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STADIUM, BARUERIKÖNIGSBERGER VANNUCCHISTADIUM, BARUERIKÖNIGSBERGER VANNUCCHI
ENTREVISTA: ERMINIA MARICATO
TECNOLOGIA & MATERIAIS:
ELEVADORES E ESCADAS ROLANTES
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INTERNACIONAL: CITY HALL, EM LONDRES,
DE FOSTER & PARTNERS
BRASIL: RESTAURO DA CATEDRAL DE SÃO PAULO
ANO 18 NO107
FEVEREIRO 2003
R$ 12,50
107 fevereiro 2003
4 ARQUITETURA&URBANISMO JANEIRO 2003
E D I T O R I A L
UMA ARQUITETAEM BRASÍLIA
Talvez nós possamos mostrar ao governo como
operar melhor por meio de uma melhor arquitetura
”“
Embora seja provável que a população em geral não tenha noção, posto que nunca
foi estimulada a refletir sobre o local onde vive, a criação do Ministério das Cidades
é uma das melhores notícias dos últimos tempos. E melhor ainda foi saber que ao
lado do ministro Olívio Dutra está a professora da FAU-USP e uma das maiores
autoridades em planejamento urbano do País, a arquiteta Erminia Maricato.
Em entrevista à AU, a "vice-ministra", como se auto-intitula, já deixa explícita a
garra com que assumiu a secretaria executiva do ministério do qual foi uma das
principais mentoras. Ao abranger habitação, saneamento e transporte urbano, o
Ministério das Cidades tem como grande objetivo criar um novo sistema nacional
de habitação, promovendo a produção de moradias de forma integrada ao sanea-
mento e ao transporte urbano, "porque ninguém mora só dentro de casa", afirma
Maricato. É claro que esse é um objetivo a médio ou, até mesmo, a longo prazo,
embora algumas ações tenham caráter emergencial, como a interrupção do pro-
cesso de ocupação de áreas de morro, mangues e mananciais. Para a arquiteta,
essa ocupação é considerada uma tragédia. Porém, o Brasil precisa de políticas a
longo prazo, que se estabeleçam e mudem a sociedade, minimizem as diferenças
e a exclusão, acabem com a miséria e detenham a crescente escalada da violência.
E é a própria secretária executiva do Ministério das Cidades quem afirma: "o papel
do arquiteto é central na recuperação de nossas cidades". Você está pronto?
SIMONE CAPOZZI EDITORA
Frank Lloyd Wright
Ru
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end
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Sofi
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C E N Á R I O
16 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
Embora os projetos de Daniel Libeskinde do Grupo Think, de Shigeru Ban e Rafael Vinoly, tenham chegado à final, um edifício desenhado porGaudí chegou a desequilibrar a competição entre os propostos paraocupar o lugar das torres do WorldTrade Center, em Nova York. O HotelAttraction foi desenhado pelo arquitetocatalão em 1918 exatamente para o espaço onde, mais de meio séculodepois, foram erguidas as torresgêmeas. Um grupo formado por artistasespanhóis e pelo arquiteto americanoPaul Laffoley quis inscrever o projeto de Gaudí no concurso promovido pela
PROJETO DE GAUDÍ PARA O GROUND ZEROorganização Lower ManhattanDevelopment Corporation (LMDC). O Hotel Attaction teria 360 m de altura,pouco mais baixo, portanto, que o Empire State Building, de 448 m, e seria todo revestido em cerâmica e mármore multicolorido. Setepropostas participaram da competição.Entre elas havia projetos de escritórioscomo Foster and Partners, PetersonLittenberg Architects, Skidmore Owingsand Merrill (SOM) e United Architects,além do dream team formado porRichard Meier, Peter Eisenman e StevenHoll. O programa fornecido pela LMDCàs equipes era o de projetar um símboloimpactante em altura e significância,com espaço para um memorial em homenagem às vítimas do atentado
Daniel Libeskind Grupo Think, de Shigeru Ban e Rafael Vinoly
Richard Meier, Peter Eisenman e Steven Holl
United Architects
SOM Peterson Littenberg Architects Foster and Partners
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 17
escolhidas podem ser vistas e comentadas no site da LMDCwww.renewnyc.com. Mais sobre o Hotel Attraction pode ser visto nos sites www.hotelattaction.com e www.gaudi2002.bcn.es
“Torre espacial”. A esfera panorâmicaacomodaria 30 pessoas
Torre de elevadores para a esfera
Segunda galeria
Primeira galeria
Área de exposições
Auditório de teatro e palestras
Sala com mostra sobre a obra
1a a 6a andar: restaurantes
Lobby e recepção
de 11 de setembro de 2001. Para PaulLaffoley o edifício de Gaudí poderiaabrigar o memorial no hall principal, e não precisaria necessariamente ser umhotel, mas poderia tornar-se um centrocomercial ou museu. As sete propostas
Criado em 1918 por Gaudí, o Hotel Attractiondesequilibrou a competição para ocupar o lugar do WTCde Nova York. Os novaiorquinos se entusiasmaram pelaidéia, mas os prédios projetados por Daniel Libeskind e pelo grupo Think acabaram chegando à final
C E N Á R I O
18 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
Organizada pela revista britânica The Architectural Review epela dinamarquesa d line international, a premiação anual ar+dawards visa homenagear os desconhecidos e jovens arquitetose designers do mundo todo em princípio de carreira. Dentre os700 trabalhos inscritos, 21 receberam menção honrosa eapenas cinco receberam o prêmio, em dinheiro, e um troféudesenhado por Knud Holscher. Em sua 4a edição, o eventoocorreu no dia 28 de novembro de 2002, no Danish DesignCentre, em Copenhague, Dinamarca. Os vencedores foramSean Godsell's, pelo projeto da casa Peninsula House, emVictoria, na Austrália; Archipro Architects, pelo cemitérioCemetery for the Unknown, perto de Hiroshima, no Japão;3LHD, pelo projeto de uma ponte de pedestres MemorialBridge, em Rijeka, na Croácia; Marlon Blackwell pela casaHoneyHouse, na Carolina do Norte, EUA, e Jürgen Mayer H.,pela instalação Stylepark Lounge, em Berlim, na Alemanha.
PREMIAÇÃO INTERNACIONAL REVELA NOVOS TALENTOS
CONCURSO PARA CARTAZDA 5a BIAAs inscrições para o concurso do cartazde divulgação da 5a BIA, BienalInternacional de Arquitetura e Design deSão Paulo, foram prorrogadas para 14 deabril. A Fundação Bienal de São Paulo e oInstituto de Arquitetos do Brasil vão darum prêmio de 20 mil reais ao vencedordo concurso, cujo resultado serádivulgado no dia 25 de abril. "O cartazvencedor vai ser espalhado pelo mundo,o que confere prestígio ao vencedor", dizPedro Cury, curador da mostra. Outranovidade com relação ao evento foi aseleção de 36 universidades – 28brasileiras e 8 estrangeiras – paraparticipar do Concurso Internacional deEscolas de Arquitetura, um dos
segmentos da mostra, que aconteceráentre os dias 14 de setembro e 2 denovembro deste ano, no Pavilhão CiccilloMatarazzo, no Parque Ibirapuera, em São
Paulo. Para obter o regulamento doconcurso e a ficha de inscrição, acesse aossites www.iabsp.org.br,www.vitruvius.com.br ou www.adg.org.br.
foto
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Peninsula House
Memorial Bridge
Cemetery for the Unknown
HoneyHouse
Stylepark Lounge
O F I C I N A
22 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
Curitiba terá novomobiliário urbano O escritório MCA (fone 41 335-0121,e-mail [email protected]), doarquiteto paranaense Manoel Coelho,foi o escolhido para desenhar o novomobiliário urbano da capital do Paraná.Coelho foi contratado pela vencedorada concorrência promovida pelaprefeitura de Curitiba, a Clear ChannelAdshel (www.clearchanneladshel.com.br,fone 21 2220-8220, Rio, e 11 6838-0000, São Paulo), por sua identificaçãocom a cidade. Multinacional de origeminglesa, a Clear Channel Adshel éespecializada em mídia exterior emobiliário urbano. Abrigos de ônibus e
manutenção e grande durabilidade,como aço, alumínio e vidro temperado",diz Coelho. Cerca de 8.500equipamentos devem ser totalmenteinstalados até o final de 2004. Segundoestimativas da Clear Channel Adshel, oinvestimento para a implementação donovo mobiliário será deaproximadamente 15 milhões de dólares.
de táxi, quiosques para venda de florese refrescos e bancas de jornais estãoentre os equipamentos encomendados aCoelho. O escritório também projetoutrês tipos de lixeiras, relógios eletrônicose totens multimídia com terminais decomputadores que forneceminformações turísticas. A equipe deManoel Coelho fez o projeto e osprotótipos das peças. "Além de criar aidentidade visual da cidade,pesquisamos materiais de baixa
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 23
Eco-building deKurokawa emCingapuraO centro econômico One-North, nodistrito Buona Vista, Cingapura, está emfase de desenvolvimento para receberindústrias, centros de pesquisa enegócios do setor de Tecnologia daInformação. O arquiteto japonês KishoKurokawa (www.kisho.co.jp, [email protected]) assina o principalprojeto, o conjunto multiuso Technopolis,com três edifícios interligados, de 23 a28 pavimentos, que ocuparão 123 milm². Kurokawa se refere ao conjuntocomo uma "cidade em camadas"porque abrigará residências, escritórios,serviços públicos e comerciais.
1 cobertura: estrutura de viga de aço 2 super laje: cinta de aço de 4 m de altura 3 subestrutura: viga de aço 4 super laje: cinta de aço de 2,5 m de altura 5 super laje: cinta de aço de 4 m de altura 6 super coluna: parede de contenção de
concreto reforçado moldado in loco7 super coluna: de concreto reforçado
moldado in loco8 subestrutura: coluna de aço
As residências estarão nos andares maisaltos, os escritórios nos intermediários.Comércio e serviços ocuparão o térreo e oprimeiro andar. Assim, Kurokawademonstra o conceito de zoneamentovertical de cidades, em oposição aomodelo convencional, horizontal. A altatecnologia tornará o conjunto auto-sustentável – um eco-building, nalinguagem do arquiteto. Painéis no topo
dos edifícios captarão energia solar e todoo lixo será transformado em adubo ecombustível para geradores caseiros. A água servida e a água de chuva irãoabastecer descargas de sanitários e regade plantas. Até mesmo parte do calorgerado pelo corpo humano seráarmazenado para uso do sistema decalefação durante o inverno. A construçãoestará completa até o final de 2004.
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M A D E I N
24 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
*Veja endereços no final da revista
PARA DESCANSAR Em diversas cores, sobencomenda, asespreguiçadeiras de alumínioe tela da Linha de Jardimestão à venda na L’Oeil.Cadeiras e mesas para áreasexternas também fazem parteda coleção. MO 52256
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FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 25
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SOU ESTUDANTE DE ARQUITETURA E PRECISO SABER MAIS SOBRE SAPATA ISOLADA.
Rafaela Saiter Sperandio, estudante de arquitetura, por e-mail
Segundo o Dicionário Ilustrado de Arquitetura
(Maria Paula Albernaz e Cecília Modesto Lima,
ProEditores), sapata é a parte inferior e mais
larga dos alicerces, fica apoiada nas fundações e
distribui as cargas verticais. Feita de concreto
armado, a sapata faz parte das chamadas
fundações superficiais, rasas ou diretas, e pode
ter várias formas. A sapata isolada é indicada
para alicerce de pilares em obras com cargas
entre 120 t e 130 t. Possuem forma trapezoidal
e suas dimensões dependem da carga que
devem suportar. O engenheiro de fundações
Daniel Rozenbaum ensina que dimensionar
geometricamente as fundações diretas e
determinar seu posicionamento em planta é a
primeira etapa de um projeto. Definida a
execução da sapata isolada, é preciso
determinar a cota de assentamento de apoio.
Fonte: Daniel Rozenbaum, da Fundacta, www.fundacta.com.br
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alumínio composto
dimensões: 1,57 m x 4,87 m
Em chapas únicas ou painéis compostos, há
revestimentos para fachadas de diversos
metais, como aço, cobre, titânio e zinco, além
do alumínio. Os painéis compostos têm
planicidade e desempenho termoacústico
superiores aos das chapas únicas ou sólidas.
Também exigem menos estruturação e, por
isso, podem ser empregados em maiores
dimensões. No caso do alumínio, chapas
únicas são uma boa alternativa para compor
a face externa de fachadas ventiladas, ou para
projetos cuja modulação não ultrapasse 1,20 m
x 1,20 m. Quanto ao sistema de fixação, há
três tipos: aparafusados, clicados ou
estruturados – estes, colados com silicone ou
fita adesiva. As edições 104 de AU e 52 de
Téchne trazem reportagens completas sobre
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máximo
relação espessura/peso: 3 mm – 4,5 kg/m², 4
mm – 5,5 kg/m², 6 mm – 7,3 kg/m²
FOTO
: So
fia
Mat
tos
11)) abertura das cavas e lançamento do concreto magro; 22)) confecção da fôrma de madeira; 33)) colocação da armação da sapata e do pilar;
44)) concretar a sapata; 55)) desenformar; 66)) reaterrar.
PPaassssoo aa ppaassssoo ddaa eexxeeccuuççããoo ddee uummaa ssaappaattaa iissoollaaddaa::
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GILBERTO BELLEZA CAMPO LIMPO PAULISTA, SP 1998/2002
C A S A
26 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
Ocliente, proprietário de um
terreno em Campo Limpo
Paulista, interior de São Pau-
lo, queria uma casa de campo
revestida de tijolo aparente.
Uma solicitação bastante simples, mas que
instigou o arquiteto Gilberto Belleza a ela-
borar uma trama original. "Eu queria fugir
da forma convencional de assentamento do
tijolo", conta. Com o desejo do cliente e o
desafio auto-imposto em mente, Belleza
partiu da textura e do desenho do tijolo ver-
TIJOLO POR TIJOLONUM DESENHO LÚDICOUM TRABALHO INTENSO DE PESQUISA, EM ESPECIAL SOBRE A OBRA DO FINLANDÊS ALVAR AALTO, FOI DECISIVO PARA
A CRIAÇÃO DA VOLUMETRIA E A OPÇÃO PELA TEXTURA DO TIJOLINHO APARENTE PARA O REVESTIMENTO E A
ESTRUTURA DESTA CASA DE CAMPO POR VÂNIA SILVA FOTOS SOFIA MATTOS
melho para criar as interessantes volume-
trias da casa.
A principal fonte de pesquisa de Belleza foi
a obra do finlandês Alvar Aalto. Aalto explo-
rou a potencialidade estética do tijolo aparen-
te em obras como a Aalto Summer House,
residência erguida em Muuratsalo, na Fin-
lândia, em 1953. O trabalho dos brasileiros
Joaquim Guedes e Rino Levi também foram
referência para a criação da casa de campo.
Enquanto desenvolvia os desenhos e com-
punha a obra, o arquiteto pensava em como
JOAQUIM GUEDES E RINO LEVI
TAMBÉM FORAM REFERÊNCIA
PARA ESTA OBRA, CUJA
MODULAÇÃO FOI BASEADA
NAS PROPORÇÕES DO TIJOLO
elevação nordeste
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 27
A casa foi implantada no fundo do terreno para que a frente recebesseo lazer. Assim, foi possível aproveitar o aclive natural para garantir a melhor vista a partir dos ambientes sociais. Abaixo, a luz naturalinvade a área da lareira através das grandes aberturas e transparências
superior
1 terraço 1 descoberto2 biblioteca3 quarto4 banheiro5 suíte
1 3 43 5
1
GILBERTO BELLEZA CAMPO LIMPO PAULISTA, SP 1998/2002
C A S A
28 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
valorizar as belas visuais que se abrem a par-
tir do ponto mais alto do terreno, de 4.300
m². Caixilhos amplos, desenhados pela equi-
pe de Belleza, permitem um ótimo aprovei-
tamento da paisagem a partir dos dois pavi-
mentos da residência. Um declive de cerca de
3 m de altura separa a casa da área da pisci-
na e churrasqueira. O arquiteto optou por
instalar o lazer na parte da frente do terreno,
como um convite àquilo que sempre foi o
grande propósito da casa: reunir família e
amigos nos finais de semana.
O projeto privilegia também os ambientes
de estar e jantar, instalados em uma vasta
área na porção sudoeste da construção, vol-
tada para a área de lazer. Arejado, o living
recebe iluminação natural através das am-
plas portas de correr envidraçadas e das
transparências dispostas sobre a viga de con-
creto aparente que compõe a estrutura da
edificação. Há ainda a parede de tijolos de
vidro na extremidade do espaço destinada
ao estar.
O living tem pé-direito duplo, o que pro-
porciona a visão do corredor de circulação
do pavimento superior, onde ficam a suíte
principal, dois quartos e a biblioteca,
ambientes que contam com generosas varan-
das descobertas.
A estrutura da residência é toda em con-
creto e tijolo à vista. "Queríamos deixar os
dois materiais aparentes", diz Gilberto
Belleza, "então, quando usados como revesti-
mento, os tijolinhos foram colocados em
espelho. Onde o tijolo compõe a própria
alvenaria, é aparente e disposto na horizon-
tal", explica.
Por ser uma casa de campo, utilizada ape-
nas nos finais de semana, era importante que
a exigência de manutenção fosse baixa. Por
isso, as águas pluviais escorrem dos terraços
por gárgulas que conduzem ao gramado, o
que evita a necessidade de ralos que ofere-
cem risco de entupimento. Os pisos são re-
vestidos com cerâmica de tons terra. Madei-
ra escura cobre os degraus da escada e apare-
ce também no guarda-corpo da circulação
do superior. Essa combinação de materiais
colabora para a rusticidade da obra.
Segundo Gilberto Belleza toda a modula-
ção da casa foi feita a partir das proporções
térreo
elevação sudeste
1 living2 cozinha3 lavanderia4 despensa5 quarto de 5 empregada6 garagem7 quarto8 banheiro
1
78
7 23
4
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FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 29
*Veja fornecedores e endereços no final da revista
de altura e largura dos tijolos. "A linguagem,
de certa forma, foi decorrente dessa modula-
ção", diz.
Em termos de vegetação, apenas a grama
esmeralda foi especificada para forrar todo
o terreno. Porém, a implantação cuidadosa
conseguiu preservar a mata original, forma-
da por espécies nativas, existente do lado
esquerdo da residência. Essa área verde
ainda ajuda a preservar o microclima nessa
face da casa, que sofre exposição do sol
durante toda a tarde.
FICHA TÉCNICA Arquitetura: Gilberto BellezaEquipe: Luiza Dantas e Tatiana Moreira(estagiária)Estrutura: Traço Técnico – engenheiroWaldir Pomponio
Seja no corredor de circulação do piso superior (foto acima, à esquerda),ou nas fachadas, o jogo elaborado com o tijolo é evidente: assentado na horizontal, compõe a alvenaria, na vertical, é revestimento. Concreto e vidro também têm papéis importantes na obra
30 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
KÖNIGSBERGER VANNUCCHI BARUERI /SP STADIUM ALPHAVILLE 1999/2002
B R A S I L
O BARROCO NOPÓS-MODERNISMO
PARA CRIAR O COMPLEXO EMPRESARIAL-HOTELEIRO STADIUM ALPHAVILLE,
EM BARUERI, SP, OS ARQUITETOS GIANFRANCO VANNUCCHI E JORGE
KÖNIGSBERGER PRIVILEGIARAM A INTEGRAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS E
PRIVADOS PELO ARRANJO DE TRÊS EDIFÍCIOS GEMINADOS EM TORNO DE
UMA PRAÇA. FENDAS ENTRE OS PRÉDIOS GARANTEM CERTA TRANSPARÊNCIA
AO BLOCO CÔNCAVO FORMADO PELO CONJUNTO
POR VALENTINA FIGUEROLA FOTOS ARNALDO PAPPALARDO
A volumetria proporciona diferentes perfis ao conjunto formado pelosedifícios: as fachadas se transformam de acordo com ângulo deobservação. Fendas entre os blocos proporcionam transparência esuavizam o impacto visual das edificações geminadas
32 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
KÖNIGSBERGER VANNUCCHI BARUERI /SP STADIUM ALPHAVILLE 1999/2002
B R A S I L
A IMPLANTAÇÃO FOI O PRINCIPAL
DESAFIO
Uma torre de hotel, uma de flat
e outra de escritórios com-
põem um volume arquite-
tônico único, de 62.550 m2,
que se desenvolve ao redor
de uma grande praça central. A idéia, que,
segundo os arquitetos, foi inspirada na
arquitetura barroca, em que praças são
"abraçadas" por edifícios, venceu um concur-
so fechado promovido pela incorporadora Fal
2, do qual participaram outros dois grandes
escritórios de São Paulo. Para Gianfranco
Vannucchi e Jorge Königsberger, autores do
projeto, o desafio consistiu na implantação do
conjunto. "Tínhamos experiência com esse
tipo de programa", explica Vannucchi,
referindo-se ao Times Square Cosmopolitan
Mix e ao Terra Brasilis, edifícios multiuso
localizados em São Paulo.
De acordo com os arquitetos, o novo com-
plexo tem similaridades com o Times Square,
cuja implantação também tem edifícios em
"U" que configuram uma praça central. A
diferença, segundo eles, está na inclinação dos
prédios laterais com relação ao central. Outro
edifício que também serviu de referência à
dupla foi o Metropolis Flat and Office, um
conjunto implantado em "L" com uma praça
de lazer elevada, cujo programa de necessida-
des é semelhante ao do Stadium Alphaville.
Com relação ao Terra Brasilis, as seme-
lhanças residem na forma irregular e "recorta-
da" da fachada, além da transição suave dos
espaços privados para os públicos. Vannucchi
e Köningsberger, entretanto, não se limitaram
a utilizar o expertise adquirido em oportu-
nidades anteriores. Os arquitetos se apropri-
aram de alguns aspectos da arquitetura barroca
no desenvolvimento dos espaços públicos.
Por exemplo, a praça inclinada, desen-
volvida em patamares, que é "abraçada" por
uma edificação de fachada curva. Para eles,
uma das qualidades do conjunto é a volume-
tria bem trabalhada que convida aqueles que
transitam na rua a entrar, além de funcionar
como uma extensão espacial de um shopping
center, localizado em frente.
Para compor a praça, os edifícios foram
implantados nos limites do terreno retangu-
lar, com 70 m de largura por 110 m de com-
primento. Diferente da fachada principal,
côncava, o perímetro externo do conjunto é
retilíneo, com faces paralelas às vias que o
delimitam. Para a dupla de arquitetos, a
idéia de criar um bloco "único", formado
por três edifícios geminados, resultou da
intenção de não "lotear" o terreno em
frações menores que comprometessem a
forma semicircular da praça.
Apesar de único, o volume arquitetônico
apresenta algumas fendas verticais que reve-
lam o céu para aqueles que transitam na área
externa. "Monolíticos, os corpos que cons-
tituem o conjunto são interrompidos alter-
nadamente antes de chegar ao topo do edifí-
cio, onde predominam as curvas", explica
Vannucchi. Sustentadas por estrutura metáli-
ca, as empenas são revestidas por telhas, tam-
bém metálicas, que configuram o coroamento
curvo do bloco que separa as fachadas
retilíneas da côncava.
O Stadium Alphaville é um dos principais
empreendimentos da região, que se expande
cada vez mais no segmento de turismo de
negócios. Além dos 135 quartos do luxuoso
hotel, o complexo apresenta um flat de 320
apartamentos, um prédio de 80 escritórios
com lajes de 400 m², lojas, centro de con-
venções, restaurantes e outros equipamentos.
O projeto foi o vencedor do Prêmio Asbea
2002 na categoria "Obras Especiais", e recebeu
menção honrosa da premiação IAB-SP 2002
A
na categoria "Edificação para Escritórios e Fins
Diversos". "O edifício se tornou um marco
para a região", afirma Vannucchi.
Parte da paisagem paulistanaFundado em 1971 por Gianfranco Vannucchi
e Jorge Königsberger, a KV (Königsberger
Vannucchi Associados) já realizou mais de 500
projetos comerciais e residenciais em todo o
Brasil.Em 32 anos de parceria,os arquitetos rece-
beram prêmios como o Top Ten Escritórios de
Arquitetura e o Master Imobiliário. O projeto do
edifício Terra Brasilis, em São Paulo, rendeu à
dupla o prêmio Icasa, concedido pela
Universidade de Nova York e o prêmio da 3a
Bienal de Arquitetos de Buenos Aires. Além
desse, outros projetos do escritório que se desta-
cam são o Condominium Club Ibirapuera, o
complexo empresarial e hoteleiro Stadium e as
Torres do Ibirapuera, em São Paulo. O Brascan
Century Plaza, um megaprojeto urbanístico na
região do Itaim, em São Paulo, é um dos traba-
lhos mais recentes do escritório e envolve a cons-
trução de hotel cinco estrelas, conjunto de
escritórios de alto padrão, cinemas, praças de ali-
mentação e de conveniência ao ar livre.
A idéia de implantar os edifícios em torno de uma praça veio daarquitetura barroca, assim como a proposta de criar um bloco único.Além de não fracionar o terreno, o recurso manteve a integridade da praça, responsável pela ligação entre público e privado
KÖNIGSBERGER VANNUCCHI BARUERI /SP STADIUM ALPHAVILLE 1999/2002
B R A S I L
FICHA TÉCNICAProjeto de arquitetura: Königsberger Vannucchi Arquitetos AssociadosColaboradores: Bruno Souza Dias, Huang Kuo Che e Sandra Cristina Dellarole Arquitetura de interiores: Renata Amaral Cristina Bozian ArquiteturaInterioresPaisagismo: Benedito Abbud Luminotécnica: Salaroli Jacob Estrutura: França e Associados Fundações: Zaclis Falconi Engenheiros Instalações: Projetar Engenharia de Projetos Estrutura metálica: Engebrat Ar-condicionado: Willen Scheepmaker & AssociadosConstrução: Sinco Incorporação e gerenciamento: Fal 2
Legenda implatanção11 lojas12 restaurante13 cozinha14 depósito15 congelamento/ 15 resfriamento16 apoio restaurante17 recepção18 administração19 apoio administ.10 maleiro11 lounge12 hall social office 13 hall social flat14 hall social hotel
15 hall social 16 hall serviços
Legenda pavimentoinferior11 auditório12 sala reunião13 depósito14 apoio palco15 área técnica16 acesso área 16 eventos/galeria lojas17 business center18 hall social hotel19 hall social flat10 hall serviço
11 restaurante12 terraço restaurante13 cozinha14 circulação de serviço15 lojas
Legenda pavimento tipo11 apartamento flat12 escritório13 apartamento hotel14 hall social comercial15 hall social flat16 hall social hotel17 hall serviço
implatanção
pavimento inferior
pavimento tipo *Veja fornecedores e endereços no final da revista
O revestimento em massa permite que os prédios mudem de corconforme a incidência de luz, enquanto, no coroamento, o bloco curvofoi revestido por telhas metálica. A fachada posterior é retilínea, masmantém o jogo volumétrico observado na elevação frontal
36 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
PAULO DE MELLO BASTOS SÃO PAULO RESTAURO DA CATEDRAL DA SÉ 2002
B R A S I L
A AUSÊNCIA DE MATERIAL
GRÁFICO FOI UMA DAS
DIFICULDADES PARA
A RECONSTITUIÇÃO
DA IGREJA DE ACORDO
COM O PROJETO ORIGINAL
Após uma reforma que durou três
anos, a Catedral da Sé é devolvida
a São Paulo restaurada e concluí-
da de acordo com o projeto origi-
nal, de autoria do alemão Maxi-
miliano Hehl, realizado em 1912. O arquiteto
Paulo Bastos, autor da intervenção, recompôs a
volumetria original da igreja com a construção
de 14 torreões,um desafio para a equipe envolvi-
da na recuperação de um edifício cuja estrutura
não poderia ser sobrecarregada. Além disso,
foram restaurados os vitrais, mosaicos e escul-
turas da catedral que, segundo a proposta, será
adaptada para uso museológico.
COMPLETA ERESTAURADAIMPORTANTE MARCO DA HISTÓRIA RECENTE DE SÃO PAULO E DO PAÍS, PALCO DA MANIFESTAÇÃO PELAS
DIRETAS JÁ, A CATEDRAL DA SÉ É FINALMENTE CONCLUÍDA DE ACORDO COM O PROJETO ORIGINAL. O TEMPLO
TAMBÉM PASSOU POR UMA TOTAL RESTAURAÇÃO. O TRABALHO FOI TODO CONDUZIDO POR PAULO BASTOS
POR VALENTINA FIGUEROLA FOTOS SOFIA MATTOS
Em 1999, a queda de alguns tijolos do teto
sobre nave da igreja alertou sobre a necessi-
dade de recuperação de um dos principais
marcos urbanos de São Paulo. A Catedral da
Sé apresentava grandes trincas que, apesar de
estabilizadas, evidenciavam a necessidade de
cuidados. "A igreja só não caiu porque as pare-
des externas foram construídas lentamente
por causa do solo ruim, que recalca com facil-
idade", explica Bastos. Segundo o arquiteto, a
construção rápida da cúpula da nave de con-
creto, em 1954, foi responsável pelas principais
rachaduras. "Por isso, precisávamos adotar um
material leve para a execução das torres
fachada frontal
0 10 m
fachada lateral
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 37
38 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
PAULO DE MELLO BASTOS SÃO PAULO RESTAURO DA CATEDRAL DA SÉ 2002
B R A S I L
secundárias", diz o engenheiro Ronaldo Ritti,
da Concrejato, empresa responsável pela exe-
cução e gerenciamento da obra.
A alternativa encontrada pela equipe foi o
GRC (Glass Reinforced Concrete), argamassa
de concreto reforçada com fibra de vidro.
Além de ser 40% mais leve que o concreto
convencional, o GRC é moldável e pode ser
trabalhado em pequenas espessuras, de 1,5 cm
a 2 cm. Foram feitos moldes de madeira para
execução das peças que são fixadas em uma
estrutura metálica.
Apesar de considerar o resultado satis-
fatório do ponto de vista técnico, Paulo
Bastos preferia uma outra alternativa à de
construir os torreões em total conformidade
com o projeto original. Para o arquiteto, as
torres poderiam ter sido construídas em
vidro azul profundo, de acordo com a pro-
posta inicial apresentada ao cardeal Dom
Cláudio Hummes, que discordou da idéia.
"Além de recompor a volumetria original da
igreja, a proposta agregaria contemporanei-
dade à obra", diz Bastos. As torres em vidro
seriam como vitrais autoportantes e fun-
cionariam como pontos de luz à noite.
Assim como outras, a história da intervenção
na Catedral da Sé abre a discussão sobre o
restauro e a maneira como deve ser encarado.
"Algumas pessoas pensam, por equívoco, que
restaurar uma construção é deixá-la exata-
mente como era", explica o arquiteto, que pre-
tendia manter os traços mais significativos da
igreja. Segundo ele, a construção, cujo valor
arquitetônico é relativo, tem características pre-
dominantemente góticas, embora apresente
cúpula – elemento da Renascença.
A ausência de material gráfico que servisse
de suporte para o trabalho foi um dos empe-
cilhos para a construção dos torreões em
desenho gótico. Paulo Bastos aceitou a
condição imposta pelo cardeal quando foram
encontradas, durante a remoção dos entulhos,
vistas frontais e laterais das torres em escala
1:50. "Interpretar a representação gráfica da
época foi um trabalho muito penoso", recorda
Bastos. Ele conta que para transformar os
desenhos bidimensionais em peças tridimen-
sionais foi necessária a comparação do material
gráfico com as partes já executadas da catedral.
A iluminação artificial da igreja foi desen-
volvida em função da arquitetura e de acordo
0 10 m
1 vazio da nave2 púlpito
3 museu4 órgão
5 café6 cabido
7 banheiro8 elevador
9 loja do museu
1
2
2
6
8
77
54
3
33
1 acesso principal2 nave3 nave lateral4 projeção da cúpula
5 altar maior6 acesso lateral7 rampa lateral para
deficientes
8 capela9 acesso para a
cripta10 secretaria
11 sacristia12 atendimento13 órgão14 auditório
15 banheiro16 elevador17 copa
1 2
3
3
4
14
13
13
10 1112
9
8
17
15
16
6
9
5
6
6 6 7
15
15
16
0 10 m
0 10 m
planta de cobertura
planta das intervencões projetadas – 1o pavimento
planta das intervencões projetadas – térreo
4
8
9
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 39
com os critérios de restauro. O arquiteto
Carlos Bertolucci, responsável pelo projeto
luminotécnico, criou luminárias com oito
faces e um sistema de som acoplado para evi-
tar problemas de reverberação, comum em
naves como essa.
"Aproveitamos os antigos pontos elétricos
nos centros das ogivas para a instalação de
luminárias que podem proporcionar ilumi-
nação direta, indireta e difusa", explica
Bertolucci, que não podia fazer uso das colu-
nas e de nenhum outro elemento arquitetôni-
co da catedral.
Com exceção dos torreões frontais, que
apresentam cúpulas de concreto, as coberturas
das demais torres foram executadas em cobre
patinado, da mesma tonalidade da antiga
cúpula e das torres existentes. Para obter uma
coloração uniforme, a N. Didini, empresa que
desenvolveu a tecnologia de formação da páti-
na artificial, contou com a colaboração do
Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre) e a
assessoria de técnicos chilenos.
"A tecnologia de formação da pátina artifi-
cial baseia-se num processo de envelhecimento
precoce da camada protetora do cobre que,
neste caso, foi trabalhado manualmente", expli-
ca João Roberto Leme Simões, coordenador da
Fundação para Pesquisa Ambiental (Fupam) e
consultor de arquitetura do Procobre.
Além da recuperação do edifício, o projeto
contempla o caráter cultural e museológico da
construção, rica em vitrais, mosaicos e escul-
turas de valor. A idéia é que a igreja seja aber-
ta à visitação do público, que poderá usufruir
do acervo do local. Nesse sentido, foram cria-
dos acessos à cobertura da Catedral da Sé, de
onde o visitante poderá observar, em um
ângulo de 360o, a paisagem paulistana. Ainda
Além de recompor a volumetria original da Catedral, a obra integrou o restauro dos vitrais,mosaicos e esculturas presentes no interior da igreja, alguns de grande valor. No pavimentosuperior, está prevista, inclusive, a implantação de um museu
PAULO DE MELLO BASTOS SÃO PAULO RESTAURO DA CATEDRAL DA SÉ 2002
B R A S I L
PAULO DE MELLO BASTOS SÃO PAULO RESTAURO DA CATEDRAL DA SÉ 2002
não finalizado, o projeto prevê um museu e
uma cafeteria no saguão superior dos fundos.
Administração e secretaria, foram instalados
na parte térrea. Mesmo assim, Paulo Bastos se
diz satisfeito com o trabalho. "A catedral foi
reassumida pela população de uma maneira
fantástica, o que para nós é uma gratificação",
comemora.
DADOS TÉCNICOSSuperfície do terreno: 5.300 m²Superfície construída: 6.700 m²
F ICHA TÉCNICAProjeto e coordenação geral de restauro eadaptação: Paulo de Mello BastosColaboradores: Nelson Xavier (coordenador),Tiago Angelini Morgero e Pedro Henrique deC. Rodrigues (assistentes)Catalogação do acervo e consultoriamuseológica: Expomus Exposições, Museus,Projetos Culturais Museóloga: Maria Ignez Mantovani FrancoProjeto de consolidação estrutural e novasestruturas: Henrique DinisProjeto de luminotecnia: Carlos BertolucciRestauro de elementos artísticos agregados:Júlio Moraes
COLABORADORESResgate, diagnóstico e limpeza do acervo:Antonio Carlos Dorta e Lindalva JacintoTabenezRestauração de mármores e bronzes:Claudemir IgnácioRestauro de obras de arte em geral: AnaPaula Jacinto TabanezRestauro de elementos de madeira: GildásioPereira dos SantosRestauro de vitrais: Atelier Artístico SarasaRestauro de elementos de cobre da cobertura:Concrejato Coordenação e execução geral das obras:Concrejato Engenheiro responsável: Ronaldo RittiCoordenação geral de obras: Maria AparecidaSoukef NasserProdução e montagem de peças em GRC:Faccio Stonelite – Bruno Angelo FaccioExecução de novas coberturas de cobre: N.Didini – Nilton Didini Coelho
CONSULTORESConsultoria de GRC: Fernando Barth –Universidade Federal de Santa CatarinaConsultoria de pátina do cobre: Héctor VarelaDiaz e IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicasdo Estado de São Paulo)
*Veja fornecedores e endereços no final da revista
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 41
Paulo Bastos queria que as torres secundárias fossem construídas em vidro azul. O cardealCláudio Hummes, entretanto, não aceitou a idéia. Assim, o arquiteto precisou trabalhar apartir de vistas frontais e laterais, feitas em escala 1:50 no início do século passado
0 5 mco
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torreão A torreão B torreão C
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FOSTER AND PARTNERS LONDRES CITY HALL 1999/2002
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42 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
FOSTER AND PARTNERS LONDRES CITY HALL 1999/2002
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DEMOCRACIATRANSLÚCIDA SEDE DA PREFEITURA DE LONDRES, O CITY HALL É UM MODELO DE BOM APROVEITAMENTO DO ESPAÇO
PERTENCENTE À POPULAÇÃO. PROJETADO POR SIR NORMAN FOSTER, FOI TODO PLANEJADO PARA POUPAR ENERGIA
E APROVEITAR AO MÁXIMO A LUZ DO SOL. TUDO ISSO COM GRANDE DELICADEZA, SEM AGREDIR O ENTORNO
CARREGADO DE HISTÓRIA EM QUE ESTÁ INSERIDO POR VÂNIA SILVA FOTOS NIGEL YOUNG
Às margens do Tamisa, em frente à Torre de Londres e vizinho à Tower Bridge, o City Hall é o primeiro de 12 edifícios que devem ser desenvolvidos pela equipe da Fosterand Partners, na região de Southbank. O formato inusitado e a alta tecnologia empregadana obra contrastam e valorizam o entorno histórico. Através dos painéis de vidro, é possívelver a rampa de 250 m de comprimento
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 43
Oedifício que abriga a câmara e o
gabinete do Prefeito de Londres,
além dos quase 500 membros da
Greater London Authority
(GLA) é, na opinião de seu pro-
jetista, o arquiteto Norman Foster, "um modelo
de democracia, acessibilidade e sustentabili-
dade". O City Hall surpreende logo de cara pelo
formato de esfera inclinada, fatiada e transpa-
rente, composta por grandes panos de vidro.
O desenho inusitado do edifício revela os
conceitos que pautaram todo o projeto. O City
Hall é um novo marco às margens do rio Tamisa,
na região de Southbank,que,desde a década pas-
sada, integra prédios novos ou revitalizados, de
valor cultural, turístico e arquitetônico. Um dos
mais conhecidos é a galeria de arte moderna e
contemporânea Tate Modern, obra dos arquite-
tos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron.
O novo City Hall está numa área de 13
acres junto à histórica Tower Bridge, e faz parte
de um projeto maior. É o primeiro de 12 edifí-
cios que devem ser desenvolvidos pela equipe
da Foster and Partners, num empreendimento
denominado More London. Sempre privile-
giando espaços ao ar livre para uso da popu-
lação, o More London prevê a construção de
instalações comerciais, hoteleiras, residenciais,
de escritórios e ainda um teatro infantil. Todos
pretendem explorar as visuais do rio e a estru-
tura de serviços do entorno. Os empreende-
dores consideram que este seja "o elo final na
corrente de regeneração e desenvolvimento da
região de Southbank, às margens do Tamisa".
NAS PALAVRAS DE NORMAN
FOSTER, AUTOR DO PROJETO,
"O CITY HALL É UM MODELO
DE DEMOCRACIA,
ACESSIBILIDADE
E SUSTENTABILIDADE".
O DESENHO DO EDIFÍCIO
REVELA OS CONCEITOS QUE
PAUTARAM TODO O PROJETO
FOSTER AND PARTNERS LONDRES CITY HALL 1999/2002
I N T E R N A C I O N A L
44 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
Um amplo anfiteatro abaixo do nível da rua
dá acesso público ao edifício de dez pavimentos.
Cruzando a cafeteria, ainda no subsolo, o visi-
tante chega a um espaço destinado a exposições.
Situado exatamente sob a Assembléia da
Câmara, esse espaço exibe a maquete em escala
1:1.250 de todo o centro londrino,do Hyde Park
ao Royal Docks. Luz natural reflete na área de
exposições pelo forro em forma de elipses con-
cêntricas, feitas de puro aço inox polido.
Parte já do subsolo a rampa em forma de
espiral que conduz a todos os pavimentos, inclu-
sive a cobertura. No segundo piso, onde se loca-
liza a Assembléia, a rampa leva a um mezanino
que permite ao visitante contemplar a paisagem
do rio e da Torre de Londres através da fachada
formada por panos de vidro triangulares.
O apelo para a subida é forte: segundo os
arquitetos, a cada passo rampa acima é possível
vislumbrar novas vistas da cidade – além de
algum movimento de dentro dos escritórios da
GLA ou do próprio gabinete do prefeito.
Entretanto, o ponto alto do passeio pela espiral,
literalmente, é a London's Living Room, ou a
sala de estar de Londres, ambiente aberto ao
público, no topo do edifício. Repleto de luz na-
tural, o local pode acolher exposições ou recep-
ções para até 200 convidados. O terraço circun-
da todo o ambiente, oferecendo visão pano-
râmica do entorno. A Assembléia da Câmara
também é aberta ao público e tem 250 assentos
disponíveis para a imprensa e visitantes,
incluindo espaço para cadeiras de rodas.
A implantação e a forma do edifício foram
desenvolvidas visando a economia de energia. O
desenho é derivado de uma esfera geome-
tricamente modificada que consegue melhor
aproveitamento de espaço em menor área de
superfície. A implantação, no sentido Norte-Sul,
aproveita a menor e a maior intensidade da luz
solar, ou seja, a fachada envidraçada da
Assembléia está voltada para o Norte, onde há
menor insolação direta, o que evita aquecimento
excessivo enquanto permite utilização da luz
natural.Na porção voltada para o Sul,mais sujei-
ta ao sol no hemisfério Norte, o desenho "fatia-
do" do edifício cria áreas de sombra na fachada.
Um sistema integrado de controle ambi-
ental consegue minimizar o uso de energia. Os
escritórios recebem ventilação natural por
dutos de ar posicionados sob as janelas. O sis-
tema mecânico de refrigeração utiliza água
O desenho do edifício permite melhor aproveitamento da luz natural: a face norte é lisa paradeixa entrar o máximo de insolação; na face sul, o prédio é "fatiado", solução que cria áreasde sombreamento. Abaixo, vistas da rampa, de onde o visitante contempla a paisagem
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 45
FOSTER AND PARTNERS LONDRES CITY HALL 1999/2002
I N T E R N A C I O N A L
fria bombeada do térreo até dutos instalados
no forro, evitando a necessidade de sistemas
complexos de refrigeração. O consumo de
energia deve ser reduzido em ¼, se compara-
do ao de um edifício similar climatizado com
um sistema convencional.
Toda a estrutura do City Hall foi feita em
aço e concreto reforçado. Para chegar na forma
geométrica do prédio, foram realizados vários
modelos em computador. Cada painel que
compõe a fachada tem formato e dimensão
únicos, que dependeram de cálculos seme-
lhantes aos realizados para a cobertura do pátio
do Museu Britânico – a Great Court, outra obra
de Foster. As placas de vidro foram cortadas a
laser, seguindo dados fornecidos pelos mesmos
programas usados para desenhar o edifício, que
garantem alto grau de segurança.
CITY HALL EM NÚMEROS:Área disponível dentro do More London:12.000 m²Área construída: 18.000 m²Área de cada pavimento: de 259 m² a 1.282 m²Altura: 45 mConcreto: 13.300 m³Aço: 1.950 t (reforçado) e 2.100 t (estrutural)Vidro: 7.300 m² em 3.844 painéis diferentesMaior inclinação de coluna: 41°Rampa: 28 m de altura e 250 m de comprimento
No espaço de exposições, implantado no subsolo do edifício, o forro de elipses de aço polidoreflete a luz natural sobre a maquete em escala 1:1250 de todo o centro londrino. Dessepavimento parte a rampa que se prolonga até a cobertura do prédio
corte de fachada – face sul
46 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
JANEIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 47
FOSTER AND PARTNERS LONDRES CITY HALL 1999/2002
I N T E R N A C I O N A L
48 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
Além da Assembléia, o City Hall abriga o gabinete do prefeito e os escritórios dos quase 500membros da Greater London Authority. No segundo pavimento, a Assembléia tem assentospara o público, além de instalações para imprensa
0 10 m
térreo 2o pavimento 3o pavimento
subsolo
0 10 m
LEIA MAISAU 95 – reportagem sobre a cobertura da GreatCourt, em Londres, de Foster and Partnerswww.fosterandpartners.comwww.morelondon.comwww.london.gov.ukwww.southbanklondon.com
FICHA TÉCNICAEmpreendimento: CIT GroupArquitetura: Foster and PartnersEquipe: Norman Foster, Ken Shuttleworth,Andy Bow, Stefan Behling, Sean Affleck,Richard Hyams, Niall Monaghan, Max Neal,Frank Filskow, Ken Hogg, David Kong, BruceCurtain, Graham Longman, Mario Pilla, AliceAsafu-Adjaye, Louise Blacker, Elodie Fleury,Attilio Lavezzari, Sam Harvey e TomerKleinhause.Engenharia estrutural e acústica: ArupConsultoria de custos: Davis Langdon &EverestConsultoria de planejamento: Montagu EvansConsultoria de custos de serviços: Mott Green& WallGerenciamento de construção: Mace
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 49
6o pavimento 9o pavimento
1
2
3
4
5
6
7
1 London‘s Living Room2 caixa dos elevadores3 escritórios4 rampa5 área de exposições6 entrada principal7 assembléia
0 10 m
50 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
BRUNETE FRACCAROLI SÃO PAULO SHOWROOM PENHA VIDROS 2002/2003
I N T E R I O R E S
Para transformar uma antiga residên-
cia no showroom da Penha Vidros,
empresa importadora e distribuido-
ra de vidros, a arquiteta Brunete
Fraccaroli optou por criar espaços
amplos e iluminados que valorizassem a
exposição dos produtos. Da fachada ao piso, o
vidro está presente em todos os ambientes da
construção, que sofreu profundas alterações
estruturais e físicas para se tornar um espaço
convidativo e atraente.
Assim, quem transita pela Pamplona, rua
movimentada na região da avenida Paulista,
em São Paulo, não imagina que o sofisticado
showroom foi, um dia, uma antiga e degrada-
da residência com traços do estilo norman-
do. Convidada para fazer o projeto de refor-
ma da casa, Brunete optou por demolir a
parte frontal da edificação, que ganhou uma
fachada envidraçada e um novo acesso.
"Precisávamos criar um espaço imponente e
acolhedor", justifica.
Logo na entrada, o visitante se depara com
uma arrojada porta basculante de vidro tem-
perado, desenhada pela própria arquiteta.
Com trilhos e cabos de aço, a porta é movi-
mentada mecanicamente por um contrape-
TODAS ASPOSSIBILIDADES DA TRANSPARÊNCIAA ARQUITETA PAULISTA BRUNETE FRACCAROLI FAZ DO VIDRO UM ALIADO PARA CONVERTER
UMA ANTIGA CASA EM UM SHOWROOM COM ESPAÇOS AMPLOS E FLUIDOS, DE LINGUAGEM
CONTEMPORÂNEA E INOVADORA POR VALENTINA FIGUEROLA FOTOS SOFIA MATTOS
so. "Além de liberar um generoso vão hori-
zontal para entrada dos visitantes, a porta
também assume a função de uma marquise",
explica Brunete.
A fluidez e a visibilidade dos espaços
foram privilegiadas pelo projeto. Por isso, as
antigas paredes estruturais foram postas
abaixo e substituídas por pórticos metálicos
revestidos com espelhos. Outra importante
intervenção foi a adoção de uma só cota para
todo o pavimento térreo, que antes da refor-
ma tinha quatro diferentes níveis. Ainda para
um melhor aproveitamento da área, a arqui-
teta fez uso de portas de correr e painéis
deslizantes de vidro temperado. Em már-
more e vidro, o piso da loja destaca as peças
de mobiliário coloridas, assim como a louça
sanitária concebida pela arquiteta, que assina
a linha de móveis em vidro comercializada
pela empresa.
Ao especificar espelhos e vidros como
revestimento e material constituinte dos
principais elementos arquitetônicos da loja,
Brunete criou espaços amplos, onde a luz se
difunde em abundância. Na fachada, grandes
painéis de vidro laminado foram fixados
entre si por peças pontuais articuladas de
alumínio. Esse sistema de fixação garante a
estabilidade do conjunto ao criar equilíbrio
com o próprio peso dos painéis. "A solução
dispensou o uso de perfis metálicos 'pesa-
dos', que comprometeriam o efeito estético
desejado", diz Brunete, que também definiu o
uso do vidro na cobertura.
Na parte central do edifício, um hall com
piso de vidro estrutural dá acesso a uma esca-
da com degraus e guarda-corpo de cristal. Para
separar o hall do showroom, Brunete Fracca-
roli dispôs painéis deslizantes de vidro
temperado que, quando recolhidos, ocupam
pouco espaço. Ainda inacabado, o pavimento
superior vai abrigar auditório, salas de reunião,
escritórios, cozinha e banheiros. A arquiteta
conta que, para alinhar a parte superior da
A degradada residência com traços do estilo normando exigiu intervenções físicas e estruturais para se transformar no showroom. A arquiteta privilegiou a fluidez e visibilidade dos espaços já a partir do lado de fora, através da fachada de vidro
52 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
BRUNETE FRACCAROLI SÃO PAULO SHOWROOM PENHA VIDROS 2002/2003
I N T E R I O R E S
*Veja fornecedores e endereços no final da revista
FICHA TÉCNICAArquitetura: Brunete FraccaroliEngenharia: Antoun Arcie
LEIA MAISAU 104 – reportagem sobre o Prêmio Solutia 2002
Antes
elevação frontal - antes
elevação frontal - depois
superior
térreo
superior
térreo
Depois
corte AA
1 show Room2 atendimento3 circulação4 escritório5 sanitário
6 copa7 depósito8 vestiário 9 depósito de amostras
10 sala dos funcionários
1 entrada - porta basculante2 showroom3 vitrine4 circulação5 atendimento6 sanitário
7 escritório8 copa 9 depósito
10 vestiário11 sala de reuniões/cursos12 copa de apoio
0 10 m
0 10 m
1
1
1
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3 3
4
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7
7
6
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12
3
3
1 2
2 2 2
45
6 7 8
6 9
9
10
A A
fachada, precisou ocupar a área da jardineira
da edificação, agora fechada para o exterior.
Incorporado ao showroom,o antigo corredor
da construção exibe paredes que servem de
mostruário para materiais vítreos de última
geração, como o chodopak, produto importa-
do caracterizado pela rugosidade e resistên-
cia. Brunete, que é uma das pioneiras na uti-
lização inusitada do vidro na arquitetura de
interiores no Brasil, teve um projeto premiado
pelo 2002 Solutia Design Awards, em
Chicago, Estados Unidos. A premiação foi
concedida à arquiteta na categoria arquitetura
de interiores, pelo projeto da garagem reali-
zado para a Casa Cor 2001.
Acima, o hall com piso de vidro estrutural é o ponto de partida da escada com degraus de guarda-corpo de cristal. Abaixo, à esquerda, ambiente com cobertura de vidro e piso de mármore; à direita, incorporado à edificação, o antigo corredor externo exibe ummostruário de materiais vítreos
54 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
ERMINIA MARICATO ARQUITETA SÃO PAULO/BRASÍLIA
E N T R E V I S T A
Professora da FAU-USP e ex-se-
cretária da Habitação do Município
de São Paulo (gestão Luíza Erun-
dina, 1989 a 1992), Erminia Mari-
cato é considerada uma das maiores
autoridades em urbanismo e habitação social
do Brasil. Peça-chave durante o governo de
transição, a arquiteta foi uma das principais
responsáveis pela criação do Ministério das
Cidades, do qual é a secretária executiva ou,
como ela própria diz, "vice-ministra". Mili-
tante do Partido dos Trabalhadores, Erminia
tem a imagem ligada aos movimentos sociais
pela moradia e também à universidade, onde
desenvolve diversos trabalhos importantes.
Sobre o novo ministério, não deixa por
menos: "é inovador quando toma como
objeto a cidade em seu conjunto, superando
as políticas setoriais e pulverizadas". As áreas
estruturadoras da pasta são a habitação, o
saneamento ambiental e o transporte urbano.
Leia, a seguir, entrevista de Ermínia Maricato
concedia à AU em sua casa, em São Paulo.
aU HÁ UM GIGANTESCO MOVIMENTO
DE CONSTRUÇÃO E OCUPAÇÃO DO
ESPAÇO URBANO DO QUAL O ARQUI-
TETO ESTÁ ALIJADO, PRINCIPALMEN-
TE NA PERIFERIA DAS GRANDES
POR UMA NOVAMATRIZ URBANAPRINCIPAL MENTORA DOS PROJETOS QUE ALMEJAM MUDAR O TRATAMENTO DO ESTADO ÀS QUESTÕES
DO PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL, A ARQUITETA ERMINIA MARICATO ASSUME A SECRETARIA
EXECUTIVA DO MINISTÉRIO DAS CIDADES, ENCABEÇADO PELO EX-GOVERNADOR GAÚCHO OLÍVIO DUTRA
POR ERIC COZZA FOTO RUI MENDES
CIDADES. HÁ COMO RECUPERAR O
PAPEL DO ARQUITETO NO DESEN-
VOLVIMENTO URBANO DO BRASIL?
erminia maricato Sem dúvida. O arquiteto
tem um papel central na recuperação das
nossas cidades. Hoje, apenas cerca de 30% da
população está incluída no mercado privado
residencial. Como o Brasil passa por um
processo de urbanização muito acelerado, a
maior parte da população se instala nas
cidades sem qualquer orientação técnica, sem
lei, nem financiamento público. Isso está
gerando grandes desastres. Pense nas cidades
do litoral: os mangues estão sendo aterrados e
ocupados. Há ocupação de áreas de morro, de
várzeas, de proteção ambiental. Grande parte
da população trabalhadora não tem lugar para
se instalar em uma situação legalizada. E isso é
ignorado nos planos diretores.
aU POR QUÊ?
erminia maricato Seria um enfrentamento
político que nenhuma elite municipal gostaria
de promover. Imagine o que seria pegar uma
parcela das terras do litoral e dizer que seriam
destinadas para a habitação de baixa renda.
Trata-se de uma coisa impensável na so-
ciedade brasileira, que nunca se deu conta que
os trabalhadores precisam de um lugar para
morar. Estudos sérios indicam que metade da
cidade de São Paulo e metade da cidade do Rio
de Janeiro são compostas de favelas ou
loteamentos clandestinos. Isso demonstra a
falência total de uma política urbana baseada
em uma legislação feita para um único
mercado, ao qual a população que ganha entre
5 e 10 salários mínimos não tem acesso. Por
isso, nosso objetivo é alargar o mercado.
aU DE QUE MANEIRA?
erminia maricato Devemos reconhecer que
o Estado tem colocado muitos limites na atua-
ção da iniciativa privada. Veja a legislação
urbanística e edilícia, o tempo de aprovação
de projetos nas prefeituras, o registro no car-
torário. Isso sem falar na legislação relativa ao
financiamento imobiliário. O empresário não
tem segurança de investir. Vamos discutir
muito com o Banco Central nesse sentido. Por
outro lado, é preciso dizer que lucro especula-
tivo não tem mais lugar no setor imobiliário
brasileiro. Quem não produz não deve ter
lucro. No Brasil, as pessoas enriquecem acu-
mulando imóveis: um dado do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta
300 mil imóveis vazios na cidade de São Paulo.
Isso é assustador. Mas, cada vez que se fala em
fazer uma política fiscal para combater imóvel
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 55
“A SOCIEDADE BRASILEIRA
PRECISA TOMAR CONSCIÊNCIA
DE QUE A EXCLUSÃO ESTÁ
SUFOCANDO AS CIDADES
“
Erminia Maricato diz que, se o processo de instalação ilegal da população não for detido, cidades como Curitiba e Aracaju, terão o mesmo destino caótico de São Paulo e do Rio
Sofi
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Vistas do Rio de Janeiro, do Sistema Anchieta-Imigrantes e de São Paulo
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56 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
ERMINIA MARICATO ARQUITETA SÃO PAULO/BRASÍLIA
E N T R E V I S T A
ocioso, todo mundo lembra da velhinha apo-
sentada, cuja única fonte de renda advém do
imóvel. Isso não pode mais ser desculpa. A
propriedade privada não pode ser absoluta.
aU A PROPOSTA É POLÊMICA...
erminia maricato Há leis para combater
essa retenção de imóveis vazios. O problema é
não aplicar as leis, não ter força política para
colocar em prática o Estatuto das Cidades, por
exemplo. A sociedade brasileira precisa tomar
consciência de que a exclusão está sufocando
as cidades e contribuindo para uma violência
que não vai ficar restrita à periferia. Preci-
samos fazer um pacto social para construir
muita habitação e, ao mesmo tempo, recu-
perar os bairros que o povo construiu. Isso é
trabalho que não acaba mais para os arqui-
tetos. Vamos tratar moradia não como uma
questão de quantidade de unidades habita-
cionais, mas urbana. Ninguém vive só dentro
de casa. Todos precisam de transporte, coleta
do lixo, água e esgoto.
aU A GRANDE PRIORIDADE DO NOVO
GOVERNO FEDERAL ESTÁ BEM DE-
FINIDA: PROPORCIONAR PARA CADA
BRASILEIRO, PELO MENOS, TRÊS RE-
FEIÇÕES AO DIA. O MINISTÉRIO DAS
CIDADES TEM UMA GRANDE META?
erminia maricato Sim. A nossa maior meta
é construir um novo sistema nacional de
habitação. Recuperar as cooperativas de
crédito e capilarizar o acesso a crédito, por
exemplo. Sabemos que isso não vai acontecer
rapidamente. Trata-se de um projeto de
médio, longo prazo. Nós queremos ampliar a
produção de moradias de forma integrada ao
saneamento e ao transporte urbano, que estão
sob a responsabilidade do nosso ministério.
Resolvemos continuar e reforçar o Habitar
Brasil BID, que prevê a extensão de obras de
urbanização de favelas, hoje restritas a 28
municípios, para 105 cidades. Esta é uma
forma de pegar os bolsões de pobreza e levar
água, saneamento, coleta do lixo e melhoria
habitacional. Isso é emergencial, apesar de
termos um orçamento muito apertado.
aU COMO A SENHORA REAGIRIA A UM
CORTE NAS DESPESAS DA ÁREA SO-
CIAL, EM ESPECIAL NO MINISTÉRIO
DAS CIDADES, PARA A MANUTENÇÃO
DA ESTABILIDADE FINANCEIRA?
erminia maricato Essa já é a nossa rea-
lidade.
aU JÁ É?
erminia maricato Sim. É tão grave que
temos dinheiro do Banco Mundial e do
Banco Interamericano de Desenvolvimento e
não podemos gastar, pois devemos apre-
sentar um superávit exigido no contrato com
o Fundo Monetário Internacional (FMI). É
uma coisa desumana. Considero essa política
macroeconômica para o Brasil uma tragédia
total. Como é que você faz política social
desse jeito? Como é que você promove desen-
volvimento? Nós temos, entretanto, uma
possibilidade que vamos discutir com a
Caixa Econômica Federal. Trata-se da
utilização do Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FGTS).
aU ESSE É UM PONTO MUITO IMPOR-
TANTE. A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
É SUBORDINADA AO MINISTÉRIO DA
FAZENDA. COMO SERÁ O RELA-
CIONAMENTO COM O MINISTÉRIO DAS
CIDADES?
erminia maricato Nosso projeto tem duas
pernas: o ministério é uma e a Caixa é outra.
O ministério é gestor do Fundo de Garantia
(FGTS), ou seja, estabelece as regras de uso,
enquanto a Caixa é o agente financiador e
operador. Temos algumas críticas sobre a
forma como a Caixa vem operando tais
recursos nos últimos oito anos. Pretendemos
fazer uma revisão dos programas e discutir
alguns aspectos importantes. Por exemplo,
os critérios de risco para tomar empréstimos
da Caixa estão muito mais rigorosos que os
dos bancos privados, isso sem falar na
burocracia.
aU O ARQUITETO, EX-PREFEITO E EX-
GOVERNADOR JAIME LERNER, RECÉM-
EMPOSSADO NA PRESIDÊNCIA DA
UNIÃO INTERNACIONAL DOS ARQUI-
TETOS (UIA), ESTÁ PROMOVENDO UM
MOVIMENTO INTERNACIONAL DE ME-
LHORIA DA QUALIDADE DE VIDA EM
CERCA DE 500 CIDADES. TRATA-SE DE
UM PROJETO CHAMADO CELEBRAÇÃO
DAS CIDADES. A SENHORA CONHECE
TAL INICIATIVA?
erminia maricato Não, e sou absolutamente
crítica ao Jaime Lerner. É preciso que se diga
que Curitiba está cercada de ocupação de terra.
O destino da cidade foi bom há cerca de 15
anos, quando teve um acompanhamento de
planejamento e era o município de maior
renda média entre as capitais brasileiras.
Acontece que, num determinado momento, o
norte do Paraná começou a despejar muita
gente em Curitiba. A cidade está tendo o
mesmo destino de todas as metrópoles
brasileiras: não tem onde pôr gente. Isso sem
falar na tragédia da ocupação na área de
proteção aos mananciais.Assim, como todas as
cidades de bom nível de vida, caso de
Florianópolis, Ribeirão Preto e Aracaju,
Curitiba será como São Paulo ou o Rio de
Janeiro, no futuro. Isso vai acontecer se nós não
conseguirmos deter o processo de instalação
ilegal da maior parte da população.
DEVEMOS RECONHECER
QUE O ESTADO TEM
COLOCADO MUITOS
LIMITES NA ATUAÇÃO
DA INICIATIVA PRIVADA.
O EMPRESÁRIO NÃO TEM
SEGURANÇA DE INVESTIR
Projeto habitacional em Salvador, de Angela Gordilho Souza e Tânia Scofield Souza Almeida – AU 104
“ “
CONSEQÜÊNCIA DA FALTA DE
INTEGRAÇÃO ENTRE
ARQUITETURA E TOPOGRAFIA,
O BAIRRO TEM PRÉDIOS QUE
REFLETEM A JUSTAPOSIÇÃO
DE INTERESSES MÚLTIPLOS
I N T E R S E Ç Ã O
ALei de Uso e Ocupação do Solo
só admite a construção de edifí-
cios de até quatro andares no
bairro de Buritis, em Belo
Horizonte. Em conseqüência
do acentuado declive das ruas, a estrutura dos
prédios se assemelha a palafitas de concreto, e
é muito freqüente haver nessa paisagem casos
em que tais estruturas têm a mesma altura –
ou são até mais altas – que os próprios prédios
que sustentam. A rigidez da lei cria áreas sem
qualquer utilização, com o agravante de que
toda essa malha estrutural permanece em
estado bruto, sem pintura ou revestimento.
O bairro pode parecer uma mera conse-
qüência da ausência de integração entre
arquitetura e topografia. Seus prédios, entre-
tanto, refletem fatores de domínio mais amplo.
O crescimento urbano descontrolado, a jus-
taposição aleatória de interesses múltiplos –
entre estes, os da prefeitura, dos especuladores
do setor imobiliário e das empresas urbani-
zadoras – a discrepância entre arquitetura e
infra-estrutura e, principalmente, o desperdí-
cio típico das sociedades não planejadas.
Invento para Leonardo, peça do grupo de
teatro Armatrux, transformou esses espaços
em palco de um espetáculo que se encaixou
perfeitamente em nossa idéia de reverter os
URBANISMO EFÊMEROEM AMNÉSIASTOPOGRÁFICAS A PAISAGEM DAS GRANDES CIDADES TEM MUITOS ELEMENTOS RESIDUAIS: TERRENOS BALDIOS, VAZIOS OCIOSOS,
LACUNAS ILHADAS, VERDADEIROS RESERVATÓRIOS DE OPORTUNIDADES ABERTOS ÀS PRESSÕES DAS DEMANDAS
CÍVICAS E SOCIAIS POR LOUISE MARIE GANZ E CARLOS TEIXEIRA
espaços negativos da cidade, aproveitando-os
como "espaços ativáveis".
Ora, o potencial dessas estruturas está,
precisamente, nessa desorganização baseada
numa lógica que poderíamos chamar de
"amnésia topográfica". O labirinto formado
pela seqüência das "palafitas de concreto", a
natureza explicitamente residual desses
labirintos e a mediocridade geral dos prédios
por elas suportados são, todos eles, carac-
terísticas que podem ser vistas como quali-
dades. Partimos de algo existente, uma estru-
tura arquitetônica necessária, comum e
agressiva, que então foi "reciclada" em
matéria plástica, num sentido que extrapola
o domínio isolado da arquitetura, do teatro e
das artes plásticas.
A partir daqui, prédios vizinhos se tornam
uma única e contínua estrutura de concreto
aparente. Terrenos acidentados são vencidos
por uma malha sincopada de pilares e vigas.
Juntos, cintas e contraventamentos materiali-
zam fantasias arquitetônicas. São espaços
piranesianos não idealizados por arquitetos,
produtos de calculistas que jamais imagi-
naram o espaço que projetaram, surpresas
espaciais que nunca acontecem no mundo
previsível da arquitetura.
A peça possibilitou também uma inversão
no quadro de privatização dos espaços da
cidade. Em um País de cidades cada vez menos
públicas e mais violentas, o projeto funcionou
como um urbanismo efêmero que denuncia
os desequilíbrios urbanos de uma maneira
sem precedentes.
Nesse sentido, Armatrux foi um fator crucial
nesta investigação. Ao contratar-nos para a
escolha do local para uma nova peça, o grupo,
que tem tradição de teatro de rua, estendeu seu
espaço de atuação à pesquisa de novos conceitos.
Um quadro estático foi, assim, colocado em
movimento, posto que espaços privados foram
usados como palco e transformados em espaços
públicos – enquanto acontecia a apresentação da
peça, nos prédios vizinhos as cenas cotidianas
continuavam com toda normalidade: famílias
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 57
I N T E R S E Ç Ã O
cresc
imento
sem
ord
em
AS “PALAFITAS”Construída de acordo com um plano
do século XIX, Belo Horizonte tem seu
traçado definido como duas malhas
sobrepostas em um sítio de
topografia pouco acidentada. Hoje,
novos bairros fora dos limites do
plano original brotam por todos os
lados. A cidade planejada foi
construída sobre uma planície, mas o
crescimento urbano acontece de todas
as maneiras, sem qualquer relação
com o relevo montanhoso da
periferia: daí a amnésia topográfica.
Prédios e tecido urbano criam juntos
estruturas vazias e ociosas, resultado
de uma arquitetura estúpida sobre
um desenho urbano pouco estudado.
Edifícios de apartamentos são
construídos sobre impressionantes
palafitas de concreto armado com até
quatro andares, em um continuum de
vazios arquitetônicos que cria uma
estranha paisagem suburbana.
CIDADE EM CURTOEm uma cidade densa, sem
planejamento e mesquinha, não há
chance para espaços públicos. O que se
vê são ocupações informais de lacunas
urbanas, curtos-circuitos que se
reproduzem de acordo com a presença
de usuários em potencial, como
vendedores ambulantes. Energias
sociais aparecem em locais
inesperados, resultado da falta de
vazios para atividades cívicas.
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58 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
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A REALIZAÇÃORecentemente, desenvolvemos um
projeto para o Armatrux, grupo de
teatro de rua. As palafitas
transformaram-se em palco para a peça
Invento para Leonardo, concebida para
ser apresentada nos vazios. O espetáculo
tratava justamente da pesquisa dos
movimentos dos atores nas palafitas,
todos explorando as particularidades de
um espaço dramático.
O PROJETOInserindo-nos nesses vazios suspensos,
propusemos a inserção de novos
programas na amnésia topográfica,
trazendo os espaços latentes para o
cotidiano. Neste projeto, espaços
flexíveis proliferam-se e conectam-se
aos outros, formando uma rede sob os
edifícios capaz de prover áreas de
playground, palcos de dança, jardins
suspensos, hortas, áreas de lazer, ateliês
de arte entre outras propostas
O projeto realizado por Louise Marie
Ganz e Carlos Teixeira para o
espetáculo do grupo mineiro de teatro
Armatrux recebeu o primeiro prêmio
no concurso e-2: Defining the Urban
Condition, organizado por um grupo
de arquitetos franceses preocupados
em pesquisar o espaço entre deux –
equivalente ao termo in between em
inglês, ou "entre-dois", em uma
tradução literal para o português. Daí
a sigla (e nome do grupo) e-2.
O resultado foi publicado em livro
pela editora Actar. A obra conta com
os 352 projetos, mais ensaios de
Bernard Tschumi, Domenique Perrault
(arquiteto e membro do júri), Michel
Desvigne (paisagista e membro do
júri), Frederic Migayrou (curador de
arquitetura do Centro Cultural
Georges Pompidou e membro do júri),
entre outros.
A exposição sobre o concurso está no
Pavillion d'Arsenal, em Paris, de 16 de
janeiro a 28 de fevereiro. O Pavillion
de L'Arsenal é um espaço de
exposições sobre arquitetura e
urbanismo financiado pelo governo
francês. A entrada é franca e o
endereço é 21 Boulevard Morland,
Marais, 75004, Paris.
Mais informações pelo e-mail
[email protected] ou pelo site
www.groupe-e2.com
Actar - Roca i Batlle 2, 08023,
Barcelona, Espanha, fone: +34 93 418
77 59 e fax 34 93 418 67 07,
PROPOSTA VENCEDORA
jantando, usando os banheiros e, eventualmente,
assistindo à peça de suas janelas. Cenas privadas
que se tornaram públicas.
Passarelas de madeira, escadas, rampas e
plataformas possibilitaram o uso extensivo
das palafitas em diversos níveis, enquanto
uma arquibancada tubular transformou um
lote vago entre dois prédios de apartamentos
laterais em platéia. A porção mais central do
palco se aproximava das proporções de um
palco italiano, mas a situação da platéia certa-
mente criou uma outra relação entre especta-
dores, palco e a cidade. Uma primeira progra-
mação, um primeiro projeto que demonstra a
condição de muitas outras possibilidades.
CARLOS TEIXEIRA é arquiteto pela
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
e mestre em urbanismo pela Architectural
Association de Londres.
LOUISE MARIE GANZ é arquiteta pela
UFMG e mestranda pelo Institute
d´Architecture de Génève, Suíça
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FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 59
4 D
60 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
Há exatamente um ano, abordei
nesta coluna a questão da
pirataria de software. Defendi
naquele artigo que os usuários
dos programas piratas são
muito mais reféns de uma série de circun-
stâncias do que contraventores contumazes.
Apontei os motivos que acabam lançando
muita gente séria nos braços dos piratas,
destacando o preço exorbitante das licenças
de determinados produtos.
Finalizei o texto argumentando que esse
enorme grupo de "reféns da pirataria" forma
um interessante nicho de mercado, que
poderia ser trabalhado pelos desenvolve-
dores com políticas comerciais e de produto
focadas em suas possibilidades, e sugeri que
entidades de classe incentivassem a for-
mação de grupos de compra e organizassem
leilões reversos para que os pequenos
escritórios pudessem, enfim, dispor dos
avanços da tecnologia da informação.
Assim, foi com satisfação que acompanhei
o trabalho desenvolvido em conjunto pelas
entidades Abece, Abrasip, AsBEA, IAB-SP e
Sinaenco que, depois de promover uma
INTELLICAD: SOLUÇÃOINTELIGENTE?ESMIUÇAMOS O SOFTWARE RECOMENDADO PELO ACORDO REALIZADO NO ANO PASSADO ENTRE A CADOPIA
E ENTIDADES REPRESENTATIVAS DA CATEGORIA, ENTRE ELAS, ABECE, ABRASIP, ASBEA, IAB-SP E SINAENCO
POR EDUARDO SAMPAIO NARDELLI
análise das ofertas de mercado, considerando
os preços e recursos técnicos dos produtos
disponíveis, chegou a uma alternativa de um
software CAD mais acessível, que foi ofereci-
da a todos os seus associados: o IntelliCAD.
Um software que em tudo e por tudo se
parece com o AutoCAD, mas difere em um
item muito sensível: preço. O IntelliCAD
custa, na versão Standard, 103,20 dólares –
uma pechincha se comparado aos 3.853 dó-
lares cobrados pela versão completa do
AutoCAD 2002!
De acordo com informações obtidas do
consórcio gestor do código fonte desse sis-
tema – o IntelliCAD Technology Consor-
tium (ITC), o IntelliCAD veio à luz quando a
Visio Corporation adquiriu determinados
direitos de uma empresa localizada em San
Diego, Califórnia, a Boomerang Technology,
uma desenvolvedora de programas com-
O IntelliCAD é desenvolvido pelosmembro do ITC, o consórciogestor do sistema. Assim, há nomercado diversas versões dosoftware, cada uma, fruto dotrabalho de um desses membros
Como é desenvolvidopor diferentesmembros doconsórcio gestor, oIntelliCAD podeconter conflitosinternos em suaestrutura: o softwarepossui mais de 500comandos emmilhares destrings. Por isso, aescolha dofornecedor é decisiva
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FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 61
patíveis com a tecnologia Autodesk-
AutoCAD, numa operação que custou 6,7
milhões de dólares, em 1997.
O objetivo da Visio Corporation, na
ocasião, era consolidar e, se possível, ampliar a
posição que já havia conquistado no mercado
de desenhos técnicos com o Visio Technical,
lançado em dezembro de 1994. Para isso, a
Visio contratou nove desenvolvedores da
própria Boomerang Technology Inc., que per-
maneceriam em San Diego desenvolvendo a
tecnologia compatível com o AutoCAD.
A Visio contava com uma equipe de peso,
que trazia no currículo o desenvolvimento e
licenciamento do Autodesk ADE (AutoCAD
Data Extension), uma extensão do AutoCAD.
Na verdade, essa equipe era constituída por
ex-empregados da Softdesk, talvez a mais
importante desenvolvedora de aplicativos
para o AutoCAD que já atuou no mercado. A
própria Softdesk, aliás, já havia sido compra-
da pela Autodesk, em 1996.
Desse modo, uma primeira versão beta do
IntelliCAD foi submetida ao público já em
novembro de 1997 e uma segunda versão foi
lançada em fevereiro de 1998, programada
para ser substituída somente após o mês de
junho desse mesmo ano.
Segundo o relato do ITC, os usuários da
versão beta fizeram uma avaliação tão positi-
va do produto que o lançamento da versão
comercial aconteceu já em março daquele
ano, incorporando novidades. Um dos pontos
que mais agradou aos usuários foi a perfeita
integração do IntelliCAD ao ambiente
Windows. Essa característica permitia à ver-
são beta tirar partido de todos os recursos
desse sistema operacional, somado o fato de
ser um suporte nativo para documentos dwg,
o que lhe confere alta compatibilidade com os
comandos do AutoCAD e o AutoLISP.
O novo produto foi recebido com grande
entusiasmo pelo mercado, o que pode ser
medido pelas declarações feitas na ocasião
por Bob Palioca, presidente e CEO da Ketiv
Technologies, então uma desenvolvedora
líder do AutoCAD AEC, "nós estamos muito
entusiasmados com essa aquisição da Visio e
acreditamos que tanto os consumidores
quanto os desenvolvedores vão gostar da pos-
sibilidade de ter uma opção viável para a tec-
nologia AutoCAD, da Autodesk".
Entretanto, apesar dessa receptividade, uma
semana após o lançamento do produto nos
Estados Unidos, sob circunstâncias não muito
claras, sete membros da equipe de desenvolve-
dores da Boomerang Technology, além do líder
do grupo, Mike Bailey, simplesmente deixaram
a Visio, comprometendo a continuidade do
produto e sua credibilidade no mercado.
Desse modo, em 1999 a Visio acabou
desistindo dos direitos exclusivos sobre o
IntelliCAD e criou o ITC – IntelliCAD Te-
chnology Consortium, que se tornou o propri-
etário do código fonte do IntelliCAD.
Composto por pessoas físicas ou jurídicas que
a ele podem aderir como membros associados
ou comerciais, o consórcio é também respon-
sável pelo desenvolvimento do programa.
Os membros associados pagam uma taxa
anual de mil dólares para ter direito à utiliza-
ção do IntelliCAD no desenvolvimento de
aplicações que não tenham uso comercial. Os
membros comerciais pagam uma taxa anual
de vinte mil dólares e mais uma inscrição ini-
cial de cinco mil dólares para ter direito ao
desenvolvimento e venda de versões comerci-
ais do IntelliCAD.
Assim, o que temos hoje no mercado são
diversas versões do IntelliCAD que correspon-
dem aos produtos desenvolvidos pelos membros
comerciais do ITC, cuja lista completa pode ser
vista no site: http://www.intellicad.org/mem-
bers/memberlist.asp.
E é aí que mora o perigo – ou a solução
inteligente! A qualidade da versão oferecida
depende da seriedade e competência do desen-
volvedor, que é membro comercial do ITC.
Uma vez que, mesmo sendo obrigado a sub-
meter ao consórcio todas as alterações reali-
zadas no código fonte original, cada membro
tem autonomia para traçar a sua própria
estratégia comercial, definindo pacotes dos
quais podem ser subtraídos um ou outro plug
in. Isso, para Rossano Alves, da ComCAD,
pode resultar em conflitos internos na estrutu-
ra do programa, posto que o IntelliCAD pos-
sui mais de quinhentos comandos espalhados
por suas milhares de strings, ou linhas de pro-
gramação. Uma vez alteradas, podem compro-
meter a sua estabilidade.
A escolha do fornecedor, portanto, pode ser
a diferença entre o céu e o inferno e deve ser
feita com muito critério. No caso do acordo
realizado pela Abece,Abrasip,AsBEA, IAB-SP
e Sinaenco, foi escolhida a CADopia
(www.cadopia.com), empresa norte-ameri-
cana, líder mundial no fornecimento do
IntelliCAD e membro comercial do ITC.
EnqueteEscutamos alguns usuários para levantar
como anda a popularidade do IntelliCAD.
A professora e arquiteta Cristiane
Gallinaro, da Becato Arquitetura, vem uti-
lizando o IntelliCAD desde 1999 e se conside-
ra satisfeita, apesar das limitações no uso dos
comandos de precisão durante a alternância
do zoom, e das incompatibilidades relativas
aos estilos de dimensionamento e de texto
com os arquivos gerados no AutoCAD. A
primeira versão com que Cristiane trabalhou
foi uma adquirida da R&C Task, mais tarde
trocada pela versão Standard 2000, fornecida
O IntelliCAD já temdiversos usuáriossatisfeitos, queapontam entre as qualidades dosoftware a fáciladaptação e o ótimosuporte técnicooferecido pelaCADopia, fornecedoraescolhida pelo acordoestabelecido entreentidades ligadas à arquitetura
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QUADRO COMPARATIVOPrincipais software disponíveis no mercado brasileiro
PRODUTO CARACTERÍSTICAS PREÇO* CONDIÇÕES
ArchiCADVersão 7- ● ferramentas de desenho em 2D e 3D
Graphisoft Brasil ● usa o conceito de um modelo integrado 3D, ao qual são
(11) 5505-3559 associados objetos como piso, paredes, portas, janelas, escadas e cobertura
● extrai automaticamente vistas e cortes
● atualiza as alterações de projeto automaticamente US$ 2.990 –
● dimensionamento com atualização automática
● permite relatório e listas de materiais
● realiza renderizações e animações, com simulação de iluminação
● permite intercâmbio de arquivos, inclusive dwg, e trabalho colaborativo
via internet ou intranet
ArCon – Pini - ● edição de linhas em 2D
www.piniweb.com ● geração e edição de paredes retas e curvas, cortes e elevações em 2D e 3D
(11) 3352-6430, ● edição de sólidos (3D) e objetos paramétricos como portas, janelas, paredes, preços
0800 707 6055 rampas, escadas e cobertura promocionais
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● iluminação artificial, renderização, geração de animações padrão AVI, ou 6 x R$ 315
VRML e Walkthrough
● integração com o AutoCAD e outras plataformas CAD
● duas versões: o modelo Básico, indicado para estudantes e professores, e o
Plus, para profissionais
AutoCAD 2002 ● ferramentas de desenho em 2D e 3D
DataGraph ● ferramentas de dimensionamento com atualização automática
Computação Gráfica ● possibilidade de trabalho simultâneo com vários arquivos e várias
(11) 6973-4266 "folhas" de um mesmo arquivo Full: US$3.853
● ferramentas específicas para comunicação e trabalho colaborativo do tipo "arrasta e solta" Upgrade: US$ 593 à vista
● compatibilidade absoluta com formato dwg Educacional:
● possibilidade de desenvolvimento de aplicativos em AutoLISP e VBA US$ 746
● renderização com possibilidade de cálculo automático de iluminação
● três versões: Full, Upgrade e Educacional
AutoCAD LT 2002 ● ferramentas de desenho em 2D
ViaSoft ● visualização de 3D
www.viasoftnet.com.br ● ferramentas de dimensionamento com atualização automática e texto
● possibilidade de trabalho simultâneo com vários arquivos e várias US$ 1.900 à vista
"folhas" de um mesmo arquivo
● ferramentas específicas para comunicação e trabalho colaborativo do tipo arrasta e solta
● compatibilidade absoluta com formato dwg
IntelliCADCADopia ● ferramentas de desenho em 2D e 3D na versão Professional Standard Edition à vista
CADopia ● ferramentas de edição de texto e dimensionamento não associativo (1 licença)- download: preços mais
www.cadopia.com ● é preciso atualizar manualmente as cotas quando há mudança na geometria US$ 103,20 baixos para maior
● trabalha com referências externas - Xref - hachuras, zoom em tempo real Professional Edition número de
● renderização (1 licença) -download: licenças
● compatibilidade absoluta com arquivos dwg e aplicações VBA US$ 151,20 estes valores não
incluem impostos
62 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
4 D
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 63
pela CADopia que, segundo ela, correspon-
deu melhor à sua expectativa. A adaptação ao
novo software foi bastante tranqüila, visto que
a interface é muito semelhante.
Outro usuário satisfeito é o escritório Bross
(www.bross.com.br), que iniciou a migração
em outubro do ano passado, a partir da divul-
gação do acordo, adquirindo 16 cópias (dez
da versão Professional e seis da versão
Standard), que trabalham em rede, com algu-
ma instabilidade.
No entanto, de acordo com Marcelo Bross,
coordenador da área de informática desse
importante escritório especializado em
grandes projetos de hospitais, o suporte téc-
nico por e-mail oferecido pela CADopia
correspondeu perfeitamente. Suas consultas
foram atendidas em pouco mais de meia
hora, incluindo aí até mesmo a troca da ver-
são já fornecida.
Nas aulas de computação do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade São
Judas Tadeu, em São Paulo, há cerca de quatro
anos o IntelliCAD vem sendo utilizado, sem
problemas, em paralelo com o AutoCAD. A
escola usa uma versão livre do programa, obti-
da por meio do site da CADopia, conforme
depoimento do coordenador do curso, o
arquiteto Luiz Augusto Contier.
A concorrênciaComo se vê, o IntelliCAD pode ser uma
opção inteligente, desde que o usuário esteja
disposto a superar um ou outro obstáculo
decorrente das peculiaridades do desenvolvi-
mento e distribuição desse software.
Para a concorrência, a chegada do
IntelliCAD parece não incomodar. David
Oliveira, da CAD Technology, distribuidora
do VectorWorks, opina que o IntelliCAD irá
atender principalmente aos usuários do
AutoCAD que têm dificuldade para regu-
larizar as suas licenças. Para Oliveira, o
usuário do Vector busca uma nova forma de
trabalho e não apenas uma regularização.
A mesma coisa acontece com o ArCon,
comercializado pela Pini. Segundo Pedro
Paulo Machado, gerente de sistemas da empre-
sa, o ArCon é um software para a elaboração de
apresentações de projetos de arquitetura, per-
mitindo que o projetista faça o desenho simul-
taneamente em 2D ou 3D.O programa trabalha
num sistema integrado com o Volare, software
de orçamento e planejamento de obras.
Essa característica permite obter um
relatório de serviços e composições de preços
baseados no TCPO (Tabelas de Composições
de Preços para Orçamentos, editado pela Pini).
Para Machado, o ArCon é muito mais focado
na relação profissional-cliente do que no deta-
lhamento do projeto em 2D, que poderá con-
tinuar a ser feito no AutoCAD, ou no
IntelliCAD, posto que o ArCon exporta e
importa arquivos .dxf.
ConclusãoOs distribuidores daquele que se tornou o
software CAD líder do mercado enfrentam
um desafio e tanto agora: eles precisarão esta-
belecer diferenciais importantes – como o
apoio pós-venda – que justifiquem a abissal
diferença de preço entre um e outro produto.
Para Henrique Cambiaghi, presidente da
AsBEA, o ideal seria a criação de um clube de
usuários que, se inscrevendo no ITC, tivesse
acesso ao código fonte e se tornasse ele próprio
um desenvolvedor do IntelliCAD, garantindo
aos seus associados o necessário suporte técni-
co e a sua continuidade no mercado.
No entanto, Cambiaghi ressalta que a
grande dificuldade nesse caso é a articulação
dos interessados, o que parece sugerir que a
solução inteligente do IntelliCAD talvez esteja
nas mãos de seus próprios usuários...
ESTA SEÇÃO É PATROCINADA PELO
MicroStation TriForma ● ferramentas de desenho em 2D e 3D
ProEng Tecnologia ● usa o conceito de um modelo integrado 3D ao qual são associados objetos Profissional:
e Automação como pisos, paredes, portas, janelas, escadas e telhados aluguel mensal
www.proeng-sp.com.br ● extrai automaticamente vistas e cortes Profissional: de cada licença
● atualiza alterações de projeto automaticamente R$ 990/mês
● realiza renderizações, animações paramétricas e panoramas Kit Educacional
● pertence à Geração V8 do MicroStation, por isso, permite operar Kit Educacional: à vista, com opção
nativamente com os formatos dgn, dxf e dwg R$ 750 de aluguel mensal
● o aluguel temporário da licença inclui suporte técnico, atualizações, licenças em rede, de licença pelo
inúmeras licenças Bentley View, licença para uso residencial e acesso ao SELECTServices Online programa BEN
● nas versões Profissional e Kit Educacional valor não fornecido
VectorWorks 10.0 ● ferramentas de desenho em 2D e 3D Full (primeira
CAD Technology ● desenho baseado em objetos, como piso, parede, portas, versão): US$ 995
www.cadtec.com janelas, colunas e cobertura Full – licenças
● renderização e geração de animações orbitais e walkthrough adicionais: US$ 595
● permite intercâmbio de arquivos, inclusive dwg, viabilizando a Upgrade: US$ 395 –
coordenação e compartilhamento do projeto com toda a equipe Educacional (primeira
● versões Full e Educacional licença): US$ 270
(licenças adicionais): US$ 99
*preços pesquisados em janeiro/2003
T E C N O L O G I A & M A T E R I A I S
64 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
Acionados por máquinas a
vapor, os primeiros ele-
vadores foram instalados em
Nova York, em 1857. No
Brasil, a novidade surgiu em
1918. Na ocasião, os elevadores fun-
cionavam com o auxílio de um cabineiro
que comandava o sobe e desce por uma
manivela – além de abrir e fechar a porta.
Desde então, foram desenvolvidos
comandos cada vez mais complexos que
tornaram os elevadores mas rápidos e con-
fortáveis. Mas foi com o advento informáti-
ca que as máquinas tiveram uma significati-
va evolução. O quadro de comando tradi-
cional, por exemplo, que era composto por
circuitos eletromecânicos, foi substituído
por um sistema acionado por microproces-
sador capaz de coordenar todo o funciona-
mento dos elevadores.
Hoje, é possível dizer que existe um
modelo de elevador para cada tipo de edifí-
cio. Em prédios de escritórios, por exemplo,
as exigências de cálculo de tráfego vertical
são bem mais rigorosas do que as empre-
gadas para construções residenciais. Neste
caso, a espera pelo elevador tem de atender a
intervalos curtos.
O engenheiro Moacyr Motta Filho, dire-
tor da Empro, empresa especializada em
consultoria para transporte vertical, ressalta
que fatores como o tipo de máquina e de
energia elétrica fazem a diferença na hora
de projetar o tráfego vertical de qualquer
edificação. "Além disso, itens como coman-
dos e controle dos equipamentos, incluindo
todos os detalhes de automação, também
são relevantes", diz.
Lauro Galdino, diretor da área de pesqui-
sa da Thyssenkrupp, concorda inteiramente
TRANSPORTE EFICIENTECOM EDIFÍCIOS CADA VEZ MAIS ALTOS E PESSOAS CADA VEZ MAIS OCUPADAS, O TRÁFEGO DENTRO DE EDIFÍCIOS
TORNA-SE QUASE TÃO COMPLEXO QUANTO O DAS RUAS DE UMA GRANDE CIDADE. MAS A INDÚSTRIA TEM USADO A ALTA
TECNOLOGIA PARA ENCONTRAR SOLUÇÕES JUSTAS, ECONÔMICAS E INTELIGENTES POR NÁDIA FISCHER FOTOS: DIVULGAÇÃO
Projeto do escritório norte-americano Skidmore, Owings & Merrill, adaptado pelo EscritórioTécnico Julio Neves. O novo edifício do BankBoston, em São Paulo, tem elevadores AtlasSchindler equipados com o sistema de gerenciamento de tráfego Miconic10
FEVEREIRO 2003 ARQUITETURA&URBANISMO 65
com Motta Filho quanto aos fatores que
devem ser considerados em um projeto de
transporte vertical. Galdino diz ainda que
escolher um elevador é como escolher um
carro novo. "Às vezes, o de design mais
arrojado nem sempre oferece uma tecnolo-
gia de ponta, ou talvez a manutenção seja
inviável", compara.
De acordo com especialistas no assunto, a
evolução dos elevadores está muito mais
voltada para a inteligência do produto, o
que significa desenvolver meios de alimen-
tar o equipamento com informações sobre
o tráfego. A partir desses dados, o sistema
estaciona as cabines em pontos estratégicos,
no térreo ou em qualquer outro pavimento
mais solicitado, conforme a demanda.
Uma das tendências é a substituição da
botoeira de chamada no pavimento por um
software gerenciador de tráfego. Com este
software, é possível gerenciar o grupo de
elevadores, de modo a direcionar o pas-
sageiro ao destino desejado o mais rápido
possível. Logo, o tempo de espera, tanto no
andar quanto na cabine, será muito menor.
Para o engenheiro Motta Filho, do ponto
de vista tecnológico, o produto mais moder-
no é aquele que possibilita maior economia
de energia. Atualmente, o sistema VVVF
(Variable Voltage Variable Frequency, ou
seja, voltagem e freqüência variáveis) chega
a proporcionar até 40% de economia em
relação aos tradicionais elevadores eletro-
mecânicos. Sem contar a segurança, exigida
por normas. Este tipo de acionamento elimi-
na aquelas paradas bruscas e o "frio na bar-
riga" durante as viagens.
Há ainda o elevador hidráulico e sem casa
de máquinas, alternativa que poupa área útil
das edificações. De acordo com os especialis-
tas, esta alternativa ainda facilita a manu-
tenção, tendo em vista que os equipamentos
estão integrados – cabine, máquina e coman-
do. A caixa de corrida é colocada dentro do
próprio poço de elevador ou em sua lateral,
em qualquer pavimento.
AS ESCADAS ROLANTESSe durante a inauguração do primeiro
shopping do Camboja, em dezembro de
2002, a grande atração foi o conjunto de es-
cadas rolantes, por aqui o equipamento é
Recentemente, elevadores e escadas
rolantes foram instalados para o acesso à
estátua do Cristo Redentor, no Rio de
Janeiro. De acordo com o arquiteto
responsável pela obra, Maurício Puchinik,
as instalações não poderiam se sobrepor
ao monumento nem à paisagem da Tijuca.
Entretanto, teriam que atender a um fluxo
médio de sete mil pessoas ao dia.
Um conjunto de três elevadores, da Otis,
foi instalado na plataforma de chegada
e saída do trenzinho, todos monitorados
durante 24 horas por dia por um sistema
remoto. O equipamento tem isolamento
termoacústico e seu nível de ruído não
ultrapassa a 58 dB. Há ainda quatro
escadas rolantes que vencem o desnível
de 6 m e 30 graus de inclinação. De alta
tecnologia, as escadas têm acionamento
intermitente, ou seja, quando não há
tráfego a operação torna-se mais lenta,
promovendo a economia de energia.
Acesso à fé e à paisagem
T E C N O L O G I A & M A T E R I A I S
66 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
"para lá de comum". Seja em shoppings,
lojas de departamento, metrô ou supermer-
cados, a finalidade das escadas é transportar
grande número de pessoas em movimento
contínuo e em poucos pavimentos.
A evolução neste segmento se refere a
equipamentos com maior segurança, mais
delgados e que ocupam menor espaço. Os
novos modelos também são mais seguros e
consomem menos energia. O mesmo se
aplica às esteiras, cuja aplicação abrange o
transporte de carrinhos em supermercados
ou bagagem em aeroportos.
Além do foco em economia de energia,
segurança e fácil manutenção, a
indústria de elevadores também tem se
dedicado a diminuir as barreiras
arquitetônicas que impedem a livre
movimentação de idosos,
crianças e, em especial,
portadores de deficiência física.
A norma exige que um elevador
para deficiente tenha dimensões
mínimas de 1,10 m de largura
por 1,40 m de profundidade,
com abertura ou vão de 0,80 m.
Tais dimensões permitem que
uma cadeira de rodas seja
manobrada dentro da cabine.
A dificuldade é que esses
equipamentos custam mais caro.
Assim, uma boa escolha pode ser
a plataforma vertical que, em
geral, custa muito menos que um
elevador. Trata-se de um
dispositivo instalado
permanentemente para servir
pavimentos fixos, composto de
uma plataforma guiada, cujas
dimensões e meios de construção
permitam o acesso a pessoas
deficientes, com ou sem cadeiras
de rodas. O equipamento também tem
sido instalado em residências, visto que
permite maior liberdade de movimento.
O direito
de ir e vir
SEGURANÇAA nova linha de escadas rolantes da Otis,a NCE, tem escovas na entrada e saídados corrimãos para impedir a entrada deobjetos estranhos. Um sistemaautomático paralisa a escada em caso deobstrução. MO 52283
FLEXIBILIDADE As duas novas séries da ThyssenKrupp, aArt Collection e a Export, têm peçascomponíveis como painéis, botoeiras,teto, piso e corrimãos, que permitem aelaboração de projetos personalizados. MO 52286
CONTROLE DE FREQÜÊNCIA Feito para ocupar pouco espaço, oelevador da HTS requer poço com nomínimo 1,3 m x 1,4 m e altura de 2,8 m.O equipamento trabalha em VVVF –voltagem e freqüência variáveis, queproporciona maior conforto. MO 52297
CIDADANIAPara facilitar a adaptação de seu projetoàs normas de acessibilidade quando aimplantação de uma rampa é complicada– ou até impossível – a Monteledesenvolveu a plataforma PL-200.MO 52300
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*Veja endereços no final da revista
HIDRÁULICO Livre da casa de máquinas, osistema da Villarta exige umpoço reduzido. É silencioso eo nivelamento com osandares, preciso. Além disso,a empresa promete até 25%de economia de energia emanutenção.MO 52292
CHAMADA DIGITALO modelo SmartMRL, daAtlas Schindler, dispensa casade máquinas e tem botoeiradigital: o passageiro digita oandar em um tecladoeletrônico que ainda possuisinalização em Braille ealarme sonoro. MO 52269
VIAGEM RACIONALO passageiro digita o destinoem um terminal no piso. Osistema Miconic10, da AtlasSchindler, organiza assolicitações e um displaymostra qual elevador tomar.Assim, reduz as paradas eevita a lotação. MO 52284
RESIDENCIALDa Atlas Schindler, a sérieAbitare tem modelos para atéoito pessoas. Há váriasopções de acabamento eopcionais como Braille e oAtlas Schindler Code, sistemade segurança que restringe oacesso aos pisos.MO 52285
ESCADA VERSÁTIL A Atlas Schindlerdesenvolveu o modeloS9300. A escada é dotada desistemas eletrônicos queadaptam a potência ao fluxode passageiros, permitindouma redução de até 30% noconsumo de energia.MO 52290
BAIXO CONSUMOAlém das linhas arredondadas, aescada Avante, daThyssenKrupp, poupa energia, ao funcionar embaixa velocidade quando não hápassageiros. O modelo temcorreias especiais que dispensamlubrificação freqüente.MO 52287
ACESSIBILIDADE A ThyssenKrupp produzelevadores, cadeiraselevatórias e plataformaspara transporte de pessoascom mobilidade reduzida. Asplataformas podem seracionadas pelo própriopassageiro. MO 52288
EM CASAIdealizado para prédios dedois ou três andares, oMinorlift ocupa apenas 1 m2
e dispensa casa de máquinasou poço. Segundo ofabricante, a Hardee, oconsumo de energia é inferiorao de um eletrodoméstico. MO 52289
C A N A L
68 ARQUITETURA&URBANISMO FEVEREIRO 2003
A Promoção Privada de Habitação Econômica ea Arquitetura ModernaMaria Ruth Amaral de Sampaio RiMa Editora 316 páginas
www.rimaeditora.com.br (16) 272-5269Organizado por Maria Ruth Sampaio, diretora da FAUUSPdesde 1998, a publicação traz cinco artigos sobre alguns aspec-tos do quadro habitacional brasileiro, sobretudo do paulistano.O livro também conta com prefácio de Carlos Lemos e biogra-fias de arquitetos, além de artigos escritos por Maria Ruth,Rossella Rossetto, José Tavares Correia de Lira e AdrianoAugusto Bosetti.
Como Construir Téchne 1 a 69 Pini vendas pelo Pini Delivery www.piniweb.com/delivery
[email protected] 0300 7898812 (R$ 0,29 por minuto)Lançado pela Pini para celebrar os dez anos da revista Téchne,o CD-ROM traz uma coletânea com 69 artigos publicados emComo Construir, uma das seções mais lidas da publicação, cria-da em 1992. Como o nome indica, o CD traz o passo a passode execução de diferentes sistemas construtivos.
TCPO 2003Pini vendas pelo Pini Deliverywww.piniweb.com/[email protected] 0300 7898812(R$ 0,29 por minuto)
A Pini acaba de lançar as novas ver-
sões em livro e CD-ROM do TCPO
(Tabelas de Composições de Preços
para Orçamentos), a mais completa
fonte de informações técnicas sobre
composições de custos de obras da
construção civil no Brasil. Com maior
precisão nos cálculos de produtivida-
de, a 12a versão do TCPO traz novi-
dades como o conceito de Produti-
vidade Variável, um capítulo especial
sobre BDI (Benefícios e Despesas
Indiretas) e novas composições de
Custo Horário de Equipamentos
(CHE). Com 200 novas composições,
a publicação traz agora os fatores
positivos e negativos que podem
influenciar na produtividade. Atua-
lizados, os capítulos ganharam cores
para facilitar a pesquisa.
The Official Point of View - Milano FurnitureFair 2002Giulia Ber Tacchini, Paolo Calcagni, Lucio Luzo Lazzara, RicardoRinetti Actar 512 páginas [email protected] +34 93418 77593228161 - Prolivros: rua das luminárias, 94 (11) 3864-7477 www.prolivros.com.br - [email protected] ao Salão do Móvel de Milão 2002, a publicação inde-pendente é um registro fotográfico do evento sob a ótica de seusautores. Criativos, os capítulos trazem objetos que correspondemà seqüência de atividades de uma pessoa ao longo do dia, desdea xícara do café da manhã, até a cama na hora de deitar.
El Diseño Del Siglo XXIEditado por Charlotte e Peter Fiell Taschen 576 páginaswww.taschen.com [email protected] 49 221 2018003228161 Prolivros: rua das luminárias, 94 (11) 3864-7477 www.prolivros.com.br [email protected] os mais talentosos designers da atualidade vêem o futurodo design? O que determina forma, função e estética no virar domilênio? Criado para responder a essas perguntas, o livro apresen-ta o trabalho dos designers influentes e funciona como um guiade referência de design, mobiliário, cerâmica, vidro e têxteis. Umaobra excelente e muito recomendada.