adaptação materna ao papel parental (fase dependente, fase de dependente-independente e fase
interdependente
Blues pós-parto
O aleitamento materno (fisiologia da lactação; adaptação do bebé à mama; prevenção e/ou alivio do
ingurgitamento mamário, da maceração e/ou fissuras dos mamilo; extracção e conservação do leite
materno)
Cuidados de enfermagem:
- na promoção do autocuidado (físico, parental, conjugal…)
- na promoção do aleitamento materno
- na prevenção e/ou deteção precoce de complicações no pós-parto
PÓS-PARTO
Período que se segue ao trabalho de parto
Implica
Ajustamentos físicos
Ajustamentos psico emocionais e sociais
- Puerpério – alterações od ponto de vista da regressão dos processos que ocorreram no corpo materno
- O pós-parto não tem um limite temporal tao definido e reporta mais aos aspetos psicossociais e, por isso,
também à parentalidade.
PUERPÉRIO
Período que decorre desde a expulsão da placenta até ao órgãos reprodutores retomarem as características
anteriores à gravidez (+/- 6 semanas)
Puerpério imediato (ou 4º estádio do trabalho de parto) – primeiras 2 horas após dequitatura
Puerpério precoce – até ao final da 1ª semana
Puerpério tardio – da 2º à 6ª semana
- Para rever: parto e trabalho de parto não são sinónimos. O parto refere-se exclusivamente à expulsão do
feto, isto é, ao 2º estádio do trabalho de parto. O trabalho de parto é constituído pode 4 estádios: desde o
início das contrações até à dilatação completa; da dilatação à expulsão do feto; da expulsão do feto à
expulsão da placenta; período de recuperação imediata
- Ainda que o bebé nasce de cabeça, o parto pode ser distócico porque a posição da cabeça do bebé pode
não ser a correta
INVOLUÇAO UTERINA
Retorno das características do útero ao estado não gravítico
AVALIAÇÃO DA INVOLUÇÃO UTERINA
Deve/ é desejável/ é necessário ser feito através de:
1. Palpação do útero (para avaliar a involução uterina)
Localização do fundo do útero
Tonicidade (consistencia)
Mobilidade
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Volume (tamanho)
- Após o parto o útero fica contraído. Forma-se o globo de segurança de Pinard e o globo fica com a
consistência e tamanho de um laranja porque o útero funciona como um musculo. À volta dos capilares, o
útero tem fibras de miosina (musculo). Esta contração uterina ocorre sobre o efeito da oxitocina.
- Um útero mais laxo a seguir ao parto não é bom sinal.
- Tal como evolui a um ritmo previsível durante a gravidez, no pós-parto, o útero vai involuir a um ritmo
também previsível. Pretende-se que inicialmente o útero se encontre contraído, como mecanismo protetor,
mas depois o útero vai relaxando.
- Sobre a mobilidade, por exemplo, se eu tiver uma mulher com bexiga cheia temos que promover o
esvaziamento vesical (a bexiga está com maior tonicidade devido ao efeito da relaxina e progesterona)
- Pode haver uma situação em que é aconselhado que a mulher se mantenha deitada, na posição considerada
não natural para a expulsão do feto: quando a apresentação está “alta”.
- Se ao toque vaginal verificamos que a bolsa de água rompeu (que não significa urgência. Urgência ocorre se
houver perda de sangue vivo, ou de cordão umbilical antes da cabeça, entre outros)
2. Observação das características dos lóquios (sangue expulso no pós-parto)
Cor
Quantidade
Cheiro
- Temos que perguntar como é que o penso ficou: repassado; qual a cor e cheiro do lóquio)
PALPAÇÃO DO ÚTERO
Parâmetros a avaliar
Altura do fundo do útero
- O fundo do útero encontra-se no local onde se sente o declive
Tonicidade (consistência)
Mobilidade
Volume (tamanho)
- Não convém que o útero ultrapasse a região da cicatriz umbilical. Numa multípara, poderá verificar-se uma
descida de até 1 a 2 dedos.
- Posteriormente, o útero vai involuindo até ficar atrás da sínfise púbica)
- Se em vez de palparmos um útero contraído, mas um útero lateralizado e relaxado, poderá ser sinal de que a
placenta não saiu na sua totalidade. É preciso verificar se a placenta saiu, juntamente com as suas 2
membranas. Por vezes, basta que uma pequena porção de membrana tenha ficado na parede uterina, para
que o útero não contraia. Para além disso, isto pode ocorrer se a bexiga estiver cheia. Após o parto, devido ao
efeito do epidural (se for administrado), a mulher poderá ainda não sentir vontade de urinar.
- A eliminação urinária estará aumentada no pós-parto, para expulsão do volume sanguíneo e outros líquidos
em excesso (aumentado durante a gravidez)
AVALIAÇÃO DOS LÓQUIOS
Cor
1. Lóquios sanguíneos/ hemáticos – 2/3 dias de puerpério
2. Lóquios sero-sanguíneos/sero hemáticos – 3º a 4º até ao 8º a 10º dia de puerpério
3. Lóquios serosos – 9º a 10º dia até à 3ª semana pós-parto
Quantidade
Mais abundantes
Primeiras 24 horas de puerpério
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- Mais ou menos que quantidade? Habitualmente, as perdas no pós-parto não ultrapassam os 500 ml. Um
penso próprio para o pós-parto mudado de 2 horas, no pós parto imediato, deve aguentar essas duas horas.
Mais do que isso, é sinal de alerta.
Puérperas que amamentam e quando fazem levante precoce (“descarga” mais rápida)
Grandes multíparas (diminuição do tónus uterino)
- Quando bebé suga no mamilo, produz prolactina e oxitocina. A oxitocina estimula o útero e, por isso, o
útero involui mais rapidamente. Para além disso, a mulher emagrece mais rapidamente.
- Se o útero vai contrair mais, e se tem sangue dentro, provavelmente, a mulher ao amamentar terá mais
perdas, o que é normal e desejável.
- Nota: dequitação – expulsão da placenta.
Cheiro
Característico/ “suis géneris” (idêntico ao da descarga menstrual)
Nunca deve ser um cheiro fétido – sinal de infeção
VAGINA
Recupera a elasticidade e tonicidade anteriores à gravidez pela 6ª semana após o parto (fim do puerpério)
A lubrificação vaginal vai-se normalizando com o restabelecimento da função ovárica
- Em princípio, antes das 6 semanas, período em que a mulher é medicada com hormonas (as hormonas da
amamentação), a mulher encontra-se em amenorreia porque está a amamentar. Porém, isto nem sempre
acontece porque, para que o fator amamentação seja sentido como um método anticoncecional, a mulher
tem que amamentar o bebé em exclusivo (3 em 3 horas, aproximadamente), sem outros complementos e até
no período noturno. Se não, há risco de se desencadear uma ovulação.
- A lubrificação vaginal não normaliza logo. Isto significa que pode haver diferenças de ritmo no inicio na
atividade sexual. Podemos ter uma mulher que está traumatizada do ponto de vista psico emocional devido
ao processo de parto e à adaptação à maternidade e que, do ponto de vista físico, ainda não produz a
quantidade habitual de lubrificante.
PERÍNEO
Poderá apresentar
Perineorrafia – sutura do períneo
Episiorrafia – sutura da episiotomia (corte na região dos nervos podendos)
Edema
Hematomas/ equimoses
Varizes
Hemorroidas
Lesões do esfíncter anal/ reto (rasgadura/ episiotomia)
SISTEMA DIGESTIVO
Eliminação intestinal comprometida nos primeiros dias
Musculatura abdominal e pélvica hipotónica
Súbita diminuição da pressão intra-abdominal após o parto
Dor perineal – episiorrafia/ hemorroidas
Receios fantasiados de deiscência da sutura perineal – risco de obstipação
SISTEMA UIRNÁRIO
Diurese
Aumenta após o parto (cerca de 3000ml/dia)
Normaliza entre 2º e 5º dia após o parto
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Risco de retenção urinária nas primeiras 24 horas
Anestesia/ analgesia
Lesões/ edema da uretra e/ou do meato urinário
Traumatismos dolorosos do canal de parto
É desejável que a mulher urine nas 6 a 8 horas depois do parto
A presença de “globo vesical”, dificulta a involução urinária
SISTEMA MUSCÚLO-ESQUELÉTICO
Dores musculares e articulares no pós-parto – causas:
Diástase da sínfise púbica
Diástase dos retos abdominais
Posicionamentos incorretos e por vezes prolongados durante o trabalho de parto
Posicionamentos incorretos nos cuidados ao filho
- Ao amamentar a mulher adquire uma posição incorreta, com acentuação da cifose. Deve, para contrair esta
posição, utilizar uma almofada entre o antebraço e o bebé
TERMORREGULAÇÃO
Geralmente ao 2/3º dias ocorre aumento da temperatura relacionada com o início da lactação – subida/
descida do leite – que dura 24h
Ingurgitamento vascular e linfático das mamas
Não confundir com flutuações térmicas – sinal de infeção
- No puerpério a temperatura é avaliada todos os turnos. Nas primeiras 24 horas a nossa grande preocupação
é a infeção. Temperaturas acima dos 38-38,5 são mais preocupantes.
ASPETOS PSICOSSOCIAIS DO PÓS-PARTO
- Como é que eu incorporo o processo de parentalidade?
Pós-parto
Adaptação a uma nova identidade (identidade materna)
Aprendizagem de um novo papel (de mãe)
Adaptação a um novo elemento familiar, com uma identidade própria (o filho)
Reestruturação das relações familiares
Nascimento de um filho
Impacto ao nível psicoemocional, na relação com o filho, com o cônjuge e com a restante família
FASES DE AJUSTAMENTO MATERNO
Fase dependente/ fase de introspeção/ fase de incorporação
Primeiras 24/48 horas após o parto
Necessidade de restabelecimento fisiológico
Bastante centrada em si mesmas e na satisfação das suas necessidades básicas
Desejo de verbalizar a experiência da gravidez e do parto
Pouca disponibilidade para a integração/ assimilação de informação
Fase dependente-independente/ de controlo da situação/ de posse
Inicio no 2º-3º dia e dura entre 10 dias a várias semanas
Muito centrada nos cuidados ao bebé e nas competências maternas
Sente necessidade de orientação e aceitação dos outros
Muito reativa e motivada para a aprendizagem
As tarefas de ajustamento às rotinas quotidianas começam a definir um padrão
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AJUSTAMENTO À PARENTALIDADE
Estádio 1
Expectativas, com base em ideias pré-concebidas, acerca da vida conjugal e familiar depois do nascimento
do filho
Estádio 2
.......
Estádio 3
Envolvimento mais ativo, de forma consciente, nos cuidados e interação com o filho
TAREFAS DE AJUSTAMENTO DO CASAL À PARENTALIDADE
Necessidade de reconciliar a criança real com a criança fantasiada
De se tornarem eficazes nos cuidados e na interação com o filho
Estabelecer um espaço para o bébe no seio familiar
Definir a primazia da sua relação, enquanto adultos e casal, de forma a manter a familia como um grupo
FADIGA
Fenomeno frequente no pós-parto
Influencia a capacidade da mulher para se adaptar à nova situação e para fazer face às solicitações
Causas
Desconfortos fisicos do final da gravidez
A solicitação constante das visitas e os telefonemas nos 1º dias após o parto
Dores/desconfortos nos 1º dias
BLUES Pós-parto
Síndrome afectivo presente em cerca de 50 a 70% das puérperas
Pode ter inicio logo nas 1º horas após o parto ou nos 1º 3 a 4 dias
Duração variavel (de algumas horas a vários dias)
Sintomatologia: crises repetidas de choro; irritabilidade; ansiedade; labilidade do humor; confusão;
perturbações do sono e de apetite; astenia; sentimentos de incapacidade (de não saber como cuidar de
bébe)
- Blues pós parto não é sinónimo de depressão
CUIDADOS/ INTERVENÇÃO DE ENFERMAGEM DA MULHER NO PÓS-PARTO
Objectivos
Promover o auto-cuidado
Promover a amamentação
Assegurar que os cuidados fisicos desenvolvidos no pós-parto estão adoptados às necessidades
individuais (ajudar, informar e validar)
Ajudar a mulher a desenvolver capacidades para cuidar do filho, sem “medos”, sentindo-se mais segura no
seu papel de mãe e aumentado assim a sua auto estima
Prevenir ou identificar, tão cedo quanto possivel, problemas fisicos e/ou psicologicos
Prevenir situaçoes de desajuste pessoal, conjugal e familiar
A intervenção do enfermeiro deve dirigir-se também à familia mais proxima porque:
O nascimento de uma criança tem ijmpacto também no conjuge, nos outros filhos e, por vezes, na familia
de origem
A familia é um recurso de apoio que a mulher habitualmente tem e, como tal, deve ser ouvida, apoiada e
orientada
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INTERVENÇÃO DO ENFERMEIRO
1. Internamento (maternidade)
2. Centro de saúde
3. Visita domiciliaria
4. EpS
5. Identificar necessidades, informar, explicar, motivar, validar...
6. Alta
LEVANTE PRECOCE
Se não há contra-indicações
Partos eutócicos/ distócicos (forceps/ ventosas) – 6 horas após o parto
Cesarianas – 6 a 12 horas após o parto (dependendo das instituições)
Partos com analgesia epidural – 6 a 12 horas após o parto (dependendo das intstituições)
Principais contra-indicações do levante
Sub-involução uterino/hemorragia
Alterações significantivas dos sinais vitais
Deiscência de sutura
Indicações médicas (complicações/doença materna)
-Cuidados de enfermagem antes, durante e após o 1º levante.
-Antes de 1º levante, avaliar se o utero está bem contraido (através dos dedos verificado a localização do
fundo do utero em relação ao bico de umbigo), não esquecendo dos sinais vitais.
Procedimento – o 1º levante deve ser gradual
Avaliação da involução uterina (palpação do útero e avaliação dos lóquios)
Avaliação dos sinais vitais (sobretudo, tensao arterial/ características do pulso) – puerpera em decubito
dorsal
Se o utero está bem contraido e os sinais vitais estao estabilizados: sentar-se na cama (com os membros
inferiores fora da cama) durante alguns minutos. Avaliar novamente os sinais vitais
Se os sinais vitais se mantêm estabilizados e se a puerpera se sente bem, efetuar levante, andando no
quarto durante alguns minutos (para adaptação tensional à posiçao ortostática). Reavaliar sinais vitais
Se em qualquer fase do levante a mulher apresentar “tonturas”, “mal estar geral”, “lipotimia” deve deitar-
se imediatamente
Quando a situaçao estiver estabilizada, programar novo levante seguindo novamente os “passos do 1º
levante”
Após o 1º levante, mesmo que a mulher se sinta bem, deve ser “supervisionada” se vai ao wc ou tomar
banho (risco de lipotimia)
- A retenção urinária dificulta a involução uterina
- Sobre a utilizaçao de uma cinta no pós parto, existem muitas contradições. Numa cesariana, a cinta poderá
ajudar na contenção e diminuir o desconforto. Outra vantagem da cinta é o efeito psicológico – contribui para
a manitenção da autoimagem. Porém, a não utilizaçao da cinta facilita o exercicio da musculatura adominal e
recuperação do tonus abdominal.
Outras intervenções:
Promoçao da involução uterina
Prevenção de tromboflebites – levante precoce; exercicios moderados
Promoçao da eliminaçao vesical – a retenção dificulta a involuçao uterina
Promoçao da eliminaçao intestinal – promover a deambulação, dieta rica em fibras, pode aconselhar-se
microclister
Prevenção/ diminuição da fadigal
Facilitar a adaptação à nova dinâmica familiar
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Promoçao doe exercicio físico no pós parto
Promoçao de uma dieta adequada
Informar acerca da sintomatologia de alerta/ motivos para recorrer aos serviços de saúde
1.1. Cuidados peinieais/ Prevenção de infecção/promoção do conforto...
Prestação de cuidados perineais até ao 1º levante
Cuidados de higiene com água corrente, sempre que necessário
Desinfeçao do períneo só quando necessário (em caso de infeçao ou de risco de infeção)
Mudança de pensos higienico frequentemente
Avaliar características dos loquios sempre que mudar o penso
Em caso de edema/ hemorróidas aplicar gelo, protegido, por periodos de 15 minutos
Ao tossir/ espirrar, contrair previamente o perioneo
Dar de maamr em posiçoes/ superficies que evitem o estiramento da cicatriz
1.2. Promoção da involução uterino
Avaliação do útero e loquios (despitar subinvolução)
Promover a eleminaçao vesical
Promover cuidados perineais
Levante precoce – concsiante protocolo do servço/ situaçao clinica da puerpera
Avaliação dos sinais vitais (atenção a hipotensão, taquicardia, febre)
1.3. Prevenção de tromboflebites
Observação dos membros inferiores
Levante precoce – consoante o protocolo do serviço e situaçao clinica da puerpera
1.4. Promoção da eliminação vesical
Vigiar eliminação vesical globo vesival e caracteristicas da urina
Levante precoce
Aumentar a ingestão de liquidos
Estimular a micção por tecnica não invasiva
1.5. Promoção da eliminação intestinal
Levante precoce
Ingestão adequada de fibras e liquidos
Exercicio físico (adequado ao tipo de parto e tempo de puerpério)
A mulher deve estar informada sobre os fatores que favorecem a ibstipaçao no pós-parto e os cuidados a
ter para prevenir; ter oportunidade de expresar as suas duvidas e receios relativamente à relaçao entre
lesoes perineais e o ato de evacuar
A frequente a prescriçao de terapeutica nos primeiros dias de puerperio (emolientes suavaes/ supositorios
de glicerina…)
1.6. Prevenção/diminuição da fadiga
Prevenção /alivio da dor
1.7. Facilitar a adaptação à nova dinamica familiar
Apoio emocional à puerpera/conjuge e outros filhos
Permissividade no horario das visitas ao conjuge e outros filhos
Promover o envolvimento do conjuge nos cuidados ao filho
1.8. Promoção do exercício físico no pós-parto
1.9. Promoção de uma dieta adequada
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1.10. Informar acerca da sintomatologia de alerta/motivos para recorrer aos Serviços de Saúde
Visita domiciliária
Deve ser feita até às 6 semanas pós-parto (de preferencia na 1ª semana após alta da maternidade e deve ter
em conta: amamentaçao, atividade sexual, contraceçao, adaptação RN/família, avaliação do ambiente físico,
avaliação fisica da mulher (mamas, perineo, utero)
Permite:
Conhecer hábitos e recursos familiares
Avaliar identificar problemas no meio onde ocorrem
Maior personalização e individualização dos cuidados
EpS para a saúde: identificar necessidades, informar, explicar, motivar, validar....
Consulta de revisão do puérperio
Deve realizado pela 6ºsemana após o parto (Centro de Saúde/Médico assistente)
Objetivo
Avaliar se o organismo está recuperar de forma satisfatório (útero, períneo, mamas, sinais vitais, peso)
Detetar eventuais problemas físicos e ou psicológicos
Esclarecer dúvidas (ex. Métodos de contraceção)
Apoiar/orientar nas dificuldades apresentadas
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Aula 13 – O CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO FAMÍLIA NO PÓS-PARTO (CONTINUAÇÃO)
17/10/2013
Profª Esmeralda Afonso
GLÂNDULA mamária
As mamas são formadas pelas glândulas mamárias e por tecido de sustentação e gordura.
O que influencia a produção de leite é a glândula mamária
A aureola mamária tem um aspeto maior durante a gravidez e amamentação; está mais pigmentada. Em
seu redor encontra-se uma serie de saliências, as glândulas de Montgomery. Estas produzem uma
substancia gordurosa que tem como função proteger o mamilo.
TIPOS DE MAMILO
Mamilo normal/ proeminente
Mamilo pouco saliente
Mamilo plano (ou reso)
Mailo invertido (ou umbilicado)
A proeminência do mamilo e a sua capacidade de protatibilidade (capacidade de ereção do mamilo quando
estimulado) são características importantes para o sucesso da amamentação
FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO
Nos alvéolos a secreção de leite é estimulada pela prolactina, libertada pela hipófise(pelas células
secretórias)
As células mioepiteliais contraem sobre a ação da ocitocina facilitando a drenagem do leite dos alvéolos
(as células miopepitaliais)
A lactogénese inicia-se durante a última fase da gravidez
A síntese e secreção de leite após o parto estão relacionadas com a descida acentuada dos níveis de
progesterona e estrogénio
- Quando se dá o parto, com a dequitatura, a progesterona produzida na placenta deixa de exercer o seu
efeito e consequentemente, deixa de inibir a prodição de prolatina.
Reflexo da prolactina ou reflexo de produção
O ato de sucção promove impulsos sensoriais que vão do mamilo para o hipotálamo este estimula a
hipófise anterior que, por sua vez, segregas prolactina
A prolactina estimula a produção de leite nos alvéolos
A maior parte da prolactina permanece em circulação até cerca de 30 mn após a mamada – o que faz com
que a mama produza leite para a mamada seguinte
ASPETOS IMPORTANTES DA AÇÃO DA PROLATINA
Durante a noite é produzida mais prolactina – por isso, é importante amamentar durante a noite
A prolactina favorece o relaxamento e por vezes a sonolência
Os níveis elevados e constantes de prolactina inibem a ovulação
É importante instituir a amamentação na 1ª hora após o nascimento para estimular a produção de
prolactina
REFLEXO DA OCITOCINA OU REFLEXO DE DESCIDA
O ato da sucção promove impulsos sensoriais que vão do mamilo para o hipotálamo. Este estimula a
hipófise posterior que, em resposta, segrega ocitocina
A ocitocina estimula a contração das células mioepiteliais, que se encontram em torno dos alvéolos,
promovendo que o leite ai coletado flua para os ductos
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ALGUNS ASPETOS IMPORTANTES DA AÇÃO DA OCITOCINA
A ocitocina é segregada mais rapidamente do que a prolactina. É produzida durante a mamada,
exercendo a sua ação nessa mesma mamada
A produção da ocitocina pode começar mesmo antes do bebé iniciar a mamada
Se o reflexo de ocitocina não funciona bem, o bebé pode ter dificuldade em receber leite
A ocitocina promove a contração uterina, favorecendo a involução uterina (estimula as contrações
uterinas)
Fatores que influenciam o reflexo da ocitocina
1. Fatores que facilitam
Sentimentos agradáveis (sentir-se contente e ter prazer com o bebé, tocá-lo, olhá-lo ou mesmo ouvi-lo
chorar…)
Confiança na capacidade de amamentar e convicção de que o seu leite é o melhor alimento para o bebé
2. Fatores que dificultam
Sentimentos desagradáveis (dor, preocupação, duvidas por exemplo sobre a quantidade do seu leite,
situações de stress…)
Para a promoção de um bom reflexo de ocitocina
A mulher deverá ter o bebé perto de si, para que possa olhá-lo, tocá-lo e perceber as suas necessidades
A mulher necessita de sentir-se bem e ter confiança na sua capacidade de amamentar
É importante que, da “parte de quem cuida”, haja sensibilidade para a poiar a mulher, promover a sua
autoconfiança e capacidade para a amamentar
CONTROLO DA PRODUÇÃO DE LEITE PELA PRÓPRIA MAMA – FATOR INIBIDOR
O fator inibidor faz com que os alvéolos deixem de produzir leite quando a amamentação, por algum motivo,
não é implementada e as mamas permaneçam cheias
Mecanismo fisiológico, natural, de supressão do processo de lactação
- Na amamentação deve manter-se a mesma mama até que o leite termine nessa refeição, porque do ponto
de vista nutricional e leite do início, não é igual ao leite no fim da mamada
PRINICIPAIS REFLEXOS DO RN RELACIONADOS COM A AMAMENTAÇÃO
1. Reflexo de busca e preensão
Quando alguma coisa toca nos lábios ou bochechas, ele reage virando a cabeça nessa direção e abre a boca
pondo a língua pra baixo e para fora
2. Reflexo da Sucção
Quando alguma coisa toca o seu palato ele inicia a sucção
3. Reflexo da Deglutição
Quando a sua boca “se enche de leite”, ele inicia a deglutição
Estes reflexos fazem parte das aquisições que o RN traz ao nascer
VISUALIZAÇÃO INTERNA DA “BOA E MÁ PEGA”
1. Boa pega
A boca do bebé apanha a maior parte da aréola e dos tecidos que estão sobr ela “esticando” o tecido da
mama para fora, a fim de formar um “bico longo”
O mamilo constitui apenas 1/3 do bico longo, sendo o restante formado pela auréola ( a sucção ´exercida pela
aréola, pressionando os ductos nessa zona)
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2. Má pega
A boca do bebé apanha somente o mamilo, não exercendo o pressão sobre os ductos, não conseguindo
formando “bico longo”
OBSERVAÇÃO EXTERNA DA PEGA CORRETA
O queixo do bebé toca a a mama (ou está muito próximo dela
A boca do bebé está bem aberta
Acabar
CONSEQUÊNCIAS DA PEGA INCORRETA
Grettas e fissuras nos mamilos: estas causam dores durante a amamentação, o que pode levar a que o
leite materno não seja extraído com eficiência e, consequentemente, ao ingurgitamento
Oferta de leite insuficiente
Bebe frustrado
Bebe insatisfeito
Recusa-se a mamar
Não ganha o peso
As mamas produzem menos leite (fator inibidor) - Insucesso na amamentação
COMO TERMINAR A MAMADA
Deixar que o bebé largue a mama sozinho (é um sinal de que está satisfeito)
Para fazer o bebé soltar a mama, a mulher deve colocar a ponta do dedo mínimo no canto da boca do
bebé – deste modo, consegue remover o efeito da sucção e soltar o mamilo sem provocar gretas
FASES DA LACTAÇÃO
1. Colostro
2. Leite de transição
3. Leite maduro
- Colostro é muito importante do ponto de vista da imunidade; para o funcionamemto instestinal (libertação
do mecónio – primeiras fezes)
SINTOMATOLOGIA ASSOCIADA À TRANSIÇAO DO COLOSTRO PARA O LEITE
A nível local
As mamas aumentam de volume, ficam ligeiramente tensas ou muito tens, duras e dolorosas
A nível geral
Pode haver aumento da temperatura corporal (a temperatura axilar não ultrapassa os 38ºC) e de
frequência cardíaca
- Há muitas razões para a mulher ter aumento da temperatura no puerpério, para além da ingurgitamento. As
alterações associadas a esta fase não ultrapassam os 38ºC e não há picos de temperatura. A temperatura é
constante. Convém averiguar se as alterações de temperatura são patológicas ou associam-se a esta fase
normal
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A sintomatologia é transitória – 24 a 48 horas
ENGURGITAMENTO MAMÁRIO – SINTOMATOLOGIA
Mamas
Muito tensas e distendidas
Pele lustrosa (brilhante) e ruborizada
Dolorosas (muito sensíveis ao contacto)
Aréolas também muito tensas (bebé tem dificuldade em fazer uma boa pega)
Dificuldade na drenagem do leite
A(s) glândula(s) mamaria(s) pode(m) infetar se o leite não for drenado (especialmente se os mamilos
apresentarem gretas e/ou fissuras) → MASTITE
INGURGITAMENTO MAMÁRIO – CUIDADOS/ TRATAMENTO
Retirar o leite da mama colocando de preferência o bebe a mamar ou utilizando um método artificial
(expressão manual/ bombas)
Aplicar calor húmido antes de retirar o leite (ida ao chuveiro ou parches de água quente)
Aplicar frio após a mamada
Em caso de grande desconforto/ dor, administrar terapêutica analgésica prescrita
Administrar ocitocina – spray nasal antes da mamada para facilitar a drenagem do leite (atenção à dose e
frequência da administração)
A promoção da autovigilância/ esvaziamento mamário e grande apoio físico e emocional, devem orientar
os cuidados de enfermagem
- O ingurgitamento mamário não ocorre logo após o nascimento, mas 2 a 3 dias após o parto.
- Inicialmente, podemos deixar que o bebé não complete uma mamada numa das mamas, para que este
mame um pouco nas duas, de modo a ajudar a mãe na fase inicial, de maior tensão mamária. Posteriormente,
passa-se a fazer o que se referiu anteriormente – deixar que o bebé complete a mamada na primeira e só
depois passar para a segunda
Expressão mamária – Técnica
Colocar o polegar sobre a aréola mamária e o indicador sob a mesma.
Pressione a mama, em direção ao tórax (“para dentro”), sem deixar deslizar os dedos.
Espremer o leite dos ductos comprimindo a aréola mamária, ao mesmo tempo que os dedos deslizam
para a frente (“para fora”)
Efetuar a rotação da mão (cerca de ¼) à volta da mama e repetir estes passos num movimento rítmico até
que o leite comece a fluir
Nota: Esta manobra deve ser efetuada de acordo com as necessidades até a “mama” ficar mais flácida
INGURGITAMENTO MAMÁRIO – PREVENÇÃO
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A amamentação deve ser instituída precocemente e o horário das mamadas deve ser livre (sempre que o
bebé necessitar)
Colocar o bebé a mamar em posição correta e verificar os sinais de boa pega
Promover um bom Reflexo de Ocitocina (ambiente calmo / alojamento conjunto...)
Esvaziar as mamas após a mamada, caso se encontrem muito tensas
Estar atenta a dificuldades no esvaziamento mamário e promover medidas para a sua resolução
(expressão mamária / bomba elétrica ou manual / administração de Ocitocina - spray nasal 5’ antes da
mamada)
CUIDADOS COM AS MAMAS E MAMILOS
A lavagem do banho diário é suficiente e não se devem esfregar os mailos
Aplicar uma gota de leite nos mamilos e aréolas após cada mamada (lubrifica e protege os mamilos de
agressões/ ajuda à cicatrização – por ação enzimática). Não fechar imediatamente o soutien: deixar secar
os mamilos
Só usar cremes quando necessário (atenção ao tipo de produtos que utilizam)
Utilizar soutien adequando à amamentação: de algodão, ter laças e cós largo, de forma a sustentar bem o
peso das mamas sem as apertar e, se possível, com aberturas nas copas (facilitam a amamentação)
Usar discos protetores, se necessário, e substitui-los em SOS
POSIÇÕES CONFORTÁVEIS PARA AMAMENTAR
Todas as que a mulher quiser, desde que se sinta confortável e tenha uma postura correta, ela e o bebé.
EXTRAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO LEITE MATERNO
Extração - Manual ou Bomba
Materiais utilizados na extração e armazenamento - Limpos e fervidos ou exterilizados
Conservação- frigorífico ou congelador. Sacos de congelação ou recipientes de plástico rígido ou vidro
COMISSÃO NACIONAL “iniciativa hospitais amigos dos bebés”
CONTRACEÇÃO NO PÓS-PARTO
Mulheres que amamentam:
A FSH é produzida mas níveis constantes e elevados da prolactina inibem a ação da FSH nos ovários,
inibindo assim a ovulação
Mulheres que não amamentam:
A ovulação pode ocorrer na 4ª semana apos o parto no entanto o tempo médio da 1ª ovulação na mulher
que não amamenta é de 10 semanas
- Uma mulher não deve/ pode esperar ter a menstruação até fazer contraceção, porque a ovulação antecede a
menstruação.
- Se a mulher não vai amamentar, aconselha-se que faça contraceção mais ou menos 15 dias após o parto,
período ”janela” de recuperação da normalidade
CONTRACEÇÃO HORMONAL E AMAMENTAÇÃO
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Contraceção combinada
Os estrogénios inibem a produção de leite pelo que estão pelo estão contraindicados na mulher que quer
amamentar
Contraceção progestativa
A progesterona não afeta a produção de leite no entanto ainda não está devidamente estudado o seu
efeito sobre o desenvolvimento hepático e cerebral do bebé pelo que não é recomendada a sua
utilização, pela mulher que amamenta, antes das 6 semanas de vida do filho
- Ainda não há dados suficientes sobre os efeitos da progesterona no bebé, sobretudo no SNC e hepático, por
se encontrarem numa fase ainda muito imatura quando o bebé nasce
MÉTODO DA AMENORREIA DA LACTAÇÃO
A eficácia deste método requer 3 condições:
1. A mulher ainda não ter tido menstruação após o parto
2. A amamentação ser exclusiva, com mamadas diurnas e noturnas, com intervalos inferiores a 6 horas (DGS,
2008). Alguns autores referem que os intervalos não devem ser superiores a 4 horas
3. A criança ter menos de 6 meses de idade
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Aula 14 – O CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO FAMÍLIA NO PÓS-PARTO (CONTINUAÇÃO)
22/10/2013
Profª Esmeralda Afonso
OBJETIVOS
Proporcionar ao RN condições que visam ajudá-lo na sua adaptação à vida extrauterina
Intervir em situaçoes patológicas que o coloquem em risco de vida
CONHECER HISTÓRIA PRÉ-NATAL
História pré-natal e obstétrica; antecedentes familiares
Grupo sanguíneo
IG, desenvolvimento fetal, situação de risco fetal e perinatal
Estado de colonização retovaginal (estreptococos do grupo B)
….
CUIDADOS IMEDIATOS
1. Contacto pele a pele/vinculação
2. Laqueação cordão
3. Avaliação do índice de apgar
4. Promover Aleitamento Materno
5. Identificação
6. Profilaxia da doença hemorrágica do Recém-nascido (administração de vitamina K nas 1ªs horas: 0,5mg
prematuros <2500g; 1g RN termo >2500g)
7. Profilaxia de infeção ocular: limpeza com água destilada do canto interno para o externo. Segundo a
protocolo,Oxitetraciclina 1% ou Eritromicina 0,5%(pomada) prevenção infeção por gonorreia ou por
clamídia.
8. Avaliação física inicial e avaliação do peso
1. Contacto pele com pele
Pode manter-se sobre o abdómen e tórax materno durante 1 a 2 horas (se não houver intercorrências).
Este procedimento deve ser oferecido a todas as mães
A fonte de calor do bebé é a própria mãe
Evidência
Estabilidade cardiorrespiratória
Diminuição do tempo de choro
Efeito benéfico na vinculação
Maior frequência e duração do aleitamento materno
2. Laqueação cordão
- Laqueia-se e coloca-se um clamp perto do umbigo do bebé. Esta laqueação é indolor para o bebé.
- O cordão tem 2 artérias e uma veia
- O cordão umbilical entre o umbigo e clamp é designado por coto umbilical, um aspeto importante a vigiar é
a garantia de que o cordão esta bem clampado, devido ao risco de hemorragia durante o período em que o
coto ainda está gelatinoso
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3. Avaliação do índice de apgar
0-3 sofrimento grave; 4-6 dificuldade moderada; 7-10 boa adaptação à vida extra-uterina.
- A avaliação faz-se ao 1º minuto; 5º e 10º minuto
Útil para descrever a adaptação à vida extrauterina
Não tem valor prognóstico – não prevê resultados neurológicos futuros - determinação de gases no sg do
cordão umbilical no momento do nascimento
Se houver necessidade de reanimação, esta deve ser iniciada antes da 1ª avaliação do índice de apgar
Nota: A pessoa que realiza o parto não deve avaliar o índice de apgar
4. Identificação do bebé
- Quando o bebé nasce, oficialmente ainda não tem identificação; é-lhe atribuído um numero associado ao
numero da sua mãe, mas podemos e devemos identifica-lo pelo nome selecionado pelos pais.
- A pulseira deve ser colocada antes do bebé sair perto da mãe, para que a mãe assista a essa colocação
5. Promover Aleitamento Materno
6. Profilaxia da doença hemorrágica do Recém-nascido
Administração de vitamina K
É feita nas primeiras horas
Se é um bebé prematuro: 0,5 mg
Se é um bebe RN termo ou com peso igual ou superior a 2500 g: 1 mg
1mg oral no nascimento
25 microgramas/dia ou 1mg/semana repartida 7 a 14 dias após
Se amamentados – 3 meses
7. Profilaxia de infeção ocular
Limpeza com água destilada do canto interno e externo num movimento único
Segundo protocolo – pomada oftálmica (oxitetraciclina 1% ou eritromicina 0,5% - prevenção de infeção
gonorreica ou por clamídia)
1ª hora – 120 minutos, após o primeiro contacto com a mãe
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8. Observação
Cabeça
Face
Pescoço
Torax
Abdómen
Genitais
Membros superiores e inferiores
Exame neurológico: tónus e reflexos primitivos
Avaliação do peso
- Testes guthrie= teste do pezinho
9. Manutenção de um bom ambiente térmico
Contacto pele com pele
Secá-lo e enrolá-lo em cobertor aquecido
Manter sob fonte de calor até à temperatura estabilizar
Manter a cabeça coberta
Manter a temperatura da enfermaria aquecida
Stress causado pelo frio
Aumento do consumo de oxigénio – dificuldade respiratória
Aumento do consumo de glicose – hipoglicemia
EXAME FÍSICO COMPLETO NO RN
Primeiras 24 horas após o nacimento e sempre que necessário
Ambiente (iluminado, aquecido e sem correntes de ar)
Momento privilegiado de contacto com a tríade
Permite observar aspetos gerais do RN e comportamento
Sinais vitais
Temp 36,5 – 37,2ºC
Função cardíaca (pulso apical – 4º espaço intercostal – 100/160 ppm)
Função respiratória – SDR – 30/60cm
- Apneia > 15’’
Pressão arterial – em RN de termo <90-60mmHg; em RN pré-termo <80-50mmHg
Dor
Peso
2500-4000g
Perda aceitável inferior a 10%. Comunicar aos 7%
Comprimento - 50
Perímetro cefálico
33,5-35,5 cm
(32-36 cm)
(alerta ≥ 4cm perímetro torácico)
Perímetro torácico
30,5-33 cm
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Comprimento
Observação da cabeça
- Fontanelas e suturas
- Lesões dos tecidos moles
Caput succedaneum (edema, tendência para desaparecer)
Cafalo hematoma
Equimoses, escoriações e lacerações
Olhos
Pálpebras, simetria e obliquidade, fotofobia, nistagmo,
estrabismo
Infeção ocular (clamídia, gonococos)
Pavilhões auriculares
Implantação; tubérculos
Otorraquia; otorragia
Nariz
Boca
Lábios, gengivas, palato, pérolas epiteliais, freio da língua
Candidíase
Pérolas epiteliais ou nódulos de Bohn - São formações de excedentes dos tecidos das glândulas mucosas,
formando-se na sua grande maioria no palato, afastados da rafe mediana e, ao longo dos lados bucal e
lingual das cristas dentárias. A sua incidência maior é em recém nascidos até os três meses de idade.
(Soares, A. B.)
Freio da língua
Pescoço
Torax
Glândula mamária – botão mamário
Abdómen – coto umbilical
Coluna vertebral
Membros superiores e inferiores
Lesões do esqueleto – clavícula, úmero e fémur.Lluxação congénita da anca – sinal de ortolani
Genitais
Ânus
Eliminação vesical
Eliminação intestinal
Mecónio
Fezes de transição
Fezes de leite
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Sistema tegumetar
Cor habitual ao nascimento – vérnix, 2º dia
Acrocianose - Cianose periférica; cor azulada das mãos e pés observável à nascença da maioria dos
recém-nascidos, que pode persistir durante 7 a 10 dia
Eritema tóxico/ eritema neonatal ou do RN - Erupção cutânea neonatal papular, rosada, inócua e de causa
desconhecida, com vesículas sobrepostas que surgem entre 24 a 48 horas após o nascimento e
desaparecem, espontaneamente, em poucos dias
Mancha mongólica
Lanugo
Acne miliar/ millium
Infeção estafilocócica
Icterícia fisiológica - Coloração amarela da pele e mucosas em resposta ao aumento dos níveis sanguíneos
de bilirrubina não conjugada; não é notória, habitualmente, antes das 24 horas
POSTURA
Flexão dos membros superiores e inferiores
Vira a Cabeça
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Reflexos - forma de atividade automática e involuntária que resulta da estimulação dos neurónios sensitivos e
motores
Glabelar - Tocar a testa, septo nasal, ou maxilar do recém-nascido
cujos olhos estão abertos. O recém-nascido pestaneja aos primeiros
4 ou 5 toques
Sucção e rotação - Tocar o lábio, bochecha, ou canto da boca da
criança com o mamilo. A criança roda a cabeça em direcção ao
estímulo, abre a boca, agarra o mamilo e suga
Deglutição - Alimentar a criança; a deglutição segue-se à sucção e
ingestão de líquidos. A deglutição está geralmente coordenada com
a sucção, ocorrendo sem náuseas, tosse, ou vómitos
Preensão palmar/ plantar - Colocar um dedo na palma da mão. Colocar um dedo na base dos dedos do
pé. Os dedos da mão da criança envolvem o dedo do examinador; os dedos dos pés curvam-se para baixo
Banbsky
Moro
Marcha automática
Tónico cervical ou “esgrima”- Com o recém-nascido a adormecer ou a dormir, rodar a cabeça
rapidamente para o lado. Com a criança virada para o lado esquerdo, o membro superior e inferior desse
lado ficam em extensão; o membro superior e inferior opostos fletem-se (virando a cabeça para a direita
as extremidades assumirão posturas opostas - posição de esgrima)
Competências do RN
- O bebé tem uma serie de competências inatas que são muito importantes para a interação. Embora sejam
reflexos, dão a sensação de que há interação que é veiculo para o estabelecimento da relação ente RN, mãe e
pai.
Sensoriais
Visão, Audição; Paladar; Olfato; Tato - Habituação ·Fontes de energia ·Memória)
Competências físicas e comportamentais
Choro; sorriso; face/ cabeça; atividade motora
“Eu coloco o meu dedo e ele agarra-o de imediato, é um reflexo, eu sei, mas faz-me sentir bem de
qualquer modo”.
Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313
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Aula 15 – ADAPTAÇÃO À PARENTALIDADE – FAMÍLIAS COM FILHOS PEQUENOS E ADOLESCENTES
24/10/2013
Profª Sónia Colaço
SUMÁRIO ALARGADO
1. Enquadramento
a. Conceito de Parentalidade (CIPE; Cruz 2005)
b. A Influencia dos pais na saúde e desenvolvimento da Criança (Gage, Everett e Bullock 2006;Hockenberry,
2011)
c. Exercício do Papel Parental (Dimensão legal e afetiva; Direitos e Responsabilidades parentais)
d. Funções dos Pais (Cruz 2005; Hoghughi e Long 2004)
e. Dimensões da Parentalidade [comportamentos dos Pais (Cuidados; Controlo e Desenvolvimento);
otimização das áreas funcionais da criança (Saúde; Funcionamento Intelectual e Educação; Comportamento
Social e Saúde Mental); Pré-requisitos (motivação; conhecimentos; capacidades)
2. Comportamentos dos Pais ( Hoghughi e Long 2004)
a. Cuidados Parentais
Cuidados Físicos; Emocionais; Sociais
b. Controlo (Disciplina e Limites; Componente Positiva da Educação; Estilos Educativos Parentais)
Tipos de Disciplina (Hockenberry, 2011)
Estabelecer limites e disciplina nas diferentes faixas etárias, estratégias para aconselhamento aos pais
(Hockenberry, 2011)
c. Pré-requisitos da Parentalidade (Hoghughi e Long 2004)
Conhecimento e Compreensão dos pais
Motivação Parental - Fatores que afetam a motivação parental
Recursos no exercício do papel parental
3. Situações de parentalidade Especial (Hockenberry, 2011)
a. Crianças Adotadas
b. Divórcio
c. Monoparentalidade
d. Famílias Reconstituídas
e. Famílias com ambos os pais trabalhadores
4. Focos de atenção do enfermeiro, relacionados com o exercício do papel parental
a. Adaptação ao papel parental
b. Vinculação
c. Potencial para o desenvolvimento da capacidade parental
d. Otimização da saúde e desenvolvimento da criança
5. Intervenções de Enfermagem que otimizam o desempenho do papel parental.
a. Intervenções de Enfermagem - Exemplos: Capacitação (Transmissão de Informação; orientação/cuidados
antecipatórios; treino de capacidades) ; Apoio e orientação; Promoção e vigilância da saúde da criança
b. Modelos de Intervenção - Exemplo: Touch Points - Modelo de Desenvolvimento (Brazelton e Sparrow
2003)
Porque é que a parentalidade constitui um foco de atenção e de intervenção em enfermagem?
As preocupações dos pais diferem de cultura para cultura. A grande diferença reporta às expetativas dobre o
desempenho parental e sobre o futuro pretendido para os filhos. Não podemos falar
Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313
98
OBJETIVOS
Compreender o conceito
Identificar comportamentos dos pais, como otimizam o funcionamento da criança e os pré-requisitos para
o exercício da parentalidade
Identificar os principais fatores que influenciam o exercício da parentalidade
Conhecer os principais recursos para o exercício parental
Conhecer as situações de parentalidade especial
Compreender a adaptação à parentalidade enquanto fenómeno de enfermagem
Conhecer as intervenções de enfermagem que facilitam a adaptação ao papel parental
- Na teoria de Mercer, já lecionada, a parentalidade é concebida numa logica da transição, tal como Melisse.
Segundo esta autora o papel maternal inicia-se ainda antes da transição, durante a gravidez, mas só se torna
real quando o bebé nasce.
- Ao longo da vida, a criança vai-se desenvolvendo, implicando a adaptação parental, em todas as fases do
seu desenvolvimento.
PARENTALIDADE
“Ação de tomar conta com as características específicas: assumir responsabilidades de ser mãe e/ou pai;
comportamentos destinados a facilitar a incorporação de um recém-nascido na unidade familiar;
comportamentos para otimizar o crescimento e o desenvolvimento das crianças; interiorização das
expetativas dos indivíduos, famílias, amigos e sociedade, quanto aos comportamentos de papel parental
adequados ou não”. (CIPE, 2006: 43)
A influência dos pais na saúde e desenvolvimento da criança
Os pais possuem potencial para promover a saúde e bem-estar da criança ou impedir o desenvolvimento
físico e emocional
- Na mediação do papel da parentalidade, é importante também ter em conta o papel desempenhado pelos
avós, nem sempre bem definido na nossa cultura.
QUE EXERCE O PAPEL PARENTAL?
De acordo com lei:
Pais biológicos
Pais adotivos
Pais de acolhimento
Tutores
De ponto de vista social e afetivo
Pais substitutos
Direitos e responsabilidade
Parentais
Convenção dos direitos das criança: direito a ter pais responsáveis. Art.18º
Decreto lei nº91/2009: Proteçao da parentalidade
Lei nº61/2008: imposição do exercícios das responsabilidades parentais (divórcio)
Lei 147/99 – Lei de proteção de crianças e jovens em perigo
FUNÇÕES DO PAIS
Satisfação das necessidades básicas – afeto; higiene; comer; dormir…
Disponibilizar à criança um mundo físico organizado e previsível
Responder às necessidades de compreensão cognitiva das realidades extra familiares
Satisfazer as necessidades de afeto, confiança e segurança
Satisfazer as necessidades de interação social da criança
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(Cruz, 2005)
ATITUDES PARENTAIS
Sentido de zelo e responsabilidade
Importância atribuída ao papel
Nível de envolvimento
Disponibilidade psicológica e física (idade dos pais)
DIMENSÕES DA PARENTALIDADE
Comportamentos dos pais (cuidado, controlo e desenvolvimento)
Otimização das áreas funcionais da criança (saúde física, funcionamento intelectual e educativo,
comportamento social e saúde mental)
Pré-requisitos dos pais (conhecimento, capacidades e motivação) – O QUE É QUE EU SEI SOBRE A
PARENTALIDADE, AQUILO QUE EU DESENVOLVI NO MEU SEIO FAMILIAR
COMPORTAMENTOS DOS PAIS
Cuidados
Cuidados físicos
Cuidados emocionais – resposta à necessidade emocional; de vinculação
Cuidados sociais – relaciona-se com a necessidade de interação social da criança para se desenvolver
Controlo – disciplina e limites
Num sentido mais amplo, disciplina significa ensinar ou um conjunto de regras que orientam a
conduta. Num sentido mais restrito, refere-se à ação tomada para forçar o cumprimento das regras
depois da sua transgressão.
Colocar limites refere-se a estabelecer regras ou orientações para o comportamento.
- Passamos de um modelo autoritário para um modelo permissivo, cuja implementação foi promovida pelos
investigadores. Hoje, estabelece-se que a criança precisa de uma figura autoritária para o seu
desenvolvimento.
- Como é que os pais fazem isto?
NOTA: consultar a influencia da família no desenvolvimento da criança – capitulo 3, WONG.
Componente positiva da educação
Permite à criança
Testar os limites do seu controlo
Alcançar competências em áreas apropriadas ao seu desenvolvimento
Canalizar sentimentos indesejáveis para atividades construtivas
Proteger-se do perigo
Aprender um comportamento social aceitável
Estilos educativos parentais
Democrata
Autocrata ou autoritário
Permissivo: indulgente e negligente (passa por não prestar cuidados)
- O indulgente não atua mas preocupa-se com a criança
- Ninguém se restringe a um estilo
(Baumering, 1967)
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ORIENTAÇÕES PARA IMPLEMENTAR A DISCIPLINA
(Wong: 45)
TIPOS DE DISCIPLINA
Argumentar
Admoestar (envergonhar ou criticar)
Reforço positivo e negativo (recompensar; ignorar)
Consequências (natural; lógico; não relacionado)
Time-out
Castigos corporais
Recursos na parentalidade
Situações de maior preocupação para a parentalidade
Situações de parentalidade especial
BIBLIOGRAFIA
Brazelton, T. B., & Sparrow, J. (2003). The Touchpionts Model of Development. Obtido de Brazelton Touchpoints
Center: www.touchpoints.org
Cruz, O. (2005). Parentalidade. Coimbra: Quarteto.
Gage, J. D., Everett, K. D., & Bullock, L. (2006). Integrative Review of parenting. Journal of Nursing Scholarship ,
38:1, 56-62.
Hockenberry, M. J. (2011). Family Influences on Child Health Promotion. In M. Hockenberry, & D.
Wilson, Wong's Nursing Care of Infants and Children (9th Edtion. ed., pp. 47-66). Missoury: Mosby Elsevier.
Hoghughi, M. (2004). Parenting - An Introdution. In M. H. Long, Handbook of Parenting (pp. 1-18). London:
SAGE.
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101
LEITURAS OBRIGATÓRIAS
Hockenberry, M. J. (2011). Family Influences on Child Health Promotion. In M. Hockenberry, & D.
Wilson, Wong's Nursing Care of Infants and Children (9th Edtion. ed., pp. 47-66). Missoury: Mosby Elsevier.
Brazelton, T. B., & Sparrow, J. (2003). The Touchpionts Model of Development. Obtido de Brazelton Touchpoints
Center: www.touchpoints.org
LEITURAS COMPLEMENTARES
Gage, J. D., Everett, K. D., & Bullock, L. (2006). Integrative Review of parenting. Journal of Nursing Scholarship ,
38:1, 56-62.
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Aula 16 – ALIMENTAÇÃO
29/10/2013
Profª Sónia Colaço
SUMÁRIO ALARGADO
A ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
1- Enquadramento
Vertentes da alimentação
Necessidades nutricionais ao longo do desenvolvimento
2. Características da alimentação da criança e adolescente (Hockenberry & Wilson, 2011; Hagan JF,
2008)
1º ano de vida:
o Alimentação láctea :
Leite Materno
Formulas lácteas (tipos de leite, preparação das formulas, frequência de administração)
o Diversificação alimentar
Princípios
Prevenção das alergias alimentares
Depois do 1º ano de vida:
o Especificidades relacionadas com o desenvolvimento
Toddler
Pré-escolar
Escolar
Adolescente
o Promoção hábitos alimentares saudáveis
SAÚDE ORAL DA CRIANÇA E ADOLESCENTE
1.Enquadramento
Carie dentária - conceito, medidas preventivas/protetoras (Hockenberry & Wilson, 2011; Hagan JF,
2008)
2. Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral - aplicação em crianças e Adolescentes
o Recursos e Serviços (Texto de Apoio 2 -PNSIJ)
o Avaliação do risco em saúde oral (PNSO)
o Promoção da saúde oral no contexto familiar (PNSO- Texto de Apoio)
Escovagem ( frequência, técnica e material)
Dentífricos e suplemento de fluoretos
OBJECTIVOS
Conhecer as especificidades relacionadas com a alimentação da criança e adolescente ao longo do
desenvolvimento.
Conhecer os princípios e estratégias na promoção e vigilância da saúde oral nas crianças e adolescentes
VERTENTES DA ALIMENTAÇÃO
Nutricional
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Educação e adaptação social
- Comunicação efetiva
- Aprendizagem de regras sociais
- Desenvolvimento de capacidades
ALIMENTAÇÃO: 1º ANO DE VIDA
- Idealmente, a discussão sobre a melhor forma de alimentação deve ser iniciada ainda durante a gravidez,
devendo ser abordadas as vantagens dos dois tipos de alimentação (amamentação e fórmula)
- Durante os primeiros 4 meses de vida idealmente, a alimentação da criança deverá ser exclusivamente
láctea, qualquer que seja o seu tipo (aleitamento materno, artificial ou misto).
- Apesar do leite humano ser a dieta mais desejável e completa para o latente durante os 6 primeiros meses,
a decisão cabe exclusivamente aos pais. O latente normal que recebe o leite de uma mãe bem nutrida
geralmente não necessita de vitaminas ou suplementos minerais específicos, com exceção do ferro por
volta dos 4 a 6 meses de vida (de forma a compensar a diminuição de ferro disponível no leite materno).
Suplementos diários de vitamina D podem estar indicados se a ingestão desta vitamina pela mãe for
inadequada.
- Os latentes amamentados não necessitam de outros líquidos, especialmente, água, durante os primeiros 4
meses (?) de vida. A ingestão excessiva de água poderá resultar numa intoxicação pela água,
desenvolvimento insuficiente ou hiponatremia.
- Uma alternativa aceitável para a amamentação é uma fórmula enriquecida com ferro. Tal como o leite
humano, as fórmulas suprem as necessidades nutricionais dos latentes durante os primeiros 6 meses de vida.
A forma de preparação do biberão deverá assim, ser abordada na consulta.
NECESSIDADES CALÓRICAS E HÍDRICAS
Idade Necessidades calóricas Necessidades calóricas
globais
Necessidades hídricas
1-3M 120 Kcal/Kg/dia 600 Kcal/dia 150 ml/Kg/dia
3-6 M 110 Kcal/Kg/dia 600 Kcal/dia 120 ml/Kg/dia
6-11 M 100 Kcal/Kg/dia 700 Kcal/dia 110 ml/Kg/dia
1-2 A 90 Kcal/Kg/dia 900 Kcal/dia 100 ml/Kg/dia
- A partir do 2º ano o crescimento da criança começa a desacelerar e, por isso, as necessidades calóricas
também diminuem
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DURANTE O 1º ANO DE VIDA
Maturação física e neurológica
Nascimento – reflexo de busca, preensão, sucção e extrusão (só desaparece entre os 4 e 5 meses)
4 Meses – maior suscetibilidade do maxilar e pescoço e o padrão de sucção começa a modificar-se
5 aos 9 meses – desenvolvimento das funções oro motoras com passagem da sucção para a deglutição
(ganha capacidade de transporte e deglutição)
- Entre os 2 e 3 meses o bebé deve segurar a cabeça
CARACTERÍSTICAS DA ALIMENTAÇÃO
1º Ano de vida
Alimentação láctea
- Aleitamento materno
- Aleitamento artificial
O latente deve fazer aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses e como complemento até aos 2
anos (OMS)
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Diversificação alimentar
Início?
Melhor altura pra a introdução de alimentos?
- A diversificação alimentar torna-se importante a partir de uma dada altura para suprir as necessidades de
ferro e de algumas vitaminas, essenciais a seu desenvolvimento. As curvas de crescimento foram modificadas
porque aquilo que se preconiza como alimentação inicial é o leite materno e, a partir da altura em que se
altera a alimentação ocorre a desaceleração do crescimento
- Quando a criança é alimentada com leite de fórmula/ leite adaptado, deve diversificar alimentação a partir
A ESCOLHA DO TIPO DE ALEITAMENTO. MATERNO OU FÓRMULAS LÁCTEAS?
Tipos de leite:
Leite materno (LM)
Leite adaptado ou de fórmula (LA)
- LA - adaptado hidrolisado a partir das proteínas do leite de vaca
- Leite de soja – normalmente utilizados em caso de doença metabólicas de intolerância às proteínas do
leite (galactosémia, entre outros)
- Fórmulas especiais – anti obstipantes; anti cólicas; hipoalérgicas; saciedade; desconforto digestivo
- As recomendações das fórmulas podem variar de acordo com o ponto de vista do pediatra. As escolhas são
feitas de acordo com as condições específicas da criança, onde se incluem as condições socio económicas da
família.
Aleitamento artificial - Tipos de leite adaptado
1. Latente 1 (0 a 4/6 M) – desenvolvidos a partir de leite de vaca e de outras fontes (por exemplo, soja), que
pode ser dado à criança quando mãe não pode ou não quer amamentar
2. Transição 2 (4M a 12 M) – apresentam ainda um reduzido teor proteico, elevada percentagem de lactose,
teor elevado de calorias, hidratos de carbono, minerais – principalmente, ferro e vitaminas, do que os
leites para latentes
3. Transição 3 (8M a 36 M) – surgiram da necessidade de combater a tendência para a introdução precoce
do leite de vaca, que pode causar sobrecarga renal e apresenta um défice de vitaminas.
Leite de vaca em natureza está contraindicado no 1º ano de vida…e recomenda-se o adiamento da
sua introdução até aos 24-36 meses de idade da criança
Frequência das mamadas
RN 12 a 14 vezes por dia
Nas primeiras semanas alimentar de acordo com a vontade (máximo de 4 horas de intervalo)
Após o primeiro mês pode fazer 5 horas de intervalo à noite
- A partir do 1º mês podemos começar a regular a alimentação de acordo com o ciclo circadiano. O bebé já
pode passar até 5 horas sem alimentação durante a noite.
PREPARAÇÃO DE UM BIBERÃO
Regras
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1. Deve ser preparado no momento de administração
2. Biberão adequadamente limpo e esterilizado – os biberões devem ser bem limpos e lavados e
depois fervidos com as tetinas durante 10 minutos
Siga rigorosamente as instruções presentes na lata
Passos
3. Colocar água fervida (5 min), deixando-a arrefecer antes de misturar o pó
4. Colocar o “pó”: 1 medida rasa por cada 30 ml de água e aquecer o biberão em banho-maria e
testar a temperatura na parte interna (confirmar)
- Explicar aos pais que, sempre que o bebé tenha fome, em vez de juntar pó para a mesma quantidade de
água, aumentar o pó e aumentar também a água na proporção indicada nas instruções da lata.
- O leite materno nunca deve ser aquecido no micro-ondas, mas em banho-maria, a uma temperatura de
aproximadamente 40ºC, ou em dispositivos próprios para aquecimento do leite materno. Ainda não se sabe
quais os riscos/ efeitos das radiações no leito materno, mas sabes que são degradas muitas proteínas
essenciais
- O leite artificial pode ser aquecido no micro-ondas mas deve ser misturado depois de aquecido porque as
radiações não aquecem o leite uniformemente.
- A quantidade de fórmula por alimentação e o número de refeições por dia varia entre os latentes.
DIVERSIFICAÇÂO ALIMENTAR
Princípios
Iniciar quando o bebé estiver saudável
Sentar o bebé à mesa
Se o bebé resistir ao novo alimento, dar apenas 2-3 colheres de chá do mesmo e completar a refeição
com leite
Não se deve adicional sal à alimentação do latente
Evitar a adição de açúcar e mel – a alimentação do latente já tem as quantidades de sódio e açucares
adequada. O mel associa-se ao risco de adquirir botulismo (pela presença da toxina butulínica, presente
em produtos engarrafados/ enlatados). O hábito de colocar mel na chupeta é cultural.
Quando o novo alimento for bem aceite, substituir a refeição de leite
Fazer um intervalo de 1 semana entre os diferentes alimentos
Alimentar o bebé com uma colher, que deverá ser bem introduzida para contrariar o reflexo de extrusão e
facilitar a deglutição
Respeitar os horários das refeições
Dever ser privilegiados no modo de preparação, os cozidos e os estufados
A ordem pela qual os alimentos se introduzem não é rígida
Deve ser oferecida água
Nota: os alimentos pré-confecionados e embalados poderão ser utilizados como recurso ocasional
- A utilização de chás como a estrela de anis para a prevenção de cólicas também não recomendados,
aumento a suscetibilidade ao risco e dano
- Cada vez que introduzo um alimento novo devo faze-lo num espaço de uma semana (segundo alguns
períodos, entre 2 a 3 dias) para averiguar se a criança faz reação alérgica.
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- A diversificação alimentar costuma iniciar-se com uma sopa simples – sopa ABC (Abobora, batata e cenoura).
Essa sopa não deve ter água e deve ser adicionado um fio de azeite em cru (logo, só após triturar)
DIVERSIFICAÇAO ALIMENTAR – exemplo
Idade Introdução de novos alimentos
4 Meses Iniciar papa sem glúten (lactea ou não lactea) ao almoço. A papa sem glúten deve ser
preparada com leite de formula, de soja ou até leite materno.
5 Introduzir puré de cenoura e batata (com um fio de azeite no final da cozeura e sem
sal) ao almoço. A papa passa a ser dada ao lanche
Cada 3-7 dias Introduzir legume novo na sopa
1 Semana depois Iniciar fruta (maça, banana ou pêra) como sobremesa
1 Semana depois Fazer puré de legumes no caldo de cozedura da carne
5,5 A 6 meses Adicionar 30g/dia de carne triturada ao puré (borrego, frango, peru, carneiro)
6 Meses Pode iniciar papa com glúten
6,5 A 7 Meses A sopa com carne passa a ser dada ao almoço e jantar
9 Meses Iniciar peixe branco esmagado numa das refeições.
Introduzir outras frutas.
Iniciar iogurte natural sem açúcar (depois pode-se juntar bolacha ou fruta)
ALERGIAS ALIMENTARES
Prevenção
Ovo, nozes, amendoins, peixe, leite de vaca e trigo (não existe evidência que sustente o ser adiamento)
Existe uma janela crucial para a exposição aos antigénios orais entre os 4 e os 6 meses, importante para o
desenvolvimento da tolerância.
(Silva e Aguiar, 2011)
- O glúten normalmente é melhor tolerado se a sua intriduçao for feita ainda em conjunto com a alimentação
com aleitamento materno.
A medida dietética mais eficaz é o aleitamento materno exclusivo até aos 4 a 6 meses
Evidência é insuficiente para retardar o inicio da diversificação alimentar para depois dos 4-6 meses…
……
- A introdução de alimentos sólidos antes dos 4 a 6 meses de vida não é recomendada. Durante os primeiros
meses, os alimentos sólidos não são compatíveis com a capacidade do trato gastronitestinal e com as
necessidades nutricionais do latente. O uso de alimentos sólidos para latentes expõe essas crianças a
antigénios alimentares que poderão produzir alergias às proteínas dos alimentos. Para além disso, do ponto
de vista do desenvolvimento, os latentes possuem o reflexo de extrusão fazendo com que a criança empurre
os alimentos para fora da língua.
A ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA DEPOIS DO 1º ANO DE VIDA
12 a 24 meses
Incentivar a criança a comer sozinha, beber pelo copo
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Lidar com os conflitos da refeição – as brincadeiras com a comida; levantar da mesa; biberão durante a
noite
2 a 3 anos
Anorexia fisiológica
Negativismo
4 a 5 anos
Identificação com os adultos
Imitação
Recursa da comida “esquisitices”
- Se eu não como legumes a criança também não vai comer legumes
- Nesta fase a criança tem as tais “esquisitice” – numa semana não comem o que é laranja; noutra não comem
porque tem gordura. Estes comportamentos são normais e fazem parte da sua autoafirmação. È importante
que os pais mantenham os alimentos rejeitados no prato até que a criança, por ver os outros comerem,
comece a aceitar esses alimentos.
Alimentação do adolescente
É o 2º período da vida de maiores necessidades calóricas
A alimentação tem de ser variada
O adolescente segue os usos do grupo e pode adotar hábitos errados de nutrição (produtos de alto valor
calórico e pobre valor nutritivo)
Problemas frequentes: obesidade, bulimia e anorexia
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NECESSIDADE NUTRICIONAIS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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A minha pirâmide para crianças (my pyramide for kids) - Wong
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Aula 16 (CONTINUAÇÃO) – SAÚDE ORAL
29/10/2013
Profª Sónia Colaço
Objetivos
Prevenção de cárie dentária e periodontides
Desenvolvimento e alinhamento corretos dos ossos da face, maxilares e dentes
Prevenção de traumatismos da boca e dentes
CÁRIE DENTÁRIA
Doença infeciosa, transmissível e prevenível, provocada por bactérias (por exemplo streptococcus mutans ou
streptococcus sobrinus) que foram a placa dentária na superfície dos dentes
Doença crónica mais comum nas crianças – 40% das crianças tem cárie dentária à entrada para o jardim de
infância. É responsável por algum absentismo escolar
Nota: as bactérias interagem com os açucares dos alimentos e bebidas, transformando-os em ácidos que
dissolvem o esmalte dentário e provocam a cárie.
SAÚDE ORAL: MEDIDAS PREVENTIVAS
Higiene oral
Dieta e práticas alimentares
Flúor
Visitas ao dentista (cheque dentista)
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DO RISCO DE CÁRIE DENTÁRIA
Baixo Risco Alto Risco
Evidência clínica de doença
Sem lesões de cárie.
Nenhum dente perdido devido a cárie.
Poucas ou nenhumas obturações
Lesões ativas de cárie.
Extrações devido a cárie.
Duas ou mais obturações.
Aparelho fixo de ortodontia
Análise dos hábitos alimentares
Ingestão pouco frequente de alimentos açucarados Ingestão frequente de alimentos açucarados, em
particular entre as refeições
Utilização de fluoretos
Uso regular de dentífrico fluoretado Não utilização regular de qualquer dentífrico
fluoretado
Controlo da placa bacteriana
Escovagem dos dentes duas ou mais vezes por dia Não escova os dentes ou faz uma escovagem pouco
eficaz
Nível socioeconómico da família
Médio ou alto
Baixo
História clínica da criança
Sem problema de saúde
Ausência de medicação crónica
Portador de deficiência física ou mental
Ingestão prolongada de medicamento cariogénicos
Doenças crónicas
Xerostomia
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MEDIDAS PROTETORAS EM CRIANÇAS DE ALTO RISCO
Aplicação de selantes de fissura
Suplemento de fluoretos: um comprimido diário de 0,25mg, dissolvido lentamente na boca, à noite antes de
deitar
Verniz de fluor ou de clorohexidina
FREQUÊNCIA DA ESCOVAGEM DOS DENTES
Duas vezes por dia: a partir da erupção do 1º dente, uma obrigatoriamente antes de deitar
MATERIAL UTILIZADO NA ESCOVAGEM DOS DENTES
0-3 Anos
Gaze; Dedeira; Escova macia de tamanho pequeno
Executada pelos pais
1000-15000 ppm de dentrífico fluretado: quantidade idêntica ao tamanho da unha do 5º dedo da criança
3-6 Anos
Escova macia de tamanhão adequado à boca da criança
Executada pelos pais e/ou criança: a partir do momento em que a criança adquire destreza manual, faz a
escovagem sobre supervisão
1000-15000 ppm de dentrífico fluretado: quantidade idêntica ao tamanho da unha do 5º dedo da criança
Mais de 6 Anos
Escova macia ou em alternativa, média de tamanho adequando à boca da criança e jovem
Executada pelos pais e/ou criança: se a criança não tiver adquirido destreza manual, a escovagem tem que ter
a intervenção ativa dos pais
1000-15000 ppm de dentrífico fluretado: quantidade aproximada de 1 cm
SUPLEMENTO SISTÉMICO DE FLUORETOS
0-3 Anos
Não recomendado
3-6 Anos + Mais de 6 Anos
Não recomendado: Excepcionalmente as crianças de alto risco podem fazer um (1) comprimido diário de
fluoreto de sódio a 0,25mg
BIBLIOGRAFIA
DGS. (2005). Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral. circular normativa nº01/2005 . Lisboa.
DGS. (2013). Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil. Circular normativa nº 10/2013 . Lisboa.
Guerra, A., Rêgo, C., Silva, D., Ferreira, G. C., Mansilha, H., & Ferreira, H. A. (2012). Alimentação e Nutrição do
Lactente. (C. d. SPP, Ed.) Acta Pediatrica Portuguesa , 43(2), S17-S40.
Hagan JF, S. J. (2008). Bright Futures: Guidelines for Health Supervision of Infants, Children and Adolsecents. Elk
Grove Village: American Academy of Pediatrics.
Hockenberry, & Wilson. (2011). Wong's Nursing Care of Infants and Children. Missoury: Mosby Elsevier.
Silva, A. I., & Aguiar, H. G. (2011). Diversificação Alimentar no Primeiro ano de Vida. Acta Médica Portuguesa ,
1035-1040.
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LEITURAS OBIGATÓRIAS
DGS. (2005). Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral. circular normativa nº01/2005 . Lisboa.
Hockenberry, & Wilson. (2011). Wong's Nursing Care of Infants and Children. Missoury: Mosby Elsevier.
Capítulos (8;12;14;15;17;19):
Health Promotion of the Newborn and Family, pp. 261-305
Health Promotion of the Infant and Family, pp. 525-561
Health Promotion of the Toddler and Family, pp. 618-641
Health Promotion of the Preschooler and Family, pp. 650-661
Health Promotion of the School-Age Child and Family, pp. 727-750
Health Promotion of the Adolescent and Family, pp. 828-846
LEITURAS COMPLEMENTARES
Guerra, A., Rêgo, C., Silva, D., Ferreira, G. C., Mansilha, H., & Ferreira, H. A. (2012). Alimentação e Nutrição do
Lactente. (C. d. SPP, Ed.) Acta Pediatrica Portuguesa , 43(2), S17-S40.
Hagan JF, S. J. (2008). Bright Futures: Guidelines for Health Supervision of Infants, Children and Adolsecents. Elk
Grove Village: American Academy of Pediatrics.
Capítulos:
Promoting Healthy Nutrition (p 121-144)
Promoting Oral Health (p 155-166)
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Aula 17 e 18 (TP) – PLANEAMENTO DE UMA CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA A PROMOÇÃO E
VIGILÂNCIA DA SAÚDE DA CRIANÇA E JOVEM (BRIGHT FUTURES)
30/10/2013 E 31/10/2013
Profª Sónia Colaço
ORIENTAÇÕES PARA O TRABALHO A DESENVOLVER
OBJETIVO:
Trabalhar os focos de atenção com que a enfermagem se preocupa na promoção e vigilância da saúde da
criança e do jovem.
SUMÁRIO
1. Apresentação da atividade pelo professor com a identificação dos conteúdos a mobilizar. Revisão dos
conteúdos relativos à estrutura da consulta de Enfermagem - 30 min.
2. Identificação/caracterização dos aspetos de promoção e vigilância da saúde de cada grupo etário pelos
estudantes.
3. Planeamento da consulta de Enfermagem de acordo com a estrutura proposta pelo modelo Bright Futures
e exploração dos conteúdos de orientação antecipatória identificados como foco de atenção.
4. Entrega ao professor e discussão do trabalho realizado, 10 min. cada grupo– Sessão TP dia 5 de
Novembro.
5. Cada grupo de estudantes pesquisa e desenvolve um tema proposto:
Recém-nascido: Conduta face a sinais e sintomas comuns (choro, obstrução nasal, diarreia, obstipação,
febre), Segurança (Posição de deitar, transporte).
Lactente: Alimentação e diversificação alimentar.
Toddler: Controlo/Disciplina (lidar com o negativismo e colocar limites, estratégias mais adequadas à
faixa etária); Prevenção de Acidentes (acidentes mais comuns nesta faixa étária).
Pré-escolar: Saúde Oral (Dentição, escovagem, desmame da chupeta).
Escolar – Relação emocional/comportamentos (Sintomas de instabilidade psicomotora, competitividade,
prazer em jogos de regras); Higiene e Puberdade.
Adolescente – Educação para a sexualidade (autodeterminação sexual, género, relações intimas,
comportamentos sexuais, contracepção); Segurança.
ESTRATÉGIA FORMATIVA
Planeamento de uma consulta de enfermagem para a promoção e vigilância da saúde da criança e do
jovem, suportada nas orientações do “Programa Nacional de Saúde da criança e do Jovem 2013” e na
estrutura de consulta proposta pelo modelo Brigth Futures.
Materiais
Consulta e leitura dos documentos de leitura obrigatória relativos à aula Teórica de 24 de Setembro, 24 de
Outubro e 29 de Outubro.
Consulta e leitura dos Capítulos relativos à Promoção da Saúde da Criança no livro: Hockenberry, M.;
Wilson, D. (2011) Wong’s Nursing Care of Infants and Children, 9th Edition. Missoury:Mosby Elsevier.
Outras Referencias identificadas sobre o tema.
Método
Identificação e caracterização das diferentes etapas da estrutura da consulta de acordo com o modelo
proposto.
Planeamento da consulta (construção das questões a fazer á criança e aos pais, parâmetros a avaliar e
cuidados antecipatórios relacionados com o tema) – em grupo.
Pesquisa dos conteúdos enunciados e apresentação ao grupo.
Apontamentos IEFPT | CLE 2011-2015 | Inês da Conceição Correia, 4313
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Estruturação dos conteúdos integrando-os na organização da consulta.
Preparação da síntese escrita do trabalho realizado e da discussão em sala de aula.
Estímulos de Partida:
Recém-nascido: O Daniel é um recém-nascido que tem uma semana de vida, é o primeiro filho dos pais,
que estão casados há cerca de três anos.
Lactente – A Leonor é uma menina de 6 meses, 2ª filha de um casal divorciado. A Leonor vive com a mãe
e com o irmão de 4 anos.
Toddler: O Manuel é um menino com dois anos, que vive apenas com a sua mãe.
Pré-escolar: A Inês tem cinco anos e vive com os seus pais.
Escolar: O Marco é um menino de 8 anos e vive com os seus dois irmão o seu pai e a sua madrasta.
Adolescente: A Mariana é uma jovem de 13 anos que vive com os pais e com a avó materna.
PRÉ-ESCOLAR: A Inês tem 5 anos e vive com os pais.
A. CONTEXTO
A Inês pertence a uma família nuclear tradicional, que consiste num casal de conjugues e seus filhos
biológicos. As crianças nesse tipo de família vivem com os pais biológicos e, se houver irmãos, apenas irmãos
e irmãs de sangue. Não há outras pessoas no lar (Wong, p. 35)
- nas famílias pequenas mais ênfase é dada ao desenvolvimento individual das crianças, o cuidado dos pais é
mais intenso em vez de extenso e existe uma pressão constante para estar a altura da expectactiva da família
(por parte das crianças).
- nas famílias pequenas existe uma participação mais democrática das crianças, em comparação às mais
alargadas (remetendo-nos para a disciplina a que a criança pode estar sujeita)
ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO:
Cognitivo: Pré-operatório (2-7A) – pensamento intuitivo.
Caracterizado por justificações tautológicas, fenomenismo, percepção dos dados sensoriais e irreversibilidade.
Psicossexual: Lactente (5-9A).
Psicossocial: Iniciativa Vs sentimento de culpa (3-6A).
- núcleo das relações significativas é a família.
- comportamentos: fazer, reproduzir, fazer de conta e brincar.
- criança com iniciativa porque vê e exibe.
- maior exploração de explorar, com aquisição de maior desenvolvimento intelectual.
Tarefas:
Desenvolvimento da linguagem, pensamento, socialização.
A criança mostra-se mais apta para o desempenho de desafios mais complexos já que é esperado que
domine as tarefas primárias de socialização (vestir-se, controlar os esfíncteres...)
Busca de autonomia.
- Ajudam os pais a perceber o que é esperado da criança, contextualizando
B. PRIORIDADES PARA A VISITA
- Questionar os pais acerca do que é que a Inês já é capaz de fazer, a alimentação, a nível da actividade física e
a nível cognitivo (se é atenta, que reage aos estímulos, que tenta entrar nas conversas dos outros ou que, por
sua vez, isola-se... se tem muitos amigos no JI). Aqui é também o momento para os pais, em contra-partida,
colocarem dúvidas acerca daquilo que ela faz.
- E perguntar, claramente, se há alguma coisa que os tem vindo a preocupar.
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- Aplicação da escala de competências de desenvolvimento infantil, já que a Inês tem 60 meses e é o último
estadio de desenvolvimento para aplicação da escala. Perceber, face aos resultados anteriores, se a Inês
progrediu ou mantêm uma idade cronológica em congruência à idade de desenvolvimento.
- perguntar se tem algum tem algum dente a abanar, se já lhe caiu algum e se usa ainda chucha (pode nunca
ter usado).
C. VIGILÂNCIA DE SAÚDE
De acordo com o PNSIJ (2013) apontam-se como parâmetros gerais a avaliar aos 5 anos:
1. Peso
2. Altura
3. IMC
4. Exame físico
5. Visão
6. Audição
7. Desenvolvimento
8. Vacinação
9. Relação emocional / comportamento (perturbações)
10. Risco de maus tratos
11. Dentição
12. Linguagem/ dificuldades de aprendizagem
13. TA
14. Postura
15. Segurança do ambiente
C1- HISTÓRIA
Dar continuidade à história.
Perceber o que aconteceu desde a última consulta e a actual.
Perceber se tem alguma doença prévia (dados objectivos de saúde que caracterizam os desvios).
C2 – INTERAÇÃO PAIS-CRIANÇA
Na interacção entre os pais e a criança existem alguns indicadores a avaliar para a verificação da existência de
uma vinculação segura entre ambos, nomeadamente:
1. Comportamentos da criança face ao cuidador de cuidados:
- reage positivamente à sua aproximação
- procura a proximidade e mentém o contacto com ele
- envolve-se em interacções à distância
- acalma-se na sua presença
- sossega facilmente após encontro com ele
- usa-o como uma base segura para exploração
- prefere a sua companhia à de um estranho
2. Comportamento do cuidador:
- responde às necessidades da criança de modo caloroso, sensível e fiável
- reage de forma contingente às manifestações da criança
- está disponível física e emocionalmente
- tem prazer na interacção com o bebé
(Promoção da Saúde Mental na Gravidez e Primeira Infância)
C3 – VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO
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Para avaliação do desenvolvimento, recorre-se à escala de avaliação das competência de
desenvolvimento de Mary Sheridan
- Postura e motricidade global
Fica num pé 3 a 5 segundos, com os braços dobrados sobre o tórax
Salta alternadamente num pé
- Visão e motricidade fina
Constrói 4 degraus com 10 cubos
Copia o quadrado e o triângulo
Conta cinco dedos de uma mão e nomeia 4 cores
- Audição e linguagem
Sabe o nome completo, idade, morada e habitualmente a data de nascimento
Tem vocabulário fluente e articulação geralmente correcta (pode haver confusão nalguns sons)
- Comportamento e adaptação social
Veste-se sozinho(a)
Lava as mãos e a cara e limpa-se sozinho(a)
Escolhe o(a)s amigo(a)s
Compreende as regras do jogo
- Sinais de Alarme – 5 anos:
É hiperactivo(a), distraído(a) e tem dificuldade de concentração
Apresenta linguagem incompreensível, substituições fonéticas, gaguez
Tem estrabismo ou suspeita de défice visual
Apresenta perturbação do comportamento
Parâmetros a avaliar na faixa etária 5-6 A, segundo Mary Sheridan (PNSIJ, 2013)
Material: Painel de Cores
- Comportamento e adaptação social
Veste-se sozinho(a)
Lava as mãos e a cara e limpa-se sozinho(a).
Escolhe o(a)s amigo(a)s.
Compreende as regras do jogo.
- Visão e motricidade fina
Constrói 4 degraus com 10 cubos após demonstração.
Copia o quadrado e o triângulo (não deve ser desenhada na frente da criança).
Conta 5 dedos de uma mão.
Nomeia 4 ou mais cores e combina até 10 cores.
Desenha a figura humana (cabeça com alguns pormenores, tronco, pernas e braços).
- Postura e motricidade global
Fica num pé 8 a 10 segundos com os braços cruzados.
Salta alternadamente num pé (numa distância de 2 a 3 metros).
- Audição e linguagem
Sabe o nome completo, a idade, morada e habitualmente a data de nascimento.
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117
Vocabulário fluente e articulação geralmente correta:
- Pode haver redução de grupos consonânticos (por ex. todos os grupos que contenham Cr ou Cl).
C4 – EXAME FÍSICO
Geralmente, a abordagem a um paciente é recomendada no sentido céfalo-caudal na medida em que esta
conduta sistemática e organizada fornece uma orientação geral para a avaliação de cada área do corpo com o
objectivo de evitar a omissão de determinadas partes do exame. No entanto, no caso das crianças, existem
excepções a esta sequência que se devem, de facto, à idade cronológica e às características do
desenvolvimento da criança que pretendemos abordar (excepções estas que abrangem apenas a observação;
nunca os registos, que têm de ser feitos sempre e em qualquer circunstância respeitando a ordem
padronizada, céfalo-caudal).
De facto, o principal critério para a avaliação dos sistemas corporais na criança abrange as suas necessidades,
características pessoais e o seu estádio de desenvolvimento, pelo que esta alteração na sequência do exame
acarreta vários benefícios, nomeadamente: a minimização do stress e da ansiedade associados à avaliação de
várias partes do corpo; a promoção de uma relação de confiança entre enfermeiro-criança-pais; a
possibilidade de preparação da criança; a preservação da segurança essencial da relação pais-criança
(principalmente no caso de crianças pequenas) e a maximização da precisão e da fiabilidade dos resultados da
avaliação.
C5 – RASTREIOS
Aplicar a escala de avaliação das competências de desenvolvimento, como rastreio do desenvolvimento, onde
se inclui a avaliação do desenvolvimento cognitivo
C6 – VACINAS
5ª dose da DTPa (difteria, tétano, tosse convulsa)
4ª dose da VIP (poliomielite)
VASPR (2ª dose) – (sarampo, parotidite epidémica, rubéola)
C7 – OUTRAS INTERVENÇÕES
Orientação antecipada – janelas de abertura que se fazem em determinadas fases do desenvolvimento da
criança de modo a preparar os pais para esse desenvolvimento.
D. ORIENTAÇÃO ANTECIPADA
(Preocupações dos pais, janelas de aberturas que se fazem em certos pontos de vida das crianças, pq os pais
também se adaptam aos padrões de desenvolvimento das crianças. Para ter um impacto positivo. Quanto mais
conhecimento têm sobre as crianças, melhor se adaptam e permitem um melhor desenvolvimento)
Orientações gerais para esta idade (Cuidados antecipatórios PNSIJ, 2013)
1. Restrição de alimentos açucarados, fritos, sumos, gorduras. Reforçar necessidade de pequeno-almoço e
lanche a meio da manhã – ver BSIJ ou eBoletim.
2. Ler com os pais as indicações no BSIJ/emails do eBoletim.
3. Conversar sobre o infantário ou a escola (adaptação e socialização), valorizar opinião de outros técnicos –
ligação à Saúde Escolar.
4. Estimular a perceção da lateralidade.
5. Estimular criatividade e hábitos de leitura, racionalizar hábitos de televisão/computador/vídeo jogos.
6. Ter atenção a sintomas de instabilidade psicomotora nos diferentes contextos de vida.
7. Enurese noturna e encoprese – um grande grupo de crianças ainda não tem controlo noturno de
esfíncteres.
8. Preparação da entrada para a escola, adaptação ao meio escolar e promoção do sucesso escolar, postura
correta.
9. Competitividade, prazer em jogos de regras.
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10. Caminho para a escola, transporte escolar, quedas, intoxicações, afogamentos e queimaduras.
11. Horas de sono adequadas à idade, valorizar dificuldades em adormecer e pesadelos frequentes e
recorrentes como sinais de alerta.
12. Aos 7 A a criança receberá, na escola (ensino público e Instituições Particulares de Solidariedade Social
(IPSS), um cheque-dentista ou um documento de referenciação para a consulta de HO (ver Texto de apoio
2 – Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral – aplicação em saúde infantil e juvenil).
13. Introduzir a utilização do fio dentário.
14. Verificar a utilização do cheque-dentista ou documento de referenciação para HO dos 7A e a existência de
registos no BSIJ ou eBoletim.
SAÚDE ORAL (concretizar e enfatizar o tema proposto)
- Importância da promoção de doenças dentárias (ex: cáries), da saúde peridontal; doenças da mucosa oral e
trauma ou dano na mucosa oral e dentes.
- Caracterizar o tipo de família, exame global (rastreios – visual, auditivo, avaliação do desenvolvimento... o
que é suposto ter para estar preparado para ir para a escola... mais detalhado do ponto de vista do
desenvolvimento).
SAÚDE ORAL E IDADE DA INÊS
QUESTÕES AOS PAIS:
- quantas vezes a criança lava aos dentes?
- se faz flúor?
- se é a criança que realizar a higiene oral sozinha ou se são os pais?
SENSIBILIZAÇÃO JUNTO DOS PAIS: (Crenças, conhecimentos e atitudes de crianças pré-escolares acerca da
saúde oral – Rita Ferreira, Lisboa, 2012)
Explicar aos pais:
- que a criança tem, ainda, um conceito de saúde dicotomizado, onde saudável é o oposto de estar doente.
- que a criança pode ter conhecimento das boas práticas mas não as colocar em prática.
- p.e. a criança pode saber que é necessário lavar os dentes, mas só o fazer esporadicamente ou não o fazer
por considerar que só quem tem dentes doentes é que deve lavá-los.
- que a criança deverá associar tipos de comida e saúde oral, saúde dos dentes.
- que a criança aprende por imitação e que os comportamentos dos pais têm grande influência.
- que a criança precisa de manipular os materiais e que a presença dos pais é fundamental nesse processo,
promovendo um ambiente mais lúdico/educativo
RECOMENDAÇÕES:
Tem 5 anos
Progressiva
autonomia da
criança
Aprendizagem por
imitação
Exemplo dos pais
com maior
relevância
Deve-se fomentar
o início da
lavagem dos
dentes
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- recomendar os pais a marcar uma consulta na higienista oral infantil, em que há a transição da queda dos
dentes e uma nova erupção dentária (permanente).
- a idade em que a Inês está é uma das idades mais importantes e decisivas na aquisição de comportamentos
saudáveis na área da saúde oral (por imitação, pode imitar os pares, o que nem sempre pode significar boas
práticas de saúde oral).
Estratégias de prevenção de saúde oral na criança (CARLA RODRIGUES, TESE DE LISBOA, 2008)
Dieta
- orientação quanto ao consumo racional de açúcares;
- informar aos pais que os alimentos do tipo “pegajosos” tendem a aumentar o risco de cáries, uma vez que
estes alimentos contactam persistentemente com os dentes.
- esforço para minimizar a adição de açúcar (para além do estado natural dos alimentos) e impor limites à
ingestão de líquidos açúcarados;
- os snacks entre refeições aumenta o risco associado para a degradação dos dentes nas crianças.
Factores de risco
- avaliação do risco de cárie começa numa baixa idade e deve ser repetida periodicamente;
- os riscos para o desenvolvimento de cáries incluem: factores físicos, biológicos, ambientais,
comportamentais e relacionadas com o estilo de vida. Exemplos: exposição a um elevado nível de bactérias
capazes de provocar cáries, fluxo salivar inadequado, insuficiente exposição ao flúor, deficiente higiene oral,
métodos apropriados de alimentação da criança.
Controlo da placa bacteriana
Este controlo passa pela escovagem regular dos dentes e a utilização de fio dentário, em que ambos têm
efeitos positivos e melhores meios para a remoção da placa bacteriana.
O flúor
- visto como o componente mais importante para reduzir o risco de cáries e a exposição de cáries ao longo da
vida;
Uso de dentrífico fluoretado
Deve ser realizada ou supervisionada pelos pais, dependendo da destreza
manual da criança
Pelo menos 2 vezes ao dia, sendo uma delas,
obrigatoriamente, antes de deitar
Não se recomenda qualquer tipo de suplemento
sistémico com fluoretos (apenas em crianças de alto
risco à cárie dentária)
Desaconselhado o consumo de guloseimas e
refrigerantes, sobretudo fora das refeições.
Dieta Factores de risco Controlo da placa
bacteriana O flúor
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- considera-se que a sua acção preventira e terapêutica é tópica e pós-eruptiva e que, para obter este efeito
tópico, o dentrífico fluoretado constitui uma opção consensual.
- a presença, ainda que pequena, de flúor mostra ter efeitos positivos no equilíbrio entre os factores
associados com a desmineralização e remineralização da estrutura do dente.
- em situação de elevado risco – é imprescindível a utilização de produtos fluorestados de alta concentração.
PAIS:
- supervisionar a quantidade de pasta com flúor colocada na escova;
- necessidade de incentivar as crianças a cuspir em vez de engolir.
Nota:
A criança desenvolve-se por tapas e por padrões, com necessidades específicas. Os pais devem ter a
capacidade de responder às necessidades da criança. Surge uma janela de oportunidade prévia, a considerar
antes destas etapas de transição/ crises.
Apresentação – perguntar se está tudo bem desde a última consulta para reduzir a ansiedade
Na componente “história” o que queremos saber é o que aconteceu entre uma história e outra
Fazer a ponte para aquilo que é esperado para a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra
Nota 2: Falta a TP sobre Vacinação
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121
Aula 19 – TRANSIÇÕES NA FAMÍLIA: O CASAL DE MEIDA IDADE E SAÍDA DOS FILHOS DE CASA (5ª
ETAPA); A ULTIMA ETAPA DO CICLO DE VIDA FAMILIAR (6ª ETAPA)
13/11/2013
Profª Emília Brito
SUMÁRIO ALARGADO
1. AS TRANSIÇÕES NA FAMÍLIA: O casal de meia-idade e a saída dos filhos de casa (5ª etapa):
Aceitar Múltiplas saídas e entradas no sistema familiar;
Renegociação do sistema conjugal como díade;
Desenvolvimento de relacionamentos adulto-adulto entre filhos e pais;
Realinhamento das relações para incluir parentes e netos;
Lidar com incapacidades e morte dos pais (avós)
2. AS TRANSIÇÕES NA FAMÍLIA: A última etapa do ciclo de vida da família (6ª etapa):
Aceitar a mudança de papéis das gerações;
Manutenção do funcionamento e interesses do casal em face do declínio fisiológico;
Exploração das novas opções de papéis familiares e sociais;
Valorizar o papel da geração de meia-idade;
Dar espaço à sabedoria e à experiência dos idosos, apoiando a geração mais velha;
Lidar com as perdas (cônjuge, irmãos e outros companheiros);
Preparar-se para a própria morte;
Revisão de vida e integração.
OBJETIVOS
Acabar
CONTEÚDOS A ABORDAR
Processo de transição
Múltiplas saídas e entradas no sistema familiar
Mudanças de 2ª ordem
Renegociação do sistema conjugal como díade
Desenvolvimento de relacionamentos adulto-adulto entre filhos e pais
Realinhamento das relações para incluir parentes e netos
Lidar com incapacidades e morte dos pais (avós)
FAMÍLIA
Eu; Tu - Nós Nós + Filhos Eu; Tu Eu; Tu + Outro/a
”Grupo com as características específicas: Grupo de seres humanos vistos como uma unidade social
ou um todo coletivo, composto por membros ligados através da consanguinidade, afinidade
emocional ou parentesco legal, incluindo pessoas que são importantes para o cliente. A unidade
social constituída pela família como um todo é vista como algo para além dos indivíduos e da sua
relação sanguínea, de parentesco, relação emocional ou de legal, incluindo pessoas que são
importantes para o cliente, que constituem as partes do grupo.”
CIPE (2006: 171)
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122
1.1. MULTIPLAS SAÍDAS E ENTRADAS NO SISTEMA FAMILIAR
Blended family (“família reconstituída) – filhos biológicos+ enteados + filhos
(Carter e McGoldric, 1989)
ACCEPPTING A MULTIPLE OF EXISTS FROM AND ENTRIES INTO THE FAMILY SYSTEM
Crianças e pais dos membros do casal existentes e os que resultam da segunda uniao e outros familiares
resultantes da união
Emergem como pessoas….
Família nuclear (M+H+F
Biológicos
Companheiro do filho
Netos
Companheiro do pai ou mãe
Filhos da 2º união do pai
ou mãe
Pais do 2º companheiro do pai ou mãe
Filhos adotados
Outros que assumem
significado na vivência
Divórcio com saída do H ou
M
Elevado numero de divórcios nos EUA
Dissolução do casamento e novo casamento
Avaliar como este fenómeno se repercute nas fases do ciclo de vida familiar
Antes do divórcio
Depois do divórcio
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123
Extensão/ parentalidade isolada; divórcio; pai e mae solteiro; viúvo(a); adoção monoparental
1.1.1. Impacto dos movimentos no ciclo de vida familiar
Estrutura
Agregação
Separação
Incorporação
Funcionalidade
Assunção de papéis
Redefinição de papéis
Dividir responsabilidades
Tomada de decisão
Gestão de recursos
(Carter e McGoldrick, 1989)
1.2. RENEGOCIAÇÃO DO SISTEMA CONJUGAL COMO DÍADE
Dispõem pela primeira vez de recursos económicos para gastar apenas consigo
Possibilidade de empreender novas atividades e concretizar projetos
Síndrome do “ninho vazio”
Segundo Erickson, o casal entre 20/50 passa pela etapa da estagnação
1.3. DESENVOLVIMENTO DE RELACIONAMENTOS ADULTO-ADULTO ENTRE FILHOS E PAIS
Filhos independentes
Síndrome do ninho vazio
Pais questionam a capacidade de independência dos filhos – financeira e emocional
Assumem suporte financeiro dos filhos (terminar formação em c urso)
Filhos regressam a casa dos pais
Pais dependentes no autocuidados
Filhos assumem o papel de cuidador familiar
Filhos dependem economicamente dos pais – vivência em conjunto reduz gastos
Pais e filhos
1º os filhos
2º o casal
Pais
1º o casal
2º os filhos
Mais tempo para os 2
•Possibilidade de confronto e/
ou conflito
•Aprenderem a viver só os 2
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124
Em suma: compromisso | negociação | conforto
------
1.4. LIDAR COM A INCAPACIDADE E MORTE DOS PAIS (AVÓS)
1.4.1.Limitação no exercício do autocuidado
Alimentar-se, auto elevar-se, cuidar da higiene, divertir-se, var-se, transferir-se, virar-se (CIPE)
2. FAMÍLIAS NO FIM DE VIDA
2.1. ACEITAR A MUDANÇA DE PAPEIS DAS GERAÇÕES (PROCESSO DE TRANSIÇÃO)
Manutenção do funcionamento e interesses do casal em face do declínio fisiológico
Exploração das novas opções de papeis familiares e sociais
Valorizar o papel da geração de meia-idade
Dar espaço à sabedoria e à experiência dos idosos, apoiando a geração mais velha
Lidar com as perdas (cônjuge, irmaos e outros companheiros); preparar para própria morte;
Revisão de vida e integração
Eventos
Cônjuges idosos
Reforma
Doença incapacitante
Rutura com a família através da morte
Necessidade de mudar e resiliência
Tarefas de desenvolvimento da família idosa
Habitação
Ajuste do rendimento
Rotinas confortáveis
Proteger a saúde
Manter a relação de afeto
Manter contacto com a família e rede social
Partilha
passiva/ ativa
Construção
interativa
Aprendizagem
colaborativa
Suporte
partilhado
Estratégias co-
construídas
Transição de desenvolvimento – envelhecimento
Transição situacional – reforma
Transição saúde/ doença – isolada ou múltiplas –
diabetes, IC, HTA
Vivencia de situação de doença crónica
Vivencia de agudização de doença crónica
Compromisso funcional
Dependência no autocuidado
Assunção do papel de cuidador familiar
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125
Manter-se ativo
Encontrar sentido para a vida
2.2. MANUTENÇÃO DO FUNCIONAMENTO E INTERESSE DO CASAL FACE AO DECLÍNIO FISIOLÓGICO (8ª
etapa de Erickson – fase integrativa)
Relacionamento conjugal
Preparação e aceitação do envelhecimento
Diminuição progressiva da autonomia
Maior suscetibilidade à doença
Diminuição da atividade física e mental
2.3. EXPLORAÇÃO DAS NOVAS OPÇÕES DE PAPÉIS FAMILIARES E SOCIAIS
Avós sogros
Mudança de status dos membros idosos da família
Independência/ dependência
2.4. VALORIZAR O PAPEL DA GERAÇÃO DE MEIA-IDADE (que se encontra na 5ª etapa, segundo o modelo
de McGoldrick e Carter)
Trabalhadores no ativo
Cuidadores dos filhos
Cuidadores dos pais
2.5. DAR ESPAÇO À SABEDORIA E À EXPERIÊNCIA DOS IDOSOS, APOIANDO A GERAÇÃO MAIS VELHA
Avós participam na educação dos netos
Transmissão da história (época em que viveram) e das estórias familiares
Transmissão da cultura
Novas formas de comunicação
Apoiar a geração mais velha
2.6. LIDAR COM A PERDA DO CÔNJUGE, IRMÃOS E OUTROS COMPANHEIROS
2.7. PREPARAR-SE PARA A PRÓPRIA MORTE
2.8. REVISÃO DE VIDA E INTEGRAÇÃO
A PERDA NA FAMÍLIA
Luto – “emoção: sentimentos de pena associados a perda ou morte significativa, antecipatória ou real; choque
e descrença (fase de choque); exaustão, cansaço extremo e letargia, angústia mental, reações de perda e
pranto, chorar ou soluçar, alrme, descrença, raiva, negação (fase da reação); ajuste, aceitação, reorientação,
expressão de sentimentos de perda, aceitação da realidade da perda, ausência de stress somático, expressão
de expetativas positivas sobre o futuro (fase de aceitação)”. (CIPE, 2011: 61)
Luto familiar – “Processo de luto: experienciado pela família após a perda de um ente querido ou de algum
bem material ou imaterial, com manifestação de sofrimento acompanhado por sintomas físicos e emocionais
em mais do que um membro da família, ambiente familiar de luto e sofrimento, tristeza partilhada e
desorganização temporária das rotinas familiares”. (CIPE, 2011: 61)
Processo de luto – “Resposta psicológica: processo de resolver o luto, reaçao emocional para ajudar a
ultrapassar uma grande perda pessoal, sentimentos de pena ou de perda extrema, que se processam através
do pranto e do nojo, trabalho consciente com reações e emoções de sofrimento”. (CIPE, 2011)
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126
Sentimentos comuns no processo de luto
Tristeza
Raiva
Culpa e autocensura
Ansiedade
Solidão
Fadiga
Desamparo
Choque
Anseio
Emancipação
Alívio
Torpor
Comportamento após a perda
Distúrbios do sono
Distúrbios do apetite
Comportamentos de distração (“andar aéreo”)
Isolamento social
Sonhos com a pessoa falecida
Evitar lembranças da pessoa falecida
Procurar e chamar pelo ente querido
Suspirar
Hiperatividade
Chorar
Visitar sítios ou transportar consigo objetos que lembrem a pessoa perdida
Guardar objetos que pertenciam à pessoa falecida
(Worden, 1991)
Quatro tarefas do processo de luto
1. Aceitar a realidade da perda
2. Trabalhar a dor da perda
3. Ajustar-se a um ambiente em que o falecido está ausente
4. Transferir emocionalmente o falecido e prosseguir com a vida
(Worden, 1991)
FAMÍLIAS NO FIM DE VIDA
…..
…..
ENFERMAGEM E FAMILIAS NO FIM DE VIDA – o enfermeiro trabalha com:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
§Carter, B. & McGoldrick, M. (1995). As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar: Uma estrutura para a terapia
familiar. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed.
§Hanson, S. M. H. (2005). Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família: Teoria, Prática e
Investigação. Loures: Lusodidacta.
§Figueiredo, M. H. (2012). Modelo dinâmico de avaliação e intervenção familiar: Uma Abordagem Colaborativa
em Enfermagem de Família. Loures: Lusociência.
Manter o bom
funcionamento
Ajudar as famílias a
proporcionar os
cuidados
Restaurar a saúde Evitar ou reduzir o
efeito da doença
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127
§Wright, L. M. & Leahey, M. (2012). Enfermeiras e Famílias: Um Guia Para Avaliação e Intervenção na Família.
Lisboa: Editora Roca.
§Honoré, B. (2004). Cuidar. Persistir em conjunto na existência. Loures: Lusociência.
§ICN. (2011). CIPE, Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, Versão 2. (H. Marin, Trad.) Lisboa:
Versão portuguesa - Ordem dos enfermeiros.
§Lopes, D., & Duarte, H. (2010). Tempos e marcadores de vida e capital social. In M. Pais, & V.
Ferreira, Tempos e transições de vida. Lisboa: ICS Imprensa de Ciências Sociais.
§Meleis, A., Sawyer, L., Im, E., Messias, D., & Schumacher, K. (2000). Experiencing Transitions: An Emerging
Middle-Range Theory. Advanced Nurse Science (23(1):12-28).
§Organization, W. H. (2007). Active ageing: a framework for age-friendly cities. In W. H. Organization, Global
Age-friendly Cities: A Guide. WHO Library Cataloguing-in-Publication Data.
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128
Aula 20 – CUIDAR DA FAMÍLIA EM DIFERENTES CONTEXTOS ASSITENCIAIS: EM SITUAÇÃO DE
INTERNAMENTO DE UM MEMBRO
14/11/2013
Profª Anabela Mendes
SUMÁRIO ALARGADO
Cuidar da família em diferentes contextos assistenciais: Em situações de internamento de um membro.
OBJETIVOS
Acabar
FOCOS DE ABORDAGEM
Família
O internamento de um dos seus membros
O INTERNAMENTO
Admissão – compreende o internamento de uma pessoa por um período nunca inferior a 24 horas (INE, 2002)
Pessoa doente | Família
PESSOA DOENTE | FAMÍLIA
Pessoa doente – experiência de transição saúde-doença
Família – experiência de transição situacional
INTERNAMENTO DE UM MEMBRO – importa diagnosticar
PRIMEIRO INTERNAMENTO? EXPERIÊNCIAS ANTERIORES?
Considerar:
contexto de
internamento
motivo de
internamento
primeiro
internamento?
experiências
anteriores?
quem é o
membro da
família que está
internado no
contexto família
qual é o papel
deste membro na
dinâmica familiar
- o que daqui
ocorre
Desconhecimento
• Do contexto de
internamento
• Das normas e rotinas
Experiências anteriores
negativas
• Pela perceção dos
cuidados; pelo
resultado alcançado
Experiencias anteriores
positivas
• Satisfação com os
cuidados; resposta
institucional às
necessidades; resolução
ou encaminhamento da
situação de doença
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129
INTERNAMENTO
1. Unidades de convalescença
2. Unidades de média duração e reabilitação
3. Unidades de longa duração e manutenção
4. Unidades de cuidados paliativos
1. Unidades de convalescença
Fonte:http://www.rncci.minsaude.pt/rncci/constituicao/internamento/Paginas/UnidadesdeConvalescenca.aspx
Definição - “Unidade de internamento, independente, integrada num hospital de agudos ou noutra
instituição se articulada com um hospital de agudos, para prestar tratamento e supervisão clínica, continuada
e intensiva, e para cuidados clínicos de reabilitação, na sequência de internamento hospitalar originado por
situação clínica aguda, recorrência ou descompensação de processo crónico.” (art. 13.º do D.-Lei n.º 101/2006,
de 6 de Junho)
Finalidade - a estabilização clínica e funcional, a avaliação e reabilitação integral da pessoa com perda
transitória de autonomia potencialmente recuperável e que não necessita de cuidados hospitalares de agudos.
Objetivos - responder a necessidades transitórias, visando maximizar os ganhos em saúde:
Promover a reabilitação e a independência dos utentes;
Contribuir para a gestão das altas dos hospitais de agudos;
Evitar a permanência desnecessária nos serviços dos hospitais de agudos;
Optimizar a utilização de unidades de internamento de média e longa duração.
Caracterização - Destina-se ao tratamento de situações pós-agudas, com necessidade de recuperação
intensiva, nomeadamente no âmbito da reabilitação da pessoa, na sequência de internamento hospitalar ou
agudização de doença crónica cujo tratamento não exija recursos de um hospital de agudos. Destina-se a
internamentos com previsibilidade até 30 dias consecutivos. Pode coexistir com a unidade de internamento de
média duração e reabilitação.
Destinatários - maioritariamente doentes dependentes, a necessitar de componente de reabilitação intensiva.
São, na sua grande maioria, doentes oriundos de serviços de Medicina Interna, de Oncologia, de Cirurgia, de
Ortopedia/Traumatologia, de Neurologia.
Serviços - A unidade de convalescença assegura:
Cuidados médicos permanentes;
Cuidados de enfermagem permanentes, pelos quais se entende presença de enfermeiro 24 horas/dia;
Meios complementares de diagnóstico (laboratoriais e radiológicos);
Cuidados de fisioterapia, pelos quais se entende permanência de fisioterapeuta em horário completo e
avaliação por médico fisiatra, pelo menos semanal;
Apoio psicossocial, pelo que se entende permanência de técnico de intervenção social em horário
completo;
Higiene, conforto e alimentação, pelos quais se entende a prestação de serviços hoteleiros com apoio de
dietista, em tempo parcial;
Convívio e lazer, pelo que se entende a criação de ambiente motivador da participação social dos utentes,
cuidadores e voluntários organizados.
Tipo de cuidados - As necessidades de cuidados de convalescença não obrigam à utilização da alta
tecnologia de um hospital de agudos.
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130
Os cuidados a prestar decorrem, sobretudo, da prestação de cuidados de saúde iniciada em internamento
hospitalar e/ou da agudização ou intercorrência de episódio de doença crónica. Destinam-se,
fundamentalmente, à reabilitação e à rápida reintegração dos seus utentes no seu meio de vida e em
condições da maior autonomia possível.
Consideram-se como requisitos mínimos para a prestação de cuidados:
Disponibilidade de cuidados médicos permanente;
Observação médica diária, com revisão do plano terapêutico e funcional;
Disponibilidade de cuidados de enfermagem permanentes;
Disponibilidade de cuidados de reabilitação, com fisiatra, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional;
Apoio na execução das actividades de vida diária assegurado por pessoal auxiliar com formação
específica;
Protocolo de articulação com o hospital de referência, nas especialidades necessárias à adequada
prestação de cuidados.
Equipa - equipa multidisciplinar das áreas de saúde e da ação social, determinada pela natureza dos cuidados
a prestar, tendo em conta que se destinam, particularmente, à reabilitação e rápida reintegração dos utentes
no seu meio de vida em condições da maior autonomia possível. A multidisciplinaridade e
multiprofissionalidade do pessoal da equipa, bem como a correcta dotação de pessoal, contribuem para
garantir uma prestação de cuidados articulada e global, com um elevado padrão de qualidade. A equipa
multiprofissional para uma Unidade de Convalescença com 30 camas, deve, no mínimo, integrar os seguintes
de profissionais de saúde:
Enfermeiros (sendo preferencialmente, um especialista em Reabilitação)
Médicos (sendo um fisiatra)
Fisioterapeuta
Dietista
Auxiliares de ação médica
A equipa multidisciplinar deve, no mínimo integrar, os seguintes profissionais de ação social:
Técnico de serviço social
Assistentes administrativos
Estrutura Orgânica - Conjunto de espaços, articulados entre si, necessários à realização de funções
específicas, de forma a possibilitar um funcionamento de qualidade.
São áreas funcionais da Unidade de Convalescença:
Acolhimento/recepção;
Área de internamento;
Outras áreas de prestação de cuidados: tratamentos, reabilitação, etc;
Áreas de apoio às áreas técnicas e de convívio.
Serviços de direcção e serviços técnicos;
Áreas de apoio geral: cozinha, lavandaria/ rouparia, esterilização, armazém, resíduos, etc;
Instalações para o pessoal: vestiários, instalações sanitárias, salas de pausa, etc.
Organização - organiza-se de modo a garantir aos seus utentes cuidados individualizados e humanizados.
A Unidade de Convalescença pode organizar-se como:
Serviço autónomo, em espaço próprio;
Serviço integrado numa estrutura existente, desde que esta garanta as condições necessárias ao
desenvolvimento desta tipologia de resposta.
Para cada utente admitido deve ser constituído um Processo do Utente que integre os componentes
administrativos, sociais e clínicos:
Componentes administrativos:
Identificação e residência do próprio;
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131
Identificação, residência e telefone de familiar ou outra pessoa a contactar em caso de necessidade;
Identificação da entidade referenciadora;
Identificação do médico assistente e respectivo contacto;
Data de início e final do episódio de internamento.
Componentes sociais e clínicos:
Diagnóstico das necessidades de saúde e sociais;
Plano Individual de Cuidados, expressando as actividades a desenvolver de acordo com os objectivos a
atingir;
Consentimento informado do utente;
Registo sistemático dos cuidados prestados por cada elemento da equipa, datado e rubricado, em suporte
único de registo;
Actualização periódica, no mínimo semanal, do Plano Individual de Cuidados;
Nota de Alta, contendo a avaliação multidisciplinar.
Funcionamento - processa-se de acordo com regras definidas em Regulamento Interno. Do Regulamento
Interno deve constar:
Critérios de admissão e de alta dos utentes;
Definição das competências e funções de cada um dos profissionais da equipa e/ou outros prestadores;
Horários de funcionamento;
Comparticipações dos utilizadores, de acordo com critérios fixados;
Outros.
O Regulamento Interno deve estar acessível aos profissionais, utentes e seus familiares.
Implementação - deverão constituir-se em equipamento independente dos Hospitais de Agudos, na sua
proximidade. Para optimização de recursos, poderão situar-se, nas suas instalações ou na dos Centros de
Saúde com unidades de internamento, considerando a reconversão e adaptação das instalações já existentes.
O número das Unidade de Convalescença a contratualizar será estimado em função das características sócio-
demográficas, bem como do panorama de equipamentos edificados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), da
região de implementação. Genericamente, para cada área de influência regional, a resposta em Convalescença
não deverá ultrapassar as 24 camas por cada 100.000 habitantes.
O local para implementação das Unidade de Convalescença deve obedecer aos seguintes requisitos:
Ter boas acessibilidades;
Ser implantado em zona com boa salubridade, longe de estruturas ou infra-estruturas que provoquem
ruído, vibrações, cheiros, fumos ou outros poluentes considerados perigosos para a saúde pública e que
perturbem, ou interfiram negativamente, no quotidiano dos utentes.
Avaliação – resulta de:
De um processo interno de análise sistemática, devidamente documentado;
De um processo externo de avaliação periódica, qualitativa, segundo critérios previamente definidos.
2. Unidades de média duração e reabilitação
3. Unidades de longa duração e manutenção
4. Unidades de cuidados paliativos
NO CONTEXTO DE INTERNAMENTO O ENFERMEIRO DEVERÁ TER PRESENTE
Cada família tema sua própria dinâmica
“Forma particular …
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132
FAMÍLIA DESEJA
Enfermeiros devem responder às necessidades da família
AJUDAR A FAMILIA IMPLICA
(Guerreiro, 2004)
AJUDAR A FAMÍLIA IMPLICA
Permanecer sempre que possível junto do seu familiar (flexibilidade e extensão do horário)
Constatar que é garantido o alivio do sofrimento do seu familiar
Obter informação sobre o seu familiar
Ser acolhida pela equipa de cuidados
Encontrar suporte interno e externo
Conhecer as suas potencialidades
Encontrar em parceria o modo de a capacitar
Identificar as suas necessidades
Promoção de mecanismos de adaptaçao Às mudanças encontradas
CONHECER O PROCESSO
DE TRANSIÇÃO: DOENÇA
CRÓNICA OU AGUDA
Aceitação de
uma nova
identidade Barreiras ao
autocuidado
Associação
de outras
doenças
crónicas
Desenvolver
novas
competências
Alterações
profundas
nas suas
vidas
Perda de
papeis:
emprego,
vida conjugal;
vida familiar
Torna a
pessoa
vulnerável
Apropriação
de papeis e
comportame
ntos
Envolvem um
período de
tempo
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133
Ter em conta também:
Limitações físicas
Falta de conhecimento
Constrangimento financeiro
Necessidade de suporte social e emocional
Suporte familiar pobre
Comunicação pobre com os PS
IMPORTA INTERVIR EM DIFERENTES SITUAÇÕES E CIRCUNSTÂNCIAS
Situações de doença com impacto significativo no domínio família
Situação de doença de um membro que tende a despoletar o desenvolvimento de sintomas de doença
num outro membro
Incapacidade de fazer uma transição equilibrada do processo de doença
Incapacidade para garantir o seu exercício de autocuidado – importa que a situação de doença do seu
familiar não condiciona a capacidade de cuidar de si
(Guerreiro, 2004)
AOS ENFERMEIROS SOLICITA-SE
Atitude centrada na pessoa doente e família
Contemplar na sua intervenção os membros sãos e doentes da família
Considerar a relação existente entre osdiferentes membros da família
Respeitar a realidade e crenças das pessoas com quem interage
Identificar a relação existente entre a saúde da pessoa e a saude da família
Identificar as necessidades imediatas e continuadas da família
Elencar com a família as questões de saúde e respostas em cuidados prioritárias
Agir de acordo com o dever de competência profissional – carater da pessoa enfermeiro e dever ético que
deve ser assumido
(ICN 2002, OE; Guerreiro 2004; Mendes et al. 2012)
REVISÕES MELEIS – consultar artigo: 17
UM VALOR NO EXAME
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134
1. NATUREZA DA TRANSIÇÃO
Tipos
Desenvolvimento
Situacional
Saúde/ doença
Organizacional
Modelo
Singular
Múltiplas
Sequenciasis
Simultâneas
Relacionadas
Não relacionadas
Propriedades
Conhecimento – o conhecimento que a pessoa
tem´
Ajustamento – adaptar-se à situação
Alterações e diferenças
Período de experiência – tempo de experiência
Situações críticas e eventos
2. CONDIÇÕES DE TRANSIÇÃO FACILITADORAS/ INIBIDORAS
Pessoais
Significados
Crenças culturais e atitudes
Nível socioeconómico
Preparação e conhecimento
Comunitárias
Sociais
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3. MODELOS DE RESPOSTA
Indicadores processuais
Sentir-se conectado
Interação – se a pessoa procura intervir com os profissionais de saúde
Estar localizado e situado
Desenvolvimento de confiança e coping
Indicadores de resultado
Mestria – não reporta meramente à capacidade de fazer mas de articular informaçao e procurar como
fazer/ o que fazer
Identidade flexível e integrada
INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS DE ENFERMAGEM
Acabar
CONDIÇÕES DE TRANSIÇÃO FACILITADORAS/ IBIDORAS
Intervenções terapêuticas de enfermagem
Conteúdo – otimismo; boa disposição; simpatia alegraia
Forma – promover; possibilitar; gerir; ensinar
SUBDIMENSÕES DOS CINCO PROCESSOS DE CUIDAR
CONHECER Evitar ideias pré-concebidas
Centra-se no cliente
Apreciar cuidadosamente
Procura sinais
Envolver ambos
ESTAR COM Estar presente
Transmitir habilidades
Partilhar sentimentos
Não sobrecarregar
FAZER POR Confortar
Antecipar
Desempenhar competências
Proteger
Preservar a dignidade
POSSIBILITAR Informar/ explicar
Suportar
Focar
Pensar nisso/ gerar alternativas
Validar/ dar feedback
MANTER A CRENÇA Acreditar em/ focar na estima
Manter uma atitude de esperança
Oferecer otimismo realista
“Going the distance”
(Swanson K., 1991, pag. 163)
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136
NO CUIDADO À FAMÍLIA EM DIFERENTES CONTEXTOS ASSISTENCIAIS
Pretende-se e caminha-se para uma…
Enfermagem baseada em evidências – “modo de fornecer atendimento de enfermagem guiado pela
integração do melhor conhecimento cientifica disponível com competência em Enfermagem. esta abordagem
exige que enfermeiros avaliem criticamente os dados científicos relevantes ou evidências de pesquisa e, que
implementem intervenções de alta qualidade para a prática de enfermagem”.
http://decs.bvs.br
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA
—Ordem dos enfermeiros. 2003. Competências do enfermeiro de cuidados gerais. Lisboa : Ordem dos
Enfermeiros,
—Guerreiro, T. 2004. Relação enfermeiro-família. [book auth.] Neves M and Pacheco S. Para uma ética de
enfermagem. Coimbra : Gráfica de Coimbra.
—Hesbeen, W. 2000. Cuidar no Hospital. Enquadrar os cuidados de enfermagem numa perspetiva do
Cuidar. [trans.] M Ferreira. Lisboa : Lusociência, 2000. Título original 1997 - Prendre soin à l'holital: inscrire le
soin infirmier dans une perspective soignante. 972-8383-11-8.
—ICN. 2011. CIPE, Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, Versão 2. [trans.] Heimar Marin.
Lisboa : Versão portuguesa - Ordem dos enfermeiros. 978-92-95094-35-2.
—INE. Portal do INE. http://www.ine.pt
—Meleis, A, et al. 2000. Experiencing Transitions: An Emerging Middle-Range Theory. Advanced Nurse
Science. 2000, 23(1):12-28.
—Mendes, A., Bastos, F. and Paiva, A. 2010. A pessoa com Insuficiência Cardíaca. Fatores que
facilitam/dificultam a transição saúde/doença. Revista de Enfermagem Referência. 2010, III Série(2):7-16.
—Villaverde Cabral, M., Silva, P. and Mendes, H. 2002. Saúde e doença em Portugal. Lisboa : Imprensa de
ciências sociais, 2002.
—Wall, k. 2005. Famílias em Portugal. Lisboa : ICS. Imprensa da ciências sociais, 2005. 972-671-161-4.
O cuidado de enfermagem do conhecimento da transição e das consequências na vida da pessoa em todas as componentes que o envolvem. (Zagonel, 19xx)
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137
Aula 21 – CUIDAR DA FAMÍLIA EM DIFERENTES CONTEXTOS ASSITENCIAIS: EM SITUAÇÕES DE
CONSULTA DE VIGILÂNCIA DE SAÚDE FAMILIAR E DE VISITA DOMICILIÁRIA; O AMBIENTE E
SEGURANÇA NA CASA (CONTINUAÇÃO)
19/11/2013
Profª Emília Brito
SUMÁRIO ALARGADO
Cuidar da família em diferentes contextos assistenciais: em situações de internamento de um membro, de
consulta de vigilância de saúde e de visita domiciliária (continuação).
Avaliação do ambiente familiar e dos cuidados na família; avaliação de fatores de risco doméstico.
Segurança do espaço físico da casa, prevenção de lesões de acordo com as idades dos habitantes da casa,
identificação e eliminação de barreiras arquitectónicas.
Avaliação das condições físicas e sanitárias da casa.
Identificação das necessidades da família; identificação do(s) cuidador(es); promoção do nível máximo de
saúde da família e da sua independência, promoção do equilíbrio familiar de acordo com a situação e
ciclo de vida familiar.
OBJETIVOS
Acabar
CONSULTA DE VIGILÂNCIA
- As USF são unidades organizadas por profissionais de saúde e administrativos, com uma organização
própria, onde cada médico e sua equipa tem um número restrito de utentes
- Os profissionais que não se inseriram nestas unidades, inserem-se na UCPS
- Unidade de Cuidados na Comunidade – a partir da UCC forma-se a equipa de cuidados continuados
integrados. Mas esta não intervém apenas em cuidados continuados. Abrange áreas de saúde escolar,
preparação para a parentalidade, entre outros
- Em todos estes contextos estão presentes os 3 níveis de intervenção:
Primária – prevenção de HIV; promoção de estilos de vida saudáveis; informação sobre a medicação e sua
gestão
Secundária – deteção precoce, nomeadamente, de doenças crónicas; consulta da menopausa
Terciária – gestão da medicação
REDE NACIONAL DE CUIDADOS CONTINUADOS INTEGRADOS – EQUIPAS DOMICILIÁRIAS
Unidades de Saúde familiar (USF) Unidades de Cuidados de Saúde
Personalizados (UCSP)
Unidades de Cuidados na
Comunidade (UCC)
Equipas de Cuidados Continuados Integrados
Equipa multidisciplinar da responsabilidade dos cuidados
de saúde primários e das entidades de apoio social, que
presta serviços domiciliários, a pessoas em situação de
dependência funcional, doença terminal ou em processo
de convalescença, cuja situação não requer
internamento, mas que não podem deslocar-se do
domicílio (n.º 1 do Art. 27.º do Decreto-Lei n.º 101/2006,
de 6 de Junho).
Equipas Comunitárias de Suporte em Cuidados
Paliativos
Equipa multidisciplinar que presta apoio e
aconselhamento diferenciado em cuidados paliativos (n.º
2 do Art. 29.º do Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de
Junho).
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138
1. Equipa de cuidados continuados integrados
Competências - Esta equipa apoia-se nos recursos locais disponíveis, no âmbito de cada centro de saúde,
conjugados com os serviços comunitários, nomeadamente as autarquias locais, assegurando os seguintes
serviços:
a) Cuidados domiciliários de enfermagem e médicos de natureza preventiva, curativa, reabilitadora e acções
paliativas, devendo as visitas dos clínicos ser programadas e regulares e ter por base as necessidades clínicas
detectadas pela equipa;
b) Cuidados de fisioterapia;
c) Apoio psicossocial e ocupacional envolvendo os familiares e outros prestadores de cuidados;
d) Educação para a saúde aos doentes, familiares e cuidadores;
e) Apoio na satisfação das necessidades básicas;
f) Apoio no desempenho das actividades da vida diária;
g) Apoio nas atividades instrumentais da vida diária;
h) Coordenação e gestão de casos com outros recursos de saúde e sociais.
Composição - equipa multidisciplinar da responsabilidade dos cuidados de saúde primários e das entidades
de apoio social para a prestação de serviços domiciliários, decorrentes da avaliação integral, de cuidados
médicos, de enfermagem, de reabilitação e de apoio social, ou outros, a pessoas em situação de dependência
funcional, doença terminal ou em processo de convalescença, com rede de suporte social, cuja situação não
requer internamento mas que não podem deslocar-se de forma autónoma.
Fonte: http://www.arsalgarve.min-saude.pt/portal/?q=node/3660#sthash.c1KjMyw1.dpuf
2. Equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos
a) A formação em cuidados paliativos dirigida às equipas de saúde familiar do centro de saúde e aos
profissionais que prestam cuidados continuados domiciliários
A CASA COMO CONTEXTO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM
“Os cuidados de saúde domiciliários são a componente de um cuidado continuado de saúde global em que
os serviços de saúde são prestados aos indivíduos e famílias nos seus locais de residência com a finalidade de
promover, manter ou recuperar a saúde, ou de maximizar o nível de independência enquanto minimiza os
efeitos da deficiência e doença incluindo a doença terminal
(Stanhope e Lancaster, 1999: 182)
Cuidados no domicilio
Cuidado holístico prestado ao cliente no se próprio ambiente, par5a diversos problemas de saúde; utilizando
uma abordagem multidisciplinar que envolve o doente, a família e os prestadores de cuidados, transferindo
aptidões para maximizar. (CIPE, 2011: 139)
FASES DA VISITA DOMICILIÁRIA (vd)
Iniciação
Clarificar a fonte de encaminhamento da VD; clarificar o seu objetivo
Pré visita
Iniciar o contactos com a família; validar com a família o objetivo da VD; marcar a VD; rever fontes de
informaçao sobre a família
Domicilio
…..
…..
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139
PARTE 2 DA AULA
CONTEÚDO
…
…
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE FAMILIAR E DOS CUIDADOS NA FAMILIA; AVALIAÇÃO DE FATORES DE
RISCO DOMÉSTICO
O ambiente familiar envolve as dimensões emocionais, sociais, económicas e meio físico
Prestar cuidados à família em casa permite fazer uma avaliação mais exata do ambiente familiar
Colheita de dados
Observação da dinâmica familiar
Intervenções mais realistas
Instrumentos de avaliação familiar
..
…
…
Avaliação familiar em VD
Áreas a avaliar Estado atual
(item não aplicável = 0) Pobre Excelente 1 3 5
1. Independência física
2. Capacidade terapêutica
3. Conhecimento da situação de saúde
4. Aplicação dos princípios de higiene
5. Atitude face aos cuidados de saúde
6. Capacidade emocional
7. Padrões de vida familiar
8. Meio físico e ambiente envolvente
9. Utilização dos recursos comunitários
10. Observações
Atividades básicas de vida diária – índice de Barthel
Atividades instrumentais de vida diária – índice de Lawton e Brody
Escala de avaliação mental – mini mental…
Escala de depressão geriátrica
Escala de prevenção de quedas – escala de morse
Mini nutritional assessment
Avaliação da integridade cutânea – escala de Braden
Escala de sobrecarga do cuidador – escala de Zaril
Destinada a avaliar a sobrecarga dos cuidadores familiares de doentes paliativos em contexto domiciliário
…
…
Avaliação do stress familiar (último ano) escala de holme e rabe
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140
SEGURANÇA DO ESPAÇO FISICO DA CASA, PREVENÇÃO DE LESÕES DE ACORDO COM AS IDADES DOS
HABITANTES DA CASA
Conceito de segurança – estar seguro, livre de perigo, risco ou lesão
Risco de quedas
Associadas ao processo de envelhecimento: alterações da visão, postura, entre outros
Avaliação do ambiente da casa
Aspetos gerais da casa
Cozinha casa de banho
Quarto
Cidade amiga do idoso
Espaços exteriores e edifícios
Transportes
Habitação
Participação social
Respeito e inclusão social
Participação cívica e emprego
Comunicação e informação
Apoio comunitário e serviços de saúde
Violência
Comportamento agressivo: demonstração energética de ações ou do uso desleal de força ou poder com a
finalidade de ferir, causar dano, maus tratos ou atacar: açoes violentas, prejudiciais, ilegais ou culturalmente
proibidas para com os outros; estado de luta ou conflito pelo poder
Violência domestica
Violência que ocorre dentro da família ou conjunto de pessoas que vivem na mesma casa (CIPE, 2011: 80)
- fícia, sexual, psicológica, emocional, financial
- a violência ocorre ao longo do ciclo de vida, afetando toda a gente
Avaliação dos fatores de risco
Categorias comportamentais de alto risco
Diagnóstico do foro psiquiátrico
Padroes de consumo de drogas
Perda e dor após a morte de uma pessoa significativa
Isolamento
Falta de apoio
Desalojamento
História anterior de comportamento agressivo ou suicídio
Desemprego crónico
Existência ou uso de armas, prisões anteriores
Histórias de fugas
Auto acidente
Queixas psicossomáticas
(Stanhope e Lancaster, 1999)
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Avaliação das condições físicas e sanitárias da casa (arejamento, luminosidade, abastecimento de
águas, sistema de esgotos, limpeza, recolha de livros).
..
,,
Condições sanitárias das casas
Pontos essenciais para assegurar a higiene da casa
1. Ar puro
2. Água pura
3. Rede de esgotos eficiente
4. Limpeza
5. Iluminação
(Nightingale, 2005)
Links between …
Considerações na habitação
Pavimentos - é a zona de maior desgaste da habitação, devendo o pavimento ser resistente e antiderrapante
Escadas – quando
Identificação das necessidades das famílias
Regime terapêutico – medicamentosos; alimentação; exercício físico
Suporte no autocuidado – totalmente compensatório; parcialmente compensatório; apoio e edecação
Gestão de recursos – no contexto família; na comunidade em que se insere
Outros
Considerar
Foco de atenção: pessoa doente; família
Etapa do ciclo de vida familiar
Tipo de transição experienciada: saude-doença; desenvolvimento; situacional
IDENTIFICAÇÃO DOS CUIDADORES
Membro da familia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
•ICN. (2011). CIPE, Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, Versão 2. (H.Marin, Trad.) Lisboa:
Versão portuguesa - Ordem dos enfermeiros.
•Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, I.P. 2010. Guia Prático da Habitação (edição revista e
aumentada). 2010.
•Jacobs, D. 2011. Environmental health disparities in housing. American Journal of Public Health.2011,
1(1):115-122.
Comunicação Ajudar a família a gerir o stress
Orientação para estruturas comunitárias Trabalhar com o prestador de cuidados
Intervenção de enfermagem
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142
•Kellerhals, J., Ferreira, C. and Perrenoud, D. Linguagens do parentesco: lógicas de construção
identitária. Análise social. 2002, XXXVII(163): 545-567.
•Meleis, A., Sawyer, L., Im, E., Messias, D., & Schumacher, K.
(2000). Experiencing Transitions:An Emerging Middle-Range Theory. Advanced Nurse Science (23(1):12-28).
•Nightingale, F. (2005). Notas sobre enfermagem. Loures: Lusociência
•OMS (2009). Guia Global das Cidades Amigas das Pessoas Idosas. Portugal: Fundação Calouste Gulbenkian.
•Pereira, I., & Silva, A. (2012). Ser Cuidador Familiar: A Perceção do Exercício do Papel. Pensar enfermagem,
pp. 16(1):42-54.
•Rebelo, T. (2012). O regresso do doente a casa: saberes e práticas dos enfermeiros no processo de alta. In M.
Basto, Cuidar em enfermagem. Saberes da prática. Coimbra: Formasau.
•Sequeira, C. (2010). Cuidar de Idosos com dependência física e mental. Lisboa: Lidel.
•Stanhope, M. & Lancaster,
J. (1999). Enfermagem Comunitária: Promoção da saúde de grupos,famílias e indivíduos. Loures: Lusociência.
•Stanhope, M. & Lancaster, J. (1999). Breves referências sobre enfermagem comunitária.Suplemento do livro
Enfermagem Comunitária, Loures: Lusociência.
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Aula 22 – O PROCESSO DE ENFERMAGEM DIRIGIDO AO CLIENTE FAMÍLIA
21/11/2013
Profª Fátima Moreira
SUMÁRIO
Parte 1 - Cuidados dirigidos ao cliente família
1. O enfermeiro no processo de cuidar a família
Processo de enfermagem dirigido à família
Modelos orientadores para a etapa apreciação da família: REUTER, TAPIA , PRATICE;
Fridman Family Assessement Model (FFAM), Modelo Dinâmico e o Modelo de Avaliação da Família de Calgary
(MAFC)
Parte 2 - Instrumentos para avaliar diferentes dimensões da família
2. Instrumentos de representação da família no momento da recolha de informação.
Genograma, Linha de vida de Medalie, Avaliação da Rede social pelo Ecomapa e pelo Mapa de Rede Social
(MRS) Diagrama de Vínculos ou Psicofigura de Mitchell, Círculo Familiar de Thrower,
3. Instrumentos de avaliação familiar
Apgar Familiar de Smilkstein – Avalia a funcionalidade da familia
Índice de Graffar – Carateriza o nível socio económico da família
Escala FACES – (Family Adaptability and Cohesion Evalution Scale ) Avalia a coesão e a adaptação familiar
Escala Holmes & Rahe - Avalia as situações de stress familiar vividas no último ano
Escala de Zarit - Avaliara sobrecarga dos cuidadores familiares
Escala de Satisfação familiar.
Outros instrumentos
Nota: Mobilizar os instrumentos de avaliação familiar lecionados nas aulas do 1º ano na UC de Fundamentos
- Terminamos as fases de transição familiar e agora iniciamos uma nova etapa.
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
Descrever metodologias de orientação no processo de cuidar das famílias
…..
O ENFERMEIRO NO PROCESSO DE CUIDAR A FAMÍLIA
…..
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144
ETAPAS PARA O PROCESSO DE ENFERMAGEM APLICADO À FAMÍLIA
- Nas famílias temos 3 tipos de focos de diagnóstico: dirigidos à família; centrada em sistemas (problemas
relacionados com a relação entre conjuges; relativos à questão da parentalidade); ou dirigidos a componentes
individuais da família)
- As teorias de reabilitação familiar, foram surgindo algumas teorias e modelos de enfermagem centradas
sobre a família, de que é exemplo o modelo TAPIA.
- Este modelo considera o modelo de desenvolvimento da família, muito próximo das fases de
desenvolvimento das famílias (?)
MODELO DE TAPIA – DESENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA
Níveis de funcionamento da
família
Características Função da enfermagem
I Família caótica no estado de
desenvolvimento infantil
Desenvolver uma relação de
confiança
II Família intermédias comparada
com a criança em idade escolar
Ajudar a família a definir os seus
problemas
III Família normal comparada com a
adolescência
Prestar cuidados de enfermagem
complexos
IV Família normal comparada com a
adolescência
Prestar cuidados de enfermagem
complexos
IV Família com soluções para os seus
problemas, comparada ao estado
adulto
Prevenção
V Família independente em pleno
amadurecimento
Não necessita da intervenção de
enfermagem
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145
ROTEIRO DE APRECIAÇÃO FAMILAIR – P.R.A.C.T.I.C.E.
8 aspetos a avaliar na orientação do PRACTICE
- Não é tanto um modelo mas um roteiro de apreciação
Presenting problem (problema apresentado)
Roles and structure (papeis e estrutura familia)
Affect (expresses do afeto)
Communication (comunicação na família)
Time of life cycle (etapa do ciclo de vida)
Illness in family (doença na família)
Coping with stress (modo de enfrentar o stress)
Ecology (meio ambiente, rede de apoio da família)
- O modelo de Betty Newman situa as famílias, grupos ou comunidades em 5 dimensões.
- O modelo da Meleys – teoria da transição. As pessoas e famílias passam por diferentes tipos de transição
que podem ser de desenvolvimento, saúde-doença
- O modelo de G-Mens, uma autora espanhola, diz que as famílias, tal como qualquer ser vivo, nascem, vivem
e morrem, tendo 3 grandes fases de transição: a fase de formação, consolidação/ crescimento/ abertura e
extinção.
- A Duvall, no seu modelo de desenvolvimento, apresenta 8 estádios de desenvolvimento da família, iniciados
pelo nascimento do primeiro filho
- Temos também os 6 estádios e tarefas de Monica McGoldrick e Carter, lecionados nas primeiras aulas.
Segundo esta autora os estádios de desenvolvimento inciam-se com a formação do casal.
MODELO DINÂMICO DE AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA SEGUNDO FIGUEIREDO – ÁREAS DE ATENÇÃO
FAMILIAR POR DIMENSÕES (adotado pela OE)
MODELO DE AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA SEGUNDO CALGARY
ASPETOS COMUNS AOS VÁRIOS MODELOS DE APRECIAÇÃO
- Independente do modelo, há aspetos comuns aos vários modelos de apreciação/ proveligiados pelos
enfermeiros
Estrutura familiar ou identificação e caracterização da família
Funções familiares
Estádio de desenvolvimento ou etapa do ciclo de vida familiar
Comunicação da família ou funcionamento expressivo
Perceção da doença na família
Adaptação às AVD
Coping ou modo de enfrentar o stress
Dimensão espiritual/ espiritualidade
Meio ambiente
- Assim, constata-se que a enfermagem da família abrange vários modelos. Aqui, decidimos estudar mais
aprofundadamente o modelo de Calgary.
- Assim, a primeira etapa da aula fica falada: o processo de enfermagem na família e modelos de avaliação
família (?)
- Sobre os instrumentos de apreciação familiar, podemos referirmo-nos a instrumentos de representação e
instrumentos de apreciação familiar. O ecomapa e genograma são instrumentos de representação, que não
nos dizem se a família evolui. Se eu utilizar instrumentos que medem família, estou a avaliar. Como exemplo,
temos o índice de Graffar
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PARTE II – INSTRUMENTOS PARA REPRESENTAÇÃO FAMILIAR
Genograma
Ecomapa
Linha de vida de Medalie
Exemplo de linha de vida de Medalie
O FOTOGRAMA
Por vezes em famílias de transições rígidas pode serutil mobilizar uma técnica que os ajude a sintonizar com a
marcha do tempo, que estava parado.
Neste caso a técnica do fotograma consiste em que a família selecione fotos de diferentes momentos da sua
vida. A família comenta de modo a ser orientada para a perceção do tempo que transformou as pessoas e
coisas
Mudanças como as crianças
Apoio social diferente de rede social
Apoio social e rede social são conceitos interligados porém diferentes
A rede social refere-se à dimensão estrutural ou institucional ligada a individuo
Rede social é uma teia de relacçoes quenliga os diversos indivíduos que possuem vínculos sociais,
propiciando que os recursos de apoio fluam através desses vínculos. Exemplo: a vizinhança, as
organizações religiosas, o sistema de saúde e o escolar.
O apoio social encontra-se na dimensão pessoal, sendo constituído por membros dessa rede social,
efetivamente importantes para as famílias.
Mapa de rede social (MRS)
A organização do mapa permite que o reconhecimento e definição de características sajam quase
imediatos aquando da visualização do mesmo
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147
Este mapa corresponde a um momento estático da vida do individuo …
Quanto mais se afasta do centro, mais afastado é o nível de relação
O ecomapa
É a representação visual da rede social de suporte da ..
Diagrama de vínculos ou psicofigura de Mitchell
Circulo familiar de Thrower
Instrumento que facilita a comunicação e aumentam o conhecimento da funcionalidade familiar, mas não
é diagnóstico
Escalas de avaliação familiar
Apgar familiar de Smilkstein
Classificação social internacional de Graffard
BIBLIOGRAFIA DE SUPORTE À AULA
Referencias obrigatórias assinaladas com **
**HANSON, S.M.H. (2005). Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família. Lisboa: Lusociência.
**WRIGHT, Lorraine & LEAHEY, Maureen (2002). Enfermeiros e Famílias. 3ª edição. S. Paulo: Editora Roca.
Outras sugestões bibliográficas para completar a aprendizagem
FIGUEIREDO, M. Henriqueta (2012). Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar (MDAIF). Loures
Lusociencia.
FIGUEIREDO, M. C. Barbieri (2011). Enfermería familiar y comunitaria en el ámbito internacional.
Enfermería de Familia en Portugal: un caminho en desarrollo. Revista Iberoamericana de Enfermería
Comunitaria Vol. 4 - nº 2 , p. 45-48
FRIEDMAM, Marilyn M. (1986). Family Nursing-Theory and Assessment. (2.ª Ed). Norwalk Connecticut:
Appleton-Centory-Crofts.
No livro de STANHOPE, M. & LANCASTER, J. (2011). Enfermagem de Saúde Pública. Loures: Lusociencia tem
2 capítulos sobre a enfermagem de família:
Capitulo 24 - Desenvolvimento da família: Apreciação de enfermagem da família, p. 574- 604
Capitulo 25 - Riscos de saúde familiar, p. 602-630.
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Aula 23 – A ENFERMAGEM E AS FAMÍLIA; O MODELO DE CALGARY COMO SUPORTE DE CUIDADOS
27/11/2013
Profª Fátima Moreira
SUMÁRIO DO DIA 27 - PARTE I - MODELO DE AVALIAÇÃO FAMILIAR CALGARY (MAFC)
Avaliação da família, quanto à:
Estrutura: interna externa e contexto
Desenvolvimento: estádio, tarefas e vínculos
Funcionalidade: instrumental e expressiva
Instrumentos de avaliação familiar para apreciar a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento da
família
Objetivo geral
Mobilizar os modelos de avaliação e intervenção familiar de Calgary para a prática de cuidados ao cliente
família
Objetivos específicos
Conhecer as 3 dimensões da avaliação familiar quanto à estrutura, desenvolvimento e funcionamento familiar
…..
O MODELO DE CALGARY DE AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA (MAFC)
Permite-nos avaliar a organização familiar considerando:
O subsistema individual
O subsistema familiar
O suprassistema familiar – com a sociedade em geral
Baseado numa perspetiva multidimensional da família que integra dimensões
Estrutura
Desenvolvimento
Funcionamento
Cada uma delas dividida em categoria e subcategorias
- A psicofigura de Mitchel permite o desenho da família e de linhas/ conjuntos de linhas que nos dão
indicação sobre os dados relacionais entre membros da família.
SÍNTESE DO MODELO DE AVALAIÇÃO DA FAMÍLIA SEGUNDO CALGARY
1) ESTRUTURA (conhecido por core segundo Betty Neuman)
a) INTERNA b) EXTERNA c) CONTEXTO
Composição familiar
Género
Orientação sexual
Ordem de nascimentos
Subsistemas (conjugal; parental)
Limites
Família extensa (alargada)
Sistemas mais amplos
Etnia
Raça
Classe social
Religião e espiritualidade
Ambiente
- O subsistema parental (maternal e paternal) pode ter uma assimetria de forças, isto é, a relação maternal
poderá ser mais forte do que a paternal e vice-versa.
- Sistemas mais amplos/ Subsistemas que integram a sociedade: família, educação, religioso, culturais, de lazer
e recreação, segurança…
- A influência dos sistemas mais amplos pode ser uma indicador salutogénico ou patogénico
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149
- Sobre a componente externa, a raça relaciona-se com fatores genéticos. A etnia relaciona-se com a
dimensão cultural.
- Para avaliar as classes sociais podemos recorrer ao Índice de Graffar
2) DESENVOLVIMENTO
a) ESTÁDIOS b) TAREFAS c) VÍNCULOS
- Para avaliar os estádios: lonha de vida de Medalie
3) FUNCIONAMENTO
a) INSTRUMENTAL b) EXPRESSIVA
Atividades de vida diária Comunicação (verbal, não verbal, emocional, linear
e circular)
Solução de problemas e coping
Influência e poder
Crenças, valores Alianças, uniões
WRIGHT & LEAHEY (2002, p.66)
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Aula 24 – A ENFERMAGEM E AS FAMÍLIA; O MODELO DE CALGARY COMO SUPORTE DE CUIDADOS
28/11/2013
Profª Fátima Moreira
SUMÁRIO - Parte II - Modelo de Intervenção Familiar de Calgary (MIFC)
Fases do processo de intervenção familiar: envolvimento ou comprometimento; avaliação / apreciação;
intervenção e términus
Competências a desenvolver pelo enfermeiro. 3 tipos de competências a desenvolver na enfermagem de
família: percetuais, conceptuais, executivas.
Entrevistar famílias
Preparar o setting da entrevista (consulta enf, domicilio familiar, etc.)
Elaborar questões lineares e circulares
Formular hipóteses
Manter a neutralidade na interação
Modos de intervenção em diferentes domínios da família: cognitivo, afetivo e comportamental.
A abordagem focada no problema
Caraterizar o tipo e níveis de envolvência do problema da família
Evolução do problema
Interação do enfermeiro na resolução do problema
Análise de exemplos de formulação do diagnóstico em diferentes dimensões da família e de Planeamento
de intervenções em diferentes domínios.
Plano de cuidados (sobretudo, de acordo com o modelo de Henriqueta Figueiredo)
INSTRUMENTOS A MOBILIZAR NA AVALIAÇÃO DA FAMÍLIA SEGUNDO CALGARY
1) ESTRUTURA (conhecido por core segundo Betty Neuman)
a) INTERNA b) EXTERNA c) CONTEXTO
Composição familiar
Género
Orientação sexual
Ordem de nascimentos
Subsistemas (conjugal; parental)
Limites
Instrumento Genograma
Família extensa (alargada)
Sistemas mais amplos
Avaliação de Rede Social pelo
Ecomapa ou Mapa de Rede
Social
Etnia
Raça
Classe social
Religião e espiritualidade
Ambiente
Índice de Graffar (classe social)
2) DESENVOLVIMENTO
a) ESTÁDIOS b) TAREFAS c) VÍNCULOS
Avaliação das tarefas inerentes
ao ciclo de vital; linha de vida
de Medalie
Psicofigura de Mitchell, círculo
familiar de Thrower
3) FUNCIONAMENTO
a) INSTRUMENTAL b) EXPRESSIVA
Atividades de vida diária
Escala de Zarit; Índice de Lowton; Katz
Comunicação (verbal, não verbal, emocional, linear e
circular)
Solução de problemas e coping
Influência e poder (Apgar familiar)
Crenças, valores
Alianças, uniões
FACES III (30 itens) – uma metade avalia a
adaptabilidade e outra a coesão
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151
WRIGHT & LEAHEY (2002, p.66)
4 FASES DO PROCESSO DE INTERVENÇÃO FAMILIAR:
1. Envolvimento ou comprometimento, antes de iniciar a colheita de informação;
2. Avaliação / apreciação, que inclui a exploração (a colheita de informação) e a identificação do
problema;
3. Intervenção
4. Términus
- Sobre os vários contextos de prestação de cuidados, durante o internamento, o enfermeiro tende a centrar-
se sobre o problema da família e não, concretamente, sobre o bem-estar da família, dada a necessidade de
dar resposta a esse problema. Esta abordagem não está tanto de acordo com o Modelo de Calgary, mas é
necessária, tal como se referiu em aulas anteriores. A abordagem em consonância com este modelo surge,
sobretudo, no contexto de cuidados de saúde primário.
- Na primeira fase, em contexto de visita domiciliária, é importante que nos apresentemos e possamos
desenvolver uma relação de confiança.
- Na 2ª fase, na maioria das vezes, o mais importante será centrarmo-nos nos principais problemas que a
família apresenta e não no preenchimento dos instrumentos. Nesta fase não nos podemos esquecer que a
família, quando tem um problema, normalmente, tem vários problemas acupulados, o que exige o exercício
do enfermeiro para interpretar qual o problema primário. Por exemplo, numa família com idosos dependentes
que, por isso, mudam para a casa da sua filha. Passamos de uma família nuclear para uma família alargada,
com aumento dos níveis de stress, associada a fadiga, défice de atenção, diminuição do tempo partilhado com
o restante agregado familiar, compromisso do desempenho escolar dos filhos. Qual é o principal problema
desta família? Como causa primária está o agravamento do estado de dependência dos idosos. Neste caso, ou
há uma redistribuição de papeis (o acompanhamento dos filhos na escola e tarefas domesticas poderia passar
para o filho; alguns dos cuidados aos idosos poderiam ser realizados pela filha mais velha, poderia solicitar-se
apoio domiciliário no cuidado aos idosos, entre outras hipóteses), ou os níveis de stress, muito dificilmente,
diminuirão.
- Na 4ª fase o enfermeiro deve ter a preocupação de “fazer o fechamento” da relação, garantindo que a
família não depende do enfermeiro, tendo criado estruturas de autonomia. Nesta fase, será importante aplicar
o modelo TAPIA, para avaliar o grau de autonomia. Há famílias em que isso não é possível. Estas são,
geralmente, famílias multi-problemáticas, incapazes de autogerir-se financeiramente, de mobilizar os recursos
comunitários, entre outros aspetos.
COMPETÊNCIAS/ HABILIDADES A DESENVOLVER PELO ENFERMEIRO.
1. Percetuais
2. Conceptuais
3. Executivas
Para além das competências sugeridas pela autora, pode também enunciar-se: cientificas relacionais e
reflexivas
1. Habilidades Percetuais
Aquelas que se referem à capacidade da enfermeira para afazer observações pertinentes e exatas.
A enfermeira deve ser capaz de observar:
Os membros da família em relação uns com os outros e em relação com ela própria
Os padrões positivos repetitivos das interações entre os membros da família
- Benner refere que os estudantes quando acabam o curso de licenciados, são ainda iniciados na profissão,
sendo que aprendem, sobretudo, por imitação e replicação dos seus tutores. Só depois passam de iniciados a
competentes e, finalmente, a peritos.
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- As competências percetuais ajudam o enfermeiro a avaliar a família e a formular juízos de valor.
2. Habilidades Conceptuais
Dizem respeito à interpretação dos dados relacionados com a observação/ perceção da família em interação
A enfermeira deve fazer a ligação entre os dados recolhidos, o que lhe vai permitir identificar e definir o
problema como um problema familiar no sentido em que cada um para ele contribui
3. Habilidades Executivas
Isto é, de execução das intervenções: dizem respeito às intervenções que a enfermeira executa
As autoras referem-se a habilidade executivas como intervenções terapêuticas em que a enfermeira ao
executá-las recebe respostas dos membros da família, as quais vao originar observação/ perceção e
simultaneamente, conceptualização, interpretação e consequentemente execução de novas intervenções,
dando origem a um processo circular entre os vários membros da família e a enfermeira.
ENTREVISTAR FAMÍLIAS
Aspetos relativos à entrevista com a família (não mencionados explicitamente na literatura)
É indispensável observar o todo e não as partes do sistema familiar, pois a soma das partes não reflete o
funcionamento do todo (princípios da teoria de GESTALT, para além da teoria sistémica)
O sintoma da pessoa identificada, traz em si uma mensagem, quase sempre secreta, que precisa de ser
descodificada
A abordagem deve intervir de forma pontual, fazendo com que famílias descritas como “difíceis” adiram
ao tratamento ou à mudança
O ideal seria que estejam presentes todos os membros da família identificados no inicio, o que nem
sempre é possível
A família procura a homeostase. A conotação positiva é um aspeto fundamental, pois estas estão à
procura do equilíbrio
É imprescindível consolidar uma aliança com a família, é preciso ficar claro que o profissional não está ali
para julgar
Os sintomas que formalizam a procura de cuidados, podem não ser o motivo real da procura de
atendimento, mas justificativa da busca para um outro contexto.
- É essencial intervir nos domínios cognitivo, comportamental e afetivo (não relações estabelecidas entre os
memenros)
1. Preparar o setting da entrevista (consulta enf, domicilio familiar, etc.)
2. Elaborar questões lineares e circulares
3. Formular hipóteses
4. Manter a neutralidade na interação
5. Modos/ tipos de intervenção em diferentes domínios da família: cognitivo, afetivo e
comportamental
5.1. Mudar o domínio cognitivo do funcionamento da família
Elogiar as forças da família
Oferecer informações e opiniões dobre áreas que a família necessita: educação e promoção de saúde,
desenvolvimento dos seus membros
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5.2. Mudar o domínio afetivo do funcionamento da família
Validar ou normalizar respostas emocionais
Incentivar narrativas de doenças
Estimular o apoio familiar
- Sobre a validação, importa perceber se o locus de controlo é interno ou externo (por exemplo, quando a
pessoa promete ir até Fátima se o seu familiar melhorar)
5.3. Mudar o domínio comportamento do funcionamento da famílai
Incentivar os membros da família a serem cuidadores
Incentivar o descanso
Planear rituais e ajudar a manter as tarefas habituais
EXEMPLO DE INTERVENÇÕES FAMILIARES
COGNITIVO AFETIVO COMPORTAMENTAL
Se a saúde da sua mãe se
agravar, como é que a família
enfrentará o problema?
Se este tratamento não resultar
com a sua mãe, quem é que mais
sofre
Se a doença da sua mãe se
prolongar, o que acha que a
família vai fazer?
Como entende o facto de o pai
do seu filho não o visitar no
hospital?
Como se sente quando o seu filho
chora com saudades do pai?
O que faz quando o pai do seu
filho não o visita?
Qual a orientação que a ajuda a
lidar melhor com a diabetes do
seu filho?
Quem na família se preocupa mais
com o facto do seu filho ser
diabético
Quem na família se encarrega de
assegurar a medicação e vigilância
da glicémia da criança=
- A abordagem do enfermeiro pode ser centrada num destes domínios, mas a forma como o enfermeiro
questiona poderá ser linear ou circular.
EXEMPLO DE COMUNICAÇÃO CIRCULAR
- Uma mãe que sente inquietação e frustração porque pensa que o seu filho é incapaz e precisa de si. Assim,
surgem como comportamento: super proteção e vigilância. Por sua vez, o filho pensa que a mãe não confia
nele e sente-se inadaptado e inseguro. Por isso, surgem como comportamentos dependência e
subordinação
DUHAMEL; Fabie (1995) – La santé et la familir. Quebec. Editeur Gaetan Morin
A ABORDAGEM FOCADA NO PROBLEMA
Caraterizar o tipo e níveis de envolvência do problema da família
NIVEIS CATEGORIAS NATUREZA
Como entende o facto de o pai
do seu filho não o visitar no
hospital?
Como se sente quando o seu filho
chora com saudades do pai?
O que faz quando o pai do seu
filho não o visita?
Qual a orientação que a ajuda
a lidar melhor com a diabetes
do seu filho?
Quem na família se preocupa mais
com o facto do seu filho ser
diabético
Quem na família se encarrega de
assegurar a medicação e vigilância
da glicémia da criança=
Evolução do problema
Interação do enfermeiro na resolução do problema
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Análise de exemplos de formulação do diagnóstico em diferentes dimensões da família e de Planeamento de
intervenções em diferentes domínios.
Plano de cuidados (sobretudo, de acordo com o modelo de Henriqueta Figueiredo)
COGNITIVO AFETIVO COMPORTAMENTAL
Planeamento familiar ineficaz Domínio cognitivo
Ensino e orientação sobre métodos
constracetivos
Orientar para a contraceção de
emergência se necessário
….
Se a doença da sua mãe se
prolongar, o que acha que a
família vai fazer?
Foco Rendimento familiar
Juízo Insuficiente
Critérios de diagnóstico Rendimento familiar insuficiente
Dimensões Gestão do rendimento familiar de acordo com as despesas do agregado
Juízo Demonstrado/ não demonstrado
Diagnostico de enfermagem Rendimento familiar insufienciente por desemprego de um dos adultos
Intervenções sugeridas nos
domínios
Cognitivo: conhecer os recursos económicos disponíveis
Comportamental: orientar o sr. …
Afetivo
Bibliografia de suporte ás aulas:
Livros de referencia, assinalados com *:
• *HANSON, S. M. H. (2005). Enfermagem de Cuidados de Saúde à Família: Teoria, Prática e
Investigação. Loures: Lusodidacta. ISBN: 9789728383831
• *WRIGHT. L. M. & LEAHEY, M. (2002). Enfermeiras e Famílias: Um guia para avaliação e intervenção na
família. São Paulo: Roca.
Outras leituras sugeridas:
• FIGUEIREDO, M. Henriqueta (2012). Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar (MDAIF).
Loures: Lusociencia.
• FIGUEIREDO, MHJS & MARTINS MMFS. (2010). Avaliação Familiar - Modelo Calgary - Prática de
Enfermagem. Ciência Cuidados de Saude. Jul/Set; 9(3), p.552-559
• ANGELO, M. & BOUSSO, R. S. (sd)- Fundamentos da assistência à família em saúde. Manual de
enfermagem [online]. Disponível em : http:www.idssaude. org.br/enfermagem
• STANHOPE, M. & LANCASTER, J. (2011). Enfermagem de Saúde Pública. Loures: Lusociencia. Ver o
capítulo sobre a enfermagem de família: Capitulo 24 - Desenvolvimento da família: Apreciação de enfermagem
da família, p. 574- 604