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SUMÁRIO

1. A comunicação humana 41.1. Funções da linguagem 5

1.2. Denotação e conotação 8

1.3 Implícitos 11

1.4. Modalidades linguísticas 12

1.5. Variações linguísticas 13

1.5.1. Variações dialetais 14

1.5.2. Variações de registro 14

1.6. Imagem pessoal 16

2. Conceituação de texto 172.1. Fatores de textualidade 18

2.1.1. Coerência (ou fator semântico conceitual) 19

2.1.2. Coesão (ou fator formal) 19

3. Gêneros textuais 203.1. A tipologia textual: descrição, narração, dissertação (exposição e argumentação) 21

3.1.1. Descrição 21

3.1.2. Narração 22

3.1.3. Dissertação 23

3.1.4. Exposição 23

3.1.5. Argumentação 24

3.2. Domínio discursivo 24

3.2.1. Domínio discursivo corporativo 24

3.2.2. Domínio discursivo publicitário 28

3.2.3. Domínio discursivo jornalístico 31

3.2.4. Domínio discursivo da assessoria de imprensa 31

4. Normas gramaticais 344.1. Acentuação 34

4.2. Uso do hífen 34

4.3. Pontuação 35

4.3.1. Uso da vírgula 36

4.3.2. Ponto e vírgula 38

4.3.3. Dois-pontos 38

4.3.4. Parênteses 38

4.3.5. Travessão 38

4.3.6. Aspas 39

4.4. Concordância 39

4.4.1. Concordância nominal 40

4.4.2. Concordância verbal 41

4.5. Regência verbal e nominal 44

4.5.1. Regência verbal 44

4.5.2. Regência nominal 47

4.6. Crase 49

4.6.1. Regras práticas 49

4.6.3. Casos especiais 1 51

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SUMÁRIO

4.6.4. Casos especiais 2 51

4.7. Uso dos pronomes 51

4.7.1. Pronomes pessoais 51

4.7.2. Pronomes indefinidos 52

4.7.3. Pronomes possessivos 52

4.7.4. Pronomes demonstrativos 53

4.7.5. Pronomes relativos 54

4.7.6. Pronomes de tratamento 55

4.7.7. Mesmo 56

4.8. Vícios de linguagem 57

4.9. Verbo 59

4.9.1. Modos e tempos verbais 60

4.9.2. Formas nominais 61

5. Referências 63

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1. A COMUNICAÇÃO HUMANA

O homem utiliza a linguagem para se comunicar. Ela, além de propiciar o progresso (já que o ser humano, seu

intermédio, pode codificar e armazenar suas experiências e descobertas para transmiti-las a outras gerações), é um

fator de interação e coesão social.

A linguagem pode ser verbal (o código linguístico) e não verbal (todos os outros códigos: icônico, gestual, cromático

etc.). Duas das características inerentes à linguagem verbal são:

• O dialogismo: a linguagem sempre remete a algo já dito e dirige-se a alguém. Ela só é viva porque é

orientada para o outro com o qual entra em interação.

• A argumentatividade: pela linguagem, o emissor imprime, por meio de palavras, uma direção argumentativa

a seu texto, indicando como o receptor deve/pode entendê-lo.

A comunicação é um processo que exige determinados fatores ou elementos mínimos para poder se realizar. No

quadro a seguir, você verá o esquema clássico da comunicação proposto pelo linguista Roman Jakobson:

Figura 1. Fonte: Produção da autora.

Analisemos esses fatores:

• Emissor: a pessoa que transmite a mensagem. A partir de uma situação de comunicação, caberá a você

escolher, entre as possibilidades que os códigos colocam à sua disposição, os enunciados que melhor se

ajustem aos seus propósitos interacionais.

• Receptor: seu leitor. O destinatário vê, ouve, lê etc., traduz os códigos (decodifica), entende e interpreta.

É importante enfatizar que é o leitor quem vai determinar a escolha de palavras e todos os outros

recursos de organização da mensagem que você vai utilizar, pois uma das características fundamentais da

linguagem é o dialogismo, a interação.

• Referente: assunto sobre o qual você vai falar/escrever.

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• Mensagem: ou texto, é uma manifestação comunicativa, concretizada por alguma materialidade (grafia,

som, imagem, gestos etc.). Ela é produzida por alguém, em uma situação concreta (contexto), com

alguma finalidade.

• Código: é uma convenção, um contrato, que controla a relação entre aquilo que se pode perceber pelos

sentidos (significante) e seu significado. Essa relação constitui uma unidade abstrata, a que se dá o nome

de signo (no ato de linguagem, será concretizado por alguma materialidade visual, sonora, tátil etc.). É

a partir do código que um estímulo físico qualquer pode virar signo. É importante enfatizar que o código

que o comunicador social vai usar é a língua portuguesa, a qual deve dominar em todas as suas variantes.

• Canal (meio, veículo ou mídia): é o meio físico que transporta a mensagem e possibilita o contato

entre o emissor e o destinatário. Há dois tipos de canal – natural e tecnológico –, que, quando necessário,

complementam-se. Assim, podemos aumentar a abrangência do canal natural com o auxílio de um canal

tecnológico. A televisão, por exemplo, é um meio, canal ou veículo tecnológico, pelo qual podemos ver e

ouvir o mundo todo, o que a nossa visão e audição (canais naturais) não permitem. Os canais tecnológicos

(telefone, internet, rádio, impressos etc.) são chamados pelos especialistas em comunicação de mídias.

Quando a comunicação é realizada somente com o canal natural (ar), ela é denominada direta. Aquela

realizada com o auxílio da mídia (canal tecnológico) é denominada indireta.

1.1. Funções da linguagem

Segundo o linguista russo Roman Jakobson, em toda comunicação há uma intenção predominante por parte do

emissor da mensagem. Esse objetivo faz com que, nas mensagens, um fator, que corresponde a uma das funções da

linguagem, esteja mais enfatizado do que outros (a questão é de hierarquização das funções e não de exclusão). Assim:

Figura 2. Fonte: Produção da autora.

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a )O remetente informa de modo objetivo - função denotativa ou referencial - ênfase no contexto. Ex.: bula de

remédio, manual de instrução, notícia de jornal.

b) O remetente trata de seus sentimentos, opiniões e emoções - função emotiva - ênfase no emissor. Ex.: músicas

românticas, poesia lírica (gênero de poesia em que o poeta canta suas emoções e sentimentos íntimos).

c) O remetente quer influenciar o comportamento do destinatário - função conativa - ênfase no destinatário/receptor.

Ex.: publicidade.

d) O emissor quer explicar alguma palavra que faz parte da mensagem, isto é, usa o código para falar do próprio

código - função metalinguística - ênfase no código. Ex.: dicionário.

e) O remetente testa se o destinatário está recebendo bem a mensagem - função fática - ênfase no contato/canal

de comunicação. Ex.: a conversa típica de elevador, em que não se quer transmitir informação alguma, mas somente

testar o canal.

f) O remetente preocupa-se com a elaboração da forma da mensagem - função poética - ênfase na mensagem.

Trata-se de um trabalho com a linguagem. Ex.: metáforas, aliterações, rimas, ritmo etc.

Lembre-se de que essas funções dificilmente aparecem sozinhas nos textos. Na maioria das vezes, ocorre uma

hierarquização delas. Veja os exemplos a seguir.

Função referencial – uma notícia de jornal.

Tiradentes rendeu pensão especial para sete trinetos

Criada na ditadura militar, aposentadoria especial já foi paga a sete trinetos do mártir da Inconfidência,

enforcado há 219 anos. Uma das descendentes recebeu o benefício por 18 anos.

Função emotiva – qualquer texto em que sentimentos, emoções, opiniões do receptor sejam enfatizados:

Amor, então,

Também acaba?

Não que eu saiba

O que eu sei

É que se transforma

Numa matéria-prima

Que a vida se encarrega

De transformar em raiva

Ou em rima (Paulo Leminski, Caprichos e relaxos)

Obs.: nesse texto, destacam-se também as funções poética e metalinguística.

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Função conativa ou apelativa – procura convencer o receptor; o uso do modo imperativo, na maioria das vezes,

prevalece:

A Stella Barros está lançando uma novidade on ice: os novos programas para as mais incríveis estações de

esqui dos EUA. São várias opções para a próxima temporada de inverno: Aspen, Vail e Park City. E em todos

os programas você e sua família contam com uma infraestrutura completa, que inclui hotéis, restaurantes,

instrutores, equipamentos e transporte (Vip, nov.1995).

Obs.: nesse texto, destaca-se também a função referencial.

Função metalinguística – utiliza o código (seja ele qual for) para “falar” do próprio código:

“Quadrinhos: s. m. pl. Narração de uma história por meio de desenhos e legendas dispostos numa série de quadros;

história em quadrinhos” (LUFT, [199-], p. 511).

Obs.: nesse texto, destaca-se também a função referencial.

Função fática – predomínio das mensagens que têm por objetivo principal não a transmissão de informações, mas

o prolongamento da comunicação ou sua interrupção, para atrair a atenção do destinatário ou verificar sua atenção:

“Alô! Alô!, marciano

Aqui quem fala é da Terra” (Rita Lee).

Função poética – caracteriza-se pelo trabalho com a linguagem. No exemplo de Mário Quintana, as rimas e o

ritmo, assegurado por versos de sete sílabas (redondilha maior); no de Guimarães Rosa, o ritmo, que reproduz a boiada

caminhando pela sequência de “compassos” ternários – uma sílaba fraca, uma forte e outra fraca:

Trova

Quem as suas mágoas canta,

Quando acaso as canta bem

Não canta só suas mágoas,

Canta a de todos também (Mário Quintana).

As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio,

na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do

gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do

sertão... (Guimarães Rosa).

Ao elaborar seus textos, lembre-se de que sua comunicação será muito mais eficiente se você observar as seguintes

condições:

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• Conheça com profundidade aquilo sobre o que vai falar (leia, pesquise, discuta).

• Conheça seu receptor, para adequar a ele sua linguagem. Trata-se de saber a posição do outro, usar a

linguagem e o nível adequados à hierarquia.

• Conheça e domine as possibilidades e as regras do código por meio do qual você vai se expressar.

• Escolha o canal mais eficiente para enviar sua mensagem.

Lembre-se, no entanto, de que ruídos1 na comunicação podem comprometer a mensagem. Para combatê-los,

existe a redundância, também conhecida como saber partilhado. Trata-se do fenômeno que não traz informação nova

à mensagem, mas garante sua eficácia. Os meios de comunicação de massa, por exemplo, primam pela redundância,

pois, para atingir um público amplo e heterogêneo e conquistar o máximo de audiência, evitam soluções originais,

preferindo trabalhar com elementos previsíveis, que fazem parte do repertório das pessoas.

1.2. Denotação e conotação

Uma palavra pode ter sentidos diferentes e, portanto, ser expressa em dois planos: o denotativo e o conotativo.

A denotação trabalha com o sentido próprio, “primário”, objetivo e dicionarizado dos termos. Em Quase me afoguei

no mar, o verbo afogar-se está usado em seu sentido próprio: matar-se ou morrer por asfixia na água.

Porém, na frase Quero afogar-me no azul do teu olhar, ganha outro significado, ou seja, passa a ter um sentido

figurado: afogar-se = apaixonar-se. Assim, um signo “emprestou” sua significação a outro por um processo de

similaridade, o que é a base da metáfora, figura de linguagem usada, sobretudo, em textos literários.

Observe, nos dois textos a seguir, o uso da denotação e da conotação.

Texto 1:

Fotossíntese – Da ação da luz sobre os vegetais verdes depende o mais importante de todos os fenômenos

vitais, a fotossíntese, à qual estão direta ou indiretamente escravizados todos os seres vivos. Exteriormente, a

fotossíntese se manifesta pela troca de gases entre o vegetal e a atmosfera: o vegetal absorve CO2 e elimina

oxigênio. Duas condições são necessárias para que o fenômeno se realize: uma é a presença de clorofila;

outra, a, presença de luz. O papel da clorofila consiste em absorver uma parte das radiações solares, cuja

energia é então aproveitada para reações químicas no interior da planta. Nessa função, as radiações vermelhas

são as mais eficazes, vindo depois o alaranjado, o amarelo, e, na outra extremidade do espectro, o violeta. Na

faixa correspondente ao verde, o fenômeno é quase nulo. O mais importante, porém, é que, graças à energia

solar absorvida, a planta verde decompõe o CO2 em seus elementos (carbono e oxigênio), devolve o oxigênio

à atmosfera e, unindo o carbono aos materiais da seiva, fabrica substância orgânica. Esta síntese, efetuada

sob a ação da luz, é que justifica a denominação de fotossíntese dada ao fenômeno (ALMEIDA, 1965, p. 201).

1 Ruído é todo fenômeno que ocasiona perda da informação entre a fonte e o destinatário, ou seja, qualquer perturbação que afete a comunicação. Pode ser proveniente de canal (letras miúdas demais numa revista), emissor ou receptor (distração, semialfabetização, pré-julgamentos), mensagem (ambiguidade, incoerência, obscuridade) ou código (inadaptação aos seus fins).

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Texto 2Luz do solLuz do sol,

Que a folha traga e traduz

Em verde novo, em folha, em graça,

Em vida, em força, em luz.

Céu azul,

Que vem até onde os pés tocam a terra

E a terra expira e exala seus azuis.

Reza, reza o rio,

Córrego pro rio, o rio pro mar

Reza a correnteza

Roça a beira

Doura a areia

Marcha o homem sobre o chão,

Leva no coração uma ferida acesa.

Dono do sim e do não

Diante da visão da infinita beleza

Finda por ferir com a mão essa delicadeza,

A coisa mais querida:

A glória da vida (VELOSO, 1985).

Como você percebeu, o tema do primeiro texto e do segundo (na parte destacada) é o mesmo: a fotossíntese.

Mas, por suas intenções e características, cada um deles pode ser classificado, respectivamente, como não literário

(denotativo) e literário (conotativo). Vejamos por quê.

No primeiro texto, predomina a função referencial. O objetivo do autor é, pura e simplesmente, informar de maneira

precisa e objetiva. Para atingir essa meta, ele utilizou a denotação, isto é, valeu-se do sentido próprio ou referencial da

palavra. Privilegiou, portanto, o significado, seu valor utilitário, ou seja, o plano do conteúdo.

Por isso, pode-se fazer um resumo das ideias do texto e apreender o essencial da informação. O plano da expressão

(exploração dos recursos do significante) não é trabalhado, isto é, a linguagem é transparente, só veicula conteúdos.

Como consequência, o texto é univalente: apresenta uma única interpretação. O texto jornalístico informativo pertence

a essa classe, embora se possa questionar sua objetividade, uma vez que, no simples ato de selecionar palavras, há a

presença da subjetividade do autor.

No segundo texto, ao contrário, predomina a função poética, pois a organização privilegia a própria mensagem,

o plano da expressão, o trabalho com a parte concreta do signo (significante): o que se destaca é o trabalho com a

linguagem.

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A predominância no texto de Caetano é da linguagem em função estética, conotativa, que permite o aparecimento

de um sentido figurado. Observe, na primeira estrofe, o uso conotativo, metafórico, dos verbos tragar e traduzir:

houve uma associação por similaridade, em outras palavras, associou-se o ato de fumar e de tragar à ação do vegetal

absorvendo a luz e, em seguida, transformando-a em substância orgânica, traduzindo uma informação em outra.

Além dessa utilização de metáforas, percebe-se na seleção desses verbos o trabalho com o significante: a repetição

dos fonemas tr (traga e traduz) e a enumeração: em verde novo, em folha, em graça, em vida, em força, em luz.

No restante do texto, a presença do trabalho no nível da mensagem repete-se. Na segunda estrofe, a repetição do

fonema r sugere o movimento das águas e, na terceira estrofe, o uso de metáforas (ferida acesa, dono do sim e do não)

indica o trabalho com uma linguagem subjetiva. É o domínio da conotação, da interpretação afetiva, do sentido figurado,

metafórico. Nesse exemplo, vemos claramente como, ao plano do conteúdo, superpõe-se o da expressão, resultando

daí a plurissignificância do texto.

É importante aqui fazer uma distinção de muita relevância: se o texto não literário é passível de ser resumido porque

tem uma função utilitária (informar), porque trabalha basicamente o plano do conteúdo, o mesmo não acontece com

o texto literário. Resumir este é perder o essencial. Nesse ato, pode-se saber o enredo da história, mas perdem-se as

sabedorias e as minúcias do estilo.

Esquematizando o que foi dito, teremos predominantemente:

Quadro 1. Texto literário x não literário

Texto literário(plurissignificante = várias

interpretações)

Texto não literário(univalente = uma única

interpretação)

Subjetivo Objetivo

Conotativo Denotativo

Intuitivo/criativo Racional

Relevância do plano da

expressão

Relevância do plano do conteúdo

Textos não literários privilegiam a função referencial, o plano do conteúdo. Portanto, concisão, objetividade, clareza,

coerência e adequação ao nível hierárquico do destinatário são suas principais características.

• Concisão: para que o texto seja conciso, deve expressar o máximo de informações com o mínimo

necessário de palavras.

• Objetividade: para que o texto seja objetivo, é preciso determinar com precisão quais são as informações

realmente relevantes que dele devem constar.

• Clareza: para que o texto seja claro, deve estar conceitualmente bem organizado e redigido em bom

português.

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• Coerência: para que o texto seja coerente, deve ter nexo, lógica, isto é, deve apresentar harmonia entre

situações, acontecimentos ou ideias.

• Linguagem formal: o texto não literário deve respeitar as normas gramaticais. O grau de formalidade,

maior ou menor, deverá ser adequado à posição hierárquica do destinatário.

O que se deve evitar em qualquer tipo de texto:

• escrita rebuscada e difícil;

• emprego de construções em desuso, ainda que gramaticalmente corretas;

• abuso de estrangeirismos;

• erros gramaticais;

• utilização de modismos linguísticos;

• rimas e má ordenação de palavras na frase.

1.3 Implícitos

• Em todo processo de comunicação, o contexto é de fundamental importância, pois, dependendo dele,

um mesmo enunciado pode adquirir significados diferentes. Observe a oração A porta está aberta nas

seguintes situações:

• Diz a moça num dia de calor: A porta está aberta e, por ela, entra uma brisa fresca. O conteúdo da

mensagem indica, simplesmente, que a porta está aberta.

• O barulho do corredor é muito intenso, e o professor, incomodado com a situação, queixa-se a um aluno

que está perto da porta: A porta está aberta. Sua intenção não é constatar que a porta está aberta, mas

pedir/sugerir ao aluno que a feche.

• Um aluno está brigando com o professor e diz-lhe que não suporta mais sua aula. O professor responde:

A porta está aberta, ou seja, Pode sair.

• Um empregado de uma empresa recebe uma proposta para trabalhar em outro lugar, com um salário

melhor e possibilidade de ascensão na carreira. Seu empregador diz que está feliz com essa perspectiva,

mas, se algo não correr bem no novo emprego: A porta está aberta. Ou seja, ele poderá voltar.

É por isso que se diz que, na comunicação, é preciso sempre levar em consideração o contexto e reconhecer a

intenção de quem produz a mensagem. Assim, nas frases citadas, o leitor deve perceber a força ilocutória (a intenção)

para que a interação se estabeleça.

A linguagem também trabalha, e muito, com implícitos, espécie de passageiros clandestinos, que agem sub-

repticiamente,2 daí a necessidade de saber ler as lacunas. Os implícitos podem ser de duas naturezas:

2 Feito às ocultas; furtivamente.

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• Pressupostos: mensagens cuja inferência é automática. Em Paulo deixou de fumar, a inferência é

de que ele fumava antes, pois o verbo parar autoriza essa leitura. Em Jean nasceu na França, mas é

bem-humorado, o mas pressupõe que quem nasce na França é mal-humorado. Há sempre na frase um

elemento linguístico que permite a pressuposição. Alguns dos principais marcadores de pressupostos são:

Ð Adjetivos: Petrobras é vítima de novos furtos. Pressuposto: a empresa já foi vítima de furtos

anteriormente.

Ð Verbos: Alfredo virou pastor. Pressuposto: antes ele não era pastor.

Ð Advérbios: Os resultados ainda não foram divulgados. Pressupostos: os resultados já deviam

ter sido divulgados ou vão ser.

Ð Orações adjetivas: Minha tia que mora em Bauru viajou. Pressuposto: a ausência de vírgulas,

que caracteriza a oração subordinada adjetiva restritiva, pressupõe que eu tenha outras tias e quem

viajou é essa que mora em Bauru.

Ð Conjunções: Ele é político, porém é honesto. Pressuposto: os políticos não são honestos.

• Subentendidos: mensagem que “transfere” ao emissor a responsabilidade de atribuir determinado

sentido ao texto. É o caso da ironia, em que é difícil provar que o emissor quis dizer tal coisa, isto é,

muitas vezes não se pode demonstrar, com apoio no texto, a intenção dele. Para sua leitura, o receptor

deve conhecer o contexto. Por exemplo, em 2004, uma escola de idiomas em sua publicidade veiculou

esta frase em cartazes: “Duas línguas dão mais prazer do que uma”. A primeira leitura marota do receptor

é erótica; mas o publicitário pode dizer que não foi isso que quis dizer, mas somente que, sabendo duas

línguas, você pode ter acesso a duas culturas e ter muito mais prazer no aprendizado.

Assim, enquanto o pressuposto é lexical3 e é um dado apresentado como indiscutível para o emissor e o receptor,

não permitindo contestações, o subentendido é contextual, pragmático,4 é de responsabilidade do receptor e, por isso,

altamente variável, uma vez que o emissor se esconde por trás do sentido literal das palavras.

Para saber mais: http://folhetimdasletras.blogspot.com/2010/08/pressupostos-e-subentendidos.html.

1.4. Modalidades linguísticas

O português, como qualquer outra língua, tem uma modalidade oral e uma escrita. Tratam-se, praticamente, de

duas línguas com gramáticas diferentes, o que não impede que certos textos escritos apresentem traços de oralidade ou

que determinadas realizações orais se pautem pela gramática normativa, que rege, na maioria das vezes, a modalidade

escrita. Exemplos disso são o radiojornal e o telejornal, que, apesar de falados, têm como base um texto escrito, que

tenta se aproximar da linguagem oral.

A modalidade oral pressupõe o contato direto entre os falantes, o que a torna mais concreta e econômica, porque os

elementos a que se refere estão presentes na situação do diálogo e porque gestos e olhares desempenham, ao lado da

linguagem verbal, um papel importante. Existe ainda nela um jogo de cadências e pausas que dá ritmo à fala e auxilia

na decodificação de mensagem.

3 Lexical: referente a palavra, vocabular.4 Pragmático: que considera o valor prático e concreto das coisas. Em linguística, refere-se à língua em uso.

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Essa modalidade caracteriza-se pela fragmentação (hesitações, repetições, correções, truncamentos), pela presença

de marcadores conversacionais (né, então, daí, entendeu?), pela utilização de gírias e expressões coloquiais e pelo

envolvimento, devido à alta taxa de feedback.5

Constituída por jatos cujo comprimento é de aproximadamente sete palavras (quantidade de informação que o

falante consegue controlar na memória), conhecidos como chunks, a modalidade oral prefere a coordenação (situação

em que as unidades de pensamento são independentes).

Ao contrário da oral, a modalidade escrita é um ato de produção solitário, lento, planejado, que possibilita alterações,

ou seja, é editável. Ela caracteriza-se pela integração e pelo distanciamento, preferindo a subordinação. Nessa

modalidade, o jogo de cadências e pausas deve ser recriado pela pontuação e pelos caracteres gráficos (maiúsculas,

negrito, itálico etc.). Como tem de recuperar todos esses elementos, a modalidade escrita resulta menos econômica,

mas mais precisa que a oral.

Quadro 2. Traços distintivos das modalidades oral e escrita

Modalidade oral Modalidade escrita

Ocorre num ambiente de interação

social, onde existe a copresença dos

enunciadores.

Não tem o apoio do ambiente nem a

copresença dos enunciadores.

Altamente dialógica. Ato solitário.

Fragmentária. Não fragmentária.

Incompleta. Completa.

Pouco elaborada, com a presença de

marcadores conversacionais (né, então,

daí), expressões coloquiais e gírias.

Elaborada.

Não planejada. Planejada.

Predominância de frases curtas,

simples ou coordenadas.

Predominância de frases complexas,

subordinação abundante.

Não editável. Editável.

1.5. Variações linguísticas

Em nossa sociedade (como, aliás, em qualquer outra), existe uma pluralidade de discursos, ou seja, nossa língua

não é homogênea: os brasileiros não se expressam todos da mesma forma, apesar de todos falarem português. Cada

um de nós – segundo nível de instrução, idade, sexo, região, situação em que ocorre a comunicação, destinatário da

mensagem etc. – usa a língua de uma determinada forma. Assim, existem variações dialetais, que ocorrem em função

dos emissores, e variações de registro, que dependem dos receptores, da mensagem ou da situação.6

5 Feedback: resposta à fonte emissora sobre o resultado de uma ação, mensagem, trabalho etc., o que realimenta o processo; retorno.6 A distinção entre variações dialetais e variações de registro é puramente didática, uma vez que, no ato de comunicação, elas se superpõem.

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O extinto jornal Notícias Populares (NP), de São Paulo, na edição de 11 de setembro de 2000, apresentou a seguinte

manchete seguida da linha fina (explicação sucinta da manchete):

Rolo no INSS mela aposentadoria

NP explica mais essa treta pra você não comer bola

Observe que a seleção de palavras – rolo, mela, treta, comer bola – exemplifica, ao mesmo tempo, uma variante

social da linguagem e uma variação de registro (tentativa de se adequar à linguagem do receptor).

Com certeza, o mesmo fato teria outra manchete em um jornal como O Estado de São Paulo ou Folha de S.Paulo,

por exemplo, pois seu público é outro. Poderia ser algo como:

Suspeita de fraude no INSS adia concessão de benefício

Isso, certamente, seria incompreensível (ou menos legível) para o leitor do NP.

1.5.1. Variações dialetais

Essas variações presentes na fala ou na escrita revelam muito sobre o emissor da mensagem. É nelas que o

preconceito linguístico se manifesta com maior intensidade, porque há certas variantes que desfrutam de maior prestígio

social. Elas podem ser:

• Territoriais ou regionais: ocorrem entre pessoas de diferentes regiões onde se fala a mesma língua e

são determinadas por influências históricas, sociais, econômicas, culturais, políticas. Marcam-se sobretudo

na fonética (observe como é diferente o sotaque de um carioca, de um baiano, de um mineiro) e no léxico

(a mandioca do Sudeste do Brasil é chamada macaxeira no Nordeste e aipim no Sul).

• Sociais: representadas pelos jargões (linguagem técnica, profissional) ou pela gíria.

• Etárias: dependem da idade dos interlocutores. Observe que um jovem não fala como uma pessoa de

70 anos.

• De sexo: há palavras permitidas aos homens, mas inadmissíveis na boca de mulheres.

• De geração ou históricas: fruto da evolução do idioma, são mais percebidas na língua escrita. Caetano

Veloso, na música Língua, em que trata das variantes, conseguiu com mestria sintetizar essa variação

neste verso: “Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões”; provocativamente, o autor

sugeriu uma conotação sexual ao texto escolhendo no código a palavra roçar (friccionar uma superfície

sobre outra; atritar; esfregar).

1.5.2. Variações de registro

Essas variações representam a necessidade de o emissor se adaptar ao seu interlocutor, à situação ou à mensagem.

Assim, obras científicas, obras literárias clássicas, e-mails corporativos apresentarão um cuidado maior com a linguagem

e utilizarão a norma culta, enquanto obras do Modernismo, bate-papos na internet, revistas para jovens e adolescentes

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vão aproximar-se do coloquial. A situação vai também determinar o registro a ser usado: um professor não fala da

mesma forma em uma palestra e num bate-papo em um barzinho ao lado de uma turma de jovens.

Em qualquer situação sociocomunicativa, o emissor deve estar atento ao grau de formalismo (representado pelo

cuidado com a linguagem e pela aproximação da língua padrão e culta) e à sintonia com seu receptor – neste último

item:

• selecionando os recursos de expressão de acordo com o status do receptor, variando o volume de

informações ou conhecimentos com o que presume que ele tenha;

• ajustando o nível de cortesia segundo a dignidade que considera adequada a seus interlocutores (que

varia da blasfêmia7 à obscenidade8 e ao eufemismo)9 - veja como João Gordo (ex-Ratos do Porão) trata

seus entrevistados;

• escolhendo o registro a ser utilizado em dado contexto, o que é considerado “bom” para determinada

situação.

Assim, em função de diversos fatores, as pessoas falam “línguas diferentes”, o que levou o linguista Evanildo Bechara

a dizer que devemos ser poliglotas dentro da própria língua, pois o conhecimento das variações e das modalidades

linguísticas facilita a eficácia da comunicação.

Podem-se delinear três principais níveis de linguagem: a culta (ou variante-padrão), a familiar (ou coloquial) e a

popular.

• A linguagem culta é utilizada pelas classes intelectuais da sociedade. É a variante de maior prestígio e

aquela ensinada nas escolas. Sua sintaxe é mais complexa, seu vocabulário, mais amplo, e há, nela, maior

obediência à gramática e à língua dos escritores clássicos.

• A linguagem coloquial é utilizada pelas pessoas que fazem uso de um nível menos formal, mais cotidiano.

Relativamente à culta, apresenta limitação vocabular, revelando-se incapaz para a comunicação do

conhecimento filosófico, científico etc. Apresenta maior liberdade de expressão, sobretudo no que se

refere à gramática normativa.

• A linguagem popular é aquela utilizada por pessoas de pouca ou nenhuma escolaridade. Esse nível

raramente aparece na forma escrita e caracteriza-se como um subpadrão linguístico. Nele, o vocabulário

é bem mais restrito, com muitas gírias, onomatopeias e formas gramaticalmente incorretas (pobrema,

nóis vai, nóis fumo e não encontremo ninguém, tauba etc.). Não há, aqui, preocupação com as regras

gramaticais.

Como em comunicação a questão não é de certo ou errado, mas de adequação ao contexto sociocomunicativo, essas

variações fazem-nos entender e aceitar construções da linguagem publicitária decalcadas na modalidade oral, como: A

empresa que você fala com o dono, em lugar da forma gramaticalmente correta: A empresa em que você fala com o

dono. 7 Blasfêmia: palavras ofensivas e insultantes contra uma pessoa ou um objeto dignos de respeito.8 Obscenidade: qualidade de obsceno, do que é considerado grosseiro e vulgar, especialmente em matéria de sexo; indecência.9 Eufemismo: figura de linguagem baseada na substituição de palavra ou expressão que possa ter sentido triste ou grosseiro, ou seja apenas desagradável, por outra de sentido mais suave ou conveniente. Ex.: traseiro no lugar de bunda, esguio no lugar de magro, descuidado no lugar de irresponsável, entregar a alma a Deus no lugar de morrer etc.

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16

O slogan da Caixa Econômica Federal – Vem pra Caixa você também, vem – em lugar de Venha para a Caixa você

também, venha ou de Vem para a Caixa tu também, vem, é outro exemplo dessas variações, pois opta pela mistura

de tratamento tu/você, típica do registro coloquial, para chegar mais próximo de seu público. Por outro lado, as letras

das músicas de Adoniran Barbosa só são saborosas e verossímeis10 porque retratam a língua inculta falada por seus

personagens.

Ao contrário, este título de um texto publicitário publicado há cerca de 20 anos numa importante revista semanal

não quer, com seus erros, aproximar-se de seus leitores nem procura criar nenhum efeito de sentido, mas só revela

que seu autor não conseguiu adequar a mensagem nem ao seu público nem à situação: “More no Pacaembú como a

60 anos atrás”. Analisando:

• até um corretor ortográfico do Word indicaria que Pacaembu não tem acento, por tratar-se de palavra

oxítona terminada em u;

• como se trata de 60 anos passados, o há deve ser assim grafado: com H;

• e, se já se grafou há 60 anos, o atrás é dispensável (embora, no nível coloquial, as pessoas não o omitam).

Não teria sido mais fácil e conciso o redator ter escrito: “More no Pacaembu como há 60 anos”?

Para saber mais: http://educacao.uol.com.br/portugues/variacoes-linguisticas-o-modo-de-falar-do-brasileiro.jhtm.

1.6. Imagem pessoal

A criação de uma imagem pessoal positiva exige bom relacionamento interpessoal, qualificação e ética. Ela constrói-

se em três momentos:

1) A primeira impressão: bastam três segundos para a formação da primeira impressão, que se apoia na visão

do conjunto, no tom da voz, na adequação das palavras utilizadas, na linguagem corporal.

2) A imagem inicial: formada ao longo dos primeiros contatos, apoia-se em comportamentos, hábitos, ética,

conhecimentos, habilidades e competências.

3) A imagem propriamente dita: a cristalização da imagem construída no dia a dia.

Está claro que o vestuário, a higiene, as atitudes e a linguagem corporal são itens importantes, mas a linguagem é

fundamental para a construção e manutenção da imagem pessoal.

Assim, pode comprometer a imagem pessoal usar uma variedade linguística inadequada à situação de comunicação

ou ao gênero que está sendo empregado. Por exemplo, o uso de uma variante popular num gênero em que se exige a

norma culta, como o texto empresarial, ou de termos chulos numa situação de comunicação em que sua utilização causa

estranheza e constrangimento. Erros ortográficos e de concordância, por exemplo, denotam falhas na alfabetização e

pouca leitura, além de passar a imagem de pessoa mal informada e de nível cultural baixo.

10 Verossímil: que parece verdadeiro.

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17

É importante lembrar que a imagem de uma empresa é influenciada pela projetada por seus funcionários. A imagem

negativa projetada pela má comunicação é muito mal recebida tanto pelo público interno quanto pelo externo (clientes

e concorrentes). Assim, falar e escrever segundo a norma culta é fundamental para o sucesso de uma organização, pois

passa maior credibilidade, e empregadores valorizam cada vez mais funcionários que sabem se expressar com fluência

e corretamente.

A seguir, alguns exemplos de problemas de linguagem que comprometem a imagem do enunciador:

“Gosta de fama de bad boy (garoto mal) e faz tudo o que pode para mantê-la” (Folha de S.Paulo, 11.jun.1995, p.

4) - O jornalista confundiu o adjetivo mau com o advérbio mal.

“Na região de Ribeirão Preto (319 km de São Paulo), onde atua quatro das nove concessionárias de rodovias, o

número de praças de cobrança municipais vai chegar a 15 no final do ano – são 18 os autorizados pelo Estado” (Folha

de S.Paulo, 24.mar.2000) - Houve um problema de concordância: onde atuam.

“Há milhões de pessoas que passam fome no país, por isso o governo restringirá as verbas para programas sociais” -

O erro na escolha da conjunção (por isso em lugar de mas) conferiu à frase uma significação perversa: já que as pessoas

estão passando fome, vamos restringir verbas para programas sociais.

“Diafragma. Como funciona: insere-se um anel de borracha na vagina para cobrir a entrada do colo do útero, que

deve ser retirado cerca de dez horas após o contacto sexual” (folheto informativo). O uso incorreto de recursos de

coesão pode causar efeitos deletérios.11 O que deve ser retirado cerca de dez horas após o contato sexual?

“Vamos estar transmitindo sua queixa ao setor de compra” - O uso do “gerundismo” empresta à frase um aspecto

que ela não tem: o da duração.12 Quanto tempo vai levar a transmissão da queixa?

Como se vê, falar e escrever com correção é um procedimento argumentativo que reforça a imagem do comunicador

social. É preciso lembrar, no entanto, que escrever bem não é usar linguagem rebuscada, cheia de preciosismos,

palavras raras e termos na ordem indireta. Um texto eficaz respeita as normas gramaticais, é simples, claro, objetivo e

tem frases curtas na ordem direta.

2. CONCEITUAÇÃO DE TEXTO

O texto é uma manifestação linguística produzida por alguém, em alguma situação concreta (contexto), com alguma

intenção. Independentemente de sua extensão, deve dar a sensação de completude,13 do contrário, não será um texto.

Por exemplo, alguém sai correndo de um edifício e grita: “Fogo!” Percebe-se que, nessa circunstância, a palavra

“fogo” adquire um significado diferente de uma mera referência a um processo de combustão. A interpretação será de

que há um incêndio naquele prédio e que a pessoa está querendo alertar outras e, se possível, conseguir ajuda. Logo,

nessa situação específica, a palavra “fogo” é um texto.

11 Deletério: Que destrói ou danifica; prejudicial, danoso.12 A forma vou estar + gerúndio está correta quando comunica a ideia de uma ação durativa. Ex.: Vou estar dormindo quando ele chegar.13 Caráter do que é, ou está completo.

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18

2.1. Fatores de textualidade

Além da noção de completude, sete fatores são responsáveis pela textualidade (conjunto de características que

fazem de um texto um texto e não um amontoado de frases):

• Fatores pragmáticos: dizem respeito aos fatores contextuais que determinam os usos linguísticos nas

situações de comunicação e contribuem para a construção do sentido do texto:

Ð Intencionalidade: é a manifestação da intenção, do objetivo do emissor numa determinada

situação sociocomunicativa.

Ð Aceitabilidade: é a expectativa que o leitor manifesta de que o texto com que se defronta seja

coerente, coeso, útil, relevante.

Ð Situacionalidade: pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre. Ela

orienta tanto a produção quanto a recepção dele.

Ð Informatividade: diz respeito à taxa de informação do texto. Ela depende da situação, do

público, das intenções.

Ð Intertextualidade: refere-se ao diálogo entre textos. A produção e a compreensão de textos

dependem do conhecimento de outros. Exemplificando:

Canção do exílio facilitada

lá?

ah!

sabiá...

papá...

maná...

sofá...

sinhá...

cá?

bah! (José Paulo Paes).

Esse texto pode parecer um amontoado de palavras sem sentido se o leitor não perceber as intenções do

autor, se não aceitá-lo como um texto coerente. Mas, para isso, ele deve ter em seu repertório a informação de

que se refere a outro (dialoga com outro) do Romantismo brasileiro – Canção do exílio, de Gonçalves Dias – e

dirige-se a leitores de um tempo moderno, caracterizados pela pressa, daí seu título.

• Fator semântico conceitual: dele depende a coerência do texto.

• Fator formal – diz respeito à coesão textual (corresponde à superfície linguística do texto).

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19

Como você viu, um texto vai além de sua superfície linguística e pressupõe um comunicador atento a todas as suas

dimensões. Em seguida, vamos tratar com maior profundidade os dois últimos fatores: o semântico conceitual e o

formal.

2.1.1. Coerência (ou fator semântico conceitual)

A coerência é o resultado de processos cognitivos, relações de sentido, conhecimentos partilhados, condições

operantes entre os usuários – emissor e receptor – e não apenas um traço constitutivo dos textos.

Para ser coerente, um texto deve:

• manter o mesmo tema;

• trazer sempre uma informação nova;

• não ser contraditório;

• ter um valor de verdade que possa ser percebido e aceito por sua organização.

A realização da coerência condiciona-se à adequação entre os elementos cognitivos ativados pelas palavras e o

universo de referência do texto. Veja este exemplo:

Os leões subiram as montanhas geladas e puseram-se a perseguir a foca. Os esquimós os chamavam por

seus nomes. As feras corriam sobre o gelo, protegendo-se com suas garras para não cair. Quando estavam

prestes a alcançá-la, a foca alçou voo (GUIMARÃES, 1990, p. 39).

Se considerarmos o “mundo normal”, a incoerência do texto decorre da incompatibilidade entre aquilo que ele

descreve e os fatos da realidade: os leões não habitam territórios gelados, os esquimós não se utilizam desses animais

para caçadas, nem as focas voam. No entanto, inserido num contexto ficcional fantástico, o mesmo texto teria a

coerência própria (o valor de verdade) desse tipo de contexto. Como se trata do “mundo normal”, teria de haver

consonância entre os referentes textual e externo (situacional), em que repousa a coerência.

2.1.2. Coesão (ou fator formal)

A coesão, efeito da coerência, manifesta-se no plano linguístico e constrói-se por meio de mecanismos gramaticais

e lexicais.

Entre alguns dos recursos gramaticais que promovem a coesão, estão pronomes, conjunções, pontuação, crase,

advérbios, elipse,14 concordância, correlação entre tempos verbais, colocação das palavras na frase, pontuação etc.

Por outro lado, um vocabulário amplo também promove a coesão textual por meio da reiteração, da substituição e

da expansão lexical.

• Reiteração: repetição do mesmo item lexical.

• Substituição: inclui a sinonímia, a antonímia, a hiponímia e a hiperonímia e os nomes genéricos (coisa,

negócio, gente, pessoa, lugar).

14 Elipse: Omissão deliberada de palavra(s) que se subentende(m), com o intuito de assegurar a economia da expressão.

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20

• Expansões lexicais: trazem para o texto novas informações sobre o termo substituído, marcando também

o posicionamento ideológico do enunciador, pois as palavras não são neutras, manifestam intenções. Ex.:

João Paulo II esteve em Varsóvia. Na capital da Polônia, o sumo Pontífice disse que a Igreja continua a

favor do celibato clerical. / João Paulo II esteve em Varsóvia. Na cidade do odioso gueto, o mais recente

aliado do capitalismo disse que a Igreja continua a favor dessa excrescência que é o celibato clerical.

Ex.: A deputada parecia nervosa. A deputada havia sido vítima de um assalto.

A deputada parecia nervosa. Ela havia sido vítima de um assalto. (Pronome pessoal.) / A deputada parecia nervosa.

Havia sido vítima de um assalto. (Elipse: suprimiu-se o termo deputada.) / A deputada parecia nervosa, pois havia

sido vítima de um assalto. (Conjunção.) / A deputada, que havia sido vítima de um assalto, parecia nervosa. (Pronome

relativo.) / A deputada parecia nervosa. A parlamentar havia sido vítima de um assalto. (Hiperônimo.) / A deputada

parecia nervosa. A autora da dança da pizza no Congresso havia sido vítima de um assalto. (Expansão lexical.) / A

deputada parecia nervosa. A criatura havia sido vítima de um assalto. (Nome genérico).

3. GÊNEROS TEXTUAIS

Se não existissem os gêneros do discurso e se não os dominássemos, se tivéssemos de criá-los pela

primeira vez no processo da fala, se tivéssemos de construir cada um de nossos enunciados, a comunicação

verbal seria quase impossível (BAKHTIN, 1990).

Gêneros são entidades sociodiscursivas altamente maleáveis, dinâmicas, plásticas que surgem, se situam e se

integram funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem. Os gêneros orientam tanto o autor na produção quanto

o leitor na interpretação. Dessa definição do linguista russo Bakhtin, depreende-se:

• Como estão inseridos no fluxo histórico, os gêneros modificam-se constantemente, morrem e surgem em

função, por exemplo, de inovações tecnológicas. Assim, antes de o computador ser inventado, não havia

o gênero e-mail ou o gênero video-release.

• Os gêneros têm uma função dentro da sociedade e representam uma grande economia, pois são

reconhecidos pelos interlocutores por suas características. Por exemplo, qualquer um sabe que uma receita

não é um poema, que não é um romance, que não é uma notícia de jornal, que não é um requerimento,

que não é um texto publicitário e assim por diante.

• Os gêneros têm três dimensões essenciais à sua caracterização: tema (conteúdo), estilo (configurações

específicas das unidades de linguagem) e composição (estrutura particular do texto, relaciona-se com a

finalidade extralinguística do texto: didática, publicitária, jornalística etc.).

Observe:

Bebê engole pedra de crack e é internado

Araçatuba

Uma criança de 1 ano foi internada na madrugada de ontem depois de mastigar uma pedra de crack,

deixada pelo pai sobre uma mesa de casa, em Araçatuba, a 530 quilômetros de São Paulo. Os pais fizeram um

boletim de ocorrência ao levar a filha à Santa Casa. A mãe da menina contou que o pai é usuário de crack.

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21

A garota ficou internada durante o dia, mas o hospital se recusou a passar informações. A delegada Luciana

Pistori Frascino pediu a realização de exame de corpo de delito. Porém, quando o médico chegou ao hospital

para realizá-lo, a menina já tinha recebido alta. Segundo a delegada, o pai da criança pode ser indiciado por

lesão corporal culposa – o uso de entorpecente não é crime (O Estado de São Paulo, 12.nov.2011, p. A24).

O texto pertence ao gênero notícia, cuja função é informar e cuja estrutura característica é a da pirâmide invertida,

em que o lead15 (ou lide) sintetiza os fatos mais importantes.

É importante saber que cada gênero trabalha com a tipologia textual que lhe é mais adequada. Assim, por exemplo,

uma notícia vai trabalhar sobretudo com a narração e a descrição; um artigo de jornal, com a argumentação; um texto

publicitário, com a injunção (ordem); uma conferência, com a exposição.

3.1. A tipologia textual: descrição, narração, dissertação (exposição e argumentação)

3.1.1. Descrição

Descrever é recriar imagens sensoriais na mente do leitor: o enunciador percebe o objeto por meio de seus cinco

sentidos e “traduz” em palavras com riqueza de detalhes. Há na descrição um predomínio de adjetivos e verbos de

ligação e o emprego frequente de comparações, metáforas e outras figuras de linguagem.

A descrição pode ser objetiva (ou realista) e subjetiva (ou impressionista).

Exemplos:

A faca desce macia, cortando sem esforço o pedaço de picanha. Dourada e crocante nas bordas, tenra e

úmida no centro. Você põe a carne na boca e mastiga devagar, sentindo o tempero, a maciez, a temperatura.

O sumo que escorre dela enche a boca e, com ele, o sabor incomparável. Carne é bom.

Mas que tal assistir à mesma cena de outra perspectiva? No prato jaz um pedaço de músculo, amputado da

região pélvica de um animal bem maior que você. Com a faca, você serra os feixes musculares. A seguir, coloca

o tecido morto na boca e começa a dilacerá-lo com os dentes. As fibras musculares, células comprimidas –

de até 4 centímetros – e resistentes, são picadas em pedaços. Na sua boca, a água (que ocupa até 75% da

célula) se espalha, carregando organelas celulares e todas as vitaminas, os minerais e a abundante gordura

que tornavam o músculo capaz de realizar suas funções, inclusive a de se contrair. Sim, meu caro, por mais

que você odeie pensar que a comida no seu prato tenha sido um animal um dia, você está comendo um

cadáver (Superinteressante, abril de 2002).

Quem prefere os rostos ingênuos de Renoir e as formas perfeitas de Michelangelo, o ser humano como anjo

recriado, não aceita a crueza de Lucien Freud. Ele não mais usa o acabamento que dá à pele o frescor rosado.

Sua pintura representa a carne passada: busto caído, traseiro murcho, pregas na barriga, coxas flácidas,

profusos pelos púbicos, pernas e braços queimando óleo 60, rostos arruinados por manchas e marcas. Gente

15 Lead (ou lide): Parte introdutória de matéria jornalística, na qual se procura dar o fato, objetiva e sinteticamente, com o fim de responder às questões: o quê, quem, quando, onde, como e por quê.

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castigada pela vida dura. O toque de pigmento oleoso nessas telas é mínimo, deixando cada corpo exibir sua

sensualidade inerente: chega-se a imaginar o odor natural, a transpiração, o anseio animal (Sônia Nolasco, O

Estado de São Paulo, 8.dez.1993).

3.1.2. Narração

O texto narrativo conta uma história. A narração é um relato de fatos vividos por personagens e ordenados numa

sequência lógica e temporal, por isso caracteriza-se pelo emprego de verbos de ação, que indicam a movimentação

das personagens no tempo e no espaço. A estrutura narrativa compõe-se das seguintes sequências: apresentação,

complicação, clímax, desfecho. Se os fatos se apresentarem nessa ordem, o enredo será linear; do contrário, será

alinear.

Os elementos da narrativa são: personagem, ação, tempo, espaço, narrador. Quanto às personagens, há o

protagonista (personagem principal), o antagonista (personagem que tenta impedir que o protagonista realize sua

tarefa) e os coadjuvantes (personagens secundárias). Elas podem ser apresentadas de forma direta, pela descrição

física ou psicológica, ou a partir de dados esparsos no texto, como comportamento e fala.

O tempo, na narrativa, pode ser cronológico ou psicológico. Para contar a história, é fundamental a presença do

narrador. Ele é o intermediário entre a ação narrada e o leitor. O narrador (ou foco narrativo) pode ser em primeira

ou em terceira pessoa. Em primeira, trata-se do narrador personagem; em terceira, o narrador observador, que não

participa da história, relata os fatos de fora da ação.

Os morangos

A vizinha espiou por cima do muro.

— Bom dia, seu Agenor!

— Bom dia.

— Que lindos estão esses morangos, que maravilha!

[...]

— O senhor não colhe, seu Agenor? Estão no ponto.

— Não gosto de morangos.

— Que pena, aqui em casa somos todos loucos por morangos. As crianças, então, nem se diga. Se não

colher, vão apodrecer no pé, uma judiação.

— É.

— Se o senhor não se incomodasse eu colhia um pouco, já que o senhor não gosta de morangos.

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— Com licença, preciso pegar o ponto na repartição.

— À vontade, seu Agenor, mas... e os morangos?

— Não prestam para comer, têm gosto de terra.

— Pena, tão lindos!

Saiu para a repartição. Voltou à noite. O luar batia em cheio no canteiro de morangos. Acercou-se em

silêncio. Estavam bonitos mesmo. De dar água na boca. Pena que não se pudessem comer. Suspirou fundo.

Mariana, tão linda. Linda como uma flor. Mas tão desleixada, tão preguiçosa. Comida malfeita, roupa

por lavar, pratos gordurosos. E aquele gênio! Sempre descontente, exigindo tudo o que não lhe podia dar,

espezinhando-o diariamente pelo seu magro ordenado.

Fora realmente uma gentil ideia plantar os morangos depois que a enterrara no jardim (Giselda Laporta

Nicolelis).

Nesse texto, as personagens são caracterizadas pela fala e pelo comportamento: a vizinha é bisbilhoteira, e seu

Agenor, seco, de poucas palavras. Mariana, ao contrário, é descrita física e psicologicamente. O enredo alinear reserva

uma surpresa ao final.

3.1.3. Dissertação

O texto dissertativo caracteriza-se pela abordagem temática e pela organização lógica. Parte de um assunto (aquilo a

que o texto se refere de modo mais abrangente, mais geral), delimita um tema (uma perspectiva mais específica, o que

se quer abordar em relação àquele assunto) e, no seu modelo padrão, organiza-se em três parágrafos, denominados

introdução, desenvolvimento e conclusão.

3.1.4. Exposição

Trata-se da apresentação, explicação ou constatação de um tema de maneira impessoal, sem julgamento de valor.

Bomba na meia-idade

Em julho, a bomba atômica fez 50 anos. A primeira arma nuclear da história foi testada às 5h29min45s do

dia 16 de julho de 1945, em Alamogordo, Novo México, Estados Unidos.

Libertou energia equivalente a 18 toneladas de TNT e encheu de alegria cientistas e engenheiros que

haviam trabalhado duro durante três anos para construir a bomba.

Menos de um mês depois, quando uma explosão semelhante dizimou as cidades de Hiroshima e Nagasaki

no Japão, a alegria deu lugar à vergonha (Superinteressante, fev.2003).

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3.1.5. Argumentação

O texto argumentativo é, por excelência, de natureza dissertativa. Ele exige clareza de raciocínio e conhecimento

sobre o tema abordado. Consiste na apresentação, na explicação ou na constatação de algo para:

a) convencer o leitor por meio de um raciocínio lógico e consistente baseado em: fatos, exemplos, dados

estatísticos, testemunhos autorizados;

b) persuadir o leitor pela emoção.

Encarte encontrado em maços de cigarros Free quando da obrigatoriedade da veiculação de imagens, no verso das

embalagens do cigarro em 2002:

aproveite em excesso. Fume com moderação. Ninguém tem o direito de fazer suas escolhas por você. É

isso que chamam de liberdade. O ideal mais importante na vida de qualquer um. Free sempre acreditou nisso,

respeitando os mais diversos estilos, opiniões, atitudes. Cada um na sua. Então seja livre para fazer o que

quiser: cante, ame, dance, crie, apaixone-se, sonhe, aproveite tudo em excesso. E se você decidiu fumar, por

que não com moderação? A decisão é sua. Só não deixe de ser quem você é, seja você quem for.

Uma questão de ser Free.

Maiores informações 0800 888 2233

Não há um nível de consumo sem riscos.

6 mg de alcatrão 0.6 mg de nicotina e 8mg de monóxido de carbono

O Ministério da Saúde adverte

Fumar causa mau hálito, perda de dentes e câncer na boca.

3.2. Domínio discursivo

A expressão domínio discursivo designa as esferas de atividade em que os gêneros circulam. No domínio discursivo

jurídico, circula, por exemplo, o gênero petição; no didático, o resumo; no jornalístico, a notícia; no publicitário, o spot;

no corporativo, o e-mail.

3.2.1. Domínio discursivo corporativo

• O e-mail

Fruto do aparecimento da internet, o e-mail desempenha papel estratégico no mundo corporativo. Ele conjuga a

agilidade do telefonema com a possibilidade de passar enorme quantidade de informações a diversos destinatários ao

mesmo tempo.

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25

O e-mail obedece à seguinte estrutura: assunto – em no máximo cinco palavras, resumir o conteúdo; vocativo; texto

– parágrafos curtos com espaço entre eles;16 despedida; assinatura.

Como qualquer outro tipo de texto, o e-mail deve adequar-se ao destinatário e à sua função específica. Para redigir

com adequação, devemos seguir as etapas:

• identificar a ideia principal;

• identificar as ideias secundárias;

• identificar quais ideias devem ser expressas e quais devem ser dispensadas.

Sr. Credenciado,

Foi elaborado Convênio entre o CIEFAS17 e a Associação Médica Brasileira, em 23/08/1998, objetivando

a implantação de nova Tabela de Honorários Médicos consensual, para remuneração de serviços médicos

prestados em regime conveniado, comportando inúmeras alterações nas Instruções Gerais e nos quantitativos

de Coeficiência de Honorários (CH) dos procedimentos médicos constantes da THM/AMB/10.

Referido Convênio representa marco histórico nas relações entre tomadores e prestadores de serviços

de assistência à saúde, sendo resultado de longo processo de negociação entre as partes convenientes,

transcorrido no período de outubro de 2010 a julho de 1998.

Concluídas as medidas necessárias à operacionalização do Convênio, estamos encaminhando, em anexo,

a V. Sa., o Comunicado CIEFAS n. 7/98, que contém as nova Tabela de Honorários Médicos decorrente da

celebração do Convênio CIEFAS/AMB.

A Companhia implantou a nova tabela em 1º/09/98, cumprindo o prazo fixado no Convênio CIEFAS/AMB

(In: GOLD, 1999).

Reelaborando o texto com a ajuda das técnicas descritas: a ideia principal foi identificada? O que o Setor de

Assistência à Saúde (emissor) quis informar ao destinatário? Há duas opções possíveis:

a) o convênio é um importante marco histórico;

b) é sobre uma nova tabela de honorários.

Analisando, percebe-se que a alternativa b é o objetivo da carta. Assim, a hierarquização das ideias é:

• Ideias principais:

Ð nova tabela de honorários médicos;

Ð data de entrada em vigor da tabela;

Ð alterações nas Instruções Gerais.

16 A escrita vertical (bullets) é uma técnica utilizada na comunicação empresarial para destacar graficamente e garantir relevância às partes de um texto com múltiplas ideias ou informações.17 Ciefas: Comitê de Integração de Entidades Fechadas de Assistência à Saúde.

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26

• Ideias secundárias:

Ð convênio firmado entre o CIEFAS e a AMB.

• Ideias terciárias:

Ð data do convênio;

Ð longo processo de negociação.

Com base nesses dados, propomos duas reescrituras:

Senhor Credenciado,

Estamos enviando em anexo o Comunicado CIEFAS nº 7/98, que contém alterações nas Instruções Gerais,

e a nova tabela de Honorários Médicos, decorrente do convênio CIEFAS/AMB.

Informamos, ainda, que os novos procedimentos, assim como a nova tabela, estarão em vigor em nossa

empresa a partir de 1º-03-/09/98.

Atenciosamente,

Ou

Senhor credenciado,

Em decorrência do convênio firmado entre o CIEFAS e a AMB, estamos encaminhando em anexo o

Comunicado CIEFAS nº 7/98, com a Tabela de Honorários Médicos implantada em nossa empresa em 1º/09/98.

Esclarecemos que do convênio resultaram inúmeras alterações nas Instruções Gerais, assinaladas nas

páginas anexas, que deverão ser cuidadosamente lidas e observadas.

Atenciosamente,

• Formatos

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Figura 3. Fonte: Produção da autora.

O que se usou no e-mail anterior foi a estrutura da pirâmide invertida, estratégia de produção de texto segundo a

qual as ideias ordenam-se por um critério hierárquico – das informações mais importantes para as menos importantes.

Essa estrutura, mais eficiente para reclamações, comunicados e anúncios em geral, apresenta-se da seguinte forma:

informação principal + exemplos, justificativas, argumentos para apoiar a informação principal + informações acessórias.

Figura 4. Fonte: Produção da autora.

Outra possibilidade de organização de texto é a estrutura em losango. Nela, o redator não entra direto no assunto:

há uma introdução que contextualiza o leitor. Esse formato, mais adequado para cartas em que se pede um favor ou

para situações delicadas, apresenta-se deste modo: informação introdutória + ponto central (solicitação, recusa...) +

informações adicionais.

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28

Exemplo de e-mail na estrutura de losango (OLIVEIRA; MOTA, 2000, p. 49.):

Prezados Senhores,

Eu, minha esposa e meus dois filhos (com 11 e 15 anos) estamos planejando passar as férias de julho em

Fortaleza, cidade que tem sido elogiada por amigos comuns que já utilizaram os serviços da Turistur.

Por gentileza, gostaria de receber toda a informação sobre passeios, programas opcionais e tarifas de

hotéis para o período de 15 a 30 de julho.

Se possível, gostaria ainda de receber alguns folhetos ou qualquer outro material promocional sobre a

região Nordeste.

Obrigado pela gentileza.

Atenciosamente

Victor Faria

3.2.2. Domínio discursivo publicitário

No domínio publicitário, ocorre, com mais ênfase a confluência de dois tipos de linguagem, a verbal e a não verbal,

que se mesclam, interagem e se completam. Na propaganda impressa, há texto e imagem; no rádio, texto e sonoplastia;

na TV, texto, imagem, sonoplastia; na internet, texto, imagem, som, interatividade.

O texto publicitário tem por função convencer e persuadir seu público-alvo a consumir um produto, uma ideia ou

uma marca ou modificar seu comportamento, a partir de uma percepção favorável disso. A fórmula AIDA (atenção,

interesse, desejo, ação) é a regra para todos os seus gêneros, como spot, mala direta, comerciais, entre outros.

• Anúncio publicitário

O gênero anúncio publicitário para mídia impressa, por exemplo, obedece, em geral, a uma estrutura verbal à qual

se soma a imagem. Tudo, na maioria das vezes, com muito otimismo e bom humor:

• Título: manifesta o reconhecimento de uma necessidade ou desejo do consumidor e tem três funções:

selecionar seu público, provocar curiosidade e informar.

• Corpo do texto: reconhece a necessidade ou o desejo do consumidor, apresenta a satisfação deles,

oferece a comprovação de que essa satisfação será real e convida o leitor à ação.

• Assinatura: Logotipo e slogan do anunciante.

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Figura 5.

O título seleciona o público (donos de estabelecimentos comerciais) e provoca curiosidade pela frase ambígua,

desfeita pelo subtítulo. O corpo do texto reconhece a necessidade, apresenta sua satisfação e convida à ação. O anúncio

termina com o logo da “falecida” Telesp.

• Informe publicitário

Como a publicidade não goza da credibilidade do texto jornalístico, é comum encontrar em revistas e jornais anúncios

travestidos, que assumem as características genéricas desse domínio discursivo.

O informe publicitário funciona como peça de divulgação, em geral para fins comerciais e políticos. Ele difere das

demais matérias do veículo porque traz no topo a advertência “Informe Publicitário”.

Assessoria de imprensa empresarial

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Figura 6.

Neste outro exemplo, destaca-se a criatividade do publicitário para, na mistura de gêneros (obituário e texto

publicitário), persuadir seu leitor.

Figura 7.

Para saber mais:http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/jornalismo-de-mentirinha-publicidade-de-verdade

Assessoria de imprensa empresarial

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http://observatoriodaimprensa.com.br/jornal-de-debates/a-universalizacao-do-informe-publicitario/

3.2.3. Domínio discursivo jornalístico

A principal função do texto jornalístico é informar de maneira clara, precisa, objetiva e imparcial. Porém, no domínio

jornalístico – tomado como uma forma de comunicação social específica, com características, finalidade e gêneros

discursivos próprios –, distinguem-se duas grandes categorias: o jornalismo informativo e o jornalismo opinativo, que

produzem dois efeitos: o fazer saber e o fazer crer, respectivamente.

Ao opinativo, pertencem os gêneros editorial, comentário, artigo, ensaio, resenha, coluna, crônica, carta; ao

informativo, nota, notícia, reportagem, entrevista.

• Notícia

A notícia visa narrar de maneira objetiva e imparcial os acontecimentos que devem ser compartilhados, respondendo

a seis perguntas básicas: o quê?, quem?, quando?, onde?, como? e por quê? (3Q+O+P+C). A estrutura mais comum

da notícia é a da pirâmide invertida. Segundo ela, já no primeiro parágrafo, aparece o lead (3Q+O+P+C), que deve

ser objetivo, pautar-se pela exatidão e despertar o interesse do leitor pela notícia. Depois dele, todas as restantes

informações são dadas por ordem decrescente de importância.

Verissimo recebe prêmio de universidade hebraica

O escritor Luis Fernando Verissimo, colunista do Estado, recebeu na noite de quarta-feira o Prêmio

Scopus 2011, concedido pela Sociedade Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém por sua “inestimável

contribuição à literatura brasileira e pelo apreço que sua família tem pelo Estado de Israel”.

Verissimo se disse surpreso com a homenagem: “Minha primeira reação ao saber que receberia um prêmio

dessa importância foi me perguntar: o que será que eu fiz para merecer? Continuo sem saber a resposta, mas

não posso negar que me sinto extremamente honrado com tal distinção”, declarou.

O escritor gaúcho esteve em Israel em 2007 e recebeu, em nome de seu pai, o também escritor Érico

Verissimo (1905-1975), uma homenagem do governo israelense pela obra Israel em abril, de 1969 (O Estado

de São Paulo, 12.nov.2011 p. A24).

A notícia trabalha com o esquema da pirâmide invertida. No primeiro parágrafo, responde às questões quem?, o quê?,

quando? e por quê?. No segundo parágrafo, há o como?. E o terceiro parágrafo é dedicado a informações acessórias.

Nesse texto, faltou o onde?.

3.2.4. Domínio discursivo da assessoria de imprensa

A função da assessoria de imprensa é produzir conteúdo e tratar da gestão do relacionamento entre uma pessoa

física, entidade, empresa ou órgão público e a imprensa.

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• Release

Trata-se de um gênero produzido para órgãos de comunicação para informar, anunciar, contestar, esclarecer ou

responder à mídia sobre algum fato que envolva o assessorado, positivamente ou não. Funciona, essencialmente, como

mero instrutor de pautas. Geralmente, o release é usado para anúncio e lançamento de novidades que a assessoria

quer que se transformem em notícia.

O release não deve ser confundido com um folheto de vendas, nem com uma mala direta, pois sua função é

produzir conteúdo. Assim, deve primar pela informação concisa e precisa sobre os fatos pertinentes à empresa ou

repartição, segundo critérios essencialmente jornalísticos. Deve ter um bom título, um lead que funcione como um

gancho jornalístico e informações relevantes.

Linha Preserv distribui preservativos em casas noturnas

Objetivo é conscientizar principalmente os jovens sobre a importância de se cuidar.

A Linha Preserv está promovendo ações promocionais de seus produtos em bares e baladas de São Paulo,

visando atingir principalmente a população mais jovem, que, por falta de informação adequada e campanhas

educativas, está deixando de utilizar preservativos.

“O objetivo é conscientizar esta parcela da população sobre a importância do uso de preservativos, como

forma de prevenção de DSTs e principalmente da AIDS”, explica Moacir Sánchez Filho, gerente de marketing

da linha farmacêutica e Preserv. “A Preserv promove constantemente ações de sampling, o que facilita o

contato dos jovens com o produto, além de ser uma fonte de informação para que eles possam ver que existe

um tipo de preservativo específico para cada pessoa e necessidade.”

Com a distribuição de milhares de amostras por noite, a ação da Preserv acontece todas as semanas de

quinta a domingo, sempre das 23 horas às 3 horas e passa pelos principais locais de concentração de jovens

da cidade.

Linha Preserv

Hoje, o mercado de preservativos apresenta diversas opções e tamanhos. Só a linha Preserv, por exemplo,

possui o Teen® com menor diâmetro (49mm), o Extra® e o Extra Sensitivity® ambos com maior diâmetro

(54 e 55mm respectivamente), além do Alta Proteção® e Lite® (52mm), e Plus® e Prolong® (53mm).

www.preserv.com.br

Informações e imagens para a imprensa: Danielle Flöter

Em época de internet e redes sociais, no entanto, o release ganha novo formato. Continua a ser curto e objetivo, com

no máximo quatro parágrafos, mas incorpora links, usa tags18 ao final, direciona para redes sociais e para fotos e vídeos.

18 Tag: é uma palavra-chave (relevante) ou um termo associado com uma informação (ex.: uma imagem, um artigo, um vídeo) que o descreve e permite uma classificação da informação baseada em palavras-chave.

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Tudo isso gera maior poder de viralização,19 maior exposição da empresa e possibilidade de estender a divulgação para

outras mídias.

Dicas para escrever seu release:

• estrita observância do padrão culto da língua portuguesa numa linguagem simples, clara e objetiva;

• indicação de cidade, mês e ano;

• lead com a notícia;

• uso de duas fontes;

• facilitação da informações ao jornalista.

Para saber mais: http://www.slideshare.net/ALevy/assessoria-de-imprensa-na-era-das-redes-sociais-3811710.

• Video-release

Nova ferramenta multimídia de comunicação, o video-release traz uma reportagem de até dois minutos, com imagens,

texto e entrevistas, oferecendo, assim, mais informações e recursos ao jornalista.

O e-mail, que era usado para transmitir o release na íntegra, tem agora a função de uma carta direcionada a um

jornalista específico para apresentar o video-release. Valem para ele os conselhos dispensados a qualquer tipo de texto:

• Preencha o campo “Assunto” com no máximo cinco palavras.

• Seja cortês: use sempre “por favor” e não escreva no imperativo.

• Seja impessoal (cuidado com a emoção).

• Não use abreviações.

• Evite negrito e maiúsculas.

• Despeça-se com um “atenciosamente”.

• Revise criteriosamente seu texto antes de enviá-lo.

Para saber mais:Video-release do Toddynho light: http://www.youtube.com/watch?v=KiwVc1Zd564.

http://gecorp.blogspot.com/2010/03/forca-do-video-release.html

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/ferramenta-requer-criatividade-e-ousadia

http://www.difundir.com.br/site/c_mostra_release.php?emp=1842&num_release=45730&ori=E

• Podcast

Podcast é o nome dado ao arquivo de áudio digital. É usado para realizar lançamento de produtos, fazer prestação de

serviço, fornecer informações relevantes, tendências e inovações, ampliar as informações do release, contar histórias,

descrever cases.

19 Viralização: palavra derivada de vírus no sentido de a notícia na internet expandir-se e contagiar a todos.

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4. NORMAS GRAMATICAIS

4.1. Acentuação

a) Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em: -a(s), e(s), o(s): já, vás, fé, crês, dó, sós.

b) Acentuam-se as oxítonas terminadas em: -a(s), e(s), o(s), em, ens: jabá, sofás, café, português, jiló, ilhós,

armazém, parabéns.

c) Acentuam-se as paroxítonas terminadas em: -l, i(s), n, us, r, x, ã(s), ão(s), ps: inflável, júri, hífen, ônus,

revólver, ônix, órfã, órfãos, bíceps.

Obs.: Acentuam-se as paroxítonas terminadas em ditongo crescente: história, ópio, cárie, precípua, vácuo,

tênue, páreo, aérea.

d) Acentuam-se todas as proparoxítonas: fósforo, médico, flácido, bêbado.

e) Acentuam-se os ditongos abertos éi(s), ói(s) e éu(s) das oxítonas e dos monossílabos tônicos: réis, fiéis,

rói, caracóis, chapéu, céus.

Obs.: Antes do Novo Acordo Ortográfico, os ditongos abertos ei e oi das paroxítonas eram acentuados: jiboia

(jibóia), Coreia (Coréia).

f) Acentuam-se o i e o u dos hiatos: Anhangabaú, Havaí, baús, jataís.

Obs.: Não são mais acentuados o i e o u tônicos em paroxítonas quando precedidos de ditongo. Ex.: baiuca,

feiura.

g) Não se acentuam os hiatos oo e ee: creem, veem, enjoo.

h) Os únicos acentos diferenciais são: pôde (pode), pôr (por), têm (tem), vêm (vem) e seus compostos

provêm, retêm, por exemplo, fôrma (facultativo).

i) Não é mais acentuada a letra u nas formas verbais arrizotônicas20 quando precedida de g ou q: argui,

apazigue, averigue, obliques.

j) Não há mais trema.

4.2. Uso do hífen

Com os principais prefixos e elementos prefixo-radicais, só haverá hífen:

• Se a palavra que a eles se junta começar por vogal idêntica à última desses elementos. Ex.: anti-

inflamatório, micro-ônibus.

20 Arrizotônico: Diz-se das formas verbais em que o acento tônico não recai na raiz: jogará, venderei.

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Obs.: Com vogais diferentes, não haverá hífen: autoestrada, aeroespacial, extraescolar, intrauterino,

semiaberto, infraestrutura, contraindicação.

• Se eles forem terminados por r e a palavra que a eles se junta começar também por r. Ex.: inter-regional,

hiper-requintado, super-resistente.

• Se a palavra que a eles se junta começar por h. Ex.: neo-helênico, geo-história, sub-hepático.

Com o prefixo co, não haverá hífen mesmo que a outra palavra seja iniciada com a vogal o: coobrigação, coocupante.

O hífen permanecerá em palavras formadas pelos prefixos circum e pan + palavras iniciadas em vogal, m e n:

circum-adjacente, circum-hospitalar, circum-navegação, pan-americano, pan-mixia, pan-negritude.

Com o prefixo sub, haverá hífen se a palavra seguinte iniciar-se por b ou r: sub-raça, sub-bibliotecário.

O hífen permanecerá com os seguintes prefixos:

• Além: além-mar, além-linha.

• Aquém: aquém-fronteiras, aquém-oceano.

• Ex: ex-aluno, ex-presidente, ex-mulher.

• Pós: pós-graduação, pós-traumático.

• Pré: pré-natal, pré-nupcial.

• Pró: pró-desarmamento, pró-soviético.

• Recém: recém-nascido, recém-adquirida.

• Sem: sem-teto, sem-vergonha, sem-número (número indeterminado; grande número).

• Sota: sota-almirante, sota-capitão.

• Soto: soto-soberania, soto-ministro.

• Vice: vice-campeão, vice-governador

Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani, açu, guaçu e mirim: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-

açu.

Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente

vocábulos, mas encadeamentos vocabulares: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

Para saber mais: Game da Reforma Ortográfica em http://fmu.br/game/home.asp.

4.3. Pontuação

As funções dos sinais de pontuação são:

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1) assinalar pausas e inflexões de voz;

2) separar palavras, expressões e orações que devam ser destacadas;

3) esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade.

4.3.1. Uso da vírgula

Se a frase estiver na ordem direta, não se usa a vírgula.

1. Ordem direta no período simples (que tem um só verbo):

Sujeito (quem?) + predicado e complementos verbais (o quê?) + adjunto adverbial (onde?, quando? por quê?

como?) = ordem direta - não há vírgula.

Ex.: Um ônibus lotado (quem?) atropelou um grupo de corintianos (o quê?) na Av. Paulista (onde?).

Obs.: A alteração da ordem direta exige vírgula:

a) Na Av. Paulista, um ônibus lotado atropelou um grupo de corintianos.

b) Um ônibus lotado atropelou, na Av. Paulista, um grupo de corintianos (aqui se exigem duas vírgulas – vírgulas

casadas).

2. Ordem direta no período composto (que tem mais de um verbo):

Primeira oração ou oração principal (a que não tem conjunção) + oração coordenada ou subordinada (a que tem

conjunção).

Ex.: O funcionário elaborou o relatório e entregou-o ao chefe; A desocupação pacífica do terreno começou quando

a polícia ameaçou agir.

Obs.: A alteração da ordem direta exige vírgula:

Quando a polícia ameaçou agir, a desocupação pacífica do terreno começou.

É proibido o uso da vírgula entre termos que se completam. Ou seja, a vírgula não pode quebrar uma unidade de

sentido. Assim:

• não pode haver vírgula entre sujeito e predicado;

• não pode haver vírgula entre verbo e seus complementos;

• não pode haver vírgula entre nome e complemento nominal.

Ex.: Os funcionários públicos, prometem paralisar, suas atividades amanhã. / A extração, do dente foi dolorosa.

Para ter certeza de que suas vírgulas estão corretas, lembre-se:

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A vírgula indica que o sentido da frase está completo. Ex.: Comprou o livro, mas ainda não o leu. = Comprou o livro

é uma frase com sentido completo.

Se o sentido não estiver completo, a vírgula está errada. Ex. Sugeriu que durante o verão, os consumidores fizessem

escolhas mais saudáveis. = Sugeriu que durante o verão não tem sentido completo.

Neste caso, há necessidade de mais uma vírgula: Sugeriu que, durante o verão, os consumidores fizessem escolhas

mais saudáveis. Tirando-se o que vem entre as vírgulas, a frase tem sentido completo: Sugeriu que os consumidores

fizessem escolhas mais saudáveis.

3. Vírgulas com nomes de pessoas:

Os nomes próprios de pessoas podem ou não ser separados por vírgulas. Se determinada empresa tem vários

funcionários e um deles, por exemplo, saiu de férias, a frase será: O funcionário Anderson Clayton viajou ao Guarujá.

Se a empresa tivesse apenas um empregado, o nome deste iria entre vírgulas: O funcionário, Anderson Clayton,

viajou ao Guarujá.

Neste último caso, o nome torna-se um aposto explicativo (o qual equivale a uma oração adjetiva explicativa sem o

“que é”), o que justifica sua separação por vírgulas.

Sendo assim, sempre que se referir à pessoa que tiver um cargo único e especificado na frase, como presidente da

República, do Senado, da Câmara Federal, de um partido político, de uma empresa etc. ou governador de um estado,

deve-se fazer a separação do nome por vírgulas – uma ou duas, conforme sua posição na frase. Também é o caso de

pai e mãe, que temos um só:

O atual reitor da UFSCar, José Rubens Rebelatto, tem incentivado pesquisas sobre sustentabilidade.

A mãe de Caetano e Bethânia, dona Canô, é quase tão famosa quanto os filhos.

O governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, oficializou um projeto pioneiro par inclusão digital.

O fundador de São Paulo, padre José de Anchieta, era jesuíta.

Mas, quando se referir a um entre vários da mesma categoria – como ex-governador, ex-esposa, professor de escola,

habitante, ator, candidato etc. – não há o destaque do nome entre vírgulas:

O motorista de táxi Geraldo Beltrão está indignado com a violência.

O ex-presidente Jânio Quadros era também professor de português.

Para o professor da Unifesp Rogério Tardilli, os casos de hanseníase estão aumentando em São Paulo.

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4.3.2. Ponto e vírgula

1. Separa considerandos de um decreto, sentença, lei, etc.

Ex.: Nosso projeto pretende:

a) tirar o menor carente das ruas;

b) instalá-lo em casas comunitárias assistidas por profissionais especializados;

c) levá-lo de volta à escola;

d) profissionalizá-lo.

2. Separa orações que mantêm simetria ou oposição entre si.

Ex.: Algumas pessoas preocupam-se em construir; outras só minam a iniciativa alheia.

3. Separa orações coordenadas já marcadas por vírgula.

Ex.: Os populares, enfurecidos, exigiam providências; os policiais, porém, conseguiram acalmar os ânimos.

4.3.3. Dois-pontos

1. Anunciam ou introduzem citação.

Ex.: Disse Napoleão no Egito: “Do alto destas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam”.

2.Introduzem enumeração.

Ex.: Esqueceu-se de comprar muitas coisas: cigarro, cerveja, leite, pão e manteiga.

3. Introduzem esclarecimentos.

Ex.: Após dez anos, mulher não desiste: acha que marido está vivo.

4.3.4. Parênteses1. Intercalam num texto qualquer palavra, expressão ou oração acessória, representada em geral por uma

explicação, uma reflexão, um comentário, uma observação.

Ex.: Finalizando, quero dizer-lhe que todos estão bem (se é que se pode estar bem numa época como esta)

e mandam lembranças.

2. Usam-se para transcrever siglas de nome de órgão ou entidade.

Ex.: Eles eram alunos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

Se o segundo parêntese coincidir com uma vírgula, usam-se os dois sinais.

Ex.: Depois de toda a euforia do início do século XX (aliás, típica de momentos históricos em que há muito

progresso científico), o mundo viu-se às voltas com a Primeira Guerra Mundial.

4.3.5. Travessão

1. Intercala uma expressão explicativa ou complementar no período, equivalendo, conforme o caso, a vírgulas

ou parênteses.

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Ex.: O governador de Goiás – o Estado mais afetado pela medida – recusou-se a dar entrevista.

2. Substitui os dois-pontos.

Ex.: Eram assim seus dias – muito trabalho, pouco descanso.

3. Introduz uma pausa mais forte no período ou destacam a parte final de um enunciado.

Ex.: Estava estudando a vida de Átila – ele mesmo, o rei dos hunos.

Se o segundo travessão coincidir com uma vírgula, usam-se os dois sinais.

Ex.: Após ter quitado 24 prestações, de um total de 50 – a última foi de R$ 300,00 –, o consumidor tentou

transferir o contrato.

4.3.6. AspasUsam-se as aspas, principalmente, para indicar reprodução literal de um período, oração, palavra etc. Atenção para

o uso do ponto e das aspas nas declarações:

• Quando há duas vozes no texto (a do jornalista e a do entrevistado), o ponto vem depois das aspas.

Ex.: Segundo o líder revolucionário, “o terrorismo é a única forma de defender as culturas locais”.

O senador garantiu: “Faremos tudo para fortalecer o poder do nosso presidente”.

• Quando há uma só voz no texto (só a do entrevistado), o ponto vem dentro das aspas.

Ex.: O líder revolucionário afirmou que uma das formas de conter o avanço das superpotências é o terrorismo. “Só

assim estaremos defendendo nossa cultura.”

“Faremos tudo para fortalecer o poder do nosso presidente.” Com essas palavras, o senador serenou os ânimos.

4.4. Concordância

A ausência de concordância – grande marca da linguagem popular – é considerada o pecado mortal linguístico. Mas,

de acordo com a sociolinguística, esse traço gramatical da fala popular e coloquial brasileira, expresso, por exemplo, nas

seguintes frases Minhas amiga já chegou / Aqui nós trabalha muito em lugar de Minhas amigas já chegaram / Aqui nós

trabalhamos muito, é uma forma diferente de dizer a mesma coisa (variação linguística), que se diferencia mais pelo

seu valor social do que linguístico.

Assim, o primeiro grupo é avaliado de forma negativa nos setores mais escolarizados, mas é perfeitamente adequado

nos contextos de seu uso. Lembre-se, porém, de que o discurso empresarial deve se pautar pelo nível culto da linguagem,

padronizado pela gramática.

Essa marca da linguagem coloquial apareceu, em 2008, em uma propaganda de um carro francês, e quase ninguém

percebeu o desvio do padrão culto. Vai chover elogios, dizia o texto, quando o correto seria Vão chover elogios...

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4.4.1. Concordância nominal

Adjetivo depois dos substantivos - há duas concordâncias possíveis:

• masculino plural: casaco e bolsa vermelhos;

• com o mais próximo: casaco e bolsa vermelha (neste caso, corre-se o risco de entender que só a bolsa

é vermelha).

Adjetivo antes dos substantivos - concorda com o mais próximo:

Má hora e lugar.

Substantivo modificado por mais de um adjetivo:

• Substantivo no plural: Os setores público e privado atenderam à solicitação do governo.

• Substantivo no singular: é necessária a repetição do artigo: O setor público e o privado atenderam à

solicitação do governo.

É necessário / é permitido / é proibido / é bom:

• Sem artigo, não há flexão: Maçã é bom para as gengivas. / É proibido entrada de menores.

• Com artigo, há concordância com o substantivo: A maçã é boa para as gengivas. / É proibida a entrada

de menores.

Meio:

Numeral (= 1/2): variável (meio/meia/meios/meias). Comeu meia melancia e bebeu meio litro de água. / É meio-dia

e meia (hora).

Advérbio (= um pouco): invariável (só há a forma meio). Elaine estava meio bêbada. / Estavam meio bravos.

Bastante:

Pronome adjetivo (quantidade): variável (bastante/bastantes). Temos bastantes agasalhos. (Embora seja forma

correta, evite.)

Advérbio (intensidade): invariável (só há a forma bastante). Estávamos bastante tristes.

Variáveis: anexo, incluso, mesmo, próprio, quite, obrigado.

As fotos anexas comprovam o delito. / Vão inclusos os recibos de compra de material. / Elas mesmas (próprias)

denunciaram o colega. / Estamos quites com o serviço militar./ Estou quite contigo. / “Muito obrigada”, disse a garota.

Invariáveis: menos, pseudo, alerta (só têm essa forma).

Use menos força. / A deputada é uma pseudodemocrata. / Eu estou alerta. / Nós estamos alerta.

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4.4.2. Concordância verbal

Regra geral: o verbo concorda com o sujeito, mesmo que este venha depois do verbo.

Índices da inflação assustam consumidor.

Sobraram poucos lugares nas arquibancadas.

Aceitam-se sugestões.

Obs.: Se o sujeito é composto e vier resumido pelos pronomes indefinidos tudo, nada, ninguém, cada um, o verbo

fica no singular:

Fome, cansaço, doença, nada os deteria.

Pai, filho e avô, cada um saudou a seu modo o visitante.

Os verbos impessoais haver e fazer ficam sempre na terceira pessoa do singular.

• Haver:21 no sentido de existir, é impessoal, e a impessoalidade é transmitida ao verbo auxiliar:

Haverá festas na Bahia neste mês.

Talvez haja reclamações sobre nosso trabalho.

Poderá/Deverá/Vai haver festas na Bahia neste mês.

• Fazer: é impessoal na indicação de tempo transcorrido ou a transcorrer ou na indicação de fenômenos da

natureza, e a impessoalidade também é transmitida ao verbo auxiliar.

Já faz 20 anos que me formei.

Em agosto vai fazer três anos que ele se casou.

Em setembro faz dias claros e frios.

Pronome pessoal se:

• Partícula apassivadora: o verbo concorda com o sujeito. O verbo é sempre transitivo direto (sem

preposição).

Vende-se casa. / Vendem-se casas. (Casa é vendida. / Casas são vendidas.)

21 É comum, na linguagem coloquial, usar-se o verbo ter com o sentido de haver. Dizia um outdoor: Onde tem festa, tem Antarctica. Em situações que exijam o padrão culto, jamais faça essa substituição.

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Aceita-se encomenda. / Aceitam-se encomendas. (Encomenda é aceita. / Encomendas são aceitas.)

Expediu-se o documento requerido. / Expediram-se os documentos requeridos. (O documento foi expedido. / Os

documentos foram expedidos.)

Para que não haja dúvida quanto ao uso do singular ou do plural, passe a frase para a voz passiva analítica: Alugam-

se apartamentos. = Apartamentos são alugados.

• Índice de indeterminação do sujeito: o verbo fica sempre na terceira pessoa do singular.

Trata-se de problema urgente.

Trata-se de problemas urgentes.

Obs.: É impossível a transformação para a voz passiva porque os verbos são ou intransitivos ou transitivos indiretos

(estes sempre acompanhados de preposição):

Bebe-se bem aqui.

Pensa-se em reformas.

Cuida-se de idosos.

Esse ponto da concordância não é pacífico. Inúmeros linguistas contestam essa dupla classificação do pronome se e

consideram ambos como índice de indeterminação do sujeito. Portanto, não haveria verbos no plural.

No caso de sujeitos que incluam expressões como a maior parte, grande número de, a maioria, o verbo normal e

preferentemente vai para o singular, embora gramáticos aceitem também o plural caso se queira destacar a ideia de

conjunto.

A maior parte dos eleitores estava abismada com o resultado das urnas.

A maioria das mulheres mantém-se submissa aos maridos.

Grande número de foliões amanheceu dançando.

Na porcentagem, o verbo concorda com o termo que especifica o número.

Um por cento dos candidatos sofriam de cirrose.

Noventa por cento da população perdeu seus bens.

• Se só números representarem a porcentagem (sem o termo que a especifique), o verbo concordará com

o numeral.

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Naquele ano, 30% da colheita perdeu-se e 70% foram exportados.

• Se a porcentagem estiver particularizada, o verbo concorda com o numeral.

Os últimos 30% do empréstimo chegarão em maio.

Esse 1% dos gastos fará diferença no final.

• Se o verbo vier antes da porcentagem, concordará com o numeral.

Está perdido 1% da colheita.

Estão perdidos 30% da colheita.

Na fração, o verbo concorda com o numerador.

Um terço dos trabalhadores não recebeu o salário de janeiro.

Dois terços da herança couberam à viúva.

Um (uma) dos (das) que...: o verbo vai sempre no plural.

Ele é um dos que mais reclamam da inflação.

• Concordância com o verbo ser

Se sujeito ou predicativo são nomes de coisas: o verbo concorda com o que está no plural.

Tua vida são mentiras.

Se sujeito ou predicativo indicam pessoa: o verbo concorda com a pessoa.

O homem é cinzas.

Seu orgulho eram os filhos.

Se sujeito ou predicativo é pronome pessoal: o verbo concorda com o pronome.

O professor sou eu.

Nós somos os culpados.

Indicações de hora, dia e distância: o verbo concorda com o predicativo.

É uma hora.

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São duas horas.

É uma légua.

Até a estação de tratamento de água, são 15 quilômetros.

Obs.: Hoje é 15 de novembro ou Hoje são 15 de novembro.

O verbo ser fica invariável nas expressões indicativas de quantidade (é muito, é bastante, é pouco, é suficiente, é

demais):

Quinze quilos é pouco.

Três metros é suficiente.

Dois reais é bastante.

Um é pouco, dois é bom, três é demais.

4.5. Regência verbal e nominal

Regência é o mecanismo que regula as ligações entre verbo ou nome (termos regentes) e seus complementos

(termos regidos). Como a linguagem oral é sempre mais distendida, mais coloquial, existem muitas regências defendidas

pela norma culta às quais a oralidade (pelo menos no Brasil) não obedece. Esteja atento a elas e saiba em que situação

discursiva poderá optar por uma ou por outra.

• Ele referiu-se ao artista plástico. - regência verbal.

• Ele fez referência ao artista plástico. - regência nominal.

• Fez comentários referentes ao artista plástico. - regência nominal.

Em questão de regência, as preposições desempenham papel importantíssimo, por isso um dicionário de regência

verbal e nominal resolve todas as dúvidas. Uma sugestão:

LUFT, Celso Pedro. Dicionário prático de regência verbal. São Paulo: Ática, 2003.

Embora não seja um dicionário específico de regência, o Caldas Aulete (cujo download é gratuito) resolve a maioria

dos problemas.

4.5.1. Regência verbal

Atenção à regência de alguns verbos:

1- Agradar:

• Transitivo direto (sem preposição) = contentar, fazer carinhos.

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45

Agradou o patrão com flores. / Agradou o cachorro.

• Transitivo indireto (rege preposição a) = satisfazer.

As medidas não agradaram ao povo (à população).

2 - Assistir:

• Transitivo direto (sem preposição) = socorrer, ajudar.

O médico assiste o doente. / Dois padres assistem a moça.

• Transitivo indireto (rege preposição a) = ver, presenciar.

Assisti ao debate (à novela).

3 - Atender:

• Complemento pessoa = transitivo direto (sem preposição) ou transitivo indireto (rege preposição a).

Atendeu o cliente (a cliente) ou Atendeu ao cliente (à cliente).

• Complemento coisa = transitivo indireto (rege preposição a).

Atendeu ao telefone e à porta ao mesmo tempo.

4 - Chegar/ir:

Regem a preposição a antes do adjunto adverbial.

Chegamos ao local. / Irão à escola. / Chegamos a Campinas. / Foram ao jogo.

5 - Esquecer/lembrar:

• Não pronominal = transitivo direto (sem preposição).

Esqueci a carteira. / Lembro os fatos.

• Pronominal (lembrar-se, esquecer-se) = transitivo indireto (regem preposição de).

Esqueci-me da carteira. / Lembro-me dos fatos. / Esqueceram-se de mim.

6 - Implicar:

• Transitivo direto (sem preposição) = acarretar.

O atraso implicará perda dos direitos.

Como se vê, não se usa a preposição em.

• Transitivo indireto (rege a preposição com) = ter implicância.

O velho implica com os netos.

• Pronominal (implicar-se) = envolver-se em situações.

João implicou-se em negócios escusos.

7 - Obedecer/desobedecer:

Sempre transitivos indiretos, regendo a preposição a.

Ela obedece sempre aos seus instintos (às suas paixões).

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João desobedece ao farol (à ordem).

8 - Pagar/perdoar:

• Quando o objeto refere-se a coisa = transitivo direto.

Não pagamos a conta de luz.

Perdoaram o seu erro.

• Quando o objeto refere-se a pessoa = transitivo indireto (rege preposição a).

Já pagamos à empregada.

Perdoamos sempre aos entes queridos.

9 - Preferir:

Transitivo direto e indireto (rege preposição a).

Prefiro doces a salgados.

Todos preferiam o elogio à censura.

Atenção: não se usa do que, nem muito mais, mil vezes etc. Em preferir, já existe o prefixo com tais ideias. Assim,

é errado dizer: Prefiro o cinema do que o teatro. / Prefiro muito mais o cravo que a rosa. Diga: Prefiro o cinema ao

teatro. / Prefiro o cravo à rosa.

10 - Visar:

• Transitivo direto = mirar, apontar a arma.

Ele visou o animal.

• Transitivo direto = passar visto, assinar.

O diretor visou os requerimentos.

• Transitivo indireto (rege preposição a) = objetivar, ter em vista.

Não visamos a lucros excessivos (a nenhuma condecoração). / Visavam ao bem-estar da população (à felicidade da

população). / Carlos só visava ao poder.

11 - Pronome relativo:

Quando o pronome relativo (como que, quem, o/a qual, os/as quais, onde, cujo/a, cujos/as) funciona como

complemento de um verbo, deve-se respeitar-lhe a regência.

Gostei do filme que vi. - quem vê, vê alguma coisa (sem preposição).

a que assisti. - quem assiste, assiste a alguma coisa.

de que o crítico falara. - quem fala, fala de alguma coisa.

a que ele se opôs - quem se opõe, opõe-se a alguma coisa.

12 - Verbos com regências diferentes:

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É erro comum colocar-se um só complemento para verbos com regências diferentes. Ex.: Ele entra e sai da sala a

todo momento.

Há dois verbos – entrar e sair – cada qual com sua regência: entrar em // sair de. Assim, a frase correta é: Ele entrava

na sala e dela saía a todo momento.

4.5.2. Regência nominalAqui está uma pequena relação de substantivos e adjetivos acompanhados de suas preposições mais usuais:

• acessível a;

• acostumado a, com;

• afável com, para com;

• agradável a;

• alheio a, de;

• análogo a;

• ansioso de, para, por;

• apto a, para;

• aversão a, por;

• ávido de;

• benéfico a;

• capacidade de, para;

• capaz de, para;

• compatível com;

• contemporâneo a, de;

• contíguo a;

• contrário a;

• curioso de, por;

• descontente com;

• desejoso de;

• diferente de;

• entendido em;

• equivalente a;

• escasso de;

• essencial para;

• fácil de;

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• fanático por;

• favorável a;

• generoso com;

• grato a;

• hábil em;

• habituado a;

• horror a;

• idêntico a;

• impróprio para;

• indeciso em.

• insensível a;

• liberal com;

• medo a, de;

• natural de;

• necessário a;

• nocivo a;

• obediência a;

• ojeriza a, por;

• paralelo a;

• parco em, de;

• passível de;

• possível de;

• preferível a;

• prejudicial a;

• prestes a;

• propício a;

• próximo a, de;

• relacionado com;

• respeito a, com, para com

• satisfeito com, de, em, por;

• semelhante a;

• sensível a;

• sito a;

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• suspeito de;

• união a, com, de, entre;

• útil a, para;

• vazio de;

• versado em;

4.6. Crase

A crase, fenômeno diretamente ligado à regência, é a fusão de duas vogais idênticas, normalmente o artigo feminino

a/as ou os pronomes demonstrativos a/as, aquilo, aquela(s), aquele(s) com a preposição a.

4.6.1. Regras práticas

• Substituir o nome feminino por um do masculino. Ex.:

Sentou-se à mesa. / Sentou-se ao piano.

Pagou a dívida à funcionária. / Pagou o salário ao funcionário.

Refiro-me a ela. / Refiro-me a ele.

Resultados possíveis:

Masculino Feminino

Ao (prep. + artigo) À (prep.+ artigo) - crase

A (preposição) A (preposição) - não crase

O (artigo) A (artigo) - não crase

• Substituir à por para a, com a, na, pela, da.

Todas essas formas são contrações de preposições e artigo: na= em+a; pela= por+a, da= de+a. Ex.:

Trazia os sacos às costas. / Trazia os sacos nas costas.

À entrada, via-se uma tabuleta. / Na entrada, via-se uma tabuleta.

Foi à cidade. / Foi para a cidade.

Frase mnemônica:22

Se vou à e venho da, crase há. (Vou à França, venho da França.)

22 Mnemônico: fácil de lembrar.

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Se vou a e venho de, crase pra quê? (Vou a Portugal, venho de Portugal.)

Nunca há crase:

• antes de palavras masculinas: a pé, a cavalo, a álcool (porque o artigo usado seria o/os);

• antes de verbo: a partir de hoje, contas a pagar (porque verbo não admite artigo);

• antes de pronomes de tratamento: a você, a V. S. Exceções: dona, senhora, senhorita (porque antes dos

pronomes de tratamento não há artigo);

• antes de pronomes em geral: a ela, a essa, a cada uma (porque antes de pronomes, em geral, não há

artigo);

• nas expressões formadas por palavras repetidas: cara a cara, face a face, frente a frente (porque inexiste

o artigo);

• com a preposição a + substantivo feminino plural: dirigiu-se a pessoas estranhas. Vamos a regiões pobres

(porque esse a é uma preposição; se houvesse artigo, seria as, para acompanhar o substantivo feminino

plural = Dirigiu-se às pessoas estranhas. Vamos às regiões pobres);

• antes de nomes de cidades sem determinação: Vou a Roma. / Voltou a São Paulo. / Chegamos a Taubaté

(porque esses nomes não aceitam artigo).

Obs.: Haverá crase se o nome da cidade vier determinado: vou à Roma dos Césares. / Voltou à poluída São Paulo.

/ Chegamos à Taubaté de Monteiro Lobato.

Sempre há crase:

• na indicação do número de horas: às duas horas, à zero hora, à uma hora, das 13 às 16 horas;

• na expressão à moda de (mesmo que moda de esteja oculta): Salto à Luís XV. / Bife à milanesa. / Gol à

Pelé;

• nas expressões adverbiais femininas (menos nas de instrumento): Saí à noite. / Ficou à espreita. / Saiu às

pressas. / (mas: Escreveu a caneta, carro a gasolina, barco a vela);

• nas locuções prepositivas e conjuntivas: à força de, à roda de, à frente de, etc. / à medida que, à

proporção que.

4.6.2. Casos facultativos

• Antes de nomes próprios femininos.23 Ex.: Dei o livro à Rita. ou Dei o livro a Rita.

• Antes de pronomes possessivos femininos.24 Ex.: O professor referiu-se a sua reportagem. ou O professor

referiu-se à sua reportagem.

• Depois da preposição até. Ex.: Fui até a estação. ou Fui até à estação.

23 Na verdade, o uso da crase não é optativo, mas obedece à presença ou não de artigo diante do nome feminino. Assim, no Nordeste, costuma-se dizer “Maria não veio” (sem o artigo). Nesse caso, não se pode usar o acento indicativo da crase em “Dei o livro a Maria”. Mas, em São Paulo, diz-se: “A Maria não veio” (com o artigo). Nesse caso, deve-se usar o acento indicativo da crase em “Dei o livro à Maria”.24 O mesmo ocorre com o pronome possessivo, que pode ser empregado com ou sem artigo (mas neste caso não existem diferenças regionais).

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4.6.3. Casos especiais 1

Casa (no sentido de lar):

• Sem determinação, não há crase. Ex.: Voltou a casa. / Chegamos a casa cedo.

• Se houver determinação, haverá crase. Ex.: Chegamos à casa do reitor. / Fui à casa de Irene.

Terra:

Há crase se o sentido for de pátria, planeta. Ex.: Voltaram à terra prometida. / A nave voltou à Terra.

Não há crase, quando terra se opuser a mar ou ar (isto é, quando se opuser a a bordo). Ex.: Os tripulantes desceram

a terra.

Distância:

• Se a distância não estiver determinada, não haverá crase. Ex.: A distância, não se enxergava o avião./

Ensino a distância.

• Só há crase se a distância vier determinada. Ex.: No zoológico os animais são mantidos à distância de cem

metros.

4.6.4. Casos especiais 2

Aquele (s), aquela (s), aquilo: Sempre que o termo regente exigir preposição, haverá crase. Ex.: Refiro-me

àqueles livros. / Prefiro isto àquilo.

A que / à que – regra prática: se com o antecedente masculino ocorrer ao, haverá crase no feminino; se com o

antecedente masculino ocorrer a, não haverá crase no feminino. O mesmo acontece com a qual e as quais.

Ex.: Não gostei da garota a que (do garoto a que) você se referiu. / Não gostei da garota à qual (do garoto ao qual)

você se referiu.

Houve uma sugestão (um palpite) anterior à (ao) que você deu.

4.7. Uso dos pronomes

4.7.1. Pronomes pessoais

• Para mim/ para eu: usa-se para eu quando o pronome estiver na posição de sujeito; se o pronome

estiver na posição de objeto indireto, use para mim.

Trouxe os livros para mim.

Trouxe os livros para eu ler.

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52

Mostrou-me as contas para eu conferir.

Para mim, conferir contas é um trabalho enfadonho.

Entre mim e ti: é errado dizer entre eu e tu, porque os dois pronomes são regidos por preposição. Assim, só se

podem usar os pronomes oblíquos.

Entre mim e ti, não pode haver ressentimentos. / Entre eles e mim, não pode haver mais acordo.

• Conosco e convosco: são utilizados na forma sintética, exceto se vierem seguidos de outros, todos,

mesmos.

Queriam falar conosco.

Queriam falar com nós mesmos.

4.7.2. Pronomes indefinidos

• Todo/ todo o:

Todo = qualquer: Todo cidadão deve respeitar a lei.

Todo o = inteiro: Todo o Brasil comoveu-se com a tragédia.

• Todos: sempre exige o artigo os: Todos os manifestantes foram presos.

4.7.3. Pronomes possessivos

• Seu x dele:

Para neutralizar a ambiguidade que pode se instalar em frases como: Ele não aceitou sua nomeação (sua de quem?),

usa-se dele(s)/dela(s) quando se quer indicar a pessoa de quem se fala: Ele não aceitou a nomeação dela.

Às vezes, os pronomes pessoais me, te, nos, vos, lhe, lhes podem ter o valor de um pronome possessivo. Ex.:

Rasgaram-me a camisa (= Rasgaram a minha camisa).

É facultativo o uso do artigo antes do pronome possessivo; assim, ambas as frases estão corretas: Meu carro está

sem gasolina. / O meu carro está sem gasolina.

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4.7.4. Pronomes demonstrativos

Quadro 3. Pronomes demonstrativos

Pessoas verbais

Pronomes demonstrativos (função dêitica25)

Tempo Discurso (o demonstrativo não está em situação de

dêixis, apontando para algo extralinguístico, mas refere-se a algo que está no próprio texto)

Eu (a

pessoa que

fala)

Este (aqui que está perto

de mim) – estes, esta, estas,

isto, e suas contrações: neste,

nestas, nisto, deste disto etc.

Ex.: Neste (aqui) quarto

em que estou ouve-se muito

barulho.

Estas anotações (aqui)

são valiosas.

Presente e futuro

Ex.: Neste ano (em

que estamos), pretendo

comprar uma casa.

Nestas próximas

semanas, visitarei o Rio.

Catafórico:2 indica tudo o que se

anuncia num texto.

Ex.: Estas (ainda vou dizer quais)

foram as palavras do rapaz: “Pretendo

estudar nos Estados Unidos”.

Tu, você (a

pessoa com

quem se fala)

Esse (aí que está com

você) - esses, essa, essas,

isso, e suas contrações:

nesse, nessas, nisso, desse,

disso etc.

Ex.: Nesse (aí) quarto em

que você está ouve-se muito

barulho.

Essas anotações (aí) são

valiosas.

Passado

Ex.: Em 1998, o rapaz

formou-se em arquitetura.

Nesse ano, participou da

Bienal.

Anafórico:3 retoma tudo o que já

foi dito no texto.

Ex.: “Pretendo estudar nos

Estados Unidos.” Essas (que acabei

de dizer) foram as palavras do rapaz.

Veja um exemplo fora do quadro.

Ele (a

pessoa de

quem se fala)

Aquele (lá, ali que está

lá longe) - aqueles, aquela,

aquelas, aquilo e suas

contrações: naquele, naquela,

naquilo, daquele, daquilo etc.

Ex.: Naquele quarto (lá)

em que você estava, ouvia-se

muito barulho.

Aquelas anotações (que

estão lá, no caderno do

pesquisador) são valiosas.

Passado remoto

Ex.: Em 1879, meu avô

nascia na Itália. Naquele

ano, seu pai decidiu

emigrar para o Brasil.

(Nada impede, porém, que

seja usado esse.)

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54

A explicação a seguir só se aplica a períodos em cuja primeira oração há dois termos. Ex.: Franceses e alemães

gostam de beber. Estes preferem cerveja; aqueles, vinho.

Este: indica, numa oração, o termo mais próximo: Conversei com Eduarda e Carlos; este (Carlos) parecia nervoso,

aquela, tranquila.

Aquele: identifica, numa oração, o termo mais distante: Prenderam Gaspar e Marieta: esta (Marieta) é fluminense;

aquele (Gaspar), baiano.

4.7.5. Pronomes relativos

• Que / quem (o/a qual; os/as quais)

Já li o livro que comprei.

Esta é a mulher a quem prestei assistência.

O livro de que mais gostei foi Quincas Borba.

O filme a que assisti durou duas horas.

O rio Tietê, que corta a cidade de São Paulo, está poluidíssimo.

Obs.: usam-se o/a qual, os/as quais quando houver problema de ambiguidade na frase: Conheci a amiga do candidato

que todos queriam abraçar / Conheci a amiga do candidato, a qual todos queriam abraçar.

• Onde (em que; no/na qual; nos/nas quais)

Estabelece uma relação de lugar, somente:

Chutou no canto onde estava o goleiro.

A rua em que moro ainda não foi asfaltada.

• Cujo (cujos, cuja, cujas)

Estabelece uma relação de posse (equivale ao possessivo seu/sua/seus/suas):

Este é o livro cuja leitura o professor recomendou.

São estes os autores a cujas obras me referi.

Tirei o colete em cujo bolso encontrei moedas.

As nações do terceiro mundo, cujas economias são instáveis, deveriam solidarizar-se.

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Os pronomes relativos virão precedidos de preposição se a regência assim determinar. Observe o quadro a seguir:

Quadro 4. Regência com pronomes relativos

Preposição exigida pelo verbo

Pronome relativo Termo regente

Havia condições a (às) que (quais) nos opúnhamos.

(opor-se a)

Havia condições com que (as quais) n ã o

c o n c o r d á v a m o s .

(concordar com)

Havia condições de (das) que (quais) desconf iávamos.

(desconfiar de)

Havia condições de cuja v e r a c i d a d e

d e s c o n f i á v a m o s

(desconfiar de)

Havia condições em (nas) que (quais) insistíamos. (insistir

em)

Havia condições que nos prejudicavam.

(= sujeito)

4.7.6. Pronomes de tratamento

Pronomes de tratamento são aqueles com os quais nos dirigimos às pessoas de maneira cerimoniosa. Embora sejam

expressos na segunda pessoa (singular ou plural: vossa/ vossas), a concordância verbal será feita na terceira pessoa.

Os pronomes usados (pessoais e possessivos) também serão de terceira pessoa.

Ex.: Peço que Vossa Senhoria se digne enviar seu relatório.

Obs.: Quando se fala da/sobre a autoridade, deve-se usar Sua Excelência, Sua Majestade... Ex.: Leve estes

documentos para Sua Excelência. Ele acabou de pedi-los. / O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva viajou a Cuba. Lá,

Sua Excelência conversou com Fidel Castro.

Vossa Excelência (V. Exª.) é o pronome usado para dirigir-se às seguintes autoridades:

a) do Poder Executivo: presidente da República, vice-presidente da República, ministros de Estado, secretário-geral

da Presidência da República, consultor-geral da República, chefe do Estado-Maior da Forças Armadas, chefe do Gabinete

Militar da Presidência da República, chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República, secretários da Presidência

da República, procurador-geral da República, governadores e vice-governadores de estado e do Distrito Federal, chefes

de Estado-Maior das três Armas, embaixadores, secretário executivo e secretário nacional de ministérios, secretários de

Estado dos governos estaduais, prefeitos municipais;

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b) do Poder Legislativo: presidente, vice-presidente e membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,

presidente e membros do Tribunal de Contas da União e dos Tribunais de Contas Estaduais, presidentes e membros das

Assembleias Legislativas Estaduais, presidentes das Câmaras Municipais;

c) do Poder Judiciário: presidente e membros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do

Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais,

dos Tribunais Regionais Eleitorais e dos Tribunais Regionais do Trabalho, juízes e desembargadores, auditores da Justiça

Militar.

O vocativo para os chefes de Poder é excelentíssimo senhor, seguido do cargo: excelentíssimo senhor presidente

da República, excelentíssimo senhor presidente do Senado, excelentíssimo senhor presidente do Tribunal Superior do

Trabalho. Para as demais autoridades, usa-se o vocativo senhor, seguido do cargo: senhor prefeito, senhor deputado,

senhor juiz.

Vossa Senhoria (V. Sª.) deve ser empregado para as demais autoridades e para os particulares. O vocativo é senhor,

seguido do cargo: senhor diretor.

Vossa Magnificência (V. Magª.) é empregado para reitores de universidades.

Vossa Santidade (V. S.) é usado para o papa. O vocativo é santíssimo padre.

Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima (V. Emª. ou V. Emª. Revmª.) empregam-se para cardeais. O

vocativo é excelentíssimo senhor cardeal ou excelentíssimo e reverendíssimo senhor cardeal

Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exª. Revmª.) usa-se para arcebispos e bispos.

Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima (V. Revmª. ou V. Sª. Revmª.) usa-se para monsenhores,

cônegos e superiores religiosos.

Vossa Reverência (V. Revª.) é usado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos.

4.7.7. Mesmo

Se um departamento apresenta o mesmo problema da última auditoria, significa que só há um problema e que ele

não foi resolvido. Se um departamento apresenta um problema igual (semelhante) ao da última auditoria, significa que

há outro problema com as mesmas características do anterior.

Comer um pão igual ao de ontem é diferente de comer o mesmo pão de ontem.

O mesmo, a mesma, os mesmos, as mesmas não são pronomes pessoais. Assim, não devem ser usados como

elementos de coesão.

Não diga: Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo está parado no andar.

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Diga: Antes de entrar, verifique se o elevador está parado no andar. ou Antes de entrar no elevador, verifique se ele

está parado no andar.

4.8. Vícios de linguagem

Contra as qualidades do texto (clareza, concisão, correção, elegância), operam os defeitos, também catalogados

como vícios de linguagem.

Barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta. Eles ocorrem em:

• grafia: analizar por analisar;

• pronúncia: rúbrica por rubrica;

• morfologia: deteu por deteve;

• semântica: O iminente jurista presidiu a seção, por eminente e sessão;

• estrangeirismo: utilização desnecessária de termos em outras línguas: delivery, sale/off, mise-en-scène

em lugar de entrega em domicílio, liquidação e encenação, respectivamente. É claro, porém, que em

algumas áreas, como a informática, em que ainda não existem os termos em português, o estrangeirismo

pode ser usado: hot site, webcam etc.

Solecismo: é representado por qualquer erro de sintaxe:

• de concordância: Fazem anos que não o vejo (por faz);

• de regência: Esqueceram de mim (por esqueceram-se de mim ou esqueceram-me);

• de colocação: Não coloque-a aqui (por não a coloque) ou Sapatos para homens sob medida.

Cacofonia: é representada por qualquer sequência silábica que provoque som desagradável: A boca dela é enorme.

A cacofonia compreende:

• cacófato, o encontro de sílabas que forma palavra obscena ou escatológica: Foi eleita miss Java. / Nunca

gaste todo seu dinheiro;

• eco, repetição de terminações iguais, sobretudo na língua oral: Frequentemente, o presidente sente dor

de dente quando viaja ao Oriente. / O hospital municipal de Jaboticabal vai mal;

• colisão, repetição de consoantes iguais ou semelhantes: O monstro medonho mede mais ou menos um

metro e meio;

• hiato, sequência ininterrupta de vogais: Ou eu o ouço, ou eu o ignoro.

Ambiguidade: é o duplo sentido decorrente da construção defeituosa da frase.

O guarda deteve o suspeito em sua casa (casa de quem?).

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“O presidente americano [...] produziu um espetáculo cinematográfico em novembro passado na Arábia Saudita,

onde comeu peru fantasiado de marine no mesmo bandejão em que era servido aos soldados americanos” (Veja,

9.jan.1991) .

Um modo de corrigir: “O presidente americano [...] produziu um espetáculo cinematográfico em novembro passado

na Arábia Saudita, quando, fantasiado de marine, comeu peru no mesmo bandejão em que a ave era servida aos

soldados americanos”.

Redundância: consiste na repetição desnecessária de informação.

O cantor usava brinco nas duas orelhas.

Há muitos anos atrás...

Não quero que isto se repita outras vezes.

Ondismo: uso incorreto do pronome relativo onde, que só pode ser utilizado em relação a lugar físico. Ex.: A rua

onde deixei o carro é pouco movimentada.

Exemplos de uso incorreto: “Abusou da regra três onde o menos vale mais” (Vinicius de Morais) / “O PSOL tem sido

discriminado nesses debates onde há uma polarização indisfarçada para os candidatos Dilma e Zé Serra” (Plínio de

Arruda Sampaio).

Queísmo: consiste no uso indiscriminado da palavra que. Ex.: O jornalista que redigiu a reportagem que apareceu

no jornal receberá o prêmio que todos desejavam. (O jornalista redigiu a reportagem que apareceu no jornal e receberá

o prêmio ambicionado por todos.)

Expressões da oralidade: inadequação da variedade utilizada à situação de comunicação ou ao gênero que está

sendo empregado. Por exemplo, o uso de uma variedade popular num gênero em que se exige a norma culta, como o

texto acadêmico, ou o uso de termos chulos numa situação de comunicação em que sua utilização causa estranheza e

constrangimento.

Ex.: Os grevistas rejeitaram o aumento proposto pelo governo. Enquanto o líder da situação defendia na Câmara os

novos índices, os trabalhadores faziam do lado de fora o maior auê (tumulto), achando que o governo não estava com

nada (não estava com razão).

Formas nominais: Uma construção defeituosa muito corrente é a que usa verbos no gerúndio, no particípio e no

infinitivo. Como essas formas nominais frequentemente omitem o sujeito, o sujeito da oração seguinte serve para as

duas, o que pode provocar a obscuridade, como nesta frase:

Passeando pela rua, o caminhão atropelou o menino.

Como o gerúndio passeando não tem sujeito, automaticamente, acredita-se que o sujeito da oração seguinte

(caminhão) funcione como seu também. Para “consertar” a frase, bastaria mudar o sujeito da oração principal:

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59

Passeando pela rua, o menino foi atropelado pelo caminhão. Ou desdobrar a oração reduzida de gerúndio: Quando o

menino passeava pela rua, o caminhão o atropelou.

4.9. Verbo

Utilize sempre o recurso de conjugação de verbos de seu dicionário eletrônico.

Os verbos dividem-se em:

1. Regulares: aqueles cujo radical25 não se altera e cujas terminações seguem o modelo da conjugação a que

pertencem:

Cantar – primeira conjugação.

Vender – segunda conjugação

Partir – terceira conjugação.

2. Irregulares: aqueles cujo radical se altera ou cujas terminações não seguem o modelo da conjugação à qual

pertencem:

Saber – saiba (alteração no radical).

Dar – dou (desinência não é a do modelo da primeira conjugação.

3. Anômalos: aqueles cuja conjugação inclui mais de um radical:

Ser – sou, era, fui, seja, fosse.

4. Defectivos: aqueles em que falta alguma forma de conjugação:

Reaver – no presente do indicativo, só tem a primeira e a segunda pessoas do plural: nós reavemos, vós reaveis;

consequentemente, não tem o presente do subjuntivo, nem o imperativo negativo e só a segunda pessoa do plural do

imperativo afirmativo.

Explodir – no presente do indicativo, não tem a primeira pessoa do singular; consequentemente, nem o presente

do subjuntivo, nem o imperativo negativo e só as segundas pessoas do singular e do plural do imperativo afirmativo.

5 - Abundantes: os que apresentam mais de uma forma para o particípio:

Acender: acendido e aceso.

25 Radical: Elemento que serve de base às palavras de uma mesma família etimológica e que é tomado como ponto de partida para o estudo da estrutura dos vocábulos numa língua, como luc-, luz-, em elucidar, translúcido, luzir.

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Submergir: submergido e submerso.

6. Auxiliares: aqueles desprovidos total ou parcialmente de sentido próprio que se juntam a outro verbo e formam

uma unidade de significado, constituindo, assim, uma locução verbal. Alguns verbos auxiliares são: ser, estar, ficar, ter,

haver, continuar, ir, vir, começar, acabar etc.

O turismo tem ajudado o desenvolvimento de países pobres.

Ele está cercado de corruptos.

Continua chovendo.

4.9.1. Modos e tempos verbais

• Modo indicativo: indica certeza do falante em relação àquilo que enuncia.

Tempos:

Presente: dou.

Pretérito perfeito: dei.

Pretérito imperfeito: dava.

Pretérito mais que perfeito: dera (simples), tinha/havia dado (composto).

Futuro do presente: darei (simples), terei dado (composto).

Futuro do pretérito: daria (simples), teria dado (composto).

• Modo subjuntivo: exprime atitude de incerteza ou condicionamento do falante perante o processo

que enuncia. É usado em orações que dependem de verbos cujo sentido está ligado à ideia de ordem,

proibição, desejo, vontade, súplica, como desejar, duvidar, implorar, lamentar, negar, ordenar, pedir, proibir,

querer, rogar, suplicar.

Tempos:

Presente: que eu dê.

Pretérito perfeito: que eu tenha dado.

Pretérito imperfeito: se eu desse.

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Pretérito mais que perfeito: se eu tivesse dado.

Futuro: der (simples), tiver dado (composto).

• Modo imperativo: exprime atitude de ordem ou solicitação.

Afirmativo: dá tu, dê ele, demos nós, daí vós, deem eles.

Negativo: não dês, não dê, não demos, não deis, não deem.

4.9.2. Formas nominais

• Infinitivo:

Impessoal: dar (simples), ter dado (composto).

Pessoal: dar eu, dares tu, dar ele, darmos nós, dardes vós, darem eles (simples), ter dado, teres dado, ter dado,

termos dado, terdes dado, terem dado (composto).

Há dois tipos de infinitivo em português: o impessoal e o pessoal. Essa é uma das matérias mais controversas da

gramática da língua portuguesa. Na dúvida:

• não flexione o infinitivo;

• o ritmo, a eufonia e a clareza da frase, em muitos casos, sobrepõem-se a quaisquer regras.

Regra básica: o infinitivo é flexionado quando o seu sujeito e o do verbo principal são diferentes:

Os eleitores acreditam serem Maluf e Fernando Henrique candidatos honestos. (Sujeito da oração principal = os

eleitores; sujeito da segunda oração = Maluf e Fernando Henrique.)

(Eu) Peço-lhes o favor de (vocês) não chegarem atrasados.

O magistrado repreendeu os patronos por não procederem com urbanidade na audiência.

Com sujeitos iguais, não há flexão: (Nós) Temos o prazer de (nós) participar a vocês nosso novo endereço.

O infinitivo é flexionado na terceira pessoa do plural para indeterminar o sujeito: Vi executarem os criminosos.

• Gerúndio

Há dois tipos de gerúndio:

• Simples: expressa uma ação em curso ou simultânea a outra:

Mexendo em velhos papéis, encontrei sua carta.

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Apresentou-se sapateando e cantando.

• Composto: expressa uma ação concluída:

Tendo chegado à igreja, sentou-se e orou.

Evite a repetição excessiva do gerúndio, pois a frase perde a força. Isso não quer dizer, porém, que ele seja

abominável. Pelo contrário: pode e deve ser usado para expressar uma ação em curso ou simultânea a outra ou para

exprimir a ideia de progressão indefinida.

O gerúndio está correto quando:

• modifica um verbo para juntar-lhe uma circunstância de:

Ð causa: Não tendo dinheiro, contentava-se em olhar vitrines. (Como não tinha...);

Ð modo: Dizendo impropérios, fechou a porta. (De que modo.);

Ð condição: Podendo, escreverei o texto ainda hoje. (Se puder...);

Ð concessão: Mesmo sabendo que seria preso, saiu à rua. (Apesar de saber...);

Ð tempo: Estando ele de bom humor, a noite era agradável. (Quando estava...).

• modifica um substantivo ou palavra substantivada:

Vi crianças pedindo esmolas. (...que pediam...)

Eram pedras caindo sobre o ônibus. (... que caíam...)

Dois ou mais gerúndios só devem aparecer num mesmo período quando ligados pelas conjunções e, ou e nem.

Nunca se sabia se estavam chegando ou partindo.

Passaram a noite comendo, bebendo e jogando.

A forma vou estar + gerúndio está correta quando comunica a ideia de uma ação (durativa) que ocorre no momento

de outra. Ex.: Vou estar dormindo quando ele chegar.

Gerúndio incorreto:

“Gerundismo”: a expressão vou estar + gerúndio é errada quando não indicar um aspecto durativo, mas somente a

ação: Ex.: Vou estar passando seu recado.

Quando equivale a uma oração adjetiva. Ex.: Precisa-se de um empregado falando inglês. (... que fale...)

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Sendo que: é um péssimo recurso de expressão, evitável em todos os casos.

• Particípio: dado.

Alguns verbos possuem dois particípios, um regular, aceitado, por exemplo, e outro irregular, aceito. Por isso, são

chamados abundantes. Em geral, o particípio regular é empregado com os verbos ter e haver e o irregular com ser e

estar. Com os irregulares, exprimimos sobretudo o estado (por isso, eles também são adjetivos); com os regulares, a

ação.

O verbo chegar tem somente o particípio regular: chegado. Portanto, Eu tinha chego não existe.

Com alguns desses verbos, todavia, já não se faz distinção, ou seja, na mesma situação emprega-se tanto um quanto

o outro particípio:

Os sábados e domingos, ele tem gasto/gastado em comícios e reuniões políticas.

Foi assassinado a tiros mesmo depois de a família ter pago/pagado o resgate.

Vamos entrevistar aquelas pessoas que têm ganho/ganhado na Sena repetidamente.

Não temos elegido/eleito nosso candidato há vários anos. (Mas, com os auxiliares ser e estar, só há uma opção: Ele

foi eleito senador.)

Com o particípio, não se usa nunca melhor. Deve-se usar mais bem: Ele é mais bem remunerado que o primo. /

Queremos brasileiros mais bem educados.

No endereço http://revista-eletronica.blogspot.com/2009/03/para-voce-estar-passando-adiante.html, há um texto

de Ricardo Freire sobre gerundismo.

5. REFERÊNCIAS

ALMEIDA Jr., A. Biologia educacional. São Paulo: Nacional, 1965.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

CHALHUB, Samira. Funções da linguagem. São Paulo: Ática, 1987. Série Princípios.

FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 16ª ed. São Paulo:

Ática, 2001.

GOLD, Míriam. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na era da globalização. São Paulo: Makron

Books, 1999.

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GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto. São Paulo: Ática, 1990.

JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1987. Trad. Izidoro Blikstein e José Paulo

Paes.

KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1999.

LUFT, Celso Pedro. Minidicionário Luft. 9ª ed. São Paulo: Ática; Scipione, [199-].

OLIVEIRA, J. P. Moreira: MOTA, C. A. Paula. Como escrever melhor. São Paulo: Publifolha, 2000.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no primeiro e segundo graus. São Paulo: Cortez, 1996.

VELOSO, Caetano. Luz do sol. In: ________. Meu bem, meu mal. LP. Rio de Janeiro: Fontana, 1985.