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CURSO ON-LINE – MACROECONOMIA E ECONOMIA BRASILEIRA PARA ANALISTA DO BANCO CENTRAL
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PROFESSOR: FRANCISCO MARIOTTI
1 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br
Aula Sete
Olá, Pessoal!
Nesta aula sete, e na próxima, abordaremos basicamente os aspectos
relativos ao passado recente da economia brasileira. Trata-se de uma aula
bastante dissertativa, motivo pelo qual peço bastante atenção de vocês.
A proposta das aulas é a de ser a mais objetiva possível, ou seja,
faremos a abordagem dos conteúdos de forma direta, debatendo e
apresentando os principais temas e assuntos pertinentes a cada item do
conteúdo programático.
Se o objetivo do curso fosse um aprofundamento sobre os diversos
pontos inerentes à economia nacional, daí então, com certeza, precisaríamos
um tempo muito maior de estudo, o que não é possível neste momento, haja
vista o curto tempo até a prova. Quero ressaltar, entretanto, que muito
embora um curso preparatório deva ir “direto ao ponto”, especialmente em
períodos de edital na praça, não se pode jamais passar batido por pontos
considerados fundamentais, e mais do que isso, que são presença constante
nas provas.
Em sendo assim, optei em estender um pouco a abordagem desta aula,
na verdade retroagindo um pouco mais na abordagem referente à economia
brasileira, conforme ficará claro já no início da aula. Em negrito, na caixa a
seguir, encontram-se os pontos adicionados.
Economia Brasileira: crise de 1930 e a origem do modelo de
substituição de importações no Brasil. As políticas de intervenção
do Estado na primeira metade da década de 1950. O Plano de
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Metas e a industrialização pesada. A crise da economia brasileira
na primeira metade da década de 1960 e as reformas estruturais
no início do governo militar. Auge e declínio do “milagre”
econômico (1968-1973). II PND.
Vamos então à aula.
Contem comigo nesta empreitada!
Um grande abraço e bons estudos a todos (as),
Mariotti
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1. A Crise de 1930 e a origem do modelo de substituição de
importações no Brasil
A evolução do entendimento econômico, devidamente aplicado à
economia brasileira, passou por um grande processo de mudanças a partir da
ascensão de Getúlio Vargas à Presidência do país, ainda nos anos de 1930.
Começava ali o chamado modelo econômico de Substituição de
Importações, o qual consistia na troca de compra da produção externa de
bens e serviços pela escolha de produção interna ao país. Com a queda de
Getúlio e, posteriormente, com a chegada do mineiro Juscelino Kubitschek na
presidência da república, foi implantado no país o chamado Plano de Metas.
Passamos a discorrer mais criteriosamente sobre este período, de forma
a estruturarmos os impactos econômicos sofridos pela economia, bem como o
modelo de desenvolvimento adotado pelo país no pós-guerra (fim da segunda
guerra mundial).
1.1 O Processo de Substituição de Importações
No período compreendido entre a proclamação da República até a
chegada de Getúlio Vargas ao poder, a economia brasileira dependia
basicamente do bom desempenho das exportações, que na época se
restringiam a algumas poucas commodities agrícolas, especialmente o café,
caracterizando a economia brasileira como essencialmente agroexportadora.
O bom desempenho dependia das condições do mercado internacional de
café, sendo a variável-chave nesta época o seu preço internacional. As
condições deste mercado não eram totalmente controladas pelo Brasil.
Mesmo sendo o principal produtor de café, outros países também influíam
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na oferta, sendo boa parte do mercado controlado por grandes companhias
atacadistas que especulavam com estoques.
A demanda dependia das oscilações no crescimento mundial,
aumentando em momentos de prosperidade econômica e retraindo-se quando
os países ocidentais (especialmente EUA e Inglaterra) entravam em crise ou
em guerra. Deste modo, as crises internacionais causavam problemas muito
grandes nas exportações brasileiras de café, criando sérias dificuldades para
toda economia brasileira, dado que praticamente todas as outras atividades
dentro do país dependiam direta ou indiretamente do desempenho do setor
exportador cafeeiro.
As condições do mercado internacional de café tendiam a tornarem-se
mais problemáticas na medida em que as plantações do produto no Brasil se
expandiam. Nas primeiras décadas do século XX a produção brasileira cresceu
desmensuradamente. O Brasil chegou a produzir sozinho mais café do que o
consumo mundial, obrigando o governo a intervir no mercado, estocando e
queimando café (lembre-se que quando estudamos história do Brasil, na
graduação, acabamos por sempre abordar o Convênio de Taubaté.). Neste
período as crises externas sucederam-se em função tanto de oscilações na
demanda (crises internacionais), como em decorrência da superprodução
brasileira.
Em 1930, estes dois elementos se conjugaram, a produção nacional era
enorme e a economia mundial entrou numa das maiores crises de sua história.
A depressão no mercado internacional de café logo se fez sentir e os preços
vieram abaixo. Isto obrigou o governo a intervir fortemente, comprando e
estocando café, desvalorizando o câmbio com o objetivo de proteger o setor
cafeeiro e ao mesmo tempo sustentar o nível de emprego, de renda e de
demanda. Este conjunto que problemas deixava claro que a situação de
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dependência da economia brasileira, especialmente das exportações de um
único produto agrícola, era insustentável.
A crise dos anos 30 foi um momento de ruptura no desenvolvimento
econômico brasileiro; a fragilização do modelo agroexportador trouxe à tona a
consciência sobre a necessidade da industrialização como forma de superar os
constrangimentos externos e o subdesenvolvimento. Não foi o início da
industrialização brasileira (esta já havia se iniciado desde o final do século
XIX), mas o momento em que um novo modelo econômico, sustentado por um
novo governo, passou a ser meta prioritária da governo.
Este objetivo, porém, envolvia grandes esforços em termos de geração
de poupança e sua transferência para a atividade industrial. Isto só seria
possível com uma grande alteração na política econômica vigente, baseado no
rompimento com o Estado oligárquico e descentralizado da República Velha,
além da transferência e centralização do poder e dos instrumentos de política
econômica nas mãos do Governo Federal. Este foi o papel desempenhado pela
Revolução de 30. Dela decorreram o fortalecimento do Estado Nacional e a
ascensão de novas classes econômicas ao poder, o que permitiu colocar a
industrialização como meta prioritária, como um projeto nacional de
desenvolvimento.
A forma assumida pela industrialização foi o chamado Processo de
Substituição de Importações (PSI). Devido ao estrangulamento externo ora
existente, gerado de forma especial pela crise internacional ocasionada pela
quebra da Bolsa de Nova York, houve a necessidade de produzir internamente
o que antes era importado, defendendo-se dessa forma o nível de atividade
econômica. A industrialização feita a partir deste processo de
substituição de importações foi uma industrialização voltada para
dentro, ou seja, que visou atender o mercado consumidor interno.
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O modelo de Substituição de Importações consistiu no processo forçado
de industrialização brasileira, como forma de superação dos problemas
externos e, consequentemente, da mudança da pauta exportadora do país no
médio prazo.
Em linhas gerais, podemos dizer que o PSI foi derivado do chamado
processo de estrangulamento externo, referenciado na queda no valor das
exportações de produtos agrícolas, mas com a crescente demanda interna por
bens importados.
A política de PSI teve continuidade durante o período de saída e retorno
de Vargas ao poder, o que significou, em linhas gerais, o fim inequívoco da
dependência externa do país à exportação cafeeira.
1.1.1 As políticas de intervenção do Estado na primeira metade
da década de 1950.
No cenário internacional Pós-Segunda Guerra Mundial, iniciou-se a
grande rivalidade entre os EUA e a União Soviética, que no aspecto econômico
coincidiu com o período de escassez de dólares. O Brasil passou por sucessivas
crises de Balanço de Pagamentos, o que fez com que o governo abandonasse
literalmente o aspecto liberal das políticas econômicas e assim adotasse um
modelo de desenvolvimento industrial com a relevante participação estatal.
O elevado volume de importações da economia nacional, no período
compreendido entre 1945-1955, levou o governo à adoção de medidas de
controle do câmbio como forma de minimizar os impactos sobre o balanço.
O caráter social do governo Vargas levou à publicação de uma extensa
legislação, especialmente trabalhista, que beneficiou grande parte dos
trabalhadores. No plano de intervenção econômica o governo Vargas fundou a
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Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional, empresas
estas que passariam a ter papel fundamental no processo industrial do país.
Ainda tomava corpo no âmbito da intervenção econômica promovida por
Vargas a necessidade de financiamento do desenvolvimento econômico, o que
coincidiu com a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico –
BNDE1 e da PETROBRAS.
O BNDE foi fruto de profunda discussão entre o governo brasileiro, o
Banco Mundial e o Eximbank2. A promessa de repasse de recursos para a nova
Instituição no montante de US$ 500 milhões permitiu que o projeto fosse
efetivado, criando-se o Banco em 1952. Muito embora tenha ocorrido uma
série de mudanças nas promessas feitas pelos bancos internacionais quanto ao
repasse de recursos ao BNDE, o projeto da Instituição foi levado à frente,
entretanto, com um menor volume de recursos disponíveis para a realização
de financiamentos.
A criação da PETROBRAS no ano de 1953 foi decorrente da intensa
campanha iniciada no Pós-Guerra sob o título “O Petróleo é nosso”. Após uma
série de discussões de cunho político foi dada à empresa o Monopólio na
extração do petróleo3.
1.2 O Plano de Metas e a industrialização pesada
O Plano de Metas adotado no governo Juscelino Kubitschek pode ser
considerado o auge deste modelo de desenvolvimento; o rápido crescimento
do produto e da industrialização no período acentuou as contradições
1 Somente em 1982 o BNDE teve a sua denominação alterada para BNDES, isto em função da criação de uma Diretoria
destinada à análise de financiamento de projetos sociais. 2 Instituição Norte-Americana responsável pelo financiamento de importações e exportações ao EUA. 3 O processo de distribuição foi atribuído às companhias estrangeiras.
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mencionadas. O principal objetivo do plano era estabelecer as bases de uma
economia industrial madura no país, introduzindo de ímpeto o setor produtor
de bens de consumo duráveis.
O Plano foi dividido especialmente nos seguintes objetivos:
• Investimentos estatais em infra-estrutura, com destaque para os
setores de transporte e energia elétrica. No que diz respeito aos
transportes, cabe destacar a mudança de prioridade que até o
governo Vargas se centrava no setor ferroviário e no governo JK
passou para o rodoviário, que estava em consonância com o
objetivo de introduzir o setor automobilístico no país;
• Estímulo ao aumento da produção de bens intermediários, como o
aço, o carvão, o cimento, o zinco etc., que foram objetos de planos
específicos;
• Incentivos à introdução dos setores de bens de consumo duráveis e
bens de capital (máquinas e equipamentos utilizados na produção);
e
• Incentivo à produção industrial privada por meio da concessão de
crédito em massa.
É interessante observar a coerência que existia entre as metas do plano,
em que se visava impedir o aparecimento de pontos de estrangulamento na
oferta de infra-estrutura e bens intermediários para os novos setores, bem
como, através dos investimentos estatais, garantir a demanda necessária para
produção adicional.
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O cumprimento das metas estabelecidas foi bastante satisfatório, sendo
que em alguns setores estas foram superadas, mas em outros ficaram aquém.
Com isso, observou-se rápido crescimento econômico no período com
profundas mudanças estruturais, em termos da base produtiva do país.
Não obstante, o plano trouxe uma série de problemas. O financiamento
dos investimentos públicos, na ausência de uma reforma fiscal condizente com
as metas e os gastos estipulados, teve que se valer principalmente da emissão
monetária, observando-se no período uma grande aceleração inflacionária. Do
ponto de vista externo, observou-se uma deterioração do saldo em transações
correntes e o crescimento da dívida externa. A concentração da renda ampliou-
se devido ao desestímulo à agricultura e o consequente investimento de capital
intensivo na indústria.
1.3 A crise da economia brasileira na primeira metade da década
de 1960 e as reformas estruturais no início do governo militar.
O início dos anos 60 caracterizou-se pela primeira grande crise
econômica do Brasil em sua fase industrial. Neste período ocorreu uma queda
importante dos investimentos e a taxa de crescimento da renda brasileira caiu
fortemente em função da materialização das contradições inerentes ao
processo de substituição de importações. Para dar prosseguimento ao
desenvolvimento econômico, tornava-se necessário desenvolver o setor de
bens de capital e ampliar o setor de bens intermediários que estavam
defasados, assim como a infra-estrutura urbana. Vários problemas se
colocaram neste sentido, em especial a ausência de mecanismos de
financiamento adequados, tanto para o setor público, que se encontrava com
elevado déficit público devido aos gastos realizados no Plano de Metas
(durante o governo de Juscelino Kubitschek), como para o setor privado, em
um momento em que as altas escalas de capital dos setores a serem
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implantados necessitavam de maiores recursos financeiros para viabilizar o
investimento.
Outro problema que se colocava ao prosseguimento do desenvolvimento
era que tanto o setor de bens de capital como o setor de bens intermediários,
chamados setores de “demanda derivada”, isto é, setores em que a demanda
pelos produtos depende diretamente da demanda pelos produtos finais na
economia. Em virtude da concentração de renda da economia e da ausência de
mecanismos de financiamento ao consumidor, a demanda pelos produtos do
setor de bens de consumo duráveis era bastante limitada, restringindo os
impactos (estímulos) deste setor para o resto da economia. A consequência
desta situação foi a retração nas taxas de crescimento e a aceleração
inflacionária.
Era um consenso na época a necessidade de reformas institucionais que
promovessem um quadro favorável à retomada dos investimentos.
O governo Jânio Quadros procurou adotar medidas que cunho ortodoxo,
baseando-se na contenção gasto público e de uma política monetária
contracionista. Muito embora as medidas tenham sido muito bem recebidas, no
nível político Jânio enfrentava sérias dificuldades para aprovação de suas
medidas, haja vista a inexistência de base parlamentar. Por meio de um gesto
enigmático Jânio renunciou, esperando contar com a população para que o
trouxesse de volta ao poder e assim pudesse dar continuidade às suas
pretensões. O resultado todos nós sabemos. Jânio não obteve sucesso, e ainda
ainda gerou um sério problema a ser administrado pelo Congresso, pois
Constituição brasileira à época previa que o Vice-Presidente deveria assumir.
Por meio de uma solução de conciliação o Congresso alterou o regime do
governo do país do Presidencialismo para o Parlamentarismo, o que permitiu o
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tempo de retorno de João Goulart ao Brasil e, ao mesmo tempo, que Tancredo
Neves assumisse como Primeiro Ministro.
A fase do parlamentarismo do Parlamentarismo durou até 1962. Neste
período o PIB do país teve elevado crescimento, derivado da fase de
maturação do Plano de Metas. Não obstante, a inflação no período teve forte
elevação, passando de 40% ao ano. Por meio de um plebiscito convocado por
Jango, a população votou pelo retorno do Presidencialismo, o que permitiu ao
governante mais estabilidade para condução da Economia.
Liderado por Celso Furtado o governo lançou o Plano Trienal,
baseando-se nas propostas de impulso ao crescimento econômico com
combate à inflação e a adoção de reformas sociais. Os objetivos específicos do
Plano eram:
• Reduzir a taxa de inflação para 25% em 1963, e até 1965 alcançar
o patamar de 10%;
• Crescimento dos salários na mesma proporção do aumento da
produtividade da mão-de-obra;
• Realização da Reforma Agrária tanto para redução da crise social
que afetava o país à época quanto para permitir a elevação do
consumo de ramos industriais;
• Busca pela renegociação de dívida externa, a qual gerava grande
pressão sobre o pagamento de juros e, consequentemente, sobre o
balanço de pagamentos; e
• Promover o crescimento do PIB de 7% a.a..
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Muito embora as propostas do Plano fossem positivas, não encontraram
guarida. A vertente esquerdista do governo contribui para o isolamento do
país, de forma a impedir com boa parte do plano obtivesse sucesso. A
publicação da Lei no 4.131/62, que tratava do controle de capital, em que a
remessa de lucros provenientes dos investimentos produtivos no país ficava
limitada a 10%, provocou uma sensível redução de novos investimentos na
economia nacional.
Afora estes aspectos, mas em linha com a vertente esquerdista da
política, Jango resolveu aumentar o salário do funcionalismo público e
restabeleceu subsídios agrícolas abolidos no início do programa, contribuindo
para a escalada inflacionária no ano de 1963.
A elevação das tensões no campo político, conjuntamente com a política
de expropriação de empresas estrangeiras, contribuíram para a insatisfação
das forças armadas, cansadas de exacerbada filosofia adotada pelo governo. O
resultado deste contexto foi queda de João Goulart, destituído por meio do
Golpe Militar de março de 1964.
Em resumo, pode-se dizer que tanto o governo de Jânio Quadros quanto
o governo de João Goulart foram prisioneiros da situação política e, apesar de
buscarem diferentes formas de resolver a questão e encaminhar a solução
econômica, ocorreu certo imobilismo no campo nacional e internacional. Neste
contexto, o golpe militar de 1964, impondo de forma autoritária uma solução
para a crise política, foi uma precondição ao encaminhamento “técnico” das
medidas de superação da crise econômica - reformas constitucionais e
condução da política econômica de forma adequada e segura.
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1.3.1 O PAEG e o governo militar
O governo Castelo Branco lançou o PAEG (Plano de Ação Econômica do
Governo), com vistas a resolver os problemas econômicos. O PAEG pode ser
dividido em duas linhas de atuação: políticas conjunturais de combate à
inflação, associadas a reformas estruturais que permitiram o equacionamento
dos problemas inflacionários e das dificuldades que se colocavam ao
crescimento econômico.
Os objetivos colocados pelo PAEG eram: acelerar o ritmo de
desenvolvimento econômico, conter o processo inflacionário, atenuar os
desequilíbrios setoriais e regionais, aumentar o investimento e com isso o
emprego, e corrigir a tendência ao desequilíbrio externo. O controle
inflacionário e/ou as formas de conviver com ela eram vistos como
precondições para a retomada do desenvolvimento, e o combate à inflação só
poderia ser feito acoplado às reformas institucionais.
O diagnóstico sobre a inflação, que havia subido para 83,2% a.a. em
1963, centrava-se no excesso de demanda. Este era explicado em função da
tendência ao déficit público, da elevada propensão a consumir (decorrente da
política salarial frouxa dos períodos anteriores - os chamados “arroubos
populistas”) e também da falta de controle sobre a expansão do crédito. Estas
pressões inflacionárias propagavam-se com a expansão monetária, que era o
veículo para sua perpetuação.
Especificamente, as principais metas do PAEG eram:
• Redução do déficit público mediante a redução dos gastos e da
ampliação das receitas através da reforma tributária e do aumento
das tarifas públicas (a chamada inflação corretiva). Com isso, o
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déficit público reduziu-se de 4,2% do PIB em 1963 para 1,1% em
1966;
• Restrição do crédito e aperto monetário. Houve aumento das taxas
de juros reais e consequentemente do passivo das empresas. Este
fato levou a uma grande onda de falências, concordatas, fusões e
incorporações, processo este que atingiu principalmente as
pequenas e médias empresas dos setores de vestuário, alimentos e
construção civil. Esta “limpeza de terreno” e consequente geração
de capacidade ociosa foi um importante fator para a futura
retomada do crescimento econômico;
• O terceiro elemento da política de contenção da demanda foi a
política salarial, em que se supunha a existência de uma taxa de
desemprego relativamente baixa, o que levava a elevados salários
reais e inflação crescente. Para romper esta dinâmica, o governo
passou a determinar os reajustes salariais, via política salarial,
objetivando romper as expectativas e conter as reivindicações. A
fórmula de reajustes decidida pela política salarial teve por
consequência uma grande redução do salário real.
Com estas medidas, a inflação reduziu-se, entre os anos de 1964 e 1967,
da casa dos 90% a.a. para os 20% a.a. Este resultado se deveu em grande
parte a uma retração nas taxas de crescimento econômico.
1.3.2 Reformas Institucionais do PAEG
Quanto aos problemas institucionais, identificou-se como ponto básico a
ausência de correção monetária em uma economia com altas taxas
inflacionárias. Vários eram os problemas gerados pelo processo inflacionário:
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• A inflação, conjugada à lei da usura (que impedia juros nominais
superiores a 12% a.a.), desestimulava a canalização de poupança
para o sistema financeiro;
• A lei do inquilinato, numa situação inflacionária, constituía-se em
forte desestímulo à aquisição de imóveis e, consequentemente, à
construção civil;
• Desordem tributária, pois a ausência de correção monetária, no
caso dos débitos fiscais, estimulava o atraso de pagamentos e, no
caso dos ativos e do patrimônio das empresas, levava à tributação
de lucros ilusórios.
Neste sentido, se por um lado se fazia necessária a redução das taxas de
inflação, também se procurou criar mecanismos que possibilitassem o
crescimento econômico em um ambiente de inflação moderada.
As principais reformas instituídas pelo PAEG foram: a reforma tributária,
a reforma monetária e financeira e a reforma do setor externo.
1.3.3 A Reforma Tributária
Os principais elementos envolvidos nesta reforma foram:
• A introdução da correção monetária no sistema tributário, visando
reduzir as distorções já mencionadas;
• A alteração do formato do sistema tributário. Transformaram-se os
impostos tipo cascata (que incidem a cada transação sobre o valor
total), em impostos tipo valor adicionado. Criou-se o IPI (imposto
sobre produtos industrializados), o ICM (imposto sobre circulação
de mercadorias) e o ISS (imposto sobre serviços). A importância
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desta alteração foi romper o estímulo até então existente à
integração vertical da produção, e facilitar a utilização dos
impostos como instrumento de política de desenvolvimento e de
redução de distorções, ao permitir as diferenciações de alíquotas e
facilitar a concessão de isenções e incentivos fiscais às atividades
específicas;
• A redefinição do espaço tributário entre as diversas esferas do
governo. A União ficou com o IPI, o Imposto de Renda, os
Impostos Únicos, os Impostos de Comércio Exterior, o Imposto
Territorial Rural (ITR). Os estados ficaram com o ICM e os
municípios, com o ISS e o IPTU (imposto sobre propriedade
territorial urbana). Além disso, foram criados os fundos de
transferência intergovernamentais: o fundo de participação dos
estados e dos municípios, que se baseavam em parcelas de
arrecadação do IPI, do IR e do ICMS. Os critérios de distribuição
dos recursos baseavam-se na área geográfica, na população e no
inverso da renda per capita, com vistas a favorecer estados mais
pobres. Houve importante centralização das decisões sobre a
legislação tributária, inclusive definindo as alíquotas dos impostos
das demais esferas, procurando eliminar a “guerra fiscal”.
Dessa forma, as principais consequências da reforma tributária foram o
aumento da arrecadação e uma grande centralização tanto da arrecadação
como das decisões em termos de política tributária, constituindo-se em
importante instrumento político, ao subordinar os estados ao governo central.
Permitiu ainda, através da vinculação da receita e da criação de órgãos ao lado
da administração direta, uma descentralização dos gastos, com maior
flexibilidade operacional.
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1.3.4 A Reforma Monetária – Financeira
Os principais objetivos nesta reforma eram: criar condições de condução
independente da política monetária e direcionar os recursos montantes
promovendo condições adequadas às atividades econômicas.
Esta reforma divide-se em quatro grupos de medidas:
• A instituição da correção monetária e criação da ORTN (Obrigação
Reajustável do Tesouro Nacional). A introdução da correção
monetária tornava sem sentido a “Lei da Usura”, eliminando uma
série de ineficiências do sistema financeiro. Ao permitir a prática de
taxas de juros reais positivas, estimulava a poupança e ampliava a
capacidade de financiamento da economia. A criação das ORTNs,
cuja variação determinaria o índice de correção monetária, tinha
por objetivo dar credibilidade e viabilizar o desenvolvimento de um
mercado de títulos públicos que fornecesse instrumentos de
financiamento não inflacionários do déficit público, bem como
possibilitasse as operações de mercado aberto, visando o controle
monetário. Este último objetivo só se viabilizou de fato a partir de
1970, com a criação das LTNs (Letras do Tesouro Nacional), pois
as características das ORTNs (títulos pós-fixados de longo prazo)
dificultavam as operações de mercado aberto, que devem ser feitas
com títulos prefixados de curto prazo;
• A Lei n.º 4.595/64 - criação do CMN (Conselho Monetário Nacional)
e do BACEN (Banco Central do Brasil). Com esta lei procurava-se
criar condições para que a política monetária fosse conduzida de
forma independente. O CMN substituiu o conselho da SUMOC
(Superintendência da Moeda e do Crédito), e passou a ser o órgão
normativo da política monetária, com a função de definir as regras
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e as metas a serem atingidas. O BACEN foi criado (assumindo a
antiga Carteira de Câmbio e Redesconto do Banco do Brasil e o
Serviço de Meio Circulante do Tesouro Nacional), para ser o agente
executor da política monetária. Além disso, ele também seria o
agente fiscalizador e controlador do sistema financeiro. O Banco do
Brasil, além de suas funções de banco comercial, permaneceu com
os serviços de compensação de cheques, depositário das reservas
voluntárias, e caixa do BACEN e do Tesouro Nacional, ou seja,
constituía-se no agente bancário no governo.
Vários problemas ainda permaneciam para a consecução do objetivo de
controle independente da política monetária, a saber:
• A subordinação do BACEN ao CMN, o que permitia ingerência
política na atuação do BACEN;
• A Conta Movimento, criada inicialmente para transferir recursos do
BB para o BACEN entrar em operação, fez com que o BB não
perdesse a condição de Autoridade Monetária, uma vez que podia
expandir sem limites suas operações de crédito, pois possuía uma
linha direta de financiamento junto ao BACEN;
• O chamado “Orçamento Monetário”, que deveria ser peça para
juntar as duas autoridades monetárias (BACEN e BB). Este
orçamento passou a receber vários gastos de origem fiscal, com a
criação de vários fundos e programas que seriam administradas
pelas Autoridades Monetárias - PROAGRO, PROEX, FUNRURAL etc.
Com isso, o BACEN, que deveria ser órgão de controle monetário,
transformava-se também em banco de fomento, criando-se um
entrelaçamento entre contas monetárias e fiscais, de tal modo que o
Orçamento Fiscal poderia aparecer equilibrado, enquanto todo o rombo se
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colocava no Orçamento Monetário. O BACEN era responsável pela
administração da dívida pública, podendo emitir títulos em nome do Tesouro
Nacional. Dessa forma, a dívida pública e os gastos com juros do Tesouro
poderiam crescer, independentemente da existência de um déficit a ser
financiado, mas simplesmente por objetivos de controle monetário. Além disso,
criava-se um mecanismo para o Tesouro Nacional forçar o BACEN a financiar
seus déficits via emissão monetária.
Percebe-se, portanto, que estas medidas acabaram por criar um
estranho arcabouço institucional, em que se misturavam as políticas fiscal e
monetária; o BACEN não controlava a política monetária nem o Tesouro
Nacional controlava a política fiscal, sendo que o resultado deste quadro foi o
de inviabilizar o conhecimento e o controle social sobre as operações do
governo.
As demais instituições do mercado de capitais - Bolsa de Valores,
Corretoras e Distribuidoras - também foram regulamentadas e subordinadas
ao BACEN. Criaram-se vários tipos de incentivos fiscais para dinamizar este
segmento, entre os quais se destaca o Decreto-lei n.º 157, no qual os
indivíduos poderiam adquirir cotas de fundo de ações com parcela do Imposto
de renda (pessoa física) devido. Merece ainda destaque a criação do Sistema
Nacional de Crédito Rural (SNCR), sendo o BB o agente central, e os bancos
comerciais agentes subsidiários. A fonte de recursos para o sistema era, além
dos fundos fiscais e da “Conta Movimento”, uma parcela dos depósitos à vista
captados pelos bancos comerciais, que deveriam obrigatoriamente ser
utilizados no financiamento agrícola.
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1.3.5 A Reforma do Setor Externo
A reforma do setor externo tinha por objetivo estimular o
desenvolvimento econômico, evitando as pressões sobre o Balanço de
Pagamentos e assim eliminando uma das principais distorções do PSI.
Destacam-se duas linhas de atuação neste sentido: melhorar o comércio
externo brasileiro e atrair o capital estrangeiro:
• Em relação ao comércio externo, buscou-se, por um lado,
estimular e diversificar as exportações através de uma série de
incentivos fiscais (isenções fiscais - IPI, ICM, IR - crédito-prêmio do
IPI etc.) e da modernização e dinamização dos órgãos públicos
ligados ao comércio internacional (CACEX e CPA). Quanto às
importações, a idéia era eliminar os limites quantitativos e utilizar
apenas a política tarifária como forma de controle. A principal
medida adotada na área do comércio externo foi a simplificação e
unificação do sistema cambial, que objetivava eliminar as
incertezas decorrentes da condução errática da política cambial,
bem como os desestímulos à exportação decorrentes da
valorização cambial. Para tal, adotou-se o sistema de
minidesvalorizações a partir de 1968, pelo qual a valorização
cambial deveria refletir o diferencial entre a inflação doméstica e a
internacional;
• Quanto à atração do capital estrangeiro, buscou-se inicialmente
uma reaproximação com a política externa norte-americana, a
chamada Aliança para o Progresso. Em seguida, efetuou-se a
renegociação da dívida externa e firmou-se um Acordo de
Garantias para o capital estrangeiro. As ligações com o sistema
financeiro internacional foram feitas através de dois mecanismos: a
Lei n.º 4.131/64, que dava acesso direto das empresas ao sistema
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financeiro internacional, e a Resolução n.º 63, que possibilitava a
captação de recursos externos pelos bancos comerciais e de
investimentos para repasse interno. Esta última significava a
colagem do sistema financeiro nacional ao internacional e o início
do processo de internacionalização financeira no Brasil.
Conclui-se assim que a política adotada no PAEG obteve grande êxito na
redução das taxas inflacionárias e em preparar o terreno para a retomada do
crescimento. Este quadro, como veremos, permitiu altas taxas de crescimento
ao longo da década de 70, durante o período do chamado Milagre Econômico.
1.4 Auge e declínio do “milagre” econômico (1968-1973).
O chamado Milagre Econômico foi o período entre 1968 e 1973 em que o
PIB brasileiro apresentou as maiores taxas de crescimento, derivados de todas
as reformas e estruturação do parque fabril nos 15 anos anteriores. Associado
a este crescimento encontrou-se também todo o contexto favorável da
economia mundial na época.
As diretrizes do governo em 1967 já colocavam o crescimento econômico
como objetivo principal, acompanhado de contenção da inflação, sendo que se
admitia o convívio com uma taxa de inflação em torno de 20 a 30% a.a.. Nesta
fase, alterou-se o diagnóstico sobre as causas da inflação, destacando os
custos como principal determinante. Com isso, afrouxaram-se as políticas de
contenção da demanda (monetária, fiscal e creditícia) - exceção feita à política
salarial, considerada como elemento de custos. Teve início uma política de
controle de preços, onde os reajustes deveriam ter aprovação prévia do
governo, com base nas variações de custos. Para tal fim, criou-se o CIP
(Conselho Interministerial de Preços) em 1968.
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A busca do crescimento, segundo o governo, deveria processar-se com o
investimento em setores diversificados e com menor participação do Estado,
ou seja, deveria basear-se no setor privado. É importante destacar que o
crescimento se colocava também como uma necessidade para legitimar o
Regime Militar, que procurou justificar sua intervenção na necessidade de
eliminar a desordem econômica e político-institucional, e recolocar o país nos
trilhos do desenvolvimento.
Tendo como ponto de partida o plano denominado I Plano Nacional de
Desenvolvimento – I PND, teve dentre as principais fontes de crescimento do
período do milagre, as seguintes:
• A retomada do investimento público em infra-estrutura - possibilitada
pela recuperação financeira do setor público, devido à reforma fiscal e
aos mecanismos de endividamento interno (financiamento não
inflacionário dos déficits);
• Aumento dos investimentos das empresas estatais, observando-se, no
período, um aumento nos investimentos e o processo de conglomeração
destas empresas, através da criação de várias subsidiárias; a Petrobrás e
a Vale do Rio Doce foram exemplos típicos deste processo;
• Demanda por bens duráveis - devido à grande expansão do crédito ao
consumidor pós reforma financeira. Percebe-se que a opção para a
ampliação do mercado consumidor se deu em grande medida pelo
endividamento familiar;
• Crescimento das exportações, especialmente a de bens manufaturados,
graças ao crescimento no comércio mundial e à melhoria nos termos de
troca, bem como às alterações promovidas na política externa no país e
aos incentivos fiscais, verificou-se no período um crescimento no valor
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das exportações (volumes em termos de troca), o que representou
ampliação significativa na capacidade de importar da economia (quanto
mais moeda estrangeira entra proveniente de exportações, maiores são
os recursos para compra de bens importados, também cotados em
moeda estrangeira);
• Tanto o setor de bens de consumo leve (não duráveis) como a
agricultura apresentaram desempenhos mais modestos. O crescimento
que apresentaram deveu-se ao aumento da massa salarial, que, por sua
vez, se deve ao aumento de emprego, e ao crescimento das exportações
de manufaturados tradicionais e de produtos agrícolas. A agricultura
cresceu 4,5% a.a., em média, no período, apesar da forte expansão do
crédito agrícola, centrado no BB. Nesta fase, deu-se o início do processo
de modernização agrícola, através da mecanização, fazendo com que
esta se tornasse importante fonte de demanda para indústria;
• Quanto ao setor de bens de capital, seu desempenho pode ser dividido
em duas fases. Na primeira, até 1970, apresentou menor crescimento,
dado que o crescimento observado se baseou na ocupação de capacidade
ociosa e não na ampliação da capacidade instalada. Conforme foi sendo
ocupada esta capacidade, aumentava-se a taxa de investimento na
economia, sendo que a formação bruta de capital fixo superou os 20%
do PIB no período de 1971/73;
• O aumento da demanda por bens de capital fez com que este setor fosse
o de maior crescimento nesta segunda fase. Ao longo de todo o período
1968/73, a taxa de crescimento médio do setor foi de 18,1% a.a.,
concentrando-se principalmente nesta segunda fase; e
• Finalmente, destaca-se que o setor de bens intermediários apresentou
uma taxa média de crescimento de 13,5% a.a. no período.
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Tanto no setor de bens de capital como no de bens intermediários, a
expansão econômica gerava pressão por importações, causada pela
insuficiência de oferta interna. Esta pressão importadora ainda foi estimulada
pela política do CDI (Conselho de Desenvolvimento Industrial), que concedeu
incentivos de forma indiscriminada e foi bastante liberal nas importações, e
pode ter contribuído inclusive para o atraso na produção interna de bens de
capital, cujo crescimento ocorreu apenas depois de 1970.
A pressão por importações poderia levar à necessidade de recursos
externos, para cobrir o Balanço de Pagamentos, não fosse o elevado
crescimento do valor das exportações brasileiras. Além da política cambial
(minidesvalorizações cambiais) e comercial (incentivos fiscais e monetários), o
crescimento das exportações foi também beneficiado pela expansão do
comércio mundial, decorrente do excesso de liquidez internacional, ocasionado
pelos déficits público e externo dos EUA, financiados com expansão monetária.
A conjugação desses fatores levou tanto ao crescimento da quantidade
exportada como à melhora dos termos de troca, redundando numa balança
comercial equilibrada no período.
Além da boa performance do setor exportador, assistiu-se neste período
à primeira onda de endividamento externo, com ampla entrada de recursos. A
dívida externa, no período, cresceu em torno de US$ 13 bilhões, sendo que
aproximadamente US$ 6,5 bilhões se transformaram em reservas, ou seja, a
dívida líquida correspondia a algo em torno de US$ 6 bilhões, o que com o
crescimento das exportações resultava em um coeficiente de vulnerabilidade
(dívida líquida sobre exportações) menor que 1 em 1973.
Assim, percebe-se que naquele momento a situação cambial estava
bastante tranquila. O volume de reservas existentes em 1973 correspondia a
mais de um ano de importações, enquanto o critério técnico utilizado pelo FMI
recomendava um volume de reservas equivalentes a três meses de
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importações. Isso evidenciaria a existência de um sobreendividamento no
período.
Embora a justificativa oficial para este endividamento tenha sido a
necessidade de recurso à poupança externa para viabilizar as altas taxas de
crescimento ao longo do milagre, grande parte da explicação para o
endividamento externo neste período reside nas profundas transformações do
sistema financeiro internacional e na ampla liquidez existente, e na ausência
de mecanismos de financiamento de longo prazo na economia brasileira,
exceto as linhas oficiais.
Os principais tomadores de recursos externos, nesta primeira fase, foram
as empresas multinacionais e os bancos de investimento estrangeiros. A
contrapartida da entrada excessiva de recursos, que se transformavam em
reservas, era o crescimento da dívida pública interna, visando controlar a base
monetária, através das operações de mercado aberto.
Um último ponto que merece destaque é a elevada participação e
intervenção do setor público na economia que se percebe nos seguintes
aspectos:
• Estado controlava os principais preços da economia - câmbio,
salário, juros, tarifas -, além de praticar uma política de preços
administrados via CIP, com a justificativa da inflação de custos e o
objetivo de eliminar os problemas alocativos vindos de uma
economia inflacionária; e
• O Estado respondia pela maior parte das decisões de investimento,
quer através dos investimentos da administração pública e das
empresas estatais, que correspondiam a praticamente 50% da
formação bruta de capital, quer através da captação de recursos
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financeiros - fundos de poupança compulsória, títulos públicos,
cadernetas de poupança, agências financeiras estatais -, dos
incentivos fiscais e dos subsídios.
A concentração de renda que ocorreu no período pode ser considerada a
principal crítica ao Milagre. Os críticos argumentam que as autoridades tinham
a concentração como estratégia necessária para aumentar a capacidade de
poupança da economia, financiar os investimentos e com isso o crescimento
econômico, para que depois todos pudessem usufruir. Esta ficou conhecida
como a “Teoria do Bolo”, segundo a qual o bolo deveria crescer primeiro para
depois ser dividido. Outros analistas concordavam com a posição oficial de que
a concentração de renda era uma tendência natural de um país que se
desenvolvia e que demandava crescentemente mão-de-obra qualificada.
Dada a escassez dessa mão-de-obra, houve aumento maior da renda dos
profissionais mais qualificados em relação aos menos especializados (cuja
oferta era abundante). Defendiam ainda que, apesar da concentração de renda
ter aumentado, a renda per capita de toda a população cresceu, o que significa
que todos devem ter melhorado em termos de condições de vida, embora as
classes mais ricas tivessem melhorado mais que as classes mais pobres.
1.5 O primeiro choque do petróleo e o II PND
O rápido crescimento econômico ao longo do Milagre, com a ocupação de
toda capacidade ociosa, levou ao aparecimento de alguns desequilíbrios que
gerariam pressões inflacionárias e/ou problemas na balança comercial. A
manutenção do ciclo expansionista, em fins de 1973, dependeria cada vez
mais de uma situação externa favorável. Esta situação foi rompida pela crise
internacional desencadeada pelo primeiro choque com o petróleo em 1973,
quando os países membros da OPEP quadruplicaram o preço do barril de
petróleo.
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Em 1974, houve aumento das taxas de inflação que passaram de 15,5%
em 1973 para 34,4%. No balanço de pagamentos, verificou-se um déficit no
saldo de transações correntes da ordem de US$ 6,5 bilhões, provocado não só
pelo aumento do valor das importações de petróleo, mas também em função
dos bens de capital e insumos básicos, necessários para manter o nível de
produção corrente. Este déficit não foi totalmente coberto pela entrada de
recursos, levando a uma queima de reservas, o que revelava o elevado grau
de vulnerabilidade externa da economia brasileira.
Em nível interno, a situação política aparecia como uma complicação
adicional; a crise mostrava os limites políticos do modelo do Milagre. Em ano
de mudança de presidente, começavam a surgir várias pressões por melhor
distribuição de renda e maior abertura política, o que gerava certo imobilismo
no Estado.
O debate sobre o que fazer em 1974 situou-se na dicotomia ajustamento
ou financiamento. O choque do petróleo significava transferência de recursos
reais ao exterior e, com a existência de um “hiato potencial de divisas”, a
manutenção do mesmo nível de investimento trazia a necessidade de maior
sacrifício sobre o consumo, e, para alcançar as mesmas taxas de crescimento
do período anterior, seria necessária maior taxa de investimento. Neste
contexto, percebe-se que as opções de crescimento se haviam estreitado, e a
tendência natural da economia seria a desaceleração da expansão.
As opções que se colocavam naquele momento eram:
• Ajustamento, que continha a demanda interna e evitava que o choque
externo se transformasse em inflação permanente e correção do
desequilíbrio externo; e
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• Financiamento do crescimento, visando ganhar tempo para ajustar a
oferta interna, mantendo o crescimento elevado e fazendo um ajuste
gradual dos preços relativos (alterados pela crise do petróleo), enquanto
houvesse financiamento externo abundante.
A opção tomada foi a de financiar o crescimento econômico. O plano
significou uma alteração completa nas prioridades da industrialização
brasileira: de um padrão baseado no crescimento do setor de bens de
consumo duráveis com alta concentração de renda, a economia deveria
passar a crescer com base no setor produtor de meios de produção - bens
de capital e insumos básicos. Dois problemas centrais para a execução do
plano eram as questões do apoio político e do financiamento do processo.
Neste sentido, percebe-se isolamento do Estado, que se transformou em
“Estado-empresário” e centrou o plano em si, tendo como agente central
das transformações as empresas estatais.
As metas do II PND eram manter o crescimento econômico em torno de
10% a.a., com crescimento industrial em torno de 12% a.a.
Destacavam-se as metas de insumos básicos e de substituição de
energia. Previa-se uma mudança no setor de transporte, com maiores
incentivos para ferrovias e hidrovias. E contemplavam-se, também,
expectativas otimistas para o setor de bens de capital, em que se esperava
redução na participação das importações no setor de 52% para 40%, além de
gerar excedente exportável em torno de US$ 200 milhões.
A lógica do modelo estava em que, conforme as empresas estatais
avançassem seus projetos de investimentos no setor de insumos, gerariam
demanda derivada que estimularia o setor privado a investir no setor de bens
de capital. Além da garantia de demanda, vários incentivos foram dados ao
setor privado através do CDE (Conselho de Desenvolvimento Econômico),
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principal órgão de implementação do plano. Entre os incentivos, destacavam-
se: o crédito do IPI sobre a compra de equipamentos, a possibilidade de
depreciação acelerada, a isenção do imposto de importação para compra de
bens intermediários, formas mais ou menos explícitas de reserva de mercado
para novos empreendimentos (por exemplo, a Lei da Informática), garantia de
política de preços compatível com as prioridades da política industrial.
Torna-se importante destacar as diferenças existentes nos investimentos
realizados pelas empresas estatais e o setor privado. Quanto às empresas
estatais, verificou-se a restrição do acesso destas ao crédito interno e uma
política de contenção tarifária, que visavam conter as pressões inflacionárias, e
forçá-las ao endividamento externo, o que serviria para cobrir o “hiato de
divisas” existentes na execução do plano. Iniciou-se com isso o processo de
estatização da dívida externa. Já o setor privado foi financiado basicamente
com créditos subsidiados de agências oficiais, entre as quais ganhou destaque
o BNDES, que teve seu funding praticamente duplicado com a transferência
para este dos recursos do PIS-PASEP, antes administrados pela CEF.
A dívida externa cresceu rapidamente no período, US$ 10 bilhões entre
74/77 e mais US$ 10 bilhões em 78/79. Nos dois primeiros anos a entrada de
recursos serviu para cobrir os déficits em transações correntes, mas já a partir
de 1976 o país voltou a acumular reservas. A facilidade de obtenção de
recursos externos está relacionada ao processo de reciclagem dos
petrodólares, isto é, aos superávits dos países da OPEP que, sem
oportunidades de aplicação interna, retornavam ao sistema financeiro
internacional. Como a demanda de crédito nos países desenvolvidos estava
retraída, os países em desenvolvimento voltaram a ser vistos como clientes
preferenciais.
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Apesar da ampla liquidez internacional e da série de estímulos dados ao
setor privado para captar recursos externos, as estatais constituíram-se nos
principais tomadores.
Para realizar o II PND, o Estado foi assumindo um passivo para manter o
crescimento econômico e o funcionamento da economia. Dados os níveis
extremamente baixos das taxas de juros internacionais, o mesmo Estado era
capaz de pagar os juros, mas correndo o risco de que qualquer alteração na
estrutura das taxas poderia inviabilizar as condições de pagamento,
principalmente tendo-se em vista a característica flutuante das taxas de juros
dos empréstimos. A deterioração da capacidade de financiamento do Estado,
que socializou todos os custos no período do II PND (com grande aumento nos
gastos, ao se autonomizar para realizar o desenvolvimento) sem criar
mecanismos adequados de financiamento, constituir-se-ia no grande problema
enfrentado posteriormente pela economia brasileira.
E com base nestes últimos comentários podemos dar por encerrada a
aula um. Na próxima aula daremos continuidade à abordagem da conjuntura
econômica nacional desde o início dos anos de 1980 até a atualidade.
Passemos agora à realização de alguns exercícios baseados em provas
anteriores.
Um grande abraço,
Mariotti
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Questões Propostas:
1 – (ADMINISTRADOR/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de
substituição de importações na economia brasileira
a) ocorreu apenas a partir de 1960.
b) levou à implantação no Brasil de indústrias substitutivas das importações.
c) esgotou-se por volta de 1960, logo após o governo Kubitschek.
d) causou crises constantes de déficits do balanço comercial.
e) fez com que as regiões mais atrasadas do país crescessem mais
rapidamente.
2 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) Entre 1956 e 1960
(correspondendo ao governo JK), houve, no Brasil, um(a)
a) aumento da participação do setor agropecuário no PIB do País.
b) aumento do valor em dólar das exportações.
c) aceleração da inflação.
d) redução da taxa de crescimento do PIB.
e) redução do déficit orçamentário do governo federal.
3 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) O Plano Trienal,
elaborado por Celso Furtado e sua equipe para o governo de João Goulart,
tinha vários objetivos específicos, dentre os quais NÃO se encontra o de
a) realizar a reforma agrária com finalidade social e de expansão do mercado
interno.
b) garantir o crescimento real dos salários a uma taxa anual 3% superior ao
aumento da produtividade.
c) garantir uma taxa de crescimento do PIB de 7% a.a.
d) resolver a situação do balanço de pagamentos renegociando a dívida
externa.
e) reduzir a inflação para 10% a.a. até 1965.
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4 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O PAEG (Plano de
Ação Econômica do Governo) e as reformas implementadas em 1964 e
nos anos imediatamente subseqüentes, no Brasil,
a) aumentaram substancialmente os salários.
b) aumentaram as restrições à entrada de capitais externos.
c) diminuíram a carga fiscal dos contribuintes.
d) criaram o Banco Central do Brasil.
e) eliminaram a correção monetária no país.
5 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) Assinale, entre as
opções abaixo, a que NÃO corresponde a uma das principais
características da política de industrialização brasileira no Pós-Guerra.
a) Fornecimento de crédito a longo prazo para implantação de novos projetos.
b) Proteção à indústria nacional, mediante tarifas de importação e barreiras
não tarifárias.
c) Participação direta do Estado no suprimento da infra-estrutura (energia,
transporte).
d) Participação direta do Estado na produção em alguns setores tidos como
prioritários (siderurgia, mineração, petróleo).
e) Intensa preocupação de atender o consumidor doméstico com produtos de
qualidade e baratos.
6 – (ENGENHEIRO/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de
substituição de importações, como instrumento para a promoção do
desenvolvimento econômico, NÃO se caracteriza pelo(a)
a) encarecimento dos produtos importados dentro do país.
b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos dentro do
país.
c) estímulo às exportações do país.
d) proteção tarifária contra as importações, em favor das atividades produtivas
dentro do país.
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e) intervenção do estado na economia do país.
7 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O período de 1974-78
foi de adaptação da economia brasileira e mundial à enorme alta dos
preços do petróleo. Nesse período houve mudanças importantes, tais
como:
a) redução substancial dos gastos brasileiros com a importação de petróleo.
b) redução das taxas de juros no mundo e no Brasil, devido à grande oferta de
“petrodólares” pelos países exportadores de petróleo.
c) aumento considerável dos déficits em conta corrente dos países
importadores de petróleo, financiados pela reciclagem dos “petrodólares” via
sistema financeiro internacional.
d) expansão econômica mundial, financiada pela reciclagem dos “petrodólares”
promovida pelo sistema financeiro internacional.
e) grande aumento das exportações brasileiras, mais do que compensando os
maiores gastos com a importação de petróleo.
8 – (ECONOMISTA/PETRORAS – CESGRANRIO/2005) O II Plano
Nacional de Desenvolvimento (PND), no governo Geisel, foi montado
no sentido de complementar o processo de substituição de
importações no Brasil, além de estimular a criação de setores
exportadores e reduzir a dependência de petróleo da economia
brasileira. Com relação ao setor externo, é correto afirmar que:
a) aumentou bastante o fluxo de empréstimos externos para o Brasil,
sobretudo assumidos pelas empresas estatais.
b) houve uma rápida reversão do saldo comercial brasileiro ainda na década de
1970.
c) observou-se uma grande retração das transferências unilaterais no Balanço
de Pagamentos.
d) criou-se uma dívida externa fundamentalmente privada no Brasil naquele
momento.
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e) foram fortemente elevadas as exportações de petróleo do Brasil com a
descoberta dos campos gigantes da Bacia de Campos.
9 – (APO/MPOG – ESAF/2010) Desde a década de 1940, diversos
governos utilizaram o planejamento como alavanca para o
desenvolvimento nacional. Indique qual dos planos abaixo foi
elaborado na fase do “milagre brasileiro”.
a) Plano SALTE.
b) I Plano Nacional de Desenvolvimento.
c) Plano Plurianual 1996-1999.
d) Plano de Metas.
e) Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG).
10 –(Analista de Ativ. Meio Ambiente/SEPLAG-DF – CESPE/2009) A
análise da economia brasileira é importante para compreender os
fenômenos econômicos que caracterizam o país. A esse respeito,
julgue os itens seguintes.
76 Os esforços de promoção do desenvolvimento econômico empreendidos no
âmbito do II Plano Nacional de Desenvolvimento contaram não somente com
inversões públicas, mas também com estímulos diversos ao investimento
privado, exceto aqueles representados pelas barreiras comerciais, formadas
pelos impostos de importação, fortemente reduzidos nesse período.
11 – (Analista de Gestão Pública/PMV – CESPE/2008) O estudo da
economia brasileira, incluindo-se aí o fenômeno inflacionário que a
caracterizou durante um longo período, é importante para a
compreensão da situação econômica atual. No que concerne a esse
assunto, julgue os itens subseqüentes.
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100 O financiamento do Plano de Metas se realizou, principalmente, por meio
da inflação, decorrente da expansão monetária, que financiava o gasto público,
e do aumento do crédito, que viabilizava os investimentos privados.
101 A expansão da indústria de bens de consumo e o desempenho marcante
do setor agrícola constituíram as principais fontes de crescimento da economia
brasileira durante o período do denominado milagre econômico.
102 O foco do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) foi eliminar as
restrições, tanto estruturais como externas, ao crescimento da economia
brasileira, mediante investimentos nos setores de infra-estrutura, bens de
produção, energia e exportações.
103 Em face dos choques externos — incluindo-se aí o aumento do preço do
petróleo e a alta das taxas de juros no mercado internacional —, o ajuste
estrutural do governo Geisel, embora bem-sucedido, aumentou a
vulnerabilidade externa da economia e o estoque da dívida pública.
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Gabarito Comentado:
1 – (ADMINISTRADOR/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de
substituição de importações na economia brasileira
a) ocorreu apenas a partir de 1960.
b) levou à implantação no Brasil de indústrias substitutivas das importações.
c) esgotou-se por volta de 1960, logo após o governo Kubitschek.
d) causou crises constantes de déficits do balanço comercial.
e) fez com que as regiões mais atrasadas do país crescessem mais
rapidamente.
Comentários:
Essa é uma questão quase que autodidata, ou seja, a resposta da está no
próprio enunciado.
O processo de substituição de importações - PSI, adotado no Brasil no início do
governo Vargas, visava reduzir drasticamente a dependência da economia
brasileira da exportação de café. Por meio de um processo de industrialização
induzido pelo governo o país buscava produzir os bens dos quais era
diretamente dependente de importação.
Gabarito: letra “b”.
2 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) Entre 1956 e 1960
(correspondendo ao governo JK), houve, no Brasil, um(a)
a) aumento da participação do setor agropecuário no PIB do País.
b) aumento do valor em dólar das exportações.
c) aceleração da inflação.
d) redução da taxa de crescimento do PIB.
e) redução do déficit orçamentário do governo federal.
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Comentários:
Trata-se de uma questão relativamente tranqüila de ser respondida. Conforme
estudado, o governo JK provocou uma profunda mudança da estrutura de
desenvolvimento do país, expandindo atividades sustentadoras do crescimento
econômico. De acordo com o abordado em aula, foram tomadas as seguintes
medidas:
• Investimentos estatais em infra-estrutura, com destaque para os
setores de transporte e energia elétrica. No que diz respeito aos
transportes, cabe destacar a mudança de prioridade que até o
governo Vargas se centrava no setor ferroviário e no governo JK
passou para o rodoviário, que estava em consonância com o
objetivo de introduzir o setor automobilístico no país;
• Estímulo ao aumento da produção de bens intermediários, como o
aço, o carvão, o cimento, o zinco etc., que foram objetos de planos
específicos;
• Incentivos à introdução dos setores de bens de consumo duráveis e
bens de capital (máquinas e equipamentos utilizados na produção);
e
• Incentivo à produção industrial privada por meio da concessão de
crédito em massa.
Esta série de medidas contribuiu para o grande desenvolvimento brasileiro nos
anos seguintes. De todo modo, na esteira destes benefícios, algumas
consequências negativas ocorreram. O resultado da política implementada por
JK, via financiamento da atividade produtiva, não foi acompanhada de uma
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reforma fiscal adequada, fazendo com que o governo se utilizasse da emissão
de moeda para atendimento à sua política. Como não poderia deixar de ser, o
resultado foi a aceleração da inflação.
No plano externo ocorreu a deterioração do saldo em transações correntes e o
crescimento da dívida externa. Ainda como impactos negativos da política
econômica de JK verificou-se o desestímulo à agricultura, haja vista a opção
feita pelo governo de direcionar sua atuação para a indústria intensiva em
capital.
Gabarito: letra “c”.
3 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2009) O Plano Trienal,
elaborado por Celso Furtado e sua equipe para o governo de João
Goulart, tinha vários objetivos específicos, dentre os quais NÃO se
encontra o de
a) realizar a reforma agrária com finalidade social e de expansão do mercado
interno.
b) garantir o crescimento real dos salários a uma taxa anual 3% superior ao
aumento da produtividade.
c) garantir uma taxa de crescimento do PIB de 7% a.a.
d) resolver a situação do balanço de pagamentos renegociando a dívida
externa.
e) reduzir a inflação para 10% a.a. até 1965.
Comentários:
O Plano Trienal, ou Plano para os três anos de João Goulart no poder, foi
estruturado como forma de dar a sociedade brasileira que o apoio no plebiscito
de retorno ao presidencialismo no Brasil, uma reposta ao ambiente econômico
fragilizado deixado pela renúncia de Jânio Quadros.
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Entre os objetivos específicos do plano encontravam-se:
• Redução da taxa de inflação para 25% em 1963, e até 1965 alcançar o
patamar de 10%;
• Crescimento dos salários na mesma proporção do aumento da
produtividade da mão-de-obra;
• Realização da Reforma Agrária tanto para redução da crise social que
afetava o país à época quanto para permitir a elevação do consumo de
ramos industriais;
• Busca pela renegociação de dívida externa, a qual gerava grande pressão
sobre o pagamento de juros e, consequentemente, sobre o balanço de
pagamentos; e
• Promover o crescimento do PIB de 7% a.a..
A elevação dos salários estava associada á igual magnitude do aumento da
produtividade da mão-de-obra, e não 3% acima.
Gabarito: letra “b”.
4 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O PAEG (Plano de
Ação Econômica do Governo) e as reformas implementadas em 1964 e
nos anos imediatamente subseqüentes, no Brasil,
a) aumentaram substancialmente os salários.
b) aumentaram as restrições à entrada de capitais externos.
c) diminuíram a carga fiscal dos contribuintes.
d) criaram o Banco Central do Brasil.
e) eliminaram a correção monetária no país.
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Comentários:
Uma série de medidas e reformas foram implementadas com a ascensão do
governo militar ao poder. Afora os aspectos de cunho político, na esfera
econômica, as medidas implementadas trouxeram grandes mudanças para o
país.
Entre as medidas institucionais adotadas pelo governo Castelo Branco estava a
adoção de reajustes salariais controlados pelo governo, a qual buscava entre
outros aspectos a contenção da inflação. Ainda no escopo das reformas
implementadas estavam:
- a introdução da correção monetária no sistema tributário, de forma a se
evitar a perda de receita decorrente da inflação;
- Melhoria das relações de comércio exterior e estimulo à atração de capital
estrangeiro para o país;
- A reforma tributária implementada teve como resultado o aumento da
arrecadação e uma grande centralização tanto da arrecadação como das
decisões em termos de política tributária, constituindo-se em importante
instrumento político, ao subordinar os estados ao governo central.
- Criação, por meio da Lei 4.595/64, do Conselho Monetário Nacional e do
Banco Central do Brasil, sendo que este último passaria a ter a atribuição do
de realizar a política monetária.
Com base nestas informações, pode-se anotar a letra “d” como gabarito da
questão, uma vez que se trata da única assertiva correta.
Gabarito: letra “d”.
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5 – (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) Assinale, entre as
opções abaixo, a que NÃO corresponde a uma das principais
características da política de industrialização brasileira no Pós-Guerra.
a) Fornecimento de crédito a longo prazo para implantação de novos projetos.
b) Proteção à indústria nacional, mediante tarifas de importação e barreiras
não tarifárias.
c) Participação direta do Estado no suprimento da infra-estrutura (energia,
transporte).
d) Participação direta do Estado na produção em alguns setores tidos como
prioritários (siderurgia, mineração, petróleo).
e) Intensa preocupação de atender o consumidor doméstico com produtos de
qualidade e baratos.
Comentários:
Entre as diversas características das políticas de industrialização adotadas pelo
país no Pós Guerra, estas devidamente debatidas em aula, a única não
verdadeira relaciona-se à preocupação em atendimento ao consumidor interno
com produtos baratos. A proteção à industrial nacional, que por sinal ocorreu
até o início dos anos de 1990, acabou por levar à elevação dos preços do bens
sem, logicamente, estar associada à melhoria da qualidade dos produtos.
Gabarito: letra “e”.
6 – (ENGENHEIRO/BNDES – CESGRANRIO/2008) O processo de
substituição de importações, como instrumento para a promoção do
desenvolvimento econômico, NÃO se caracteriza pelo(a)
a) encarecimento dos produtos importados dentro do país.
b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos dentro do
país.
c) estímulo às exportações do país.
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d) proteção tarifária contra as importações, em favor das atividades produtivas
dentro do país.
e) intervenção do estado na economia do país.
Comentários:
O processo de substituição de importações – PSI foi caracterizado pelo
estímulo dado pelo governo federal, no âmbito do Estado Novo (ascensão de
Getúlio Vargas ao poder), no sentido de que a produção do país fosse voltada
para dentro, sendo a demanda gerada pelos bens suprida por produção interna
ao invés da importação de bens. Os estímulos realizados estavam associados
entre outras coisas à imposição de barreiras tarifárias. Do mesmo modo,
buscou-se a redução da dependência externa do país, uma vez que este não
mais poderia contar apenas com suas exportações como forma de geração de
renda ao país.
Gabarito: letra “c”.
7 - (ECONOMISTA/BNDES – CESGRANRIO/2008) O período de 1974-78
foi de adaptação da economia brasileira e mundial à enorme alta dos
preços do petróleo. Nesse período houve mudanças importantes, tais
como:
a) redução substancial dos gastos brasileiros com a importação de petróleo.
b) redução das taxas de juros no mundo e no Brasil, devido à grande oferta de
“petrodólares” pelos países exportadores de petróleo.
c) aumento considerável dos déficits em conta corrente dos países
importadores de petróleo, financiados pela reciclagem dos “petrodólares” via
sistema financeiro internacional.
d) expansão econômica mundial, financiada pela reciclagem dos “petrodólares”
promovida pelo sistema financeiro internacional.
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e) grande aumento das exportações brasileiras, mais do que compensando os
maiores gastos com a importação de petróleo.
Comentários:
O período entre 1974 e 1978 foi caracterizado pelo primeiro Choque do
Petróleo. Neste período houve uma grande elevação nos gastos com a
importação de petróleo, o aumento das taxas de juros no Brasil e no mundo no
sentido de captação dos Petrodólares que migravam para os países
componentes da OPEP. Estes Petrodólares serviram como ferramenta de
fechamento dos déficits das transações correntes, via resultado positivo do
balanço de capitais (que contabiliza a entrada de Petrodólares). No período,
apenas o Brasil, por meio do II PND, buscou o crescimento via financiamento
externo, tendo as demais economias reduzido o seu ritmo de crescimento por
meio de acomodações nas principais variáveis impactadas pela alta no preço
do Petróleo. A diminuição do ímpeto dos demais países impactou diretamente
o Brasil, prejudicando direta a exportação de bens e serviços.
Gabarito: letra “c”.
8 – (ECONOMISTA/PETRORAS – CESGRANRIO/2005) O II Plano
Nacional de Desenvolvimento (PND), no governo Geisel, foi montado
no sentido de complementar o processo de substituição de
importações no Brasil, além de estimular a criação de setores
exportadores e reduzir a dependência de petróleo da economia
brasileira. Com relação ao setor externo, é correto afirmar que:
a) aumentou bastante o fluxo de empréstimos externos para o Brasil,
sobretudo assumidos pelas empresas estatais.
b) houve uma rápida reversão do saldo comercial brasileiro ainda na década de
1970.
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c) observou-se uma grande retração das transferências unilaterais no Balanço
de Pagamentos.
d) criou-se uma dívida externa fundamentalmente privada no Brasil naquele
momento.
e) foram fortemente elevadas as exportações de petróleo do Brasil com a
descoberta dos campos gigantes da Bacia de Campos.
Comentários:
Uma das principais características associadas ao período em que se sucedeu a
implantação do II PND foi o excesso de liquidez externa decorrente do fluxo de
petrodólares gerados pelo aumento dos ganhos obtidos pelos países
componentes da OPEP. Atraídos pela alta remuneração dada pelo governo,
estes recursos na forma de empréstimos financiaram em grande parte a
expansão econômica do país na primeira metade dos anos de 1970.
A maior parte da captação de empréstimos foi assumida por empresas
estatais.
Gabarito: letra “a”.
9 – (APO/MPOG – ESAF/2010) Desde a década de 1940, diversos
governos utilizaram o planejamento como alavanca para o
desenvolvimento nacional. Indique qual dos planos abaixo foi
elaborado na fase do “milagre brasileiro”.
a) Plano SALTE.
b) I Plano Nacional de Desenvolvimento.
c) Plano Plurianual 1996-1999.
d) Plano de Metas.
e) Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG).
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Comentários:
O chamado Milagre Econômico foi o período entre 1968 e 1973 em que o PIB
brasileiro apresentou as maiores taxas de crescimento, derivadas de todas as
reformas e estruturação do parque fabril nos 15 anos anteriores. Associado a
este crescimento encontrou-se também todo o contexto favorável da economia
mundial na época.
A busca do crescimento, segundo o governo, deveria processar-se com o
investimento em setores diversificados e com menor participação do Estado,
ou seja, deveria basear-se no setor privado. É importante destacar que o
crescimento se colocava também como uma necessidade para legitimar o
Regime Militar, que procurou justificar sua intervenção na necessidade de
eliminar a desordem econômica e político-institucional, e recolocar o país nos
trilhos do desenvolvimento.
Tendo como ponto de partida o plano denominado de I Plano Nacional de
Desenvolvimento – I PND, teve dentre as principais fontes de crescimento
do período do milagre, os seguintes pontos:
• A retomada do investimento público em infra-estrutura - possibilitada
pela recuperação financeira do setor público, devido à reforma fiscal e
aos mecanismos de endividamento interno (financiamento não
inflacionário dos déficits);
• Aumento dos investimentos das empresas estatais, observando-se, no
período, um aumento nos investimentos e o processo de conglomeração
destas empresas, através da criação de várias subsidiárias; a Petrobrás e
a Vale do Rio Doce foram exemplos típicos deste processo;
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• Demanda por bens duráveis - devido à grande expansão do crédito ao
consumidor pós reforma financeira;
• Crescimento das exportações, especialmente a de bens manufaturados,
graças ao crescimento no comércio mundial e à melhoria nos termos de
troca;
• Quanto ao setor de bens de capital, seu desempenho pode ser dividido
em duas fases. Na primeira, até 1970, apresentou menor crescimento,
dado que o crescimento observado se baseou na ocupação de capacidade
ociosa e não na ampliação da capacidade instalada. Conforme foi sendo
ocupada esta capacidade, aumentava-se a taxa de investimento na
economia, sendo que a formação bruta de capital fixo superou os 20%
do PIB no período de 1971/73.
O período do “Milagre Econômico” foi interrompido pela Primeira Crise do
Petróleo em 1973, momento no qual os países componentes da Organização
dos Países Exportadores do Petróleo – OPEP decidiram aumentar os preços do
barril de petróleo. A economia brasileira foi afetada em conjunto com o resto
do mundo. Nesta oportunidade o Brasil adotou o que ficou conhecido com
“crescimento forçado”, adotando o chamado II Plano Nacional de
Desenvolvimento – II PND.
Letra a – O plano SALTE foi considerado o primeiro grande planejamento
econômico do país. Ocorrida no governo Eurico Gaspar Dutra (1947), dava
prioridade as áreas de Saúde, ALimentação, Transporte e Energia.
Letra c – O Plano Plurianual é um instrumento de planejamento da
administração pública, não podendo ser considerado como um plano
econômico.
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Letra d – O Plano de Metas foi criado pelo governo Juscelino Kubitschek, tendo
como objetivo estabelecer as bases de uma economia industrial madura no
país, introduzindo de ímpeto o setor produtor de bens de consumo duráveis.
Letra e – Este Plano não foi abarcado entre os planos cobrados pelo edital. De
todo modo, vamos aos comentários: O governo Castelo Branco lançou o PAEG
(Plano de Ação Econômica do Governo), com vistas a resolver os problemas
econômicos. O PAEG pode ser dividido em duas linhas de atuação: políticas
conjunturais de combate à inflação, associadas a reformas estruturais que
permitiram o equacionamento dos problemas inflacionários e das dificuldades
que se colocavam ao crescimento econômico. Os objetivos colocados pelo
PAEG foram: acelerar o ritmo de desenvolvimento econômico, conter o
processo inflacionário, atenuar os desequilíbrios setoriais e regionais, aumentar
o investimento e com isso o emprego, e corrigir a tendência ao desequilíbrio
externo. O controle inflacionário e/ou as formas de conviver com ela eram
vistos como precondições para a retomada do desenvolvimento, e o combate à
inflação só poderia ser feito acoplado às reformas institucionais.
Gabarito: letra “b”.
10 – (Analista de Ativ. Meio Ambiente/SEPLAG-DF – CESPE/2009) A
análise da economia brasileira é importante para compreender os
fenômenos econômicos que caracterizam o país. A esse respeito,
julgue os itens seguintes.
76 Os esforços de promoção do desenvolvimento econômico empreendidos no
âmbito do II Plano Nacional de Desenvolvimento contaram não somente com
inversões públicas, mas também com estímulos diversos ao investimento
privado, exceto aqueles representados pelas barreiras comerciais, formadas
pelos impostos de importação, fortemente reduzidos nesse período.
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O II PND contou com incentivos ao investimento privado. Realizados
por meio do CDE (Conselho de Desenvolvimento Econômico), os
incentivos centraram-se na concessão de crédito do IPI sobre a
compra de equipamentos, a possibilidade de depreciação acelerada, a
isenção do imposto de importação para compra de bens
intermediários, formas mais ou menos explícitas de reserva de
mercado para novos empreendimentos (por exemplo, a Lei da
Informática), garantia de política de preços compatível com as
prioridades da política industrial etc.. Assim sendo, não há porque se
falar em barreiras comerciais, afinal de contas a redução do Imposto
de Importação teve o condão de estimular a produção de bens de
capital por meio da redução dos bens intermediários utilizados neste
processo produtivo.
ERRADO
11 – (Analista de Gestão Pública/PMV – CESPE/2008) O estudo da
economia brasileira, incluindo-se aí o fenômeno inflacionário que a
caracterizou durante um longo período, é importante para a
compreensão da situação econômica atual. No que concerne a esse
assunto, julgue os itens subseqüentes.
100 O financiamento do Plano de Metas se realizou, principalmente, por meio
da inflação, decorrente da expansão monetária, que financiava o gasto público,
e do aumento do crédito, que viabilizava os investimentos privados.
O financiamento dos investimentos públicos ocorrido no período, na
ausência de uma reforma fiscal condizente com as metas e os gastos
estipulados, teve que se valer principalmente da emissão monetária, o
que levou à aceleração inflacionária. Adiciona-se que, conforme
afirmado no tópico referente ao Plano de Metas, o aumento do crédito
dos bancos públicos contribuiu para o estímulo ao investimento
privado.
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CERTO
101 A expansão da indústria de bens de consumo e o desempenho marcante
do setor agrícola constituíram as principais fontes de crescimento da economia
brasileira durante o período do denominado milagre econômico.
Conforme destacado na aula, tanto o setor de bens de consumo leve
(não duráveis) como a agricultura apresentaram desempenhos
modestos durante a duração do plano. O crescimento que
apresentaram deveu-se ao aumento da massa salarial, que, por sua
vez, se deve ao aumento de emprego, e ao crescimento das
exportações de manufaturados tradicionais e de produtos agrícolas. A
agricultura cresceu 4,5% a.a., em média, no período, apesar da forte
expansão do crédito agrícola, centrado no BB. Nesta fase, deu-se o
início do processo de modernização agrícola, através da mecanização,
fazendo com que esta se tornasse importante fonte de demanda para
indústria.
ERRADO
102 O foco do II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) foi eliminar as
restrições, tanto estruturais como externas, ao crescimento da economia
brasileira, mediante investimentos nos setores de infra-estrutura, bens de
produção, energia e exportações.
Estes foram de fato as opções de investimento feito pelo governo em
decorrência do estrangulamento externo. Não obstante, este
crescimento foi financiado por meio do financiamento contraído via
empresas estatais.
CERTO
103 Em face dos choques externos — incluindo-se aí o aumento do preço do
petróleo e a alta das taxas de juros no mercado internacional —, o ajuste
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estrutural do governo Geisel, embora bem-sucedido, aumentou a
vulnerabilidade externa da economia e o estoque da dívida pública.
Com o segundo choque do petróleo o país se viu diante de uma difícil
situação, haja vista tanto os elevados déficits do balanço de
pagamentos como a elevação da inflação. O diagnóstico básico, tanto
para o desequilíbrio externo quanto para a aceleração inflacionária,
era o excesso de demanda interna, materializada no déficit público. A
política econômica procurou centrar-se no controle da demanda
agregada, evitando que esta crescesse ainda mais (era o chamado
choque ortodoxo, caracterizado pela elevação nos juros). Destaca-se,
no entanto, que a ameaça de profunda queda da atividade econômica
levou à grande reação política, e à substituição do ministro Simonsen
por Delfim Neto.
CERTO