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  • 2Ol! Seja bem-vindo(a) ao curso de Uso da Informao em Gesto de Segurana Pblica Verso Atualizada.

    A seguir, veja a apresentao do tema proposto e os objetivos esperados para seu melhor aprovei-tamento.

    Bons estudos!

    Apresentao do Curso

    O uso da informao tem se constitudo, nos ltimos anos, como instrumento imprescindvel ao planejamento governamental e formulao e avaliao de polticas pblicas no Brasil. Tal fato deve-se, em grande medida, s reformas gerenciais pelas quais o setor pblico tem gradualmente passado desde o processo de democratizao do aparato poltico brasileiro. Isso implica na exigncia de previsibilidade, pla-nejamento e visibilidade das aes executadas e na existncia de controles administrativos mais eficazes.

    Como agentes externos importantes na consolidao desse processo, encontra-se a atuao ex-pressiva de elementos do terceiro setor (ONGs, Sindicatos, sociedade civil organizada) e o controle exerci-do pela mdia, bem como o acesso facilitado s informaes, atravs da rede mundial de computadores e a disseminao de aparato tecnolgico avanado (JANUZZI, 2005).

    Verifica-se, atualmente, um incremento das taxas de criminalidade e da percepo de insegurana das populaes nos grandes centros urbanos e a falta de reconhecimento pblico dos governos estaduais como agentes capazes de solucionarem isoladamente o problema. Em virtude deste quadro, no mais possvel a continuidade de uma poltica reativa, pautada em um modelo tradicional de segurana pblica que priorize unicamente o incremento de armamentos e efetivos policiais, visto que tais medidas apresen-taram-se insuficientes para a reduo da criminalidade em diversas localidades. (KANH, 2005).

    Uma viso alternativa de segurana pblica parte de uma perspectiva pluridimensional e transver-sal do problema, priorizando a preveno como elemento paradigmtico e assumindo a responsabilidade de mltiplas agncias sociais na inibio da criminalidade.

    Neste contexto, o uso de sistemas de indicadores sociais de criminalidade e violncia adequados torna-se indispensvel aos formuladores de polticas e aos analistas.

    A construo de sistemas informacionais e o uso de estatsticas e mapas criminais so no apenas ferramentas indispensveis ao trabalho preventivo e investigativo da polcia e formulao de aes orientadas e permanentemente avaliadas, mas tambm constituem fonte objetiva de orientao para entidades civis; rgos municipais, federais e estaduais; e populao no acompanhamento do controle da criminalidade.

    Assumindo o compromisso com o importante papel de disseminao e implementao do uso da informao nos rgos estaduais e municipais relacionados rea de segurana pblica, a Secretaria Na-cional de Segurana Pblica elaborou um curso com o propsito de difundir a importncia do uso das informaes de segurana pblica no Brasil em seu carter gerencial e dotar os profissionais de seguran-a pblica de instrumental tcnico e conceitual para o desenvolvimento desta ao.

    Com o intuito de atribuir um carter predominantemente prtico ao curso, voc ter acesso a ex-posio detalhada dos processos de construo de alguns sistemas nacionais de informao gerencial em segurana pblica e tambm os processos de uso prtico destes sistemas como instrumentos de gesto.

    Desejamos que voc tenha um excelente aproveitamento neste Curso!

    APRESENTAO

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    Objetivos do curso Ao final do estudo deste curso, voc ser capaz de: Analisar a contribuio do saber cientfico para lidar com os desafios da gesto da Segurana

    Pblica; Reconhecer a importncia do uso das informaes de segurana pblica, no Brasil, em seu car-

    ter gerencial; Investigar sistemas, tcnicas, processos e ferramentas utilizados no desenvolvimento de solues

    para gesto das aes de Segurana Pblica.

    Estrutura do curso Este curso abrange os seguintes mdulos: Mdulo 1 O Saber Cientfico como Ferramenta de Gesto Pblica Mdulo 2 Sistemas de Informao em Segurana Pblica Mdulo 3 Desenvolvimento de Sistemas de Informao em Segurana Pblica Mdulo 4 Sistemas de informao gerencial Mdulo 5 Tcnicas Bsicas de Anlise de dados

  • 4Apresentao do mdulo

    Ol! Seja bem-vindo(a) ao primeiro mdulo deste curso: O Saber Cientfico como Ferramenta de Gesto Pblica.

    Antes de iniciar o estudo deste mdulo, reflita um pouco sobre a trajetria da busca do saber exercida pelo ser humano. Essa busca passou por diferentes etapas at a consolidao de uma perspectiva de conhecimento acerca da realidade cientificamente fundamentada.

    Em estgios histricos anteriores, o desenvolvimento e acmulo do saber eram gerados unica-mente das experincias e observaes intuitivas e do respeito aos elementos da tradio e da autori-dade. Porm, com o advento do saber filosfico e especulativo, comea a consolidao de uma forma de conhecer racionalmente fundamentada.

    Assim, a construo do saber cientfico e sua utilizao na produo e utilizao de estatsticas na rea de segurana pblica so os temas que orientaram o estudo deste mdulo.

    So saberes de senso comum pessoais, a partir do uso de saberes espontneos e que no foram testados e comprovados cientificamente.

    Objetivos do mdulo Ao final do estudo deste mdulo, voc ser capaz de: Identificar as caractersticas do pensamento cientfico; Reconhecer a importncia do saber cientfico como ferramenta de investigao de fenmenos

    sociais e gesto pblica.

    Estrutura do mdulo Este mdulo abrange as seguintes aulas: Aula 1 O Saber Racional Aula 2 Positivismo e Cincias Humanas Aula 3 Uso da Estatstica como Instrumento para Gesto Pblica Aula 4 Gesto Pblica Fundamentada no Saber Cientfico

    Aula 1 O Saber Racional

    Com a filosofia grega, inaugura-se a sistematizao do uso da lgica e das cincias matemticas para abordagem e interpretao das indagaes sobre os problemas da condio do homem no convvio em sociedade.

    No sculo XVII, o pensamento cientfico moderno passa a se consolidar na medida em que a legitimidade dos saberes construdos vincula-se observao da realidade (empirismo), colocando tal explicao prova (experimentao).

    MDULO

    1O SABER CIENTFICO COMO FERRAMENTA DE GESTO PBLICA

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    Assim, se inicia o raciocnio hipottico-dedutivo que, associado s cincias matemticas, utiliza-se da construo de novos instrumentos de medida (tempo, distncia, calor, peso etc.) para a apreenso dos fenmenos.

    o raciocnio que implica deduzir concluses de premissas que so hipteses, em vez de deduzir de fatos que o sujeito tenha realmente verificado.

    A partir de ento, o saber no repousa mais somente na especulao, ou seja, no simples exerc-cio do pensamento. Baseia-se igualmente na observao, experimentao e mensurao, fundamentos do mtodo cientfico em sua forma experimental. Assim, poder-se-ia dizer que o mtodo cientfico nasce do encontro da especulao com o empirismo. (LAVILLE & DIONE, 1999, p.23).

    Aula 2 Positivismo e Cincias Humanas

    No sculo XVIII, surgem as denominadas Cincias Humanas, com o objetivo de trazer para as in-vestigaes sobre a condio do homem em sociedade at ento objeto restrito s especulaes filosfi-cas os mesmos preceitos e modelos aplicados nas Cincias da Natureza.

    As Cincias Humanas referem-se quelas que tm o prprio ser humano como objeto de estudo.As Cincias da Natureza estudam duas ordens de fenmenos: os fsicos e os vitais, ou as coisas e

    organismos vivosNesse sentido, o desenvolvimento inicial da rea partiu dos preceitos de construo de um sa-

    ber cientfico amparado no modelo positivista e que apresenta, segundo Laville & Dione (1999), algumas caractersticas.

    Empirismo: conhecimento adquirido pelos sentidos, pela experincia sensvel. Qualquer co-nhecimento produzido por outros tipos de experincia (crenas, valores etc.) ou explicao que resulte de ideias inatas , sob o ponto da validade cientfica, desqualificado.

    Objetividade: atitude intelectual que visa considerar a realidade do objeto controlando ao mximo os preconceitos do pesquisador. O sujeito conhecedor no deve influenciar esse objeto de modo algum; deve intervir o menos possvel e dotar-se de procedimentos que eliminem ou reduzam, ao mni-mo, os efeitos no controlados dessas intervenes. Os fenmenos sociais ou naturais devem ser tratados com imparcialidade, universalidade e isentos de todo o modo de distoro poltica, ideolgica, espacial ou temporal.

    Validade: experimentao rigorosamente controlada, graas s mensuraes precisas dos fenmenos, para afastar os elementos que poderiam perturb-la e a seus resultados. A cincia positiva , portanto, quantificativa. A partir do desenvolvimento de experincias que obedeam as mesmas condies de realizao, possvel generalizar os resultados encontrados.

    Experimentao: somente o teste dos fatos, a experimentao, pode demonstrar a preciso da hiptese.

    Leis e Previso: este modelo de saber supe que se pode estabelecer, no domnio do ser huma-no, as leis que determinam o domnio fsico. Essas leis, estima-se, esto inscritas na natureza. Portanto, os seres humanos esto, inevitavelmente, submetidos. Nesse sentido, o conhecimento positivo determinista. O conhecimento dessas leis permitiria prever os comportamentos sociais e geri-los cientificamente.

    Aula 3 Uso da Estatstica como Instrumento para Gesto Pblica

    Antes de iniciar esta aula, reflita sobre as seguintes questes: Voc conhece algo da histria da estatstica como instrumento para gesto pblica? Qual a importncia de mensurar os registros criminais? Divulgar os ndices de criminalidade assusta ou ajuda a prever o futuro?

    Voc pode ter respondido com muita segurana ou com dvidas, ou at mesmo pode ser que sua

  • 6resposta no faa sentido. De qualquer forma, voc vai descobrir isso no seu estudo a seguir.Veja, agora, alguns pontos importantes da construo histrica da estatstica, como instrumento

    para gesto pblica, defendidos na tese de Lima (2005):Foi no contexto de desenvolvimento de um saber cientfico de cunho positivista que o conhe-

    cimento estatstico foi assumido como uma ferramenta para a construo da objetividade na investigao dos fenmenos sociais e na gesto pblica em muitos pases.

    Sua aplicao tradicional remonta aos anos de 5000 a 2000 a.C. e j se apresentava, em civiliza-es antigas do Egito, da Mesopotmia e da China, como instrumento para gesto e administrao do Estado, com nfase nos negcios fiscais, militares e policiais.

    A partir do sculo XIX, o uso de registros estatsticos passa a servir a uma srie de levantamentos e pesquisas sobre os mais diferenciados assuntos.

    A difuso do uso da estatstica surge como representao de um perodo em que a possibilidade de quantificao e controle da realidade constitua-se em pensamento reinante entre analistas sociais e dirigentes.

    SAIBA MAIS...Se voc deseja ler a tese de Lima, acesse: http://www.nevusp.org/downloads/down177.pdf.Pases como Alemanha, Inglaterra e Frana prenunciaram algumas possibilidades de uso de dados

    quantificados. Veja a seguir:Alemanha: Na Alemanha, o enfoque assumido pelas medies de fenmenos e populaes bus-

    cava a instrumentalizao da gesto pblica, por intermdio de uma sistematizao das informaes sobre sade, demografia e uso do espao.

    Inglaterra: Na Inglaterra, o modelo aritmtico inicialmente adotado priorizava as questes da mortalidade e os aspectos demogrficos, assumindo como ponto de partida a coleta, registro e tratamento de fenmenos como os nascimentos, casamentos, batismos e mortes.

    Frana: Na Frana, houve grande incremento de parmetros tcnicos e metodolgicos para o de-senvolvimento dos recenseamentos em virtude da menor resistncia da populao com relao ao receio da possibilidade de controle social advindo do uso das medies pelos governantes.

    Se no perodo inicial predominava a viso positivista, o desenvolvimento posterior das reflexes e parmetros metodolgicos a serem seguidos pelas cincias da sociedade demonstraram que o real no se configura como um ente dado e pronto percepo a partir do emprego dos instrumentos adequados de quantificao.

    O prprio processo de consolidao de informaes e dados para aferio de uma dada realidade partem de percepes, construes, escolhas e limitaes, bem como, encontram-se submetidos, mui-tas vezes, ao sabor das disputas e conflitos de interesses de toda ordem.

    Neste sentido, interessante ressaltar a reflexo que pauta o estudo de Lima (2005) quando apre-senta seu estudo sobre o uso de estatsticas para a anlise criminal em So Paulo, defendendo que:

    [...] mais do que isentos, os nmeros e as formas como eles esto organizados respondem s di-nmicas das disputas de poder em torno das regras sobre como e quem governa: eles so instrumentos de construo de discursos de verdade, que almejam a objetividade e a legitimidade enquanto pressupostos; so resultado de mltiplos processos sociais de contagem, medio e interpretao de fatos e, portanto, dependem da circulao do poder para se reproduzirem. (LIMA, 2005, p. 27).

    Aula 4 Gesto pblica fundamentada no saber cientfico

    Ao se fundamentar em uma viso cientfica da realidade, a gesto pblica incorpora uma srie de caractersticas do saber cientfico:

    A necessidade de adquirir os conhecimentos por meio da experincia sensvel; O fato de buscar controlar ao mximo os preconceitos que deturpam a viso da realidade;

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    A fundamentao do conhecimento em experincias empricas rigorosamente determinadas em termos metodolgicos;

    A busca pelo estabelecimento de previses.ExemploUm bom exemplo da aplicao dos princpios cientficos gesto de polticas pblicas foi um

    estudo realizado pela Rand Corporation, em 1998, no qual se avaliou os resultados de cinco aes diferen-tes realizadas nos Estados Unidos para retirar crianas do mundo dos crimes, em termos dos seus custos e benefcios. Este relatrio fundamentou uma mudana significativa na ao do governo dos Estados Unidos em termos da gesto de polticas de segurana pblica.

    1. Visitas a Famlias em Situao de Risco;2. Capacitao de Pais cujos Filhos Apresentam Problemas; 3. Programas nas Escolas de Incentivo Entrada na Universidade; 4. Superviso de Delinquentes Fora da Priso; 5. Encarceramento.

    A ao do gestor pblico se fundamentou, portanto, em uma avaliao emprica e objetiva dos resultados de diferentes opes de respostas para um mesmo problema que possibilitaram que se constru-sse uma projeo dos resultados futuros destas aes.

    Assim, a Gesto de Resultados deve ser entendida da seguinte forma:

    Por meio da experincia emprica, estabelece-se um conhecimento sobre quais so as aes que levam ao alcance do melhor resultado possvel e, partir da, a gesto passa a ser orientada por este conhecimento.

    Cabe destacar que essa classificao das aes em funo dos seus resultados previstos sempre dever ser contextualizada, levando em conta as caractersticas de inmeros fatores externos intervenientes no processo da relao entre ao e resultado.

    Ao discutir o processo de evoluo das cincias, Popper (1973) nos aponta outra questo impor-tante a ser observada. Veja o que ele nos diz:

    A teoria cientfica ser sempre conjetural e provisria. No possvel confirmar a veracidade de uma teoria pela simples constatao de que os resultados de uma previso efetuada com base naquela teoria se verificaram. Essa teoria dever gozar apenas do estatuto de uma teoria no (ou ainda no) con-trariada pelos fatos. O que a experincia e as observaes do mundo real podem e devem tentar fazer encontrar provas da falsidade daquela teoria. Este processo de confronto da teoria com as observaes poder provar a falsidade da teoria em anlise.

    Nesse caso h que eliminar essa teoria que se provou falsa e procurar uma outra teoria para ex-plicar o fenmeno em anlise. Este aspecto fundamental para a definio da cincia. Cientfico apenas aquilo que se sujeita a este confronto com os fatos. Ou seja, s cientfica aquela teoria que possa ser re-futvel. Uma afirmao que no possa ser confrontada com a sua veracidade pelo confronto com a realida-de no cientfica. Para Popper (1973) a verdade inalcanvel, todavia devemos nos aproximar dela por tentativas.

    Voc pode concluir que o estado atual da cincia sempre provisrio. Essa evoluo se caracteriza principalmente pela constante incerteza sobre o que e pela certeza sobre o que no .

    Assim, grandes achados cientficos, que durante dcadas foram considerados como a verdade absoluta, podem vir a ser manipulados no futuro.

    Por essa razo, a gesto pblica tem que submeter suas aes a testes contnuos, pois a constan-te mudana da realidade vivida pode trazer surpresas em relao aos resultados previstos para as aes executadas.

  • 8Finalizando... No sculo XVII, o pensamento cientfico moderno passa a se consolidar na medida em que a

    legitimidade dos saberes construdos vincula-se observao da realidade (empirismo), colocando tal ex-plicao prova (experimentao).

    No sculo XVIII, surgem as denominadas Cincias Humanas, com o objetivo de trazer para as investigaes sobre a condio do homem em sociedade at ento objeto restrito s especulaes filos-ficas os mesmos preceitos e modelos aplicados s Cincias da Natureza.

    O prprio processo de consolidao de informaes e dados para aferio de uma dada rea-lidade partem de percepes, construes, escolhas e limitaes, bem como, encontram-se submetidos, muitas vezes, ao sabor das disputas e conflitos de interesses de toda ordem.

    Ao se fundamentar em uma viso cientfica da realidade, a gesto pblica incorpora uma srie de caractersticas do saber cientfico.

    Exerccios1. Analise as alternativas abaixo:a) Em 5000 a 2000 a.C., o conhecimento estatstico j se apresentava, em civilizaes antigas do

    Egito, da Mesopotmia e da China, como instrumento para gesto e administrao do Estado, com nfase nos negcios fiscais, militares e policiais.

    b) A difuso do uso da estatstica surge como representao de um perodo em que a possibilida-de de quantificao e controle da realidade constitua-se em pensamento reinante entre analistas sociais e dirigentes.

    c) Na Alemanha, buscava-se a instrumentalizao da gesto pblica, por intermdio de uma siste-matizao das informaes sobre sade, demografia e uso do espao.

    d) Na Inglaterra, o modelo aritmtico inicialmente adotado priorizava as questes da mortalidade e os aspectos demogrficos.

    e) Na Frana, houve grande incremento de parmetros tcnicos e metodolgicos para o desenvol-vimento dos recenseamentos.

    Esto corretas:( ) a,b,c,d( ) a,b,d,e( ) a,b,c,d,e( ) b,c,d,e

    2. Relacione cada termo ao seu significado correto:1. Conhecimento adquirido pelos sentidos, pela experincia sensvel. Qualquer conhecimento pro-

    duzido por outros tipos de experincia.2. Atitude intelectual que visa considerar a realidade do objeto controlando ao mximo os precon-

    ceitos do pesquisador. 3. Este modelo de saber supe que se pode estabelecer, no domnio do ser humano, as leis que

    determinam o domnio fsico. 4. Somente o teste dos fatos pode demonstrar a preciso da hiptese.5. A experimentao rigorosamente controlada, graas s mensuraes precisas dos fenmenos,

    para afastar os elementos que poderiam perturb-la e a seus resultados.

    ( ) Experimentao( ) Leis e previso( ) Validade( ) Empirismo( ) Objetividade

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    Gabarito

    Resposta correta exerccio 1: terceira opo: a, b, c, d, e.

    Ordem correta do exerccio 2: 4 3 5 1 2.

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    Apresentao do mdulo

    Ol! Seja bem-vindo(a) ao segundo mdulo deste curso: Sistema de Informao em Segurana Pblica.

    Neste mdulo voc estudar, comparativamente, os sistemas de informaes criminais existentes nos diversos pases, especificamente, tambm, o sistema de Informao criminal do Brasil.

    Objetivos do mdulo Ao final do estudo deste mdulo, voc ser capaz de: Descrever o desenvolvimento de sistemas de informao criminal em diferentes contextos nacio-

    nais; Reconhecer a importncia do uso da informao na sistematizao de polticas de segurana

    pblica.

    Estrutura do mdulo Este mdulo abrange as seguintes aulas: Aula 1 Quadro Sintico dos Sistemas Nacionais de Informao Criminal Aula 2 Dcadas de atraso na construo de Sistemas de Informao Criminal no Brasil Aula 3 Encaminhamentos recentes relativos situao brasileira

    Aula 1 Quadro Sintico dos Sistemas Nacionais de Informao CriminalA maioria dos pases, principalmente na Europa, desenvolve atualmente sistemas de informao

    utilizando registros de ocorrncias policiais e de atividade judicial bem como gera dados a partir de ques-tionrios e surveys diversos.

    As reas de informao consolidam-se tanto como usurias quanto como produtoras de dados es-tatsticos, mas, sobretudo, h o reconhecimento poltico da utilidade dos dados.

    O Estado francs foi pioneiro na coleta regular de dados das cortes criminais como instrumento de auxlio administrao pblica quinze anos aps a deflagrao da revoluo francesa.

    Diversos pases passaram a desenvolver formas de monitoramento de dados deste tipo desde ento e a promover o seu aprimoramento.

    O uso recente de tecnologias de informtica utilizada para os procedimentos de sistematizao dos dados tem diminudo as ressalvas em relao confiabilidade e validade da fonte primria das infor-maes.

    Veja, a seguir, a evoluo dos sistemas nacionais de informao criminal na Inglaterra, Frana, Por-tugal, Alemanha, Estados Unidos e Brasil.

    MDULO

    2SISTEMA DE INFORMAO EM SEGURANA PBLICA

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    Inglaterra: 1805: Monitoramento anual da situao carcerria; 1830-1840: Classificao dos crimes em seis categorias: crimes contra as pessoas, crimes contra a

    propriedade envolvendo violncia, crimes contra a propriedade que no envolvem violncia, crimes con-tra a propriedade com a nica finalidade de destruir, crimes contra a moeda, crimes contra a segurana e tranquilidade pblicas;

    1857: publicao da estatsticas criminais da Inglaterra, com uso de dados policiais, judiciais e prisionais;

    1856: Ato para Polcias Municipais compilao de informaes fornecidas pelo Ministrio do Interior, pela Corte de Apelao Criminal, pelo Procurador Geral, pela Polcia e por outras fontes;

    1890-1899: produo de relatrios interministeriais associando registros administrativos e com-prehensive surveys;

    Atualmente so produzidos anualmente dois relatrios: Relatrio Anual dos Comissrios das Prises (estatsticas sobre pessoas presas nos estabelecimentos prisionais e reformatrios da Inglaterra) e Relatrio Anual da Polcia Metropolitana (informaes sobre crimes e estrutura da polcia).

    Frana: 1825-1989: coleta de estatsticas judicirias pelo Ministrio Pblico da Frana; 1825-1968: a Chancelaria publica um Balano Geral de monitoramento das atividades bsicas

    das instituies de justia, com uso de tabelas e quadros estatsticos nacionais e desagregao por reas geogrficas;

    Dcada de 1950: o Instituto Nacional de Estatsticas da Frana passa a se responsabilizar pela produo de estatsticas criminais, incluindo o controle cadastral de antecedentes e impedimentos eleito-rais dos condenados pela justia;

    Aps 1955, a tecnologia passou a ocupar posio de destaque na produo de estatsticas crimi-nais na Frana e reforou o debate sobre validade e legitimidade de tais dados;

    1989: Constituio, pelo Centro de Pesquisas Sociolgicas sobre o Direito e Instituies Penais, da base de estatsticas criminais francesas, datadas de 1931 a 1981, contendo contagens de crimes e crimi-nosos.

    Portugal: 1835: o Ministrio dos Negcios Eclesisticos e de Justia compilava informaes junto aos

    tribunais de apelao ou recursos referentes s seguintes categorias criminais: delitos pblicos por abuso de liberdade de imprensa, delitos pblicos de qualquer outra natureza, crimes particulares de qualquer natureza, aes ativas e passivas do Ministrio Pblico, execues da Fazenda Pblica, causas ocorridas nos juzes de conciliao e cveis. Eram tambm coletados mapas referentes s causas ocorridas nos Juzo e Tribunal de Polcia Correcional;

    1839: escrives de diferentes comarcas eram obrigados a produzirem pequenos mapas criminais; 1859: cria-se uma repartio de estatstica ligada ao MNEJ, devendo coligir dados sobre crimes,

    prises e movimento forense. Estavam previstas estatsticas sobre movimento forense, crimes e criminosos, agregadas em seis grupos (crimes contra a religio e abuso de funes religiosas, crimes contra a seguran-a do Estado, crimes contra a ordem e a socioeconomia pblicas, crimes contra as pessoas, crimes contra a propriedade e provocao pblica ao crime). No caso dos homicdios, h campos para as suas causas, quando conhecidas, e h a tentativa de classificao dos meios empregados e formas de execuo dos delitos;

    Atualmente, o Gabinete do Ministrio da Justia disponibiliza dados sobre vrias regies de Por-tugal e indica que possui sistemas permanentes de monitoramento.

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    Alemanha: Dcada de 1880: publicao, pelo Escritrio Imperial de Estatsticas, de todos os dados oficiais da

    Alemanha, incluindo as estatsticas prisionais (condenados) e judiciais (atividades das cortes). Sistema Meldewesen: Polcia de Berlim gerenciava os dados referentes entrada e sada de

    todos os residentes, naturais ou estrangeiros, com o propsito de esquadrinhar cada dimenso da vida cotidiana.

    Atualmente, a Alemanha dispe de sistemas de informao que articulam vrios atores institu-cionais e, se no h concentrao total nas mos de uma agncia, h a ideia do planejamento e da integra-o de aes, nas quais as estatsticas so apenas um dos pilares que balizam a atividade de polcia. O ou-tro pilar seria a desobstruo dos fluxos e canais de informao e o investimento em inteligncia policial.

    EUA: 1880: primeiro Censo a levantar informaes sobre crimes e criminosos; At 1933, apenas 22 estados produziam estatsticas criminais; A partir de 1926: Bureau da Infncia, com produo de estatsticas sobre casos envolvendo jo-

    vens no mbito judicial; A partir de 1929: Bureau federal de Prises, que publica estatsticas de prisioneiros federais; 1930: o FBI comea a computar os Registros Unificados de Criminalidade (UCRs), constitudos

    por uma srie de dados administrativos. Os crimes conhecidos pela polcia so registrados pelas agncias locais e encaminhados ao Bureau Federal de investigao para serem agregados aos totais nacionais. Atu-almente, os UCR incluem o Sistema Sumrio (UCR) e o Sistema Nacional de Registro Baseado em Inciden-tes (NIBRS), que ainda se encontra em fase de implementao;

    1933: trs divises do governo federal atuavam na rea: o Bureau do Censo, para as estatsticas de prises; o Bureau de Investigao do Departamento de Justia (FBI), para as estatsticas policiais; e, por fim, o Bureau de Infncia do Departamento do Trabalho, para os dados sobre crimes juvenis.

    Aplicao de um Survey Nacional de Vitimizao pela Criminalidade (NCVS), administrado a uma amostra da populao dos EUA com 12 anos ou mais de idade. O NCVS oferece estimativas sobre o nvel e a mudana no nvel de vitimizao para os seguintes crimes: estupro, agresso sexual, roubo, agresso agravada, agresso simples, arrombamento, furto, roubo de veculo automotor e vandalismo.

    Brasil: Dcada de 1870: instaurao da necessidade de existncia de estatsticas policiais, criminais,

    civis, comerciais e penitencirias como atendimento a uma demanda do governo imperial. Entre os in-formantes indicados para fazer cumprir essa exigncia, destacam-se os chefes de polcia da Corte e das Provncias, que teriam a incumbncia de preparar os mapas gerais de estatstica policial e encaminh-los aos secretrios de justia e presidentes de Provncia que, posteriormente, deveriam, juntos, envi-los, at dezembro de cada ano, ao governo imperial;

    1871: criao da Diretoria Geral de Estatsticas, subordinada Secretaria dos Negcios do Imp-rio, que passar a ser responsvel pela produo de dados estatsticos do Imprio e, com isso, ao menos formalmente, h a transferncia de atribuies do Ministrio da Justia para essa nova instituio;

    1936: resoluo da Assembleia Geral do Conselho Nacional de Estatstica define que caberia ao Setor de Diretoria de Estatstica Geral do Ministrio da Justia gerir as estatsticas dos chamados Crimes e Contravenes;

    1941: incorporao do Boletim Individual (BI) ao Cdigo de Processo Penal (CPP) como modelo para a produo de dados da rea criminal no pas, visando integrar a apurao de estatsticas criminais, policiais e judiciais. Os BIs tambm significaram uma tentativa de articular as organizaes de segurana e justia e as instituies de produo de estatstica e incorporar ao sistema os Gabinetes e ou Institutos de Identificao, responsveis por controlar os antecedentes criminais de cada indivduo. Tal tentativa, entre-tanto, se mostrou infrutfera em termos de constituio de um sistema nacional de estatsticas criminais;

    2001: Secretaria Nacional de Segurana Pblica inicia um processo de coleta mensal de estatsti-

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    cas de ocorrncias registradas pelas Polcias Civis, retroativo ao ano de 1999, e ocorre a primeira pesquisa perfil das organizaes de segurana pblica.

    2012: promulgao da Lei 12.681, que institui o Sistema Nacional de Informaes de Segurana Pblica, Prisionais e sobre Drogas, com a finalidade de armazenar, tratar e integrar dados e informaes para auxiliar na formulao, implementao, execuo, acompanhamento e avaliao das polticas rela-cionadas segurana pblica; sistema prisional e execuo penal; e enfrentamento do trfico de crack e outras drogas ilcitas.

    Aula 2 Dcadas de atraso na construo de sistemas de informao criminal no Brasil

    Voc sabe qual a situao do Brasil no que se refere construo dos sistemas nacionais de infor-mao criminal e na consolidao de indicadores confiveis de segurana pblica, violncia e criminalida-de?

    Veja, o Brasil encontra-se com algumas dcadas de atraso. No marco de um esforo nacional de controle da violncia, diversas organizaes de segurana pblica comearam a aprimorar os processos de coleta, sistematizao e anlise de informaes sobre ocorrncias criminais e atividades desenvolvidas pelas polcias.

    Inmeros estudos na rea da criminalidade, violncia e polticas de controle na Amrica Latina atestam a deficincia das bases de informaes criminais no Brasil.

    Esse esforo, no entanto, foi marcado profundamente pelo voluntarismo, pela desarticulao des-sas informaes, pela sua falta de padronizao e pela despreocupao com sua utilizao, isso do ponto de vista do monitoramento de resultados.

    Tal situao particularmente grave no que se refere consolidao de monitoramento dos nveis de criminalidade e violncia e na aplicao de polticas pblicas e programas sociais de enfrentamento e preveno eficientes.

    Como consequncias imediatas e indiretas do atraso na construo de sistemas de informao criminal no Brasil, tem-se:

    O aumento acentuado das taxas de criminalidade; O incremento da percepo de risco das populaes nos centros urbanos e naturalizao dos

    fenmenos da violncia e criminalidade como elementos inevitveis do convvio social; A impossibilidade da avaliao de impactos e custos de aes e projetos dos setores pblicos

    neste setor, implicando na percepo de que qualquer iniciativa que vise o decrscimo dos nveis de crimi-nalidade percebida de maneira positiva, independentemente dos resultados que possam ser apresenta-dos.

    Neste contexto, torna-se crucial aos analistas e formuladores de polticas o desenvolvimento e a aplicao de formas adequadas de mensurar fenmenos de criminalidade e violncia. Como aspectos de imprescindvel importncia, h:

    A identificao de tendncias e padres que permitam avaliar adequadamente a relao entre percepes sociais de medo e taxas reais de criminalidade;

    O impacto efetivo de polticas e programas sociais nas taxas de violncia e criminalidade; A incidncia em diferentes grupos sociais; O perfil de agressores e vtimas; A distribuio espacial de delitos; O relacionamento agressor e vtima; As chances de punibilidade criminal.

    O impacto efetivo de polticas e programas sociais nas taxas de violncia e criminalidade requer reflexo sobre alguns questionamentos:

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    Que aspectos funcionaram melhor? Qual o perodo de tempo necessrio para que se produzam efeitos? Que combinaes so necessrias para a produo de resultados promissores? Como evitar gastos desnecessrios com abordagens, na realidade inteis, embora bem intencio-

    nadas? Beato (2000) apontou fatores que dificultam a construo dos sistemas de informao criminal no

    Brasil. Conhea esses fatores a seguir.Em relao aos fatores que dificultam a construo dos sistemas de informao criminal no Brasil,

    Cludio Beato apontou os seguintes:1. Mtodos, abordagens estatsticas, indicadores, conceitos e modelos so resultado de determina-

    es de natureza social para a sua elaborao. Uma realidade social passvel de quantificao est sempre submetida a uma srie de determinantes inibidores da validao metodolgica e da objetividade. No caso dos indicadores criminolgicos, ignora-se o processo poltico de construo das categorias penais.

    2. A tradio sociolgica empregada na problematizao de pesquisas criminais e dos levanta-mentos estatsticos oficiais levou a uma postura em que a crtica aos dados precede qualquer utilizao deles.

    3. De uma perspectiva organizacional, surge um obstculo importante em virtude de descolamen-to entre as atividades prticas das organizaes e os sistemas de informaes. Como no veem utilidade nenhuma na produo de estatsticas e indicadores, os operadores das organizaes do sistema de justia criminal tendem a negligenciar a produo dessas informaes.

    4. Por fim, verifica-se tambm a falta de departamentos de estatstica e coleta de dados, escassez de tecnologia adequada e de profissionais devidamente capacitados em algumas Secretarias de Segurana brasileiras.

    Ao enfocar a preveno da criminalidade em nvel municipal, Kahn (2005) aborda algumas dificul-dades adicionais:

    Como quase todas as informaes relacionadas criminalidade, os dados desagregados em nvel municipal so esparsos e de m qualidade. Por outro lado, quando existem, no retratam necessaria-mente com fidelidade o problema. A razo bsica que os municpios no so vistos como atores relevan-tes na questo da criminalidade e, portanto, so raras as informaes coletadas nesse nvel, com exceo das capitais e cidades particularmente problemticas.

    As estatsticas oficiais de criminalidade so utilizadas em todo o mundo para retratar a situao da segurana pblica, mas no podemos esquecer de que esto sujeitos aos limites de validade e confia-bilidade: eles so antes um retrato do processo social de notificao de crimes do que um retrato fiel do universo dos crimes realmente cometidos num determinado local.

    Aula 3 Encaminhamentos recentes relativos situao brasileira

    Desde o ano de 2003, a Secretaria Nacional de Segurana Pblica (SENASP) vem realizando uma srie de aes, buscando valorizar a informao como principal ferramenta de ao das organizaes de segurana pblica.

    Uma grande ao foi a criao do Sistema Nacional de Estatsticas de Segurana Pblica e Justia Criminal SINESPJC (atual mdulo de estatstica do SINESP), implantado em 2004, com o mdulo Polcia Civil e posteriormente o mdulo Polcia Militar em 2006. Esse sistema teve como principal objetivo iniciar o processo informatizado de coleta de dados estatsticos junto s 27 UFs, em um cenrio que contava com apenas 07 UFs com sistemas de registro de ocorrncias informatizados.

    Nesse contexto, buscando corrigir problemas anteriormente identificados em relao aos sistemas existentes e ao acesso e o uso dos dados e informaes de segurana pblica, em 04 de julho de 2012, foi promulgada a Lei 12.681, que institui o Sistema Nacional de Informaes de Segurana Pblica, Prisionais

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    e sobre Drogas (SINESP), com a finalidade de armazenar, tratar e integrar dados e informaes para auxi-liar na formulao, implementao, execuo, acompanhamento e avaliao das polticas relacionadas segurana pblica sistema prisional e execuo penal e enfrentamento do trfico de crack e outras drogas ilcitas.

    Para saber mais sobre a Lei 12.681, acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12681.htm.

    O SINESP, alm de ser composto por sistemas e bases de dados do Governo Federal, como por exemplo, a Rede INFOSEG, busca a integrao entre os sistemas Estaduais das instituies de segurana pblica e demais parceiros.

    Para saber mais sobre a SINESP, acesse: www.sinesp.gov.br.

    O SINESP ir fornecer os insumos necessrios para a produo de relatrios estatsticos descritivos da situao da segurana pblica no Brasil e avaliativos em relao aos resultados alcanados pelo governo brasileiro. As informaes estatsticas determinam a distribuio de recursos por parte do Governo Federal para as Unidades da Federao e os Municpios. Por fim, ir disponibilizar os meios para a produo de conhecimentos que auxiliam no planejamento das polticas nacionais de segurana pblica.

    Finalizando...

    Neste mdulo voc estudou que:

    A maioria dos pases, principalmente na Europa, desenvolve atualmente sistemas de informao utilizando registros de ocorrncias policiais e de atividade judicial, bem como gera dados a partir de questionrios e surveys diversos. O Brasil encontra-se com algumas dcadas de atraso. No marco de um esforo nacional de

    controle da violncia, diversas organizaes de segurana pblica comearam a aprimorar os processos de coleta, sistematizao e anlise de informaes sobre ocorrncias criminais e atividades desenvolvidas pelas polcias.

    O SINESP, institudo pela Lei 12.681/2012, ir fornecer os insumos necessrios para a produo de relatrios estatsticos descritivos da situao da segurana pblica no Brasil e avaliativos em relao aos resultados alcanados pelo governo brasileiro. As informaes estatsticas determinam a distribuio de recursos por parte do Governo Federal para as Unidades da Federao e os Municpios. Por fim, ir dispo-nibilizar os meios para a produo de conhecimentos que auxiliam no planejamento das polticas nacionais de segurana pblica.

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    Exerccios

    1. Voc estudou o quadro sintico da evoluo dos sistemas nacionais de informao criminal na Inglaterra, Frana, Portugal, Alemanha, Estados Unidos e Brasil. Agora faa as relaes entre os pases e seu ltimo dado criminal.

    (1) Inglaterra(2) Frana(3) Portugal(4) Alemanha(5) EUA(6) Brasil

    ( ) Ocorre a implantao do Sistema Nacional de Estatsticas e Justia Criminal( ) Atualmente so produzidos anualmente dois relatrios: Relatrio Anual dos Comissrios das

    Prises (estatsticas sobre pessoas presas nos estabelecimentos prisionais e reformatrios da Inglaterra) e Relatrio Anual da Polcia Metropolitana (informaes sobre crimes e estrutura da polcia).

    ( ) Em 1989 foi constituda, pelo Centro de Pesquisas Sociolgicas sobre o Direito e Instituies Penais, a base de estatsticas criminais datadas de 1931 a 1981, contendo contagens de crimes e crimino-sos.

    ( ) Atualmente, o Gabinete do Ministrio da Justia disponibiliza dados sobre vrias regies e indica que possui sistemas permanentes de monitoramento.

    ( ) Atualmente, dispe de sistemas de informao que articulam vrios atores institucionais.( ) O NCVS oferece estimativas sobre o nvel e a mudana no nvel de vitimizao para os seguin-

    tes crimes: estupro, agresso sexual, roubo, agresso agravada, agresso simples, arrombamento, furto, roubo de veculo automotor e vandalismo.

    2. Elabore um quadro contendo os principais dados sobre a utilizao de sistemas de estatsticas nos pases estudados. Se desejar, busque novas informaes na Internet.

    3. Considerando os fatores que dificultam a construo dos sistemas de informao criminal no Brasil, apontados por Beato (2000), marque as alternativas verdadeiras:

    ( ) No caso dos indicadores criminolgicos, considera-se o processo poltico de construo das categorias penais.

    ( ) A tradio psicolgica empregada na problematizao de pesquisas criminais e dos levan-tamentos estatsticos oficiais levou a uma postura em que a crtica aos dados precede qualquer utilizao deles.

    ( ) Como no veem utilidade nenhuma na produo de estatsticas e indicadores, os operadores das organizaes do sistema de justia criminal tendem a negligenciar a produo dessas informaes.

    ( ) Falta de departamentos de estatstica e coleta de dados, escassez de tecnologia adequada e de profissionais devidamente capacitados em algumas Secretarias de Segurana brasileiras.

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    Gabarito

    Ordem correta do exerccio 1: 6 1 2 3 4 5.

    Resposta correta do exerccio 2: resposta pessoal.

    Resposta correta do exerccio 3: c d.

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    Apresentao do mdulo

    Ol! Seja bem-vindo(a) ao terceiro mdulo deste curso: Desenvolvimento de sistemas de infor-mao em segurana pblica.

    Para iniciar o contedo proposto para esse assunto, reflita sobre as seguintes questes:Voc sabe o que so indicadores de criminalidade? E quais so as fontes de informao utilizadas

    na produo de estatsticas? O estudo deste mdulo possibilitar que voc responda essas questes.Preparado(a)?Vamos l!

    Objetivos do mdulo

    Ao final do estudo deste mdulo, voc ser capaz de:

    Compreender a proposta da ONU para um sistema de estatstica de justia; Descrever as principais caractersticas dos sistemas de informao gerencial; Identificar os indicadores sociais de criminalidade e reconhecer sua importncia para a sistemati-

    zao de polticas de segurana pblica; Enumerar outras fontes de informao de segurana pblica e justia criminal.

    Estrutura do mdulo

    Este mdulo abrange as seguintes aulas:

    Aula 1 Proposta da ONU Aula 2 Indicadores sociais de criminalidade Aula 3 Propriedades dos indicadores sociais de criminalidade Aula 4 Fontes de informao de segurana pblica e justia criminal no Brasil

    Aula 1 Proposta da ONU

    No ano de 2002, o Departamento de Assuntos Sociais e Econmicos das Naes Unidas divulgou o Manual para Desenvolvimento de Sistemas de Estatstica de Justia Criminal. Esse manual traz algu-mas consideraes de extrema importncia para aqueles que se aventurarem na difcil tarefa de desenvol-ver sistemas de estatstica em segurana pblica.

    Foi uma das fontes principais que norteou a equipe tcnica da SENASP na construo do Sistema Nacional de Estatsticas de Segurana Pblica e Justia Criminal (SINESPJC), atual mdulo de estatstica do SINESP.

    Para saber mais sobre o Sistema Nacional de Estatsticas de Segurana Pblica e Justia Criminal, acesse: www.sinesp.gov.br.

    MDULO

    3DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAO EM SEGURANA PBLICA

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    Um dos principais pontos discutidos foi a importncia de se definir de forma clara os propsitos e usos para o sistema. A identificao dos propsitos fundamental para identificarmos as informaes que precisamos coletar e sistematizar. Mesmo que no tenhamos informaes disponveis, preciso deixar bem estabelecido uma perspectiva de futuro, para direcionar processos de evoluo que venham a ocor-rer no processo de coleta de informaes.

    Outro ponto bastante importante que o referido manual designa como exigncias mnimas para implantao destes sistemas o atendimento de diretrizes.

    Veja abaixo quais so elas.1. Obteno e manuteno do comprometimento dos responsveis pelo sistema;2. Promoo da evoluo do uso do sistema;3. Manuteno da objetividade e da neutralidade poltica;4. Uso eficiente de recursos tcnicos e analticos;5. Articulao clara do contedo e estrutura do sistema;6. Uso de uma abordagem integrada; e7. Manuteno de um carter pblico de uso do sistema.

    Por fim, tambm fica claro que, para garantir a correta implantao do sistema e sua instituciona-lizao como fonte qualificada, objetiva e permanente de informaes, necessrio estabelecer e difun-dir da forma mais clara possvel todos os processos de coleta, processamento, anlise e divulgao de informaes.

    Importante!

    Neste processo, a definio detalhada das informaes a serem coletadas ganha uma importncia primordial. Na situao brasileira, na qual cada organizao de segurana pblica possui seu prprio siste-ma de classificao de delitos, esse ponto deve sempre ser tratado com muito cuidado.

    Aula 2 Indicadores sociais de criminalidade

    Segundo Jannuzzi (2005), os indicadores sociais podem ser definidos como:

    [...] medidas usadas para permitir a operacionalizao de um conceito abstrato ou de uma deman-da de interesse programtico. Os indicadores apontam, indicam, aproximam, traduzem em termos ope-racionais as dimenses sociais de interesse definidas a partir de escolhas tericas ou polticas realizadas anteriormente. Prestam-se a subsidiar as atividades de planejamento pblico e a formulao de polticas sociais nas diferentes esferas de governo, possibilitam o monitoramento das condies de vida e bem-es-tar da populao por parte do poder pblico e da sociedade civil e permitem o aprofundamento da inves-tigao acadmica sobre a mudana social e sobre os determinantes dos diferentes fenmenos sociais.

    Dessa forma, voc pode observar que as escolhas acerca dos indicadores, que sero prioritaria-mente construdos, dependem de um contexto de definio da importncia de tais informaes para uma agenda de gesto pblica.

    Como voc estudou anteriormente, a constatao do aumento das taxas de criminalidade e da sensao de insegurana da populao est condicionando polticas pblicas direcionadas ao combate e preveno de eventos violentos.

    Definindo-se a rea da Segurana Pblica como uma demanda fundamental de interesse pro-gramtico, busca-se, ento, o delineamento das dimenses, dos componentes e das aes operacionais vinculadas.

  • 20

    Para o acompanhamento dessas aes, buscam-se dados administrativos e estatsticas pblicas, que, reorganizados na forma de taxas, propores, ndices ou mesmo em valores absolutos, transformam--se em indicadores sociais.

    Em termos de eficincia no uso dos recursos, da eficcia no cumprimento das metas e da efetivi-dade dos seus desdobramentos sociais mais abrangentes e perenes.

    O socilogo Tlio Kahn (2005) nos diz que, no campo da formulao de polticas pblicas vol-tadas preveno da criminalidade, a construo dos indicadores sociais especficos e de sistemas de informaes criminais pode atender a diferentes finalidades:

    Aperfeioar a eficincia dos rgos de justia criminal por meio da partilha e da troca de infor-maes entre eles, trazendo como benefcios a velocidade, acuidade e reduo dos custos administrativos do sistema;

    Providenciar informao sobre o histrico criminal de suspeitos para a polcia e para o Ministrio Pblico e Justia; e deduzir informaes sobre eventuais parceiros nos crimes;

    Providenciar estatsticas com finalidades operacionais e administrativas; Eliminar trabalho redundante e aumentar a qualidade da informao; Possibilitar a emisso de certificados de bons antecedentes, licenas e permisses para compra

    de armas, concursos pblicos e empregos; Manter um acervo de dados histricos para propsitos de pesquisa; Construir e manter um banco que disponibilize dados para planejamento e alocao de recursos

    do sistema de justia criminal; que armazene informaes sobre pessoas desaparecidas, veculos e bens roubados; e que concentre informaes de interesse para outros rgos pblicos, para a polcia comunit-ria, para empresas de segurana, para seguradoras, para a mdia e para o pblico em geral.

    Importante!Como pode ser observado, so mltiplas as possibilidades de uso de indicadores sociais de crimi-

    nalidade. Entretanto, no esquea: para que a construo de um sistema de informaes criminais atenda aos objetivos determinados, necessrio atentar-se a um conjunto de propriedades desejveis que defini-ro a tipologia mais adequada dos indicadores a serem coletados e sistematizados.

    Jannuzzi (2005) descreve uma srie de propriedades que devem ser consideradas para que pos-sam ser feitas as escolhas mais adequadas sobre dados a serem trabalhados, independentemente da rea temtica ou do objetivo para o qual eles possam ser direcionados.

    Veja, a seguir, as propriedades mais expressivas relacionadas s informaes criminais e adminis-trativas de segurana pblica.

    Relevncia: A primeira qualidade a ser priorizada em um sistema de avaliao e formulao de polticas pblicas a relevncia dos indicadores escolhidos para a agenda poltico-social.

    Exemplo: Considerando o carter emergencial do diagnstico acerca da incidncia criminal no pas, poder-se-ia tomar como relevante, por exemplo, o acompanhamento sistemtico das taxas de homic-dio e de delitos, como assalto e furto, nos estados.

    Validade: Outro critrio fundamental na escolha dos indicadores a validade das informaes coletadas, visto que necessrio se dispor de medidas mais prximas o possvel da realidade que se pre-tende diagnosticar.

    Exemplo: Nesse sentido, mais vlido coletar informaes sobre taxas de homicdio que saber o nmero de policiais por habitante, caso a finalidade seja acompanhar o crescimento ou decrscimo da violncia.

    Confiabilidade: A confiabilidade da medida outra propriedade importante para legitimar o uso do indicador.

    Exemplo: Na avaliao do nvel de violncia em uma comunidade, por exemplo, indicadores ba-

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    seados nos registros de ocorrncias policiais ou mesmo de mortalidade por causas violentas tendem a ser menos confiveis e menos vlidos do que aqueles passveis de serem obtidos a partir de pesquisas de vitimizao, em que se questionam os indivduos acerca de agravos sofridos em seu meio em determinado perodo.

    Naturalmente, mesmo nessas pesquisas, as pessoas podem se sentir constrangidas a revelar situa-es de violncia pessoal sofrida, por exemplo, no contexto domstico, como assdio sexual ou discrimina-o por raa.

    Cobertura Territorial e Populacional: Sempre que possvel, deve-se procurar empregar indi-cadores de boa cobertura territorial e populacional, que sejam representativos da realidade emprica em anlise.

    Exemplo: Essa uma das caractersticas interessantes dos indicadores sociais produzidos a partir dos censos demogrficos, o que os tornam to importantes para o planejamento pblico do pas.

    Como exemplo de pesquisas que visam obter um diagnstico organizacional mais amplo, com aplicao de metodologia que vise abarcar todo o universo de casos existentes, so realizadas, pela Secre-taria Nacional de Segurana Pblica, as pesquisas anuais dos Perfis Organizacionais de diferentes agncias de Segurana Pblica do pas, entre elas esto as Polcias Civis, Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Tais pesquisas tm por finalidade o levantamento das informaes sobre os recursos materiais disponveis, dados acerca do efetivo e de sua valorizao profissional e informaes de mbito administra-tivo e de rotina das organizaes.

    Transparncia Metodolgica: Outra caracterstica fundamental legitimidade de qualquer indicador e pressuposta da boa prtica da pesquisa social a transparncia metodolgica, que consiste na explicitao das escolhas realizadas em todas as etapas que esto presentes no processo de construo, sistematizao, anlise e divulgao das informaes. Este um atributo indispensvel na medida em que garante a credibilidade das informaes a serem utilizadas.

    Comunicabilidade: A divulgao das informaes coletadas outra propriedade tambm im-portante e que se refere ao que Januzzi chama de comunicabilidade, cujo objetivo a garantia da transpa-rncia das decises tcnicas tomadas pelos administradores pblicos e a compreenso delas por parte da populao, dos jornalistas, dos representantes comunitrios e dos demais agentes pblicos.

    Periodicidade: A periodicidade com que o indicador coletado outro atributo fundamental, visto que a garantia de atualizao das informaes permite a formulao de projees e a construo de uma srie histrica para acompanhamento regular do objeto de interesse. Essa periodicidade uma das grandes limitaes do sistema estatstico brasileiro.

    Para algumas temticas da poltica social, possvel se dispor de boas estatsticas e indicadores de forma peridica (mensal) em alguns domnios territoriais (principais regies metropolitanas). Para outras temticas, em escala estadual, possvel atualizar indicadores em bases anuais.

    J nos municpios, em geral, pela falta de recursos, organizao e compromisso com a manuten-o peridica dos cadastros, s se dispe de informaes mais abrangentes a cada dez anos, por ocasio dos censos demogrficos.

    Comparabilidade: A comparabilidade do indicador ao longo do tempo uma caracterstica desejvel, pois permite a inferncia de tendncias e a avaliao de efeitos de eventuais programas sociais implementados. O ideal que as cifras passadas sejam compatveis do ponto de vista conceitual e com confiabilidade similar das medidas mais recentes, o que nem sempre possvel. Afinal, tambm desej-vel que a coleta dos dados melhore ao longo do tempo, seja pela resoluo de problemas de cobertura es-pacial e organizao da logstica de campo, seja pelas mudanas conceituais que ajudem a precisar melhor o fenmeno social em questo.

    Realidade Emprica: Realidade que se refere aos fatos concretos e observveis. Um enunciado emprico descreve observaes ou pesquisas baseadas em observaes concretas. Distingue-se, portanto, de algo baseado apenas em processos mentais, tericos ou de qualquer outro tipo.

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    Diagnstico organizacional: Constitui-se num mtodo de levantamento e anlise das causas: - da baixa produtividade; - do desempenho da administrao; e - da potencialidade de empresas pblicas e privadas.Identificando as deficincias e os desequilbrios, com vistas elaborao de um programa de reor-

    ganizao e facilitao da tomada de decises.

    SAIBA MAIS...

    Se voc deseja saber mais sobre vitimizao, realidade emprica e diagnstico organizacional, acesse o arquivo Pesquisa de vitimizao, disponvel nos anexos do curso.

    Dadas as caractersticas do sistema de produo de estatsticas pblicas no Brasil, muito raro dispor-se de indicadores sociais que gozem plenamente de todas essas propriedades.

    H esforo significativo de diversas instituies em disponibilizar novos contedos e informa-es a partir de seus cadastros, visto que tais informaes podem ser usadas para a construo de novos indicadores sociais.

    Importante!O importante que a escolha dos indicadores seja fundamentada na avaliao crtica das proprie-

    dades anteriormente discutidas e no simplesmente na tradio de uso deles.

    Aula 3 Fontes de informao de segurana pblica e justia criminal no Brasil

    Do ponto de vista da pesquisa social, h uma percepo bastante difundida entre os criminlogos de que apenas as informaes administrativas de agncias de segurana pblica no so suficientes para a compreenso dos fenmenos relacionados incidncia criminal ou violncia.

    Pesquisa social: procedimento racional e sistemtico que tem como objetivo proporcionar respos-tas aos problemas que so propostos. A pesquisa desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponveis e a utilizao cuidadosa de mtodos, tcnicas e outros procedimentos cientficos ao longo de

    um processo que envolve inmeras fases, desde a adequada formulao do problema at a satisfatria apresentao dos resultados.

    Para uma viso efetivamente compreensiva dos fenmenos relacionados a tal problemtica, Kahn (2005) enfatiza que necessrio atentar-se para as condies gerais de vida da populao.

    Kahn (2005) observa que o nvel socioeconmico um fator explicativo significante para a pre-ponderncia de eventos criminais especficos em determinadas localidades, muito embora a explicao de sua distribuio seja bastante complexa.

    Citando uma pesquisa realizada em diversos bairros da cidade de So Paulo, foi possvel perceber que a distribuio espacial dos homicdios encontrava uma forte associao com o reduzido nvel socioeconmico local, assim como tambm se observou que o maior cometimento de crimes contra o pa-trimnio situava-se em bairros cujos moradores apresentavam uma renda mdia bastante elevada.

    SAIBA MAIS...

    Se voc quiser conhecer as estatsticas de ocorrncias criminais no Brasil, acesse o Anurio Brasi-leiro de Segurana Pblica, disponvel em: http://www.forumseguranca.org.br/produtos/anuario-brasileiro--de-seguranca-publica/estatisticas-anuarios.

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    Voc pode observar que desejvel, tanto quanto possvel, que, aos bancos de dados sobre crimi-nalidade geralmente compostos por dados administrativos policiais, tais como registros de ocorrncias , estejam agregadas informaes socioeconmicas das populaes locais e da infraestrutura urbana.

    Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de justia criminal referem-se ao uso de da-dos policiais (do Ministrio Pblico e da Justia ou do sistema prisional) para fins de administrao dos procedimentos de rotina. Destacam-se assim as seguintes bases:

    Base Polcia Militar: os registros da Polcia Militar incluem crimes e ocorrncias diversas, mas no abrangem o conjunto total de crimes e, portanto, no podem ser usados como base exclusiva de um sistema de informao criminal. Servem, sobretudo, como informao relevante para o desempenho da prpria corporao.

    Base Polcia Civil: a Polcia Civil praticamente s registra crimes, mas deixa de registrar uma gama de incidentes que perturbam a segurana pblica e no chegam a constituir crime.

    Bem, veja que as bases podem no conter as informaes necessrias para a avaliao de polticas pblicas de segurana ou programas particulares. Em funo disso, preciso pensar criativamente sobre a utilizao de outras possveis fontes de dados para complementar ou checar as informaes fornecidas pelas bases de dados oficiais.

    Em geral, essas informaes no so direcionadas especificamente para o uso na rea de gesto. Assim, informaes sociodemogrficas dos infratores ou demandantes de servios de justia criminal ra-ramente so levantadas, comprometendo-se a viabilidade de anlises mais consistentes de tais bancos de dados.

    Note que, em vista das caractersticas dos dados gerados pelas Polcias, h a necessidade de fon-tes alternativas para contrastar os registros da polcia. Por causa do sub-registro e dos outros problemas, fundamental contar com fontes alternativas para comparar os dados da polcia.

    A seguir, veja exemplos de outras fontes de informao.

    Pesquisa de vitimizao

    A primeira tentativa de se medir a incidncia de crimes com base em entrevistas domiciliares foi feita nos Estados Unidos, na dcada de 1960. O National Crime Survey, posteriormente batizado de Natio-nal Crime Victimization Survey, foi proposto em 1965 por uma comisso presidencial Lyndon Johnson como um instrumento que permitiria examinar as causas e as caractersticas do crime nos EUA.

    Para saber mais sobre a National Crime Victimization Survey, acesse: www.bjs.gov/index.cfm?-ty=dcdetail&iid=245.

    Anos depois, as pesquisas de vitimizao disseminaram-se mundialmente e consagraram-se como um instrumento importante de investigao criminolgica e como ferramenta para o desenho de polticas.

    A pesquisa de vitimizao consiste em uma srie de perguntas feitas a pessoas escolhidas em sorteio para representarem a populao, sobre terem ou no sido vtimas de algum tipo de crime.

    Ela visa ajudar o planejamento em segurana pblica, fornecendo dados reais sobre a criminali-dade e a violncia, principalmente, aqueles no captados pelos registros policiais.

    Neste sentido, serve tanto para indicar crimes ocorridos, reas e pessoas mais expostas, quanto para minimizar e entender a subnotificao de crimes.

    No Brasil, a primeira pesquisa de vitimizao realizada em mbito nacional foi empreendida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) de 1988. Depois disso, o IBGE empreendeu outra pesquisa nacional de vitimizao, tambm como suplemento da PNAD, no ano de 2009. fato constatado que as pesquisas de vitimizao so ainda bastante incipientes no Brasil.

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    Outros exemplos de pesquisas de vitimizao empreendidas no Brasil: Pesquisa de vitimizao ILANUD: foi desenvolvida em 2002, a partir da parceria Instituto Latino

    Americano das Naes Mdulos (ILANUD)/Gabinete de Segurana Institucional da Presidncia da Repbli-ca/FIA/Universidade de So Paulo (USP). representativa para os municpios de So Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitria.

    Pesquisa de vitimizao do INSPER: desenvolvido pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER), o estudo toma como base pesquisas domiciliares com 2.967 pessoas na cidade de So Paulo em 2003 e 2008. Os sete tipos de ocorrncia apurados no levantamento so: residncia, veculo, componentes de ve-culos, crime contra a pessoa, trnsito, agresses e casa de temporada.

    Pesquisa de vitimizao CRISP/UFMG: foi desenvolvida nos anos de 2001, 2003 e 2006, pelo Centro de Estudos de Criminalidade e Segurana Pblica da Universidade Federal de Minas Gerais (CRISP/UFMG). representativa para o municpio de Belo Horizonte, no qual foram entrevistadas 6.220 pessoas.

    SAIBA MAIS...

    Veja as pesquisas de vitimizao at ento realizadas no Brasil no arquivo Tabela 2, disponvel nos anexos do curso.

    SeguradorasNo caso de roubos e furtos de carros, os dados das seguradoras so importantes para comprovar

    tendncias, se bem que as cifras absolutas no devem coincidir, pois nem todos os carros esto segurados.

    IML e Ministrio da SadeNo caso dos homicdios, os dados do Instituto Mdico-Legal e do Ministrio da Sade so geral-

    mente de uma confiabilidade superior aos da polcia, pela prpria natureza de sua produo e por estarem submetidos a uma crtica mais detalhada. Contudo, tambm eles apresentam problemas, como a existncia de uma categoria de mortes violentas de intencionalidade desconhecida, que incluiria homicdios, suicdios e mortes acidentais.

    Para chegar a uma estimativa mais precisa, necessrio submeter tal categoria a uma estimativa que reclassifica uma parte dela como homicdio. Alm disso, a dificuldade maior para utilizar esses dados como indicadores de segurana pblica a demora na sua difuso, justamente devido ao tempo dedicado crtica dos dados.

    De qualquer forma, muito importante que, mesmo com um certo atraso, tais registros sejam comparados com os da polcia, para testar a validade dos ltimos.

    Talvez a fonte alternativa mais importante de todas para complementar as bases de justia crimi-nal seja o censo populacional nacional, efetuado a cada certo nmero de anos.

    Mas por que ele to importante?Porque, por exemplo, sem o dado populacional, impossvel calcular as taxas por 100 mil habitan-

    tes e fazer comparaes entre diferentes unidades administrativas ou acompanhar tendncias temporais. Do mesmo modo, informaes como a composio etria e racial da populao, as taxas de urbanizao, de desemprego, de migrao, os indicadores de desigualdade na distribuio de renda, as taxas de eva-so escolar ou a composio das famlias, entre outros fatores, so cruciais para a interpretao precisa do significado das estatsticas criminais.

    Alm das fontes, que voc estudou at aqui, merecem ser lembradas, dentre outras, as fontes mais bvias, como:

    agncias de regulao de produtos controlados, como armas, lcool ou drogas; agncias regulatrias que fiscalizam instituies bancrias ou de segurana; autoridades fiscais e alfandegrias; departamentos de segurana de instituies privadas etc.

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    DE OLHO NA REALIDADDE LOCAL...Pesquise no seu estado ou municpio quais so as fontes de informao de segurana pblica

    utilizadas. Converse com os profissionais que so responsveis pelo levantamento das informaes e obser-

    ve as propriedades mais expressivas relacionadas s Informaes criminais e administrativas de segurana pblica que esto sendo observadas.

    Finalizando...Nesse mdulo, voc estudou que: No ano de 2002, o Departamento de Assuntos Sociais e Econmicos das Naes Unidas divulgou

    o Manual para Desenvolvimento de Sistemas de Estatstica de Justia Criminal. Esse manual traz algumas consideraes de extrema importncia para aqueles que se aventurarem na difcil tarefa de desenvolver sistemas de estatstica em segurana pblica;

    O Manual foi uma das fontes principais que norteou a equipe tcnica da SENASP na construo do Sistema Nacional de Estatsticas de Segurana Pblica (SINESP);

    O socilogo Tlio Kahn (2005) nos diz que, no campo da formulao de polticas pblicas volta-das preveno da criminalidade, a construo dos indicadores sociais especficos e de sistemas de infor-maes criminais pode atender a diferentes finalidades;

    H esforo significativo de diversas instituies em disponibilizar novos contedos e informa-es a partir de seus cadastros. Tais informaes podem ser usadas para a construo de novos indicadores sociais;

    Os dados frequentemente trabalhados em sistemas de justia criminal referem-se ao uso de dados policiais, do Ministrio Pblico e da Justia ou do sistema prisional para fins de administrao dos procedimentos de rotina;

    Dentre as fontes de informao destacam-se as pesquisas de vitimizao que visam ajudar o planejamento em segurana pblica, fornecendo dados reais sobre a criminalidade e a violncia, princi-palmente, aqueles no captados pelos registros policiais.

  • 26

    Exerccios

    1. Realize a atividade a seguir no ambiente virtual!

    Busque na Internet trs fontes de Informao de Segurana Pblica e Justia Criminal no Brasil. Faa uma anlise dos dados encontrados em relao ao que voc aprendeu sobre as propriedades das informaes criminais e administrativas de segurana pblica.

    2. Analise as alternativas abaixo:a. Manuteno da objetividade e da neutralidade poltica.b. Uso de uma abordagem fragmentada para melhor compreenso do todo.c. Obteno e manuteno do comprometimento dos responsveis pelo sistema.d. Promoo da evoluo do uso do sistema.e. Uso eficiente de recursos tcnicos e analticos.f. Articulao clara do contedo e estrutura do sistema.g. Manuteno de um carter pblico de uso do sistema.

    Quais delas fazem parte do Manual para Desenvolvimento de Sistemas de Estatstica de Justia Criminal?

    ( ) 1) a, b, c, d, e, f, g( ) 2) a, c, d, e, f, g( ) 3) a ,b, c, e, f( ) 4) b, d, e, f, g

    3. Relacione corretamente as informaes s propriedades a seguir.

    1. Confiabilidade2. Periodicidade3. Relevncia4. Validade

    ( ) a primeira qualidade a ser priorizada em um sistema de avaliao e formulao de polticas pblicas.

    ( ) uma importante propriedade, visto que necessrio se dispor de medidas o mais prximas possvel da realidade que se pretende diagnosticar.

    ( ) outra propriedade importante para legitimar o uso do indicador. ( ) Essa propriedade, que determina quando o indicador coletado, outro atributo fundamen-

    tal, visto que a garantia de atualizao das informaes permite o acompanhamento regular do objeto de interesse.

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    Gabarito

    Resposta correta exerccio 1: Resposta pessoal.

    Resposta correta exerccio 2: 2) a, c, d, e, f, g.

    Ordem correta do exerccio 3: 3 4 1 2.

  • 28

    Apresentao do mdulo

    No mdulo anterior voc conheceu as diretrizes para implantao de sistemas de estatstica em segurana pblica. Tambm pde refletir sobre o uso dos indicadores sociais de criminalidade e suas finali-dades, alm das propriedades desejveis que definiro a tipologia mais adequada dos indicadores a serem coletados e sistematizados.

    Por fim, voc ainda estudou sobre as fontes de informao de segurana pblica e justia criminal no Brasil.

    Dando continuidade ao aprendizado, neste mdulo, voc ir analisar um exemplo de utilizao de sistema de informao gerencial.

    Pronto(a)?Siga adiante!

    Objetivos do mdulo

    Ao final do estudo desse mdulo, voc ser capaz de:

    Descrever o processo de construo do Sistema Nacional de Estatstica em Segurana Pblica e Justia Criminal SINESPJC (atual mdulo de estatstica do SINESP, Lei 12.681/2012).

    Estrutura do mdulo

    Esse mdulo abrange a seguinte aula:

    Aula 1 Sistemas de Informao Gerencial na SENASP

    Aula 1 Sistemas de informao gerencial na SENASP

    Para ilustrar o processo de construo de um sistema integrado de informaes especificamente direcionadas gesto de segurana pblica, voc estudar a experincia prtica da SENASP no planeja-mento e implantao do Sistema Nacional de Estatstica de Segurana Pblica e Justia Criminal (atual mdulo de estatstica do SINESP).

    1.1 Sistema Nacional de Estatsticas de Segurana Pblica e Justia Criminal

    Voc estudar esse sistema por meio de subitens. Aps cada subitem, voc far uma atividade para que possa autoavaliar o seu desempenho sobre o que estudou.

    Voc est indo bem! Avance para dar sequncia ao contedo.

    MDULO

    4SISTEMAS DE INFORMAO GERENCIAL

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    1.1.1 Breve Histrico - Diagnstico do Sistema de Coleta de Dados da SENASP (2001 a 2003)

    Desde 2001, a SENASP rene dados sobre segurana pblica retroativos a 1999, ordenados em dois processos de coleta que resultaram de iniciativas independentes, porm complementares:

    Um destinado a reunir informaes sobre ocorrncias criminais e atividades policiais. Outro destinado a traar um perfil das organizaes policiais brasileiras, no que se refere a seus

    tamanhos e caractersticas, formao dos seus efetivos, aos seus graus de modernizao institucional e assim por diante.

    At o ano de 2001, o Ministrio da Justia no possua um sistema nacional de coleta e anlise de dados estatsticos sobre segurana pblica e justia criminal que estava de acordo com os requisitos fundamentais que caracterizam tal iniciativa. As informaes disponveis at ento eram caracterizadas pela falta de periodicidade no envio das informaes para a SENASP, pela falta de clareza nos contedos das estatsticas informadas e pela informalidade no relacionamento entre a SENASP e os estados.

    Uma vez identificado esse acervo, o primeiro passo foi desenvolver um diagnstico detalhado do sistema de coleta de dados estatsticos existentes na SENASP em relao sua qualidade, consistncia interna e rendimento analtico.

    Os principais problemas foram identificados tanto na estrutura de coleta e anlise de informaes da SENASP quanto nos sistemas estaduais de produo de informaes estatsticas. So eles:

    Precariedade da Arquitetura da Base de Dados: a base de dados existente atualmente na SE-NASP caracteristicamente acrtica e no relacional, dificultando o manuseio dos dados para averiguao da sua qualidade e consistncia.

    Baixa Rotinizao nas Etapas de Gesto da Informao: no existe uma padronizao na forma de envio das informaes para a SENASP e nos procedimentos adotados pelos tcnicos da SENASP em relao s situaes identificadas como imprevistas, o que impede que se tenha uma noo precisa a respeito dos dados registrados.

    Subutilizao dos Dados Processados: a falta de uma poltica clara de anlise e divulgao de informaes fez com que a SENASP funcionasse como um estoque de dados que no eram analisados, ou seja, no existia a preocupao de gerar informaes teis para o planejamento de polticas de segurana pblica.

    Falta de Padronizao nos Sistemas Estaduais de Classificao de Delitos: a existncia de 27 sistemas estaduais diferentes de classificao de delitos faz com que seja muito difcil criar uma uniformi-zao dos contedos informados nos relatrios estatsticos dos estados. Cada sistema estadual composto de duas estruturas independentes de codificao das ocorrncias policiais correspondentes s Polcia Civil e Polcia Militar.

    AtividadeEm relao qualidade, consistncia interna e rendimento analtico do sistema de coleta de dados

    estatsticos existentes na SENASP, quais foram os principais problemas identificados?

    1.1.2 Diretrizes da Criao do Sistema

    Em conformidade com o diagnstico apresentado no Plano Nacional de Segurana Pblica, e de-talhado pela equipe da SENASP, foi elaborado o projeto para a construo do Sistema Nacional de Esta-tstica de Segurana Pblica e Justia Criminal.

    No que diz respeito consistncia e qualidade das bases de dados de informaes policiais nacio-nais e regionais e s atuais condies de produo de estatsticas pelas secretarias estaduais de segurana

    pblica.

  • 30

    Este projeto procurou atender as seguintes diretrizes fundamentais: Promover a credibilidade, a integridade e a qualidade das informaes oficiais e, com isso, con-

    tribuir para reforar a confiana pblica nos rgos de segurana pblica e justia criminal; Democratizar o acesso s informaes institucionais, administrativas e operacionais dos rgos

    de segurana pblica e justia criminal, de forma a possibilitar o monitoramento e a participao respons-vel dos cidados;

    Servir como uma instncia de integrao entre os rgos de segurana pblica e justia criminal, e destes com outros atores governamentais e no governamentais e com a sociedade civil, promovendo a gesto do conhecimento (produo, anlise e utilizao das informaes) como condio fundamental para a renovao e modernizao continuadas das organizaes de segurana pblica e justia criminal;

    Atuar como um instrumento de gesto para o planejamento, execuo e avaliao de polticas de segurana pblica nacionais, regionais e locais, de forma a possibilitar o aperfeioamento das polticas pblicas de segurana e o seu monitoramento responsvel e qualificado pelos operadores e dirigentes dos rgos de segurana pblica e justia criminal;

    Promover, por meio da difuso da cultura do uso operacional da informao, a melhoria cons-tante dos padres de eficincia, eficcia e efetividade dos rgos de segurana pblica e justia criminal, assim como a inovao destes rgos;

    Possibilitar a elaborao de diagnsticos qualificados e consistentes, buscando promover a excelncia no campo das informaes e ampliar o universo do debate tcnico nas temticas da segurana pblica;

    Incorporar outras fontes de informaes para alm das ocorrncias criminais da polcia judiciria (Polcia Civil), incorporando outros produtores de dados que so fundamentais para a compreenso e atua-o sobre as dinmicas sociais da criminalidade e da ordem pblica.

    AtividadeEm conformidade com o diagnstico apresentado, foi elaborado o projeto para a construo do

    Sistema Nacional de Estatstica de Segurana Pblica e Justia Criminal. Esse projeto procurou atender algumas diretrizes fundamentais. Uma das diretrizes a seguir no est correta. Qual ?

    a) Promover a credibilidade, a integridade e a qualidade das informaes oficiais e, com isto, con-tribuir para reforar a confiana pblica nos rgos de segurana pblica e justia criminal.

    b) Democratizar o acesso s informaes institucionais, administrativas e operacionais dos rgos de segurana pblica e justia criminal.

    c) Servir como uma instncia de integrao entre os rgos de segurana pblica e justia crimi-nal, e destes com outros atores governamentais e no governamentais e com a sociedade civil.

    d) Atuar como um instrumento de gesto para o planejamento, execuo e avaliao de polticas de segurana pblica nacionais, regionais e locais.

    e) Promover, por meio da difuso da cultura do uso operacional da informao, a melhoria cons-tante dos padres de eficincia, eficcia e efetividade dos rgos de segurana pblica e justia criminal, assim como a inovao destes rgos.

    f) Possibilitar a elaborao de diagnsticos qualificados e consistentes buscando promover a excelncia no campo das informaes e ampliar o universo do debate tcnico nas temticas da segurana pblica.

    g) Evitar outras fontes de informaes para alm das ocorrncias criminais da polcia judiciria (Polcia Civil), impedindo outros produtores de dados que prejudiquem a compreenso e atuao sobre as dinmicas sociais da criminalidade e da ordem pblica.

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    1.1.3 Pblico-alvo

    A criao do Sistema Nacional de Estatstica de Segurana Pblica e Justia Criminal est vinculada necessariamente integrao de diversos atores que produzem e/ou utilizam informaes direta ou indiretamente relacionadas segurana pblica e justia criminal.

    Por esta razo, a formulao deste sistema considerou os diversos produtores e usurios poten-ciais das informaes. Assim, levou em conta vrios nveis de gesto e integrao (intergovernamental, intragovernamental e multisetorial) agregados em trs dimenses bsicas: planejamento, execuo e avaliao.

    Foram identificados os seguintes pblicos potenciais: Secretarias e Departamentos do Ministrio da Justia: coletar e fornecer informaes fundamen-

    tais para o acompanhamento da implantao das polticas estaduais de segurana pblica e justia crimi-nal.

    Outros Ministrios e outras Secretarias: Ministrio das Cidades, Ministrio da Sade, Ministrio da Educao, Ministrio da Promoo Social, Secretaria de Direitos Humanos, Secretaria da Igualdade Racial e Secretaria da Mulher coletar e fornecer informaes fundamentais para o planejamento de polticas pblicas e acompanhamento de suas execues nas reas especficas de cada um desses rgos.

    Secretarias Estaduais de Segurana Pblica, Justia e Direitos Humanos: coletar e fornecer infor-maes necessrias elaborao de diagnsticos para o planejamento de polticas estaduais de segurana pblica.

    Organizaes Policiais e Guardas Municipais: coletar e fornecer informaes necessrias para a qualificao do processo de planejamento e implantao das aes policiais.

    Ouvidorias e Corregedorias: coletar e fornecer informaes necessrias para a qualificao das iniciativas de controle dos rgos policiais.

    Universidades, Institutos e Centros de Pesquisa da rea de Segurana Pblica: coletar e forne-cer informaes fundamentais para incrementar o carter prtico das pesquisas desenvolvidas na rea de segurana pblica.

    Sistema Penitencirio: Coletar e fornecer informaes necessrias para a qualificao do proces-so de planejamento e implantao das aes na rea do sistema penitencirio.

    Poder Judicirio: coletar e fornecer informaes necessrias para o monitoramento e avaliao do fluxo de justia criminal.

    Ministrio Pblico: coletar e fornecer informaes necessrias para o monitoramento e avaliao do fluxo de justia criminal e construo de indicadores da performance policial.

    Sociedade Civil: coletar e fornecer informaes fundamentais para ampliar e diversificar o conhe-cimento que a sociedade civil possui sobre a segurana pblica e, assim, dar mais contedo sua partici-pao nos debates relacionados ao planejamento e implantao das polticas de segurana pblica.

    1.1.4 Arquitetura do Sistema Nacional de Estatstica de Segurana Pblica e Justia Criminal

    Conforme o texto abaixo, o Sistema Nacional de Estatstica de Segurana Pblica, da SENASP, est estruturado em torno de trs principais bases de dados:

    1. Registro das Ocorrncias;2. Perfil das Instituies de Segurana Pblica; e3. Pesquisa Nacional de Vitimizao.Essas bases de dados foram estruturadas tendo como parmetros de formatao a garantia da

    integrao das informaes originadas a partir de diferentes mdulos, tanto em relao temporalidade de coleta quanto em relao unidade espacial de agregao das informaes.

  • 32

    A arquitetura do Sistema foi concebida em mdulos de dados independentes, porm relacionais, de maneira a possibilitar a sua implementao de forma gradual, isto , mediante os recursos e capaci-dades disponveis dos parceiros.

    Tratou-se de considerar as limitaes oramentrias, tecnolgicas, tcnicas e de recursos huma-nos, tanto da SENASP quanto dos estados. Buscou-se, portanto, uma arquitetura flexvel, modesta tec-nologicamente e de baixo custo, de forma a viabilizar concretamente e facilitar a sua implementao.

    Pretendeu-se, junto com a cooperao dos estados, criar um sistema factvel e realista que pu-desse ser implantado no presente com as condies j existentes e que reduzisse os impactos provocados pelas mudanas trazidas pelos novos procedimentos, por exemplo, a descontinuidade nos processos de sistematizao e remessa de informaes SENASP, nos moldes antigos, e a inviabilizao do uso de dados j existentes no acervo atual de dados da SENASP.

    Atividade

    O Sistema Nacional de Estatstica de Segurana Pblica e Justia Criminal (atual mdulo de esta-tstica do SINESP) da SENASP est estruturado em torno da construo modular de 03 principais bases de dados. Voc lembra quais so essas bases?

    1.1.5 Descrio das Bases de DadosEm termos sucintos, as trs principais bases de dados que estruturam o Sistema Nacional de Esta-

    tstica de Segurana Pblica e Justia Criminal podem ser definidas da seguinte forma:

    1. Registro das OcorrnciasEsse mdulo rene as informaes dos registros de ocorrncia produzidos e coletados das Pol-

    cias Civis e Militares do Brasil. Para tanto, foi produzido um sistema classificatrio e um ndice remissivo cujo objetivo era padronizar as linguagens adotadas nos registros de ocorrncias dessas instituies.

    Para saber mais sobre Registro das Ocorrncias, acesse: http://sinespjc.sinesp.gov.br.

    As informaes solicitadas s Polcias Civis dos estados brasileiros dividem-se em cinco grupos. J as informaes das Polcias Militares renem, basicamente, os dados de suas ocorrncias.

    Ocorrncias registradas; vtimas; autores/infratores; ocorrncias segundo instrumento ou meio utilizado e atividades de polcia; e outras informaes.

    Atualmente esse mdulo permite a produo de dados nacionais sobre as principais ocorrncias criminais registradas pelas polcias civis e militares, sistematizadas em grandes grupos de ocorrncia:

    i. Crimes Letais Intencionais Homicdio Doloso; Latrocnio; e Leso Corporal seguida de Morte.ii. Crimes No Letais Intencionais contra a pessoa Leso corporal dolosa; Tentativa de Homic-

    dio; Estupro; Tentativa de Estupro; Atentado violento ao pudor; e Tentativa de atentado violento ao pudor.iii. Crimes violentos no letais contra o patrimnio Roubo de Veculo; Roubo de Carga; e

    Roubo a/ou de veculo de transporte de valores.

    2. Perfil das Instituies de Segurana PblicaEsse mdulo, tambm chamado de Pesquisa Perfil das Instituies de Segurana Pblica, repre-

    senta uma grande pesquisa sistemtica e anual cujo objetivo coletar os dados organizacionais das instituies, como estrutura, condies de funcionamento, quantidade de recursos humanos e materiais, aes desenvolvidas, oramento e gastos.

  • 33 ead.senasp.gov.br

    Para saber mais sobre o Perfil das Instituies de Segurana Pblica, acesse: http://por-tal.mj.gov.br/main.asp?View=%7BCF2BAE97-81BC-4482-95B9-983F1CC404DA%7D&Team=&-params=itemID=%7BDBAD310E-DF84-42E2-A21D-7EF680172592%7D;&UIPartUID=%7B2868BA-3C-1C72-4347-BE11-A26F70F4CB26%7D.

    Atualmente a pesquisa realizada junto a trs instituies: Polcia Civil, Polcia Militar e Corpos de Bombeiros Militares.

    3. Pesquisa Nacional de VitimizaoAs Pesquisas de Vitimizao so estudos destinados a captar as ocorrncias de eventos criminais

    junto populao com o fim de comparar os dados oficiais registrados pelas polcias com a ocorrncia efetiva dos crimes, classificando-os por localidade, estrato social, cor da pele, idade, sexo, renda e outros critrios sociolgicos de mensurao.

    Para saber mais sobre a Pesquisa Nacional de Vitimizao, acesse: http://portal.mj.gov.br/main.asp?View=%7BCF2BAE97-81BC-4482-95B9-983F1CC404DA%7D&Team=&-params=itemID=%7B91D79F8E-43F7-4AEE-BDAC-8ADD6789AAC7%7D;&UIPartUID=%7B2868BA-3C-1C72-4347-BE11-A26F70F4CB26%7D.

    Respeitam as mesmas etapas de todas as demais pesquisas: coleta, tratamento, anlise e divulga-o dos dados. At o ano de 2010, as pesquisas de vitimizao ocorridas no Brasil eram de mbito muni-cipal ou estadual.

    No ano de 2013 foi concluda a primeira Pesquisa Nacional de Vitimizao, sob a coordenao da SENASP e a importante colaborao de um Conselho Gestor, que reuniu especialistas no tema para auxiliar na elaborao dos instrumentos da Pesquisa.

    Alm da aplicao de um questionrio nacional, nesta pesquisa, foi utilizada a metodologia do UNICRI (United Nations Interregional Crime and Justice Research Institute), que permitiu a comparao do caso brasileiro com os demais pases que regularmente desenvolvem este tipo de pesquisa.

    Atividade

    Relacione as bases de dados com suas respectivas informaes:

    1. Registro das ocorrncias2. Perfil das Instituies de Segurana Pblica3. Pesquisa Nacional de Vitimizao

    ( ) Desenvolvida a partir da metodologia do UNICRI (United Nations Interregional Crime and Justi-ce Research Institute), que permitir a comparao do caso brasileiro com os demais pases que regular-mente desenvolvem este tipo de pesquisa.

    ( ) Permite a produo de dados nacionais sobre as principais ocorrncias criminais registradas pelas polcias civis e militares, sistematizadas em grandes grupos de ocorrncia.

    ( ) Representa uma grande pesquisa sistemtica e anual cujo objetivo coletar os dados organi-zacionais das instituies, como estrutura, condies de funcionamento, quantidade de recursos humanos e materiais, aes desenvolvidas, oramento e gastos.

  • 34

    1.1.6 Principais informaes a serem coletadas

    Um dos pontos mais complexos de organizao do Sistema Nacional de Estatstica de Segurana Pblica e Justia Criminal deriva da diversidade de informaes a serem coletadas e de fontes de infor-maes existentes.

    Essa diversidade est associada, ainda, variabilidade nas unidades de coleta e periodicidades distintas de coleta dessas informaes. Enquanto alguns fenmenos mudam rapidamente e necessitam ser mensurados repetidamente em pequenos intervalos de tempo, outros no passam por mudanas to rpidas e podem ser mensurados em intervalos de tempo maiores.

    A coleta desta diversidade de informaes originadas a partir de fontes diferentes, organizadas em diferentes unidades e com periodicidades diferenciadas de coleta, deve ser organizada a partir da estrutu-rao de diferentes instrumentos de coleta de informao.

    A experincia tem demonstrado que os dois fatores mais importantes a serem levados em consi-derao na formulao destes instrumentos de coleta so a fonte de informaes e a periodicidade de coleta. Cabe destacar que esses instrumentos no precisam ser estruturados para trabalhar com apenas uma unidade de anlise e tambm no precisam coletar dados originrios apenas de uma nica fonte de dados.

    A anlise de alguns padres internacionais de sistemas de estatstica criminal apontou o esquema disposto na tabela a seguir como o ponto de partida para o desenho do Sistema Nacional de Estatstica de Segurana Pblica e Justia Criminal. As informaes esto organizadas em trs conjuntos bsicos: ativida-des de polcia, incidentes criminais e perfil das instituies policiais. O escopo de informaes a ser coletado exige a utilizao de diversas fontes de dados. Isso necessrio para que possa ser completado todo o conjunto de informaes a serem coletadas.

    O fato de se trabalhar com informaes, originrias de diferentes instituies, permite, ainda, o desenvolvimento de anlises de fluxo do sistema criminal. Assim possvel, por exemplo, o desenvolvi-mento de diagnsticos sobre o tratamento diferenciado atribudo pelas instituies aos diferentes tipos de delito. Esse esquema atribui muita importncia aos sistemas de estatstica criminal como ferramentas de gesto de resultados das instituies policiais. Sinteticamente, torna-se possvel a anlise dos recursos das instituies e dos resultados alcanados.

    AtividadeA experincia tem demonstrado que os dois fatores mais importantes a serem levados em consi-

    derao na formulao dos instrumentos de coleta so a fonte de informaes e a periodicidade de coleta. Voc concorda com essa afirmao?

    1.1.7 Unidades de Coleta e Anlise

    Existem, pelo menos, quatro unidades de coleta e anlise de informaes possveis de serem tra-balhadas pelo Sistema Nacional de Estatstica de Segurana Pblica:

    Espacial (Estado, Capital, Regio Metropolitana, Municpios); Unidade policial (Delegacia e Batalho); Incidente Criminal; Pessoa (Ofensor ou Vtima).

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    AtividadeConsiderando a sua observao sobre as unidades de coleta e anlise e o que estudou at o mo-

    mento, julgue as sentenas a seguir e assinale as alternativas corretas:

    ( ) As unidades de coleta vo de um nvel macro (espacial) para um nvel micro (pessoa).( ) A diversidade das unidades de coleta e anlise est alinhada com a necessidade das informa-

    es a serem coletadas.( ) As informaes coletadas so de interesse exclusivo dos estados e municpios.( ) As informaes coletadas no incidente criminal no interessam ao gestor do sistema de infor-

    mao.

    1.1.8 Fontes de Dados

    O Sistema Nacional de Estatstica de Segurana Pblica conta com informaes originadas em diversas instituies do sistema de segurana pblica.

    Veja na Tabela 4 as informaes que sero coletadas junto a cada uma dessas instituies.

    Para ver a Tabela 4, acesse o arquivo de mesmo nome, disponvel nos anexos do curso.