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As Alteracoes Legislativas a Accao Executiva

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Ação Executiva

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  • O Decreto-Lei n. 226/2008, aprovou as alteraes ao Cdigo deProcesso Civil, ao Estatuto da Cmara dos Solicitadores, ao Estatutoda Ordem dos Advogados, ao Registo Informtico de Execues(Decreto-Lei n. 201/2003, de 10 de Setembro), ao Regime dasComunicaes por Meios Telemticos entre a Secretaria Judicial eo Agente de Execuo (Decreto-Lei n. 202/2003, de 10 de Setembro)e ao Regime da Injuno (Decreto-Lei n. 269/98, de 1 de Setembro).

    Em tempo de crise, o Governo considerou relevante levar a cabodiversas medidas para melhorar o funcionamento da aco executiva,aperfeioando o modelo adoptado com a Reforma da Aco Executivade 2003, mediante a criao de um conjunto de condies paratornar o processo mais simples, eficaz e clere.

    As alteraes legislativas so assim justificadas pela importncia daaco executiva para o bom funcionamento da economia e dosistema judicial. Por um lado, a criao de procedimentos decobrana mais rpidos e eficazes permitem uma diminuio nosatrasos dos pagamentos, contribuindo dessa forma para a dinamizaoda economia; por outro, os processos executivos constituem umapercentagem muito significativa do sistema judicial (41,1% em2005, 36,1% em 2006 e 36,9% em 2007 das aces judiciaispendentes foram processos executivos cveis).

    Alteraes

    As modificaes introduzidas visam essencialmente prosseguir osseguintes objectivos: (i) simplificar o processo executivo; (ii) maioreficcia das execues; e (iii) evitar aces judiciais desnecessrias.

    (i) Simplificar o Processo Executivo

    Com vista simplificao do processo foram feitas diversas alteraesdas quais destacamos:

    a) A limitao da interveno do Juiz s situaes em queexiste efectivamente um conflito ou em que a relevncia da questoo justifique. Por exemplo, quando for necessrio proferir despacholiminar ou apreciar uma oposio execuo e/ou penhora.

    b) O reforo do papel do Agente de Execuo, em algunsdos casos mediante a transferncia de competncias antes cometidasao Juiz. Por exemplo, passa a ser o Agente de Execuo a analisara admisso preliminar do requerimento executivo, recusando a suarecepo quando no cumpra os requisitos legais; a acederdirectamente ao registo informtico de execues e introduzir eactualizar dados sobre estas; a realizar ou autorizar a venda antecipadade bens; a sustar a execuo em caso de pluralidade de execuessobre os mesmos bens; a solicitar directamente o auxlio dasautoridades policiais para as diligncias de entrega de bens imveis;

    AS ALTERAES LEGISLATIVAS ACO EXECUTIVA

    Sociedade de Advogados Portuguesa do Ano - IFLR Awards 2006 & Whos Who Legal Awards 2006, 2008

    Melhor Sociedade de Advogados no servio ao Cliente- Client Choice - International Law Office, 2008

    DIREITO CONTENCIOSO

    a realizar todas as diligncias relativas extino da execuo; orequerimento para pagamento da dvida em prestaes e suspensoda execuo passa a ser-lhe dirigido.

    c) O envio e recepo do requerimento executivo por viaelectrnica e sua distribuio automtica ao Agente de Execuo,sem necessidade de envio em suporte papel e no havendo lugar autuao da execuo (que constitui um dos principais factoresdos atrasos no incio das diligncias).

    d) A possibilidade de incio imediato e automtico da execuode sentena condenatria em pagamento de quantia certa, aps orespectivo trnsito em julgado, caso o Autor declare essa intenona petio inicial ou em qualquer momento do processo declarativo,sem necessidade de apresentar requerimento executivo autnomo.

    (ii) Maior Eficcia das Execues

    Com vista maior eficcia das Execues foram aprovadas diversasmedidas das quais, pela sua relevncia, destacamos:

    e) A livre substituio do Agente de Execuo pelo Exequente;

    f) A fixao de prazo de 5 e/ou de 10 dias para a prtica deactos pelo Agente de Execuo. Por exemplo, as consultas ediligncias prvias penhora tm incio no prazo de 5 dias contadosda apresentao do requerimento executivo, quando h dispensade despacho liminar e de citao prvia.

    g) O dever do Agente de Execuo de informar de imediatoo Exequente por via electrnica de todas as diligncias efectuadas,assim como do motivo da frustrao da penhora. Esta alterao vemcompensar a eliminao da necessidade de envio dos relatrios aoTribunal.

    h) A entrega das quantias penhoradas, designadamente attulo de penhora de vencimentos e de depsitos bancrios, aoExequente assim que decorra o prazo de oposio (sem que estaseja apresentada) ou que esta seja julgada improcedente (quandoapresentada).

    i) O alargamento da possibilidade do desempenho das funesde Agente de Execuo a Advogados.

    j) A possibi l idade de ut i l izao da arbi t rageminstitucionalizada, mediante a criao de centros de arbitragemvoluntria com competncia para a resoluo de litgios resultantesdo processo de execuo, para a realizao das diligncias deexecuo previstas na lei.

  • A presente Nota Informativa destina-se a ser distribuda entre Clientes e Colegas e a informao nela contida prestada de forma geral e abstracta, no devendoservir de base para qualquer tomada de deciso sem assistncia profissional qualificada e dirigida ao caso concreto. O contedo desta Nota Informativa nopode ser reproduzida, no seu todo ou em parte, sem a expressa autorizao do editor. Caso deseje obter esclarecimentos adicionais sobre o assunto contacteDra. Catarina Guedes de Carvalho - e.mail: [email protected], tel: (351) 21 319 37 71.

    Escritrios Internacionais: Angola, Brasil e Macau e Moambique (em parceria)Escritrios Locais: Lisboa, Porto, Faro e Coimbra, Aores, Guimares e Viseu (em parceria)

    (iii) Evitar Aces Judiciais Desnecessrias

    Com vista a obstar, ou pelo menos, a diminuir a pendncia deaces judiciais que se vm a revelar desnecessrias foram aprovadasas seguintes alteraes, das quais destacamos:

    k) A criao de uma lista pblica, disponvel na internet,com informaes sobre execues que se frustraram por inexistnciade bens penhorveis. A publicitao desta informao visa, por umlado, ter um efeito dissuasor do incumprimento de obrigaes e,por outro, evitar processos judiciais sem viabilidade. Esta alteraoter implicaes nas execues que sejam instauradas quandoconste a meno de frustrao de anterior execuo movida contrao Executado, porquanto nessas haver sempre lugar a citao prviado Executado.

    l) A possibilidade do Executado recorrer a servios deentidades especficas tendo em vista a resoluo de situaes desobreendividamento, por exemplo, a adeso a um plano depagamentos cujo cumprimento pontual permitir a suspenso doregisto na supra referida lista pblica.

    Entrada em Vigor

    Sem prejuzo da grande maioria das alteraes introduzidas poreste diploma s entrarem em vigor em 31 de Maro de 2009, alerta-se para o facto de, excepcionalmente algumas delas se encontraremj em vigor (desde 22 de Novembro). o caso, por exemplo, daexecuo imediata de sentena, da livre substituio do Agente deExecuo, do dever de informao do Agente de Execuo aoExequente e da divulgao da lista pblica na internet. No obstante,a verdade que a inexistncia, at data, de regulamentao destasmedidas, atravs da competente Portaria, acaba por adiar o efeitoprtico das alteraes j em vigor, bem como a melhor compreensodo alcance e eficcia das mesmas.

    As modificaes legislativas aprovadas por este Decreto-Lei n.226/2008, de 20 de Novembro so apenas aplicveis aos processosiniciados aps a sua entrada em vigor, exceptuando a regra daextino da execuo quando no sejam encontrados benspenhorveis, que se aplica tambm aos processos pendentes.

    Lisboa, 5 de Janeiro de 2009

    Alexandre CabritaDetalhe

    Obra da Colecoda Fundao PLMJ