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EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE

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EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE

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ASPECTOS GERAIS

• A posse permite ao seu possuidor invocar os interditos possessórios, perante o Poder Judiciário, para repelir qualquer atentado ao seu direito.

• Savigny chega a afirmar serem dois os únicos efeitos da posse: invocação dos interditos e o usucapião.

• Para alguns autores é o único e verdadeiro efeito

decorrente da posse (Azevedo Marques, Edmundo Lins e Vicente Rao).

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• NATUREZA JURÍDICA: -Ação Executória lato sensu (auto-executável) exceto a

indenização por danos que deverá ensejar uma ação executória por quantia certa e a o obrigação de fazer (desfazimento da construção, por tutela específica, 461 do Código de Processo Civil).

• Interdito possessório = ação intentada com o fim de

proteger a posse, e que se caracteriza por uma ordem judicial de manutenção (contra turbações), de reintegração (contra esbulhos), ou por preceito proibitório (contra violência iminente).

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MEIOS DE PROTEÇÃO DA POSSE

• O possuidor tem, por lei, dois meios para proteger sua posse:

• pelo desforço incontinenti (legítima defesa); 1210, §1º • pelo recurso ao Poder Judiciário, invocando os interditos possessórios. • 1) Fora da ação judicial ou antes dela, o possuidor pode reagir em defesa de

sua posse com sua própria força. A própria lei, excepcionalmente, faculta à vítima a possibilidade de defender-se, diretamente, com seus próprios meios, desde que obedeça aos requisitos previstos no art. 1.210 do CC, § 1º, in verbis: “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse”.

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AUTO-DEFESA DA POSSE• Para que a defesa seja legítima, portanto, o possuidor deve

obedecer aos requisitos legais:• que a reação ocorra in continenti, imediatamente após a agressão,

pois se houver um intervalo, a autodefesa se converte em comportamento anti-jurídico. (Aliás, o projetode Clóvis Beviláqua mencionava força praticada em “ato contínuo” ao esbulho, e a emenda de Rui Barbosa substituiu a expressão “ato contínuo” por “contanto que o faça logo”. Por conseguinte, o desforço para a defesa da posse há de ser in continenti e não in intervallo, pois “a força empregada tardiamente revestiria o caráter de vingança privada, inimiga do Direito”.

• É necessário que, quando o atentado à posse é de natureza

clandestina, o desforço em defesa da posse se faça logo que o possuidor receba a notícia do esbulho.

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• a reação deve se limitar ao indispensável, para que o possuidor alcance o objetivo pretendido, não podendo, portanto, ser excessiva. A moderação da defesa pessoal será apreciada pelo juiz, de acordo com o critério em matéria de legítima defesa, levando-se em consideração cada caso de per si. “Atua em legítima defesa própria e de outrem quem, diante do inesperado da agressão, usa dos meios necessários ao seu alcance, não se exigindo correta proporcionalidade entre defesa e ataque. O conceito de moderação no uso dos meios de defesa – decidiu o Tribunal – é de natureza personalíssima e varia de acordo com as circunstâncias do caso”.

• O direito reconhecido ao possuidor, pelo art. 1.210 do CC,tem sua base na regra geral consagrada no art. 188, I, do CC, que declara não constituir ato ilícito o praticado no exercício regular de um direito reconhecido. Por conseguinte, o desforço imediato, praticado dentro dos limites legais, não constitui ato ilícito. (O que não pode é o réu alegar a “exceção de domínio”).

• Com a redação do art. 923 do CPC não há mais que alegar ser ele o proprietário, como defesa em ação possessória, exceto se ambos os contendores estiverem disputando a posse a título de proprietário.

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2) Os interditos possessórios

• Caso não seja possível a autodefesa, o possuidor poderá dispor da via judicial, utilizando-se dos interditos possessórios, os quais são direitos exclusivos daquele que tem posse da coisa. “Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou tentando recuperá-la, é violentamente repelido” (CC, art. 1.224).

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• DEFINIÇÃO: Os interditos possessórios são o remédio jurídico que

tem o possuidor, à sua disposição, para a defesa de sua posse contra a turbação, esbulho ou ameaça.

• POSSUIDOR:

• Legitimidade ativa: possuidor (direto ou indireto – concorrente – litisconsorcio facultativo)

-Definição de Savigny – art.1196 e 1197, in fine, CC.

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• Legitimidade passiva: para responder - Herdeiro ou sucessor causa mortis – art. 1207

- Sucessor a título singular ou inter vivos – art. 1212 (de má-fé).

- Se incapaz- legitimado: o responsável -representante. - Se foi ordenado por alguém: contra este que ordenou. - Pessoa jurídica de direito privado - Pessoa jurídica de direito público (928 CPC) - DETENTOR: nomeia o possuidor à autoria (CPC 62) - POSSUIDOR DIRETO: nomeia o indireto à lide (70,II, CPC)

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Classificação das possessórias• Há situações em que o possuidor perde a posse; outras em que

vê a sua posse ser apenas embaraçada, turbada, sem perdê-la; • Outras, ainda, em que há apenas uma ameaça de turbação ou

de esbulho. A cada uma dessas agressões a lei concede uma espécie de ação possessória:

• no caso de turbação, a ação própria é a de manutenção de posse;

• no esbulho, a medida protetora correspondente é a ação de reintegração de posse;

• na simples ameaça, o legislador permite ao possuidor a ação de interdito proibitório.

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1. AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE • Ex: um grupo de funcionários,liderados por

sindicalistas, entre eles o apelado, e os demais réus, turbaram a posse da autora, dominando a entrada e saída da propriedade, impedindo o ingresso de funcionários ao trabalho, fazendo “arrastão” para impedir que outros trabalhassem, ameaçando trabalhadores, inclusive motoristas e faxineiros, tentando invadir o prédio da administração da autora. Houve turbação? Ou Esbulho?

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• O objetivo da ação de manutenção de posse é manter o possuidor na posse em caso de turbação. Através desta ação, o possuidor visa a obter mandado judicial, a fim de fazer cessar a turbação, como mostra a ementa do acórdão destacado.

• Tal modalidade de ação destina-se, pois, a pacificar apenas a posse turbada. Afinal, o que vem a ser turbação? Por que a propositura da ação de manutenção é possível apenas no caso de turbação, e não no de esbulho?

• art. 921 Código de Processo Civil: Problema da turbação

pode se concretizar através de um ato único, ou através de uma série sucessiva de atos turbativos.

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2. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE

• A ação de reintegração de posse tem por escopo a recuperação da posse perdida ou esbulhada, visto que, o primeiro requisito essencial para essa ação, é a posse do autor, ao tempo do esbulho.

• Esbulho é a “privação da posse de quaisquer bens, por ato de violência ou fraude”.

• A ação de reintegração de posse cabe ao possuidor que tenha perdido a posse que vinha exercendo sobre o imóvel.

• Também é certo que, se o autor não tem título dominial de seu imóvel, pode utilizar-se da proteção possessória no caso de turbação ou de esbulho.

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• O esbulho, por sua vez, ocorre por ação ou reação.

• Por ação, quando há atividades do agressor, objetivando o apossamento da coisa, sem fazer uso do processo. É o esbulhador ativo, aquele que simplesmente invade sem fazer uso de processo.

• Por reação, se o agressor permanece em posição passiva, reagindo ao titular da posse e impedindo a retomada da coisa.

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Procedimento das possessórias

• No que concerne ao procedimento específico das possessórias - art. 926 e seguintes, cabendo ao autor, se o esbulho ou turbação não dura mais de ano e dia, pedir ao juiz o deferimento do mandado liminar de manutenção ou reintegração de posse.

• Decretada a reintegração provisória, nos termos do art. 931 da Lei processual, o procedimento a seguir será o ordinário

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PRESSUPOSUSTOS – 927 CPC

Incumbe ao autor provar:

• I – a sua posse;• II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;• III – a data da turbação ou do esbulho;• IV – a continuação da posse, embora turbada,

na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração”.

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• Para evitar, principalmente os vários atos de inquietação ao possuidor, a ação de manutenção de posse poderá, também, cominar pena para o caso de reincidência, bem como o recebimento de indenização pelos danos causados, além de possibilitar a ordem de desafazimento de plantações ou obras em detrimento da posse, sendo o pedido possessório prejudicial em relação aos demais (o rito segue da possessória, sendo exceção ao 292, §2º).

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• Art. 928 do CPC– o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.

• O que pode acontecer se o autor não provar que a espoliação ocorreu a menos de ano e dia? Art. 924 do CPC, in verbis: “Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentada dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório”.

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3.INTERDITO PROIBITÓRIO (932 CPC)

• Se o ataque ainda não se realizou, havendo apenas uma ameaça à posse, de turbação ou de esbulho, bem como fundado receio por parte do possuidor, de sofrer a violência, é o interdito proibitório a ação apropriada como medida preventiva de proteção possessória.

• Nessas circunstâncias, o possuidor tem direito de propor a competente ação de interdito proibitório, a fim de obter mandado judicial para se defender da violência iminente, contra aquele que está tentando efetivar a turbação ou o esbulho.

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• O interdito proibitório é também conhecido como preceito cominatório.

• O interdito proibitório é uma das modalidades de ação possessória de caráter preventivo.

• “A decisão que acolhe pedido de interdito proibitório e defere medida liminar determinando o sindicato que se abstenha de praticar quaisquer atos de coação física ou moral voltados a impossibilitar o funcionamento de agências bancárias, - decidiu o Tribunal - não fere direito, nem o de greve, pois o que dispõe é a necessidade de respeitar as normas constitucionais e legais que garantem a liberdade de ir e vir, o direito à vida e à incolumidade física e o direito de propriedade, ou seja, tal decisão impede o abuso de direito” (in RT733/252).

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FUNGIBILIDADE DAS POSSESSÓRIAS

• Se o possuidor não identifica a ação possessória correspondente, isto em nada prejudicará a eficácia da tutela da posse, consoante autoriza o art. 920 do CPC, in verbis:

• “A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados”.

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• Pelo princípio da adstrição ou congruência, 128 e 460 do Código de Processo Civil, vedando que a sentença seja citra, ultra ou extra petita, bem como pela impossibilidade de mudar a inicial depois da citação e com a concordância do réu até saneamento (264), MAS DEVE ATENDER o 920 Código de Processo Civil.

• Se o autor se engana e descreve uma por outra;

• Qdo muda a realidade e a ameaça vira turbação e esta esbulho na tramitação da lide.

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• Só cabe fungibilidade até o trânsito em julgado (921, II CPC);

• Ou “A posse que se prova, inicialmente, é aquela do momento da propositura da ação. As demais no correr da instrução” (in RT 706/75).O que não pode acontecer é o titular do domínio que nunca teve posse, propor ação possessória.

• O que legitima o autor da ação possessória, repita-se, é o fato “posse”. Ou como escreve Adroaldo F.Fabrício: “Assim, não basta ao autor provar seu direito à posse; tem de provar que a exerceu de fato, ou que ainda a exerce”.

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• Quem só prova o domínio, carece de ação possessória, e o juiz não pode conhecer o pedido porque não é permitida a conversibilidade no caso.

• A propósito, o STF decidiu que “não é possível aceitar a conversão de uma ação meramente possessória em reivindicatória, visto que uma é possessória, enquanto a outra tem natureza petitória, assentando no domínio, apresentando, inclusive, fundamentos diversos” (in RTJ,73/882).

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AÇÃO PETITÓRIA OU REIVINDICATÓRIA DE POSSE

• Se uma pessoa tem apenas o domínio e pretende reaver seus bens “do poder de quem quer que, injustamente, os possua” (CC, art. 1.228), o veículo adequado para o exercício de taldireito é a ação reivindicatória.

• Reivindicar é tirar a coisa de quem injustamente a possua, e os elementos essenciais para o petitório são:domínio do autor e posse do réu.

• É incabível, como já dissemos, o proprietário, que nunca teve posse, propor ação possessória.

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• Quando a questão for de domínio, ao juiz é vedado, nas ações possessórias, dirimir questão relativa ao título de propriedade, se o autor não tiver posse.

• Os direitos suscetíveis de posse, por sua vez, são apenas os que consistem em desmembramentos dela, os chamados direitos reais, excluídos os de garantia.

• Ipso facto, os interditos protegem a posse de direito real, exceto os direitos reais de garantia, como é o caso da hipoteca.

• Se houver a turbação da posse de direito real de uso ou gozo sobre imóvel, é cabível a ação de manutenção de posse.

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Caráter dúplice das possessórias (actio duplex)• Pedido contraposto do réu e não reconvenção

(já que esta é menos célere e exige os requisitos de uma ação, transbordando, pois aos objetivos das possessórias, que pretende ser muito célere).

• Mas pode o réu postular antecipação de tutela (273 Código de Processo Civil), já que adentrou o rito ordinário e não há outra forma de benefício ao réu in casu. Não é qualquer objeto que pode ser deduzido pelo réu na contestação com essa finalidade, na via excepcional, portanto, só as do 922 Código de Processo Civil.