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Avaliação de Desempenho através do "Gerenciamento por Objetos" Orlando Pavani Júnior O Gerenciamento por Objetos é o nome adotado para o modelo de gestão proposto e está baseado nos conceitos da programação cibernética baseada em "objetos" (Projeto Baseado em Objetos - Ed. Campus - Peter Coad e Edward Yourdon) adaptado aos conceitos, princípios e fundamentos protagonizados pela maioria dos grandes autores no estudo da administração das organizações, desde a era da Administração Científica. A grande intenção era desenvolver um modelo de gestão que viabilizasse a implementação de todo e qualquer pressuposto do conhecimento organizacional, defendido por esta enorme gama de autores, independentemente de sua linha ideológica, e que valorizasse preponderantemente as recentes necessidades do mercado competitivo, globalizado e altamente desenvolvido tecnologicamente, principalmente no que tange a gestão da informação. A "Era da Informação", conforme rotula o austríaco Peter Drucker, exige sérias transformações no modelo de gestão das organizações "comportando-se de maneira muito diferente e exigindo também comportamento muito diverso de todos os seus membros" (pág. 198 - As Fronteiras da Administração - Peter Drucker - Ed. Pioneira). As Avaliações de Desempenho ganham importância suplementar haja vista que os resultados precisam ser alcançados através dos processos instalados na organização que sempre são e sempre serão (até que seja efetivamente desenvolvida a inteligência artificial) executados por pessoas. Peter Drucker diz que "Vinte anos atrás, incluíamos na análise do desempenho do pessoal administrativo a seguinte pergunta: "Está em condições de ser promovido?" Agora precisamos substituí-la por: "Está preparado para um desafio maior e mais exigente e para o aumento das responsabilidades de seu cargo atual?". Uma organização baseada na informação é plana, com número muito menor de níveis de

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Avaliação de Desempenho através do "Gerenciamento por Objetos"

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Avaliação de Desempenho através do "Gerenciamento por Objetos"

Orlando Pavani Júnior

O Gerenciamento por Objetos é o nome adotado para o modelo de gestão proposto e está baseado nos conceitos da programação cibernética baseada em "objetos" (Projeto Baseado em Objetos - Ed. Campus - Peter Coad e Edward Yourdon) adaptado aos conceitos, princípios e fundamentos protagonizados pela maioria dos grandes autores no estudo da administração das organizações, desde a era da Administração Científica.

A grande intenção era desenvolver um modelo de gestão que viabilizasse a implementação de todo e qualquer pressuposto do conhecimento organizacional, defendido por esta enorme gama de autores, independentemente de sua linha ideológica, e que valorizasse preponderantemente as recentes necessidades do mercado competitivo, globalizado e altamente desenvolvido tecnologicamente, principalmente no que tange a gestão da informação.

A "Era da Informação", conforme rotula o austríaco Peter Drucker, exige sérias transformações no modelo de gestão das organizações "comportando-se de maneira muito diferente e exigindo também comportamento muito diverso de todos os seus membros" (pág. 198 - As Fronteiras da Administração - Peter Drucker - Ed. Pioneira). As Avaliações de Desempenho ganham importância suplementar haja vista que os resultados precisam ser alcançados através dos processos instalados na organização que sempre são e sempre serão (até que seja efetivamente desenvolvida a inteligência artificial) executados por pessoas.

Peter Drucker diz que "Vinte anos atrás, incluíamos na análise do desempenho do pessoal administrativo a seguinte pergunta: "Está em condições de ser promovido?" Agora precisamos substituí-la por: "Está preparado para um desafio maior e mais exigente e para o aumento das responsabilidades de seu cargo atual?". Uma organização baseada na informação é plana, com número muito menor de níveis de administração do que o exigido pelas organizações convencionais!" (pág. 196 - As Fronteiras da Administração - Peter Drucker - Ed. Pioneira).

Todos os pressupostos do Gerenciamento por Objetos parte desta premissa de Peter Drucker de que a era da informação exige uma estrutura plana apoiada muito mais na responsabilidade de seus membros do que na subordinação hierárquica propriamente dita. Cada membro da organização "é um solista, do qual espera um desempenho análogo ao do pianista que toca um concerto de Beethoven, onde tanto ele quanto a orquestra ao seu redor, ou seja, o resto da equipe, só podem funcionar porque conhecem a partitura caracterizando ser a informação, e não a autoridade, que lhes permite apoiar mutuamente um ao outro... o fluxo é circular, de baixo para cima e depois novamente para baixo... exige um elevado nível de autodisciplina dotada de uma liderança que respeite o desempenho, mas promova a autodisciplina e a responsabilidade." (pág. 199 a 201 - As Fronteiras da Administração - Peter Drucker - Ed. Pioneira).

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Para este mesmo autor em sua entrevista publicada em março de 1997 pela HSM - Management: "No caso do trabalhador manual, julgávamos conhecer a tarefa e fazíamos a pergunta: Como o trabalho deveria ser feito? Se considerarmos o trabalho na era do conhecimento a pergunta deverá ser: Qual seria a tarefa? O como é importante mas virá muito depois...isto que dizer que o "chefe" não poderá saber o que seu "subordinado" está ou deveria estar fazendo, enfatizando a figura do operário do conhecimento, da responsabilidade e da autodisciplina".

A proposta apresentada mais adiante parte da premissa de que todos os trabalhadores de uma equipe terão duas responsabilidades. A primeira será a de direcionar sua contribuição para os resultados e não para o término da tarefa em si, e a outra será fazer com que todos os membros da equipe entendam exatamente o que se espera deles sob o ponto de vista do próximo usuário de suas tarefas. Esta circunstância tem efeitos bastante vastos podendo tornar obsoleta toda a estrutura organizacional clássica, reduzindo níveis herárquicos e eliminando predominantemente os níveis intermediários desta estrutura.

Peter Drucker na mesma entrevista diz: "Observa-se que a maioria dos níveis tradicionais de gerência não gerencia nada , nem ninguém. Eles funcionam como relés para os sinais fracos que vem do topo, bem como para os sinais igualmente fracos que vem da base da organização...Compreendemos ao longo dos últimos anos que deve haver um limite para o número de níveis hierárquicos, a fim de preparar as pessoas para posições administrativas maiores...Cinco anos é tempo suficiente para aprender e testar a pessoa na função. Pouquíssimas pessoas obtém seu primeiro cargo de gerente com menos de 25 anos, geralmente isto acontece perto dos 30 anos. Isso quer dizer que é preciso ter pessoas sendo preparadas para assumir cargos na alta administração com pelo menos 20 anos de antecedência, o que implica em, no máximo, quatro cargos, nos dando uma alternativa ideal de três níveis abaixo da alta administração. Se houver mais níveis, as pessoas não estarão sendo suficientemente preparadas, ou os critérios de promoção estarão baseados em favorecimentos pessoais" (e não no melhor desempenho como seria de se esperar).

A Avaliação de Desempenho através do Gerenciamento por Objetos nada mais é do que o uso de um modelo de gestão altamente flexível onde todos sabem o que fazem e para quem fazem, desestimulando a supremacia da cobrança hierárquica mas fortalecendo a cobrança autodisciplinada, responsável e com enfoque na utilização prática de cada trabalho executado por alguém.

Jan Carlzon em seu livro "Moments of Truth" (Publicado no Brasil com o título A Hora da Verdade pela Editora COP) relata a operacionalização desta redução de níveis hierárquicos defendido por Drucker com o objetivo de acelerar o processo de respostas as necessidades e expectativas dos clientes de sua empresa aérea. Ele diz: "Livrei-me das barreiras á comunicação afastando os gerentes de nível médio - contratados para fazer com que as instruções fossem seguidas - do papel de administrador e transforma-mo-los em líderes e auxiliares do pessoal da linha de frente que atende diretamente o cliente e ao mercado....No curto-circuito inicial não foram fornecidas a média gerência alternativas viáveis para o seu antigo papel de intérprete de regras, deixando-os efetivamente desmoralizados, sugerindo uma literal virada de cabeça para baixo a estrutura organizacional anterior".

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O Gerenciamento por Objetos também respeita esta prática bem sucedida de Jan Carlzon a qual denominaremos mais adiante de Modelo de Gestão baseado no pressuposto da inversão Piramidal.

Um outro pressuposto que teve influência definitiva durante a realização desta dissertação foi um dos conceitos de qualidade protagonizados por Philip Crosby. Estou longe de considerar a definição de Crosby a mais ideal, prefiro com larga margem de abrangência a definição de Genichi Taguchi que diz que "Qualidade é a menor perda econômica imposta a sociedade", o que significa que qualquer minimização de perda econômica que se imponha a sociedade configura uma maior oferta de qualidade, uma definição que considero estar além de nosso tempo, no entanto, voltando a Crosby, devo admitir que sua definição de tão simples que é ajudou em muito a própria definição do que é "objeto".

Crosby em seu livro "Qualidade é Investimento" (Ed. José Olympio) define qualidade "como sendo conformidade com os requisitos, assim, quem se referir a qualidade de vida precisa definir esta vida em termos específicos, como rendimentos adequados, saúde, controle da poluição, programas políticos e outros ítens que podem ser mensuráveis. Quando todos os critérios estiverem definidos, explicados e efetivamente entendidos será possível e praticável a qualidade de vida pretendida. O mesmo ocorre nos negócios onde os requisitos precisam ser claramente expostos para que não haja confusão....substitua sempre a palavra qualidade por conformidade com os requisitos."

Por mais simples que possa parecer, esta definição viabilizou a utilização do conceito dos "objetos" permitindo construir toda o embasamento teórico que apresentarei a seguir descrevendo o estágio atual do Gerenciamento por Objetos e sua relação com a Avaliação de Desempenho numa organização plana.

Orlando Pavani Júnior [email protected] fonte: http://www.gaussconsulting.com.br/