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EeConcursos 2009/2010 CONCURSO POLÍCIA MILITAR E BOMBEIROS DO PR APOSTILA DE CONHECIMENTOS GERAIS / ATUALIDADES Noções gerais sobre temas da vida econômica, política e cultural do Paraná, do Brasil e do Mundo...........................................................................................02 O debate sobre as políticas públicas para o meio ambiente, saúde, educação, trabalho, segurança, assistência social e juventude........................................58 Ética e Cidadania..................................................................................................85 Aspectos relevantes das relações entre os Estados e Povos.........................97 EeConcursos todos os direitos reservados

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CONCURSO POLÍCIA MILITAR E BOMBEIROS DO PR

APOSTILA DE CONHECIMENTOS GERAIS / ATUALIDADES

Noções gerais sobre temas da vida econômica, política e cultural do Paraná, do Brasil e do Mundo...........................................................................................02 O debate sobre as políticas públicas para o meio ambiente, saúde, educação, trabalho, segurança, assistência social e juventude........................................58 Ética e Cidadania..................................................................................................85 Aspectos relevantes das relações entre os Estados e Povos.........................97

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Noções gerais sobre temas da vida econômica, política e cultural do Paraná, do Brasil e do Mundo. Economia do Paraná

As atividades econômicas do Estado do Paraná são bastante variadas, por causa disso esse consegue se enquadrar entre os Estados de melhores economias, ou seja, os mais ricos. A economia paranaense está alicerçada na agricultura, pecuária, mineração, extrativismo vegetal e indústria. Agricultura

Os principais produtos agrícolas de valor econômico do Paraná são o trigo, o milho e a soja, sendo que o Estado é um dos maiores produtores brasileiros. A soja é a mais recente das três culturas e se expandiu por quase todo o Estado, sendo exportada para outros países in natura e na forma de farelo de soja e óleo degomado. O trigo é, por sua vez, a principal cultura de inverno, sendo a produção industrializada pelos moinhos das cooperativas localizados nas zonas de produção e pelos grandes grupos situados nos centros urbanos do Paraná, São Paulo e Região Nordeste. O Paraná produz mais de 50% de todo o trigo produzido no Brasil. O algodão também foi um produto de grande importância econômica, mas perdeu espaço para outras culturas, sendo ainda cultivado por pequenos produtores. O café, que foi a principal riqueza do Paraná, perdeu espaço para a soja e para as fazendas devido às geadas que dizimaram muitas lavouras. Mesmo assim, é produzido em pequena quantidade por produtores que adotaram a tecnologia do adensamento, o que facilita os tratos culturais e aumenta a produtividade por hectare de terra. Ainda se encontra café nas regiões noroeste e norte e em alguns municípios da região oeste, sendo incentivado pelas cooperativas que recebem a produção dos agricultores para comercialização ou industrialização. O café é produzido com maior densidade na região oeste de Apucarana e também nos municípios de Califórnia,Bandeirantes, Santa Amélia e Jacarezinho, Umuarama e São Paulo.

Pecuária

A criação de bovinos é uma das riquezas do Paraná, que tem um expressivo rebanho. Tradicionalmente o Paraná é um grande produtor de suínos, especialmente nas regiões oeste e sudoeste do Estado, onde estão localizados os grandes frigoríficos voltados para a comercialização interna e para as exportações. A expansão acompanhou a implantação de novas indústrias voltadas para a exportação e consumo interno. A suinocultura e a pecuária de leite acompanharam os agricultores paranaenses, especialmente nas regiões oeste, sudoeste e centro-sul. É no centro-sul que estão os melhores rebanhos brasileiros de gado leiteiro, onde se encontram animais que produzem mais de 50 litros de leite por dia. São ainda significativos, no Paraná a produção de ovos, de casulos do bicho-da-seda, mel e cera de abelha. Mas é na avicultura que o Estado vem se destacando nos últimos dez anos, graças à implantação de frigoríficos pela

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iniciativa privada e pelas cooperativas. A avicultura é produzida em praticamente todas as regiões acompanhando as áreas onde se produz milho, que é a matéria-prima para a ração das aves. As aves são exportadas para mais de uma dezena de países, embora sujeitas à gripe aviária.

Mineração

É abundante a riqueza de minérios no subsolo paranaense. Embora tradicionalmente se valorize os minérios nobres, como ouro, cobre e outros metais, o Paraná tem grandes reservas de minerais essenciais ao desenvolvimento da economia, como a areia, argila, calcário, caulim, dolomita, talco, granitos e mármores. A bacia carbonífera do Paraná, sediada na região central, é a terceira do país. A do xisto, de onde se extrai o óleo, é a segunda do Brasil em importância. As indústrias de cimento do Paraná dinamizaram a economia de municípios localizados na microrregião de Curitiba, como Balsa Nova, Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul. Quanto aos minerais metálicos, foram exploradas jazidas de chumbo em Adrianópolis, e constatadas minas de cobre e ferro.

Extrativismo vegetal

O pinheiro paranaense, cujo nome científico é Araucaria angustifolia, foi por muitos anos, a principal atividade do extrativismo vegetal, embora outras espécies tenham sido exploradas. É uma riqueza muito presente no Paraná e em outros Estados. Mas em função do seu valor econômico e da expansão agrícola, foi considerada uma espécie ameaçada de extinção e agora está protegido sob legislação ambiental, sendo proibido o seu desmatamento. De acordo com os dados do Instituto de Terras e Cartografia do Paraná, em 1984, se calculou que as reservas dessa madeira nobre estavam reduzidas em cerca de 11,9% em relação ao que havia 50 anos antes. Com a rigidez das leis ambientais, imagina-se que os pinheirais remanescentes deverão sobreviver.

Indústria

O crescimento mais significativo da indústria paranaense aconteceu depois da segunda metade do século XX, graças ao significado montante de recursos destinados ao setor secundário. Enquanto se implantava, em Curitiba, a Cidade Industrial, com indústrias de montagem de máquinas, tecidos e frigorífico, as cidades do interior foram beneficiadas com indústrias de transformação dos produtos primários, soja, trigo e milho, suínos e madeira, principalmente. Foram beneficiadas notadamente as cidades de Ponta Grossa, Cascavel, Maringá e Londrina, embora dezenas de outras pequenas agroindústrias tenham sido instaladas nas zonas produtoras. Com isso, essas regiões criaram muitos empregos, favorecendo a evasão das populações das cidades do interior, promovendo a urbanização das cidades, muitas vezes com a criação de favelas.

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Curitiba e a Região Metropolitana foram amplamente beneficiadas com a industrialização muito diversificada e voltada para a exportação de máquinas, equipamentos e caminhões. As indústrias madeireiras tiveram um bom desenvolvimento nesse período, quando começaram a trazer madeiras da Amazônia para industrializar na região. Londrina, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa são as cidades que concentram as indústrias alimentícias, pois estão localizadas nas principais regiões produtoras do Estado. O Paraná abrigou indústrias de papel, como as Indústrias Klabin, instalada na fazenda Monte Alegre, no município de Telêmaco Borba e a Inpacel(Vinson do Brasil), localizada no município de Arapoti, é a única empresa do Hemisfério Sul que produz papéis couché de baixa e média gramatura (conhecidos como LWC e MWC), usados para impressão de revistas, encartes, suplementos especiais, catálogos, folhetos e papel de presente. A Inpacel atingiu qualidade internacional em função da alta tecnologia empregada em todo o processo produtivo.

Energia

Vista aérea da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior usina hidrelétrica do mundo.

O Paraná tem um grande potencial hidroelétrico muito bem aproveitado, especialmente no rio Iguaçu, onde foram construídas várias hidroelétricas, entre elas as de foz do rio Areia, salto Osório e salto Santiago. Próximo a Curitiba está a Usina Hidrelétrica de Capivari Cachoeira, uma das primeiras construídas pela Copel, a companhia estadual de energia elétrica. Mais recentemente foram construídas pequenas centrais hidrelétricas em vários rios de menor porte, como a de Chavantes e Vossoroca. No rio Chopim, no sudoeste do Estado, foi construída a Usina Hidrelétrica Júlio Mesquita Filho. Mas está localizada entre o Brasil e o Paraguai, no rio Paraná, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo, construída em conjunto com o Paraguai, e que fornece energia para vários Estados brasileiros. Tem capacidade para produzir 12.600 mw e só recentemente instalou as últimas turbinas aumentando a capacidade energética em 14.000 MW (megawatts), com 20 unidades geradoras de 700 MW cada.. Teve suas comportas fechadas em 12 de outubro de 1982 e a usina hidrelétrica foi inaugurada em 5 de novembro do mesmo ano, durante a presença dos presidentes João Baptista Figueiredo, do Brasil e Alfredo Stroessner, do Paraguai.

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Mas o Paraná também é rico em energia gerada pelas usinas de açúcar e álcool, que produzem eletricidade a partir da queima do bagaço da cana-de-açúcar. Não se pode desprezar também a energia automotiva que vem do álcool, pois o Paraná é um grande produtor desse combustível.

Transportes

O sistema ferroviário paranaense desfruta de notável participação na vida econômica do estado. No setor meridional, o estado é servido pelas linhas da antiga Ferroeste (atual ferropar), a ferrovia da soja, que passou a ser operada pela iniciativa privada em 1997 no trecho entre Guarapuava e Cascavel, com uma extensão até Guaíra e Foz do Iguaçu. Uma outra estrada de ferro faz as ligações de Paranaguá com Curitiba e Guarapuava. No sentido norte-sul, encontram-se as linhas da ferrovia Sul-Atlântico, correspondente à malha sul da antiga Rede Ferroviária Federal, também privatizada na década de 1990, que faz a ligação do Paraná com os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A rede de rodovias pavimentadas compreende duas estradas de penetração, no sentido leste-oeste: a ligação Ourinhos SP-Londrina-Apucarana-Maringá-Paranavaí; e a ligação Paranaguá-Curitiba-Ponta Grossa-Guarapuava-Cascavel-Foz do Iguaçu. Em sentido transversal, figuram as ligações Apucarana-Ponta Grossa, Sorocaba-Curitiba e São Paulo-Curitiba-Rio Negro. Esta última prolonga-se até o extremo sul do Rio Grande do Sul e é parte da BR-116, que chega até o Nordeste.

O porto de Paranaguá, um dos mais importantes do país, foi objeto de um intenso programa de modernização, com dragagem, ampliação do cais, renovação de equipamento, inclusive a construção de um terminal de contêineres e de silos com unidades sugadoras. O estado tem dois aeroportos internacionais, o de Curitiba e o de Foz do Iguaçu, importante ligação com os países do Mercosul, além de um aeroporto doméstico, em Londrina.

Turismo

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As Cataratas do Iguaçu em Foz do Iguaçu: Ponto turístico atrai mais de 1 milhão de visitantes todo ano.

O Paraná é um dos estados que tem um grande número de parques nacionais, destacando-se o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional do Superagui. Foz do Iguaçu com cerca de 250 quedas-d’águas e 75 metros de altura, é conhecida internacionalmente. A Garganta do Diabo é uma das atrações do maior conjunto de cataratas do mundo.

Outro ponto de interesse turístico é o Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, onde as rochas esculpidas pelos ventos e pelas águas parecem ruínas de uma grande cidade. Ainda em Ponta Grossa pode-se visitar o Buraco do Padre, a Capela de Santa Bárbara (construída pelos Jesuítas) e a Cachoeira da Mariquinha. Em Maringá existe a Catedral de Maringá (Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Glória), segundo monumento mais alto da América do Sul e décimo do mundo.

As praias de Caiobá, Matinhos, Guaratuba, Pontal do Paraná e Praia de Leste são as mais freqüentadas do Paraná. São procuradas por turistas não só no verão, mas também no inverno, quando parte da população vai para o litoral fugindo do frio do planalto.

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Curitiba tem pontos turísticos interessantes que merecem ser visitados: o Relógio das Flores, montado em um grande canteiro; o bairro de Santa Felicidade, onde se encontram vários restaurantes com comidas típicas de diferentes países; a “Boca Maldita”, na avenida Luís Xavier, a “menor do mundo”, pois tem apenas um quarteirão, onde políticos se reúnem no final da tarde para conversar sobre os principais assuntos do dia e trocar informações; as feiras de arte e artesanato aos sábados e domingos, além de parques e bosques.

Paranaguá, a primeira cidade fundada no Estado, em 1648, guarda em suas igrejas de estilo barroco alguma coisa da história da época. Pode-se ir de litorina da capital até Paranaguá numa viagem bastante interessante. A Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá corta a serra do Mar através de túneis e viadutos, atravessando precipícios a todo instante. A beleza da paisagem, formada pela mata quase virgem e por diversas quedas-d’água, e valorizada pelos abismos. De lancha, pela baía de Paranaguá, pode-se alcançar a ilha do Mel, onde a história e a natureza se misturam.

Na cidade da Lapa, são Benedito é festejado (13 de maio) com a ‘’congada’’ (dança dos negros congos, de origem africana, onde descendentes de escravos falam, recitam, cantam e dançam).

Outras danças populares são o curitibano, com os pares fazendo roda; o quebra-mana, uma mistura de valsa e sapateado; e o nhô-chico, dança ao som de violas, característica do litoral.

Durante o ano inteiro, se realizam feiras e festivais, destacando-se a München Fest de Ponta Grossa, o Festival de Música de Londrina, Festival do Folclore, a Feira do Comércio e Indústria e a Feira de Móveis do Paraná (Movelpar).

Informações da economia do Paraná Participação no PIB nacional: 6,2%. Composição do PIB estadual: - agropecuário: 18,4%. - indústria: 40%. - prestação de serviços: 41,6%. - Volume de exportação: 10 bilhões de dólares. Produtos de exportação - soja e derivados: 34,2%. - veículos e peças: 21,4%. - Madeira: 10%. - Carne congelada: 8,2%. - Outros alimentos, como milho, açúcar e café: 8,8%.

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Política do Paraná

A Política do Paraná é a direção do território paranaense e a determinação dos poderes que compõem sua estrutura de governo.

O Palácio das Araucárias, em Curitiba, é a nova sede do governo do Paraná desde 14 de maio de 2007.

O estado do Paraná é governado por três poderes, o executivo, representado pelo governador, o legislativo, representado pela Assembléia Legislativa do Paraná, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná e outros tribunais e juízes. Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos.

A atual constituição do estado do Paraná foi promulgada em 1989[1], acrescida das alterações resultantes de posteriores ações diretas de inconstitucionalidade.

O Poder Executivo paranaense está centralizado no governador do estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto, pela população para mandatos de até quatro anos de duração, e podendo ser reeleito para mais um mandato. Sua sede é o Palácio das Araucárias, que desde 14 de maio de 2007 é a sede do governo paranaense, substituindo o Palácio Iguaçu que passará por reformas a partir de 2008 ou 2009, após concluído o processo de licitação. A residência oficial do governador é a Granja do Canguiri, localizada em Quatro Barras.

Assembléia Legislativa do Paraná.

O Poder Legislativo do Paraná é unicameral, constituído pela Assembléia Legislativa do Paraná, localizado no Centro Legislativo Presidente Aníbal Khury.

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Ela é constituída por 54 deputados, que são eleitos a cada 4 anos. No Congresso Nacional, a representação paranaense é de 3 senadores e 30 deputados federais.

A maior corte do Poder Judiciário paranaense é o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, localizado no Centro Cívico. Compõem o poder judiciário os desembargadores e os juízes de direito.

O Paraná está dividido em 399 municípios. O mais populoso deles é a capital, Curitiba, com 1 milhão de habitantes, sendo a cidade mais rica do estado e da Região Sul do Brasil. Sua região metropolitana possui aproximadamente 3 milhões de habitantes, quase a metade de toda a população do estado.

Subdivisões

O estado do Paraná é dividido em dez (10) mesorregiões, trinta e nove (39) microrregiões e trezentos e noventa e nove (399) municípios, segundo o IBGE.

O estado do Paraná dividido em suas mesorregiões, microrregiões e municípios.

Cultura

É muito rica, justamente por ter recebido a contribuição dos portugueses e espanhóis; dos africanos e indígenas; dos imigrantes italianos, alemães, holandeses, poloneses, ucranianos, japoneses, árabes, coreanos, chineses e búlgaros; dos gaúchos, catarinenses, mineiros, baianos e nordestinos.

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Bibliotecas

A Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba (PR), é a maior e mais completa biblioteca do estado em número de acervos bibliográficos.

As mais completas bibliotecas estão em Curitiba: a Biblioteca Pública do Paraná, a Biblioteca do Museu Paranaense, as bibliotecas da Faculdade de Direito, da Faculdade de Medicina, da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná e a da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica do Paraná. Há também bibliotecas especializadas, como a da Emater, que possui um grande acervo relacionado com tecnologias agrícolas, e a da Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), especializada em assuntos relacionados com o cooperativismo.

Museus

O Museu Paranaense, em Curitiba (PR).

O Paraná tem 51 museus. Na capital, o Museu Paranaense, o mais importante de todos os museus do estado, guarda objetos de arte antiga e peças indígenas; o Museu David Carneiro tem documentos históricos, artísticos e arqueológicos; o Museu Guido Viaro, o Museu Oscar Niemeyer, e o Museu Alfredo Andersen contém telas de pintores famosos e objetos de arte; o Museu da Imagem e do Som guarda depoimentos de diversas pessoas ligadas à vida artística. Em Paranaguá está o Museu de Arqueologia e Artes Populares, da Universidade Federal do Paraná, e no município da Lapa, o Museu das Armas. Na cidade de Londrina se encontram o Museu Histórico de Londrina e o Museu de Arte de Londrina. Em Ponta Grossa encontra-se o Museu Campos Gerais, da Universidade Estadual de Ponta Grossa(UEPG). Em Cascavel o Museu de Artes de Cascavel e Museu da Imagem e do Som de Cascavel. Em Guarapuava, dentre os principais, encontra-se o Museu da Imigração Suábia, que conta imigração suábia no distrito de Entre Rios, o Museu Municipal Visconde de Guarapuava, que

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conta a história da cidade e do período Imperial Brasileiro e o Museu de Ciências Naturais da Unicentro, que descreve os ecossistemas terrestres.

Teatros

O maior teatro do Paraná é o Teatro Guaíra de Curitiba, que conta com um auditório principal para 2.173 pessoas e outros dois secundários para 608 espectadores somados. A capital também tem destaque para a Ópera de Arame, importante obra arquitetônica com capacidade para 2.100 pessoas, e o Teatro Paiol.

No interior, o maior teatro é o Teatro Municipal de Toledo, com 1.022 assentos. Logo depois estão o moderno Calil Haddad em Maringá para 800 espectadores e o histórico Cine-Teatro Ópera, em Ponta Grossa, para 933 pessoas divididos em três auditórios.

Festas

• Festa de Nossa Senhora da Luz, comemorada em 8 de setembro de cada ano, em Curitiba.

• Festa de Nossa Senhora do Rocio, comemorada em 15 de novembro de cada ano, em Paranaguá. A festa é acompanhada com grande procissão de fiéis católicos.

• Festa de Nossa Senhora do Rocio, comemorada em 15 de novembro de cada ano, em São Manoel do Paraná. A festa é composta das partes religiosa e popular. Conta com o Tradicional Costelão, conhecido em todo o estado.

• Congada da Lapa, de origem africana, é comemorado no dia de São Benedito, em dezembro.[47] É a dança dos negros congos, onde descendentes de escravos falam, recitam, cantam e dançam.

• Munchen Fest de Ponta Grossa, comemorada de 1º a 10 de dezembro, em Ponta Grossa. Maior festa do chope escuro do Brasil, traz artistas de renome nacional como Pitty, Jota Quest, CPM22. Sendo a maior festa do Paraná.

• OktoberFest em todo o estado, destacando-se em Marechal Cândido Rondon comemorada em outubro, como o nome já diz.

• Expobel, é a maior festa realizada no sudoeste do Paraná onde na ultima edição registrou recorde de mais de 450 mil pessoas.

• Festa Nacional do Carneiro no Buraco, é realizada em Campo Mourão e é considerada a segunda festa mais importante do estado.

• Festa Feira Agrícola e Artesanal, é realizada em Morretes e é considerada a melhor festa de produtos típicos do Paraná.

• ExpoUmuarama, Maior festa agropecuário do interior.

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Esporte

No futebol destacam-se três times no cenário nacional: o Atlético Paranaense (campeão brasileiro de 2001, vice-campeão da Copa Libertadores da América de 2005), Coritiba (campeão brasileiro de 1985) e Paraná Clube que disputa a segunda divisão do campeonato brasileiro. Do interior do estado se destacam o Operário Ferroviário Esporte Clube, o segundo mais antigo do estado e com uma das maiores torcidas, o Londrina que viveu grande fase nas decádas de 70 e 80, e recentemente o Atlético Paranavaí, que chegou a duas finais do Campeonato Paranaense nesta década, sendo campeão em 2007.

Pratos Típicos

• Pinhão • Barreado (Carne Barreada) • Pierogui • Carneiro no Buraco • Castropeiro • Entrevero de Pinhão • Paçoca de Carne • Pintado na Telha • Porco no Rolete • Quirera Lapiana • Virado Lapeano • Chimarrão • Tererê

Feriados

Data Nome Observações

19 de dezembro

Emancipação política do Paraná

Em comemoração ao nascimento da Província do Paraná, desmembrada da Província de São Paulo. As repartições particulares, incluindo a Ocepar, não têm direito a férias, por isso trabalham no feriado.

Problemas atuais

O desenvolvimento social e econômico do Paraná, a par de transformar o estado em um dos mais ricos do Brasil, acarretou também os seguintes fenômenos:

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• Desemprego e violência nas principais cidades do estado e em algumas cidades menos populosas com maior índice de criminalidade.

• Contrabando, tráfico de drogas e armas em alta, via Foz do Iguaçu no Brasil a Ciudad del Este no Paraguai, e Argentina.

• Crise agrária e influência ativa do MST.

Economia Brasileira

O Brasil é a oitava maior economia mundial e maior da América Latina, de acordo com o Produto Interno Bruto calculado com base no método da paridade do poder de compra segundo o Fundo Monetário Internacional. Seu PIB per capita, no entanto, é inferior a alguns países da América do Sul (Argentina, Chile e Uruguai).

O primeiro produto que moveu a economia do Brasil foi o açúcar, na capitania de Pernambuco, durante o período de colônia, seguindo pelo ouro na região de Minas Gerais. Já independente, um novo ciclo econômico surgiu, agora com o café. Esse momento foi fundamental para o desenvolvimento do estado de São Paulo, que acabou por tornar-se o mais rico do país.

São Paulo, considerada o mais importante centro econômico do Brasil e de toda a América Latina.

Apesar de ter, ao longo da década de 1990, um salto qualitativo na produção de bens agrícolas, alcançando a liderança mundial em diversos produtos, com reformas comandadas pelo governo federal, a pauta de exportação brasileira foi diversificada, com uma enorme inclusão de bens de alto valor agregado como jóias, aviões, automóveis e peças de vestuário.

Atualmente o país está entre os 20 maiores exportadores do mundo, com US$ 142 bilhões (em Abril 2007) vendidos entre produtos e serviços a outros países. Mas com um crescimento de dois dígitos ao ano desde o governo Fernando Henrique, em poucos anos a expectativa é que o Brasil esteja entre as principais plataformas de exportação do mundo.

Em 2004 o Brasil começou a crescer, acompanhando a economia mundial. Isto deve-se a uma política adotada pelo presidente Lula, no entanto, grande parte da imprensa reclama das altas taxas de juros adotadas pelo governo. No final de 2004 o PIB cresceu 5,7%, a indústria cresceu na faixa de 8% e as exportações superaram todas as expectativas. Porém em 2005 a economia desacelerou, com um crescimento de 3,2%, sendo que em 2006 houve pequena melhoria, com um

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crescimento de 3,7%, muito abaixo da média mundial para países emergentes, de 6,5%. Em 2007, superando as expectativas dos especialistas, a economia se mostrou aquecida e voltou a crescer como em 2004, com crescimento previsto de 5,4%, após 4,5% inicialmente, tendo a indústria o maior crescimento. A taxa de investimento no Brasil situa-se em torno dos 17% do PIB, muito inferior ao índice de seus pares emergentes. Em 2006 o PIB atingiu R$ 2,322 trilhões (US$ 1,067 trilhão).

O Brasil é visto pelo mundo como um país com muito potencial assim como a Rússia, Índia e China, as economias BRICs. A política externa adotada pelo Brasil prioriza a aliança entre países subdesenvolvidos para negociar com os países desenvolvidos. O Brasil, assim como a Argentina e a Venezuela vêm mantendo o projeto da ALCA em discussão, conjuntamente com os Estados Unidos. Existem também iniciativas de integração na América do Sul, cooperação na economia e nas áreas sociais.

Alguns especialistas em economia, como o analista Peter Gutmann, afirmam que em 2050 o Brasil poderá vir a atingir estatisticamente o padrão de vida verificado em 2005 nos países da Zona Euro. De acordo com dados do Goldman Sachs, o Brasil atingirá em 2050 um PIB de US$11 366 000 e PIB per capita de US$49 759.

Componentes

Plataforma petrolífera P-51 da estatal brasileira Petrobras. Desde 2006 o país é auto-suficiente na produção de petróleo.

A economia brasileira (recentemente classificada como "grau de investimento") é diversa, abrangendo a agricultura, a indústria e uma multiplicidade de serviços. Atualmente o país tem conseguido impor sua liderança global graças ao desenvolvimento de sua economia. A força econômica que o país tem demonstrado, deve-se, em parte, ao boom mundial nos preços de commodities e de mercadorias para exportação, como a carne bovina e a soja. A perspectivas da economia brasileira têm melhorado ainda mais graças a descobertas de enormes jazidas de petróleo e gás natural na bacia de Santos. Potência mundial na agricultura e em recursos naturais, o Brasil desencadeou sua maior explosão de prosperidade econômica das últimas em três décadas.

A agricultura e setores aliados, como a silvicultura, exploração florestal e pesca contabilizaram 5,1% do produto interno bruto em 2007, um desempenho que põe o agronegócio em uma posição de destaque na balança comercial do Brasil,

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apesar das barreiras comerciais e das políticas de subsídios adotadas pelos países desenvolvidos.

Colheitadeira em uma plantação de soja brasileira.

A indústria de automóveis, aço, petroquímica, computadores, aeronaves e bens de consumo duradouros contabilizam 30,8% do produto interno bruto brasileiro. A atividade industrial está concentrada geograficamente nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Campinas, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus, Salvador, Recife e Fortaleza. Indústrias de alta tecnologia também estão concentradas nessas áreas.

O país responde por três quintos da produção industrial da economia sul-americana e participa de diversos blocos econômicos como: o Mercosul, o G-22 e o Grupo de Cairns. Seu desenvolvimento científico e tecnológico, aliado a um parque industrial diversificado e dinâmico, atrai empreendimentos externos. Os investimentos diretos foram em média da ordem de vinte bilhões de dólares por ano, contra dois bilhões por ano durante a década passada.

Embraer ERJ-135, jato desenvolvido pela empresa brasileira Embraer. Aviões são um dos produtos sofisticados exportados pelo Brasil.

O Brasil comercializa regularmente com mais de uma centena de países, sendo que 74% dos bens exportados são manufaturas ou semimanufaturas. Os maiores parceiros são: União Europeia (com 26% do saldo); Mercosul e América Latina (25%); Ásia (17%) e Estados Unidos (15%). Um setor dos mais dinâmicos nessa troca é o de agronegócio, que mantém há duas décadas o Brasil entre os países com maior produtividade no campo.

Dono de sofisticação tecnológica, o país desenvolve de submarinos a aeronaves, além de estar presente na pesquisa aeroespacial, possuindo um Centro de Lançamento de Veículos Leves e sendo o único país do Hemisfério Sul a integrar

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a equipe de construção da Estação Espacial Internacional (ISS). Pioneiro na pesquisa de petróleo em águas profundas, de onde extrai 73% de suas reservas, foi a primeira economia capitalista a reunir, no seu território, as dez maiores empresas montadoras de automóveis.

Turismo

Fernando de Noronha, um dos principais polos turísticos do país.

O Brasil atraiu, em 2005, cerca de cinco milhões de turistas estrangeiros. Da Argentina vieram 991 mil, dos Estados Unidos 792 mil e de Portugal 373 mil turistas, ocupando respectivamente os primeiro, segundo e terceiro lugares no ranking dos principais emissores de turistas para o Brasil. Os visitantes deixaram US$ 4 bilhões no país, tornando o turismo uma importante atividade econômica para o Brasil, gerando 678 mil novos empregos diretos.

Eventos em datas e locais específicos, como o Reveillon e o Carnaval do Rio de Janeiro, Salvador e Recife, o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, a Parada do Orgulho LGBT, o Carnaval e o Réveillon de São Paulo são os maiores chamarizes para turistas nacionais e estrangeiros.

Os estados mais visitados pelos turistas costumam ser o Rio de Janeiro (34,7%), Santa Catarina (25,1%), Paraná (20,3%), São Paulo (16%), e Bahia (15,5%). As cidades mais visitadas foram Rio de Janeiro (31,5%), Foz do Iguaçu (17%), São Paulo (13,6%), Florianópolis (12,1%), Salvador (11,5%) e Natal (9.3%). Espera-se que com políticas regionais de estímulo ao turismo esse fluxo seja diversificado, com o incremento do turismo ecológico, focado em regiões como a Amazônia e o Pantanal; o turismo histórico, com destaque para a Estrada Real de Minas Gerais; e o turismo cívico, em Brasília.

Cultura

Carnaval brasileiro no Rio de Janeiro, considerada a maior festa do planeta.

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Devido às suas dimensões continentais, o Brasil é um país com uma rica diversidade de culturas, que sintetizam as diversas etnias que formam o povo brasileiro. Por essa razão, não existe uma cultura brasileira homogênea, e sim um mosaico de diferentes vertentes culturais que formam, juntas, a cultura do Brasil. É notório que, após mais de três séculos de colonização portuguesa, a cultura do Brasil é, majoritariamente, de raiz lusitana. É justamente essa herança cultural lusa que compõe a unidade do Brasil: são diferentes etnias, porém, todos falam a mesma língua (o português) e, quase todos, são cristãos, com largo predomínio de católicos. Esta igualidade linguística e religiosa é um fato raro para um país imenso como o Brasil.

Embora seja um país de colonização portuguesa, outros grupos étnicos deixaram influências profundas na cultura nacional, destacando-se os povos indígenas, os africanos, os italianos e os alemães. As influências indígenas e africanas deixaram marcas no âmbito da música, da culinária, do folclore, do artesanato, dos caracteres emocionais e das festas populares do Brasil, assim como centenas de empréstimos à língua portuguesa. É evidente que algumas regiões receberam maior contribuição desses povos: os estados do Norte têm forte influência das culturas indígenas, enquanto algumas regiões do Nordeste têm uma cultura bastante africanizada, sendo que, em outras, principalmente no sertão, há uma intensa e antiga mescla de caracteres lusitanos e indígenas, com menor participação africana.

Quanto mais a sul do Brasil nos dirigimos, mais europeizada a cultura se torna. No Sul do país as influências de imigrantes italianos e alemães são evidentes, seja na culinária, na música, nos hábitos e na aparência física das pessoas. Outras etnias, como os árabes, espanhóis, poloneses e japoneses contribuíram também para a cultura do Brasil, porém, de forma mais limitada.

Arquitetura e patrimônio histórico

Obra de Mestre Ataíde na abóbada da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, símbolo do Barroco brasileiro.

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O interesse oficial pela preservação do patrimônio histórico e artístico no Brasil começou com a instituição em 1934 da Inspetoria de Monumentos Nacionais. O órgão foi sucedido pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e hoje o setor é administrado nacionalmente pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que já possui mais de 20 mil edifícios tombados, 83 sítios e conjuntos urbanos, 12.517 sítios arqueológicos cadastrados, mais de um milhão de objetos arrolados, incluindo o acervo museológico, cerca de 250 mil volumes bibliográficos e vasta documentação arquivística. Tradições imateriais como o samba de roda do Recôncavo Baiano e a arte gráfica e pintura corporal dos índios Wajapi do Amapá também já foram reconhecidas como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Também os estados e alguns municípios já possuem instâncias próprias de preservação e o interesse nesta área tem crescido nos últimos anos.

Mesmo com a intensa atividade dos órgãos oficiais, o patrimônio nacional ainda sofre frequente depredação e tem sua proteção e sustentabilidade limitadas pela escassez de verbas e pela falta de consciência da população para com a riqueza de sua herança cultural e artística e para com a necessidade de um compartilhamento de responsabilidades para sua salvaguarda efetiva a longo prazo.

O Palácio da Alvorada em Brasília, obra de Oscar Niemeyer.

O patrimônio histórico brasileiro é um dos mais antigos da América, sendo especialmente rico em relíquias de arte e arquitetura barrocas, concentradas sobretudo no estado de Minas Gerais (Ouro Preto, Diamantina, São João del-Rei, Sabará, Congonhas, etc) e em centros históricos de Recife, São Luis, Salvador, Olinda, Santos, Paraty, Pirenópolis, Goiás, entre outras cidades. Também possui nas grandes capitais numerosos e importantes edifícios de arquitetura eclética, da transição entre os séculos XIX e XX.

A partir de meados do século XX a construção de uma série de obras modernistas, criadas por um grupo liderado por Gregori Warchavchik, Lucio Costa e sobretudo Oscar Niemeyer, projetou a arquitetura brasileira internacionalmente. O movimento moderno culminou na realização de Brasília, o único conjunto urbanístico moderno do mundo reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.

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Pintura rupestre no Parque Nacional Serra da Capivara

Também há diversidade em sítios arqueológicos, como o encontrado no sul do estado do Piauí: serra da Capivara. Os problemas enfrentados pela maioria dos sítios arqueológicos brasileiros não afetam os mais de 600 sítios que estão no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. Localizado em uma área de 130 mil hectares o Parque Nacional da Serra da Capivara é um exemplo de conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. Em 1991, foi consagrado patrimônio mundial pela Unesco.

A serra da Capivara é uma das áreas mais protegidas do Brasil, pois está sob a guarda do Iphan, Ministério do Meio Ambiente (MMA), Fundahm e do Ibama local, que tem poder de polícia. Nesta mesma área se localiza o Museu do Homem Americano, onde se encontra o mais velho crânio humano encontrado na América.

Culinária

A culinária brasileira é fruto de uma mistura de ingredientes europeus, indígenas e africanos. A refeição básica do brasileiro médio consiste em arroz, feijão e carne. O prato internacionalmente mais representativo do país é a feijoada. Os hábitos alimentares variam de região para região. No Nordeste há grande influência africana na culinária, com destaque para o acarajé, vatapá e molho de pimenta. No Norte há a influência indígena, no uso da mandioca e de peixes de água doce. No Sudeste há pratos diversos como o feijão tropeiro e angu, em Minas Gerais, e a pizza em São Paulo. No Sul do país há forte influência da culinária italiana, em pratos como a polenta, e também da culinária alemã. O churrasco é típico do Rio Grande do Sul.

Literatura

Machado de Assis, um dos maiores escritores do Brasil.

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O primeiro documento a se considerar literário na história brasileira é a carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei Manuel I de Portugal, em que o Brasil é descrito, em 1500. Nos próximos dois séculos, a literatura brasileira ficou resumida a descrições de viajantes e a textos religiosos. O barroco desenvolveu-se no Nordeste nos séculos XVII e XVII e o arcadismo se expandiu no século XVIII na região das Minas Gerais.

Aproximadamente em 1836, o Romantismo afetou a Literatura Brasileira e nesse período, pela primeira vez, a literatura nacional tomou formas próprias, adquirindo características diferentes da literatura européia. O Romantismo brasileiro (possuindo uma temática indianista), teve como seu maior nome José de Alencar e exaltava as belezas naturais do Brasil e os indígenas brasileiros.

Após o Romantismo, o Realismo expandiu-se no país, principalmente pelas obras de Machado de Assis (fundador da Academia Brasileira de Letras). Entre 1895 e 1922, não houve estilos literários uniformes no Brasil, seguindo uma inércia mundial. A Semana de Arte Moderna de 1922 abriu novos caminhos para a literatura do país. Surgiram nomes como Oswald de Andrade e Jorge Amado. O século XX também assistiu ao surgimento de nomes como Guimarães Rosa e Clarice Lispector, os chamados "romancistas instrumentalistas", elencados entre os maiores escritores brasileiros de todos os tempos.

Atualmente, o escritor Paulo Coelho (membro da Academia Brasileira de Letras) é o escritor brasileiro mais conhecido, alcançando a liderança de vendas no país e recordes pelo mundo. Apesar de seu sucesso comercial, críticos diversos consideram que produz uma literatura meramente comercial e de fácil digestão, e chegam a apontar diversos erros de português em suas obras, principalmente em seus primeiros livros. Outros autores contemporâneos são bem mais considerados pela crítica e possuem também sucesso comercial, como Ignácio de Loyolla Brandão, Rubem Fonseca, Luís Fernando Veríssimo e outros.

Artes visuais

"A descoberta da terra" (1941), pintura mural de Portinari no edifício da Biblioteca do Congresso, Washington, DC.

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O Brasil tem uma grande herança no campo das artes visuais. Na pintura, desde o barroco se desenvolveu uma riquíssima tradição de decoração de igrejas que deixou exemplos na maior parte dos templos coloniais, com destaque para os localizados nos centros da Bahia, Pernambuco e sobretudo em Minas Gerais, onde a atuação de Mestre Ataíde foi um dos marcos deste período. No século XIX, com a fundação da Escola de Belas Artes, criou-se um núcleo acadêmico de pintura que formaria gerações de notáveis artistas, que se encontram até hoje entre os melhores da história do Brasil, como Victor Meirelles, Pedro Alexandrino, Pedro Américo, Rodolfo Amoedo e legião de outros. Com o advento do Modernismo no início do século XX, o Brasil acompanhou o movimento internacional de renovação das artes plásticas e criadores como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro, Guignard, Di Cavalcanti e Portinari determinaram os novos rumos da pintura nacional, que até os dias de hoje não cessou de se desenvolver e formar grandes mestres.

Escultura de Aleijadinho "Cristo no horto das oliveiras", localizada Congonhas, Minas Gerais.

No campo da escultura, igualmente o barroco foi o momento fundador, deixando uma imensa produção de trabalhos de talha dourada nas igrejas e estatuária sacra, cujo coroamento é o ciclo de esculturas das Estações da Via Sacra e dos 12 profetas no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, obra de Aleijadinho. Experimentando um período de retraimento na primeira metade do século XIX, a escultura nacional só voltaria a brilhar nas últimas décadas do século, em torno da Academia Imperial de Belas Artes e através da atuação de Rodolfo Bernardelli. Desde lá o gênero vem florescendo sem mais interrupções pela mão de mestres do quilate de Victor Brecheret, um dos precursores da arte moderna brasileira, e depois dele Alfredo Ceschiatti, Bruno Giorgi, Franz Weissmann, Frans Krajcberg, Amilcar de Castro e uma série de outros, que têm levado a produção brasileira aos fóruns internacionais da arte.

Da metade do século XX em diante outras modalidades de artes visuais têm merecido a atenção dos artistas brasileiros, e nota-se um rápido e grande desenvolvimento na gravura, no desenho, na cerâmica artística, e nos processos mistos como instalações e performances, com resultados que se equiparam à melhor produção internacional.

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Música

A música do Brasil se formou, principalmente, a partir da fusão de elementos europeus e africanos, trazidos respectivamente por colonizadores portugueses e escravos.

Instrumentos populares no Brasil.

Até o século XIX Portugal foi a porta de entrada para a maior parte das influências que construíram a música brasileira, clássica e popular, introduzindo a maioria do instrumental, o sistema harmônico, a literatura musical e boa parcela das formas musicais cultivadas no país ao longo dos séculos, ainda que diversos destes elementos não fosse de origem portuguesa, mas genericamente europeia. O primeiro grande compositor brasileiro foi José Maurício Nunes Garcia, autor de peças sacras com notável influência do classicismo vienense. A maior contribuição do elemento africano foi a diversidade rítmica e algumas danças e instrumentos, que tiveram um papel maior no desenvolvimento da música popular e folclórica, florescendo especialmente a partir do século XX. O indígena praticamente não deixou traços seus na corrente principal, salvo em alguns gêneros do folclore, sendo em sua maioria um participante passivo nas imposições da cultura colonizadora.

Sala São Paulo, em São Paulo, uma das salas de concerto com melhor acústica no mundo.

Ao longo do tempo e com o crescente intercâmbio cultural com outros países além da metrópole portuguesa, elementos musicais típicos de outros países se tornariam importantes, como foi o caso da voga operística italiana e francesa e das danças como a zarzuela, o bolero e habanera de origem espanhola, e as valsas e polcas germânicas, muito populares entre os séculos XVIII e XIX, e o jazz norte-americano no século XX, que encontraram todos um fértil terreno no Brasil para enraizamento e transformação.

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Com grande participação negra, a música popular desde fins do século XVIII começou a dar sinais de formação de uma sonoridade caracteristicamente brasileira. Na música clássica, contudo, aquela diversidade de elementos se apresentou até tardiamente numa feição bastante indiferenciada, acompanhando de perto - dentro das possibilidades técnicas locais, bastante modestas se comparadas com os grandes centros europeus ou como os do México e do Peru - o que acontecia na Europa e em grau menor na América espanhola em cada período, e um caráter especificamente brasileiro na produção nacional só se tornaria nítido após a grande síntese realizada por Villa Lobos, já em meados do século XX.

Esportes

Estádio do Maracanã, um dos maiores estádios de futebol do mundo.

O futebol é o esporte mais popular no Brasil. A Seleção Brasileira de Futebol foi cinco vezes vitoriosa na Copa do Mundo FIFA, em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.[137] Basquetebol, voleibol, automobilismo e as artes marciais também têm grande popularidade no país. Embora não sejam tão praticados e acompanhados como os esportes citados anteriormente, tênis, handebol, natação e ginástica têm encontrado muitos seguidores brasileiros ao longo das últimas décadas. Algumas variações de esportes têm suas origens no Brasil. Futebol de praia, futsal (versão oficial do futebol indoor) e futevôlei emergiram de variações do futebol. Nas artes marciais, os brasileiros têm desenvolvido a capoeira, vale-tudo, e o jiu-jitsu brasileiro. No automobilismo, pilotos brasileiros ganharam o campeonato mundial de Fórmula 1 oito vezes: Emerson Fittipaldi, em 1972 e 1974; Nelson Piquet, em 1981, 1983 e 1987; e Ayrton Senna, em 1988, 1990 e 1991.

Grande Prêmio do Brasil de 2007 no Autódromo de Interlagos em São Paulo.

O Brasil já organizou eventos esportivos de grande escala: o país organizou e sediou a Copa do Mundo FIFA de 1950 e foi escolhido para sediar a Copa do Mundo FIFA de 2014. O circuito localizado em São Paulo, Autódromo José Carlos Pace, organiza anualmente o Grande Prêmio do Brasil. São Paulo organizou os Jogos Pan-americanos de 1963 e o Rio de Janeiro organizou os Jogos Pan-

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americanos de 2007. Além disso, o país vai sediar os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, que serão realizados na cidade do Rio de Janeiro.

Feriados

Feriados fixos

Data Nome Observações

1° de janeiro Confraternização Universal

Início do ano civil

21 de abril Tiradentes Em homenagem ao mártir da Inconfidência Mineira

1° de maio Dia do Trabalhador Homenagem a todos os trabalhadores

7 de setembro Independência Proclamação da Independência de Portugal

12 de outubro Nossa Senhora Aparecida

Padroeira do Brasil

2 de novembro

Finados Dia de memória aos mortos

15 de novembro

Proclamação da República

Transformação de Império em República

25 de dezembro

Natal Celebração do nascimento de Cristo

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Feriados móveis (Festas móveis do Cristianismo-Igreja Católica)

Data Observações

Carnaval

Tradicional festa popular que precede a Quaresma católica; embora não seja um feriado nacional, o carnaval brasileiro é marcado pelo feriado na terça-feira anterior à quarta-feira de cinzas, porém tradicionalmente não há trabalho na segunda-feira anterior também, formando assim os 4 dias de carnaval.[151][152]

Sexta-feira santa

Data cristã na qual a morte de Cristo é lembrada.

Corpus Christi

Data em que a Igreja Católica comemora com Procissão Solene o Sacramento da Eucaristia, devido à impossibilidade de fazê-lo no dia de sua instituição, a Quinta-Feira Santa, uma vez que na Semana Santa não se recomendam manifestações de júbilo.

Dia de eleições

Data Observações

Eleições

O primeiro turno, desde a edição da Lei nº 9.504/97, ocorre sempre no primeiro domingo do mês de outubro. Caso seja necessário um segundo turno, este ocorrerá no último domingo do mesmo mês. As eleições no Brasil ocorrem a cada quatro anos. Para os cargos de vereador e prefeito dos municípios, ocorrem nos anos bissextos. Para os cargos de deputado estadual, governador de estado, deputado federal, senador e presidente da república, ocorrem 2 anos após as eleições municipais.

Brasileiros

O Brasil foi o berço de importantes personalidades conhecidas mundialmente. Como exemplos, podemos citar o inventor mineiro Santos Dumont e o arquiteto Oscar Niemeyer.

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Santos Dumont, o inventor do avião.

No meio científico, destacam-se Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, César Lattes, Milton Santos e Ivo Pitanguy.

O país é conhecido também como grande expoente de esportistas, sobretudo no futebol. Pelé é o exemplo mais conhecido. Os jogadores Ronaldo, Fenômeno, Zico, Romário, Ronaldo de Assis Moreira e Kaká são bastante admirados por todo o mundo. Na Fórmula-1, se destacou Ayrton Senna, considerado um dos maiores pilotos da História. No vôlei, o Brasil também é referência mundial, tendo produzido dezenas de grandes atletas. Outros grandes esportistas brasileiros que chegaram a ser os melhores do mundo em suas modalidades, e que são internacionalmente reconhecidos, são César Cielo da natação, Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten no tênis, Robert Scheidt e Torben Grael no iatismo, Joaquim Cruz no atletismo, entre muitos outros.

Na música, os exemplos mais conhecidos são Villa-Lobos e Tom Jobim, além da luso-brasileira Carmen Miranda, que trabalhou também como atriz de Hollywood. Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e, mais recentemente, Daniela Mercury e Ivete Sangalo, fazem sucesso em diversos países do mundo.

No mundo da moda, as modelos brasileiras têm se destacado, principalmente após o surgimento de Gisele Bündchen.

No cinema, o Brasil tem o ator Rodrigo Santoro, juntamente com novelas e filmes nacionais, trabalhou internacionalmente em alguns filmes e na célebre série Lost. Outro dos brasileiros que estrelam fora é a atriz Alice Braga, fazendo filmes internacionais, inclusive co-estrelou ao lado de Will Smith em um filme de Hollywood I am Legend ( Eu sou a lenda, em português ) de ficção científica.

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Na TV, o Brasil tem grandes nomes reconhecidos em todo o mundo. O próprio fundador da televisão nacional, Assis Chateaubriand, e também o apresentador e radialista Chacrinha, o animador e empresário Silvio Santos , os apresentadores Gugu Liberato, Fausto Silva, Xuxa, Ana Maria Braga, Hebe Camargo, Raul Gil entre outros.

Na política, Getúlio Vargas é reconhecido como "O Maior dos Brasileiros", cuja participação política foi fundamental no progresso e na história do país. Barão do Rio Branco também se marca pela extrema competência no campo da diplomacia.

Militantes históricos dos Direitos Humanos no Brasil são, por exemplo, Abdias Nascimento, do movimento negro, fundador do Teatro Experimental do Negro; Chico Mendes, ambientalista, entre muitos outros.

Os Heróis Nacionais são oficialmente reconhecidos quando os seus nomes são inscritos no Livro de Aço do Panteão da Pátria, também chamado Livro dos Heróis da Pátria, localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Organização Política

Oficialmente o Brasil se constitui em uma República Federativa - República Federativa do Brasil - composta por 26 estados e um distrito federal, onde se situa a capital da República - Brasília, sede do governo e dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Cada um dos estados brasileiros, ou seja, cada uma das unidades da Federação, é ainda subdividido em municípios e

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esses em distritos. Ao todo o Brasil possui 9.274 distritos distribuídos em 4.974 municípios.

Apesar de o País se constituir em uma Federação é grande a centralização política existente, sendo pequena a autonomia de cada unidade da Federação.

Os estados brasileiros são ainda agrupados em cinco grandes regiões político-administrativas: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Região Norte - ocupando 45% da área territorial do país, é composta por sete estados:

Acre Amapá Amazonas Pará Rondônia Roraima Tocantins Região Nordeste - ocupando 18% da área territorial, é composta por nove estados: Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe Região Centro-Oeste - ocupando 19% da área territorial, é composta por três estados: Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul Região Sudeste - compreendendo 11% da área brasileira, é composta por quatro estados: Espírito Santo Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo Região Sul - abrangendo 7% do território, é composta por três estados: Paraná Rio Grande do Sul Santa Catarina

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Criada em 1968, pela FIBGE, essa divisão regional é oficialmente adotada para levantamentos censitários e, por órgãos da administração direta e de instituições de planejamento e afins. Esta delimitação em apenas 5 grandes regiões, vem sendo questionada por parcela de pesquisadores da comunidade científica, quanto aos seus reais aspectos de representatividade de espaços regionais em termos geográficos, humanos, culturais e econômicos.

O quadro a seguir apresenta a divisão regional oficial, as unidades da federação componentes de cada região, bem como suas capitais, áreas territoriais e população residente em 1991.

REGIÃO UNIDADE DA FEDERAÇÃO

CAPITAL ÁREA (km2)

POPULAÇÃO 1991

NORTE - - 3.869.637 10.030.556

Acre Rio Branco 153.149 417.718

Amapá Macapá 143.453 289.397

Amazonas Manaus 1.577.820 2.103.243

Pará Belém 1.253.164 .4.950.060

Rondônia Porto Velho 238.512 1.132.692

Roraima Boa Vista 225.116 217.583

Tocantins Palmas 278.420 919.863

NORDESTE - - 1.561.177 42.497.540

Alagoas Maceió 98.937 7.127.855

Bahia Salvador 567.295 11.867.991

Ceará Fortaleza 146.348 6.366.647

Maranhão São Luis 333.365 4.930.253

Paraíba João Pessoa 56.584 3.201.114

Pernambuco Recife 98.937 7.127.855

Piauí Teresina 252.378 2.582.137

Rio Grande do Norte

.Natal 53.306 2.415.567

Sergipe Aracaju 22.050 1.491.876

SUDESTE - - 927.286 62.740.401

Espírito Santo Vitória 46.184 2.600.618

Minas Gerais Belo Horizonte

588.383 15.743.152

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Rio de Janeiro Rio de Janeiro

43.909 12.807.706

São Paulo São Paulo 248.808 31.588.925

SUL - - 577.214 22.129.377

Paraná Curitiba 199.709 8.448.713

Rio Grande do Sul

Porto Alegre 282.062 9.138.670

Santa Catarina Florianópolis 95.442 4.541.994

CENTRO-OESTE

- 1.612.077 9.427.601

Distrito Federal Brasília 5.822 1.601.094

Goiás Goiânia 341.289 4.018.903

Mato Grosso Cuiabá 906.806 2.027.231

Mato Grosso do Sul

Campo Grande

358.158 1.780.373

BRASIL - Brasília 8.547.403 146.825.475

Fonte: FIBGE,1991. População De acordo com o último censo demográfico, realizado em 1991 pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - FIBGE, a população brasileira somava 146.825.475 habitantes. Para 2000, a FIBGE estima uma população residente de 165.715.400 habitantes, o que corresponde a uma taxa média geométrica de crescimento anual de 1,35%.

Em 1980, ano de realização do penúltimo censo demográfico, a população residente brasileira era de 119.002.706 habitantes, o que corresponde a uma taxa de crescimento anual de 1,93% para o período 1980/1991.

O Brasil apresentava em 1991, uma densidade populacional bruta de 17,18 habitantes/km2 e uma taxa de urbanização de 75,59%.

Quanto à densidade demográfica, o Rio de Janeiro é o estado brasileiro que apresentava, em 1991, maior concentração populacional (291,68 hab/km2), seguido do Distrito Federal (275,00 hab/km2) e de São Paulo (126,96 hab/km2). Esses três estados foram, inclusive, os únicos estados brasileiros a apresentar densidade demográfica acima de 100 hab/km2. No extremo oposto, com as mais baixas densidades demográficas, aparecem os estados componentes das regiões Norte e Centro-Oeste do país. Roraima apresenta a mais baixa densidade demográfica brasileira (0,97 hab/km2), seguido do estado do Amazonas (1,33 hab/km2).

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No tocante à taxa de urbanização, são também o estado do Rio de Janeiro, o Distrito Federal e o estado de São Paulo que apresentam os maiores índices, de respectivamente, 95,25%, 94,68% e 92,80%. Já as menores taxas de urbanização são verificadas nos estados do Maranhão (40,01%), Pará (52,44%) e Piauí (52,95%).

Características da Economia Mundial Moderna

Avanços tecnológicos simplesmente inimagináveis há bem pouco tempo — e que representam efetiva contribuição para a plena realização dos potenciais humanos —, tais como a integração econômica em âmbito planetário e o importantíssimo processo de surgimento de uma consciência nova de cidadania mundial, convivem, em longitudes e latitudes as mais diferentes, na cauda do impacto do desemprego estrutural e da crescente e violenta exclusão de quatro quintos da humanidade do ciclo de produção e consumo criado pelo que se convencionou chamar de terceira revolução industrial, com o aumento insuportável da miséria, com a disseminação da AIDS, com o aparecimento de novas formas de violência, com a conglomeração do crime, com o crescimento exponencial do fanatismo beligerante dos fundamentalismos religiosos, com o reaparecimento do fascismo e o recrudescimento do racismo.

O processo de mudanças econômicas, políticas e sociais vem se acelerando enormemente nas últimas décadas: o mundo atravessa transformações cada vez mais rápidas e radicais, o que provoca estupor e desorientação em todos nós.

Daí resultam avaliações controversas quanto ao que nos ocorrerá, mesmo da perspectiva de um futuro próximo: otimistas e pessimistas se confrontam, todos, ao mesmo tempo, igualmente cobertos de razões e perdidamente equivocados.

Por isso, prospectar o futuro, hoje, significa confrontar paradoxos, razão pela qual, muito provavelmente, é a consideração dos paradoxos a marca característica da construção desse cenário.

O despertar de um mundo novo

Na verdade, a segunda guerra produziu o mundo no qual vínhamos vivendo, sepultando, definitivamente, os últimos traços remanescentes da sociedade do século XIX e produzindo as características de diferenciação da sociedade do século XX: uma sociedade predominantemente urbana e industrial.

No entanto, a partir da década de 70, a crise da sociedade do pós-guerra começou a se manifestar, iniciando-se, com isso, um torvelinho de aceleração de mudanças que nos projeta, inexoravelmente, para dentro e para além do século XXI.

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As crises do petróleo, a disseminação da consciência do risco de extinção de nossa espécie em decorrência da confrontação nuclear, a compreensão ainda tênue que então começou a surgir quanto às conseqüências do impacto ecológico do crescimento industrial, tudo isso começou a se juntar no cadinho da transformação histórica e social.

O otimismo sorridente do pós-guerra começava a ser substituído por sobrolhos franzidos de futurólogos reunidos no Clube de Roma e fundamentados em informações preocupantes.

O trecho a seguir de Heilbroner (1974) representa bem o novo estado de ânimo que então começava a se delinear:

“Existe uma pergunta no ar, mais pressentida do que ouvida, como a invisível aproximação da tormenta distante; uma pergunta que eu hesitaria em formular se não acreditasse que ela existe, latente, na mente de muitos: ‘Há esperança para o Homem?

Em outras épocas, tal pergunta provocaria reflexões sobre a salvação ou danação eterna do homem. Mas hoje as dúvidas perturbadoras que ela suscita referem-se à vida terrena de agora e à de relativamente poucas gerações, limitadas por nossa capacidade de prever o futuro. Por que essa pergunta quer saber se podemos antever um futuro diferente do passado de continuidade de treva, crueldade e desordem; e, o que é pior, se não podemos prever, na perspectiva do homem, uma deterioração das coisas ou mesmo uma iminente catástrofe de dimensões aterradoras.”

De fato, as crises do petróleo acirraram a competição econômica, desnudando a fragilidade da dependência da economia industrial dessa fonte predominante de energia e matérias primas.

Ao mesmo tempo, o esgotamento das possibilidades de inovação, tanto na concepção quanto na produção de produtos e serviços, a partir da utilização dos conhecimentos científicos até então acumulados e de domínio público, impulsionaram a competição econômica internacional na direção da pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.

Com base nesse impulso, algumas áreas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico assumiram importância estratégica primordial do ponto de vista competitivo:

Energia:

Desenvolvimento de novos métodos de produção, transmissão, acumulação e utilização econômica (máquinas verdes) de energia elétrica, e busca incessante

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de alternativas energéticas para o petróleo (energia limpa e renovável, álcool, captação solar, aproveitamento de energia eólica, hidrogênio, fusão a frio, etc.).

Química fina:

Novos materiais e processos industriais alternativos, produtos farmacêuticos de nova geração, desenvolvimento de novos métodos de reciclagem de materiais.

Biotecnologia:

Desenvolvimento de novas técnicas de intervenção na estrutura genética de organismos resultando na criação de organismos não existentes originalmente na natureza e de utilidade na produção industrial (principalmente farmacêutica), na agricultura e na pecuária.

Informática, eletrônica e robótica:

Desenvolvimento de novos meios de tratamento de informações e controle de processos, tanto em nível de ‘hardware’ como de ‘software’.

Telecomunicações e transporte:

Aplicação intensiva de novos recursos tecnológicos para o desenvolvimento dos meios existentes e criação de novos recursos de comunicação e transporte.

As conseqüências desse esforço logo começaram a se manifestar, criando novas oportunidades, interagindo com a própria dinâmica política, econômica e social do mundo em que vivemos, gerando novas perspectivas de desenvolvimento e, ao mesmo tempo, introduzindo novas dimensões nos conflitos existentes.

Um novo produto de um novo processo industrial

Progressivamente, de dentro dessa voragem competitiva, e em decorrência dos novos recursos resultantes do desenvolvimento das novas aplicações tecnológicas tanto aos produtos quanto aos processos produtivos, foi surgindo uma nova concepção de produto e de processo industrial.

O produto industrial deste final do século XX, na sua concepção, pauta-se por conceitos inovadores, adquirindo características que o diferenciam profundamente de seus antecessores de poucas décadas antes.

De um modo geral, pode-se alinhar os seguintes aspectos como diferenciadores dessas novas características:

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Produto mundial:

Produto concebido para comercialização num mercado definido como planetário (o que pressupõe também, e ao mesmo tempo, uma integração e uma competição planetárias), produzido também em escala mundial, o que significa integrar processos produtivos distribuídos geograficamente nas mais díspares regiões do globo.

Produto compacto:

Representando uma tendência generalizada à redução de tamanho e peso, mediante a agregação de mais tecnologia na miniaturização de sistemas e utilização de matérias primas mais leves e substituíveis.

Produto mais econômico e inteligente:

Demandando, tanto na produção quanto na utilização, menos gasto de energia motriz e menos força bruta de trabalho humano, ao mesmo tempo em que embute mais tecnologia e exige mais trabalho inteligente e mais esforço na simplificação de processos tanto na produção quanto no gerenciamento dela.

Além desses aspectos mais gerais, poderíamos citar outras tendências que tendem a se tornar, do mesmo modo, bastante generalizadas: ênfase na busca de padrões de qualidade estáveis, intensiva utilização da eletrônica e da cibernética nos sistemas de comando e controle, do que resulta também a utilização em larga escala do conceito de integração de módulos em sistemas cada vez mais complexos, interativos, e capazes tanto de fornecer quando de receber, processar e responder ao intercâmbio automático de informações em tempo real.

Essas novas concepções impactaram fortemente a indústria, exigindo sua reestruturação em novas bases, já que foram alterados radicalmente os princípios sobre os quais se assentava a estratégia competitiva até então adotada.

Afinal, que planeta é esse?

Frente a estas novas condicionantes, iniciou-se de imediato um profundo processo de reorganização industrial (reengenharia), caracterizando a terceira revolução industrial.

No entanto, as conseqüências não se reduziram somente a este aspecto.

Instalou-se acirrada competição que potencializou, de forma impressionante, os impactos econômicos, políticos e sociais desse processo como um todo, fazendo com que, no despontar dos anos 90, nos víssemos definitivamente diante da globalização econômica que revoluciona totalmente nossa própria visão de

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mundo.

Ao mesmo tempo, emergiu um contexto conflituoso e turbulento, evidenciando fortemente as fragilidades existentes, e levando à ruptura de muitos dos referenciais institucionais sobre os quais se assentava o mundo construído a partir do armistício de 45.

Esse processo de ruptura institucional, no presente momento, está tenuemente delineado, e é de se esperar que, nas próximas décadas, se manifeste de forma ainda mais intensa e radical.

Talvez o fator mais preocupante embutido dentro dele está caracterizado pela generalização do fenômeno do desemprego estrutural que assola hoje o mundo industrializado, e que se constitui numa verdadeira bomba de tempo que ameaça a explosão das estruturas sociais em que vivemos. Isso ficou mais do que evidente durante o Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça, em janeiro de 1993 (vd. Resk, 1994).

Em conseqüência disso, uma série impressionante de eventos vem nos surpreendendo a cada dia.

A intensificação da competição no plano internacional impulsionou a formação de blocos econômicos, estimulando o surgimento de novas formas de protecionismo, e interferindo também na estrutura política e social do mundo contemporâneo.

A aceleração do processo de integração européia, a criação do NAFTA, e a organização de outros blocos econômicos, entre os quais o MERCOSUL, é uma outra das conseqüências desse processo em franco desdobramento.

Ao mesmo tempo, grandes mudanças políticas ocorreram, tanto no mundo socialista — levando à precoce comemoração da vitória definitiva do capitalismo sobre o comunismo, fato que, hoje, suscita muito mais preocupações do que euforia, dadas as conseqüências observadas nos desdobramentos político-institucionais da CEI —, quanto no mundo ocidental — a reunificação da Alemanha, por exemplo, era simplesmente inimaginável uma década antes.

Ao par disso tudo, a Guerra do Golfo, a fome na Somália, a guerra civil na ex-Iugoslávia, a criação do Estado Palestino com o reconhecimento da OLP por Israel e com a assinatura do tratado de paz com a Jordânia, o fim do ‘apartheid’ na África do Sul, as guerras tribais na África, das quais Ruanda é o exemplo mais evidente, são outros eventos, só para citar alguns, que vêm impactando o mundo contemporâneo, representando, ao mesmo tempo, soluções inesperadas para conflitos há bem pouco considerados insolúveis e prenunciando novas crises, novos desafios e novos paradoxos.

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Sinais desta ruptura institucional, e da inexorável necessidade de mudança, são as palavras novas com que se tenta expressar conceitos e teorias quanto à nova direção a ser introduzida na sociedade. ‘Perestroika’ e ‘glasnost’, foram largamente utilizadas no oriente, reengenharia, qualidade total, terceirização, ‘downsizing’ e ‘rightsizing’, no ambiente privado do ocidente, ou privatização e redução do Estado, no ambiente público.

São, todas elas, faces desse mesmo e único processo de busca de superação dos limites institucionais em que se sustenta ainda o nosso mundo.

Em outras palavras: o processo que levou à desmontagem da gestão centralizada pelo partido comunista da economia na União Soviética, é, na essência, o mesmo que leva a General Motors a fechar fábricas e a rever sua estrutura gerencial, as empresas a praticarem a reengenharia de seus processos e a terceirizar funções direta ou indiretamente vinculadas às suas atividades produtivas, e os Estados Nacionais a reexaminarem o grau de sua intervenção na economia, privatizando empresas públicas e implementando novas formas de concessões de serviços públicos!

A nova matriz: multipolaridade interpelativa

Na verdade, um dos fatores mais determinantes de todo esse processo é o desenvolvimento de novas tecnologias a partir da eletrônica e da cibernética e sua aplicação à microinformática, que rompem com princípios que, há milhares de anos, regem o tratamento de informações nas sociedades humanas.

De fato, a estrutura piramidal das organizações, seja qual seja sua natureza, ainda está sustentada em modelos arcaicos de tratamento de informações. Vejamos porque.

O processo de tomada de decisões sempre envolveu a coleta, tratamento e interpretação de informações. E essa é uma tarefa ao mesmo tempo árdua, complexa, e que exige grande acuidade.

Para viabilizar esse processo, a começar pelos exércitos, a estrutura organizacional sempre terminou por assumir uma forma piramidal, já que, se a coleta de informações pressupunha o recolhimento de dados numa base extensa, seu manejo e análise exigiam a concentração das informações num lugar central.

Por isso, não só a forma piramidal de organização era inevitável, mas também a criação de estruturas de poder altamente verticalizadas que, em última análise, pressupunham a possibilidade de reunião de informações nas mãos de uns poucos detentores efetivos dos próprios meios de exercê-lo, tanto nas sociedades, quanto nas organizações.

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Estamos, agora, diante de um fato inédito na humanidade.

O desenvolvimento da microinformática, e, mais particularmente, das técnicas de interconectividade, resultaram na implantação de sistemas em rede que propiciam uma circulação sem precedentes de informações.

A partir das novas tecnologias que estão rapidamente se expandindo em todo o mundo, qualquer pessoa, situada em qualquer longitude ou latitude, pode acessar instantaneamente meios de comunicação interativos, e, através deles, bancos de dados localizados em qualquer outro lugar do planeta, apropriando-se de informação em quantidade e qualidade absolutamente impensáveis há bem pouco tempo. E é possível imaginar, por aí, ainda novas possibilidades para os seres humanos.

Isso significa que, num horizonte muito próximo - porque, de fato, a tecnologia para isso já é hoje disponível -, qualquer cidadão poderá dispor, em tempo real, do mesmo volume de informação anteriormente à disposição, exclusivamente, dos homens de poder e dos governos.

Tanto a possibilidade concreta da ‘portabilidade’ da informação (por exemplo, o engenheiro que, da fábrica do cliente, pode trabalhar ‘on-line’ com seu ‘notebook’ celular com os dados existentes na sede de sua própria empresa), quanto a interatividade disponibilizada maciçamente para o tratamento da informação (a dona de casa que faz compras acessando o banco de dados multimídia do supermercado via computador ou TV interativa, ou a criança que seleciona e ativa ‘on-line’ a projeção de um filme na vídeo-locadora), criam possibilidades inteiramente novas, e que rompem definitivamente com o modelo piramidal tradicional.

A estrutura política e institucional da nova sociedade que emerge diante de nós poderá estar sustentada, por exemplo, na realização de plebiscitos instantâneos, assim como o lugar de trabalho se tornará cada vez mais virtual, rompendo com os conceitos tradicionais aos quais nos acostumamos com relação ao espaço de exercício da produção.

Estes fatos, por si só, têm um potencial imenso de transformação da sociedade, ao mesmo tempo em que impulsionam ainda mais na direção da integração e da globalização. Neste contexto, cada indivíduo poderá contar com recursos de acesso à informação, e com a possibilidade concreta de exercer um papel ativo no seu manejo e na sua utilização.

Das Pirâmides para as redes

Por isso, a estrutura das novas organizações tende, cada vez mais, a se assemelhar à de uma rede, afastando-se do modelo antigo da pirâmide.

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A principal diferença da estrutura piramidal e da de rede, é que a primeira tem um corpo maciço, compacto, com o núcleo de poder situado em seu topo, enquanto a estrutura de redes tende a ser virtual, parecendo, portanto, ter um centro vazio, que não ocupa espaço, e que é constituído, de fato, pela intensidade das interações existentes na totalidade da rede.

Em decorrência, as organizações que se estruturarem segundo um modelo de rede apresentarão uma arquitetura de poder bastante diluída, que será definida pelo direcionamento da informação: onde houver maior volume e tráfego de informação, aí existirá mais poder.

Com isso, dentro das organizações, conceitos de autoridade e poder e critérios de interação e participação no processo decisório tenderão a assumir, nas próximas décadas, novas formas — e novos paradoxos —, também inimagináveis há bem pouco tempo.

Tudo isso está provocando profundas mudanças nas relações de trabalho, que já estão adquirindo fisionomia inteiramente nova, e sofrerão um impacto ainda maior na medida do avanço dessas inovações. O lugar de trabalho, assim como o conhecemos, sob muitos aspectos, está deixando de existir. A própria associação entre o conceito de trabalho e o de valor econômico será alterada profundamente nas próximas décadas. Cada vez mais e mais pessoas trabalharão fisicamente em suas próprias casas, ou em seus automóveis, interconectadas ‘on-line’ com as redes de suas organizações, na sede das quais, raramente, comparecerão. O tempo livre será maior, o trabalho menos rotineiro.

O modelo de referência deixa, portanto, de ser a pirâmide para se transformar na rede.

Por isso, e muito provavelmente, a nova sociedade que estamos vendo surgir, e de cuja construção, de algum modo, estamos participando, será uma sociedade planetária, multipolar e intensamente interpelativa, ou seja, estruturada segundo a arquitetura de uma imensa rede mundial.

Coesão coercitiva, em vez de coerção coesiva

Nesse novo mundo que está surgindo diante de nossos olhos, as questões relacionadas à governabilidade tanto das sociedades quanto das organizações se

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colocarão de forma absolutamente nova: mais do que das forças de coerção, a governabilidade dependerá da coesão social.

Numa estrutura piramidal, no ápice, se concentra uma elite que de fato detém o poder, e que pode dispor de meios de coerção para exercer esse poder. Através do exercício dessa coerção é que se obtém, em última instância, a coesão indispensável ao funcionamento e sobrevivência dessas formas de organização social.

Numa estrutura em rede, como esse poder se dilui, seu exercício depende muito mais da habilidade de convencer e de obter adesão para as propostas do que da possibilidade de coagir as pessoas a se manterem dentro de limites estabelecidos pelos que dirigem. Em outros termos, a coerção, numa estrutura como essa, surge da coesão social, e é imposta a cada indivíduo pelo desejo coletivo de pertencer à estrutura.

Essas novas formas de estruturação das organizações colocam, e com ênfase nova, o questionamento que Freud (1974b) já fazia:

‘Fica-se assim com a impressão de que a civilização é algo que foi imposto a uma maioria resistente por uma minoria que compreendeu como obter a posse dos meios de poder e coerção. Evidentemente, é natural supor que essas dificuldades não são inerentes à natureza da própria civilização, mas determinadas pelas imperfeições das formas culturais que até agora se desenvolveram. E, de fato, não é difícil assinalar esses defeitos. Embora a humanidade tenha efetuado avanços contínuos em seu controle sobre a natureza, podendo esperar efetuar outros ainda maiores, não é possível estabelecer com certeza que um progresso semelhante tenha sido feito no trato dos assuntos humanos; e provavelmente em todos os períodos, tal como hoje novamente, muitas pessoas se perguntaram se vale realmente a pena defender a pouca civilização que foi assim adquirida. Pensar-se-ia ser possível um reordenamento das relações humanas, que removeria as fontes de insatisfação para com a civilização pela renúncia à coerção e à repressão dos instintos, de sorte que, imperturbados pela discórdia interna, os homens pudessem dedicar-se à aquisição da riqueza e à sua fruição. Essa seria a idade de ouro, mas é discutível se tal estado de coisas pode ser tornado realidade. Parece, antes, que toda civilização tem de se erigir sobre a coerção e a renúncia ao instinto; sequer parece certo se, caso cessasse a coerção, a maioria dos seres humanos estaria preparada para empreender o trabalho necessário à aquisição de novas riquezas. Acho que se tem que levar em conta o fato de estarem presentes em todos os homens tendências destrutivas e, portanto, anti-sociais e anti-culturais, e que, num grande número de pessoas, essas tendências são suficientemente fortes para determinar o comportamento delas na sociedade.’

Um exemplo muito interessante, que pode ajudar a entender essa questão, está na forma de estruturação da rede Internet (Lambert, 1993). Trata-se,

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provavelmente, do fenômeno mais representativo e impressionante desse novo mundo que está surgindo.

Implantada, inicialmente, como uma rede eletrônica de interconecção para o exército americano, foi desenhada para poder subsistir em palco de guerra. Desse modo, sua arquitetura é de tal ordem que a eventual destruição de um de seus nodos não afeta o funcionamento da rede como um todo. Convertida ao uso civil, esta rede vem se expandindo a uma taxa de 500% a 1000% ao ano, conforme a região do mundo. Reúne hoje mais de 24.000 redes, com mais de 2.000.000 de computadores e, pelas últimas estimativas, já ultrapassou os 33.000.000 de usuários. Desdobra-se, a cada momento, em novas redes, distribuídas por todo o mundo.

Um dos aspectos fascinantes da rede Internet é o fato de ninguém conseguir saber, efetivamente, seu tamanho exato: número de computadores e de nodos a ela interligados. Outro aspecto, é o de sua forma de administração, e da extrema dificuldade que ela enfrenta para estabelecer normas de funcionamento. Na Internet não existe presidente, não existem autoridades. Há um conselho dos mais antigos, por assim dizer. Na verdade, as normas de funcionamento da Internet estão sustentadas, até agora, em uma espécie de código de cavalheirismo, muito fluido, que, ao mesmo tempo que a viabiliza, cria grandes dificuldades para a sua gestão. Ela se sustenta, basicamente, no conceito de que todos os seus participantes desejam que ela funcione!

Uma das discussões interessantíssimas que está se desdobrando, neste momento, na rede Internet, tem a ver com as medidas a serem adotadas para coibir as transgressões praticadas pelos “hackers”, dado não só a variedade das leis (de diversos países) aplicáveis a cada caso, como, também, à ameaça à privacidade dos usuários que medidas coercitivas possam comportar.

O mesmo ocorrerá com as sociedades e as instituições. Elas dependerão, cada vez mais, do desejo de seus membros de que funcionem.

Para isso, quanto mais organizadas forem as sociedades em estruturas sociais independentes das estruturas do Estado e de poder, mais governáveis elas serão (Putnam, 1993 e 1994 ), por que terão mais força de integração.

Isso não significa que o poder deixe de ser exercido nelas, ou que inexistam meios tecnológicos que o garantam. Mas o exercício de poder nessas estruturas sociais renovadas estará muito mais diretamente relacionado à interação com a população, inclusive porque os meios tecnológicos favorecerão a adoção de mecanismos de democracia direta.

Em outros termos, a legitimidade institucional no exercício do poder vai se tornar um questão cada dia mais importante no cotidiano das sociedades e das

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organizações.

Este critério, que é verdadeiro para as sociedades, é também vitalmente importante para as organizações. Sem ele serão incapazes de desenvolverem o ‘learning’ organizacional indispensável à sua sobrevivência (Argyris, 1992).

Ocorre que este objetivo só poderá ser alcançado se forem garantidas, nas sociedades e nas instituições em geral, condições de participação e transparência, que reforcem a adesão dos indivíduos pelo asseguramento de liberdade e eqüidade nas relações sociais em que se inscrevem. Ou seja, esse objetivo só será alcançado nas sociedades e nas organizações onde existir uma arquitetura institucional que favoreça um relacionamento interpelativo, capaz de gerar efetivo convencimento quanto às vantagens da vida social estruturada.

Civilização ou barbárie?

É fundamental que tomemos consciência de que as mudanças de que estamos participando têm uma qualidade nova. Não se trata, simplesmente, de transformações cosméticas, superficiais, de mera ocasião. Vão ao cerne do que representa, para nossa espécie, a própria vida em sociedade.

Esse processo de transição que estamos atravessando é, ao mesmo tempo, um fenômeno raro (talvez, a última vez que a humanidade atravessou período equivalente de mudanças tenha sido na transição do século XIV para o XV, quando se forjaram as bases para o que veio a ser a sociedade moderna e capitalista), e bastante longo (horizonte mínimo de 50 anos de intensas transformações e mudanças) (Drucker, 1993).

Como sempre ocorreu na História, esse processo de intensa transformação e mudança irá, inevitavelmente, causar o aparecimento de muitos conflitos, turbulências, e, inexoravelmente, provocará também a perda de muitas vidas humanas.

É evidente, para qualquer homem sensato, que não tem qualquer viabilidade um projeto de construção de uma civilização humana, a nível planetário, que parta da exclusão de 4/5 da população da terra do circuito econômico da produção e do consumo. É evidente também que a solução desse problema está diretamente ligada ao equacionamento desse fenômeno novo e profundamente perverso que é o do desemprego estrutural, onde o crescimento econômico estranhamente convive com o desemprego de uma forma que surpreende economistas, empresários e governantes…

Diga-se de passagem, no entanto, que apesar de angustiante, esta questão do desemprego estrutural está longe de ser plenamente compreendida e, por isso

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mesmo, de ser equacionada!

De um lado, as transformações econômicas, com as novas exigências de qualificação indispensáveis para que as pessoas possam se tornar aptas a participar do novo ciclo de produção e consumo, sem falar da própria aspiração à cidadania, fazem surgir em nosso mundo quadros de uma tragicidade dantesca.

A sociedade desse fim de século está excluindo rapidamente desse ciclo massas imensas de seres humanos, condenando-as a condições de marginalidade ou de vida subumana. Isso faz com que os pobres e educacionalmente despreparados se vejam compelidos a escolher entre três opções básicas:

1. Morrerem à míngua, de inanição.

2. Aliarem-se aos bandos marginais do crime conglomerado.

3. Alistarem-se nas hostes dos fundamentalismos religiosos beligerantes.

De outro lado, abre perspectivas de uma vida humana muito mais rica, onde as pessoas trabalharão menos, em que o conceito de trabalho não estará mais diretamente ligado à idéia de valor econômico, e onde o tempo livre possa ser utilizado para um enriquecimento pessoal e cultural invejável para os padrões atuais. São perspectivas que podem modificar profundamente as condições da sociabilidade nas famílias e nas relações comunitárias.

De todo modo, frente a um processo intenso de mudança como esse, perdem-se, muito facilmente, referências sociais de valores e de padrões de conduta, favorecendo a emergência da anomia como patologia social e individual, com impacto global sobre o mundo em que vivemos.

Isto porque, na verdade, trata-se de um processo contraditório, onde avanços nas possibilidades concretas de realização das potencialidades humanas convivem com crueldade, destrutividade em escala massiva, e desafios novos e inesperados para nossa própria sobrevivência, não só como civilização, mas também enquanto espécie: o século XXI pode facilmente transformar-se num palco de extensos genocídios, frente aos quais Bósnia e Ruanda apareçam como meros ensaios amadorísticos e desastrados. Uma das possibilidades concretas é a de que a população da Terra venha a ser reduzida em 2 a 3 bilhões de seres humanos!

Portanto, este é um momento onde a pergunta de Heilbroner (1974) se torna profética: Há esperança para o Homem?

Para mim, pessoalmente, o acirramento dessas contradições e a aproximação de situações limite tão drásticas só renovam minha esperança: na verdade, nossa

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espécie só deu seus saltos civilizatórios mais significativos quando atingiu limites equivalentes, frente aos quais sua própria sobrevivência estava em jogo. Na beira do abismo, fala mais alto o instinto de vida.

Trata-se, enfim, de um momento muito novo na História da Humanidade, que nos propõe a cada instante novas questões éticas, com impacto inesperado: veja-se a questão da emergência e disseminação tão inexplicada quanto rápida da AIDS.

Milhões de seres humanos estão por ela contaminados. Sua propagação hoje é universal, tendo ocorrido diminuição do incremento de novos casos entre indivíduos pertencentes aos assim denominados ‘grupos de risco’, enquanto é muito maior sua disseminação entre heterossexuais, e, principalmente, entre mulheres heterossexuais.

Há estudiosos que antevêem o risco de, em breve, 60 % da população mundial estar contaminada por ela!

Há também o surgimento das novas questões relacionadas à aproximação da possibilidade de manipulação genética em seres humanos. O Projeto Genoma avança rapidamente no mapeamento completo dos cromossomos humanos.

E é evidente que o homem não se prende a argumentos ao adquirir conhecimento e ao se apropriar da possibilidade técnica e concreta de utilizá-lo: conhecer é usar conhecimento.

Portanto, no que tange à manipulação genética em seres humanos, a questão não é a de se ela ocorrerá ou não: é a de qual enquadramento ético em que ela ocorrerá… E, também, como corolário, já que a instituição da lei é, ipso facto, a instituição da transgressão, quais as conseqüências do uso perverso de tal conhecimento, já que, de algum modo, um dia, ocorrerá.

Ao mesmo tempo, novos riscos se apresentam neste instante. Há crise de governabilidade em extensas regiões do globo, generaliza-se o fenômeno da busca de autonomia por parte de grupos étnicos ou culturais (o novo tribalismo) como processo de busca de novas referências de identificação — Naisbitt (1994), ao formular seu paradoxo de ‘quanto maior a economia mundial, mais poderosos são os seus protagonistas menores: nações, empresas e indivíduos’, prevê que o século XXI será constituído por 1.000 países —, há sinais preocupantes de recrudescimento do terrorismo, há a forte possibilidade de perda de controle sobre parte do arsenal nuclear disponível.

Cenas temidas, de pesadelo real, tornam-se mais do que prováveis. Após alguns eventos ocorridos este ano na Alemanha, não há mais dúvida possível quanto à existência de um mercado negro de materiais físseis. Como enfrentaríamos, por exemplo, uma chantagem nuclear de um Cartel de Cali? Que mundo emergiria

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após a explosão de uma bomba nuclear terrorista sob o World Trade Center de Nova York?

Teremos, portanto, de optar, cada vez com mais freqüência, entre civilização ou barbárie. Não como conceitos abstratos, mas como formas concretas de organização da vida social cotidiana. Haverá, cada vez mais, a necessidade de se pensar estrategicamente as estruturas institucionais das mais diferentes formas de organização social: grupos, famílias, organizações, sociedades, nações, relações internacionais e inter-institucionais.

Mais concretamente, provavelmente, no horizonte dos próximos 50 anos, viveremos num mundo onde civilização e barbárie conviverão lado a lado.

Num mesmo espaço geográfico existirão bolsões civilizados, constituídos por comunidades e organizações que optarem por escolhas éticas e pela construção de instituições multipolares e interpelativas, garantidoras da eqüidade e da integração social de seus membros. Ao seu lado, e já podemos observar hoje em muitas regiões do globo o aparecimento de fenômenos precursores desta tendência, estarão situados espaços cuja característica fundamental será a da indiscriminação institucional, palco da luta de gangues, de bandos de marginais, ou de diferentes correntes de fundamentalismos radicais, e nos quais reinará a anomia, a barbárie, o cinismo, o despotismo, o desprezo mais completo pelo valor da vida humana.

Alguns urbanistas chegam a advertir quanto à inabitabilidade futura dos grandes centros urbanos atuais, dado o crescimento da criminalidade em cidades localizadas em regiões tão diferentes quanto Rio de Janeiro, Washington, Los Angeles, Tóquio e Roma, só para citar algumas.

Não haverá possibilidade de superarmos os desafios da anomia, não haverá como construirmos uma civilização viável, não haverá como garantir estabilidade às sociedades e às organizações, se não estivermos encontrando, a cada dia, com vigor e criatividade, novas formas de equacionamento do mais antigo dos dilemas humanos: os desejos e as necessidades dos seres humanos são sempre abundantes, enquanto as possibilidades concretas de sua realização e satisfação são sempre escassas.

Por isso é inevitável caminharmos na direção de uma sociedade mais aberta, mais multipolarizada, mais interpelativa. Será necessário, cada vez mais, que a sociedade disponha de mecanismos institucionais de confrontação e negociação de conflitos, e na qual a eqüidade possa ser construída através do difícil balanceamento de satisfações e frustrações.

Sem a convicção generalizada dessa eqüidade, os princípios éticos mais basilares

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à vida social humana são impossíveis de serem estabelecidos.

Só uma sociedade assim será capaz de superar os extremos desafios com os quais já estamos nos defrontando, e que nos farão deparar, a cada passo, e de forma nova, com a secular escolha entre civilização ou barbárie que desde os primórdios dos tempos marcou nossa espécie.

Só as instituições sintonizadas com esse processo sobreviverão.

De um modo dramaticamente novo na história da humanidade, a adesão tanto individual quanto coletiva dos seres humanos às propostas da cultura e da civilização será o fator fundamental que propiciará o salto civilizatório indispensável para que possamos adentrar uma nova era.

Só com base na sinergia dessa adesão é que a Humanidade dará esse salto civilizatório, habilitando-se a construir uma nova página de sua História, e impedindo o retrocesso desordenado à sociabilidade destrutiva das hordas desgovernadas e dos bandos insensatos, sem passado nem identidade.

POLITICA MUNDIAL

Na teoria das relações internacionais, o termo Nova Ordem Mundial tem sido utilizado para se referir a um novo período no pensamento político e no equilíbrio mundial de poder, além de uma maior centralização deste poder. Apesar das diversas interpretações deste termo, ele é principalmente associado com o conceito de governança global.

Foi o presidente norte-americano Woodrow Wilson que pela primeira vez desenvolveu um programa de reforma progressiva nas relações internacionais e liderou a construção daquilo que se convencionou denominar de "uma Nova Ordem Mundial" através da Liga das Nações. Nos Estados Unidos a expressão foi usada literalmente pela primeira vez pelo presidente Franklin Delano Roosevelt em 1941, durante a II Guerra Mundial.

A Nova Ordem Mundial também é um conceito sócio-econômico-político que faz referência ao contexto histórico do mundo pós-Guerra Fria. Foi utilizada pelo presidente norte-americano Ronald Reagan na década de 1980, referindo-se ao processo de queda da União Soviética e ao rearranjo geopolítico das potências mundiais.

Conforme essa nova ordem, os países são classificados em três grupos:

• Países Centrais • Países Periféricos

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• Países Semiperiféricos/Países em desenvolvimento/Emergentes.

Países Centrais

São países com economia pós-industrial, maior grau de desenvolvimento e população urbana. Estão localizados na Europa e em alguns territórios asiáticos.

O maior lucro destes países está em atividades de bancos ou outras instituições financeiras.

Países Periféricos

São países com economia primitiva, baseada na agropecuária e na exportação de matérias primas. Tem o menor grau de desenvolvimento e estão localizados na África, América Central e Oriente Médio.

Países Semiperiféricos

Também chamados e Países em desenvolvimento ou Países Emergentes, se encontram em fase de desenvolvimento industrial, com maioria da população concentrada nas cidades. São menos desenvolvidos do que os Países Centrais e mais desenvolvidos do que os Países Periféricos.

O maior exemplo de Países Semiperiféricos está representado pela BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), mas ainda podemos citar a África do Sul, a Argentina, o Chile, o México e a Turquia.

Causas da Designação

A Nova Ordem Mundial foi o que o presidente Bush chamou de ordem multipolar, onde novos pólos econômicos estavam surgindo, entre eles, Japão, China, Rússia e União Européia. Quando deu início a nova ordem mundial, a rivalidade entre os sistemas econômicos opostos, a classificação dos países em 1º, 2º e 3º mundo e a ordem bipolar, EUA e URSS, deixaram de existir.

O termo Nova Ordem Mundial tem sido aplicado de forma abrangente, dependendo do contexto histórico, mas de um modo geral, pode ser definido como a designação que pretende compreender uma radical alteração, e o surgimento de um novo equilíbrio, nas relações de poder entre os estados na cena internacional.

Num contexto mais moderno, percebe-se muitas vezes esta referência ser feita a respeito das novas formas de controle tecnológico das populações, num mundo progressivamente globalizado, descrevendo assim um cenário que aponta para uma evolução no sentido da perda de liberdades e um maior controle por entidades distantes, com o quebramento da autonomia de países, grupos menores em geral, e indivíduos.

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Esta descrição ganha por vezes traços de natureza conspirativa, mas pode também não ser necessariamente esse o caso. Este conceito é muitas vezes usado em trabalhos acadêmicos, notavelmente no domínio das Relações Internacionais, onde se procura traçar cenários realistas, com base em fatos, acerca do impacto de novos elementos da sociedade moderna e de como esta evolui. Um exemplo de um tema nesta disciplina é a chamada revolução dos assuntos militares, em que se procura discutir o impacto das novas tecnologias na forma de se fazer a guerra.

Novo conceito de Nova Ordem Mundial

Atualmente esta definição vem sendo usada por críticos e religiosos como a profecia do apocalipse que está se cumprindo. Muitos protestantes dizem que a Nova Ordem Mundial é o governo anti-cristo que vai dominar todas as nações , unificar a moeda e as religiões e vai gravar sua marca no braço direito de todos os cidadãos através de chips. Já o Adventismo diz que é uma ordem mundial, baseada em leis que unirá as nações e as religiões em um único propósito. Mas a custo da quebra das leis de Deus, como a lei dominical que institui a guarda do Domingo ao invés do "Sábado" bíblico dos Dez Mandamentos. Verdade ou não , este é um dos mais polêmicos assuntos da sociedade contemporânea.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CULTURA MUNDIAL

Garfo

Na Tailândia, usar garfo para levar comida à boca é considerado vergonhoso. Para comer, os tailandeses levam o garfo com comida até uma colher, para depois colocá-la na boca.

Gastos com Cultura

A população da Noruega é a que mais gasta dinheiro em livros. Cada norueguês, segundo uma pesquisa feita no ano 2000, gasta em média 130 dólares em livros por ano. Em seguida estão os alemães e os finlandeses.

Origami

No Japão, o principal enfeite de natal utilizado pela população católica do país é um origami em forma de cisne, colocado na árvore de natal como símbolo de paz.

Ferradura

Com a preocupação em proteger as patas dos cavalos que montavam, os romanos desenvolveram uma espécie de calçamento para seus animais tal como uma sandália. Só mais tarde, por volta do ano 50, a ferradura foi criada,

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mostrando-se mais eficiente que a anterior por permanecer presa ao casco do cavalo.

Ciclone

Um ciclone que provocou ventos de 193 quilômetros por hora e ondas de 20 metros de altura no Taiti, varreu aldeias inteiras, fazendo até mesmo ilhas desaparecerem. Ocorrido em fevereiro de 1906, o ciclone causou a morte de cerca de 10 mil pessoas.

Xaxado

O xaxado, bailado típico do interior do Pernambuco, foi popularizado pelos cangaceiros de Lampião. Neste tipo de dança os homens fazem uma fila indiana e dançam em círculo ao som da zabumba. Suas vitórias eram comemoradas desta maneira.

Boituva

A cidade de Boituva, localizada no interior de São Paulo, é também conhecida como capital do pára-quedismo. Em outras épocas teve o título de "terra do abacaxi" devido à cultura em grande escala dessa fruta.

Ornitorrinco

O ornitorrinco, animal que vive às margens dos rios e banhados da Australia e da Tasmania, pertence à ordem dos Monotremados. Nasce com bico e dentes, é peludo, suas patas dianteiras são como asas e as traseiras possuem esporões venenosos. Além disso, esse animal bota ovos, choca e depois amamenta seus filhotes.

Cajueiro

A praia de Pirangui no litoral do Rio Grande do Norte, abriga o maior cajueiro do mundo. Sua área é de 400 metros quadrados.

Pequim- Paris

Uma corrida envolvendo cinco automóveis, saíndo de Pequim na China em direção a Paris foi realizada em junho de 1907. Os corredores percorreram uma rota de aproximadamente 12.000 quilômetros de estradas de terra. O vencedor chegou a ficar atolado em um pântano, enfrentou incêndios e foi detido por um oficial belga que não acreditava que o veículo em alta velocidade fosse participante de uma corrida.

Alegre-Veado

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A antiga cidade de Veado, teve seu nome mudado para Guacuí. Localizada no Espírito Santo e vizinha da cidade Alegre, era abastecida de energia elétrica por uma empresa local com o curioso nome Companhia de Eletricidade Alegre-Veado.

Ilha do Bananal

A Ilha do Bananal em Tocantins, com uma área de 20 mil quilômetros quadrados, equivalente ao estado de Sergipe é considerada a maior ilha fluvial do mundo.

Maria-Fumaça

A mais antiga Maria-Fumaça do mundo ainda está em funcionamento. Inaugurada em 1881, ela faz o percurso de 12 quilômetros entre São João Del Rei e Tiradentes em Minas Gerais.

Joan Miró

O pintor Joan Miró e o poeta João Cabral de Melo Neto, amigos da época em que João Cabral serviu como vice-cônsul em Barcelona, fizeram um livro em parceria entitulado "Joan Miró". Com uma tiragem de apenas 125 exemplares, trata-se de um ensaio do poeta sobre as obras do pintor. Os exemplares foram distribuídos entre seus amigos.

Estética

As mulheres das tribos Padaung ou Kareni, de Mianmar tem como costume o uso de várias argolas de cobre em torno de seus pescoços. Isso provoca um alongamento dos músculos da região. A extensão máxima de um pescoço em registro é de 40 cm.

Circunavegação da Antártida

Amyr Klink foi o primeiro homem a dar a volta ao mundo na menor e mais perigosa rota marítima existente. A circunavegação da Antártida foi completada após 79 solitários dias no mar.

Salto Alto

A corte real francesa do século XVII foi a primeira a popularizar o salto alto na Europa. O salto mantinha o pé relativamente a salvo da lama e além disso criava uma elevação física que, simbolicamente correspondia à elevação social dos nobres. Primeira Lei de Trânsito

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A primeira lei de trânsito chamava-se Lei da Bandeira Vermelha e foi promulgada em 1936, na Inglaterra. Além de limitar a velocidade máxima para 10 quilometros por hora, ela obrigava a utilização de uma bandeira vermelha por parte dos motoristas. Esta bandeira servia para alertar os pedestres que transitavam a no mínimo 60 metros de distância do carro. Marcha-à-Ré

Na cidade de São Vicente Fèrrer, no interior de Pernambuco, disputa-se uma corrida de 21 quilometros em marcha-à-ré. Durante a prova, quem olha para trás é desclassificado.

Búfalos

Em 1889, restavam apenas 551 búfalos nos EUA. Dizimados pelos colonizadores europeus, esses animais tinham grande importância na cultura indígena. Nesta mesma época, o governo implantou leis mais rígidas de caça, medida que evitou a completa extinção da espécie no país.

Livros Proibidos

Cientistas, intelectuais e líderes culturais da Alemanha foram perseguidos e sofreram sanções de nazistas à partir do ano de 1933. Professores foram demitidos, a disciplina escolar "ciência racial" foi instituída e milhares de livros considerados "não-alemães" queimados em frente da Universidade de Berlim. Entre as principais obras perseguidas estavam as do escritor Thomas Mann e do filósofo Paul Tillich.

Indústria

A atividade industrial mais antiga conhecida é a do britamento de pedras, envolvendo a produção de talhadeiras e machados na Etiópia, datando a 2,5 milhões de anos atrás.

Sabão

De acordo com uma antiga lenda romana o nome "sabão" tem sua origem no Monte Sapo, onde se realizavam sacrifícios de animais. A chuva levava uma mistura de sebo animal derretido com cinzas para o barro das margens do Rio Tibre. As mulheres descobriram que usando esta mistura de barro suas roupas ficavam mais limpas.

Sapos Venenosos

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Os pequenos e brilhantes sapos das Américas Central e do Sul secretam algumas das toxinas biológicas mais mortais conhecidas. A espécie é tão perigosa que os cientistas precisam usar luvas grossas para manipulá-la.

Cômodo?

A casa Knole, localizada próxima a Kent na Inglaterra, possui 365 cômodos, supostamente um para cada dia do ano. Sua construção foi iniciada em 1456 por Thomas Bourchier, arcebispo de Canterbury.

Arroz-de-Festa

Você sabia que o Arroz-Doce já foi chamado de Arroz-de-Festa? Entre as famílias ricas de Portugal, ele era presença obrigatória em dias de festa. Depois, a expressão passou a ser usada para designar aquela pessoa que não falta em nenhum evento ou festa.

Chanel nº 5

O perfume Chanel nº5 foi ameaçado de boicote quando os franceses descobriram que em sua fórmula se empregava óleo do pau-rosa, árvore tropical ameaçada de extinção. A polêmica só cessou quando a Chanel se comprometeu a desenvolver plantações próprias na Amazônia.

Funcionário do Mês

Na Inglaterra, o mais novo funcionário de Wimbledon é um falcão. Com direito a crachá, seu trabalho se resume em espantar os pombos das quadras, que atrapalham a platéia durante os jogos de tênis.

Balonismo

Os primeiros tripulantes de um balão foram um pato, um galo e um carneiro. Isso aconteceu durante um teste na França, em 1783. O marquês D'Arlandez e o cientista Pilâtre de Rozier voaram no mesmo ano.

Café

Na Turquia dos séculos XVI e XVII, quem fosse pego tomando café era condenado à morte.

Versalhes

No Palácio de Versalhes, durante o reinado de Luís XIV, era falta de educação bater à porta com a mão cerrada. O certo era bater com o dedo mindinho da mão

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esquerda. Por isso, todos deixavam a unha desse dedo crescer mais que as outras.

Maratona de Dança

Houve em 1923 em Cleveland, Estados Unidos, uma maratona de dança. Quatro casais tentaram bater o recorde local de 52 horas e 11 minutos ininterruptos. A garota vencedora dançou com 5 pares, que não aguentaram até o fim. Ela perdeu 10kg e seus tornozelos dobraram de tamanho.

Licores

Os licores, criados inicialmente como elixires por egípcios e gregos antes do início da Idade Média, eram usados como remédios para a cura de todos os males, inclusive perda de memória e promessa de rejuvenescimento. A bebida, como é feita atualmente só foi produzida em 1250 através de receitas do químico catalão Arnold de Vila Nova.

Tradições Olímpicas

Apenas cinco países participaram de todos os Jogos Olímpicos da Era Moderna: França, Austrália, Suíça, Grécia e Grã-Bretanha (ao contrário do que acontece em Copas do Mundo, Escócia, Inglaterra, Países de Gales e Irlanda do Norte formam uma só equipe nas Olimpíadas).

Deus te abençoe

A expressão Deus te abençoe, usada quando alguém espirra, surgiu na Idade Media quando a peste bubônica assolava a Europa. As pessoas sabiam que quando alguém espirrava era sinal que estava prestes a morrer.

Xadrez

O jogo de Xadrez vem do Oriente antigo. A primeira referência a ele está em textos persas do século VI e o proprio nome do jogo deriva da palavra persa shah (rei). A origem porém é mais antiga. Duas peças de xadrez feitas em marfim, datadas do século II, foram encontradas em 1973 no Usbesquistão. Linguas

A língua mais falada no mundo é o chinês (Mandarin) com aproximadamente 1.070.000.000 de usuários, seguido do inglês com aproximadamente 508.000.000 de usuários. O português vem em 8º lugar com 191.000.000 de usuários. Libia

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O país com o nome oficial mais longo do mundo é a Líbia, com 56 letras: Al-Jamahiriyah al-Arabiya al-Libiyah ash-Sha biyah al-Ishtirakiyah. Epidemia

A pior epidemia de todos os tempos foi a peste negra que atingiu a Europa e a Ásia entre os anos 1347 e 1351. Ela matou um numero estimado de 75.000.000 de pessoas.

Los Angeles

O nome original de L.A., a cidade de Los Angeles, era "El Pueblo de Nuestra Señora de la Reini de Los Angeles de Porciúncula", que é espanhol para "O Povoado de Nossa Senhora a Rainha dos Anjos da Pequena Porção". Correios

A índia é o país com o maior numero de agencias do correio no mundo, com 153.021, seguido da China com 129.455 e dos Estados Unidos com 44.619 Primeira Guerra Mundial

Em 27 de outubro de 1917, o presidente Brasileiro Venceslau Brás declarou guerra contra a Alemanha que afundara 3 navios Brasileiros. Os 46 navios Alemães que se encontravam em nossos portos foram aprisionados. O presidente mandou erguer um muro no Palácio Guanabara, onde residia, para se proteger dos ataques armados. O Brasil foi o único país sul-americano a participar da Primeira Guerra Mundial.

Futsal

Há duas versões sobre a criação do Futebol de salão. Uma delas diz que ele começou a ser praticado em Montevidéu, no Uruguai em 1932. Era praticado por um numero variável de jogadores e as regras não passavam de simples transposições das do futebol de campo com algumas modificações. Na versão Brasileira, a mais aceita no mundo inteiro, o futebol de salão como se pratica hoje teria sido inventado nas quadras da Associação Cristã de Moços, em São Paulo, na decada de 40. Um grupo de jovens improvisou "peladas" nas quadras de basquete.

Olimpíadas

Os primeiros jogos olimpícos aconteceram em Olimpia na grecia no ano de 776 A.C. e tiveram apenas uma prova, uma corrida de 185 metros, vencida por Coroebus de Elis. Os jogos aconteceram então a cada quatro anos até a proibição deles pelo imperador Theodosius no ano 393 D.C.

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Cinema Indiano

A Índia é o local que mais produz filmes no mundo. Anualmente são cerca de 800 estréias, mais da metade do que é produzido em Hollywood. Monarquia

A monarquia é a instituição de governo mais antiga da história, existindo séculos antes do Parlamento. A única interrupção na história da Monarquia na Inglaterra foi entre 1649 e 1660, quando o país tornou-se um República. Peru x Águia

O emblema nacional dos Estados Unidos, nem sempre foi a águia. Benjamin Franklin havia escolhido primeiramente o peru como símbolo, sendo este uma alusão ao dia de ação de graças.

Disputa de Egos

Os Estados Unidos, bem como a União Soviética já cogitaram a idéia de explodir uma bomba nuclear na Lua durante a década de 50, com o intuito de mostrar "superioridade". Tais planos foram trazidos à tona em uma biografia de Carl Sagan, cientista renomado e opositor das armas nucleares.

Mausoléu

A palavra "mausoléu", usada para designar uma capela mortuária, vem de "Mausolo", antigo rei de Halicarnasso. Este mandou construir um túmulo riquíssimo ainda vivo onde pudesse ser enterrado quando morresse, daí a origem da palavra.

Estátua da Liberdade

A famosa Estátua da Liberdade, que está na entrada do porto de Nova York desde 1886, foi construída na França. Desenhada pelo francês Frédéric Auguste Bartholdi, foi enviada aos EUA dividida em 214 pacotes.

Maior Bandeira

A bandeira brasileira hasteada na Praça dos Três Poderes, em Brasília é a maior bandeira hasteada no mundo. Por não suportar o vento e rasgar, ela é trocada mensalmente. Idiomas

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A Índia é o país com maior diversidade de idiomas do mundo. São faladas cerca de 200 línguas e 500 dialetos diferentes entre uma população de mais de um bilhão de habitantes.

Voto Feminino

O primeiro país a conceder direito de voto às mulheres foi a Nova Zelândia em 1893. No Brasil, a igualdade de votos só foi concedida em 1933. Sigla

Em Sydney e outras cidades da Austrália, estabelecimentos com a sigla "BYO", que quer dizer "Bring Your Own", permitem que o cliente leve sua bebida preferida para acompanhar o jantar.

Pompéia

A cidade italiana de Pompéia, destruída pela erupção do vulcão Vesúvio, hoje é um enorme museu a céu aberto. Inúmeros corpos petrificados permanecem no mesmo lugar onde foram encontrados, o que facilitou o trabalho de pesquisadores na reconstrução dos costumes da época.

Lapônia

A Lapônia, situada no Circulo Polar Ártico, tem 51 dias de noites contínuas no inverno e 72 dias com sol acima do horizonte durante o verão. As temperaturas por lá variam de -50°C a +30°C.

Amazônia

Na Amazônia existem 10 milhões de espécies de insetos e entre eles, com cerca de 20 centímetros de comprimento, o maior besouro do planeta. Hidroginástica

Usada no tratamento de lesões, a hidroginástica já existia na Grécia antiga. Chegando ao Brasil na década de 80, a modalidade já era comum nos países europeus há um século atrás.

Alô

O número de celulares em uso no Japão no fim de Abril do ano 2000, foi estimado em 58 milhões, ou seja, cerca de metade da população adulta do país.

Flor de Lótus

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A flor de lótus, sagrada para budistas e hindus, consegue ficar com a temperatura estabilizada entre 30 e 35 graus Celsius, mesmo quando o ambiente se aquece ou resfria em até 20 graus.

Peso do Tempo

A Cidade do México, localizada em um vale onde antes haviam diversos lagos, tem seu centro político-religioso construído sobre a antiga civilização Asteca e o grande templo de adoração ao Sol. As edificações construídas pelo império espanhol, como a Igreja de Guadalupe e o Palácio do Governo, já afundaram cerca de quatro metros.

Tem Apelido?

O nome de batismo de D.Pedro I era: Dom Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.

Tai Chi Chuan

Organizado pelo sacerdote taoísta Chang San Feng no século XIII, o Tai Chi Chuan é um sistema de movimentos coordenados, baseados nos movimentos do vento, dos animais, das nuvens e outros elementos da natureza. Um de seus objetivos é o desenvolvimento da energia vital do corpo.

Impacto Cósmico

Vredefort, a maior cratera feita pelo impacto de um meteoro ou cometa na superfície terrestre, localiza-se na província africana de Free State. Até pouco tempo atrás, cientistas acreditavam tratar-se de uma obra vulcânica do passado. Pesquisas de geólogos da Universidade de Witwatersrand, no entanto, comprovaram que a cratera de 250 a 300 quilômetros de diâmetro foi, na verdade, gerada por um impacto cósmico.

Nas Sombras

Até mesmo a sombra de um indiano pertencente a uma casta mais baixa pode ser considerada violação e desrespeito se projetada em um Brahman, membro da casta sacerdotal. Apesar das leis indianas proibirem o sistema de castas, muitas pessoas ainda o praticam

Informação

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Os três jornais de maior circulação diária no mundo são russos. O Pravda, o Komsomolskaya Pravda e o Izvestia, apresentam uma tiragem média diária de dez milhões de exemplares cada um.

Siga aquele Corvo!

Os antigos Vikings costumavam navegar observando o instinto de certos pássaros. Eles levavam à bordo alguns corvos e soltavam-os um a um enquanto navegavam para oeste. Se o corvo voava de volta pelo curso de onde tinha vindo, os navios Vikings continuavam a oeste. Mas quando seguia um caminho diferente, então eles mudavam de direção e seguiam seu vôo no intuito de descobrir novas terras.

Mona Lisa

O quadro "Mona Lisa" de Leonardo DaVinci, é considerada a mais valiosa pintura do mundo. Exposta no Louvre em Paris, a obra é um suposto retrato de Mona Lisa Gherardini. Seu marido Francisco des Giocondo de Florença, não gostando da obra, teria se recusado a pagar DaVinci por ela.

Niagara Falls

Em 29 de Março de 1848, as Cataratas de Niagara situadas no Canadá, pararam de fluir por cerca de trinta horas. O fato foi causado por um enorme bloco de gelo que obstruiu a passagem de água através do rio Niagara.

Cores da Morte

As sociedades utilizam diferentes cores para simbolizar a morte. No ocidente, é a cor preta que tradicionalmente indica o luto. Em muitos países do Oriente, é o branco que representa a felicidade e a prosperidade no outro mundo. Os ciganos costumam vestir vermelho (cor que, para eles, simboliza a vida e a energia). Para os muçulmanos, as almas dos justos assumem a forma de aves brancas. Durante séculos, o branco foi a cor do luto na Inglaterra.

Guarda-roupa Real

No final de 1991, o guarda-roupa da princesa Diana da Inglaterra, tinha 350 pares de sapatos, 141 chapéus, 71 blusas, 95 vestidos de noite, 176 vestidos, 178 conjuntos, 54 sobretudos, 29 saias, 25 calças, 29 jaquetas e 200 bolsas. Gringo

"Red, stop. Green, go" (Vermelho, pare. Verde, siga) era a frase repetida incansavelmente pelos ingleses que tentavam explicar o funcionamento das primeiras locomotivas no Brasil. Os brasileiros, sem entender o que os ingleses

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diziam, passaram a apelidá-los com a frase que eles tanto repetiam: "Green go". Esta é uma das hipóteses para a expressão "gringo", inicialmente usada para designar estrangeiros de língua inglesa e hoje comumente usada para designar estrangeiros de qualquer nacionalidade.

Adultério

Em Hong Kong, uma mulher traída pode legalmente matar seu marido adúltero, mas deve fazê-lo apenas com suas mãos. Em contrapartida, a amante do marido pode ser morta de qualquer outra maneira.

Origem do Futebol

Um jogo disputado na China, no ano de 2500 a.C., é considerado parente distante do futebol. Criado pelo imperador Huang Tsé para treinar seus soldados, o jogo utilizava uma pelota de couro que deveria atravessar duas estacas fincadas no chão. Viaduto do Chá

O Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, ganhou esse nome porque foi um dos primeiros lugares de cultivo do chá no país. A empresa que o construiu em 1892 cobrava pedágio dos transeuntes e causou muita polêmica na época. Câncer

Apenas um grupo de pessoas no mundo, está totalmente livre de qualquer tipo de câncer. Os Hunza, localizados no nordeste da Cashemira também são conhecidos pela sua longevidade.

Medicina Chinesa

A técnica de diagnosticar doenças através da medição do pulso de uma pessoa foi desenvolvida na China há dezenas de séculos atrás. Cinquenta e um tipos diferentes de pulsações foram identificadas em onze lugares do corpo. Cada um deles era relacionado a um problema de saúde.

Catupiry

O catupiry é uma criação brasileira. Ele foi inventado em 1911 pelo casal de imigrantes italianos Mério e Isaíra Silvestrini, na estância hidromineral de Lambari (MG). A palavra catupiry, em tupi-guarani, quer dizer "excelente".

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O debate sobre as políticas públicas para o meio ambiente, saúde, educação, trabalho, segurança, assistência social e juventude Políticas públicas para o meio ambiente

O governo brasileiro caminha bem na criação de propostas de políticas públicas para a conservação ambiental. É a Agenda 21 brasileira que está no topo dos debates acerca do caminho que pode levar o país a adotar medidas ambientais sustentáveis. Permeando as ações em favor do desenvolvimento sustentável está o planejamento participativo, que envolve as instituições públicas, organizações não-governamentais e as populações diretamente atingidas pelas políticas ambientais. No quesito participação, entretanto, existem exemplos positivos, como o das Reservas Extativistas, mas também negativos, como as definições sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) que aconteceram exclusivamente na esfera governamental. O desenvolvimento sustentável inclui uma mudança no modelo econômico e, se executado eficientemente, pode ser um meio de inclusão social.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), através da Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável, desenvolve normas e estratégias para harmonizar a relação entre o setor produtivo da economia e o meio ambiente. Segundo o MMA, essa secretaria ainda deve contribuir para: a formulação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável; o desenvolvimento de instrumentos econômicos para a proteção ambiental; a contabilidade e valoração econômica dos recursos naturais; os incentivos econômicos fiscais e creditícios a projetos de desenvolvimento sustentado; o fomento de tecnologias de proteção e recuperação do meio ambiente e de redução dos impactos ambientais; o estímulo à adoção pelas empresas de códigos voluntários de conduta e tecnologias ambientalmente adequadas; e a promoção do ecoturismo.

A Agenda 21 é uma tentativa abrangente de promover, em todo o planeta, um padrão de desenvolvimento que concilie mecanismos de proteção ambiental, eqüidade social e eficiência econômica. Para ela, contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países durante um processo preparatório de dois anos, o qual culminou na realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida por ECO-92. Ela pode ser definida como um processo de planejamento participativo, que analisa a situação de um país, estado, município ou região, preparando medidas para um futuro sustentável. Nesse processo, devem estar envolvidos todos os atores sociais, em especial quando se trata de discutir os principais problemas e de formar parcerias e compromissos para encontrar soluções a curto, médio e longos prazos. O enfoque da Agenda não está restrito às questões ambientais, porque rompe com todo o planejamento desenvolvido há décadas, que privilegiava apenas o ponto de vista econômico das decisões políticas. Ela também considera estratégias para a geração de emprego e de renda, a diminuição de disparidades regionais, as mudanças nos padrões de consumo e

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produção, a construção de cidades sustentáveis e a adoção de novos modelos de gestão.

Planejamento participativo

No planejamento participativo, as necessidades das populações favorecidas são privilegiadas durante a elaboração de planos de ação estratégicos que têm, em geral, resultados de longo prazo. São eles que elegem as questões prioritárias para alcançar a sustentabilidade, a qual não envolve apenas aspectos ambientais, mas também econômicos e, em especial, sociais. Desse processo, também participam instituições públicas e não-governamentais.

A implementação de Reservas Extrativistas na Amazônia tem sido um modelo de planejamento participativo. Diferentemente das Unidades de Conservação Ambiental, criadas no país a partir de meados da década de 50, mas que não respeitaram as comunidades que habitavam essas áreas antes que elas se tornassem relevantes à conservação ambiental. Muitos perderam o direito sobre as terras e, aqueles que puderam ficar, foram impedidos de extrair os recursos da mata para sobreviver. O conceito de Reserva Extrativista tem sido um contraponto a esse modelo de gestão feito "de cima para baixo".

Um exemplo é a Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, criada em 12 de março de 1990. Segundo o Conselho Nacional dos Seringueiros, a proposta da reserva nasceu da luta dos seringueiros, indignados com o modelo de desenvolvimento imposto pelo governo federal nos anos 70, que visava a implantação de projetos agroflorestais, de mineração, madeireiros e agropecuários, que não levavam em conta as necessidades da população local. Com a criação da reserva, as terras passam a pertencer à União, mas as pessoas que ali trabalham ou habitam podem continuar a extrair da floresta o seu sustento, desde que obedeçam a planos de manejo formulados em conjunto com representantes do governo, da sociedade civil e das comunidades favorecidas.

Se algumas políticas públicas consideram fundamental a participação popular, outras ainda priorizam a opinião de técnicos e instituições governamentais. É o caso do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) que, em 1981, tornou-se um instrumento de planejamento estabelecido pela Política Nacional de Meio Ambiente. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o ZEE deve subsidiar estratégias e ações para a elaboração e execução de planos regionais (ocupação dos espaços e redirecionamento de atividades) para o desenvolvimento sustentável, mas onde foram iniciados esses planos, como Mato Grosso, Rondônia, Rio de Janeiro e Amazônia Legal, os debates e decisões ficaram restritos ao governo.

Embora o ZEE disponha de um mecanismo integrado de diagnóstico sobre o meio físico-biótico, a sócio-economia e a organização institucional, ele corre o risco de ir na contramão do desenvolvimento sustentável, já que não releva as

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demandas das comunidades que moram ou trabalham na área em que ele é implantado.

Financiamentos

Dez anos após a ECO-92, o Brasil formatou a sua própria Agenda 21, também denominada Agenda 21 brasileira. Ela foi finalizada em julho deste ano e precisa, a partir de agora, ser implementada. Porém, a diminuição dos investimentos governamentais para projetos de desenvolvimento sustentado, entre outros fatores, põe em dúvida a realização desse "sonho de sustentabilidade" econômica, social e ambiental. Segundo uma análise da liberação de verbas do Orçamento da União, realizada pela organização não-governamental Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), menos de 2% do dinheiro previsto para programas de meio ambiente saiu dos cofres públicos neste ano. O corte acontece no momento em que se deveria iniciar a fase de implementação das metas estabelecidas pela Agenda, na qual o governo federal tem o papel fundamental de deslanchar e facilitar esse processo em todas as esferas públicas. Tudo isso, é claro, tem viabilidade quando existem, além de vontade política, financiamentos específicos. Segundo o físico José Goldemberg, secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo, seriam necessários ao menos 700 bilhões de dólares para cumprir a Agenda.

O biólogo João Paulo Capobianco, diretor do Instituto Socioambiental (ISA), avalia negativamente a evolução das políticas públicas para o desenvolvimento sustentado. Ele enfatiza que os indicadores ambientais pioraram: houve acréscimo nos índices de desmatamento da Amazônia, constatou-se maior número de queimadas na Mata Atlântica e no Cerrado, e ocorreu diminuição no uso de fontes renováveis de energia. "Por outro lado, a legislação teve um quadro de evolução jamais visto na história do país. Foram, enfim, aprovadas a Lei de Crimes Ambientais, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e o Programa Nacional dos Recursos Hídricos, por exemplo. Também houve ações importantes de avaliação dos biomas brasileiros e de certificação florestal. Isso demonstra que o Brasil não ficou parado e investiu em iniciativas que podem reverter o processo de degradação da natureza". No entanto, Capobianco alerta que, apesar desses avanços, a questão da sustentabilidade não foi incorporada de forma plena às políticas públicas instituídas pelo governo federal. "Os recursos para essa finalidade ainda são pequenos se comparados ao volume de dinheiro que é investido no antigo modelo econômico predatório. As iniciativas inovadoras não conseguem passar do plano piloto", afirma o diretor do ISA.

Propostas e viabilidade

Na Agenda 21 brasileira, elaborada segundo metodologia participativa, na qual há parceria entre governo, setor produtivo e sociedade civil, foram feitas propostas resumidas em seis eixos temáticos. Agricultura Sustentável, Cidades Sustentáveis, Infra-estrutura e Integração Regional, Gestão dos Recursos Naturais, Redução das Desigualdades Sociais e Ciência e Tecnologia para o

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Desenvolvimento Sustentável deverão, teoricamente, ser incorporadas como políticas públicas aos Planos Plurianuais (PPA) do governo, uma obrigação constitucional brasileira. A cada quatro anos o Congresso Nacional aprova programas nos quais serão aplicados os recursos públicos do país.

Mesmo que sejam incorporadas ao PPA, essas propostas não serão viáveis sem que o governo passe a ser protagonista das mudanças, garantindo o investimento que as contemple. "Grande parte do dinheiro investido vem do exterior. O Brasil investe pouco nas iniciativas inovadoras, e os próprios bancos de financiamento agrícola e industrial não patrocinam o desenvolvimento sustentado. O financiamento público precisa focar nessas iniciativas", afirma Capobianco. Para o biólogo, a dependência que o país tem da cooperação internacional para obter recursos demonstra o pouco envolvimento do poder público nas questões ambientais. "Há quem ainda proponha a expansão da fronteira agrícola como modelo de desenvolvimento. Assim, repete-se a degradação". Além disso, os recursos internacionais são insuficientes e instáveis, já que dependem de conjunturas políticas que escapam ao domínio do governo brasileiro.

Apesar de complexa, a Agenda 21 brasileira poderia começar a ser implementada com sucesso. Algumas idéias contidas no documento já são consagradas, como a proteção dos recursos hídricos, a agricultura sustentável e o investimento em energias renováveis. "Para um país como o Brasil, com enorme diversidade e abundância de recursos naturais, não é difícil buscar alternativas que, ao mesmo tempo, sejam economicamente viáveis e ambientalmente sustentáveis. Por que não investir mais em energia limpa?", questiona o diretor do ISA. "Quem define a economia do país continua tendo uma visão ultrapassada de desenvolvimento", conclui.

As políticas públicas para a saúde

Neste século, a Política de Saúde no Brasil passou por profundas alterações passando de simples assistência médica a direito à saúde. Madel Therezinha Luz apresenta uma periodização para a história da República no Brasil, assim estabelecida: Primeira República (1890-1930), Período Populista (dos anos 30 aos anos 50), Período Desenvolvimentista (anos 50 e 60), do Estado Militar (1964-1984) e da Nova República (1985-1989). A partir desta caracterização tentaremos mostrar como se deu a participação popular frente às mudanças ocorridas nestes períodos.

Os serviços de saúde emergiram no Brasil, ainda no século XIX, apresentando uma organização precária, baseada na polícia médica,onde as questões de saúde eram ainda de responsabilidade estritamente individual, cabendo ao indivíduo a atribuição de garantir sua saúde através do "bom comportamento", e às políticas públicas de saúde cabiam o controle das

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doenças epidêmicas, do espaço urbano e do padrão de higiene das classes populares.

As três primeiras décadas deste século podem ser definidas como um período de hegemonia das políticas de saúde pública: "modelo de atenção em saúde orientada predominantemente para o controle de endemias e generalização de medidas de imunização", tida como ideologia campanhista, contextualizada pelas extensas repercussões sociais das políticas de defesa da renda do setor exportador cafeeiro, e pela pressão financeira do Estado sobre a circulação monetária, objetivando o controle das contas públicas.

Ao analisarmos as políticas de saúde deste período percebemos que o modelo de atenção concentrava fortemente as decisões, em geral tecnocráticas e, também, adotava um estilo repressivo de intervenção, favorecendo o surgimento e a consolidação de uma estrutura administrativa centralista, tecnoburocrática e corporativista, dificultando a participação da população nas questões pertinentes à política de saúde.

Paralelamente às medidas repressivas as ações sanitárias recorreram a meios dissuasórios, através de Conselhos ao Povo, publicados na imprensa e em folhetos avulsos, sobre os meios de evitar a doença. Ao mesmo tempo foi constituída a brigada contra os mosquitos transmissores de febre amarela, dentro de características paramilitares.

A execução da campanha dentro de tais características foi recebida com grande resistência pelas camadas populares e setores da classe dominante. Esta resistência obteve amplo apoio na luta contra a vacinação obrigatória, servindo como desaguadouro natural das contradições acumuladas desde o início do poder republicano.

Não apenas os parlamentares se opuseram à lei que permitia regulamentar a vacinação, como também setores da sociedade civil (grupo de positivistas e camadas populares) e grupos do aparato militar estatal, além da grande imprensa procuraram impedir que as diretrizes da polícia sanitária fossem concretizadas. Em pouco tempo, esta resistência aparentemente difusa se transformou em conspiração aberta contra o poder dominante.

Na literatura oficial a revolta à iniciativa de controle sanitário ficou estigmatizada como simples manifestação de ignorância popular e deslocada para o terreno da violência e do crime, omitindo-se assim, a análise das condições sociais, dos interesses e mesmo dos marcos de referência econômico, científico e técnico que possibilitariam tal política de saúde.

COSTA (1985) demonstra que a organização da saúde pública no Brasil foi uma resposta das classes dirigentes nacionais a inúmeras ameaças que tolhiam o desenvolvimento de novas relações econômicas no país. Essas ameaças determinariam concepções de organização sanitária que motivariam a resistência popular às ações de saúde pública.

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Essa resistência não foi, contudo, de natureza exclusivamente popular. O apoio que recebeu da imprensa, setores militares e correntes ideológicas, indicavam que setores dominantes marginalizados do poder procuraram sustentar a revolta popular para enfraquecer a crescente ascendência da burguesia agrária paulista no regime republicano.

Ainda assim, a oposição ativa do movimento popular expôs a natureza essencialmente instrumental das iniciativas públicas no terreno da saúde. Sobretudo a classe operária, defendeu que as políticas públicas de saúde compreendessem também a necessária regulação do consumo da força de trabalho pelo capital industrial.

Porém, os documentos da época revelam que, embora, as campanhas sanitárias dessem visibilidade à insensibilidade estatal diante das reivindicações de saúde da população trabalhadora o modelo sanitarista permaneceu privilegiado até a legislação da década de 20. A iniciativa do Estado liberal republicano limitou-se a responder às exigências da racionalidade sanitária postuladas pela classe dominante.

Em resumo: até 1930 os trabalhadores contavam com benefícios previdenciários oferecidos por algumas das grandes empresas e, em outros casos pelas Caixas de Aposentadorias e Pensões - CAPs. Assim, a maior parte dos trabalhadores era excluída de tais benefícios, tendo que recorrer aos serviços públicos de saúde ou ao atendimento dos profissionais liberais.

Data de 1923 a instituição das CAPs no Brasil. Foram, inicialmente, agregadas às empresas ferroviárias, estendendo-se progressivamente às outras categorias profissionais. Tinham como objetivo prestar assistência médica e fornecer medicamentos a preços especiais, além de aposentadorias e pensões. Eram organizadas por empresas, por meio de um contrato compulsório e sob a forma contributiva.

O presidente de cada caixa era escolhido pelo Presidente da República, enquanto que patrões e empregados participavam paritariamente da administração; os trabalhadores escolhiam seus representantes por eleição direta.

Como decorrência das reivindicações operárias pelo estabelecimento de leis protetoras ao trabalho, durante o Período Populista consolidou-se a medicina "previdenciária", destinada aos grupos mais organizados de trabalhadores urbanos, aí então conduzida pelo governo, sobretudo com a criação dos IAPs (Institutos de Aposentadoria e Pensões), com uma tendência acentuada no sentido de efetivar o poder nacional centralizado.

BRAGA e PAULA (1986) afirmam que data de 1930 a emergência de uma política nacional de saúde e, mais precisamente, instalam-se os aparelhos necessários à sua efetivação. Entretanto, ressaltam o caráter restrito desta política. Restrito porque a amplitude de sua cobertura populacional era

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limitada, como também eram limitados os aspectos técnicos e financeiros de sua estrutura organizacional.

A implantação dos programas e serviços de auxílio e de atenção médica foi impregnada de práticas clientelistas, típicas da Era Vargas, estendendo-se ao atrelamento dos sindicatos e dos Institutos ao Estado, através do controle da seleção, eleição e formação dos seus dirigentes, bem como a participação e gestão nesses dois tipos de organização social. Tal controle se justificava pela nascente organização e mobilização de importantes parcelas de trabalhadores, desde as décadas anteriores.

O período seguinte, propiciou uma rápida expansão da medicina previdenciária, permitindo o crescimento das redes públicas estaduais e municipais, voltadas predominantemente ao atendimento do pronto-socorro e da população marginal ao sistema previdenciário.

Segundo LUZ (1991), se as condições de vida da maior parte da população não pioraram, a consciência da dureza dessas condições foi-se tornando cada vez mais clara no período. Mas, em conseqüência da impossibilidade de soluções reais por parte das instituições, essa consciência originou um impasse nas políticas de saúde.

"Uma saída histórica para esse impasse foi proposta pelo grande movimento social dos anos 60 no país, liderado e conduzido pelas elites progressistas que reivindicavam ‘reformas de base’ imediatas, entre as quais uma reforma sanitária consistente e conseqüente". (COSTA, 1991)

É, no final deste período que se aquece o debate sobre o papel do Estado nacional na implantação de um efetivo sistema de saúde, tendo como marco a III Conferência Nacional de Saúde (1963), que propôs a implantação da municipalização da assistência à saúde no Brasil. Porém, a reação das forças sociais conservadoras levou ao golpe militar de 1964, interrompendo o debate que vinha se dando até então.

O regime militar pós-64, teve como uma de suas características fundamentais a completa reversão da tendência descentralizante observada no período anterior. A centralização tornou-se obrigatória, dentro da lógica da orientação do regime militar.

A primeira fase do regime militar, até 1974, caracterizou-se pelo chamado "milagre brasileiro", onde se operou uma grande reorientação na administração estatal, inclusive no setor da saúde.

A lógica centralista do período e a supressão do debate de alternativas políticas no seio da sociedade, permitiram que o governo federal implantasse suas reformas de cunho institucional as quais afetavam profundamente os modelos de saúde pública e medicina previdenciária originados no período anterior.

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Estas mudanças estavam baseadas na generalização do modelo de cuidados individuais como padrão de saúde e orientavam um crescimento avassalador da produção quantitativa de atos médicos, com conseqüente construção (financiada pelo setor público) de grande número de hospitais, laboratórios e serviços privados e multiplicação do número de egressos das faculdades de medicina e odontologia. A saúde passou, então, a ser considerada um bem de consumo, principalmente um bem de consumo médico

Sobre este período, LUZ (1991) analisa que "...a centralização e a concentração do poder institucional deram a tônica dessa síntese, que aliou campanhismo e curativismo numa estratégia de medicalização sem precedentes na história do país." Ainda, de acordo com essa autora, os efeitos e conseqüências desta política fizeram emergir uma grande insatisfação popular em relação à ‘política de saúde da ditadura’, já perceptível no fim do ‘milagre’ (1974-1975).

Os quebra- quebras de ambulatórios e conflitos nas filas de espera dos serviços de saúde nos grandes centros urbanos demonstravam essa insatisfação desde o início dos anos 70.

"A imagem da medicina como solução miraculosa para as más condições de vida começou a ser socialmente percebida como miragem, a ser publicamente denunciada e desmascarada". (LUZ, 1991)

Desde o começo da década de 70, muitos estudos e pesquisas foram realizados, no intuito de demonstrar que o modelo de desenvolvimento adotado no País (concentrando rendas, não distribuindo benefícios sociais, ...) era prejudicial à saúde das pessoas. Da mesma forma o sistema de saúde que vinha se implantando era irracional, gastava mais recursos do que efetivamente recebia e não atendia adequadamente a população.

Porém, como se vivia numa época de repressão política e forte censura à imprensa, estes estudos não circulavam com facilidade, apenas alguns técnicos e professores das Universidades tinham acesso a eles. Sem contar que, as lideranças políticas que poderiam fazer algumas denúncias estavam cassadas ou então viviam na clandestinidade.

Somente em meados da década de 70, sob forte pressão social, começou a haver algum tipo de abertura política. A partir de então inicia-se a reorganização do movimento social. Esta época, corresponde ao resgate da função política dos movimentos sociais e comunitários, os quais serviram de canal para a mobilização da população nas eleições de 1974 e das lutas pela redemocratização do pais.

Esses movimentos (associações de moradores de bairros e favelas, movimentos de mulheres, sindicatos, Igreja e correntes políticas de oposição ao regime) passaram a denunciar a situação caótica da política de saúde pública e dos serviços previdenciários de atenção médica, reivindicado

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das autoridades soluções para os problemas criados pelo modelo de saúde vigente.

Também nessa época, os movimentos de internos e residentes médicos descontentes com o que qualificavam como um processo de massificação da consulta medica nas instituições públicas buscaram alianças e articulações com outros movimentos sociais, a fim de denunciar as más qualidades dos serviços médicos prestados à população.

Os movimentos de contestação em saúde cresceram em número e intensidade, de tal modo que, entre o final da década de 70 e o início da de 80, sindicatos e partidos políticos também iniciaram uma fase de discussão e mobilização, centrada na questão da saúde.

De muita importância, nesse período foi a marcante produção científica de intelectuais, professores e pesquisadores, que reforçando os estudos já existentes desde o início da década, criticavam o modelo vigente, denunciavam as más condições de vida da população e propunham alternativas para a construção de uma nova política de saúde efetivamente democrática. Quase toda esta produção adotava uma postura radical de crítica ao centralismo autoritário do regime militar.

Surgiu, assim, o Movimento Sanitário que, utilizando-se destes estudos e pesquisas, começou a denunciar os efeitos do modelo econômico na saúde da população, em defesa da Reforma Sanitária, caracterizando-se como um processo político de conquistas sociais em busca da saúde da população e a construção de um novo Sistema Nacional de Saúde.

Percebe-se, então, que no contexto de transição à democracia, surgiu um processo de reformulação da política de saúde que culminou com a proposta da Reforma Sanitária. Como já citado, anteriormente, o processo se iniciou em meados dos anos 70 e teve como liderança intelectual e política o autodenominado "Movimento Sanitário".

Tratava-se de um grupo restrito de intelectuais, médicos e lideranças políticas do setor da saúde, provenientes, na sua maioria, do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que exerceu um papel de destaque na oposição ao regime militar.

Este grupo influenciou, fundamentalmente, o âmbito acadêmico e pode ser considerado como o mentor do processo de reformulação do setor. O primeiro impulso da constituição do projeto de Reforma Sanitária, foi a criação dos Departamentos de Medicina Preventiva nas Faculdades de Medicina, a partir de onde se difundiu o pensamento crítico da saúde.

De acordo com GERSHMAN (1995), junto a este percurso acadêmico, houve também avanços progressivos na implementação de políticas de saúde alternativas às impostas pelo regime militar, fosse através de programas de extensão universitária, fosse a partir das Secretarias

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Municipais de Saúde no interior de alguns Estados onde o Movimento tinha um certo controle político sobre as Prefeituras, fosse mesmo através da ocupação de cargos técnico-administrativos no Ministério da Previdência Social, à medida que a transição à democracia adquiria um perfil mais nítido.

Paralelo a este grupo, adquire importância o Movimento Popular de Saúde, que embora iniciado na década de sessenta, conseguiu dar um salto significativo e ampliar-se, na década de oitenta. Passando de simples reivindicações de cunho econômico para um processo de questionamento da qualidade do serviço, reivindicando não apenas a conquista de equipamentos, mas a própria gestão e organização da política de saúde.

O Movimento Popular de Saúde originou-se nos bairros pobres das periferias das grandes cidades e/ou nas favelas localizadas dentro dos grandes centros urbanos, principalmente nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Compunha-se de médicos sanitaristas, estudantes, religiosos, militantes católicos, integrantes de partidos políticos clandestinos e das populações carentes.

Outro movimento, já citado, que teve um papel político decisivo no setor saúde foi o Movimento Médico, caracterizado, nos anos 70 e na primeira metade da década de 80, por uma atuação relevante no setor saúde; no questionamento às políticas de saúde e na elaboração de uma proposta de reformulação do sistema que culminou com a "Reforma Sanitária".

Enquanto o Movimento Sanitário e o Movimento Médico privilegiavam a ação institucional, o Movimento Popular privilegiava a organização de redes movimentalistas locais. O Movimento Popular procurou manter uma atuação independente, ainda que seu inicio tenha coincidido, com a mobilização no interior das Universidades e nos aparelhos de Estado.

Porém, "a mobilização em torno dos problemas sociais no início da década de 80 em meio às eleições diretas para os governos estaduais (1982) não só favorece o debate sobre as reformas do setor saúde em todo o país, como coloca o MOS em estreita interação com o Movimento de Reforma Sanitária, que lidera os impulsos de mudanças nas políticas de saúde envolvendo ainda funcionários públicos, professores universitários, sindicalistas e associações profissionais" (DOIMO, 1995), ou seja, o movimento sanitário foi construindo e ampliando sua organicidade, estabelecendo contatos e alianças com os demais movimentos pela democratização do País.

Em suma, a década de 80 encontrou o sistema de saúde brasileiro sob forte contestação frente as suas características básicas. Surgiram daí, propostas alternativas de um modelo de saúde, que tivesse como pano de fundo a democratização, com participação popular; a universalização dos serviços de saúde; a relevância do sistema público; e a descentralização.

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Nesta década, a crise da previdência se aprofundou e as possibilidades de solução achavam-se, politicamente limitadas, por outro lado, havia maior participação e organização dos trabalhadores em todos os níveis, inclusive na área da saúde.

Paralelamente à crise da previdência, intensificaram-se os movimentos de crítica ao modelo de saúde vigente. O próprio Ministério da Saúde convocou e organizou, em 1980, a VII Conferência Nacional de Saúde, tendo como tema os "Serviços Básicos de Saúde".

"Mesmo sem participação popular, com um plenário restrito aos técnicos da área da saúde, principalmente aos da saúde pública, a discussão centrada nos programas de extensão de cobertura das ações básicas de saúde permitiu uma ampliação do debate sobre a descentralização, tanto assistencial quanto organizacional, do modelo de atenção à saúde".

Em 1981, foram os próprios setores governamentais tanto da área econômica como da Previdência Social, os responsáveis pela grande politização da questão da saúde, ao decretar falência do sistema e intensificar o debate público, tanto na imprensa como no Congresso Nacional, sobre a necessidade premente de mudanças.

A partir de então, foi se delineando um novo projeto de democratização do setor saúde, via várias mudanças que foram sendo propostas e também com a participação do CEBES- Centro Brasileiro de Estudos em Saúde e ABRASCO - Associação Brasileira Saúde Coletiva - e a criação do CONASEMS - Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde.

Em 1986, aí então com ampla participação popular, na VIII Conferência Nacional de Saúde, foram discutidos amplamente os princípios da Reforma Sanitária, assim sintetizados: participação popular, eqüidade, descentralização, universalidade e integralidade das ações de saúde.

Com a convocação da Assembléia Nacional Constituinte em 1987, o Movimento Sanitário se aliou com a frente parlamentar ligada à saúde, conseguindo assim, a aprovação do texto constitucional que afirma ser a "SAÚDE UM DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO", que prevê a participação dos movimentos sociais na elaboração de políticas de saúde e controle de sua execução e que descentraliza os serviços através da implantação do Sistema Único de Saúde.

Na regulamentação desse dispositivo, a Lei Federal n.º 8.142 instituiu que, o Sistema Único de Saúde - SUS,

"contará em cada uma das esferas de governo, sem prejuízo das funções do Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:

I - a Conferência de Saúde; e

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II - o Conselho de Saúde."

Esta mesma Lei define que as Conferências reunir-se-ão a cada 4 anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde nos níveis correspondentes e que o Conselho será de caráter permanente e deliberativo, composto por representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais de saúde e usuários, estes últimos representados, principalmente, pelos movimentos populares.

O Conselho de Saúde, ainda segundo a Lei, atua na formulação de estratégias e no controle e execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros. Sendo a representação dos usuários, nos Conselhos de Saúde e nas Conferências, paritária ao conjunto dos demais segmentos.

No terreno das políticas públicas, a existência de órgãos colegiados setoriais vinculados ao Executivo não é fenômeno novo no Brasil nem, tampouco, exclusivo da área da saúde. Como já vimos anteriormente, desde a criação das CAPs, havia a participação de setores da sociedade nos órgãos de gestão. Eram conselhos mistos onde trabalhadores, patrões e burocratas concentravam interesses.

Entretanto, não há na história do Brasil nada que se assemelhe aos Conselhos de Saúde da atualidade, seja pela representatividade social que expressam, seja pela gama de atribuições e poderes legais de que estão investidos, seja pela extensão em que estão implantados por todo o país, nas três esferas de governo.

De acordo com DOIMO (1995), o Movimento de Saúde no Brasil é "o mais bem-sucedido movimento reivindicativo de ação direta, no que se refere à institucionalização de canais legais de controle e participação em políticas públicas", entrando, assim, em uma nova fase: a fase propositiva e "por aí tem de avançar, influindo nas políticas públicas e desenvolvendo uma reflexão mais ampla rumo ao salto de qualidade"

As políticas públicas para educação

Quando pensamos em Estado como formulador de políticas públicas, logo nos vêm à cabeça as várias funções sociais possíveis de serem exercidas pelo Estado, tais como saúde, educação, previdência, moradia, saneamento básico, entre outras. Na prática se trata disso, entretanto para que sejam implementadas as diversas políticas em cada área social é necessário definir e compreender a estrutura institucional do Estado que contempla tais funções, ou seja, seu conjunto de órgãos, autarquias, ministérios competentes em cada setor, além do processo de financiamento e gestão.

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Por conta disso, normalmente costuma-se pensar o campo das políticas públicas unicamente caracterizadas como administrativo ou técnico, e assim livre, portanto, do aspecto “político” propriamente dito, que é mais evidenciado na atividade partidária e eleitoral. Esta é uma meia verdade, dado que apesar de se tratar de uma área técnico-administrativa a esfera das políticas públicas também possui uma dimensão política uma vez que está relacionada ao processo decisório. Isto é, ao Estado é imperativo fazer escolhas sobre que área social atuar, onde atuar, por que atuar e quando atuar. Estas escolhas, por parte do Estado, que se transformam em decisões são condicionadas por interesses de diversos grupos sociais. Representam conquistas que se traduzem legalmente em direitos ou garantias defendidos pela sociedade. O Estado terá que intermediar e negociar estes interesses na busca de estabelecer critérios de justiça social visando um discernimento político sobre suas funções sociais e qual o alcance delas.

De acordo com Lamounier (s.d) a compreensão do significado das políticas públicas corresponde a um duplo esforço: de um lado entender a dimensão técnico-administrativa que a compõe buscando verificar a eficiência e o resultado prático para a sociedade das políticas públicas; e de outro lado reconhecer que toda política pública é uma forma de intervenção nas relações sociais em que o processo decisório condiciona e é condicionado por interesses e expectativas sociais.

Podemos perceber até o momento que definir políticas públicas enquanto algo simultaneamente político e técnico-administrativo é tarefa complexa. Isso pode ser melhor elucidado se considerarmos dois conceitos clássicos muito importantes que definem o significado da formulação e implementação de políticas públicas, quais sejam: agenda e arenas decisórias.

A agenda determina os objetos e agentes de conflito no Poder Político. O objeto da política que está em jogo em qualquer processo decisório determina a participação ou não de vários indivíduos e grupos e a entrada de ou não de novos participantes, formando a composição dos grupos de interesses. Como exemplo, as políticas de saúde, educação e assistência social no Brasil. Constitucionalmente está estabelecido e regulamentado por leis ordinárias respectivas em cada uma das áreas que a gestão destas políticas será realizada por meio de conselhos estaduais e municipais paritários, ou seja, compostos pelo Governo, pelos profissionais de cada área respectiva e por membros da sociedade civil que representam os cidadãos, que juntos vão discutir e fiscalizar o funcionamento da política, estabelecendo conflitos para chegar a consensos em torno da alocação de recursos e dos mecanismos de gerência administrativa.

Os objetos de decisão do poder político compõem arenas decisórias que de acordo com a noção clássica de Lowi (1964), se dividem conceitualmente em três tipos: regulatória que trata da limitação ou concessão de atividades, como a

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privatização ou concessão direta de serviços públicos, distributiva que estimula ou desestimula setores e atividades já existentes e regulamentadas e redistributiva que intervém na estrutura econômica da sociedade criando mecanismos que diminuam as desigualdades sociais.

Políticas sociais como educação e saúde são exemplos de arenas redistributivas indiretas, pois influencia no longo prazo a diminuição da desigualdade social. Programas sociais como renda mínima ou bolsa escola são exemplos de arenas redistributivas diretas, pois caracterizam transferência monetária direta para as pessoas mais pobres da sociedade.

Submetida à agenda e às arenas decisórias está à administração pública composta pelo aparato técnico-administrativo e sua conseqüente estrutura burocrática necessária para a gestão e funcionamento da política pública.

O desenvolvimento do Estado formulador de políticas sociais é pleno a partir do pós-guerra até o final do século XX, quando entre as décadas de 80 e 90, os Estados nacionais passam a experimentar crises fiscais e financeiras que levam os governos a definir novos padrões de gestão e financiamento de políticas públicas.

No estudo das configurações do Estado brasileiro, sobressai o Estado Nacional e o seu vínculo com a modernidade. Destacando o seu papel de regulador da sociedade civil. No entanto, na atualidade chama atenção são os fenômenos das fragmentações sociais e das decisões políticas globalizadas tomadas por organismos transnacionais. De forma que pode ser entendido como sintomas da pós-modernidade, onde a crise do Estado Nacional está associada à crise do modelo econômico capitalista.

O Estado é um organismo no qual, há uma complexidade de atividades práticas e teóricas com que a classe dirigente justifica e mantém o seu domínio sobre os governados. Deve ser concebido como “educador”, pois pode criar um novo tipo ou nível de civilização e de cidadania. Além de provocar o desaparecimento de certos costumes e atitudes e de difundir outros (SADER, 2005)

Os efeitos desta configuração nas políticas educacionais compreendem que a política como um elenco de ações e procedimentos que visam à resolução pacífica de conflitos em torno da alocação de bens e recursos públicos.

As políticas públicas, no seu processo de estruturação, devem seguir um roteiro claro de prioridades, princípios, objetivos, normas e diretrizes delineadas nas normas constitucionais. Esses esforços buscam suprir as necessidades da sociedade em termos de distribuição de renda, dos bens e serviços sociais no âmbito federal, estadual e municipal.

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Deve-se ressaltar que, nas sociedades complexas, onde ocorrem conflitos e interesses de diferentes matizes, especialmente de classe, as políticas públicas decorrem do embate de poder determinado por leis, normas, métodos e conteúdos que são produzidas pela interação de distintos atores e grupos de pressão que disputam o Estado. Os principais atores, nesse cenário, são os políticos e os partidos políticos, os segmentos empresariais, os sindicatos, as organizações não governamentais, entre outras.

Essas políticas podem ser traduzidas como uma manifestação efetiva dos governantes de atuar numa determinada área no longo prazo. Por sua vez, o processo de aprimoramento das políticas públicas, em especial no campo da educação, depende dos esforços de acompanhamento e avaliações sistemáticas. A desatenção nessas áreas sujeita essas políticas públicas à fragilidade e a descontinuidade.

A preocupação em debater o tema da educação no contexto das políticas públicas contemporâneas de inclusão social exige que a análise seja orientada para as questões relacionadas às mudanças nos conceitos e na forma de implantação das políticas educacionais que vêm sendo definidas para o país.

No caso brasileiro, o impacto das reformas de Estado nas políticas educacionais brasileiras a partir dos anos 1990, a atual política educacional é parte do projeto de reforma que, tem como diagnóstico da crise do Estado, e busca racionalizar recursos, diminuindo o seu papel que se refere às políticas sociais. E, dá-se em um contexto em que a proposta do governo federal para fazer frente para a crise do capital baseando-se na atração de capital especulativo, com juros altos, o que tem aumentado as dívidas interna e externa, provocando uma crise fiscal enorme nos Estados e municípios.

Portanto, o governo propõe uma municipalização das políticas sociais no exato momento em que os municípios têm, como principal problema, saldar as dívidas para com a União e, assim, não têm como investirem em políticas sociais. Portanto, o que aparentemente seria uma proposta de Estado mínimo, configura-se como realidade de Estado mínimo para as políticas sociais e de Estado máximo para o capital.

Essa é uma questão básica, pois os projetos de política educacional estão baseados nessa premissa, a de crise fiscal, e, portanto, propõem a racionalização de recursos, sendo a descentralização parte da estratégia para se atingir esse fim.

Com essa emenda, ainda, o governo acaba com a proposta de educação básica, que é composta pelos ensinos pré-escolar, fundamental e médio, e também com a educação de jovens e adultos, no momento em que determina que os Estados e municípios deverão financiar o ensino fundamental em detrimento dos outros. Pelo autoritarismo dessa medida, pode-se verificar que o governo

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centraliza as decisões de política e gestão também no que se refere ao financiamento da educação, pois estabelece que não cabe mais, aos municípios, decidir sobre onde aplicar grande parte de seus recursos.

Isso tudo apesar do discurso oficial de descentralização e de autonomia da escola. A descentralização proposta é, apenas, no sentido de se responsabilizarem os municípios pelas matrículas do ensino fundamental.

A atual proposta de política educacional é parte de projeto de Reforma do Estado no Brasil e como seus pilares básicos autonomia da escola, Avaliação Institucional, Parâmetros Curriculares Nacionais, FUNDEF, são parte da tensão centralização/descentralização, Estado mínimo/Estado máximo em que o Estado passa a ser o coordenador e não mais o executor, se tornando mínimo para as políticas sociais e repassando para a sociedade tarefas que eram suas.

As políticas públicas para o trabalho

As principais políticas e programas do governo federal para a área de trabalho e renda, podem ser classificadas basicamente em três grandes linhas, quais sejam: i) programas de garantia de renda: seguro-desemprego e abono salarial; ii) programas que realizam serviços: intermediação de mão-de-obra, qualificação profissional, programa primeiro emprego, fiscalização laboral e segurança e saúde no trabalho; e iii) programas de geração de emprego, trabalho e renda: Proger, economia solidária, microcrédito produtivo popular e novas iniciativas no campo das microfinanças. A partir da segunda metade da década de 90, o fomento e difusão das

iniciativas baseadas nos princípios da economia solidária tornam-se mais evidentes, enquanto forma de apoio para trabalhadores subempregados e desempregados. Ainda neste período, em termos de política pública estadual, o Estado do Rio Grande do Sul e algumas de suas prefeituras, governados pelo Partido dos Trabalhadores, sensibilizados com a premente necessidade de criar ou recriar postos de trabalho e gerar renda, tomaram iniciativas conjuntas no sentido de promover a cooperativação de desempregados concentrados em determinadas regiões ou resultantes de processos falimentares localizados e individualizados. A experiência havida naquele Estado, especialmente durante a segunda metade do Governo Olívio Dutra pela ação da Secretaria de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais (Sedai), através de seu Programa de Economia Popular Solidária, foi efetiva e chegou a constituir programa específico de formação de monitores e técnicos de extensão em autogestão (Teag) para ação direta mais eficaz no campo de trabalho. O grau de sucesso pode ser considerado bastante elevado, sobretudo se considerado pelo aspecto

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da preservação (ou recuperação) dos postos de trabalho e da respectiva renda. A partir daí, cada vez mais prefeituras de cidades brasileiras têm dado

atenção à questão da inserção cidadã, formulando e implementando políticas específicas como, por exemplo, através do empreendedorismo trabalhador. Dentre as muitas que poderiam ser citadas, destacam-se São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A incubagem de cooperativas autogestionárias tem sido um dos instrumentos desse tipo de política, implementada por incubadoras tecnológicas universitárias. É o caso da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da Coppe, uma bem-sucedida atividade de extensão da Universidade Federal do Rio de Janeiro, criada em 1995, que vem servindo de modelo para a constituição de outras ITCPs, sediadas em outras universidades. As incubadoras passam a se estruturar em diversas universidades, bem como a investir no estreitamento de laços de atuação juntos às prefeituras das cidades onde atuam, através da participação nos respectivos programas estaduais e municipais de geração de trabalho e renda. Em nível federal, a medida da atenção que o tema passou a merecer

pode ser dada pela criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego. Embora tenha um cunho mais amplo, essa iniciativa do atual governo federal gerou grandes expectativas quanto à realização do potencial nela contido, em especial o de estimular a difusão de cooperativas autogestionárias. O desdobramento mais contundente desta iniciativa se consolidou com o fortalecimento do Programa Nacional de Incubadora de Cooperativas (PRONINC). Através das parcerias estabelecidas com FINEP e Banco do Brasil tem sido possível a expansão do programa e o fortalecimento das ações de intervenção das incubadoras de universidades, bem como das incubadoras criadas por governos estaduais e municipais.

As políticas públicas para segurança

Na última década, a questão da segurança pública passou a ser considerada problema fundamental e principal desafio ao estado de direito no Brasil. A segurança ganhou enorme visibilidade pública e jamais, em nossa história recente, esteve tão presente nos debates tanto de especialistas como do público em geral.

Os problemas relacionados com o aumento das taxas de criminalidade, o aumento da sensação de insegurança, sobretudo nos grandes centros urbanos, a degradação do espaço público, as dificuldades relacionadas à reforma das

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instituições da administração da justiça criminal, a violência policial, a ineficiência preventiva de nossas instituições, a superpopulação nos presídios, rebeliões, fugas, degradação das condições de internação de jovens em conflito com a lei, corrupção, aumento dos custos operacionais do sistema, problema relacionados à eficiência da investigação criminal e das perícias policiais e morosidade judicial, entre tantos outros, representam desafios para o sucesso do processo de consolidação política da democracia no Brasil.

A amplitude dos temas e problemas afetos à segurança pública alerta para a necessidade de qualificação do debate sobre segurança e para a incorporação de novos atores, cenários e paradigmas às políticas públicas.

O problema da segurança, portanto, não pode mais estar apenas adstrito ao repertório tradicional do direito e das instituições da justiça, particularmente, da justiça criminal, presídios e polícia. Evidentemente, as soluções devem passar pelo fortalecimento da capacidade do Estado em gerir a violência, pela retomada da capacidade gerencial no âmbito das políticas públicas de segurança, mas também devem passar pelo alongamento dos pontos de contato das instituições públicas com a sociedade civil e com a produção acadêmica mais relevante à área.

Em síntese, os novos gestores da segurança pública (não apenas policiais, promotores, juízes e burocratas da administração pública) devem enfrentar estes desafios além de fazer com que o amplo debate nacional sobre o tema transforme-se em real controle sobre as políticas de segurança pública e, mais ainda, estimule a parceria entre órgãos do poder público e sociedade civil na luta por segurança e qualidade de vida dos cidadãos brasileiros.

Trata-se na verdade de ampliar a sensibilidade de todo o complexo sistema da segurança aos influxos de novas idéias e energias provenientes da sociedade e de criar um novo referencial que veja na segurança espaço importante para a consolidação democrática e para o exercício de um controle social da segurança.

Nas duas últimas décadas, o Brasil presenciou uma crescente preocupação com as questões relativas à segurança pública e à justiça criminal. Uma verdadeira obsessão securitária refletiu-se num nível jamais visto de debates públicos, de propostas legislativas e de produção acadêmica.

Esta última se debruçou sobre as práticas de segurança e de justiça, ao menos no contexto da redemocratização do país.

Não obstante, pouco tem sido feito, no âmbito político, para que se tornasse tangível uma efetiva reforma dessas instituições, tendo como preâmbulo pesquisas e conhecimentos provenientes tanto da maior participação coletiva na formulação, implantação e acompanhamento de políticas públicas, quanto da

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disponibilidade sem precedentes de pesquisadores aptos a discutir com o universo da política e das instituições criminais as alternativas de reforma, dentro de um contexto de aumento do quantum de cidadania e participação democrática.

Em outros termos, como bem lembrou Paulo Sérgio Pinheiro, a redemocratização política do Brasil não foi ainda capaz de lançar suas luzes sobre as práticas de nossas instituições criminais – estas, ao contrário, parecem resistir à democratização, formando um enclave autoritário no cerne mesmo do Estado democrático.

A violência letal, a superlotação dos presídios, rebeliões e mortes, os horrores vividos pelos jovens em instituições como a Febem, o virtual abandono das instituições manicomiais sem a contrapartida de um atendimento ambulatorial, o desalento e a descrença nas medidas de recuperação dos presos e de cura dos esquecidos dos manicômios judiciários, a tortura em delegacias de polícia e a eterna lentidão e alheamento das autoridades judiciárias são faces terríveis que apontam para uma crise de longa data em nosso sistema criminal.

Neste momento, estamos nos perguntamos sobre as razões para todas estas dificuldades e vendo, por toda parte, a expansão da segurança privada, a disseminação de dispositivos eletrônicos de segurança, o aumento do sentimento de insegurança e a constituição de verdadeiros enclaves fortificados em que a tolerância em relação às violações das liberdades civis corre de par com a aceitação das hierarquias e das múltiplas faces da exclusão social.

As políticas públicas para assistência social e juventude.

De início, é importante se entender a diferença entre adolescência e juventude; já que ambas são freqüentemente confundidas, quando não são usadas erroneamente como sinônimos. Segundo Coimbra (2005), “a noção de adolescência emerge vinculada à lógica desenvolvimentista, sendo uma etapa do desenvolvimento que todos passariam obrigatório e similarmente.” A adolescência é uma fase que se caracteriza por apresentar questões que lhes são típicas e pelas quais a maioria dos indivíduos se vê refletindo sobre como, por exemplo, a formação de uma identidade que lhe seja própria e estável, a escolha da sua carreira profissional, o seu posicionamento diante de sua sexualidade e os conflitos naturais que surgem com os pais diante dos desejos de independência – tanto financeira como em relação a poder ter suas próprias idéias. Logo, podemos perceber que “a adolescência surge como um objeto exacerbado por uma série de atributos psicologizantes e biologizantes” (Coimbra, 2005). Isso acontece porque as mudanças que surgem nesse período estão diretamente relacionadas à chegada da puberdade e às suas conseqüências; o que desencadeia processos de construção de uma nova auto-imagem e identidade.

O mesmo autor nos faz pensar na juventude como um conceito que pode ser visto como uma construção social, assim como pode também ser capturado e

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instituído. Dessa forma, ele introduz que “o conceito de juventude nos faz pensar no sujeito como um ser constituído e atravessado por fluxos, devires, multiplicidades e diferenças” (Coimbra, 2005).

Relacionando-se adolescência e juventude, as diferenças ficam bem claras. Segundo Janice Sousa (2006), “o jovem se dimensiona individualmente e sob a influência de aspectos psicossociais, num percurso de (in)definições: busca identitária, tendência de estar em grupo, deslocamento constante de situações e vínculos, atitude de contestação e insatisfações sociais, intelectualização dos fatos, mudanças de humor, separação do universo familiar, questionamento dos valores sociais, fatores que se desenvolvem em pleno vigor na adolescência.” Dessa maneira, entende-se que as características da juventude são exatamente as indefinições que quem está passando por ela vivencia. À medida que alguns desses fatores vão sendo superados, “a continuidade das (in)definições se mantém como crise e conflitualidades provocadas na debilidade dos rituais de passagem, no descrédito dos lugares institucionais tradicionais que tornam mais difíceis as escolhas e definições dos jovens diante dos papéis a serem assumidos como projeto de vida adulta; diante das desigualdades sociais e das violências que, para muitos, estão presentes em suas próprias vidas; nas dificuldades no ingresso no mercado de trabalho”(Sousa, 2006). Neste segundo momento, já se percebe que as indefinições da adolescência vão ficando, cada vez mais, atravessadas por questões sociais; perdendo, gradativamente, o seu caráter mais individualista e pessoal. Porém, vale ressaltar que, se esses aspectos conceituam as juventudes, por outro lado, eles não permitem homogeneizá-las. Já que tudo deve ser analisado considerando-se um contexto social e um momento histórico.

De maneira resumida, pode-se considerar que “ser jovem é viver um ‘contato original’ com a herança social e cultural, constituído não apenas por uma mudança social, mas por fatores biológicos” (Sousa, 2006). Sendo assim, a experiência dos jovens é o fator propulsor da dinâmica da sociedade. E, muitas vezes, é o canal de introdução de mudanças na sociedade. As pessoas que se encontram vivendo a sua juventude são aquelas que movimentam novas idéias no meio em que vivem. São os jovens que, por terem acesso às experiências dos seus antecessores e por terem a disponibilidade de uma vida inteira pela frente, podem aproveitar o conhecimento que existe sem o peso da responsabilidade sobre a construção que foi feita do mesmo e, a partir dele, introduzir novidades no seu ambiente.

Como tema de interesse dos grupos de universitários de diferentes áreas, o estudo da juventude adquiriu fôlego após o final dos anos 80. No Brasil, somente no final dos anos 90, os jovens passaram a ser um alvo importante das políticas públicas. E é através do histórico das políticas públicas para a juventude que podemos perceber como esse conceito foi mudando prática e teoricamente.

É, no final do século XIX, que surgem as primeiras ações públicas destinadas a crianças e adolescentes, com foco no atendimento de órfãos. Em seguida, a atenção foi dada a crianças desamparadas, para que se integrassem

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ao mercado de trabalho evitando a sua desocupação. Se, até os anos 30, a abordagem predominante – ou mesmo exclusiva –voltava-se à infância e à adolescência, na década de 40, os jovens passaram a ser objeto de atenção, como resultado das exigências do mercado quanto à formação e qualificação da força de trabalho. É nessa época que se cria o Serviço de Assistência ao Menor (SAM), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). O objetivo era então o de capacitar os jovens para o seu ingresso no mercado de trabalho. Com o fim da II Guerra Mundial, surgiu a necessidade de Direitos Humanos. A partir de então, iniciou-se um processo de reconhecimento dos direitos de crianças e adolescentes, que permaneceu interrompido durante a ditadura militar brasileira. Com o fim desse regime, voltou-se a pensar na situação do menor. Na década de 90, a criança e o adolescente passaram a ser vistos como sujeitos de direito – o que levou a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Atualmente, as políticas públicas se dividem entre as que visam encaminhar os jovens para o mercado de trabalho e as que visam recuperá-los (defasagem de conduta e da educação) para inseri-los no mercado de trabalho.

É interessante se pensar que “as juventudes não são suscetíveis de comparação, pois, ao viverem em épocas históricas diferentes, têm definidos seus conflitos e vivência social de maneira também diferente” (Sousa, 2006). Porém, ao contrário do que comumente se pensa, a falta de experiência dos jovens significa um alívio do fardo para os jovens; pois facilita a vida deles no momento de transformação. É no período da juventude que as forças formativas estão começando a existir e, por isso mesmo, se pode aproveitar mais facilmente o poder modelador de situações novas. Sendo assim, o jovem é aquele que pode aproveitar o conhecimento já adquirido pelos seus antecessores sem as marcas que essas aquisição e construção de saber trouxeram. Dessa forma, o jovem fica mais livre para ter idéias novas e melhores que as anteriores. Por isso, que o jovem é considerado o fator de introdução de mudanças na sociedade.

A juventude no Brasil está dividida em duas fatias: a fatia em condição social de extrema carência (os excluídos) e a fatia em condição social favorável (os incluídos). O referencial normatizador da juventude é o consumo. Esse é o critério que determina se a pessoa vai se enquadrar no grupo dos excluídos ou dos incluídos. Embora o jovem seja considerado, pela publicidade, um alvo em potencial para o consumo, o Estado não consegue fazer com que essa posição de consumidor se concretize. Como conseqüência disso, vemos a marginalização e a criminalidade. E para os que não fazem mais parte da juventude, resta o olhar nostálgico sobre ela. É então que, através da lógica de mercado, busca-se recuperar a juventude num processo de identificação com os valores dos jovens. Comumente, surge um conflito entre as diferentes gerações. Afinal, da mesma maneira que os velhos têm interesse em remeter os jovens a sua juventude, os jovens também têm interesse em remeter os velhos a sua velhice. Há períodos em que se intensifica a procura do "novo", pela qual os "recém-chegados" (que são também, quase sempre, os mais jovens biologicamente) empurram os "já chegados" para o passado, para o ultrapassado, para a morte social ("ele está

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acabado"). Estamos aqui, no auge da luta entre as gerações; pois, é nesse momento que as trajetórias de ambos se chocam: quando os jovens aspiram "cedo demais" à sucessão. Essa fronteira entre juventude e velhice é muito relativa, sendo construída socialmente na luta entre jovens e velhos; já que as relações entre idade social e idade biológica são complexas e o número de anos que uma pessoa já viveu tem um significado que lhe é próprio. No campo de trabalho, é comum encontrar dois estados do sistema escolar em confronto no mercado de trabalho. Enquanto os velhos têm mais experiência, os jovens estão chegando com mais títulos. Essa tensão cria, freqüentemente, uma situação desfavorável ao jovem que, mesmo bem qualificado, sente que não é bem-vindo no seu local de trabalho ou até mesmo quando está buscando um emprego.

Outra questão sobre a inserção do jovem no mercado de trabalho é o status que isso lhe traz. “Ainda hoje uma das razões pelas quais os adolescentes das classes populares querem abandonar a escola e começar a trabalhar muito cedo, é o desejo de ascender o mais rapidamente possível ao estatuto de adulto e às capacidades econômicas que lhes são associadas: ter dinheiro é muito importante para se afirmar em relação aos colegas, em relação às meninas, para poder sair com os colegas e com as meninas, portanto para ser reconhecido e se reconhecer como um ‘homem’.” (Bourdieu, 1983). Isso só vem confirmar o que já foi dito anteriormente: o referencial normatizador dos jovens é, realmente, o consumo.

Para finalizar, vale aprofundar a questão da idade; pois, vista como um dado biológico, ela é socialmente manipulada e manipulável. Isso acontece de maneira discreta, mas “o fato de falar dos jovens como se fossem uma unidade social, um grupo constituído, dotado de interesses comuns, e relacionar estes interesses a uma idade definida biologicamente já constitui uma manipulação evidente.” (Bourdieu, 1983). Hoje é um grande elogio ouvir que ‘você tem 80 anos, mas tem um corpinho de 65 anos’. Porém, o que importa, na verdade, é que se viva bem a idade que se tem. Como Jonathan Swif diz: “Todo mundo quer viver muito tempo, mas ninguém quer ser velho”. A sutileza com que a manipulação da idade é feita socialmente não diminui a sua força e é preciso se estar atento a ela [a manipulação].

Política de Assistência no Brasil

Na década de 30, com a passagem da economia agroexportadora para a industrial juntamente com as péssimas condições de vida e de trabalho, a classe operária vai ser reconhecida pelo Estado. Os fatores fundamentais para esse reconhecimento, foram às lutas e protestos empreendidos mediante enfraquecimento das organizações trabalhistas, e, sobretudo pela exploração a qual a classe era submetida.

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As leis sociais, oriundas do estado corporativista de Getulio Vargas (1883-1954), fizeram com que a presença política da classe operária fosse reconhecida e que as necessidades sociais fossem consideradas, ainda que minimamente.

Neste mesmo período, especificamente em 1933, o Serviço Social foi implementado no Brasil, inicialmente para dar enfrentamento às questões da classe operária, de forma pragmática e direcionada à solidariedade. Surge, segundo Raichelis (1988:63. 64):a partir de iniciativas de grupos sociais majoritariamente femininos vinculados à Igreja Católica, cuja origem social pode ser localizada na burguesia e aristocracia agrárias da época, é que constituirão exatamente a base social do movimento leigo.

A crise mundial do capital foi um dos fatores que contribuiu para que o Estado de Vargas, se reposicionasse diante da sociedade, regulando a compra e venda da força de trabalho, através da criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. Diante disso, o Estado passa a ter responsabilidades com a população, sendo obrigado a compreender a questão social como uma questão política, onde os serviços sociais deveriam ser prestados pela Assistência de forma a regular e controlar os conflitos sociais.

A política trabalhista no governo de Vargas, centrada no paternalismo, visava o controle dos movimentos operários e das greves que por ventura fossem realizadas, por meio do Sistema de Seguridade Social. Este sistema fora implantado via institutos de Previdência para industriários, bancários e outras categorias trabalhistas. Foram criados ainda nesse período, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, a Carteira de Trabalho e a Legislação Trabalhista. Nesse aspecto, é relevante citar que os trabalhadores rurais ficaram fora deste sistema devido à falta de uma organização de caráter reivindicatório e pela forte pressão dos latifundiários.

Na ótica da política paternalista, foi criada em 1942, a Legião Brasileira de Assistência (LBA). Segundo Torres (2002:85,86),tratava-se de um órgão beneficente coordenado e chefiado pela primeira-dama Darcy Vargas. Inicialmente visava a atender as famílias dos soldados que iam ou estavam envolvidos com a Guerra. Posteriormente em 1946, passa a dedicar também sua atuação a infância e a maternidade, legitimando o Estado e acentuando ainda mais o assistencialismo a partir das obras de caridade.

Na verdade, Vargas cria esta instituição com o intuito de legitimar o seu governo usando o assistencialismo como estratégia política, pois, a figura da primeira-dama representava a generosidade e a caridade humana, diante da classe subalterna.

Na década de 50, durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), a prioridade continuava sendo dada à economia. A política desenvolvimentista

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abre as portas ao capital estrangeiro consolidando assim, a dependência econômica. Mesmo com enfoque voltado a esta questão, Kubitschek desloca a sua atenção para outros segmentos sociais, principalmente àqueles ligados aos programas de Desenvolvimento de Comunidade. As lutas populares e os conflitos entre as classes intensificam-se nesse período, fruto dos processos de urbanização e industrialização. Destaca-se nesse período a criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) em 1959 e o apoio governamental aos programas de Desenvolvimento de Comunidade.

O governo de Jânio Quadros (1961-1964) e João Goulart (1961-1964) na década de 60 foi marcado pela estagnação econômica face ao endividamento externo e o aumento da inflação. As forças populares pressionavam o Estado no sentido de ampliar o espaço de participação tanto politicamente quanto economicamente. Merece destaque a criação do 13º salário, do salário família para os trabalhadores urbanos e a criação da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), atendendo apenas aos trabalhadores em regime de CLT, definindo o período de aposentadoria de cinco anos para as mulheres (60 anos) e para os homens (65 anos).

Em 1964, o Brasil é marcado pelo regime ditatorial fortemente caracterizado por repressões, torturas, censuras, e pela associação entre segmentos da burguesia e capitais estrangeiros. A forte repressão da década de 60, não impossibilitou o crescimento econômico nem tampouco a concentração de riqueza, pelo contrário, o Estado utilizava as políticas sociais como instrumentos de legitimidade do sistema, estimulando e concentrando ainda mais a renda. Um exemplo disso foi a criação do Instituto Nacional de Previdência (INPS, no intervalo entre 1964-1966), com a finalidade de proporcionar o aumento da produtividade.

Como destaca Yazbek (1993:40) "a matriz conservadora e oligárquica, e sua forma de relações sociais atravessadas pelo favor, pelo compadrio e pelo clientelismo, emoldura politicamente a história econômica e social do país, penetrando na política social brasileira". Neste sentido, pode-se dizer que, neste período não houve avanços em ralação a Assistência, visto que, a coerção dos militares possibilitava o aumento das desigualdades sociais e a fragmentação no que se refere ao acesso a bens e serviços.

Na década de 80, a questão mostra-se mais evidente em decorrência do aumento da pobreza e das lutas pela democratização do país. Foi um período de recessão econômica, a qual resultou no corte das importações, na restrição de crédito, na tentativa de elevação das taxas de juros culminando com o arrocho salarial e conseqüentemente com a precariedade das condições da população. Com o propósito de derrubar o arrocho salarial, as lutas dos trabalhadores intensificaram-se, ampliando a possibilidade de abertura democrática pela força

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tanto dos trabalhadores como também da sociedade civil, através dos movimentos pelas eleições diretas.

Gradualmente a ruptura com o Regime militar foi se concretizando. A transição democrática completou-se no Governo de José Sarney (1986-1990), com a instituição do Plano Cruzado (1985-1986) e com a ampliação do consumismo pelos trabalhadores como reflexo direto do congelamento dos preços, mesmo durando pouco tempo, e principalmente por constituir uma nova concepção de Proteção Social.

Só no final da década de 80 a Assistência foi reconhecida como um direito social. As concepções de universalidade, descentralização, direitos e equidade passam a ser utilizadas como norteadoras para a construção de um novo padrão de política social. Em 1988 a nova Constituição brasileira entrou em vigor, representando um avanço no que se refere à democracia e a Seguridade Social.

Esta passou a ser vista e compreendida através do tripé Saúde, Previdência e Assistência Social.A saúde passou a ter uma cobertura universal através do Sistema Único de Saúde (SUS), e como direito de todos e dever do Estado. A Previdência reafirmou-se como um modelo de gestão publica, via contribuições sociais. A Assistência por sua vez passou a ser responsabilidade do Estado, vista como um direito social, priorizando o atendimento a todos aqueles que dela necessitam, ou seja, a todos aqueles que não possuem condições de satisfazer suas necessidades básicas e de seus familiares.

É importante destacar que no final do governo de José Sarney, prevalecia uma tendência conservadora com enfoque no corte aos gastos sociais, que mais tarde culminaria no resgate da pratica assistencialista, e serviria como estratégia para o não cumprimento da Constituição Federal de 1988.

Mesmo reconhecida pela Constituição Federal como um direito, a Assistência Social só foi regulamentada em 1993 com a Lei Orgânica da Assistência Social (Lei 8.742 de 07/12/1993 – LOAS), passando a ser vista como "direito do cidadão e dever do Estado, política de Seguridade Social não contributiva, que prover os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade,para garantir o atendimento às necessidades básicas". A Política de Assistência assume uma maior visibilidade tornando-se um mecanismo estratégico de acesso a bens e serviços aos excluídos, ou seja, passa a ser vista como uma ponte que liga os programas compensatórios e os serviços sociais aos usuários.

A proposta da LOAS, assenta-se na concepção da Assistência enquanto direito, que deve conferir ao cidadão o amparo legal de ser reconhecido judicialmente como tal. Na prática, a Política de Assistência está presa à ótica do favor e da benesse, tendo em vista que até hoje existem segmentos institucionais

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públicos ou privados que a enxergam como uma prática meramente caritativa em detrimento a uma dimensão política.

Nesse contexto, a Assistência passa a ser confundida com o assistencialismo encontrando, principalmente nas organizações filantrópicas, o espaço necessário para o desenvolvimento de ações voltadas ao imediaticismo. No âmbito dos direitos sociais, deveria deixar de ser responsabilidade da sociedade civil para ser responsabilidade do Estado.

A Assistência enquanto política social, não pode ser submetida à lógica do mercado nem gerar e buscar lucro, pois se constitui num direito gratuito e não contributivo. Deve ainda prover os mínimos sociais, garantindo o atendimento às necessidades sociais básicas através da universalidade.

Na prática, o princípio da universalidade é esquecido. O que se vê é uma política desarticulada, fragmentada, pontual e descontinua. Assume um caráter altamente seletivo, estimulando cada vez mais as desigualdades sociais e a exclusão dos usuários. Nesta lógica, a pobreza assume uma postura natural em relação às contradições do sistema.

Outro fator que merece destaque, é que a Assistência Social constitui-se numa política altamente contraditória, ao passo que ao mesmo tempo exclui e inclui os usuários aos bens e serviços prestados. A Assistência ora promove a inclusão como forma de efetivar os direitos sociais, ora submete os usuários a seletividade, tendo em vista que o acesso aos benefícios sociais torna-se cada vez mais escasso.

No Terceiro Mundo, incluindo o Brasil, a ausência do acesso a bens e serviços pela maioria da população, introduz o que Sposati (1991:22) chama de "castração da cidadania", ou como diz Fleury é uma espécie de cidadania invertida "já que o individuo passa a ser beneficiário do sistema pelo motivo do reconhecimento da sua incapacidade de exercer plenamente a condição de cidadão" (apudSPOSATI,1991:24).

O que se pode ver é que, o princípio da universalidade inerente à política de Assistência não é devidamente cumprido. Na prática assume-se um caráter altamente seletivo e fragmentado, estimulando cada vez mais as desigualdades sociais e exclusão dos usuários dos serviços.

Um ponto que pode ser abordado como um avanço no que se refere à concretude aos princípios e diretrizes da LOAS, foi a aprovação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) em 2004, apresentada ao Conselho Nacional de Assistência Social pela Secretaria Nacional de Assistência Social, do Ministério de Desenvolvimento e Combate à Fome, com o propósito de construir uma nova agenda para a cidadania no Brasil.

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Tem como principal objetivo, a construção e a implementação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), propondo uma gestão descentralizada nas três esferas do governo na provisão das ações socioassistenciais através da intersetorialidade e a participação popular. Define elementos importantes para a execução da Política de Assistência, de modo a qualificar o atendimento, normatizar, ampliar e universalizar o acesso e consagrar a cidadania.

A rede socioassistencial presente na PNAS, deve ser desempenhada pelo SUAS em parceria com os Centros de Referencia de Assistência Social (CRAS). O CRAS, segundo a PNAS, é uma entidade pública, estatal de base territorial localizada em áreas de vulnerabilidade social, que abrange a um total de ate 1.000 famílias/ano. Executa e coordena a rede de serviços sociais locais de proteção social, atuando com as famílias e indivíduos no contexto comunitário, objetivando a orientação e o convívio sócio-familiar. Promove ainda, o encaminhamento da população local para as demais políticas sociais, possibilitando o desenvolvimento de ações intersetoriais, de forma a romper a exclusão e a vulnerabilidade social.

Para minimizar a exclusão social fruto do ideário neoliberal e do capitalismo, o Estado vai buscar parceria com a sociedade civil, com o propósito de complementar a oferta de serviços, programas e projetos sociais. O que o Estado pretende com isso é transferir sua responsabilidade enquanto gestor social para setores da sociedade, especificamente para as instituições que compõem o Terceiro Setor. Como afirma Sposati (2002:24):

Por operar com as necessidade dos segmentos populares e até por particulariza-las como questões excepcionais, as ações de assistência social comumentepossuem forte recorte local. Mais ainda, por não construir um perfil de responsabilidade própria, o padrão de ação governamental nesse campo sempre buscou alianças com organismos locais. Seu caráter de ajuda favoreceu o comportamento do partilhar soluções.

O Estado utiliza a parceria como estratégia de legitimação. O objetivo concreto não é a potencialização dos serviços sociais e sim um resgate da prática assistencialista, ou ainda como destaca Sposati(2002:112):

A assistência associada à benevolência passa a ser encarada como uma prática social natural, banal, nascida da própria condição de solidariedade dos indivíduos humanos em sociedade. Em decorrência, guarda um sentido marginal, enquanto dever do Estão, ou seja, ela é secundarizada e se impõe como exigência marginal enquanto dever do Estado. Enquanto exigência marginal, é apreendida como gesto de benevolência; pode ser descartada, já que seus resultados são secundários e paliativos.

Assim, apesar de possuir um caráter universal e ter isso explícito na Constituição Federal e na LOAS, a Política de Assistência utiliza a seletividade e

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triagem dos mais necessitados considerando o grau de demanda. Dentro das limitações institucionais, direcionada pela perspectiva pós-moderna, o Assitente Social assume o papel de selecionar os usuários que participarão dos projetos e programas sociais.

Para que a intervenção profissional do Assistente Social não se limite a ação emergencial dos usuários, é necessário que o mesmo apreenda a realidade dentro de sua complexidade e historicidade, considere a dinâmica da sociedade analisando-a criticamentee acima de tudo compreenda a Política de Assistência como um direito conquistado.

Ética e Cidadania

Estamos em um momento da história brasileira, e por que não dizer do mundo, em que a toda hora, os meios de comunicação anunciam a necessidade de ter uma comunidade mais justa e integra. O mundo tem acordado para essa necessidade, alguns países têm demonstrado mais expressamente enquanto que outros, mais lentamente. Mas nada acontece sem uma conscientização definida e um empenho dedicado, que nasça no seio da população, como uma necessidade intrínseca. O discurso parece ser o mesmo: agir com ética, usar a cidadania.

A ética e a cidadania é parte da filosofia, ocupando-se como reflexão a respeito dos fundamentos da vida moral e social. Essa reflexão pode seguir as mais variadas direções, dependendo da concepção de homem que se toma como ponto de partida.

É necessário formamos uma comunidade ética, pois o homem, como qualquer outro ser, busca sua própria perfeição, como requisito da sua própria natureza. A grande verdade é que os valores das ações humanas, estão inscritas na própria essência do homem.

A ética e a cidadania são importantes para a boa estruturação de uma a sociedade, a sua falta pode provocar autodestruição de uma sociedade, por isso, a necessidade de estudar o desenvolvimento da ética e da cidadania na sociedade brasileira, como uma das causas de formação de uma sociedade com baixo nível de princípios morais e normas preestabelecidas, para um convívio social em harmonia, e conseqüentemente uma sociedade infeliz e através disso, apontar a necessidade de formarmos uma comunidade ética cidadã, como principio que esta inscrita na própria essência do homem para uma boa estruturação da sociedade. A Ética e a Sociedade

A toda hora, os meios de comunicação anunciam que é preciso "mais ética"

nas relações humanas, na política, na ciência, nas empresas, e em todos os âmbitos da vida. Mas o que significa "ética"?

Ética deve ser entendida como reflexão, estudo, moral dos seres humanos cuja legitimação se baseia na sua racionalidade, já que é impossível uma vida

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social sem normas preestabelecidas para um convívio em harmonia. Através da discussão democrática de princípios da convivência humana, poderá ser estabelecida boas ou más condutas sociais e individuais, normas válidas para todos que vivemem sociedade a fim de alcançar a harmonia e felicidade humana.

A ética é parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito dos fundamentos da vida moral. Essa reflexão pode seguir as mais variadas direções, dependendo da concepção de homem que se toma como ponto de partida.

É necessário formamos uma comunidade ética, pois o homem, como qualquer outro ser, busca sua própria perfeição, como requisito da sua própria natureza. É verdade que os valores da ação humana estão inscrito na própria essência do homem (SEVERINO, 1997).

A ética é importante para a boa estruturação de uma a sociedade, a sua falta pode provocar autodestruição de uma sociedade. Hoje, a comunicação em massa, principalmente à televisão, é responsável por um processo de degradação social com a transformação de vários valores ligados àvida, e ao modo como as pessoas se relacionarem. A televisão tornou-se mais influente na transmissão de conceitos éticos e formação das pessoas, principalmente das crianças, do que a escola ou mesmo a família. Interessante perceber como tudo na televisão é banal, banaliza-se a vida, a violência, o sexo, casamento, provocando assim, uma inversão de valores, que é prejudicial ao indivíduo e à sociedade. Faz-se necessário, não uma censura, mas um maior controle, para que seja vinculada uma programação de qualidade na televisão, pois ela tem servido como um grande potencial de formador de opinião. Não é difícil perceber que os grandes apresentadores de programas em horários nobres, têm muito mais força política, social de influência, do que, os próprios políticos naturais eleitos, para não dizer os pais. A Definição de Ética

A palavra "Ética" vem do grego ethos, que por sua vez, possui osignificado

de morada do homem. Diz o ditado popular A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta (VALLS, 1993).

É a ciência que tem como objeto o fim da vida humana e os meios para alcançá-lo. Historicamente, a palavra ética foi aplicada à moral sob todas as suas formas, quer como ciência do comportamento efetivo dos homens, quer como arte de guiar o comportamento. A ética tinha o sentido de ocupar-se do bem como valor primário a ser assumido pela liberdade como guia das próprias escolhas (MONDIN, 1981).

Antes de qualquer coisa, é preciso distinguir ética e moral. Embora se confundam, há um acordo entre os estudiosos de que essas palavras têm significados distintos. A moral é constituída pelos juízos de valor, costumes e crenças de um povo, enquanto a ética é o estudo da ação humana e de suas conseqüências. Para esclarecer essa questão, vale observar a etimologia das palavras moral e ética.

A palavra moral deriva do latim "mores", que significa "costumes". Isso indica que a moral é formada pelos hábitos, pela forma de encarar a vida e pelos

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costumes de um povo. Por isso, a moral pode variar: o que é moralmente correto para um povo, pode não ser para outro. Severino afirmou que a moral "é o conjunto de prescrições vigentes numa determinada sociedade e consideradas como critérios válidos para a orientação do agir de todos os membros dessa sociedade" (SEVERINO, 1997).

O significado "morada do homem", indica que é justamente por meio do ethos que o mundo se torna habitável para o homem ou, mais ainda, que o mundo se constitui. A necessidade da natureza (physis) é rompida pela abertura do espaço humano do ethos, no qual se inscrevem os costumes, os hábitos, os valores e as ações, ou seja, no qual a moral de um povo se constitui. O espaço humano do ethos não é dado ao homem (como o é o espaço da natureza), mas é incessantemente construído. A morada do homem nunca está pronta: sempre é possível melhorá-la e aproximá-la da perfeição. Isso revela a existência de um ideal ético ou do Bem, capaz de mostrar quais partes de nossa "morada" ainda podem ser reformadas, melhoradas. O eterno construir da vida moral revela que há princípios éticos, ideais a serem perseguidos pelo homem e que podem se aprimorar ao longo da história. Usando a metáfora da casa, pode-se afirmar que, a nossa vontade de aperfeiçoá-la mostra que temos, em nossa mente, a idéia do que seja uma casa ideal. E mostra também que, se os tempos trazem novidades, elas são incorporadas a esse modelo ideal de casa na medida em que surgem. Para um homem das cavernas, por exemplo, uma ampla gruta de frente para o mar e bem protegida, era o exemplo de casa ideal; já para o homem moderno, uma casa de vidro, concreto e madeira, com varanda, piscina, churrasqueira e sauna, constitui o modelo ideal de casa. Mas, para ambos, o importante é o principio, uma casa como lugar de refúgio,proteção e conforto.

O mesmo ocorre com a ética: ela evolui, é aperfeiçoada ao longo do tempo. Com as transformações históricas, surge a necessidade de transformações éticas. Sabemos que uma ação é injusta porque temos uma idéia de justiça construída e aperfeiçoada ao longo da história que nos habilita a julgá-la como tal. A escravidão foi considerada normal entre os gregos e entre os nossos colonizadores. Foram precisos séculos para que a escravidão fosse definitivamente abolida do planeta (ou, pelo menos, universalmente considerada como repugnante). Hoje em dia, não há país que defenda pública e oficialmente a escravidão: todos os povos sabem que a liberdade alheia deve ser respeitada. Isso mostra que o nosso ideal ético evolui ao longo da história.

O mesmo ocorre com a ética, que também se modifica com o tempo. Muitos valores do início do século mudaram radicalmente: a virgindade, por exemplo, já não é um valor como foi outrora. Podemos perceber que, geralmente, as mudanças nas leis ocorrem após as mudanças morais. A virgindade, mesmo que não mais praticada e valorizada como outrora, continuou presente no código civil por muitos anos, como motivo para dissolução do matrimônio: se o marido descobrisse que a noiva não era mais virgem, poderia, amparado pela lei, dissolver o casamento. Há, no entanto, valores que devem permanecer, pois são fundamentais para a sobrevivência da sociedade. A liberdade, o respeito à diferença, a indiscriminação, e a preservação ambiental, são exemplos de valores fundamentais para o nosso tempo, sem os quais colocamos o mundo em risco.

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Infelizmente, a ética esta em falta em nosso meio. Empresas, jornais, escolas e governos valorizam, cada vez mais, pessoas que se importam mais com o Ter do que com Ser.

Considerando a grande crise política que vive o mundo, a miséria de dois terços do planeta, a conduta irresponsável das grandes potencia, a atual crise ecológica, e vários outros fatores preocupantes, pode-se perceber que a ética, mais do que nunca, é essencial.

A ética é, portanto, um ramo do saber que reflete sobre a ação humana e que tenta identificar os princípios práticos que regulam essa ação. É, no entanto, somente com o surgimento da filosofia que se pode falar de ética enquanto uma reflexão racional sobre o agir, especifica do ser humano enquanto homem racional. Importância da Ética

Desde a infância, estamos sujeitos à influência de nosso meio social, por intermédio da família, da escola, dos amigos, dos meios de comunicação de massa, etc. Vamos adquirindo, aos poucos, idéias morais. É o aspecto social da moral se manifestando e, mesmo ao nascer, o homem já se defronta com um conjunto de regras, normas e valores aceitos em seu grupo social.

A ética não se reduz apenas a seu aspecto social, pois à medida que desenvolvemos nossa reflexão crítica passamos a questionar os valores herdados, para então decidir se aceitamos ou não às normas. A decisão de acatar uma determinada norma é sempre fruto de uma reflexão pessoal consciente, que pode ser chamada de interiorização. É essa interiorização das normas que qualifica um ato como sendo moral. Por exemplo: existe uma norma no código de trânsito que nos proíbe de buzinar diante de um hospital. Podemos cumpri-la por razões íntimas, pela consciência de que os doentes sofrem com isso. Nesse caso houve a interiorização da norma e o ato é um ato moral. Mas, se apenas seguimos a norma por medo das punições previstas pelo código de trânsito, não houve o processo de interiorização e meu ato escapa do campo moral.

Conforme afirmações anteriores, dizemos que a ética não se confunde com a moral. A moral é a regulação dos valores e comportamentos considerados legítimos por uma determinada sociedade, um povo, uma religião, certa tradição cultural etc. Há morais específicas, também, em grupos sociais mais restritos: uma instituição, um partido político... Há, portanto, muitas e diversas morais. Isto significa dizer que uma moral é um fenômeno social particular, que não tem compromisso com a universalidade, isto é, com o que é válido e de direito para todos os homens. Exceto quando atacada: justifica-se dizendo universal, supostamente válida para todos. Mas, então, todas e quaisquer normas morais são legítimas? Não deveria existir alguma forma de julgamento da validade das morais? Existe, e essa forma é o que chamamos de ética. A ética é uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela não é puramente teoria. A ética é um conjunto de princípios e disposições voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as ações humanas. A ética existe como uma referência para os seres humanos em sociedade, de modo tal que a sociedade possa se tornar cada vez mais humana. A ética pode e deve ser incorporada pelos indivíduos, sob a

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forma de uma atitude diante da vida cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos a-críticos da moral vigente. Mas a ética, tanto quanto a moral, não é um conjunto de verdades fixas, imutáveis. A ética se move, historicamente, se amplia e se adensa. Para entendermos como isso acontece na história da humanidade, basta lembrarmos que, um dia, a escravidão foi considerada "natural". Entre a moral e a ética há uma tensão permanente: a ação moral busca uma compreensão e uma justificação crítica universal, e a ética, por sua vez, exerce uma permanente vigilância crítica sobre a moral, para reforçá-la ou transformá-la.

A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relações justas e aceitáveis. Via de regra está fundamentada nas idéias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz. Hoje em dia, seu campo de atuação ultrapassa os limites da filosofia e inúmeros outros pesquisadores do conhecimento dedicam-se a seu estudo. Sociólogos, psicólogos, biólogos e muitos outros profissionais desenvolvem trabalhos no campo da ética.

Quando na Antigüidade grega Aristóteles apresentou o problema teórico de definir o conceito de Bem, seu trabalho era de investigar o conteúdo do Bem e não definir o que cada indivíduo deveria fazer numa ação concreta, para que seu ato seja considerado bom ou mau.

Evidentemente, esta investigação teórica sempre deixa conseqüências práticas, pois quando definimos o Bem, estamos indicando um caminho por onde os homens poderão se conduzir nas suas diversas situações particulares.

A ética tem sua importância inquestionável, pois trabalha com responsabilidade do ato moral, ou seja, a decisão de agir numa situação concreta é um problema prático-moral, mas investigar se a pessoa pôde escolher entre duas ou mais alternativas de ação e agir de acordo com sua decisão é um problema teórico-ético, pois verifica a liberdade ou o determinismo ao qual nossos atos estão sujeitos. Se o determinismo é total, então não há mais espaço para a ética, pois se ela se refere às ações humanas e se essas ações estão totalmente determinadas de fora para dentro, não há qualquer espaço a liberdade, para a autodeterminação e, conseqüentemente, para a ética.

A ética pode também contribuir para fundamentar ou justificar certa forma de comportamentos moral na sociedade. Assim, se a ética revela uma relação entre o comportamento moral e as necessidades e os interesses sociais, ela nos ajudará a situar no devido lugar a moral efetiva, real, do grupo social. Por outro lado, ela nos permite exercitar uma forma de questionamento, onde nos colocamos diante do dilema entre "o que é" e o "que deveria ser", imunizando-nos contra a simplória assimilação dos valores e normas vigentes na sociedade e abrindo em nossas almas a possibilidade de desconfiarmos de que os valores morais vigentes podem estar encobrindo interesses que não correspondem às próprias causas geradoras da moral. A reflexão ética também permite a identificação de valores petrificados que já não mais satisfazem os interesses da sociedade a que servem.

É importante que estejamos prontos para discutir a importância de refletir sobre a necessidade que a ética tem na formação de uma sociedade sadia. A falta da ética na sociedade é um dos grandes entraves para que as relações sociais e pessoais fluam dentro de uma perspectiva "civilizada" e aceitável.

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As pessoas parecem não se importar pelo estuda da ética. Essa falta de ética pode ser sendo provocada devido o desinteresse das pessoas de buscarem conhecer e estudar esse assunto para que se possa passar adiante. É importante que seja anunciado e ensinado sobre a ética nas escolas e universidades, para que no futuro se tenham bons cidadãos, com a ética como principal fundamento. Para isso é necessária que haja interesse político/social. Mas o que vemos não é bem assim. O desinteresse pela busca do conhecimento da ética, parece ser mais interesse por aqueles que nos governam. Mas nem sempre foi assim, como bem disse Stephen Kanitz:

Antigamente, moral e ética eram transmitidas às novas gerações pelas classes dominantes, pela aristocracia, pelos intelectuais, escritores e artistas. Era uma época em que os nobres eram nobres, exemplos a ser seguidos por todos. Hoje isso mudou. Nossas lideranças políticas, acadêmicas e empresariais não mais se preocupam em transmitir valores morais às futuras gerações. Não existe mais o noblesse oblige, a obrigação dos nobres, como antigamente. Poetas até enaltecem os nossos heróis sem caráter. A Cidadania

Ser cidadão é compor-se a uma sociedade. O homem é por natureza um ser sociável. A cidadania não pode existir se não houve uma completa compreensão da importância do homem como membro do corpo que forma a cidadania. Isso pode ser compreendido nas palavras de Mondin (2006, p.134):

O homem é essencialmente sociável: sozinho não pode vir ao mundo, não pode crescer, não pode educar-se; sozinho não pode satisfazer suas necessidades mais elementares, nem realizar suas aspirações mais elevadas; ele somente pode obter isto em companhia dos outros. Por isto, desde seu primeiro aparecimento sobre a terra, encontramos sempre o homem, colocado em grupos sociais, nos inicio bem pequeno (a família, o clã, a tribo) e depois sempre maiores (a aldeia, a cidade, o Estado). Á medida que o nível cultural se eleva, também a dimensão de sociabilidade tornar-se mais ampla e rica.

Em seus ensinos nos cursos a distancia (EAD) da Secretária Nacional de Segurança Publica Brasileira, cursos esses, ministrados para agentes de segurança Pública (policiais militares, guardas civis municipais, agentes penitenciários, etc.), define cidadania como: (...) cidadania seria uma espécie de estado de espírito em que o cidadão fosse alguém dentro da sociedade – evidentemente não haveria cidadão fora dela, fosse alguém que estivesse em pleno gozo de sua autonomia, e esse gozo não fosse um gozo passivo, mas ativo, de plena capacidade de intervir, nos negócios da sociedade, e através de outras mediações, intervir também nos negócios do Estado, que regula a sociedade da qual faz parte. Isso na concepção ativa de cidadania, não apenas de quem recebe, mas na verdade de um ator, que usa seus recursos econômicos, sociais, políticos e culturais para atuar no espaço publico.

Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca se esquecer das

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pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação.

A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso país. "A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso dos deveres impostos aos cidadãos·".

A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos. A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre lutam por mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às dominações arrogantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, não será obstada. Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos. Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Mas este é um dos lados da moeda. Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem de ser cônscio das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos têm de dar sua parcela de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum.

No discurso corrente de políticos, comunicadores, dirigentes, educadores, sociólogos e uma série de outros agentes que, de alguma maneira, se mostram preocupados com os rumos da sociedade, está presente a palavra cidadania. Como é comum nos casos em que há a super exploração de um vocábulo, este acaba ganhando denotações desviadas do seu estrito sentido. Hoje, tornou-se costume o emprego da palavra cidadania para referir-se a direitos humanos, ou direitos do consumidor e usa-se o termo cidadão para dirigir-se a um indivíduo qualquer, desconhecido.

De certa forma, faz sentido a mistura de significados, já que a história da cidadania confunde-se com a história dos direitos humanos, a história das lutas das gentes para a afirmação de valores éticos, como a liberdade, a dignidade e a igualdade de todos os humanos indistintamente; existe um relacionamento estreito entre cidadania e luta por justiça, por democracia e outros direitos fundamentais asseguradores de condições dignas de sobrevivência.

A expressão "cidadania" é originária do latim, que tratava o indivíduo habitante da cidade (civitas), na Roma antiga indicava a situação política de uma pessoa (exceto mulheres, escravos, crianças e outros) e seus direitos em relação ao Estado Romano. No dizer de Dalmo Dallari (1998, p.46):

A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem

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não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social.

No Brasil, os primeiros esforços para a conquista e estabelecimento dos direitos humanos e da cidadania confundem-se com os movimentos patrióticos reivindicativos de liberdade para o País, a exemplo da inconfidência mineira, canudos e outros. Em seguida, as lutas pela independência, abolição e, já na república, as alternâncias democráticas, verdadeiros dilemas históricos que custaram lutas, sacrifícios, vidas humanas.

E hoje, a quantas anda a nossa cidadania? A partir da Constituição de 1988, novos instrumentos foram colocados à disposição daqueles que lutam por um País cidadão. Enquanto consumidor, o brasileiro ganhou uma lei em sua defesa – o CDC; temos um novo Código de Trânsito; um novo Código Civil. Novas ONGs que desenvolvem funções importantíssimas, como defesa do meio ambiente. A mídia, apesar dos seus tropeços, tem tido um papel relevante em favor da cidadania. E muitas outras conquistas a partir da Nova Carta.

Como o exemplo da Ação Cidadania Contra a Miséria e pela Vida, Movimento pela Ética na Política. Memorável a ação dos "caras-pintadas", movimento espontâneo de jovens que contribuiu para o impeachment do presidente Collor. A Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, Mandado de Segurança entre outros, além da instituição do Ministério Público, importante instrumento na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

Há um longo caminha a percorrer. É só ativar um pouco a nossa acuidade natural e veremos que estamos cercados de um sem número de mazelas que insistem em infestar a nossa sociedade. Os representantes que, mal acabam de se eleger, dão as costas para o eleitor e este não lhe nega a recíproca, deixando aqueles ainda mais à vontade para as suas rapinagens. Barbosa (2003, p. 56) trouxe dados preocupantes sobre as nossas relações de cidadania. Indicou que 56% dos brasileiros não têm vontade de participar das práticas capazes de influenciar nas políticas públicas. 35% nem tem conhecimento do sejam essas práticas e 26% acham esse assunto "chato demais" para se envolver com ele. Nem tudo está perdido: 44% dos entrevistados por ele, manifestaram algum interesse em participar para a melhoria das atividades estatais, e entendem que o poder emana do povo como está previsto na Constituição. Sua pesquisa anima, de forma até surpreendente, quando mostra que 54% dos jovens (entre 16 e 24 anos), têm interesse pela coisa pública. Interesse que cai progressivamente à medida que a idade aumenta. A pesquisa ajuda a desmontar a idéia que se tem de que o jovem é apático ou indiferente às coisas do seu país. A Cidadania e sua Origem

Em tempos recuados da História encontram-se sinais de lutas sociais que lembram bem a busca por cidadania. Bem tratado por Jaime Pinsky, Emiliano José (2003, p.122), por volta do século VIII a.c. os Profetas Isaías e Amós pregavam em favor do povo e contra os opressores:

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"cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido. Fazei justiça ao órfão, defendei a viúva".

Portanto, já que explorais o pobre e lhe exigis tributo de trigo, edificareis casas de pedra, porém não habitareis nelas, plantareis as mais excelentes vinhas, porém não bebereis do seu vinho. Porque eu conheço as vossas inúmeras transgressões e os vossos grandes pecados: atacais o justo, aceitais subornos e rejeitais os pobres à sua porta.

Na Grécia de Platão e Aristóteles, eram considerados cidadãos todos aqueles que estivessem em condições de opinar sobre os rumos da sociedade. Entre tais condições, estava a de que fosse um homem totalmente livre, isto é, não tivesse a necessidade de trabalhar para sobreviver, uma vez que o envolvimento nos negócios públicos exigia dedicação integral.Portanto, era pequeno o número de cidadãos, que excluíam além dos homens ocupados (comerciantes, artesãos), as mulheres, os escravos e os estrangeiros. Praticamente apenas os proprietários de terras eram livres para ter o direito de decidir sobre o governo. A cidadania grega era compreendida apenas por direitos políticos, identificados com a participação nas decisões sobre a coletividade.

A cidadania era para os gregos um bem inestimável. Para eles a plena realização do homem se fazia na sua participação integral na vida social e política da Cidade-Estado.Só possuía significação se todos os cidadãos participassem integralmente da vida política e social e isso só era possível em comunidades pequenas.

A história da cidadania mostra bem como esse valor encontra-se em permanente construção. A cidadania constrói-se e conquista-se. É objetivo perseguido por aqueles que anseiam por liberdade, mais direitos, melhores garantias individuais e coletivas frente ao poder e a arrogância do Estado. A sociedade ocidental nos últimos séculos andou a passos largos no sentido das conquistas de direitos de que hoje as gerações do presente desfrutam.

O exercício da cidadania plena pressupõe ter direitos civis, políticos e sociais e estes, se já presentes, são fruto de um longo processo histórico que demandou lágrimas, sangue e sonhos daqueles que ficaram pelo caminho, mas não tombados, e sim, conhecidos ou anônimos no tempo, vivos no presentedecadacidadãodomundo,atravésdoseu "ir e vir", do seu livre arbítrio e de todas as conquistas que, embora incipientes, abrem caminhos para se chegar a uma humanidade mais decente, livre e justa a cada dia. A Cidadania Brasileira

A história da cidadania no Brasil está diretamente ligada ao estudo histórico da evolução constitucional do País. A Constituição imperial de 1824 e a primeira Constituição republicana de 1891 consagravam a expressão cidadania. Mas, a partir de 1930, observa-se que ocorre uma nítida distinção nos conceitos de cidadania, nacionalidade e naturalidade (BERNARDES, 1995). Desde então, nacionalidade refere-se à qualidade de quem é membro do Estado brasileiro, e o termo cidadania tem sido empregado para definir a condição daqueles que, como nacionais, exercem direitos políticos.

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A história da cidadania no Brasil é praticamente inseparável da história das lutas pelos direitos fundamentais da pessoa: lutas marcadas por massacres, violência, exclusão e outras variáveis que caracterizam o Brasil desde os tempos da colonização. Há um longo caminho ainda a percorrer: a questão indígena, a questão agrária, posse e uso da terra, concentração da renda nacional, desigualdades e exclusão social, desemprego, miséria, analfabetismo, etc.

Entretanto, sobre a cidadania propriamente dita, dir-se-ia que esta ainda engatinha, é incipiente. Passos importantes já foram dados. A segunda metade do século XX foi marcada por avanços sócio-políticos importantes: o processo de transição democrática, à volta de eleições diretas, a promulgação da Constituição de 1988 "batizada" pelo então presidente da constituinte Ulysses Guimarães de a "Constituição Cidadã". Mas há muito que ser feito. E não se pode esperar que ninguém o faça senão os próprios brasileiros. A começar pela correção da visão míope e desvirtuada que se tem em ralação a conceitos, valores, concepções. Deixar de ser uma nação nanica de consciência, uma sociedade artificializada nos seus gostos e preferências, onde o que vale não vale a pena, ou a mediocridade transgride em seu conteúdo pelo arrastão dos acéfalos. Tem-se aqui uma Constituição cidadã, mas falta uma "Ágora" onde se possa praticar a cidadania, e tornar-se, cada brasileiro em um ombudsmande sua Pátria.

É inegável que o Brasil é um País injusto, ou melhor, a sociedade brasileira é extremamente desigual. Basta ver os números do IBGE para indagarmos os motivos de tantos contrastes, de tão perversos desequilíbrios. E o que é pior: a cada pesquisa, as diferenças aumentam, a situação de ricos e pobres que parecem migrar para extremos opostos... nessa escala de aprofundamento das injustiças sociais, ao contrário do que desejava Ulysses Guimarães: (...) essa será a Constituição cidadã, porque recuperará como cidadãos milhões de brasileiros, vítimas da pior das discriminações: a miséria. Cidadão é o usuário de bens e serviços do desenvolvimento. Isso hoje não acontece com milhões de brasileiros, segregados nos guetos da perseguição social.

Por que tudo isso continua? Falta vontade dos governos? Ao que parece, todos se preocupam, reclamam e se incomodam com esta triste realidade, mas, ações consistentes, de efeitos estruturais e capazes de mudar os rumos das tendências sócio-econômicas da sociedade brasileira não se podem vislumbrar, ainda. É vontade geral manifesta que haja um mínimo de justiça social. Entretanto, por que não fazer valer esse desejo da maioria, se este é um País democrático? Será que se atribui muita importância, ou se respeitam demais às chamadas minorias? As elites?

As questões são mais profundas. As soluções demandam "garimpagem" com muito tino e sabedoria, requer grande esforço social conjunto. Não servem aqueles apelos carregados de emoção em busca de respostas emergentes e imediatas, que passam logo e deixam a população ainda mais frustrada, mais descrente. Há que se pensar algo mais racional, profundo e que tenha começo, meios e finalidades claros, objetivos e sem a essência obrigatória do curto prazo.

Por falar em começo, que tal pensar-se em construir uma verdadeira cidadania? Aliás, construir a cidadania dos brasileiros. Fala-se tanto das qualidades incomuns dos pátrios. Povo alegre, generoso, criativo, pacífico,

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solidário, sensível ante os problemas alheios; povo capaz de reagir rápida e inteligentemente, ante a situações adversas. Porém, falta à cidadania... Esta, sim, é uma qualidade da qual não prescinde um povo que se diz democrático. Alain Touraine (2000, p. 348) vê a liberdade como a primeira das condições necessárias e suficientes à sustentação democrática. A outra condição para uma democracia sólida é a cidadania.

Para que haja democracia é necessário que governados queiram escolher seus governantes, queiram participar da vida democrática, comprometendo-se com os seus eleitos, apontando o que aprova e o que não aprova das suas ações. Assim, vão sentir-se cidadãos. Isto supõe uma consciência de pertencimento à vida política do país. Querer participar do processo de construção dos destinos da própria Nação. Ser cidadão é sentir-se responsável pelo bom funcionamento das instituições. É interessar-se pelo bom andamento das atividades do Estado, exigindo, com postura de cidadão, que este seja coerente com os seus fundamentos, razoável no cumprimento das suas finalidades e intransigente em relação aos seus princípios constitucionais.

O exercício do voto é um ato de cidadania. Mas, escolher um governante não basta. Este precisa de sustentação para o exercício do poder que requer múltiplas decisões. Agradáveis ou não, desde que necessárias, estas têm de ser levadas a cabo e com a cumplicidade dos cidadãos. Estes não podem dar as costas para o seu governante apenas e principalmente porque ele exerceu a difícil tarefa de tomar uma atitude impopular, mas necessária, pois, em muitos momentos, o governante executa negócios que, embora absolutamente indispensáveis, parecem estranhos aos interesses sociais. É nessas ocasiões que se faz necessário o discernimento, próprio de cidadão consciente, com capacidade crítica e comportamento de verdadeiro "também sócio" do seu país.

Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos. Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade de direitos, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Mas este é um dos lados da moeda. Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem de ser cônscio das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos têm de dar sua parcela de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum.

A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos. A cidadania esteve e está em permanente construção; é um referencial de conquista da humanidade, através daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, e não se conformam frente às dominações arrogantes, seja do próprio Estado ou de outras instituições ou pessoas que não desistem de privilégios, de opressão e de injustiças contra uma maioria desassistida e que não se consegue fazer ouvir, exatamente por que se lhe nega a cidadania plena cuja conquista, ainda que tardia, não será obstada. O Cidadão Não-Educado

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Nos últimos dois últimos séculos, nos discursos apologéticos sobre a democracia, jamais esteve ausente o argumento segundo o qual o único modo de fazer com que um súdito transforme-se em cidadão é o que de lhe atribuir aqueles direitos que os escritores de direito publico do século passado tinham chamado de activae civtatis, com isso, a educação para a educação surgiria no próprio exercício da pratica democrática. Concomitantemente, conforme prescreve o modelo jacobino, segundo o qual primeiro vem à ditadura revolucionária e apenas, num segundo tempo, o reino da virtude. Não, para o bom democrata, o reino da virtude é a própria democracia, entendo a virtude como amor a causa publica, dela não pode privar-se e ao mesmo tempo a promove, a alimenta e reforça.

No que tange a Democracia, parece ser claro a existência de dois tipos de cidadãos: ativos e passivos. O que nos parece é que, os governantes, preferem os passivos, pois é mais fácil de dominar os súditos dóceis ou indiferentes, mas a democracia necessita dos cidadãos ativos. Com essa ausência dos ativos por minoridade, leva a muitos governantes acabar por prazer a transformarem seus súditos num bando de ovelhas dedicadas e tão somente a pastar o capim, uma ao lado da outra, e a não reclamar, mesmo quando o capim é escasso.

Isso leva a extensão do sufrágio às classes populares, com base no argumento de que um dos remédios contra a tirania encontra-se exatamente na promoção da participação eleitoral não só das classes acomodadas (que constitui sempre uma minoria e tendem naturalmente a assegurar os próprios interesses exclusivos), mas também das classes populares. A participação eleitoral tem um grande valor educativo. É através da discussão política que o operário, cujo trabalho é repetitivo e concentrado no horizonte limitado da fabrica, consegue compreender a conexão existente entre eventos distantes e o seu interesse pessoal e estabelecer relações com cidadãos diversos daqueles com os quais matem relações com cidadão cotidianas, tornando-se assim membro consciente de uma comunidade. Aspectos relevantes das relações entre os Estados e Povos

As relações estatais, historicamente baseadas em contratos e constituindo o objeto do Direito Internacional Público, não podem deixar de interessar à nossa ciência, enquanto os seus participantes forem Estados ou, pelo menos, como tais realmente considerados.

E que, para garantir-se a ordem internacional, não há nenhuma necessidade de ofender-se à integridade conceitual dos Estados, atingindo-os no conteúdo de um de seus elementos: o governo independente desde que assim estruturado.

Deve configurar-se a comunidade universal, sem que os Estados, no entanto, percam as suas capacidades de se governar cada um a si mesmo, com aquele teor de independência, isto é, dispondo do seu poder no mais alto grau, o qual se traduz no exercício pleno da soberania, como reconhecem e proclamam os internacionalistas realmente atualizados com as teorias e os fatos, um dos quais entre nossos autores, anotando os traços paradoxais com que se apresenta

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o desarmamento mundial, escreve: "A verdade, todavia, é que as dificuldades se fazem cada vez maiores e os Estados não renunciam, o que é essencial, ao apego demasiado à integridade da soberania nacional, considerada como o mais absoluto direito de prover os meios de garanti-los".

As relações entre Estados são geralmente pacíficas no interesse comum, embora possam ser perturbadas gerando outra sorte de contato, em ambiente de choques ou revides bélicos, como observam aqueles que comparam a interdependência existente entre os homens com a estreita correlação configurada entre os Estados, até porque "o mundo das relações internacionais é um mundo de relações entre homens, um mundo feito por homens e para homens".

Nesse sentido de cooperação entre Estados, mas com diferentes finalidades especificas, surgiram várias instituições internacionais, sempre por acordo e com o objetivo de criar uma nova comunidade internacional.

A ordem internacional

O mundo é uma sociedade de Estados, na qual a integração jurídica dos fatores políticos ainda se faz imperfeitamente.

Os Estados vivem, tecnicamente, em situação de anarquia, pois embora exista uma ordem jurídica em que todos se integram, não existe um órgão superior de poder, a que todos se submetam. Este aspecto, aliás, já foi percebido no começo do século XX e pelo reconhecimento dessa deficiência é que, nos últimos tempos, têm sido criadas muitas organizações internacionais dotadas de um órgão de poder. Esta é uma inovação importante, que modifica profundamente os termos do relacionamento entre os Estados.

O dado novo, e sem dúvida de grande importância, é que as circunstâncias gerais exerceram pressão sobre as potências imperialistas e as colônias encontraram, em si próprias, condições para lutar pela independência. Isso se tornou possível, em grande parte, graças à existência de organismos internacionais e à repulsa ao uso arbitrário da força, o que pressupõe a aceitação geral de certos padrões jurídicos e demonstra que aquelas organizações são realmente úteis e, às vezes, até necessárias.