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ANALISTA INFRAESTR.-RECURSOS HÍDRICOS/SANEAMENTO–MP/2012 PROFESSOR: REYNALDO LOPES Prof. Reynaldo Lopes www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá pessoal! Chegamos à nossa aula 03, na qual prevemos cobrir os seguintes assuntos: 5 Avaliação de recursos hídricos. 5.1 Disponibilidade de recursos hídricos. 5.2 Demanda hídrica do projeto. Como o assunto é bastante abrangente, mas vamos manter a proposta inicial, apresentando questões de concursos anteriores sobre Recursos Hídricos e solucionando-as com foco nos conceitos necessários para entender o assunto cobrado no edital. Cabe destacar que também estão abrangidos por estes itens do nosso edital assuntos como o gerenciamento integrado de recursos hídricos e a Política Nacional de Recursos Hídricos, cobrados literalmente no edital do concurso de 2010. Informações mais específicas relacionadas ao item 5.2 demanda hídrica do projeto serão, ou já foram, apresentadas nas aulas específicas sobre obras hídricas e saneamento ambiental. Assim, vamos à nossa aula. 5 Avaliação de recursos hídricos. 5.1 Disponibilidade de recursos hídricos. 5.2 Demanda hídrica do projeto. 01. (MP/2010) Em termos mundiais, a principal causa de mortalidade infantil é a falta de água potável e de instalações sanitárias. Utilizaremos esta questão para uma breve revisão teórica sobre o tema Avaliação de recursos hídricos. Apesar de haver apresentado o clico hidrológico na primeira aula do curso, cabe uma pequena revisão para discutir o planejamento dos recursos naturais. A característica essencial de qualquer volume de água superficial localizada em rios, lagos, tanques, represas artificiais e águas subterrâneas são a sua instabilidade e mobilidade. Todos os componentes sólidos, líquidos e gasosos (as três fases em que a água existe no planeta Terra) são parte do ciclo dinâmico da água, ciclo este, perpétuo. A fase mais importante deste ciclo para o homem é justamente a fase líquida, em que ela está disponível para pronta utilização.

Aula 03 - RECURSOS HÍDRICOS

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RECURSOS HÍDRICOS

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Olá pessoal!

Chegamos à nossa aula 03, na qual prevemos cobrir os seguintes assuntos: 5 Avaliação de recursos hídricos. 5.1 Disponibilidade de recursos hídricos. 5.2 Demanda hídrica do projeto.

Como o assunto é bastante abrangente, mas vamos manter a proposta inicial, apresentando questões de concursos anteriores sobre Recursos Hídricos e solucionando-as com foco nos conceitos necessários para entender o assunto cobrado no edital.

Cabe destacar que também estão abrangidos por estes itens do nosso edital assuntos como o gerenciamento integrado de recursos hídricos e a Política Nacional de Recursos Hídricos, cobrados literalmente no edital do concurso de 2010.

Informações mais específicas relacionadas ao item 5.2 demanda hídrica do projeto serão, ou já foram, apresentadas nas aulas específicas sobre obras hídricas e saneamento ambiental.

Assim, vamos à nossa aula.

5 Avaliação de recursos hídricos. 5.1 Disponibilidade de recursos hídricos. 5.2 Demanda hídrica do projeto.

01. (MP/2010) Em termos mundiais, a principal causa de mortalidade infantil é a falta de água potável e de instalações sanitárias.

Utilizaremos esta questão para uma breve revisão teórica sobre o tema Avaliação de recursos hídricos. Apesar de haver apresentado o clico hidrológico na primeira aula do curso, cabe uma pequena revisão para discutir o planejamento dos recursos naturais. A característica essencial de qualquer volume de água superficial localizada em rios, lagos, tanques, represas artificiais e águas subterrâneas são a sua instabilidade e mobilidade. Todos os componentes sólidos, líquidos e gasosos (as três fases em que a água existe no planeta Terra) são parte do ciclo dinâmico da água, ciclo este, perpétuo. A fase mais importante deste ciclo para o homem é justamente a fase líquida, em que ela está disponível para pronta utilização.

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Os fatores que impulsionam o ciclo hidrológico são a energia térmica solar, a força dos ventos, que transportam vapor d’água para os continentes, a força da gravidade responsável pelos fenômenos da precipitação, da infiltração e deslocamento das massas de água. Os principais componentes do ciclo hidrológico são a evaporação, a precipitação, a transpiração das plantas e a percolação, infiltração e a drenagem. Anualmente, aproximadamente 47 mil km3 retornam aos oceanos, a partir dos rios, represas, lagos e águas subterrâneas. Se essa drenagem fosse distribuída igualmente em todos os continentes, cada uma das pessoas / habitantes do planeta Terra (aproximadamente 6 bilhões) teria disponíveis 8 mil m3/ano. Entretanto, esta distribuição é desigual, causa problemas de disponibilidade nos continentes, países e regiões. Também a distribuição não é homogênea durante o ano, em muitas regiões, o que causa desequilíbrio e desencadeia ações de gerenciamento diversificadas para enfrentar a escassez ou o excesso de água. Há uma variabilidade natural de séries hidrométricas históricas (medidas dos volumes e vazões dos rios) as quais determinam os principais usos da água e as estratégias de gerenciamento.

À medida que a economia foi se tornando mais complexa e diversificada, mais usos foram sendo adicionados aos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, de tal forma que ao ciclo hidrológico, superpõe-se um ciclo hidrosocial de grande dimensão e impacto ecológico e econômico. Este ciclo hidrosocial, que na verdade é uma adaptação do homem às diferentes características do ciclo hidrológico e, também as suas alterações, causam inúmeros impactos.

As demandas de água, especialmente no final do século 20, os inúmeros impactos quantitativos e qualitativos, promoveram e estimularam novas soluções para o gerenciamento de recursos hídricos, a nível local, regional, nacional e internacional. A implementação da Agenda 21 foi também importante para esta mudança de paradigma. Os elementos fundamentais para o gerenciamento integrado, em nível de bacia hidrográfica, preditivo e adaptativo são os seguintes: • Descentralização da gestão em nível de bacia hidrográfica. • Promoção e implantação de instrumentos legais e de ação através da organização institucional em nível de bacia hidrográfica. • Proteção do hidrociclo e dos mananciais. • Purificação e tratamento de águas (efluentes industriais e esgotos domésticos). • Conservação da biodiversidade e dos habitats na bacia hidrográfica. • Gerenciamento conjunto da quantidade e qualidade da água. • Proteção do solo, prevenção da contaminação e eutrofização.

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• Gerenciar conflitos e otimizar usos múltiplos adequando-os à economia regional. • Monitoramento sistemático e permanente da qualidade e quantidade da água. • Promoção de avanços tecnológicos na gestão integrada; monitoramento em tempo real, indicadores biológicos de contaminação. • Ampliar a capacidade preditiva do gerenciamento por bacia hidrográfica e dar condições para a promoção de orientações estratégicas para prospecção e a procura de alternativas.

Em setembro de 2000, a Organização das Nações Unidas, ao analisar os problemas mundiais, estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs), conhecidos também como os “oito jeitos de mudar o mundo”. A Declaração do Milênio reflete as preocupações de 147 chefes de Estado e de governo de 191 países e determina o compromisso compartilhado com a sustentabilidade do Planeta. Os ODMs perfazem um conjunto de oito objetivos, divididos em 18 metas e em 48 indicadores a serem atingidos, pelos países signatários, até o ano de 2015, através de ações dos governos e da sociedade.

A Meta 10 desse conjunto é “reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável à água potável segura”.

Os indicadores para verificação desta meta são: •Proporção da população (urbana e rural) com acesso a uma fonte de água tratada. Fontes: Unicef e OMS. •Proporção da população com acesso a melhores condições de saneamento. Fontes: Unicef e OMS.

Voltando à questão, segunda a OMS, a falta de água potável e de instalações sanitárias adequadas são realmente a principal causa de mortalidade infantil no mundo.

Resposta: C

02. (MP/2010) A gestão da unidade territorial prevista na PNRH é de responsabilidade exclusiva de órgãos públicos, em nível municipal, estadual ou federal.

Esta questão será utilizada para uma revisão teórica sobre alguns aspectos relacionados ao tratamento da bacia hidrográfica como unidade territorial.

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A legislação brasileira de recursos hídricos, a partir da instituição da Lei das Águas – Lei nº 9433, de 08 de Janeiro de 1997, definiu que “a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos”.

Esta mesma lei, em vários de seus artigos, refere-se à bacia hidrográfica como definidora da área de abrangência de instrumentos da Política Nacional, como se observa nas citações a seguir:

“Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: (...) V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;”

“Art. 8º. Os Planos de Recursos Hídricos serão elaborados por bacia hidrográfica (...)”.

“Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados:”.

“Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação: I – a totalidade de uma bacia hidrográfica; II – sub-bacia hidrográfica do curso de água principal da bacia, ou de tributário desse tributário; III – grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.”

“Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação: (...) III – aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;”.

No entanto, esta lei não definiu expressamente “bacia hidrográfica” ou “curso principal da bacia”. Como a rede de drenagem do país é muito extensa, a escala a ser considerada para o planejamento e para a gestão necessita ser definida, por meio da regulamentação destes conceitos.

Essa indefinição gera demandas legítimas para a constituição de Comitês, sem consideração dos aspectos de oportunidade e sustentabilidade. A inexistência

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da Divisão Hidrológica Nacional, na escala espacial requerida pelo Art. 37 da Lei das Águas, tem dificultado a implantação do SNGRH. A Lei nº 9433 indica alguns caminhos para essas definições, como se observa nas citações a seguir: “Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao Poder Executivo Federal: I – tomar as providências necessárias à implementação e ao funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;” “Art. 35. Compete ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos: (...) VI – estabelecer diretrizes complementares para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VII – aprovar propostas de instituição de Comitês de Bacia Hidrográfica e estabelecer critérios gerais para a elaboração de seus regimentos; (...) IX – acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos e determinar as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;”

O CNRH, por intermédio da Resolução nº 5, de 10 de Abril de 2000, definiu que: “Art. 5º. A área de atuação de cada Comitê de Bacia será estabelecida no decreto de sua instituição, com base no disposto na Lei nº 9.433, de 1997, nesta Resolução e na Divisão Hidrográfica Nacional, a ser incluída no Plano Nacional de Recursos Hídricos, onde devem constar a caracterização das bacias hidrográficas brasileiras, seus níveis e vinculações. Parágrafo único. Enquanto não for aprovado o Plano Nacional de Recursos Hídricos, a Secretaria de Recursos Hídricos (do Ministério do Meio Ambiente) elaborará a Divisão Hidrográfica Nacional Preliminar, a ser aprovada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, tendo em vista a definição que trata o caput deste artigo.”

Duas iniciativas foram tomadas pelo CNRH, consubstanciadas nas Resoluções nº 30 e nº 32: a primeira estabelece a sistemática de codificação e subdivisão de bacias hidrográficas, utilizando-se o método do engenheiro Otto Pfafstetter; a segunda institui a Divisão Hidrográfica Nacional em 12 regiões hidrográficas.

É importante notar que a Resolução nº 32 insere uma nova e importante definição: a da região hidrográfica. Diz o texto: “Considera-se como região hidrográfica o espaço territorial brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas com características naturais, sociais e econômicas homogêneas ou

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similares, com vistas a orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos”.

Sob os aspectos hidrológicos a bacia hidrográfica é a área definida topograficamente, drenada por um curso d’água ou um sistema conectado de cursos d’água tal que toda vazão efluente seja descarregada através de uma simples saída. Observa-se que essa definição considera somente as águas superficiais. Para as águas subterrâneas define-se a bacia hidrogeológica como aquela que contém pelo menos um aqüífero de extensão significativa. Estas bacias, normalmente interligadas, não são coincidentes fisicamente podendo ocorrer diferenças significativas nos seus divisores de água.

O curso principal de uma bacia hidrográfica é aquele em cujo exutório são drenadas todas as águas superficiais da bacia. Segundo o Anexo I da Resolução nº 30 do CNRH, “o rio principal é aquele curso d’água que drena a maior área e os tributários, os demais que drenam áreas menores”. Esta definição é importante na análise sobre a continuidade do curso principal quando existe uma bifurcação.

Considerando-se que toda bacia hidrográfica tem seu exutório junto ao oceano (Atlântico – no caso brasileiro), dessa forma, sob os aspectos hidrológicos, podem-se definir as bacias hidrográficas, os cursos principais, os tributários destes cursos e os tributários dos tributários.

Essas definições são imprescindíveis para o entendimento do que trata o Art. 37 da Lei nº 9.433/97, no qual são estabelecidas as áreas de atuação dos Comitês de Bacia.

Quando se considera uma bacia hidrográfica para a gestão das águas é necessário atentar a duas condições fundamentais: a garantia da disponibilidade hídrica e o atendimento qualitativo e quantitativo às demandas de água naquele território.

A proteção das águas superficiais é promovida, principalmente, pela proteção dos ecossistemas naturais e pela regulação do uso do solo, tanto nas áreas urbanas quanto nas áreas rurais. As águas subterrâneas são fortemente afetadas pelo cuidado dispensado às áreas de recarga dos aqüíferos, bem como quanto às disposições de poluentes que podem contaminá-las e pela impermeabilização das camadas drenantes que alimentam os lençóis.

Ademais, a manutenção dos ecossistemas aquáticos, parte importante no equilíbrio geral do meio ambiente, necessita de aporte de água com

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quantidade e qualidade suficiente, devendo ser garantida no balanço hídrico da bacia.

Dessa forma, as áreas de proteção ambiental e as políticas de uso e ocupação do solo contribuem fundamentalmente para a definição dos limites a serem considerados para uma unidade de planejamento e gestão, além de representar um passo adiante em direção à articulação e integração com a Política Nacional de Meio Ambiente.

A economia de uma região depende, dentre outros fatores, dos recursos hídricos disponíveis como insumo para o atendimento da produção rural e industrial, do abastecimento dos centros urbanos, da produção de energia e outros usos.

Os eixos de desenvolvimento econômico e as demandas sociais influem sobremaneira nos usos das águas em uma bacia.

Portanto, os fatores sócio-econômicos devem ser considerados na definição dos limites para o planejamento e gestão das bacias hidrográficas.

Outro grande desafio para o gerenciamento das águas em um determinado território é a estruturação para a implementação das ações de gestão e de planejamento.

As organizações sociais e as instituições políticas existentes no território da bacia hidrográfica devem estar integradas, tanto na definição de ações e programas a serem executados, quanto na implementação prática das políticas públicas setoriais e regionais.

A Lei das Águas, nos seus artigos 4º e 31, propõe a articulação das políticas municipais nas ações que promovam a integração das políticas locais de saneamento básico, de uso, ocupação e conservação do solo e de meio ambiente, com as políticas federal e estaduais de recursos hídricos.

Dessa forma, a definição das unidades de planejamento, considerados os limites das bacias hidrográficas, deve incorporar as organizações locais atuantes na bacia, tais como os comitês de bacia já existentes, bem como aquelas referentes ao planejamento regional no âmbito das associações intermunicipais e regiões metropolitanas.

Voltando à questão, conforme apresentado acima, a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos

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Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Já os comitês de bacia, responsáveis pela gestão das bacias, são compostas por órgãos públicos e sociedade civil. Assim, a assertiva está errada.

Resposta: E

03. (ANA/2006) Essa tabela serve para mostrar a importância da participação dos diversos setores no processo de planejamento e gestão de recursos hídricos.

Conforme já discutido nas primeiras questões, o processo de gestão e planejamento de recursos hídricos é bastante complexo e envolve a participação de diversos setores da sociedade, além de coordenação entre esferas de governo.

Como a tabela associa as principais autoridades de planejamento ao foco de gerenciamento exercido, pode-se considerar que ela mostre parte importância da participação dos diversos setores no processo de planejamento e gestão de recursos hídricos. Assim, a assertiva pode ser considerada correta.

Resposta: C

04. (ANA/2006) De acordo com a tabela, os efeitos da urbanização sobre os recursos hídricos são mais sensíveis nas bacias maiores.

Para se chegar à resposta desta questão, basta associar as colunas área da bacia e influência das superfícies impermeáveis (urbanização). Desta associação percebe-se que os efeitos da urbanização sobre os recursos hídricos são menos sensíveis nas bacias maiores.

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Resposta: E

Acerca dos aspectos sociais e culturais dos comitês federais de bacias hidrográficas e do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), julgue os itens a seguir.

05. (ANA/2006) Uma das salvaguardas da participação da sociedade civil no CNRH é que os representantes do Poder Executivo federal têm a minoria dos assentos desse conselho.

Nessa questão, vale fazer uma revisão teórica sobre o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).

O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), criado pela Lei nº 9.433/97, estabeleceu um arranjo institucional claro e baseado em novos princípios de organização para a gestão compartilhada do uso da água.

O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é o órgão mais expressivo da hierarquia do SINGREH, de caráter normativo e deliberativo, com atribuições de: promover a articulação do planejamento de recursos hídricos com os planejamentos nacional, regional, estadual e dos setores usuários; deliberar sobre os projetos de aproveitamento de recursos hídricos; acompanhar a execução e aprovar o Plano Nacional de Recursos Hídricos; estabelecer critérios gerais para a outorga de direito de uso dos recursos hídricos e para a cobrança pelo seu uso. Cabe ao Conselho decidir sobre as grandes questões do setor, além de dirimir as contendas de maior vulto. Caberá também ao CNRH decidir sobre a criação de Comitês de Bacias Hidrográficas em rios de domínio da União, baseado em uma análise detalhada da bacia e de suas sub-bacias, de tal forma que haja uma otimização no estabelecimento dessas entidades. Para tanto, estabeleceu, através da Resolução nº 05 de 10 de abril de 2000, regras mínimas que permitem demonstrar a aceitação, pela sociedade, da real necessidade da criação de Comitês.

O CNRH é composto, conforme estabelecido por lei, por representantes de Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos; representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; representantes dos usuários dos recursos hídricos e, representantes das organizações civis de recursos hídricos.

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O número de representantes do poder executivo federal não poderá exceder à metade mais um do total dos membros do CNRH.

A representação dos usuários ficou definida para os setores de irrigantes, indústrias, concessionárias e autorizadas de geração hidrelétrica, pescadores e lazer e turismo, prestadores de serviço público de abastecimento de água e esgotamento sanitário, e hidroviários.

Dentre as organizações civis de recursos hídricos foram definidas: comitês de bacias hidrográficas, consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; organizações técnicas e de ensino e pesquisa com interesse na área de recursos hídricos e, organizações não governamentais com objetivos de defesa de interesses difusos e coletivos da sociedade Desde a instalação do CNRH, em novembro de 1998, até o momento já foram aprovadas 24 Resoluções.

O CNRH (http://www.cnrh-srh.gov.br) é o principal fórum de discussão nacional sobre gestão de recursos hídricos, exercendo o papel de agente integrador e articulador das respectivas políticas públicas, particularmente quanto à harmonização do gerenciamento de águas de diferentes domínios.

Voltando ao assunto da questão, o artigo 35, parágrafo único, da Lei n. 9.433/97 dispõe que o número de representantes do Poder Executivo federal não deverá exceder a metade mais um dos assentos do comitê, como já mencionado acima, o que torna a assertiva contida no item errada.

Resposta: E

06. (ANA/2006) O comitê de uma bacia hidrográfica federal pode, dentro de suas atribuições, estabelecer mecanismos de cobrança pelo uso dos recursos hídricos, mas não sugerir os valores a serem cobrados.

O Comitê de Bacias Hidrográficas é um órgão colegiado, inteiramente novo na realidade institucional brasileira, contando com a participação dos usuários, da sociedade civil organizada, de representantes de governos municipais, estaduais e federal. Esse ente é destinado a atuar como “parlamento das águas”, posto que é o fórum de decisão no âmbito de cada bacia hidrográfica. Os Comitês de Bacias Hidrográficas têm, entre outras, as atribuições de: promover o debate das questões relacionadas aos recursos hídricos da bacia;

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articular a atuação das entidades que trabalham com este tema; arbitrar, em primeira instância, os conflitos relacionados a recursos hídricos; aprovar e acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da Bacia; estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados; estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse comum ou coletivo.

Comporão os Comitês em rios de domínio da União representantes públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios e representantes da sociedade, tais como, usuários das águas de sua área de atuação, e das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.

A proporcionalidade entre esses segmentos foi definida pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, através da Resolução nº 05, de 10 abril de 2000. Esta norma estabelece diretrizes para formação e funcionamento dos Comitês de Bacia Hidrográfica, representando um avanço na participação da sociedade civil nos Comitês. A Resolução prevê que os representantes dos usuários sejam 40% do número total de representantes do Comitê. A somatória dos representantes dos governos municipais, estaduais e federal não poderá ultrapassar a 40% e, os da sociedade civil organizada ser mínimo de 20%.

Nos Comitês de Bacias de rios fronteiriços e transfronteiriços, a representação da União deverá incluir o Ministério das Relações Exteriores e, naqueles cujos territórios abranjam terras indígenas, representantes da Fundação Nacional do Índio – FUNAI e das respectivas comunidades indígenas.

Cada Estado deverá fazer a respectiva regulamentação referente aos Comitês de rios de seu domínio. Alguns Estados, a exemplo de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo já estão em estágio bem avançado no processo de regulamentação, com diversos Comitês criados.

Conforme explicado acima, os Comitês podem estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a serem cobrados, o que torna a assertiva errada.

Resposta: E

No tocante à Lei n.º 9.433/1997 que, entre outros aspectos, instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, julgue os itens subseqüentes.

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07. (ANA/2006 - CF) Os fundamentos em que se baseia a Política Nacional de Recursos Hídricos incluem: a água é um bem de domínio público; a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos refere-se ao consumo humano e à dessedentação de animais.

O sistema introduzido pela Política Nacional de Recursos Hídricos, procura organizar este setor no âmbito nacional, consolidando o conceito de gestão integrada e de visão sistêmica da água, definindo papéis, funções e competências de cada um de seus componentes, além de constituir diretrizes que procuram promover a articulação do planejamento dos recursos hídricos com os dos setores usuários, Poder Público e a sociedade como um todo, buscando também a sua interação com o planejamento regional, estadual e nacional, bem como, sua integração com a gestão ambiental.

Nesse sentido, o conjunto de diretrizes sobre as quais se apóia todo o desenvolvimento desta nova visão da administração da água é prescrito pelo art. 1º da Lei 9433/97, que consagra os seguintes preceitos como fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos: a) a água é um bem de domínio público; b) a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; c) em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; d) a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; e) a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; f) a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Tais disposições fornecem a base estrutural e a composição de valores que formam a razão de ser da política da água no Brasil, exteriorizando disposições que legitimam a intervenção do Estado e a aplicação de instrumentos para a gestão qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos.

Do mesmo modo, estes preceitos, que servem de alicerce para o modelo brasileiro, são adotados no sentido de se permitir a estruturação descentralizada do Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, subsidiando a atuação de seus órgãos e da sociedade e orientando a aplicação dos instrumentos previstos para a gestão da água no Brasil.

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Assim, a assertiva está correta. Mas aproveitaremos a questão para uma breve revisão teórica sobre o assunto.

O fato da água constituir-se como um dos elementos do meio ambiente e exercer indispensáveis funções quanto à sobrevivência da vida na terra e à manutenção do equilíbrio ecológico, faz dela um bem de interesse difuso, recaindo sua titularidade sobre toda a coletividade, sem qualquer forma de discriminação.

A Lei nº 9.433/97 corroborou com o preceito de publicização das águas trazido inicialmente pelos arts. 20, III, e 26, I, da Constituição Federal de 1988, inexistindo a propriedade privada sobre o referido bem, estando o seu domínio diluído entre União, Estados e Distrito Federal.

Sob este aspecto, Christian Caubet (2004) destaca que: “A propriedade privada da água já não existe mais na nossa ordem jurídica, no sentido de uma pessoa proclamar-se e agir como proprietária da água que se encontra em seu fundo, quer como corpo d’água, cercado por terras do dono do fundo, quer como curso d’água, proveniente de outro fundo e com destino para um terceiro”.

Sob a rubrica do domínio público representa-se o conjunto de bens sujeitos ou pertencentes ao Estado, englobando, num sentido amplo e genérico, tanto os bens das pessoas jurídicas de direito público interno, como também as demais coisas que, em decorrência de sua utilidade coletiva ensejarem a intervenção do Poder Público para sua proteção, dentre elas, a água, classificada como um bem inapropriável, cuja utilização e acesso subordina-se às normas estatais

No exercício desta prerrogativa, o Poder Público deve atuar apenas como um gestor, administrando a água no interesse e em nome de toda a coletividade, garantindo seu acesso e distribuição a todos, privando pela racionalidade em seu uso, além de implementar medidas de conservação e recuperação da qualidade e quantidade dos recursos hídricos.

Os instrumentos utilizados pelo Poder Público no gerenciamento dos recursos hídricos, como a outorga e a cobrança, não significam meios de se alienar a água, correspondendo apenas a elementos que permitem o exercício de suas funções, regulando o acesso e uso racional, além de garantir fundos para as medidas de prevenção, conservação e recuperação da água.

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O fato de ser um bem vulnerável, limitado em decorrência de seu mau uso e por sua possibilidade de renovação através do ciclo hidrológico não acompanhar a crescente demanda de suas utilizações, fizeram com que os recursos hídricos se afastassem do status de um bem de acesso livre e passassem a integrar o plano econômico.

Realizada em Dublin, na Irlanda, em 1992, a Conferencia Internacional sobre Água e Meio Ambiente, definiu um conjunto de princípios para as estratégias de gestão das águas assumindo o seu caráter finito e vulnerável (princípio 1) e, ao mesmo tempo, reconhecendo que os recursos hídricos possuem valor em todos os seus usos competitivos, sendo que a falta de atenção quanto a este aspecto, no passado, conduziu à sua utilização prejudicial (princípio 4).

Ao se atribuir um valor econômico aos recursos hídricos, procura-se estabelecer critérios para o seu uso, garantindo a perenidade em seu acesso para as presentes e futuras gerações.

A consagração deste fundamento da PNRH, reflete a racionalidade imposta pelo princípio poluidor-usuário pagador que rege as políticas de proteção ao meio ambiente e seus recursos, cuja atuação se orienta no sentido de possibilitar a internalização das externalidades negativas do acesso á água, suportando, o usuário com os custos necessários à diminuição, eliminação ou neutralização dos prejuízos provocados.

A previsão quanto à prioridade estabelecida em favor de usos como o consumo humano e a dessedentação de animais surge como uma necessidade fundamental, tendo em vista o fato da água constituir-se como elemento essencial para a existência de todos os organismos vivos no planeta.

Condicionada aos casos de escassez, a priorização permite, de acordo com o art. 15, V, da Lei 9433/97, a suspensão das outorgas de uso de recursos hídricos que prejudiquem o consumo humano ou a dessedentação de animais.

Cumpre ressaltar que, dentro da concepção de consumo humano, englobam-se apenas os usos direcionados à satisfação das necessidades mínimas de cada pessoa, como o consumo para comer, beber e para a higiene, excluindo-se os outros usos como a recreação por exemplo.

A proteção quanto à multiplicidade de usos da água é decorrência direta da vasta cadeia de utilidades e de consumidores abrangidos por este recurso, sendo considerado como usuário “toda pessoa física ou jurídica, de direito

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público ou privado, que faça uso de recursos hídricos que dependem ou independem de outorga”, nos termos do art. 2º, XXIX da Instrução Normativa nº 04/2000 do MMA – Ministério do Meio Ambiente.

No que se refere às distintas modalidades de uso dos recursos hídricos, estas podem ser classificadas entre: uso consuntivo, considerado como aquele uso onde se retira a água de sua fonte natural, causando uma diminuição em sua disponibilidade espacial e temporal (irrigação e uso industrial, por exemplo); e uso não consuntivo, quando a utilização retorna praticamente a totalidade de água usada à sua fonte de suprimento, ocasionando apenas uma modificação temporal em sua disponibilidade, como na navegação e na recreação.

A defesa dos usos múltiplos da água como fundamento da PNRH, manifesta a intenção da norma em garantir o suprimento ao grande volume de demandas buscando satisfazer toda a diversidade de modos de sua utilização, com o menor custo hídrico possível.

Sendo assim, a proteção à multiplicidade de usos é questão a ser buscada em primeiro plano, através da elaboração dos instrumentos de planejamento, como o Plano de Recursos Hídricos e o enquadramento dos corpos d’água e, posteriormente, por intermédio do instrumento de gestão, como a outorga, afrontando os preceitos da Lei, a permissão de formas de acesso exclusivo ao recurso que acabem por injustamente limitar ou impedir outras formas de utilização.

O caráter da água como um bem social, indispensável para a realização de variadas atividades, como também para a sobrevivência humana, ampara a previsão de descentralização e da participação nos processos de gestão.

A Constituição Federal de 1988 apregoa o caráter indissociável entre o Poder Público e sociedade na gestão da qualidade do meio ambiente, determinando, em seu art. 225, que as ações de ambos devem convergir para a garantia deste direito para as presentes e futuras gerações.

Deste modo, tal fundamento da PNRH, além de corroborar com os preceitos do Estado Democrático de Direito, permite aos cidadãos o exercício de sua cidadania, servindo como sustentáculo para a criação de novos órgãos no sistema de gestão dos recursos hídricos, como os Comitês de Bacia, que servirão como “parlamento” para as discussões da comunidade a respeito da melhor forma de gerir o recurso.

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Resposta: C

08. (MP/2010) É objetivo da PNRH assegurar às gerações atual e futuras a necessária disponibilidade de água, com padrões de potabilidade.

O capítulo II da Lei 9433/97 trata dos objetivos da PNRH, nos seguintes termos: “Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais”.

Assim, a assertiva está errada, pois não é necessária água potável que deve ser garantida, mas com padrões de qualidade adequados aos respectivos usos.

Resposta: E

09. (FC-Consultor Legislativo/2003) A cobrança pelo uso da água é uma forma de implementação do princípio usuário-pagador, permitindo que o uso e o aproveitamento desse recurso se processe de forma mais racional e em benefício da coletividade.

Para responder a esta questão, cabe uma pequena revisão teórica sobre o assunto.

A maioria das pessoas não sabe, mas o valor que pagamos todos os meses na conta de água se refere ao trabalho de captação, tratamento e às despesas com que as concessionárias têm de arcar para que ela chegue até nossas casas ou às indústrias e agricultores. Ou seja, na verdade, não pagamos pelo consumo da água em si, mas pelo serviço de fornecimento.

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Essa postura, pautada na crença há muito já desmentida de que água é um recurso infinito, acaba por fazer com que as pessoas e, principalmente, as indústrias não se preocupem com a redução no consumo da água e prevenção do desperdício e da poluição já que ela é um insumo barato e os custos com tratamento e recuperação da água acabam sendo arcados por toda a sociedade. Mas uma ideia que já vem sendo aplicada em diversos países e que começa a ser aplicada no Brasil promete mudar esse quadro: é a cobrança pelo uso da água.

Países como França, que cobra pelo uso da água bruta (captação) há anos e o Japão, onde cerca de 80% da água utilizada pelas indústrias é reutilizada devido ao alto custo cobrado pela água (SuperInteressante Abril/2009), tem servido de exemplo para a implementação de uma política que visa atribuir um valor econômico a água garantindo assim, o seu uso racional e sustentável além de obter recursos para o financiamento de programas que visem à sua preservação.

Pautada no princípio do “usuário-pagador” ou “poluidor-pagador”, a cobrança pelo uso da água aparece como um dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos na Lei N.º 9.433 de 8 de janeiro de 1997, cabendo à ANA (Agência Nacional de Águas) a implementação deste instrumento em conjunto com os Comitês de Bacias Hidrográficas (Lei N.º 9.984 de 17/07/00).

Princípio do “usuário-pagador” e do “poluidor-pagador” são princípios do direito ambiental segundo os quais o “poluidor” deve arcar com os custos da reparação dos danos causados pela poluição e o “usuário”, pelos custos da manutenção ou preservação dos bens ambientais utilizados (a água, por exemplo).

Existente desde 1934 quando foi criado o “Código de Águas” no qual já constava que o uso comum da água poderia ser gratuito ou retribuído, a idéia da cobrança pelo uso dos recursos hídricos ganhou força no âmbito federal apenas com a criação da ANA em 1997 embora já fosse objeto de estudos no Estado de São Paulo desde 1991 quando foi feita a primeira simulação de cobrança na Bacia do Rio Piracicaba (Fonte DAEE SP).

A cobrança pelo uso da água já vem sendo aplicada ou está em fase de implantação em alguns Estados brasileiros como Paraná, Santa Catarina, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de estar em vigor também em bacias de âmbito federal como a do Rio Paraíba do Sul que atravessa os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

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A idéia de se cobrar pelo uso dos recursos hídricos – captação de água e lançamento de efluentes – tem como objetivo principal incentivar a economia de água e medidas que previnam a poluição (afinal, quando algo é de graça, geralmente, ninguém se preocupa em economizar), mas também, tem como objetivo, arrecadar recursos para ser investidos em programas de preservação da água (saneamento básico, recuperação de matas ciliares, etc.). Assim, para que o instrumento de cobrança funcione é necessário que se garanta a aplicação dos recursos arrecadados na bacia hidrográfica onde foram captados na forma de planos, projetos e programas de recuperação, preservação, fiscalização e gerenciamento da bacia. Por isso, é tão importante a atuação dos Comitês de Bacia Hidrográfica que são os responsáveis por definir a aplicação dos recursos além de determinar o valor a ser pago pelos usuários.

Segundo o que vem sendo praticado no Brasil, apenas os usuários sujeitos a outorga devem pagar pelo uso dos recursos hídricos. São as indústrias, agricultores, concessionárias de água e energia (hidrelétricas), hotéis, condomínios e outros. Mas, no caso das concessionárias de água fica facultada a elas a escolha de repassar ou não os custos ao consumidor final. Geralmente os pequenos produtores rurais e pessoas de baixa renda ficam isentos do pagamento. Mas nada impede que indústrias e produtores rurais repassem os custos para seus produtos.

Resposta: C

10. (ANA/2006 - CF) A cobrança pelo uso de recursos hídricos constitui um objetivo da Política Nacional de Recursos Hídricos.

Os objetivos da PNRH são os acima descritos, não incluindo a cobrança pelo uso de recursos hídricos, que é um dos instrumentos da PNRH, mostrados no capítulo IV da Lei 9433/97, nos seguintes termos: Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - os Planos de Recursos Hídricos;

II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;

III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

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IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

V - a compensação a municípios;

VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

Assim, o item deve ser considerado errado.

Resposta: E

11. (ANA/2006 - CF) O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural, depende de outorga pelo poder público.

A outorga de direito de uso de recursos hídricos é um dos seis instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelecidos no inciso III, do art. 5º da Lei Federal nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Esse instrumento tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso aos recursos hídricos.

De acordo com o inciso IV, do art. 4º da Lei Federal nº 9.984, de 17 de junho de 2000, compete à Agência Nacional de Águas – ANA outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União, bem como emitir outorga preventiva. Também é competência da ANA a emissão da reserva de disponibilidade hídrica para fins de aproveitamentos hidrelétricos e sua conseqüente conversão em outorga de direito de uso de recursos hídricos.

Em cumprimento ao art. 8º da Lei 9.984/00, a ANA dá publicidade aos pedidos de outorga de direito de uso de recursos hídricos e às respectivas autorizações, mediante publicação sistemática das solicitações e dos extratos das Resoluções de Outorga (autorizações) nos Diários Oficiais da União e do respectivo Estado.

A água pode ser aproveitada para diversas finalidades, como: abastecimento humano, dessedentação animal, irrigação, indústria, geração de energia elétrica, preservação ambiental, paisagismo, lazer, navegação, etc. Porém muitas vezes esse usos podem ser concorrentes, gerando conflitos entre setores usuários, ou mesmo impactos ambientais. Neste sentido, gerir recursos hídricos é uma necessidade premente e que tem o objetivo de buscar acomodar as demandas econômicas, sociais e ambientais por água em níveis

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sustentáveis, de modo a permitir a convivência dos usos atuais e futuros da água sem conflitos. É nesse instante que o instrumento da Outorga se mostra necessário, pois ordenando e regularizando o uso da água é possível assegurar ao usuário o efetivo exercício do direito de acesso à água, bem como realizar o controle quantitativo e qualitativo desse recurso.

Estão sujeitos à outorga os seguintes usos de Recursos Hídricos:

- A derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo d'água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; - A extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; - Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; - Uso de recursos hídricos com fins de aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; - Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. Usos que independem de Outorga:

- O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural; - As derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes, tanto do ponto de vista de vazão como de carga poluente; - As acumulações de volumes de água consideradas insignificantes.

Cabe também conhecer os usos que não são objeto de outorga de direito de uso de recursos hídricos, mas, obrigatoriamente, de cadastro, em formulário específico disponibilizado pela ANA:

- Serviços de limpeza e conservação de margens, incluindo dragagem, desde que não alterem o regime, a quantidade ou qualidade da água existente no corpo de água; - Obras de travessia de corpos de água que não interferem na quantidade, qualidade ou regime das águas, cujo cadastramento deve ser acompanhado de atestado da Capitania dos Portos quanto aos aspectos de compatibilidade com a navegação; e

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- Usos com vazões de captação máximas instantâneas inferiores a 1,0 L/s ou 3,6m3/h, quando não houver deliberação diferente do CNRH.

A não exigibilidade do instrumento de outorga não significa sua dispensa; apenas garante o direito a certas pessoas de utilizarem a água sem ter, necessariamente, autorização expressa de uso. A não obrigatoriedade da emissão não impede ou desobriga o Poder Público de exercer o poder de polícia, inspecionando e constatando a ocorrência das situações supra, bem como exigindo o cadastro dos usuários que gozam deste direito. Assim, a assertiva está errada.

Resposta: E

12. (ANA/2006 - CF) As derivações, captações, lançamentos e as acumulações de volumes de água considerados insignificantes independem de outorga pelo poder público.

Conforme resposta da questão anterior, a assertiva está correta.

Resposta: C

13. (ANA/2006 - CF) O direito de aproveitamento do potencial hidrelétrico de um rio localizado em território brasileiro está sujeito à outorga pelo poder público.

Conforme resposta da questão anterior, a assertiva está correta.

Resposta: C

14. (ANA/2006 - CF) Toda outorga de uso de recurso hídrico está condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deve respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso.

Para responder à questão, cabe uma breve introdução sobre o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água, que, de acordo com o Art. 9° da Lei das Águas, visa a:

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I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas; II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações preventivas permanentes.

Já o Art. 13° da mesma Lei, traz o texto abaixo:

Art. 13. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso.

Parágrafo único. A outorga de uso dos recursos hídricos deverá preservar o uso múltiplo destes.

Assim, a assertiva está correta.

Resposta: C

15. (ANA/2006 - CF) O Poder Executivo Federal pode delegar aos estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.

Resposta pode ser encontrada no seguinte dispositivo da Lei 9433/97:

Art. 14. A outorga efetivar-se-á por ato da autoridade competente do Poder Executivo Federal, dos Estados ou do Distrito Federal.

§ 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.

Resposta: C

Apesar de ter seu prazo de outorga de uso de água ainda válido, um fazendeiro irrigante recebeu uma comunicação do órgão concedente determinando que ele reduzisse, durante um período de 4 meses, a retirada de água para 50% da vazão outorgada, pois estava havendo

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escassez de água em um município a jusante de sua fazenda. Partindo da situação hipotética acima, julgue os itens que se seguem.

16. (ANA/2006) Legalmente, o irrigante pode recusar o pedido, uma vez que ele tem direto de usar 100% de seu volume outorgado durante todo o prazo de validade da outorga, independentemente da necessidade de outros usuários da bacia.

É possível a suspensão da outorga, total ou parcialmente, em definitivo ou por prazo determinado, caso o outorgado incorra em uma das circunstâncias listadas no artigo 15 da Lei nº 9.433/97:

"I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;

II - ausência de uso por três anos consecutivos;

III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas;

IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas;

VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água."

A superveniência de uma das circunstâncias citadas acima gera a suspensão da outorga. Circunstâncias supervenientes, não presentes no momento da emissão da outorga, não são responsabilidade da Administração Pública ou do usuário, contudo, em razão do interesse público geral (princípio da supremacia do interesse público), faz-se necessária a suspensão. Motivação pelo Poder Público e proporcionalidade do ato administrativo são requisitos fundamentais para a suspensão. A suspensão da outorga não gera direito à indenização por parte do outorgado.

A ausência de outorga nos casos supracitados ou o não cumprimento da suspensão da outorga configuram infrações das normas de utilização de recursos hídricos (art.49), estando o infrator sujeito às sanções administrativas previstas no artigo 50 da Lei nº 9.433/97, que culminam com a revogação da outorga. As sanções serão aplicadas findo o respectivo procedimento

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administrativo. É cabível ação civil pública nos casos em que a Administração Pública queira pleitear a obrigação de reconstituição do ambiente hídrico (o recurso hídrico, o leito e a margem indevidamente utilizados) pelo infrator.

A extinção da outorga, apesar de não estarem explicitados os casos em lei, ocorrerá nas seguintes circunstâncias: morte do usuário (pessoa física) e não solicitada a retificação do ato administrativo pelos herdeiros; liquidação judicial ou extrajudicial do usuário (pessoa jurídica); término do prazo de validade da outorga sem o pedido de renovação, observados os interesses da bacia hidrográfica.

A competência para a emissão dos atos de outorga obedece a dominialidade constitucionalmente estabelecida, assim, a outorga das águas superficiais é de competência da União, dos Estados e do Distrito Federal, e, a das águas subterrâneas, dos Estados e do Distrito Federal. Quanto às águas minerais, a competência é atribuída ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia.

Aos Poderes Executivos Federal, Estaduais e do Distrito Federal compete a emissão das respectivas outorgas, bem como a regulamentação e fiscalização dos usos dos recursos hídricos, abrangendo inspeções periódicas. A lei expressamente estabeleceu a não competência, à gestão privada, para a emissão das outorgas de uso.

O artigo 4º da Lei 9.433/97 previu a articulação da União com os Estados para o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse comum. Porém, como a lei não determinou explicitamente a forma de articulação, Jerson Kelman entende ser sensato o condicionamento do poder de outorga dos Estados à manutenção de vazão mínima, atendidos os padrões de qualidade, no ponto a jusante em que a água passa a ser de domínio da União. Porém, reconhece a existência da controvérsia se a condicionalidade pode ser objeto do Decreto de Regulamentação ou se precisaria ser incluída numa nova lei que venha a complementar a Lei 9.433/97.

O Poder Executivo Federal pode delegar aos Estados e ao Distrito Federal a competência para conceder outorga de recursos hídricos de domínio da União. A delegação ou transferência do poder de outorga está condicionada à verificação da existência, nos Estados e no Distrito Federal, das condições administrativas para a perfeita execução da tarefa delegada. A delegação não constitui um direito a ser reclamado pela unidade federada, muito menos, pode ser imposta pela União. Por questão de prudência e eficácia no controle

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da outorga, a União deve conservar este poder quando houver conflito de usos em um rio federal que banha dois ou mais Estados. A delegação da outorga não exime a União da co-responsabilidade pela implementação das regras da outorga, pois a responsabilidade pelo bom uso dos rios federais é originária.

Alguns Estados brasileiros adiantaram-se à União, aprovando suas leis relacionadas às políticas estaduais de recursos hídricos e implementado seus sistemas. Quatro exemplos de organização podem ser citados, pela relevância e diversidade de orientações: o de São Paulo, o do Ceará, o da Bahia e o do Rio Grande do Sul.

Existem ações pontuais em todo o território nacional com o intento de garantir a efetividade do instrumento de outorga. Dentre elas, é importante mencionar a parceria, iniciada na Bahia, entre a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH/MMA) e os bancos do Nordeste e Banco do Brasil, objetivando cadastrar os usuários de recursos hídricos para as demandas de irrigação. Por este acordo verbal, a outorga do direito de uso de recurso hídrico constitui um dos requisitos para a obtenção do financiamento bancário. Desta forma, o agricultor via-se obrigado a requerer a outorga e à SRH/MMA caberia o controle e a fiscalização dos usos das águas, outrora impossibilitados pela ausência do cumprimento legal. Não obstante os resultados favoráveis, essa parceria não se estendeu às entidades privadas, conseqüentemente, não abarcou todos os usuários.

No âmbito federal, até o ano de 2000, as outorgas foram emitidas através de atos do Secretário de Recursos Hídricos, segundo o disposto na Instrução Normativa nº 4, de 21/6/2000. Com a criação da Agência Nacional de Águas, pela Lei nº 9.984, de 17/7/2000, a partir do ano de 2001, os atos de outorga passaram a ser por ela expedidos.

Voltando à questão, não há como afirmar que o irrigante pode recusar o pedido, pois há possibilidades de suspensão de parte do volume outorgado durante o prazo de validade da outorga.

Resposta: E

17. (ANA/2006) A situação hipotética em tela é inadmissível, pois o órgão outorgante, no processo de concessão de outorga ao irrigante, deveria ter previsto o problema.

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Conforme comentado na questão anterior, circunstâncias supervenientes, não presentes no momento da emissão da outorga, não são de responsabilidade da Administração Pública ou do usuário, contudo, em razão do interesse público geral (princípio da supremacia do interesse público), faz-se necessária a suspensão. Motivação pelo Poder Público e proporcionalidade do ato administrativo são requisitos fundamentais para a suspensão. A suspensão da outorga não gera direito à indenização por parte do outorgado.

Apenas para lembrar, caso o outorgado incorra em uma das circunstâncias listadas no artigo 15 da Lei nº 9.433/97 a outorga poderá ser suspensa:

"I - não cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga;

II - ausência de uso por três anos consecutivos;

III - necessidade premente de água para atender a situações de calamidade, inclusive as decorrentes de condições climáticas adversas;

IV - necessidade de se prevenir ou reverter grave degradação ambiental;

V - necessidade de se atender a usos prioritários, de interesse coletivo, para os quais não se disponha de fontes alternativas;

VI - necessidade de serem mantidas as características de navegabilidade do corpo de água."

Resposta: E

18. (MP/2010) O escalonamento da tarifação na cobrança pelo uso da água, implementado no Brasil pela Agência Nacional de Águas (ANA), representa uma estratégia de promoção do uso consciente desse recurso nos domicílios.

Novamente uma questão sobre a cobrança pelo uso da água. Pelo exame da literalidade do texto da Lei das Águas, temos:

Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:

I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;

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II - incentivar a racionalização do uso da água;

III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.

A promoção do uso consciente da água é realmente um dos objetivos da cobrança pelo uso da água, porém, esse escalonamento visa a distribuição mais justa do ônus da cobrança e não é implementada pela ANA.

Resposta: E

19. (ANA/2006 - CF) Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos devem ser aplicados prioritariamente no pagamento de salários de funcionários públicos federais da administração direta.

Questão que pode ser resolvida pela literalidade da Lei 9433/97:

Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados:

I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos;

II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

§ 1º A aplicação nas despesas previstas no inciso II deste artigo é limitada a sete e meio por cento do total arrecadado.

§ 2º Os valores previstos no caput deste artigo poderão ser aplicados a fundo perdido em projetos e obras que alterem, de modo considerado benéfico à coletividade, a qualidade, a quantidade e o regime de vazão de um corpo de água.

Resposta: E

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20. (ANA/2006 - CF) O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

Outra questão literal da Lei das Águas, reforçando novamente a necessidade de conhecimento do texto desta Lei.

Art. 25. O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

Parágrafo único. Os dados gerados pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos serão incorporados ao Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos.

Art. 26. São princípios básicos para o funcionamento do Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos:

I - descentralização da obtenção e produção de dados e informações; II - coordenação unificada do sistema; III - acesso aos dados e informações garantido à toda a sociedade.

Art. 27. São objetivos do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos:

I - reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Brasil; II - atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o território nacional; III - fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.

Resposta: C

21. (ANA/2006 - CF) É vedada a participação de usuários dos recursos hídricos, ou de seus representantes, no Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para que as decisões desse conselho não sejam influenciadas por interesses de seus membros.

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Conforme já discutido em questões anteriores, a participação de usuários dos recursos hídricos é fundamental para a composição do CNRH. Mas analisemos sobre a ótica da Lei das Águas novamente: Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por:

I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos; II - representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos; III - representantes dos usuários dos recursos hídricos; IV - representantes das organizações civis de recursos hídricos.

Parágrafo único. O número de representantes do Poder Executivo Federal não poderá exceder à metade mais um do total dos membros do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Resposta: E

22. (FC-Consultor Legislativo/2003) Além da gestão democrática, a lei prevê uma gestão descentralizada das águas, contando com a participação dos usuários e das comunidades, sem a presença do poder público.

Novamente uma questão que trata dos fundamentos nos quais se baseia a Política Nacional de Recursos Hídricos, que, nos termos do Art. 1° da Lei 9433/97, são aqui repetidos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;

IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;

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V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Assim, o inciso VI deixa claro que a assertiva está errada.

Resposta: E

23. (FC-Consultor Legislativo/2003) A água é reconhecidamente um recurso vulnerável, finito e já escasso em quantidade e qualidade, sendo também reconhecido na lei como um recurso dotado de valor econômico.

Conforme inciso II do Art. 1° acima transcrito.

Resposta: C

A política nacional de recursos hídricos, elaborada a partir de preceitos constitucionais para a gestão do meio ambiente, é fundamentada em alguns princípios e prevê certos instrumentos. A respeito desses princípios e instrumentos, julgue os itens seguintes.

24. (CAIXA/2006) A unidade territorial para gestão dos recursos hídricos é o município.

Conforme já discutido anteriormente, a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Resposta: E

25. (CAIXA/2006) A outorga dos direitos de uso da água é um dos instrumentos previstos.

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Conforme já apresentado, os instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos são os seguintes:

I - os Planos de Recursos Hídricos;

II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da água;

III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

V - a compensação a municípios;

VI - o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

Resposta: C

26. (CAIXA/2006) O fato de que os corpos de água são enquadrados em classes é um dos princípios previstos.

Conforme já estudado nessa aula, o fato de que os corpos de água são enquadrados em classes não é um dos princípios previstos na Lei das Águas.

Resposta: E

27. (CAIXA/2006) Em situações de escassez, o uso prioritário da água é para consumo humano e dessedentação de animais.

Conforme já estudado, este é um dos princípios (fundamentos) da Lei das Águas.

Resposta: C

28. (UFU/2008) De acordo com a legislação, a entidade federal responsável pela implementação da política nacional de recursos hídricos é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

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Conforme já estudado, a entidade federal responsável pela implementação da política nacional de recursos hídricos é a ANA (Agência Nacional de Águas).

Resposta: E

29. (EMBASA/2009) Segundo a Política Nacional de Recursos Hídricos, os planos de recursos hídricos devem ser elaborados por bacia hidrográfica e por município.

Percebam que as cobranças continuam sobre a literalidade da Lei.

Como já vimos em questão anterior desta aula:

“Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: (...) V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;”

Resposta: E

30. (EMBASA/2009) A cobrança pelo uso dos recursos hídricos é um instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos, que visa diminuir os custos de combate à poluição das águas, assegurando a elas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas.

Mas uma questão sobre cobrança pelo uso de recursos hídricos. Notem a recorrência do assunto em provas do CESPE.

Art. 19. A cobrança pelo uso de recursos hídricos objetiva:

I - reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor;

II - incentivar a racionalização do uso da água;

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III - obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos.

Resposta: E

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), tendo sido instituído pela Lei n.º 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto n.º 99.274/1990. Entre as atribuições do CONAMA encontra-se a expedição de resoluções que visam estabelecer diretrizes e normas técnicas, critérios e padrões relativos à proteção ambiental e ao uso sustentável dos recursos ambientais. Considerando que as áreas de preservação permanente (APP), localizadas em cada posse ou propriedade, são bens de interesse nacional e espaços territoriais especialmente protegidos, cobertos ou não por vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, o CONAMA expediu algumas resoluções. Nesse aspecto, julgue os itens a seguir, relativos às Resoluções de n. 302, 303 e 369 do CONAMA.

31. (IEMA/2007) Segundo a Resolução n.º 302 do CONAMA, há parâmetros para definição da APP em reservatórios artificiais.

Apesar de não ser um item explicito no edital, julgo importante que conheçamos parte das principais resoluções do CONAMA, cobertas por esta questão.

A Resolução n.º 302 do CONAMA dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno.

Os principais artigos dessa resolução são:

Art 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área com largura mínima, em projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir do nível máximo normal de:

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I - trinta metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas consolidadas e cem metros para áreas rurais; II - quinze metros, no mínimo, para os reservatórios artificiais de geração de energia elétrica com até dez hectares, sem prejuízo da compensação ambiental. III - quinze metros, no mínimo, para reservatórios artificiais não utilizados em abastecimento público ou geração de energia elétrica, com até vinte hectares de superfície e localizados em área rural.

§ 1º Os limites da Área de Preservação Permanente, previstos no inciso I, poderão ser ampliados ou reduzidos, observando-se o patamar mínimo de trinta metros, conforme estabelecido no licenciamento ambiental e no plano de recursos hídricos da bacia onde o reservatório se insere, se houver.

§ 2º Os limites da Área de Preservação Permanente, previstos no inciso II, somente poderão ser ampliados, conforme estabelecido no licenciamento ambiental, e, quando houver, de acordo com o plano de recursos hídricos da bacia onde o reservatório se insere.

§ 3º A redução do limite da Área de Preservação Permanente, prevista no § 1º deste artigo não se aplica às áreas de ocorrência original da floresta ombrófila densa - porção amazônica, inclusive os cerradões e aos reservatórios artificiais utilizados para fins de abastecimento público.

§ 4º A ampliação ou redução do limite das Áreas de Preservação Permanente, a que se refere o § 1º, deverá ser estabelecida considerando, no mínimo, os seguintes critérios: I - características ambientais da bacia hidrográfica; II - geologia, geomorfologia, hidrogeologia e fisiografia da bacia hidrográfica; III - tipologia vegetal; IV - representatividade ecológica da área no bioma presente dentro da bacia hidrográfica em que está inserido, notadamente a existência de espécie ameaçada de extinção e a importância da área como corredor de biodiversidade; V - finalidade do uso da água; VI - uso e ocupação do solo no entorno; VII - o impacto ambiental causado pela implantação do reservatório e no entorno da Área de Preservação Permanente até a faixa de cem metros.

§ 5º Na hipótese de redução, a ocupação urbana, mesmo com parcelamento do solo através de loteamento ou subdivisão em partes ideais, dentre outros

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mecanismos, não poderá exceder a dez por cento dessa área, ressalvadas as benfeitorias existentes na área urbana consolidada, à época da solicitação da licença prévia ambiental.

§ 6º Não se aplicam as disposições deste artigo às acumulações artificiais de água, inferiores a cinco hectares de superfície, desde que não resultantes do barramento ou represamento de cursos d`água e não localizadas em Área de Preservação Permanente, à exceção daquelas destinadas ao abastecimento público.

Art. 4º O empreendedor, no âmbito do procedimento de licenciamento ambiental, deve elaborar o plano ambiental de conservação e uso do entorno de reservatório artificial em conformidade com o termo de referência expedido pelo órgão ambiental competente, para os reservatórios artificiais destinados à geração de energia e abastecimento público.

§ 1º Cabe ao órgão ambiental competente aprovar o plano ambiental de conservação e uso do entorno dos reservatórios artificiais, considerando o plano de recursos hídricos, quando houver, sem prejuízo do procedimento de licenciamento ambiental.

§ 2º A aprovação do plano ambiental de conservação e uso do entorno dos reservatórios artificiais deverá ser precedida da realização de consulta pública, sob pena de nulidade do ato administrativo, na forma da Resolução CONAMA nº 09, de 3 de dezembro de 1987, naquilo que for aplicável, informando-se ao Ministério Público com antecedência de trinta dias da respectiva data.

§ 3º Na análise do plano ambiental de conservação e uso de que trata este artigo, será ouvido o respectivo comitê de bacia hidrográfica, quando houver.

§ 4º O plano ambiental de conservação e uso poderá indicar áreas para implantação de pólos turísticos e lazer no entorno do reservatório artificial, que não poderão exceder a dez por cento da área total do seu entorno.

§ 5º As áreas previstas no parágrafo anterior somente poderão ser ocupadas respeitadas a legislação municipal, estadual e federal, e desde que a ocupação esteja devidamente licenciada pelo órgão ambiental competente.

Art. 5º Aos empreendimentos objeto de processo de privatização, até a data de publicação desta Resolução, aplicam-se às exigências ambientais vigentes à

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época da privatização, inclusive os cem metros mínimos de Área de Preservação Permanente.

Parágrafo único. Aos empreendimentos que dispõem de licença de operação aplicam-se as exigências nela contidas.

Resposta: C

32. (IEMA/2007) Segundo a Resolução n.º 303 do CONAMA, a vereda é definida como espaço árido, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado por renques de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica.

A Resolução CONAMA Nº 303 dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.

Em seu artigo 2º, esta Resolução adota as seguintes definições:

“I - nível mais alto: nível alcançado por ocasião da cheia sazonal do curso d`água perene ou intermitente; II - nascente ou olho d`água: local onde aflora naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea; III - vereda: espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d`água, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica; IV - morro: elevação do terreno com cota do topo em relação a base entre cinqüenta e trezentos metros e encostas com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de maior declividade; V - montanha: elevação do terreno com cota em relação a base superior a trezentos metros; VI - base de morro ou montanha: plano horizontal definido por planície ou superfície de lençol d`água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da depressão mais baixa ao seu redor; VII - linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqüência de morros ou de montanhas, constituindo-se no divisor de águas; VIII - restinga: depósito arenoso paralelo a linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que recebem influência marinha, também consideradas comunidades edáficas por dependerem mais da natureza do

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substrato do que do clima. A cobertura vegetal nas restingas ocorrem mosaico, e encontra-se em praias, cordões arenosos, dunas e depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo, arbustivos e abóreo, este último mais interiorizado; IX - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com influência flúvio-marinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os estados do Amapá e Santa Catarina; X - duna: unidade geomorfológica de constituição predominante arenosa, com aparência de cômoro ou colina, produzida pela ação dos ventos, situada no litoral ou no interior do continente, podendo estar recoberta, ou não, por vegetação; XI - tabuleiro ou chapada: paisagem de topografia plana, com declividade média inferior a dez por cento, aproximadamente seis graus e superfície superior a dez hectares, terminada de forma abrupta em escarpa, caracterizando-se a chapada por grandes superfícies a mais de seiscentos metros de altitude; XII - escarpa: rampa de terrenos com inclinação igual ou superior a quarenta e cinco graus, que delimitam relevos de tabuleiros, chapadas e planalto, estando limitada no topo pela ruptura positiva de declividade (linha de escarpa) e no sopé por ruptura negativa de declividade, englobando os depósitos de colúvio que localizam-se próximo ao sopé da escarpa; XIII - área urbana consolidada: aquela que atende aos seguintes critérios: a) definição legal pelo poder público; b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-estrutura urbana: 1. malha viária com canalização de águas pluviais, 2. rede de abastecimento de água; 3. rede de esgoto; 4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública ; 5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos; 6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km2.”

Analisando o inciso III, verifica-se que a definição trazida pela questão está correta.

Resposta: E

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33. (IEMA/2007) Segundo a Resolução n.º 369 do CONAMA, há casos excepcionais de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em área de preservação permanente.

A Resolução CONAMA Nº 369 dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente- APP.

Em seu Art. 1º, traz o seguinte texto: “Esta Resolução define os casos excepcionais em que o órgão ambiental competente pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente - APP para a implantação de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social, ou para a realização de ações consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental.

§ 1º É vedada a intervenção ou supressão de vegetação em APP de ascentes, veredas, manguezais e dunas originalmente providas de vegetação, previstas nos incisos II, IV, X e XI do art. 3º da Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002, salvo nos casos de utilidade pública dispostos no inciso I do art. 2º desta Resolução, e para acesso de pessoas e animais para obtenção de água, nos termos do § 7º, do art. 4º, da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965.

§ 2º O disposto na alínea “c” do inciso I, do art. 2º desta Resolução não se aplica para a intervenção ou supressão de vegetação nas APP's de veredas, restingas, manguezais e dunas previstas nos incisos IV, X e XI do art. 3º da Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002.

§ 3º A autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP de nascente, definida no inciso II do art. 3º da Resolução CONAMA nº 303, de 2002, fica condicionada à outorga do direito de uso de recurso hídrico, conforme o disposto no art. 12 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997.

§ 4º A autorização de intervenção ou supressão de vegetação em APP depende da comprovação pelo empreendedor do cumprimento integral das obrigações vencidas nestas áreas.”

Assim, a assertiva está correta.

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Resposta: C

34. (IEMA/2007) As referidas resoluções do CONAMA tratam do tema área de preservação permanente.

A Resolução n.º 302 do CONAMA dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno.

Já a Resolução CONAMA Nº 303 dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.

Enquanto a Resolução CONAMA Nº 369 dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente - APP.

Assim, é correta a afirmação de que as referidas resoluções do CONAMA tratam do tema área de preservação permanente

Resposta: C

35. (IEMA/2007) A Resolução n.º 369 do CONAMA prevê a intervenção ou supressão de vegetação em APP para a extração de substâncias minerais, independentemente de estudo prévio de impacto ambiental (EIA).

Em seu Art. 7º, a Resolução nº 369 do CONAMA traz o seguinte texto:

“Art. 7º A intervenção ou supressão de vegetação em APP para a extração de substâncias minerais, observado o disposto na Seção I desta Resolução, fica sujeita à apresentação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental-EIA e respectivo Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente-RIMA no processo de licenciamento ambiental, bem como a outras exigências, entre as quais: I - demonstração da titularidade de direito mineral outorgado pelo órgão competente do Ministério de Minas e Energia, por qualquer dos títulos previstos na legislação vigente;

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II - justificação da necessidade da extração de substâncias minerais em APP e a inexistência de alternativas técnicas e locacionais da exploração da jazida; III - avaliação do impacto ambiental agregado da exploração mineral e os efeitos cumulativos nas APP's, da sub-bacia do conjunto de atividades de lavra mineral atuais e previsíveis, que estejam disponíveis nos órgãos competentes; IV - execução por profissionais legalmente habilitados para a extração mineral e controle de impactos sobre meio físico e biótico, mediante apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica-ART, de execução ou Anotação de Função Técnica-AFT, a qual deverá permanecer ativa até o encerramento da atividade minerária e da respectiva recuperação ambiental; V - compatibilidade com as diretrizes do plano de recursos hídricos, quando houver; VI - não localização em remanescente florestal de mata atlântica primária.

§ 1º No caso de intervenção ou supressão de vegetação em APP para a atividade de extração de substâncias minerais que não seja potencialmente causadora de significativo impacto ambiental, o órgão ambiental competente poderá, mediante decisão motivada, substituir a exigência de apresentação de EIA/RIMA pela apresentação de outros estudos ambientais previstos em legislação.

§ 2º A intervenção ou supressão de vegetação em APP para as atividades de pesquisa mineral, observado o disposto na Seção I desta Resolução, ficam sujeitos a EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental, caso sejam potencialmente causadoras de significativo impacto ambiental, bem como a outras exigências, entre as quais: I - demonstração da titularidade de direito mineral outorgado pelo órgão competente do Ministério de Minas e Energia, por qualquer dos títulos previstos na legislação vigente; II - execução por profissionais legalmente habilitados para a pesquisa mineral e controle de impactos sobre meio físico e biótico, mediante apresentação de ART, de execução ou AFT, a qual deverá permanecer ativa até o encerramento da pesquisa mineral e da respectiva recuperação ambiental.

§ 3º Os estudos previstos neste artigo serão demandados no início do processo de licenciamento ambiental, independentemente de outros estudos técnicos exigíveis pelo órgão ambiental.

§ 4º A extração de rochas para uso direto na construção civil ficará condicionada ao disposto nos instrumentos de ordenamento territorial em escala definida pelo órgão ambiental competente.

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§ 5º Caso inexistam os instrumentos previstos no § 4º, ou se naqueles existentes não constar a extração de rochas para o uso direto para a construção civil, a autorização para intervenção ou supressão de vegetação em APP de nascente, para esta atividade estará vedada a partir de 36 meses da publicação desta Resolução.

§ 6º Os depósitos de estéril e rejeitos, os sistemas de tratamento de efluentes, de beneficiamento e de infra-estrutura das atividades minerárias, somente poderão intervir em APP em casos excepcionais, reconhecidos em processo de licenciamento pelo órgão ambiental competente, atendido o disposto no inciso I do art. 3º desta resolução.

§ 7º No caso de atividades de pesquisa e extração de substâncias minerais, a comprovação da averbação da reserva legal, de que trata o art. 3º, somente será exigida nos casos em que: I - o empreendedor seja o proprietário ou possuidor da área; II - haja relação jurídica contratual onerosa entre o empreendedor e o proprietário ou possuidor, em decorrência do empreendimento minerário.

§ 8º Além das medidas ecológicas, de caráter mitigador e compensatório, previstas no art. 5º, desta Resolução, os titulares das atividades de pesquisa e extração de substâncias minerais em APP ficam igualmente obrigados a recuperar o ambiente degradado, nos termos do § 2º do art. 225 da Constituição e da legislação vigente, sendo considerado obrigação de relevante interesse ambiental o cumprimento do Plano de Recuperação de Área Degradada-PRAD.”

Pela análise do caput do artigo, verifica-se que a assertiva da questão está errada.

Resposta: E

A Lei Federal n.º 9.433/1997, conhecida como Lei das Águas, instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e, ampliando a mobilização social em relação às questões das águas, inovou no modelo de controle e de participação social. A partir da Lei das Águas, foi possível, em 2006, o lançamento do Plano Nacional de Recursos Hídricos, que culminou com a criação, em cada estado e no Distrito Federal, de conselhos estaduais

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e do DF para a gestão dos recursos hídricos. A respeito do regime jurídico e da gestão dos recursos hídricos, julgue os itens seguintes.

36. (INMETRO/2009) Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos, entre outros: derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade sem a respectiva outorga de direito de uso; utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com estes em desacordo com as condições estabelecidas na outorga; perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização.

Inicialmente, cabe destacar que a Constituição Federal de 1988 estabeleceu, em seu Art. 20, a diferenciação entre as águas de domínio federal e estadual. Determinou, ainda, a competência da União para instituir o sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e para definir critérios de outorga de direitos de seu uso.

Importante também ressaltar que o sistema de gerenciamento foi instituído com a Lei Nº 9.433/97, que trata da Política Nacional de Recursos Hídricos, apresentando, como um de seus instrumentos, a outorga de direito de uso dos recursos hídricos.

Na esfera institucional, uma importante mudança foi a transferência, em 1995, da responsabilidade sobre a gestão dos recursos hídricos, do Ministério das Minas e Energia para o Ministério do Meio Ambiente, arrefecendo a primazia do setor hidroenergético no desenvolvimento do setor de recursos hídricos. No novo Ministério foi criada a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH/MMA), responsável pelas funções de planejamento e regulamentação do setor.

Mas voltando à resolução desta questão, ela novamente está na análise da letra da Lei 9433/97:

“Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos:

I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de direito de uso;

II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos,

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que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos órgãos ou entidades competentes;

III - (VETADO)

IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga;

V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização;

VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos;

VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou entidades competentes;

VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no exercício de suas funções.

Art. 50. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar referentes à execução de obras e serviços hidráulicos, derivação ou utilização de recursos hídricos de domínio ou administração da União, ou pelo não atendimento das solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às seguintes penalidades, independentemente de sua ordem de enumeração:

I - advertência por escrito, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades;

II - multa, simples ou diária, proporcional à gravidade da infração, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais);

III - embargo provisório, por prazo determinado, para execução de serviços e obras necessárias ao efetivo cumprimento das condições de outorga ou para o cumprimento de normas referentes ao uso, controle, conservação e proteção dos recursos hídricos;

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IV - embargo definitivo, com revogação da outorga, se for o caso, para repor incontinenti, no seu antigo estado, os recursos hídricos, leitos e margens, nos termos dos arts. 58 e 59 do Código de Águas ou tamponar os poços de extração de água subterrânea.

§ 1º Sempre que da infração cometida resultar prejuízo a serviço público de abastecimento de água, riscos à saúde ou à vida, perecimento de bens ou animais, ou prejuízos de qualquer natureza a terceiros, a multa a ser aplicada nunca será inferior à metade do valor máximo cominado em abstrato.

§ 2º No caso dos incisos III e IV, independentemente da pena de multa, serão cobradas do infrator as despesas em que incorrer a Administração para tornar efetivas as medidas previstas nos citados incisos, na forma dos arts. 36, 53, 56 e 58 do Código de Águas, sem prejuízo de responder pela indenização dos danos a que der causa.

§ 3º Da aplicação das sanções previstas neste título caberá recurso à autoridade administrativa competente, nos termos do regulamento.

§ 4º Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.”

Assim, a assertiva está correta.

Resposta: C

37. (INMETRO/2009) Entre os objetivos da Lei das Águas inclui-se o de assegurar a permanência do homem no campo, para a produção de alimentos a partir da garantia, sem ônus, de fornecimento de água com qualidade e quantidade.

Novamente análise da Lei das águas, que em seu Art. 2º traz os objetivos pretendidos, assunto também recorrente em provas desta banca, nos seguintes termos já apresentados anteriormente:

“ Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

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II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.”

Assim, o objetivo apresentado na questão não é um dos constantes no texto da Lei, fazendo a questão errada.

Resposta: E

38. (INMETRO/2009) A Agência Nacional de Águas (ANA) tem por atribuição supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento da legislação federal, além de disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.

A Agência Nacional de Águas – ANA, criada pela Lei nº 9.984, de 17/7/2000, é uma autarquia federal sob regime especial, com maior autonomia administrativa e financeira – comparadas às demais autarquias – vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, com o fim de implementação da PNRH, integrando o SINGREH.

Trata-se de uma agência reguladora, com a finalidade principal de controlar, supervisionar e avaliar as atividades decorrentes do cumprimento da Lei nº 9.433/97 e disciplinar, em caráter normativo, a implementação, o controle, a operacionalização e a avaliação da PNRH.

A atuação da ANA obedecerá aos fundamentos, objetivos, diretrizes e instrumentos da PNRH e será desenvolvida em articulação com órgãos e entidades públicas e privadas integrantes do SINGREH.

Resposta: C

39. (INMETRO/2009) A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos.

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Novamente, a resposta vem do exame da letra da lei: “Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:

(...)

V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;”

Resposta: C

40. (IEMA/2007-adaptada) Segundo a Lei das águas, a água é um bem de domínio público, sendo prevista cobrança pelo seu uso.

Para responder a esta questão, devemos analisar em conjunto o art. 1º e 5º da Lei das Águas:

“Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;”

“Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

(...)

IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;”

Assim, a assertiva está correta.

Resposta: C

41. (IEMA/2007) Em caso de escassez de água, está prevista, na Lei das águas, a prioridade para o consumo humano e a produção de energia elétrica.

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Como já vimos exaustivamente, o Art. 1º da Lei traz a seguinte informação:

“Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos: (...) III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;”

A produção de energia elétrica não figura entre as prioridades no caso de escassez de água.

Resposta: E

Os estudos de inventário de obras de captação de água para abastecimento têm, como critério básico, a maximização da eficiência econômico-hidráulica do empreendimento, considerando os impactos socioambientais oriundos da implantação da obra na bacia hidrográfica de maneira a minimizar aqueles que são negativos. Conseqüentemente, para sua realização, devem ser estabelecidos critérios técnicos de engenharia, além de critérios econômicos, socioambientais e de usos múltiplos da água. Com relação a esse assunto, julgue os seguintes itens. 42. (MPOG/2008) Os critérios de usos múltiplos da água referem-se à consideração de outros usos dos recursos hídricos da bacia, buscando minimizar conflitos e racionalizar a sua utilização.

No Brasil, a agricultura através da irrigação representa 56% da demanda hídrica total. Seguem-se as demandas para uso doméstico (27%), industrial (12%) e para dessedentação animal (5%). A demanda total brasileira para o ano 2000 foi estimada em 2.178 m3/s. A região de maior demanda é a da bacia do rio Paraná (590m3/s). A região hidrográfica do Paraná, com apenas 10% do território nacional, representa 27% da demanda hídrica do país. As regiões hidrográficas do Paraná, das bacias costeiras e do São Francisco constituem cerca de 80% da demanda hídrica nacional, em 36% do território e com somente 18% da disponibilidade hídrica superficial. Os meses de inverno podem representar momentos difíceis na gestão da água nessas bacias, especialmente no Alto Tietê.

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Para lidar com a questão de usos múltiplos da água, utiliza-se técnicas de gerenciamento integrado de recursos hídricos.

A atual forma de gerenciamento integrado dos recursos hídricos resultou da consolidação das novas visões e paradigmas que foram se tornando mais evidentes a partir de inúmeros problemas resultantes de uma visão setorial, limitada e de resposta a crises; como exposto acima, a principal constatação é a interdependência dos processos ecológicos em nível de bacia hidrográfica e do desenvolvimento econômico, social e das interações entre os componentes do sistema: biodiversidade, agricultura, usos do solo, cobertura vegetal, ciclos de nutrientes, impactos das mudanças globais no clima da Terra e recursos hídricos superficiais e subterrâneos. A implantação do gerenciamento integrado encontra-se em fase de transição e novas metodologias e projetos estão sendo implementados em muitos países e continentes para uma resolução dos inúmeros problemas relativos aos usos e otimização dos usos múltiplos.

O uso diversificado e complexo dos recursos hídricos tem grande impacto na economia regional e nacional, uma vez que os impactos quantitativos e qualitativos gerados demandam custos para recuperação e tratamento de água e dos ecossistemas aquáticos. Água de má qualidade empobrece as populações locais e de determinadas regiões, além de interferir com a economia regional e destruir alternativas saudáveis de desenvolvimento sustentável. O gerenciamento integrado tem ainda como objetivo, resolver problemas econômicos relacionados com a disponibilidade de água, tratamento de águas residuárias, produção de alimentos e tratamento de efluentes industriais. Qualidade de água, economia regional e nacional, competitividade industrial e agrícola, devem fazer parte dos sistemas de gerenciamento integrado em todas as dimensões geográficas, municípios, bacias hidrográficas, estados, países e bacias internacionais. O gerenciamento integrado deve promover a interação efetiva do ciclo hidrosocial com o ciclo hidrológico.

É interessante conhecer também o conceito ainda não apresentado de “princípio dos usos múltiplos”, segundo o qual os recursos hídricos devem ser acessíveis a todos os setores interessados em seu uso, dando-se o predomínio, em cada bacia ou região hidrográfica, ao uso que gerar os maiores benefícios sociais líquidos. O conceito de usos múltiplos em outros países já marcha para meio século de prática. É interessante observar que, no caso do Brasil, esse conceito veio se contrapor a uma tradição bem forte, de que o uso dos cursos d’água era planejado segundo os interesses do setor de geração de energia elétrica, ficando todos os demais usos subordinados às ações desse setor.

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Cabe também apresentar alguns conceitos relativos a conflitos de uso de Recursos Hídricos.

Os conflitos de uso das águas podem ser classificados como: - Conflitos de destinação de uso: esta situação ocorre quando á água é utilizada para destinações outras que não aquelas estabelecidas por decisões políticas, fundamentadas ou não em anseios sociais, que as reservariam para o atendimento de demandas sociais, ambientais e econômicas. Por exemplo, a retirada de água de reserva ecológica para a irrigação.

- Conflito de disponibilidade qualitativa: Situação típica de uso de água em rios poluídos. Existe um aspecto vicioso nestes conflitos, pois o consumo excessivo reduz a vazão de estiagem deteriorando a qualidade das águas já comprometidas a priori pelo lançamento de poluentes. Esta deterioração por sua vez, torna a água ainda mais inadequada para o consumo.

- Conflito de disponibilidade quantitativa: Situação decorrente do esgotamento da disponibilidade quantitativa devido ao uso intensivo. Exemplo: uso intensivo de água para a irrigação impedindo outro usuário de captá-la, ocasionando em alguns casos esgotamento das reservas hídricas. Este conflito pode ocorrer também entre dois usos não-consuntivos. Exemplo: operação de hidrelétrica estabelecendo flutuações nos níveis de água acarretando prejuízos à navegação. Assim, os critérios de usos múltiplos da água são escolhidos com o objetivo de minimizar conflitos e racionalizar a utilização dos recursos hídricos disponíveis.

Resposta: C

43. (EMBASA/2009) A captação de água para abastecimento público, tanto nos mananciais superficiais como nos subterrâneos, faz parte dos usos múltiplos dos recursos hídricos e deve constar do plano da bacia hidrográfica em que for realizada.

Como já discutido acima, realmente a captação de água para abastecimento público, tanto nos mananciais superficiais como nos subterrâneos, faz parte dos usos múltiplos dos recursos hídricos.

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Ainda não falamos sobre os Planos de Bacia Hidrográfica, que definem orientações de valorização, proteção e gestão equilibrada da água, de âmbito territorial, para uma bacia hidrográfica ou agregação de pequenas bacias hidrográficas de acordo com o despacho ministerial de 31/12/98 e com o Decreto-Lei 45/94.

Para assegurar os usos múltiplos (transporte, manutenção da biota, irrigação, entre outros e consumo animal e humano como prioritários) a proteção dos recursos hídricos é prioritária. Entre os marcos legais que tem esse tema por escopo está a lei federal nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, conhecida como lei das águas, que tem por objetivo assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos, permitindo a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, com vistas ao desenvolvimento sustentável.

Para alcançar esses objetivos, cabe aos comitês de bacia, propor ao órgão competente o enquadramento dos corpos de água da bacia hidrográfica em classes de uso e conservação e encaminhar a proposta relativa à bacia hidrográfica, aprovar o Plano da respectiva bacia hidrográfica e acompanhar sua implementação, aprovar os valores a serem cobrados pelo uso da água da bacia hidrográfica, realizar o rateio dos custos de obras de interesse comum a serem executados na bacia hidrográfica, aprovar os programas anuais e plurianuais de investimentos em serviços e obras de interesse da bacia hidrográfica tendo por base o Plano da respectiva bacia hidrográfica e compatibilizar os interesses dos diferentes usuários da água, dirimindo, em primeira instância, os eventuais conflitos. Assim, o plano deve contemplar os usos múltiplos dos recursos hídricos da bacia, entre eles a captação de água para abastecimento público, tanto nos mananciais superficiais como nos subterrâneos.

Resposta: C

44. (ANA/2006) As vantagens de um sistema de suporte à decisão para outorga de água incluem a velocidade e a precisão no processo de cálculos relativos a ofertas e demandas de água, a redução de custos administrativos, a redução da subjetividade do processo decisório e o suporte técnico relativo ao processo decisório.

Como já havíamos estudado, a outorga de direitos de uso da água é um instrumento essencial para a adequada implementação da Política Nacional de

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Recursos Hídricos. Entretanto, essa implantação e sua administração são de grande complexidade. Nesse contexto, os sistemas de suporte à decisão podem auxiliar a uma melhor compreensão do comportamento dos sistemas de recursos hídricos.

A outorga não é um instrumento de fácil implantação e administração. Sua complexidade advém, de um lado, da própria natureza dos recursos hídricos, com seus usos e atributos múltiplos em um quadro de ocorrência estocástica e demandas crescentes, e, do outro, do contexto em que se insere seu gerenciamento, envolvendo interesses conflitantes e os mais distintos atores, desde os órgãos públicos gestores e entidades da sociedade civil até os usuários finais da água.

A busca pela gestão eficiente dos recursos hídricos passa, necessariamente, pela estruturação e consolidação de um sistema eficiente de alocação e registros de direitos de uso da água.

Existem, ainda, alguns outros elementos que adicionam complexidade à análise dos problemas de recursos hídricos em geral e, em particular, às decisões de outorga: (i) porte elevado dos investimentos; (ii) necessidade de planejamento em longo prazo; (iii) dinamismo ao longo da vida útil dos projetos; (iv) repercussões econômicas, sociais e ambientais significativas; e (v) participação de grupos heterogêneos no processo decisório (PORTO e AZEVEDO, 1997).

Nesse contexto, emergem a importância e a utilidade dos sistemas de suporte à decisão, aqui entendidos como ferramentas e metodologias suscetíveis de auxiliar indivíduos ou grupos organizados no processo de busca, análise e seleção de alternativas para solução de seus problemas.

Algumas características têm sido destacadas como importantes em um sistema de suporte à decisão: o sistema deve (i) assessorar o usuário na solução de problemas não-estruturados; (ii) responder, rápida e convenientemente, perguntas do tipo “o que acontece se”, por meio de execuções múltiplas de um ou mais modelos; (iii) apresentar uma interface adequada para comunicação usuário-máquina; (iv) apoiar e aprimorar o julgamento humano e não tentar substituí-lo; (v) permitir a incorporação de julgamentos subjetivos e de conhecimento de especialistas (PORTO; AZEVEDO, 1997).

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Um sistema de suporte à decisão deve possuir um nível adequado de generalização e flexibilidade, para que possa se adaptar às mudanças que venham a ocorrer no problema analisado ou no contexto do processo decisório.

Os sistemas de suporte à decisão são compostos por três componentes básicos: um módulo de diálogo (interação homem-máquina), um subsistema de dados (aquisição, gerenciamento e processamento) e um subsistema de modelos (análise e predição).

Em estudo realizado em 2003, Azevedo e outros apontaram recomendações para o desenvolvimento de Sistemas de Suporte a Decisão (SSD) baseadas nos depoimentos coletados nos diferentes estados pesquisados e na Agência Nacional de Águas, assim como na experiência pessoal dos consultores envolvidos na pesquisa:

- Clareza na definição do-s objetivos e das funções do SSD. - Discussão ampla e sintonia entre tomadores de decisão e técnicos. - Organização, tratamento e atualização das informações disponíveis. - Capacitação e dimensionamento adequado das equipes. - Tratamento adequado das questões de qualidade da água. - Flexibilidade do suporte à decisão. - Ampliação e melhoria da base de informações para outorga de águas subterrâneas. - Modelagem adequada dos sistemas de reservatórios. - Eficiência e facilidade de uso dos recursos de análise. - Adequação na comunicação dos resultados.

No mesmo estudo, Azevedo e outros levantaram critérios para avaliação de projetos de desenvolvimento de SSD para outorga.

O projeto e a implementação de um SSD efetivo requer considerações cuidadosas em dois níveis de discussão.

O primeiro nível é mais genérico e está relacionado ao funcionamento do sistema. As tarefas que devem ser realizadas neste nível incluem: 1. identificação dos tomadores de decisão e do nível hierárquico em que estas decisões serão tomadas; 2. identificação dos tipos de decisões a serem apoiadas; 3. identificação do tipo específico de informação necessária para auxiliar o processo de tomada de decisão;

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4. identificação do tipo específico de dados necessários para prover as informações necessárias; 5. identificação dos modelos e ferramentas de análise para transformar estes dados nas informações necessárias; 6. identificação dos requisitos gerais da interface do usuário para fazer com que as informações estejam prontamente disponíveis e sejam facilmente entendidas pelas pessoas responsáveis por tomar as decisões.

O segundo nível está relacionado com as dimensões técnicas do SSD e com as tarefas que devem ser realizadas, incluindo as seguintes ações: 1. planejar como todos esses dados serão organizados e integrados dentro da estrutura do arquivo de dados; 2. planejar como os dados espaciais e dados relacionais serão integrados dentro do sistema; 3. identificar os modelos específicos e ferramentas de análise que deverão existir no SSD e como isso se comunicará com o arquivo de dados; 4. identificar facilidades específicas que devem ser incluídas na interface do usuário, incluindo gráficos, textos e comunicação; 5. identificar as vantagens e a forma de tornar disponíveis as informações na Internet.

Todos esses pontos enumerados, nos dois níveis de discussão citados acima, devem ser levados em consideração no processo de concepção e implementação de um SSD.

Há, no entanto, alguns requisitos mínimos que devem ser previamente verificados, que podem ser agrupados em três dimensões. A primeira dimensão diz respeito ao conhecimento e caracterização das decisões a serem tomadas. No caso da outorga, é necessária a definição prévia do modelo de outorga, seus condicionantes legais, institucionais, hidrológicos e operacionais. Deve-se verificar se já há uma clara definição das responsabilidades do poder outorgante, dos procedimentos operacionais necessários para viabilizar o processo de análise e de administração da outorga e dos critérios que serão aplicados.

A segunda dimensão está associada ao conhecimento e organização da base de informações existentes no estado. A quantidade e a qualidade da informação disponível influenciam fortemente a concepção e implementação dos sistemas de suporte à decisão. Deve-se fazer um inventário prévio de dados e informações existentes, necessários para a análise da outorga, como estações fluviométricas e pluviométricas, séries de vazão e precipitação,

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cadastro de usuários, dados de águas subterrâneas, dados de qualidade da água, dados dos reservatórios, vazões regularizadas, regionalizações de vazões, planos diretores, enquadramentos de corpos d’água, estimativas de demanda por recursos hídricos, etc.

A última dimensão está relacionada ao futuro usuário do SSD. Deve-se avaliar se o interessado em implementar um SSD possui uma equipe com potencial para assimilar essa tecnologia. A análise de outorga, como já mencionado, exige a participação de técnicos com conhecimentos em várias áreas. Uma equipe mínima, com perfil adequado, deve ser formada previamente para que possa ser capacitada no que for necessário, de modo a permitir o melhor uso do sistema de suporte à decisão. A criação da ANA apresenta-se como principal esperança no sentido de se buscar a consolidação do sistema nacional de outorgas, tendo em vista a autonomia administrativa e financeira dessa agência e a possibilidade de criar quadros técnicos bem capacitados. Finalmente, a questão da sustentabilidade deve despontar como principal objetivo na agenda de atividades do setor hídrico brasileiro. Diante da evolução observada, parece ter chegado o momento no qual o critério de sustentabilidade das intervenções, cujo atendimento está diretamente associado à criação de instituições fortes e ao início efetivo da cobrança pelo uso dos recursos hídricos, receberá a ênfase necessária.

Com base no acima exposto, conclui-se que a assertiva está correta.

Resposta: C

45. (IEMA/2004) O aumento do uso consuntivo limita a perspectiva de adequação de um reservatório a múltiplos usuários.

Quanto à forma de utilização de recursos hídricos, existem três possibilidades: - Consuntivos (C): referem-se aos usos que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas disponibilidades, espacial e temporalmente. - Não-consuntivos (NC): referem-se aos usos que retornam à fonte de suprimento, praticamente a totalidade da água utilizada, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal de disponibilidade. - Local (L): refere-se aos usos que aproveitam a disponibilidade de água em sua fonte sem qualquer modificação relevante, temporal ou espacial, de sua disponibilidade.

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Como o uso consuntivo retira água de sua fonte, diminuindo suas disponibilidades, espacial e temporalmente, outros usos da mesma fonte acabam sendo limitados.

Resposta: C

46. (IEMA/2004) A gestão de sistemas de captações múltiplas é, em geral, mais complexa que a de sistemas de usuários simples, em função do maior número de interesses e maior número de conflitos potenciais.

A gestão de recursos hídricos é uma atividade analítica e criativa voltada à formulação de princípios e diretrizes, ao preparo de documentos orientadores e normativos, à estruturação de sistemas gerenciais e à tomada de decisões que tem por objetivo promover o inventário, uso, controle e proteção dos recursos hídricos. Fazem parte desta atividade os seguintes elementos: - Política dos recursos hídricos: Trata-se do conjunto consistente de princípios doutrinários que conformam as aspirações sociais e/ou governamentais no que concerne à regulamentação ou modificação nos usos, controle e proteção dos recursos hídricos. - Plano de recursos hídricos: Qualquer estudo prospectivo que busca, na sua essência, adequar o uso, controle e o grau de proteção dos recursos hídricos às aspirações sociais e/ou governamentais expressas formal ou informalmente em uma política de recursos hídricos, através da coordenação, compatibilização, articulação e/ou projetos de intervenções. - Gerenciamento dos recursos hídricos: Conjunto de ações governamentais destinadas a regular o uso e o controle dos recursos hídricos e a avaliar a conformidade da situação corrente com os princípios doutrinários estabelecidos pela política dos recursos hídricos. - Sistemas de gerenciamento dos recursos hídricos: Conjunto de organismos, agências e instalações governamentais e privadas, estabelecidos com o objetivo de executar a política dos recursos hídricos através do modelo de gerenciamento dos recursos hídricos adotado e tendo por instrumento o planejamento de recursos hídricos.

A necessidade de estudo e aperfeiçoamento da gestão dos recursos hídricos decorre da sua complexidade que deverá ser aumentada substancialmente com as pressões que o futuro trará. Estas pressões serão motivadas por diversas causas, como desenvolvimento econômico, aumento populacional,

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expansão da agricultura, pressões regionais, mudanças tecnológicas, urbanização, entre outras.

Voltando à questão, diante do exposto, pode-se concluir que devido ao maior número de interesses e conflitos potenciais, a gestão de sistemas de captações múltiplas é, em geral, mais complexa que a de sistemas de usuários simples.

Resposta: C

47. (FC-Consultor Legislativo/2003) O reconhecimento dos usos múltiplos das águas, proporcionado pela gestão dos recursos hídricos, é também uma das expressões da gestão democrática, possibilitando reconhecer como legítimas, diferentes formas de demandas.

A resposta a esta questão passa pelo conhecimento dos tipos de uso de Recursos Hídricos.

Originalmente, a água era usada principalmente para dessedentação, usos domésticos, criação de animais e para usos agrícolas a partir da chuva e, menos freqüentemente, com suprimento irrigado. À medida que a civilização se desenvolveu outros tipos de usos foram surgindo, disputando os usos de recursos hídricos muitas vezes escassos e estabelecendo conflitos entre os usuários.

Os usos de recursos hídricos encontram-se inseridos em três classes: - Infra-estrutura social: refere-se aos usos gerais disponíveis para a sociedade nos quais a água entra como bem de consumo final. - Agricultura, florestamento e aquacultura: refere-se aos usos da água como bem de consumo intermediário visando à criação de condições ambientais adequadas para o desenvolvimento de espécies animais ou vegetais de interesse para a sociedade. Este interesse pode ser de ordem econômica, ambiental, etc. - Indústria: usos em atividade de processamento industrial e energético nos quais a água entra como bem de consumo intermediário.

Quanto à forma de utilização, como já havíamos apresentado, existem três possibilidades: - Consuntivos (C): referem-se aos usos que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas disponibilidades, espacial e temporalmente.

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- Não-consuntivos (NC): referem-se aos usos que retornam à fonte de suprimento, praticamente a totalidade da água utilizada, podendo haver alguma modificação no seu padrão temporal de disponibilidade. - Local (L): refere-se aos usos que aproveitam a disponibilidade de água em sua fonte sem qualquer modificação relevante, temporal ou espacial, de sua disponibilidade.

Analisando a evolução das disponibilidades hídricas, percebe-se que o aumento populacional e do próprio desenvolvimento econômico acabaram por reduzir as disponibilidades hídricas em alguns locais e por tornar atraentes outras regiões carentes de recursos hídricos, exigindo maiores investimentos para obtê-los.

A sociedade moderna ampliou consideravelmente a diversidade de usos da água. O quadro tornou-se complexo com o aquecimento de demandas conflitantes.

O reconhecimento dos usos múltiplos das águas, proporcionado pela gestão dos recursos hídricos, já bastante discutida neste capítulo, diretamente influenciada pela Lei das Águas, Lei 9433/97, reconhecer como legítimas as diferentes formas de demandas, como foi analisado em questões sobre outorga de recursos hídricos e usos múltiplos da água, sendo uma das expressões da gestão democrática.

Resposta: C

(EMBASA/2009) O princípio do poluidor-pagador tem origem em recomendação editada em 1972, pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, sobre os princípios diretores relativos aos aspectos econômicos das políticas ambientais. Mais tarde, começou-se a falar também no princípio do usuário-pagador. Ao tempo em que o primeiro princípio determina que os custos relativos a prevenção e combate à poluição, e à reparação dos danos ambientais devem ser suportados por aquele que polui, o segundo traduz a ideia de que a apropriação de um bem coletivo (água, por exemplo) por uma pessoa ou comunidade dá à coletividade o direito a uma contraprestação financeira. Acerca desse tema, especialmente quanto à forma de cobrança pelo uso da água no Brasil, julgue o item subsequente.

48 - (EMBASA/2009) Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia

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hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados também no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).

Utilizaremos a questão para realizar uma revisão teórica sobre aspectos socioculturais na utilização de recursos hídricos.

A partir da década de 80, consolida-se no mundo a discussão de um novo modelo de desenvolvimento, que tem como princípio central o conceito de sustentabilidade. No contexto desta agenda os estados brasileiros passam a discutir e redefinir seu arcabouço jurídico e institucional sobre recursos hídricos, o qual se fundamentam nos princípios da gestão descentralizada, integrada e participativa, tendo a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão e a água como um bem público e econômico, assunto com estreita ligação ao já estudado na aula anterior.

O que essas iniciativas legais e institucionais têm demonstrado é que, diante da ameaça concreta de um quadro cada vez mais grave de escassez de água, uma outra mentalidade se foi delineando nesse setor. Gerenciar de forma eficiente os recursos hídricos passa a ser concebido como a associação de medidas jurídicas, institucionais, administrativas, técnicas e de organização social que, articuladas a medidas estruturais de realização de obras, têm como objetivo o ordenamento e a definição de regras conjuntas dos usos e preservação dos recursos hídricos, que visam assegurar sua sustentabilidade.

Vale destacar que essa nova postura frente à problemática hídrica encontra inúmeros desafios em sua implementação, uma vez que muda de forma significativa o enfoque sobre o setor e se contrapõe a práticas historicamente estabelecidas, em especial no Nordeste semi-árido, tais como: a cultura de "privatizar" o uso da água; as decisões governamentais tomadas de forma centralizada; as ações assistenciais que caracterizam os períodos de seca; o desinteresse e a ausência de iniciativa dos usuários e da sociedade na busca de alternativas para gestão sustentável dos recursos hídricos.

A região semi–árida caracteriza-se, principalmente, pela escassez de água, decorrente da incidência de chuvas apenas em curtos períodos de três a cinco meses por ano, irregularmente distribuídas no tempo e no espaço. Essa característica causa uma forte dependência da intervenção do homem sobre a natureza, no sentido de garantir, por meio de obras de infra-estrutura hídrica,

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o armazenamento de água para abastecimento humano e demais usos produtivos.

O Estado brasileiro, em especial na região semi-árida, tem longa tradição de intervenção de caráter centralizador e fragmentado no setor hídrico, pois as iniciativas sempre partiram de decisões governamentais de caráter unilateral e, não raro, para atender interesses pontuais, particulares ou setoriais, quer seja na construção de barragens, em projetos de irrigação, perfuração de poços ou construção de adutoras.

A política hídrica para a região, em sua fase hidráulica, antes do início do projeto de integração do Rio São Francisco, priorizou a construção de obras, sem garantir o uso público da água acumulada em milhares de açudes, de pequeno e médio porte, que se tornaram "privados", por estarem localizados dentro de propriedades privadas. Quanto aos grandes reservatórios, administrados por órgãos estatais, garantiu-se sua utilização pública sem, contudo, articular esta disponibilidade de água com outras políticas públicas, tais como as políticas agrícolas e agrárias, o que serviu para potencializar a capacidade produtiva de quem já era proprietário de terra, quer seja nas proximidades dos açudes ou mesmo ao longo dos vales que se tornaram perenes devido à liberação de águas desses reservatórios nos períodos de escassez.

Como decorrência econômica direta dessa forma de intervenção estatal, as áreas úmidas, do Nordeste semi-árido, tornaram-se supervalorizadas, pois passaram a contar com a garantia de dois elementos produtivos essenciais: terra e água.

Outra forma de intervenção pública, nesse setor caracterizou-se pela implantação de projetos de irrigação. O DNOCS e a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) foram os principais órgãos públicos federais encarregados da implantação e do gerenciamento desses projetos, em todo o Nordeste. Implantados, em sua maioria, durante o período do regime militar, a intervenção governamental deixou sua marca centralizadora e autoritária também nessa área.

Os perímetros públicos irrigados, como são denominados, constituíam-se de centenas de pequenos lotes de três a cinco hectares, mas eram gerenciados por equipes técnicas dos órgãos públicos que tomavam todas as decisões, da operação e manutenção do sistema de irrigação à decisão do que produzir, onde e como comercializar.

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A partir de 1992, o governo Collor de Melo "emancipou", por meio de decreto, todos os projetos de irrigação pública federal os quais se encontravam com inúmeros problemas de infra-estrutura, com um grande número de irrigantes irregulares que foram se instalando nas chamadas "áreas mortas", em situação financeira desfavorável e com gerências de cooperativas despreparadas para assumirem as inúmeras e complexas atividades de direção e gestão dos projetos.

As precárias condições físicas e econômicas em que se encontram esses projetos públicos de irrigação, somadas a utilização de métodos de irrigação inadequados e a exploração de culturas impróprias à realidade do semi-árido, tais como a cultura do arroz e da cana-de-açúcar por consumirem muita água, têm resultado num sério desafio à gestão eficiente desses projetos de irrigação.

Em virtude dessas dificuldades, nos meios técnicos e políticos conservadores, se tem atribuído o fracasso desses projetos ao pequeno irrigante, que é incapaz de "lidar" com a agricultura irrigada, muito complexa e exigente de grandes investimentos, apresentando como alternativa disponibilizar essas áreas em leilão público, para grandes empresas privadas nacionais ou internacionais. A alternativa de "privatizar" os projetos públicos de irrigação levaria, inevitavelmente, a mais concentração de renda e exclusão social dos segmentos que não detêm a propriedade da terra e da água na região.

Como na região semi-árida o acesso à água para fins produtivos, sempre esteve muito vinculado à propriedade da terra. A demanda da população pobre manteve-se, ao longo dos anos, circunscrita ao atendimento de água para consumo humano, quer seja nos períodos de seca, através de carros pipa e perfuração de poços ou, de forma mais permanente, com a construção de pequenas barragens, adutoras e cisternas. Recentemente, setores vinculados à sociedade civil organizada, que incluem entidades ambientalistas que desenvolvem programas de convivência com o semi-árido e setores da igreja católica, têm desenvolvido programa que objetiva a construção de um milhão de cisternas, na região.

O programa procura trazer para a pauta das comunidades a discussão sobre o direito de ter água de boa qualidade para consumo humano, as cisternas são construídas e mantidas pela comunidade, procurando evitar o exemplo de milhares de poços e cisternas construídos por órgãos públicos e que, posteriormente, foram abandonados por falta de manutenção.

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Constata-se, portanto, que mais uma vez a proposta da sociedade está voltada apenas para garantir água para consumo humano. O projeto, concebido e implementado, inicialmente, por entidades da sociedade civil, está sendo gradativamente inserido na agenda dos órgãos governamentais, sem, contudo demonstrar capacidade de extrapolar o atendimento da reivindicação mais imediata, de água para consumo humano, para discussão da água como um bem público, dotado de valor econômico, elemento imprescindível ao processo produtivo e ao desenvolvimento e que, portanto, deve ter sua utilização e gestão democratizada.

É relevante observar que a nova concepção de gestão de recursos hídricos não é apenas um conjunto de medidas burocráticas/institucionais, mas traz em seu bojo uma necessária mudança de mentalidade, de comportamentos e atitudes, muitas vezes historicamente cristalizados na sociedade, decorrente de concepções e práticas conservadoras. A constituição e funcionamento dos Comitês de Bacia Hidrográfica, organismos colegiados de base do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, exige, portanto, a identificação de metodologias que considerem as especificidades físicas, culturais, econômicas e políticas de cada bacia, as quais são bastante diferentes em cada região e estado do país.

Entre os desafios que se colocam para implementação da política de gestão participativa dos recursos hídricos na região semi-árida, está a herança cultural e política de práticas clientelistas e conservadoras consolidadas na relação entre o Estado e a sociedade. Historicamente, as oligarquias rurais detiveram o controle dos órgãos de implementação das políticas de combate a seca e reforçaram, em suas intervenções, a vinculação da propriedade privada da terra e da água.

O desafio de promover a participação social em uma sociedade impregnada pela prática clientelista é imenso, pois como produto de um Estado autoritário onde os direitos de cidadania foram subtraídos, o cidadão passa a ser sinônimo de cliente, de beneficiário. O que este "cliente" ou "beneficiário" cobra da gestão pública é que ela seja distribuidora de benefícios quer sejam individuais ou coletivos.

Contudo, mesmo com esse complexo "capital social" que dificulta o exercício de práticas de gestão democrática e participativa dos recursos hídricos, a necessidade de água como um bem vital e econômico é ainda mais evidente numa região semi-árida. Os açudes, que funcionam como grandes caixas dágua, guardando as águas das chuvas para serem utilizadas no período seco,

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passam a ser extremamente estratégicos. A dependência que os usuários a jusante (de baixo) dos açudes têm dos usuários a montante (de cima), para ter garantia de água em quantidade e qualidade suficiente, durante todo o ano, é um forte elemento motivador para o estabelecimento de regras de uso e preservação desses mananciais, entre seus usuários.

Essas características físicas e naturais da região semi-árida, que podem ser extrapoladas para outras regiões interioranas do Brasil, fazem com que o planejamento e gerenciamento participativo de grandes açudes públicos, que está sendo implementado, por exemplo, no Ceará, tenha se destacado como elemento positivo e inovador na recente experiência de gestão das águas no semi-árido. O fato dos usuários e da sociedade local, através de Comitês de Bacias ou Conselhos Gestores de Açude, terem o poder de deliberar sobre a gestão de grandes reservatórios, decidindo anualmente as vazões de água a serem liberadas, assim como as suas regras de uso e preservação tem resultado, na prática, não apenas na gestão mais eficiente da água mas no verdadeiro exercício da cidadania.

A experiência de alocação de água negociada tem demonstrado que a implementação da política de recursos hídricos, não pode estar condicionada apenas à aplicação dos instrumentos de gestão previstos legalmente, tais como: planos de bacia, outorga, licença e cobrança. Sua efetividade depende, essencialmente, do reconhecimento das diferentes realidades regionais e da necessidade de se identificar elementos mobilizadores da sociedade que, em cada região ou bacia, motive a participação social na gestão compartilhada e descentralizada da água.

Vale destacar, ainda, que a política de recursos hídricos, implantada em cada estado e nacionalmente, não é delimitada apenas por aspectos técnicos, legais e burocráticos, mas evidencia claramente a opção de desenvolvimento adotado em cada região, em cada estado e no país e é neste contexto institucional, que os Comitês de Bacia como entes colegiados do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos constituem-se em espaços privilegiados de discussão desses projetos.

Na região semi-árida, enquanto as intervenções governamentais limitarem-se às ações que não impliquem em mudanças estruturais, como as que seriam derivadas da realização da reforma agrária e da execução de programas de irrigação, postos em prática também em articulação com a reforma agrária, a concentração de renda aumentará e a região continuará tendo seu processo de desenvolvimento comprometido.

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A situação de escassez permanente de água, na região semi-árida, leva à necessidade da gestão compartilhada, entretanto, quer seja pelos vícios do aparato estatal ou da própria população, a prática política conservadora certamente se repetirá se a sociedade, em seu conjunto, não se der conta de que a água é um bem público e que, portanto, o seu gerenciamento compartilhado deverá garantir a democratização de seus usos e a sua preservação, condição imprescindível para sucesso de qualquer estratégia de desenvolvimento para a região.

Conforme já discutimos em aula anterior, cabe aos Comitês de Bacia um papel estratégico nesse processo de intervenção governamental, pois são eles que devem decidir sobre os usos prioritários das águas em suas bacias, sobre a transposição de águas de suas bacias, sobre quem e quanto se pagará pelo uso da água bruta e sobre os destinos dos recursos arrecadados. Na nova concepção de gestão de recursos hídricos, cabe, portanto, aos Comitês de Bacia, muito além da posição de usuários/consumidores, intervirem na definição da política pública de gestão de recursos hídricos a qual, inevitavelmente, possui uma clara interface com o modelo de desenvolvimento adotado em uma região.

Voltando à questão, ela pode ser rapidamente resolvida pela literalidade da Lei 9433/97, que em seu Art 22 traz o seguinte texto:

Art. 22. Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados:

I - no financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos;

II - no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Percebe-se que o erro está no final da assertiva.

Resposta: E

49 – (MP/2010) Nas etapas de elaboração de planos de recursos hídricos, a participação da sociedade ocorre por meio de consultas

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públicas, encontros técnicos e oficinas de trabalho, o que permite a incorporação de contribuições da sociedade aos planos.

Conforme já discutido nessa aula, os artigos 6º e 7º da Lei nº 9.433/1997, que cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, estabelece que os Planos de Recursos Hídricos são diretores e de longo prazo e visam a fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos recursos hídricos com horizonte de planejamento compatível com o período de implantação de seus programas e projetos.

Essa mesma lei dispõe sobre a participação da sociedade na elaboração de planos de RH, que ocorre por meio de consultas públicas, encontros técnicos e oficinas de trabalho, o que permite a incorporação de contribuições da sociedade aos planos.

Assim, a assertiva é correta.

Resposta: C

50 – (MP/2010) No aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos, em busca do desenvolvimento econômico e ambiental, o uso da água para irrigação impede seu uso para geração de eletricidade.

Como estudamos acima, a geração de eletricidade é um uso não-consuntivo da água e seu uso múltiplo associado à irrigação é possível.

Assim, a assertiva está errada.

Resposta: E

51 – (MP/2010) Quando um país exporta seus produtos está exportando água virtual, que é, por exemplo, aquela contida nos produtos agrícolas e manufaturados, bem como a utilizada na lavoura e no processo de fabricação dos manufaturados.

Exatamente. Todos os produtos exportados possuem alguma água em sua composição ou processo de fabricação, o que significa que o país também está exportando água virtual.

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Resposta: C

52 – (MP/2010) No Brasil, apesar da elevada cobertura em termos de coleta de esgoto sanitário, que abrange cerce de 80% dos domicílios, apenas 10% dos esgotos coletados são submetidos a tratamento antes de seu lançamento final.

Com base no o diagnóstico de serviços de água e esgoto realizado em 2009 no âmbito do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ligado à Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.

Os índices médios nacionais de atendimento da população total (urbana + rural) identificados pelo SNIS em 2009 foram de 81,7% para abastecimento de água e de 44,5% para coleta de esgotos. Considerando somente a população urbana, os dados evidenciam um elevado atendimento pelos serviços de água, com índice médio nacional igual a 95,2%, enquanto que na coleta de esgotos esse índice foi de 52,0%.

O diagnóstico informa também que apenas 37,9% do esgoto coletado é tratado.

Vale destacar que esse trabalho foi publicado após a prova, em maio de 2011, apesar de ter por base dados anteriores à mesma.

De qualquer forma a assertiva apresenta números bem distantes da realidade brasileira.

Resposta: E

Pessoal, aqui finalizamos a nossa aula. Até a próxima.

Obrigado, Reynaldo

QUESTÕES RESOLVIDAS NA AULA

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01. (MP/2010) Em termos mundiais, a principal causa de mortalidade infantil é a falta de água potável e de instalações sanitárias.

02. (MP/2010) A gestão da unidade territorial prevista na PNRH é de responsabilidade exclusiva de órgãos públicos, em nível municipal, estadual ou federal.

03. (ANA/2006) Essa tabela serve para mostrar a importância da participação dos diversos setores no processo de planejamento e gestão de recursos hídricos.

04. (ANA/2006) De acordo com a tabela, os efeitos da urbanização sobre os recursos hídricos são mais sensíveis nas bacias maiores.

Acerca dos aspectos sociais e culturais dos comitês federais de bacias hidrográficas e do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), julgue os itens a seguir.

05. (ANA/2006) Uma das salvaguardas da participação da sociedade civil no CNRH é que os representantes do Poder Executivo federal têm a minoria dos assentos desse conselho.

06. (ANA/2006) O comitê de uma bacia hidrográfica federal pode, dentro de suas atribuições, estabelecer mecanismos de cobrança pelo uso dos recursos hídricos, mas não sugerir os valores a serem cobrados.

No tocante à Lei n.º 9.433/1997 que, entre outros aspectos, instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, julgue os itens subseqüentes.

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07. (ANA/2006 - CF) Os fundamentos em que se baseia a Política Nacional de Recursos Hídricos incluem: a água é um bem de domínio público; a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos refere-se ao consumo humano e à dessedentação de animais.

08. (MP/2010) É objetivo da PNRH assegurar às gerações atual e futuras a necessária disponibilidade de água, com padrões de potabilidade.

09. (FC-Consultor Legislativo/2003) A cobrança pelo uso da água é uma forma de implementação do princípio usuário-pagador, permitindo que o uso e o aproveitamento desse recurso se processe de forma mais racional e em benefício da coletividade.

10. (ANA/2006 - CF) A cobrança pelo uso de recursos hídricos constitui um objetivo da Política Nacional de Recursos Hídricos.

11. (ANA/2006 - CF) O uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural, depende de outorga pelo poder público.

12. (ANA/2006 - CF) As derivações, captações, lançamentos e as acumulações de volumes de água considerados insignificantes independem de outorga pelo poder público.

13. (ANA/2006 - CF) O direito de aproveitamento do potencial hidrelétrico de um rio localizado em território brasileiro está sujeito à outorga pelo poder público.

14. (ANA/2006 - CF) Toda outorga de uso de recurso hídrico está condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deve respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso.

15. (ANA/2006 - CF) O Poder Executivo Federal pode delegar aos estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.

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Apesar de ter seu prazo de outorga de uso de água ainda válido, um fazendeiro irrigante recebeu uma comunicação do órgão concedente determinando que ele reduzisse, durante um período de 4 meses, a retirada de água para 50% da vazão outorgada, pois estava havendo escassez de água em um município a jusante de sua fazenda. Partindo da situação hipotética acima, julgue os itens que se seguem.

16. (ANA/2006) Legalmente, o irrigante pode recusar o pedido, uma vez que ele tem direto de usar 100% de seu volume outorgado durante todo o prazo de validade da outorga, independentemente da necessidade de outros usuários da bacia.

17. (ANA/2006) A situação hipotética em tela é inadmissível, pois o órgão outorgante, no processo de concessão de outorga ao irrigante, deveria ter previsto o problema.

18. (MP/2010) O escalonamento da tarifação na cobrança pelo uso da água, implementado no Brasil pela Agência Nacional de Águas (ANA), representa uma estratégia de promoção do uso consciente desse recurso nos domicílios.

19. (ANA/2006 - CF) Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos devem ser aplicados prioritariamente no pagamento de salários de funcionários públicos federais da administração direta.

20. (ANA/2006 - CF) O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

21. (ANA/2006 - CF) É vedada a participação de usuários dos recursos hídricos, ou de seus representantes, no Conselho Nacional de Recursos Hídricos, para que as decisões desse conselho não sejam influenciadas por interesses de seus membros.

22. (FC-Consultor Legislativo/2003) Além da gestão democrática, a lei prevê uma gestão descentralizada das águas, contando com a participação dos usuários e das comunidades, sem a presença do poder público.

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23. (FC-Consultor Legislativo/2003) A água é reconhecidamente um recurso vulnerável, finito e já escasso em quantidade e qualidade, sendo também reconhecido na lei como um recurso dotado de valor econômico.

A política nacional de recursos hídricos, elaborada a partir de preceitos constitucionais para a gestão do meio ambiente, é fundamentada em alguns princípios e prevê certos instrumentos. A respeito desses princípios e instrumentos, julgue os itens seguintes.

24. (CAIXA/2006) A unidade territorial para gestão dos recursos hídricos é o município.

25. (CAIXA/2006) A outorga dos direitos de uso da água é um dos instrumentos previstos.

26. (CAIXA/2006) O fato de que os corpos de água são enquadrados em classes é um dos princípios previstos.

27. (CAIXA/2006) Em situações de escassez, o uso prioritário da água é para consumo humano e dessedentação de animais.

28. (UFU/2008) De acordo com a legislação, a entidade federal responsável pela implementação da política nacional de recursos hídricos é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

29. (EMBASA/2009) Segundo a Política Nacional de Recursos Hídricos, os planos de recursos hídricos devem ser elaborados por bacia hidrográfica e por município.

30. (EMBASA/2009) A cobrança pelo uso dos recursos hídricos é um instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos, que visa diminuir os custos de combate à poluição das águas, assegurando a elas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), tendo sido instituído pela Lei n.º 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto n.º

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99.274/1990. Entre as atribuições do CONAMA encontra-se a expedição de resoluções que visam estabelecer diretrizes e normas técnicas, critérios e padrões relativos à proteção ambiental e ao uso sustentável dos recursos ambientais. Considerando que as áreas de preservação permanente (APP), localizadas em cada posse ou propriedade, são bens de interesse nacional e espaços territoriais especialmente protegidos, cobertos ou não por vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, o CONAMA expediu algumas resoluções. Nesse aspecto, julgue os itens a seguir, relativos às Resoluções de n. 302, 303 e 369 do CONAMA.

31. (IEMA/2007) Segundo a Resolução n.º 302 do CONAMA, há parâmetros para definição da APP em reservatórios artificiais.

32. (IEMA/2007) Segundo a Resolução n.º 303 do CONAMA, a vereda é definida como espaço árido, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado por renques de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica.

33. (IEMA/2007) Segundo a Resolução n.º 369 do CONAMA, há casos excepcionais de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em área de preservação permanente.

34. (IEMA/2007) As referidas resoluções do CONAMA tratam do tema área de preservação permanente.

35. (IEMA/2007) A Resolução n.º 369 do CONAMA prevê a intervenção ou supressão de vegetação em APP para a extração de substâncias minerais, independentemente de estudo prévio de impacto ambiental (EIA).

A Lei Federal n.º 9.433/1997, conhecida como Lei das Águas, instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e, ampliando a mobilização social em relação às questões das águas, inovou no modelo de controle e de participação social. A partir da Lei das Águas, foi possível, em 2006, o lançamento do Plano Nacional de Recursos Hídricos, que culminou com

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a criação, em cada estado e no Distrito Federal, de conselhos estaduais e do DF para a gestão dos recursos hídricos. A respeito do regime jurídico e da gestão dos recursos hídricos, julgue os itens seguintes.

36. (INMETRO/2009) Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos, entre outros: derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade sem a respectiva outorga de direito de uso; utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com estes em desacordo com as condições estabelecidas na outorga; perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida autorização.

37. (INMETRO/2009) Entre os objetivos da Lei das Águas inclui-se o de assegurar a permanência do homem no campo, para a produção de alimentos a partir da garantia, sem ônus, de fornecimento de água com qualidade e quantidade.

38. (INMETRO/2009) A Agência Nacional de Águas (ANA) tem por atribuição supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento da legislação federal, além de disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos.

39. (INMETRO/2009) A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos.

40. (IEMA/2007-adaptada) Segundo a Lei das águas, a água é um bem de domínio público, sendo prevista cobrança pelo seu uso.

41. (IEMA/2007) Em caso de escassez de água, está prevista, na Lei das águas, a prioridade para o consumo humano e a produção de energia elétrica.

Os estudos de inventário de obras de captação de água para abastecimento têm, como critério básico, a maximização da eficiência econômico-hidráulica do empreendimento, considerando os impactos socioambientais oriundos da implantação da obra na bacia hidrográfica de maneira a minimizar aqueles que são negativos. Conseqüentemente, para sua realização, devem ser estabelecidos

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critérios técnicos de engenharia, além de critérios econômicos, socioambientais e de usos múltiplos da água. Com relação a esse assunto, julgue os seguintes itens. 42. (MPOG/2008) Os critérios de usos múltiplos da água referem-se à consideração de outros usos dos recursos hídricos da bacia, buscando minimizar conflitos e racionalizar a sua utilização.

43. (EMBASA/2009) A captação de água para abastecimento público, tanto nos mananciais superficiais como nos subterrâneos, faz parte dos usos múltiplos dos recursos hídricos e deve constar do plano da bacia hidrográfica em que for realizada.

44. (ANA/2006) As vantagens de um sistema de suporte à decisão para outorga de água incluem a velocidade e a precisão no processo de cálculos relativos a ofertas e demandas de água, a redução de custos administrativos, a redução da subjetividade do processo decisório e o suporte técnico relativo ao processo decisório.

45. (IEMA/2004) O aumento do uso consuntivo limita a perspectiva de adequação de um reservatório a múltiplos usuários.

46. (IEMA/2004) A gestão de sistemas de captações múltiplas é, em geral, mais complexa que a de sistemas de usuários simples, em função do maior número de interesses e maior número de conflitos potenciais.

47. (FC-Consultor Legislativo/2003) O reconhecimento dos usos múltiplos das águas, proporcionado pela gestão dos recursos hídricos, é também uma das expressões da gestão democrática, possibilitando reconhecer como legítimas, diferentes formas de demandas.

(EMBASA/2009) O princípio do poluidor-pagador tem origem em recomendação editada em 1972, pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, sobre os princípios diretores relativos aos aspectos econômicos das políticas ambientais. Mais tarde, começou-se a falar também no princípio do usuário-pagador. Ao tempo em que o primeiro princípio determina que os custos relativos a prevenção e combate à poluição, e à reparação dos danos ambientais devem ser suportados por aquele que polui, o segundo traduz a ideia de que a apropriação de um bem coletivo (água, por exemplo) por uma

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pessoa ou comunidade dá à coletividade o direito a uma contraprestação financeira. Acerca desse tema, especialmente quanto à forma de cobrança pelo uso da água no Brasil, julgue o item subsequente.

48 - (EMBASA/2009) Os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados e serão utilizados também no pagamento de despesas de implantação e custeio administrativo dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).

Resposta: E

49 – (MP/2010) Nas etapas de elaboração de planos de recursos hídricos, a participação da sociedade ocorre por meio de consultas públicas, encontros técnicos e oficinas de trabalho, o que permite a incorporação de contribuições da sociedade aos planos.

Resposta: C

50 – (MP/2010) No aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos, em busca do desenvolvimento econômico e ambiental, o uso da água para irrigação impede seu uso para geração de eletricidade.

Resposta: E

51 – (MP/2010) Quando um país exporta seus produtos está exportando água virtual, que é, por exemplo, aquela contida nos produtos agrícolas e manufaturados, bem como a utilizada na lavoura e no processo de fabricação dos manufaturados.

Resposta: C

52 – (MP/2010) No Brasil, apesar da elevada cobertura em termos de coleta de esgoto sanitário, que abrange cerce de 80% dos domicílios, apenas 10% dos esgotos coletados são submetidos a tratamento antes de seu lançamento final.

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Resposta: E

GABARITOS DAS QUESTÕES RESOLVIDAS NA AULA 01. C 02. E 03. C 04. E 05. E 06. E 07. C 08. E 09. C 10. E 11. E 12. C 13. C 14. C 15. C 16. E 17. E 18. E 19. E 20. C 21. E 22. E 23. C 24. E 25. C 26. E 27. C 28. E 29. E 30. E 31. C 32. E 33. C 34. C 35. E 36. C

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37. E 38. C 39. C 40. C 41. E 42. C 43. C 44. C 45. C 46. C 47. C 48. E 49. C 50. E 51. C 52. E

Referências Bibliográficas:

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COELHO, A. C. P., GONTIJO JR, W. C., CARDOSO NETO, A.. “Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos. Uma proposta metodológica”, 2005

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