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Balanço Social

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Balanço Social da ONG Ação Educativa

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EquipE

Editor Responsável:GABRIEL MACEDO DE MAGALHÃES

Diretor de Arte:ERIK JARDINOVSKY DEBATIN

Diretor de Texto:DANIEL GO TANIO

Impressão:Alpha Graphics

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A Ação Educativa é uma organização fundada em 1994, com a mis-são de promover os direitos educativos e da juventude, tendo em vista a justiça social, a democracia participativa e o desenvolvimento sustentá-vel no Brasil. A partir de 2007, a instituição passou a investir em cultura, aliando essa nova frente as antigas, relacionando-as e abrindo novas possibilidades para os jovens que frequentam os projetos. A Ação Educativa acredita que a participação da sociedade em pro-cessos locais, nacionais e globais é o caminho para a construção de um país mais justo. Por isso, alia a formação e a assessoria a grupos nos bairros, escolas e comunidades com a atuação em articulações amplas, a pesquisa e a produção de conhecimento com a intervenção nas políti-cas públicas. A capacidade de realização da ONG resulta do alto empenho de sua equipe, da confiança e colaboração de uma ampla rede de parceiros nacionais e internacionais. Compromisso com a qualidade, capacidade de inovar e articulação com atores-chave nos campos da educação e da juventude, é o tripé que sustenta a história e as realizações da Ação Educativa. A situação jurídica está plenamente regularizada com as leis brasi-leiras. Ela foi declarada de utilidade pública no âmbito do município e do estado de São Paulo. Está inscrita no Conselho Nacional de Assistência Social e no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente da cidade, além de estar cadastrada como organização de pesquisa no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

A ONG

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MONOGrAfiA As palavras arte e cultura po-dem ser entendidas e emprega-das em diferentes contextos em nossa sociedade, sendo vistas transitando em temas, discussões e autores, que vão das questões musicais, do teatro chegando até a semiótica peirciana. Porém, para este capítulo, estes concei-tos serão analisados de uma for-ma global e didática, mas sendo capaz de che-gar a assuntos distintos. Em out-ros tempos en-tendia-se a pa-lavra cultura, considerando “culto” o indi-víduo no qual possuía acesso aos bens de produção de cultura com-preendidos como arte, monumen-tos e documentos. Fazer parte de uma classe dominante já determi-nava a “cultura” deste indivíduo, portanto era considerado inculto aquele que não tinha acesso à arte e sem condições de produzir bens culturais. Desta maneira, a ideia de arte se mantém de forma vas-

ta e passa a ser entendido como algo cultural e dando apenas as produções das classes domi-nantes o status de arte. Em outra perspectiva, o sen-tido de cultura tende a ser algo maior e global, como afirma Carole Gubernikoff em “Arte e Cultura: Estudos Interdisciplinares”. Esta perspectiva chamada de culturalista pode agregar até mes-

mo a natureza, no sentido em que ela des-confia de tudo que seja natu-ral. Portanto, fica entendido que o proces-so culturalista

empregado pela autora percebe que há processos de naturalização de dados culturais. Por outro lado, definir o con-ceito de arte pode se mostrar um tanto quanto ambíguo e até mes-mo perturbador, mas, se analisar-mos com cuidado e reafirmando as ideias de Jorge Coli em “O que é arte”, podemos definir arte como certa manifestação da atividade

“Neste sentido, a palavra cultura não é só mais extensa, como en-

globa todo tipo de troca simbólica, desde a ciência até a arte, incluin-

do a língua, a religião e mesmo a economia.”

(GUBERNIKOFF, 2001, pag 10)

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humana perante as quais nossas emoções se tornam admirativas, isto é: nossa cultura possui uma ideia que denomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia. Porém, afirmar precisamente o que é arte ou não, se torna em muitos casos como uma tarefa difícil, para isso a humanidade criou critérios, cujo os quais dão status e conferência aqueles que irão nos dizer o que é arte. De qualque for-ma, o que se deve ter em mente é que o estat-uto da arte não parte de um signifi-cado abs- trato, lógico ou teórico da id-eia, mas de atribuições prati- cadas por instrumentos de nos-sa cultura, dignificando os ob-jetos sobre os quais ela recai.

CULTURA PERIFÉRICA

Antes de nos debruçarmos sobre o que é, onde se localiza, como se forma e como se pro-duz a chamada cultura periférica, temos que entender o sentido da palavra “periferia” e o significado que ela carrega. A expressão “periferia” se

mostra via de regra, como sen-do áreas localizadas fora ou nas imediações de um centro especí-fico. Porém, não quer dizer que qualquer tipo de lugar afasta-do do centro de uma cidade tende a ser uma periferia. Este termo carrega uma conotação pu-ramente sociológica, na qual por si só redefiniu-se desta forma a palavra periferia que pretende ser entendida como um local des- provido de infraestrutura e equipa-

mentos bá- sicos de ser- viços, sendo e s s e n c i a l -mente o lu- gar onde ocorre a re-produção so- cial e espa-

cial da população de baixa renda. Aldo Paviani em sua obra “A lógica da periferiza- ção em áreas metropolitanas”, re-força essa teoria ao descrever que as periferias se diferenciam do res-to da cidade por sua precariedade espacial. Através da consolidação de loteamentos clandestinos, im-prime-se, no espaço metropolitano um processo de exclusão maior, onde a moradia é o agente denun-ciador de uma tradução urbana das diversas segregações sócio-espacial. Além disso, é importante des-

Podemos definir arte como certa manifestação da atividade humana perante as quais nossas emoções

se tornam admirativas, isto é: nossa cultura possui uma ideia que de-

nomina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia.

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tacar a segregação que muitos destes lugares sofrem, não só rela-cionados ao exterior como dele pela cidade, sendo às vezes car-acterizados como um bairro, en-tretanto a maioria das vezes se l o c a l i z a dentro de um próprio bairro, acar- retando di- ferentes pro blemas e s i tuações. A carência de um pla- nejamento urbano e as massivas construções irregulares começam a transformar impen-etrável a circulação e o acesso a locais como praças e largos de importância local e social. Hoje é possíve enxergar como as metrópoles brasilei-ras estão sofrendo com o es-facelamento do tecido sócio- -político espacial e a formação de enclaves de regiões ilegítimos no tecido urbano, aprimorando os processos de auto segregação de seus próprios habitantes. Fatores como esse apontam para o que os estudiosos chamam de metropoli-zação involuntária, dando a esses lugares, que cada vez mais se dis-tanciam dos centros urbanos, sta-tus de médias cidades, com leis e costumes singulares.

Porém, é neste ponto que de-vemos não devemos afastar nossa atenção, precisamos estar atentos no papel exercidos pelas periferias no que diz respeito aos acúmu-los de processos específicos cri-

ados nestes a m b i e n t e s , p r o c e s s o s esses produ- zidos através de diferentes pontos da his- tória. “São estas diferenças tem porais que-caracterizam

a produção e reprodução do espaço da/na periferia, já que re- presentam a justaposição de ele-mentos tradicionais e modernos, culminando numa cristalização diferenciada de signos” (SANTOS, 1999, pag. 163). Em muitos os casos, o agente causador desta introdução da cultura periférica em nosso cotidiano, foi o próprio tempo, po- rém com o passar dos anos e com o abandono cada vez maior por parte do estado nestes locais, as ONGs (Organizações Não Gov-ernamentais) estão assumindo a posição de educadoras e man-tenedoras dos indivíduos desses locais.

Da capoeira as rodas de samba, do funk ao rap, seja qual for, são cul-turas artísticas nascidas em meio a espaços pouco favorecidos, impor-tadas e misturadas a nossa cultura.

Ambas saíram das periferias e ganha- ram os grandes centros e ajudando a popularizar o estilo e enriquecer a

cultura nacional.

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A Ação Educativa apresentou um pequeno déficit de R$ 133.120,79 no exercício de 2011. Isto ocorreu devido a um problema de fluxo de caixa sanado rapidamente nos meses seguintes. Quatro projetos em exe- cução tinham previsto repasse de suas últimas parcelas no segundo se-mestre de 2011, porém o depósito ocorreu apenas em janeiro e fevereiro de 2012.

No ano de 2011 a Ação Educativa investiu R$ 7.611.368,03 nas atividades. Isso representou despesa 8,29% maior do que a de 2010, conforme demonstrado no Quadro 2. Este crescimento foi possível porque contamos com pequena elevação no volu- me de recursos dos parceiros internacionais, como se vê adiante no Quadro 4.

BAlANçO fiNANcEirO

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Conforme o Quadro 3, que compara as despesas de 2011 com as de 2010, houve um aumento nas despesas em três rubricas. As duas rubricas com maior aumento absoluto no volume dos gastos foram recur-sos humanos, com R$ 266.807,44, e atividades programáticas, com R$ 231.871,55. O terceiro maior aumento, no valor de R$ 27.793,35 refere--se a manutenção da infraestrutura do prédio e equipamentos.

O Quadro 4 mostra as despesas por área, comparando 2011 com 2010. Os totais são diferentes dos do Quadro 3 porque nele não são conside- radas despesas com variação do imobilizado, despesas financeiras, taxas e despesas não operacionais. Ele indica que em 2011 houve elevação das despesas em todas as áreas temáticas e projetos especiais e diminuição nas despesas com coordenação, administração e infraestrutura. Os proje-tos especiais utilizaram R$ 300.953,03 a mais do que em 2010, devido ao maior volume de recursos movimentados pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação e o GRAP – Grupo de Apoio e Reflexão do Fórum Social Mundial. A área de educação cresceu R$ 244.332,88, devido ao maior vo- lume de atividades em todos os programas de educação. O terceiro maiorvolume de recursos empregados foi na área da cultura. Foram R$ 118.192,86 a mais do que em 2010, com destaque para investimento no seminário Estéticas da Periferia e atividades de arte e cultura na Fundação Casa. A área da juventude também aumentou em R$ 68.823,25, como resultado das atividades junto aos grupos juvenis. A diminuição de R$ 96.308,50 na coordenação reflete dois fatores. A diminuição de tempo de uma pessoa na coordenação, durante o primeiro semestre, e alguns projetos que utiliza- ram o tempo da coordenação e assumiram os custos. A diminuição em R$ 97.622,26 nos custos de administração e infraestrutura reflete também os custos de tempo de pessoas da administração diretamente cobertos nos projetos e menos gasto com reforma.

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Com relação à variação das receitas em 2011, ocorreu um peque-no aumento de 2,20% ou R$ 161.039,87. A maior elevação absoluta foi em recursos das Fundações Empresariais Internacionais, no valor de R$ 381.171,34. Foram parcerias com Fundação Avina, Fundação Ford e Fundação Open Society. É interessante se observar como evolui a partici-pação de fundações empresariais internacionais no orçamento da Ação Educativa, pois sua presença crescente vem sendo identificada como tendência da cooperação internacional no âmbito mundial.

No Gráfico 1 é possível acompanhar a evolução das fontes de finan-ciamento ao longo dos 18 anos da Ação Educativa. Em 2011, se mantém o padrão iniciado em 2007, de preponderância dos recursos nacionais no conjunto do orçamento da instituição. A receita nacional representou 64,19% do total, mas teve uma diminuição de recursos de R$ 89.083,48, em relação a 2010. A receita internacional representou 35,81% e aumen-tou R$ 137.626,31 em relação ao ano anterior. É possível que comece a se reverter a tendência de queda no montante absoluto de recursos interna- cionais entre as fontes da Ação Educativa, mas com a presença de novos atores nesse campo, as fundações empresariais.

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fONtEs dE rENdA

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prOjEtOs

PROJETO PONTÃO DE CULTURA

Atividades e produtos

A Agenda Cultural da Periferia manteve suas 11 edições impressas, como previsto, e ampliou seu alcance passando a ter um programa de webrádio e de webTV. O primeiro é uma parceria com a Rádio Comuni-tária Heliópolis FM e o segundo, uma co-produção com o Portal Catra- ca Livre com difusão pelos portais Terra e UOL. O programa de rádio começou em maio e manteve sua regularidade com uma programação semanal de uma hora. A inserção de webTV teve início em setembro com periodicidade quinzenal num spot de 5 minutos. Além disso, a publicação manteve sua versão na Internet e passou a atuar mais intensamente nas redes sociais Facebook e Twitter. A Mostra Cooperifa foi realizada em outubro como parte das come-morações dos 10 anos da Cooperifa, movimento cultural de leitura e lite-ratura atuante na periferia da Zona Sul de São Paulo. Entretanto, diferen-temente dos anos anteriores, a Ação Educativa não teve mais nenhuma participação na organização do evento, atuando apenas na divulgação da atividade por meio dos veículos comunicação de que dispõe. Não foi implementada a Revista Toró, uma vez que o Edital do Mi-nistério da Cultura que lhe garantiria financiamento foi cancelado. Não houve como buscar outro tipo de apoio que viabilizasse a publicação. Já o Seminário Estética da Periferiafoi realizado como previsto, supe-

ArtE

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rando as expectativas de público e impacto na cena cultural da periferia. O Seminário reuniu 50 colaboradores entre acadêmicos, artistas e ges- tores e mais 180 participantes na plateia, além de cerca de mil pessoas na audiência pela Internet já que o evento foi transmitido ao vivo. Contri-buiu para a repercussão da iniciativa, a realização de uma Mostra Cultural no SESC Belenzinho, evento paralelo ao Seminário que teve boa cober-tura de mídia e que atraiu cerca de três mil pessoas.

Balanço dos resultados e Perspectivas

A abertura da Agenda Cultural da Periferia para novas mídias, bem como seu incremento nas redes sociais, revigorou a publicação – antes restrita apenas às versões impressa e digital, aumentando seu alcance tanto de divulgação de eventos quanto de público. Tal performance in-dica maior possibilidade de encontrar parceiros dispostos a financiar a publicação, já que o Ministério da Cultura cancelou o Edital de Pontão de Cultura ganho pela Ação Educativa, cujos recursos ( R$ 420.000,00) des-tinavam-se à Agenda da Periferia (50%) e ao Seminário Estética da Peri-feria (50%). O evento foi garantido por inúmeras outras parcerias, sendo a principal delas com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Já a Agenda da Periferia carece de financiamento, que será buscado junto a empresas privadas via leis de incentivo fiscal. Para 2012 estarão concentradas nessa linha de ação apenas essas duas iniciativas: a Agenda da Periferia e o Seminário e Mostra Estéti-cas das Periferias. São somente duas, porém, grandes ações, ambas de grande impacto, cuja realização assegura à Ação Educativa um posicio-namento de destaque no campo da cultura de periferia, segmento que vem ganhandocada vez mais importância tanto para as políticas públicas, como no setor acadêmico e na programação de espaços culturais públicos e privados.

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Objetivo - Fortalecer a produção e difusão de expressões culturais de grupos originários e/ou atuantes nas periferias urbanas, visando a afirma-ção de suas identidades, ampliação do acesso a circuitos de produção e consumo de bens culturais e reconhecimento do direito à cultura como dimensão essencial da cidadania.

PROJETO ARTE NA CASA

Atividades e produtos Com cerca de 900 oficinas realizadas, atendendo 1200 adolescen-tes que cumprem medida socioeducativa em regime de internação em 23 unidades da Fundação Casa. Outras 420 atividades especiais foram oferecidas, como eventos e workshops, ampliando a qualidade e o alcan-ce de nossa atuação. A partir de agosto de 2011 duas novas linguagens foram incorporadas, exigindo a contratação de mais dois educadores, ampliando assim a equipe de 30 para 32 educadores. Foi realizada a Mostra Arte na Medida que reuniu, numa mesma exposição, trabalhos de adolescentes e educadores numa interação da Fundação Casa. Outros adolescentes participaram de duas exposições anteriores a esta. Uma de nome Cinosargo e a outra a Expo Graffiti. Fo-ram mais de 10 meninos e meninas que tiveram a oportunidade de parti-cipar dos eventos, garantindo assim a estratégia de realizar atividades de medida socioeducativa no Espaço Cultural Periferia no Centro. O programa de formação foi cumprido rigorosamente com 144 ho-ras de formação para os 32 educadores, ampliando assim a qualificação artístico-pedagógica desses profissionais, contribuindo também para for-talecer os laços de grupo existente hoje entre eles. Resultado disso foi a conclusão da proposta pedagógica que sistematizou os conteúdos e me-todologias utilizadas em cada uma das oficinas dadas pela Ação Educativa. Trata-se de um compêndio inteiramente elaborado com os educadores, revelando um significativo e rico conhecimento inerente às práticas de en-

culturA

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sino de arte no ambiente de privação de liberdade em que se encontram os adolescentes internos da Fundação Casa.

Balanço dos resultados e perspectivas

Com a aproximação do encerramento do convênio entre a Funda-ção Casa e Ação Educativa, fato que ocorrerá em julho de 2013, mas por se considerar adequada a continuidade desse trabalho, a Ação Educativa apresentará candidatura à renovação do convênio por mais cinco anos. Com isso, pretende-se aprofundar a reflexão sobre as práticas de arte e educação, buscando a constituição de um parâmetro para atuação nes-se campo, fazendo da ONG uma referência no segmento. Por outro lado, a atuação será ampliada, oferecendo formação para os funcionários da Fundação Casa no âmbito de um projeto aprovado junto à Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Serão abordadas as concepções de arte-educação inseridas no contexto dos direitos huma-nos, incorporando o conceito de cultura de paz. Será mantida a postura de busca pela efetivação da apuração de casos de violação de direitos humanos contra adolescentes internos da Fundação Casa, sobretudo os casos identificados pela Ação Educativa. A atuação terá agorafeita em três frentes: a) Corregedoria e Ouvidoria Interna da Fundação Casa; b) Defensoria Pública e c) Ministério Público. Dessa forma, serão contempladas todas as possibilidades de acesso à Justiça, cabíveis à condição de Instituição conveniada. Por fim, acredita-se que a aprovação, em janeiro de 2012, do SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativa), também conhe- cida como Lei de Diretrizes do Atendimento Socioeducativo abrirá amplas perspectivas para a atuação em defesa do Estatuto da Criança e do Ado-lescente nas prerrogativas que incidem sobre adolescentes que cumprem medida socioeducativa. A ampliação das garantias legais, previstas no SINASE estabelecerá um novo patamar para a ação do Estado neste campo, aumentando a eficácia de ações como a do projeto Arte na Casa.

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PROGRAMA POLÍTICAS PÚBLICAS DE JUVENTUDE E PARTICIPAÇÃO

Objetivo – Contribuir para a ampliação e fortalecimento da partici-pação social na definição de políticas públicas de juventude articuladas intersetorialmente, na perspectiva de que estas consigam efetivamente sa-tisfazer os direitos dos/das jovens.

Apoio a grupos juvenis

As principais atividades são desenvolvidas a partir do Centro de Mí-dia Juvenil (CMJ) que, em 2011, apoiou 66 iniciativas culturais de 12 gru-pos formados por jovens da periferia da região metropolitana da cidade, oferecendo espaços, recursos materiais, equipamentos, divulgação e for-mações para o desenvolvimento de suas iniciativas culturais. As ativida-des destes coletivos se voltaram para diferentes manifestações artísticas e elaboração de produtos culturais (vídeos, livros, sites, etc.) que envolvem diversas linguagens, tais como: hip-hop, música, vídeo, grafite, dança, tea- tro, literatura, webradio e webtv. Em relação aos anos anteriores, os grupos que frequentam a Ação Edu- cativa demandaram menos assessorias individuais e solicitaram formações relativas aos editais públicos para a cultura. Foram então realizados dois cursos de Elaboração de Projetos Culturais, com carga horária de 30 horas cada, e cinco workshops de formatação de projetos para editais públicos. Foram também oferecidas três palestras com convidados que discutiram a produção cultural atual.

Participação e incidência nas políticas públicas de juventude

Em 2011, grande parte das atividades desenvolvidas neste eixo de-senvolveu-se em torno da 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude – mais importante processo de participação institucional no âm-

dEMOcrAtizAçãO

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bito das políticas públicas de juventude. Primeiramente, com o objetivo de debater e formular propostas, foram realizadas duas Conferências Livres. A primeira envolveu as equipes das três áreas de trabalho da Ação Educa-tiva – Educação, Cultura e Juventude – e teve como foco debater o docu-mento-base e elaborar proposta à luz do acúmulo institucional. A segunda foi realizada em parceria com outras quatro ONGs (Cidade Escola Apren-diz, Instituto Sou da Paz, Instituto Paulista de Juventude e Viração) e teve por objetivo reunir jovens de baixa renda ligados as organizações, com a finalidade de possibilitar uma experiência de participação, construindo e debatendo propostas que foram enviadas à etapa nacional. Na Conferência Municipal de Juventude, a participação da instituição se deu por diferentes maneiras. Primeiramente, a Ação Educativa foi a res-ponsável pela elaboração de uma proposta de texto-base que, com pou-cas alterações feitas pelo Conselho Municipal deJuventude, foi distribuído a todos os participantes da conferência. Durante o evento,coordenou os trabalhos de dois eixos (Fortalecimento Institucional e Cultura) e expôs jus-taposições na mesa de problematização inicial do eixo Fortalecimento Ins-titucional. Ao final, elegeu dois delegados. No plano estadual, a Ação Educativa integrou a Comissão Organiza-dora da Conferência, tendo contribuído especialmente para a construção e coordenação metodológica de seu processo. Na Conferência, além de participar dos debates, coordenou os trabalhos no Eixo de Segurança e Direitos Humanos. Ao final, elegeu um delegado. Por fim, na etapa nacional da Conferência, além da participação como delegado, a Ação Educativa fez uma exposição sobre “Os desafios da edu-cação básica para jovens” na mesa de abertura dos trabalhos do Eixo Edu-cação Básica. Para além do processo da Conferência, no plano nacional, a Ação Educativa participou, de um lado, de um intenso processo de diálogo com o Governo Federal e, de outro, de uma articulação com organizações da sociedade civil. O diálogo com Governo Federal se deu em torno da configu-ração das políticas públicas de juventude na gestão que então se iniciava. Primeiramente, o diálogo se deu diretamente com a Se-cretaria Geral da Presidência da República. Em seguida, teve conti-nuidade por meio do Grupo de Análise de Políticas Públicas de Ju-ventude, constituído pela nova Secretária Nacional de Juventude. No processo, foram oferecidos subsídios para a construção do Plano de Tra-balho da SNJ, especialmente para o processo de criação e reformulação

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de programas dirigidos aos jovens, na perspectiva da garantia de direitos. A articulação com organizações da sociedade civil se deu no âmbito do Grupo das Entidades de Apoio com atuação no Conselho Nacional de Juventude – (Conjuve). As entidades de apoio constituem uma categoria prevista na composição do Conjuve desde a sua primeira gestão iniciada em 2006 e, desde 2008, vem se constituindo um coletivo que se aproxi-mou por se identificar com um tipo de atuação mais independente, sem vinculações partidárias. Em 2011 essas organizações buscaram uma arti-culação mais estratégica, afinando posicionamentos comuns e planejando ações conjuntas tendo em vista especialmente a incidência no processo de tramitação do Estatuto Nacional da Juventude. No plano local, um importante foco do trabalho em 2011 foi a reto-mada de um processo de participação em torno das políticas públicas de juventude na cidade de São Paulo. Para aquecer a discussão, foi realiza-do na Câmara Municipal o Seminário São Paulo Pela Juventude, cons-truído em parceria com a Câmara Municipal de São Paulo, a Secretaria Nacional de Juventude, o Conjuve, a Coordenadoria Municipal de Juven-tude e 12 organizações da sociedade civil. A partir daí, em aliança com o Instituto Paulista de Juventude e a Comunidade Cidadã, concentra-ram-se esforços na coordenação de um processo de reestruturação do GT de Juventude da Rede Nossa SãoPaulo, como um espaço de arti-culação da sociedade civil. As atividades do GT resultaram numa inten-sa agenda coletiva de elaboração e aprimoramento de propostas (sendo as mais importantes delas aprovadas na Conferência Municipal de Ju-ventude), monitoramento e implementação de ações de incidência junto ao executivo e ao legislativo municipais. Foram realizadas quatro rodas de conversa sobre temas relevantes na agenda de juventude (Conferên- cia Municipal de Juventude, Conselho Municipal de Juventude, Mobilidade e Cultura), mobilizando um conjunto importante de organizações e gru-pos, levantando propostas e questões pertinentes para o contexto da ci-dade. Além disso, foi criada uma estrutura de comunicação por meio de um blog (entre setembro e dezembro foram feitas 20 postagens no blog, que resultaram em 556 acessos) e de um boletim, que teve duas edições distribuídas em uma grande rede de contatos – foram enviadas para 1977 contatos e disponibilizadas no site da Ação Educativa, com 500 acessos diários, em média. Como reconhecimento de sua atuação no âmbito das políticas pú-blicas de juventude, a Ação Educativa foi indicada como representante da sociedade civil na Comissão Eleitoral do Conselho Municipal de Juventude.

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E foi também novamente convidada a integrar a Comissão de Avaliação do Programa VAI da Secretaria Municipal de Cultura.

Produção e disseminação de conhecimento

Foi publicado o livro Juventude em Pauta: Políticas Públicas no Brasil, publi- cado em parceria com a Fundação Friedrich Ebert e a Editora Peirópolis. O livro conta com 23 artigos produzidos ao longo do ano e que foram fruto de reflexões realizadas durante o Seminário “Políticas Publicas: juventude em pauta”, realizado em dezembro de 2010. Lançado durante a Conferência Nacional de Juventude, o livro reúne contribuições produzidas por jovens militantes, por gestores de políticas e por pesquisadores, constituindo uma rica análise das políticas de juventude implementadas no Brasil neste início de século. Foi também publicado uma versão impressa do boletim Juventude na Cena2, especialmente voltado para a avaliação e discussão das políticas culturais na cidade de São Paulo. A publicação apresenta o posicionamen-to de especialistas, grupos juvenis e gestores sobre as políticas de juventu-de e cultura na cidade, enfatizando questões relacionadas à possibilidade de construção de uma agenda/plataforma de propostas políticas para as próximas eleições municipais. No período, foi dada continuidade à pesquisa Projovem Urbano - seus impactos nas políticas de EJA e Juventude e na trajetória educacional de jovens, iniciada em 2010. Suas atividades voltaram-se especialmente à revisão bibliográfica e à estruturação e realização da pesquisa de campo em cinco municípios brasileiros (um no Sudeste, dois no Nordeste e dois no Centro-Oeste). O balanço da produção de conhecimento deu origem ao artigo O uso de metodologia de caráter inventariante na Educação de Jovens e Adultos, publicado em um livro editado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Foram também desenvolvidas ações mais pon-tuais, envolvendo assessorias e palestras, que podem ser consultadas na lista de atividades anexa.

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