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Ponto dos Concursos – Curso preparatório para o INSS Direito Administrativo - Prof. Fabiano Pereira ------------------------------------------------------------------------------------------------- 1 ESTATUTO DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS – LEI 8.112/90 1. Agentes Públicos . 03 1.1. Classificação dos Agentes Públicos . 04 2. Disposições preliminares . 11 2.1. Regime estatutário . 12 2.2. Regime celetista . 13 2.3. Regime especial . 14 3. Regime jurídico único . 15 4. Provimento 4.1. Disposições gerais ......................................................... 16 4.2. Reserva de vagas aos portadores de deficiência nos concursos públicos ................................................................ 17 4.3. Formas de provimento . 18 4.3.1. Nomeação . 19 4.3.2. Formas de provimento derivado . 23 4.4. Estágio probatório . 30 4.5. Estabilidade . 38 4.6. Hipóteses de vacância . 40 5. Remoção e redistribuição . 41 6. Dos direitos e vantagens . 44 6.1. Do vencimento e da remuneração . 44 6.2. Vantagens . 46 6.2.1. Indenizações . 46 7. Gratificações e adicionais . 51 8. Férias . 56 09. Licenças . 57 10. Dos afastamentos . 64 11. Regime disciplinar . 71 12. Questões para a fixação do conteúdo . 89

Aula 06 Estatudo Dos Servidores Publicos Federais Lei 8 112 90

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    ESTATUTO DOS SERVIDORES PBLICOS FEDERAIS LEI 8.112/90

    1. Agentes Pblicos .03

    1.1. Classificao dos Agentes Pblicos .04

    2. Disposies preliminares .11

    2.1. Regime estatutrio .12

    2.2. Regime celetista .13

    2.3. Regime especial . 14

    3. Regime jurdico nico .15

    4. Provimento

    4.1. Disposies gerais ......................................................... 16

    4.2. Reserva de vagas aos portadores de deficincia nos concursos pblicos ................................................................ 17

    4.3. Formas de provimento . 18

    4.3.1. Nomeao . 19

    4.3.2. Formas de provimento derivado . 23

    4.4. Estgio probatrio . 30

    4.5. Estabilidade .38

    4.6. Hipteses de vacncia . 40

    5. Remoo e redistribuio . 41

    6. Dos direitos e vantagens . 44

    6.1. Do vencimento e da remunerao . 44

    6.2. Vantagens . 46

    6.2.1. Indenizaes . 46

    7. Gratificaes e adicionais . 51

    8. Frias . 56

    09. Licenas . 57

    10. Dos afastamentos . 64

    11. Regime disciplinar . 71

    12. Questes para a fixao do contedo . 89

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    Ol!

    Em nosso encontro de hoje sero apresentadas as principais informaes sobre a Lei 8.112/90, que dispe sobre o regime jurdico dos servidores pblicos federais.

    A maioria das assertivas da prova certamente versar sobre o texto literal da lei, no apresentando maiores dificuldades. Todavia, importante esclarecer que o CESPE tambm costuma cobrar do candidato o posicionamento do Superior Tribunal de Justia e do Supremo Tribunal Federal sobre alguns dispositivos de seu texto.

    Sendo assim, importante ficar atento aos comentrios que sero apresentados, pois irei focar aqueles tpicos que realmente so mais importantes para concursos pblicos, principalmente quando se tratar de entendimento jurisprudencial.

    No mais, desejo-lhe uma excelente aula e aguardo os seus questionamentos no frum de dvidas!

    Bons estudos!

    Fabiano Pereira

    [email protected]

    "Possumos em ns mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ao que se estende muito alm dos limites de nossa esfera

    corprea."

    (Allan Kardec)

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    1. Agentes pblicos

    Para que possamos entender com mais clareza a exposio dos principais dispositivos da Lei 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Pblicos Federais), necessrio que conheamos antes o conceito de agente pblico e as classificaes formuladas pelos principais doutrinadores brasileiros.

    Podemos definir como agente pblico toda e qualquer pessoa fsica que exerce, em carter permanente ou temporrio, remunerada ou gratuitamente, sob qualquer forma de investidura ou vnculo, funo pblica em nome do Estado.

    A expresso agentes pblicos abrange todas as pessoas fsicas que, de qualquer modo, esto vinculadas ao Estado, alcanando desde os mais importantes agentes, como o Presidente da Repblica, at aqueles que, somente em carter eventual, exercem funes pblicas, como o caso dos mesrios eleitorais.

    Independentemente do nvel federativo (Unio, Estados, Distrito Federal ou Municpios) ou do poder estatal no qual exerce as suas funes (Legislativo, Executivo ou Judicirio), para que seja denominado de agente pblico suficiente que a pessoa fsica esteja atuando em nome do Estado.

    Analisando-se a legislao vigente, podemos encontrar vrias definies legais para a expresso agentes pblicos, a exemplo do artigo 2 da Lei n 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), que reputa agente pblico todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remunerao, por eleio, nomeao, designao, contratao ou qualquer outra forma de investidura ou vnculo, mandato, cargo, emprego ou funo na administrao direta, indireta ou fundacional de qualquer dos poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municpios, de Territrio, de empresa incorporada ao patrimnio pblico ou de entidade para cuja criao ou custeio o errio haja concorrido ou concorra com mais de cinqenta por cento do patrimnio ou da receita anual.

    O artigo 327 do Cdigo Penal tambm apresenta uma definio legal, porm, em vez de utilizar-se da expresso agentes pblicos, adota a expresso funcionrios pblicos.

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    vlido esclarecer que a expresso funcionrio pblico no mais utilizada pela Constituio Federal de 1988, pelo menos no mbito do Direito Administrativo. Na legislao penal, ainda comum a utilizao da referida expresso, mas podemos consider-la equivalente expresso agentes pblicos.

    Art. 327 - Considera-se funcionrio pblico, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo, emprego ou funo pblica.

    1 Equipara-se a funcionrio pblico quem exerce cargo, emprego ou funo em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servio contratada ou conveniada para a execuo de atividade tpica da Administrao Pblica.

    Embora mais sucinto, o conceito de funcionrio pblico muito semelhante ao de agente pblico, pois tambm abrange todos aqueles que exercem funes pblicas.

    1.1. Classificao dos agentes pblicos

    So muitas as classificaes elaboradas pelos doutrinadores brasileiros para distinguir as vrias espcies de agentes pblicos. Todavia, como o nosso objetivo ser aprovado no concurso do Ministrio Pblico da Unio, iremos restringir o nosso estudo quelas que realmente so cobradas em prova, a exemplo das classificaes formuladas pelos professores Hely Lopes Meirelles (a mais exigida) e Celso Antnio Bandeira de Mello.

    1.1.1. Classificao de Celso Antnio Bandeira de Mello

    Apesar de no ser a classificao mais exigida nas questes de concursos, algumas bancas examinadoras, a exemplo do CESPE, esporadicamente exigem conhecimentos sobre as espcies de agentes pblicos na viso do citado professor.

    Portanto, importante que voc saiba que Celso Antnio Bandeira de Mello afirma que a expresso agentes pblicos a mais ampla que se pode conceber para designar genrica e indistintamente os sujeitos que servem ao Poder Pblico como instrumentos expressivos de sua vontade ou ao, ainda quando o faam apenas ocasional ou episodicamente. Quem quer que

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    desempenhe funes estatais, enquanto as exercita, um agente pblico. Por isto, a noo abarca tanto o Chefe do Poder Executivo (em quaisquer das esferas) como os senadores, deputados e vereadores, os ocupantes de cargos ou empregos pblicos da Administrao direta dos trs Poderes, os servidores das autarquias, das fundaes governamentais, das empresas pblicas e sociedades de economia mista nas distintas rbitas de governo, os concessionrios e permissionrios de servio pblico, os delegados de funo ou ofcio pblico, os requisitados, os contratados sob locao civil de servios e os gestores de negcios pblicos.

    Afirma ainda o professor que os agentes pblicos podem ser estudados em trs categorias distintas: os agentes polticos, os servidores pblicos e os particulares em colaborao com o poder pblico.

    a) Agentes polticos

    Celso Antnio Bandeira de Mello adota um conceito mais restrito de agentes polticos, pois afirma que eles so os titulares dos cargos estruturais organizao poltica do pas, isto , so os ocupantes dos cargos que compem o arcabouo constitucional do estado e, portanto, o esquema fundamental do poder. Sua funo a de formadores da vontade superior do estado.

    Neste caso, seriam agentes polticos somente o Presidente da Repblica, os Governadores, os Prefeitos e seus respectivos auxiliares imediatos (Ministros e Secretrios das diversas pastas), os Senadores, os Deputados e os Vereadores.

    Informao importante para as questes de prova o fato de que o professor no inclui os magistrados, membros do Ministrio Pblico e membros dos Tribunais de Contas no conceito de agentes polticos, ao contrrio do professor Hely Lopes Meirelles, pois entende que somente podem ser includos nesta categoria aqueles que possuem a eleio como forma de investidura, com exceo dos cargos de Ministros e Secretrios de Estado, que so de livre nomeao e exonerao.

    Ademais, afirma ainda que os magistrados, membros do Ministrio Pblico e dos Tribunais de Contas no exercem funes tipicamente polticas (como criar leis ou traar programas e

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    diretrizes de governo), apesar de exercerem funes constitucionais extremamente importantes, e, portanto, no podem ser considerados agentes polticos.

    b) Servidores estatais

    Ainda segundo as palavras do professor, servidores estatais so todos aqueles que mantm com o Estado ou suas entidades da Administrao Indireta, independentemente de serem regidas pelo direito pblico ou direito privado, relao de trabalho de natureza profissional e carter no eventual sob vnculo de dependncia, podendo ser classificados em:

    9 servidores estatutrios, sujeitos ao regime estatutrio e ocupantes de cargos pblicos;

    9 servidores empregados das empresas pblicas, sociedades de economia mista e fundaes pblicas de direito privado, contratados sob o regime da legislao trabalhista e ocupantes de emprego pblico;

    9 servidores temporrios, contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico (art. 37, IX, da CF/88), que exercem funes pblicas sem estarem vinculados a cargo ou emprego pblico.

    c) Particulares em colaborao com o poder pblico

    Para Celso Antnio Bandeira de Mello, esta categoria de agentes composta por sujeitos que, sem perderem sua qualidade de particulares portanto, de pessoas alheias intimidade do aparelho estatal (com exceo nica dos recrutados para servio militar) exercem funo pblica, ainda que s vezes apenas em carter episdico, sob os seguintes instrumentos:

    9 delegao do poder pblico, como se d com os empregados das empresas concessionrias e permissionrias de servios pblicos e os que exercem servios notariais e de registro (art. 236 da CF/88);

    9 mediante requisio, como acontece com os jurados, mesrios eleitorais durante o perodo eleitoral e os recrutados

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    para o servios militar obrigatrio, que, em geral, no possuem vnculo empregatcio e no recebem remunerao;

    9 os que sponte prpria (vontade prpria) assumem espontaneamente determinada funo pblica em momento de emergncia, como no combate a uma epidemia, incndio, enchente, etc.

    9 contratado por locao civil de servios (como ocorre na contratao de um advogado altamente especializado para a sustentao oral perante Tribunais).

    1.1.2. Classificao de Hely Lopes Meirelles

    Para o saudoso professor, os agentes pblicos podem ser classificados em agentes polticos, agentes administrativos, agentes honorficos, agentes delegados e agentes credenciados.

    a) Agentes polticos Nas palavras de Hely Lopes Meirelles, agentes polticos so os

    componentes do Governo nos seus primeiros escales, investidos em cargos, funes, mandatos ou comisses, por nomeao, eleio, designao ou delegao, para o exerccio de atribuies constitucionais.

    Como exemplos podemos citar os chefes do Poder Executivo (Presidente da Repblica, Governadores e Prefeitos) e seus auxiliares imediatos (Ministros, Secretrios estaduais, distritais e municipais), os membros do Poder Legislativo (Senadores, Deputados e Vereadores) e os magistrados, membros do Ministrio Pblico e dos Tribunais de Contas.

    Contrariamente ao professor Celso Antnio Bandeira de Mello, que exclui os membros da Magistratura, do Ministrio Pblico e dos Tribunais de Contas do conceito de agentes polticos, Hely Lopes Meirelles afirma que em razo de gozarem de independncia funcional e possurem suas competncias previstas diretamente no texto constitucional, tais agentes devem sim ser considerados polticos.

    Pergunta: professor, qual o entendimento devo adotar da prova do INSS?

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    Bem, o entendimento do professor Hely Lopes Meirelles majoritrio, porm, voc deve conhecer as principais distines entre as duas classificaes.

    b) Agentes honorficos

    Agentes honorficos so cidados convocados, requisitados, designados ou nomeados para prestar, em carter temporrio, servios pblicos de carter relevante, a ttulo de munus pblico (colaborao cvica), sem qualquer vnculo profissional com o Estado, e, em regra, sem remunerao.

    Como exemplos podemos citar os mesrios eleitorais, os recrutados para o servio militar obrigatrio, os jurados, os comissrios de menores, entre outros.

    vlido esclarecer que apesar de no possurem vnculo com o Estado, os agentes honorficos so considerados funcionrios pblicos para fins penais e sobre eles no incidem as regras sobre acumulao de cargos, empregos e funes pblicas, previstas no inciso XVI do artigo 37 da CF/88.

    c) Agentes delegados

    Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, agentes delegados so particulares que recebem a incumbncia da execuo de determinada atividade, obra ou servio pblico e o realizam em nome prprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas do Estado e sob a permanente fiscalizao do delegante. Esses agentes no so servidores pblicos, nem honorficos, nem representantes do Estado; todavia, constituem uma categoria parte de colaboradores do Poder Pblico. Nesta categoria se encontram os concessionrios e permissionrios de obras e servios pblicos, os serventurios de Ofcios ou Cartrios no estatizados, os leiloeiros, os tradutores e intrpretes pblicos, e demais pessoas que recebam delegao para a prtica de alguma atividade estatal ou servio de interesse coletivo.

    Apesar de exercerem atividades pblicas em nome prprio, por sua conta e risco, vlido esclarecer que os agentes delegados esto sujeitos s regras de responsabilizao civil previstas no 6

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    do artigo 37 da CF/88, e tambm so considerados funcionrios pblicos para fins penais.

    d) Agentes credenciados

    Agentes credenciados so aqueles que tm a incumbncia de representar a Administrao em algum evento (um Congresso Internacional, por exemplo) ou na prtica de algum ato especfico, mediante remunerao e sem vnculo profissional, sendo considerados funcionrios pblicos para fins penais.

    vlido destacar que os agentes credenciados somente sero considerados agentes pblicos durante o perodo em que estiverem exercendo as funes pblicas para as quais foram credenciados.

    Desse modo, se um cientista foi convidado pela Administrao para represent-la em um Congresso Internacional sobre a Gripe A, somente durante o perodo do evento ele ser considerado agente pblico.

    e) Agentes administrativos

    Agentes administrativos so todos aqueles que exercem um cargo, emprego ou funo pblica perante Administrao, em carter permanente, mediante remunerao e sujeitos hierarquia funcional instituda no rgo ou entidade ao qual esto vinculados.

    Essa categoria de agentes pblicos representa a imensa maioria da fora de trabalho da Administrao Direta e Indireta, em todos os nveis federativos (Unio, Estados, DF e Municpios) e em todos os Poderes (Legislativo, Executivo e Judicirio), podendo ser dividida em:

    9 Servidores pblicos titulares de cargos efetivos ou em comisso;

    9 Empregados pblicos; 9 Contratados temporariamente em virtude de necessidade

    temporria de excepcional interesse pblico.

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    Servidores pblicos titulares de cargos efetivos so aqueles que ingressaram no servio pblico mediante concurso pblico e que, portanto, podem adquirir a estabilidade aps 03 (trs) anos de efetivo exerccio. Esses servidores tambm so chamados de estatutrios, pois so regidos por um estatuto legal, responsvel por disciplinar seus principais direitos e deveres em face da Administrao Pblica.

    Na esfera federal, o estatuto responsvel por disciplinar as relaes entre Administrao e servidores a Lei 8.112/90. Todavia, cada ente estatal possui autonomia para criar seu prprio estatuto dos servidores, como aconteceu em Minas Gerais, com a edio da Lei Estadual 869/52, e em Montes Claros/MG (minha terra querida), com a edio da Lei Municipal 3.175/03.

    Pergunta: professor, os servidores das entidades da Administrao Indireta tambm so regidos por um estatuto?

    Depende. Na esfera federal, somente os servidores da Unio, seus respectivos rgos pblicos, autarquias e fundaes pblicas de direito pblico federais so regidos pela Lei 8.112/90, pois os empregados das empresas pblicas e sociedades de economia mista so necessariamente celetistas. Sendo assim, correto afirmar que somente as entidades regidas pelo direito pblico adotam o regime estatutrio, pois este inerente s funes tpicas de Estado (fiscalizao, administrao fazendria, advocacia pblica, etc), nos termos do artigo 247 da CF/88.

    Alm dos servidores titulares de cargos efetivos, vlido destacar que os ocupantes de cargos em comisso (de livre nomeao e exonerao) tambm so denominados servidores pblicos. Entretanto, em virtude de ocuparem cargos em comisso (tambm denominados cargos de confiana), tais servidores no gozam de estabilidade, pois se sustentam no cargo apenas em virtude da confiana depositada pela autoridade responsvel pela nomeao.

    Desse modo, correto afirmar que so servidores pblicos tanto os ocupantes de cargos de provimento efetivo, quanto os ocupantes de cargos em comisso.

    A segunda espcie de agente administrativo citada pelo professor Hely Lopes Meirelles o empregado pblico, que no ocupa cargo pblico, mas sim emprego pblico.

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    Os empregados pblicos no so regidos por um estatuto (e, portanto, no podem ser chamados de estatutrios), mas sim pela Consolidao das Leis Trabalhistas (CLT), que lhes assegura os mesmos direitos previstos para os trabalhadores da iniciativa privada, tais como aviso prvio, FGTS, seguro desemprego, entre outros estabelecidos no artigo 7 da CF/88 (que no so garantidos aos servidores pblicos na totalidade).

    As empresas pblicas e sociedades de economia mista (integrantes da Administrao Pblica Indireta) adotam necessariamente o regime celetista para os seus empregados, apesar de serem obrigadas a realizar concurso pblico para a contratao de pessoal.

    Por ltimo, integram tambm a categoria dos agentes administrativos aqueles que so contratados temporariamente para atender a uma necessidade temporria de excepcional interesse pblico, conforme preceituado no inciso IX do artigo 37 da Constituio Federal de 1988.

    Neste caso, a lei de cada ente federativo (Unio, Estados, DF e Municpios) estabelecer os prazos mximos de durao desses contratos e as situaes que podem ser consideradas de necessidade temporria, conforme estudaremos posteriormente.

    2. Disposies preliminares

    A Lei 8.112/90 dispe sobre o regime jurdico dos servidores pblicos civis da Unio, seus respectivos rgos, sobre as autarquias e as fundaes pblicas federais de Direito Pblico. Deve ficar bem claro que as suas disposies legais no alcanam os empregados das empresas pblicas e das sociedades de economia mista, que so regidos pelo regime celetista.

    Nas palavras do professor Jos dos Santos Carvalho Filho, regime jurdico o conjunto de regras de Direito que regulam determinada relao jurdica, sendo possvel citar como exemplo o regime estatutrio, o celetista e o regime especial.

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    2.1. Regime Estatutrio

    Regime estatutrio o conjunto de regras previstas em lei e responsvel por disciplinar a relao jurdica entre os servidores pblicos e a Administrao direta, autrquica e fundacional de Direito Pblico, em todos os entes federativos.

    regra geral que cada ente estatal (Unio, Estados, Municpios e DF) possua o seu prprio regime estatutrio, responsvel por regular os direitos e os deveres de seus servidores. Somente para exemplificar, no Estado de Minas Gerais a Lei 869/52 que estabelece o regime jurdico de seus servidores, enquanto, na minha querida cidade de Montes Claros, MG, o regime jurdico dos servidores pblicos municipais foi institudo pela Lei Municipal 3.175/03.

    A Lei Federal 8.112/90 (que instituiu regime jurdico dos servidores pblicos da Unio, fundaes pblicas de Direito Pblico e autarquias) serviu e tem servido de parmetro normativo para vrios Municpios e Estados brasileiros, o que no invalida as legislaes dos respectivos entes.

    Uma das principais caractersticas do regime estatutrio a garantia de aquisio de estabilidade, aps 03 (trs) anos de efetivo exerccio, para os servidores nomeados para cargos de provimento efetivo em virtude de concurso pblico, nos termos do artigo 41 da Constituio Federal de 88.

    Pergunta: O regime estatutrio, a exemplo daquele institudo pela Lei 8.112/90, abrange somente os servidores titulares de cargos efetivos?

    No. Apesar de ser uma dvida comum entre os candidatos, vlido esclarecer que o regime estatutrio abrange os cargos de provimento efetivo e, ainda, os cargos de provimento em comisso (tambm chamados de cargos de confiana e que so de livre nomeao e exonerao da autoridade competente, independentemente de prvia aprovao em concurso pblico).

    A dvida muito comum porque os titulares de cargos em comisso so regidos pelo regime geral de previdncia social (RGPS), apesar da obrigatoriedade de se submeterem aos deveres e proibies previstos nos respectivos estatutos.

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    Assim, muita ateno ao responder s questes de prova, pois a Lei 8.112/90 abrange tanto os titulares de cargos pblicos de provimento efetivo, quanto em comisso (cargos de confiana).

    O cargo pblico definido legalmente como o conjunto de atribuies e responsabilidades previstas na estrutura organizacional e que devem ser cometidas a um servidor, possuindo as seguintes caractersticas:

    1) so acessveis a todos os brasileiros natos e naturalizados que preencham os requisitos previstos na lei, bem como aos estrangeiros, na forma da lei;

    2) so criados por lei;

    3) possuem denominao prpria;

    4) os vencimentos so pagos pelos cofres pblicos; e

    5) as funes inerentes ao cargo pblico somente podem ser exercidas mediante remunerao, salvo nos casos previstos em lei.

    2.2. Regime celetista

    Regime celetista aquele inicialmente aplicvel s relaes jurdicas existentes entre empregados e empregadores no campo da iniciativa privada, amparado pela Consolidao das Leis do Trabalho (Decreto-Lei n. 5.542/43). Entretanto, o regime celetista (que ainda pode ser chamado de trabalhista ou de emprego) tambm pode ser aplicado no mbito da Administrao Pblica brasileira.

    O 1 do artigo 173 da Constituio Federal, por exemplo, estabelece que as empresas pblicas e as sociedades de economia mista submetem-se ao regime jurdico prprio das empresas privadas, inclusive quanto s obrigaes trabalhistas.

    Sendo assim, no restam dvidas de que os agentes administrativos que exercem suas funes perante as empresas pblicas e as sociedades de economia mista so regidos pela CLT, sendo denominados, portanto, de empregados pblicos.

    ATENO: Lembre-se sempre de que a Lei 8.112/90 no alcana os empregados pblicos das sociedades de economia mista e das empresas pblicas federais, pois esses so regidos pela CLT.

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    Essa informao muito cobrada em concursos, sendo imprescindvel para responder a diversas questes de provas.

    2.3. Regime especial

    O professor Jos dos Santos Carvalho Filho afirma que o regime especial visa disciplinar uma categoria especfica de servidores: os servidores temporrios, contratados nos termos do inciso IX do artigo 37 da CF/88, que assim dispe:

    IX - a lei estabelecer os casos de contratao por tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico.

    Conforme destacado, o prprio dispositivo constitucional atribui lei de cada ente estatal a prerrogativa de estabelecer os casos que podem ensejar a excepcional contratao de agentes sem a realizao de concurso pblico.

    Na esfera federal, foi editada a Lei 8.745/93, que tem por objetivo disciplinar os contratos temporrios no mbito da Administrao Direta federal, autrquica e fundacional.

    Em seu artigo 2, a Lei 8.745/93 especificou algumas situaes que podem ser consideradas de necessidade temporria e de excepcional interesse pblico, justificando a contratao temporria, a exemplo da assistncia a situaes de calamidade pblica, combate a surtos endmicos, realizao de recenseamentos e outras pesquisas de natureza estatstica efetuadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE, admisso de professor substituto e professor visitante, admisso de professor e pesquisador visitante estrangeiro, entre outras.

    Ainda nos termos da lei, destaca-se que no necessria a realizao de concurso pblico para a contratao de servidores em carter temporrio, sendo suficiente a realizao de um processo seletivo simplificado sujeito a ampla divulgao, inclusive atravs do Dirio Oficial da Unio.

    Os agentes contratados nos termos do inciso IX do artigo 37 da CF/88 no podem ser considerados estatutrios, uma vez que esto submetidos a regime contratual. Tambm no podem ser

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    considerados celetistas, pois no so regidos pela Consolidao das Leis Trabalhistas (CLT), apesar de estarem sujeitos ao regime geral de previdncia.

    Portanto, correto afirmar que esses agentes esto includos em uma terceira categoria de agentes administrativos, com caractersticas bastante peculiares.

    Todavia, como voc no precisa se aprofundar no estudo do regime especial para responder s questes de concursos, iremos restringir o nosso estudo ao regime estatutrio, mais precisamente Lei 8.112/90.

    3. Regime jurdico nico

    necessrio recordar que a Emenda Constitucional n. 19, de 04/06/1998, ao conferir nova redao ao artigo 39 da Constituio Federal, havia eliminado a exigncia de regime jurdico nico no mbito da Administrao Pblica Direta, autrquica e fundacional.

    Nesses termos, foi publicada a Lei Federal n. 9.962/00 com o objetivo de disciplinar o regime de emprego pblico do pessoal da Administrao federal direta, autrquica e fundacional de Direito Pblico.

    O artigo 2 da Lei 9.962/00 estabeleceu que a contratao de pessoal para emprego pblico deveria ser precedida de concurso pblico de provas ou de provas e ttulos, conforme a natureza e a complexidade do emprego. Com o advento dessa lei, a Administrao Direta federal, bem como suas autarquias e respectivas fundaes pblicas de Direito Pblico foram autorizadas a selecionar agentes administrativos pelo regime estatutrio ou pelo regime celetista.

    Todavia, em 02 de agosto de 2007, o Supremo Tribunal Federal concedeu medida cautelar na ADI 2.135 suspendendo as alteraes efetuadas no caput do artigo 39 da CF/88, voltando a vigorar ento a obrigatoriedade de adoo de regime jurdico nico.

    Atualmente, a Administrao federal direta, autrquica e fundacional (de Direito Pblico) est proibida de contratar agentes pelo regime da CLT, pelo menos at o julgamento final do mrito da Ao Direta de Inconstitucionalidade 2.135.

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    Foram suspensos tambm os efeitos da Lei 9.962/00, j que no mais se admite a contratao de empregados pblicos no mbito da Administrao federal direta, autrquica e fundacional. Porm, como os efeitos da deciso do Supremo Tribunal Federal foram ex nunc, todas as contrataes efetuadas durante a vigncia da lei foram mantidas at o julgamento final do mrito.

    ATENO: Resumidamente falando, lembre-se de que voltou a vigorar, pelo menos em carter provisrio, o denominado regime jurdico nico. A Unio, as autarquias e as fundaes pblicas federais esto impedidas de contratar agentes administrativos pelo regime celetista, j que devem prevalecer os efeitos da medida cautelar (liminar) proferida pelo STF.

    Essa restrio no alcana as empresas pblicas e as sociedades de economia mista, que sempre contrataram e podem continuar contratando pelo regime celetista, nos termos do artigo 173 da Constituio Federal de 88.

    4. Provimento

    4.1. Disposies gerais

    O art. 5 da Lei 8.112/90 estabelece expressamente os requisitos bsicos que devem ser atendidos por aqueles que desejam a investidura em um cargo pblico, a saber:

    a) a nacionalidade brasileira;

    b) o gozo dos direitos polticos;

    c) a quitao com as obrigaes militares e eleitorais;

    d) o nvel de escolaridade exigido para o exerccio do cargo;

    e) a idade mnima de dezoito anos;

    f) aptido fsica e mental.

    Apesar de a nacionalidade brasileira ser um dos requisitos para a investidura em cargo pblico, importante esclarecer que universidades e instituies de pesquisa cientfica e tecnolgica federais podero prover seus cargos com professores, tcnicos e cientistas estrangeiros, nos termos do 3 do artigo 5 da Lei 8.112/90.

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    Desse modo, qualquer assertiva em prova afirmando que os estrangeiros esto proibidos de ocupar cargos pblicos no Brasil deve ser considerada incorreta.

    4.2. Reserva de vagas aos portadores de deficincia nos concursos pblicos

    O 2 do artigo 5 da Lei 8.112/90 determina que s pessoas portadoras de deficincia assegurado o direito de se inscrever em concurso pblico para provimento de cargo cujas atribuies sejam compatveis com a deficincia de que so portadoras; para tais pessoas sero reservadas at 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

    A obrigatoriedade de reserva de vagas para as pessoas portadoras de deficincia consta no inciso VIII do artigo 37 da CF/88. Todavia, o texto constitucional no especifica o percentual que dever ser reservado, ficando sob a responsabilidade da lei essa definio.

    Perceba que a lei 8.112/90 no estabeleceu um percentual mnimo de vagas a serem reservadas, limitando-se a restringir o mximo em 20%. Todavia, o Decreto Federal 3.298/99, que regulamenta a Lei n 7.853/89 e dispe sobre a Poltica Nacional para a Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia, estabeleceu, em seu artigo 37, 1, o percentual de 5% (cinco) por cento.

    Pergunta: Professor, existe algum instrumento normativo que defina quem o portador de deficincia?

    Sim. Essa definio est prevista no artigo 4 do Decreto 3.298/99, que assim declara:

    Art. 4. considerada pessoa portadora de deficincia a que se enquadra nas seguintes categorias:

    I - deficincia fsica - alterao completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da funo fsica, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputao ou ausncia de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congnita ou adquirida, exceto as deformidades estticas e as que no produzam dificuldades para o desempenho de funes; (Redao dada pelo Decreto n 5.296, de 2004)

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    II - deficincia auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequncias de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; (Redao dada pelo Decreto n 5.296, de 2004)

    III - deficincia visual - cegueira, na qual a acuidade visual igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correo ptica; a baixa viso, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correo ptica; os casos nos quais a somatria da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrncia simultnea de quaisquer das condies anteriores; (Redao dada pelo Decreto n 5.296, de 2004)

    IV - deficincia mental funcionamento intelectual significativamente inferior mdia, com manifestao antes dos dezoito anos e limitaes associadas a duas ou mais reas de habilidades adaptativas, tais como:

    a) comunicao;

    b) cuidado pessoal;

    c) habilidades sociais;

    d) utilizao dos recursos da comunidade; (Redao dada pelo Decreto n 5.296, de 2004)

    e) sade e segurana;

    f) habilidades acadmicas;

    g) lazer; e

    h) trabalho;

    V - deficincia mltipla associao de duas ou mais deficincias.

    Calma ... Voc no precisa se preocupar em interpretar os conceitos acima, pois eles no so cobrados em provas de concursos pblicos (rsrs).

    4.3. Formas de provimento

    Provimento nada mais que o ato administrativo atravs do qual preenchido um cargo pblico, podendo ser originrio ou derivado.

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    4.3.1. Nomeao

    A nomeao a nica forma de provimento originrio existente. Pode ser definida como o ato administrativo pelo qual a Administrao Pblica d cincia ao seu destinatrio da necessidade de cumprimento de formalidades especficas (a exemplo da apresentao da documentao exigida no edital, nos casos de provimento de cargo efetivo), no prazo de at 30 (trinta) dias, para que seja formalizada a posse.

    A nomeao considerada originria porque inicia um vnculo entre o indivduo e a Administrao, seja em carter efetivo ou em comisso. Na nomeao em carter efetivo, o candidato aprovado em concurso pblico comunicado de que ter at 30 (trinta) dias para providenciar a documentao prevista no edital, formalizando o seu vnculo perante a Administrao, que ocorre mediante a posse.

    A nomeao no gera qualquer obrigao para o candidato, mas sim o direito subjetivo de comparecer Administrao e formalizar o seu vnculo. Assim, caso o candidato no comparea perante a Administrao no prazo de at 30 (trinta) dias para tomar posse, a nomeao tornar-se- sem efeito, no produzindo qualquer obrigao ou imposio de penalidade ao candidato.

    Apesar de a nomeao para cargo de provimento efetivo exigir prvia aprovao em concurso pblico, o mesmo no ocorre em relao s nomeaes para cargos em comisso (tambm chamados de cargos de confiana). Nesta ltima hiptese, tem-se um ato discricionrio, que sequer precisa ser motivado.

    A autoridade competente tem a prerrogativa de nomear qualquer pessoa para provimento de cargo em comisso, servidor ou no.

    Aqui importante destacar o teor da smula vinculante n. 13 do Supremo Tribunal Federal, que declara expressamente que

    A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica, investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de

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    confiana, ou, ainda, de funo gratificada na Administrao Pblica direta e indireta, em qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos municpios, compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal.

    importante esclarecer que, apesar de no constar expressamente em seu texto, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Reclamao 6650, declarou que a contratao de parentes para cargos polticos (Ministros, Secretrios de Estado e Secretrios municipais) no viola a Constituio Federal, pois so cargos que devem ser providos por pessoas de extrema confiana da autoridade nomeante.

    Nesses termos, o Prefeito de um Municpio pode nomear sua me para ocupar o cargo de Secretria Municipal da Fazenda, mas no pode nomear a irm para ocupar o cargo de Gerente do Posto de Sade X, pois este no considerado cargo poltico e sim um cargo administrativo.

    Pergunta: Fabiano, suponhamos que Jos atualmente ocupe o cargo de provimento efetivo de professor da rede estadual de educao de MG e tenha sido aprovado no concurso pblico de Analista do Seguro Social/INSS. Nesse caso, ocorrer uma nova nomeao para o cargo de analista?

    Sim. Apesar de Jos j ter sido nomeado, tomado posse e entrado em exerccio no cargo de professor, ser novamente nomeado para o cargo de Analista do Seguro Social, pois est se iniciando um novo vnculo entre Jos e a Administrao Pblica. Doravante, perceba que Jos ter ento um vnculo com o Estado de Minas Gerais (professor) e outro com o INSS.

    importante destacar ainda que o servidor ocupante de cargo em comisso ou de natureza especial poder ser nomeado para ter exerccio, interinamente, em outro cargo de confiana, sem prejuzo das atribuies do que atualmente ocupa. Nesse caso, dever optar pela remunerao de um deles durante o perodo da interinidade.

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    4.3.1.1. Posse

    Conforme destacado anteriormente, a posse ocorrer no prazo improrrogvel de at 30 (trinta) dias contados da publicao do ato de nomeao.

    A contagem do prazo se inicia no dia subsequente ao da publicao do referido ato e ininterrupta. Assim, se o candidato foi nomeado no dia 10 de agosto de 2010, o prazo final para tomar posse o dia 09 de setembro de 2010.

    Em se tratando de nomeao de algum que j seja servidor (que fora aprovado em concurso pblico para outro cargo) e que se enquadre, na data de publicao do ato de provimento, em algumas das situaes listadas a seguir, o prazo de 0 dias ser contado aps o trmino do impedimento;

    1) gozo de licena por motivo de doena em pessoa da famlia;

    2 gozo de licena para o servio militar ou para capacitao;

    3) frias;

    4) participao em programa de treinamento regularmente institudo ou em programa de ps-graduao stricto sensu no Pas;

    5) jri e outros servios obrigatrios por lei;

    6) licena:

    7) gozo de licena gestante, adotante e paternidade;

    8) licena para tratamento da prpria sade;

    9) licena por motivo de acidente em servio ou doena profissional;

    10) esteja participando de competio desportiva nacional ou convocao para integrar representao desportiva nacional, no Pas ou no exterior;

    11) esteja em deslocamento para nova sede em virtude de remoo, redistribuio, requisio ou cesso.

    O artigo 13 da Lei 8.112/90 estabelece que a posse dar-se- pela assinatura do respectivo termo, no qual devero constar as atribuies, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que no podero ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofcio previstos em lei.

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    atravs da posse que ocorre a investidura do servidor no cargo pblico. Fique atento a essa informao, pois muito comum voc encontr-la em provas de concursos pblicos, principalmente do CESPE.

    A posse o ato pelo qual o candidato, aps prvia aprovao em concurso pblico, declara formalmente o interesse em estabelecer um vnculo jurdico com a Administrao. Esse mesmo raciocnio se aplica para aqueles que foram nomeados para cargos em comisso, j que a investidura no cargo tambm ocorrer atravs da posse.

    Para responder s questes de prova, imprescindvel que voc tenha conhecimento das seguintes informaes sobre a posse:

    1) poder ocorrer mediante procurao especfica;

    2) s haver posse nos casos de provimento de cargo por nomeao, assim, tratando-se de provimento derivado (aproveitamento, reverso, promoo, reintegrao, etc.) no h que se falar em posse;

    3) no ato da posse, o servidor apresentar declarao de bens e valores que constituem seu patrimnio, alm de declarao quanto ao exerccio ou no de outro cargo, emprego ou funo pblica;

    4) a posse depender de prvia inspeo mdica oficial, portanto, s poder ser empossado aquele que for julgado apto fsica e mentalmente para o exerccio do cargo.

    4.3.1.2. Exerccio

    Exerccio o efetivo desempenho das atribuies do cargo pblico ou da funo de confiana. No primeiro caso, o agente ter o prazo mximo de 15 (quinze) dias para entrar em exerccio. Em relao funo de confiana, o exerccio ser imediato, coincidindo com a data de publicao do ato de designao.

    Essa regra somente ser excepcionada quando o servidor estiver em licena ou afastado por qualquer outro motivo legal, hiptese em que recair no primeiro dia til aps o trmino do impedimento, que no poder exceder a trinta dias da publicao.

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    ATENO: O exerccio de funo de confiana no exige nomeao prvia, mas somente uma simples designao. Desse modo, no ocorre a posse, mas o servidor tem que entrar em exerccio na nova funo.

    Os servidores cumpriro jornada de trabalho fixada em razo das atribuies pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a durao mxima do trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites mnimos e mximos de seis horas e oito horas dirias, respectivamente.

    Com a assinatura do termo de posse, o agente torna-se servidor. Todavia, com o efetivo exerccio que se inicia a contagem dos prazos para o surgimento de direitos relacionados ao tempo de servio, a exemplo de frias, estabilidade, algumas licenas, etc.

    Assim, caso o servidor recm empossado no entre em exerccio no prazo mximo de 15 (quinze) dias, ocorrer a sua exonerao.

    4.3.2. Formas de provimento derivado

    Provimento derivado aquele que pressupe a existncia de um vnculo anterior entre o servidor e a Administrao. No artigo 8 da Lei 8.112/90 esto arroladas como formas de provimento derivado a promoo, a readaptao, a reverso, o aproveitamento, a reintegrao e a reconduo.

    4.3.2.1. Promoo

    A promoo pode ser definida como a forma de provimento derivado pela qual o servidor, ocupante de cargo pblico em um nvel ou classe especfica, provido em cargo de nvel ou classe superior integrante da mesma carreira.

    A Lei 8.112/90 no define ou conceitua a promoo, apenas declara que a promoo no interrompe o tempo de exerccio, que contado no novo posicionamento na carreira a partir da data de publicao do ato que promover o servidor.

    Para que voc possa visualizar a organizao de um cargo de carreira, observe a estrutura do cargo de Policial Rodovirio Federal, regulamentado pela Lei 11.784/08.

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    A investidura no cargo de Policial Rodovirio Federal dar-se- no padro nico da classe de Agente, onde o titular permanecer por pelo menos 03 (trs) anos ou at obter o direito promoo classe subsequente, que a de Agente Operacional.

    Nesses termos, ocorrer a promoo sempre que o Policial Rodovirio Federal for alado a uma classe superior quela ocupada anteriormente.

    Ateno: O desenvolvimento do servidor em sua carreira dar-se- atravs da promoo e da progresso. Esta ltima no pode ser considerada uma forma derivada de provimento, pois a simples passagem do servidor do padro em que se encontra para o imediatamente superior, dentro da mesma classe.

    As mudanas de padro ocorridas dentro da mesma classe so meras progresses, essenciais para que ocorra a promoo. Entretanto, no podem ser consideradas como formas de provimento.

    ESTRUTURA DO CARGO DA CARREIRA DE POLICIAL RODOVIRIO FEDERAL

    CARGO CLASSE PADRO III Inspetor II I VI V Agente Especial IV III

    Policial Rodovirio Federal II I VI V IV Agente Operacional III II I Agente I

    4.3.2.2. Readaptao

    A readaptao a investidura do servidor em cargo de atribuies e responsabilidades compatveis com a limitao que tenha sofrido em sua capacidade fsica ou mental, sempre comprovada em inspeo mdica.

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    Trata-se da atribuio de novas responsabilidades compatveis com a limitao fsica ou psquica sofrida pelo servidor, desde que no se justifique a licena para tratamento de sade ou aposentadoria, verificada em inspeo mdica que informar as condies de readaptao: seus termos, prazo e embasamento legal.

    Nos termos do 2 do artigo 24 da Lei 8.112/90, a readaptao dever respeitar as seguintes condies:

    1) efetivada em cargo de atribuies afins;

    2) dever ser respeitada a habilitao exigida para o exerccio do cargo;

    3) o nvel de escolaridade dos cargos deve ser o mesmo; e

    4) os vencimentos devem ser equivalentes.

    Na hiptese de inexistncia de cargo vago a fim de que seja realizada a readaptao, o servidor exercer suas atribuies como excedente, at a ocorrncia de vaga.

    Exemplo: Imaginemos um servidor que atualmente exera as funes de telefonista em determinado rgo pblico, mas que, em virtude de uma grave e rara doena, seja obrigado a reduzir drasticamente o seu volume de fala durante o dia.

    Nesse caso, o servidor no poder mais continuar exercendo as funes de telefonista, mas poder ser readaptado para uma funo de digitador, por exemplo, que no exige a utilizao da voz com frequncia. Eis a denominada readaptao.

    A readaptao poder ser revista a qualquer momento, aps nova avaliao pericial, a pedido do servidor ou da autoridade administrativa competente, quando houver melhora das condies de sade ou adequao do local de trabalho s limitaes fsicas ou psquicas.

    4.3.2.3. Reverso

    A reverso pode ser definida como o retorno atividade de servidor que j se encontrava aposentado. A Lei 8.112/90 menciona expressamente duas modalidades distintas de reverso:

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    1) de ofcio, quando, por Junta Mdica Oficial, forem declarados insubsistentes os motivos que ensejaram a aposentadoria do servidor;

    2) a pedido do prprio servidor, desde que seja de interesse da Administrao (ato discricionrio) e cumpridos os requisitos estabelecidos expressamente no inciso II do artigo 25 da Lei 8.112/90, a saber:

    a) Tenha solicitado a reverso;

    b) A aposentadoria tenha sido voluntria;

    c) Tenha adquirido estabilidade quando na atividade;

    d) Tenha se inativado voluntariamente nos cinco anos anteriores solicitao;

    e) Seja certificada a aptido fsica e mental do servidor para o exerccio das atribuies inerentes ao cargo;

    f) Haja cargo vago.

    A reverso a pedido do servidor foi includa definitivamente em nosso ordenamento jurdico atravs da Medida Provisria 2.225-45, de 04 de setembro de 2001, como consequncia da grande quantidade de aposentadorias que ocorreram no mbito da Administrao Pblica no fim da dcada de 90, fruto das novas regras constitucionais impostas aos servidores.

    Assim, a Administrao decidiu criar um instrumento que possibilitasse aos servidores arrependidos o retorno ativa, desde que cumpridas as condies legais.

    A reverso dar-se- no mesmo cargo, classe e nvel em que ocorreu aposentadoria, ou equivalente, no caso de reorganizao ou transformao da estrutura do cargo. Est sujeita existncia de dotao oramentria e financeira no respectivo rgo ou entidade.

    ATENO: A reverso de ofcio, que ocorre independentemente da vontade do servidor, ir concretizar-se mesmo que no exista vaga disponvel no rgo ou entidade. Nesse caso, o servidor que estava aposentado em virtude de um problema de sade ir exercer as suas funes como excedente at o surgimento de uma vaga.

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    Por outro lado, a reverso a pedido do servidor somente poder ser deferida pela Administrao caso exista vaga no momento da anlise do pedido.

    O servidor que reverter atividade, no interesse da administrao, somente ter nova aposentadoria com os proventos calculados com base nas regras atuais, se permanecer em atividade por, no mnimo, cinco anos.

    4.3.2.4. Reintegrao

    a reinvestidura do servidor estvel no cargo anteriormente ocupado ou no cargo resultante de sua transformao, quando invalidada sua demisso por deciso administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens a que teria direito se estivesse trabalhando.

    Se o cargo anteriormente ocupado tiver sido extinto, o servidor ficar em disponibilidade at que seja adequadamente aproveitado em outro cargo com atribuies e vencimentos afins.

    Por outro lado, encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante, se estvel, ser reconduzido ao cargo de origem, sem direito indenizao, ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.

    A reintegrao somente alcana o servidor estvel e est sujeita prescrio quinquenal, que ser contada da data da publicao do ato impugnado ou da data da cincia pelo interessado, quando o ato no for publicado (artigo 110, inciso I da Lei 8.112/90).

    4.3.2.5. Reconduo

    o retorno do servidor estvel ao cargo anteriormente ocupado em decorrncia de

    (a) inabilitao em estgio probatrio em outro cargo federal;

    (b) desistncia de exerccio em cargo federal no perodo do estgio probatrio; ou

    (c) reintegrao do anterior ocupante.

    muito comum voc encontrar em provas de concursos pblicos questes sobre a reconduo, provavelmente pelas vrias

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    espcies e peculiaridades relativas a esse instituto. Assim, importante analisar individualmente todas as espcies de reconduo:

    1) Inabilitao em estgio probatrio referente a outro cargo federal: suponhamos que Z das Couves seja titular do cargo de Analista Processual do MPU, gozando de estabilidade. Todavia, como muito estudioso, Z foi aprovado recentemente no concurso pblico para o cargo de Agente da Polcia Federal. Nesse caso, como Z j era servidor pblico federal e foi aprovado para exerccio em outro cargo pblico tambm integrante da estrutura federal, poder solicitar vacncia (deixar o cargo sem ocupante) em seu cargo no MPU para submeter-se ao estgio probatrio na Polcia Federal.

    Ao trmino do estgio probatrio, caso seja reprovado, Z no precisar entrar em desespero, pois ser reconduzido ao cargo anteriormente ocupado no TRE/MG.

    2) Desistncia de exerccio do outro cargo federal no perodo do estgio probatrio: eis uma situao muito parecida com a anterior, mas aqui o prprio servidor (Z das Couves) desistiu de continuar exercendo as suas funes na Polcia Federal, apenas 06 (seis) meses depois, por exemplo. Assim, da mesma forma que acontece na reprovao em estgio probatrio, ser reconduzido ao cargo anterior.

    3) Reintegrao do anterior ocupante do cargo: nesse caso, o servidor pblico estvel est exercendo as suas funes em um cargo que era ocupado por servidor que fora demitido. Desse modo, caso o servidor demitido consiga a invalidao da demisso no mbito administrativo ou judicial, ocorrer a denominada reintegrao, e o atual ocupante do cargo pblico ser reconduzido ao cargo anteriormente ocupado, sem direito a qualquer indenizao.

    Encontrando-se provido o cargo de origem, o servidor estvel em processo de reconduo ser aproveitado em outro, desde que possua atribuies e vencimentos compatveis com o anteriormente ocupado.

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    4.3.2.6. Aproveitamento

    o retorno atividade de servidor que estava em disponibilidade para provimento em cargo com vencimentos compatveis com o anteriormente ocupado, desde que exista vaga no rgo ou entidade administrativa.

    A disponibilidade um instituto que permite ao servidor estvel, que teve o seu cargo extinto ou declarado desnecessrio, permanecer sem trabalhar, com remunerao proporcional ao tempo de servio, espera de um eventual aproveitamento.

    O texto constitucional prev ainda uma outra hiptese de disponibilidade, que ocorre em virtude da reintegrao de servidor demitido injusta e ilegalmente de seu cargo. Nesses termos, ocorrendo a reintegrao do anterior ocupante do cargo, o atual ocupante, se estvel, caso no possa ser reconduzido ao cargo que ocupava anteriormente (o cargo est/ser colocado em disponibilidade at posterior aproveitamento (CF/88, art. 41, 2).

    O servidor em disponibilidade contribuir para o regime prprio de previdncia do servio pblico federal e o tempo de contribuio, correspondente ao perodo em que permanecer em disponibilidade, ser contado para efeito de aposentadoria e nova disponibilidade.

    O prazo para o servidor aproveitado entrar em exerccio em outra sede de, no mnimo, 10 dias, e, no mximo, 30 dias, contados a partir da data de publicao do ato de aproveitamento, incluindo, nesse perodo, o tempo necessrio para o deslocamento para a nova sede.

    Ser tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor no entrar em exerccio no prazo legal, salvo doena comprovada por Junta Mdica oficial.

    Quando do aproveitamento resultar mudana de sede, o servidor, seu cnjuge ou companheiro, seus filhos ou enteados que vivam em sua companhia e os menores sob sua guarda com autorizao judicial, se estudantes, tm assegurada, na localidade da nova residncia ou na mais prxima, matrcula em instituio de ensino congnere, em qualquer poca, independentemente de vaga.

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    Nos casos em que a mudana de sede obrigar o servidor a mudar de domiclio em carter permanente, ser-lhe- devida ajuda de custo para compensar as despesas de instalao, vedado o duplo pagamento de indenizao, no caso do cnjuge ou companheiro que detenha a condio de servidor.

    4.4. Estgio probatrio

    Depois de ter sido nomeado para ocupar cargo pblico de provimento efetivo, o candidato aprovado em concurso pblico ir tomar posse e entrar em exerccio. Na sequncia, o agora servidor ser submetido ao famoso estgio probatrio.

    O estgio probatrio pode ser definido como um processo de avaliao de desempenho de servidor nomeado para cargo de provimento efetivo, seja em relao sua aptido e capacidade para exerccio do cargo ocupado, seja em relao ao seu relacionamento profissional com os demais servidores.

    A avaliao do Estgio Probatrio ocorrer durante o perodo de 36 (trinta e seis) meses (esse o entendimento que deve prevalecer para fins de concursos) iniciais de exerccio do servidor no cargo efetivo, durante o qual sua aptido e capacidade sero objetos de avaliaes peridicas para o desempenho do cargo para o qual foi nomeado, observando-se os seguintes fatores:

    a) Assiduidade: avalia-se a frequncia diria ao trabalho;

    b) Disciplina: avalia-se o comportamento do servidor quanto aos aspectos de observncia aos regulamentos e orientao da chefia;

    c) Capacidade de iniciativa: avalia-se a capacidade do servidor em tomar providncias por conta prpria dentro de sua competncia;

    d) Produtividade: avalia-se o rendimento compatvel com as condies de trabalho produzido pelo servidor e o atendimento aos prazos estabelecidos;

    e) Responsabilidade: avalia-se como o servidor assume as tarefas que lhe so propostas, dentro dos prazos e das condies estabelecidas, a conduta moral e a tica profissional.

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    Nos termos da Lei 8.112/90, quatro meses antes de findo o perodo do estgio probatrio, o resultado da avaliao do desempenho do servidor, realizada por comisso constituda para essa finalidade, deve ser submetido homologao da autoridade competente.

    ATENO: Certamente, um dos pontos mais nebulosos da Lei 8.112/90 refere-se ao prazo do estgio probatrio, que tem sido alvo de frequentes debates e decises judiciais conflitantes. Para tentar explicar um pouco mais as controvrsias que envolvem o prazo do estgio probatrio, apresentarei um breve resumo sobre o tema.

    Primeiramente, importante esclarecer que o texto originrio da Constituio Federal de 1988, em seu artigo 41, estabelecia que a estabilidade era adquirida aps dois anos de efetivo exerccio.

    Apesar de o artigo 41 da CF/88 estabelecer originariamente o prazo de 02 (dois) anos para a aquisio da estabilidade, destaca-se que, em nenhum momento, o texto constitucional fez qualquer referncia sobre a necessidade de aprovao em estgio probatrio, instituto que ainda no era adotado eficientemente no mbito da Administrao Pblica brasileira.

    Somente em 11 de dezembro de 1990, com a publicao da Lei 8.112, o estgio probatrio ganhou destaque no mbito da Administrao Pblica Federal e passou a ser obrigatrio.

    O artigo 20 da Lei 8.112/90 estabelece expressamente que, ao entrar em exerccio, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficar sujeito a estgio probatrio por perodo de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptido e a sua capacidade sero objeto de avaliao para o desempenho do cargo.

    Confrontando-se o artigo 20 da Lei 8.112/90 com o texto original do artigo 41 da CF/88, era possvel concluir que o prazo do estgio probatrio correspondia ao mesmo prazo necessrio para a aquisio da estabilidade: 02 anos.

    Todavia, em 1998 foi promulgada a Emenda Constitucional n19, que efetuou uma alterao no texto do artigo 41 da CF/88, estabelecendo que, a partir de ento, o prazo necessrio para a

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    aquisio da estabilidade seria de 03 (trs) anos de efetivo exerccio.

    No 4 do mesmo artigo 41 da CF/88, a Emenda Constitucional estabeleceu ainda que, como condio para a aquisio da estabilidade, obrigatria a avaliao especial de desempenho por comisso instituda para essa finalidade.

    Observe-se que apesar de estabelecer a necessidade de submisso do servidor a uma avaliao especial de desempenho (estgio probatrio), a Emenda Constitucional n. 19 no estabeleceu o prazo de durao dessa avaliao, deixando essa definio a cargo do legislador.

    Realizando uma interpretao sistemtica das regras previstas no artigo 41 da CF/88, muitos doutrinadores passaram a defender a idia de que o prazo da avaliao especial de desempenho (estgio probatrio) deveria ser o mesmo prazo necessrio para a aquisio da estabilidade, isto , 03 (trs) anos. Muitos doutrinadores passaram a afirmar que o artigo 20 da Lei 8.112/90 teria sido revogado tacitamente, j que contrrio ao texto constitucional.

    Entretanto, uma outra corrente passou a defender a idia de que a Constituio, em nenhum momento, referiu-se ao prazo de durao do estgio probatrio, e que, portanto, essa seria uma tarefa outorgada Lei.

    Assim, no teria sido revogado o artigo 20 da Lei 8.112/90, permanecendo ento o prazo de 24 (vinte e quatro) meses, na esfera federal, para o estgio probatrio.

    Como se no bastasse toda essa discusso, a Advocacia Geral da Unio, atravs do Parecer n. AGU/MC-01/2004, estabeleceu que, no mbito do Poder Executivo Federal, o prazo do estgio probatrio deveria ser de 03 (trs) anos, vejamos:

    [...] 14. Ao estender a aquisio da estabilidade para trs anos, a lei constitucional certamente pretendeu do mesmo modo dilatar o perodo de prova (estgio probatrio) e as eventuais decorrncias sempre objetadas (falta de lei e aumento da restrio sem autorizao legal, v.g. no Parecer AGU/MP 04/02) no ficam ao desabrigo de bom fundamento jurdico justo porque, se h conexo sistemtica entre estabilidade e provao, as exigncias legais desta subordinam-se logicamente (e com autorizao constitucional sistemtica) ao regime de aquisio da estabilidade.

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    15. Resumindo, a alterao do prazo de aquisio da estabilidade no servio pblico, de dois para trs anos (art. 41, Constituio Federal com redao da Emenda Constitucional n. 19, de 1998) importa na dilatao do perodo de prova (estgio probatrio) ou confirmao tambm para trs anos, constatao que de resto se confirma pela interpretao dos demais preceitos do 1 do art. 41 da Constituio Federal que referem avaliao peridica e especial para aquisio da estabilidade, requisitos que so tambm exigncias do estgio consoante o art. 20 da Lei n. 8.112, de 1990, e art. 22 da Lei Complementar n. 73, de 1993.

    16. Ante o exposto, penso que se deve reconhecer a exata legalidade da Portaria n. 342/AGU, de 07 de julho de 2003, e firmar o entendimento, vlido para toda a Administrao Pblica Federal Direta, de que o estgio probatrio ou confirmatrio do art. 20 da Lei n. 8.112, de 1990, por fora da supervenincia da nova redao do art. 41 da Constituio Federal, passou a 03 anos desde 5 de junho de 1998 (data da Emenda Constitucional n. 19, de 1998).

    importante esclarecer que os pareceres da Advocacia-Geral da Unio, submetidos aprovao do Presidente da Repblica, possuem fora vinculante e obrigatria no mbito de todo o Poder Executivo Federal, nos termos da Lei Complementar 73/93.

    Apesar de o Poder Executivo Federal ter adotado, aps o Parecer n. AGU/MC-01/2004, o prazo do estgio probatrio de 03 (trs) anos, vrios rgos do Poder Legislativo e Judicirio continuaram adotando o prazo de 02 (dois) anos.

    Assim, se voc fosse aprovado em um concurso pblico para o Ministrio da Fazenda, por exemplo, seria submetido a um estgio probatrio pelo perodo de 03 (trs) anos. Entretanto, caso fosse aprovado em um concurso pblico para o cargo de Analista Judicirio do Tribunal Regional Federal, o prazo do estgio probatrio seria de 02 (dois) anos.

    Absurdo, n? Acontece que a confuso ficou ainda maior quando o Superior Tribunal de Justia, no julgamento do Mandado de Segurana 9373/DF, de relatoria da Ministra Laurita Vaz, decidiu que estgio probatrio e estabilidade so institutos diferentes e que, portanto, o prazo do estgio probatrio na esfera federal deveria ser aquele previsto no artigo 20 da Lei 8.112/90: 02 (dois) anos.

    "MANDADO DE SEGURANA. SERVIDORES PBLICOS. ESTGIO PROBATRIO. ART. 20 DA LEI N. 8.112/90. ESTABILIDADE. INSTITUTOS DISTINTOS. ORDEM CONCEDIDA.

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    1. Durante o perodo de 24 (vinte e quatro) meses do estgio probatrio, o servidor ser observado pela Administrao com a finalidade de apurar sua aptido para o exerccio de um cargo determinado, mediante a verificao de especficos requisitos legais. 2. A estabilidade o direito de permanncia no servio pblico outorgado ao servidor que tenha transposto o estgio probatrio. Ao trmino de trs anos de efetivo exerccio, o servidor ser avaliado por uma comisso especial constituda para esta finalidade.

    3. O prazo de aquisio de estabilidade no servio pblico no resta vinculado ao prazo de estgio probatrio. Os institutos so distintos. Interpretao dos arts. 41, 4 da Constituio Federal e 20 da Lei n. 8.112/90.

    4. Ordem concedida. (MS 9373/DF, Ministra LAURITA VAZ, STJ, S3 - TERCEIRA SEO, 25/08/2004)"

    Mesmo com a deciso proferida pelo Superior Tribunal de Justia, o Poder Executivo Federal continuou submetendo os seus servidores ao estgio probatrio de 03 (trs) anos, sempre com fundamento no Parecer AGU/MC-01/2004.

    Em 14 de maio de 2008, com o objetivo de sanar de uma vez por todas essa confuso, o Presidente da Repblica editou a Medida Provisria 441/08, que, alm de disciplinar sobre diversas matrias, alterou o prazo do estgio probatrio, previsto no artigo 20 da Lei 8.112/90, para 03 (trs) anos.

    Agora, sim, parecia que tudo estava resolvido, pois o prprio texto da lei 8.112/90 havia sido alterado para 03 (trs) anos, no restando, portanto, qualquer discusso.

    Acontece que, por incrvel que parea, o Congresso Nacional, ao analisar o texto da Medida Provisria 441/08, rejeitou o artigo que alterava o prazo do estgio probatrio para 03 (trs) anos.

    Como consequncia, a discusso voltou para a estaca zero e o posicionamento majoritrio era o de que deveria prevalecer ento o entendimento do Superior Tribunal de Justia, que fixava o estgio probatrio em 02 (dois) anos, nos termos do artigo 20 da Lei 8.112/90.

    Entretanto, apesar de tudo o que foi dito, o Superior Tribunal de Justia, em deciso proferida em 25 de abril de 2009, mudou o seu entendimento anterior, passando a afirmar que o prazo do

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    estgio probatrio deve ser o mesmo prazo necessrio para a aquisio da estabilidade: 03 (trs) anos.

    MANDADO DE SEGURANA. SERVIDOR PBLICO CIVIL. ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF. EC N. 19/98. PRAZO. ALTERAO. ESTGIO PROBATRIO. OBSERVNCIA.

    I - Estgio probatrio o perodo compreendido entre a nomeao e a aquisio de estabilidade no servio pblico, no qual so avaliadas a aptido, a eficincia e a capacidade do servidor para o efetivo exerccio do cargo respectivo.

    II Com efeito, o prazo do estgio probatrio dos servidores pblicos deve observar a alterao promovida pela Emenda Constitucional n. 19/98 no art. 41 da Constituio Federal, no tocante ao aumento do lapso temporal para a aquisio da estabilidade no servio pblico para 03 (trs) anos, visto que, apesar de institutos jurdicos distintos, encontram-se pragmaticamente ligados.

    III - Destaque para a redao do artigo 28 da Emenda Constitucional n. 19/98, que vem a confirmar o raciocnio de que a alterao do prazo para a aquisio da estabilidade repercutiu no prazo do estgio probatrio, seno seria de todo desnecessria a meno aos atuais servidores em estgio probatrio; bastaria, ento, que se determinasse a aplicao do prazo de 03 (trs) anos aos novos servidores, sem qualquer explicitao, caso no houvesse conexo entre os institutos da estabilidade e do estgio probatrio.

    PROCURADOR FEDERAL. PROMOO E PROGRESSO NA CARREIRA. PORTARIA PGF 468/2005. REQUISITO. CONCLUSO. ESTGIO PROBATRIO. DIREITO LQUIDO E CERTO. INEXISTNCIA.

    IV Desatendido o requisito temporal de concluso do estgio probatrio, eis que no verificado o interstcio de 03 (trs) anos de efetivo exerccio da impetrante no cargo de Procurador Federal, inexiste direito lquido e certo de figurar nas listas de promoo e progresso funcional, regulamentadas pela Portaria PGF n. 468/2005. (MANDADO DE SEGURANA N. 12.523 DF - 2006/0284250-6 / RELATOR: MINISTRO FELIX FISCHER)

    Parece at piada, n?! Depois de toda essa confuso, podemos concluir que, para fins de concursos pblicos na esfera federal, pelo menos por enquanto, deve prevalecer o entendimento mais recente do Superior Tribunal de Justia, que fixa o prazo do estgio probatrio em 03 (trs) anos.

    No muito comum voc encontrar questes em provas sobre esse assunto. As bancas examinadoras evitam cobrar o tema em virtude da grande divergncia de posicionamentos.

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    Independentemente do prazo do estgio probatrio, certo que o servidor que no demonstrar aproveitamento suficiente e satisfatrio no exerccio das atribuies do cargo dever ser exonerado, consequncia do princpio constitucional da eficincia.

    A exonerao no poder ocorrer de forma automtica, pois dever ser assegurado ao servidor o direito constitucional do contraditrio e da ampla defesa, atravs da instaurao de um processo administrativo.

    Essa necessidade, inclusive, j foi sumulada pelo Supremo Tribunal Federal:

    Smula 20 - necessrio processo administrativo com ampla defesa, para demisso de funcionrio admitido por concurso.

    Smula 21 - Funcionrio em estgio probatrio no pode ser exonerado nem demitido sem inqurito ou sem as formalidades legais de apurao de sua capacidade.

    Durante o perodo de estgio probatrio, o servidor poder exercer quaisquer cargos de provimento em comisso ou funo de direo, chefia ou assessoramento na entidade ou rgo a que pertencer. Contudo, somente poder ser cedido a outro rgo ou entidade para ocupar cargos de natureza especial, cargos de provimento em comisso do grupo-direo e assessoramento superiores (DAS) de nveis 6, 5 e 4 (ou equivalentes).

    O estgio probatrio ficar suspenso nas situaes abaixo, sendo retomado a partir do trmino dos impedimentos:

    a) licena por motivo de doena em pessoa da famlia;

    b) licena por motivo de afastamento do cnjuge, por prazo indeterminado e sem remunerao;

    c) licena para atividade poltica;

    d) afastamento para misso no exterior para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere, com a perda total da remunerao.

    Pergunta: Professor, durante o estgio probatrio, o servidor poder gozar de alguma licena ou afastamento?

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    Sim. As licenas e afastamentos relacionados abaixo podero ser gozados mesmos durante o perodo do estgio probatrio:

    a) licena por motivo de doena em pessoa da famlia;

    b) licena por motivo de afastamento do cnjuge ou companheiro;

    c) licena para o servio militar;

    d) licena para atividade poltica;

    e) afastamento para o exerccio de mandato eletivo;

    f) afastamento para estudo ou misso no exterior.

    g) afastamento para participar de curso de formao decorrente de aprovao em concurso para outro cargo na Administrao Pblica Federal.

    4.5. Estabilidade

    A estabilidade pode ser entendida como a garantia de permanncia no servio pblico do servidor aprovado em concurso pblico e nomeado para o exerccio de cargo de provimento efetivo.

    A estabilidade tem por objetivo proteger o servidor contra perseguies polticas, presses externas ou quaisquer condutas que possam influenciar negativamente em sua imparcialidade e no exerccio das funes.

    Nos termos do artigo 41 da CF/88 so estveis aps trs anos de efetivo exerccio os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso pblico.

    Ateno: Observe que, para a aquisio da estabilidade, sero necessrios 03 (trs) anos de efetivo exerccio. Devero ser excludas da contagem do tempo eventuais licenas ou afastamentos que no sejam consideradas de efetivo exerccio pelo artigo 102 da Lei 8.112/90.

    No basta aguardar o simples transcurso do tempo de 03 (trs) anos para que seja adquirida a estabilidade, pois ser necessria ainda a aprovao em avaliao especial de desempenho, realizada por comisso instituda especificamente com essa finalidade.

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    Por outro lado, aps ter alcanado a estabilidade, o servidor somente estar sujeito perda do cargo pblico nas seguintes hipteses:

    1) Em virtude de sentena judicial transitada em julgado;

    2) Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;

    3) Mediante procedimento de avaliao peridica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.

    4) Em virtude de excesso de despesa com pessoal, conforme previso do artigo 169 da CF/88.

    Em relao ltima hiptese citada, importante destacar que se a Unio, por exemplo, no estiver cumprindo os limites de gastos estabelecidos no artigo 169 da CF/88, poder adotar as seguintes providncias:

    1) Reduo em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comisso e funes de confiana; e

    2) Exonerao dos servidores no estveis.

    Se as medidas acima no forem suficientes para assegurar o cumprimento do limite de gastos previsto em lei complementar, o servidor estvel poder perder o cargo, desde que o ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o rgo ou unidade administrativa objeto da reduo de pessoal.

    O servidor que perder o cargo far jus indenizao correspondente a um ms de remunerao por ano de servio e o cargo objeto da reduo ser considerado extinto, vedada a criao de cargo, emprego ou funo com atribuies iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos.

    Pergunta: Professor, a escolha dos servidores pblicos que sero exonerados em virtude de excesso de despesa com pessoal fica sob a responsabilidade, discricionria, do administrador competente?

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    No. Nos termos da Lei 9.801/99, dever ser adotado um critrio geral impessoal para a identificao dos servidores estveis a serem exonerados. Ademais, afirma o 2 do artigo 2 da mesma lei que o critrio geral para identificao impessoal ser escolhido entre:

    a) Menor tempo de servio pblico;

    b) Maior remunerao;

    c) Menor idade.

    importante destacar que o critrio geral eleito poder ser combinado com o critrio complementar do menor nmero de dependentes para fins de formao de uma listagem de classificao.

    4.6. Hipteses de vacncia

    A vacncia pode ser entendida como o acontecimento pelo qual o servidor deixa o cargo pblico vago, possibilitando o seu provimento por outra pessoa.

    O artigo 33 da Lei 8.112/90 apresenta um rol de hipteses que podem ensejar a vacncia do cargo pblico, a saber:

    a) exonerao;

    b) demisso;

    c) promoo;

    d) readaptao;

    e) aposentadoria;

    f) posse em outro cargo inacumulvel;

    g) falecimento.

    ATENO: No confunda exonerao com demisso, pois so institutos diferentes e que produzem efeitos diversos. Entende-se por demisso o ato administrativo que determina a quebra do vnculo entre o Poder Pblico e o servidor, tendo carter de penalidade em razo do cometimento de alguma infrao funcional grave.

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    A exonerao tambm rompe o vnculo entre a Administrao e o servidor, mas no possui carter punitivo, podendo ocorrer a pedido do servidor ou de ofcio (ex officio), por iniciativa da Administrao (como acontece, por exemplo, quando o servidor reprovado no estgio probatrio).

    A exonerao ex offcio tem como fundamento a falta de interesse pblico, manifestado pela Administrao, em continuar com o servidor em seus quadros. Isso fica claro, por exemplo, na dispensa do servidor proveniente da necessidade de adequao aos limites oramentrios determinados em lei (artigo 169, CF/88).

    Nesse caso, o servidor no est sendo punido pela prtica de alguma irregularidade ou infrao funcional. Est sendo dispensado simplesmente para permitir que a Administrao cumpra os limites de gastos com pessoal, nos termos do artigo 169 da CF/88.

    Outra informao importante e que deve ser destacada o fato de que existem algumas hipteses de vacncia que, ao mesmo tempo, tambm caracterizam forma de provimento, a exemplo do que ocorre na promoo, na readaptao e na posse em outro cargo inacumulvel.

    Quando um servidor readaptado para outro cargo com atribuies e vencimentos afins, por exemplo, ocorrer o provimento no cargo de destino. Por outro lado, o cargo de origem ficar vago (vacncia), possibilitando Administrao que realize o seu provimento.

    5. Remoo e redistribuio

    Inicialmente, importante que voc saiba que a remoo e a redistribuio no so formas de provimento de cargos pblicos. Essa informao importante porque as bancas examinadoras adoram fazer afirmaes de que ambas seriam formas de provimento derivado.

    Cada um desses institutos possui caractersticas prprias e, com destaque para a remoo, so muito cobrados em provas de concursos.

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    5.1. Remoo

    Remoo o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofcio, no mbito do mesmo quadro, com ou sem mudana de sede (artigo 36).

    Ocorrer a remoo quando um servidor do INSS, por exemplo, deslocado da cidade de Belo Horizonte/MG, para a cidade de Paraopebas, no Estado do Par. Nesse caso, perceba que o servidor continua exercendo suas funes no mbito do quadro do INSS, porm, em outra cidade.

    A remoo tambm pode ocorrer sem a necessidade de mudana de sede. Isso acontece, por exemplo, quando um servidor do INSS deslocado de uma unidade localizada no bairro X, para outra unidade localizada no bairro Y, dentro da mesma cidade.

    A remoo de ofcio (ex officio) no exige prvia concordncia do servidor, pois ocorrer no exclusivo interesse da Administrao. Assim, caso a Administrao entenda que o interesse pblico justifique a remoo de servidor para outra localidade, poder faz-lo.

    A fim de evitar perseguies polticas e garantir o respeito ao princpio da impessoalidade, imprescindvel que o ato administrativo de remoo ex officio seja motivado, pois, somente assim, ser possvel combater qualquer possibilidade de desvio de poder da autoridade responsvel pela edio do ato.

    Existem duas espcies de remoo a pedido.

    Na primeira, a Administrao ir analisar o pedido do servidor e, discricionariamente, decidir com fundamento no interesse pblico. Assim, se for conveniente e oportuno, conceder a remoo, caso contrrio, simplesmente ir indeferir o pedido.

    Por outro lado, existem situaes que podem obrigar a Administrao a deferir o pedido de remoo do servidor, configurando-se como ato vinculado. Essas hipteses esto previstas no inciso III do artigo 36 da Lei 8.112/90, a saber:

    a) Para acompanhar cnjuge ou companheiro, tambm servidor pblico civil ou militar, de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, que foi deslocado no interesse da Administrao;

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