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INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES 1. Conceito Em sentido amplo a palavra sucessão significa o ato pelo qual uma assume o lugar de outra, substituindo-a na titularidade de determ EX. na compra e venda onde o comprador sucede ao vendedor, adquirindo todos os direitos que a este pertenciam. Neste caso temos exemplo de sucessão inter vivos. No Direito das Sucessões, o vocábulo é empregado em sentido estri designar tão somente a decorrente de morte de alguém, ou seja, su causa mortes. A expressão latina de cujus é abreviatura da frase de cujus sucessione agitur, que significa “aquele de cuja sucessão (herança) se trata”. Segundo Orlando Gomes Direito da Sucessão é “a parte especial do que regula a destinação do patrimônio de uma pessoa depois de sua Esse conceito refere-se apenas a pessoas naturais, não alcançando as pessoas jurídicas, uma vez que não tem a natureza de disposição d vontade os preceitos estatutários que regulam o destino do patrim Segundo Carlos Maximiliano “direito das sucessões, em sentido obj conjunto das normas reguladoras da transmissão dos bens e obrigaç indivíduo em conseqüência da sua morte. No sentido subjetivo, mais propriamente se diria direito de suceder, isto é, de receber o ac hereditário de um defunto”. Na sucessão ocorre a transferência do patrimônio do falecido, ou e do passivo. Observe que as obrigações personalíssimas se extinguem com a mort falecido. 2. Evolução Histórica O direito sucessório remonta a mais alta antiguidade, sempre liga continuidade da religião e da família. Em Roma, na Grécia e na Índia o culto aos antepassados desenvolvi diante do altar doméstico, não havendo castigo maior que falecer quem cultue a memória. Era essa a razão por que a sucessão durante muito tempo somente pelalinha masculina, visto o filho ser o sacerdote da religião domestica, e quem assim recebia a herança da família. Aí a explic regra segundo a qual a herança se transmite ao primogênito varão. 1

apostila de Sucessões

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1 INTRODUO AO DIREITO DAS SUCESSES 1. Conceito Em sentido amplo a palavra sucesso significa o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens. EX. na compra e venda onde o comprador sucede ao vendedor, adquirindo todos os direitos que a este pertenciam. Neste caso temos exemplo de sucesso inter vivos. No Direito das Sucesses, o vocbulo empregado em sentido estrito, para designar to somente a decorrente de morte de algum, ou seja, sucesso causa mortes. A expresso latina de cujus abreviatura da frase de cujus sucessione agitur, que significa aquele de cuja sucesso (herana) se trata. Segundo Orlando Gomes Direito da Sucesso a parte especial do direito civil que regula a destinao do patrimnio de uma pessoa depois de sua morte. Esse conceito refere-se apenas a pessoas naturais, no alcanando as pessoas jurdicas, uma vez que no tem a natureza de disposio de ultima vontade os preceitos estatutrios que regulam o destino do patrimnio social. Segundo Carlos Maximiliano direito das sucesses, em sentido objetivo, o conjunto das normas reguladoras da transmisso dos bens e obrigaes de um indivduo em conseqncia da sua morte. No sentido subjetivo, mais propriamente se diria direito de suceder, isto , de receber o acervo hereditrio de um defunto. Na sucesso ocorre a transferncia do patrimnio do falecido, ou seja, do ativo e do passivo. Observe que as obrigaes personalssimas se extinguem com a morte do falecido. 2. Evoluo Histrica O direito sucessrio remonta a mais alta antiguidade, sempre ligado a idia de continuidade da religio e da famlia. Em Roma, na Grcia e na ndia o culto aos antepassados desenvolvia-se diante do altar domstico, no havendo castigo maior que falecer sem deixar quem cultue a memria. Era essa a razo por que a sucesso durante muito tempo transmitia-se somente pela linha masculina, visto o filho ser o sacerdote da religio domestica, e quem assim recebia a herana da famlia. A a explicao da regra segundo a qual a herana se transmite ao primognito varo.

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A lei das XII Tbuas concedia absoluta liberdade ao pater famlias de dispor dos seus bens para depois da morte. Mas se falecesse sem deixar testamento, a sucesso se devolvia, seguidamente, a trs classes de herdeiros: - sui (eram os filhos sob o poder do pater os filhos, os netos). - agnati (eram os parentes mais prximos do falecido, o colateral de origem exclusivamente paterna, como o irmo consangneo, o tio que fosse filho do av paterno, e o sobrinho, filho deste mesmo tio). - gentiles (grupo familiar em sentido amplo). No Cdigo de Justiniano, a sucesso legtima passa a fundar-se unicamente no parentesco natural, estabelecendo-se a seguinte ordem: - os descendentes, - os ascendentes, em concurso com os irmos e irms bilaterais, - os irmos ou irms, consangneos ou uterinos, - outros parentes colaterais. No direito germnico era desconhecida a sucesso testamentria. Somente os herdeiros pelo vinculo de sangue eram considerados verdadeiros e nicos herdeiros. Na Frana, desde o sculo XIII fixou-se o droit de saisine, instituio de origem germnica, pelo qual a propriedade e a posse da herana passam aos herdeiros, com a morte do hereditando. O principio do saisine foi introduzido no direito portugus pelo Alvar de 09 de novembro de 1754, reafirmado pelo Assento de 16 de fevereiro de 1786. A Consolidao das Leis Civis, de Teixeira de Freitas, no art. 978, e o Cdigo Civil de 1916, no art. 1572, que dispunham: aberta sucesso, o domnio e a posse da herana transmitem-se, desde logo, aos herdeiros legtimos e testamentrios. Filiou-se tal diploma ao sistema germnico-francs. A Constituio Federal/88 trouxe importantes disposies atinentes ao direito sucessrio: - art. 5, XX, que inclui entre as garantias fundamentais o direito a herana, - art. 227, 6, que assegura a paridade de direitos, inclusive sucessrios, entre todos os filhos, havidos ou no da relao do casamento, assim, como por adoo. As Leis 8.971/94, e 9.278/96, regularam o direito a sucesso entre companheiros. A Lei 10.050/00 acrescentou o 3 ao art. 1.611 CC/16, atribuindo ao filho deficiente incapacitado para o trabalho igual direito concedido no 2 ao cnjuge casado pelo regime da comunho universal, qual seja, o direito real de habitao. Por fim, a Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, instituiu o vigente Cdigo Civil, o qual apresentou vrias mudanas.

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3. Terminologias O Direito das Sucesses possui uma terminologia peculiar. - Autor da herana: o falecido. De quem a sucesso se trata. Sucessores: Aqueles que so chamados para continuar as relaes jurdicas do falecido. Podem ser a ttulo universal (herdeiro), que concorrem no todo, ou a ttulo singular (legatrio), que recebe bem certo e determinado. Herdeiro testamentrio: Contemplado em testamento. Herdeiro legtimo: Contemplado na ordem de vocao hereditria. Podem ser necessrios (descendente, ascendente, e cnjuge) ou facultativos (colaterais). Inventrio: Processo judicial tendente a promover a diviso do patrimnio dividido entre os sucessores. Pode ser substitudo por arrolamento. Arrolamento Sumrio: D-se atravs de transao entre as partes. Pressupe a capacidade de todos os herdeiros. Independe do valor do monte hereditrio. Arrolamento Comum: Independe do consenso entre os herdeiros. Ocorre quando a totalidade do patrimnio no ultrapassa 2000 ORTNs (Obrigaes Reajustveis do Tesou Nacional), correspondentes 13.840 BTNs (Bnus do Tesouro Nacional) Herana: Tambm chamada de acervo, massa ou monte hereditrio. o total do patrimnio transmitido.

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4. Contedo do Direito das Sucesses A CF/88 assegura, em seu art. 5, XXX, o direito de herana. O Cdigo Civil disciplina o direito das sucesses em quatro ttulos, que tratam, respectivamente, da sucesso em geral, da sucesso legtima, da sucesso testamentria e do inventario e partilha. O Ttulo I abrange normas concernentes administrao da herana, sua aceitao e renncia, vocao hereditria e aos legitimados a suceder, herana jacente, petio de herana, bem como aos excludos da sucesso por indignidade. Tais regras aplicam-se quer sucesso decorrente da lei, quer derivada de testamento.

4 O Ttulo II trata da sucesso legtima, ou seja, da que opera por fora de lei em favor das pessoas constantes da ordem de vocao hereditria, quer por direito prprio, que por direito de representao. O Ttulo III cuida da sucesso testamentria. Contm regras atinentes a transmisso de bens por ato de ultima vontade. O Ttulo IV cuida do inventrio e partilha, alm de dispor sobre sonegados.

SUCESSO EM GERAL 1. Abertura da Sucesso Art. 1.784 do CC: aberta a sucesso, a herana transmite-se, desde logo, aos herdeiros legtimos e testamentrios. No Cdigo Civil de 1916 falava-se em transmisso de domnio e posse da herana, o que possua uma acepo restrita aos bens corpreos, enquanto hoje o vocbulo herana possui uma interpretao ampla, abrangendo todo o patrimnio do de cujus. A existncia de uma pessoa natural termina com sua morte real art. 6 do CC. No mesmo instante em que acontece a morte real da pessoa natural, transmitese a herana aos herdeiros legtimos e testamentrios do de cujus, sem soluo de continuidade ainda que estes ignorem o fato. No h que falar em herana de pessoa viva, embora possa ocorrer a abertura da sucesso do ausente, presumindo-se sua morte art. 26 e s. do CC. Pressupostos da sucesso: a- que o de cujus tenha falecido; b- que lhe sobreviva herdeiro. A lei prev, ainda, a abertura da sucesso no caso de morte presumida do ausente art. 6 CC. Vamos l: Morte presumida: H casos em que no foi possvel encontrar o cadver para exame, nem h testemunhas que presenciaram ou constataram a morte, mas extremamente provvel a morte de quem estava em perigo de vida. Nesses casos, no h certeza da morte, mas se houver um conjunto de circunstncias que indiretamente induzam a certeza, a lei autoriza ao juiz a declarao da morte presumida.

5 Morte presumida sem declarao de ausncia: O Cdigo Civil de 2002 autoriza ao juiz a declarao de morte presumida quando for extremamente provvel a morte de quem estava em perigo de vida. Outra hiptese, em que se autoriza a declarao de morte presumida quando algum, desaparecido em campanha (ao militar) ou feito prisioneiro, no for encontrado at dois anos aps o trmino da guerra art. 7 CC. Segundo o Cdigo Civil, assim como o bito dever ter assento em Registro Pblico (art. 9, I, CC), tambm a declarao de morte presumida ser registrada (art. 9, IV, CC). Morte presumida com declarao de ausncia: Ausncia um estado de fato, em que uma pessoa desaparece de seu domiclio, sem deixar qualquer notcia. Fase da curadoria - Se o ausente possuir bens, e no tiver constitudo, antes de seu desaparecimento, representante, procurador ou mandatrio, com poderes suficientes e sem impedimento, para administrar todos os seus bens, haver um patrimnio com titular, mas sem quem administre. Nesse caso, qualquer interessado, que para Maria Helena Diniz, no precisa ser parente, bastando que tenha interesse pecunirio, ou o Ministrio Pblico podero requerer ao juiz que declare a ausncia e nomeie curador para administrar os bens do ausente. Da mesma forma acontece com o ausente que deixar representante que se recuse ou no possa exercer ou continuar o mandato, seja pelo trmino do prazo do mandato, seja por no serem os poderes deferidos ao mandatrio suficientes para a administrao de todo o seu patrimnio. Em qualquer dessas hipteses, o juiz poder declarar a ausncia e lhe nomear curador, conforme o art. 23 do Cdigo Civil. O juiz, ao declarar a ausncia, mandar arrecadar os bens do ausente, que ficaro sob a responsabilidade do curador nomeado. Feita a arrecadao, o juiz mandar publicar editais durante um ano, de dois em dois meses, anunciando a arrecadao e chamando o ausente a retomar na posse de seus bens, nos termos dos arts. 1.160 e 1.161, ambos do CPC. Sucesso provisria - nos termos do art. 26, CC: Decorrido um ano da arrecadao dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando trs anos, podero os interessados requerer que se declare a ausncia e se abra provisoriamente a sucesso. A sentena que determinar a abertura da sucesso provisria s produzir efeitos depois de 180 dias de publicada pela imprensa. Trata-se de um prazo suplementar concedido ao ausente, que talvez agora, ao ter cincia das conseqncias mais amplas de seu silncio, resolva aparecer (Silvio Rodrigues, 2006, p. 80). Depois desse prazo, quando passar em julgado, possvel proceder abertura de testamento, se houver, e ao inventrio e partilha de bens, como se morto estivesse o ausente. Aps o trnsito em julgado da sentena que determinar a abertura da sucesso provisria, se passar trinta dias sem que comparea algum dos interessados para requerer a abertura do inventrio e a partilha de bens, aplicar-se-o as regras previstas para herana jacente, que, conforme os arts. 1.819 a 1.823 do Cdigo Civil. Se, o ausente aparecer, e ficar provado que a ausncia foi voluntria e injustificada, ele perder, em favor dos sucessores provisrios, a parte que lhe caberia nos frutos e rendimentos. Apenas ter direito ao patrimnio original. Maria Helena Diniz interpreta essa regra como uma sano ao ausente. Portanto, o ausente, caso regresse, ter de demonstrar que sua ausncia foi involuntria ou justificada, para que receba, alm de seu patrimnio original, ou das garantias prestadas, tambm

6 metade dos frutos e rendimentos capitalizados pelos sucessores provisrios que o deviam. Caso no consiga demonstrar a involuntariedade ou justificativa plausvel, perder, em favor dos sucessores, tambm a metade capitalizada dos frutos e rendimentos. A sucesso provisria cessa com o aparecimento do ausente, com a prova da sua existncia com vida, ou com a sua transformao em sucesso definitiva. Se o ausente aparecer, mandar notcias suas, ou se lhe provar a existncia, cessaro para logo as vantagens dos sucessores provisrios, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratrias necessrias, at a entrega dos bens ao ausente. Sucesso definitiva - O art. 37 do Cdigo Civil prev o prazo de dez anos aps o trnsito em julgado da sentena que abrir a sucesso provisria. Ou seja, vejamos que nesse momento j houve a fase de curadoria dos bens do ausente, que durou um ou trs anos, conforme o caso; e a fase da sucesso provisria, que aps cento e oitenta dias da sentena, durou pelo menos dez anos. Assim, o prazo real para que se declare aberta a sucesso definitiva dos bens do ausente no menor que onze anos e meio do desaparecimento do ausente. A probabilidade de que tenha falecido imensa, sendo reduzidssima a possibilidade de seu retorno (Silvio Rodrigues, 2006, p. 81). Outra hiptese legal em que se considera a grande probabilidade do no retorno do ausente quando ele possui oitenta anos de idade, e que de cinco datam as ltimas notcias dele. Nesse ponto, considera-se a medida de vida da pessoa, mesmo que no tenha havido anteriormente sucesso provisria (DINIZ, 2008, p. 80). Nessa hiptese, a lei autoriza que se abra a sucesso definitiva. Nesse momento, os sucessores que capitalizaram metade dos frutos e rendimentos tero direito a resgat-los, e podero utiliz-los como queiram. E a partir de ento, todos os sucessores tero direito a todos os frutos e rendimentos dos bens gerados pelo respectivo quinho. Com a sucesso definitiva, os sucessores podero utilizar os bens como bem entendam, no mais havendo restrio para alienar ou hipotecar tais bens. Pode-se dizer que tal sucesso quase definitiva, pois a lei ainda admite a hiptese, agora remotssima, do retorno do ausente (Silvio Rodrigues, 2006, p. 82). O Cdigo Civil garante ao ausente que regressar nos dez anos seguintes abertura da sucesso definitiva, ou qualquer de seus herdeiros necessrios, o direito aos bens existentes no estado em que se acharem, aos sub-rogados em seu lugar, ou ao preo que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Ter o mesmo direito o ascendente ou descendente do ausente, que aparecer at dez anos aps a abertura da sucesso definitiva. Aps esse prazo de dez anos da abertura da sucesso definitiva, se o ausente regressar, surge a dvida sobre a que direitos ter, pois o Cdigo Civil omisso, e somente prev o caso de o ausente regressar durante os dez anos aps a sentena que abrir a sucesso definitiva. Se o ausente, ou qualquer de seus herdeiros necessrios, que regressar depois desse prazo, no mais ter direito a nada, como o entendimento de Maria Berenice Dias e Arnaldo Rizzardo, pois o prazo de dez anos a que se refere o art. 39 do Cdigo Civil decadencial. Assim, para se garantir a segurana jurdica, o direito adquirido dos sucessores e de terceiros. S ento aps dez anos da abertura da sucesso definitiva os sucessores atingem a plenitude da propriedade (RIZZARDO, 2008, 245).

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Ausente a pessoa que desaparece de seu domiclio sem dar noticia de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os bens art. 22 CC. A lei autoriza os herdeiros do ausente, num primeiro momento, a ingressarem com o pedido de declarao de ausncia (art. 22 CC). Passados um ano da arrecadao dos bens do ausente, ou trs anos, quando houver deixado representante, os herdeiros podero requerer a abertura da sucesso provisria (art. 26 CC). Se depois de passados 10 anos da sentena transitada em julgado que decretou a abertura da sucesso provisria, o ausente no tiver retornado, ou no se tiver confirmao de sua morte, os herdeiros podero requerer a sucesso definitiva, que tambm ter durao de 10 anos (art. 37 CC). Pode-se ainda, requerer a sucesso definitiva, provando-se que o ausente, conta com 80 anos de idade, e que de 05 anos datam sua ultima notcia art. 38 CC. No caso do corpo do de cujus no se encontrado, por ter desaparecido em naufrgio, inundao, incndio, terremoto ou outra catstrofe, a Lei de Registros Pblicos n 6.015/73 prev uma procedimento de justificao. O CC/02 em seu art. 7, I e II, amplia as hipteses da Lei de Registros Pblicos, utilizando uma expresso genrica se for extremamente provvel a morte...

2. Momento da transmisso da herana A comorincia Segundo Zeno Veloso: a morte, a abertura da sucesso e a transmisso da herana aos herdeiros ocorrem num s momento. Os herdeiros, por essa previso legal, tornam-se donos da herana ainda que no saibam que o autor da sucesso morreu, ao que a herana lhes foi transmitida. Mas precisam aceitar a herana, bem como podem repudi-la, at porque ningum herdeiros contra sua vontade. Mas a aceitao tem o efeito como diz o art. 1.804 de tornar definitiva a transmisso que j havia ocorrido por fora do art. 1.784. E, se houver renncia por parte do herdeiro, tem-se por no verificada a transmisso mencionada no mesmo artigo (art. 1.804, nico do CC). A abertura da sucesso tambm denominada delao ou devoluo sucessria. Segundo Lacerda de Almeida: devolve-se a herana aos herdeiros necessrios; aos testamentrios defere-se.

8 Existem casos onde o de cujus e o herdeiro falecem em condies que impossibilitam precisar qual deles faleceu em primeiro lugar. Essas hipteses so chamadas de comorincia art. 8 CC: se dois ou mais indivduos falecerem na mesma ocasio, no se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu os outros, presumir-se-o simultaneamente mortos. Comorincia significa presuno de morte simultnea de duas ou mais pessoas. O nus de quem alega. O principal efeito da presuno de morte simultnea que, no tendo havido tempo para a transferncia de bens entre os comorientes, um no herda do outro. EX. em determinado acidente morre casal sem descendentes e ascendentes, sem saber qual morreu primeiro, um no herda do outro. Assim, os colaterais da mulher ficaro com sua meao, e os colaterais do marido, com a meao dele. Vale mencionar que as mortes, em tese, podem ocorrer em locais distintos. EX. "um casal recm casado, moradores de Linhares/ES, morreu neste fim de semana em dois acidentes de trnsito diferentes ocorridos na mesma hora. Mauro Silva, 29 anos, morreu por volta da meia-noite de sbado quando sua moto chocou-se contra um poste em um cruzamento. O homem morreu quando era levado numa ambulncia ao hospital. Praticamente ao mesmo tempo, o carro de sua esposa, Carla Silva, 27 anos, saiu da estrada em uma rea perifrica da cidade e caiu em um fosso. Carla morreu na hora.

3. Transmisso da herana: o princpio da saisine Segundo o art. 1.784 CC, aberta a sucesso, a herana transmite-se, desde logo, aos herdeiros. Segundo o princpio da saisine o prprio defunto transmite ao sucessor propriedade e a posse da herana. Em decorrncia do princpio da saisine, regular a sucesso e a legitimao para suceder a lei vigente ao tempo da abertura da sucesso art. 1.787 CC. A lei do dia da morte rege todo o direito sucessrio. No pode lei nova disciplinar sucesso aberta na vigncia da lei anterior. Tambm segundo ao principio da saisine, o herdeiro que sobrevive ao de cujus, ainda que por um instante, herda os bens por este deixados e os transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida.

9 Visto a transmisso da herana acontecer no momento da morte, nessa ocasio que devem ser verificados os valores do acervo hereditrio, para determinar o imposto de transmisso causa mortis Smula 112 STF: o imposto de transmisso causa mortis devido pela alquota vigente ao tempo da abertura da sucesso. O droit de saisine ou o princpio de saisine, no se trata de um princpio absoluto quanto aos legatrios, pois adquirem a propriedade dos bens infungveis desde a sucesso, porm quanto aos bens fungveis s os adquire atravs da partilha e verificada a solvncia do respectivo esplio. Com a morte acontece: 1 abertura da sucesso; 2 transmisso da herana aos herdeiros; 4. Espcies de sucesso e de sucessores 4.1. Sucesso legtima e testamentria Art. 1.786 CC: a sucesso d-se por lei ou por ato de ltima vontade. A sucesso que acontece em virtude da lei denomina-se sucesso legtima. A sucesso que acontece em decorrncia de ato de ltima vontade denominase testamentria. Morrendo uma pessoa ab intestato (sem testamento) transmite-se a herana a seus herdeiros legtimos, indicados no art. 1.829 CC, de acordo com uma ordem preferencial, denominada ordem de vocao hereditria. Tambm ser legitima a sucesso caso o testamento caduque ou for julgado nulo art. 1.788 CC. A sucesso pode ser tambm simultaneamente legitima e testamentria quando o testamento no compreender todos os bens do de cujus, pois os no includos passaro a seus herdeiros legtimos art. 1788, 2 parte. A sucesso testamentria da-se por disposio de ultima vontade. Havendo herdeiros necessrios (descendentes, ascendentes ou cnjuge), dividi-se a herana em duas partes iguais e o testador s poder dispor livremente em testamento de metade, a denominada parte disponvel , para outorga-la a quem quiser, pois a outra metade constitui a legitima, daqueles assegurados no art. 1846 CC. 4.2. Liberdade de testar Havendo herdeiros necessrios art. 1.845 (descendentes, ascendentes e cnjuge), a herana divide-se em duas partes iguais e o testador somente poder dispor livremente de metade, chamada de poro disponvel, pois a

10 outra ser metade constitui a legitima dos herdeiros necessrios art. 1.846 CC. No havendo herdeiros necessrios, plena e a liberdade do testador, podendo o testador excluir os herdeiros colaterais art. 1.850 CC. O herdeiro necessrio no pode ser privado da legitima, a menos que ocorra algum caso de deserdao art. 1961 CC. 4.3. Sucesso a ttulo universal e a ttulo singular Sucesso a ttulo universal quando o herdeiro chamado a suceder na totalidade da herana, frao ou alquota dela. Ocorre tanto na sucesso legitima como na testamentria. Sucesso a ttulo singular o testador deixa ao beneficirio um bem certo e determinado, denominado legado, como um cavalo por exemplo. A sucesso legitima sempre a titulo universal. J a testamentria pode ser a ttulo universal ou singular. 4.4. Sucesso contratual No pode ser objeto de contrato herana de pessoa viva art. 426 CC. Exceo art. 2.018 CC: valida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de ultima vontade, contanto que no prejudique a legitima dos herdeiros necessrios. No direito romano esse procedimento tambm era condenado, e era denominado de pacta corvina. 4.5. Espcies de sucessores - Sucessor legtimo o indicado pela lei, em ordem preferencial art. 1.829 CC. Estes se dividem em necessrios: que so os descendentes, acedentes e o cnjuge - art. 1.845 CC; e facultativos, que so os colaterais at o 4 grau. - Testamentrio ou institudo o beneficiado pelo testador em ato de ltima vontade, com parte ideal do acervo, sem indicao de bens. - Legatrio o beneficiado pelo testador em ato de ltima vontade, com um bem certo de determinado do acervo hereditrio. OBS: todo herdeiro necessrio legitimo, mas nem todo herdeiro legitimo necessrio. 5. Lugar da abertura da sucesso

11 Art. 1.785 CC: a sucesso abre-se no lugar do ultimo domicilio do falecido. A lei determina o lugar da abertura da sucesso recorrendo ao ltimo domiclio do falecido, porque presume que a esteja a sede principal dos interesses e negcios do de cujus; a abertura da sucesso no ltimo domiclio determina a competncia do foro para os processos atinentes herana (inventrio, petio de herana) e para as aes dos co-herdeiros legatrios e credores relacionados com os bens da herana. No se cogita do lugar em que se deu o bito, mas do ltimo domiclio do cujus. Domiclio o lugar onde estabeleceu sua residncia com nimo definitivo. Este art. deve ser combinado com o art. 96 e pargrafos do CPC. Domicilio incerto: Art. 96 nico, inciso I: caso o falecido tenha domicilio incerto, ser competente para a abertura do inventrio o foro da situao dos bens. Bens situados em locais diversos: Art. 96 nico, inciso II: caso os bens estejam em locais diversos, ser competente para abertura do inventrio o lugar do bito. Pluralidade de domiclios: Art. 94 1: havendo pluralidade de domiclios ser competente qualquer um dos domiclios do falecido. A jurisprudncia dominante no sentido de que a incompetncia de qualquer outro juzo ser relativa, podendo assim ser prorrogada ante o silencio dos interessados 2 Seo do STJ: a competncia para o processo sucessrio relativa no podendo ser arguida de oficio. Os art. 1043 e 1.044 do CPC tratam dos casos onde se processam inventrios conjuntos. Quanto competncia internacional, o art. 89 CPC dispe que somente se proceder a inventrio no Brasil, se o brasileiro ou o estrangeiro tiver deixado bens situados no Brasil. Se forem feitos inventario e partilha de bens situados no Brasil em pais estrangeiro, essa sentena no ter validade no Brasil, a no produzir litispendncia. OBS: IMPORTANTE: MAS COMO SE PROCEDER QUANDO O MORTO DEIXOU BENS NO BRASIL E NO EXTERIOR? Para definir o alcance extraterritorial da justia brasileira, a 3 Turma do STJ nada mais fez que aplicar mesma regra do art. 89, II, do CPC: Se o ordenamento jurdico ptrio impede ao juzo sucessrio estrangeiro de cuidar de bens aqui situados, mveis ou imveis, em sucesso mortis causa,

12 em contrrio senso, em tal hiptese, o juzo sucessrio brasileiro no pode cuidar de bens sitos no exterior, ainda que passvel a deciso brasileira de plena efetividade l. Em suma, eis o raciocnio utilizado: se a justia estrangeira no pode inventariar bens situados no Brasil (art. 89, II, do CPC), tambm no pode a justia brasileira inventariar bens localizados no estrangeiro (auto-limitao que abarca tanto bens imveis quanto mveis, vez que o caso versava sobre eventuais depsitos bancrios).Lei aplicvel LICC, Art. 10. A sucesso por morte ou por ausncia obedece lei do pas em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situao dos bens. Par. 1. A sucesso de bens de estrangeiros, situados no Pas, ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do de cujus. Par. 2. A lei do domiclio do herdeiro ou legatrio regula a capacidade para suceder.

JULGADOS: AGRAVO DE INSTRUMENTO - Inventrio - Alegao de ocultao de bens no exterior pela Inventariante - Deciso Judicial determinando Depsito dos Bens no Prazo de 48 horas - Infringncia ao Artigo 89, II do Cdigo de Processo Civil - Deciso Reformada - Agravo Provido. "Adotado no ordenamento jurdico ptrio o princpio da pluralidade de juzos sucessrios, invivel se cuidar, em inventrio aqui realizado, de eventuais depsitos bancrios existentes no estrangeiro" (REsp 397769 Rei. Min. NANCY ANDRIGHI).PARTILHA DE BENS. BENS SITUADOS NO ESTRANGEIRO. PLURALIDADE DOS JUIZOS SUCESSORIOS. ART-189, II DO CPC. PARTILHADOS OS BENS DEIXADOS EM HERANA NO ESTRANGEIRO, SEGUNDO A LEI SUCESSORIA DA SITUAO, DESCABE A JUSTIA BRASILEIRA COMPUTA-LOS NA QUOTA HEREDITARIA A SER PARTILHADA, NO PAIS, EM DETRIMENTO DO PRINCPIO DA PLURALIDADE DOS JUIZOS SUCESSORIOS, CONSAGRADA PELO ART-89, II DO CPC. RECURSO EXTRAORDINRIO CONHECIDO E PROVIDO, EM PARTE. (STF RE 99230-RS).

Emenda: Processual Civil. Inventrio. Requerimento para expedio de carta rogatria com o objetivo de obter informaes a respeito de eventuais depsitos bancrios na Sua. Inviabilidade. - Adotado no ordenamento jurdico ptrio o princpio da pluralidade de juzos sucessrios, invivel se cuidar, em inventrio aqui realizado, de eventuais depsitos bancrios existentes no estrangeiro. (Processo: REsp 397769 SP 2001/0195007-8 Ministra NANCY ANDRIGHI).

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DA HERANA E DA SUA ADMINISTRAO 1 A herana como um todo unitrio Art. 1.791: a herana defere-se como um todo unitrio, ainda que vrios sejam os herdeiros. nico: at a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto propriedade e posse da herana, ser indivisvel, e regular-se- pelas normas relativas ao condomnio. Como uma fico legal, com a morte do titular do patrimnio, abre-se a sucesso e acontece a transmisso da herana aos herdeiros, em um s momento. Antes da partilha nenhum herdeiro tem a posse ou a propriedade sobre um bem certo e determinado do acervo hereditrio. Somente a partilha ir determinar objetivamente os bens que cabem a cada herdeiro. A herana um todo unitrio e indivisvel, sendo assim cada herdeiro tem os mesmos direitos e deveres em relao ao todo. Antes da partilha o co-herdeiro pode alienar ou ceder apenas sua quota ideal, ou seja, o direito sucesso aberta. O art. 80, II do CC considera a sucesso aberta bem imvel, exigindo-se assim, escritura pblica e outorga uxria (se o regime no for o da separao absoluta de bens art. 1647, I CC), no sendo permitido transferir a terceiro bem certo e determinado. Art. 1.793, 2 CC: considera ineficaz a cesso pelo co-herdeiro, de seu direito hereditrio sobre qualquer bem da herana considerado singularmente. Em razo da indivisibilidade, qualquer dos co-herdeiros pode reclamar a universalidade da herana em face de terceiro, no podendo este opor-lhe, em exceo, o carter parcial de seu direito nos bens da sucesso art. 1825 e 1827 CC. As regras aplicadas a herana antes de sua partilha so as mesmas regras do condomnio, devendo ser aplicada a regra do art. 504 CC, o qual fala do direito de preferncia. Segundo Clovis Bevilaqua: do principio da indivisibilidade tira-se a conseqncia de que qualquer dos herdeiros pode reclamar de terceiros, estranho a herana, a totalidade dos bens. Um herdeiro no pode pedir de outro a entrega da totalidade da herana, porque ambos tem direito igual... O inventariante (...) tem faculdade de usar das aes possessrias contra estranhos, ou contra herdeiros (...) assim, como o herdeiro pode acionar o estranho pela totalidade dela, na sua qualidade de condmino.

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2 Responsabilidade dos herdeiros Art. 1.792 CC: o herdeiro no responde por encargos superiores s foras da herana; incumbe-se, porm, a prova do excesso, salvo se houver inventario que a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados. No inventario feito um levantamento do patrimnio do falecido, relacionandose todos os bens, crditos e dvida. As dividas so da herana, que responde por elas art. 1997 CC. S sero partilhados os bens ou valores que restarem depois de pagas s dvidas. 3 Cesso de direitos hereditrios 3.1. conceito A cesso de direitos hereditrios negcio jurdico translativo inter vivos, pois s pode ser celebrado depois de aberta a sucesso. Aberta a sucesso, a cesso de direitos hereditrios pode ocorrer mesmo antes de aberto o inventario. A cesso de direitos hereditrios, gratuita ou onerosa, consiste na transferncia que o herdeiro, legtimo ou testamentrio, faz a outrem de todo quinho ou de parte dele, que lhe compete aps a abertura da sucesso. (Maria Helena Diniz). Se no foi imposta aos bens deixados pelo de cujus nenhuma clusula de inalienabilidade, desde a abertura da sucesso j pode o herdeiro promover a transferncia de seus direitos ou quinho. A cesso de direitos hereditrios somente pode ocorrer enquanto no houver sido feita a partilha do monte, aps a partilha no haver cesso, mas sim venda. A cesso de direitos hereditrios sendo gratuita ser equiparada a uma doao; sendo onerosa ser equiparada a uma compra e venda. A matria da cesso de direitos hereditrios esta disposta nos arts. 1.793 a 1.795 do CC. Cede direito a sucesso aberta aquele herdeiro que ainda no tenha declarado, de forma expressa ou tcita que aceita a herana. Cede quinho hereditrio aquele herdeiro que j tenha aceito a herana. 3.2. Forma e objeto

15 O direito abstrato sucesso aberta considerado bem imvel, ainda que os bens deixados pelo de cujus sejam todos mveis ou direitos pessoais art. 80, II CC. Quando a forma a cesso de direitos hereditrios, visto versar sobre bem imvel, necessita de escritura pblica e outorga uxria ou autorizao marital, como condio de validade do negcio jurdico art. 1.793, 1.647, caput e inciso I, e 166, IV, todos do CC. No instrumento pblico deve constar se a cesso gratuita ou onerosa; se abrange a totalidade da herana ou parte dela, quando o cedente herdeiro nico; se abrange todo o quinho ou parte dele. O cessionrio recebe a herana no estado em que se encontra, correndo o risco de ser mais ou menos absorvida pelas dividas. O cedente no responde pela evico (Evico a perda total ou parcial da coisa adquirida em favor de terceiro, que tem direito anterior), dado o carter aleatrio da cesso. O cessionrio assume a posio jurdica do cedente, ficando sub-rogado em todos seus direitos e obrigaes. Art. 1.793, 1 dispe que os direitos de substituio e direitos de acrescer do cedente, presumem-se no abrangidos na cesso feita anteriormente. Nada impede que as partes prevejam tais hipteses e faam tambm constar na escritura a posio contrria. 3.3. Direito de preferncia do co-herdeiro Sendo o direito dos co-herdeiros, quando a propriedade e posse da herana, indivisvel, e aplicando-se as normas relativas ao condomnio, deve assim ser respeitado o direito de preferncia do outro co-herdeiro. O art. 1.794 dispe que o co-herdeiro no poder ceder a sua quota hereditria a pessoa estranha sucesso, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto. Neste caso os co-herdeiros so equiparados aos co-proprietrios. O art. 1.795 fala que o co-herdeiro preterido pode exercer o seu direito de preferncia ou prelao pela Ao de Preempo ou Preferncia, ajuizando-a no prazo decadencial de 180 dias, contados da data em que teve cincia da alienao, e na qual efetuar o deposito do preo pago, havendo para si a parte vendida a terceiro. Somente existe o direito de preferncia nas cesses onerosas, visto a expresso tanto por tanto.

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DA VOCAO HEREDITRIA 1. Legitimao para suceder: regra geral e exceo O art. 1.798 CC fala que todos aqueles nascidos ou j concebidos (nascituros) no momento da abertura da sucesso so legitimados a suceder. Este artigo se refere tanto sucesso legtima quanto a testamentria. Tanto as pessoas naturais como as pessoas jurdicas, de direito publico ou privado, podem ser beneficiadas. S as pessoas vivas ou j concebidas ao tempo da abertura da sucesso podem ser beneficiadas. Exceo o nascituro. Nascituro aquele ser j concebido, mas que ainda encontra no ventre materno (Silvio Rodrigues). Caso este nasa morto, no ocorrer aquisio de direito. como se nunca houvesse existido. Com isso no recebe e nem transfere direitos. De acordo com o sistema adotado pelo CC acerca do comeo da personalidade natural (art. 2 CC), tem-se o nascimento com vida como o marco inicial da personalidade. Respeitando-se porem, os direitos do nascituro, desde a concepo, pois desde esse momento j comea a formao de novo ser. As nomeaes testamentrias so intuitu personae (de carter pessoal), assim caducam as disposies testamentrias para as pessoas j falecidas. OBS: embries no pairam dvidas para certos doutrinadores em relao aos filhos nascidos por inseminao artificial, quer dizer, reproduo assistida, quando tenha sido concebido ao tempo da abertura da sucesso, e que venha a nascer com vida e que seja filho do autor da herana. O problema maior surge quando, quando o embrio concebido e guardado em laboratrio s inseminado aps a morte (post morte) do autor da herana. Enunciado 267 do CNJ: A regra do art. 1798 do cdigo civil deve ser estendida aos embries formados mediante tcnica de uso de reproduo assistida abrangendo assim a vocao hereditria da pessoa a nascer cujos efeitos patrimoniais obedecem regra prevista no Cdigo Civil. Com base neste enunciado entendeu-se que embries tambm so considerados sucessores legtimos.

17 Certa corrente doutrinria, Maria Helena Diniz, aponta que os conceitos de embrio e de nascituro no se confundem. Isso porque o nascituro j se encontra nidificado no ventre materno. Por outra via, segundo a mesma corrente, as tcnicas de reproduo assistida podem gerar embries que antes da implantao no tero, no so consideradas nascituros. O problema do embrio explicitado por Giselda Hironaka; o problema no mais se refere aos nascituros que se encontram implantados no tero, seno aos embries, congelados em laboratrio. Assiste-lhes a condio de nascituro? Ou, ao contrario, so considerados prole eventual, j que no se sabe se sero efetivamente alojados em tero a gest-los? A resposta que se d gerar diferentes solues no que toca ao destino da pessoa que morta. Se forem considerados nascituros, tero adquirido a propriedade da quota-parte que lhes cabe, o que pode causar inconvenientes gravssimos se alguns forem embries congelados. Se por outro lado, forem considerados prole eventual, afastados da sucesso legitima (instituto que s existe entre herdeiros testamentrios), podero restar excludos da sucesso do pai ou da me que no conheceram, mas que a quem devem a paternidade biolgica. Diante dessa situao de duvida, h quem entenda que somente o nascituro e somente ele sucede legitimamente e no os embries. Assim exige-se que ocorra a implantao no tero materno, onde ocorre a nidao, possibilitando seu regular desenvolvimento ate o nascimento com vida. Ao se referir a pessoas j concebidas, est fazendo aluso ao nascituro, cujo conceito pressupe gravidez, excluindo, portanto, dentre os legitimados a suceder, o embrio congelado in vitro, bem como os filhos havidos por inseminao artificial aps a abertura da sucesso. Em sentido contrario, Zeno Veloso afirma que no tenho duvida em garantir que, mesmo depois da morte do pai, vindo o embrio a ser implantado e havendo termo a gravidez, o nascimento com vida e conseqente aquisio de personalidade, este filho posterior herdeiro, porque estava concebido quando o genitor faleceu, e dado ao principio da igualdade dos filhos assegurado pela CF/88. Interessante artigo: VARGAS, Aline de Castro Brando. Embrio criopreservado implantado post mortem tem direito sucessrio? Disponvel em http://www.iuspedia.com.br 25 abril. 2008. A Era Tecnolgica se expandiu com tamanha fora, que conceitos secularmente estabelecidos sofreram mudanas em quase sua totalidade. r Essas alteraes foram to astuciosamente sentidas, que diversas cincias, dentre as quais o Direito, no foram capazes de acompanhar o avano tecnolgico. r

18 Mais precisamente, o salto cientfico de que estamos falando trata-se da Reproduo Humana Assistida. Este tipo de procriao ganhou contornos grandiosos. Afinal, no poderia ser diferente! Esta foi uma das maiores descobertas humanas, pois inmeros casais sofriam com a angstia causada pela esterilidade e infertilidade. Agora, enfim, podem ser contemplados com a to sonhada maternidade e paternidade. Sabemos que a adoo de uma criana tambm pode suprir, de certa forma, este desejo de ser pai e me. No podemos desconsiderar, entretanto, a existncia de casais que almejam a filiao, cotidianamente, denominada "de sangue". mister ressaltar, ainda, que os casais que carregam a mcula daquelas doenas, na maioria das vezes, sentem-se preteridos pela sociedade, uma vez que no tm o direito de escolha entre ter ou no filhos. Os parmetros ditados pela sociedade podem, em alguns casos, massacrar as pessoas que nela vivem. Por este motivo, a Procriao Medicamente Assistida foi aplaudida "de p". r Infelizmente, contudo, deste "boom" tecnolgico advieram diversos problemas. No nossa pretenso apresentar, aqui, respostas a todas as dvidas que tangenciam Reproduo Assistida (R.A.). Neste espeque, nossa proposta ser identificar as balizas do direito sucessrio frente Reproduo Humana Assistida. Diante do exposto, pergunta-se: a implatao "post mortem" de embrio excedentrio, ou seja, aps a morte do genitor, enseja direito sucessrio para o ser nascido desta tcnica cientfica de reproduo humana? r Tal hiptese no teve respaldo expresso no ordenamento jurdico brasileiro. Todavia, analisando pormenorizadamente o sistema como uma unidade, podemos verificar a garantia do direito de herana no casu in tela. r Insta salientar que a determinao do momento exato em que se inicia a vida, a personalidade do ser humano e sua caracterizao como sujeito de direitos sempre foram temas muito tormentosos. Se estas questes j eram objetos de incessantes questionamentos, quando s se concebia ser humano por meio natural e dentro do tero materno, agora, diante da possibilidade da fertilizao in vitro, as dificuldades ficaram ainda maiores. r poca da feitura do Cdigo Civil de 1916, nossos juristas sequer cogitavam a hiptese de, no futuro, haver a concepo humana fora do tero feminino. r Com as tcnicas de R.A. acirradas discusses acerca da natureza jurdica do embrio congelado vieram tona, pois, hoje, possvel falar em um lapso temporal existente entre o momento da fecundao e o da gestao. r Como salientado, a natureza jurdica do nascituro no facilmente definida. Com maior razo, tambm no o ser a do embrio criopreservado. Vale lembrar que ambos no se confundem; mas cada um, na sua proporo, merecedor de garantias. r A despeito de controvrsia doutrinria, o Cdigo Civil Brasileiro, em seu art. 2, pe a salvo, apesar de o nascituro no ser pessoa, seus direitos desde

19 sua concepo. Ser possvel, todavia, ser detentor de direitos sem ser considerado sujeito no mbito legal??? r O Cdigo Civil vigente estipula: "Art. 1 - Toda pessoa capaz de direitos e deveres na ordem civil" (grifo nosso). r A flagrante contradio estampada ensejou a criao de algumas teorias para definir o incio da personalidade civil do ser humano. As mais significativas so: r 1) Teoria natalista - segundo a qual a personalidade civil do homem comea com o seu nascimento com vida. Segundo esta doutrina, o nascituro teria tosomente possui expectativa de direito, desde a sua concepo. r 2) Teoria da personalidade condicionada - esta doutrina sustenta que o incio da personalidade comea com a concepo, mediante a condio suspensiva do nascimento com vida, isto significa dizer que se o nascituro nascer com vida, sua personalidade retroage data de sua concepo. r 3) Teoria verdadeiramente concepcionista - entende que o nascituro pessoa desde a concepo. a mais ousada das teorias! r Mister se faz ressaltar que nosso Cdigo Civil adota, para definir o incio da personalidade, a Teoria Natalista. Assim, em uma primeira leitura, pode parecer que o nascituro, na verdade, no digno de direitos. Mas, certo , ainda, dizer que por uma benevolncia da lei alguns direitos lhe ficaro assegurados, desde a concepo. No obstante, cumpre lembrar que, no caso do embrio crioconservado, a fecundao tambm j ocorreu. r Desta feita, poder-se-ia afirmar que tal embrio teria seus direitos resguardados? r J mencionamos em nosso estudo que o nascituro, obviamente j concebido no momento da abertura da sucesso, apesar de no ter sua personalidade civil reconhecida, teria alguns direitos. Desta feita, segundo a teoria supra mencionada, se nascer com vida, poder ser reconhecido como filho e, inclusive, suceder na herana. Busca-se, com isso, assegurar que a vontade do falecido se concretize; vontade esta que se exprime na transmisso de seus bens a seu to amado filho. No se pode negar que o de cujus, intimamente, desejava proteger seus descendentes, por uma razo muito lgica: "Almejamos o melhor para o nosso afeto". O legislador, sendo conhecedor desta afeio que unem ascendentes e descendentes, instituiu a sucesso legtima. Neste diapaso, fcil fica de identificar a ntima relao entre o Direito de Famlia e o Direito Sucessrio. r Em vista disso, tambm possvel afirmar que o embrio excedentrio faz jus transmisso da herana de seu ascendente. Apesar de tal embrio no poder ser considerado nascituro, em face da no ocorrncia do fenmeno da nidao (momento em que o embrio se fixa no endomtrio) poca da morte de seu genitor, sua defesa se faz necessria. Importante frisar que se

20 deixaro de lado crenas ou opinies meramente filosficas acerca do incio da vida humana. Valer, aqui, a palavra da cincia. Segundo os cientistas, desde o exato encontro dos gametas feminino e masculino, que se d no momento da fecundao, aquele novo ser estar totalmente individualizado em termos genticos, ou seja, seu DNA j ser nico e irrepetvel. A embriologia nos mostra que o embrio e o adulto so o mesmo ser, pois o desenvolvimento se d desde a fecundao at a vida adulta de forma contnua. Desta feita, justamente por no se conhecer em sua essncia a natureza jurdica do mesmo, no deve ser permitida a destruio de embries excedentrios, porque, num futuro no muito distante, pode ser que haja o reconhecimento de tais embries como ser humano (no mais como tertium genus); se assim o for, quantas mortes poderiam ter sido evitadas. Na realidade, contudo, no este o cerne do presente trabalho. r Nosso estudo, na verdade, tem por base a verificao da possibilidade do direito sucessrio na hiptese de embrio criopreservado, originado de fecundao homloga (quando a mulher inseminada artificialmente com o smen do prprio casal, ligado ou no pelo casamento), implantado post mortem. Nosso posicionamento no sentido de seu cabimento. Isto porque, o novo Cdigo Civil prev em seu art. 2 que os direitos do nascituro estaro resguardados desde a concepo, mas, para tanto, ele dever nascer com vida. Importa ressaltar que tal embrio j havia sido fecundado no momento da abertura da sucesso. Como se observa, o embrio criopreservado se enquadra parcialmente nesta previso legal, pois j foi concebido, mas no pode ser considerado nascituro. Mister destacar que a nova redao manteve aquela prevista no Cdigo de 1916; e se o "antigo" Cdigo j protegia alguns direitos dos nascituros, quando nem se cogitava das tcnicas de procriao assistida, no seria justo que o novo sistema deixasse de abarcar os avanos da biotecnologia e proteger tambm os direitos dos pr-embries. r Mais adiante, neste mesmo Diploma Legal, o art. 1.597 dispe sobre a presuno de paternidade no caso em destaque, qual seja, embrio crioconservado implantado aps a morte de seu genitor. O Cdigo vigente, no intuito de proporcionar maior amparo jurdico s tendncias cientficas da atualidade, prev que "presumem-se concebidos na constncia do casamento os filhos: havidos por fecundao artificial homloga, mesmo que falecido o marido"; bem como, " havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embries excedentrios, decorrentes de concepo artificial homloga", nos termos do art. 1597, inciso III e IV, respectivamente. Urge destacar, ainda, que a expresso "a qualquer tempo" deve ser entendida tambm na hiptese de implantao post mortem, uma vez que referido Diploma presume, expressamente, a filiao na hiptese de fecundao artificial homloga (segundo a qual se faz a implantao do gameta masculino na mulher ), mesmo que aps a morte do genitor, com maior razo estar constatada a filiao no caso de concepo artificial homloga (na qual o embrio j est formado). r Ora, se se reconhece a filiao nos casos acima citados, com igual motivo dever ser permitido aos filhos o direito de suceder seu ascendente. r

21 A seguir, o art. 1.789 do CC oferece proteo especial aos filhos, pois o testador no poder dispor de 50% de seu patrimnio, que ficaro resguardados para os herdeiros necessrios. r Ademais, a Carta Magna de 1988, ocupante da maior hierarquia do ordenamento jurdico, reza em seu art. 227, 6, que est vedada qualquer designao discriminatria entre os filhos, independentemente de sua origem. Sendo assim, todos devem ser tratados de forma idntica. r Neste espeque, verificamos que, embora no haja previso expressa a respeito da possibilidade de direitos sucessrios no caso em foco, o sistema jurdico brasileiro, sendo analisado como um todo, garante este direito. Inexiste, portanto, qualquer contradio ou bice nesta permisso. r Em suma, pode-se afirmar que o embrio excedentrio, implantado post mortem, est apto a suceder na herana, pois a concepo j ocorreu. Urge destacar, tambm que no fere a Teoria Natalista, consagrada no CC, pois defendemos que a garantia de tal direito s existir se ocorrer o nascimento com vida. Ainda, ao nascer com vida, d-se o incio da personalidade; e o embrio que outrora no tinha natureza jurdica definida, poder, agora, ser reconhecido no s como ser humano, mas tambm como filho do falecido, conforme previso legal. Como filho, ter seus direitos de herdeiro necessrio protegidos. Ademais, a CF/88 condena qualquer discriminao entre os filhos. Assim, se existirem outros herdeiros que se encontrarem na mesma classe na ordem de vocao, aquele embrio ser merecedor de quinho de mesmo valor quantitativo. r Diante de todo o exposto, fica comprovado o direito de suceder na herana no caso de implantao post mortem, oriunda de fecundao homloga; pois o ordenamento jurdico brasileiro, analisado em sua unicidade, permite tal garantia. Ademais, o doador da carga gentica que deu origem ao embrio desejava, sim, o desenvolvimento do mesmo, tanto que o congelamento foi de embries e no de smen; e, como todo pai, ele gostaria de ter a certeza de que seu filho ter o respaldo necessrio para a garantia de seu bem-estar. r Como se constata, este um tema de grande relevncia! r Finalmente, uma ltima dvida que possa surgir se refere insegurana jurdica que poderia se instalar na hiptese de embries excedentrios que no foram implantados. Deveria se reservar uma cota da herana para estes embries? E se eles nunca forem implantados, o que se deve fazer? Deverse- esperar por tempo indefinido a implantao dos mesmos? Com certeza o caos jurdico se estabeleceria! No se desesperem! O prprio Cdigo Civil tambm est apto para solucionar tal dilema: em seu art. 1.824 est prevista a petio de herana. Assim, como ocorre com os filhos reconhecidos posteriormente, tambm no caso de embrio criopreservado implantado post mortem, os direitos sucessrios sero resguardados se a petio de herana for interposta tempestivamente. Mas importante ressaltar, por derradeiro, que o direito de reconhecimento de filiao jamais prescreve, como assevera

22 a Smula n. 149, STF: " imprescritvel a ao de investigao de paternidade, mas no o a de petio de herana".

2. Legitimao para suceder por testamento Ver art. 1.799 do CC. Observe que o art. 1.798 trata dos que podem suceder de forma genrica, abrangendo herdeiros legtimos, testamentrios e legatrios. Enquanto o art. 1.799 trata daqueles que s podem receber a herana ou o legado por meio de testamento. - O inciso I abre uma exceo a regra geral, trata dos filhos no concebidos, de pessoas indicadas pelo testador. As pessoas indicadas pelo testador devem estar vivas quando da abertura da sucesso. O filho refere-se prole eventual. Observe que a deixa feita em favor dos filhos das pessoas indicadas pelo testador. No se trata de nascituro, mas de indivduo ainda nem concebido (chamado de concepturo). Neste caso a transmisso da herana condicional, a evento futuro e incerto. O inciso coloca como requisito que as pessoas indicadas pelo testador estejam vivas ao abrir-se a sucesso, caso o indicado morra antes da abertura da sucesso, a disposio testamentria caduca. EX. testador beneficia a prole que sua filha eventualmente venha a ter, e esta, ao abrir-se a sucesso, j est morta, caduca a disposio testamentria. Tal art. deve ser combinado com o que consta do 4 do artigo 1.800, que o tempo, aps a abertura da sucesso, que as pessoas indicadas devero conceber esta prole: dois anos. O prazo de dois anos decadencial, no permitindo dilao. No caso da prole no ser concebida no prazo legal, e no havendo substituio, os bens sero partilhados entre os sucessores legtimos. Segundo Giselda Hironaka, os filhos a que se refere o inciso I do art. 1.799 so tanto os filhos biolgicos como aqueles que vieram ter famlia pelos laos do afeto e do corao. Deve-se observar o art. 227, 6 da CF, que consagra a absoluta igualdade de direitos entre filhos, proibindo qualquer distino ou discriminao.

23 OBS: a pessoa jurdica no tem legitimidade para herdar por sucesso legitima, mas pode ser por meio da testamentria. - O inciso II trata da deixa testamentria para pessoas jurdicas. Qualquer pessoa jurdica poder ser contemplada, seja simples, empresria, de direito pblico ou de direito privado. Mas as pessoas jurdicas de direito pblico externo, passam por restries legais (art. 11, 2 LICC). - O inciso III trata da deixa para pessoas jurdicas cuja organizao for determinada pelo testador sob forma de fundao. Neste caso por ainda no existir a pessoa jurdica idealizada pelo testador, aberta a sucesso os bens permanecero sob a guarda provisria da pessoa encarregada de institu-la, at o registro de seus estatutos, quando passar a ter existncia legal. 3. Os que no podem ser nomeados herdeiros testamentrios nem legatrios Ver art. 1.801 CC. OBS: no falta de capacidade, mas sim de ilegitimidade. OBS: Enunciado 269 da III jornada do CJF: a vedao do art. 1801, III do CC no se aplica a unio estvel, independentemente do perodo de separao (art. 1723, 1 CC). Na questo do inciso III do artigo em comento, percebe-se que a lei equivoca-se ao utilizar o termo concubino. Isso porque, como se sabe, o concubino pessoa que tem uma relao no eventual com quem est legalmente impedido de se casar art. 1727 CC. Note-se que h ressalva admitindo a nomeao do concubino como herdeiro, se o testador estiver separado de fato do cnjuge a mais de cinco anos. Pois bem, se houver separao de fato e no necessariamente a mais de cinco anos, a relao no eventual de homem e mulher, pblica, continua e duradoura com o intuito de constituir famlia ser uma unio estvel art. 1723, 1 CC. E unio estvel, que entidade familiar, no se confunde com concubinato, que uma mera sociedade de fato. Diante da m redao do inciso chegam-se as concluses: a- no tem legitimao sucessria para ser nomeado herdeiro ou legatrio o concubino, ou seja, a pessoa que vive relao no eventual, mas est impedida de se casar. o caso do homem casado que lega bem a sua amante.

24 b- Se ocorrer unio estvel, ou seja, a relao no eventual de homem e mulher que no esto impedidos de se casar, o mesmo se dizendo para o separado de fato ou separado judicialmente ou extrajudicialmente, no haver qualquer impedimento nomeao dos companheiros como herdeiros ou legatrios, sendo desnecessria a existncia de cincos anos de separao de fato. As hipteses do artigo no so de incapacidade relativa, mas sim de falta de legitimao, pois as pessoas mencionadas no podem ser beneficiadas em determinado testamento, conquanto podem s-lo em qualquer outro em que no existam os apontados impedimentos.

4. Simulao de contrato oneroso e interposio de pessoa Art. 1.802 CC. Simulao a declarao falsa de vontade, visando aparentar negcio diverso do efetivamente desejado. A nulidade da deixa testamentria pode revestir-se de duas formas: a o testador dissimula a liberalidade sob a aparncia de contrato oneroso; b recorre a interposta pessoa para beneficiar o proibido de suceder. Segundo a doutrina tradicional (Pontes de Miranda) e a doutrina moderna (Maria Helena Diniz) o pargrafo nico do art. traz uma presuno absoluta (iuris et de iure) no admitindo prova em contrrio. Pode-se tambm provar a interposio de pessoas no elencadas no pargrafo nico do artigo, mas tendo em vista a grande dificuldade, admite-se a prova por indcios e presunes (art. 332 e 335 CPC). Temos uma exceo: trata-se da hiptese em que o descendente da concubina tambm filho do testador. Sendo filho de ambos, prevalece a inteno de beneficiar a prole comum.

ACEITAO E RENNCIA DA HERANA 1. Conceito de aceitao Ver art. 1.804 CC. A aceitao tem natureza jurdica confirmatria. No significa aquisio. a confirmao da aquisio. A aquisio ocorre pela transmisso automtica. A aceitao produz efeitos retroativos. Ningum obrigado a aceitar a herana. possvel renunci-la.

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A aceitao deve ser integral. O Direito Civil brasileiro, em regra, no admite a aceitao parcial. Contudo, se o herdeiro for, a um s tempo, necessrio e legatrio, pode escolher o ttulo pelo qual suceder. Aceitao ou adio da herana o ato pelo qual o herdeiro anui transmisso dos bens do de cujus. 2 . Quanto a forma da aceitao Ver art. 1.805 CC. Pode ser expressa: quanto manifestada mediante declarao escrita, podendo ser pblica ou particular. Pode ser tcita: quando resulta de conduta prpria de herdeiro. Ex. traduz aceitao tcita o fato de o filho, aps o falecimento do pai, ter continuado a utilizar o automvel deste e a viver no andar que o falecido comprara. Pode ser presumida: quando o herdeiro permanece silente, depois de notificado, nos termos do art. 1.807, para que declare, em prazo no superior a 30 dias, a pedido de algum interessado, se aceita ou no a herana. No exprimem aceitao de herana os atos oficiosos, como o funeral do finado, os atos meramente conservatrios, ou os de administrao e guarda ( 1 do art. 1.805, do CC). Igualmente, no caracteriza aceitao, a cesso gratuita, pura e simples, da herana, aos demais co-herdeiros (CC, 2 do art. 1.805), porque importa em absteno ou repdio da herana. Quem cede gratuitamente a herana escreve Slvio Venosa nunca teve realmente a inteno de ser herdeiro; essa a idia que centraliza o dispositivo. E continua mais adiante: O pagamento de dvida do de cujus, com dinheiro prprio do herdeiro, tambm, por si s no induz aceitao. Pode ser um ato de filantropia. No o ser se o pagamento for feito com numerrio proveniente do monte mor. 3. Quanto ao agente que pode praticar a aceitao OBS: o direito de aceitar a herana no personalssimo. O ato de aceitao pode ser praticado: Pelo prprio herdeiro ou legatrio; Por representante ou assistente do herdeiro; Pelo tutor ou curador representando incapaz, autorizao judicial art. 1.748, II CC. Pelos herdeiros do herdeiro - art. 1.809 CC

mediante

26 EX.: Joo morre antes de aceitar a herana deixada por sua tia, seus filho (de Joo) tero direito de aceit-la. A soluo que, primeiro, os filhos de Joo aceitem a herana de seu pai, para s ento aceitar ou renunciar a herana que o pai receberia de sua tia. Pelo credor do herdeiro, caso em que se limitar ao valor do crdito. O remanescente retorna massa hereditria art. 1.813 CC 4. Caractersticas da aceitao Ato unilateral; Ato no-receptcio: no depende do conhecimento do ningum para que gere efeitos; Ato indivisvel: no pode ser parcial - art. 1808; Ato puro e simples: no se sujeita a termo ou condio; Ato irretratvel: no admite arrependimento - art. 1812. 5. Conceito de renncia Segundo Itabaiana de Oliveira renncia o ato pelo qual o herdeiro declara, expressamente, que a no quer aceitar, preferindo conservar-se completamente estranho sucesso. A renuncia deve ser expressa art. 1.806 CC. Na renncia o herdeiro tratado como se nunca houvesse existido art. 1811, 1 parte CC. 6. Espcies de renncia - Pode ser abdicativa ou propriamente dita: acontece quando o herdeiro tenha a manifestado sem ter praticado qualquer ato que exprima aceitao, e a renuncia em favor do monte, sem indicao de qualquer favorecido. Nesta renuncia no h que se falar em imposto inter vivos (ITBI imposto municipal), mas somente no causa mortis (ITCMD imposto estadual). - Pode ser translativa: acontece quando o herdeiro renuncia a herana em favor de determinada pessoa. Nesta haver pagamento dos impostos inter vivos e causa mortis. 7. Pressupostos para renncia a- capacidade jurdica plena do renunciante, no bastando somente a genrica. b- anuncia do cnjuge, exceto se o regime de casamento for o de separao absoluta de bens. O direito a sucesso aberta vista como bem imvel, necessitando de outorga uxria ou marital.

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c- que a renncia no prejudique os credores. 8. Efeitos da renncia a- excluso, da sucesso, do herdeiro renunciante, que ser tratado como se nunca tivesse existido. b- acrscimo da parte do renunciante dos outros herdeiros da mesma classe art. 1.810 CC. c- proibio da sucesso por direito de representao art. 1.811 CC 9. Caractersticas da renncia Ato unilateral; Ato no-receptcio: no depende do conhecimento do ningum para que gere efeitos; Ato indivisvel: no pode ser parcial - art. 1808 (mas se o herdeiro for legitimo e testamentrio poder deliberar sobre uma ou outra); Ato puro e simples: no se sujeita a termo ou condio Ato irretratvel: no admite arrependimento - art. 1812. Ato pblico ou solene, somente pode ser manifestada por instrumento pblico ou por termo nos autos do inventrio art. 1806 CC

EXCLUDOS DA SUCESSO 1. Conceito So as pessoas que embora tenham aptido genrica para suceder, so excludas de uma determinada herana. OBS: causa de falta de legitimidade. Observe que j vimos um dos casos quando estudamos aqueles que no podem ser nomeados herdeiros testamentrios nem legatrios - ver art. 1.801 CC. Os outros dois casos so: - Indignidade: pena civil que consiste na excluso do sucessor que tiver praticado algum dos atos de ingratido previstos na lei - art. 1814 do Cdigo Civil; - Deserdao: excluso do herdeiro necessrio por fora de testamento que indique expressamente uma das causas previstas em lei - arts. 1961 e segs. CC.

28 2. Causas de excluso por indignidade Ver art. 1.814 CC. - Inciso I: fala de homicdio doloso ou de tentativa desde contra a pessoa cuja sucesso se tratar. Insere-se tambm nesse inciso a instigao ao suicdio. Prevalece em nosso ordenamento o principio da responsabilidade civil em relao penal art. 935 CC. independncia da

A prova do fato e da culpabilidade no caso da indignidade faz-se na esfera cvel. Mas a absolvio na esfera penal em razo do expresso reconhecimento da inexistncia do fato ou da autoria afasta a pena de indignidade no cvel. - Inciso II: fala da calunia em juzo contra o autor da herana, do crime contra a honra do autor da herana e de seu cnjuge. A jurisprudncia entende que essa denunciao caluniosa deve ser feita em juzo criminal. No h necessidade de condenao criminal advinda da denunciao caluniosa, basta que tenha sido instaurado o procedimento judicial criminal. Os crimes contra a honra tambm presentes nesse inciso so a calunia, a injuria e a difamao. - Inciso III: fala da violncia ou meios fraudulentos que inibem ou obstam o autor da herana de dispor dela livremente. Tal regra tem como objetivo preservar a liberdade do testar do autor da herana. A indignidade decorre da lei. A indignidade deve ser declarada por sentena. A indignidade instituto da sucesso legitima (em virtude da lei), mas pode alcanar o legatrio (aquele que herda bem certo e determinado). A indignidade pode atingir todos os sucessores (legtimos e testamentrios). 3. Procedimento para obteno da excluso por indignidade Proclama o art. 1.815 CC. A excluso do indigno depende de sentena que a declare. A ao de indignidade de ser movida por aquele que tem interesse na sucesso.

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A ao de indignidade no pode ser proposta em vida, mas somente aps a morte do autor da herana, pois at ento inexiste sucesso. O prazo decadencial para propositura da ao de indignidade de 04 anos contados da abertura da sucesso art. 1.815, nico CC. No fala o CC se a ao de indignidade deve correr pelo rito ordinrio, mas a doutrina entende este ser o melhor para o deslinde da ao. 4. Reabilitao ou perdo do indigno Ver art. 1.818 CC. O perdo ato solene, e uma vez concedido torna-se irretratvel. Revogado o testamento que contenha o perdo, permanece valida a clausula que reabilita o indigno. O nico do art. 1.818 trata do perdo tcito. Quando o autor da herana concede o perdo ao indigno evita que os outros herdeiros o excluam da sucesso. 5. Efeitos da excluso por indignidade O reconhecimento judicial da indignidade produz: a- so pessoais os efeitos da excluso art. 1.816 CC. Neste caso, os descendentes do indigno, caso existam, sucedem-no por representao, como se o indigno morto fosse. Observe que somente sero chamados a herdar em lugar do seu genitor quando este tiver de herdar por disposio legal. Os filhos do indigno nomeado em testamento no podem ser imitidos na herana que a este caberia, pois neste caso os bens vo para o substituto ou para o monte-mor, para serem partilhados entre os herdeiros legtimos e/ou testamentrios. Sendo o indigno o nico de sua classe, a sucesso defere-se aos da classe seguinte; se no o for, aos co-herdeiros da mesma classe. Os bens retirados do indigno so denominados bens ereptcios. b- os efeitos da sentena retroagem a data da abertura da sucesso. c- o indigno no ter direito ao usufruto e administrao dos bens que passem aos filhos menores.

30 4. Validade dos atos praticados pelo herdeiro aparente Ver art. 1.817 CC. Os efeitos da sentena declaratria de indignidade tm efeitos ex nunc, no que diz respeito aos atos de disposio praticados pelo indigno, mas a sentena retroage para todos os outros efeitos. A validade dos atos praticados pelo herdeiro aparente s reconhecida quando se tratar de negocio jurdico a ttulo oneroso, e na hiptese dos adquirentes estarem de boa-f, visto que se o negcio for gratuito no h que se falar em prejuzo para o adquirente de boa-f. 5. Deserdao o ato unilateral pelo qual o testador exclui da sucesso herdeiro necessrio (descendente, ascendente e cnjuge), mediante disposio testamentria motivada em uma das causas previstas em lei. Na deserdao o autor da herana quem pune o responsvel. A deserdao instituto da sucesso testamentria. A deserdao utilizada pelo testador para afastar da sucesso os herdeiros necessrios. 6. Requisitos e eficcia da deserdao Ver art. 1.964 CC. Para que ocorra a deserdao preciso: a- existncia de herdeiro necessrio; b- testamento vlido art. 1964 CC o testamento no pode ser nulo, revogado, ou caduco. Pode ser concedido perdo ao deserdado somente em outro testamento. Testamento posterior que no reitere a deserdao determinada no anterior revoga-o nessa parte, significando perdo implcito. c- Expressa declarao de causa prevista em lei art. 1.962 e 1.963 as causas so taxativas (numerus clausus). d- Propositura de ao ordinria art. 1.965 CC - no basta excluso pelo testamento. necessrio ainda, que o herdeiro institudo no lugar do deserdado, ou aquele a quem aproveite a deserdao, promova ao ordinria e prove, a veracidade da causa alegada pelo testador. Sem a comprovao a deserdao invlida. O prazo decadencial para esta ao de 04 anos, a contar da data da abertura do testamento art. 1.965 CC.

31 6. Causas da deserdao Ver arts. 1.962 e 1.963 CC. Observe dentre os artigos que tratam da deserdao no est relacionado o cnjuge, mas o deveria visto este ser herdeiro necessrio. A doutrina majoritria entende que como a matria tem natureza restritiva, no cabe a aplicao analgica para incluir o cnjuge. 7. Efeitos da deserdao Seus efeitos so pessoais, no passando aos seus descendentes. Sendo assim seus herdeiros sucedem em seu lugar como acontece com o indigno.

HERANA JACENTE E HERANA VACANTE 1. Herana jacente Ver art. 1819 CC. 1.1 conceito: Jacente: aquela herana que ainda no foi reclamada por seus eventuais herdeiros. Ocorre quando no h herdeiros certos e determinados, ou quando no se sabe da existncia dele, ou, ainda, quando renunciada. Jazer = esperar. Segundo Silvio Venosa A herana jaz enquanto no se apresentam herdeiros do de cujus para reclam-la, no se sabendo se tais herdeiros existem ou no. O estado, no intuito de impedir o perecimento da riqueza representada por aquele espolio, ordena sua arrecadao, para o fim de entreg-lo aos herdeiros que aparecerem e demonstrarem tal condio. Somente quando, aps as diligencias legais, no aparecerem herdeiros, que a herana, at agora jacente, declarada vacante, para o fim de incorporar-se ao patrimnio do Poder pblico. 1.2 Natureza Jurdica: A herana jacente no possui personalidade jurdica nem patrimnio autnomo sem sujeito, dada a fora retrooperante que se insere eventual aceitao da herana. A doutrina entende que a herana jacente deve ser classificada como entidade com personificao anmala, ou personalidade reduzida. O CPC determina a representao processual da herana jacente pelo seu curador art. 12, IV.

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Herana jacente difere de esplio, mesmo ambas tendo ausncia de personalidade. A herana, no processo de inventrio recebe o nome de esplio. No esplio, os herdeiros legtimos ou testamentrios so conhecidos. O esplio compreende direitos e deveres deixados pelo falecido, desde a abertura da sucesso at a partilha. Pode aumentar com os rendimentos que produza ou reduzir em razo de nus ou deteriorao. Na herana jacente no h um dono atual. um estado da herana que no se sabe se ser adida ou repudiada. 1.3 Hipteses de jacncia Art. 1.819 CC O caput do dispositivo trata de duas espcies de jacncia: a a sem testamento, e a com testamento. A jacncia sem testamento acontece quando h inexistncia de herdeiros conhecidos. A jacncia com testamento acontece quando o herdeiro testamentrio no existir ou no aceitar a herana, e o falecido no houver deixado herdeiros legtimos. 2. Herana vacante Ver art. 1.820 CC Pela vacncia, os bens so entregues ao Estado. No havendo herdeiro aparente, o juiz promove a arrecadao dos bens para preservar o acervo e entreg-lo aos herdeiros que se apresentem ou ao Poder Pblico, caso a herana seja declarada vacante art. 1.142 CPC. Sero publicados editais art. 1.152 CPC. Passados 01 ano da primeira publicao e no havendo herdeiro habilitado nem habilitao pendente, a herana ser declarada vacante art. 1.157 CPC; art. 1.820 CC. A propriedade transferida ao Poder Pblico pela declarao de vacncia resolvel, j que no qinqnio poder ainda surgir algum herdeiro art. 1.820 CC.

33 Mas no se habilitando at a declarao da vacncia, os colaterais ficam excludos da sucesso pargrafo nico ao art. 1.820 CC. Este o principal efeito da declarao de vacncia. Quando todos os chamados a suceder renunciam a herana, esta ser declarada desde logo vacante art. 1.823 CC.

SUCESSO LEGTIMA 1 Introduo O CC disciplina a sucesso legtima, tambm denominada ab intestato, a que opera por fora de lei e que ocorre em caso de inexistncia, invalidade ou caducidade de testamento e, tambm, em relao aos bens nele no compreendidos. Ver art. 1788 do CC: fala do carter subsidirio da sucesso legtima. Na sucesso testamentria, sucessor aquele designado em ato de ltima vontade; enquanto na sucesso legitima, sucessor aquele designado pela lei. A existncia de testamento no exclui a sucesso legitima. Dentro da sucesso legitima temos: os herdeiros necessrios (descendente, ascendente, e cnjuge os quais tem direito a legtima), e facultativos (colaterais estes podem ser excludos da sucesso, basta que o testador disponha inteiro de seu patrimnio sem os contemplar). 2 Hipteses de cabimento da sucesso legtima A - falecimento do autor da herana ab intestado (falecimento sem testamento). B - existncia de herdeiros necessrios. (Se existe herdeiro necessrio forma a legtima, que corresponde a 50% do patrimnio do falecido, parte essa reservada a esses herdeiros). C quando for pr-morto o herdeiro testamentrio. (Percebe-se que surge um problema na sucesso testamentria e em razo dessa inviabilidade de se aplicar o testamento, como por exemplo, o herdeiro testamentrio pr-morto , busca-se a sucesso legtima.) EX. foi feito um testamento, tendo o X sido herdeiro testamentrio, s que esse herdeiro X faleceu antes do testador, da pela regra de legitimao sucessria, j estudada, no d para aplicar a sucesso testamentria ao caso, da a nica hiptese aplicao das regras da sucesso legtima, salvo se existir no testamento um substituto. (art. 1.947 e ss. do CC/02)

34 D - renncia do herdeiro testamentrio, salvo se houver no testamento substituto como acima considerado. E - invalidade do testamento. F - excluso do herdeiro testamentrio por ao de indignidade. 3. Aspectos Gerais da Sucesso Legtima A Sucesso Legtima aquela que est prevista na Lei. A regra da sucesso legtima chamada de ORDEM DE VOCAO HEREDITRIA, que est previsto no art. 1.829 do CC/02. A ordem em que os herdeiros legtimos so chamados a sucesso, so: a) descendentes, em concorrncia com o cnjuge; b) ascendentes, em concorrncia com o cnjuge; c) cnjuges; d) colaterais. OBS: a existncia de um herdeiro de uma classe exclui do chamamento sucesso herdeiros da classe seguinte. Em primeiro lugar verifica-se se h descendente, se houver, esse tem preferncia sobre os demais, e assim por diante. No se esquecendo da concorrncia dos cnjuges. Ex.: Se houver o pai do morto e o tataraneto do morto, vivos, quem recebe a herana o tataraneto (a linha descendente infinita), pois basta ver a ordem de vocao hereditria prevista no cogitado art. 1.829 do CC/02. EX. Pai vivo (ascendente )

A (falecido)

Filho vivo (descendente) recebe 100% da herana

35 S iria para o pai do falecido (ascendente) se no houvesse nenhum descendente. OBS: o inciso I do art. 1829 CC, fala em art. 1.640, pargrafo nico. Mas deve ser lido art. 1.641, visto ser este que alinha as hipteses em que o regime da separao de bens se torna obrigatria. 4. Regra importante da Sucesso Legtima a) o herdeiro de grau mais prximo exclui o de grau mais remoto, salvo direito de representao: EX. A (falecido)

B filho de A (descendente) em 1 grau recebe 50%da

C filho de A(descendente) em 1 grau recebe 50% da

herana

herana

D neto de A descendente em 2 grau nada recebe

OBS: somente h direito de representao na linha dos descendentes e do colateral. No se fala, portanto, em direito de representao na sucesso dos ascendentes, dos cnjuges e do companheiro. Direito de representao (art. 1851 a 1856 CC): apesar da diferena de graus, alguns parentes do falecido que estariam excludos da sucesso por serem parentes de grau mais remoto recebero parte da herana em razo do direito de representao, que s ocorre quando houver diversidade de graus. Portanto, se todos os herdeiros chamados a suceder forem de mesmo grau, no haver direito de representao. Consigna-se que os representantes recebem exatamente aquilo que receberia o representado se fosse vivo, ou seja, nem mais nem menos. A representao prpria da sucesso legitima no se aplicando a sucesso testamentria. A decorrncia pratica da representao que a partilha dos bens do falecido se d por estirpe. Ento, os bens que caberiam ao representado sero divididos entre os membros de sua famlia, ou seja, justamente por sua estirpe. A) hipteses em que h representao:

36 - na linha reta descendente, quando concorrerem descendentes de grau mais prximo e de grau mais remoto no momento da abertura da sucesso. Na linha descendente o direito de representao ilimitado art. 1852 CC. - na linha colateral, quando os irmos do morto (parentes em 2 grau) concorrerem com sobrinho do morto (parentes em 3 grau). Esse o nico caso de representao admitido na linha colateral art. 1853 CC. - quando o herdeiro legitimo declarado indigno ou deserdado e seus descendentes so chamados a suceder art. 1816 CC. - na hiptese de o renunciante de uma pessoa represent-la na outra art. 1856 CC. B no renuncia a herana de seu pai A. Se D renunciar a herana de seu pai B que falece antes ao av A, quando este ltimo (o av) vier a falecer, poder D aceitar a herana, representando seu pai B. EX.A (falecido)

B filho (pr morto) no renunciou a herana do pai D renuncia a herana de B. Quando A falece representa B e recebe 50% da herana de A.

C filho Recebe 50% por cabea.

5. SUCESSO DO DESCENDENTE: (Se d por duas situaes.) - sucesso por cabea: trata-se de modalidade em que todos os herdeiros descendentes esto no mesmo grau, herdando por direito prprio. - sucesso por estirpe: trata-se de modalidade em que os herdeiros descendentes esto em grau diferente, herdando por direito de representao. H direito de representao na sucesso dos herdeiros descendentes e do colateral, como explicitado acima. A vocao dos descendentes no tem limitao de grau, infinita. Alguns exemplos:

37 Exemplo 1: A morreu e deixou trs filhos: F1; F2 e F3. Percebe que todos esto no mesmo grau, portanto a sucesso desses herdeiros descendentes ser por cabea. Na sucesso do descendente por cabea todos recebem cota igual, j que cada qual herda por direito prprio. Ento, no exemplo, os 03 filhos levam cada um 1/3; se for 04 filhos levam cada um 1/4, e assim sucessivamente. Exemplo 2: A morreu e deixou dois filhos: F1 e F2. O F1 pr-morto (morreu antes de A) e deixou dois filhos: N1 e N2. F2 recebe por cabea e por direito prprio (metade). A outra metade vai por estirpe (por direito de representao) de F1, que dividi para N1 e N2 (herdeiros de grau diferente). [se F1 recebe , N1 e N2 recebem cada qual ]. Entre os descendentes, os de grau mais prximo excluem os de graus mais remoto, salvo direito de representao art. 1833 CC. Exemplo 3: A morreu em 2007 e deixou trs filhos: F1; F2 e F3. O F1 teve 02 filhos: X e Z. F2 teve trs filhos: C; D e E. F3 teve um filho: G. F1 morreu em 1980; F2 morreu em 1990; F3 morreu em 2000. Percebe claramente que os herdeiros legtimos de A so os seus descendentes [1 classe na ordem de vocao hereditria]. Os descendentes X, Z, C; D; E e G, esto no mesmo grau, na mesma linha (todos so netos do de cujus A), e assim, recebem por sucesso por cabea, j que a linha, o grau dos filhos de A (F1; F2 e F3) foi extinta (todos so pr-mortos). Agora, se F3 fosse vivo, a X e Z receberiam por estirpe de F1 e C, D e E por estirpe de F2, e F3 receberia por cabea. Se todos os descendentes forem de mesmo grau, todos recebem por direito prprio e por cabea art. 1835 CC 5.1 Igualdade do direito sucessrio das descendentes Ver art. 1.834 CC A CF/88 j estabelecera a absoluta igualdade entre todos os filhos, no mais se admitindo a diferenciao entre filhos legtimos, ilegtimos, ou filhos adotivos. No CC/16 era necessrio demonstrar a legitimidade dos filhos para sucederem. Vejamos: - filhos legtimos: quando advinham do casamento. - filhos ilegtimos: quando no houvesse casamento. - filhos naturais: quando os pais mesmo no casados, no houvesse impedimento para o casamento. - filhos esprios: quando a lei proibisse o casamento. - filhos adulterinos: quando o impedimento para o casamento resultasse do fato de um deles ou ambos serem casados. - filhos incestuosos: quando decorrente de parentesco prximo, como entre pai e filha, ou entre irmo e irmo.

38 Hoje no mais existe essa diferenciao, todos so apenas filhos, uns havidos fora do casamento, e outros nem sua constncia, mas com iguais direitos e qualificaes art. 1.596 CC. 6. SUCESSO DO ASCENDENTE: No tendo descendentes, vamos para a 2 classe da ordem da vocao hereditria, prevista no art. 1829 do CC/02: os ascendentes. Ver art. 1.836 CC principio que diz que herdeiros de uma classe excluem os herdeiros das demais. Neste caso a sucesso orienta-se por dois princpios: 1 - o grau mais prximo exclui o mais remoto, sem distino de linhas art. 1836, 1 CC. EX.

Pai (1 grau) 50% da herana

Me (1 grau) 50% da herana

A (falecido)

Ex. Se A falece deixando vivo seu pai (ascendente em 1 grau) e sendo pr-morta a sua me, mesmo que sejam vivos os seus avs maternos (ascendentes em

39 2 grau), o pai de A receber a totalidade da herana.

Av 2 grau

Av 2 grau

Pai 1 grau recebe 100% da herana

Me prmorta

A falece

2 - havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna art. 1836, 2 CC. EX. se o falecido deixar apenas seus avs paternos e avs maternos vivos (todos ascendentes de 2 grau), visto seu pai e sua me serem pr-mortos, cada um dos seus avs receber 25% da herana, que se dividiu em 50% para alinha paterna e 50% para a linha materna.

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Av 2 grau 25% da herana

Av 2 grau 25% da herana

Av 2 grau 25% da herana

Av 2 grau 25% da herana

Pai pr morto

Me pr morta

A falecido

Caso no exemplo acima, se o falecido apenas deixar sua av paterna e seus avs maternos, a av da linha paterna herda 50% da herana, e os avs da linha materna herdam cada um 25% da herana. Exemplo 1: O pai de A pr-morto a esse e deixou avs paternos. Nesse caso, com a morte de A, toda a herana ir para a me. BASTA LEMBRAR DA REGRA EM QUE, HERDEIRO DE GRAU MAIS PRXIMO (a me ascendente e esta em grau mais prximo do que os avs) EXCLUI O DE GRAU MAIS REMOTO, BEM COMO, NO H DIREITO DE REPRESENTAO NA SUCESSO DO ASCENDENTE (ART. 1.852 do CC/02). Exemplo 2: No caso acima, se os pais de A so pr-mortos a esse (de cujus), mas tem avs paternos e maternos. Ai, no caso, todos esto no mesmo grau e por isso: a) na linha materna (avs maternos), recebero metade dos bens deixados pelo de cujus; b) na linha paterna (avs paternos), recebero a outra metade dos bens deixados pelo de cujus. Exemplo 3: Seguindo o exemplo 2, se por ventura tiver um av paterno e avs na linha materna, o av paterno recebe metade (1/2) e a outra metade ser dividida entre os avs maternos cada um com . Esquemas de compreenso: 1 -

41

2 -

7. SUCESSO DO CNJUGE Na falta de descendentes e ascendentes, a herana da pessoa que tenha falecido enquanto casada ou separada de fato a menos de 02 anos ser

42 deferida, por inteiro, ao cnjuge sobrevivente art. 1.830 e art. 1.838 CC, independentemente do regime de bens adotado para o casamento. O cnjuge estar excludo da sucesso nos seguintes casos: a) se estavam separados judicialmente ou extrajudicialmente no tempo da sucesso ou divorciados; A separao pe termo sociedade conjugal, enquanto o divorcio pe fim ao casamento. Caso haja processo de separao judicial ou extrajudicial ou de divorcio em curso e um dos cnjuges morre, o sobrevivente herdeiro? A resposta afirmativa. Sem sentena ou escritura pblica no caso do extrajudicial, h que se entender mantido o casamento e, por isso, o direito sucessrio do cnjuge sobrevivente mantido. b) se estavam separados de fato h mais de 02 (dois) anos; ATENO: Quanto alnea b acima (excluso do cnjuge da sucesso em decorrncia da separao de fato), a doutrina critica nos seguintes argumentos: Ser que a separao de fato at 06 meses ou 01 ano teria afeto? A jurisprudncia entende que a separao de fato extingue o regime de bens e pe fim ao afeto. Ademais, isso pode levar a uma concorrncia do cnjuge com o companheiro, por fora do art. 1.723, pargrafo nico do CC/02. Da a primeira crtica que, em razo do art. 1.723, pargrafo nico permitir a constituio da Unio Estvel entre pessoas separadas de fato, o prazo de 02 anos para excluir o cnjuge da sucesso permite uma concorrncia esdrxula entre ex-cnjuge e companheiro sobrevivente. A segunda crtica a prova da culpa. Vimos que o casamento, atualmente, no se dissolve por culpa de algum, mas de ambos, isso sem contar a dificuldade em prov-la, principalmente considerando que neste caso a prova feita por terceiros. A maioria da doutrina (Maria Berenice Dias) entende que a simples separao de fato deve ser suficiente para excluir o cnjuge da sucesso. Flavio Tartuce e Jos Fernando Simo entende que na atualidade o art. 1830 CC deve ser lido da seguinte maneira: se a convivncia se tornou impossvel por culpa do falecido, o cnjuge sobrevivente s participar da sucesso quanto aos bens que existiam at a ocorrncia da separao de fato. No ter o cnjuge direito a herdar nenhum dos bens adquiridos pelo falecido, a qualquer titulo, aps a separao de fato. 7.1 Direito de habitao: Segundo o art. 1.831 do CC/02, o cnjuge sobrevivente, (se estende ao companheiro art. 7 da Lei 9.278/96) independentemente do regime de bens, ter direito real de habitao, relativamente ao imvel destinado residncia da famlia, se este for o nico desta natureza a ser inventariado.

43 Tal direito tido como direito rela de gozo ou fruio vitalcio, visto que apenas extingue com a morte do titular do direito. No CC/02, no existe qualquer regra disciplinando o direito real de habitao em favor do companheiro sobrevivente, sendo esta omisso uma desvantagem, inclusive pelo conflito de opinies doutrinrias que surgiram, afirmando alguns que o companheiro sobrevivente perdeu o direito real de habitao e outros sustentando a permanncia desse direito atravs da Lei n 9.278/96. Surgiu ento, na doutrina, dois posicionamentos referentes ao direito real de habitao dos companheiros sobreviventes. O primeiro entendimento sustenta a tese de que permanece o direito real de habitao em favor do companheiro sobrevivente, em face da no revogao da Lei n 9.278/96. J para o segundo entendimento, existe a negao da existncia do referido direito em favor do companheiro sobrevivente, ocasionada pela incompatibilidade normativa entre a Lei n 9.278/96 e o silncio proposital da Lei n 10.406/2002 CC/02. Pode o cnjuge sobrevivente renunciar ao direito real de habitao? Enunciado 271 da III jornada de direito civil do CJF o artigo 1831. O cnjuge pode renunciar ao direito real de habitao, nos autos do inventario ou por meio de escritura pblica, sem prejuzo de sua participao na herana (este enunciado pode ser tido como majoritrio para alguns concursos pblicos, mas no para os da defensoria pblica e das procuradorias dos estados, em que se advoga na tutela dos vulnerveis). 8. CONCORRNCIA DO CNJUGE COM O DESCENDENTE: Conforme j de conhecimento, o legislador do CC/02 trouxe a possibilidade de concorrncia do cnjuge com o descendente e com o ascendente. OBS: o cnjuge para receber 100% da herana deve estar na 3 ordem de vocao hereditria. Como regra geral haver concorrncia dos descendentes com o cnjuge sobrevivente, de acordo com o art. 1829, I CC. Insta ressaltar que a meao o direito que uma pessoa tem em relao aos bens comuns; assim, podemos dizer que se traduz na metade dos bens da comunho, advindo das regras de casamento. No podemos confundir a meao com a herana propriamente dita, uma vez que aquela representa o direito de cada scio da sociedade conjugal, consistente em metade dos bens. Quanto herana, ser representada pela outra metade dos bens. O regime de bens o instituto que determina a comunicao ou no do patrimnio do casal aps a realizao do casamento; tem por finalidade regular o patrimnio, anterior e posterior ao casamento, e tambm quanto administrao dos bens.

44 No havendo conveno, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorar, quanto ao regime de bens entre os cnjuges, o regime da comunho parcial de bens. Com a falta de manifestao do casal no sentido de escolha do regime o Estado supre sua vontade. Do regime de comunho parcial: Trata-se do regime oficial de bens no casamento, pelo qual se comunicam apenas e to somente os bens adquiridos na constncia do casamento, e revelando, por isso mesmo, um acervo de bens que pertencero exclusivamente ao marido ou exclusivamente mulher; ou que pertencero a ambos. Do regime de comunho universal de bens: De acordo com o artigo 1.667 do novo Cdigo Civil: "O regime de comunho universal importa a comunicao de todos os bens presentes e futuros dos cnjuges e suas dvidas passivas, com as excees do artigo seguinte". Do regime da separao obrigatria de bens: O regime da separao obrigatria de bens est disposto no artigo 1641 do Cdigo Civil. H distino entre o regime da separao convencional de bens e o da separao obrigatria (legal) de bens; no primeiro, os nubentes estipulam livremente em contrato (pacto antenupcial) antes de celebrado o casamento, o que melhor lhes convm quanto aos seus bens; j no segundo, obrigatria a separao dos bens, decorrendo esta da vontade da lei. Do regime da participao final nos aquestos: regime hbrido: separao do patrimnio durante o casamento e comunho parcial aps a dissoluo. O novo regime de bens est disposto no artigo 1672 do Cdigo Civil, nos seguintes termos. No regime de participao final nos aquestos, cada cnjuge possui patrimnio prprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, poca da dissoluo da sociedade conjugal, direito metade dos bens adquiridos pelo casal, a ttulo oneroso, na constncia do casamento. Com base neste regime temos: note-se que h duas massas patrimoniais: os aquestos, sobre os quais haver a participao quando do fim do casamento, e os demais bens, sobre os quais no h meao, sendo bens particulares. Assim temos trs possibilidades: 1: aquela em que todos os bens deixados pelo cnjuge falecido so bens particulares. Nesta situao, o cnjuge suprstite, no ter direito a meao sobre eles, mas concorrer com os descendentes sobre estes bens; 2: quando todos os bens deixados pelo falecido so aquestos (adquiridos onerosamente durante o casamento). Nesse caso o cnjuge sobrevivente ter direito a meao sobre estes bens, mas no concorrer com os descendentes sobre estes bens; 3: quando o falecido deixa aquestos e bens particulares. O cnjuge sobrevivente tem direito a meao sobre os aquestos, e concorre com os descendentes, somente sobre os bens particulares. OBS: princpio de que, inexistindo meao, haveria concorrncia.

45 A concorrncia do cnjuge com os descendentes deve observar a regra do regime de bens, previsto no art. 1.829, I do CC/02, vejamos: # - Hipteses de no concorrncia: (comunho universal; separao obrigatria de bens (art. 1641); comunho parcial de bens se o falecido no deixou bens particulares). # - Hipteses de concorrncia: (participao final dos aquestos; separao convencional de bens (feita por pacto antenupcial) e comunho parcial de bens se o falecido deixou bens particulares nesse caso, a concorrncia se restringe somente aos bens particulares). OBS: na hiptese de concorrncia no regime de comunho parcial de bens, quando o falecido houver deixado bens particulares, a concorrncia acontecer somente nos bens particulares ou na totalidade da herana? 1 corrente: o cnjuge somente concorrer nos bens particulares. A regra que o cnjuge sobrevivo recolha na existncia de bens particulares. Mas por obvio, tem sucesso concorrente apenas com relao aos bens particulares, no aos comuns, pois desses j retirou sua meao. Na III jornada de direito civil do CJF/ enunciado 270: o art. 1829, I, s assegura ao cnjuge sobrevivente o direito de concorrncia com os descendentes do autor da herana quando casados no regime da separao convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunho parcial ou participao final dos aquestos, o falecido possusse bens particulares, hiptese em que a concorrncia restringi-se a tais bens, devendo os bens comuns, (meao) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes. EX: Joo possui um apartamento adquirido no ano de 1990 e se casa com Maria em 1995 pelo regime da comunho parcial de bens. O casal tem dois filhos. J casados J