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DIREITO PENAL III – 4.° ano Prof. João Paulo Martinelli INDUZIMENTO A FUGA, ENTREGA ARBITRÁRIA OU SONEGAÇÃO DE INCAPAZES Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. São três as condutas incriminadas: 1) Induzir o menor ou interdito a fugir do lugar em que se encontra, por determinação legal ou judicial, sob autoridade de alguém. 2) Entregar arbitrariamente o incapaz através do ato de confiá-lo a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador. 3) Sonegar o incapaz a quem legitimamente o reclame. O agente retém o incapaz, deixa de entregar a quem legitimamente o reclama. “Há justa causa para a ação penal, pelo delito do art. 248 do CP, instaurada contra quem vende recém-nascido cuja guarda lhe fora confiada pela mãe” (TACRIM-SP – HC – RT 527/357). “Sonegação de menor – “Agente que, após tomar conhecimento da sentença que revogou a liminar e atribuiu a guarda da menor ao avô, comparece perante a autoridade policial para prestar declarações. Não se pode cogitar do cometimento do delito por quem, uma vez conhecida a sentença, tratou de cumpri-la” (TACRIM-SP – HC – JUTACRIM 74/110). “No crime de subtração de incapaz, o menor é tirado do poder de quem o tem, sob sua guarda, em virtude de lei ou ordem judicial, ao passo que o de sonegação de incapaz consiste na recusa de entrega (retenção), sem justa causa, do incapaz a quem legitimamente o reclame” (TAMG – AC – RT 638/328).

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DIREITO PENAL III – 4.° anoProf. João Paulo Martinelli

INDUZIMENTO A FUGA, ENTREGA ARBITRÁRIA OU SONEGAÇÃO DE INCAPAZES

Art. 248 - Induzir menor de dezoito anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador algum menor de dezoito anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame:

Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

São três as condutas incriminadas:

1) Induzir o menor ou interdito a fugir do lugar em que se encontra, por determinação legal ou judicial, sob autoridade de alguém.

2) Entregar arbitrariamente o incapaz através do ato de confiá-lo a outrem sem ordem do pai, do tutor ou do curador.

3) Sonegar o incapaz a quem legitimamente o reclame. O agente retém o incapaz, deixa de entregar a quem legitimamente o reclama.

“Há justa causa para a ação penal, pelo delito do art. 248 do CP, instaurada contra quem vende recém-nascido cuja guarda lhe fora confiada pela mãe” (TACRIM-SP – HC – RT 527/357).

“Sonegação de menor – “Agente que, após tomar conhecimento da sentença que revogou a liminar e atribuiu a guarda da menor ao avô, comparece perante a autoridade policial para prestar declarações. Não se pode cogitar do cometimento do delito por quem, uma vez conhecida a sentença, tratou de cumpri-la” (TACRIM-SP – HC – JUTACRIM 74/110).

“No crime de subtração de incapaz, o menor é tirado do poder de quem o tem, sob sua guarda, em virtude de lei ou ordem judicial, ao passo que o de sonegação de incapaz consiste na recusa de entrega (retenção), sem justa causa, do incapaz a quem legitimamente o reclame” (TAMG – AC – RT 638/328).

No crime do art. 248, o menor é persuadido a sair do local onde se encontra, o que não ocorre no art. 249, no qual o incapaz é retirado do lugar.

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SUBTRAÇÃO DE INCAPAZES

Art. 249 - Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime.

§ 1º - O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda.

§ 2º - No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.

O crime consiste em subtrair o incapaz do poder, guarda ou vigilância de quem de direito. O comportamento do agente deve ser de tal ordem que crie um estado ou situação que inviabilize a guarda ou vigilância.

A conduta pode ser praticada por vários meios, como violência, grave ameaça ou fraude. Tal crime é subsidiário, pois só subsiste se não configurar outro mais grave (por exemplo, extorsão mediante seqüestro).

Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo, inclusive o pai ou tutor do menor, se destituídos ou temporariamente privados do poder familiar ou tutela.

“O fato de ser o autor da subtração pai do menor não descaracteriza a infração prevista no art. 249 do CP, se estava temporariamente privado de sua guarda” (TJPR – AC – RT 267/662).

“Pratica o crime do art. 249 do CP o pai que retém em seu poder os filhos, aproveitando-se da visita regular que fazia aos mesmos, subtraindo-os da guarda da mãe, que a tem em virtude de decisão judicial” (TJDF – AC – RT 283/753).

“Responde pelo delito do art. 249 do CP quem, embora sem qualquer intenção de seqüestrar incapaz, busca frustrar medida judicial de busca e apreensão” (TACRIM-SP – AC – JUTACRIM 30/390).

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QUESTÕES

(OAB-119) Indique a denominação deste crime: Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial.

(A) Subtração de incapazes.(B) Rapto ou seqüestro.(C) Seqüestro ou cárcere privado.(D) Entrega de filho menor a pessoa inidônea.

(OAB-118) João registrou Pedro como seu filho, quando na realidade era filho de José. Cometeu ele algum crime?

(A) Sim, o crime de "supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido".(B) Não cometeu crime algum, eis que presente o motivo de reconhecida nobreza.(C) Sim, cometeu o crime de "sonegação de estado de filiação".(D) Não, o Direito Penal não contempla qualquer espécie de crime em relação à conduta de João, que agiu no interesse do menor.

Discussão:

1) Se o menor foge sozinho de casa, de acordo com sua livre vontade, existe crime? E o eventual auxílio à iniciativa do menor, é crime?

2) Analisando os arts. 249, 330 e 359 do CP, responda: O pai, após separação judicial, possui o direito de visitas os filhos das 8:00 de sábado até as 22:00 de domingo. Passado esse período, o pai não devolve as crianças à mãe, que tem a guarda nos demais dias. Qual o crime praticado?

3) Qual a conseqüência para o agente se o menor é devolvido espontaneamente ao responsável? E se a restituição ocorrer por meio da força policial?