Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    1/20

    Trabalhando Com Compromisso Desde 1984

    DISCIPLINA: NOES DE DIREITO CIVIL TRTALUNO (A) : ______________________________________________ DATA:____/____/ 2005

    RESUMO ESQUEMTICO DE DIREITO CIVIL

    1. Pessoa natural ou pessoa humana surgem alguns conceitos bsicos importantes: o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigaes. Para ser uma pessoa, basta existir, basta

    nascer com vida, adquirindo personalidade.O artigo 1. do Cdigo Civil dispe que: toda pessoa capaz de direitos e deveres na ordem civil. O

    Cdigo Civil de 1916 dizia "todo homem capaz de direitos e obrigaes na ordem civil".Com a palavra homem, o legislador afastou toda e qualquer situao em que os animais fossem capazes

    de direitos e obrigaes (exemplo: um animal no poder ser beneficiado por testamento).Porm, note que a atual legislao substituiu a palavra "homem" por "pessoa", deixando mais tcnica a

    disposio, alterando ainda a palavra "obrigao" por "dever", tendo ambas a mesma conotao.

    1.1) Capacidade de Direito a capacidade para ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil (art. 1).1.2) Capacidade de fato a capacidade para exercer direitos. Aqueles que no detm capacidade de fato

    so denominados incapazes.

    CAPACIDADE CIVIL PLENA: capacidade de direito + capacidade de fato

    2) Personalidade: a soma de aptides da pessoa natural

    3) Incapazes:

    So elencados nos arts. 3 e 4 do novo Cdigo Civil, devendo ser representados e assistidos,respectivamente:

    Representados: absolutamente incapazes (Menores de 16 anos; enfermos e doentes mentais, semdiscernimento para a prtica dos atos da vida civil; pessoas que por causa transitria ou definitiva no puderemexprimir sua vontade).

    Assistncia: relativamente incapazes (Menores entre 16 e 18 anos 9 menores pberes; brios habituais,toxicmanos e pessoas com discernimento mental reduzido; excepcionais sem desenvolvimento completo;prdigos).

    - Quanto aos silvcolas (ndios), sua situao no mais tratada pela nova codificao. Os ausentes no somais absolutamente incapazes. Ausncia significa, na verdade, morte presumida, inexistncia da pessoa (art. 22e 39 do novo CC).

    - Os atos e negcios praticados pelos absolutamente incapazes sem representao so nulos (nulidadeabsoluta). Os celebrados pelos relativamente incapazes sem assistncia so anulveis (nulidade relativa).

    OBS: Silvcolas vulgarmente chamado de ndio e sujeito a regime tutelar estabelecido em leis e regulamentos especiais, o

    qual cessar medida que se adaptar a civilizao do pas. O artigo 4. , pargrafo nico, do Cdigo Civil,estabelece: "A capacidade dos ndios ser regulada por legislao especial". A incapacidade estabelecida por leiespecial no uma restrio e sim uma proteo.

    H uma lei federal (Lei n. 6.001/73) que regulamenta a proteo dos silvcolas, que ficam sob a tutela da

    Unio (tutela estatal). Na vigncia da lei anterior Lei n. 6.001/73, foi criado um rgo para tutelar os silvcolas emnome do Estado: a FUNAI.Os silvcolas no possuem registro de nascimento civil, sendo que seu registro feito na prpria FUNAI.

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    2/20

    Se um silvcola se adaptar civilizao, poder requerer sua emancipao, tornando-se, assim, pessoacapaz. Para a emancipao, os silvcolas devem comprovar que j completaram 21 anos de idade, que j conhecema lngua portuguesa e que j esto adaptados civilizao, podendo exercer uma atividade til.

    O Estatuto do ndio (Lei n. 6.001/73) dispe que todo ato praticado por silvcola, sem a assistncia da FUNAI, nulo. O prprio Estatuto, no entanto, dispe que o juiz poder considerar vlido o ato se constatar que o silvcolatinha plena conscincia do que estava fazendo e que o ato no foi prejudicial a ele.

    4) Emancipao: ato jurdico pelo qual se antecipa a maioridade e a correspondente capacidade para momentoanterior quele em que a pessoa atinge a idade de 18 anos.

    4.1) Emancipao voluntria: parental, ou seja, por concesso dos pais ou de um deles na falta do outro.Para que ocorra a emancipao parental, o menor deve ter, no mnimo, 16 anos completos.

    4.2) Emancipao Judicial: por sentena do juiz, em casos, por exemplo, em que um dos pais noconcordar com a emancipao, contrariando um a vontade do outro.

    4.3) Emancipao legal matrimonial, pelo casamento do menor. Interessante lembrar que a idade nbiltanto do homem quanto a da mulher , agora, de 16 anos (art. 1517 do CC), sendo possvel o casamento domenor se houver autorizao dos pais ou dos seus representantes.

    4.4) Emancipao legal: para exerccio de cargo pblico efetivo; por colao de grau em curso superiorreconhecido; por estabelecimento civil ou comercial ou pela existncia de relao de emprego, obtendo o menoras suas economias prprias, visando a sua subsistncia. Necessrio que o menor tenha ao menos 16 anos.

    5. Diretos da Personalidade: so os direitos inerentes pessoa e sua dignidade> Mantm relao direta comos princpios do Direito Civil Constitucional: dignidade da pessoa humana, solidariedade social e isonomia ouigualdade em sentido amplo. Os direitos da personalidade esto relacionados com cinco cones principais:

    5.1) Vida e integridade fsica: teoricamente o bem supremo da pessoa humana

    5.2) Honra: subjetiva (auto-estima) ou objetiva 9 repercusso social da honra)

    5.3) Nome: sinal que representa a pessoa no meio social, com todos os seus elementos;

    5.4) Imagem: retrato (fisionomia) ou atributo (soma de qualificaes)

    5.5) Intimidade: a vida privada inviolvel

    Os direitos da personalidade no podem ser concebidos conforme um rol taxativo, muito menos quanto s suascaractersticas principais. Para fins didticos, contudo, podemos afirmar que tais direitos so inatos, absolutos,intransmissveis, indisponveis, irrenunciveis, ilimitados, imprescritveis, impenhorveis e inexpropriveis.

    Diante disso de se entender pela existncia de uma clasula geral de tutela da personalidade, pela qual devehaver tanto a preveno quanto a reparao de qualquer leso pessoa e sua dignidade. Para ns, tanto onascituro quanto o morto possuem tais direitos.

    OBS: NomeO nome apresenta dois aspectos: aspecto individual: diz respeito ao direito que todas as pessoas tm ao nome; aspecto pblico: o interesse que o Estado tem de que as pessoas possam se distinguir umas das

    outras, por isso regulamentou a adoo de um nome por meio da Lei n. 6.015/73 (Lei dos RegistrosPblicos).

    O nome integra os direitos da personalidade (artigo 16 do Cdigo Civil) e se compe de trs elementos: prenome ou nome; patronmico ou sobrenome; agnome.

    a) PrenomePode ser simples ou composto e escolhido pelos pais. A regra de que o prenome definitivo (artigo 58

    da Lei n. 6.015/73). O prenome era imutvel at o advento da lei 9708/98, passando no mais a ser adotado oprincpio da imutabilidade e sim o princpio da definitividade. O nome passou a ser substituvel por um apelidopblico notrio.

    Existem, alm da hiptese acima, algumas outras excees a regra da definitividade. So elas: Em caso de evidente erro grfico: quando o escrivo escreveu o nome errado e necessita de uma

    correo (exemplo: o nome deveria ser escrito com e foi escrito com SS). A mudana pode ser feitapor requerimento simples ao prprio Cartrio e ser encaminhada para o Juiz-Corregedor do Cartrio,sendo ouvido o Ministrio Pblico. Se o juiz verificar que realmente houve um erro, autorizar a suacorreo;

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    3/20

    Prenomes que exponham o seu portador ao ridculo: hoje mais difcil algum registrar o filho comprenome que o exponha ao ridculo, visto que, com a Lei n. 6.015/73, o escrivo tem o dever de noregistrar tais prenomes. Os pais podero requerer autorizao ao juiz no caso de o escrivo noregistrar o nome escolhido. Caso haja necessidade da mudana do prenome por este motivo, deve-seentrar com ao de retificao de registro e, se o juiz se convencer, autorizar a mudana. Em todos ospedidos de retificao, o Ministrio Pblico requer que o juiz exija do requerente a apresentao dafolha de antecedentes.

    Costumes Alm de apelidos pblicos notrios que seriam outros nomes prprios substitutivos aoque consta no registro, temos o apelido no seu sentido pejorativo, isto , um nome sem significado certo(exemplos: Pel, Lula, Xuxa, Maguila etc.);

    Lei de Proteo s Testemunhas: as pessoas que entrarem no esquema de proteo testemunhapodem mudar o prenome e, inclusive, o patronmico, a fim de permanecerem no anonimato;

    ECA: o Estatuto da Criana e do Adolescente criou nova exceo, no caso de sentena quedetermina a adoo plena, em que se cancela o registro da criana, podendo os adotantes mudar tantoo prenome quanto o patronmico;

    Pode-se, ainda, mudar o prenome para a traduo de prenome estrangeiro (Willian por Guilherme,James por Thiago).

    b) Patronmico o que designa a origem familiar da pessoa. No escolhido pelos pais, visto que a pessoa j nasce com o

    patronmico deles. O patronmico tambm poder ser mudado: Em caso de adoo plena. Com o casamento, visto que tanto a mulher quanto o homem podero utilizar o patronmico um do

    outro. Trata-se de uma faculdade do casal, visto que, se a mulher no quiser, no ser obrigada autilizar-se do patronmico do marido, como era antigamente.

    A dissoluo do casamento poder mudar o patronmico, ou seja, a mulher que utilizou o patronmicodo marido, quando do casamento, com a dissoluo poder voltar a usar seu nome de solteira. A Leidos Registros Pblicos disps que a companheira tambm pode utilizar o patronmico de seucompanheiro, mas se colocaram tantos obstculos que raramente se v um pedido deferido feito pelacompanheira.

    De acordo com o artigo 56 da Lei de Registros Pblicos, qualquer pessoa poder, no primeiro ano apscompletar a maioridade, fazer mudanas no seu nome completo, desde que no modifique seu patronmico.Combinando-se, no entanto, esse artigo com o artigo 58 da mesma lei (prenome imutvel), admite-se somente aincluso de patronmico dos pais que no foram acrescentados, para se fugir dos homnimos. Se transcorrer operodo disposto no artigo 56, poder, ainda, fazer a mudana pelos mesmos motivos (artigo 57). A diferena que

    no artigo 56 a mudana ser administrativa e no caso do artigo 57 deve ser o pedido motivado e mediante aojudicial.

    c) Agnome a partcula que acrescentada ao final do nome para diferenciar as pessoas da mesma famlia que tm o

    mesmo nome (exemplos: Jnior, Neto etc.).

    6. Domiclio da Pessoa Natural

    Em sentido amplo, o domiclio engloba os seguintes conceitos:

    6.1) Residncia: o local em que a pessoa se estabelece com o intuito de permanncia.

    6.2) Domiclio: significa qualquer local em que a pessoa pode ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil.Por regra o local de residncia da pessoa. Eventualmente pode ser tambm o seu local de trabalho. Desse modo,o novo Cdigo Civil consolida dois domiclios para a pessoa natural: a residncia e o local do trabalho. Quanto origem, o domiclio pode ser assim classificado.

    6.2.a) Domiclio voluntrio: aquele fixado pela vontade da pessoa.

    6.2.b) Domiclio necessrio ou legal: aquele imposto pela lei, tendo em vista regras especficas que constamno Cdigo Civil, a saber: o domiclio dos absolutamente incapazes (art. 3 e 4 do novo Cdigo Civil) o mesmo dosseus representantes; domiclio do servidor pblico o local em que exercer, com carter permanente, as suasfunes; o domiclio do militar o do quartel onde servir ou do comando a que se encontrar subordinado; o domicliodo martimo ou marinheiro o do local em que o navio estiver matriculado; o domiclio do preso o local em que omesmo cumpre a pena.

    6.2.c) Domiclio contratual ou convencional: aquele previsto no art.78 no CC, pelo qual nos contratos escritos,podero os contratantes especificar o domiclio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigaes delesresultantes..

    Obs.: Habitao ou moradia - o local e que a pessoa eventualmente encontrada.

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    4/20

    7. Morte: pe fim personalidade, pode ser classificada da seguinte forma:

    7.1) Morte Real: ocorre quando a pessoa tem morte enceflica. Provada por um laudo mdico e pelo atestadode bito.

    7.2) Morte presumida: ocorre quando no h corpo presente, ou seja, no h como se provar a morte real.Presente nas seguintes hipteses:

    7.2.a) Morte presumida sem declarao de ausncia: O art. 7 do novo CC prev dois casos, a saber:

    - Desaparecimento do corpo da pessoa, sendo extremamente provvel a morte de quem estava em perigode vida hiptese semelhante justificao (art. 88 da Lei de Registros Pblicos).

    - Desaparecimento de pessoa envolvida em campanha militar ou feito prisioneiro, no sendo encontrado atdois anos aps o trmino da guerra.

    - Morte presumida com declarao de ausncia - ocorre nos casos em que a pessoa est em local incerto eno sabido, no havendo indcios das razes do seu desaparecimento. Envolve trs fases especficas, comtratamento entre os arts 22 a 39 do Novo Cdigo Civil:

    a) A curadoria dos bens do ausente;

    b) Sucesso provisria;c) Sucesso definitiva

    - Comorincia: leva-se em considerao o momento da morte. Se duas ou mais pessoas, parentes, ou no,falecerem em uma mesma ocasio, no havendo prova efetiva de quem faleceu primeiro. Haver presunorelativa de que o falecimento ocorreu ao mesmo tempo.

    8. Pessoa Jurdica: o conjunto de pessoas ou bens arrecadados, com existncia distinta dos membros que ocompem. O novo cdigo Civil adota a teoria da realidade tcnica que seria uma conjuno da teoria da ficoe da teoria da realidade orgnica.

    8.2 Requisitos para a Constituio da Pessoa JurdicaA doutrina aponta trs requisitos para a constituio de uma pessoa jurdica, a saber:

    8.2.a). Vontade humana criadora necessrio que o grupo de pessoas, ao se reunir, tenha a inteno de criar uma pessoa jurdica. Quandoh vontade para a criao de uma pessoa jurdica, que exercer atividade empresarial, esse requisito denominadoaffectio societatis.

    8.2.b) Licitude de seus objetivos necessrio que o objetivo da pessoa jurdica seja lcito. Se uma pessoa jurdica for constituda com fins

    lcitos e, com o decorrer do tempo, passa a distorcer suas finalidades, praticando atos ilcitos, poder ser extinta.Registre-se que a expresso licitude de objetivos deve ser entendida de modo amplo, de forma a inserir em seuconceito a moralidade dos atos e objetivos perseguidos.8.2.c). Observncia das condies legais

    As condies que a lei impe tambm devem ser observadas pelas pessoas jurdicas, at porque elas sexistem em razo de um expediente tcnico criado pelo ordenamento, em razo das finalidades perseguidas. So

    condies impostas pela lei:

    a) Elaborao do ato constitutivoSendo uma associao, que tem por natureza a inexistncia de fins lucrativos, deve-se elaborar um Estatuto

    como ato constitutivo. Se a pessoa jurdica tiver fins lucrativos, seja uma sociedade civil ou comercial, elabora-se umContrato Social como ato constitutivo. As fundaes possuem como ato constitutivo o testamento ou a escriturapblica.

    b) Registro do ato constitutivoSomente a partir do registro a pessoa jurdica passa a ter existncia legal. O artigo 45 do Cdigo Civil dispe

    que a existncia legal da pessoa jurdica comea com o registro dos seus atos constitutivos. Esses atos devero serregistrados no Cartrio do Registro Civil das Pessoas Jurdicas. No caso de sociedade comercial, porm, o contratosocial dever ser registrado na Junta Comercial. Uma sociedade de advogados ter seu registro na subseo da

    Ordem dos Advogados do Brasil mais prxima. Para a maioria das pessoas jurdicas basta o registro para que elastenham existncia legal.

    Enquanto o ato constitutivo no for registrado, a pessoa jurdica no passa de uma mera sociedade de fato.O artigo 20, 2. , do Cdigo Civil de 1916 dispunha que a sociedade de fato no tem legitimidade ativa, mas tem

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    5/20

    legitimidade passiva. Tal disposio restou derrogada em razo do texto do artigo 12, inciso VII, do Cdigo deProcesso Civil que deu legitimidade tanto ativa quanto passiva, no aspecto processual, s sociedades de fato.

    c) Autorizao do governoAlgumas sociedades necessitam dessa autorizao para constituio e funcionamento vlido (artigo 45,

    ltima parte, do Cdigo Civil). O artigo 20, 1. , do Cdigo Civil de 1916 mencionava, exemplificativamente,algumas das sociedades que precisam da autorizao do governo, a exemplo das Cooperativas, Caixas Econmicasetc. Esse rol meramente exemplificativo, visto que hoje todas as instituies financeiras, consrcios e muitas outrasforam inseridas nessa relao por meio de lei, necessitando da autorizao do governo. O Cdigo Civil atual notrouxe disposio paralela visto ser a matria de direito pblico, no sendo da alada do Cdigo Civil.

    9. Classificao da pessoa jurdica de direito privado:

    9.1) Corporaes: conjunto de pessoas, subclassificadas da seguinte forma:

    - Associaes: conjunto de pessoas sem que haja finalidade lucrativa instituda pelos seus membros.

    - Sociedades: conjunto de pessoas em que h fim lucrativo determinado. Podem ser sociedades simples (semfins empresrios) ou empresrias.

    - Corporaes sui generis so organizaes religiosas e partidos polticos. H entendimento pelo qualcontinuam sendo sociedades.

    9.2) Fundaes: conjuntos de bens arrecadados que devem ter finalidades morais, culturais, religiosas ou deassistncia. Sua formao, atuao e extino devem ser fiscalizadas pelo Ministrio Pblico, por meio da curadoriadas fundaes.

    10) Domiclio da Pessoa Jurdica: as regras esto previstas no art. 75 do novo CC, a saber:

    - O domiclio dos Estados e Territrios so as respectivas capitais;- Os Municpios tm domiclio no lugar onde funciona a sua administrao- As pessoas jurdicas de direito privado tm domiclio no lugar onde funcionam as respectivas diretorias eadministraes, ou onde elegerem domiclio especial nos seus estatutos.

    11) Desconsiderao da Personalidade Jurdica: prevista no art. 50 do novo CC, quebra com a regra tradicional pela

    qual a pessoa jurdica no se confunde com os seus membros. Assim, nos casos de desvio de finalidade ou deconfuso patrimonial, o scio ou administrador que agir em abuso de direito pode ser responsabilizado. Mas adesconsiderao deve ser utilizada com responsabilidade. A Jurisprudncia, muitas vezes, estende aresponsabilidade de uma empresa de uma empresa para outra, tambm em casos de abuso, teoria que conhecidacomo sucesso de empresas.

    12) Entes ou grupos despersonalizados: no constituem pessoas jurdicas:

    a) Famlia: seja decorrente de casamento, unio estvel ou entidade monoparental;b) Esplio: conjunto de bens formado com a morte de algum;c) Herana jacente e vacante nos termos dos arts. 1819 e 1823, no deixando a pessoa sucessores, os

    seus bens devem ser destinados ao Poder Pblicod) Massa falida: conjunto de bens formado com a quebra ou decretao de falncia de uma pessoa

    jurdicae) Sociedade de fato: grupos despersonalizados presentes nos casos envolvendo empresas que no

    possuem sequer constituio, bem como a Unio de pessoas impedidas de casa, casos deconcubinato impuro.

    f) Sociedade irregular: ente despersonalizado constitudo por empresas que possuem estatuto que nofoi registrado, caso, por exemplo, de uma sociedade annima no registrada na Junta Comercialestadual.

    g) Condomnio:conjunto de bens em co-propriedade, com tratamento especfico no livro que trar dodireito das coisas.

    13) Dos bens

    13.1) Conceito: So coisas que proporcionam ao homem alguma utilidade, sendo suscetvel de apropriao.

    13.2) Classificao:

    A) Quanto tangibilidade:

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    6/20

    - Bens corpreos, materiais ou tangveis: so aqueles bens que possuem existncia corprea,podendo ser tocados. Exemplos: uma casa, um veculo, um animal.

    - Bens incorpreos, imateriais, intangveis: so aqueles com existncia abstrata e que no podem sertocados pela pessoa humana. Ex: direitos autorais, penhor, ar, sentimentos.

    B) Quanto mobilidade:

    B.1) Bens imveis: So aqueles que no podem ser removidos ou transportados sem a suadeteriorao ou destruio. Admitem a seguinte subclassificao:

    - Bens imveis por natureza ou essncia: so formados pelo solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ouartificialmente (art. 79 do novo CC)

    - Bens imveis por acesso fsica industrial ou artificial: so formados por tudo o que o homem incorporarpermanentemente ao solo, no podendo remov-lo sem destruio ou deteriorao. Tais bens imveis tm origemem construes e plantaes, situaes em que ocorre a interveno humana.

    - Bens imveis por acesso fsica intelectual: conceito relacionado com tufo o que foi empregado intencionalmentepara explorao industrial, aformoseamento e comodidade.

    - Bens imveis por acesso fsica e intelectual: conceito relacionado com tudo que foi empregado intencionalmentepara a explorao industrial, aformoseamento e comodidade. So os bens mveis que foram imobilizados pelo

    proprietrio, constituindo uma fico jurdica, sendo tambm denominados co pertenas essenciais. Ex: Um tratorincorporado a uma fazenda, essencial para as atividades nela desenvolvidas.

    - Bens imveis por disposio legal: tais bens so considerados como imveis, para que possam receber melhorproteo jurdica. Exemplo: Hipoteca

    B.2) Bens mveis: os bens mveis so aqueles que podem ser transportados, por fora prpria ou deterceiro, sem deteriorao ou destruio. Os bens mveis podem ser assim subclassificados:

    - Bens mveis por natureza: so bens corpreos que se podem transportar sem qualquer dano, por fora prpria oualheia. Quando o bem mvel puder se mover de um local para outro, por fora prpria, ser denominado bem mvelsemovente, como o caso dos animais.

    - Bens mveis por antecipao: so os bens que eram imveis, mas que foram mobilizados por uma atividadehumana. Ex: rvore removida do solo, lenha cortada.

    - Bens mveis por determinao legal: surgem situaes em que a lei determina que o bem mvel. Ex: Direitosautorais e energias.

    14) Classificao quanto fungibilidade:

    - Bens infungveis: so aqueles que no podem ser substitudos por outros da mesma espcie, quantidade equalidade.

    - Bens fungveis: nos termos do art. 85 do novo CC, so os bens mveis que podem ser substitudos por outras damesma espcie, qualidade e quantidade.

    15) Classificao quanto consuntibilidade:

    15.1)Dois parmetros de classificao so utilizados pelo Cdigo Civil:

    - Se o consumo do bem implica em destruio- consuntibilidade fsica ou ftica

    - Se o bem pode ser ou no objeto de consumo, ou seja, se pode ser alienado consuntibilidade jurdicaou de direito.

    Para fins jurdicos, entendemos que merece maior pertinncias o primeiro critrio (consuntibilidade fsica), eisque as regras quanto possibilidade de alienao sero estudadas oportunamente, pela visualizao de casosespecficos. Desse modo, vejamos a classificao em questo:

    15.2) Bens consumveis: so bens mveis, cujo uso importa na destruio imediata da prpria coisa (art. 86 donovo CC)

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    7/20

    15.3) Bens inconsumveis: so aqueles que proporcionam reiteradas utilizaes, permitindo que se retire a suautilidade, sem deteriorao. O Cdigo de Defesa do Consumidor, no seu artigo 26, traz a classificao muito prximada relacionada com a consuntibilidade fsica. Pela Lei 8.078/1990, os produtos ou bens podem ser classificados emdurveis e no durveis. Os bens durveis desaparecem facilmente com o consumo, ao contrrio dos bens nodurveis. Esse critrio de consuntibilidade adotado pelo Cdigo de Defesa do Consumidor.

    16) Classificao quanto divisibilidade:16.1) Bens divisveis So os que podem se partir em partes reais e ideais, formado cada qual um bemindividualizado autnomo e distinto.

    16.2) Bens indivisveis so os bens que no podem ser partilhados, pois deixariam de formar um todo perfeito,gerando desvalorizao, na grande maioria das vezes. A indivisibilidade pode decorrer da natureza do bem, deimposio legal ou da vontade de seu proprietrio.

    16.3) Classificao quanto individualidade:

    - Bens singulares ou individuais: so bens singulares aqueles que, embora reunidos, possam ser consideradosindependentes em relao aos demais (art. 89 do novo CC)

    - Bens coletivos ou universais: so os bens que se encontram agregados em um todo. Os bens coletivos soconstitudos por vrias coisas singulares, consideradas em conjunto e formando um todo individualizado. Os Benspodem decorrer de uma universalidade ftica ou jurdica.

    16.4) Classificao quanto dependncia em relao a outro bem (bens reciprocamente considerados)

    a) Bens principais e bens independentes: so os bens que existem de maneira autnoma e independente, deforma concreta ou abstrata, conforme o art. 92 do novo cdigo civil.

    b) Bens acessrios de dependentes: so os bens cuja existncia e finalidade pressupem a um outro bem,denominado bem principal. Por essa razo, quem for o proprietrio do bem principal ser tambm do bemacessrio; a natureza jurdica do acessrio ser a mesma do principal. So bens acessrio, previstos noordenamento jurdico brasileiro:

    - Frutos: so bens acessrios que tm sua origem, que nascem do bem principal, mantendo a integridade

    desse ltimo, sem diminuio da quantidade ou da substncia.

    - Produtos: so bens acessrios que saem da coisa principal, diminuindo a quantidade e substncia dessaltima.

    - Pertenas: so bens destinados a servir um outro bem principal, por vontade do trabalho intelectual doproprietrio. A pertena pode ser essencial ou no.

    - Partes integrantes: so bens acessrios que esto unidos ao bem principal, formando com este ltimo umtodo independente.

    - Benfeitorias: so bens acessrios introduzidos em um bem mvel ou imvel, visando a sua conservao oumelhora da sua utilidade.

    Necessrias: so essenciais ao bem principal, so as que tm por fim conservar ou evitar que o bem

    se deteriore teis: so as que aumentam ou facilitam o uso da coisa, tornando-a mais til. Volupturias: so as de mero deleite, de mero luxo, que no facilitam a utilidade da coisa, mas

    apenas tornam mais agradvel o uso.

    17) Classificao em relao ao titular do domnio:

    17.1) Bens particulares e privados: so os que pertencem s pessoas fsicas ou jurdicas de direito privado.

    17.2) Bens Pblicos ou do Estado: so os que pertencem a uma entidade de direito pblico interno, como o caso daUnio, Estados, Distrito Federal, Municpios, entre outros. Podem ser classificados como:

    Bens de uso geral e comum: so bens destinados utilizao do pblico em geral, sem necessidade

    de permisso especial, caso, por exemplo, das praas, jardins, ruas, estradas, mares, rios, praias,golfos, entre outros. Bens de uso especial: so os edifcios e os terrenos utilizados pelo prprio Estado para a execuo

    de servio pblico especial, havendo uma destinao especial, denominada afetao

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    8/20

    Bens dominicais ou dominiais: so os bens pblicos que constituem o patrimnio disponvel ealienvel da pessoa jurdica de direito pblico, abrangendo tanto mveis quanto imveis.

    18) Dos fatos

    1.1. Fatos NaturaisPodem ser:

    Ordinrios: so aqueles que normalmente acontecem e produzem efeitos relevantes para o direito(exemplos.: nascimento, morte etc.);

    Extraordinrios: so aqueles que chamamos de caso fortuito e fora maior, tendo importncia para o

    direito porque excluem qualquer responsabilidade (exemplo: tempestade, etc.).

    1.2. Fatos HumanosTambm chamados de atos jurdicos em sentido amplo, podendo ser: Ilcitos: a conduta voluntria ou involuntrios que est em desacordo com o ordenamento jurdico. Lcitos: a conseqncia da prtica de um ato lcito a obteno do direito. O Cdigo Civil trata do ato

    jurdico em sentido estrito e do negcio jurdico como sendo ambos os negcios jurdicos: Ato jurdico em sentido estrito (meramente lcito): configura-se quando houver objetivo de mera

    realizao da vontade do titular de um determinado direito. Ex: reconhecimento de um filho, pagamentode uma obrigao.

    Negcio Jurdico: mais amplo porque permite a obteno de mltiplos efeitos no necessariamenteprevistos em lei. Quando se fala em negcio jurdico, sempre se lembra de contrato. Quando um atoqualquer tem por finalidade modificar ou criar direitos, no ser apenas um ato jurdico, mas sim um

    Negcio Jurdico. Ento, pode-se dizer que o negcio jurdico possibilita a obteno de mltiplos direitose bilateral, tendo por finalidade criar, modificar ou extinguir direitos.

    2. REQUISITOS DE EXISTNCIA DOS ATOS JURDICOS

    A teoria dos atos de inexistncia surgiu no Direito de Famlia para resolver os problemas dos casamentosinexistentes, visto que o Cdigo Civil dispunha somente sobre casamentos nulos e anulveis. Como o rol do artigo183 do Cdigo Civil de 1916 era taxativo, os doutrinadores passaram a adotar a teoria dos atos inexistentes, tendoem vista haver o problema de ser considerado vlido um casamento entre pessoas do mesmo sexo.18.1) Elementos essenciais do negcio jurdico

    Presente os requisitos de existncia, dever-se- observar se o contrato vlido ou no. Os requisitos devalidade esto dispostos no artigo 104 do Cdigo Civil, quais sejam:

    a) Agente CapazPara que um contrato seja vlido, o agente dever ser capaz. No caso de incapacidade, esta dever ser

    suprida pelos meios legais. A incapacidade absoluta ser suprida pela representao e a incapacidade relativa sersuprida pela assistncia.

    b) Objeto LcitoO objeto deve ser lcito, possvel, determinado ou determinvel. A redao do artigo 104, inciso II, do Cdigo

    Civil. mais perfeita que a do artigo 82 do Cdigo Civil de 1916, que falava apenas em objeto lcito. O artigo 166,inciso II, do Cdigo Civil, diz que nulo o negcio jurdico, quando o objeto for ilcito, impossvel ou indeterminvel.

    A impossibilidade do objeto pode ser fsica ou jurdica. Impossibilidade fsica ocorre quando a prestao nopode ser cumprida por nenhum humano. Impossibilidade jurdica ocorre quando a prestao esbarra numa proibioexpressa da lei (exemplo: o artigo 426 do Cdigo Civil, que probe herana de pessoa viva).

    c) Forma Prescrita e No Defesa em LeiNos casos em que a lei dispe sobre a forma que o ato dever ser realizado, esta forma ser considerada

    requisito de validade (exemplo: venda de imveis a lei dispe que ser vlido somente por escritura pblica).O ato nulo aquele que vem inquinado com defeito irremedivel, estando ausente um elemento substancial

    para que o negcio jurdico ganhe validade. O artigo 166 do Cdigo Civil determina que o negcio nulo aquelecelebrado por pessoa absolutamente incapaz; o negcio que tem objeto ilcito; o motivo determinante tambm ilcito;o negcio jurdico que tenha por finalidade fraudar a lei; o negcio jurdico sem forma prescrita em lei ou que venhapreterir alguma solenidade formal ou ainda qualquer outra hiptese em que a lei taxativamente declarar nulo.

    Inovou o Cdigo Civil ao determinar que a simulao uma hiptese de negcio jurdico nulo (artigo 167). Asimulao uma declarao enganosa da vontade que visa produzir efeito diferente do ostensivamente indicado.Oferece uma aparncia diferente do efetivo querer das partes. As partes fingem o negcio que de forma algumaquerem ou desejam. uma burla intencional, um conluio das partes que almejam disfarar a realidade enganandoterceiro.

    Temos duas espcies de simulao, a absoluta e a relativa. Na simulao absoluta no h qualquer negcio jurdico a ser encoberto, enquanto na simulao relativa existe um negcio jurdico a ser encoberto. Quando oproprietrio de um imvel, para motivar uma ao de despejo contra o inquilino, finge vender o imvel a terceiro,temos uma simulao absoluta, pois no existe venda alguma por trs do ato fraudulento. J na hiptese da venda

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    9/20

    do imvel consignando preo inferior para ser pago menos imposto, temos uma simulao relativa, pois temos umnegcio real e um negcio aparente.

    O ato nulo, por ser de ordem pblica, possui um defeito irremedivel, viola o interesse pblico e deve serfulminado atravs de uma ao declaratria. Por tais razes, a eficcia retroativa, para que no produza qualquerefeito vlido. O ato nulo pode ser alegado por qualquer pessoa, pelo rgo do Ministrio Pblico e at pelo Juiz deofcio. O ato nulo no pode se ratificado e o defeito no convalesce, sendo um ato imprescritvel.

    19) DA REPRESENTAO

    Inovou o Cdigo Civil de 2002 ao introduzir um Captulo exclusivamente para tratar da representao. O

    Anteprojeto de 1972 na Parte Geral, com colaborao do Ministro Moreira Alves j tratava desse Captulo.De acordo com o artigo 115 do Cdigo Civil, os poderes de representao conferem-se por lei ou pelo

    interessado. Temos ento uma representao legal e outra convencional, decorrendo uma da norma, como a do paique representa o filho, e outra da vontade das partes, como no caso do mandato.

    O limite da representao exatamente o limite de poderes que vincula o representante com o representado(artigo 116 do Cdigo Civil).

    Hoje o artigo 117 do Cdigo Civil autoriza o contrato consigo mesmo, isto , a conveno em que um ssujeito de direito, est revestido de duas qualidades jurdicas diferentes, atuando simultaneamente em seu prprionome, bem como no nome de outrem. Temos como exemplo, a possibilidade da pessoa vender um bem a si mesmo,atravs de um contrato de mandato. O Cdigo Civil de 1916 rechaava a hiptese (artigo 1.133).

    O representante que pratica um negcio jurdico contra o interesse do representado, na hiptese do fato serdo conhecimento do terceiro ou no fato do mesmo ter a obrigao de ter a cincia gera anulabilidade (artigo 119 doCdigo Civil). Portanto, o terceiro de boa-f jamais pode aleg-la se obrou com desdia.

    20) CONDIO, TERMO E ENCARGO

    20.1) Condio* Conceito e Elementos

    a clusula acessria, que subordina a eficcia do negcio jurdico a um evento futuro e incerto. Prescreve oartigo 121 do Cdigo Civil: "Considera-se condio a clusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes,subordina o efeito do negcio jurdico a evento futuro e incerto".

    A condio tem dois elementos fundamentais: a) Futuridade e b) Incerteza. Exemplo: Compro uma esculturase esta ganhar prmio.

    A condio afeta sempre a eficcia do negcio, nunca a sua existncia, uma vez que a vontade foi legtima.20.2. Condies Possveis e Impossveis

    A condio possvel quando realizvel fsica ou juridicamente.

    A condio impossvel quando no realizvel fsica ou juridicamente. Exemplo: Doao de dinheiro pelacaptura de mula-sem-cabea. A impossibilidade deve alcanar todas as pessoas. A condio no impossvel seatingir apenas uma pessoa ou pequeno grupo.

    A condio juridicamente impossvel fere a lei, a moral e os bons costumes. Exemplo: Vendo um carro e faodoao se beneficirio provocar a morte de algum. Exemplo: Condio baseada na prostituio.

    20.2.a) Condies Lcitas e IlcitasCondies lcitas so aquelas que esto de acordo com a lei e os bons costumes.Condies ilcitas so as contrrias s leis e aos bons costumes.

    20.2.b) Quanto origem da condioCausais so aquelas que tm origem em eventos naturais. Ex: Algum se compromete a vender um bem a

    outrem caso chova.Potestativas - so as condies em geral, isto , um acrscimo aposto ao ato jurdico pela vontade das

    partes.* simplesmente ou meramente potestativas: dependem da vontade intercaladas de duas partes, sendo

    totalmente lcitas: Ex: Algum institui uma liberalidade a favor de outrem, dependente de um desempenho artstico(cantar num espetculo)

    * puramente potestativas: dependem de uma vontade unilateral, sujeitando-se ao puro arbtrio de uma daspartes. So ilcitas, segundo esse mesmo dispositivo. Ex: Dou-lhe um veculo, se eu quiser.

    * Mistas: so aquelas que dependem, ao mesmo tempo, de uma vontade somado a um evento natural. Ex:dou-lhe um veculo se voc cantar amanh, devendo estar chovendo durante o espetculo.20.2.b) Condies Suspensivas e Resolutivas

    Condies suspensivas so aquelas cuja eficcia do ato fica protelada at a realizao do evento futuro eincerto. Exemplo: A doao do imvel s vai ocorrer com o casamento.

    Condies resolutivas so aquelas cuja eficcia do ato opera desde logo (entabulamento) e se resolve com aocorrncia do evento futuro e incerto. Exemplo: Empresto o quadro enquanto voc morar em So Paulo.

    Na condio suspensiva h uma expectativa de direitos. Exemplo: Compro o carro se no sair modelo novo.O negcio se aperfeioa desde logo, sujeitando-se ao desfazimento com a ocorrncia de evento futuro e

    incerto no acordo. Se frustrar a condio, o negcio se desfaz. Exemplo. Vendo um pesqueiro sob a condio dospeixes se reproduzirem em cativeiro em dois anos.

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    10/20

    20.2.d) Negcios Jurdicos Que No Admitem CondioSo os negcios que depende de norma cogente. Esto presentes no Direito de Famlia e Sucesso. Traria

    incerteza aos institutos pblicos. Exemplo: Ningum pode se casar sob condio; ningum pode aceitar ou renunciara herana sob condio (artigo 1808 do Cdigo Civil).

    20.3 Termo o dia em que nasce e se extingue o negcio jurdico. a clusula que subordina a eficcia de um negcio

    jurdico a um evento futuro e certo.A diferena entre a condio e o termo que na condio, o evento futuro e incerto. J no termo, o evento

    futuro e certo.

    21. PRAZO21. 1 Conceito

    o lapso de tempo entre a manifestao vlida de vontade e a supervenincia do tempo. o lapso de tempo entre dois termos, o inicial e o final. Isso porque a manifestao de vontade pode estar

    subordinada a uma condio.Os prazos so contados por unidade de tempo - hora - dia - ms - ano.Desde o Direito Romano - Exclui-se o dia do comeo e inclui-se o do vencimento.ANO - Lei 810/49 - Perodo de doze meses do incio ao dia e ms correspondente ao ano seguinte. Exemplo:

    8 de maro de 1989 a 8 de maro de 1990.MS - (artigo 132, 3.) os prazos de meses e anos expiram no dia de igual nmero de incio, ou no

    imediato, se faltar exata correspondncia. Por exemplo: perodo de um ms 30 de janeiro e deveria recair no dia 30de fevereiro. Por no haver tal dia, recai no dia 1. de maro.

    MEADO - (artigo 132, 2.) 15. dia de cada ms.FERIADOS - So datas festivas em que, em princpio, no se trabalha. No inclui "ponto facultativo" e "dia

    santo".

    21.2 ContagemArt. 132, "caput", do Cdigo Civil - Exclui o dia do comeo incluindo-se o do vencimento. Esse princpio

    adotado em todos os ramos do direito, afora o Direito Penal. O tempo de pena inclui o dia do comeo. Utiliza-se ocalendrio comum. No se computam fraes de dia.

    Contagem da hora artigo 132, 4., do Cdigo Civil - Minuto a minuto. Exemplo: 13h30min s 14h30min h.Se o prazo cair no feriado - prorroga-se at dia til seguinte.Artigos 133 e 134 - Prazo em favor do herdeiro e do devedor.

    22. ENCARGO OU MODO DO ATO JURDICO

    22.1 Conceito uma limitao trazida a uma liberalidade. uma restrio a uma vantagem para o beneficirio de um

    negcio jurdico.O encargo diferente da condio porque coercitivo, isto , a parte no pode se eximir de cumprir o

    encargo.O encargo vai aparecer em doaes ou legados, no precisando ser exclusivamente gratuito.

    22.2 Espcies1. - Encargo propriamente dito aquele estabelecido no artigo 136 do Cdigo Civil, no ocorrendo a

    suspenso do direito enquanto no cumprido o encargo. Temos como exemplo a doao de um terreno para aconstruo de um hospital. O terreno automaticamente doado antes mesmo do incio das obras.

    2. - uma variedade de condio, no sendo encargo. uma condio cujo evento apresenta comoelemento de fato certa modificao de alguma vantagem auferida pela parte. (artigo 136, fine, do Cdigo Civil).

    3. - aquele que se apresenta como mero conselho ou recomendao. No h encargo por no obrigarjuridicamente.

    4. - aquele que a modificao da vantagem auferida implica numa prestao impossvel fsica oujuridicamente - Ou a modificao no escrita ou invalida o ato (juridicamente impossvel) (artigo 137, do CdigoCivil).

    23. DEFEITOS DO NEGCIO JURDICO

    So aqueles defeitos que decorrem, em geral, da manifestao de vontade. So seis as hipteses de vcios,se subdividindo em vcios do consentimento (erro, dolo, coao, estado de perigo e leso) e o vcio social da fraudecontra credores. Foi retirada a simulao dos vcios, sendo inserida a hiptese entre os atos nulos.

    Nos vcios do consentimento, h uma contradio entre aquilo que a pessoa deseja e o que ela faz, ou seja,o que a pessoa manifesta no o que ela realmente desejaria fazer. A vontade declarada no corresponde com ainteno do agente. Nos vcios sociais, a vontade declarada corresponde exatamente inteno do agente,entretanto uma inteno de prejudicar terceiros ou fraudar a lei.

    Nos seis casos, o contrato ser anulvel, havendo um prazo decadencial de 4 (quatro) anos pararequerer a anulao. Caso no seja respeitado esse prazo, o contrato no poder mais ser anulado. O decursodo prazo decadencial vem a sanar o defeito do negcio jurdico (artigo 178, incisos I e II, do Cdigo Civil).

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    11/20

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    12/20

    H uma segunda classificao doutrinria, que divide o dolo em: Dolus bonus (dolo bom): o dolo tolervel nos negcios em geral, ou seja, as pessoas no se sentem

    enganadas porque j esperam esse tipo de dolo; normal, fazendo parte do comrcio, e no causanulidade do negcio.

    Dolus malus (dolo mau): aquele exercido com a inteno de prejudicar e, se for provado, causanulidade do negcio.

    O dolo pode ser exercido por ao ou por omisso. Geralmente o dolo praticado por ao. O artigo 147,no entanto, prev um dolo por omisso, situao em que um dos contratantes omite uma circunstncia relevanteque, se fosse conhecida pelo outro contratante, no haveria o negcio. O legislador quis, com isso, proteger a

    boa-f nos negcios. Essa omisso dolosa pode ser chamada de reticncia.O dolo pode ser da parte ou de terceiro. O Cdigo Civil tem uma regra especial sobre o dolo de terceiro. Em

    geral, o dolo de terceiro no anula o ato, visto que o terceiro no parte no negcio, salvo se a outra parte souber dodolo. Ento, no caso de o terceiro agir por si s, no tendo o outro contratante conhecimento do dolo, s caber vtima ao de perdas e danos contra o terceiro que agiu de m-f. Dispe o artigo 148: "Pode tambm ser anuladoo negcio jurdico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; emcaso contrrio, ainda que subsista o negcio jurdico, o terceiro responder por todas as perdas e danos da parte aquem ludibriou".

    Ainda, o dolo pode ser unilateral e bilateral. O dolo bilateral quando os dois contratantes tentam enganar-seum ao outro, ou seja, h dolo de ambas as partes. Neste caso, no h ao cabvel para nenhuma das partes, vistoterem ambas agido de m-f.* Coao

    Ocorre quando algum fora uma pessoa para que ela faa ou deixe de fazer alguma coisa. A coao

    pode ser: Absoluta: quando o coator usa fora fsica e a vtima no chega a manifestar a sua vontade, agindo

    mecanicamente. Neste caso, o ato inexistente, visto que no houve um dos requisitos de existncia donegcio jurdico, que a manifestao de vontade. No um vcio do consentimento, visto que sequerhouve o consentimento;

    Relativa: tambm chamada de coao moral, ocorre quando o coator faz uma grave ameaa vtima,que ter a opo de ceder ou de resistir ela. Neste caso, existe um vcio do consentimento, visto quehouve a manifestao da vontade, embora sob presso.

    Nos casos de negcio jurdico, o artigo 151 do Cdigo Civil faz uma srie de exigncias para que secaracterize a coao que vicie o negcio. So requisitos da coao:

    a coao deve ser a causa do negcio, ou seja, se no houvesse a coao no haveria o negcio; a coao deve ser grave, ou seja, quando causa um fundado temor, um receio na vtima. O artigo 153 do

    Cdigo Civil no considera coao o simples temor reverencial, visto que no tem gravidade suficiente; a coao deve ser injusta, ou seja, coao ilegal. O artigo 153, na 2. parte, no considera coao o

    exerccio normal de um direito; a coao deve ser proporcional, ou seja, o legislador exige que haja uma certa proporo entre os

    provveis prejuzos que a vtima possa ter. Deve-se levar em considerao que essa proporcionalidade relativa, visto que existem coisas que possuem grande valor estimativo;

    a coao deve recair sobre a pessoa do contratante, algum de sua famlia ou seus bens. A doutrinaentende que a palavra famlia descrita na lei deve ser entendida no seu mais amplo sentido, devendoser includas todas as pessoas que possuem uma relao de intimidade com o contratante que estsendo coagido.

    O artigo 152 do Cdigo Civil dispe que, ao apreciar a gravidade da coao, o Juiz deve levar em contaas condies pessoais da vtima, ou seja, a idade, a sade, o temperamento, o sexo e outras circunstncias quepossam influir na gravidade da coao.

    A coao pode ser da prpria parte ou de terceiro. O legislador entendeu que a coao mais grave que odolo e, por conseqncia, a coao exercida por terceiro sempre viciar o ato, ainda que o outro contratante notenha sabido que houve coao por parte de terceiro.

    * Estado de PerigoDispe o artigo 156 do Cdigo Civil: "Configura-se estado de perigo quando algum, premido da

    necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua famlia, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigaoexcessivamente onerosa. Pargrafo nico. Tratando-se de pessoa no pertencente famlia do declarante, o juizdecidir segundo as circunstncias".

    , portanto, a hiptese de algum, ameaado por perigo iminente, anui em pagar preo desproporcional parao seu livramento. Temos o exemplo do nufrago que oferece ao seu salvador recompensa exagerada ou o caso dodoente que se dispe a pagar alta cifra para obter a cura pelo mdico.

    Nas hipteses acima mencionadas no nem justo que o salvador fique sem remunerao e nem justo queo obrigado empobrea. O ato calamitoso no foi provocado por ningum, apenas o contrato foi efetuado de maneiradesvantajosa. O perigo no provocado por qualquer contratante, por isso o problema no simples.

    Diante da contraposio de interesses, em que ambas as partes obram de boa-f, a mera anulao donegcio jurdico, exonerando o declarante de cumprir sua obrigao conduz a um resultado injusto. O autor da

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    13/20

    promessa anulada enriqueceu indevidamente. Nesses casos, o juiz deve apenas invalidar o negcio jurdico no queexorbite como determinou o pargrafo nico do artigo 156 do Cdigo Civil.

    * LesoDisciplina o artigo 157 do Cdigo Civil: "Ocorre a leso quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou

    por inexperincia, se obriga a prestao manifestamente desproporcional ao valor da prestao oposta. 1.Aprecia-se a desproporo das prestaes segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negcio jurdico. 2. No se decretar a anulao do negcio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a partefavorecida concordar com a reduo do proveito".

    Portanto, a leso o prejuzo que um contratante experimenta quando, em contrato comutativo, deixa de

    receber valor correspondente ao da prestao que forneceu. uma instituio fundada na eqidade e se inspira naidia de equivalncia das prestaes.

    Apresenta como principais requisitos:1.) Comutatividade contratual. Deve haver presuno de equivalncia das prestaes, tendo ambas as

    partes pr-cincia de suas prestaes;2.) Desequilbrio entre as prestaes no momento da celebrao do contrato;3.) Grande desproporo, gerando enriquecimento para uma das partes e empobrecimento para outra;4.) deciso judicial. S o juiz pode rescindir ou modificar o contrato;5.) Possibilidade da parte reequilibrar o contrato.

    23. d) Vcio SocialNo vcio social embora a vontade se manifeste de acordo com o desejo dos contratantes, a inteno

    sempre de prejudicar um terceiro.

    *Fraude contra credoresBaseia-se no princpio da responsabilidade patrimonial: o patrimnio do devedor que responde por suas

    obrigaes. Ocorre a fraude contra credores quando um devedor pratica negcios que o torne insolvente. Ainda queo devedor venda algum bem, se restarem bens suficientes para pagar as dvidas, no ser considerado insolvente.

    O Cdigo Civil dispe quatro situaes em que podem ocorrer fraudes contra credores, as quaispassamos a analisar:

    a) Alienaes onerosas (artigo 159 do Cdigo Civil) a situao mais comum de fraude contra credores. Se o devedor vende seus bens, tornando-se

    insolvente, caracteriza-se fraude contra credores. O terceiro adquirente poder estar de boa-f (quando no sabeda situao real do devedor) ou de m-f (quando sabe da situao real do devedor). Havendo boa-f do terceiroadquirente, os bens no retornam ao devedor para o pagamento dos credores.

    So dois os requisitos exigidos para que os credores tenham sucesso na ao contra o devedor quevende seus bens para fraudar os credores:

    eventus damni: o credor deve provar que, com a venda, o devedor se tornou insolvente, no maispossuindo bens suficientes para o pagamento de suas dvidas;

    consilium fraudis (m-f do terceiro adquirente): no h necessidade de se provar que o terceiroadquirente estava combinado com o devedor, bastando a prova de que ele estava ciente da situaofinanceira do devedor.

    artigo 159 do Cdigo Civil prev duas presunes de m-f do terceiro adquirente:quando era notria a insolvncia do devedor;

    quando o terceiro adquirente tinha motivos para conhecer a m situao financeira do devedor. Ostribunais estabeleceram quando o terceiro teria motivos (parentes prximos, amizade ntima, negciosfeitos anteriormente etc.). Essa presuno no absoluta, visto que o legislador deixou meio vagoquanto aos motivos.

    b) Alienaes ttulo gratuito e remisses de dvidas (artigo 158 do Cdigo Civil)Quando o devedor faz doaes de seus bens. Quando se trata de doaes, o nico requisito que os

    credores devem provar a insolvncia do devedor. No h necessidade de prova da m-f do terceiroadquirente. Ocorre fraude na remisso de dvidas quando o devedor credor de terceiro e deixa de cobrar o seucrdito, perdoando o terceiro devedor.

    c) Pagamento de dvida ainda no vencida, estando o devedor insolvente (artigo 162 do CdigoCivil)

    Quando o devedor j est insolvente e privilegia o pagamento a um credor que tem uma dvida ainda novencida. Se isso ocorrer, os outros devedores podero ingressar com uma ao contra o credor que recebeu.Havendo o pagamento de dvida no vencida, a presuno de fraude se torna absoluta.

    d) Concesso de garantia real a um credor quirografrio, estando o devedor insolvente (artigo 163do Cdigo Civil)

    Quando o devedor, j insolvente, resolve privilegiar um dos credores quirografrios, dando-lhe umagarantia real (exemplo: hipoteca de um imvel). Neste caso, os outros credores podem ingressar com uma aopara anular essa garantia.

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    14/20

    Remdio Jurdico: AO PAULIANA

    * ATOS ILCITOS

    As disposies sobre os atos ilcitos, no Cdigo Civil, so encontradas nos artigos 1861 a 188. Dispe oartigo 186 do diploma civil que aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direitoou causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilcito. A verificao da culpa e a avaliao daresponsabilidade regulam-se pelo disposto nesse cdigo, nos artigos 927 a 943 e 944 a 954.

    Ato ilcito , portanto, a infrao ao dever de no lesar outrem. A leso abarcada pelos dispositivos legais

    trata-se daquela que cause dano, tanto de natureza patrimonial quanto de natureza moral.O referido artigo impe a todas as pessoas o dever de no lesar outrem (neminen laedere). Todo aquele que

    causa um dano deve repar-lo, desde que a vtima prove que o causador do dano agiu com culpa. Assim, o diplomacivil ptrio adotou, como regra, a teoria subjetiva, segundo a qual se deve proceder na anlise da existncia de culpado agente.

    A culpa pelos atos ilcitos, a que se refere o artigo 186, tem sentido amplo, abrangendo tanto o dolo quantoa culpa em sentido estrito (imprudncia, negligncia ou impercia) e recebe a denominao de culpa aquiliana, emdecorrncia de sua origem (Lex Aquilia).

    Em alguns casos, o ato poder ser ilcito tanto na esfera civil quanto na penal, podendo, ainda, ser somenteum ilcito penal. Entretanto, deve-se salientar que, na maioria das vezes, o ilcito penal tambm ilcito civil, poiseste sempre, ou quase sempre, gera um prejuzo vtima.

    As implicaes decorrentes de um ilcito civil so diferentes daquelas que decorrem de um ilcito penal, umavez que aquele tem como conseqncia tornar o agente responsvel pela reparao do dano, a teor do que dispe o

    artigo 186 do Cdigo Civil (responsabilidade civil) sendo tal responsabilidade de cunho patrimonial. Com relao aosilcitos penais, ao agente imputado castigo corporal, sendo a responsabilidade de cunho pessoal, no setransferindo a terceiros como possvel de ocorrer na responsabilidade civil. A ttulo de exemplo, temos aresponsabilidade civil do pai que responde pelo ato do filho, do patro que responde por ato de seu empregado, doEstado que responde pelos atos do servidor.

    * DANO

    Dano o efetivo prejuzo sofrido pela vtima de um ato.Este pode ser: patrimonial (material) : atinge os bens da pessoa; extrapatrimonial (moral): atinge a dignidade, a honra, ou seja, ofende os direitos da personalidade.

    H possibilidade de cumulao das duas modalidades de dano.Ao tratar do dano patrimonial, cabe ao prejudicado pleitear o ressarcimento do prejuzo. Quanto ao dano

    moral, pleiteia-se a reparao.O dano pode ser: direto; indireto: chamado de dano em ricochete, que aquele que atinge uma pessoa, mas, indiretamente,

    atinge um terceiro. Exemplo: matar o marido que paga penso esposa.

    Todo prejuzo deve ser indenizado. Para se calcular o valor do dano, no se leva em conta o grau de culpa.O clculo da indenizao feito com base na extenso do prejuzo. Todo prejuzo que a vtima puder provar serindenizado.

    O dano deve ser certo e atual, ou seja, no se pode indenizar o dano futuro e meramente hipottico. Emcasos de leses corporais, tem-se admitido o reexame das leses.

    O dano material segue, para sua apurao, a regra do artigo 402 do diploma civil (perdas e danos). Esseartigo explica em que consistem as perdas e danos: o que a pessoa efetivamente perdeu (dano emergente) e o queela razoavelmente deixou de lucrar (lucro cessante). A prova do lucro cessante mais difcil, pois sempre baseadano pretrito, ou seja, no quanto vinha rendendo em determinado perodo.

    Alm das perdas e danos, outras verbas costumam ser acrescidas, tais como a correo monetria, queincide desde a data em que a pessoa sofreu o prejuzo, assim como os juros, que podem ser simples ou compostos.Os juros legais so da ordem de 0,5% ao ms.

    Juros simples so contados sempre sobre o montante inicial do prejuzo e incidem desde a data do fato,conforme se verifica na Smula n. 54 do Superior Tribunal de Justia: Mesmo quando o fato mero ilcito civil,sobre o valor do prejuzo incidem os juros moratrios desde a data do fato.

    Na indenizao podem incidir outras verbas, como no caso de morte do chefe de famlia, em que cabe attulo de exemplo, o pagamento de 13. salrio. Quando o falecido se trata de arrimo de famlia, esta passa a receber2/3 (dois teros) dos rendimentos mensais que o falecido ganhava, assim, considera-se que o restante (um tero)era gasto pelo prprio do falecido.

    O dano moral aquele que afeta no o patrimnio, mas os direitos da personalidade (honra, dignidade,intimidade etc.), e podem, conforme anteriormente mencionado, ser indenizado. O dano moral tem o sentido decompensao, sem preocupao de encontrar um valor que corresponda exatamente ao valor que supra a dorexperimentada pela vtima. Trata-se de consolo vtima.

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    15/20

    As pessoas legitimadas a ingressar com ao pleiteando indenizao por danos morais so as diretamenteprejudicadas, que tambm teriam direito compensao do dano material.

    A cumulao de pedidos de dano moral e dano material possvel, conforme se verifica na Smula n. 37 doSuperior Tribunal de Justia: So cumulveis as indenizaes por dano material e dano moral oriundos do mesmofato. Assim, Permite-se a cumulao do ressarcimento do dano moral com a indenizao do dano material.

    A Constituio Federal/88 acolheu o princpio de que o dano moral indenizvel. O artigo 1. da Constituioassegura certos direitos bsicos, dentre eles, o direito dignidade. Alm disso, determina o artigo 5., incisos V e X,da Constituio Federal que assegurada a reparao do dano moral junto com o material quando ocorre ofensa honra, imagem ou intimidade.

    O dano moral atinge tambm a honra objetiva, que se trata daquilo que outras pessoas pensam sobre o

    indivduo. Tanto que as pessoas jurdicas podem pleitear o ressarcimento pelo dano moral. As pessoas jurdicastm honra objetiva (bom nome, conceito na sociedade).

    Surge o problema de como calcular o dano moral. Hoje, fala-se em buscar o valor como forma decompensao. Esta compensao tem duplo carter, pois visa ao ressarcimento e sano, no deixandode observar o princpio da reserva legal (no h pena sem prvia cominao legal), posto que se trata deprincpio aplicvel a todo o ordenamento jurdico, e no apenas no Direito Penal.

    No Brasil no seguido o sistema do tarifamento para apurao do prejuzo sofrido em decorrncia do danomoral. Aqui, utiliza-se o sistema aberto, ou seja, arbitramento pelo juiz a cada caso (artigos 944 a 946 do CdigoCivil).

    O Cdigo Brasileiro de Telecomunicaes de 1962, que foi revogado pela Lei de Imprensa de 1967, traziaalguns critrios para apurao do dano moral (situao econmica do ofendido e do ofensor etc.) Essas leisestabelecem os valores mnimo e o mximo, que podem variar de 5 a 200 salrios mnimos.

    O Supremo Tribunal Federal diz que esse limite mximo estaria revogado tacitamente pela Constituio

    Federal, que no estabeleceu limite, o que impede que haja interpretao restritiva.Por esse motivo, a jurisprudncia entende que devem ser levados em conta alguns critrios, como a situao

    econmica do ofensor e do ofendido (a dor do pobre vale menos que a dor do rico).Como falamos acima, o Novo Cdigo Civil alm de diferenciar j no artigo 186 o dano moral do dano

    material, outorgou absoluta liberdade ao juiz para fixar o montante da indenizao por danos morais, no mesmopensamento j adotado tanto pelo Supremo Tribunal Federal quanto pelo Superior Tribunal de Justia. Alm danorma acima citada, temos o disposto no artigo 944: "A indenizao mede-se pela extenso do dano. Pargrafonico. Se houver excessiva desproporo entre a gravidade da culpa e o dano, poder o juiz reduzir, eqitativamentea indenizao".

    24. Contratos

    24.1. Conceito de Contrato

    Contrato um negcio jurdico bilateral, um acordo de vontades, com a finalidade de produzir efeitos nombito do Direito.

    24.2. Requisitos de Validade do ContratoSo os seguintes os requisitos de validade do contrato:

    agente capaz;objeto lcito, possvel e determinado, ou pelo menos determinvel, como, por exemplo, a

    compra de uma safra futura;forma prescrita ou no defesa em lei.

    O contrato ilcito gnero, do qual o contrato juridicamente impossvel espcie. O contratojuridicamente impossvel s ofende a lei. J os contratos ilcitos ofendem a lei, a moral e os bons costumes.

    O contrato de prostituio um contrato juridicamente possvel, mas ilcito.Forma prescrita a forma que a lei impe, sendo de observao necessria se exigida.

    24.3 Requisito especial dos contratos o consentimento, podendo ser expresso ou tcito.O consentimento tcito ocorre quando se pratica ato incompatvel com o desejo de recusa.H contratos em que a lei exige o consentimento expresso, no valendo o silncio como aceitao. Aqui no

    se aplica o brocado: quem cala consente. Nada obsta que a lei determine, em casos excepcionais, que o silnciovalha como aceitao tcita.

    24.4. Princpios do Direito Contratual* Princpio da autonomia da vontade e princpio da supremacia da ordem pblica

    Esses dois princpios devem ser vistos harmonicamente.Autonomia da vontade a liberdade de contratar. Os contratantes podem acordar o que quiserem,

    respeitando os requisitos de validade do contrato.Quando o Estado intervm nas relaes contratuais, mitiga o princpio da autonomia da vontade e faz

    prevalecer o princpio da supremacia da ordem pblica. Exemplos: Consolidao das Leis do Trabalho, Lei deLocaes, Cdigo de Defesa do Consumidor etc.

    *Princpio do consensualismo

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    16/20

    O contrato considera-se celebrado com o acordo de vontades. A compra e venda de bem mvel, porexemplo, um acordo de vontades, sendo a tradio apenas o meio de transferncia da propriedade.

    H alguns contratos, no entanto, que exigem, para se aperfeioarem, alm do acordo de vontades, atradio. So chamados contratos reais. Exemplos: mtuo (emprstimo de coisa fungvel), comodato (emprstimode coisa infungvel), depsito, doao de bens mveis de pequeno valor (tambm chamada doao manual).

    * Princpio da relatividadeO contrato celebrado entre pessoas determinadas, vinculando as partes contratantes. possvel, entretanto, aalgum que no seja contratante exigir o cumprimento de um contrato. O princpio da relatividade ocorre nasestipulaes em favor de terceiro (exemplo: seguro de vida, em que o beneficirio terceira pessoa).

    *Princpio da obrigatoriedade e princpio da reviso dos contratosOs contratos de execuo prolongada no tempo continuam obrigatrios se no ocorrer nenhuma mudana -

    Princpio rebus sic stantibus.Ope-seao Princpio pacta sunt servanda - o contrato faz lei entre as partes.A nossa legislao acolhe em parte a regra rebus sic stantibus, trazida pela Teoria da Impreviso, que tem

    os seguintes requisitos: contratos de execuo prolongada;. fato imprevisvel e geral; onerosidade excessiva.

    A primeira atitude a ser tomada deve ser a reviso do contrato com a tentativa de se restaurar ascondies anteriores. No sendo possvel, rescinde-se o contrato.

    *Princpio da boa-fAt prova em contrrio (presuno iuris tantum), presume-se que todo contratante est de boa-f.

    24.5 Fases da Formao do ContratoOs contratos comeam com as negociaes preliminares. Quanto maior o valor dos bens, maiores sero as

    negociaes preliminares.Essas negociaes no obrigam e no vinculam os contratantes, pois ainda no passam de especulao de

    valores e condies. possvel que, aps essa fase, surja, de um dos contratantes, uma proposta, a qual vincular o

    proponente. Essa proposta tambm chamada policitao ou oblao. Quem faz a proposta deve sustent-la.O Cdigo Civil faz distino entre proposta feita a pessoa presente e proposta feita a pessoa ausente.Se a proposta feita a uma pessoa presente e contm prazo de validade, esse deve ser obedecido; se

    no contm prazo, a proposta deve ser aceita de imediato. o famoso pegar ou largar.

    Se a proposta feita pessoa ausente, por carta ou mensagem, com prazo para resposta, esta dever serexpedida no prazo estipulado. Se a proposta no fixar prazo para resposta, o Cdigo Civil dispe que deve sermantida por tempo razovel (que varia de acordo com o caso concreto). Nncio o nome que se d ao mensageiro.

    A proposta feita por telefone considerada "entre presentes". A proposta feita pela Internet considerada"entre ausentes".

    A proposta ainda no o contrato: este s estar aperfeioado quando houver a aceitao.A aceitao da proposta "entre ausentes" pode ser feita por carta ou telegrama, aperfeioando-se o contrato

    quando da expedio daqueles.Existem outras teorias a respeito da aceitao da policitao entre ausentes, teorias da Declarao, da

    Recepo e da Cognio, porm no foram adotadas pelo nosso sistema. possvel arrepender-se da aceitao feita por carta, bastando para isso que a retratao chegue ao

    conhecimento da outra parte antes ou concomitante aceitao (artigo 433 do Cdigo Civil).O Decreto-lei n. 58/37 dispe que os contratos de compromisso de compra e venda de imveis loteados so

    irretratveis e irrevogveis, salvo previso em contrrio.Segundo a Smula n. 166 do Supremo Tribunal Federal, inadmissvel o arrependimento no

    compromisso de compra e venda sujeito ao regime do Dec.-lei n. 58 de 10.12.1937. O compromisso de compra evenda de imvel loteado sempre irretratvel e irrevogvel.

    O compromisso de compra e venda de imvel no-loteado irretratvel e irrevogvel, salvo previso emcontrrio. H, portanto, a possibilidade de o contrato ter clusula de retratao.

    Se o vendedor se recusa a passar a escritura, o comprador pode requerer a sua adjudicao compulsria.

    24.6 Peculiaridades dos Contratos BilateraisOs contratos bilaterais so aqueles que geram obrigaes recprocas para os contratantes.

    * Contratos bilaterais com prestaes simultneasNesses contratos, nenhum dos contratantes pode exigir judicialmente a prestao do outro enquanto no

    tiver cumprido a sua (artigo 476 do Cdigo Civil). A parte contrria defende-se alegando a exceo do contratono cumprido exceptio non adimpleti contractus.

    Deve ser argida na contestao. uma exceo e no uma objeo, pois o juiz no pode conhec-la deofcio.

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    17/20

    H quem diga que a exceo do contrato no cumprido configura falta de interesse de agir, devendo oprocesso ser extinto sem exame do mrito. H vozes no sentido de existir, na hiptese, julgamento de mrito.Em ambos os casos permitida a repropositura da ao, desde que a parte cumpra primeiro sua obrigao.

    possvel argi-la tanto se o autor no cumpriu sua parte no contrato como se a cumpriu incorretamente.Se o contrato no for cumprido corretamente, a defesa se chama exceptio non rite adimpleti contractus.

    Tambm gera a extino da ao.

    *. ArrasArras o sinal depositado por um dos contratantes no momento em que o contrato celebrado.Tem natureza de contrato real, s se aperfeioa com a efetiva entrega do valor ao outro contratante.

    As arras no se confundem com a clusula penal, que tem natureza de multa.H dois tipos de arras: penitenciais e confirmatrias. O ponto em comum que existe entre as arras

    penitenciais e as arras confirmatrias a simultaneidade celebrao do contrato, devendo haver a efetiva entregada quantia.

    As arras penitenciais aparecem se no contrato constar clusula de arrependimento. Caso contrrio, as arrassero sempre confirmatrias.

    a) Arras penitenciaisPrevistas no artigo 420 do Cdigo Civil, atuam como pena convencional quando as partes estipularem o

    direito de arrependimento, prefixando as perdas e danos.Se quem desistir do contrato for quem deu as arras, perd-las-; se quem desistir for aquele que as recebeu,

    dever devolv-las em dobro.No gera direito de exigir perdas e danos, pois estas funcionam como prefixao daquelas. No h

    possibilidade de desistir das arras para pedir perdas e danos.

    b) Arras confirmatriasDe acordo com o artigo 417 do Cdigo Civil, as arras confirmatrias tm a funo de confirmar o contrato e

    torn-lo obrigatrio.No se confundem com prefixao de perdas e danos. Se houver resciso do contrato, aqueleque deu causa responder por perdas e danos, nos termos do artigo 396 do Cdigo Civil.

    Se quem inadimpliu o contrato foi quem recebeu as arras, cabe ao outro contratante pedir resciso docontrato mais perdas e danos e a devoluo das arras. Se o inadimplemento for de quem deu as arras, o valordas perdas e danos ser abatido desse montante.

    24.7 Classificao dos Contratos* Unilateral e bilateral

    O critrio diferencial o nmero de obrigaes. Os contratos unilaterais geram obrigao apenas para umdos contratantes. Os contratos bilaterais geram obrigaes recprocas, so chamados contratos sinalagmticos.

    *. Gratuito e onerosoDiferenciam-se no que diz respeito vantagem patrimonial. Os contratos gratuitos trazem vantagens

    econmicas e patrimoniais somente para um dos contratantes (exemplo: doao pura); os onerosos, para ambos(exemplos: compra e venda; seguro de vida etc.).

    Via de regra, o contrato bilateral oneroso, e o unilateral, gratuito.No Brasil s existe um contrato unilateral e gratuito: o contrato de mtuo feneratcio (emprstimo de

    dinheiro a juros). contrato unilateral porque se aperfeioa com a entrega do numerrio ao muturio, no bastando o

    acordo de vontades. Feita a entrega, o mutuante exime-se de sua obrigao, restando apenas deveres aomuturio.

    Os contratos onerosos subdividem-se em: comutativos: aqueles de prestaes certas e determinadas; no momento da celebrao, as

    partes j conhecem suas vantagens e desvantagens; aleatrios: aqueles que, no momento da celebrao, as partes no conhecem as suas

    vantagens e desvantagens. H sempre um elemento de risco neles. Exemplo: compra e venda dasafra de arroz do ano seguinte.

    * Paritrios e de adesoNo contrato paritrio as partes tm possibilidade de discutir, estabelecer clusulas, modific-las.O contrato de adeso o contrato redigido inteiramente por uma das partes; a outra apenas adere a ele.

    O Cdigo de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90) regulamenta e conceitua essa espcie de contrato no seuartigo 54.

    A interpretao dos contratos de adeso, quando de clusulas obscuras, deve ser em favor do aderente.Exemplos: contrato de clusulas abusivas (artigo 51 do Cdigo de Defesa do Consumidor):

    eleio de foro, s vale se no trouxer prejuzo ao aderente; clusula que impe a perda das parcelas pagas; clusula de plano de sade que restringe cobertura de doenas epidmicas e AIDS.

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    18/20

    24.8 EFEITOS DOS CONTRATOS

    *Vcios Redibitrios (artigos 441 a 446 do Cdigo Civil)Vcios redibitrios so os defeitos ocultos que existem em um determinado bem, tornando-o imprprio ao uso

    a que se destina, ou diminuindo-lhe o valor.A coisa j adquirida com um defeito oculto. Se o defeito aparente, presume-se que o comprador o

    conhea.No presente texto sero estudados os vcios previstos no Cdigo Civil.

    * Diferena entre vcio redibitrio e erro Erro a falta de percepo da realidade. No erro a pessoa adquire uma coisa que no a que

    desejava. Vale o brocardo popular: a pessoa compra gato por lebre. No vcio redibitrio a pessoa compra exatamente o que queria, porm a coisa vem com defeito oculto. No erro, a coisa no tem nenhum defeito; apenas no corresponde ao desejo ntimo da pessoa.

    subjetivo. No vcio redibitrio o erro recai na coisa. Da dizer-se que objetivo.

    * Fundamento jurdicoEnsina o Prof. Carlos Roberto Gonalves que o fundamento da responsabilidade pelos vcios

    redibitrios encontra-se no princpio de garantia, segundo o qual todo alienante deve assegurar aoadquirente, a ttulo oneroso, o uso da coisa por ele adquirida e para os fins a que destinada. A ignornciados vcios pelo alienante no o exime da responsabilidade, salvo se esta foi expressamente excluda, decomum acordo (CC, art. 443).

    * Requisitos do vcio redibitrio

    a) S existe em contrato comutativo subespcie de contrato oneroso. aquele contrato em que, no momento da celebrao, os contratantes jsabem quais so suas vantagens e desvantagens.

    b) O vcio tem de ser ocultoVcio oculto aquele que no percebido quando um homem normal examina a coisa.

    c) A existncia do vcio deve ser anterior ao contrato

    d) O vcio deve tornar a coisa imprpria ao uso a que se destina, ou lhe reduzir o valor

    * Remdio Jurdico: Aes edilciasHavendo vcio redibitrio cabem aes edilcias.Essas aes podem ser:

    Ao redibitria : objetiva rescindir o contrato; Ao quanti minoris ou estimatria: o comprador fica com a coisa, mas com o valor reduzido, ou seja,

    com abatimento no preo. A opo cabe ao adquirente.Pode-se mover a ao edilcia esteja o vendedor de m-f ou boa-f. Se o vendedor agiu de m-f, pode-se pedira restituio do que o mesmo recebeu, ou a reduo do valor, cumulada com pedido de perdas e danos. Seestava de boa-f, cabe ao adquirente pedir somente a resciso do contrato ou o abatimento no preo.

    Observaes:Quando ocorre erro, a ao cabvel a ao anulatria, que tem prazo prescricional de quatro anos, contados daefetivao do negcio.No pode reclamar por vcio redibitrio quem adquirir a coisa em hasta pblica, pois se trata de uma vendaforada, sendo injusto permitir essa ao contra o expropriado do bem.O Cdigo Civil, sensvel necessidade de alterar prazos, estabeleceu no artigo 445 que o direito de obter aredibio ou abatimento no preo decai no prazo de 30 dias se a coisa for mvel ou de um (1) de for imvel. Oprazo contado da entrega efetiva, e da alienao reduzido metade se quando o negcio jurdico o compradorj estava na posse do bem. Para o vcio oculto o prazo s conta do momento em que ele se exterioriza,estabelecendo-se um prazo mximo de 180 dias para exteriorizar nos bens mveis, e em um ano se foramimveis.

    *Evico (artigos 447 a 457 do Cdigo Civil)Segundo o Prof. Carlos Roberto Gonalves: Evico a perda da coisa em virtude de sentena judicial, que

    a atribui a outrem por causa jurdica preexistente ao contrato. Exemplo: quando o agente compra um carro furtado ea Polcia o apreende o adquirente ficar sem o carro e sem o dinheiro. O art. 447 do Cdigo Civil prescreve que, nosltimos contratos onerosos, o alienante ser obrigado a resguardar o adquirente dos riscos da perda da coisa paraterceiro, por fora de deciso judicial em que fique reconhecido que aquele no era o legtimo titular do direito queconvencionou transmitir.

    - Requisitos da evico

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    19/20

    a) Somente existe em contrato onerosoSe ocorre em contrato gratuito, o adquirente no est sofrendo prejuzo.

    b) Perda da propriedade, posse ou uso do bemc) A causa da evico deve ser anterior ao contratoDe acordo com o Prof. Carlos Roberto Gonalves: O alienante s responde pela perda decorrente de causa

    j existente ao tempo da alienao.Exemplo:A dono de um terreno.A celebra um contrato de compra e venda com B. Ocorre que Chabitava

    o terreno. C move ao de usucapio contra B. B tem ao de evico contra A? Depende, se os requisitos dousucapio tiverem sido preenchidos antes da venda, B ter ao contra evico sofrida por causa de A. Se osrequisitos no estavam preenchidos na poca da venda, B no tem direitos e dever arcar com os prejuzos.

    d) Sentena que atribua o bem a terceira pessoaA apreenso administrativa tambm gera a evico. Deve ser ato de autoridade judiciria ou administrativa.e) Denunciao da lide (artigo 70, inciso I, do Cdigo de Processo Civil)Para grande parte da doutrina a nica hiptese em que a denunciao da lide obrigatria.Exemplo: C vende a B um imvel, mas A acha que o imvel seu. Se A move uma ao reivindicatria

    contra B e essa julgada procedente, B sofrer evico. Para B resguardar-se da evico, deve promover adenunciao da lide de C. O denunciante o comprador que corre risco de sofrer a evico. O denunciado ovendedor. Se B no denuncia, perder o direito ao ressarcimento dos prejuzos sofridos com a evico.

    A denunciao da lide decorrente da evico; portanto, deve ser obrigatria quando for possvel; no osendo, os prejuzos da evico so requeridos por meio de ao autnoma.

    A pessoa que sofre a evico tem direito de cobrar do vendedor os seguintes valores: restituio integral do preo pago; se o vendedor vendeu o bem de m-f, o comprador pode requerer perdas e danos; custas e honorrios; a pessoa que deu causa evico poder ser condenada nos honorrios da

    denunciao da lide e a ressarcir o comprador dos honorrios advocatcios que despendeu com a aoprincipal; o comprador no sofrer nenhum prejuzo.

    24.8 EXTINO DOS CONTRATOS (artigos 472 a 480 do Cdigo Civil)A classificao e delimitao das formas de extino dos contratos controvertida. Seguindo a

    orientao mais completa e didtica trazida pelos Professores Carlos Roberto Gonalves, Maria Helena Dinize Orlando Gomes, tem-se o seguinte grfico:

    instantneaFORMA NORMAL DE EXTINO execuo diferida

    continuada

    absoluta nulidade

    relativa Anteriores ou

    contemporneas expressaao contrato condio

    resolutiva tcita

    direito de arrependimentoFORMA

    ANORMAL DE inadimplemento voluntrioEXTINO Resoluo inadimplemento involuntrio

    onerosidade excessiva Supervenientes bilateral formao Resiliodo contrato unilateral

    Morte de um dos contratantes Resciso

    * Forma Normal de Extino dos ContratosO contrato extingue-se, em regra, com o cumprimento do seu objeto. A execuo pode ser

    instantnea (pagamento vista, entrega imediata de um bem etc.), diferida (entrega do bem no msseguinte), ou continuada (pagamento em prestaes).

    O cumprimento do contrato provado pela quitao, feita pelo credor de acordo com o artigo 320 do CdigoCivil.

  • 8/8/2019 Apostila Completa de Nocoes de Direito Civil

    20/20

    * Forma Anormal de Extino dos ContratosOcorre com a inexecuo do contrato por fatores anteriores, concomitantes ou supervenientes a ele.

    - Causas anteriores ou contemporneas ao contratoa) Nulidade

    O no-preenchimento dos requisitos necessrios perfeio do contrato gera sua nulidade. Ascondies a serem observadas para validade do acordo so: capacidade das partes e livre consentimento(subjetivos); objeto lcito e possvel (objetivos); forma prescrita em lei (formal).

    A nulidade decorrente da no-observao dessas exigncias pode ser absoluta quando ferir norma deordem pblica, ou relativa quando o vcio contido for passvel de convalidao.

    b) Condio resolutivaDeve ser verificada judicialmente e pode sertcita os artigos 475 a 477, do Cdigo Civil, permitem partelesada pelo inadimplemento requerer a resciso do contrato com perdas e danos, ou expressa quandoconvencionadas pelas partes as conseqncias da inexecuo do contrato.

    Todo contrato bilateral possui, implicitamente, clusula resolutiva tcita.c) Direito de arrependimento

    As partes podem ajustar, expressamente, o direito de arrependimento, que possibilita a extino do contrato semque seja cumprido. Os efeitos do arrependimento esto previstos no artigo 420 do Cdigo Civil.

    - Causas supervenientes ao contratoa) Resoluo

    Por inadimplemento voluntrio: sucede da culpa de uma das partes, que no cumpre o avenado,causando prejuzo ao outro contratante. As conseqncias esto previstas nos artigos 476 e 477,

    do Cdigo Civil, sujeitando ainda o inadimplente clusula penal (arts. 409 e seguintes do CdigoCivil).

    Por inadimplemento involuntrio: origina-se no caso fortuito ou fora maior, de acordo com o artigo393 do Cdigo Civil; o devedor no responde pelos prejuzos ocasionados, salvo na hiptese doartigo 399 do Cdigo Civil se estiver em mora e no conseguir demonstrar que o dano sobreviriamesmo que a obrigao fosse cumprida a seu tempo.

    Por onerosidade excessiva: deve decorrer de fato extraordinrio; extingue o contrato pela aplicaoda teoria da impreviso, que impe a regra rebus sic stantibus.

    b) Resilio (artigos 472 e 473 do Cdigo Civil)Deriva da manifestao de uma ou ambas as partes. A manifestao bilateral verifica-se no distrato, e a unilateral vista como exceo, porque, em regra, apenas um contratante no pode romper o avenado.

    c) Morte de um dos contratantes

    forma de extino anormal dos contratos personalssimos, que no permitem a execuo pelos sucessoresdo de cujus.

    d) RescisoUtilizado como sinnimo de resoluo e resilio trata-se de modo especfico de extino de certos contratoscelebrados em estado de perigo (quando uma parte tem a inteno de prejudicar a outra com o contrato), oudecorrentes de leso (quando uma parte aproveita-se da inexperincia ou necessidade da outra para auferirvantagem).