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155 Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 155-178, 2009. Prospecção arqueológica em áreas de floresta – contribuição metodológica da pesquisa na área do Projeto Salobo (Pará) Maura Imazio da Silveira* Maria Christina Leal Rodrigues** Christiane Lopes Machado*** Elisangela Regina de Oliveira**** Louis-Martin Losier** SILVEIRA, M.I.; RODRIGUES, M.C.L.; MACHADO, C.L.; OLIVEIRA, E.R.; LOSIER, L.-M. Prospecção arqueológica em áreas de floresta – contribuição metodológica da pesquisa na área do Projeto Salobo (Pará). Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 155-178, 2009. Resumo: O projeto de Prospecção arqueológica na área do Projeto Salobo - PA foi desenvolvido entre 2003 e 2006 pelo Museu Paraense Emílio Goeldi com a finalidade de identificar e avaliar os impactos da implantação de atividades mineradoras da empresa VALE ao patrimônio arqueológico, além de indicar medidas necessárias para sua preservação ou resgate. O presente artigo tem por objetivo apresentar a metodologia de levantamento arqueológico utilizada para a identificação de vestígios arqueológicos na área da Floresta Nacional Tapirapé – Aquiri (FLONATA), município de Marabá / PA, a qual será afetada pela implantação deste empreendimento. Esta experiência deverá suscitar discussões quanto aos alcances e limites da abordagem apresentada, cujo resultado foi a identificação de 22 sítios e cinco ocorrências arqueológicas. Palavras-chave: Prospecção arqueológica – Floresta Amazônica – Sudeste do Pará – Salobo – Metodologia de levantamento arqueológico. VALE cujo objetivo é promover a lavra e beneficiamento da jazida polimetálica do igarapé Salobo visando ao seu aproveitamento econômico. Em junho de 2002 o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT) elaborou o Diagnóstico arqueológico da área do (*) Museu Paraense Emílio Goeldi - Coordenação de Ciências Humanas. <[email protected]> (**) Pesquisador(a) autônomo(a). <[email protected]> <[email protected]> (***) Rhea Estudos e Projetos. <[email protected]> (****) Museu Paraense Emílio Goeldi - Coordenação de Ciências Humanas. Pesquisadora visitante. <[email protected]> Introdução Projeto Salobo é um empreendimento da Salobo Metais S/A (SMSA) – O

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artigo sobre o sítio SALOBO- no PA. Apresenta características tupi.

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Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 155-178, 2009.

Prospecção arqueológica em áreas de floresta – contribuição metodológicada pesquisa na área do Projeto Salobo (Pará)

Maura Imazio da Silveira*Maria Christina Leal Rodrigues**

Christiane Lopes Machado***Elisangela Regina de Oliveira****

Louis-Martin Losier**

SILVEIRA, M.I.; RODRIGUES, M.C.L.; MACHADO, C.L.; OLIVEIRA, E.R.;LOSIER, L.-M. Prospecção arqueológica em áreas de floresta – contribuiçãometodológica da pesquisa na área do Projeto Salobo (Pará). Revista do Museu deArqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 155-178, 2009.

Resumo: O projeto de Prospecção arqueológica na área do Projeto Salobo - PAfoi desenvolvido entre 2003 e 2006 pelo Museu Paraense Emílio Goeldi com afinalidade de identificar e avaliar os impactos da implantação de atividadesmineradoras da empresa VALE ao patrimônio arqueológico, além de indicarmedidas necessárias para sua preservação ou resgate. O presente artigo tem porobjetivo apresentar a metodologia de levantamento arqueológico utilizada para aidentificação de vestígios arqueológicos na área da Floresta Nacional Tapirapé –Aquiri (FLONATA), município de Marabá / PA, a qual será afetada pelaimplantação deste empreendimento. Esta experiência deverá suscitar discussõesquanto aos alcances e limites da abordagem apresentada, cujo resultado foi aidentificação de 22 sítios e cinco ocorrências arqueológicas.

Palavras-chave: Prospecção arqueológica – Floresta Amazônica – Sudeste doPará – Salobo – Metodologia de levantamento arqueológico.

VALE cujo objetivo é promover a lavra ebeneficiamento da jazida polimetálica doigarapé Salobo visando ao seu aproveitamentoeconômico. Em junho de 2002 o MuseuParaense Emílio Goeldi (MPEG/MCT)elaborou o Diagnóstico arqueológico da área do

(*) Museu Paraense Emílio Goeldi - Coordenação deCiências Humanas. <[email protected]>(**) Pesquisador(a) autônomo(a). <[email protected]><[email protected]>(***) Rhea Estudos e Projetos.<[email protected]>

(****) Museu Paraense Emílio Goeldi - Coordenação deCiências Humanas. Pesquisadora visitante.<[email protected]>

Introdução

Projeto Salobo é um empreendimentoda Salobo Metais S/A (SMSA) –O

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Projeto Salobo (Silveira & Lopes 2002) e posteri-ormente o Projeto de prospecção arqueológica(Silveira & Machado 2002) atendendo àlegislação ambiental e de proteção ao patrimônioarqueológico (Lei nº 3964 de 1961 e Portaria nº230 de 2000), assim como a condicionanteemitida pelo Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis(IBAMA) para o licenciamento do empreendi-mento em questão (EIA - resolução CONAMA001/86).

Para desenvolvimento do projeto Prospecçãoarqueológica na área do Projeto Salobo foi firmadoem 2002 convênio entre a Salobo Metais S/A,o Museu Paraense Emílio Goeldi e a FundaçãoInstituto para o Desenvolvimento da Amazônia(FIDESA), cabendo à Salobo Metais o financia-mento dos trabalhos, ao Museu Goeldi arealização das pesquisas e à FIDESA a gestãodos recursos.

Os trabalhos de prospecção arqueológica,coordenados pelas pesquisadoras Dra. MauraImazio da Silveira e Profa. Christiane LopesMachado entre os anos 2003 e 2006, cobriramtodas as áreas a serem diretamente afetadas pelaimplantação do empreendimento. Os resulta-dos foram apresentados em seis relatórios depesquisa encaminhados à 2ª Superintendênciado Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti-co Nacional - IPHAN (Silveira et al. 2003a,2003b, 2004, 2005a, 2005b, 2006).

A pesquisa teve como principais objetivos arealização de prospecção para identificação desítios arqueológicos, avaliação do estado depreservação destes, fornecer uma estimativaprévia da extensão, profundidade e caracteriza-ção primária dos vestígios associados, avaliar osimpactos que serão causados ao patrimônioarqueológico pela implantação do empreendi-mento e assim propor a preservação ou oresgate dos sítios encontrados.

Este artigo apresenta a metodologia decampo empregada na prospecção arqueológicarealizada na área do Salobo com o objetivo dedetalhar os procedimentos adotados a fim dedemonstrar não apenas a viabilidade comotambém discutir o alcance e limitações delevantamentos sistemáticos em áreas com densacobertura vegetal, como as de floresta tropical.

Contexto ambiental

A área da pesquisa situa-se entre as coorde-nadas UTM 22M 534.000 – 564.000 Leste e9.350.000 – 9.370.000 Norte. Está inserida naFloresta Nacional do Tapirapé-Aquiri (FLONATA),no município de Marabá, sudeste do estado doPará, aproximadamente 600 km ao sul dacapital Belém e integra, por extensão, a chama-da “região de Carajás” (Fig. 1).

A “região de Carajás” abrange área deaproximadamente 80.000 km2 no sudeste doPará, apresentando cobertura florestal 48%composta de floresta densa e 13% de florestaaberta. Localizada no extremo oriente destamacro-região, a jazida do Salobo está situada namargem esquerda do rio Itacaiúnas, especifica-mente na área banhada pela micro-bacia de seuafluente igarapé Salobo (Silva & Rosa 1989).

O clima na região de Carajás é tipicamentetropical, quente e úmido, enquadrando-se naclassificação de Köppen como tipo AW. Asvariações termais estão entre 24,3º C e 28,3º C,sendo que nos platôs o clima é do tipo serranocom médias anuais entre 21º C e 23º C(Ab’Saber, apud Silva 1989: 34). A umidaderelativa do ar é superior a 80% (Silva 1992: 81),verificando-se duas estações bem distintas: umaseca, de julho a setembro, quando os riosbaixam expondo extensas várzeas utilizadaspara cultivo pela população ribeirinha quehabita a região atualmente, e outra chuvosa, dedezembro a março, quando o nível das águasdos rios eleva-se permitindo a navegação porpequenas embarcações em alguns trechos.

A hidrografia é caracterizada por fortesdeclives e pelo regime torrencial em função doperíodo das chuvas (CVRD 1981: 25). A maiorparte da região é drenada pela rede hidrográficado rio Itacaiúnas, afluente da margem esquerdado rio Tocantins, e seu principal tributário orio Parauapebas (CVRD 1981: 25).

A principal cobertura vegetal é do tipoFloresta Tropical Pluvial com variações locais, amaioria obedecendo ao relevo acidentado(Salomão et al. 1988). De acordo com Silva(1992) a vegetação de Carajás pode ser divididaem dois grandes grupos: o de Floresta TropicalPluvial – onde estão localizados os sítios

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arqueológicos aqui apresentados – e a vegetaçãoMetalófila ou Campo Rupestre, tambémchamada Vegetação de Canga, encontrada notopo dos platôs e nas encostas, onde estãoalgumas das grutas com vestígios de ocupaçãohumana mais antiga, relacionada principalmen-te ao período pré-cerâmico (Silveira 1994;Magalhães 1995b, 2005).

Na área da pesquisa a hidrografia inclui abacia do igarapé Salobo, delimitada a norte pelasmicro-bacias dos igarapés Mirim e Mano, seusprincipais afluentes, e a sul pela barra do rioCinzento com o rio Itacaiúnas (BRANDT 1998).

No levantamento pedológico foramidentificadas duas classes de solo: Latossolos ePodzólicos. Segundo suas características, ossolos podem ser considerados como argilo-arenoso com tendência a arenoso, bem drena-do. Nos trechos de aluvião apresentam-se umpouco mais úmidos e argilosos, enquanto nasencostas surgem afloramentos rochososesparsos (notadamente de quartzito) e os solossão nitidamente mais secos (BRANDT 1998,2002a). A cobertura pela serrapilheira ocorreem algumas áreas, com espessura que varia de 2a 5 centímetros.

Na FLONA Tapirapé-Aquiri a formaçãoflorestal encontrada é uma variação da FlorestaOmbrófila Densa, classificada como aberta porapresentar espécies vegetais que se adaptammais às condições de luminosidade, comoarbustos e lianas. As várias formas desta florestasão bastante similares em composição, densida-de e tamanho das árvores, sendo diferenciadapela presença ou ausência de lianas e palmeiras(BRANDT 2002b).

O levantamento florestal realizado porBRANDT (2002b) demonstrou a predominân-cia de árvores com altura de 10 m a 16 m, comdestaque para a Castanheira, o Breu Preto e oTento. Na FLONATA a presença de Castanhaisé de grande importância, tanto econômicacomo na constituição da vegetação, apresentan-do aproximadamente cinco indivíduos porhectare (BRANDT 1998).

Algumas espécies vegetais registradas naárea do Projeto Salobo (Andiroba, Canela,Castanheira, Copaíba, Mucuracaá, Murta,Mutamba e Ucuuba) são utilizadas atualmentena construção de embarcações, mobiliário,moradias, além de uso alimentar, medicinal,aromático e ornamental (BRANDT 2002b;

Fig. 1. Localização da área de pesquisa.

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Silveira, Rodrigues et al. 2008). Muitas destasespécies provavelmente foram utilizadas pelaspopulações pretéritas que ali viveram, contudoesta caracterização não objetiva traçar umparalelo com o ambiente pré-histórico, apenasexplicitar a variabilidade aí presente.

O zoneamento ambiental identificouquatro sub-tipos de Floresta Equatorial Ombrófila(FEO) aberta: 1) De transição sub-montanha /montanha nos platôs; 2) Sub-montanha emencostas íngremes, com palmeiras e cipós; 3)Sub-montanha em relevo colinoso, compalmeiras e cipós; 4) Terras baixas e aluviõescom cipós e palmeiras (BRANDT 1998).

Observando-se a implantação dos sítiosarqueológicos na paisagem verificou-se que amaior parte deles encontra-se próxima a fontesde água (igarapés e nascentes), pedrais, pontosestratégicos em área plana e, geralmente, livrede inundação. Estão situados nas terras baixas ealuviões com cipós e palmeiras, localizadas aolongo dos rios e igarapés até 170m de altitudecom influência de inundações (FEO sub-tipo4), e em sub-montanha em relevo colinoso comaltitude abaixo de 400m (FEO sub-tipo 3).

Na área de influência do Projeto Salobo omonitoramento biológico (BRANDT 1998,2003) identificou grande diversidade faunística,incluindo representantes dos principais grupos:ictiofauna, herpetofauna, avifauna, mastofaunae odonatofauna. A maioria das espéciesinventariadas localiza-se em áreas de aluvião ede matas ao longo dos cursos d’água e norelevo colinoso, sendo alvos de caça e pesca. Notopo dos morros e encostas apresentam menorfrequência, possivelmente por ser uma áreamais seca. Muitas espécies provavelmentefaziam parte da dieta alimentar dos antigosocupantes desta área, convém ressaltar que nãoé coincidência que a maioria dos sítios arqueo-lógicos ocorre também nas áreas planas localiza-das nas matas ao longo dos rios e igarapés.

A área da pesquisa apresenta, pois, umaextensa malha hidrográfica circundada porFloresta Aberta Aluvial em contato comFloresta Equatorial Ombrófila aberta mista,este quadro, associado à heterogeneidademicroclimática, propicia o alto índice dediversidade da fauna e da flora registrado. Sem

dúvida, todos estes aspectos ambientais favore-ceram o estabelecimento de contingentespopulacionais na área, considerando que oambiente na ocasião do estabelecimento dessaspopulações tenha sido minimamente semelhante.

Aspectos históricos e as pesquisas arqueológicasna região Sudeste do Pará

As primeiras informações sobre essa regiãoforam escritas pelo padre Manuel da Mota, queesteve em visita às aldeias indígenas do baixoItacaiúnas e Parauapebas em 1721. Entre 1895e 1896 Henri Coudreau realizou o levantamen-to geográfico dos citados rios, reportando-se aentradas e ocupações de alguns trechos dobaixo Itacaiúnas e Parauapebas (Coudreau 1980).

Na primeira década do século XX relatosde Manuel Pernambuco da Gama, que estevena região mantendo contato com os índiosKaiapó-Xikrin do alto Itacaiúnas / Cateté,reportam a existência de populações ribeirinhasno alto curso do rio Itacaiúnas. Na década de1960 o território Xikrin no alto curso doItacaiúnas foi invadido e saqueado por explora-dores atraídos pelos grandes castanhais daregião (Silveira & Lopes 2002).

A partir de 1967 a história da ocupação naregião sudeste do Pará sofreu uma grandereviravolta. Nesse ano, com a descoberta casualde minério de ferro na serra Norte, começou aser evidenciado o grande potencial de recursosminerais, sucedendo-se descobertas de jazidasde manganês (1971), bauxita (1974), cobre(1977), ouro (1980) e níquel (1984) na regiãode Carajás (Simões 1986).

Por outro lado, o potencial arqueológicocomeçou a ser revelado em 1963 por ProtásioFrikel, antropólogo do Museu Paraense EmílioGoeldi que pesquisou os índios Xikrin do altoItacaiúnas / Cateté. Durante sua estada naárea, Frikel coletou material cerâmico e líticonas localidades Aldeia Velha do Cateté, AldeiaNova Xikrin, Alto Bonito, Carrasco e Encontro(Frikel 1963, 1968) e percebeu, uma vez que osXikrin não produziam cerâmica, que taisvestígios eram provenientes de outras etnias,relacionando-os aos Tupis (Frikel 1968). Esta

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coleção de peças arqueológicas, depositada noMuseu Goeldi, foi posteriormente analisadapelo antropólogo Napoleão Figueiredo, quelevantou a hipótese de o material ser relaciona-do à tradição arqueológica Tupiguarani atravésda definição da fase Itacaiúnas (Figueiredo 1965).

Além desses vestígios, Frikel obteve dosXikrin informações sobre um tipo de moradiaarcaica dos antigos Kuben Kamrek-ti, ances-trais dos que habitavam a área do Itacaiúnas /Cateté antes do domínio Kaiapó. Estashabitações eram buracos cavados na terra emlugares altos, a salvo de águas e enxurradas(Frikel 1968). Tais informações podem sereferir às grutas e abrigos sob rocha existentesnas serras da região e que foram utilizadastanto por grupos caçadores-coletores quantopor grupos ceramistas (Silveira 1994; Maga-lhães 1995b).

No início da década de 1980, em decorrên-cia da implantação do Projeto Ferro Carajás daCVRD, tiveram início as primeiras pesquisasarqueológicas sistemáticas no sudeste do Pará.O subprojeto Salvamento Arqueológico emCarajás, coordenado por Mario F. Simões(Silveira et al. 1985; Simões et al. 1985), foidesenvolvido no âmbito de um amplo projetode pesquisas ambientais composto por diversossubprojetos envolvendo botânica, geologia,zoologia e arqueologia intitulado “Estudo ePreservação de Recursos Humanos e Naturaisda Área do Projeto Ferro Carajás”.1

Os trabalhos de arqueologia seguiram ametodologia adotada pelo PRONAPABA,tendo como objetivo o cadastro de novos sítiosarqueológicos, definição de fases e tradiçõesnos contextos identificados, assim como oestabelecimento de seqüências seriadas basea-das na análise dos atributos tempero e decora-ção do material cerâmico (Simões 1986; Simõeset al. 1973).

Neste projeto foram localizados e pesquisados53 sítios arqueológicos pertencentes a doiscontextos culturais datados em períodosdistintos – um pré-cerâmico e outro cerâmico(Lopes et al. 1988; Silveira et al. 1985). Destes,dois sítios localizados em grutas2 foram datadosno período denominado pré-cerâmico e 51,localizados às margens dos rios Itacaiúnas,Parauapebas e seus afluentes, foram relaciona-dos ao período cerâmico, cuja ocupação foidatada entre os séculos III e XVI da era cristãsegundo datações radiocarbônicas obtidas àépoca (Lopes et al. 1988; Silveira 1994).

O período correspondente à ocupaçãomais antiga na região de Carajás está relaciona-do a grupos caçadores-coletores que, de acordocom datações C14, remonta a mais de 8.000anos AP (Kipnis et al. 2005; Lopes et al. 1988;Magalhães 2005; Silveira 1994; Silveira,Rodrigues et al. 2008).

Até os anos 1990 o empreendimento FerroCarajás foi o único a contar com um projetoarqueológico sistemático realizado no sudestedo Pará, sendo que em seu âmbito tambémforam desenvolvidos projetos acadêmicos(Magalhães 1995b; Silveira 1994). No decorrerda década de 1990 pesquisas de contratolocalizaram outros 15 sítios arqueológicosrelacionados ao período pré-cerâmico emdiversas grutas na região de Carajás (Magalhães1994, 1995a).

Vestígios pré-cerâmicos (artefatos líticoslascados, confeccionados em quartzo, citrino,ametista, quartzito, silexito etc., como raspadores,afiadores, furadores/buris, ponta de flecha elascas) semelhantes aos identificados na SerraNorte de Carajás (Silveira & Lopes 1993)foram encontrados na Serra das Andorinhas eSerra Sul de Carajás, indicando a presença deuma possível ramificação do referido contextomais a sul do estado do Pará (Kern et al. 1992;Kipnis et al. 2005).

A partir de 2000, em consequência daexpansão econômica nesta região, os projetos

(1) Desenvolvido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi(MPEG – MCT) através de convênio firmado entre aCompanhia Vale do Rio Doce (CVRD), o ConselhoNacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq) e a Fundação de Amparo e Desenvolvimento daPesquisa (FADESP).

(2) PA-AT-69: Gruta do Gavião e PA-AT-70: Gruta do N1,nos platôs N4 e N1 respectivamente (Silveira 1994;Magalhães 1995b).

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de contrato para prospecção e salvamentoarqueológicos multiplicaram-se, sendo desenvol-vidos em áreas adjacentes como Canaã dosCarajás (Projeto Sossego), Cobre 118, Serra Sul,Serra Leste e na região do município deMarabá (Caldarelli et al. 2005; Kipnis et al.2005; Magalhães 1995b, 2001; Pereira 2003a,2003b; Silveira et al. 2003a, 2003b, 2004,2005a, 2005b, 2006, 2008; Silveira & Rodrigues2005, 2006a, 2006b, 2007a, 2007b, entreoutros). Nessas áreas foram encontradosvestígios semelhantes aos registrados emCarajás, relacionados tanto ao período cerâmicoquanto ao pré-cerâmico. Todavia, apenasrecentemente os primeiros resultados e síntesesdestes trabalhos foram publicados (Almeida2008; Almeida & Garcia 2007, 2008; Caldarelliet al. 2005; Garcia & Almeida 2007; Kipnis etal. 2005; Silveira, Rodrigues et al. 2008).

Em suma, apesar do incremento nosestudos recentes, o sudeste paraense é aindaarqueologicamente pouco conhecido (Kipnis etal. 2005). Trabalhos nos quais correlaçõesespaciais, cronológicas e estilísticas nos contex-tos de áreas adjacentes ao sudeste paraense, daregião Amazônica ou não, foram publicados háapenas três anos.

Contudo, estas incipientes pesquisasapontam a importância desta área para omelhor entendimento tanto do processo inicialda ocupação humana da Amazônia (Caldarelliet al. 2005; Kipnis et al. 2005; Silveira, Rodrigueset al. 2008), quanto do desenvolvimento edispersão dos grupos relacionados à tradiçãoTupiguarani na Amazônia (Almeida 2008;Almeida & Garcia 2007, 2008; Garcia &Almeida 2007; Pereira et al. 2008).

Metodologia da prospecção arqueológica

Araujo (2001) aponta a escassez na biblio-grafia de trabalhos acerca de métodos para olevantamento arqueológico especificamente emáreas florestadas. As poucas exceções empreen-dem relatos de experiências utilizando, basica-mente, modelos de levantamento dito sistemáti-co ou probabilístico (Alexander 1983; Neves1984; Spurling 1980; Zeidler 1995).

Principalmente na arqueologia da Américado Sul a falta de discussões a esse respeito setorna um contrassenso, uma vez que grandeparte do continente ainda hoje se encontra sobdensas florestas, que progressivamente estãosendo exploradas pelo avanço da sociedadenestas áreas. Somente no Brasil a implantação deempreendimentos mineradores e hidroelétricosnestas áreas nas duas últimas décadas mais quedobrou a demanda de levantamentos arqueoló-gicos contratados nos Estudos de ImpactoAmbiental. Portanto, faz-se necessária adiscussão no âmbito acadêmico das estratégiasutilizadas nestes trabalhos.

Este artigo objetiva apresentar o levanta-mento arqueológico realizado na área doprojeto minerador Salobo, em cuja investigaçãoforam utilizadas abordagens sistemáticas, pormeio da abertura de transects equidistantesentre si, e oportunísticas através da análise deindicadores ambientais como relevo, vegetação,fontes de água, entre outros. A investigaçãosistemática orientada por critérios ambientais,aliada a uma estratégia oportunística delevantamento de informações, auxiliou naidentificação de sítios arqueológicos, otimizandoo tempo em campo.

Na adequação da metodologia adotadapara realização da prospecção arqueológicaforam consideradas as características ambientaisdas áreas a serem afetadas pelo empreendimen-to, assim como a experiência adquirida compesquisas em áreas adjacentes (Simões 1983;Pereira & Machado 2001). Desta forma, foramefetuadas tanto análises cartográficas quanto areleitura dos procedimentos empregados e dosresultados obtidos nas pesquisas arqueológicasrealizadas anteriormente na região.

Para a realização do levantamento arqueo-lógico na área do Projeto Salobo a equipe foidividida em dois ou quatro grupos, nos quaisum auxiliar de campo acompanhava um oudois arqueólogos. No período de 2003 a 2005foram realizadas nove etapas de campo, totalizando200 dias de trabalho. A área total do empreen-dimento é estimada em cerca de 175 km²,contudo foram prospectados os locais das obrasde infraestrutura assinaladas segundo a versãoatualizada do Plano Diretor fornecido pelo

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empreendedor, perfazendo um total de 80 km²distribuídos em 30 áreas de impacto, o quecorresponde a 45% da área total do Projeto.

No decorrer do trabalho foi observado que ossítios arqueológicos identificados estão distribuí-dos em três sub-bacias hidrográficas. A sub-baciacom maior área e quantidade de sítios arqueológi-cos registrados foi a do igarapé Salobo, com 12sítios em 11 km², em seguida está a do rioCinzento com cinco sítios arqueológicos em umaárea de 7 km² e por último a do igarapé Mirim,com cinco sítios arqueológicos em 3 km².

A análise dos dados cronológicos, deimplantação na paisagem, bem como a caracte-rização da cultura material dos 22 sítiosarqueológicos localizados têm possibilitado aidentificação da organização do espaço intra-sítio e de áreas de atividades específicas, assimcomo dos sistemas de assentamento dos gruposhumanos que ocuparam esta área ao longo de6000 anos. Estas informações, em processamentofinal, serão publicadas brevemente (Fig. 2).

Diversos autores têm-se dedicado a estudara eficiência das técnicas de investigação paralocalização de sítios arqueológicos (Chartkoff1978; Krakker et al. 1983; Lightfoot 1986;Kintigh 1988). Os resultados alcançados poreles, assim como a experiência em diversosprojetos que utilizaram essas técnicas (AraújoCosta & Caldarelli 1988; Guapindaia 2000,2001; Machado 2004, 2005; Pereira 2001, entreoutros), atestam sua eficácia.

A metodologia adotada para prospecção naárea do Salobo teve a preocupação de interferiro mínimo possível nos sítios arqueológicos,preservando-os para investigações detalhadasfuturas. Uma vez identificado, a localização dosítio foi georreferenciada através de GPS –posicionamento tridimensional (3D), anotan-do-se a margem de erro (o DATUM utilizadofoi o South America’69).

Também foram efetuados registros fotográfi-cos e de informações como dimensões prováveis,tipo de material arqueológico e sua ocorrênciaem superfície e em sub-superfície em fichas decampo especialmente elaboradas para o registrodas informações de forma padronizada (Figs. 3 a5). Cabe destacar que os métodos de investiga-ção de sub-superfície, como tradagens, só foram

utilizados quando não havia vestígios arqueológi-cos na superfície do terreno.

Todos os sítios identificados foram plotadosno mapa do Plano Diretor e em mapas topográfi-cos detalhados, com curvas de nível de 5 m ou 1m. Efetuou-se ainda o registro na Ficha de Cadas-tro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) doIPHAN onde são anotadas também informaçõessobre o ambiente em que o sítio está inserido.

Prospecção sistemática

A prospecção sistemática consistiu nainvestigação do terreno de forma padronizadaatravés da abertura de transects, ou picadas, namata em intervalos regulares de 50 metros,3 nasquais foram observadas a superfície e sub-superfície através de tradagens realizadas aintervalos de também 50 m. O solo retirado foivistoriado com o auxílio de colher de pedreirona busca de vestígios arqueológicos. Em fichasespecíficas (Fig. 3) foram registradas característi-cas do solo tais como textura, compactação,granulometria e coloração, descrito a partir dacarta de cores para solo Munsell (1964) (Fig. 6).

As características do solo foram relaciona-das com a compartimentação topomorfológicaobservada localmente e nos mapas detalhados.Convencionou-se utilizar os termos “topo”,“alta vertente”, “média vertente” e “baixavertente” para descrição do relevo associado aosolo. Essas informações possibilitaram umaavaliação preliminar do entorno em caso deocorrência de vestígios arqueológicos.

O registro fotográfico procurou ser o maiscompleto possível, mostrando o ambiente ondese inserem os vestígios observados na superfí-cie, coloração do solo, perfis, entre outros. Nasfichas de tradagens, além das informaçõesmencionadas acima, foram feitas anotações emrelação aos indicadores de limites naturaispercebidos na paisagem. Os mapas topográficoscom a localização das obras, em curvas de nível

(3) O intervalo entre os transects variou em algumas áreas,aproveitando picadas já existentes para outros fins, taiscomo topografia e levantamento florestal.

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de 1 m, possibilitaram análise prévia do relevoe da hidrografia desses locais e auxiliaram noestabelecimento dos transects (Fig. 7).

Posteriormente esses dados foram sintetizadosem tabelas elaboradas no programa Excel a fim deagrupar e quantificar informações como numera-ção dos transects e das tradagens, tipo e quantida-de de vestígios arqueológicos registrados, colora-ção do solo, relevo/compartimentação topográfi-ca, cursos d’água mais próximos, além de observa-ções específicas de cada local investigado.

Para a prospecção sistemática em obraslineares, como as Estradas, o Transportador deCorreia de Longa Distância (TCLD) e a Linhade transmissão (LT), foram abertos transectsequidistantes em 50 metros transversais ao eixotraçado. Estes transects tiveram no mínimo 50metros de extensão para cada lado do eixoprospectado, cobrindo assim uma faixa mínimade 100 metros de largura. Nestes foram realiza-das tradagens também a cada 50 metros, ouseja, no eixo da estrada e nas extremidades,formando assim uma malha de 50 x 50 metros.

Nos trechos em que o traçado das obraspassa próximo a rios e igarapés as picadasforam prolongadas até as margens dos mesmos,

de forma a cobrir áreas potencialmente propíci-as à ocorrência de sítios arqueológicos. Tam-bém foram prolongadas nos locais planejadospara implantação de outras obras de infraestruturapróximas, de forma a cobrir integralmente asáreas diretamente afetadas.

As estradas foram integralmente cobertas,enquanto para o TCLD e a LT houve seleçãoamostral, com base na análise de mapastopográficos e no conhecimento da área, detrechos para realização da prospecção uma vezque a maior parte dessas obras está em áreasbastante acidentadas, como encostas muitoíngremes. Para o levantamento do TCLD foiselecionado trecho com 1 km de extensão epara a LT dois trechos, um com 600 metros eoutro com 1200 metros.

Para a prospecção sistemática na áreaplanejada para a Barragem de Rejeitos doMirim o intervalo entre os transects foi de 80metros, com tradagens a cada 50 metros aolongo de cada transect, cuja extensão variouconforme o alcance do lago a ser formado.4 Na

Fig. 3. Ficha para registro das tradagens.

(4) Considerando o espelho d’água a ser formado em 26 anos.

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Fig. 4. Ficha para registro da abertura de sondagens.

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área mais próxima ao Dique da Barragem aspicadas foram abertas a intervalos de 40 metrose as tradagens realizadas a cada 50 metros.

Já a prospecção sistemática na área dosalojamentos e dos Diques de Contenção deFinos I e II do igarapé Salobo e do rio Cinzen-

Fig. 6. Registro das características do solo.

Fig. 5. Ficha para cadastro fotográfico.

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to foi feita em transects transversais abertos aintervalos de 50 metros nos quais foramefetuadas tradagens também a cada 50 metros.A prospecção abrangeu os locais previstos paraconstrução dos alojamentos e dos diques assimcomo a área de inundação prevista para osmesmos.

Na área das Pilhas de Minério Temporário,Estéril e Rocha Sã e na Pilha de Minério Margi-nal a metodologia empregada na prospecçãotambém seguiu o espaçamento de 50 metrospara abertura dos transects paralelos, ondeforam efetuadas tradagens equidistantestambém em 50 metros. Nestas áreas houveseleção para prospecção sistemática, uma vezque se observa um relevo bastante acidentadocom encostas muito íngremes, desfavorável aoestabelecimento de qualquer tipo de moradiaou acampamento. Dessa forma, foram cobertasas áreas próximas aos cursos d’água e de relevomais suave, ou seja, com potencial arqueológi-co. Já na área contígua, Diques I e II doCinzento, a prospecção cobriu integralmente aárea a ser afetada pela implantação dos mesmos.

A prospecção na área planejada comoalternativa atual de implantação da Usina eAdministração aproveitou picadas existentespara o levantamento geofísico. Essas picadasforam abertas a intervalos de 150 metroscobrindo o topo da serra e, desta forma,vertentes bastantes íngremes além do platô. Astradagens seguiram o espaçamento de 50metros nas linhas transversais e linha base, quecorta o topo da serra como um transect. Dessaforma, essa área foi vistoriada em uma combina-ção das abordagens sistemática e oportunística,uma vez que a localização dessas obras aindanão estava completamente definida na ocasiãoda pesquisa.

Prospecção oportunística

Aliada à prospecção sistemática foramadotadas abordagens oportunísticas. Em locaiscom baixa probabilidade de serem encontradosvestígios arqueológicos, porém com previsão deimplantação de obras do empreendimento, estaestratégia foi adotada. Nestes casos incluem-se

áreas de relevo muito acidentado ou alagado eoutras em que o solo foi exposto naturalmentepor buracos de árvores e animais e também poratividades antrópicas, como antigas trilhas degarimpeiros, poços de sondagem geológica,perfis de estradas, áreas de empréstimo, picadasabertas pelo levantamento topográfico.

Esta abordagem foi igualmente utilizadaem locais a princípio não diretamente afetadospela implantação do empreendimento, mascom potencial para ocorrência de vestígiosarqueológicos. A investigação de áreas propíciaspara habitação a partir da observação deindicadores ambientais aproveitou a exposiçãodo solo pela ação de elementos naturais comobarrancos fluviais, buracos de animais eárvores, formações rochosas junto aos cursosd’água (pedrais) e abrigos, assim como locaiscom intervenção antrópica anterior (estradas,poços, trilhas de garimpeiros etc.).

A prospecção oportunística tambémconsiderou informações orais de possíveisvestígios arqueológicos obtidas com terceiros,como funcionários das empresas e antigosmoradores.

Sítios e ocorrências arqueológicas

Foram definidos como sítios arqueológicoslocais com vestígios de Terra Preta Arqueológi-ca (TPA), fragmentos de peças cerâmicas elíticas (lascadas e/ou polidas) em quantidadesuficiente para caracterizar uma ocupaçãohumana de longa duração. O critério utilizadofoi a existência de ao menos 15 fragmentoscerâmicos ou vestígios líticos em contexto dedeposição primária. No caso de vestígios emsuportes fixos, como polidores, afiadores ou arterupestre, esse quantitativo não foi considerado.

As ocorrências arqueológicas, por sua vez,são locais em que foram identificados vestígiosarqueológicos em quantidade insuficiente paracaracterizar de imediato um sítio arqueológico.O critério utilizado para sua definição foi aexistência de uma concentração de vestígiosinferior a 15 fragmentos cerâmicos ou líticos e/ou de estes terem sido identificados em contex-to de deposição secundária.

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Verificação das ocorrências e delimitaçãopreliminar dos sítios arqueológicos

Concluído o levantamento em uma áreapesquisada, a equipe retornou aos locais ondeforam registrados vestígios arqueológicos a fimde verificar, com uma investigação maisintensiva, se estes serão registrados como sítiosarqueológicos ou como ocorrências isoladas.

Em cada local de ocorrência foram realiza-das varreduras com a utilização de forquilhaspara identificação da distribuição de materialem superfície. Para observação de sub-superfí-cie foram realizadas tradagens equidistantes aintervalos variáveis conforme cada caso específi-co (20 m, 10 m ou 5 m). Foram tambémabertos transects intermediários para varredu-ras e tradagens a espaçamentos menores,delimitando de forma mais precisa a área dedispersão dos vestígios. No caso em que onúmero de vestígios se manteve inferior a 15fragmentos e sem outros indicativos, o registrofoi mantido como ocorrência arqueológica.

Após essa investigação, quando caracteriza-do como sítio arqueológico, foi realizada aomenos uma sondagem para verificação daestratigrafia, ocorrência de material em profun-didade e, se possível, coleta de material in situpara datação. As sondagens foram abertas comdimensões de 50 x 50 cm ou 1 m x 1 m eescavadas com colher de pedreiro por níveisnaturais. Após o término da ocorrência deevidências arqueológicas foram escavados outros20 cm e finalmente, por medida de segurança,realizou-se uma tradagem na base alcançandomais 50 cm na camada estéril. O solo retirado decada nível foi peneirado separadamente empeneira de malha 5 mm a fim de que pudessemser coletados vestígios eventualmente nãopercebidos durante a escavação.

Todas as informações foram registradas emfichas de sondagem (Fig. 4) nas quais foramanotadas as características do solo (composição,compactação, granulação, umidade e coloraçãoMunsell), dados como o georreferenciamento(GPS), tipos de vestígios arqueológicos encon-trados, quantidade e espessura dos níveisescavados, definição de camadas, entre outrasinformações.

Uma vez encerrada a escavação da sonda-gem, as quatro paredes foram fotografadas comescala e indicação do Norte, sendo geralmenteduas paredes selecionadas para desenho doperfil. Nos perfis foram definidas e descritas ascamadas estratigráficas através da descrição daespessura, características do solo e vestígiosassociados. Efetuou-se também a correlação dosníveis escavados com as camadas estabelecidas.O estudo dos perfis serviu de base para compre-ensão da estratigrafia de cada sítio, bem comoplanejamento de futuras escavações (Figs. 8 e 9).

Em todos os sítios registrados, após examecuidadoso da superfície, foi verificada prelimi-narmente a dispersão dos vestígios arqueológi-cos em sub-superfície, assim como a espessuradas camadas arqueológicas. Foram abertaslinhas radiais ou paralelas a partir do ponto demaior concentração de material e realizadasnovas tradagens a cada 5 m ou 2 m. Tambémforam elaborados croquis com a distribuiçãodos vestígios observados, das tradagens,sondagens (quando efetuadas), além de anota-ções, em fichas padronizadas, marcando-se,sempre que observados, os indicadores delimites naturais percebidos na paisagem. Dessaforma foi possível estabelecer uma delimitaçãopreliminar das dimensões e profundidade dossítios arqueológicos localizados. As informaçõesregistradas nos croquis, sobrepostas aos mapastopográficos, permitiram avaliação e planeja-mento mais precisos para os trabalhos desalvamento (Fig. 10).

Para cada sítio realizou-se também umaavaliação do seu estado de conservação e doimpacto a que estava sujeito com a implantaçãodo empreendimento. A partir daí foramindicadas para cada caso as medidas apropriadasa serem adotadas: preservação, o monitoramentoou salvamento (resgate).

Resultados

A metodologia adotada na prospecçãorealizada na área do Projeto Salobo possibilitoua localização de 22 sítios arqueológicos e cincoocorrências, distribuídos em três sub-bacias: rioCinzento, igarapé Salobo (tributários da

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Fig. 8. Sítio Cachorro Cego. Sondagem 1. Foto Elisangela Oliveira.

Fig. 9. Sítio Cachorro Cego. Sondagem 1 (detalhe). Foto Elisangela Oliveira.

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margem esquerda do rio Itacaiúnas) e igarapéMirim (afluente da margem esquerda doigarapé Salobo). Além destes, uma ocorrênciasituada na margem esquerda do rio Itacaiúnastambém foi localizada (Fig. 11).

Na sub-bacia do igarapé Salobo foramregistrados 12 sítios arqueológicos: Dique BF1,

Dique BF2, Bitoca 1, Bitoca 2, Barfi, Captação,Araras, Sequeiro, Pau Preto, P32, 4 Alfa, Alex ea ocorrência arqueológica Barfi 5. Na sub-baciado igarapé Mirim os cinco sítios registradosforam: Cachoeira do Borges, Marinaldo,Reginaldo, Mirim e Perdido do Mirim. Na sub-bacia do rio Cinzento cinco sítios foram

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Fig. 11. Mapa dos sítios e ocorrências identificadas na área do Salobo.

registrados: Abraham, Edinaldo, Orlando,Cachorro Cego e Marcos, além das ocorrênciasarqueológicas Nascente, Castanheira e Cinzen-to. Nas margens do rio Itacaiúnas foi registradaapenas uma ocorrência, denominada Caldeirão3 e que está relativamente próxima, porém namargem oposta, da corredeira do Caldeirão edos sítios arqueológicos PA-AT-18: Caldeirão 1e PA-AT-19: Caldeirão 2, registrados nos anos80 na margem direita do Itacaiúnas (Lopes etal. 1988).

Observando a implantação dos sítios napaisagem verificou-se que, geralmente, estes seencontram delimitados naturalmente, sendoidentificados como limites curvas ou meandrosde rios ou igarapés, grotas (nascentes) e eleva-ções naturais. Esta padronização, recorrente-mente observada, permitiu a elaboração de ummodelo preditivo para identificação prévia,através da análise de mapas topográficosdetalhados, de locais propícios para o estabele-cimento de sítios arqueológicos.

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Os sítios identificados foram classificados,segundo o tamanho da área de dispersão dosvestígios arqueológicos, em três categorias: 1)Pequeno, com dimensão até 25.000 m²; 2)Médio, com dimensão entre 26.000 e 85.000m² e 3) Grande, com dimensão superior a86.000 m². Foi possível observar, durante aprospecção, que os sítios pequenos não possu-em TPA e que a camada arqueológica é poucoprofunda, ao redor de 20 e 35 cm de profundi-dade. A hipótese de ocupação para estes sítios éde que se relacionam a áreas de habitaçãotemporária ou acampamentos. Nos sítiosmedianos também não foram encontradasmanchas de TPA, o solo varia entre tons demarrom escuro e marrom, porém a camadaarqueológica é mais profunda, entre 35 e 60 cmde profundidade. Nos sítios de tamanhosuperior a 86.000 m² foram encontradasmanchas de TPA e a profundidade do registroarqueológico varia de 60 cm a 1,5 m, possivel-mente são assentamentos relacionados aocupações de longa duração.

Associados aos sítios Bitoca 1: PA-AT-277 eBitoca 2: PA-AT-278, de tamanho grande eAraras: PA-AT-283 e Marcos: PA-AT-297, detamanho mediano, foram registrados emafloramentos rochosos nas margens dos cursosd’água polidores e afiadores.

A tabela abaixo foi elaborada tendo emvista uma melhor visualização da caracterizaçãogeral dos sítios e sua implantação na paisagem,constituindo-se em fonte de dados de referência.

Desta forma, a prospecção realizada naFLONATA – área do Projeto Salobo – demons-trou que é possível identificar sítios e ocorrênci-as arqueológicas através do desenvolvimento deinvestigação sistemática em extensas áreasflorestadas, aliada a prospecção oportunística,mesmo com as dificuldades logísticas inerentes.Através do caminhamento intensivo e articula-do na extensão de transects equidistantesabertos na floresta foi possível esquadrinhartodas as áreas que sofrerão impacto desteempreendimento minerador, identificar eanalisar padrões de implantação e assentamen-to das sociedades pretéritas que ali viveram.

Progressivamente a pressão econômica sobreas áreas de floresta no Brasil, notadamente a

Amazônia, tem impulsionado a realização depesquisas de levantamento e salvamentoarqueológico neste tipo de ambiente, porém,ainda são raras as discussões acerca dos méto-dos envolvidos neste trabalho, seus alcances elimites. Debate este crucial para uma avaliaçãodo quanto realmente tem-se conseguidodocumentar o patrimônio arqueológico emáreas que serão modificadas pela implantaçãode grandes obras. Portanto, corre-se o risco deperder contextos importantes para a compreen-são do processo de ocupação humana.

Considerações finais

A metodologia aplicada na prospecçãorealizada entre os anos 2003 e 2006 no âmbitodo projeto Prospecção arqueológica na área doProjeto Salobo/PA foi considerada adequadapara o cumprimento dos objetivos propostos,permitindo a localização de sítios arqueológicosem áreas florestadas e a definição de umatipologia preliminar dos mesmos, possibilitan-do, assim, a edificação de um panorama daocupação pretérita nesta região do sudesteparaense.

A prospecção realizada nas sub-bacias doigarapé Salobo, do rio Cinzento (afluentes dorio Itacaiúnas) e do igarapé Mirim (tributáriodo Salobo) revelou os seguintes aspectosarqueológicos significativos desta área:

a) Identificação e localização de 22sítios arqueológicos cerâmicos a céu aberto;

b) Tais sítios, geralmente, encon-tram-se localizados às margens doscursos d’água, tanto de rios maiores,como o Itacaiúnas, como de pequenosigarapés;

c) Inserção dos sítios na paisagemcom delimitadores naturais (cursosd’água, fontes e/ou nascentes, relevocom morros, afloramentos rochosos epresença de Castanhais);

d) Estabelecimento de uma tipologiapreliminar para os sítios arqueológicosencontrados: habitação e acampamento;

e) Na região de Carajás a presençados sítios cerâmicos é bastante densa,

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Prospecção arqueológica em áreas de floresta – contribuição metodológica da pesquisa na área do Projeto Salobo (Pará).Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 155-178, 2009.

com uma média aproximada de um sítioa cada 1,2 km. Por exemplo, nas mar-gens do rio Itacaiúnas, no trecho maispróximo da área de implantação doprojeto Salobo, existem pelo menos oitosítios arqueológicos numa extensãoaproximada de 9,5 km, registradosdurante a prospecção realizada nadécada de 1980 (Lopes et al. 1988). Naárea do Salobo também foi registradapresença densa de sítios, com uma médiaaproximada de um sítio a cada 1 km;

f) A análise laboratorial indica que aindústria cerâmica relacionada aos sítiosidentificados na bacia do rio Cinzento edo baixo igarapé Salobo possuemcaracterísticas tecnológicas, morfológicase estilísticas predominantes que reme-tem à tradição Tupiguarani (Brochado1991; Prous 1992), cuja presença emsítios arqueológicos localizados na baciado rio Itacaiúnas e em áreas adjacentestem sido documentada desde a décadade 1960 (Almeida 2008; Almeida &Garcia 2007, 2008; Araujo Costa 1983;Garcia & Almeida 2007; Figueiredo1965; Pereira 2003a, 2003b; Pereira etal. 2008; Simões & Araujo Costa 1987).

Contudo, a diversidade dos vestígiosarqueológicos coletados nas escavações realiza-das posteriormente nestes sítios, durante otrabalho de salvamento arqueológico, notadamentea presença de elaborados apliques cerâmicosmodelados zoomorfos e um antropomorfo,além de um pingente zoomorfo polido eesculpido em rocha, indicam um quadro maiscomplexo para a ocupação nesta área. Osaspectos tecnológicos e decorativos destes

artefatos remetem à indústria cerâmica datradição Incisa Ponteada, da qual faz parte, porexemplo, a cerâmica Santarém (Guapindaia1993; Gomes 2002).

Além disso, as características decorativas etecnológicas identificadas no material cerâmicoproveniente dos sítios localizados no médioigarapé Salobo e na bacia do igarapé Mirim,também diferem da fase Itacaiúnas da tradiçãoTupiguarani, na qual as peças são geralmenteespessas e possuem grande quantidade deminerais triturados, principalmente quartzo, napasta da argila.

Em razão de as análises dos vestígios destes22 sítios arqueológicos estarem em andamento,discussões aprofundadas acerca das característi-cas tanto do material cerâmico, quando domaterial lítico, bem como hipóteses sobre anatureza e diversidade das ocupações humanaspré-coloniais na área do Salobo, serão apresen-tadas e discutidas em trabalhos futuros.

Espera-se que esse artigo contribua para ametodologia de prospecção arqueológica emáreas de floresta, assim como forneça dadosrelevantes acerca dos deslocamentos destesgrupos humanos e das redes de trocas estabelecidasentre diferentes regiões.

Agradecimentos

A Salobo Metais S.A - VALE, ao MuseuParaense Emílio Goeldi (MPEG-MCT), aFundação Instituto para o Desenvolvimentoda Amazônia (FIDESA) e a todos que partici-param dos trabalhos de campo. Agradecimen-to especial a Astolfo Araujo pelo incentivo àpublicação deste trabalho e revisão domanuscrito.

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Abstract: Between 2003 and 2006, an archaeological survey in the SaloboProject - PA was developed by the Paraense Emilio Goeldi Museum in order toidentify and assess the impacts of the implementation of mining activities ofVALE Company to the archaeological heritage as well as measures to indicatetheir preservation or rescue. This article aims to present the methodology ofarchaeological survey used for the identification of archaeological remains inthe National Forest Tapirapé – Aquiri (FLONATA), municipality of Marabá /PA, which will be affected by the implementation of this mine. This experienceshould stimulate discussions about the scope and limits of the approach presented,which resulted in the identification of 22 archaeological sites and 5 events.

Keywords: Archaeological exploration – Amazon Forest – SoutheasternPará – Salobo – archaeological survey methodology.

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Recebido para publicação em 6 de junho de 2009.

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