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    CONGRESSO ESTADUAL DEDUCADORES CRISTOS

    De 12 14 de Setembro de 2014

    Presidente: Pr. Ubiratan Batista Job

    Diretor: Pr. Eliezer Morais

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    PR. UBIRATAN BATISTA JOB

    Presidente da Assembleia de Deus de Porto Alegre RSPresidente da Conveno das Igrejas Evanglicas e Pastores

    da Assembleia de Deus no Estado do Rio Grande do Sul

    com muita alegria que estamos dando as boas vindas para todos os partici-pantes do Congresso Estadual de Educadores Cristos. Este evento, promovidopelo Departamento da Escola Bblica Dominical e pelo Instituto Bblico Esperan-a, um marco nas celebraes dos 90 anos de nossa igreja, que no decorrerde sua histria tem se esforado para ensinar a Palavra de Deus de gerao emgerao. O meu desejo e a minha orao para que os objetivos do congresso sejamalcanados e que todos os congressistas sejam instrumentos nas mos de Deuspara exercerem o magistrio cristo de acordo com os princpios prescritos nasSagradas Escrituras, quer seja na igreja, nas escolas teolgicas ou nas escolas euniversidades seculares. Deus vos abenoe!

    Pr. ELIEZER MORAIS

    Diretor do Instituto Bblico EsperanaSuperintendente do Departamento da Escola Bblica

    Dominical da Assembleia de Deus de Porto Alegre RS

    A realizao do Congresso de Educadores Cristos um sonho que se tornourealidade, pois estamos atuando no ministrio do ensino bblico h muitos anos,e neste ano, quando nossa igreja celebra 90 anos de existncia no Estado do RioGrande do Sul, Deus nos dirigiu para reunir professores da escola bblica domi-nical, professores de teologia e professores da educao secular para re etirmos

    sobre a importncia da misso que os educadores cristos tm no reino de Deus. Os objetivos e os temas propostos para o congresso, nos desa am a continu -ar cumprindo a ordem que Jesus deixou aos seus discpulos, que de pregar eensinar o evangelho. Desejamos que todos aproveitem o mximo do congresso, a m de estarempreparados para melhor servir a Deus, Sua obra e Sua igreja, que tem a respon-sabilidade de ser a instituio criada por Jesus para proclamar as virtudes do Seureino. Deus vos abenoe!

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    PROGRAMAO

    12.9.2014 - SEXTA

    18h00 - Credenciamento 20h00 - Abertura e 1. Plenria

    13.9.2014 - SBADO

    14h00 - Devocional 14h30 - 2. Plenria 15h30 - 3. Plenria 16h30 - Painel

    17h30 - Intervalo e Lanche 19h00 - 4. Plenria 20h00 - Painel

    14.9.2014 - DOMINGO

    14h00 - Devocional 14h30 - 5. Plenria 15h30 - Painel 16h30 - Encerramento

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    A EDUCAO CRIST E OS DESAFIOS DO REINODE DEUS PARA A SOCIEDADE PS MODERNA

    Prof.: Pr. Altair Germano

    1 - A EDUCAO CRIST A questo dos fundamentos A questo do espao (Lar, Igreja, Escola e Faculdade) A questo dos educadores A questo dos mtodos A questo do propsito

    2 - O REINO DE DEUS: CONSIDERAES GERAIS

    a) O que o Reino de DeusO Reino de Deus toda a esfera de seu domnio soberano:

    No cu (Mt 6.10c) Na terra (Dn 2.20-21; 4.28-37) Entre/em ns (Lc 17.21) Sobre os demnios (Lc 11.20) Sobre Satans (Ez 28.11-19; Is 14.12-17; Ap 20.1-3)

    b) A temporalidade do Reino Prximo (Mt 3.2; 4.17) Presente (Lc 17.21; Jo 3.5) Futuro (Mt 26.29) Eterno (Sl 146.10; Dn 2.43-44)

    c) O Pai Nosso (Mt 6.9-15)

    A santidade do Rei (v.9) A soberania do Rei (v. 10) A proviso do Rei (v. 11) A misericrdia do Rei (v.12) A proteo do Rei (v. 13) A justia do Rei (v.14-15)

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    3 - OS DESAFIOS DA EDUCAO CRIST NA PRESERVAO DOS PRINCPTICOS DO REINO DE DEUS NA PS-MODERNIDADE

    A relativizao e inverso de valores ticos e morais A desconstruo e banalizao dos modelos tradicionais (judaico-cris-

    to) de casamento e famlia A liquidez e a virtualidade dos relacionamentos

    A prtica do consumismo desenfreado (capitalismo parasitrio) A mercadolojizao da f manifesta na prtica eclesial de implantao

    de igrejas, ordenao de obreiros, doutrinas, cultos e liturgias: estratgias espi-rituais ou rendio ao mercado?

    A competitividade ministerial A coisi cao do indivduo (desumanizao, explorao, descarte, etc.)

    SUGESTES BIBLIOGRFICASBRAY , Gerald. Teu o Reino: uma teologia sistemtica da orao do Senhor. SoPaulo: Shedd Publicaes, 2009,JEREMIAS, J. Teologia do Novo Testamento. 2. ed. So Paulo: Editora Teolgica,2004.LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. So Paulo: Hagnos, 2003.PORTELA , Solano. O que esto ensinando aos nossos lhos?: uma avaliao cr -tica da pedagogia contempornea apresentando a resposta da educao escolarcrist. So Jos dos Campos,SP: Editora Fiel, 2012.

    Pr. Altair Germano, 1 Vice-Presidente da IEADALPE, Vice-Presidente do Con-selho de Educao e Cultura da CGADB, mestre em Teologia com especializaoem Ministrio, especialista em Educao Crist, especialista em Psicopedagogiae licenciado em Pedagogia, escritor e conferencista na rea de Desenvolvimentode Lderes e Educadores.

    CONTATOS E CONVITES:Fone: (81) 9232 0617 (TIM)E-mail: [email protected]: altairgermano.netFan Page: www.facebook.com/pastoraltairgermano

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    TEOLOGIA E PS-MODERNIDADE:CONFLITOS E SOLUES

    Prof.: Pr. Paulo Andr

    1 - O QUE PS-MODERNIDADE? Do ponto de vista cronolgico a Ps-modernidade teve eu incio com a quedado muro de Berlim.

    a) Do ponto de vista esttico - a relativizao ou a pluralizao das artes.Temos at o perodo moderno estilos artsticos, estticos e literrios muito bemdelineados. Na msica temos o I-i-i, a MPB, o tropicalismo, a bossa nova, etc.Nesse campo o que marca a ps-modernidade a pluralizao excessiva. Atual-mente no se fala de movimento artstico ou musical.

    b) Do ponto de vista da filosofia - temos no perodo antigo uma loso aque buscava explicao para todas as coisas no mundo metafsico o famosomundo das ideias de Plato o mundo que est fora do real, chamado de Deus.Ento, o que acaba por marcar a Idade Mdia que Deus causa, mas tambm a culpa de tudo. Em nome de Deus se faz o bem, mas tambm se mata.

    Na Idade Moderna houve uma tentativa de tornar tudo cient co, de trazerpara a terra, para a lgica, para a fsica, para a matemtica, o que at ento erao metafsico. O lsofo Immanuel Kant trouxe, esse metafsico para o homem: arazo humana, o intelecto humano como capaz de motivar as coisas e, respon-svel por suas decises e atitudes. J no se mata mais porque Deus quer, e simporque o homem decidiu matar, consequentemente ele assume a responsabili-dade por seus atos.

    2 - CONCEITUANDO A PS-MODERNIDADE

    a) A ausncia de absolutos - Nada explica nada, tudo relativo. No existea razo de ser de todas as coisas. No existe causa primeira. Tudo liquefeito

    Alguns pensadores de niram da seguinte forma esse perodo: Lyotard - [...] no h Verdades absolutas para o ps-modernismo.

    Mesmo a cincia j no pode mais ser chamada de verdade, porque no existe

    verdade . Zygmunt Bauman - A modernidade imediata leve , lquida , flui-da e in nitamente mais dinmica que a modernidade "slida" que suplantou. Apassagem de uma a outra acarretou profundas mudanas em todos os aspectosda vida humana. Em resumo: O que marca a ps-modernidade a Liquefaoda Modernidade. A Modernidade virou gua, acomoda-se a qualquer realidade.

    Lipovetsky - diz que o que marca a ps-modernidade a hiper-valori-zao de todos os conceitos anteriores a ela. tudo o que veio antes. o queele chama de hipermodernidade.

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    Habermas - diz que a ps-modernidade tem o nico objetivo aniquilartodos os ideais que imperaram at o Iluminismo, mesmo os ideais iluministas.

    3 - O QUE MARCA ESSA TAL PS-MODERNIDADE?

    Relativismo - Nada e tudo. No existe certo ou errado. No h concei-tos, nem valores. No h nada que possa ser defendido, mas ao mesmo tempoqualquer coisa pode ser defendida. Nenhum discurso deve ser feito, ao mesmotempo qualquer discurso vlido. Nada verdadeiro, assim como cada pessoapode ter a sua verdade. No existem valores que possam ser dados comova-lores verdadeiramente sociais . O que existe so valores individuais, defendidospor cada pessoa; Tudo possvel, mesmo quele que no cr, porque no h noque se crer. No h, portanto, um lugar onde se possa ancorar e nem se apoiar.

    4 - O QUE SECULARISMO?

    Do ponto de vista jurdico aseparao entre o que poltico e jurdico da-quilo que religioso . a separao entre o Estado e a Igreja. a laicisao dascoisas. H a igreja corpo de Cristo, mstica e espiritual, guiada pelo Esprito eregida pela Palavra de Deus, cujo patrimnio maior a salvao de almas, e htambm a igreja pessoa jurdica, de direito privado e sem ns lucrativos. A secularizao, sob vrios aspectos, foi positiva, especialmente quanto a se-parar o jurdico do espiritual, afastando a possibilidade de o Estado interferirnos aspectos doutrinais, de usos e costumes ou disciplinares da igreja. Quandolemos um livro ou matria que contenha a palavrasecularizao ou secularis-

    mo necessrio veri carmos de que assunto tal livro est tratando, pois secu -larismo nem sempre pejorativo. Porm, quando se trata de alguma literatura de cunho teolgico, diferen-te, visto que ns entendemos secularismo como a entrada dos pensamentos,princpios e doutrinas seculares no mbito da exegese bblica. olhar as coisasdivinas sob a tica e as lentes daquilo que secular. Neste sentido sim, a consi-deramos pejorativo.

    5 - TEOLOGIA BBLICA

    Existem diversas teologias. Tantas quantas religies existem no mundo, so asteologias existentes. Mas a teologia de que estamos tratando est muito bemfundamentada, muito bem embasada e tem como bssola a Bblia Sagrada. No se trata de uma teologia qualquer, mas de uma teologia bblica. H cida-des brasileiras onde funcionam faculdades teolgicas Umbandistas, Kardecistas,e do Candombl. E so todas faculdades.

    6 - TEOLOGIA BBLICA NA PS-MODERNIDADE Se a nossa teologia bblica, o mtodo de interpretao da Bblia que mais

    devemos usar o mtodo indutivo, que aquele no qual nos esvaziamos de

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    nossos conceitos e preconceitos e vamos ao texto bblico base com toda a pure-za de corao, lemos o texto e extramos dele a verdade aplicvel nossa vida.Sem ideias pr-concebidas, tanto quanto possvel, como se fssemos uma tbuarasa, que buscssemos no texto bblico os primeiros alfabetos da formao denosso carter.

    Isto posto, vemos no texto bblico de Romanos, cap. 12 e vers. 2 a seguintea rmao: E no vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pelarenovao da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradvel e perfeita vontade de Deus para convosco . Analisando o texto e utilizando o mtodo indutivo de interpretao, conclu-mos que:

    a) Em primeiro lugar, para enfrentarmos esse momento de secularizaops-moderna, nossa teologia deve, obrigatoriamente, ser uma teologia noconformista. Uma teologia no conformista tem por premissa a manuteno da

    identidade Crist. Se a base a Bblia Sagrada, se o mtodo o indutivo, se omodelo Cristo, se a identidade uma identidade crist, ento, uma teologiano conformista busca essa mantena da identidade. Na vida crist, como no quotidiano das pessoas, h uma certa confuso en-tre o que identidade conjunto de caractersticas que individualiza qualquerpessoa dentro da sociedade daquilo que um documento ou cdula deidentidade. Nem sempre esta re ete ou revela a verdadeira identidade de seuportador. Nem sempre algum que detm o ttulo de pastor realmente pastor,e assim por diante. Todos ns, pelo batismo, deveramos em Cristo, pelo novo nascimento, pelaconverso adotar uma nova identidade, e essa nova identidade espiritual deve-ria ser a identidade de Cristo. Isto , possuir no seu eu espiritual as mesmascaractersticas espirituais de Cristo. No nos conformarmos com o mundo, por-tanto, no aceitarmos qualquer outra espcie de forma que no a forma daidentidade do prprio Cristo. Isto uma teologia no conformista. Isto identi-dade crist.

    b) Em segundo lugar, uma teologia bblica tambm uma teologia quetransforma as pessoas na pessoa de Cristo. Mas no somente as transforma napessoa de Cristo, tambm as conserva como pessoas de Cristo.Mas transfor-mai-vos pela renovao da vossa mente... Joo Batista, em Mateus 3.11, usa uma palavra diferente em relao a Cristo,a rmando que ele vos batizar com o seu prprio Esprito . Agora o que ca jno mais o indivduo espiritualfulano de tal , mas o cheiro de Cristo, o saborde Cristo, a cor de Cristo. Quando algum olha j no v mais o indivduo e sima Cristo, pois Cristo que vive nele. Isto metamorfo, isto transformao. Temos, portanto, de um lado a manuteno da identidade, e do outro, atransformao na identidade.

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    Como combater o mundanismo? Como viver no secularismo? Como enfrentara ps-modernidade? Nossa bssola a Bblia, nosso mtodo o indutivo, nossomodelo Cristo, e a nossa teologia transforma as pessoas em Cristo e mantmas pessoas como representantes, verdadeiras imagens de Cristo na terra. Essa

    uma teologia capaz de enfrentar o secularismo.c) Em terceiro lugar, uma teologia bblica uma teologia renovadora damente. No original, via de regra, mente nos remete psiqu , alma. Mas nesse textofoi usado um termo mais abrangente,humo homem no sentido integral, ho-lstico. Paulo fala, no apenas da modi cao da capacidade intelectiva, volitivado homem, mas tambm do soma , que o corpo, a matria, e tambm o ele-mento que faz a ligao com a gura do prprio Deus, que o esprito, pneu -ma, derivado de Pneuma, que o esprito do prprio Deus. En m, o homem, a

    partir de sua racionalidade deve ser transformado. Integralmente transformado.Holisticamente transformado. uma teologia que faz cumprir primeira Tessalonicenses 5 versculo 23:E to-do o vosso esprito, alma e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo .

    Nossa teologia deve ser uma teologia renovadora da mente, no apenas dointelecto. Uma teologia educadora, mais que ensinadora, visto que ensinar su-gere apenas transmisso de conhecimentos, de informaes, ao passo que edu-car mudar o indivduo e formar carter.

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    O EDUCADOR COMO COLABORADOR DA CULTURCRIST NA SOCIEDADE ATUAL

    Prof.: Dra. Eunice de Lemos Michel Um conceito mais amplo de educaosupem o desenvolvimento integral do ser humano em sua capacidade fsica, intelectual e moral, visando no s a for-mao de habilidades, mas tambm do carter e personalidade social (Aranha,1989). Esta conceituao abrange objetivos nobres do processo educacional: aformao integral do ser humano e a transmisso de valores necessrios ao de-senvolvimento de um carter que lhe possibilite viver em sociedade. Desta formao educador visto como um contribuinte na formao e no desenvolvimento docarter de seus alunos e no apenas como um transmissor de conceitos.

    E o que se entende por educao crist? Uma breve anlise do termo j com-prova a existncia de diversos enfoques em sua conceituao, demonstrando asua abrangncia. Educao crist j foi considerada como sinnimo de discipu-lado, por sua importncia na formao espiritual dos cristos; tambm como aeducao teolgica ministrada no contexto da igreja ou ensinada em escolas deteologia ou mesmo como a educao eclesistica limitada ao mbito da EscolaBblica Dominical. Entretanto em todos estes enfoques h o concenso de queaeducao crist um processo cristocntrico, baseado na Bblia, de comunicar a palavra escrita de Deus atravs do Esprito Santo com o propsito de edificar oscristos no Senhor Jesus e conduzir outros a Cristo (Santos, 2008). Assim, a pers-pectiva educacional crist, muito alm da transmisso de conhecimento, abran-

    ge a esperana de uma transformao do aluno. O educador cristo atuandonum esforo sistemtico, em interao contnua com seus alunos, empenha-se,em re etir no seu procedimento as caractersticas de um discpulo de Cristo. Enquanto a perspectiva secular comumente exclui Deus de suas consideraes,a educao crist defende uma abordagem educacional bem mais abrangente,considerando tambm as necessidades espirituais do aluno. Em termos gerais a educao crist no rejeita os alvos comumente defen-didos pela perspectiva secular sobre educao. Ela aceita aqueles valores querefletem a nobreza da atividade educacional e acrescenta a eles uma viso mais

    holstica do ser humano e do universo ao seu redor, pois busca interpret-los luz dos princpios revelados nas Sagradas Escrituras (Santos, 2008). Defendendouma abordagem educacional bem mais abrangente, holstica, considerando noapenas o universo material mas tambm a realidade espiritual, distingue-se pordispensar uma ateno integral ao ser humano, sempre partindo de uma cos-moviso bblica ntegra (Meister, 2011). Segundo Dows, 2001:Uma educaocrist eficaz molda os alunos a conhecerem a verdade, a pensarem com a verda-de para que seus comportamentos sejam moldados pela verdade . Sobre a contribuio do docente cristo na rea secular, o autor Brito (2008)escreve:Quando um professor efetivado ou contratado para lecionar deter-minada disciplina, o contedo prioritrio que ele deve ministrar, seriamente,

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    o de sua matria (Lngua Portuguesa/ Lngua Estrangeira/ Matemtica/ Histria/Geografia/ Fsica/ Qumica, etc.) e no falar propriamente de Deus; a menos que seja um professor de Educao Religiosa. importante que o educador cristomantenha uma postura tica profissional em sua atuao, a fim de que o Evan- gelho no seja escandalizado e nem ele venha a ser prejudicado profissionalmen-

    te . Todavia, o prprio conceito de educao pressupe uma contribuio queultrapassa o mero contedo programtico a ser ministrado.Se admitirmos quea educao, para ser completa, deve alcanar toda a dimenso humana: esprito,alma e corpo, aceitaremos a verdade de que o professor comprometido com oReino de Deus procurar transmitir, prudentemente, aos seus alunos os valoreseternos contidos na Bblia Sagrada (Brito, 2008). Assim sendo, muito pode oeducador cristo cooperar para a formao plena do aluno. Quando o educadorvive uma vida genuna, com honra e integridade, diante de seus alunos e almdas salas de aula, exercer in uncia marcante e muitos vo desejar seguir seuexemplo. O educador cristo pode ensinar muito com a sua prpria vida, e seele viver em harmonia com as escrituras, o aluno observar. o chamado apren-dizado por aproximao (Dows, 2001).A personalidade, o carter do professor gera um lao de sinceridade e confiana com os alunos, esse era o motivo peloqual os discpulos seguiam a Jesus. preciso, ento estabelecer com eles um re-lacionamento genuno, uma comunicao de alma para alma. O ensinar com ocorao tem maior impacto na vida dos alunos(Hendricks,1991).

    Em sua obraO cristo e a cultura o autor Horton (1998) escreve; Uma de -nio til e abrangente de cultura, para a nossa discusso, pode ser a atividadehumana que intenciona o uso, prazer e enriquecimento da sociedade. Por igreja,estou dizendo a igreja institucional, que deve ser entendida como expresso vis-vel do corpo universal de Cristo atravs de todos os sculos em todo o lugar. Umorganismo vivo fundado por Cristo, ao qual foi con ado o seu prprio minist -rio pessoal. Ser que um jovem cristo tem de enfrentar a deciso entre ser umdiscpulo de Cristo ou estudar para adquirir maior conhecimento secular?Umaescolha destas no exigida do cristo, desde que a sabedoria secular, seja elana filosofia, psicologia, sociologia, administrao de empresas, etc., no tenha a prioridade na explicao de coisas celestes . O cristo no precisa temer a natu-reza secular de estudos, mas deve depender da bondade paternal de Deus em

    dar-lhe talento e oportunidade de exercer sua vocao para a glria de Deus. Deacordo com este mesmo autor: Quando estes dois fatores,a fidelidade da igreja para com a sua tarefa e a fidelidade do crente individual para com sua vocaoconvergirem, teremos mais cristos que conheam bem a sua f, o bastante pa-ra comunic-la na conversa casual e o fato de se destacarem nas suas vocaescontribuir para a credibilidade em sua profisso de sua f .

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    ALGUMAS REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:ARANHA, Maria Lcia de Arruda. Filoso a da Educao. So Paulo: Editora Mo -derna,1989.BRITO, Robson. A contribuio do docente cristo na rea secular. ejesus.com.br, 2008DOWS, Perry G. Introduo educao crist: ensino e crescimento. So Paulo.Editora Cultura Crist, 2001GANGEL, Kenneth O. & HENDRICKS, Howard G. (ed.) Manual de ensino para oeducador cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.HENDRICKS, Howard. Ensinando para transformar vidas. Editora Betnia, BeloHorizonte. 1991.HORTON, Michael. O Cristo e a Cultura. Editora Cultura Crist. 1998MEISTER, Mauro. Cosmoviso: Do Conceito prtica na Escola Crist. 2011

    SANTOS, Valdeci da S. Educao Crist: Conceituao terica e implicaes pr-ticas. 2008

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    LENDO E ENSINANDO A BBLICA COM EFICINCDIANTE DOS DESAFIOS CONTEMPORNEOS

    Prof.: Rodrigo Majewski

    A Bblia o livro fundamental do cristianismo. Sem ela, ns perdemos todosos referenciais para conhecermos a Deus e sua vontade. Para o verdadeiro cris-to, portanto, poucas coisas podem ser mais importantes do que entender amensagem das Escrituras, aplic-la em sua vida e compartilh-la com prximo. Contudo, vivemos em uma sociedade em que os valores so ditados por ou-tros fundamentos. A prpria ideia de que existam valores ou verdades absolutas,como defende o cristianismo, tem sido questionada pelo pensamento ps-mo-derno. A igreja enfrenta o dilema de aceitar os parmetros do mundo ou ouvira voz de Deus por meio de sua Palavra. Porm, vemos que em muitos lugares

    a pregao e o ensino da Bblia esto sendo substitudos por entretenimento eoutras atividades que pouco transmitem a verdadeira mensagem do evangelho.Alm disso, comum ouvirmos pessoas ou igrejas dizerem que valorizam o en-sino e pregao da Bblia, porm sua prtica as desmente. No deixam as Escri-turas falar por si mesmas. Fazem interpretaes foradas e longe do contextooriginal, quando no alegricas. A criatividade, e no a delidade na interpreta -o vista como uma qualidade do professor e do pregador. O ensino e compreenso e cientes das Escrituras so feitos com a ajuda dahermenutica, que fornece diversos princpios e regras para o melhor entendi-mento e aplicao do texto pelo leitor. No meu objetivo, neste curto espao,apresentar estas regras, mas apenas chamar a ateno para algumas verdadesteolgicas fundamentais que todo professor de EBD deve ter em mente quandoestudar, ensinar ou pregar a Bblia. Sem elas, nosso trabalho pode estar seria-mente comprometido, por mais criativos ou atualizados que estejamos. Veja-mos.

    a) A Bblia deve ser lida e ensinada desde uma perspectiva cristolgica Porque decidi nada saber entre vs seno a Jesus Cristo... (1Co 2.2a). Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e so elas

    mesmas que testi cam de mim (Jo 5.39). E, comeando por Moiss, discorrendo por todos os profetas, expunha-

    -lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras. (Lc 24.27). O m da lei Cristo (Rm 10.4).

    Entre os cristos contemporneos existe hoje uma forte tendncia de leituracompartimentalizada da Bblia. Autoajuda, moralismo e teologia da prosperida-de so costumeiramente fundamentados nas narrativas da Bblica hebraica, ouseja, o Antigo Testamento cristo. Grandes lideres, como Davi e Josu, so ensi-nados nas igrejas como exemplos a serem imitados. Sua f, entendida como ummrito prprio, e rmeza so estabelecidas como razo para o sucessodesses

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    personagens, sucesso que est ao alcance do leitor ou ouvinte caso siga essesexemplos. Porm, na maioria dos casos, Jesus Cristo, personagem central da fcrist, sequer mencionado. No se faz relao alguma entre o signi cado doevento Cristo e as narrativas antigas. O Antigo Testamento parece ter autono-mia total na leitura, interpretao, ensino e pregao das Escrituras como um

    todo. Segundo Paulo, toda a Escritura inspirada por Deus e til para o ensino (2Tm3.15). Composta por Antigo e Novo testamentos, a Bblia possui uma mensa-gem nica que uni cada por um tema em especial, na perspectiva crist: JesusCristo. Nesse sentido, no legtimo ensinar as Escrituras sem fazer meno aoseu tema central e uni cador. Assim, para o ensino e pregao das escrituras desde uma autntica perspec-tiva crist, o estudioso realiza dois movimentos. Primeiramente, ele entende amensagem no contexto histrico do prprio texto. No caso do livro de Josu, porexemplo, isso signi ca conseguir discernir a mensagem que o desconhecido es -critor do livro pretendia que o povo de Israel ouvisse. Num segundo momento, ointrprete ter que entender a mensagem do texto dentro da estrutura cannicaem que ele est inserido, inclusive o Novo Testamento, com sua centralidade emJesus Cristo, e toda a histria da redeno . Nesse sentido, correto a rmar queno h nenhuma aplicao direta do texto do Antigo Testamento sem a media-o de Cristo.

    H uma exigncia neotestamentria de que o professor cristo ensine JesusCristo. Isso porque o cristo entende as passagens do Antigo Testamento nocontexto da posterior revelao de Deus no Novo Testamento, que gira em tornode Cristo. Dessa forma, rejeitando a abordagembiogrficaou exemplarista tradicio-nal, que de uma forma geral tem tendncias antropocntricas, banalizadorasdo texto bblico e moralistas, se prope o ensino e pregao das Escrituras deforma cristocntrica, o que envolve as conhecidassete maneiras de pregar aCristo proposta por Sidnei Greidanus: progresso histrico-redentora, promes-sa-cumprimento, tipologia, analogia, temas longitudinais, referncias do NovoTestamento e contraste. Ainda que tenham sido sugeridas para uso na prega-o, so plenamente aplicveis ao ensino da Bblia pelo professor de EBD.

    A progresso histrico-redentora o delineamento da histria de Deus e seurelacionamento com o mundo, mostrando os seus atos criadores e redentores.Nas palavras de Gordon Fee e Douglas Stuart, o nvel superior da histria b-blica, umametanarrativa que demonstra o plano universal de Deus para a suacriao. Comea com a criao do universo e da humanidade, passa pela quedae pelo plano de redeno de Deus mediante a linhagem da mulher, estendendo--se em uma longa histria que passa por Abraao, Moiss e Israel at Cristo,sua igreja e a consumao na nova criao . Os atos redentores se centralizamna morte e ressurreio de Jesus, de forma que apontam para ele e dele para a

    nova criao futura. Nesse sentido, por exemplo, o livro de Josu lido desde

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    uma perspectiva de continuidade dos atos redentores de Deus, onde a terra concedida ao povo escolhido como uma ddiva inteiramente divida. O cenriopara a salvao universal, manifestada sculos depois em Jesus Cristo, vai sendopreparado, com a consolidao do povo e da terra na qual o descendente damulher nascer.

    Mais direto do que a perspectiva da metanarrativa bblica, a abordagempro-messa-cumprimento demonstra que certas promessas do Antigo Testamento secumprem em Jesus Cristo. No caso do livro de Josu, a perspectiva de conquistaintegral da terra e descanso foi apenas parcial e aguarda cumprimento na con-sumao do Reino de Deus por meio de seu lho Jesus. A tipologia outra forma de fazer o Antigo Testamento apontar para Cristo.Eventos, pessoas ou instituies prenunciam o grande Anttipo, a pessoa e obrade Jesus Cristo. O conceito de Greidanus para tipologia, segundo Drio de Ara- jo Cardoso, envolve 4 caractersticas:

    Um tipo autntico histrico, se refere a acontecimentos, pessoas ou institui-es. teocntrico, isto , referese aos atos de Deus em e por meio de pessoase acontecimentos. Exibe uma analogia signi cativa com seu anttipo: deve-seevitar estabelecer a relao atravs de detalhes. Por ltimo, a relao de um tipoautntico com seu anttipo marcada pela progresso. Disso decorre que nose deve dispensar a interpretao histrico-literria, pois esta servir de base in-dispensvel para a interpretao tipolgica correta1 . Nesse sentido, Josu pode ser considerado um tipo de Cristo, na medida emque pre gura seu papel como aquele que venceu os inimigos do povo de Deus:

    o pecado, a morte, Satans, derrotando-os por completo. A terra conquistadapor Josu tipi ca a herana espiritual do cristo, a vida eterna e descanso con -quistadas por Cristo para o cristo. Mais generalizada que a tipologia, a analogia traa um caminho at Cristopor meio de paralelos entre o que Deus prometeu, ensinou ou exigiu de Israele o que Cristo promete, ensina ou exige de sua igreja. Um exemplo do livro deJosu a analogia entre a terra prometida aos Israelitas, concedida pela graade Deus, e o descanso eterno dos santos, tambm concedido pela graa divina. O foco em temas longitudinais outra abordagem possvel, que procura

    discernir temas que esto presentes tanto no Antigo como no Novo Testamento.O juzo de Deus, por exemplo, um tema presente em toda a Bblia, e tambmno livro de Josu, na medida em que a destruio dos cananeus uma manifes-tao desse juzo, bem como a destruio de Ac e sua famlia. A sexta abordagem proposta por Greidanus se fundamenta nas refernciasque o Novo Testamento faz ao Antigo. Muitas vezes essas referncias podem seruma ponte direta at Cristo. No caso de Josu, apenas para exempli car, a eps -tola de Tiago menciona Raabe como um exemplo de ao para o cristo.

    Por m, o contraste ltimo caminho sugerido para levar o texto do AntigoTestamento a Cristo. No livro de Josu, um contraste possvel entre a falha em1 CARDOSO, Drio de Arajo. Uma aborda gem cristocntric a para os sermes biogr cos. Fide s Reformata. So Paulo, vol. XV, n. 1, p. 65-72, 2010., p. 76.

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    conquistar toda a terra e a conquista perfeita e de nitiva da vida eterna pormeio de Cristo. Em resumo, todas as vezes que estamos lendo a Bblia, deveramos nos per-guntar o que a passagem diante de ns est dizendo sobre Jesus ou como elaaponta para Ele. Tudo na Bblia que no falar sobre Jesus serve como um elo em

    uma cadeia de ideias que leva a Jesus. Estas sete abordagens, portanto, so re-levantes para que o pregador e ensinador cristo possa ler, interpretar e expor aBblia, especialmente o AT, respeitando o sentido original do texto, mas tambmnunca perdendo de vista que est desempenhando seu ofcio como um cristo,consciente, portanto, da centralidade do evento Cristo para a compreenso dosentido total das Escrituras.

    b) A leitura cristolgica tambm deve ser cruciforme - Jesus Cristo e estecruci cado (1Co 2.2b) Nossa leitura e ensino bblicos devem no somente ser cristocntricos, mas

    tambm cruciformes, ou seja, conforme a cruz. O prprio Jesus chamou seusseguidores a tomarem sua cruz e segui-lo (Mt 16.24). Mas foi Paulo quem de-senvolveu com maior preciso o que convencionalmente se chama de teologiada cruz, to importante para o movimento evanglico desde a reforma protes-tante. Na sua primeira carta aos Corntios, Paulo entendeu que a di culdade funda -mental daquela igreja era seu triunfalismo. Eles desfrutavam dos dons espiritu-ais, falavam lnguas desconhecidas, realizavam prodgios e maravilhas, mas es-tavam divididos entre si, movidos por inveja e vanglria. Se gloriavam no poderque tinham. O apstolo, ento, resolve confrontar essa atitude e questionar a espirituali-dade dos corntios, dizendo que ela sobretudo sabedoria e poder humanos,ao passo que a sabedoria e poder de Deus contraria essa lgica. Essa sabedoriase manifesta pelo contrario do que : na fraqueza e na loucura humana (a cruz).Vejamos ento como a lgica humana, que a lgica dos corntios, e a lgicade Deus, que a da Cruz, que coloca o ser humano e sua espiritualidade no seudevido lugar. Paulo diz que asabedoria e o poder que a igreja de Corinto vinha valori-zando era nada diante de Deus (1Co 1.22-25). Os judeus pediam sinais miraculosos (1Co 1.22): eles seriam o equivalente aocrente que s quer o re-te-t ou a prosperidade material. Querem milagres,querem o mar vermelho se abrindo, lnguas de anjos. Era por isso que muitos judeus no creram em Jesus. Era um absurdo um Messias sofredor. O messias te-ria que ser algum poderoso, de famlia nobre, vencedor. Os judeus com certezatinham as Escrituras da poca (o AT) em alta conta. O veneravam, procuravamseguir da melhor forma possvel. Mas sua lgica era humana. Esperavam umDeus poderoso, como aquele que abriu o mar Vermelho ou que humilhou o reida Assria no cerco de Jerusalm sob o rei Ezequias. Mas no. Jesus, a Palavra deDeus encarnada, desa ou toda a interpretao que eles faziam.

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    Para essas pessoas, um Deus sofredor um escndalo, porque rompe com sualgica humana que parece espiritual, mas no passa de religiosidade humanaque Deus no aceita. A esses Deus responde que o Cristo cruci cado o poderde Deus para salvao de todo aquele que cr (Rm 1.16). Os gregos buscam sabedoria: essa seria a lgica humana, o legalismo, os nos-

    sos conceitos de justia, de bem e de mal. Os gregos possuam uma sabedoriaso sticada, com pensadores importantes como Plato e Aristteles. Em tica aNicmaco , Aristteles ensina que justia dar a cada um o que seu . Tambmdiz que a pessoa se torna virtuosa pela prtica da virtude. Vou me tornando jus-to conforme pratico aes justas. Consequncia disso a justi cao por obras.Sabedoria humana que rejeita a mensagem da cruz! Ns no conseguimos acei-tar que Deus morreu por ns e nos justi cou por sua justia, no pela nossa.No justo , sermos salvos sem ter que fazer nada, no justo que a justia dealgum nos seja aplicada, no justo que algum morra em nosso lugar, diriamos gregos no passado e os espritas hoje. Deus, porm, no est preso s limitaes dos conceitos e raciocnios huma-nos. Ele livre e soberano. O que podemos entender de Deus, ele revelou nacruz, no na glria segundo padres humanos ou naturais. A cruz demonstra acompleta seriedade do pecado, declara a impotncia da humanidade cada paraalcanar a salvao e expe os erros humanos da hipocrisia. Observem que Paulo fala em 1Co 2.2 que decidiu saber apenas Cristo cruci -cado. NoCristo glorificado ou Cristo ressurreto ou Cristo todo-poderoso . bem verdade que Jesus Cristo tudo isso, mas Paulo quer ensinar que nossomodelo para a vida crist no a glria, mas a humilhao da cruz!!! O Cristoressurreto no substitui o Cristo cruci cado! Nesta vida, o Jesus sofredor nossomodelo. Sua auto-humilhao e sofrimento so justamente o sinal da salvao(Fp 2.8). O apstolo ento apresenta o centro do evangelho: a cruz de Cristo como po-der de Deus. Essa a rmao era inaceitvel para os judeus, gregos e at mesmopara boa parte da igreja. Era um escndalo: como a morte humilhante e terr-vel na cruz pode signi car poder? No seria melhor re etir sobre a ressurreiogloriosa de Jesus? Quem sabe falar dos seus milagres? Ou ento enfatizar seugoverno glorioso como Cristo ressuscitado?

    Vejam que Paulo ressalta que o poder de Deus se manifesta na fraqueza: o es-pinho da carne que no foi tirado de sua vida (2Co 12.8-10). Ali o poder de Deusse aperfeioa: no seu contrario. Ou seja, para ns Deus se revela e nos guia pelocontrario do que ele . A mensagem da cruz quebra com a lgica humana. Pen-samos que podemos encontrar Deus em atos poderosos, mas ele se manifestou justamente na fraqueza e no sofrimento. E ali, e no em outro lugar, que elequer ser conhecido! Antes de compartilhar a vida da ressurreio, temos que participar da mortede Cristo noaqui e agora . Toda a nossa existncia ainda est sob a sombra da

    cruz. A ressurreio d sentido cruz, mas o centro da salvao a cruz, no

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    a ressurreio. Isso signi ca o poder de Deus se aperfeioando no sofrimento.Conhecer a Cristo conhecer seus sofrimentos e sofrer com ele. A vida crist o processo de ser modelado e forjado de novo, segundo a imagem do servo so-fredor, Jesus Cristo. Assim, quando estamosem Cristo , compartilhamos dos seus sofrimentos e

    sua morte, mas um dia, (ainda no!) participaremos de sua gloriosa ressurrei-o. Os dons e milagres, manifestaes poderosas, so apenas sinais antecipa-dos desse dia nal, mas no so um objetivo em si mesmos, nem os fundamen -tos para nossa vida crist. Dessa forma, temos que Deus age na medida em que a cruz de Cristo pre-gada e ensinada como Palavra Dele. Isso signi ca que a mensagem da Bblia possui uma lgica prpria, absurdapara os que se perdem. Essa compreenso da natureza da mensagem bblicatem profundas consequncias sobre o mtodo de interpretao bblica: no de-vemos deixar que a loso a ou os conceitos de sabedoria humana determi-nem a interpretao das Escrituras. As Escrituras interpretam a prpria Escritura.A histria bblica deve ser vista a partir da cruz. A cruz no somente um de-talhe triste, mas o corao do evangelho e da vida crist. Temos que ter muitocuidado com nossas concluseslgicas que extramos da Palavra de Deus. Nopodemos interpretar textos bblicos de uma forma que nos parea maisjusto ou agradvel segundo nossos pensamentos, pois sempre temos a tendncia denegarmos a cruz em nossas vidas e em nosso ensino, para sermos mais agrad-veis aos alunos. Temos uma tendncia de no deixar a Bblia falar, de for-la ase adaptar aos nossos conceitos. Por isso a mensagem da cruz eraescndalo para os judeus e loucura para os gregos . Na interpretao judaica e na loso agrega no fazia sentido algum um Messias sofredor ou um Deus que se mani-festa na fraqueza e em um povo marginalizado. Outra consequncia importante que a Bblia se revela su ciente luz da teo -logia da cruz. Artifcios retricos ou loso a so desnecessrios para dar sentido mensagem evangelho. O que o mundo diz no pode determinar o que Deusnos diz por sua Palavra. Se nossos problemas ou a necessidade de agradar osouvintes forem mais importantes que a mensagem da Palavra, acabaremos porfora-la a se adaptar aos nossos anseios e desejos pecaminosos e egostas.

    Lutero dizia que "quem quiser losofar sem perigo em Aristteles precisa an -tes tornar-se bem tolo em Cristo". Ou seja, devemos deixar as Escrituras falaremde acordo com sua lgica, devemos evitar impor nossos conceitos, ou os con-ceitos do mundo, ou conceitos los cos de Deus ou ser humano sobre o textosagrado.

    Menciono aqui um exemplo de ingerncia indevida do pensamento humanosobre a interpretao bblica: para o mundo politicamente correto, Deus amor,s isso. No h juzo, santidade moral, no h conduta a ser exigida do ser hu-mano a no ser a tolerncia . Assim, os professores que se deixam levar por

    esta viso acabam distorcendo a mensagem da Bblia, dando origem teologia

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    gay , por exemplo. As Escrituras so totalmente reinterpretadas para admitir emotivar a prtica do homossexualismo ou de conceitosalternativos de famlia.O desejo de ser agradvel ao mundo, a in uncia da cosmoviso inclusiva quea sociedade secular impe aos cristos acaba levando a distores deste tipo. Tambm temos o problema da chamadaleitura egosta das Escrituras, que

    desconsidera o fato de que ela foi Escrita para todo o povo de Deus, e no so-mente para mim, para o meu bem . Um exemplo de leitura egosta e no cru-ciforme da Bblia usar o texto de Romanos 8.28, que nos ensina quetodas ascoisas cooperam para o bem de quem ama a Deus e pensar que Deus vai fazertudo o que eu imagino que seja bom para mim. Assim, Deus no me vai deixar

    car doente, no vai permitir que eu tenha problemas de relacionamento, vaime dar um timo trabalho, riquezas, uma linda famlia, etc. Porm, o contextoda passagem (v. 29) deixa bem claro que otodas as coisas se refere ao nossocrescimento imagem de Cristo, custe o que custar (problemas pessoais, di -culdades nanceiras, doenas, etc.). Ou seja, a mensagem que Deus nos quertransformar imagem de Cristo, e no meramente nos dar uma vida tranquila! A cruz, portanto, desa a nossas prprias interpretaes bblicas, assim comotodos os nossos preconceitos e desejos. por isso que devemos sempre reavaliarnossas interpretaes luz da cruz. A cruz pe por terra nosso egosmo, nossastentativas de justi car nosso pecado, nossa ganncia, nosso compromisso como mundo.

    CONSIDERAES FINAIS O ensino e caz das Escrituras passa por trs importantes etapas, que no po -dem ser negligenciadas:

    1- O signi cado do texto no seu sentido original (exegese)2- O signi cado do texto para mim (devocional)3- Compartilhamento do signi cado do texto para mim aos outros (homi-

    ltica e ensino). Ou seja, primeiro tenho que saber o que o texto signi ca em seu contextooriginal. Depois, preciso aplic-lo minha vida hoje. Mas as escrituras devem

    ser compartilhadas, elas no foram escritas para que guardemos para ns a suamensagem. Ento, e somente ento, entra o terceiro ponto, o compartilhar, pormeio do ensino e da pregao, a mensagem para os outros. Se zermos comomuitos fazem, de ir direto para o terceiro ponto, sem tentar entender o texto noseu contexto original e aplicar em sua prpria vida, nos tornaremos subjetivos,super ciais e julgadores, pensando que o texto diz respeito aos problemas dosoutros, mas nunca aos nossos. A pessoa que se xa somente no primeiro ponto, contudo, se torna um erudi -to que no compreendido por ningum, a no ser pelos pro ssionais do meio

    acadmico e teolgico. J aquele que se xa somente no segundo ponto, falha

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    no mandamento de Jesus na grande comisso: ir e fazer discpulos, o que pres-supe a comunicao da verdade do evangelho, descoberta por meio da Pala-vra. Para entendermos o signi cado do texto, temos que ter em mente a simplici -dade e clareza das Escrituras. A clareza tem a ver com a mensagem das Escritu-

    ras, que evidente para todo aquele que a entende e iluminado pelo EspritoSanto. Porm, existe um abismo entre a poca em que os livros foram escritose a nossa poca. Esse abismo s superado por meio do estudo detalhado dasescrituras e do seu contexto, seus aspectos lingusticos, gramaticais, histricos,geogr cos, culturais, etc. Essa compreenso do sentido original das Escriturase sua transposio para nossos dias no simples, mas est acessvel a qualquerpessoa que se dispuser a buscar e se esforar para tanto. obrigao de um pro-fessor de EBD ou pregador, portanto, cavar fundo para buscar as profundezasda mensagem do evangelho sem distorc-lo. Para tanto, o professor deve adqui-rir comentrios, Bblias de Estudo, dicionrios teolgicos, obras de referncia,atlas, gramticas e lxicos das lnguas originais, etc. Outro ponto importante que TODA a Bblia deve ser ensinada e estudada,no somente partes dela. Somente vamos conhecer a vontade de Deus se bus-carmos entender TUDO o que ele revelou. Por isso, o professor deve buscar sem-pre ensinar toda a Bblia, no somente alguns evangelhos, ou algumas epstolas,ou o NT, ou os Salmos. Tudo importante. Sendo Palavra de Deus, no devemoslimitar seu estudo apenas quilo que achamos que bom para ns ou quenos emociona. Cada um dos seus livros revela algo sobre o carter e as aesdo Deus que adoramos. Ao longo dos anos, portanto, os alunos devem ter vistotoda a Escritura. Por isso, minha sugesto que o professor promova planos deleitura de toda a Bblia com os alunos, sempre os acompanhando e motivando,promovendo grupos de discusso com ampla participao, etc. Portanto, o ensino e ciente das Escrituras passa pelo reconhecimento de quea Bblia deve ser lida por inteiro, cristologica e cruciformemente. O professor elbuscar a mensagem das Escrituras no seu contexto original, mas sempre ten-do em vista a centralidade de Cristo e da cruz. Tambm aplicar a mensagema si mesmo antes de transmiti-la para seus alunos. Aps, e somente aps esteintenso trabalho, usar todos os meios disponveis para melhor contextualizare explicar o sentido do texto bblico aos seus alunos. A delidade na busca dosentido original e aplicao fundamental para a e cincia do ensino bblico,pois Deus se agrada daqueles que buscam ouvir sua voz com sinceridade, e pormeio do nosso esforo, o Esprito Santo comunicar sua Palavra aos alunos.

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    TRADIO EMEDUCAOTEOLGICA

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