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AVALIAÇÃO DE INCUBADORAS: ESTUDO DE CASO - INCUBADORA DE EMPRESAS DE ARARAQUARA Geralda Cristina de Freitas Ramalheiro 1 , Lucas José Campanha 2 , Natália Luiza Sartorelli 3 , Ricardo Augusto Bonotto Barboza 4 , Sergio Azevedo Fonseca 5 . O movimento de incubadoras de empresas teve origem na década de 80 do século passado, ganhando amplitude e notoriedade nas décadas seguintes. Em países como o Brasil ganhou o status de política pública de apoio à inovação e ao desenvolvimento local, mobilizando volumes significativos de recursos públicos. Essa característica de política pública passou a exigir a adoção de instrumentos e medidas passíveis de avaliarem a efetividade das incubadoras no desempenho das suas funções e das suas responsabilidades sociais e econômicas. Motivado pelo propósito de contribuir com essa demanda, o Departamento de Administração Pública da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara concebeu e elaborou um modelo conceitual, aplicável para fins de avaliação do desempenho e de apoio à gestão de incubadoras. O modelo possibilita a identificação de desajustes estruturais e operacionais, além de auxiliar na implantação de melhorias nas mais variadas dimensões do desempenho e aprimorando a efetividade das operações das incubadoras. Para verificar a amplitude deste instrumento, as diretrizes propostas foram implantadas de forma piloto na Incubadora de Empresas de Araraquara a partir do ano de 2012. O trabalho proposto ao abrigo deste resumo contempla os resultados de pesquisa realizada na incubadora, apontando as virtudes e fragilidades do modelo. Palavras-chave: Desempenho, Gestão, Sustentabilidade; Incubadora; 1 Graduada em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara - Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 9786-5853, [email protected]. 2 Graduado em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara - Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 8833-7734, [email protected].. 3 Graduada em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara- Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 9753-5645, [email protected]. 4 Doutor em Alimentos pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 9705-7225, [email protected]. 5 Doutor em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara -Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 3334-6536, [email protected].

AVALIAÇÃO DE INCUBADORAS: ESTUDO DE CASO …anprotec.org.br/anprotec2014/files/artigos/artigo (40).pdf · Mundial), a avaliação dos benefícios sociais das incubadoras de empresas

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AVALIAÇÃO DE INCUBADORAS: ESTUDO DE CASO -

INCUBADORA DE EMPRESAS DE ARARAQUARA

Geralda Cristina de Freitas Ramalheiro1, Lucas José Campanha

2, Natália Luiza Sartorelli

3,

Ricardo Augusto Bonotto Barboza4, Sergio Azevedo Fonseca

5.

O movimento de incubadoras de empresas teve origem na década de 80 do século passado,

ganhando amplitude e notoriedade nas décadas seguintes. Em países como o Brasil ganhou o

status de política pública de apoio à inovação e ao desenvolvimento local, mobilizando

volumes significativos de recursos públicos. Essa característica de política pública passou a

exigir a adoção de instrumentos e medidas passíveis de avaliarem a efetividade das

incubadoras no desempenho das suas funções e das suas responsabilidades sociais e

econômicas. Motivado pelo propósito de contribuir com essa demanda, o Departamento de

Administração Pública da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP/Araraquara concebeu e

elaborou um modelo conceitual, aplicável para fins de avaliação do desempenho e de apoio à

gestão de incubadoras. O modelo possibilita a identificação de desajustes estruturais e

operacionais, além de auxiliar na implantação de melhorias nas mais variadas dimensões do

desempenho e aprimorando a efetividade das operações das incubadoras. Para verificar a

amplitude deste instrumento, as diretrizes propostas foram implantadas de forma piloto na

Incubadora de Empresas de Araraquara a partir do ano de 2012. O trabalho proposto ao abrigo

deste resumo contempla os resultados de pesquisa realizada na incubadora, apontando as

virtudes e fragilidades do modelo.

Palavras-chave: Desempenho, Gestão, Sustentabilidade; Incubadora;

1 Graduada em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-

Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 9786-5853, [email protected].

2 Graduado em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-

Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 8833-7734, [email protected]..

3 Graduada em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-

Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 9753-5645, [email protected].

4 Doutor em Alimentos pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-Jaú Km

1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 9705-7225, [email protected].

5 Doutor em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-Jaú

Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 3334-6536, [email protected].

INCUBATORS ASSESSMENT: A CASE STUDY - BUSINESS

INCUBATOR ARARAQUARA

Geralda Cristina de Freitas Ramalheiro6, Lucas José Campanha

7, Natália Luiza Sartorelli

8,

Ricardo Augusto Bonotto Barboza9, Sergio Azevedo Fonseca

10.

The movement of incubators originated in the 80s of last century, gaining breadth and

notoriety in the following decades. In countries such as Brazil won the status of public policy

to support innovation and local development, mobilizing significant amounts of public

resources. This characteristic of public policy has required the adoption of instruments and

measures that could assess the effectiveness of incubators in the performance of their duties

and their social and economic responsibilities. Motivated by the aim of contributing to this

demand, the Department of Public Administration, Faculty of Science and Letters UNESP /

Araraquara’ conceived and developed a conceptual model, applicable for purposes of

performance evaluation and management support of incubators. The model allows the

identification of structural and operational misfits, and assists in implementing improvements

in various dimensions of performance and enhancing the effectiveness of the operations of

incubators. To check the range of the instrument, the proposed guidelines were implemented

as a pilot project in the Business Incubator Araraquara’ from the year 2012. The work

proposed under this summary includes the results of research conducted in the incubator,

pointing out the strengths and weaknesses of the model.

Keywords: Performance, Management, Sustainability; Incubator;

6 Graduada em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-

Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 9786-5853, [email protected].

7 Graduado em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-

Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 8833-7734, [email protected]..

8 Graduada em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-

Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 9753-5645, [email protected].

9 Doutor em Alimentos pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-Jaú Km

1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 9705-7225, [email protected].

10 Doutor em Administração pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rod. Araraquara-

Jaú Km 1, Bairro Machados, Araraquara, SP, (16) 3334-6536, [email protected].

INTRODUÇÃO

As incubadoras de empresas são historicamente reconhecidas como instrumentos de

dois tipos de políticas públicas: uma, de apoio à inovação, por meio do incentivo à criação de

novos empreendimentos de base tecnológica; outra, de apoio a ao desenvolvimento local,

estimulando o empreendedorismo e fortalecendo micro e pequenos empreendimentos já

existentes, contribuindo assim para a geração emprego e renda.

Elas são consideradas, no Brasil, instrumentos de política pública, uma vez que a

grande maioria das unidades em operação no país foram implantadas com recursos públicos e

são mantidas por estes. Além disso, grande parte delas é administrada por instituições

públicas, estatais ou não. Estimativas da Associação Nacional de Entidades Promotoras de

Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC) apontam que, em média, cerca de 30% dos

custos operacionais de incubadoras no país são cobertos com recursos próprios gerados pelas

incubadoras, restando os demais 70% custeados pelo poder público.

Esses são dados que, por si só, justificam a criação de instrumentos de avaliação do

desempenho de incubadoras. O objetivo deste trabalho é, precisamente, o de apresentar a

estrutura de um modelo de avaliação de incubadoras de empresas, utilizando o programa do

município de Araraquara como estudo de caso. Para tanto na primeira seção serão

apresentadas as justificativas para avaliar o desempenho das incubadoras bem como as

dimensões que devem ser avaliadas, na seção dois será apresentado o modelo de avaliação

concebido para este fim.

1. DA IMPORTÂNCIA DE SE AVALIAR O DESEMPENHO DE INCUBADORAS

Para ilustrar a importância de se avaliar o desempenho das incubadoras Bigliardi et al.

(2006) defendem, enfocando casos de quatro parques tecnológicos italianos, uma maior

atenção e rigor dos responsáveis por políticas públicas com as sistemáticas de avaliação.

Também apoiados em um estudo de casos, porém de cinco incubadoras alemãs, Schwartz e

Goöthner (2009) apontam que os esforços de avaliação são cruciais em vista do caráter

público das incubadoras (“programas financiados com fundos públicos”). O mesmo caráter

público das incubadoras é alegado por Sipos e Szabó (2006) para defender a elaboração e o

acompanhamento de planos de negócios de incubadoras em países do leste europeu, como

forma de assegurar desempenhos satisfatórios. Esse enfoque de abordagem, destacando o

papel público desempenhado pelas incubadoras e a responsabilidade das instituições públicas

no suporte às mesmas (ALLEN, 1985; ALLEN e WEINBERG, 1988; REDE, 2001), dá

destaque ao fator político como indutor dos modelos e práticas de avaliação de desempenho.

Outros autores, como Motta e Imoniana (2005), Costa-David et al. (2002), Tornatzky

et al. (2002), Etzkowitz et al. (2005), Sipos e Szabó (2006) integrantes de uma vasta lista de

estudos sobre o tema, apontam os fatores econômicos como relevantes para justificar

investimentos em sistemas de avaliação do desempenho de incubadoras. Entre os benefícios

econômicos apontados estariam o fortalecimento da competitividade das empresas apoiadas

pelas incubadoras, a geração de renda o aumento da carga tributária gerada, a dinamização

das economias locais, entre outros. Uma vez que a extensa maioria dos estudos publicados

aborda, com centralidade, o universo das incubadoras tecnológicas, a geração e a difusão de

inovações são os fatores mais frequentemente apontados como indutores dos benefícios

econômicos. Embora esse tipo de argumento seja defendido, por alguns autores, como

passível de generalização, assumindo um caráter de uma suposta “teoria da incubação

tecnológica” (LEWIS, 2001), não se encontram, na mesma literatura, evidências, metódicas e

sistemáticas, apoiadas nos fundamentos da teoria econômica, que possam oferecer sustentação

aos argumentos enumerados.

A terceira dimensão analítica do impacto das incubadoras é a social. De acordo com o

iDISC (infoDev Incubator Support Center – rede de apoio a incubadoras mantidas pelo Banco

Mundial), a avaliação dos benefícios sociais das incubadoras de empresas tem por objetivo

verificar o grau em que os seus resultados contribuem para a melhoria da qualidade de vida da

sociedade como um todo. Essas contribuições são vistas, pela extensa maioria dos autores que

se debruçam sobre o tema de incubadoras de empresas, tecnológicas ou não, como restritas à

geração de postos de trabalho e renda, sendo esses últimos resultantes do fortalecimento das

empresas assistidas. Despontam, no entanto, notadamente a partir dos anos 2000, os primeiros

estudos sobre incubadoras com enfoque predominantemente social (GUIMARÃES, 2000;

LIMA, 2004; GUIMARÃES e SALOMÃO, 2006).

A quarta ótica de análise pela qual devem ser avaliadas as incubadoras é a ambiental.

Além da abordagem da preocupação ambiental pelas pequenas empresas ser uma questão de

surgimento mais recente na literatura, é a que encontra as maiores resistências nesse contexto

empresarial. Ao tratarem dessas dificuldades, Coimbra et al. (2008) sustentam que, embora

seja “consenso mundial que a questão do desenvolvimento sustentável passa pela mudança do

comportamento...” (p. 70) das organizações, as questões ambientais não recebem a

priorização devida pelas micro e pequenas empresas, em virtude de uma conjugação de

fatores, como: dificuldades de acesso a fontes de financiamento para inovações ambientais;

estrutura organizacional concentrada nos processos produtivo-operacionais; baixa capacitação

de empresários e trabalhadores para a geração/incorporação de inovações, especialmente

ambientais; visão de curto prazo (BRÍO e JUNQUEIRA, 2003). Esse conjunto de restrições

sustenta o distanciamento das micro e pequenas empresas do campo da gestão ambiental.

Esse conjunto de restrições, barreiras e dificuldades à adoção, pelas empresas de pequeno

porte, de práticas ambientais representaria, por si só, um desafio às incubadoras para a

implementação de estratégias que viessem a facilitar essa necessária aproximação.

Em termos culturais, as dificuldades se revelaram ainda maiores. Não que seja

irrelevante ou impróprio o estudo de componentes culturais em contextos de incubadoras. Ao

contrário, como tem revelado a literatura, as incubadoras são estruturas organizacionais que,

nos seus mais diversos formatos e, independente de suas origens, acabam se enraizando e

criando vínculos estreitos com as comunidades locais nas quais se instalam. O estudo dos

aspectos culturais implicaria a avaliação da própria gênese das incubadoras, das origens e dos

tipos de unidades assistidas e apoiadas, dos vínculos com as comunidades locais, das

características dos produtos e serviços resultantes, entre outros. Esses são aspectos que,

embora o iDISC aponte como relevante para se avaliar o desempenho de incubadoras, não

têm sido objeto de investigação pela literatura.

A última das dimensões relevantes é a organizacional. Sob essa ótica a avaliação recai,

essencialmente, sobre aspectos processuais, ou seja, sobre as operações das incubadoras –

diferentemente das demais dimensões, cujos componentes avaliados são, sobretudo, de

resultados, à exceção de alguns poucos inerentes à gestão ambiental. Os referenciais teóricos

mais utilizados são os das teorias organizacionais – para os estudos dos aspectos internos às

incubadoras – e os das teorias das redes e das teorias da inovação – para os estudos das

relações mantidas pelas incubadoras com o vasto leque de parceiros externos. Tanto no plano

quantitativo como no qualitativo, é a dimensão analítica que, juntamente com a econômica,

vem sendo tratada com maior atenção e rigor pela literatura – notadamente a relativa às

incubadoras de empresas (SIPOS e SZABÓ, 2006; ETZKOWITZ et al., 2005; MOTTA e

IMONIANA, 2005; BERGEK e NORRMAN, 2008; EUROPEAN COMMISSION, 2002;

COSTA-DAVID et al., 2002; SANTOS et al. 2005; GUIMARÃES e SILVA FILHO, 2007;

REDE, 2001; TORNATZKY et al., 2002; LALKAKA, 2003).

Uma vez que os processos abordados pelo conjunto dos autores acima listados

refletem uma grande diversidade de classificações, o esforço de consolidação tipológica

amplifica-se. Uma síntese, no entanto, é possível, buscando agregar os principais processos

em três grandes categorias: preliminares ao início das operações das incubadoras;

operacionais internos; operacionais externos. No primeiro grupo são enquadráveis os

seguintes processos: tomada de decisão (iniciativa e mobilização) para a criação da

incubadora; articulação de parcerias para a constituição; definição do modelo jurídico formal

(estatuto) e dos instrumentos jurídicos de apoio à gestão (regimento interno, contratos,

modelos de planos de negócios e outros); definição do local e do espaço a serem ocupados

pela incubadora; delineamento da estratégia; definição e seleção do quadro de pessoal. Na

segunda categoria estariam enquadradas as seguintes atividades: detalhamento, adequação,

atualização e manutenção da infraestrutura; planejamento, implementação e controle de

sistemas administrativos (atividades-meio) e operacionais (conjunto das atividades-fim da

incubadora, ou seja, de apoio às unidades assistidas); capacitação e atualização dos

profissionais da incubadora; gestão do relacionamento com os agentes de interesse internos.

Finalmente a terceira categoria congrega os seguintes processos: gestão do relacionamento

com os agentes de interesse externos (stakeholders); estabelecimento e manutenção de redes

de parcerias com agentes institucionais agregadores de valor; manutenção de laços de

relacionamento com empresas graduadas. Esses são conjuntos de processos que, embora

estudados e, nos casos de muitos dos textos citados, avaliados, em incubadoras de empresas

(com maior ênfase nas tecnológicas), também são encontrados em incubadoras de outros

tipos, com destaque para as da economia solidária. Sugere-se, que o modelo adiante exposto,

na seção 2 deste texto, possa representar uma modesta contribuição ao alcance do propósito

de se avaliar as incubadoras embasadas nestes princípios.

2. MODELO DE AVALIAÇÃO E DE APOIO À GESTÃO DE INCUBADORAS

PROPOSTO

O modelo descrito nesta seção, resultante de pesquisa acadêmica realizada entre 2004

e 2011, foi concebido e estruturado com foco em um triplo propósito, a) avaliar a gestão das

incubadoras; b) apoiar os gestores de incubadoras na identificação de desajustes estruturais e

operacionais e na implementação de medidas para o aprimoramento das variadas dimensões

do desempenho das incubadoras sob suas respectivas responsabilidades; c) contribuir para a

efetividade das operações de incubadoras enquanto instrumentos de política pública (dada a

sua recorrente vinculação a governos locais, universidades e institutos de pesquisa públicos,

no Brasil).

Ele é constituído por nove indicadores, passiveis de enquadramento em dois grupos: o

primeiro abrange as questões referentes à gestão operacional da incubadora e avalia a

capacidade que a incubadora tem para administrar seus processos, a fim de gerar

empreendimentos exitosos. Já o segundo avalia as contribuições da incubadora para o

desempenho das empresas. Entende-se que a incubadora tenha a responsabilidade

institucional de promover o desenvolvimento do ambiente em que ela está inserida, por meio

do apoio à inovação, ao fortalecimento econômico, à geração de benefícios socioculturais, à

adoção de práticas ambientais e ao alcance de ganhos político-institucionais. Os dois blocos

assumem pesos iguais de importância para o processo de avaliação, logo é necessário um bom

desempenho nos dois campos de atuação.

Figura 1: Composição do modelo

Resultados da Pesquisa (2013)

Cada indicador apresenta uma série de componentes internos, fatores relevantes para a

avaliação do desempenho, tratados como variáveis. Ao todo são 54 no modelo. Na próxima

figura são apresentadas as variáveis dos indicadores do primeiro bloco.

Figura 2: Indicadores de gestão

Resultados da Pesquisa (2013)

Esse primeiro bloco é constituído por 4 indicadores e 25 variáveis. O indicador de

Estratégia de Ocupação procura identificar como a incubadora se comporta diante da sua

estratégia, em termos dos tipos de empreendimentos e empresas a serem objeto de apoio e dos

setores de atividade a serem priorizados. O de Retenção avalia a qualidade, a diversidade dos

apoios oferecidos pela incubadora às empresas residentes, assim como a infraestrutura, os

serviços internos e os serviços externos necessários para o desenvolvimento das empresas

assistidas. Indicador de Graduação tem o papel de averiguar a capacidade da incubadora em

assegurar a graduação das empresas dentro dos limites de tempo contratualmente fixados, sem

comprometer a capacidade de sobrevivência das empresas no período pós-incubação. Por fim,

o Indicador de sustentabilidade institucional avalia a capacidade de sobrevivência da

incubadora em longo prazo, do ponto de vista institucional. Entende-se que essa capacidade

guarde relação direta com fatores tais como: a proporção de recursos próprios gerados; a

intensidade dos apoios institucionais recebidos; a motivação, o comprometimento e a

qualificação da equipe de profissionais.

Esses indicadores são aplicáveis a todos os tipos e portes de incubadoras. Percebe-se,

porém, que incubadoras de pequeno porte apresentam um grau maior de dificuldade para

alcançar elevado desempenho neste bloco, visto que apresentam uma série de dificuldades

para conduzir os seus processos e procedimentos. Para minimizar as distorções causadas pelas

diferenças de portes o modelo insere na avaliação final dos indicadores de gestão um fator de

correção.

Com isso, o modelo passa a ser indicativo de que, em casos em que incubadoras de

pequeno porte apresentem desempenho igual ou superior às congêneres maiores, o

desempenho possa ser considerado proporcionalmente mais elevado. A definição desses

fatores será relegada a um segundo momento, pois é dependente do acúmulo de evidências

empíricas e da definição de metodologia apropriada.

A seguir apresenta-se a lógica deste bloco de indicadores.

Figura 3: Lógica dos indicadores de gestão

Resultados da Pesquisa (2013)

O indicador cujo peso é maior para definir o desempenho das incubadoras é o

denominado por sustentabilidade institucional: um elevado desempenho nesse indicador

amplia as condições de aumentar a efetividade nos demais. Na sequência, pode ser situado o

indicador de ocupação: caso a seleção realizada pela incubadora seja de alta qualidade,

problemas poderão ser evitados na retenção e graduação desses empreendimentos.

O segundo bloco de indicadores, avaliadores dos resultados da operação da incubadora

é composto por 5 indicadores e 25 variáveis. O Indicador de Desempenho Ambiental apura o

grau de sensibilidade e comprometimento da incubadora avaliada para com os valores, ativos

e recursos ambientais. Já o indicador de Inovações tem um triplo propósito: a) o de apurar a

intensidade da ocorrência de inovações nas empresas assistidas por incubadoras; b) o de

apurar a tipologia das inovações geradas ou incorporadas pelas empresas; c) o de investigar as

contribuições das incubadoras para as inovações. O Indicador de desempenho sociocultural é

aplicado para avaliar as contribuições sociais da incubadora, notadamente no que diz respeito

Indicador de Sustentabilidade Institucional

à geração e preservação de postos de trabalho, à qualificação do trabalho e ao estabelecimento

de relacionamentos positivos com o meio social externo. Por sua vez o Indicador de

desempenho econômico averigua os efeitos econômicos das atividades das incubadoras. Por

fim, o Indicador de desempenho político-institucional avalia a intensidade das contribuições

da incubadora para o alcance de objetivos estratégicos das instituições parceiras e para o

fortalecimento institucional das mesmas.

Figura 4: Indicadores de resultados

Resultados da Pesquisa (2013)

Esse bloco de indicadores assume distintos patamares de ponderação, variando de

acordo com o tipo de incubadora em análise. Desse modo, para incubadoras tecnológicas, cuja

razão de existência é o apoio à inovação, o indicador que deverá assumir peso maior será o de

inovações, ao passo que, para incubadoras mistas e tradicionais, que atuam na ótica do

desenvolvimento local, o indicador que deverá ter maior relevância é o de desempenho

econômico. Importâncias relativas que se invertem nos respectivos segundos planos de

importância.

Considerando apenas esses dois tipos de incubadoras, em terceiro plano de

importância situar-se-ia o indicador de desempenho sociocultural, sobretudo em virtude das

crescentes demandas pela responsabilidade social empresarial. Na sequência, o indicador de

desempenho político-institucional, cuja importância foi posta em patamar ligeiramente

superior ao do indicador ambiental, pelas intrínsecas dificuldades ainda persistentes para que

as microempresas incorporem a agenda das práticas ambientais.

Em virtude do caráter eminentemente acadêmico da pesquisa que resultou na

concepção e sistematização desses indicadores (embora no curso da pesquisa tenham sido

visitadas mais de 30 incubadoras, nos estados de São Paulo e Minas Gerais), julgou-se

pertinente em um segundo momento (e é este o resultado apresentado neste artigo!) submetê-

los à validação através da apreciação e implementação das diretrizes do modelo na gestão de

uma incubadora do centro-oeste paulista, com vistas à coleta de sugestões e aprimoramentos

que se façam necessários. Os resultados desta validação constam na próxima subseção.

3. APLICABILIDADE DO MODELO

Sendo o objetivo da pesquisa realizada na Incubadora de Araraquara avaliar a

aplicabilidade do modelo, optou-se pela pesquisa qualitativa, delineada como estudo de caso

único. O caso em tela, objeto do estudo, corresponde ao modelo conceitual (aplicável a

incubadoras) submetido à avaliação. O propósito da pesquisa foi essencialmente exploratório,

tendo sido realizada, exclusivamente, com a finalidade de verificar a aplicabilidade do modelo

enquanto ferramenta de avaliação e apoio à gestão das incubadoras.

A pesquisa adotou 4 procedimentos. Inicialmente, em janeiro de 2012, foi realizada

uma avaliação inicial da incubadora de Araraquara, para detectar fragilidades da gestão, bem

como os pontos virtuosos (denominados T0 da pesquisa). Na sequência, entre fevereiro e

dezembro de 2012, foram adotadas medidas de ajuste com base no modelo. Por fim, em

janeiro de 2013, foi realizada uma nova avaliação, para verificar até que ponto as medidas

preconizadas pelo modelo geraram resultados (T1).

A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas semiestruturadas, aplicadas aos

empresários da incubadora. Paralelamente, a equipe gestora da incubadora também foi

submetida a uma avaliação, por meio de autopreenchimento do instrumento de avaliação.

O relato que segue está dividido em duas subseções: na primeira são apresentados os

resultados da pesquisa, focando o modelo, como objeto de avaliação de desempenho; na

segunda, são expostos os resultados da pesquisa, abordando as potenciais contribuições do

modelo enquanto instrumento de apoio à gestão da incubadora.

3.1 O modelo enquanto instrumento de avaliação

Para avaliar a aplicabilidade do modelo, enquanto instrumento de avaliação do

desempenho da incubadora, foi realizado, em janeiro de 2012, um diagnóstico para traçar o

perfil da incubadora de Araraquara (T0).

O que se apurou foi a ausência de quaisquer práticas de planejamento, seja a longo,

médio ou mesmo curto prazo. No plano normativo, relativo aos instrumentos formais de

gestão, tais como roteiro para seleção de empreendimentos, roteiro de plano de negócios,

regimento interno e termo de adesão, também foi detectada a inexistência. Outro aspecto

revelador do desempenho precário da incubadora foi a ausência de serviços e atividades de

apoio às empresas, tais como a realização de treinamentos, o acesso a serviços de apoio

técnico e gerencial e a articulação de parcerias no âmbito municipal.

O gráfico 1 mostra os resultados dos indicadores de avaliação aplicados em janeiro de

2012 (T0).

Gráfico 1 – Avaliação da incubadora de Araraquara em janeiro de 2012.

Resultados da Pesquisa (2013)

A aplicação do indicador de Ocupação evidenciou que a incubadora não tinha um

plano estratégico e nem mecanismos para o recrutamento e seleção e não formalizava

juridicamente a incubação.

No que tange à capacidade de retenção, o modelo explicitou que o imóvel que abriga a

incubadora foi reformado especialmente para abriga-la, que a equipe de gerenciamento era

incompleta, não havia gerente. Não eram disponibilizados serviços de consultorias e

treinamento. Os únicos produtos oferecidos eram de vigilância e limpeza. Não eram

organizadas reuniões entre incubados e equipe de gerenciamento. No que concerne à cobrança

de taxas de incubação, os valores eram uniformes, independente do tipo de empresa; os

reajustes eram periódicos, sem escalonamento e sem avaliações de casos particulares. Os

índices de mortalidade e evasão não eram registrados.

A avaliação das características da graduação revelou que em média as empresas

ficaram incubadas por mais de 48 meses, sendo desligadas por definitivo do programa logo

após este período, como consequência não havia índices de sucesso do programa,

monitoramento e oferta de serviços a estas empresas.

O desempenho no indicador de sustentabilidade institucional foi elevado na variável

independência econômico-financeira. Isso seria um ótimo indicativo, porém, como a

incubadora não ofertava serviços que capacitassem os empreendedores, caracterizou o projeto

como um condomínio de empresas. Isso agravado pela incapacidade de sobrevivência no

longo prazo decorrente da inexistência de conselho superior e da não atualização dos

profissionais da equipe de coordenação.

Nos aspectos ambientais constatou-se:

O projeto de infraestrutura da incubadora não atendeu a nenhuma exigência ambiental;

Não se tinha procedimento sistematizado para a seleção, como consequência não se tinha

condicionantes, para seleção de unidades que obedecessem aos requisitos ambientais;

Não ofertava atividades para difundir informações, tecnologias e técnicas ambientais;

As únicas iniciativas capazes de contribuir para uma gestão energética visavam redução

de consumo e nada era feito para propiciar uma gestão eficiente dos recursos hídricos.

No que diz respeito à capacidade de propiciar inovação, o modelo conclui que esta não

era estratégia do programa, logo não era efetivada a gestão desta atividade. A mesma

característica foi evidenciada no indicador de desempenho sociocultural. Já no de

desempenho econômico, constatou-se que o programa não monitorava o fortalecimento dos

empreendimentos.

Por fim, o indicador de Político – Institucional revelou que a incubadora não

participava de nenhuma iniciativa capaz de fortalecer as micro e pequenas empresas de

Araraquara e não era um projeto relevante para os parceiros.

3.2 O modelo enquanto instrumento de gestão

No mês de janeiro de 2012, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura

Municipal de Araraquara, órgão institucionalmente responsável pela Incubadora, promoveu

uma substituição na equipe de gestão da incubadora. A partir de então passaram a ser

adotadas uma série de ações e medidas com vistas à reorientação das atividades da

incubadora. Para planejar e implementar as ações e medidas corretivas, a nova equipe de

gestão fez uso, como instrumento de referência, dos indicadores e variáveis do modelo

descrito neste trabalho.

A pesquisa, cujos resultados ora são relatados, buscou identificar e sistematizar o

conjunto das ações adotadas pela nova equipe de gestão da incubadora. Para facilitar a

exposição dos resultados optou-se por apresentá-los de forma esquemática, cruzando os

indicadores do modelo com uma tipologia de ações, composta por ações de planejamento, de

execução e de avaliação. Os dados, referentes às ações implementadas durante o ano de 2012,

estão contidos no quadro 1.

Diretrizes do

gerenciamento Planejamento Execução Avaliação

Estratégia de

Ocupação

- Elaboração do plano

estratégico;

- Definição do perfil da

Incubadora.

- Elaboração dos

documentos: edital de

seleção, roteiro do plano

de negócios e contrato de

incubação;

- Definição e implantação

dos mecanismos para o

recrutamento, e os

procedimentos para

seleção.

- Verificação do índice de

módulos ocupados;

- Verificação da efetividade

de seleção de

empreendimentos do perfil

delineado.

Retenção

- Planejamento da

estrutura e composição

do ambiente físico;

- Definição dos serviços

a serem ofertados;

- Definição das taxas de

incubação.

- Oferta de consultorias,

assessorias, missões

empresariais, participação

em rodadas de negócios,

palestras e treinamentos;

- Cobranças das taxa de

incubação;

- Prospecção de demandas

por novos serviços.

- Contabilização do índice

de participação nas

atividades ofertadas;

- Analise do índice de

retenção

Graduação

- Elaboração do plano de

graduação;

- Planejamento de oferta

de serviços para as

unidades graduadas.

- Acionamento de outras

políticas públicas que

possibilitem a alocação da

empresa graduada em

outro espaço que não seja

o da incubadora;

- Criação de um banco de

dados para acompanhar o

- Analise do índice de

graduação para verificar se

este é compatível com o

planejado;

- Verificação do índice de

sobrevivência das unidades

graduadas.

desenvolvimento das

empresas graduadas;

- Oferta de consultorias,

assessorias, missões

empresariais, participação

em rodadas de negócios,

palestras e treinamentos.

Sustentabilidade

institucional

- Elaboração do

cronograma de

atividades de

treinamento e

desenvolvimento (T&D)

para a equipe de

gerenciamento da

incubadora;

- Definição do grau de

participação dos

parceiros nas decisões

institucionais da

incubadora.

- Contratação de uma

equipe gerencial;

- Realização de reuniões

semestrais do Conselho;

.

- Contabilização do índice

de participação nas reuniões;

- Verificação do resultado

operacional da

movimentação financeira;

- Verificação do grau de

motivação da equipe.

Desempenho

Ambiental

- No planejamento dos

serviços ofertados, foram

incluídas atividades para

difundir informações,

tecnologias e técnicas

ambientais;

- Seleção (para a

incubação) de projetos que

revelem potenciais e

disposição para a

implementação de medidas

de caráter ambiental;

- Oferta semestral de

atividades de cunho

ambiental;

- Adoção de medidas

internas de economia de

energia;

- Fiscalização para controlar

a emissão de resíduos e

efluentes, por parte dos

incubados.

Desempenho

Econômico

- Agendar entrevistas

com os incubados para

levantar informações

financeiras.

- Realização de entrevistas

e armazenamento dos

dados coletados

- Análise da evolução do

faturamento, da

formalização, da geração de

renda, da arrecadação

tributária e das vendas

Desempenho

Inovador

- Ao oferecer assessorias

para as empresas

elaborarem o plano de

- Oferta de laboratórios e

consultores para geração

de inovação, através de

- Apuração da intensidade da

ocorrência de inovações nas

unidades assistidas pela

negócios incluiu-se um

cronograma e

disponibilizar recursos

para estas promoverem a

inovação.

- Planejamento para

possibilitar a

participação, como

visitante e expositor em

feiras e eventos de

interesse dos

empresários.

- Fomento de parcerias

com instituições de

ensino e pesquisa

parcerias por projetos

(dada a necessidade do

incubado!)

- Realização de

Diagnósticos para

identificar demandas por

inovação.

- Elaboração e submissão

de projetos para viabilizar

inovações.

- Formalização de

parcerias com centros de

pesquisas para aproximar

as empresas do ambiente

inovador.

- Promoção da participação

em feiras.

incubadora;

- Apuração da tipologia das

inovações geradas ou

incorporadas pelas unidades;

- Investigação das

contribuições das

incubadoras para as

inovações

Desempenho

sociocultural

- Ao planejar a oferta de

serviços da incubadora,

foram incluídas

atividades de

treinamento e

desenvolvimento que

levem ao aprimoramento

pessoal e profissional

para os dirigentes das

empresas incubadas

- No regulamento interno

inseriram-se incisos que

obriguem as incubadas a

assegurarem qualidade

de vida no trabalho,

- Oferta atividades de

T&D.

- Acompanhamento do

cumprimento da norma

que assegura a qualidade

de vida.

- Análise da geração de

postos de trabalho.

- Avaliação da participação

nas atividades de

treinamento e

desenvolvimento

Desempenho

político

institucional

- Planejaram-se quais

parcerias são necessárias

para alcance dos

objetivos estratégicos da

incubadora

- Estabeleceram-se as

parcerias.

- Promoveram-se ações

que maximizaram a

efetividade do projeto para

que ele ganhe relevância

dentro do escopo de

projetos dos parceiros.

- Avaliação dos eventuais

impactos positivos causados

pelo projeto da incubadora

sobre os instrumentos locais

de políticas públicas da

prefeitura de apoio aos

micro e pequenos

empreendimentos

Quadro 1: Ações implantadas na Incubadora de Araraquara ao longo de 2012

Resultados da Pesquisa (2013)

A implementação desse conjunto de ações gerou transformações profundas na

estrutura da incubadora. Para avaliar os efeitos dessas transformações foram aplicados, em

janeiro de 2013, os mesmos instrumentos de coleta de dados já utilizados na coleta de janeiro

de 2012. Os resultados quantitativos obtidos são ilustrados no gráfico 2.

Gráfico 2: Avaliação da Incubadora de Araraquara em Janeiro de 2013

Resultados da Pesquisa (2013)

O indicador de ocupação alcançou o patamar 3.7, isso porque a entidade gestora

elaborou um plano estratégico para o programa, sistematizou e implantou mecanismos de

recrutamento e seleção e implementou mecanismos jurídicos para normatizar a incubação.

Já a avaliação do indicador de retenção (4.6) justifica-se, pois a entidade gestora

organizou uma equipe completa para coordenar o programa, sistematizou uma grade de

atividades de treinamento e desenvolvimento para promover a capacitação empreendedora,

reestruturou o ambiente físico para ofertar equipamentos imobiliários e instalações que

atendessem a demanda dos empresários e precificou as tarifas de incubação de forma justa e

rigorosa. Por fim, passou a monitorar os índices de evasão e mortalidade durante o período de

incubação.

O patamar 4.0 do indicador de Graduação é fruto da rigorosa gestão contratual e da

elaboração de um banco de dados para acompanhar os empreendimentos graduados. O

desempenho só não foi melhor, devido a persistência de não ofertar apoio as unidades

graduadas.

O desempenho no indicador de Sustentabilidade Institucional (4.4) é consequência da

criação de um conselho superior que apresentou um suporte institucional efetivo à gestão do

programa, da atualização dos profissionais proporcionada à equipe de coordenação e da

independência econômico-financeira.

A avaliação de 2.5 no indicador de desempenho ambiental é justificada pela inserção

de condicionantes ambientais para seleção das unidades no programa, sistematização de

atividades semestrais para a promoção da educação ambiental, adoção de medidas internas de

economia de energia e água e promoção de ações para incentivar às unidades à

incorporem sistemas de controle e redução de resíduos e efluentes ambientais.

O desempenho de 3.3 no indicador de inovação é resultante das parcerias

estabelecidas. O modelo indicou que 41% dos empreendedores implementaram atividades

inovadoras, destes 66% inovaram em produtos, processos ou serviços já existentes no

mercado ou na sociedade, porém novos para as unidades abrigadas ou associadas. As

fontes destas inovações foram o empirismo, a experiência interna e/ou as informações

técnicas. A incubadora foi pró-ativa na gestão destas inovações, pois alertou os

empreendedores para a necessidade de inovar, realizou atividades indutivas permanentes,

identificou e buscou fontes de recursos, técnicos, materiais e financeiros.

A avaliação do indicador de desempenho sociocultural de 3.5 é creditada à ampliação

de mais de 30% na geração de postos de trabalho, à oferta de atividades mensais de

treinamento para os dirigentes das unidades incubadas e à oferta de itens que assegurem

condições de trabalho satisfatórias. O indicador indicou ausência de preocupação com a

comunidade, isso impediu melhores patamares de desempenho.

Como dito anteriormente, a equipe coordenadora implementou medidas de

monitoramento das empresas incubadas, assim constatou-se através do indicador de

desempenho econômico que houve:

Evolução acima de 30% no faturamento;

100% de formalização nos primeiros seis meses de incubação;

Evolução acima de 30% nos rendimentos dos trabalhadores;

Evolução acima de 30% na arrecadação tributária;

Este desempenho só não foi maior, pois as incubadas não ampliaram o número de

vendas fora do município.

No indicador de desempenho político institucional a avaliação demostrou que a

incubadora apresentou apoio formal às políticas públicas governamentais de apoio aos micro

e pequenos empreendimentos e a incubadora passou a ser incubadora um projeto estratégico

para a instituição gestora. Como consequência destas mudanças corporativas, o programa

obteve-se o desempenho de 2.7.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revisão da literatura permite concluir que o modelo apresenta uma metodologia de

apoio e avaliação inovadora para as incubadoras, sustentado todas as óticas impactantes no

sucesso dos empreendimentos.

Este modelo defende a necessidade de ampliar a responsabilidade institucional do

programa para efetivar a promoção do desenvolvimento local, através do apoio à inovação, ao

fortalecimento econômico, à geração de benefícios socioculturais, à adoção de práticas

ambientais e ao alcance de ganhos político-institucionais. Indica ainda, diretrizes para a

gestão operacional do programa e avalia a capacidade deste para administrar seus processos.

O objetivo deste trabalho foi submeter o modelo à validação através da apreciação e

implementação de suas diretrizes na gestão de uma incubadora do centro-oeste paulista, com

vistas à coleta de sugestões e aprimoramentos que se fizessem necessários.

No que tange à validação deste instrumento enquanto mecanismo de avaliação,

constatou-se sua aplicabilidade, e funcionalidade. Justifica-se tal afirmação com a análise dos

pressupostos do modelo. Ele indica que para a avaliação dos processos, o indicador que

apresenta maior peso é o de sustentabilidade institucional, já que um elevado desempenho

nesse amplia as condições de aumentar a efetividade nos demais. Ao analisar a primeira

avaliação, percebeu-se que este indicador apresentou uma única variável com bom

desempenho as demais eram as piores possíveis, como consequência os demais desempenhos

foram um fiasco. Já na segunda avaliação este indicador apresentou um elevado desempenho,

que se refletiu nos demais indicadores. Já os de impacto/resultado tem como premissa que

para incubadoras tradicionais ou mistas (caso do objeto analisado), o indicador que deverá ter

maior relevância é o de desempenho econômico. Na primeira avaliação este apresentou

resultados nulos, já na segunda, constatou-se que ele foi o melhor avaliado,dentre os

indicadores.

Já na validação do modelo enquanto mecanismo de gestão observou-se que ele

permitiu a estruturação do planejamento estratégico, a execução e avaliação operacional. O

resultado foi uma melhoria significativa no padrão de desempenho da incubadora em todos os

indicadores, sendo que ganharam destaques os indicadores de processo. Isso é um indicativo

de que os resultados destes demandam menor tempo para modificação estrutural.

As limitações práticas são referentes à gestão ambiental que demandam alteração da

cultura empreendedora.

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