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ATENÇÃO PRIMÁRIA AMBIENTAL – UMA METODOLOGIA EM CONSTRUÇÃO por Francisco de Assis Quintieri Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública Orientador: Prof Dr. Odir Clécio da Cruz Roque Rio de Janeiro 2003

ATENÇÃO PRIMÁRIA AMBIENTAL – UMA METODOLOGIA EM … · ATENÇÃO PRIMÁRIA AMBIENTAL – UMA METODOLOGIA EM CONSTRUÇÃO por ... sua realização e, ainda, prestando informações

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ATENÇÃO PRIMÁRIA AMBIENTAL – UMA

METODOLOGIA EM CONSTRUÇÃO

por

Francisco de Assis Quintieri

Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre em Ciências na área de Saúde Pública

Orientador: Prof Dr. Odir Clécio da Cruz Roque

Rio de Janeiro 2003

Catalogação na fonte Centro de Informação Científica e Tecnológica Biblioteca Lincoln de Freitas Filho

Q7a Quintieri, Francisco de Assis

Atenção primária ambiental: uma metodologia em construção. / Francisco de Assis Quintieri. Rio de Janeiro : s.n., 2003.

viii, 62 p., ilus., graf. Orientador: Roque, Odir Clécio da Cruz Roque Dissertação de Mestrado apresentada à Escola

Nacional de Saúde Pública.

1.Cuidados primários de saúde. 2.Participação

comunitária. 3.Educação ambiental. I.Título.

CDD - 20.ed. – 363.7

ii

Ao meu querido pai (in memoriam) e minha

querida mãe que junto com Deus são os

responsáveis pela minha existência e os

grandes incentivadores da minha formação

cultural, moral e espiritual.

Eu amo vocês

À minha mulher e companheira Lecymar

pela vibração, incentivo, carinho, e

paciência nas horas mais difíceis, de

conclusão desse trabalho.

Eu te amo

Aos meus filhos Pablo e Clarissa, meus

maiores tesouros e inspiração para as

minhas conquistas.

Eu amo vocês

iii

AGRADECIMENTOS

Ao meu amigo e orientador Prof. Dr. Odir Clécio da Cruz Roque pela sua dedicação, atenção paciência e principalmente a grande amizade. Sinceramente obrigado. Aos todos os professores da ENSP pelos conhecimentos passados e em especial ao Prof. Cynamon e Professora Cynara pelo apoio dado e por terem aceitado participar da minha banca. A Dra Filomena Kotaka e ao Dr. Guilherme Franco Netto pelo apoio, e também por terem aceitado participar da minha banca. A Coordenação Regional da Funasa do Espírito Santo por ter viabilizado a minha viagem aos Municípios do estado, em especial ao seu Coordenador Regional Dr. Nardoto pelo apoio recebido. Ao engenheiro e amigo Eurico Suzart Neto, da Coordenação Regional da FUNASA do ES pela sua atenção, gentileza e dedicação em traçar o roteiro da minha viagem, sugerindo as localidades a serem visitadas, providenciando todo o apoio necessário a sua realização e, ainda, prestando informações sobre os municípios quando por mim solicitado. Ao engenheiro e amigo Marcos Rezende, da Coordenação Regional da FUNASA do ES, também pela sua atenção e gentileza me dando todo o apoio na Coordenação Regional além de me acompanhar na viagem aos municípios. Ao arquiteto e amigo Alexandre pela revisão e correção do abstract Aos meus colegas de turma Ernesto, João, Márcio, Tatsuo e em especial aos amigos e colegas de trabalho Lúcio Bandeira e Marcos Muffareg que caminharam junto comigo com o mesmo objetivo, e ainda ao Marcos Muffareg pelo material bibliográfico cedido que muito me ajudou. Ao Dr. Ivan Estribí pelo apoio recebido devido ao tema escolhido. A todos os meus companheiros de trabalho Divisão de Engenharia de Saúde Pública - DIESP, FUNASA-RJ, que de alguma forma apoiaram e colaboraram para a realização dessa dissertação. A todos as pessoas, amigos, parentes e companheiros que mesmo sem a participação direta no trabalho, tiveram em algum momento uma palavra de incentivo. A meu filho Pablo por me ajudar na preparação da apresentação da dissertação.

iv

SUMÁRIO

Pag FICHA CATALOGRÁFICA ii AGRADECIMENTOS iii LISTA DE FIGURAS vi RESUMO vii ABSTRACT viii 1 - INTRODUÇÃO 1 2 - OBJETIVOS 4

2.1 – Geral 4 2.2 - Específicos 4

3 - REVISÃO DE LITERATURA 6

3.1 - Origem e Conceito de Atenção Primária Ambiental (APA) 6 3.2 - Centros de Atenção Primária Ambiental (CAPA) e Eco Clubes 8 3.3 - Problemas Ambientais 11 3.4 - O Desafio da Atenção Primária Ambiental 15

5 - EXPERIÊNCIAS COM ESTRATÉGIAS DE APA 19

5.1 - Experiência em Toledo – Paraná 19 5.1.1 - Descrição da Experiência 19 5.1.2 - Princípios Básicos e Características do Projeto da Cidade 22 5.1.3 - Indicadores de Resultados, Objetivos e Impactos 22 5.1.4 - Lições Aprendidas: Conclusões e Recomendações

para a Experiências 23

5.2 - Experiência em Vitória – ES 26 5.3 - Experiência em São Mateus – ES 29

5.4 - Experiência em São Sebastião da Vala, Aimorés – MG 33

5.5 - A Esquistossomose em Poço Comprido, Macaparana – PE 35

5.5.1 - Principais Problemas Ambientais 36 5.5.2 - Soluções, Resultados e Conclusões do Projeto 37

5.6 - Experiência com Trabalhos na Fundação Nacional de Saúde - Funasa 38 6 - COMENTÁRIOS E DISCUSSÕES 44 7 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 52 8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 56 ANEXO I 61 GLOSSÁRIO 60

v

LISTA DE FIGURAS

Pág

Figura 1 Cobertura com sistemas públicos de abastecimento de água na área urbana e rural no Brasil (em 1.000.000 de habitantes).

12

Figura 2 Cobertura com sistemas públicos de esgotamento sanitário na área urbana e rural no Brasil (em 1.000.000 de habitantes).

13

Figura 3 Quantidade diária de lixo coletado por região no Brasil (t/dia). 14

Figura 4 Vista da entrada da sede administrativa do Parque Taboazeiro, Vitória/ES, 2002.

27

Figura 5 Reunião na sede administrativa do parque com integrantes do Centro de Atenção Primária Ambiental, Vitória/ES, 2002.

27

Figura 6 Reunião na sede administrativa do parque com integrantes do Centro de Atenção Primária Ambiental, Vitória/ES, 2002.

27

Figura 7 Vista da entrada da área do viveiro botânico de plantas medicinais, Vitória/ES, 2002.

28

Figura 8 Área cercada do Viveiro Botânico de Plantas medicinais, Vitória/ES, 2002.

28

Figura 9 Vista de prédio principal da sede do Projeto Araçá, São Mateus/ES, 2002.

30

Figura 10 Educandos realizando tarefas nas oficinas de trabalho, São Mateus/ES, 2002.

30

Figura 11 Educandos realizando tarefas nas oficinas de trabalho, São Mateus/ES, 2002.

30

Figura 12 Área onde são recebidos e separados materiais para serem utilizados em trabalhos nas oficinas, São Mateus/ES, 2002.

31

Figura 13 Reunião na escola municipal Honório Vicente de Oliveira com integrantes do Eco-clube de São Sebastião da Vala, Aimorés/MG, 2002.

34

Figura 14 Vista do prédio do Instituto Terra, Aimorés/MG, 2002. 34

Figura 15 Parte da área da sede do Instituto Terra, Aimorés/MG, 2002. 34

Figura 16 Justificativas indicadas por municípios do Brasil que interromperam a coleta seletiva de lixo - Relatório PNSB 2000.

46

vi

RESUMO

Esta dissertação tem como objetivo geral auxiliar os municípios na busca de

soluções para os seus problemas ambientais, com ênfase nas questões relacionadas ao

saneamento, através do relato de experiências realizadas em outros municípios que

propuseram soluções para os seus problemas ambientais baseados na estratégia de

Atenção Primária Ambiental (APA) promovida pela OMS/OPAS (1998).

Utilizou-se como metodologia pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo com

visitas a municípios no Estado do Espírito Santo, que utilizam essa estratégia, a fim de

conhecer o trabalho que estão realizando e fazer uma discussão sobre esse tema que

utiliza a participação da população na promoção de ações de saúde e meio ambiente

com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.

Será mostrada a importância da criação dos Centros de Atenção Primária

Ambiental (CAPA), e dos Eco-clubes que são unidades operativas que tem a finalidade

de orientar, auxiliar e participar junto com a população de ações para melhorar a

qualidade de vida de uma comunidade.

Também serão vistos trabalhos educativos que tiveram o objetivo de informar,

esclarecer e conscientizar as pessoas sobre diversos problemas encontrados na sua

cidade, principalmente aqueles relativos ao meio ambiente, e como se buscaram

soluções em que elas próprias participaram de forma organizada.

Acredita-se que conhecendo experiências bem sucedidas em comunidades cujo

processo tenha tido a participação popular, estas, certamente, poderão servir como

incentivo a governos locais e a populações para que juntos possam buscar as possíveis

soluções para os seus problemas ambientais.

Palavras-chave: atenção primária ambiental, participação popular, educação ambiental.

vii

ABSTRACT

This dissertation has as general objective to assist the municipal districts in the

search of solutions for their environmental problems, with emphasis in the subjects

related to the sanitation, through the report of experiences accomplished in other

municipal districts that proposed solutions for their environmental problems based in

the strategy of Environmental Primary Attention (APA) promoted by OMS/OPAS

(1998).

It was used as methodology researches bibliographical and field research with

visits to municipal districts in Espírito Santo State, which uses that strategy, in order to

know the work that they are accomplishing and to do a discussion on that theme that

uses the participation of the population in the promotion of actions of health and

environment with the objective of improving the quality of the citizens' life.

The importance of the creation of the Centers of Environmental Primary

Attention (CAPA) will be shown, and of the Echo-clubs that are operative units that has

the purpose of guiding, to aid and to participate with the population of actions to

improve the quality of a community's life.

There will also be seen educational works that had the objective of informing, to

explain and to become aware the people on several problems found in the city, mainly

those relative ones to the environment, and as solutions were looked for when they

participated in organized form.

It is believed that knowing experiences well happened in communities whose

process has had the popular participation, certainly can serve as incentive to local

governments and populations so that together they can look for the possible solutions

for their environmental problems.

Word-key: environmental primary attention, popular participation, environmental

education.

viii

1 - INTRODUÇÃO

Durante aproximadamente onze anos visitando comunidades, em diversos

Municípios do Estado do Rio de Janeiro, conhecendo a realidade em que vivem e, de

certa forma, participando indiretamente de suas dificuldades observamos que, tanto por

parte das autoridades como por parte da população, há pouco conhecimento de questões

ligadas ao saneamento, além de desinformação a respeito das leis ambientais. Muitas

vezes os governos municipais não priorizam essas questões, que aliadas à escassez de

recursos financeiros acabam relegando para segundo plano assuntos tão importantes que

atingem diretamente a população.

O saneamento tem uma estreita ligação entre as questões ambientais, pois estão

relacionadas as suas áreas de atuação as principais tecnologias de controle da poluição

ambiental do solo e da água. Quando se realiza uma ação de saneamento para atender a

demanda de uma comunidade, não somente os indivíduos são beneficiados, mas

também o ambiente em seu entorno. A conseqüência disso é a melhora da saúde e da

qualidade de vida daquela comunidade. Não é por acaso, que as associações feitas entre

saneamento e saúde sempre demonstraram a importância, principalmente dos serviços

de abastecimento de água e de serviços de coleta e destino adequado dos esgotos, no

controle de diversas doenças.

Entretanto, as questões ambientais, principalmente aquelas ligadas à falta de

saneamento, não tem sido historicamente priorizadas, seja na formulação de políticas

públicas ou nas ações do setor privado da economia, resultando condições

insatisfatórias, que decorrem de sua insuficiência ou deficiência. Isto é ainda agravado

pela falta de informação e de educação sanitária da população para enfrentar as

condições precárias em que vivem. Somada a isso, a falta de hábitos e de práticas

sanitária e ambiental contribui de forma significativa no agravo das condições de saúde,

no desequilíbrio ambiental e da baixa qualidade de vida de grande parte dessa

população.

Embora se saiba que investir em saneamento traz uma economia sensível nos

gastos em medicina curativa, a regra tem sido reduzir a aplicação de recursos nessa área

para conter o déficit público. Além disso, muitos outros problemas são verificados.

Grande parte das obras de saneamento, devido a sua dimensão e seu alto custo, precisam

1

ser realizadas por etapas requerendo, desta forma, um planejamento adequado dos

recursos a serem disponibilizados para que não haja descontinuidade na sua execução,

mesmo com mudança de governo. Como nem sempre isto acontece, algumas dessas

obras se arrastam por muito tempo e quando terminam o efeito é aquém daquilo que era

necessário quando se iniciou a sua execução.

Um outro fator importante, que dificulta uma ação mais efetiva e é encontrado

na maioria dos municípios do interior dos estados brasileiros, é a falta de mão de obra

qualificada para elaboração de projetos de qualidade, que retratem fielmente a

necessidade da população e com critérios técnicos, que incluam a melhor relação de

custo-benefício. Os escassos recursos que dispõe os Municípios ou mesmo aqueles

repassados pelos governos estaduais ou federais, são aplicados em projetos

tecnicamente deficientes e em conseqüência na realização de obras cujo benefício à

população é menor do que o esperado e algumas vezes até mesmo, questionável. Além

disso, quase sempre, a população não é ouvida e nem informada, pelo poder público, da

realização de uma obra que tenha a finalidade de trazer melhorias para a sua

comunidade.

Nessa dissertação serão apresentadas e discutidas as experiências realizadas em

Municípios que propuseram soluções para os seus problemas ambientais baseados na

estratégia de Atenção Primária Ambiental (APA) proposta pela OPAS/OMS (1998) de

promover a saúde ambiental com um enfoque holístico ao nível local, desenvolvendo

uma estratégia de participação da sociedade civil e das organizações locais pelo

conhecimento, identificação e solução dos problemas ambientais primários que atingem

à saúde, limitando a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável.

Serão também mostradas as experiências de atividades, relacionadas à área de

saneamento, desenvolvidas pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), que utiliza,

de certo modo os princípios da APA. A implantação de Unidades de reciclagem e

compostagem de lixo, serviços de abastecimento de água e esgotos e, principalmente, a

execução de melhorias sanitárias domiciliares, na maioria das vezes, é seguida de um

trabalho educativo onde a população é informada sobre o benefício que está recebendo,

o porquê está recebendo e o que pode e deve fazer para mantê-lo.

2

Na metodologia foram realizadas pesquisa bibliográfica e pesquisas de campo

nos municípios de Vitória/ES, São Mateus/ES e Aimorés/MG, onde estão sendo

implantados Centros de Atenção Primária Ambiental (CAPA) e Eco-clubes, para

conhecer e verificar como surgiram essas estruturas operativas, cuja finalidade é colocar

em prática a estratégia de Atenção Primária Ambiental.

Depois de apresentadas as experiências e os resultados das visitas foram

realizados uma discussão buscando criar uma visão particular sobre o tema, comparando

as experiências dos Municípios, mostrando a importância do trabalho educativo e,

principalmente, a importância da participação da população para o sucesso de ações

propostas, para minimizar os problemas ambientais, com o intuito de melhorar a vida

dos cidadãos.

3

2 - OBJETIVOS

2.1 – Geral

Auxiliar municípios na busca de soluções sustentáveis para os seus problemas

ambientais, através da discussão de experiências em Municípios que tenham utilizado

um processo de participação popular visando a proteção do ambiente, promovendo a

saúde e otimizando o uso de seus recursos naturais. Ou seja, conhecer e entender o

conceito de Atenção Primária Ambiental cujo objetivo geral é alcançar melhores

condições de vida, com a proteção do ambiente e do fortalecimento das comunidades no

âmbito da sustentabilidade local.

2.2 – Específicos

Mostrar através de uma discussão sobre o tema, como a população pode

participar da discussão de possíveis soluções para seus problemas ambientais, tendo

como base experiências utilizadas.

Identificar quais as alternativas que podem ser implantadas no nível local e de

que modo ações educativas contribuíram ou podem contribuir para conscientizar e

esclarecer as pessoas sobre os direitos e os deveres em relação à proteção, conservação

e recuperação do meio ambiente.

Apresentar algumas experiências em que o poder público e a comunidade se

integraram, verificando os problemas da sua região, e trabalharam juntos para buscar

soluções que puderam ser resolvidas no local, com a finalidade de alcançar melhores e

mais saudáveis condições de vida aos cidadãos.

Além disso, como propõe a APA em seus objetivos específicos, irá também:

contribuir para a construção de municípios saudáveis;

fortalecer as comunidades e a capacidade de gestão ambiental dos governos

locais;

ajudar a formar líderes ambientais;

buscar mecanismos facilitadores para a interação entre o setor público e a

população e incentivar o poder público a facilitar as iniciativas locais organizadas na

4

priorização dos investimentos públicos com fins de proteção da saúde humana e do

meio ambiente.

5

3 - REVISÃO DE LITERATURA

3.1 – Origem e Conceito de Atenção Primária Ambiental (APA)

O conceito de Atenção Primária Ambiental tem a sua origem fundamentada em

duas vertentes principais: a atenção primária à saúde e o desenvolvimento rural

integrado.

A atenção primária à saúde (APS) surgiu da análise mundial sobre do setor

saúde na década de 70, no mundo, que permitiram mudanças de paradigmas como: da

cura para a atenção preventiva; da atenção hospitalar para a atenção à comunidade; da

atenção urbana para a rural; dos fatores determinantes dentro do setor saúde para os

fatores fora do setor; da responsabilidade única do governo pela saúde da população

para a responsabilidade das pessoas por sua saúde; dos serviços de saúde e do poder

político centralizado para os serviços de saúde e poder político descentralizado (OPAS,

1999).

O conceito de desenvolvimento rural integrado (DRI) surgiu a partir das

políticas agrárias nacionais dos países do terceiro mundo, nos anos setenta, cujo

objetivo era incorporar o potencial produtivo das comunidades rurais ao

desenvolvimento nacional, mediante a inovação e adaptação da tecnologia e da

organização social. Ou seja, o critério do desenvolvimento, com ênfase na

produtividade, seria substituído pelo desenvolvimento que melhorasse a qualidade de

vida das populações marginais e pobres. O resultado do crescimento econômico seria

distribuído de forma mais eqüitativa entre a população, do ponto de vista geográfico e

social (OPAS, 1999).

A partir daí, na década de 90, foi sendo enriquecida com outras fontes sob

diferentes aspectos do conceito. A Oxfam, que é uma organização independente que

trabalha para combater a pobreza e o sofrimento em várias parte do mundo, a

Organização Mundial de Saúde (OMS), um grupo do Fundo das Nações Unidas para a

Infância (UNICEF) e países como a Itália e Chile contribuíram para isso. Citaremos a

seguir algumas definições que contribuíram para esclarecer e entender melhor o

conceito de APA.

6

Borrini (1991) na Itália:

“A APA é um processo no qual os grupos de pessoas ou comunidades locais

se organizam entre eles mesmos, com apoio externo, para aplicar seu

conhecimento e perícia técnica a fim de proteger seus recursos e ambiente

natural e encontrar, ao mesmo tempo, fontes para suas necessidades básicas

de sobrevivência “.

O grupo da UNICEF, através de Bajracharya (1994):

“A APA proporciona o marco para um enfoque de desenvolvimento baseado

na comunidade, a fim de alcançar uma forma de vida sustentável e incorpora

três elementos inter-relacionados como seus fundamentos: satisfação das

necessidades humanas básicas; fortalecimento das pessoas e das

comunidades; e otimização quanto à utilização e manejo sustentável dos

recursos na comunidade e seu arredores”.

Sánchez (1995), no Chile:

“O conceito de APA tem o objetivo fundamental de proteger e melhorar a

saúde da população e do ambiente, criando um ambiente saudável mediante

a promoção e execução de ações básicas e preventivas em nível local, com a

participação da comunidade”.

A proposta da APA não teve a intenção de negar nem de substituir a APS e sim

complementar esta última, pois reconhece que os 20 anos da APS contribuíram para

uma grande transformação social em todos os países, no que se refere à descentralização

e participação da comunidade na planificação, organização e funcionamento dos

serviços de saúde.

Além dos valores de eqüidade, participação, eficiência e integração da APS, a

APA vai mais além ao incluir a descentralização, o caráter interdisciplinar, a

participação cívica, a organização, a prevenção e proteção do entorno, a diversidade, a

co-gestão e a autogestão, a coordenação, a autonomia e a solidariedade.

7

Ao fazer um retrospecto, os princípios básicos e os objetivos da Atenção

Primária Ambiental fazem referência à Conferência de Alma-Ata. Usar a APA como

uma estratégia aplicando-a aos temas ambientais e às políticas ambientais nacionais e

internacionais.

Entre as atividades importantes que contribuíram para o esforço de conceituar a

Atenção Primária Ambiental na região das Américas, destacam-se:

• A conferência Pan-Americana sobre Saúde e Ambiente no Desenvolvimento

Humano Sustentável (COPASADHS), realizada em Washington, D.C., em

outubro de 1995;

• A Reunião Regional sobre Atenção Primária Ambiental, realizada em Santiago

do Chile, em janeiro de 1997;

• A pesquisa: "A estratégia de Atenção Primária Ambiental: um enfoque crítico-

holístico", desenvolvido pela Universidade de Georgetown (janeiro de 1998);

• A Reunião Sub-regional para a América Central sobre a APA, realizada em San

José, Costa Rica, em março de 1998;

• As reuniões nacionais sobre a atenção primária ambiental e o reconhecimento,

análise e avaliação de experiências que estão se desenvolvendo na Região.

Desta forma, por consenso, foi adotada a seguinte definição da Atenção Primária

Ambiental como reproduzida a seguir (OPAS, 1999):

A atenção primária ambiental é uma estratégia de ação ambiental,

basicamente preventiva e participativa em nível local, que reconhece o

direito do ser humano de viver em um ambiente em relação à saúde, bem-

estar e sobrevivência, ao mesmo tempo em que define suas responsabilidades

e deveres em relação à proteção, conservação e recuperação do ambiente e

da saúde.

3.2 – Centros de Atenção Primária Ambiental (Capa) e Eco Clubes

Os Centros de Atenção Primária Ambiental (CAPA) são unidades operativas que

têm a função de pôr em prática a estratégia da APA, cumprindo os seus princípios

básicos e suas características orientadoras. Essas unidades devem estar localizadas na

8

municipalidade e devem ter claro que diversas medidas de proteção ambiental

dependem de uma cobertura mais ampla regional ou nacional (OPAS, 1999).

Os Eco Clubes são organizações não governamentais, constituídas por crianças e

jovens de primeiro e segundo graus que, junto com outras instituições da comunidade,

desenvolvem ações para melhorar a qualidade de vida dedicando sua energia a luta

contra os problemas ambientais (MS b – 2000).

Os Centros de Atenção Primária Ambiental podem ser assumidos por grupos e

organismos da municipalidade ou região, que desenvolvem trabalhos relacionados com

o ambiente ou estão capacitados e dispostos a fazê-lo como, por exemplo, os conselhos

ecológicos comunitários, associação de vizinhos e ONGS. Estas organizações deverão

estabelecer coordenação com o município, centros de saúde, unidades de atenção

primária a saúde e outros atores sociais para, em conjunto, realizar diagnósticos das

prioridades ambientais e desenhar políticas e programas de atuação.

Com relação à administração, uma das alternativas é que seja exclusivamente

municipal ou dos serviços de saúde. Pode também ser mista com município,

estabelecimentos de saúde e comunidade, dirigindo o centro de forma coordenada. Ou

ainda pelas organizações comunitárias da municipalidade que tem o apoio da população

e é reconhecida pelas autoridades, como os próprios conselhos comunitários, associação

de vizinhos e os Eco-clubes que trabalham para melhorar a qualidade ambiental do

município desempenhando um papel protagonista naquela gestão.

Os jovens estudantes, que compõem os Eco-clubes, auxiliam as ações dos

CAPAs ou trabalham por iniciativa própria em prol da comunidade. É claro que esses

jovens necessitam de orientação, para isso, existe a figura dos facilitadores, que podem

ser professores, ou quaisquer outros profissionais. Os Centros de Atenção Primária

também podem fazer esse papel. Esses jovens trabalham mais diretamente com a

população em prol do bem comum, procurando conscientizar a população em

residências, bares ou quaisquer outros locais sempre quando há um projeto com a

finalidade de melhorar a vida da comunidade. Ou seja, o Eco-clube procura dar suporte

às ações desenvolvidas no CAPA e ao CAPA cabe direcionar e fazer as articulações

necessárias para execução dessas ações, além de acompanhar e trabalhar na execução do

um projeto (JORNAL ARAÇÁ, 2001).

9

Os Centros de Atenção Primária Ambiental devem estar em condições de

realizar ações relacionadas abaixo que são de sua responsabilidade (OPAS, 1999):

• Educação e capacitação - educar e capacitar as pessoas para que possam

servir como multiplicadores no processo de recuperação e proteção do

ambiente.

• Formação de líderes ambientais - formar pessoas da comunidade que

possam influir positivamente sobre a organização e os outros atores em

defesa do ambiente.

• Realizações de diagnósticos ambientais participativos - para detectar os

problemas ambientais não se deve utilizar apenas os conhecimentos

técnicos, mas também a percepção da comunidade.

• Monitoramento ambiental primário - apoio à fiscalização e controle

ambiental inclusive selecionando membros da comunidade para capacitá-los

no manejo dos equipamentos e instrumentos de análise, denominados

unidades de monitoramento ambiental primário.

• Identificação e segmento de conflitos ambientais locais - é a

incompatibilidade de interesses que surgem a propósito da prevenção ou

recuperação de um dano ambiental.

• Divulgação tecnológica - expor e difundir a uso de alternativas tecnológicas

adaptadas ao local e que não agridam o meio ambiente.

• Fortalecimento da capacidade organizacional da comunidade em assuntos

ambientais.

• Recepção de demandas e denúncias ambientais locais - receber as

demandas, sugestões e denúncias da população para informar

permanentemente e encaminhá-las à autoridade competente.

• Incentivo ao desenvolvimento de projetos de gestão local.

• Participação da mulher - incentivar a participação das mulheres que

historicamente, ainda que no anonimato, tiveram um papel importante nas

mudanças sociais e estão adquirindo nos assuntos ambientais.

• Implantação de centro de informação e orientação.

• Sensibilização - sensibilizar as autoridades a cumprirem seus compromissos

com as ações ambientais locais.

10

3.3 – Problemas Ambientais

As doenças relacionadas com o meio ambiente têm uma elevada taxa de

predominância na América Latina e Caribe. Diversas doenças transmissíveis ainda

continuam existindo e outras têm aumentado. A exposição de pessoas aos riscos físicos

e químicos, oriundos dos efeitos secundários do desenvolvimento, fez aumentar os

casos de doenças crônicas, traumas, intoxicações, violência e distúrbios emocionais.

Além dos efeitos referentes ao aumento da ecotoxicidade, as resistências aos agentes

estão debilitadas por condições ambientais como: cidades congestionadas, número

crescente de pessoas em condições de pobreza e o não atendimento das necessidades

básicas de nutrição, saneamento e habitação adequada. Devido ao desgaste dos

ambientes sociais e físicos fica cada vez mais difícil alcançar estágios positivos de

saúde. Embora o desgaste crescente das condições para a saúde possa estar vinculado a

problemas econômicos, o desgaste ambiental, as políticas equivocadas dos governos e

as prioridades técnicas, têm ampliado o problema (OPAS, 1998).

No Brasil, particularmente no Estado do Rio de Janeiro, a situação não é

diferente; os Municípios são carentes de técnicos com conhecimento na área de

saneamento, a população continua desinformada a respeito das leis ambientais e os

recursos financeiros são insuficientes. Quando são suficientes, algumas vezes são

aplicados de forma inadequada levando ao desperdício e, conseqüentemente, trazendo à

população descrença em seus governantes e falta de esperança na resolução dos

problemas que os atinge de forma direta ou indireta.

É necessário resolver os problemas decorrentes de deficiências no saneamento

que destrói a saúde de milhões de pessoas e avançar para controlar a exposição de

pessoas a perigos, tais como: a contaminação do ambiente por resíduos derivados da

atividade humana, assim como a um número cada vez maior de substâncias tóxicas com

as quais se tem contato diário (OPAS, 1999).

No Brasil, segundo o Censo 2000, os sistemas de abastecimento de água cobrem

89,8% dos domicílios urbanos brasileiros e 17,6% dos domicílios em áreas rurais. Isto

significa que 14,9 milhões de brasileiros em centros urbanos e 25,8 milhões em áreas

rurais não têm acesso a esse serviço (Figura 1).

11

020406080

100120140160180

Urbano Rural Total

MoradoresAtendidosNão Atendidos

Fonte: IBGE – Censo 2000

Figura 1: Cobertura com sistemas públicos de abastecimento de água na área

urbana e rural no Brasil (em 1.000.000 de habitantes).

Além disso, outros contrastes podem ser observados. Os níveis de atendimento

em abastecimento de água decrescem entre regiões geográficas de 96,0% de população

total urbana da região sudeste para 71,3% da região nordeste. Nos domicílios, onde a

renda mensal é inferior a cinco salários mínimos, a cobertura é de 72,2%, enquanto que

nos domicílios com renda acima de 20 salários mínimos ela é de 95,2% (IBGE, PNAD,

1999). Também se observa que quanto menor os números da população existente nos

municípios, piores são as condições sanitárias.

O setor de serviços de esgotamento sanitário registra um déficit de atendimento,

maior ainda. Segundo o Censo 2000, apenas 44,4% da população brasileira dispõe de

rede pública de coleta de esgoto. Isto significa que aproximadamente 93,6 milhões de

pessoas não são atendidas por esse tipo de serviço (Figura 2).

12

020406080

100120140160180

Urbano Rural Total

MoradoresAtendidosNão Atendidos

Fonte: IBGE – CENSO 2000. Figura 2: Cobertura com sistemas públicos de esgotamento sanitário na área

urbana e rural no Brasil (em 1.000.000 de habitantes).

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) 2000, realizada pelo IBGE,

indicou que dos 4.097 distritos, que contam com sistemas de coleta de esgotos

sanitários, apenas 1.383 desses distritos tratam os volumes coletados. Dos 14,57

milhões de metros cúbicos de esgotos coletados diariamente no País 35% são tratados, o

que equivale a 5,14 milhões de metros cúbicos (ABES, 2002).

Com relação à coleta e disposição final dos resíduos sólidos, segundo dados

divulgados pela PNSB, 2000, a quantidade de lixo coletado no país atinge 228.413

toneladas por dia sendo que a Região Sudeste contribui com 61% desse volume (Figura

3), ficando São Paulo com o maior percentual, 105 mil toneladas/dia.

13

0

50000

100000

150000

200000

250000

Quantidade de LixoColetado por Região

BrasilNorteNordesteSudesteSulCentro-oeste

Fonte: IBGE – PNSB 2000

Figura 3: Quantidade diária de lixo coletado por região no Brasil (t/dia).

Outro ponto que identifica a precariedade que ainda impera em grande parte das

municipalidades brasileiras é que, dos 8.381 distritos brasileiros que dispõem de coleta

de lixo, 5.993 despejam o lixo em vazadouros a céu aberto. Os que adotam aterro

sanitários são 1.452 e os que adotam aterros controlados são 1.868. Como um mesmo

Município pode apresentar mais de uma unidade de destinação, os números somados

ultrapassam o total de distritos que dispõem do serviço. Assim, das 228 mil toneladas

diárias, 37% vão para aterros controlados e 36,1% para aterros sanitários. Isto se deve

ao fato de que nos maiores Municípios o equacionamento desse problema vem

ganhando destaque e se constituindo em uma exigência da população (ABES, 2002).

Dados disponíveis do Instituto Sociedade, População e Natureza (1995)

revelaram que 47,6% dos resíduos sólidos são lançados a céu aberto, em lixões ou

diretamente em corpos d’água, enquanto apenas 45% vão para aterros sanitários ou

controlados e os restantes são incinerados, reciclados ou passam por processo de

compostagem (ISNP, 1995).

14

Devemos também lembrar dos problemas ambientais decorrentes da falta de

drenagem pluvial. Incluído pela primeira vez na Pesquisa Nacional de Saneamento

Básico, o levantamento sobre o sistema de drenagem mostrou que este serviço está

presente em 78,6% dos municípios brasileiros (ABES, 2002).

Um levantamento preliminar realizado pelo Governo Federal (Ministério do

Bem Estar Social) em 1994 estimava que 45 milhões de habitantes urbanos não

dispunham desse serviço e projetava um déficit de 150.000 km em redes de macro e

micro drenagem. Um sistema inadequado de drenagem, ou a sua falta, propicia

condições favoráveis à proliferação de vetores transmissores de doenças como a

malária, a leptospirose e a filariose (FUNASA, 2002).

3.4 – O Desafio da Atenção Primária Ambiental (APA)

O aumento da população, a urbanização das cidades e os acelerados avanços no

processo de industrialização têm repercussões sem precedentes sobre o ambiente

humano. O efeito imediato das mudanças do ambiente físico-biológico (água, ar, solo,

flora e fauna) sobre a saúde, bem como os efeitos, menos visíveis, decorrentes das

mudanças ambientais que ocorrem no planeta têm graves conseqüências para a

qualidade de vida e para o desenvolvimento dos países (OPAS, 1999).

É preciso modificar esta situação, criando estratégias que facilitem a inserção da

população local em todas as questões que se referem ao meio ambiente, fazendo-as

acreditar que participando de forma organizada juntamente com o poder público nas

decisões das prioridades a serem realizadas em sua localidade, certamente estarão mais

próximas de alcançar melhores e mais saudáveis condições de vida (OPAS, 1999).

Ferraz (1999) menciona o Relatório Lalonde – publicado pelo governo do

Canadá em 1974 – que afirma:

“Até o presente momento, a maioria dos esforços da sociedade para a

melhoria da saúde enfatiza a organização dos cuidados médicos, apesar de

termos identificado nas primeiras causas de mortalidade razões baseadas em

três conceitos: biologia humana, meio ambiente e estilos de vida. Parece-nos

evidente, portanto, que vultosas somas em dinheiro estão sendo gastos

15

erroneamente somente para tratar as enfermidades e não para preveni-las

efetivamente”.

Na Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde em setembro

de 1978 foi expressa a necessidade de ação urgente de todos os governos para promover

a saúde de todos os povos do mundo, tendo sido incluído nos compromissos dessa

conferência que a Atenção Primária à Saúde é a chave para o atingimento da saúde dos

povos. Essa Atenção Primária significa cuidados essenciais de saúde, baseados em

técnicas apropriadas, cientificamente comprovadas e socialmente aceitas, que deve estar

ao alcance de todas as pessoas da comunidade e contar com a participação da

população, com um custo que a comunidade e o país possam suportar (MS a, 2000).

A Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde realizada em

Ottawa, Canadá, em novembro de 1996, patrocinado pela OMS, apresentou em sua

carta de intenções os pré-requisitos para a saúde como sendo: paz, habitação, educação,

alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e eqüidade

(MS c, 2001).

Na conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

no Rio de Janeiro em 1992 - Rio/92 (Agenda 21, 1992) ficou clara a mensagem sobre a

necessidade de um melhor ambiente e desenvolvimento sustentável para alcançar a

eqüidade. Eis o princípio n° 01 estabelecido:

“Os seres humanos constituem o centro das preocupações do

desenvolvimento sustentável. Por conseguinte, têm o direito a uma vida

saudável e produtiva em harmonia com o ambiente natural”.

A atenção primária ambiental tem o objetivo fundamental de proteger e melhorar

a saúde da população e do meio ambiente. Desta forma, que medidas podem ser

tomadas para se tentar cumprir esse objetivo? O que a população precisa, além do

necessário para a sua sobrevivência, como o ar, a água e a alimentação, para viver em

um ambiente saudável? A fim de refletir melhor sobre isso lembramos o que preconiza a

Organização Mundial de Saúde em seu conceito de saúde:

“Saúde é o completo estado de bem estar físico mental e social”.

16

Um outro conceito, também de igual importância, é o de Saneamento Ambiental

(FUNASA, 1999)

“É um conjunto de ações sócio-econômicas que têm por objetivo alcançar

níveis de Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de água potável,

coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos,

promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle

de doenças transmissíveis e demais serviços e obras especializadas, com a

finalidade de proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural”

Assim sendo, pode-se dizer que, basicamente, a população para viver em um

ambiente saudável precisa de:

- água em quantidade e qualidade suficientes para suprir as suas

necessidades de consumo, entendendo que essa água deva ser

fornecida por um sistema de abastecimento público que seja

confiável;

- uma eficiente infra-estrutura de sistema de esgotamento sanitário

incluindo, é claro, o tratamento das águas residuais urbanas e

industriais;

- um sistema de coleta e tratamento dos resíduos sólidos adequados a

fim de que o lixo gerado não traga danos ao ambiente;

- habitação em condições adequadas;

- sistema de drenagem pluvial;

- atmosfera com níveis de poluição limitados por normas da

Organização Mundial de Saúde (OMS).

Na conferência Rio/92 foram produzidos diversos documentos, sendo um dos

principais, a agenda 21. No capítulo XXVIII é dito que sem o compromisso e

cooperação de cada municipalidade, não será possível alcançar os objetivos firmados no

documento. Cada municipalidade é convocada a criar, com plena interferência e debate

de seus cidadãos, uma estratégia local própria de desenvolvimento sustentável. Essa

Agenda 21 local é o processo contínuo pelo qual uma comunidade (bairro, cidade,

região) deve criar planos de ação destinados a adequar as suas necessidades à prática de

viver dentro do conceito que se estabeleceu como sustentável (FUNASA, 1999).

17

Segundo Chacon (1999) o desenvolvimento sustentável pode ser caracterizado

em linhas gerais:

“como aquele em que a velocidade da inevitável agressão ambiental é menor

do que a velocidade com que a natureza consegue reagir para compensar

esses danos”

Não se pretende, portanto, “engessar” os Municípios em seu crescimento

tecnológico colocando-os numa redoma que torne o seu habitat intocável (Chacon,

1999). Também não se quer voltar ao passado desprezando o avanço tecnológico que se

conseguiu até hoje. É preciso aliar o desenvolvimento à qualidade de vida, lembrando

que a natureza não é uma fonte inesgotável de recursos, a ser predada em ritmo

ascendente para bancar necessidades de consumo que poderiam ser atendidas de

maneira racional, evitando a devastação da fauna, da flora, da água e de fontes preciosas

de matérias primas (Chacon, 1999).

Na criação do Ministério das Cidades no Governo do Brasil, sob a presidência

de Luis Inácio da Silva, a participação popular organizada e o controle social são

prioridades. Uma das diretrizes da Política Nacional de Saneamento Ambiental da

Secretaria de Saneamento desse ministério é (MC, 2003):

“Envolver a população na gestão dos serviços em todos os níveis (local, regional

e nacional) e implementar mecanismos de controle social apoiados na participação

popular”.

Convém também lembrar de um importante componente no processo

participativo: a educação ambiental, onde o indivíduo e a coletividade constroem

valores sociais, adquirem conhecimentos, tomam atitudes, exercem competências e

habilidades voltadas para a conquista e manutenção do meio ambiente ecologicamente

equilibrado, que contribui fortemente para a ampliação dessa nova visão e para a adoção

dessas novas posturas do indivíduo em relação ao todo (MEC, 1997).

18

5 – EXPERIÊNCIAS COM ESTRATÉGIA DE APA

5.1 - A Experiência de Toledo - Paraná

O Município de Toledo, localizado à Oeste do Estado do Paraná, tem

aproximadamente 100.000 habitantes. A Prefeitura Municipal iniciou, em março de

1998, um programa de massa chamado Cidadão Ambiental, com o intuito de buscar o

comprometimento efetivo de cada cidadão com a qualidade de vida, entendendo que a

preservação do planeta não depende somente dos governos e órgãos internacionais, mas

de cada uma das pessoas na sua relação com o ambiente em que vive.

O cenário escolhido foi as escolas do Município, e o benefício a ser alcançado

atingiria, diretamente, toda a comunidade escolar e, indiretamente, toda a população

urbana e rural, sendo priorizados as crianças, os jovens e os docentes.

O projeto buscava, no ambiente escolar, com ações educativas, teóricas e

práticas, envolver cada cidadão (alunos, pais professores, funcionários e moradores do

bairro) no levantamento dos principais problemas na comunidade e elegendo,

prioritariamente, aquele que seria resolvido e a forma de atuação criando soluções por

caso problema.

Os objetivos seriam envolver a pessoas fazendo-as compreender a inter-relação

homem-natureza e a se comprometerem com o destino do Município quanto a questão

ambiental.

5.1.1 - Descrição da Experiência

O projeto da sua implantação e até a execução procurou estabelecer as seguintes

premissas:

• Possibilitar aos cidadãos o conhecimento e a compreensão dos assuntos

ligados a área ambiental, capacitando-os a optar pela postura mais adequada

ao considerar a sua relação com o meio ambiente.

• Incentivar Instituições/Empresas a desenvolverem projetos de educação

ambiental para resolver problemas previamente levantados, dentro da sua

19

área de abrangência, promovendo mudanças de comportamento, buscando a

melhoria da qualidade de vida.

• Motivar os cidadãos a comprometer-se com a preservação e a melhoria do

meio em que vivem.

• Formar habilidades que possibilitem a criação de alternativas para superar

problemas ambientais.

• Provocar a participação da comunidade para que haja comprometimento na

concretização das alternativas propostas.

• Apoiar projetos que contemplem ações concretas, tendo em vista o

desenvolvimento da Educação Ambiental nas Instituições/Empresas.

• Estimular normas de gestão ambiental no desenvolvimento das atividades da

comunidade.

• Articular junto aos órgãos de representação social os instrumentos de

implementação, apoio e promoções das ações voltadas à Educação

Ambiental.

• Motivar as empresas a desenvolverem projetos e ações de Educação

Ambiental junto a funcionários, de forma que os mesmos atuem como

agentes multiplicadores e a promoverem a difusão educacional através dos

meios de comunicação – rádio, jornal e TV.

De acordo com as premissas citadas, os atores participantes do projeto

estratégico APA na região são, preferencialmente, as escolas particulares e públicas, as

instituições públicas e privadas, as empresas e os meios de comunicação da região de

forma a incentivar a participação popular.

A partir do envolvimento das instituições no projeto, principalmente as escolas,

clubes, associações de classe, moradores, sindicatos, grupos de terceira idade, grupos de

teatro, etc..., se procurou levantar e questionar problemas a nível local, estabelecendo

ações, priorizando temas, e incentivando os cidadãos a assumir também a sua parte de

manter o seu ambiente do entorno saudável.

O Programa Cidadão Ambiental surgiu com o objetivo de valorizar as

experiências desenvolvidas nas escolas, que trouxeram resultados positivos na área

ambiental, que pudessem ser aproveitadas por outras entidades e que motivassem outras

20

escolas a desenvolverem programas nessa área, além de trabalhá-los em seus currículos

escolares.

No início de 1998, o programa foi apresentado, para todos os diretores e

coordenadores das escolas públicas e particulares do município, no sentido de prestar

esclarecimentos, mostrar os pontos importantes e motivá-los a participar do programa.

Nessa metodologia, cada escola participante elaborou o seu projeto,

especificando o problema ou o tema a ser trabalhado, a metodologia que iria utilizar,

quem seriam as pessoas envolvidas e quais os objetivos e metas a serem atingidos.

As escolas desenvolveram os trabalhos que, ao mesmo tempo, foram sendo

acompanhados e avaliados pela equipe técnica, mentora do programa, pelo Eco-clube e

pelo CAPA. Os resultados foram divulgados pelos meios de comunicação locais de

forma a motivar outras escolas a participar, bem como a população.

O projeto foi iniciado através das escolas onde foram debatidos os problemas da

comunidade, entre o corpo docente, discentes e funcionários, em relação a situação

ambiental local, com relação a qualidade de vida, com temas ligados ao trinômio

ambiente, saúde e saneamento.

O processo envolveu ainda alguns casos onde a escola não era a única

participante, mas representava a comunidade local, religiosos e cidadãos inicialmente

interessados.

Levantados os principais itens a serem atendidos, os temas e ações são levados a

um grupo maior, denominado Fórum de Experiências de Meio Ambiente de Toledo,

criado com esta finalidade, onde todas as escolas e comunidades têm voz, inclusive as

que não estão inseridas no programa, para tomar conhecimento das experiências e dos

problemas estudados, das propostas de solução adotadas, dos métodos de trabalho, dos

resultados, da abrangência, do nível de compromissos dos envolvidos, das

possibilidades concretas da seqüência dos trabalhos, etc.

Nesse momento surge a oportunidade de troca de informações e de experiências,

onde aparecem novas idéias, são passados os conhecimentos e as formas novas de

21

encarar problemas antigos, que a princípio, só dependem da vontade e da motivação

para serem solucionados pela mudança dos hábitos das pessoas.

5.1.2 - Princípios Básicos e Características do Projeto da Cidade

O programa procura envolver a comunidade escolar e, por conseguinte,

moradores do local para que através do conhecimento dos problemas eles possam

escolher aqueles que deverão priorizar e quais as melhores soluções. Parte integrante do

ensino da escola, a articulação integrada entre alunos, professores e comunidade torna-

se um instrumento de transmissão de conhecimento devendo ser inserido no programa

curricular.

Pode-se afirmar que há uma nítida transformação na escola, principalmente no

comportamento das pessoas, não somente dentro, mas também fora dela. O Fórum de

Experiências demonstrou ser positivo, estabelecendo um intercâmbio entre escolas para

esclarecer as estratégias adotadas, os pontos positivos e negativos e os sucessos e

insucessos para orientar novas idéias para a seqüência dos trabalhos.

O município conta com um Centro de Atenção Primária Ambiental e com um

Eco-clube Cidadão Ambiental, que são os primeiros a serem implantados no Brasil, cujo

objetivo primordial é fomentar e auxiliar no desenvolvimento do programa em todas as

escolas do município. O CAPA tem estatuto, regimento e plano de metas e é constituído

de 21 membros oficializados e alguns aspirantes.

5.1.3 - Indicadores de Resultados, Objetivos e Impactos.

Conforme relatório da Prefeitura de Toledo, os resultados no período de 1999 a

2000 as respostas ao programa implementado foram considerados bastantes satisfatórios

com implantação de coleta seletiva de lixo, de manutenção do prédio, organização de

grupos interessados na limpeza do ambiente e a conscientização dos alunos e da

comunidade da necessidade do conhecimento do ambiente em que vivem, com as

interfaces de que as ações que visam a manutenção do ambiente saudável afetam

fundamentalmente a qualidade de vida e, por conseguinte, a saúde.

22

Outro fato relevante verificado foi que os programas ambientais do Município

receberam um maior incremento, na medida em que foram trabalhados e discutidos nas

escolas e os jovens, a partir de atitudes positivas, influenciaram em boa parte da

população como, por exemplo, no programa de coleta seletiva de lixo. Também a

pintura das escolas e manutenção das salas de aula, diminuindo a depredação deram a

oportunidade ao jovem de ser um líder nas ações que demandaram a sua participação.

Essa atitude positiva influenciou o aproveitamento escolar dos alunos para

melhor, uma vez que várias disciplinas foram ministradas utilizando o programa como

apoio o que tornou o estudo mais interessante.

Os resultados apontaram, ainda, uma maior participação de pessoas do bairro

que percebem a mudança dos hábitos dos filhos e as mudanças na escola e acabam se

oferecendo para ajudar a tratar de outros assuntos ambientais, para melhorar o bairro e,

em conseqüência, a qualidade de vida da região.

Enfim, considerou-se todos esses fatores como benéficos para a saúde da

comunidade.

5.1.4 - Lições Aprendidas: Conclusões e Recomendações para a Experiência

A partir do relatório da experiência, do seminário da OPAS para avaliação dos

programas pode-se levantar os principais aspectos da experiência em Toledo.

Aspectos positivos:

• A troca de experiências que acontece constantemente e durante o Fórum,

que faz surgir novas idéias para resolver antigos problemas;

• A motivação de escolas que não se inscreveram no programa, mas que ao

participar do Fórum, percebem a mudança das outras escolas e verificam ser

possível se inserirem no processo;

• A competitividade entre as escolas acaba sendo a grande mola motivadora

do programa;

• Conhecimento de novas realidades, a quebra de paradigmas e a

transformação das pessoas, somada a outros fatores decorrentes,

23

transformam as pessoas em "Cidadãos Ambientais", que é a principal

proposta do programa.

Dificuldades:

• Algumas escolas não participam do programa;

• Em algumas que participam, o programa está centrado na responsabilidade

da direção ou da coordenação da escola ou de algum professor específico,

não havendo envolvimento de todos, o que dificulta os objetivos do

programa;

• Outras escolas se preocupam mais com uma bela apresentação no Fórum de

experiências do que com o trabalho em si.

Propostas concretas e viáveis apresentadas na avaliação da experiência

• Apoio do Eco Clube e do CAPA às escolas participantes a as escolas que

ainda não se propuseram a participar.

• Cada membro do Eco Clube deve ter a missão de fomentar o programa na

sua escola e a motivá-la a se inserir no processo, com a ajuda dos membros

do clube, através de visitas as escolas para conversas com professores e

alunos a fim de incentivar a participação no programa.

• Os membros do CAPA: profissionais liberais de diversas áreas, professores,

empresários, etc., também estão disponíveis para individualmente ou em

grupo ajudar a manter o projeto da escola, mediante solicitação.

Associado ao programa da Prefeitura, através a Secretaria de Meio Ambiente

incorporou outros projetos e programas que buscam, pela educação ambiental, o

comprometimento do cidadão e das Instituições na construção de um ambiente

saudável, que atenda à suas necessidades de satisfação estética e de bem estar.

Pode-se destacar neste caso os seguintes trabalhos: (PREFEITURA

MUNICIPAL DE TOLEDO, 1997-2000)

“Programa Lixo útil /Câmbio Verde”

É uma alternativa de solução para minimizar os principais problemas que

ocorrem com os resíduos sólidos urbanos gerados no Município. O programa motiva a

24

separação de material reciclável, na fonte, como papel, vidro ou plástico, faz a coleta

com caminhão próprio e transporta até um local apropriado, denominado Centro de

Separação do Lixo Útil, onde é reunido e encaminhado para a indústria a fim de ser

reutilizado.

Em relação ao lixo reutilizável ou reciclável o programa chamado Câmbio Verde

criou postos da Prefeitura, conhecidos como Pontos Fixos de Troca, onde o lixo

selecionado pelo cidadão pode ser trocado por cestas de alimentos. O Câmbio Verde é

um programa de ação ambiental, social e de saúde preventiva, pois pretende retirar o

lixo da residência sem lançá-lo no ambiente, ajuda à população carente na aquisição de

alimentos e, principalmente, atua com o objetivo de formar a consciência no cidadão.

“Aterro de Resíduos Industriais”

Um dos grandes problemas da região, os resíduos industriais, principalmente

resíduos de defensivos agrícolas, não tinham destino final adequado. A solução

encontrada foi estabelecer parceria com indústrias, através de trabalhos em conjunto

com o setor público, privado e população rural, encaminhando os resíduos a uma área

limítrofe ao aterro sanitário, que foi doada e incorporada ao Patrimônio Público e

atualmente é operada pela Prefeitura, em conjunto com os resíduos domiciliares,.

“MIP – Manejo Integrado de Pragas da Soja”

É um trabalho que difunde, junto aos agricultores da microbacia do Rio Toledo,

o uso e a adoção das práticas de manejo integrado de pragas de soja e outras tecnologias

econômica e ecologicamente desejáveis, que propiciam a redução do uso de

agroquímicos de maior toxidade nas lavouras, levando a praticar uma agricultura

sustentável, que resulte num ambiente mais equilibrado, com maior qualidade de vida

no meio rural, mantendo a produtividade e diminuindo os custos de produção. Neste

setor foi desenvolvido controle biológico através da espécie Trissolcus basalis, uma

vespa parasita que age sobre os ovos do percevejo, controlando a incidência da praga.

25

“Piá Ambiental”

Trata-se de unidade de educação ambiental, localizada no Parque Linear do

Toledo, que atende crianças carentes de 7 a 14 anos e tem por objetivo a formação do

cidadão ambientalmente correto, através de um conjunto de ações educativas de saúde,

cultura, esporte e lazer, que motivem o desenvolvimento de uma consciência capaz de

modificar o comportamento em relação ao ambiente em que vive, buscando a sua

preservação e o uso racional.

“Parque Linear do Rio Toledo”

Projeto de urbanização das margens do Rio Toledo, que atravessa a cidade, e

cria no desenho urbano um grande vínculo de integração social, ambiental, cultural e

educacional, visando levar o cidadão a se relacionar com o meio ambiente e consigo

mesmo ao utilizar e usufruir adequadamente da estrutura física a ser instalada ao longo

das margens, buscando em última instância, mudar a função do rio, que passa de um

divisor físico a um integrador das duas partes da cidade.

5.2 - A Experiência em Vitória - Espírito Santo

O município de Vitória, capital de Estado do Espírito Santo, possui uma

população de 291.941 habitantes (IBGE 2000). Cerca de 100% dessa população conta

com sistema público de abastecimento de água e aproximadamente 17% do esgoto

gerado na capital é coletado e tratado. O lixo é coletado e destinado a um aterro

sanitário. Vitória possui 198 instituições de ensino e 26 unidades de saúde.

O Município é dividido em sete regiões administrativas. Em uma dessas regiões

administrativas, chamada Grande Maruipe, que congrega dezesseis bairros, foi

montado, com a participação da Secretaria do Meio Ambiente, um Centro de Atenção

Primária Ambiental (CAPA) no Parque Taboazeiro. Este centro utiliza a estrutura física

e administrativa do parque para as suas atividades. A figura 4 mostra a entrada da sede

administrativa do parque, onde geralmente são realizadas as reuniões com os integrantes

do CAPA e pessoas da comunidade.

26

P

pessoas

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Figura 4: Vista da entrada da sede administrativa do Parque Taboazeiro – Vitória/ES, out/2002.

ara dar início à formação do centro, foi selecionado inicialmente um grupo de

de diversos seguimentos da sociedade tais como: Pastoral da Saúde, Prefeitura

al, Agentes Comunitários de Saúde e outros voluntários, para participar de um

capacitação, com palestras e vídeos, ministrado pela FUNASA e pela OPAS,

jetivo principal foi divulgar a estratégia da Atenção Primária Ambiental e

a sua importância no contexto ambiental. Nas figuras 5 e 6 estão diversos

tes do CAPA reunidos em visita realizada ao município em outubro de 2002.

Figura 6: Reunião na sede doParque Taboazeiro com integrantesdo CAPA, Vitória/ES, 2002.

ra 5: Reunião na sede doue Taboazeiro com integrantesAPA, Vitória/ES, 2002.

27

Esse grupo vem realizando, neste momento, um levantamento dos principais

problemas ambientais que existem nos seus bairros com a aplicação de um formulário

(Anexo I) com o título de “Perguntas para o diagnóstico de percepção ambiental”. Neste

formulário, os entrevistados respondem se acham o seu bairro poluído, quais os

problemas ambientais que causam impactos e sua ordem de importância, se participam

de algum movimento organizado ou se estariam dispostos a participar de reuniões

relacionadas a problemas ambientais. O intuito é saber qual é a opinião deles para traçar

uma estratégia com soluções que envolvam a sua participação e atendam as suas

principais necessidades.

O Município conta com alguns projetos em andamento como, por exemplo, o

"Projeto Terra" que foi implantado com recursos do Banco Mundial para preservação de

áreas ambientais. O projeto trouxe benefícios na sua aplicação, primeiramente no seu

entorno. Pode-se citar o asfaltamento das ruas, iluminações das vias, casas foram

reformadas e em conseqüência a valorização imobiliária, ou seja, a preservação do

ambiente trouxe para a comunidade benefícios que foram sendo doados pelo poder

público e outros adquiridos por elas próprias. Nessa seqüência, várias outras idéias estão

surgindo principalmente a solicitação de escolas e creches.

O parque cultiva uma horta de plantas medicinais, Figuras 7 e 8, que é mantida

com a ajuda dos participantes do CAPA, a fim de fornecer plantas para receitas de

fitoterapia por meio de um cadastro de pessoas interessadas. A horta é também visitada

por grupos de estudantes das localidades próximas, com fins educativos.

Figura 7: Vista da entrada da áreado Viveiro Botânico de PlantasMedicinais, Vitória/ES, 2002.

Figura 8: Área cercada do ViveiroBotânico de Plantas Medicinais,Vitória/ES, 2002.

28

O CAPA realiza reuniões mensais, com a comunidade para discutir os

problemas ambientais e apresentar, algum projeto que a Prefeitura esteja querendo

implantar, com a intenção de informar e buscar apoio, contribuindo para o sucesso dos

trabalhos.

5.3 - A Experiência de São Mateus - ES

O Município de São Mateus, no Espírito Santo, com uma população de 90.342

habitantes (IBGE 2000), encontra-se distante 219 km da capital do estado (Vitória). O

Município conta com atendimento de 100% de abastecimento de água e 20% do seu

esgoto é coletado e tratado. Os resíduos sólidos da cidade são dispostos em lixão a céu

aberto.

São Mateus possui 66 escolas. Uma ONG, fundada em 1994 por um grupo de

estagiários dos cursos de Pedagogia e Biologia da Universidade Federal do Espírito

Santo, deu início a um trabalho educativo com crianças no Bairro do Porto. Esse

trabalho, conhecido hoje com o nome de "Projeto Araçá", é um projeto alternativo de

educação e cultura que visa a formação de crianças e jovens em seus aspectos físico,

intelectual, moral e espiritual. Ali são realizados trabalhos voltados para o

desenvolvimento das habilidades artísticas e técnicas, tais como: reciclagem de papel de

forma artesanal, cerâmica, bordados, crochê, pintura, música dança, folclore, horta,

marcenaria, informática atividades jornalísticas e esportivas. Além disto fornece

alimentação, tratamento médico-odontológico e encaminhamento para o trabalho.

(PROJETO ARAÇÁ - 2002)

Para dar início as atividades com as crianças e os jovens buscaram apoio da

Prefeitura, Igreja e demais parceiros da iniciativa privada, inclusive da Aracruz Celulose

S.A. Atualmente o trabalho é realizado por equipe formada por professores da Rede

Pública Municipal, funcionários da Secretaria de Saúde e Meio Ambiente do Município,

educadores e funcionários contratados pela própria Entidade, estagiários da própria

Universidade Federal e demais voluntários, atendendo 407 educandos com idades entre

sete e dezoito anos. A Figura 9 mostra o prédio principal da sede do Projeto Araçá

29

ser vis

institu

materi

área o

Frd2

Figura 9: Foto do prédio principal da Sede do Projeto Araçá, São Mateus/ES, 2002.

Os trabalhos são realizados com os educandos em diversas oficinas, como pode

to nas Figuras 10 e 11, que utilizam muitos materiais usados doados por diversas

ições, comércios e outros. A Aracruz Celulose contribui com boa parte desse

al como: papel, papelão e outros para o pessoal do projeto. A Figura 12 mostra a

nde são recebidos e selecionados os materiais que são utilizados nas oficinas.

Figura 11: Foto de educandosrealizando tarefas nas oficinasde trabalho, São Mateus/ES,2002.

igura 10: Foto de educandosealizando tarefas nas oficinase trabalho, São Mateus/ES,002.

30

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Figura 12: Área onde são recebidos e selecionados os materiais paraserem utilizados em trabalhos nas oficinas, São Mateus/ES, 2002.

m agosto de 2001, a entidade através de seu Centro Cultural, participou do 1°

o Regional de Saúde e Meio Ambiente promovido pela Fundação Nacional de

FUNASA), mostrando o trabalho que estava realizando. Nesse encontro, que

finalidade de apresentar e discutir problemas relacionados à saúde e meio

e nos municípios, no estado e no país e apresentar propostas de possíveis

, este projeto foi comparado à um Centro de Atenção Primária Ambiental

por autoridades da FUNASA e da OPAS, presentes ao encontro. (JORNAL

, 2001).

onvidados então pela FUNASA/OPAS, uma equipe de educadores das

ias de Educação, Saúde e Meio Ambiente participou em Vitória, em novembro

, de um curso de capacitação em aprimoramento ambiental onde puderam

r a estratégia de Atenção Primária Ambiental. Essa equipe deu início a

o do CAPA de São Mateus, cuja finalidade principal é de auxiliar e orientar a

ade na reivindicação os seus direitos junto ao poder público, além de

rem de movimentos organizados que visam a proteção, conservação e

ção do meio ambiente. Trabalham em parceria com o poder público e são

ores dos jovens do Eco-Clube.

31

O projeto Araçá é reconhecido como uma entidade que tem seus trabalhos

voltados para a busca de uma qualidade de vida para os cerca de 407 educandos e

familiares envolvendo também a comunidade. Em sua sede foi formada a Eco-Oficina,

por um grupo de jovens de diversas escolas do município, onde esses jovens atuam

trabalhando as questões ambientais em nível local. (JORNAL ARAÇÁ, 2002). A Eco-

Oficina foi transformada em Eco-clube, onde dois desses jovens foram a Toledo para

participar de capacitação.

Os jovens do Eco-Clube descobrem os principais problemas na cidade e sugerem

soluções, colaborando para melhorar o ambiente e ajudando a comunidade a resolver ou

minimizar esses problemas. Participam juntamente com a Secretaria de Saúde de

trabalhos de conscientização da população como, por exemplo: medidas educativas para

controle da dengue e a importância da implantação de projetos de coleta e tratamento de

esgotos. De todas as atividades até agora realizadas, destaca-se o programa "Jogue

Limpo com Guriri”, patrocinado pela Petrobras, de manutenção e conservação do

balneário de Guriri distante 18 km da sede do município de São Mateus.

O projeto Araçá conta também com uma horta. Os jovens que cuidam da horta

são orientados, aprendem a plantar e a cultivar verduras e legumes que são utilizados na

alimentação dos próprios educandos. Esses jovens acabam adquirindo um gosto especial

pelo trabalho. Recentemente, por iniciativa própria, resolveram conhecer uma horta bem

maior, fora do projeto Araçá, e gostaram tanto que resolveram trabalhar no sentido de

convencer um supermercado da região a adquirir produtos certificados daquela horta,

incentivando assim a utilização desses produtos cultivados na região.

Neste caso, deve-se ressaltar a participação da Coordenação Regional da

Fundação Nacional de Saúde do Espírito Santo que teve um papel importante para a

formação do Centro de Atenção Primária Ambiental (CAPA) e do Eco-clube,

incentivando, promovendo curso de capacitação e fomentando a idéia da criação do

Centro procurando sempre mostrar que o Projeto Araçá já desenvolvia atividades

semelhantes àquelas preconizadas pela OPAS no seu conceito de Atenção Primária

Ambiental.

32

5.4 - A Experiência em São Sebastião da Vala - Aimorés - MG

O município de Aimorés possui uma população de 25.099 habitantes (IBGE

2000). Toda essa população é abastecida com água potável pelo Serviço Autônomo de

Água e Esgoto (SAAE) e aproximadamente 98% dos habitantes têm os seus esgotos

coletados e tratados. Todo o lixo gerado no Município também é coletado e tratado em

unidade de tratamento convencional.

Aimorés possui 30 escolas e em um de seus distritos, São Sebastião da Vala, foi

formado um Eco-clube com jovens estudantes do primeiro grau da escola municipal

Honório Vicente de Oliveira. A iniciativa partiu após um convite da Coordenação

Regional do Espírito Santo da FUNASA para que três alunos participassem de um curso

sobre Atenção Primária Ambiental, em Vitória. Os jovens receberam informações sobre

os princípios da APA e seus objetivos e foram incentivados a repassar a idéia da

formação de um Eco-clube no distrito. Visitaram o Projeto Araçá em São Mateus,

conhecendo o projeto e recebendo informações sobre o Eco-clube existente naquele

município. Duas pessoas (facilitadores) viajaram para Toledo/PR a fim de participar de

encontro de Eco-clubes, conhecer a experiência daquele município e tomar

conhecimento do Estatuto Nacional de Eco-clubes.

O grupo formado é relativamente novo, mas já conta com estatuto próprio.

Atualmente é constituído de 17 facilitadores e 41 membros, sendo 26 oficializados e 15

aspirantes. Os trabalhos realizados têm incentivado aos jovens à participação, bem

como a população que os recebe. Dos projetos já em andamento destaca-se o projeto

S.O.S. Vida "Água um Bem Precioso", as campanhas de distribuição de cestas básicas,

recolhimento de agasalhos e cobertores para fornecimento a famílias necessitadas, as

campanhas contra as drogas e Aids, além de participação na recuperação das condições

ambientais do aterro sanitário local. Na Figura 13 estão alguns jovens participantes,

reunidos em visita realizada em São Sebastião da Vala em outubro de 2002

33

Figura 13: Reunião com integrantes do Eco Clube de São Sebastião da Vala, Aimorés/MG, 2002.

O Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE) de Aimorés, juntamente com a

Coordenação Regional da FUNASA do Espírito Santo, tiveram um papel importante na

formação do Eco-clube e continuam dando o apoio para a manutenção e o crescimento

do grupo. O Instituto Terra (Figuras 14 e 15) uma ONG, idealizada pelo fotógrafo

Sebastião Salgado, cuja sede encontra-se em Aimorés, também apóia os trabalhos do

Eco-clube e empresta as suas dependências para a realização de reuniões dos

facilitadores que estão formando um Centro de Atenção Primária

Figura 14: Vista do prédioprincipal da Sede do InstitutoTerra, Aimorés/MG, 2002.

Figura 15: Área da Sede doInstituto Terra, Aimorés/MG,2002.

34

5.5 - A Esquistossomose em Poço Comprido, Macaparana - PE

Foi apresentado, em março de 2002, no I Seminário Internacional de Engenharia

de Saúde Pública, promovido pelo Departamento de Saúde Pública da Fundação

Nacional de Saúde, um trabalho realizado pelo Núcleo de Saúde Pública da

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1996, na localidade de Poço

Comprido, no município de Macaparana (PE) sobre a Abordagem Multidisciplinar no

Controle da Esquistossomose.

Poço Comprido está localizado a 13 quilômetros da sede do município e

segundo dados do IBGE (2000), possui 226 famílias e 901 habitantes. Cerca de 81%

dessa população recebe entre 1 e 2 salários mínimos, 40% é analfabeta e o estado

nutricional das crianças apresenta deficiências.

Esse trabalho, que será relatado a seguir, teve como objetivo subsidiar a política

municipal de saúde no controle da esquistossomose, buscando utilizar recursos e

equipamentos locais, numa proposta de execução viável pelo município com a

participação da população e parcerias institucionais, considerando suas necessidades

quanto ao uso do ambiente e dos recursos disponíveis. O trabalho mostra que em três

anos de projeto, houve diminuição da prevalência da doença e que a abordagem

multidisciplinar contribuiu para o alcance dos objetivos.

A esquistossomose que representa um problema de saúde pública no Brasil, é

uma doença causada pelo Schistosoma mansoni, verme cujo habitat natural é a

circulação hepática, mais especificamente o “sistema porta” do homem e de roedores

silvestres. Tem como hospedeiro intermediário, no Brasil, caramujos do gênero

Biomphalaria. Os ovos do parasito eliminam-se com as fezes e libertam uma larva

denominada miracídeo que infecta os caramujos e evolui, no seu interior, para outra

larva denominada cercaria. O homem se infecta através do contato com a pele ou a

mucosa em águas contaminadas por essas larvas. (CARNEIRO, 2002)

As estimativas situam-se em torno de 6 a 8 milhões de indivíduos infectados

pelo Schistosoma mansoni, no Brasil. As ações de prevenção e controle devem

compreender os elos da cadeia epidemiológica: o tratamento do portador, o controle do

35

caramujo, educação para a saúde e saneamento básico. Assim sendo foi desenvolvido

nesse trabalho atividades centradas em três eixos principais: diagnóstico e tratamento da

doença, obras de engenharia sanitária e educação popular em saúde e ambiente.

5.5.1 – Principais Problemas Ambientais

Os principais problemas sanitários e ambientais detectados na localidade foram a

deficiência quantitativa e qualitativa da oferta de água potável, a precariedade do

sistema de esgotamento sanitário e inexistência de coleta dos resíduos sólidos.

Como a capacidade do sistema de abastecimento de água era precária,

fornecendo água em apenas algumas horas por dia, a população se abastecia por

cacimbas, poços e principalmente do rio. Diretamente no rio ou em cacimbões

escavados em seu leito, no período da seca, a população tomava banho e lavava roupas

e seus utensílios domésticos.

Quanto ao esgotamento sanitário, a maioria das casas possuía fossa absorvente

cujo esgoto ao percolar no terreno contaminava o lençol freático. Outras águas de

banho, da cozinha, da lavagem de roupa, etc., eram lançadas a céu aberto ou escoadas

em canaletas ou galerias superficiais, indo poluir o rio.

Os resíduos sólidos eram dispostos de forma inadequada, favorecendo a

proliferação de insetos e roedores. Em geral era jogado nos fundos das casas que

durante as chuvas era carreado para os corpos d’água, ou mesmo lançado às margens do

rio.

Além desses problemas havia a poluição e contaminação do solo devido à

criação de animais, como galinhas e porcos soltos na área urbana e a poluição das águas

pelos excrementos de cavalos e vacas às margens do rio, onde em geral são carregados

para serem dessedentados e lavados.

O projeto teve como objetivos específicos:

• Identificar soluções de engenharia para a melhoria do abastecimento de água

e o destino do lixo e dejetos;

• Diagnosticar e tratar os portadores da infecção pelo Schistosoma mansoni;

36

• Realizar trabalho educativo, formando grupos de multiplicadores de

informação sobre saúde e ambiente.

Na metodologia foi efetuada uma análise multidisciplinar da esquistossomose

considerando a articulação entre as questões de saúde e as do meio ambiente, realizando

as seguintes ações:

Quanto a questão clínica e de transmissão da doença:

– Inquérito coprológico em todos os habitantes da região e para fins de avaliação

do programa as crianças de 6 a 13 anos, sendo repetido 3 anos após o

tratamento.

– Tratamento clínico da parasitose

– Inquérito malacológico, para classificar os caramujos responsáveis pela

transmissão da doença.

Quanto a questão ambiental:

– Visitas de observação ao local mostraram a importância social do rio, não só

como lugar para as atividades de lavar roupas, utensílios, etc., mas também

como ponto de encontro das pessoas de todas as idades

Trabalho Educativo:

– Foi realizado um trabalho educativo precedido por pesquisa qualitativa, do tipo

estudo de caso dirigido para alunos das duas escolas de ensino fundamental

existentes no povoado. Formou-se um grupo de 22 jovens, entre 9 e 16 anos,

chamado “Brigada Ecológica” com o objetivo de divulgar o conteúdo das

oficinas, utilizando diversas formas de arte, como teatro, cordel, teatro de

bonecos, poesia, música, colagem e pintura.

5.5.2 – Soluções, Resultados e Conclusão do Projeto.

A partir do inquérito coprológico realizado, foi constatado que a prevalência da

doença era de 18,7%, entre escolares de 6 a 13 anos de idade, caracterizando a área

como endêmica. Foram então realizados tratamentos em todos os portadores de

parasitoses intestinais.

37

Para solucionar os problemas ambientais, a Prefeitura realizou obras para

ampliar o sistema de abastecimento de água existente, projetou e construiu um sistema

de esgotamento sanitário, compreendendo rede coletora e unidade de tratamento, com a

execução do projeto financiado pelo consulado japonês sediado no Recife. Reservou,

ainda, áreas onde seria construída uma unidade de reciclagem e compostagem de lixo.

A “Brigada Ecológica” nos moldes de um Eco-clube ou mesmo de um Centro de

Atenção Primária Ambiental, planejou uma campanha de esclarecimento da população

visando a coleta seletiva do lixo, com ao apoio do governo municipal, no sentido de

melhorar o ambiente.

O resultado de todo esse trabalho foi que a prevalência da doença, após 3 anos,

de todas as ações desenvolvidas, diminuiu de 18,7% para 3,8%. Conclui-se, então, que o

controle da esquistossomose é um problema complexo que deve envolver a participação

popular e do poder público, principalmente setores de saúde e saneamento, típico da

estratégia de APA apresentada pela OPAS. (CARNEIRO et al, 2002)

A abordagem multidisciplinar foi importantíssima, não somente pelo diagnóstico

e tratamento da enfermidade e das obras de saneamento, mas também pelo trabalho

educativo, que consideraram imprescindível para o alcance do objetivo do controle da

esquistossomose.

5.6 - Experiência com Trabalhos na Fundação Nacional de Saúde - FUNASA

O Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) criado em 1942, em conseqüência

de um convênio firmado entre os governos brasileiros e norte-americanos, durante a 2a

guerra mundial foi transformado em Fundação Sesp, em 1960, através da lei n° 3750.

Aproximadamente 30 anos depois, em 1990, com a reforma administrativa,

empreendida no Governo Fernando Collor, foi realizada a junção da Fundação Sesp

com a Superintendência Nacional de Campanha (SUCAM) resultando na Fundação

Nacional de Saúde (FUNASA)

O Sesp, que tinha como finalidade prestar a assistência médica e desenvolver

obras de saneamento, atuava em comunidades carentes trabalhando as questões de saúde

38

e saneamento de maneira integrada, inclusive com intervenções diretas dentro do

domicílio com o programa de melhorias sanitárias domiciliares. Como existia na

instituição os auxiliares e inspetores de saneamento, lotado nas unidades de saúde, que

atuavam junto a população, dando conselhos habituais de educação sanitária, esses

servidores passaram a contribuir diretamente para a execução das melhorias, recebendo

para isso treinamento especial com pedreiros, carpinteiros e funileiros. (SILVA, 2001)

Desta forma, esses auxiliares de saneamento ajudavam os moradores com

fornecimento de materiais e empréstimos de ferramentas, que passaram a fazer parte do

equipamento normal da unidade sanitária ou centro de saúde. Também os orientava

sobre os benefícios recebidos, a sua finalidade e como fazer para mantê-los, ou seja, era

realizada uma melhoria no Município como a instalação de um filtro, um tanque, um

lavatório, etc... e a orientação a respeito da sua utilização e manutenção.

Este programa está sendo hoje realizado com os recursos repassados pela

Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) aos Municípios, através de convênios, os

quais o município tem a responsabilidade na implantação das melhorias domiciliares.

Devido às características da legislação vigente para a aplicação dos recursos públicos

(ação global, com prazos, metas, custos e procedimentos pré-determinados) além de

diversos outros compromissos que o Município tem, o trabalho educativo e a

participação da população diminuíram. A FUNASA tem procurado amenizar esse

problema oferecendo treinamento a servidores dos municípios tornando-os agentes

municipais de saneamento para que possam realizar o trabalho feito anteriormente pelos

auxiliares de saneamento pertencentes ao quadro efetivo da instituição.

Além do programa de melhorias sanitárias domiciliares, também se pode

destacar os convênios firmados entre FUNASA e Prefeitura, em que são repassados

recursos para a realização de obras de saneamento. As Coordenações Regionais da

FUNASA nos estados, são as responsáveis pelos convênios com os municípios de cada

estado. Um desses municípios, no Rio de Janeiro, Bom Jesus do Itabapoana, foram

feitas obras tais como: implantação de sistemas de abastecimento de água e sistemas de

esgotamento sanitário e uma Unidade de compostagem e reciclagem de resíduos

sólidos.

39

Durante esses trabalhos foram realizadas palestras com vídeos e outros recursos

didáticos, por técnicos da FUNASA e do Município, para pessoas da comunidade, onde

o serviço estava sendo implantado, com o intuito de esclarecê-las e sensibilizá-las sobre

as atividades que ocorreram e os novos equipamentos urbanos implementados. Essas

palestras foram ministradas à noite em escolas, associação de moradores ou outro local

dentro do distrito, a fim de despertar o interesse do maior número de pessoas a respeito

do assunto.

Por ocasião da implantação da Unidade de Lixo, foram também realizadas

palestras em todas as escolas do Município com o intuito de sensibilizar as crianças e os

jovens sobre a importância de tratar e dar um destino adequado ao lixo da sua cidade,

tendo em vista os perigos que podem acarretar às pessoas a proliferação de vetores

oriundos do acúmulo indevido do lixo. Os alunos eram motivados a participar com a

visão que tinham do problema fazendo as sugestões que achassem necessárias.

Uma outra forma de participação da comunidade, praticada pela FUNASA,

pode-se citar a atuação da Unidade de Saneamento em Barra de São João, vinculada ao

serviço de saneamento da Coordenação Regional do Rio de Janeiro. Essa unidade, além

de prestar assistência técnica na área de saneamento, a municípios do estado, recebia

recursos para aplicá-los nesses municípios, seguindo uma programação feita

previamente. Uma parte desses recursos era aplicada no programa de melhorias

sanitárias domiciliares.

Desta forma, para que se pudesse executar um maior número de melhorias, a

unidade adquiria os materiais e propunha a população executar as melhorias com a mão

de obra dos moradores e de pessoal oferecido pela Prefeitura orientada pelos auxiliares

de saneamento da Fundação. Isto os fazia tornarem-se cúmplices daquele serviço,

sentiam-se valorizados com o trabalho realizado em parceria com o poder público além,

é claro, de ficarem satisfeitos com os benefícios recebidos. Os materiais eram entregues

aos moradores, seguindo um cronograma de execução e controle, em que somente

recebiam um determinado material após terem executado a etapa programada

anteriormente. Por exemplo, só recebiam o vaso sanitário após terem executado as

instalações relativas à sua utilização. Em muitos casos pôde-se verificar que moradores,

após terminarem o trabalho em sua residência, ajudavam a outros na execução de suas

40

melhorias domiciliares, pois os serviços tinham a finalidade de executar as melhorias

completando sempre as ruas até que todo o bairro ficar concluído.

Entre os diversos trabalhos de saneamento realizados pelo Sesp, desde a sua

criação, constava, ainda, na década de quarenta, o programa de saneamento no Vale do

Amazonas que não visava apenas um combate momentâneo de doenças, ao contrário era

um programa de longo alcance, que tinha o objetivo de defender e valorizar o homem

amazônico, proporcionando-lhe os meios de assegurar permanentemente uma existência

mais saudável e feliz. (Boletim do SESP, n° 28 nov 1945)

Dentro desse amplo conceito, é que se enquadravam as atividades desenvolvidas

pela secção de Educação Sanitária que a partir de iniciativa própria criou o plano de

fundação dos chamados “Clubes de Saúde” que se destinavam a congregar as crianças

escolares de ambos os sexos, no sentido de ministra-lhes, em coletividade, ensinamentos

de educação sanitária. O objetivo desse programa era difundir entre a população das

escolas do interior da Amazônia os princípios básicos de educação sanitária que fossem

conduzidos com eficiência do indivíduo à família, à comunidade e à Pátria, procurando

criar hábitos de vida sadia, bem como princípios de civismo e de uma sã moral.

(Boletim do SESP, n° 29 dez 1945). Nesse programa era também estimulado o espírito

de solidariedade e de responsabilidade em seus trabalhos, no sentido de despertar na

criança a idéia de cooperação e do esforço conjugado para a solução de seus problemas.

A denominação de clubes de saúde foi preferida dentro das linhas gerais do

programa de educação sanitária do SESP porque na Amazônia, um dos grandes

problemas a vencer constituía a dispersão de suas populações e, por isso mesmo a falta

de conhecimento de espírito coletivo. Isoladas no vale imenso, essas populações

criavam o seu próprio ambiente, seus métodos de vida, sem o menor contato com a

coletividade, de onde poderia propagar o espírito associativo. Encontrava-se apenas

arraigado no homem amazônico a idéia de que as obras de caráter social e público, em

bem do progresso e adiantamento da coletividade deviam caber aos governos. Dessa

maneira, qualquer cooperação das populações para a solução desses problemas era

mínima. (Boletim do SESP, n° 29 dez 1945)

A organização de um clube de saúde dependia da cooperação do presidente do

Conselho Escolar e do professorado. Um chefe de um Distrito Sanitário do SESP

41

lançava a idéia, convidando o presidente do Conselho Escolar e as professoras da

localidade, para uma reunião em que expunham as finalidades e as bases da organização

do clube, deixando bem claro e definidos os planos de trabalho e resultados esperados,

mostrando a necessidade de colaboração de todos, inclusive aceitando sugestões para

levar a diante os projetos mais facilmente. Em seguida a idéia era levada aos escolares,

bem como o convite para as suas participações que eram absolutamente voluntárias,

fazendo o interesse de cada um o principal estímulo para o desenvolvimento do clube.

Com o grupo formado era realizada uma solenidade para caracterizar a fundação do

Clube, em que eram convidadas as autoridades locais e a população em geral.

Procurava-se o interessar o Prefeito da cidade, o vigário, demais autoridades e todos

aqueles que se mostravam dedicados aos assuntos sociais e da comunidade. A intenção

era para que algumas pessoas que pareciam não se mostrar interessadas nos assuntos da

comunidade, (porque não tinham oportunidade para isso) acabassem mostrando desejo

em cooperar, podendo, inclusive, tornarem-se líderes que até então, pelas próprias

circunstâncias ambientais, tinham vivido à parte dos movimentos coletivos.

O clube formado nas escolas por crianças e adolescentes, entre 7 e 14 anos, era

dirigido pelos próprios membros, que aprovavam seus estatutos, elegiam seus diretores,

tomavam parte nas reuniões para escolha de programas, escolhiam seus líderes e se

reunião periodicamente. Os professores, pais e outros líderes constituíam uma grande

cadeia de cooperação com os escolares, de maneira a manter bem vivo o entusiasmo e o

interesse pelo clube. O principal objetivo era despertar os adolescentes para uma

consciência coletiva. Todos os projetos deviam ser organizados para o trabalho em

equipe, incentivando a cooperação para a melhoria da escola, embelezamento dos

parques escolares e da cidade e de tudo o que os membros do clube pudessem participar

que fossem ligadas as vidas em comum. As atividades do clube eram sempre colocadas

dentro de planos e motivos que pudessem agradar aos escolares, eram acompanhadas de

ensinamentos básicos, de estímulo as habilidades, à responsabilidade, à formação de

hábitos e buscavam sempre um determinado alvo. (Boletim do SESP, n° 34 mai 1946)

O Clube de Saúde era uma associação que tinha como alvo mais importante

difundir o ensino da higiene e criar uma consciência sanitária entre as novas gerações,

visando também a educação moral e cívica, pelo estímulo aos verdadeiros ideais de

solidariedade humana, amor à pátria e cooperação para o trabalho em bem da

comunidade. Eram orientados localmente pelos médicos e visitadoras sanitárias,

42

cabendo a supervisão geral à Seção de Educação Sanitária do SESP. (Boletim do SESP,

n° 34 mai 1946).

Segundo as descrições e os relatos acima se pode verificar que a Atenção

Primária Ambiental vem sendo empregada pela Fundação Nacional de Saúde desde sua

implementação com características da proposta da OPAS, como: a descentralização, em

que a APA estabelece que a escala territorial mais importante é a municipal; a

coordenação a qual a APA deve fomentar núcleos de trabalho pró-ativos que

administrem os problemas locais, de acordo com sua capacidade tecnológica, normativa

e com a disponibilidade de recursos e, principalmente, com a eficiência que permite

utilizar esses recursos da maneira mais apropriada ao empreender ações de

melhoramento ou proteção ambientais mais ágeis, desburocratizadas e coordenadas,

dando espaço a inovações, à diversidade de atividades, metodologias e práticas locais.

43

6 - COMENTÁRIOS E DISCUSSÕES

Além das experiências aqui apresentadas, vários outros pequenos relatos

poderiam ser descritos como a reportagem de Rosangela Guerra, encontrada na revista

TV escola do Ministério da Educação, que registrou em Rio Branco/AC um projeto

pedagógico sobre sustentabilidade, do professor de História, Valdomiro Andrade dos

Santos, que propôs aos alunos da 2a série do 2° grau do colégio Instituto Lourenço

Filho. A área onde vivem é coberta em 90% pela floresta, com seringueiras,

castanheiros e muitas madeiras nobres.

A princípio o trabalho seria para pesquisar na internet, em vídeos, livros e

veículos de imprensa, mas acabou em um projeto, que foi divulgado na Internet, e na

gravação de um vídeo realizado no seringal Cachoeira, em Xapuri/AC. O vídeo foi

preparado a partir de dados de visita realizada pelos alunos ao Museu da Borracha em

Rio Branco/AC e de entrevistas com diversas pessoas. O resultado do trabalho realizado

pelos alunos foi a sensibilização, dos mesmos, aos problemas que pertencem àquela

região onde vivem.

Pode-se enfatizar que, antes de iniciar a pesquisa, estes jovens não tinham a

verdadeira dimensão da importância da Amazônia e nem o significado do termo

desenvolvimento sustentável. Um dos alunos da turma citado na reportagem, Mikellison

do Nascimento, 17 anos, ao dizer que a castanha é uma “mina de ouro na Amazônia” e

que se o extrativismo não for sustentável a riqueza se esgota, demonstra claramente a

consciência que ele adquiriu com a sua participação no trabalho.

O ensino médio no Brasil deveria inserir matéria obrigatória no currículo escolar

que dissesse respeito aos problemas ambientais. Cada escola trabalharia com a sua

realidade local. Isso, certamente, facilitaria o seu engajamento em programas ou

projetos propostos pelo poder público ou pela própria comunidade. Foi visto que na

experiência do município de Toledo com o Programa Cidadão Ambiental, realizado

com as escolas, algumas tiveram dificuldade em aderir ao programa, mas ao participar

do Fórum de Experiências e conhecer os trabalhos bem sucedidos de outras escolas, se

sentiram motivadas a se inserir no processo. Ou seja, a consciência somente é adquirida

a partir do conhecimento, da experiência vivida ou da participação.

44

Ao trabalhar nesse projeto pedagógico sobre a sustentabilidade na Amazônia, os

alunos tiveram uma lição de cidadania, aprendendo a importância do desenvolvimento

sustentável e tendo exata dimensão dos problemas que também os atingiam. Pode-se

verificar que um projeto desse tipo é perfeitamente aplicável em outras situações.

Um jovem aprende facilmente como se deve portar para manter limpa a sua

escola, a sua casa, e em conseqüência a via pública do seu bairro, ao inserir-se num

programa de coleta seletiva de lixo que ele participa concretamente, opinando,

sugerindo, criando estratégias de ações, etc. ... . Além disso, são agentes

multiplicadores.

"Tenho clareza do meu papel, que é formar cidadãos conscientes e agentes da

transformação social" disse o Professor Valdomiro (REVISTA TV ESCOLA, 2002)

“A floresta tem de ficar em pé. O desenvolvimento sustentável não prejudica a

natureza e as pessoas que vivem na região”.

Declaração desse tipo, citada na reportagem da revista TV Escola, faz crer que o

jovem tomou consciência da importância da Amazônia e se isso realmente aconteceu,

certamente será repassado para sua próxima geração. Portanto, quando as pessoas

conhecem bem um problema que afeta a região em que vivem e de alguma forma são

convocadas para participar da sua solução acabam se tornando cúmplices do processo.

Por exemplo, pode-se supor que os dirigentes de um Município proponham uma

discussão com a comunidade de um bairro para que juntos encontrem uma solução para

o problema do lixo que está afetando o dia a dia daquela localidade. Se isso ocorrer e

chegarem a conclusão que uma coleta seletiva seja a medida adotada, para a solução do

problema, aquelas pessoas se sentirão parceiras da idéia encontrada e com certeza as

ações para colocá-las em prática serão executadas com muito mais êxito do que se essas

mesmas ações fossem determinadas pelos mesmos dirigentes, sem que a população

fosse ouvida antes. Ou seja, inserir as pessoas na discussão de projetos em que elas

próprias serão beneficiadas é dividir com elas a responsabilidade pelo sucesso das

ações.

45

O Brasil é um dos campeões na reciclagem de latas de alumínio, mas em relação

à coleta seletiva, que poderia ampliar a reciclagem de outros materiais como, vidro,

plástico e papel, é adotada apenas por 8,2% dos municípios brasileiros (ABES, 2000). A

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) indicou que dos municípios que

participam da coleta seletiva, 50 deles interromperam esse trabalho tendo como

justificativa: má aceitação da comunidade 38%, falta de local adequado 40%, falta de

campanha de conscientização 26% e outras razões 36%. Um mesmo município pode

apresentar mais de uma razão para interromper a coleta. A figura 16 ilustra esses dados.

05

10152025303540

Justificativa

Má Aceitação daComunidade

Falta de LocalAdequado

Falta deCampanha deConscientizaçãoOutras Razões

Fonte: IBGE - PNSB 2000

Figura 16: Justificativas indicadas por municípios do Brasil que interromperam a coleta seletiva de lixo – Relatório PNSB 2000

É bem provável que a população dos 50 municípios da pesquisa do PNSB, que

interromperam o trabalho de coleta seletiva, não tenha sido ouvida, nem devidamente

informada antes do início dos trabalhos.

Pode-se comparar o programa Cidadão Ambiental em Toledo que envolve toda a

comunidade escolar e, por conseguinte, os moradores do local. Os próprios alunos

tornam-se multiplicadores daquilo que aprendem. O projeto demonstrou que não se

consegue êxito quando se quer mudar hábitos ou modos de agir de pessoas ou de uma

46

comunidade sem informá-las, educá-las, mostrar-lhes como determinada ação pode lhes

trazer benefícios.

Como se viu em Toledo, as escolas se transformaram, os hábitos dos alunos

mudaram pela mudança do comportamento deles, como por exemplo: procuraram

conhecer melhor os programas ambientais existentes no Município e a partir daí,

passaram a influenciar a população na participação desses programas. Os jovens

acabaram, também, cuidando melhor do prédio em que estudavam não depredando suas

dependências e, certamente, essas atitudes se estenderam as suas casas e localidades

próximas de onde vivem.

Da mesma forma, os Clubes de Saúde implantados pelo Sesp, por volta de 1945,

tinham entre as suas finalidades, na época, conduzir com eficiência os princípios de

educação sanitária ao jovem estudante, tornando mais fácil a assimilação desses

princípios pelas demais pessoas da família e, conseqüentemente, pela comunidade,

despertando uma consciência coletiva, indispensável para o progresso de todos.

Quando jovens são educados dessa forma passam a transmitir de forma direta ou

indireta, a seus familiares, aquilo que aprenderam, fazendo com que um número maior

de pessoas receba aquelas informações, aumentando o conhecimento da comunidade e,

possivelmente, a mudança de atitudes, de um modo geral.

Um outro exemplo da importância da participação da população na resolução de

um problema se encontra no relato sobre a esquistossomose em Poço Comprido,

Maracaparana/PE. Depois de identificado o problema buscou-se as possíveis soluções

de engenharia para a melhoria do abastecimento de água e para o destino adequado do

lixo e dos dejetos. Junto a isso, além de cuidar das pessoas infectadas, foi feito um

trabalho educativo com alunos de duas escolas do ensino fundamental.

Um grupo de 22 jovens, com idade entre 9 e 16 anos, chamado de Brigada

Ecológica, após participar de oficinas de arte como: teatro, cordel, teatro de bonecos,

etc, passaram a divulgar o conteúdo dessas oficinas, que com toda certeza contribuiu de

maneira significativa para a mudança de hábitos da população atingida e, em

conseqüência, uma maior eficácia nas ações desenvolvidas. Esse trabalho pode ser

comparado com as atividades desenvolvidas por um Eco-clube.

47

Quando se quer desenvolver uma ação que irá beneficiar diretamente o

indivíduo, isto pode ser conseguido com mais facilidade se esse indivíduo for

esclarecido do problema e das medidas que estão sendo tomadas para a sua solução. Por

exemplo, apesar de não relatado nessa dissertação, em Fortaleza/CE, a Secretaria de

Estado da Saúde participa ativamente de ações objetivando cumprir as medidas de

controle da tuberculose, através do Laboratório Central (LACEN), que analisa amostras

suspeitas e trabalha para a diminuição do número de casos de tuberculose no Estado.

A tuberculose é uma doença que apresenta, em certos pacientes, bactérias

multiresistentes e em todas as contribuições publicadas sobre este tema, aponta-se como

principais fatores, o tratamento irregular, o abandono e a falta de vigilância.

(Rosemberg, 1999). O doente deixa de tomar o remédio e o bacilo adquire resistência.

Se fosse feito um trabalho educativo junto à população, alertando-a dos perigos da

doença e suas implicações na interrupção do tratamento, possivelmente haveria um

menor número de casos multiresistentes e, conseqüentemente, melhores resultados no

seu tratamento.

Um Centro de Atenção Primária Ambiental na região poderia dar esse apoio ao

laboratório, pois se entende que a sua atuação não se deve restringir a questões

ambientais especificas, mas a quaisquer questões que dizem respeito à melhora da saúde

e da qualidade de vida das pessoas.

Um outro ponto importante que se pode verificar é que quando em um bairro ou

numa localidade surge um movimento cuja finalidade seja melhorar as condições de

vida das pessoas, o local, que serve como ponto de encontro para as reuniões ou para as

atividades, depois de algum tempo começa a ter uma melhora significativa em seu

entorno. A área próxima ao Parque Taboazeiro em Vitória está sendo um prova disso.

É possível que pessoas de uma comunidade, que vivam próximas a um Centro

de Atenção Primária Ambiental, ao participarem das atividades de interesse daquela

localidade, passem a tomar consciência dos problemas e se articulem para pressionar o

poder público no sentido de melhorar o ambiente em torno daquele local.

48

Um dos primeiros pressupostos para se praticar a cidadania é assegurar aos

indivíduos o direito de reivindicar os seus direitos. As pessoas não podem pensar que

elas devem somente receber, elas precisam, de algum modo, tornar-se parte do governo

trabalhando para conquistar esses direitos. Desta forma, quando a comunidade se

organiza, ela não fica esperando a solução para um problema que existe no seu bairro,

seja este problema de ordem ambiental ou não, e sim utiliza a sua organização para

buscar soluções que atinjam diversos níveis, entre eles pressionar os órgãos

competentes, se assim for necessário.

O próprio governo seja ele federal, estadual ou municipal deve propiciar à

população todos os meios possíveis para inseri-la nas discussões relativas aos problemas

ambientais, procurando informar e ouvir sugestões para que juntos possam encontrar

soluções viáveis e possíveis de serem executadas até mesmo, se necessário, com a ajuda

das pessoas.

Segundo as descrições dos trabalhos realizados pela FUNASA nos municípios,

citados nessa dissertação, pode-se verificar que têm semelhança com a estratégia

proposta pela APA, pois envolve parceria entre os poderes públicos (governo federal e

municipal) e participação direta ou indireta da população e, embora não sejam

especificamente relativos a resolução de problemas ambientais, foram realizados para

atender a determinadas necessidades da população, no que diz respeito a serviços de

saneamento básico, com o objetivo de promover a saúde e, em conseqüência, proteger o

ambiente.

Esse tipo de atuação vai de encontro a um dos princípios básicos da APA que é a

participação da comunidade: “A APA busca, através da capacitação e o aumento da

consciência ambiental, que a sociedade civil tenha uma participação responsável,

informal e organizada. Qualquer política ou decisão ambiental deve ser submetida à

aprovação e conhecimento da comunidade”. (OPAS , 1999).

Convém também destacar que a antiga Fundação SESP e hoje Fundação

Nacional de Saúde, por congregar diversas atividades como: assistência médica (ex-

FSESP), controle de vetores (atualmente repassado ao município), assistência à saúde

do índio, epidemiologia, vigilância ambiental e sua atuação na área de saneamento, e

por ser um órgão pertencente ao Ministério da Saúde, sempre trabalhou e trabalha com a

49

visão de saúde pública, integrada com esses diversos setores, conforme consta no

conceito de promoção da saúde.

Um outro ponto que se deve colocar em discussão é com relação a formação dos

Centros de Atenção Primária Ambiental. Não há um modo determinado para a sua

formação. Cada um deles tem sempre uma característica distinta, embora com a mesma

finalidade. O mesmo se verifica com os Eco-clubes. O CAPA de Toledo, no Paraná,

teve início com um programa realizado nas escolas, por iniciativa da Prefeitura

(Secretaria do Meio Ambiente), que se desenvolveu encontrando apoio dos educadores

e resposta dos educandos.

No Município de Vitória, a formação do CAPA na região do Parque Taboazeiro

foi iniciada com a ajuda significativa de uma instituição pública de nível federal

(Coordenação Regional da FUNASA), que convidou pessoas da comunidade e do

parque a participar de um curso de capacitação. Essas pessoas passaram a conhecer os

princípios da APA e estão tentando por em prática aquilo que aprenderam.

O mesmo aconteceu no Município de São Mateus, a Coordenação Regional do

Espírito Santo convidou o representante da OPAS para participar do 1° Encontro

Regional de Saúde e Meio Ambiente, realizado em Vitória. Ofereceu, também, ao

pessoal do projeto Araçá, um espaço para pudessem expor o trabalho que já realizavam

no Município. Desse encontro surgiu a formação do CAPA que, como se deve ressaltar,

partiu de um projeto existente que tinha semelhança com alguns objetivos e princípios

da APA.

O Eco clube fundado na escola municipal no distrito de São Sebastião de Vala,

no Município de Aimorés, teve o apoio do Serviço Autônomo de Água e Esgoto

(SAAE) e também da Coordenação Regional da FUNASA. Alguns professores que

pertencem ao Centro de Atenção Primária, em formação, fazem o papel de facilitadores.

O distrito é pobre e as dificuldades encontradas são grandes, mas o entusiasmo

demonstrado pelos estudantes, que compõem o Eco clube, é contagiante, pois eles têm

consciência do papel que exercem, apoiando o governo local na resolução dos

problemas na comunidade, ou até mesmo realizando ações, por iniciativa própria,

sempre com o intuito de melhorar a saúde e da qualidade de vida das pessoas.

50

O Centro de Atenção Primária formado no Município de Aracruz/ES, que não

foi relatado nessa dissertação, partiu da iniciativa de pessoas de nível superior. O seu

presidente, Tino Barros Jr., que é comunicólogo e professor da Faculdade de Ciências

Humanas de Aracruz (FACHA) e participou da visita realizada ao Parque Taboazeiro

em Vitória, fez comparações entre a formação dos dois centros observando que o CAPA

de Aracruz tem uma característica mais elitizada. No artigo publicado na Gazeta (2002),

ele é de opinião que a estrutura administrativa do CAPA pode ser variável dependendo

das condições existentes na própria localidade. Entretanto, o CAPA deve contar com

uma equipe especialmente treinada e com uma infra-estrutura básica que lhe permita

capacitar a comunidade na prevenção, detecção e solução de seus problemas ambientais.

O CAPA de Aracruz foi instalado em junho de 2002, por iniciativa do

Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciências Humanas de

Aracruz (DAU/FACHA) e, segundo ele, está orientado a difundir e promover

ferramentas conceituais e práticas relacionadas a prevenção ambiental entre mais de

setenta mil pessoas do município, com destaque relevante para aproximadamente dois

mil profissionais da Fundação São João Batista, de Aracruz, entre professores,

estudantes e funcionários administrativos, que a quase cinqüenta anos é mantenedora do

Centro Educacional de Aracruz (CEA) e da FACHA. (BARROS - Jornal Gazeta, 2002)

Acredita-se que os componentes de um Centro de Atenção Primária Ambiental,

com formação de nível superior, devido a essa condição, acabam de algum modo tendo

um acesso mais fácil aos poderes públicos e, conseqüentemente, facilitam o caminho da

população para reivindicar os seus direitos e suas necessidades.

O esforço que se dispõe a desenvolver requer uma nova visão de atenção às

pessoas e ao meio e sua eficácia será medida em função das conquistas alcançadas, no

que se refere ao nível de mobilização da comunidade, dos efeitos na acessibilidade aos

serviços e na melhoria na gestão do meio ambiente local.

51

6 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Da mesma forma que a Atenção Primária Ambiental não é solução para todos os

problemas ambientais a nível local, não se propôs nesse trabalho oferecer fórmulas

prontas de atuação para que Municípios pudessem empregar ou aplicar em suas

localidades a fim de resolver esses problemas.

No entanto, acredita-se que conhecendo experiências bem sucedidas em

comunidades cujo processo teve a participação popular, estes, certamente, poderão

servir como incentivo aos governos locais e as populações para que juntos possam

buscar as possíveis soluções para os seus problemas ambientais.

A falta do abastecimento de água de qualidade e em quantidade suficiente, a

contaminação atmosférica, a contaminação da água pelas industrias e a falta de políticas

eficazes para o destino final dos esgotos e dos resíduos sólidos, são questões

fundamentais que devem ser observadas com muita atenção pelas autoridades. Sabemos

que as conseqüências disso acabam caindo sobre a população, quase sempre as mais

pobres e carentes, além de levar os setores de saúde dos Municípios a investir vultosas

quantias na medicina curativa para amenizar o sofrimento dessa população.

Os relatos e as experiências divulgadas nesse trabalho poderão servir como

exemplos para outros Municípios ou como inspiração para novas propostas. As

populações e governos locais devem tornar-se elementos integrados, na busca de

soluções para os problemas ambientais, numa estratégia participativa cuja meta seja

alcançar melhores condições de vida para todos.

Os problemas ambientais implicam na confluência de múltiplos processos que

envolvem o meio físico-biológico, os sistemas produtivos, tecnologias, organização

social, instituições políticas, os poderes públicos, economia, cultura e demais setores da

sociedade. Além disso, tem características diversas: são universais em escala, têm

potencial de impacto em longo prazo, na maioria dos casos são complexos, envolvem

fatos científicos incertos, possuem diferentes valores em disputa e altos interesses em

jogo e na maioria dos casos exigem decisões sob condições de urgência.

52

Sabe-se, ainda, que 20% da população dos países no mundo consomem 80% dos

produtos consumidos no mundo todo. Pode-se pensar que nesses países esta população

está mais exposta a contaminação, mas isso não é verdade. Acontece ao contrário, onde

são consumidos os 20% é que existe mais contaminação, pois nos países mais

desenvolvidos, onde o consumo é maior, o controle e a fiscalização são maiores,

existem normas mais rígidas além de uma população mais bem informada que

reivindica melhor os seus direitos.

Através de uma reflexão sobre o conceito da APA, os seus princípios básicos,

suas principais características e as dificuldades e limitações na sua implantação pode-se

produzir ações com resultados concretos como pode ser visto nas experiências descritas

anteriormente. A integração entre os setores responsáveis por essas ações, que irão

refletir a qualidade de vida do homem, como saúde, educação, habitação, trabalho,

cultura e outras, deve ser vista por todos como fundamental para o êxito do trabalho.

É importantíssimo que o poder público envolvido seja ele municipal, estadual ou

federal acredite na estratégia preconizada pela OPAS, de que o nível local deve procurar

soluções para seus problemas ambientais com a participação e a ajuda da população. A

Coordenação Regional da FUNASA no Espírito Santo (CORE/ES), que é uma

instituição federal, teve e tem um papel fundamental na formação dos Centros de

Atenção Primária Ambiental e dos Eco-clubes naquele estado. Está sempre procurando

divulgar a APA e seus princípios básicos e incentiva outros municípios a aderir a

formação de CAPAs e Eco-clubes, usando como exemplo aqueles que estão

funcionando.

É preciso ainda que o poder público se comprometa em atender as necessidades

básicas e os anseios da população que, de algum modo, está sempre buscando melhores

condições de vida. As palestras citadas na experiência com o município de Bom Jesus

do Itababoana no Rio de Janeiro, sozinhas não resolveriam os problemas da falta de

abastecimento de água ou da falta de tratamento dos resíduos sólidos. Elas foram

acompanhadas de ações efetivas (implantação de uma unidade de lixo ou de uma

estação de tratamento de água) que juntas tiveram um efeito positivo.

Quando os problemas são resolvidos desta forma, as pessoas passam a acreditar

mais nos seus governantes. As pessoas se sentem responsáveis quando convocadas a se

53

engajar em campanhas para melhorar o ambiente ou para atuar em prol da comunidade

em que vivem.

Percebe-se que nos locais onde a APA está sendo desenvolvida existe um

entusiasmo, tanto das autoridades quanto dos participantes dos Centros de Atenção

Primária e dos Eco-clubes, além das demais pessoas envolvidas com o processo. O

poder público pode e deve aproveitar esse entusiasmo para ampliar os trabalhos e

divulgá-lo para outras localidades, dentro e fora do Município, a fim de que um número

maior de pessoas acredite e utilize a estratégia da APA para resolver ou minimizar os

seus problemas ambientais.

Outros municípios, ao tomarem conhecimento de experiências bem sucedidas

com APA ou até mesmo de algumas que não deram certo, poderão, a partir desses

exemplos, procurar a forma mais adequada para implantá-las nos seus próprios

municípios. As associações de moradores, as representações de classe, as igrejas, etc...,

podem ajudar nessa tarefa.

A criação de um Centro de Atenção Primária Ambiental (CAPA) em uma

cidade, composto por profissionais multidisciplinares ou demais voluntários que se

interessem em ajudar a sua comunidade, pode vir a ser um importante núcleo de

colaboração com o poder público, na resolução dos problemas ambientais, bem como

em outras questões que dizem respeito à melhoria da saúde e da qualidade de vida das

pessoas.

Da mesma forma, os Eco-clubes, que juntamente com os CAPAs são um dos

braços operativos para colocar em prática a APA, tem uma importância muito grande,

não somente pelo aspecto de auxiliar na resolução de problemas da comunidade, mas

principalmente na consciência que ajuda a formar nos jovens que deles participam.

Espera-se que as pessoas comecem a assumir uma maior preocupação pelo meio

ambiente, independentemente de sua condição socioeconômica, idade ou preparação.

Fazê-las incorporar em sua linguagem a dimensão ambiental, fazendo com que este

tema tão difuso, longínquo e complexo de ser entendido pela maioria das pessoas

adquira uma dimensão mais próxima e apropriada, ao associar a qualidade de vida com

as condições ambientais em que vivem.

54

Abre-se uma nova perspectiva quando se propõe resolver, com a participação de

todos, problemas ambientais que atingem milhões de pessoas no mundo inteiro.

Sócrates acreditava que um escravo era capaz de solucionar questões filosóficas com a

mesma razão de um nobre, pois, para ele, todas as pessoas eram capazes de entender as

verdades filosóficas, bastando para isso que usassem sua razão. As questões ambientais

não são questões filosóficas, mas pode-se acreditar que as pessoas têm sempre algo a

contribuir, basta que lhes seja dado o direito de praticar a cidadania.

55

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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28, p. 12

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29, p. 7

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JORNAL ARAÇÁ b, 2001. Secretários participam de reunião no Araçá para a formação

do Centro de Atenção Primária Ambiental em São Mateus. Jornal Araçá, São Mateus,

dezembro, Edição n0 17, p 11.

JORNAL ARAÇÁ c, 2002. Eco Clube Araçá e Capa ganham novas experiências em

Toledo – PR. Jornal Araçá, São Mateus, março, Edição n0 20, p 4.

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Ministério das Cidades

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Declaração de Alma-Ata, Carta de Ottawa, Declaração de Adelaide e outras, Brasília:

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28 Agosto/Setembro, p. 32-39, Secretaria de Educação a Distância, Ministério da

Educação.

59

Glossário

ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

APA – Atenção Primária Ambiental

APS – Atenção Primária à Saúde

CAPA – Centro de Atenção Primária Ambiental

FSESP – Fundação Serviços de Saúde Pública

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISPN – Instituto Sociedade População e Natureza

OMS – Organização Mundial de Saúde

OPAS – Organização Pan-americana de Saúde

Oxfam – Organização Britânica independente, que trabalha em parceria

com outras organizações para combater a pobreza e o sofrimento em

diferentes lugares do mundo.

PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto

Sesp – Serviço Especial de Saúde Pública

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

60

Anexo I

FORMULÁRIO ELABORADO PELO CENTRO DE ATENÇÃO PRIMÁRIA

AMBIENTAL DO PARQUE TABOAZEIRO EM VITÓRIA.

PERGUNTAS PARA O DIAGNÓSTICO DE PERCEPÇÃO AMBIENTAL

Caracterização do informante Sexo ( ) F ( ) M Faixa etária ( ) 16 – 21 ( ) 26 – 32 ( ) 32 – 38 ( ) 38 – 44 ( ) 44 – 50 ( ) 50 – 56 ( ) 56 – 62 Sua origem: _____________________________________________________ Residência ( bairro ): ______________________________________________ A quanto tempo você reside neste bairro? ( ) 1 a 3 anos ( ) 4 a 7 anos ( ) 8 a 11 anos ( ) acima de 12 anos Existe nesse bairro alguma área de lazer? ( ) Sim ( ) Não Qual: _______________________________________ I – PROBLEMAS AMBIENTAIS 1) Você reside perto de que tipo de ecossistema? ( ) manguezal ( ) encosta ( ) restinga ( ) mata atlântica ( ) outros 2) Você utiliza dos recursos destes ecossistemas? ( ) sim ( ) não 3) Se sim, de que forma: ( ) passeios ( ) extrativismo ( ) contemplação ( ) outros. 4) Você acha que seu bairro é poluído? ( ) sim ( ) não 5) Em ordem de importância, quais destes elementos causam impactos no seu bairro?

61

( ) acúmulo de lixo ( ) esgoto a céu aberto ( ) desmatamento ( ) poluição de saneamento ( ) poluição sonora ( ) falta de paisagismo ( ) falta de saneamento ( ) deslizamentos de encosta ( ) poluição visual ( ) poluição do ar ( ) falta de saneamento 6) Dentre os movimentos organizados em quais você participa? ( ) movimento comunitário do bairro ( ) Associação de moradores. ( ) Time de futebol. ( ) Igrejas ( ) Escolas de samba ( ) Congo ( ) outros 7) Existem escolas no Bairro, quais? Municipal – Nome: __________________________________________________ Estadual – Nome: ___________________________________________________ Particular – Nome: __________________________________________________ 8) Você participaria de reuniões relacionadas a problemas ambientais? ( ) sim ( ) não 9) Se sim, qual melhor período? ( ) manhã ( ) a tarde ( ) noite 10) Existe alguma obra em andamento? ( ) Sim ( ) Não O que? ___________________________________________________________

62