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Um Lar Para Amar Adopted: Family In A Million Barbara McMahon De magnata a pai coruja... Quando Zack Morgan descobre que é pai e que seu filho foi encaminhado para a adoção, decide encontrá-lo a todo custo, pois precisa ter certeza de que ele está bem. Para Susan Johnson, sobreviver é uma batalha, mas nem por isso deixa de amar ser a mãe do pequeno Danny. O mundo deles se ilumina quando Zack entra inesperadamente em suas vidas. No entanto, Zack pretende manter-se a distância, pois sabe que encontrou a família de seus sonhos. E Susan, por sua vez, não faz idéia de quem ele realmente é... Disponibilização: Projeto Revisoras

Barbara mcmahon um lar para amar (special 64)

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Page 1: Barbara mcmahon um lar para amar (special 64)

Um Lar Para AmarAdopted: Family In A MillionBarbara McMahon

De magnata a pai coruja...Quando Zack Morgan descobre que é pai e que seu filho foi

encaminhado para a adoção, decide encontrá-lo a todo custo, pois precisa ter certeza de que ele está bem. Para Susan Johnson, sobreviver é uma batalha, mas nem por isso deixa de amar ser a mãe do pequeno Danny. O mundo deles se ilumina quando Zack entra inesperadamente em suas vidas. No entanto, Zack pretende manter-se a distância, pois sabe que encontrou a família de seus sonhos. E Susan, por sua vez, não faz idéia de quem ele realmente é...

Disponibilização:Projeto Revisoras

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Tradução Wilma Mathias

HARLEQUIN2012

HARLEQUINwww.harlequinbooks.com.br

ISBN 978-85-398-0344-6

PUBLICADO SOB ACORDO COM HARLEQUIN ENTERPRISES IIB. V./S.à.r.l.Todos os direitos reservados. Proibidos a reprodução, o armazenamento ou a

transmissão, no todo ou em parte.Todos os personagens desta obra são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas

ou mortas é mera coincidência.

Título original: ADOPTED: FAMILY IN A MILLIONCopyright © 2009 by Barbara McMahon

Originalmente publicado em 2009 por Mills & Boon Romance

Arte-fínal de capa: nucleo-i designers associadosEditoração eletrônica: ABREU'S SYSTEMTel.: (55 XX 21) 2220-3654 / 2524-8037

Impressão:RR DONNELLEY

Tel.: (55 XX 11) 2148-3500www.rrdonnelley.com.br

Distribuição exclusiva para bancas de jornais e revistas de todo o Brasil:Fernando Chinaglia Distribuidora S/A

Rua Teodoro da Silva, 907Grajaú, Rio de Janeiro, RJ — 20563-900

Para solicitar edições antigas, entre em contato com oDISK BANCAS: (55 XX 11) 2195-3186/2195-3185 /2195-3182

Editora HR Ltda.Rua Argentina, 171,4° andar

São Cristóvão, Rio de Janeiro, RJ — 20921-380Correspondência para:

Caixa Postal 8516Rio de Janeiro, RJ — 20220-971Aos cuidados de Virgínia Rivera

[email protected]

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PRÓLOGO

Novembro

— Eu tenho um filho! — falou Zack em voz alta. A verdade não parecia real, mas a surpresa, sim. Ele tentou se concentrar na revelação contida na carta e ignorar os meses de sofrimento passados no hospital para se curar dos ferimentos e a fisioterapia que teria pela frente, antes de se sentir "inteiro" novamente. Lentamente ele mudou a postura do corpo e releu a carta que estava com a data de três meses atrás. Mas o que isso importava? Ainda que a carta tivesse sido entregue antes, o choque não seria menos intenso. Ou seria possível que ele tivesse se empenhado nas pesquisas sobre onde seu filho estivesse, e, com isso, evitado estar na hora e momento errados quando a mina explodiu?

— Eu tenho um filho e o nome dele é Daniel — prosseguiu em tom sonoro.

— Você disse alguma coisa? — quis saber a enfermeira, que entrava no quarto naquele instante. — Está tudo bem? Precisa de mais um analgésico?

— Não, obrigado — respondeu Zack, impaciente. Tudo o que ele queria naquele momento seria ficar a sós para reler a carta outra vez e tentar entender a razão de Alesia, a garota com quem havia tido um caso na última vez em que estivera de férias nos Estados Unidos, nunca ter lhe contado a respeito da gravidez.

Zack e Alesia Blair desfrutaram alguns meses juntos enquanto ele aguardava por uma nova designação da empresa de construção e tivesse de partir para mais um projeto em algum lugar distante do planeta.

Embora Zack não a amasse, ele adorara sua companhia. Alesia era uma moça bonita, alegre e disposta. Além disso, ela estava ciente de que Zack não pensava em ne-nhum tipo de compromisso e aceitara as condições sem nenhum problema.

Só de imaginar que uma jovem tão cheia de vida agora estivesse morta provocou-lhe um suspiro de indignação. Apesar de Alesia nunca tê-lo procurado antes, Zack jamais imaginava que a tivesse deixado grávida quando partira para a Arábia há cinco anos. Afinal, um homem tem o direito de saber que é pai!

Agora, graças a Brittany, irmã de Alesia, ele ficara ciente de que tinha um filho.

Na carta, Brittany explicava que não lhe escrevera antes por causa do pedido que a irmã lhe fizera para que Zack nunca soubesse do filho que ela tivera e decidira entregar para a adoção. Porém, agora que Alesia estava morta, Brittany decidira revelar a verdade para Zack.

Ele deu um gemido angustiado e afastou a carta para um lado.

Agora que Zack sabia que tinha um filho, ele precisava encontrar uma maneira de localizar o garoto que representava o seu único parente de sangue que estivesse vivo.

Sem que ele percebesse, um sorriso de satisfação lhe curvou os lábios.

Zack já havia se conformado com a idéia de que provavelmente passaria o resto de sua vida sozinho. Ele jamais tivera um amigo de verdade e crescera em lares adotivos, passando de uma família para outra, até que alcançasse a maioridade e pudesse tomar conta de si mesmo.

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Contudo, o estilo de vida que conhecera o levara a evitar qualquer tipo de compromisso e nunca fincar raízes para evitar sofrimento.

Seu código de vida se resumia a sempre seguir adiante e não deixar nada para trás.

O próprio trabalho que escolhera o fazia prosseguir como um nômade. Sem vínculos familiares e sem um lar definitivo.

Ele jamais imaginara que poderia ter deixado Alesia grávida quando partira dos Estados Unidos para assumir um trabalho na Arábia. Ela nunca o procurara naqueles últimos cinco anos e Zack não considerara o fato como estranho. Alesia era uma jovem divertida e excelente companheira, mas ficar esperando o retorno de um homem por tanto tempo não combinava com seu estilo de vida.

Além disso, eles haviam tomado todas as precauções devidas para evitar uma gravidez indesejada. Porém o fato de Alesia ter engravidado, apesar da cautela, teria mudado as coisas.

Ela deveria ter lhe contado sobre a criança. E por qual razão Alesia não fizera isso?

Na carta, Brittany lhe contara sobre a morte de Alesia. Zack se entristecera ao saber que uma jovem tão cheia de sonhos tivesse partido tão cedo. Talvez essa fosse a razão pela qual ela não tivesse lhe contado sobre a criança e tê-la entregado para a adoção. Alesia não queria saber de compromissos que a impedissem de viver a vida como ela sempre desejara. Livre e desapegada de responsabilidades.

Se Alesia tivesse me contado, eu poderia ter assumido o meu filho!, pensou Zack sem nem mesmo imaginar de onde esse pensamento tivesse surgido. Ele não entendia nada de crianças! Apesar de seus 34 anos de idade, ele nunca pensara seriamente em se casar e constituir uma família.

Como engenheiro de obras pesadas, Zack freqüentemente era enviado para locais distantes e inóspitos onde a construção de pontes e rodovias se tornava necessária para o progresso do lugar. E esse estilo de vida se tornava incompatível no caso de ele pensar em educar uma criança.

Repousando as costas sobre os travesseiros e mantendo as mãos cruzadas na altura da nuca, Zack tentou imaginar qual seria a aparência do seu filho e como seria a família que o havia adotado... Daniel deveria estar com 4 anos de idade e Zack não conseguia lembrar-se de como era sua vida quando estava com essa mesma idade, nem de como se pareciam seus primeiros pais adotivos.

Será que Daniel estaria feliz e seguro com a família que o adotara?

Será que ele pensava que seu pai biológico o tivesse abandonado?

Zack sentiu um ímpeto de que precisasse encontrar seu filho e certificar-se de que ele estivesse sendo bem cuidado pelos seus pais adotivos.

As diversas cirurgias que Zack sofrera lhe haviam enfraquecido a musculatura, por isso a equipe médica decidira que ele devia submeter-se a um tratamento intensivo de fisioterapia nos Estados Unidos, o que levaria alguns meses para que ele se recuperasse completamente e pudesse retornar ao trabalho.

Quem sabe esse tempo nos Estados Unidos fosse exatamente o que Zack estivesse precisando para poder realizar uma investigação e descobrir onde Daniel se encontrava?

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Embora as adoções fossem estritamente confidenciais, ele haveria de dar um jeito de descobrir onde estava o seu filho. E isso era certo, pensou Zack enquanto apanhava a caneta e o papel que a enfermeira havia deixado sobre a mesa ao lado da cama e decidia escrever uma carta em resposta para Bettany. Era o mínimo que ele poderia fazer para agradecer à mulher que lhe permitira saber que ele tinha um filho para encontrar.

Abril

— Aqui está o relatório final — declarou Ben Abercrombie e deslizou o papel sobre a superfície da escrivaninha na direção de onde Zack se encontrava. — Eu consegui des-cobrir que o seu filho foi adotado pelo casal T. J. e Susan Johnson, de Nova York. Eu consegui localizar apenas a sra. Johnson, já que o marido, Tom, morreu há dois anos em um acidente de carro provocado pelo outro motorista, que estava embriagado.

Zack Morgan alcançou o relatório e o estudou. A primeira coisa que ele notou foi a foto de um garotinho que havia sido tirada de uma longa distância. Contudo, estava evidente que o menino tinha cabelos escuros e era bem pequeno. Talvez fosse o normal para sua pouca idade. Zack não tinha a mínima noção de qual devesse ser a estrutura física ideal para um garoto de apenas 4 anos de idade.

— E então? — perguntou, curioso, o detetive particular. — O que você pretende fazer agora que descobriu o paradeiro do seu filho? Apenas se apresentar para a sra. Johnson e pedir para conhecer seu filho?

Zack sacudiu a cabeça em gesto negativo.

— Apesar do que você possa pensar, eu apenas quero o melhor para o meu filho. A ultima coisa que eu faria seria perturbar a tranqüilidade do garoto. Eu só preciso ter a certeza de que ele esteja bem e se sinta amado pela mulher que o adotou.

— O que eu descobri é que a sra. Johnson parece estar fazendo o melhor que pode pelo menino. Porém a situação financeira mudou drasticamente após a morte do marido. Tom era um advogado brilhante e mantinha a família em um excelente estilo de vida. Depois da morte dele, ela precisou se mudar para um bairro mais pobre e conseguir um trabalho para poder arcar com as despesas. Pelo o que eu pude perceber, ela está se saindo muito bem e a criança parece bastante feliz.

— Então você está certo de que ela é uma boa mãe?

Ben concordou com um aceno de cabeça.

— Ao menos está dando o melhor de si mesma.

— O que você quer dizer com isso? — indagou Zack desconfiado.

— Bem... Agora que ela precisa trabalhar fora é obrigada a deixar o filho aos cuidados de uma senhora que mora no mesmo prédio. A construção é antiga e a região não é das melhores.

— Então, por que ela não procura um lugar melhor para morar?

— Os aluguéis em Nova York estão muito altos. Ela jamais conseguiria voltar para o bairro onde morava quando o marido era vivo.

Zack ficou pensativo por um instante. Dinheiro não seria um problema para ele, agora que conseguira juntar uma pequena fortuna com os projetos de construção em áreas perigosas e aplicado em determinadas ações que haviam rendido de maneira extraordinária. Quem sabe ele poderia ajudá-los de alguma maneira?

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Antes de guardar o relatório, ele deu uma última espiada na foto do filho e, erguendo-se da cadeira, estendeu a mão para o detetive.

— Obrigado.

— Foi um prazer. Se precisar de mais alguma coisa, já sabe onde me encontrar — revelou o homem com um sorriso cordial.

Zack abandonou o escritório do detetive e seguiu para o hotel que ficava próximo do Central Park, onde ele deveria permanecer até que estivesse plenamente restabelecido.

Como não ficava muito distante, ele decidira vir e retornar a pé para aproveitar a caminhada. Se andasse devagar, ele nem mesmo sentiria a perna manquejar, porém os ombros ainda estavam rígidos.

Assim que entrou em seu quarto no hotel, Zack insistiu em estudar o relatório do detetive com mais calma. Depois disso, tomou uma decisão: na segunda-feira ele procuraria um advogado para que redigisse um testamento, a fim de que Daniel herdasse os seus bens. Mesmo que Zack não tivesse a oportunidade de conviver com ele, um dia seu filho saberia que seu pai havia se preocupado com a segurança dele.

CAPITULO UM

Susan Johnson estava desesperada. Ela mal conseguia respirar enquanto andava apressada pelas calçadas que ficavam nas redondezas da pré-escola procurando pelo filho. Como um garoto de apenas 4 anos de idade poderia ter desaparecido daquela maneira? Como ele conseguira escapar da vigilância dos professores enquanto as mães estavam sendo aguardadas? Quando ela o encontrasse, Susan nunca mais o deixaria sair de suas vistas.

Era claro que isso nunca seria possível, mas ela estava tão angustiada que nem sabia mais o que pensar.

"Para onde Danny teria ido?", perguntava-se ela sem parar.

— Oh, Deus, por favor, permita que eu encontre o meu filho!

— Será que ele atravessou sozinho a rua? — perguntou a assistente da professora, ofegante, enquanto tentava acompanhar os passos apressados de Susan.

— Espero que não — falou Susan. — Mas, se ele imaginou ter visto o pai do outro lado da rua, talvez tenha feito isso. Desde que Tom morreu, Daniel vive correndo atrás de qualquer homem que tenha alguma semelhança com o pai. Eu já tentei lhe explicar que Tom nunca mais irá voltar, porém é muito difícil para uma criança de apenas 4 anos de idade entender essas coisas. O que eu não entendo é o fato de ele ter conseguido sair do prédio sem que ninguém o tenha visto. O portão do pátio sempre fica fechado, e o da frente geralmente é vigiado por mais de um monitor.

No instante em que Susan alcançou o primeiro cruzamento de ruas ela olhou indecisa sem saber qual a direção que deveria seguir: esquerda ou direita?

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Um terrível pensamento torturou-lhe a mente. E se ele tivesse sido seqüestrado? Nova York era uma cidade perigosa e Daniel, um garotinho inocente e amigável. Não seria difícil algum estranho se aproximar dele.

"Oh, Deus!" Seu precioso filho estava desaparecido e ela estava a ponto de enlouquecer.

— Será que estamos seguindo a direção certa? — perguntou Susan quase gritando. — Não se preocupe. Duas professoras estão seguindo pelo lado oposto. Se Daniel escapou pelo outro lado da rua, elas o encontrarão — informou a assistente.

— Tomara! — exclamou Susan enquanto espiava para todos os cantos e não conseguia avistar nenhuma criança em seu raio de visão.

Sem querer, ela reparou em um homem bem-vestido que caminhava devagar e parecia estar procurando por algum lugar em específico. Então resolveu perguntar-lhe:

— Desculpe-me, mas o senhor viu um garotinho passar por aqui? Ele tem 4 anos e provavelmente deve estar sozinho.

— Sozinho? — perguntou o homem, espantado. — Por que uma criança de 4 anos estaria andando sozinha por essas ruas perigosas?

— Acontece que ele está na pré-escola e escapou sem que ninguém o visse sair. Eu acabei de chegar para apanhá-lo e ele não estava. A escola é logo ali — revelou ela apontando um dedo na direção de um pequeno prédio no final do quarteirão. — O meu medo é de que ele tenha vindo até aqui e atravessado a avenida.

O homem meneou a cabeça e olhou a assistente com reprovação.

— Eu não posso acreditar que os responsáveis pelos alunos tenham cometido tamanha distração. Tem alguém procurando por ele no outro lado da rua?

— Sim. A professora dele e mais outra colega. — respondeu a assistente, embaraçada, e olhando para o final da rua. — Como não estou conseguindo vê-las, eu acho que elas encontraram Danny.

— Danny? — perguntou o homem com indisfarçável assombro.

Susan ergueu os olhos para o homem e falou em tom lamurioso:

— Sim, Danny. Ele está perdido e eu estou desesperada!

— Eu vou ajudá-la a encontrá-lo — falou ele com a voz segura. — Meu nome é Zack Morgan. Conte-me: como foi que o perdeu?

— Eu não o perdi! Eu cheguei para apanhá-lo na escola e ele havia sumido!

— Fique calma, nós o encontraremos. Uma criança dessa idade não pode ter ido muito longe — tentou Zack confortá-la.

— A menos que alguém o tenha seqüestrado... — comentou Susan com a voz trêmula.

Ele tocou gentilmente em um dos braços dela.

— Eu já caminhei mais de cinco quarteirões por essa rua e não vi nenhuma criança dessa idade nas imediações. Vamos procurá-lo em outra direção.

Susan aceitou o apoio que o homem lhe ofereceu e se sentiu aliviada por ele se dispor a dividir sua preocupação com ela. Embora sé tratasse de um completo estranho para ela, Zack lhe inspirava confiança. Talvez fosse pelo porte físico avantajado ou pela atitude segura. Ou por ambas as coisas.

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Menos de cinco minutos depois eles avistaram a sra. Savalack, professora de Daniel, caminhando na direção deles com o garoto seguro em uma de suas mãos.

Susan explodiu em lágrimas è correu para abraçar o filho.

— Oh, Danny! Você quase me matou de susto! Nunca mais faça isso outra vez! — exclamou ela enquanto o abraçava de maneira tão apertada que Danny resmungou alguma coisa. Susan se ergueu e segurou firme na mão do filho. — Você sabe que não deve sair do prédio enquanto eu não chegar!

— Eu achei que tinha visto o papai — argumentou o pequeno com o olhar triste. — Depois eu vi que não era ele...

Susan ergueu o filho nos braços e com doçura tornou a explicar o que já lhe havia dito milhares de vezes:

— Seu pai morreu, Danny. Ele está morando no céu e não existe maneira de você encontrá-lo aqui na Terra. Ele amava você, querido. Mas agora seu pai não pode mais estar com a gente.

— Não! Eu não acredito! — protestou. — Eu quero o meu pai!

Susan o colocou de volta sobre os seus próprios pés e Zack aproveitou para abaixar o corpo até a altura do menino e falar com ele:

— Olá, pequeno! Você sabia que a sua mãe ficou preocupada? Ela estava com medo de que você estivesse perdido ou machucado. Acha que isso está certo?

Daniel fez um beicinho de choro quando respondeu:

— Eu pensei que tivesse visto o meu pai.

Susan secou as lágrimas que ainda restavam com o canto das mãos e tentou explicar para Zack:

— Desde que meu marido morreu, Danny começou com essa fixação. Ele sai correndo atrás de qualquer homem que se pareça um pouco com Tom. Espero que dessa vez ele tenha levado um susto e pare com isso. — E fitando os olhos castanhos e brilhantes de Zack, ela se desculpou: — Com toda essa atribulação, eu nem tive a oportunidade de me apresentar: eu sou Susan Johnson e esse é o meu filho, Danny. Eu o agradeço muito por sua preocupação.

Zack se ergueu e fez uma breve reverência com a cabeça.

— Não foi nada. Só espero que isso não aconteça mais. — Depois de lançar um olhar significativo para Daniel, ele girou nos calcanhares e seguiu pela calçada na direção da avenida mais próxima.

Zack procurou por uma lanchonete e decidiu tomar um refresco para aliviar a garganta ressecada pela emoção de ter conhecido seu filho. Ele pretendia apenas dar uma espiada de longe no playground da pré-escola que o detetive lhe oferecera o endereço e tentar reconhecer pela foto qual dos garotos era Daniel. Contudo, apesar do susto, o destino havia lhe destinado conhecer não apenas o filho, mas também a mulher que o adotara. Zack pensara que ver o filho a distância e se assegurar de que ele estivesse bem fossem o suficiente. Contudo, agora que o conhecera, ele não acreditava que poderia se afastar dele de maneira tão fácil. Zack precisava conhecê-lo melhor. Ele sabia que Daniel era uma criança dócil e de fácil convivência. Os olhos castanhos como os seus e os cabelos um pouco mais escuros. Pelo que ele pudera observar, o garoto estava sofrendo muito pela morte do pai, apesar de a mãe adotiva parecer uma pessoa responsável e devotada ao filho.

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Será que Danny era um garoto feliz?

Não havia foto de Susan no relatório que o detetive lhe apresentara e ela era mais jovem do que Zack esperava. Apesar de Susan ser esbelta como era Alesia,

O temperamento de ambas diferia bastante. Enquanto Alesia era uma jovem que gostava de curtir a vida e se vestir de maneira extravagante, Susan parecia cansada e nem mesmo usava maquiagem ou qualquer outro artifício. Os cabelos presos em estilo rabo de cavalo e uma preocupação imensurável com o desaparecimento do filho. Esse fato o tocou demais e Zack poderia jurar que Susan adorava Daniel.

Por alguma razão, Zack achou que deveria fazer algo por ela. Não deveria ser fácil ter de educar o filho estando sozinha. Segundo o relatório do detetive, Susan não tinha parentes por perto. Os pais moravam na Flórida. A mãe trabalhava em uma agência de viagens e o pai não andava bem de saúde. O clima mais ameno do lugar era uma condição obrigatória para que eles permanecessem na Flórida.

O marido de Susan era filho único. A mãe ficara viúva antes mesmo do casamento deles e agora vivia em um asilo na Califórnia.

Tom Johnson deixara uma apólice de seguro de pouco valor. Como ainda era jovem, provavelmente deveria estar esperando um pouco mais de tempo para aplicar di-nheiro nesse tipo de segurança.

Zack se sentiu um pouco desconfortável por saber tanto sobre a vida de Susan e ela apenas considerá-lo como um estranho em quem esbarrara na rua por acaso. Seu consolo era o de que ele tivesse a desculpa de estar descortinando a vida dela por pura necessidade de saber se seu filho estaria em boas mãos. E isso não seria um crime. Pelo menos na sua maneira de pensar. Talvez Zack pudesse ajudá-los com algum dinheiro. Mas será que Susan aceitaria?

Provavelmente não. O detetive lhe informara que ela era uma mulher do tipo independente. Além disso, Susan nem mesmo o conhecia.

Zack deu um gole no suco de laranja que havia pedido e pensou no que deveria fazer.

Quem sabe o melhor seria ir embora e deixar mãe e filho seguirem suas vidas?

Danny parecia saudável e estava bem-vestido. Apesar de haver perdido o pai, Susan parecia ser bastante suficiente para suprir-lhe a falta.

Por um instante Zack se perguntou como faria se precisasse cuidar do seu filho. Para começar, ele teria de desistir do que fazia e deixar a vida nômade para poder fincar raízes.

Será que ele ficaria entediado se tivesse de voltar todas as noites para casa e acompanhar as reuniões de escola e tudo o mais que uma criança necessita?

Ele esboçou um sorriso ao lembrar-se do pequeno Danny. Considerando que Alesia fosse loira, de olhos azuis, certamente os cabelos e olhos castanhos teriam sido herdados dele.

Zack terminou o suco e pagou a conta. Em seguida, caminhou até o hotel. Enquanto andava, ele chegou à conclusão de que, por ora, seria suficiente apenas saber onde Danny vivia com a mãe adotiva. Por enquanto, ele precisava se concentrar no seu tratamento para poder se recuperar plenamente. Ainda havia uns dois meses pela frente para que ele decidisse com calma o que seria melhor para o seu filho.

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Danny saltava de alegria na frente de Susan e exclamava impaciente:

— Vamos logo, mamãe!

— Calma, querido! Eu ainda preciso apanhar algumas garrafas de água e preparar um lanche para nós. Eu sei o quanto você fica faminto sempre que vamos ao parque. — Susan avisou e seguiu para a cozinha. Ainda se sentia abalada pelo susto que tivera no dia anterior com o desaparecimento de Danny. Talvez ela devesse ter mais uma conversa com ele para garantir que isso não acontecesse outra vez. Assim que terminou de arrumar a cesta de piquenique, apanhou os óculos de sol e chamou pelo filho.

O dia amanhecera esplendoroso. Apesar do sol, a temperatura estava amena e agradável. Embora o prédio no qual eles morassem fosse simples, havia a vantagem de ficar próximo de um parque e Susan podia levar Danny para brincar no playground enquanto ela o aguardava em um dos bancos de madeira espalhados pelo jardim e pro-tegidos pela sombra de alguma árvore.

Essa era uma excelente oportunidade para Danny gastar a energia própria de um garoto saudável como ele e que a área tão pequena daquele apartamento fosse incapaz de suprir. Contudo, isso era tudo o que Susan podia oferecer com o seu salário de tradutora do idioma alemão. O aluguel de uma moradia modesta; as despesas com ali-mento e roupas; a mensalidade da pré-escola e uma ajuda financeira para a sua vizinha Edith, professora aposentada, que cuidava de Danny para que ela pudesse trabalhar.

— Vamos, Danny, eu estou pronta — chamou-o ela com um sorriso enquanto passava pelo hall e observava uma das fotos de Tom que, ela pregara na parede. Com um suspiro saudoso, Susan imaginou como o marido ficaria orgulhoso de acompanhá-los ao parque se pudesse estar ali com eles. Ela e Tom haviam feito tantos planos para o fu -turo de Danny... Talvez comprar uma casa com um quintal grande para que o garoto pudesse ter um cão de estimação e quem sabe uma pequena piscina para os dias de verão...

Lamentando interiormente pelo que acontecera ao marido, ela ajudou Danny a vestir a jaqueta antes de saírem. Só lhe restava lutar para que algum dia ela pudesse realizar os sonhos que Tom idealizara para o filho.

— Oba! — Danny exclamou, e correu para a porta da frente e esperou impaciente para que a mãe abrisse a fechadura.

Assim que ela abriu a porta, ele disparou feito um tiro na direção do elevador.

— Eu quero apertar o botão! Eu quero apertar o botão!

Susan se apressou em trancar a porta do apartamento para seguir o filho e impedir que ele entrasse no elevador sem a presença dela.

— Espere-me, Danny! — gritou ela. — E assim que o alcançou, segurou firme na mão do filho.

Tão logo eles chegaram ao parque, Susan libertou a mão de Danny e ele saiu correndo na direção dos balanços, onde outros garotos da mesma idade o aguardavam.

Susan sorriu satisfeita e sem tirar a atenção do filho espiou ao redor para descobrir um banco vago e que estivesse mais próximo. Com surpresa, ela notou que o homem que a havia ajudado a encontrar Danny, no dia anterior, estava acomodado em um dos bancos e lia um jornal. Será que ele também morava perto do parque?, perguntou-se ela. Talvez não, ou ela já o teria visto antes. Um homem bonito como aquele não seria difícil de ser notado.

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Devagar, ela se aproximou de Zack. Ele ergueu a cabeça assim que notou a presença dela.

— Bom dia! — saudou-a ele.

Susan ficou encantada com o seu tom de voz rouco e sexy. Ainda que ele estivesse sentado, a altura e o físico atlético eram evidentes. Os cabelos quase negros e um bronzeado escuro tonalizavam sua pele. Será que ele seria um esquiador? Isso explicaria o bronzeado tão forte no início do verão.

Depois de dar mais uma espiada na direção de Danny, Susan decidiu se sentar ao lado de Zack.

— Desculpe-me se eu não o agradeci de maneira apropriada por ter me ajudado a encontrar Danny, ontem. Eu estava tão atordoada...

— Não é preciso se desculpar por isso. Não fui eu que encontrei o seu filho, e sim a professora dele.

— Bem, só o fato de ter me apoiado já foi uma grande coisa! A maioria das pessoas não se preocupa em perder tempo apenas para confortar alguém. Todos estão sempre muito ocupados com seus próprios problemas.

— Estou feliz de que Danny esteja bem — declarou Zack olhando na direção das crianças.

— Obrigada. — Estendendo-lhe a mão, ela se apresentou:

— Eu sou Susan Johnson.

No instante em que Zack apertou a mão dela, Susan sentiu um frio percorrer-lhe a espinha. O calor que emanava da mão áspera e forte daquele homem vigoroso a afetou mais do que deveria e ela se apressou em recolher a mão.

— Quando nos conhecemos ontem, você estava parecendo que iria surtar. Espero que tenha se recuperado completamente — afirmou ele com um sorriso gentil.

— Dessa vez, sim. Mas a preocupação constante de que ele possa seguir um estranho qualquer que encontre pelas ruas está me deixando de cabelos brancos antes do tempo — confessou ela, e espiou na direção de Danny.

Zack seguiu o olhar dela e ficou em silêncio por alguns instantes, apenas observando as crianças brincarem.

— Faz muito tempo que não vejo crianças brincarem tão despreocupadas — falou ele finalmente. — Eu estive trabalhando na Arábia nos últimos cinco anos. A situação do povo é muito diferente da nossa.

— Você é militar?

— Não. Sou engenheiro civil e contratado por uma empresa para fazer parte de projetos de pontes e estradas em lugares pouco desenvolvidos ao redor do mundo. Mas, no momento, estou em licença médica para me recuperar de um acidente.

— Acidente?

— Sim. Eu e um colega estávamos verificando um terreno quando uma antiga mina deixada por soldados revolucionários explodiu.

— Oh, meu Deus! Eu sinto muito! Agora você está bem?

— Bem, pelo menos não perdi a perna. Ainda precisarei de uns dois meses de fisioterapia, mas os médicos acreditam que ficarei bem. O que eu acho mais estranho é que, pelo fato de eu ter ficado tanto tempo longe, esteja me sentindo um estranho em

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minha própria terra.

— Você é de Nova York?

— Não. Sou de Chicago, mas morei aqui por mais de 15 anos. E agora estou hospedado em um hotel próximo do hospital para onde os médicos indicaram que eu devesse prosseguir com a fisioterapia.

— Eu adoro Nova York. Nasci aqui e não me imagino morando em outro lugar.

— Talvez o centro de Nova York não seja o melhor lugar para se criar um filho, não acha? Nunca pensou em morar no subúrbio? Uma casa com um bom quintal onde ele pudesse brincar com segurança? Quem sabe ter um cão como companhia?

Susan suspirou desgostosa. Zack estava falando exatamente como Tom. Seria possível que todos os homens do mundo pensassem da mesma maneira?

Tudo bem que a vizinhança não fosse de primeira classe, mas se tratava de boas pessoas e, além disso, aquele apartamento era tudo o que o seu salário poderia oferecer.

— O que eu acho é que Danny é muito jovem para ter condições de cuidar de um cão. Talvez, quando ele tiver mais idade, eu lhe arranje um filhote. Os animais domésticos são permitidos em nosso prédio e eu não precisarei ter a incumbência de cuidar de um quintal. Além disso, a escola fica próxima do prédio e também o meu trabalho.

— E o que você faz?

— Sou tradutora do idioma alemão.

— E o seu marido? — perguntou Zack fingindo ignorar o que já sabia sobre ela.

— Ele morreu em um acidente de carro, há dois anos. Tom era advogado — revelou Susan enquanto tornava a espiar Danny, que agora ria divertido enquanto escorregava na rampa de um dos brinquedos, seguido de dois amiguinhos.

— Sinto saber da sua perda — lamentou Zack. — Vocês tiveram uma criança linda.

Susan esboçou um sorriso de agradecimento.

— Por causa dele é que eu tive forças para continuar vivendo depois que Tom morreu — declarou ela. Notando que Zack prosseguia observando as crianças, Susan perguntou: — Você veio até o parque apenas para observar as crianças?

Ele meneou a cabeça.

— Na verdade eu vim para ter um pouco de tranqüilidade e ler o jornal. As crianças chegaram depois.

— Com tantos prédios ao redor, existem muitas mães que trazem as crianças para brincar no parque todos os dias. Eu mesma trago Danny para brincar sempre que é possível. Portanto, se quiser tomar sol e ter um pouco de sossego, então não deverá se sentar nos bancos próximos dos playgrounds.

Zack deu de ombros.

— Eu não me importo com isso. Até gosto de observar as crianças brincando. Como eu já disse, fazia cinco anos que não via crianças brincando tão despreocupadas. Não no lugar onde eu estava.

— O lugar onde você foi ferido por uma mina perdida?

— Isso mesmo. No deserto da Arábia.

— Alguém mais ficou ferido?

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— O homem que estava fazendo a inspeção comigo morreu. Eu quase perdi a perna e um braço. Ainda bem que os trabalhadores estavam um pouco mais distantes, e por isso ninguém ficou ferido. E impressionante como a nossa vida pode mudar de um instante para outro.

— Isso é verdade. Veja o que aconteceu comigo. Em um minuto meu marido estava vivo e a caminho de casa, e no minuto seguinte estava morto por causa de um mo-torista bêbado que avançou um sinal vermelho em um cruzamento.

— Deve ter sido terrível para vocês — comentou Zack, penalizado.

Susan assentiu e prosseguiu observando o filho brincar.

Zack havia tido o palpite de que Susan levaria Danny para brincar no parque naquela manhã. A previsão do tempo era boa e ele imaginava que ela não perderia a oportunidade de que o filho aproveitasse o playground.

Ele já havia lido quase todo o jornal e estava a ponto de perder a esperança quando a viu surgir e depois se aproximar de onde ele se encontrava. Quando Susan decidiu se acomodar ao lado dele, Zack considerou que esse fosse o seu dia de sorte. Contudo, agora ele começava a sentir uma dor incômoda nas costas e a musculatura do braço começava a se enrijecer. Estava na hora de prosseguir com a caminhada. Ele odiou a necessidade de ter de ir embora. Talvez não tivesse outra oportunidade de conversar tão francamente com a mulher que adotara o seu filho e havia tantas coisas que ele gostaria de descobrir a respeito de como fosse a vida dela com Danny...

— Você está em algum hotel aqui perto? — quis saber ela.

— Não muito perto. Eu preciso apanhar o metrô para poder vir até o parque.

— Se você quiser, eu posso perguntar para algumas pessoas conhecidas se elas conhecem alguém que esteja alugando algum apartamento próximo por um pequeno período. Ao menos ficaria mais barato e você estaria mais perto do parque para poder fazer suas caminhadas.

— Seria ótimo — respondeu ele evitando contar que era a empresa quem estava pagando as despesas do hotel. Ao menos Zack teria a oportunidade de ficar mais próximo do filho e descobrir se ele estava feliz com a mãe que o adotara. — Eu ainda tenho uns dois ou três meses pela frente para terminar meu tratamento. Fico muito grato pela sua preocupação.

— Pode deixar que eu farei o possível para ajudá-lo, e o avisarei assim que souber de algo. Como faço para encontrá-lo?

Zack apanhou a carteira de notas de um bolso da calça e retirou um cartão de visitas com o nome da empresa para a qual trabalhava, que entregou para Susan.

— Eu não me lembro qual é o telefone do hotel onde estou hospedado, mas, em todo o caso, essa é a firma para a qual eu trabalho e em caso de urgência poderá deixar um recado. Eu estou sempre em contato com eles. Além disso, eu pretendo comprar um celular e, se você estiver por aqui amanhã, eu lhe informarei o número do aparelho.

— Está bem — respondeu ela enquanto examinava o cartão e reconhecia o nome da empresa que era famosa por suas construções de grande porte. Por um breve instante Susan desejou oferecer-lhe o seu número de telefone, mas depois desistiu. Afinal, Zack era praticamente um estranho para ela, embora a tivesse ajudado no dia anterior e se comportasse de uma maneira respeitosa e confiante e muito diferente de outros homens

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que se aproximaram dela antes. Para evitar os olhos dele, ela espiou na direção de Danny e acenou para o filho dizendo: — Venha tomar um pouco de água, Danny!

O garoto desceu os poucos degraus que acabara de galgar no brinquedo e correu na direção da mãe. No instante em que se aproximou deles, olhou de maneira desconfia-da para Zack.

— Quem é esse homem, mamãe?

— Você não se lembra dele? Trata-se de Zack Morgan, o homem que ontem me ajudou a encontrar você.

Danny tomou um gole da água que a mãe lhe oferecera e em seguida cumprimentou Zack:

— Oi!

— Oi, Danny. Como é que você consegue subir e descer aquela rampa tantas vezes? Eu nunca consegui fazer isso quando tinha a sua idade.

O garoto o olhou com um brilho glorioso no olhar e devolveu a garrafa de água para a mãe antes de dizer:

— É muito fácil. Quer ver como eu faço? — Sem esperar por resposta, o pequeno disparou na direção do escorregador e subiu as escadas apressadamente. Quando desli-zou pela rampa, acenou para Zack e exibiu um sorriso de triunfo.

Zack retribuiu com um sinal positivo erguendo o polegar da mão direita.

— Ele parece orgulhoso do seu feito — admitiu Susan com um sorriso de satisfação.

Zack também sorriu e, estendendo a perna ferida com cautela, se ergueu do banco.

— Eu preciso caminhar um pouco para movimentar os músculos. — Olhando na direção do jornal que ele deixara sobre o banco, perguntou: — Você quer ficar com ele ou prefere que eu o jogue no cesto de lixo?

— Se você já o leu, eu fico com ele.

— Certo. Agora eu preciso ir. Foi um prazer conversar com você.

— Eu e Danny deveremos estar por aqui amanhã, caso você queira me fornecer o número do seu celular.

Zack assentiu com um gesto de cabeça e depois começou a se afastar.

Susan o seguiu com os olhos até que ele sumisse de vista. Então tornou a olhar o cartão que ele lhe oferecera e sem querer desejou conhecer mais sobre aquele homem gentil e solícito.

Zackary Morgan parecia ser muito diferente de Tom ou de qualquer outro homem que ela tivesse conhecido na vida.

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CAPÍTULO DOIS

No domingo o dia amanheceu chuvoso e Susan ficou desapontada. O passeio no parque teria de ser cancelado.

Após tomar o café da manhã, ela decidiu levar as roupas usadas para a lavanderia que ficava no subsolo do prédio e onde havia algumas máquinas disponíveis para os moradores. Apesar de o equipamento ser antigo, Susan dava graças a Deus por não precisar lavar suas roupas em uma lavanderia pública e ter de enfrentar uma fila enorme de usuários.

No início da tarde o telefone tocou e Susan se apressou em atender a ligação. Danny estava dormindo e ela não queria que o ruído da campainha o despertasse.

— Olá, querida! — A voz da mãe soou do outro lado da linha.

— Oi, mãe.

— Seu pai está tirando um cochilo e eu aproveitei para ligar e saber como é que vocês estão.

— Estamos bem. Danny também está cochilando, no sofá da sala — revelou Susan espiando carinhosamente para o filho adormecido. — Apenas que ele me deu um susto terrível na sexta-feira.

— O que aconteceu?

Susan resumiu o que havia ocorrido e finalizou:

— Eu não sei mais o que devo fazer para que ele perca a mania de perseguir homens que se pareçam com Tom.

— Mais cedo ou mais tarde, ele acabará entendendo que o pai não vai mais voltar.

— O pior é que enquanto isso não ocorre eu vivo com o coração nas mãos. Estou sempre com medo de que ele se perca ou algum bandido o seqüestre.

— O que ele precisa é da figura de um homem na família. É uma pena que tenhamos de morar tão distantes. Seu pai adora passar algumas horas com o neto.

A imagem de Zack Morgan desfilou na mente de Susan e ela franziu o cenho. Por que ela pensara nele assim que a mãe sugeriu a figura de um homem na família? Ela mal o conhecia e, além disso, ele não parecia ser do tipo que gostasse de crianças. O próprio trabalho de Zack já revelava que ele fosse do tipo aventureiro e que jamais pensaria em assumir uma mulher com um filho. Mas o que custava fantasiar e imaginar que talvez ele pudesse se apaixonar por ela e mudar o seu estilo de vida? A ilusão se desfez no instante em que ela se recordou dos últimos dois encontros fracassados que tivera. As duas únicas tentativas de namoro que fizera e ambas acabaram mal. Talvez o melhor que fizesse seria se resignar e ficar solteira por mais uns dez anos, no mínimo.

— Eu vivo preocupada por saber que vocês estão morando em um lugar perigoso... — prosseguia falando a mãe.

— Esse apartamento foi o melhor que eu pude conseguir.

— Vocês poderiam vir morar próximo de nós. Os aluguéis por aqui são bem mais baratos.

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— E como eu faria para pagar as contas?

— Você poderia dar aulas particulares.

— Oh, não! Eu adoro o meu trabalho e adoro Nova York. E Danny também já está acostumado com a escola e os seus amigos.

— Mas nós sentimos tanto a falta de Danny!

— Eu lhes enviarei mais algumas fotos dele nessa semana.

— Não é a mesma coisa...

— É só o que posso fazer por enquanto. Assim que eu conseguir uma licença, nós iremos visitá-los.

— Está bem. Eu ligarei mais tarde para falar com Danny.

— Ele ficará feliz.

Assim que terminou de conversar com a mãe, Susan se acomodou no sofá e ficou observando as gotas de chuva que ainda caíam abundantes na vidraça da janela.

O tempo ruim prosseguiu por toda a semana que se seguiu. No sábado pela manhã o sol reapareceu e Susan decidiu ir até o parque com Danny. O garoto estava ansioso pelo passeio após ter ficado trancafiado no apartamento por tantos dias e acabado com a paciência de Edith. Susan estava com esperanças de encontrar Zack para lhe contar que descobrira uma excelente oportunidade de locação temporária. Ele a havia ajudado com Danny e ela estava feliz em retribuir o favor de alguma maneira. Pelo menos era isso o que ela dizia a si mesma: só queria vê-lo por essa razão.

Quando eles chegaram ao parque, Danny, como sempre fazia, libertou-se da mão de Susan e correu ao encontro dos amigos.

Susan espiou na direção dos bancos que estavam próximos e não havia sinal de Zack. A decepção foi tanta que ela finalmente admitiu em pensamento que estava ansiosa para vê-lo. E não apenas por causa do aluguel temporário que conseguira descobrir.

Ela se acomodou no mesmo banco que compartilhara com Zack na última vez em que o vira e aguardou com paciência. Talvez logo mais ele aparecesse por ali.

Por volta do meio-dia, Susan começou a perder a esperança de ver Zack outra vez. O melhor seria chamar Danny e retornarem para o apartamento a fim de que ela preparasse algo para o almoço. Ela só esperava que o filho não fizesse muito escarcéu para ir embora.

Antes que ela tomasse qualquer atitude, Susan vislumbrou a figura alta e imponente de Zack, que cruzava o gramado e vinha na direção dela. Em uma das mãos ele carregava uma sacola de plástico na cor branca.

— Oi! — exclamou ele assim que chegou mais perto dela.

— Oi — respondeu Susan um pouco acanhada. Ela estava tão ansiosa para vê-lo e agora que Zack estava ali um rubor de timidez a embaraçou.

— Eu trouxe café para você e um suco de maçã para Danny.

— Que ótimo! Eu estava desesperada por um café. Ficar aqui sentada por tanto tempo acabou me dando sono.

Zack se sentou ao lado dela e retirou uma garrafa de café e dois copos descartáveis. Em seguida a embalagem que continha o suco, e colocou tudo no espaço que os separava na superfície do banco.

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Susan ficou comovida por Zack ter pensado em trazer um suco gelado para Danny.

— Obrigada — agradeceu ela, e, abanando uma das mãos no ar, chamou pelo filho.

Danny veio correndo na direção deles.

— Oi! — Zack foi o primeiro a falar.

— Oi! Você veio aqui para me ver escorregar na rampa?

— Pode crer — respondeu Zack com um sorriso.

— Zack trouxe suco de maçã para você — revelou Susan enquanto abria um canto da embalagem de maneira que o garoto pudesse beber o conteúdo na própria caixinha.

— Oba! Eu adoro suco de maçã!

Daniel estava com tanta sede que esvaziou quase a metade do conteúdo em apenas um gole. Depois ficou ofegante.

— Calma, Danny! — censurou-o a mãe. — Não precisa beber tudo de uma só vez! Como foi que eu o ensinei a dizer quando alguém lhe oferece alguma coisa?

O pequeno ergueu os olhos para Zack e agradeceu a ele:

— Obrigado pelo suco. — A seguir, entregou a caixinha para a mãe e correu disparado na direção dos balanços.

— Ele nunca fica cansado de tanto brincar? — quis saber Zack.

— Oh, sim. Normalmente depois do almoço ele dorme por umas duas horas. Ah, antes que eu me esqueça, eu tenho novidades sobre um apartamento aqui perto que o pessoal deseja alugar por uns seis meses, no caso de você ainda estar interessado. — Ela tirou da bolsa um cartão com um endereço e o entregou. — Eu acho que você deve se apressar em marcar uma entrevista com o dono do imóvel. Esses apartamentos por temporada são fáceis de ser alugados.

Zack guardou o cartão que ela lhe entregou e ao mesmo tempo lhe ofereceu um pedaço de papel com um número escrito.

— Esse é o número do celular que eu acabei de comprar para você poder me ligar.

— E por que eu lhe ligaria?

Ele respondeu dando de ombros:

— Não sei. Talvez para me informar sobre outro apartamento que esteja para alugar, ou então apenas para conversarmos.

Susan hesitou por um momento e então afirmou:

— Obrigada. Eu posso lhe dar o número do meu telefone, se você quiser.

Ele assentiu, e Susan escreveu o número no mesmo cartão em que lhe fornecera o endereço do imóvel para locação temporária.

Por algum tempo eles ficaram calados e observando as crianças brincarem. Algumas mães começavam a chamar seus filhos para o almoço.

— Sabe que eu nunca conheci minha mãe? — comentou Zack com tristeza enquanto olhava as mulheres levarem seus filhos pela mão.

— Oh, sinto muito em saber disso — lamentou Susan e evitou entrar em detalhes. Se Zack quisesse lhe contar mais alguma coisa, ela o ouviria, mas não queria se mostrar intrometida. Notando o silêncio dele, ela mudou o assunto:

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— Minha amiga comentou que o apartamento está com mobília nova e em perfeitas condições. Com certeza será alugado muito rápido. Você deveria visitá-lo o mais depressa possível.

— Eu farei isso — concordou Zack, e em seguida sorveu o último gole de café que ainda restava no copo. Depois prosseguiu: — Também quero aproveitar para fazer um passeio amanhã cedo e visitar o zoológico de Nova York. Seria mais divertido se uma criança estivesse presente. Você não gostaria de me acompanhar? Seria divertido para Danny.

Susan respirou fundo e logo pensou em aceitar. Ela adoraria passar o domingo com ele. Contudo, Susan não tinha certeza de que estivesse pronta para assumir um na-moro. Ela já tentara por duas vezes e não tinha dado certo. Mas o que a levava a pensar que um convite para visitar o zoológico significasse um pedido de namoro? Ele apenas a convidara para um passeio e estava interessado em que Danny se divertisse. Que mal havia nisso?

— Eu vou verificar os meus compromissos para amanhã e lhe darei uma resposta mais tarde.

— Eu verifiquei que o zoológico abre às 9h e, se chegarmos cedo, poderemos aproveitar o máximo que pudermos.

— Estou certa de que seria divertido e de que Danny iria adorar. Ele adora animais. Eu lhe darei uma resposta ainda hoje. Obrigada por nos convidar.

Zack assentiu e, recostando-se no banco, passou a observar Danny. Ele sentiu que poderia ficar horas apenas vendo o filho brincar. Uma espécie de mágoa o afligiu ao se recordar de que Alesia não lhe dera a chance de saber que fosse pai. Quem sabe ele não tivesse retornado para os Estados Unidos e resgatado seu filho antes que ela o entregasse para a adoção? Agora Zack sentia que havia perdido a oportunidade de fazer parte da vida de seu próprio filho.

Com o canto dos olhos, ele espiou Susan e percebeu que ela se mantinha alerta e pronta para intervir sempre que Danny precisasse dela. Estava óbvio que ela amava o garoto e fosse uma excelente mãe. Zack não precisaria se preocupar com o futuro do seu filho.

Por um instante ele imaginou como sua vida teria sido diferente se ele tivesse tido uma mãe como Susan. Ao menos seu filho não teria de passar de um lar para outro, como fora o seu caso. Logo ele estaria curado e de volta para algum trabalho em um país distante. Por isso o que mais importava agora seria aproveitar ao máximo o tempo que pudesse curtir ao lado do filho e partir sabendo que Danny estava feliz e sendo amado por uma mãe maravilhosa.

— É uma pena que as crianças cresçam tão rápido — lamentou Susan enquanto observava Danny no escorregador. — Eu gostaria de poder ficar mais tempo com ele do que apenas nas noites e nos finais de semana.

— Quem é que cuida de Danny enquanto você sai para trabalhar?

— Edith. Uma professora aposentada que mora no mesmo prédio. Ela fica em casa com Danny. Assim, ele pode brincar com seus próprios brinquedos e prosseguir com a rotina a que está acostumado. Ela o leva para a pré-escola e eu vou buscá-lo na saída.

Zack apenas balançou a cabeça. Ele não planejava se intrometer na vida entre mãe e filho. Entretanto, ele estava intrigado com o fato de se sentir tão bem ao lado de Susan. Será que ela permitiria que ele fizesse parte da vida deles, ainda que fosse por pouco tempo?

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Bem, o convite para o zoológico já estava feito. Agora só lhe restava esperar.

Susan fechou a porta do quarto de Danny com cuidado. Finalmente ele havia adormecido. Ela também estava cansada e gostaria de cair na cama, mas precisava apro-veitar o tempo para executar alguns serviços domésticos.

Após passar o aspirador no tapete da sala e polir os móveis, ela apanhou o cesto onde colocava as roupas sujas e seguiu para a lavanderia. Se pretendesse passar o dia seguinte no zoológico, seria melhor adiantar o trabalho.

Enquanto Susan colocava as roupas na máquina de lavar, seus pensamentos devanearam e a imagem de Zack Morgan surgiu em sua mente. Será que ela deveria aceitar o convite e passar o domingo na companhia dele? Ela mal o conhecia. Além disso, assim que ele se recuperasse dos ferimentos, ele seguiria para algum trabalho no exterior e ela provavelmente nunca mais o veria outra vez. Portanto, Susan sabia que não se tratava de um envolvimento amoroso. Que mal poderia haver em fazer um passeio com ele no zoológico? Danny se divertiria muito, e ela também.

Com essa idéia em mente, ela terminou de colocar as roupas na máquina e ligou o botão de partida. Depois subiu para o apartamento a fim de ligar para Zack e dizer-lhe que aceitava o convite. Danny ficaria feliz quando soubesse disso.

No instante em que ela passou pelo corredor para verificar se Danny ainda estava dormindo, Susan olhou para uma das fotos de Tom e falou baixinho:

— Não se trata de um encontro. Zack é apenas um amigo e Danny irá adorar o passeio.

Um pensamento inconveniente passou pela sua mente naquele instante. Quem é que ela estava pensando enganar? O Tom, ou a si mesma?

Naquele instante, ela ouviu o telefone tocar e retornou depressa para a sala, torcendo para que Danny não acordasse com o som do aparelho.

— Alô!

— Susan? Sou eu, Zack.

— Oi! — exclamou ela sentindo um calor subir-lhe às faces. — Eu estava mesmo pensando em ligar para você e dizer-lhe que eu e Danny ficaremos felizes em acompa-nhá-lo no passeio até o zoológico.

— Ótimo! — respondeu ele com alegria. — Passarei em seu apartamento ali pelas 8h30, se estiver bem para vocês.

— Estaremos prontos nesse horário.

Susan estava se sentindo ansiosa e procurava se concentrar na idéia de que não se tratasse de um encontro. Apenas um passeio com um amigo e nada mais.

— Danny está dormindo?

— Sim. Ele está habituado a uma determinada ordem de vida. Acordar às 7h, almoçar ao meio-dia e jantar sempre no mesmo horário. Um pouco mais tarde o banho e ouvir uma história antes de dormir. Crianças adoram rotinas e... — Antes que ela terminasse a frase, lembrou-se das roupas que deixara na lavadora. — Oh, desculpe-me, mas eu preciso colocar as roupas na secadora.

— Eu posso ligar mais tarde, se você quiser.

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— Tudo bem. Dê-me dez minutos.

Zack encerrou a ligação e ficou meditando sobre Susan. Ela era uma mulher de temperamento alegre e de fácil convivência. Isso fazia com que ele desejasse saber mais a respeito dela e dos seus projetos para o futuro. Por um instante ele considerou a possibilidade de revelar a verdade sobre Danny ser seu filho biológico. Porém decidiu esperar um pouco mais e observar como as coisas entre eles se desenrolariam. Por ora, era suficiente apenas participar da vida de Danny como amigo. Quando Zack retornou a ligação, ele decidiu conhecer um pouco mais a respeito dela:

— Conte-me um pouco a respeito da sua vida. Nós só falamos de mim quando conversamos pela última vez.

— Isso porque a sua vida é muito mais excitante do que a minha — declarou ela com um sorriso. — Tudo o que eu faço é enfrentar o metrô lotado todos os dias e depois dedico o meu tempo para Danny até que ele durma. Depois cuido das coisas que precisarei usar no dia seguinte, e então vou para a cama.

— E quanto aos finais de semana?

— Nas estações amenas eu costumo levar Danny para brincar no parque. Quando está muito quente, costumamos ir até a praia. No inverno, prefiro visitar os museus, para que ele possa correr no saguão sem o perigo de apanhar um resfriado. Mas esse tipo de vida deve parecer entediante para um homem como você.

— Depende do ponto de análise. A parte atraente do seu estilo de vida é a estabilidade. Eu sou um nômade.

— Pela sua própria escolha.

— Talvez.

— Está querendo dizer que algum dia poderá mudar de idéia e desejar se estabilizar?

— Eu nunca considerei essa hipótese antes. Mas nunca se sabe.

— Bem, em algum ponto do caminho isso poderá acontecer. Você nunca desejou ter uma família?

— Eu sempre tive medo de que pudesse morrer e meu filho precisar ser criado em lares adotivos.

— Nossa! De onde veio essa idéia?

— Foi o que aconteceu com meus pais e eu fui entregue ao serviço de adoção de Chicago.

— Oh... — Susan deu um gemido de espanto. Então se lembrou de que ele lhe havia dito que nunca conhecera a mãe. Por alguma razão, ela imaginara que pelo menos o pai dele estivesse vivo. — Deve ter sido muito difícil para você nunca ter conhecido os seus pais. Mas isso não significa que deverá acontecer o mesmo com seu filho. E se você viver até uma idade avançada e não tiver filhos e nem netos para consolá-lo não será pior?

Por um momento Zack tentou imaginar como sua vida seria solitária se ele prosseguisse no seu trabalho nômade.

— Talvez você tenha razão. Prometo que levarei suas palavras em consideração — admitiu ele, e preferiu mudar o assunto: — Por falar em estabilidade, eu liguei para o número de telefone que você me forneceu e marquei uma visita para conhecer o apartamento na segunda-feira.

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— Ótimo. Depois você me conta se gostou dele.

— Combinado.

Eles conversaram por mais um pouco de tempo, até que Susan revelou que precisava buscar as roupas que já deveriam estar secas a essa altura. Após informar o endereço do apartamento para que ele pudesse ir buscá-los na manhã seguinte, ela se despediu e encerrou a ligação.

Na manhã seguinte, quando Zack tocou a campainha, Danny correu para abrir a porta. A mãe havia lhe contado sobre o passeio ao zoológico e o garoto estava empolgado.

Susan entrou na sala naquele mesmo instante e notou que o filho abrira a porta sem nem mesmo perguntar quem estava do outro lado, como ela sempre o aconselhara. Ela vinha tentando ensinar-lhe sobre os perigos do mundo, mas ele estava tão entusiasmado que nem se lembrara dos conselhos.

— Olá, Danny! — falou Zack, e depois se abaixou até nivelar a sua altura com a do menino. — Já está pronto para visitar as girafas?

— Estou! — exclamou o pequeno e se jogou em cima de Zack enlaçando-lhe o pescoço. — O zoológico é o meu passeio preferido! Eu também quero ver os elefantes!

Susan sorriu ao observar a surpresa nos olhos de Zack.

— Calma, Danny! Assim você irá estrangular o Zack.

— Não faz mal — respondeu Zack com um sorriso. — Ele está empolgado.

— Nós já estamos prontos — revelou ela, e terminou de colocar as últimas duas garrafas de água na mochila e fechou o zíper.

Zack se ofereceu para carregar a bolsa e comentou com um sorriso:

— O que tem aqui dentro? Tijolos?

— Não. Apenas o essencial — respondeu ela erguendo uma das mãos e exibindo um dedo para cada item. — Água, protetor solar, lenços umedecidos, biscoitos e a coberta preferida de Danny.

— Coberta preferida? — indagou Zack, intrigado, e ela esclareceu:

— Quando Danny fica cansado e precisa de um cochilo, ele não consegue dormir se não colocar a coberta e roçar a bainha. Geralmente eu a deixo na cama dele, mas, como ficaremos fora o dia inteiro, achei melhor levá-la na mochila.

— Ah... — murmurou Zack balançando a cabeça. — Eu não entendo nada de crianças, mas, estando em um zoológico, acredito que nós ficaremos cansados muito antes dele.

— Não seria melhor que eu levasse a mochila? — ponderou Susan, lembrando-se de que ele ainda estava em convalescença.

— Não é preciso. Só fiquei admirado com o peso.

— Isso não é nada. Você nem imagina o que precisávamos carregar quando Danny era um bebê.

— Verdade? Parece que estou aprendendo um pouco mais a cada segundo.

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Assim que o elevador abriu as portas no saguão do prédio, Danny fez menção de sair correndo e Susan agarrou firme a mão do filho e o censurou com ternura:

— Danny! O que foi que eu lhe disse para fazer quando saíssemos do prédio?

O pequeno fez cara de desagrado e espiou para a mãe com o canto dos olhos.

— Para eu nunca largar a sua mão.

— Então faça isso e eu não ficarei zangada. — Ela o advertiu e Danny concordou com um gesto de cabeça. — Olhando na direção de Zack, ela comentou: — É claro que eu tenho de repetir a mesma coisa todas as vezes que saímos do prédio.

Zack riu:

— Danny parece ser uma criança muito feliz.

— Espero que sim. Estou dando o melhor de mim. É muito difícil precisar educar uma criança sem um pai para impor respeito. Se o meu marido ainda estivesse vivo, as coisas seriam diferentes. Para começar, eu nem precisaria trabalhar fora e poderia ficar com Danny o tempo todo.

— Desculpe-me a intromissão, mas ele não lhe deixou um seguro de vida?

— Deixou, mas acontece que o valor do seguro é baixo e eu preferi reservá-lo para pagar a universidade quando Danny precisar.

Assim que eles alcançaram a calçada, Zack acenou para um táxi e os ajudou a entrar no carro.

— O meu pai gostava de ir ao zoológico? — perguntou Danny para a mãe, e ela confirmou com um aceno de cabeça. — Então pode ser que eu o veja quando estiver lá?

Susan entristeceu as feições, mas falou com firmeza:

— Não, Danny. Seu pai não estará no zoológico. Eu já lhe disse que ele foi morar no céu e não vai mais voltar.

— Mas eu quero o meu pai! — exclamou Danny com lágrimas nos olhos e esperneando.

— Eu sei que você sente a falta dele, querido. E eu também. Só que ele não estará no zoológico. — Olhando para Zack, ela revelou sua preocupação: — Precisamos vigiá-lo para que não corra atrás de algum estranho que se pareça com Tom.

Zack assentiu. Cada vez mais ele se ressentia do fato de não ter participado da vida do seu filho. Ele detestava o fato de saber que Danny estava sofrendo pela falta do pai e sentia um desejo enorme de lhe contar que ele estava bem ali. Como Alesia podia ter feito isso com ele? Por que preferira entregar o filho para a adoção, ao invés de ter lhe revelado que ele fosse o pai? Com certeza Zack teria assumido sua obrigação, antes mesmo de o filho nascer. Agora, só lhe restava o consolo de saber que seu filho estivesse bem e ajudar de alguma maneira a mulher que o adotara.

Quando eles chegaram ao Bronx Zoo, o tempo estava ameno e agradável. Havia crianças correndo por toda a parte acompanhadas de suas famílias.

Susan se mantinha próxima de Zack e segurava a mão de Danny.

— Eu não esperava que o zoológico estivesse lotado em pleno mês de abril! — exclamou ela espantada.

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— O importante é que o tempo está excelente — retrucou Zack, e perguntou para Danny: — O que você quer ver em primeiro lugar?

— Os macacos — respondeu Danny dando pulos de alegria.

A manhã passou tão rápido que Susan levou um susto quando olhou no relógio de pulso que usava e constatou que já havia passado vinte minutos do meio-dia.

— Precisamos encontrar um lugar para lanchar — avisou ela a Zack enquanto apontava na direção de algumas mesas que começavam a vagar na área disponível para piqueniques.

Antes de retirar os lanches que preparara, Susan apanhou alguns lenços umedecidos e limpou as mãos do filho. Em seguida retirou da mochila as garrafas de água, os biscoitos e os sanduíches que ela havia embalado com papel-alumínio para conservar-lhes o frescor.

— Obrigada por ter nos convidado. Estamos nos divertindo muito — agradeceu ela a Zack em tom gentil. Sem querer começara a se acostumar com a companhia dele.

Zack tinha um astral tão alto que era difícil sentir monotonia estando perto dele. Susan se perguntou mentalmente se ele fora sempre acidente ou se o acidente com a mina o tivesse modificado. Uma curiosidade em conhecê-lo melhor começou a despontar em seu interior, porém ela evitou fazer-lhe muitas perguntas para que Zack não tivesse uma impressão errada sobre as intenções dela em desejar apenas uma amizade sem compromissos.

Já passava das 14h quando eles terminaram o lanche e Danny exibia os primeiros sinais de cansaço.

— Acho melhor irmos para casa — falou Susan enquanto Danny erguia os braços pedindo que ela o carregasse.

Zack se aproximou e sugeriu:

— Cuide da sacola, que eu levo Danny. — No instante em que o garoto lhe enlaçou o pescoço e apoiou a cabeça em um dos seus ombros, Zack se perguntou se teria a coragem de separar-se dele algum dia.

Quando eles chegaram ao apartamento, Danny dormia profundamente e Zack o colocou na cama. Susan retirou Os tênis que o filho calçava e o cobriu com uma coberta de tecido macio.

— Obrigada, Zack. Ele se lembrará desse dia por muito tempo.

— Eu também — confessou Zack lançando um olhar de ternura para o filho. Depois saiu do quarto em silêncio e Susan o acompanhou até a sala. — Quem sabe você e Danny decidam ter pena de mim e aceitem um novo convite para outro, final de semana comigo?

— Quem sabe? — respondeu Susan com alegria. Ela havia adorado a companhia dele muito mais do que esperava. Por isso precisava ter cuidado para não se apegar demais. Susan não estava pronta para se envolver com um homem e, quando isso acontecesse, ela iria preferir alguém que morasse perto e tivesse um trabalho mais estável. Principalmente uma atividade que não exigisse viagens constantes, nem o perigo de pisar em terreno minado.

Depois que Zack foi embora, Susan se manteve ocupada com algumas tarefas caseiras para distrair os pensamentos. Quando terminou o que precisava ser feito, ela foi até o quarto de Danny para verificar se ele ainda estava dormindo. Em seguida, apanhou um livro e se acomodou no sofá da sala. Mal havia começado a leitura quando a

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lembrança de Zack retornou em sua mente. Ela precisava encontrar uma maneira de esclarecer-lhe a que não estava em busca de um novo romance em sua vida. Ergueu os olhos para a foto de Tom que estava mais próxima e prosseguiu com os devaneios. À verdade era que Susan já havia se acostumado a ser sozinha, embora sentisse uma falta enorme do marido. Era uma pena que eles não tivessem tido a oportunidade de ficar juntos por mais tempo e terem tido mais filhos. Ela detestava a ideia de Danny ser filho único. Entretanto, Susan não conseguia se imaginar casada outra vez.

A menos que fosse alguém como Zack, avisou-lhe sua voz interior. Ele quase a fizera esquecer-se de Tom...

Susan franziu o cenho diante de um pensamento tão irreverente. Zack não tinha nada a ver com Tom. Além disso, ele estaria por perto apenas mais algumas semanas e depois partiria para algum país exótico, onde ficasse por alguns anos e depois sabe Deus para onde partiria. Aquele tipo de vida nômade poderia servir para Zack, mas não para ela, nem para Danny.

Na manhã da segunda-feira, Susan recebeu um telefonema de Edith Jordan. Isso a preocupou, porque Edith nunca ligara para ela no trabalho.

— Não se assuste, querida. Estou ligando apenas para uma rápida confirmação — esclareceu Edith. — Eu estou com Danny no parque e ele está conversando com um homem já faz algum tempo. Ele me disse que se trata de um amigo que levou vocês ao zoológico ontem.

— Ah, sim! Trata-se de Zack Morgan. O que Danny lhe disse é verdade.

— Então está bem — falou Edith. — Eu apenas queria confirmar com você se ele era realmente um amigo.

— Danny o está aborrecendo?

— Oh, não. Eu tenho certeza de que o sr. Morgan está adorando conversar com ele.

Depois que Susan desligou o aparelho, ela ficou pensativa. Não queria que Danny se apegasse demais a Zack para que o menino não sofresse quando ele tivesse de partir. Por outro lado, ela sabia o quanto era difícil resistir à companhia alegre de Zack.

Ela fechou os olhos e por um instante desejou que pudesse estar com ele e Danny no parque.

Na noite da quarta-feira, enquanto Susan ajudava Danny a vestir o pijama, o menino não parava de falar em Zack e no quanto eles haviam se divertido juntos. Ela havia verificado com Edith e descobrira que Zack passara a tarde da segunda-feira com Danny, mas que ele não aparecera no parque nem na terça nem na quarta.

Assim que Danny adormeceu, Susan decidiu tomar uma ducha para se refazer do cansaço do dia.

Antes que ela executasse o seu intento, o telefone tocou. Ela se apressou em atender e, quando ouviu a voz de Zack, sentiu o coração quase saltar do peito. Repousando as costas no sofá, Susan procurou manter a calma e falou em tom jocoso:

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— Eu estou sabendo sobre as suas proezas da segunda-feira.

— Danny conseguiu esgotar as minhas energias — revelou Zack com um riso de zombaria.

— E por isso precisou de dois dias para se recuperar? — provocou-o ela em tom de brincadeira. — Edith me contou que você não apareceu mais no parque.

— Quer dizer que você esteve perguntando sobre mim?

— Não. Acontece que Edith costuma relatar em detalhes tudo o que acontece durante o dia com Danny e sobre as pessoas que se aproximam dele.

— Ainda bem. Isso significa que você tem uma babá de extrema confiança.

— Você conversou com ela?

— Na verdade o que aconteceu foi um verdadeiro interrogatório. Acho que ela ficou sabendo mais sobre mim do que a firma para qual trabalho. Por acaso Edith foi contratada pelos seus pais?

— Oh, não. Eles a viram apenas por uma vez.

— Ambos os seus pais estão vivos? — quis saber ele.

— Sim. Apenas que agora eles estão morando na Flórida por causa da saúde do meu pai. Lá o clima é mais ameno.

— Você nunca teve vontade de se mudar para perto deles? O inverno em Nova York é muito rigoroso.

— Eu adoro ver a neve. Costumo levar Danny para patinar no Rockefeller Center quando chega o inverno.

— Eu gosto de esquiar na neve sempre que posso. Principalmente na Suíça. Por isso eu prefiro tirar minhas férias no inverno.

— Eu tenho muito interesse em conhecer a Europa. Quem sabe eu consiga economizar alguma coisa e fazer uma viagem dessas com Danny, antes que ele cresça demais. Por falar nele, você realmente ficou exausto por causa das brincadeiras no parque?

Zack riu: — Claro que não. Eu precisei viajar até Washington D.C. para conversar com um dos administradores da empresa e verificar a possibilidade de que eu trabalhe aqui mesmo, nos Estados Unidos, após a minha recuperação.

— E...?

— Ele me disse que ainda não poderia avaliar o meu pedido por causa da licença médica. Por isso eu pretendo aproveitar o tempo para visitar alguns pontos de Nova York que ainda não conheço. Já que você foi nascida e criada aqui, eu estava pensando em pedir-lhe para ser minha guia na cidade. O que você acha?

Susan sentiu o coração perder o compasso só de imaginar-se ao lado dele e visitando seus lugares preferidos.

— Apareça em meu escritório qualquer dia desses e o levarei para visitar alguns lugares especiais que eu conheço — respondeu Susan sem nem mesmo pensar. Agora não poderia voltar atrás.

— Mas você não estará em horário de trabalho?

— Eu tenho liberdade para tirar uma folga sempre que quiser.

— Se é assim, o que acha de marcarmos para a próxima terça-feira? Você poderá

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me levar para conhecer alguns lugares especiais e eu pagarei o almoço.

— Está bem. Eu procurarei estar livre às 10h.

— Então está combinado — afirmou ele.

Susan mal podia acreditar que realmente estivesse marcando um passeio com um homem e onde eles estariam sozinhos. Isto é, sem a presença de Danny. Apenas ela e Zack.

Será que Susan estaria pronta para isso?

Zack a fazia sentir-se viva e desejada, como ela nunca se sentira naqueles dois anos de solidão. Afinal, ela não morrera com Tom. Contudo, o sentimento de tristeza que sofrera com a perda do marido quase a fizera se esquecer de que ainda existia um coração dentro do seu peito que poderia ser capaz de provar novas experiências outra vez. Para acalmar o nervoso que sentia, ela mudou o assunto:

— Você não me disse se gostou do apartamento que eu lhe indiquei.

— Eu liguei para confirmar a minha visita, mas o corretor me informou que o proprietário já o havia alugado no domingo.

— Que pena! Eu o avisarei se souber de algum outro nas mesmas condições.

— Obrigado, mas não precisa se preocupar com isso. A empresa se comprometeu a pagar as despesas com o hotel.

— Mesmo assim, eu acredito que um apartamento lhe ofereça mais conforto do que uma suíte de hotel.

— Para quem estava acostumado a dormir em uma tenda, até que o hotel é bem confortável — revelou Zack com um sorriso.

— Você dormia em uma tenda?

— Nesse meu último trabalho na Arábia, sim. Em se tratando de um deserto, não existem muitas opções. Mas vamos falar de coisas melhores. Você tem algum compro-misso para sexta-feira à noite?

— Não que eu lembre. Por quê?

— Eu reparei em uma pizzaria próxima do seu apartamento onde eles mantêm um espaço com jogos para crianças. Eu gostaria de convidá-los para jantarmos juntos na sexta-feira. O Danny gosta de pizza?

— Acho que não existe criança que não goste de pizza. Eu conheço essa pizzaria e sei que eles são especialistas nesse tipo de massa.

— A que horas você chega do trabalho?

— Geralmente entre, 17h e 17h30. Só precisarei de algum tempo para me arrumar e cuidar de Danny. Acredito que às 18h30 estaremos prontos.

— Por mim, tudo bem. Estarei em seu apartamento nesse horário.

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CAPÍTULO TRÊS

Assim que Zack desligou o telefone, ele imaginou se não estaria cometendo uma tolice em prosseguir se encontrando com Susan. Ela era tão diferente das mulheres com quem ele costumava sair que Zack não entendia a razão de se sentir tão fascinado.

Talvez ele apenas estivesse curioso em descobrir quais eram os hábitos da mulher que adotara o seu filho.

Ainda assim, ele considerava que estivesse se envolvendo demais com ela. Nos últimos 12 anos de sua vida, Zack apenas se envolvera com mulheres como Alesia, do tipo que gostasse de usufruir a vida e não estivesse preocupada com compromissos. E Zack também levava em conta que o seu tipo de trabalho jamais permitiria que ele mantivesse laços afetivos com quem quer que fosse.

Entretanto, apesar das diferenças, Zack gostava de Susan. Ela era uma doçura de pessoa e uma mãe devotada.

Ele se aproximou da janela em seu quarto no hotel e ficou observando as luzes da cidade que parecia nunca adormecer. O que Susan estaria fazendo naquele momento?, pensou ele. Às vezes ele conseguia captar uma sombra de tristeza nos olhos dela. Ele lamentava que ela tivesse perdido o marido tão cedo. Pela ordem natural da vida, eles ainda teriam muito tempo juntos pela frente. Por isso deveriam ter adotado Danny com a intenção de educá-lo juntos. O problema é que ninguém tem garantia de quando sua vida irá terminar. Agora ela teria de prosseguir sozinha e apoiar o filho da melhor maneira que pudesse.

Zack se afastou da janela para apanhar uma bebida no frigobar do quarto.

A noite transcorria solitária e triste. Zack provou um gole da bebida e pensou em seus colegas de trabalho. Por um momento sentiu falta do acampamento na Arábia. Ao menos ele sempre tinha algum trabalho para terminar ou decidia sair com os amigos para algum dos bares próximos e que sempre eram instalados por ocasião dos projetos de modernização dos lugarejos, a fim de que os trabalhadores se divertissem.

Contudo, mesmo que ele estivesse de volta no acampamento, Zack não tinha certeza de que isso o agradaria. O acidente com a mina mudara completamente a sua perspectiva de vida. Ou teria sido o fato de saber que tivesse um filho?

Provavelmente um pouco de cada um.

Agora que Zack conhecera Susan e Danny, ele tinha certeza de que o menino estava muito melhor com ela do que se estivesse com Alesia. E se tivesse sabido da gravidez dela e levasse o filho com ele, Zack não teria condições de proporcionar para Danny a vida tranqüila e feliz que ele levava ao lado de Susan. Pelo menos não enquanto ele mantivesse aquele tipo nômade de trabalho.

Ele sabia que Susan era uma excelente mãe e podia perceber claramente que seu filho estava saudável e feliz.

Mais uma ou duas visitas seria o suficiente e Zack poderia ir embora sossegado. Não havia sentido em ficar se intrometendo na vida deles. Porém o mais difícil seria partir e deixá-los quando o momento chegasse.

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Na quinta à tarde, quando Susan retornou para casa, Edith Jordan estava começando a adiantar o jantar.

Danny correu ao encontro da mãe agitando um envelope no ar com grande euforia.

— Você recebeu uma carta da minha professora! — exclamou ele saltando para cima e para baixo.

Edith sorriu ao mesmo tempo que apanhava seus pertences.

— Acho que ele pensa que se trata de boas notícias.

— Por quê? — questionou Susan, sorrindo. — Os recados das professoras nunca são agradáveis?

— Pelo menos não no meu tempo — respondeu ela e abriu a porta para sair. — Boa noite, Danny. Até amanhã.

— Até amanhã — respondeu o menino cheio de empolgação enquanto observava a mãe abrir o envelope.

Edith decidiu estacar por um tempo na soleira da porta, apenas por curiosidade.

— A escola está precisando de reparos e necessita da colaboração dos pais — comentou Susan, e girou a cabeça na direção da porta. — A fiscalização informou que a escola será fechada se não estiver de acordo com as normas da legislação.

— E qual o tipo de ajuda que estão pedindo aos pais? — perguntou Edith.

— Tanto financeira quanto física — respondeu Susan. — O pior é que eu tenho apenas 17 dólares, que restaram do salário, e não entendo nada de pregos e martelo.

— Poderia contribuir com a pintura ou a limpeza. Eles não forneceram uma lista de tarefas para serem escolhidas?

— Na carta está escrito que será afixado na porta de cada sala de aula um rol dos reparos mais urgentes. Será que você poderia copiá-los para mim quando levar Danny para a escola amanhã?

— Claro. Até farei melhor. Eu pedirei que eles me forneçam uma cópia das tarefas que precisam ser feitas.

Assim que a mulher saiu, Susan ficou pensativa. Ela não tinha muito dinheiro, nem tempo para ajudar a escola, mas não gostaria que ela fosse fechada e as crianças se dispersassem para outras unidades de estudo. Principalmente agora que Danny estava plenamente adaptado com os colegas e professores.

Zack tocou a campainha do apartamento de Susan e ouviu a voz dela gritando para que Danny a esperasse. Inútil... O garoto estava tão impaciente que se apressou em abrir a porta e sorriu para Zack, dizendo: — Nós vamos comer pizza!

— Eu sei. É por isso mesmo que estou aqui. — Zack sorriu de volta para o filho e conteve a vontade de erguê-lo nos braços e apertá-lo. Não seria prudente demonstrar o afeto que sentia e suscitar alguma desconfiança de Susan, que entrava na sala naquele mesmo instante.

— Oh, Danny... Quantas vezes eu precisarei repetir para que você não abra a porta antes de perguntar quem está do outro lado!

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— É o Zack, mamãe!

— Eu sei disso, mas você não poderia ter adivinhado. E se fosse outra pessoa?

— Mas é o Zack! Ela sacudiu a cabeça com desconsolo e depois sorriu para Zack e lamentou: — Eu não pretendo assustá-lo com histórias de ladrões e malfeitores, mas ele não pode abrir a porta a cada vez que alguém toca a campainha. Zack baixou os olhos para o menino e avisou:

— A sua mãe tem razão. Da próxima vez, você pergunta quem está lá fora antes de abrir a porta. Está certo, amigão?

— Certo — concordou o pequeno e abanou a cabeça. Em seguida correu para o quarto, enquanto falava em voz alta: — Vou buscar a minha jaqueta.

Zack fechou a porta e olhou para Susan. Ela vestia calças justas na cor preta e um lindo suéter em tom esverdeado. Por um instante ele teve a impressão de que ela estava feliz em vê-lo. Seria possível? Bem, um homem tem o direito de sonhar. Ele falou para si mesmo enquanto avançava alguns passos para dentro da sala.

— Desculpe-me se cheguei cedo. Eu estava mesmo aqui por perto.

— Não faz mal, estamos quase prontos. Acomode-se no sofá que eu já estarei de volta — avisou ela, e saiu atrás de Danny.

Zack os aguardou e pouco depois Danny estava na sua frente insistindo para que fossem logo embora. Zack olhou para o pequeno e um amor profundo por aquele menino que mal conhecia invadiu-lhe o coração. Se as coisas tivessem acontecido de maneira diferente, ele poderia abraçá-lo e ouvi-lo chamá-lo de pai.

Alguns momentos mais tarde, eles caminhavam na direção da pizzaria, que ficava apenas a alguns quarteirões do prédio onde Susan morava. Danny seguia entre eles.

— Eu quero um balanço! — O garoto exclamou erguendo os olhos para a mãe.

— Oh... Agora não, Danny — respondeu ela.

— Ele quer um balanço? Como assim? — perguntou Zack sem entender nada.

Susan sorriu e explicou:

— Ele quer que nós juntemos as palmas das mãos para improvisar um balanço. Coisas de crianças, não lhe dê importância. Ainda mais com esse ombro ferido.

— Eu não acho que balançar um garoto pequeno como ele seria capaz de me colocar de volta no hospital — argumentou Zack, e se sentiu comovido com a preocupação dela. Zack estava acostumado a viver sozinho por tanto tempo que até achava estranho que alguém se importasse com ele. — O que eu devo fazer?

— É simples. Basta entrelaçarmos os dedos de nossas mãos e acomodar Danny. Então o balançaremos para a frente e para trás. Umas duas vezes será o suficiente.

Danny vibrou com a brincadeira: — Eu quero mais! — berrou ele quando as duas voltas acabaram.

— Não. Já chega! — advertiu-o Susan com firmeza e o pequeno a olhou com o cenho franzido. Logo depois, Danny se esqueceu do balanço e, avistando dois pombos na calçada, perguntou para a mãe:

— Eu posso apanhá-los?

— Não, Danny. O dono do restaurante não gosta que as crianças levem pombos para comer pizza.

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Zack perguntou intrigado:

— Ele consegue apanhar pombos? Susan riu:

— Claro que não. Você nunca desejou apanhar pombos quando era criança? Danny pensa que isso é possível e eu não quero destruir sua ilusão. A infância passa rapidamente e temos o resto da vida para agirmos como adultos.

Zack admirou o sorriso franco que ela exibia e se perguntou quais seriam os sonhos dela. Então se lembrou de que ela perdera o marido há dois anos. O mais intrigante era que Zack não conseguia imaginá-la casada. Agora que a conhecia, ele queria pensar nela exatamente daquela maneira. Jovem, linda e gentil. Seria muito provável que logo ela encontrasse outro homem para amar e tivesse mais filhos.

Sabendo que Danny havia sido adotado, Zack imaginou se era Susan ou Tom que fosse estéril. E se o problema não fosse com ela, talvez seu próximo marido fosse capaz de lhe dar os filhos que ela desejasse.

Zack sacudiu a cabeça para tentar afastar da mente a imagem que formara de Susan nos braços de outro homem.

Quando eles entraram na pizzaria, notaram que o salão estava lotado. Havia uma única mesa disponível nos fundos do estabelecimento, onde ficava o espaço destinado para as crianças.

— Vamos ocupar logo aquela mesa antes que cheguem mais pessoas — avisou Susan enquanto puxava Danny pela mão.

Após discutirem o tipo de pizza que iriam querer, Zack foi até o balcão para fazer o pedido e aproveitou para trazer uma garrafa grande de refrigerante.

Ele se acomodou no lado oposto de onde estava Susan e espiou na direção de Danny, que já havia conseguido fazer um amigo e ambos se divertiam no mesmo brinquedo.

Susan estava olhando na mesma direção e comentou:

— Agora ele ficará entretido até que chegue a pizza.

Zack serviu dois copos do refrigerante e entregou um deles para Susan. Depois de refrescar a garganta com um gole do líquido, ele comentou:

— Eu não imaginava que esse lugar fosse tão barulhento.

— Com certeza não é um lugar adequado para uma conversa — falou ela, quase gritando. — Mas eu adoro assistir a energia das crianças.

Apesar do barulho, Zack gostou do ambiente alegre e divertido. Ele e Susan mal tiveram oportunidade de conversar, mas Danny aproveitou muito. De vez em quando ele aparecia na mesa e dava algumas beliscadas na pizza, e em seguida voltava para brincar com os garotos da mesma idade.

— Ele conhece todas aquelas crianças?

— Eu não reconheço nenhum deles como sendo seu amigo de escola.

Zack ficou maravilhado em ver como Daniel fazia amigos com facilidade. Também ficou satisfeito com a atitude de Susan. Ela nunca perdia o menino de vista. Estava sempre alerta para o caso de Danny precisar dela. Afinal, ela era a mulher encarregada de cuidar do futuro do seu filho e ele não poderia esperar ninguém melhor para essa tarefa.

No instante em que Susan observou que o salão ficava cada vez mais vazio, ela

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consultou seu relógio de pulso e falou assustada: — Nossa! Eu não sabia que era tão tarde! Danny costuma ir para a cama às 8h da noite e já passa das 9h!

— Ao menos ele se divertiu bastante — declarou Zack com um sorriso.

— Eu também — confessou ela. — Obrigado por ter nos convidado.

Apesar da resistência de Danny em concordar em ir embora, Susan agiu com firmeza e o garoto obedeceu.

No caminho de volta para o apartamento, Danny começou a demonstrar sinais de cansaço.

— Você quer que eu o leve? — perguntou Zack para Susan.

— Não é preciso. Faltam apenas duas quadras.

Daniel estacou e, erguendo os braços para Zack, pediu: — Eu quero!

— Sem problemas, amigão. — Zack sorriu e o ergueu em seus braços. Depois apoiou o pequeno sobre um dos ombros. Era impressionante como ele sentia o coração pulsar de amor por aquele garoto que mal conhecia.

Susan segurou num cotovelo de Zack e eles prosseguiram no caminho. Quem os visse acharia que se tratasse de uma família. Por um instante Zack pensou se algum dia ele poderia realmente fazer parte daquela família.

Naquele mesmo instante, Zack considerou a hipótese de realmente transformar esse pensamento em realidade. Por que não? Ele era o pai biológico de Danny, e Susan, a melhor mulher que poderia escolher como mãe para o seu filho. Além disso, ele já começava a gostar de Susan e apreciar sua companhia. E ele percebia que ela não era imune ao seu charme. Zack sabia que ainda era cedo para falar em casamento, mas essa seria a solução ideal. Talvez se ele lhe fizesse a corte da maneira certa, ela acabasse se apaixonando e aceitando o seu pedido de casamento.

Zack mal podia acreditar que estivesse tendo semelhante idéia. Jamais pensara em se casar. Adorava o seu trabalho nômade que lhe permitia conhecer lugares exóticos e distantes. Talvez pelo fato de ele quase ter sido morto no acidente com a mina fosse a causa de Zack ter mudado de ideia. Porém isso não seria justo para com Susan. Uma mulher merece mais do que um pai para o seu filho. O que ela espera é ser amada pelo homem com quem se casa.

Ele baixou os olhos para Susan e estudou-lhe o rosto. Ela era bonita e de uma maneira natural. Não do tipo sofisticado, como Alesia, que usava toneladas de maquia-gem e roupas de grife.

— Danny está muito pesado? — perguntou Susan ao notar a seriedade na expressão de Zack.

— De maneira alguma — respondeu ele, e exibiu um sorriso gentil, finalizando seus devaneios.

Assim que eles entraram no apartamento, Susan avisou:

— Eu vou colocar Danny na cama e, se você quiser esperar, eu posso preparar um café.

— Ótimo. Eu detestaria terminar a noite sem provar um café fresco.

— Eu quero que Zack me ponha na cama — resmungou Danny, e enlaçou-lhe o pescoço.

— Nada disso, Danny. Zack está cansado.

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— Não estou não. Eu posso ajudar Danny enquanto, você prepara o café. O que acha disso? É uma troca justa!

Susan riu.

— Está bem — concordou ela e advertiu Danny: — Mas é só o tempo de vestir o pijama e escovar os dentes. Depois, direto para a cama e nada de manhas. Já está muito tarde.

— Eu prometo — concordou Daniel.

Zack caminhou com Danny nos braços até o quarto do menino e o colocou sentado na beirada da cama. Susan separou um pijama limpo e Zack ajudou Daniel a vesti-lo. Depois Susan acompanhou o filho até o banheiro para ajudar o garoto a escovar os dentes. Zack se reclinou contra o batente da porta e observou com curiosidade o modo como Susan ensinava Danny a promover a higiene bucal.

— Pronto! — exclamou ela assim que o filho terminou de enxaguar a boca. — Agora pode ir para a cama.

Danny correu na direção de Zack e, erguendo os braços, pediu que ele o carregasse. E, quando estava na cama, pediu que ele lhe contasse uma história.

Susan apanhou um dos livros de contos infantis na prateleira que ficava ao lado da cama e o entregou para Zack.

— Enquanto você lê uma história para ele, eu vou preparar o café.

Zack nunca havia lido aquele tipo de livro. Ele o folheou e notou que não havia mais do que duas sentenças na maioria das folhas. Não precisaria esperar muito para que a leitura acabasse. Para completar, antes que ele chegasse à metade da história, Danny já teria caído no sono, a julgar pelos incessantes bocejos.

Assim que o menino dormiu, Zack fechou o livro e, inclinando o corpo, beijou uma das bochechas, coradas do filho.

— Durma bem, pequenino — sussurrou ele e o observou com ternura. Depois se ergueu e guardou o livro. Apagou a luz e saiu do quarto.

Será que Susan costumava deixar a porta aberta ou fechada? Zack ficou indeciso. Ainda tinha muito que aprender para poder lidar com seu próprio filho.

— O café está pronto — revelou Susan assim que viu Zack entrar na sala e acabara de depositar uma bandeja sobre a mesinha de centro.

Antes de se acomodar no sofá, Zack espiou as fotos de Tom fixadas na parede do hall. Será que ele conseguiria convencê-la a esquecer o passado e começar uma nova vida com ele?, questionou-se Zack.

— Você sente falta do acampamento na Arábia? — perguntou ela enquanto lhe oferecia uma xícara contendo o café fresco.

Zack provou um gole da bebida, antes de responder:

— Não posso negar que eu esteja sentindo falta do meu trabalho. Eu adoro o que faço. Mas estou pensando em mudar o meu estilo de vida. Talvez fincar raízes em algum lugar.

— Você não disse que nunca deixaria de ser um nômade?

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— Foi o que eu disse. Acontece que o acidente mudou muita coisa em meu modo de pensar. De repente a vida me pareceu muito mais preciosa do que eu a considerava antes de ter encarado a morte de perto.

Susan o olhou com admiração. Normalmente ela não costumava convidar um homem para tomar café em seu apartamento. Mas com Zack parecia correto. Talvez por-que ele a encantasse com suas histórias sobre as viagens que fizera, ou a coragem que demonstrava exercendo um trabalho perigoso e que a maioria dos homens jamais sonha-ria em aceitar.

Ou então tratava-se de uma atração física pura e simples. Além de ser um homem forte e musculoso, Zack a fazia sentir-se especial.

Susan piscou por duas vezes e direcionou o olhar para uma das fotos de Tom. Eles nunca haviam discutido sobre o que deveria ser feito se um deles morresse jovem. Mas ela sabia que onde quer que estivesse Tom iria desejar que ela prosseguisse com sua vida e encontrasse á felicidade outra vez.

Só que ela ainda não estava pronta para isso. Susan havia desfrutado de um excelente casamento com Tom e duvidava muito que outro homem lhe oferecesse o mesmo amor.

— Você está bem? — A voz grave de Zack soou interrompendo os pensamentos de Susan.

— Sim, por quê? — respondeu ela tornando a encará-lo.

— Não sei. De repente você me pareceu tão distraída!

— Oh, eu sinto muito! Você aceita alguns biscoitos para acompanhar o café?

— Não, obrigado. A pizza foi suficiente para me satisfazer — revelou Zack, e terminou o café que restava em sua xícara. No instante em que ele estendeu o braço para recolocar a xícara na bandeja, reparou na carta que estava em um canto da mesa e no timbre da escola.

— Você recebeu uma carta da escola de Danny?

— Recebi. Eles estão pedindo que os pais ajudem em alguns reparos urgentes, caso contrário a fiscalização fechará o estabelecimento.

— E o que você pretende fazer?

— Ainda não sei. As únicas vezes que usei prego e martelo foram para pendurar quadros nas paredes. Mas eu consegui pintar as paredes da cozinha. Talvez eles encon-trem algo apropriado que eu saiba fazer.

— Está precisando de ajuda?

— De quem? Sua?

Ele assentiu.

— Estou quase enlouquecendo por não ter nada para fazer que não sejam as sessões de fisioterapia. Embora ainda não esteja pronto para retornar para o meu trabalho, acho que não teria problema em realizar alguns pequenos reparos.

— Oh, não! Eu não posso pedir que você faça isso!

— Você não está pedindo, eu é que estou me oferecendo.

Susan o estudou por um momento.

— Isso seria incrível! Duvido que qualquer dos pais tenha o mínimo do seu

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conhecimento e experiência. Mas eu devo preveni-lo de que o trabalho é essencialmente voluntário.

Ele sorriu.

— Eu sei disso e terei muito prazer em ajudar.

— Uau! Danny vai ficar orgulhoso disso. Haverá uma reunião na quinta-feira à tarde e a reforma deverá começar no sábado. Você tem certeza mesmo de que deseja participar?

Zack confirmou com um aceno de cabeça.

— Obrigada. Você ainda se lembra de onde fica a escola?

— Sim. Não se preocupe — afirmou ele, e se ergueu do sofá. — Já está tarde, acho melhor eu ir embora.

Susan abandonou a xícara de café sobre a mesinha e se levantou para acompanhá-lo até a porta. Antes de abri-la, ela agradeceu a ele mais uma vez:

— Obrigada pelo jantar. Tenho certeza de que Danny adorou o passeio.

— Eu é que agradeço pela companhia de vocês. — Dizendo isso, Zack inclinou a cabeça e roçou os lábios dela com um beijo suave.

Susan segurou o fôlego e por um instante seus olhares se encontraram. Ele inclinou a cabeça outra vez e, enlaçando a cintura dela, beijou-a com maior intensidade. Susan cerrou as pálpebras e correspondeu ao beijo. Ela não o conhecia muito bem, mas a atração que sentia por Zack a impediu de resistir à tentação de provar os lábios másculos e sensuais. Enquanto suas bocas se moviam ansiosas por prazer, Susan abriu os lábios para permitir que a língua exigente de Zack penetrasse em sua boca. O beijo foi longo e caloroso.

Susan enlaçou-lhe o pescoço para estreitar a carícia. A sensação alucinante que aquele beijo provocava a fazia ansiar por mais. Porém, antes que perdesse o juízo, ela interrompeu o beijo e recuou um passo. Zack ergueu uma das mãos e, com o polegar, delineou-lhe os lábios úmidos. Ela podia vislumbrar nos olhos escuros de Zack um brilho de desejo e, talvez, algo á mais. Ou ela estaria enganada? Tudo o que tinha certeza era de que Zack conseguira despertar-lhe um sentimento que estava adormecido há muito tempo e Susan desejava conhecer muito mais do homem que tinha sido capaz de derrubar a muralha de proteção que-ela havia construído ao seu redor.

— Eu realmente amei essa noite — confessou ela, e pretendia lhe dizer algo mais, porém uma súbita incerteza a sacudiu: Seria possível que ele a tivesse beijado com aquele ardor porque não saía com uma mulher há muito tempo? Se fosse assim, ela não seria capaz de suportar a desilusão. Por isso precisava conhecê-lo melhor. Afinal, pela primeira vez, após a morte de Tom, Susan realmente se interessara por outro homem e esperava que ele fosse tão especial quanto ela imaginava.

Zack abriu a porta e, antes de sair, fitou os olhos dela e falou:

— O que você acha de fazermos um piquenique no Central Park amanhã?

— E Danny?

— Eu nem preciso dizer que ele está sempre incluído em nossos passeios.

— Então está combinado.

Depois que Zack saiu, Susan fechou a porta e pensou: como ela poderia ter tido a sorte de encontrar um homem que sempre incluísse seu filho em todos os passeios que

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eles fizessem?

CAPITULO QUATRO

Susan ligou para a mãe no domingo pela manhã e, como sempre, perguntou pela saúde do pai em primeiro lugar.

— Ele está mais forte, e espero que continue assim por muito tempo — respondeu Amélia Molina com otimismo. — E como está o meu neto?

— Danny está ótimo. Principalmente agora que o tempo está quente e ele desfruta do parque quase todos os dias.

— Sei... Hoje você também pretende levá-lo ao parque?

— Na verdade, eu e Danny vamos fazer um piquenique no Central Park com um amigo.

— Amigo? — repetiu a mãe, curiosa. — Trata-se de alguém que tem um filho da mesma idade de Danny?

— Não. É alguém que eu conheci quando Danny desapareceu da escola. O nome dele é Zack Morgan. Ele é engenheiro de obras grandiosas e trabalha em projetos no exterior.

— Eu não sabia que você estava namorando. Isso é muito bom.

— Nós não estamos namorando. Zack sofreu um acidente com uma mina perdida quando estava inspecionando um terreno na Arábia. Ele está em licença médica e assim que estiver recuperado pretende retornar para o exterior. Por isso ele quer aproveitar o tempo e visitar os lugares famosos de Nova York. Danny sempre nos acompanha.

— Ele gosta de Danny?

— Muito. E Danny também gosta dele. Ontem ele nos levou para comer pizza e depois ajudou a colocar Danny na cama.

— Ele esteve em seu apartamento ontem à noite? — perguntou a mãe com uma ponta de malícia.

— Sim. Mas apenas por gentileza. Não aconteceu nada de mais entre nós. Somos apenas amigos.

Susan não viu razão para contar sobre o beijo que tinha acontecido entre eles. O beijo que a deixara acordada metade da noite.

— Eu só quero que você seja feliz, Susan. Todos nós lamentamos a perda de Tom, mas o fato de você insistir em ficar sozinha não o trará de volta.

— Eu sei disso — concordou Susan enquanto espiava, na direção de uma das fotos de Tom que ela havia colocado na parede. Embora ela estivesse começando a nutrir sentimentos por Zack, ainda era cedo para dizer se ele poderia substituir Tom em seu coração.

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— Talvez eu e seu pai devêssemos lhe fazer uma visita e aproveitar para conhecer Zack Morgan.

— Eu acho que você está se precipitando, mãe. Se o nosso relacionamento evoluir para algo mais sério, eu a avisarei. Por enquanto, Zack é só um amigo que está pro-curando companhia para passear. Na semana passada, ele nos levou ao zoológico. Danny se divertiu muito.

— Para mim está parecendo que existe mais do que amizade entre vocês. Mas eu vou aguardar até que você me diga se é necessário que eu e seu pai apareçamos por aí. Danny está por perto? Eu adoraria falar com ele. Seu pai também quer falar com Danny e depois com você.

Susan chamou o filho e ficou ao lado dele enquanto Daniel conversava com o avô. Em certo momento, ela quase o interrompeu. Danny não parava de falar em Zack e ela não queria que o pai acabasse tendo uma impressão errada sobre o que estava acontecendo entre ela e Zack.

— Está bem — respondeu Danny, e passou o telefone para a mãe. — O vovô quer falar com você.

— Oi, pai!

— Oi, Susan! Como está a minha garota preferida?

— Espero que a mamãe não esteja ouvindo isso!

— Oh, ela está aqui do meu lado. Mas a sua mãe sabe que você é a minha garota preferida.

Susan riu e o pai prosseguiu:

— Danny não falou outra coisa a não ser sobre o Zack. O que você sabe sobre esse homem?

Susan despendeu alguns minutos para contar o pouco que sabia a respeito de Zack. Depois mudou o assunto e eles conversaram por mais um pouco de tempo.

Quando Zack chegou e tocou a campainha, Danny correu até a porta.

— Quem é? — gritou ele, e em seguida abriu a porta.

— Oi, Zack!

— Você nem me deu tempo para responder! — exclamou Zack, e passou a mão sobre os cabelos do menino. — Da próxima vez você espera a pessoa dizer o nome antes de abrir a porta. Entendeu?

— Entendi — respondeu o garoto, e depois gritou para a mãe: — Zack já chegou, mamãe!

— Eu estou vendo — respondeu Susan enquanto entrava na sala. — Por um instante ela sentiu o desejo de dar um beijo de boas-vindas no rosto de Zack. Mas isso seria uma insensatez. Principalmente na frente de Danny. Ela precisava vigiar mais os seus ímpetos afetivos.

O dia estava adorável. Uma brisa fresca mantinha a temperatura amena.

Danny havia ido poucas vezes ao Central Park; mesmo assim, ele ficou entusiasmado diante da imensidão da área de lazer.

— Fazia muito tempo que eu não via tanto verde! — comentou Zack.

Susan sorriu.

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— Para quem estava no deserto há cinco anos, e acostumado com a cor marrom, isso não é de admirar.

Susan havia se determinado a esquecer o beijo que eles haviam trocado e procurar distrair-se com o passeio. Contudo, por mais de uma vez, ela se viu admirando a boca perfeita de Zack enquanto ele falava alguma coisa. Logo a lembrança do beijo retornava e o pior era que ela ansiava por beijá-lo outra vez. Talvez para certificar-se de que tudo não tivesse passado de um momento de fraqueza e que não nutrisse sentimentos verdadeiros por ele.

Mas e se isso não acontecesse? E se ela realmente estivesse gostando de Zack? O que Susan faria? Ela mal o conhecia e Zack trabalhava no outro lado do planeta. Como ela poderia esperar que esse relacionamento tivesse futuro? Embora Zack fosse o homem mais charmoso que ela conhecesse, ainda havia muita coisa para ser pesada na balança.

Eles desfrutaram de um passeio esplêndido pelo Central Park, e o mais importante era que Danny havia cessado com a mania de seguir estranhos que se parecessem com Tom.

Próximo do meio-dia, Zack apontou um lugar à sombra de uma árvore e sugeriu que ali seria ótimo para desfrutarem do lanche.

Zack havia trazido com ele uma enorme sacola de lona que estava lotada de coisas que havia comprado.

Depois de estender uma toalha sobre o gramado, ele começou a retirar os lanches e as bebidas da sacola.

— Eu comprei frango frito, pão crocante e refrigerante.

— Oba! — exclamou Danny. — Eu adoro frango frito! Susan riu e agradeceu a Zack.

O almoço estava delicioso e a música que tocava no carrossel que estava próximo alegrava o ambiente.

Quando eles terminaram o lanche, Zack se deitou de costas na grama e fechou os olhos. Então comentou:

— O sol está agradável. Não é tão quente como na Arábia.

— Hora de descansar — comandou Susan, e apanhou a mão de Danny no exato instante em que o garoto se preparava para se erguer e sair correndo.

— Eu não estou cansado! — protestou Daniel.

— Mas eu estou e Zack também.

— Deite-se aqui comigo e poderemos observar as nuvens — declarou Zack, e Danny se acomodou ao lado dele. — Agora poderemos olhar para as nuvens e tentar decifrar quais os desenhos que elas formam.

— Que desenhos? — quis saber o menino.

Zack acenou para Susan e convidou-a para se juntar a eles. Ela se deitou ao lado do filho e, apontando um dedo para uma nuvem pequena, revelou sua opinião:

— Eu estou vendo um coelho, e você?

Daniel logo captou a brincadeira e começou a fazer uma série de deduções.

Não demorou muito para que o pequeno adormecesse, e, quando Susan olhou para Zack, notou que ele também havia pegado no sono.

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A sensação de paz e tranquilidade que Susan sentiu fez com que ela relaxasse e também aproveitasse para tirar um cochilo.

Pouco tempo depois, ela acordou alarmada. Olhou para Danny e viu que ele ainda dormia, contudo Zack estava acordado e sentado na beirada da toalha. O olhar perdido no horizonte.

— Oh, sinto muito, eu não tinha a intenção de dormir tão profundamente!

— Eu também adormeci por algum tempo — confessou Zack. — Será que Danny não sofrerá uma queimadura por ficar exposto ao sol por tempo demais?

— Eu lhe apliquei um creme protetor pela manhã. Mas acho melhor improvisar uma sombra para ele. — Dizendo isso, ela apanhou a sacola de lona e colocou-a ao lado do filho. Em seguida estendeu sua jaqueta para aumentar a sombra.

— Você não vai ficar com frio? — perguntou Zack.

— Eu não estou com frio agora, porém, se o tempo esfriar mais, eu o acordarei. Por enquanto eu quero que ele aproveite o descanso.

— Como é que você consegue manter uma profissão e ainda ter de lidar com a responsabilidade de cuidar de um garoto de 4 anos?

— Quando meu marido era vivo, eu não precisava trabalhar fora. Desde a morte dele, Edith tem sido a minha salvadora. Seria muito pior se eu não pudesse contar com a ajuda dela.

— Seria muito melhor se Danny pudesse ter a mãe em casa o dia inteiro.

— Bem, esse era o plano que eu e Tom tínhamos em mente. Eu deveria ficar em casa com nosso filho até que ele atingisse a idade escolar. Só que o destino não decidiu assim e eu precisei retornar ao trabalho. Eu sinto muita falta de ficar com Danny durante a semana. As crianças crescem muito depressa e eu sei que estou perdendo momentos preciosos. Edith tira fotos dele todos os dias, mas não é a mesma coisa. E quanto a você? Existe algum álbum que contenha fotos suas de quando era criança?

— Eu tenho algumas fotos que meus pais adotivos tiraram por ocasião do Natal. Só não me lembro qual deles gostava de tirar fotos. Eu passei por quatro lares adotivos. Mas o passado não me interessa muito. Eu costumo fixar meus objetivos no futuro.

Susan podia entender a razão de o passado não significar nada especial para Zack. Era triste saber que ele tivera uma infância tão infeliz.

— Eu adoraria ver suas fotos de quando era criança — pediu Susan. Quem sabe se através delas ela pudesse descobrir mais alguma coisa a respeito dele.

— Qualquer noite dessas eu as levarei para que você as veja. Mas eu também gostaria que me mostrasse algumas fotos suas e de Danny.

— Então está combinado — concordou ela com um sorriso, e a seguir desviou o olhar para o outro lado.

Zack considerou aquela atitude estranha. Era a quarta vez que Susan olhava para ele e depois desviava o olhar rapidamente. Seria por causa do beijo que eles trocaram? Se fosse por isso, então eles estavam na mesma situação. Zack não conseguia esquecer o sabor dos lábios de Susan e estava louco para prová-los outra vez.

Procurando dissimular o desejo de beijá-la, Zack olhou na direção de Danny, que ainda dormia profundamente. Quanto mais tempo ele ficava próximo do garoto, mais tempo queria ficar. Afinal, Daniel era sangue do seu sangue. Será que Danny sabia que havia sido adotado?, perguntou-se Zack. Ou Susan tinha preferido lhe contar a verdade

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quando o filho estivesse mais crescido?

— Eu estou com sede — resmungou o menino naquele instante.

— Oh, você já acordou, querido? — Susan se apressou em remover a jaqueta para poder retirar uma garrafa de água de dentro da sacola de lona.

Zack apenas assistiu enquanto via o menino consumir quase metade da água contida na garrafa.

— Para onde nós vamos agora? — perguntou Danny ao mesmo tempo que secava a boca com a palma de uma das mãos.

— Eu estava pensando em convidá-lo para dar uma volta de carruagem — respondeu Zack.

— Então vamos logo! — respondeu ele entusiasmado.

— Ei, calma! Primeiro nós precisamos arrumar as coisas.

O menino saiu correndo. Zack se ergueu e ficou alerta para o caso de precisar persegui-lo.

— Danny!

O garoto estacou de repente.

— Venha aqui! — exclamou Zack, e gesticulou com uma das mãos para que o menino retornasse.

— Nós precisamos ajudar a sua mãe a embalar as coisas. Você já está crescido e existem algumas responsabilidades que poderá dar conta.

— Eu tenho responsabilidades? — indagou o menino com os olhos arregalados.

— Claro que tem. Agora mesmo poderá levar esse lixo até aquela cesta e depois retornar. — Zack entregou para o pequeno alguns guardanapos usados e copos descartáveis.

Susan ficou surpresa quando viu o filho segurar o lixo com cuidado entre as palmas das mãos pequenas e levá-lo até a lixeira mais próxima.

— Bom trabalho! — exclamou Zack para o garoto quando ele voltou, e então olhou para Susan, dizendo: — Será que eu extrapolei algum limite?

— De maneira alguma! Eu é que ainda não me acostumei à idéia de que Danny não é mais um bebê.

— Eu a entendo, mas as crianças precisam aprender desde cedo a cooperar com os adultos.

— E depois você diz que não entende nada de crianças? — provocou-o ela.

— Bem, o fato de eu ter crescido em diferentes famílias me ajudou a diferenciar o que seja bom ou não para um garoto.

Ao menos naquele ponto Zack havia tido um benefício. Isso o ajudara a formular seu próprio código de comportamento e a desejar ter sua própria família algum dia. Ele perdera a conta de quantas vezes se sentara sozinho em um banco de jardim e imaginara como seria sua vida se tivesse uma verdadeira família. Entretanto, o trabalho que escolhera o fizera esquecer-se desses antigos sonhos.

No entanto, o fato de ter precisado ficar em licença médica por tanto tempo o fizera desejar novamente o que nunca tivera: sua própria família. E o que parecia mais viável seria começando com seu próprio filho e a mulher encantadora que o adotara.

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Zack baixou os olhos para ela e chegou à conclusão de que ela não era apenas gentil e inteligente, mas também uma mulher bonita e sexy. E se não fosse por Danny, ele já a teria beijado mais de uma vez naquela tarde.

Depois do passeio de carruagem, Zack chamou um táxi e os levou de volta para casa.

Danny insistiu para que Zack subisse até o apartamento e jogasse videogame com ele.

— Nada disso — protestou Susan. — Chega de brincadeira por hoje. Você precisa descansar, e Zack, de tempo para fazer outras coisas.

A verdade era que Susan é que desejava ter algum tempo para ficar sozinha e pensar no que estava acontecendo com ela. Além disso, ela não queria que Zack pensasse que ela fosse uma viúva desesperada para segurar o primeiro homem que visse na frente.

Será que sua mãe estava certa quando disse que uma mulher precisava de um homem para protegê-la? Ela esperava que não.

— Obrigada pelo piquenique — agradeceu ela a Zack enquanto abria a porta do carro.

— Eu é que agradeço. Um piquenique no Central Park não teria a menor graça se eu estivesse sozinho.

Danny aproveitou para insistir:

— Será que eu não poderia ir para a sua casa para nós dois jogarmos videogame?

— Vamos, Danny! — ordenou Susan em tom firme. — Eu já lhe disse que por hoje chega.

Ela apenas sentia vontade de pedir a mesma coisa para Zack. Só que não seria para jogar videogame.

Embaraçada com os próprios pensamentos, ela desceu do carro e estendeu a mão para ajudar Danny a sair do veículo.

Ela precisava sair da frente de Zack rapidamente, para não correr o risco de que ele lhe adivinhasse os pensamentos.

Será que ela estava mudando a sua opinião a respeito de um novo companheiro?

Será que era o momento de abandonar o passado e seguir em frente?

Ela tivera um casamento tão perfeito com Tom que era difícil tomar essa decisão sem sentir o coração amargurado.

Mas quando ela tomaria essa decisão? Quando estivesse velha e sem mais nenhuma oportunidade de conquistar um marido?

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CAPITULO CINCO

O domingo amanheceu chuvoso e Susan estava atordoada de sono por não ter conseguido dormir naquela noite. Ela rolara na cama até o amanhecer por causa dos pensamentos em Zack. Susan começava a temer que estivesse se apaixonando por um homem que não entendia nada de amor e que desejasse ter uma família apenas para poder fincar raízes.

Danny estava inquieto por não poder brincar no parque. Por volta das 10h, eleja estava cansado de jogar videogame no quarto e reclamava a presença de Zack para jogar com ele.

Susan colocou-o de castigo por algum tempo por ter gritado com ela. Depois sentiu pena do garoto e decidiu ir até o mercado com ele. Quem sabe se ela comprasse os ingredientes para fazer os biscoitos que Danny tanto adorava ele se acalmasse?

Na volta do mercado, eles cruzaram com Edith no saguão do prédio.

— Oi, Edith! Você está bem? — perguntou Susan, preocupada com a palidez no rosto da mulher.

— Não muito. Estou me sentindo cansada e com calafrios constantes.

— Se você tivesse me dito que precisava de alguma coisa do mercado, eu teria lhe trazido as compras e você evitaria ter de sair nessa chuva! Quer que eu a ajude a levar as compras?

— Oh, eu não quero incomodá-la. Comprei apenas algumas embalagens de sopa para o caso de não sentir disposição para cozinhar. Se amanhã cedo eu não estiver me sentindo melhor, você deverá chamar outra pessoa para cuidar de Danny. Não quero que ele se arrisque a apanhar essa gripe.

— Não se preocupe com isso. Apenas se concentre em melhorar. Eu vou acompanhá-la até o seu apartamento.

Susan apanhou a sacola de compras de Edith e Danny fez questão de ajudar com alguns pacotes de sopa.

— Obrigada querida — agradeceu Edith assim que eles entraram no apartamento dela. — Eu vou guardar essas embalagens e depois vou me deitar um pouco.

— Eu guardo as embalagens para você. E melhor que se deite agora mesmo. Quando foi a última vez que comeu alguma coisa?

— Estou com a garganta tão dolorida que não consegui comer nada desde ontem à noite. Por isso foi que decidi comprar a sopa.

— Então vá se deitar que eu vou preparar um prato de sopa para você.

Pouco tempo depois, Susan entrava no quarto de Edith com uma bandeja contendo um prato de sopa quente. A mulher havia vestido uma camisola e se enfiado embaixo das cobertas. Mas assim que Susan se aproximou, Edith se sentou na cama e recebeu a bandeja, colocando-a sobre o colo.

— Obrigada — agradeceu a mulher. — Logo eu estarei bem.

Notando a palidez de Edith, Susan duvidava que isso acontecesse tão cedo.

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— Você precisa descansar, Edith. Não se preocupe com Danny. Eu conseguirei arranjar alguém que cuide dele enquanto você se recupera. Ou então pedirei uma licença no trabalho para ficar com ele.

Pelo fato de a mulher não ter protestado, Susan teve a certeza de que Edith não estava nada bem.

— Você precisa de mais alguma coisa?

— Não, obrigada. Pode cuidar de suas coisas que eu estou bem.

— Mais tarde eu descerei para ver como você está.

A mulher assentiu com os olhos pesados de sono. Susan aguardou que ela terminasse a sopa e levou a bandeja com o prato para a cozinha.

Danny estava espiando a chuva que caía na vidraça e Susan ficou orgulhosa ao ver o seu bom comportamento ao perceber que algo não estava bem.

— A Edith vai morrer? — perguntou ele com preocupação.

— Não, querido! Trata-se de uma gripe à toa. Logo ela estará bem outra vez. Vamos subir e preparar nossos biscoitos. Depois voltaremos para ver se ela está melhor.

Ele ergueu os olhos para Susan e falou assustado:

— Você não vai ficar doente também, não é, mamãe? Ela meneou a cabeça.

— Não se preocupe. Nenhum de nós dois vai ficar doente. Agora vamos sair na ponta dos pés para não acordar a Edith.

Cerca de duas horas mais tarde, o balcão da cozinha estava lotado de biscoitos colocados ali para esfriarem. Susan e Danny espiavam com orgulho para o balcão.

— Eu a ajudei, não foi?

— Claro! Você é um excelente ajudante!

— Por que não chamamos o Zack? Eu aposto que ele não tem nenhum biscoito de chocolate na casa dele.

— É uma excelente idéia. Eu vou ligar para ele.

— Nós também podemos levar alguns para a Edith, não é?

— Eu não tenho certeza de que ela esteja com muito apetite para provar os biscoitos. Em todo o caso, nós levaremos alguns para ela.

Susan distribuiu alguns biscoitos em dois pratos descartáveis e pediu que Danny levasse um deles. Então desceram até o apartamento de Edith.

A mulher havia piorado. Susan avisou para que Danny se acomodasse no sofá e não tocasse em nada. Em seguida, mergulhou uma toalha em água corrente e a colocou sobre a testa febril de Edith, após ministrar-lhe uma aspirina.

— Você quer que eu chame um médico? — ofereceu Susan.

— Não é preciso. Só tenho de descansar mais um pouco e logo estarei de pé. Mas não quero que você chegue muito perto de mim. A gripe é contagiosa e você precisa estar bem para cuidar de Danny.

— Está bem. Mais tarde eu virei vê-la outra vez. — Susan sabia que Edith não tinha nenhuma família por perto, por isso ela se sentia na obrigação de vigiar a mulher algumas vezes por dia.

Assim que eles retornaram ao apartamento, Susan ligou para Zack.

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— Aqui é Morgan — respondeu ele, e Susan sentiu o coração disparar ao ouvir a voz dele.

— Oi, Zack! O dia está horrível, não está?

— Não para mim. Quando se vive muito tempo no deserto, a gente acaba descobrindo que a chuva é uma bênção. Eu até saí para dar uma caminhada.

— Então o que acha de dar uma segunda caminhada e vir até o meu apartamento? Eu e Danny assamos alguns biscoitos e ele está insistindo para que você os prove conosco.

— Eu adoro biscoitos caseiros e será um prazer desfrutá-los com vocês. Estarei aí em menos de meia hora.

— Ótimo. Estaremos aguardando. — Ela desligou o telefone e sentiu a respiração ofegante por conta da ansiedade em vê-lo outra vez.

O relógio da sala assinalava meio-dia quando Zack chegou ao apartamento de Susan.

— Nós fizemos biscoitos de chocolate! — anunciou Danny assim que abriu a porta, depois de ter perguntado quem estava do outro lado.

— É mesmo? Biscoitos de chocolate são os meus preferidos.

— Venha ver! — exclamou Danny, e disparou na direção da cozinha.

Susan riu.

— Deixe-me guardar a sua jaqueta antes que siga um garoto louco por biscoitos.

Zack se aproximou de Susan e, antes de se descartar da jaqueta, roçou-lhe os lábios com um beijo ligeiro.

O beijo foi rápido, mas suficiente para tirar o fôlego de Susan. Principalmente quando ela apanhou a jaqueta para guardá-la e sentiu o calor do corpo dele em suas mãos.

— Veja, Zack! Eu trouxe alguns biscoitos para você! — avisou Danny enquanto entrava na sala com um prato lotado de biscoitos e as pequenas mãos quase perdendo o controle do peso.

Zack se apressou em apanhar o prato que o menino carregava, antes que ele o deixasse cair e os biscoitos se espalhassem pelo chão.

— Obrigado, Danny. Eles parecem estar deliciosos. Foi você quem os preparou?

— Bem, a mamãe disse que eu a ajudei — respondeu Daniel, exibindo um sorriso de satisfação.

— Que bom que a mamãe tem um ajudante tão eficiente. — brincou Zack, e provou um dos biscoitos. — Hum... Está delicioso! — murmurou Zack, e sorriu para Susan.

— Danny adora biscoitos. Por isso, nos dias chuvosos assar biscoitos passa a ser o nosso passatempo predileto — revelou ela sentindo-se subitamente tímida como uma colegial. — Você aceita um café ou qualquer outra coisa para acompanhar os biscoitos?

— Se você puder preparar um chocolate quente, estaria ótimo.

— Boa idéia. Em um dia como esse, um pouco de chocolate quente fará bem para todos nós. — E dizendo isso ela rumou para a cozinha.

Zack a seguiu e colocou o prato de biscoitos sobre o balcão.

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Danny, que acabava de entrar na cozinha, perguntou:

— Você não vai comer mais nenhum biscoito?

— Vou sim — respondeu Zack. — Assim que o chocolate quente estiver pronto, eu provarei mais alguns.

Danny concordou com um gesto de cabeça e depois disparou na direção do quarto.

Zack sorriu e comentou com Susan: — Se eu não precisasse agir como um adulto, eu já teria devorado esses biscoitos. É uma pena que eu tenha de servir de exemplo para Danny.

Pouco tempo depois, o chocolate quente estava pronto e Susan preparou a mesa para o lanche.

Assim que todos se acomodaram, Danny começou a tagarelar: — Nós fomos até o apartamento da Edith. Ela está doente.

— Você levou biscoitos para ela?

— Levei, mas ela não quis comer nenhum!

— Ela está com gripe e por isso não tem apetite — esclareceu Susan.

— Então ela não poderá cuidar de Danny amanhã? Susan meneou a cabeça.

— Eu liguei para algumas conhecidas, mas não soube de ninguém que estivesse disponível. Duas delas já tinham outro compromisso e a terceira também está gripada.

— Você precisa tomar cuidado para não ficar doente também.

— Foi o que Edith me disse. Até pediu que eu não chegasse perto dela. Mas isso não será possível. Ela tem sido tão boa comigo que eu não poderia abandoná-la em um momento como esse. Principalmente porque ela não tem parentes próximos. Felizmente eu raramente fico doente e farei o possível para me proteger quando estiver cuidando de Edith.

Eles terminaram o lanche e se acomodaram no sofá. Susan insistiu para que Zack ficasse para o jantar e ele aceitou.

Susan decidiu ligar a tevê em um programa infantil para distrair Danny enquanto ela e Zack conversavam sobre assuntos diversos.

Quando Susan foi para a cozinha a fim de preparar o jantar, Zack se incumbiu de entreter o garoto.

Antes de servir o jantar, Susan decidiu dar mais uma espiada em Edith, e ficou satisfeita em vê-la de pé e preparando mais uma sopa para se alimentar.

Quando eles terminaram a refeição, Susan estranhou que Danny estivesse sonolento.

— Como você conseguiu esse milagre, Zack?

— Nós brincamos de correr para testar a resistência e ele adorou.

— Você ficou correndo com ele pela sala?

— Não. Eu fiquei sentado no sofá enquanto Danny corria em círculos. Apenas fiquei cronometrando os minutos em meu relógio de pulso. A cada nova volta ele superava a primeira. Não foi isso mesmo, amigão?

Danny exibiu um sorriso orgulhoso.

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— Você precisava ver, mamãe! Eu posso correr tanto quanto um super-herói!

— Estou orgulhosa de você, Danny. Só espero que o vizinho do andar de baixo não venha até aqui para reclamar do barulho.

Zack e Danny ajudaram Susan a limpar a mesa. Quando ela começou a lavar os pratos, Zack se inclinou contra o batente da porta e apenas ficou observando enquanto ela cuidava da louça.

Ele experimentou uma sensação de bem-estar por estar em um lugar aconchegante enquanto ouvia o barulho da chuva castigando a vidraça.

Notando que ele a observava, Susan perguntou:

— Por que você está me olhando dessa maneira? Parece que nunca viu uma mulher lavando a louça!

— Estou apenas aproveitando essa atmosfera caseira.

— Ainda que seja me observando lavar a louça?

Ele gesticulou com a cabeça, concordando.

— No acampamento era muito diferente. Havia uma tenda principal onde era preparada a refeição para os trabalhadores. Você já pode imaginar qual era o sabor da comida que deveria ser servida para mais de cinqüenta homens. Eu vivia sonhando em desfrutar de uma refeição caseira algum dia.

— Não havia restaurantes onde pudesse escolher um prato diferente?

— Às vezes eu perdia algum tempo de trabalho para procurar um restaurante na cidade. Mas nada se compara a uma refeição preparada em casa. E você é uma ótima cozinheira.

— Você está sendo gentil — respondeu ela com modéstia e terminou de colocar a louça na secadora. Secou as mãos em um pano de prato e girou o corpo para lhe dizer mais alguma coisa. Espantou-se ao ver que Zack havia se aproximado e agora estava a poucos centímetros do corpo dela.

— Você é uma mulher completa, Susan. Bonita, talentosa e excelente companhia — declarou ele com a voz enrouquecida.

Sem esperar por resposta, ele estendeu os braços e enlaçou a cintura delgada de Susan. Depois a moveu para mais perto do seu corpo e repousou os lábios sobre os dela.

Susan deixou escapar um gemido quando o beijo aconteceu. Enlaçou o pescoço másculo e retribuiu a carícia. Cada célula do seu corpo parecia gritar de excitação en-quanto ela movia os lábios contra os dele.

Zack moveu as palmas imensas para as costas femininas e pressionou-a a fim de conseguir com que seus corpos ficassem colados.

Susan podia sentir o peso das mãos poderosas e imaginava como deveria ser se elas estivessem sobre a sua pele nua.

Ele abandonou os lábios dela por um instante e começou a espalhar beijos pela suave curvatura do pescoço feminino.

Ela jogou a cabeça para trás, a fim de promover mais espaço para as carícias dele.

Quando Zack beijou um ponto sensível na base da sua garganta, Susan deu um gemido angustiado e que saiu mais alto do que ela pretendia.

Danny apareceu no limiar da porta da cozinha e perguntou alarmado:

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— O que aconteceu, mamãe? Por que Zack está mordendo o seu pescoço?

Susan se desvencilhou dos braços de Zack e se afastou tão depressa que quase perdeu o equilíbrio. Ele a amparou comum braço estendido e, olhando na direção do ga-roto, protestou:

— Eu não estava mordendo a sua mãe. Eu a estava beijando.

Susan foi incapaz de dizer qualquer coisa. Como ela podia ter se esquecido do filho?

— E por que você está beijando a minha mãe? — insistiu o garoto.

— Porque eu gosto dela. Quando as pessoas gostam uma da outra, elas costumam se beijar. — Aproximando-se de Danny, Zack se abaixou para nivelar sua altura com a dele e prosseguiu: — Quando sua mãe o coloca na cama, ela não lhe dá um beijo de boa-noite?

O garoto concordou com um gesto de cabeça.

— Ela faz isso porque gosta de você.

Danny olhou para Susan com o cenho franzido.

— Mas ela não fica tanto tempo me beijando!

— Acontece que esse tipo de beijo é especial e que acontece entre um homem e uma mulher quando eles se gostam. Você entenderá melhor quando crescer mais um pouco.

Susan decidiu intervir e, segurando a mão do filho, avisou:

— Venha, Danny. Eu vou lhe dar um banho e colocá-lo na cama.

— Você precisa de ajuda? — respondeu Zack enquanto erguia o corpo.

— Não — respondeu ela rápido. E sem olhar nos olhos dele, acrescentou: — Só vou demorar alguns minutos.

— Está bem. Eu a aguardarei na sala.

— Você não vai querer me ver tomando banho? — perguntou Danny para Zack.

— Hoje não, Danny! — antecipou-se Susan antes que Zack decidisse agradar o menino. Ela precisava ficar um tempo longe dele para poder se recuperar do embaraço.

Vinte minutos depois, Danny já estava de pijama e correu até a sala para dar boa-noite para Zack.

— Minha mãe disse que será ela quem irá ler a história hoje. Quem sabe da outra vez você possa ler uma história para mim?

— Eu ficarei ansioso por isso — respondeu Zack dando um abraço apertado no filho.

Quando Susan entrou na sala, pouco tempo depois, ela já havia controlado a emoção.

— Danny dormiu? — perguntou Zack, erguendo-se do sofá.

— Sim — confirmou ela com um sorriso e se sentou no sofá. Zack se acomodou ao lado dela.

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— Eu estive pensando... — começou ele.

Susan sentiu o coração pular dentro do peito. Será que ele estava pensando na mesma coisa que ela? Será que havia mesmo algo de especial entre eles dois?

— ...já que você não conseguiu outra pessoa para cuidar de Danny enquanto você está fora, eu poderia fazer isso. O que acha?

— Oh, não! Eu não quero lhe dar esse trabalho. — Ela respondeu um pouco decepcionada por sua intuição ter falhado quanto ao que ele pretendia lhe dizer.

— Por que não? Eu tenho tempo de sobra e gosto de ficar com o Danny. A menos que você não confie em mim.

— Não se trata de confiança. Você está se recuperando de um acidente e precisa de descanso. Não seria aconselhável ficar esse tempo todo correndo atrás de um garoto de 4 anos.

— Muito pelo contrário. Os médicos me disseram que eu devo exercitar os músculos para que eles não atrofiem.

— Tem certeza? Não acha que ficará cansado?

Zack meneou a cabeça.

— Sendo assim... Mas você promete que ligará para mim se ele estiver lhe dando muito trabalho?

— Não se preocupe, eu sei como controlar o Danny.

Ela assentiu vagarosamente e depois agradeceu a ele:

— Você nem imagina o alívio que estou sentindo. E muito difícil encontrar uma babá em tão pouco tempo. E uma licença do trabalho seria muito prejudicial nesse momento.

— Pode contar comigo sempre que precisar — ofereceu ele, e moveu o corpo para mais perto dela. Em seguida estendeu um braço e o apoiou sobre o encosto do sofá. Os dedos quase roçando nos cabelos dela.

Susan controlou a vontade de sair correndo da sala e tentou relaxar. Mas se tornava impossível com o coração batendo como louco em seu peito.

— Parece que a chuva cessou — comentou Zack quebrando o silêncio. — Talvez eu possa levar Danny ao parque amanhã cedo.

Susan ergueu uma das mãos e afetuosamente tocou em um lado do rosto dele com a ponta dos dedos, dizendo:

— Você tem certeza?

— Do quê?

— De que realmente deseje cuidar de Danny?

— Hum-hum — confirmou ele com um murmúrio e, movendo a mão dela para os seus lábios, beijou-lhe a palma delicada.

Ela o fitou com gratidão.

— Se continuar me olhando dessa maneira, eu serei capaz de esquecer que existe uma criança dormindo no quarto. Ela enrubesceu, e ele perguntou: — Você acha que eu estou indo rápido demais?

— Eu não sei se estou preparada para seguir adiante com a minha vida amorosa.

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Eu amava muito o meu marido.

— Então vamos deixar que as coisas aconteçam naturalmente. Apenas me avise quando achar que eu esteja saindo da linha.

— O problema é que eu gosto quando você sai da linha — confessou ela.

— Eu também — revelou ele, e beijou a palma da mão da mão dela mais uma vez.

Susan recolheu a mão e se ergueu do sofá.

— Antes que você vá embora, eu vou aproveitar a sua presença para poder dar uma olhada em Edith.

— Tudo bem. Pode ir que eu a espero.

Assim que Susan saiu, ele decidiu ir até o quarto de Danny. O garoto dormia como um anjo. Zack sorriu comovido. Será que todas as crianças do mundo pareciam anjos enquanto estavam adormecidas?, perguntou-se em pensamento. Ou os pais a viam assim por causa do vínculo sangüíneo?

O mais importante era que ele amava aquele menino de uma maneira como nunca havia acontecido antes.

Zack retornou para a sala e por curiosidade apanhou um dos quadros que Susan havia pendurado na parede. Thomas Johnson aparecia nela ao lado de Susan. Zack estudou o homem que havia adotado o seu filho e considerou que ele parecia uma pessoa de bom caráter e perfeitamente confiável. De acordo com o que o detetive lhe contara, o homem que causara o acidente havia sido preso e condenado.

Será que isso teria ajudado Susan a superar a dor da perda do marido? Provavelmente não, concluiu ele em pensamento. Zack podia perceber claramente uma ponta de tristeza no olhar dela.

Naquele instante, o som da fechadura da porta sendo aberta o alertou e Zack colocou o quadro de volta à parede.

— Edith ainda está mal e me prometeu que chamará um médico amanhã cedo — anunciou Susan em voz alta. — Eu contei para ela que você cuidará de Danny e foi como se eu tivesse tirado um peso da sua consciência.

— Será que ela não está precisando de ajuda?

— Eu preparei mais um pouco de sopa e algumas torradas. Ela disse que isso era suficiente e que preferia ficar sozinha para poder descansar.

— Então está certo. A que horas você precisa que eu chegue amanhã?

— Eu costumo sair de casa às 8h30. Seria bom para Danny se você chegasse um pouco mais cedo.

— Eu farei isso.

Susan o acompanhou até a porta.

— Obrigado pelo jantar — agradeceu ele, e, inclinando a cabeça, beijou-lhe os lábios para se despedir. O propósito era o de um beijo ligeiro, mas assim que suas bocas se tocaram, o desejo se intensificou em seus corpos e a despedida se transformou em uma carícia ardente e apaixonada. Esforçando-se para conter a libido que explodia em suas veias, Zack interrompeu o beijo e, colando sua testa na de Susan, agradeceu

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novamente:

— Obrigado pelo jantar.

— Obrigada por se comprometer a cuidar do meu filho.

Enquanto Zack estava no elevador, ele analisou sua situação com Susan e não tinha certeza se estava fazendo a coisa certa. Ele estava começando a gostar de Susan de uma maneira completamente diferente do que acontecia no início do relacionamento deles.

Zack havia se aproximado dela apenas para conseguir conhecer o filho, mas agora os sentimentos entre eles haviam florescido e Zack não lhe contara sobre o fato de ser o pai biológico de Danny.

O que aconteceria se ele lhe confessasse a verdade agora? Será que ela o entenderia e prosseguiria com a mesma gentileza, ou ficaria zangada e o expulsaria da vida deles?

Ela retribuíra seu beijo de maneira tão voluptuosa que Zack considerou a possibilidade de que Susan pudesse estar sentindo a mesma coisa que ele e talvez aceitasse a proposta de um casamento, o que seria a solução ideal.

Apenas que ela lhe revelara que ainda não estava pronta para prosseguir com sua vida amorosa. E essa verdade estava evidente na quantidade de fotos do marido que ela mantinha na parede da sala.

E o que Zack poderia fazer para mudar isso? Era evidente que seu orgulho não permitiria que ele ocupasse o segundo lugar no coração dela. Contudo, havia a possibi-lidade de que Susan viesse a amá-lo da mesma maneira como amara seu primeiro marido. Como também a de que Zack aceitasse as circunstâncias apenas para ficar junto dela e do seu filho.

CAPÍTULO SEIS

Na terça-feira, Zack já estava plenamente consciente de que estava adorando ser pai. No dia anterior, ele e Danny haviam despendido o dia no parque e se divertiram pra valer. Quando Susan chegou e preparou o jantar, eles desfrutaram da refeição em perfeita harmonia.

Enquanto os dias se passavam, eles se pareciam mais como uma família. Susan vivia sorrindo e Zack já não conseguia captar a tristeza que sempre existia nos olhos dela. E agora que Edith tinha se curado da gripe, ela avisara a Susan que estava disponível para cuidar de Danny outra vez.

Zack considerou então que deveria esquematizar sua rotina novamente.

Em uma das noites em que Susan o convidou para jantar no apartamento dela, e depois que Daniel já estava dormindo, Zack pediu que ela lhe mostrasse algumas fotos de quando Danny era mais novo.

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— Eu adoro tirar fotos — revelou ela. — Tenho vários álbuns contendo fotografias de quando Danny era menor. Mas você tem certeza de que não irá se entediar?

— Claro que não! Estou ansioso para ver Danny quando era bebê — afirmou ele, e Susan foi buscar os álbuns que guardava na prateleira do seu quarto.

Eles se acomodaram no sofá e ela começou a folhear os álbuns mais antigos.

— Veja, aqui ele estava com apenas uma semana — apontou ela para a primeira foto e depois passou para as outras, revelando as situações e as pessoas que estavam ao redor de Danny.

Zack estudava cada fotografia e lhe fazia várias perguntas.

Ele notou que havia um intervalo de mais ou menos uns dois anos desde as fotos de Danny com até 2 anos e as mais recentes. Provavelmente com a morte do marido Susan havia perdido o entusiasmo por tirar fotos de família. Porém Zack agiu com discrição e não disse nada a esse respeito.

Susan sentia alegria e tristeza ao mesmo tempo ao observar as fotos junto com Zack. Mas aquela era uma recordação preciosa e, mesmo que Tom não estivesse pre-sente, ela estava contente por ter registrado aqueles momentos felizes.

— Meu Deus! — exclamou Susan espiando o relógio posto na parede da sala. — Já são mais de 10h! Você deve estar entediado — afirmou ela enquanto fechava o último dos álbuns.

— De modo algum! Eu a admiro por ser uma mãe tão dedicada. E imagino como deve ser difícil precisar criar seu filho sem o pai.

Ela depositou o álbum sobre a mesinha de centro e afundou as costas no sofá.

— Às vezes eu mesma me pergunto como consegui fazer isso. Mas eu não mudaria uma vírgula nem que pudesse. Danny é a luz da minha vida.

— Você nunca pensou em ter mais filhos?

— Eu e Tom falávamos em termos três filhos. Mas não era para ser assim. E quanto a você? Nunca pensou em ter filhos?

— Na verdade, eu nunca pensei em me casar. Mas nunca se sabe. — E fitando os olhos dela, Zack sugeriu: — Você gostaria de jantar comigo no sábado à noite? Eu conheço um lugar excelente com uma pista de dança. Apenas você e eu.

Deus! O que era aquilo senão um pedido de namoro? Um jantar em um lugar romântico e apenas eles dois?

Susan quase entrou em pânico e olhou rapidamente para a foto de Tom que estava mais próxima.

— Eu odeio isso! — exclamou Zack.

Ela girou a cabeça na direção de Zack e perguntou:

— Você odeia o quê?

— Odeio quando você olha para a foto de Tom como se estivesse pedindo permissão para ele. Por quanto tempo pretende depender de um homem morto? Por quanto tempo você continuará vivendo no passado? Eu sei que ele era uma ótima pessoa e que a amava muito. Porém Tom se foi e nunca mais voltará. Por que você não assume essa verdade e prossegue com a sua vida?

Susan sentiu como se tivesse levado uma bofetada e reagiu:

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— Eu não dependo de um homem morto como você cruelmente me acusou. Tom era meu marido e eu o amava muito!

Ela se ergueu do sofá e caminhou até a janela. Ficou em silêncio por alguns segundos, observando a escuridão. Como Zack ousava lhe julgar daquela maneira?

Ele se levantou e sé aproximou dela. Então falou com a voz serena:

— Eu sei que a deixei zangada, mas tente enxergar o meu ponto de vista. Cada vez que eu beijo você, eu sinto como se ele estivesse entre nós. Eu sei que Tom foi um excelente marido e bom pai para Danny. Acontece que ele morreu e você continua viva. Por isso precisa superar a perda dele e construir uma nova vida para você.

— Tom era o meu marido! Você acha que é fácil esquecer? E eu construí uma nova vida para mim e Danny. Tenho um bom trabalho e consigo sustentar meu filho. Estou dando o melhor de mim. Talvez, se você tivesse perdido um grande amor, teria condições de me entender. Mas acontece que você tem medo de compromissos e a sua vida nômade é conveniente para que possa manter distância das pessoas.

— Como eu poderia me aproximar de você se Tom Johnson está sempre entre nós?

— Não, ele não está! — negou ela de forma veemente, mas no fundo resistia contra a vontade de olhar para a foto do marido outra vez. Será que ela realmente estava dependendo de uma foto de Tom?, pensou Susan alarmada. Ela gostava de Zack e se sentia feliz na companhia dele.

— Você precisa entender — prosseguiu Zack — que eu não posso competir com um fantasma.

— E você está competindo?

— Talvez.

— Isso é uma loucura!

— Acho que estou com ciúme — confessou ele.

— Ciúme de um homem morto?

Ele assentiu e argumentou:

— É muito difícil ter de admitir isso. Mas é a pura verdade.

Susan avançou um passo na direção dele e falou em tom suave:

— Você não precisa competir com ninguém, Zack. Eu o considero um homem especial e gostaria muito de jantar com você no sábado. A menos que Edith não tenha condições de cuidar de Danny à noite.

— Então, se ela puder ficar com Danny, nós sairemos para jantar. Agora eu preciso ir embora. Retornarei amanhã à tarde para irmos à reunião da escola.

Depois de dizer essas palavras, ele girou o corpo e abandonou a sala rapidamente.

Susan ficou surpresa por ele nem sequer ter lhe dado um beijo de boa-noite.

Ela olhou desolada para a porta que Zack acabara de fechar e depois desviou os olhos para os retratos de Tom na parede. Ela estava acostumada a manter uma conexão com aquelas fotos como se elas a ajudassem a viver. Mas Zack estava certo. Tom estava morto e nada do que fizesse o traria de volta. Estava na hora de Susan encarar a realidade e prosseguir com sua vida. Com um suspiro profundo, ela decidiu recolher os quadros e os levou para o seu quarto. Tom sempre faria parte de sua memória, mas era hora de abrir um novo capítulo em sua vida.

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Sentindo-se nostálgica, Susan decidiu ir para a cama. Estendeu um braço para afagar o espaço ao lado e que nunca fora ocupado por um homem.

Agora ela se perguntava se o relacionamento dela com Zack evoluiria até o ponto de ele ocupar aquela cama com ela.

Susan fechou os olhos e imaginou como seria bom sentir o corpo forte dele ao seu lado e a sua voz sensual lhe dizendo coisas bonitas. Ela se lembrou dos beijos que eles compartilharam e quase podia sentir o calor dos lábios dele. Ninguém poderia predizer o futuro, mas de uma coisa Susan tinha certeza: Zack Morgan era um homem muito especial.

Quando Susan chegou do trabalho no dia seguinte, ela sentiu um cheiro delicioso que vinha da cozinha. Danny correu ao encontro dela gritando: — Zack fez o jantar para nós! Zack fez o jantar para nós!

Zack apareceu no vão da porta com um sorriso tão encantador que Susan sentiu o coração se encolher dentro do peito. Ele estava usando jeans e uma camisa branca com as mangas dobradas na altura dos cotovelos, o que lhe emprestava um ar de jovialidade ainda maior. Os ombros largos quase preenchiam a entrada da porta.

Ela segurou o fôlego por um instante e depois sorriu.

— Você nunca me disse que sabia cozinhar!

— Oh, não é nada de mais. Apenas hambúrguer e fritas.

— Estou ansiosa para provar essa refeição. Dê-me apenas alguns minutos para trocar de roupas.

Depois que eles terminaram a refeição, Edith apareceu para cuidar de Danny enquanto Susan e Zack saíam para participar da reunião programada na escola do menino.

No caminho, ele segurou a mão dela e declarou:

— Eu notei que você retirou as fotos de Tom que estavam na sala.

— É verdade — concordou ela apenas e não disse mais nada. Ter retirado as fotos que estavam na sala e as guardado em um armário que era pouco utilizado ainda pro-vocava uma dor aguda em seu peito. Contudo, tratava-se de uma atitude sensata. Ela jamais se esqueceria de Tom, mas era tempo de explorar novos caminhos.

Zack também ficou calado, porém apertou a mão de Susan para demonstrar apoio.

A reunião começou às 7h em ponto. Susan se sentia confiante por estar com Zack ao seu lado. A sala estava lotada com os pais dos alunos que haviam se oferecido para ajudar nos reparos do prédio. Eles poderiam não ter o dinheiro suficiente para ajudar, mas estavam entusiasmados em fazer o que fosse preciso para ajudar as crianças a permanecerem na escola.

Quando Zack se ofereceu para cuidar da reforma de duas salas e do playground, as pessoas se espantaram e começaram a questioná-lo.

— Eu estou aqui por Danny Johnson — revelou Zack, e o pessoal olhou para Susan de maneira especulativa. Ela se sentiu embaraçada, mas o importante era que Zack poderia oferecer uma ajuda especializada.

Ela se ofereceu para ajudar na pintura externa do prédio e orava para que o tempo

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cooperasse. Os trabalhos de reforma se iniciariam no próximo fim de semana e deveriam se prolongar por mais uns três ou quatro, conforme fosse o desempenho dos pais.

— Eu sei que a maioria de nós leva uma vida atribulada e não tem o dinheiro suficiente para pagar a reforma do prédio. Mas, se trabalharmos juntos, eu tenho certeza de que conseguiremos a aprovação da prefeitura e a escola permanecerá aberta — concluiu a diretora da escola no fim da reunião.

No instante em que eles abandonavam a sala onde havia acontecido o encontro dos pais, Susan ergueu os olhos para Zack e agradeceu a ele novamente:

— Obrigada por nos ajudar. Eu sei que esse trabalho é insignificante se comparado às obras de engenharia que você está acostumado a participar.

— É verdade. Mas estou acostumado a comandar e não a ter de eu mesmo lidar com martelo e pregos.

Susan fez cara de piedade e depois riu divertida.

— Eu preciso falar com a administradora da escola — lembrou Zack de repente. — Se ela ainda não comprou o material, eu posso conseguir um desconto fenomenal com as firmas que conheço.

Eles seguiram na direção da sala da sra. Harper e aguardaram enquanto ela conversava com dois professores.

Assim que a mulher se liberou da conversa e dispensou os professores, Zack se apresentou:

— Eu sou Zack Morgan.

— Oh, eu me lembro de tê-lo visto com Susan no dia em que Danny escapou da escola! Estou muito feliz que tenha se voluntariado para ajudar na reforma — falou a administradora, e estendeu a mão para cumprimentá-lo. Depois sorriu para Susan.

Zack fez um breve relato sobre sua profissão e os contatos que tinha com as firmas que forneciam material para construção.

— No caso de os pedidos ainda não terem sido feitos, eu tenho condições de consegui-los com um desconto fantástico. Existe na empresa para a qual trabalho um programa de ajuda comunitária. Quem sabe eles não possam bancar a maior parte da despesa e ainda nos auxiliar com um ou dois funcionários?

— Seria fantástico se você nos conseguisse essa ajuda — revelou a mulher com um brilho de entusiasmo no olhar. — O máximo que eu consegui até agora é um desconto de apenas dez por cento.

— Eu darei alguns telefonemas e depois a avisarei.

A mulher assentiu e depois olhou para Susan, dizendo:

— Eu estou comovida com o interesse do seu amigo.

— Zack é engenheiro de obras e conhece todos os trâmites da construção.

— Oh, seria pedir demais que você se encarregasse de atender o inspetor de obras quando ele chegasse? — comentou a mulher, movendo o olhar para Zack.

— Eu terei prazer em fazer isso — respondeu ele.

A administradora ficou encantada com a gentileza dele e, apertando-lhe a mão, agradeceu a ele mais uma vez.

No caminho de volta para o apartamento, Susan notou que Zack estava pensativo

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e decidiu perguntar:

— Você tem certeza de que conseguirá um desconto considerável no material de construção?

Ele assentiu:

— A minha empresa está habituada a esse tipo de ajuda.

— E quanto a você? Por que está se dispondo a todo esse trabalho se mal conhece a comunidade?

— Porque se trata de uma boa causa. Além disso, eu conheço você e Danny. E não há muita coisa para ser reparada no prédio da escola.

— Não há muita coisa para ser reparada? — repetiu ela, incrédula. — Praticamente o prédio terá de ser reestruturado!

— As pessoas acham isso porque não entendem de construção. Para mim é como assar biscoitos.

— Assar biscoitos...? Como assim?

— Algo que você faz sem ser preciso pensar muito. É diferente da complexidade que existe na construção de pontes e viadutos. — Apanhando a mão dela, ele concluiu:

— O melhor disso tudo será que eu poderei passar mais tempo ao seu lado.

Na manhã de sábado, o dia raiou bonito e ensolarado. Edith concordara em olhar Danny para que Susan pudesse sair para jantar com Zack.

Susan estava entusiasmada com o encontro. Passara o dia inteiro planejando o que deveria vestir quando chegasse em casa no fim da tarde, após o trabalho voluntário na escola do filho.

A mãe telefonou-lhe logo cedo, porém, por mais que Susan estivesse animada com o jantar, ela decidira não falar nada sobre isso, ou teria de responder às inúmeras perguntas da mãe e acabaria se atrasando para o horário combinado na escola.

Os trabalhos se iniciaram às 9h em ponto e a sra. Harper pediu que os pais ficassem até as 5h, e informou que havia encomendado algumas pizzas para o almoço.

Susan conhecia a maioria das mães que também haviam se oferecido para ajudar na pintura do prédio, e elas se cumprimentaram gentilmente antes de começarem o trabalho.

Zack apanhou as ferramentas e seguiu para uma das salas de aula que havia escolhido para trabalhar. A empresa havia designado dois homens para ajudar na reforma e Zack os orientou nos serviços que deveriam ser prioritários.

Susan e as companheiras de trabalho os observavam a distância enquanto os três homens conversavam. Eles pareciam seguros e competentes.

— Quem é o seu amigo? — quis saber Betsy Singleton, uma das mães que trabalhava com Susan.

— O nome dele é Zack Morgan e ficará em Nova York apenas por pouco tempo.

— Que pena! — lamentou outra. — Ele é bonitão e muito charmoso. Aposto que Danny está contente por ter um homem como ele por perto.

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— Danny é louco por Zack. Eles se entendem muito bem — comentou Susan enquanto molhava o pincel na lata de tinta que estava próxima.

— Eu fiquei sabendo da escapada de Danny no outro dia. Você deve ter ficado apavorada!

— Oh, foi um susto e tanto! — concordou Susan. — Mas agora Danny parece ter perdido a mania de seguir atrás de homens que se pareçam com o pai.

Naquele instante Susan se deu conta de que a partir do momento em que Zack entrara em suas vidas Danny nunca mais perseguira um estranho na rua considerando que pudesse ser o pai. Ela era grata a Zack por isso, porém o que aconteceria quando ele retornasse para a Arábia?

Susan orava para que seu filho não tivesse o coração partido mais uma vez.

A manhã se arrastou lentamente e Susan ficou aliviada quando a sra. Harper anunciou que estava na hora de uma pausa para o lanche. Como o tempo estava bom, as pizzas foram servidas em uma mesa extensa colocada no pátio da escola.

Zack aguardou por Susan e eles se acomodaram à mesa ao lado de Betsy e o marido.

— Muito prazer. Eu sou Brad Singleton — apresentou-se o marido de Betsy espontaneamente, e estendeu a mão para cumprimentá-los.

— Você realmente sabe como executar uma obra de reforma — falou Brad para Zack. — Acho que ficaríamos perdidos se não fosse por você e por aqueles dois homens que a sua empresa enviou para nos ajudar. A sra. Harper disse que é capaz de que a reforma termine antes do tempo previsto.

— É possível — concordou Zack observando a multidão de pessoas que lotava a mesa. — Parece que todos os pais de alunos decidiram colaborar.

— Ao menos quase todos — assegurou Brad Singleton. — Sem contar com os jovens da nossa igreja que também estão colaborando. Só que nenhum de nós tem a sua experiência.

Susan ouvia em silêncio aqueles elogios e se sentia feliz por Zack ter se oferecido para ajudar a escola por causa de Danny.

Na parte da tarde, o trabalho começou a fluir mais fácil e se formou uma atmosfera festiva em virtude de que todos sabiam que estavam contribuindo para o bem da escola e principalmente para o futuro dos seus filhos.

Às 17h em ponto, a sra. Harper avisou que estava na hora de encerrarem as atividades a fim de que pudessem descansar para retornarem no dia seguinte. Dirigindo-se a Susan, ela declarou:

— Eu estou surpresa com a capacidade do seu amigo. Ele consegue fazer as coisas muito mais rápido do que qualquer outro e com um resultado magnífico. Além disso, ele conseguiu que a sua empresa doasse o material para a escola. Não é incrível? Nós terminaremos o ano com a contabilidade positiva e ainda teremos uma escola que será a mais bonita da região!

Susan sorriu sentindo uma ponta de orgulho por Zack ter se voluntariado para o trabalho, sendo que ainda estivesse se convalescendo do acidente. Poderia existir genti-leza maior do que essa?

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No caminho de volta para o apartamento, Zack perguntou: — Você está cansada demais para irmos ao jantar que combinamos?

— Não. E você? — retornou ela com outra pergunta.

— Estou ótimo. Apenas precisando de um banho — afirmou Zack no mesmo instante em que eles alcançavam a porta do prédio onde Susan morava. — Voltarei para apanhá-la às 19h em ponto.

— Eu o aguardarei nesse horário.

Susan entrou no prédio e se sentia completamente exausta. Porém o entusiasmo em sair para jantar com Zack não tinha se arrefecido.

Assim que abriu a porta de entrada do apartamento, Danny correu para abraçá-la e Susan ergueu-o nos braços.

— Por que Zack não veio com você?

— Ele foi tomar um banho para aliviar o cansaço e retornará às 19h.

— Oba! Nós vamos comer pizza?

— Não. Eu e Zack sairemos para jantar em um lugar onde não é permitido levar crianças.

— Por quê?

— Porque se trata de um restaurante com uma pista de dança, onde somente os adultos podem participar.

— Mas eu quero ir! — exclamou Danny, esperneando no ar.

— Hoje não. A Edith vai preparar o seu jantar e depois você poderá assistir tevê até o horário de ir para a cama.

Ele fez um beicinho de manha.

— Então eu posso ir com vocês na escola amanhã e ver Zack trabalhar?

— Não, querido. A sra. Harper não permite que nenhuma das mães leve os filhos com ela. Mas, quando você for para a escola na segunda-feira, poderá pedir para que a sua professora lhe mostre quais foram os reparos que Zack fez.

— Está bem — respondeu ele desanimado.

Susan beijou as faces coradas do filho e em seguida o colocou sobre os próprios pés.

Danny saiu correndo na direção da cozinha, onde Edith estava preparando o jantar, e Susan seguiu na direção do quarto.

Após um banho ligeiro, ela separou um vestido que ainda não havia usado e esperava que Zack gostasse. Após escovar os cabelos e tonalizar os lábios com um gloss, ela estava pronta para o encontro. Deu um suspiro profundo para acalmar os nervos e seguiu na direção da sala.

Zack tinha acabado de chegar e estava conversando com Danny. O garoto balançava a cabeça como se estivesse concordando com o que Zack lhe dizia.

Susan ficou espantada ao ver que Zack estava usando terno e gravata. Ela ainda não o tinha visto com roupas sociais e o resultado era surpreendente. Ele parecia ainda mais confiante e sedutor. Se é que isso fosse possível!

— Eu estou pronta — revelou ela.

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Zack assentiu com um sorriso e depois falou para Danny:

— Você entendeu o que eu lhe falei?

O garoto assentiu positivamente com a cabeça e depois correu na direção do sofá e se acomodou ao lado de Edith.

Susan ergueu os olhos para Zack e ele explicou:

— Eu estava falando para Danny que ele precisa começar a entender que é preciso obedecer a certas regras de conduta para poder se tornar um homem bem-sucedido. E o primeiro passo começa quando a gente obedece aos conselhos da nossa mãe.

— Ah, então é por isso que ele está bem-comportado! — exclamou Susan enquanto se aproximava do sofá. — Eu já estou saindo — declarou e inclinou o corpo para beijar o rosto do filho.

— Quando eu crescer, eu quero ser um homem bem-sucedido como o Zack.

— Eu aposto que sim — concordou Susan com um sorriso. Depois olhou para Edith e perguntou: — Você tem certeza de que está bem para cuidar de Danny?

— Estou ótima — respondeu a mulher. — Apenas quero que se divirta e não se preocupe conosco. Eu e Danny temos uma porção de desenhos para assistir e vou ler uma história para ele, antes de dormir.

Zack escolheu um restaurante italiano para levar Susan. Ela reconheceu o aroma das massas assim que entraram no salão.

— Como você sabia que a cozinha italiana é a minha favorita?

— Considerando que sua mãe é italiana, não foi tão difícil descobrir isso. Além do mais, eu também adoro massas.

A mesa que ele reservara ficava em um canto tranqüilo do salão. Após escolherem os pratos e o garçom servir-lhes o vinho, Zack propôs um brinde: — Ao futuro. Que ele nos traga tudo o que desejamos.

Ela sorriu e ergueu sua taça. Depois de provar um gole da bebida, perguntou:

— O que você deseja do futuro?

— Um lar, uma família, situação financeira estável e felicidade.

— Não acha que é pedir demais?

— E o que você pensa?

Ela baixou os olhos para a taça e observou por um instante a cor rubra do delicioso líquido.

— Talvez não. Meus pais ainda estão desfrutando de um casamento bem-sucedido, mesmo depois de trinta anos de convivência. Eu também fui feliz em meu casamento e agora tenho Danny para me fazer companhia.

— Eu nunca tive um lar verdadeiro — lamentou ele. Morei com quatro famílias diferentes e acabei sem ninguém.

— Você nunca mais soube de ninguém com quem tenha convivido na infância?

— Existe uma das famílias com a qual eu me identifiquei melhor. Nós trocamos

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cartões por ocasião do Natal e diversas vezes eles me convidaram para visitá-los, mas eu nunca senti vontade de freqüentar a casa deles ou me entrosar com seus filhos. Afinal, não existe um laço de sangue entre nós.

— Mas existem laços de amizade que até superam os laços sangüíneos. Para mim, a Edith significa mais do que se fosse um parente de sangue distante. Ela participa da minha vida e da de Danny com uma devoção infinita. E eu sou muito grata por merecer essa amizade.

Zack ficou em silêncio por algum tempo. Ele esperava que aquele fosse o momento em que Susan lhe confessaria que Danny havia sido adotado, mas que ela o adorava como um verdadeiro filho.

Como isso não aconteceu, ele decidiu perguntar:

— Quer dizer que você não considera importante os laços sangüíneos?

— O que eu estou dizendo é que existem outras maneiras de se constituir uma família sem que haja parentesco de sangue. Basta saber quantas crianças são adotadas todo o tempo. Você não acha que a maioria dos pais adotivos os considera como sendo seus próprios filhos?

Zack provou outro gole do vinho enquanto a olhava ansioso. Será que ele deveria tomar a iniciativa e revelar que sabia que Danny tivesse sido adotado?

Temeroso de parecer intrometido, ele decidiu esperar mais um pouco.

— Eu posso entender o seu ponto de vista. Infelizmente, no meu caso, eu não tive a sorte de encontrar pais amorosos e que me considerassem como um verdadeiro filho. Talvez por essa razão eu esteja me determinando a fincar raízes e estabilizar a minha vida.

Susan sorriu.

— Esse é o sonho da maioria das pessoas. Casar-se e formar uma família.

Naquele momento o garçom se aproximou com a salada e Zack decidiu mudar o assunto. Talvez fosse cedo para pressioná-la a fazer a revelação de que Daniel tivesse sido adotado.

Eles conversaram animadamente por mais algum tempo e Susan adorou ouvir as histórias de Zack sobre as construções de pontes e estradas por diversos lugares do mundo.

Quando estavam quase terminando a refeição, ela mencionou o nome do filho outra vez:

— Danny adora jogar bola com você. É ótimo que ele tenha alguém que lhe ensine coisas que os homens gostam de fazer.

— Ele precisa da figura de um pai — falou Zack fitando-a diretamente nos olhos.

— Você acredita que os meninos precisam mais de companhia masculina do que as meninas?

— Talvez. Ou, quem sabe, ambos necessitem das duas ao mesmo tempo. Não é por isso que a natureza determina que todas as crianças tenham pai e mãe? Não é dessa mesma maneira que as famílias encontram o equilíbrio perfeito?

Susan se remexeu no assento e se perguntou se esse era o tipo de conversa que Zack estivesse esperando.

— Apenas me avise quando eu estiver passando dos limites — avisou Susan. —

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Eu sou tão obcecada com o assunto sobre família que às vezes tenho medo de estar sendo repetitiva.

— Não se preocupe. Se fosse outra época, poderia acontecer de eu não ter interesse em uma conversa sobre família. Mas depois do acidente eu mudei o meu modo de pensar e estou ansioso para conseguir me estabilizar em algum lugar permanente.

— Pretende continuar em Nova York? — perguntou ela sentindo o coração acelerar.

Ele provou um gole demorado do café, antes de responder:

— Isso dependerá de algumas coisas que eu preciso resolver.

CAPÍTULO SETE

No domingo, Susan dormiu até mais tarde do que o habitual. Zack a havia trazido para casa por volta da meia-noite e Edith estava adormecida no sofá. Susan ficou em dúvida se deveria acordá-la ou não. Contudo, a mulher parecia estar tão confortável que ela acabou decidindo deixá-la como estava e seguir direto para o quarto.

Por volta das 9h, Danny entrou no quarto da mãe e falou com um olhar de espanto:

— A Edith está dormindo no sofá! Você quer que eu a chame?

— Não, Danny. Ela deve estar cansada por ter ficado acordada até mais tarde. Apanhe um livro no seu quarto e venha observar as gravuras na minha cama enquanto eu tomo um banho. Depois disso, se ela ainda estiver dormindo, então você poderá chamá-la.

Vinte minutos depois, eles entraram na sala e observaram que o sofá estava vazio. O aroma de café que vinha da cozinha se espalhava no ar. Porém Edith já tinha ido embora. Era provável que a mulher ainda estivesse cansada e quisesse desfrutar da tranqüilidade do seu apartamento.

Tão logo eles terminaram o café da manhã, Susan levou Danny para brincar no parque.

Enquanto o pequeno corria na direção dos balanços onde estavam outras crianças, Susan agradeceu aos céus por encontrar um banco vazio e próximo dos brinquedos, assim ela poderia relaxar e vigiar Danny ao mesmo tempo. Logo mais ela teria de estar de volta à escola para prosseguir o trabalho de pintura do prédio.

Zack prometera que iria buscá-la no parque para seguirem juntos para a escola.

Ela esboçou sorriso ao se lembrar do jantar da noite anterior. A refeição estava espetacular, mas a companhia dele era o que mais lhe agradara. Eles conversaram até o momento de o restaurante fechar as portas. E, ao invés de apanharem um táxi, ambos preferiram voltar caminhando até o apartamento e desfrutar de mais tempo juntos.

Ele a deixou na porta do prédio e recusou o convite de subir para um café, alegando que ela precisava descansar para poder enfrentar o trabalho na escola no dia

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seguinte. Entretanto, o beijo que eles compartilharam na despedida foi tão perturbador que Susan demorou em conseguir conciliar o sono.

Não havia mais dúvida de que ela estivesse apaixonada por ele. A alegria que Susan sentia a cada vez que ele aparecia na sua frente não deixava mais dúvida nenhuma.

Susan nunca pensou que algum dia se apaixonaria por outro homem depois da morte do marido. Por outro lado, ela nunca conhecera antes um homem que fosse gentil com ela e atencioso com Danny. Zack era mais do que isso. Ele parecia gostar de Danny como um pai verdadeiro. Se não fosse assim, por que ele incluiria o menino em todos os passeios que fizessem?

Susan também acreditava que Zack estivesse começando a se apaixonar por ela. Contudo, ainda que isso fosse verdade, ela não imaginava Zack abandonando a sua vida de nômade para enfrentar um trabalho cotidiano onde tivesse de trabalhar cinco dias por semana e retornar para casa todas as tardes. E não havia nada que ela pudesse fazer para impedi-lo de voltar para a Arábia e prosseguir com o trabalho que adorava.

Ela suspirou angustiada e algumas lágrimas se formaram em seus olhos. Acabava de descobrir que estava apaixonada por Zack Morgan e não tinha a mínima idéia do que fazer a respeito. De que maneira ela poderia proteger a si mesma e a Danny de terem seus corações partidos se ele decidisse ir embora de repente?

Susan espiou para o relógio de pulso e observou que já passava do meio-dia. Ela chamou Danny e se apressou em voltar para o apartamento.

Zack apressou o passo e no instante em que dobrou a esquina avistou Susan e Danny se aproximando da entrada do prédio onde moravam. Ele presumiu que Susan tivesse levado o garoto para brincar no parque. E isso era bom, porque Danny estaria cansado e dormiria a maior parte da tarde e Edith teria menos trabalho com ele.

Assim que Susan o viu se aproximando, ela exibiu um sorriso tão iluminado que fez Zack acelerar ainda mais.

— Zack! — exclamou Danny e correu para se atirar nos braços dele.

Zack balançou o garoto no ar e Daniel riu pra valer.

— Oi! — cumprimentou-o Susan enquanto ria também.

— Oi — respondeu Zack, e, segurando Danny com apenas um braço, inclinou a cabeça e beijou rapidamente os lábios de Susan.

— Eu quero um beijo também — murmurou Danny, e, segurando o rosto de Zack entre as mãos pequenas, forçou-o a olhar na direção dele.

Zack riu e beijou as bochechas coradas do filho produzindo um ruído sonoro que provocou o riso do garoto.

— Estou feliz em vê-los outra vez — falou Zack olhando para Susan. — Está pronta para enfrentar o trabalho na escola outra vez?

— Eu ainda sinto os músculos doloridos, mas o que fazer? — confessou ela no instante em que eles entravam no elevador para subirem até o apartamento, a fim de deixar Danny com Edith.

— Eu também. Mas isso é um bom sinal para mim. Eu tenho uma consulta

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marcada para segunda-feira com o médico que cuida dos funcionários da empresa. Quem sabe ele possa me liberar da licença um pouco mais cedo do que o previsto.

Susan forçou um sorriso. E se ele fosse tido como capaz de retornar ao trabalho? Será que ainda permaneceria em Nova York por algum tempo? Ele lhe dissera que estava pensando em fincar raízes, mas ela podia notar claramente o entusiasmo que ele demonstrava quando falava na empresa. E se ele retornasse para a Arábia, será que algum dia ela o veria outra vez? O simples pensamento a deixou em pânico.

Após deixarem Danny com Edith, Susan e Zack seguiram juntos para a escola.

— Você está muito quieta — comentou Zack enquanto eles caminhavam de mãos dadas.

— Eu estava pensando se você pretende retornar para a Arábia no caso de conseguir a liberação da licença médica.

— Eu já lhe disse que pretendo ficar nos Estados Unidos.

— Acontece que o país é muito grande. E se decidir ir para o Alaska?

— Está me dizendo que não gostaria que eu fosse para longe de Nova York?

Naquele instante eles se aproximavam da escola e Susan aproveitou para acenar na direção de algumas mães que conhecia e escapar de uma resposta direta.

Zack não sabia o que pensar. Seria possível que Susan estivesse demonstrando um sentimento mais concreto e por isso não queria que ele se afastasse? E se ele estivesse enganado?

No instante em que eles cruzaram o portão de entrada da escola, Susan seguiu na direção das mulheres que faziam parte do seu grupo, e Zack fez o mesmo. Procurou deixar as dúvidas com respeito aos sentimentos de Susan para mais tarde.

— Nós estamos pensando em nos reunir depois do trabalho para comemorar o que já conseguimos fazer pela escola nesse fim de semana — revelou Brad Singleton en-quanto ele e Zack terminavam os reparos em uma das paredes da sala onde trabalhavam. — Você e Susan deveriam participar também.

— Parece que será divertido — respondeu Zack. — Eu vou falar com Susan e lhe avisarei.

— Certo. E se vocês não tiverem uma babá disponível, poderão trazer Danny com vocês.

— Você irá trazer os seus filhos?

— Não. Uma sobrinha da minha mulher está passando uma temporada em nossa casa e se ofereceu para ficar com as crianças.

— Que sorte! — exclamou Zack enquanto alcançava o martelo. A conversa entre os homens fluía de maneira fácil, embora ele não estivesse acostumado àquele tipo de amizade. Os seus companheiros no acampamento raramente tinham mulher ou filhos. Se ele conseguisse se casar com Susan, eles poderiam fazer parte de uma comunidade como aquela, de pessoas que se ajudam nos momentos difíceis.

Zack e Brad prosseguiram na conversa enquanto trabalhavam:

— Você deve levar uma vida muito excitante enquanto projeta pontes e estradas ao redor do mundo — comentou Brad,

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— Eu também costumava achar a minha vida nômade muito empolgante — respondeu Zack ao mesmo tempo que terminava de fincar o último prego no batente da porta. — Agora eu não penso da mesma forma. Nossos conceitos mudam de acordo com as novas experiências que acontecem em nossas vidas.

— Está se referindo a Susan? — quis saber Brad enquanto eles seguiam na direção da sala da sra. Hamptom para receberem a próxima designação de afazeres.

Zack hesitou por um momento. Aquela pergunta fez com que a mente de Zack se aclarasse com respeito aos sentimentos que nutria por Susan. Ela era a razão principal da sua súbita vontade de mudar seu estilo de vida. Zack ficara feliz com a notícia de que tinha um filho, mas já havia se convencido de que assim que conhecesse o garoto e se certificasse de que ele estivesse sendo bem-cuidado, ele se afastaria e o deixaria aos cuidados dos pais adotivos. Assim, poderia prosseguir com a vida nômade que sempre adorara. Mas, quando conheceu Susan, tudo mudou. O último beijo que trocaram ainda estava vivo em sua mente. Só de pensar que algum dia outro homem poderia beijá-la da mesma maneira fazia com que ele sentisse um nó de angústia na garganta.

Finalmente ele respondeu:

— Sim. Estou me referindo a Susan.

— Você é uma pessoa especial, Zack. Nem todos têm a coragem de assumir uma mulher que tenha um filho de outro homem.

— Bem, eu não tenho muita experiência com crianças, mas acho empolgante fazer parte da vida delas.

— Eu tenho dois filhos e nem quero imaginar o que poderia acontecer a eles se eu não estivesse mais por perto. É uma pena que nem todos os homens pensem como você.

Zack sabia muito bem disso. Antes de conhecer Susan e Danny, ele também se considerava como um desses homens a que Brad estava se referindo.

A sra. Harper mantinha uma enorme planilha de serviços estendida sobre a superfície da sua mesa de trabalho e a estava analisando quando Zack e Brad entraram na sala.

— A sala dois está terminada — anunciou Brad. — Qual é a próxima?

A mulher ergueu os olhos para eles e exclamou encantada:

— A reforma está sendo feita de maneira mais rápida do que eu imaginava! Se continuar dessa maneira, a escola estará pronta em dois finais de semana! Será que vocês dois seriam capazes de executar a revisão no equipamento do playground?

— Está brincando? — protestou Brad. — Zack está acostumado a projetar pontes e viadutos. O que poderia representar para ele alguns brinquedos simples?

A sra. Harper estudou Zack por um momento e depois sorriu com gratidão.

— Nós somos muito afortunados em contar com a sua ajuda, sr. Morgan.

— Pode me chamar de Zack — respondeu ele com modéstia. — Eu vou verificar o que poderei fazer com os brinquedos.

O pátio que servia de recreio para as crianças era plenamente cercado com grades altas e um portão de ferro que estava sempre trancado. Zack decidiu verificar as condi-ções das grades e, quando chegou ao portão, percebeu que havia um rombo de ferrugem ao redor da fechadura. Ele forçou uma lateral da grade e ela se abriu.

— Ah, então foi por aqui que Danny escapou naquele dia.

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— Danny escapou da escola? — perguntou Brad, assombrado. Ele ainda não sabia da história.

Quando Zack terminou de contar para Brad o que tinha acontecido, o homem sorriu e falou com a voz emocionada: — Isso está parecendo obra do destino! Se Danny não tivesse escapado, você não teria conhecido Susan, nem estaria aqui nos ajudando.

— É verdade — concordou Zack enquanto se lembrava de que a sua intenção inicial era a de apenas ver seu filho de longe e depois ir embora. Ele jamais esperara que Susan aparecesse na sua frente e lhe pedisse ajuda. Talvez fosse mesmo o destino que tivesse intervindo para que eles se encontrassem. — Essa ferrugem está bem adiantada — comentou Zack. — Nós precisaremos lixar a ferrugem e limpar o local com um solvente. Depois será só pintar e lubrificá-lo. Então estará em ordem por um bom tempo. Ao menos não acontecerá mais o perigo de alguma criança sair da escola por aqui.

Brad assentiu:

— Principalmente em uma vizinhança perigosa como essa, existe muita coisa de ruim que pode acontecer para uma criança que não esteja acompanhada por um adulto.

Zack concordava com a opinião de Brad, e, se algum dia ele se casasse com Susan, Zack insistiria para que eles se mudassem para um lugar mais seguro. Até já imaginava uma casa com um grande quintal onde Daniel pudesse correr à vontade.

Às 17h, Zack procurou por Susan e a encontrou conversando animadamente com as mulheres do grupo. O assunto era sobre crianças e nutrição,

Ele inclinou o corpo sobre o batente de uma porta próxima e a aguardou. Assim que Susan o viu, ela se desculpou com as outras e foi ao encontro dele.

O sorriso que ela exibia nos lábios o fazia lembrar-se da razão pela qual ele estava ali. Assim que ela chegou mais perto, Zack declarou:

— Nós fomos convidados para participar de uma festa especial para comemorar o primeiro fim de semana da reforma da escola. Você quer ir?

— Desde que ninguém vá para casa a fim de trocar as roupas, eu aceito o convite — respondeu Susan e ergueu os ombros com dificuldade. — Quase não estou agüentando a dor nos músculos.

Ele se aproximou dela e de maneira habilidosa começou a proporcionar-lhe uma massagem relaxante, iniciando pela nuca e se estendendo até o limite dos ombros roliços.

— Oh... Isso é maravilhoso! — exclamou Susan com uma expressão de alívio no rosto.

— Que sorte a sua! Como eu gostaria que Jim fizesse o mesmo comigo! — exclamou uma mulher de cabelos avermelhados que passava por ali naquele instante. — Ou será que eu deveria ficar na fila e esperar pela minha vez? — perguntou com um sorriso maroto.

— Você terá de pedir permissão para a Susan — gracejou Zack.

A mulher exibiu um sorriso largo e prosseguiu no caminho.

Momentos depois, eles estavam no pátio junto com os outros pais. A sra. Harper abria e fechava o portão de ferro e exclamava feliz:

— Fantástico! Agora poderemos manter esse portão trancado!

— Foi você quem arrumou o portão? — questionou Susan a Zack.

— Sim. E acredito que foi por ali que Danny escapou naquele dia. Agora não

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haverá mais perigo de qualquer criança sair do prédio sem ser vista.

— Eu não me lembro de ter notado esse reparo na lista de tarefas.

— Acontece que ninguém havia reparado na ferrugem que existia ao redor da fechadura.

— Você é incrível, Zack! Em nome das mães desta escola, eu agradeço a você. — Ela falou em tom formal e com um sorriso o reverenciou com um gesto de cabeça.

— Brad salientou que se o portão tivesse sido consertado antes nós não teríamos nos conhecido.

Susan arregalou os olhos.

— Ele tem razão. Eu não havia pensado nisso!

O grupo decidiu que a celebração fosse feita em uma pizzaria, e escolheram a mesma onde Zack tinha levado Susan e Danny.

Os garçons juntaram algumas mesas e o pessoal se acomodou ao redor.

A conversa entre eles girou em torno dos filhos e lotada de situações engraçadas.

Zack nunca havia participado de um evento familiar daquele tipo e adorou a animação como o grupo se comportava.

Depois de terminado o jantar e as calorosas despedidas, Zack e Susan decidiram caminhar até o apartamento e aproveitar a brisa suave da noite.

— Você está cansada? — perguntou Zack ao mesmo tempo que lhe segurava a mão e entrelaçava seus dedos nos dela.

— Estou. Quem me dera não precisar trabalhar amanhã. Adoraria tomar um banho quente e dormir até o meio-dia.

— Por que não tira uma folga do trabalho?

— Não posso. Estaria arriscando o meu emprego. E quem irá pagar as nossas contas se isso acontecer?

— Se você tivesse um marido para arcar com as despesas, poderia ficar em casa com Danny e esquecer as contas — argumentou ele para testar o terreno em que pisava.

— Acontece que eu não tenho um marido! — respondeu ela irritada.

— Mas poderia ter se aceitasse se casar comigo,

Ela o olhou com espanto, e ele aproveitou o embalo para insistir na questão:

— Não precisa dar uma resposta agora.

Susan baixou os olhos e Zack imaginou se não teria estragado tudo com a sua impetuosidade. Ele nem mesmo contara para Susan sobre ser o pai biológico de Danny!

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CAPÍTULO OITO

Susan sentiu os joelhos amolecerem e segurou firme na mão de Zack para não perder o equilíbrio.

— O que foi que você disse? — perguntou ela para ter certeza de que tivesse ouvido direito. Por acaso Zack a estava pedindo em casamento?

— Eu disse que se você aceitasse minha proposta de casamento não precisaria mais trabalhar fora e poderia ficar em casa com Danny.

Susan ficou em silêncio por um instante. Ela estava tão preocupada em como faria para suportar a partida de Zack e agora ele a estava pedindo em casamento? Como isso era possível?

— Você está bem? — perguntou ele depois de um tempo.

Susan recolheu a mão que ele segurava e alisou o jeans que usava para controlar o nervosismo.

— Sim. Apenas surpresa. Nós mal nos conhecemos e eu não quero cometer um erro.

— Você tem razão. Esqueça o que eu disse — afirmou Zack com severidade e avançou um passo.

Ela se manteve estacada e perguntou indignada:

— Esquecer? Você está ou não me pedindo em casamento? Ele girou o corpo e se posicionou frente a ela.

— Sim, estou. E você acabou de me rejeitar!

— Eu não o rejeitei! — protestou ela com veemência. — Apenas não esperava me casar outra vez.

— Por que não? Você é jovem e tem um filho que necessita da presença de um pai.

— Sei disso, mas a maioria dos homens não deseja criar o filho de outra pessoa.

— Eu não represento a maioria — defendeu ele e, apontando na direção da escola prosseguiu: — Eu adorei trabalhar na reforma da escola para o bem de Danny. Além disso, eu me senti muito bem com aqueles pais que estão lutando para defender o interesse dos seus filhos. Finalmente eu descobri que era exatamente isso o que eu estava precisando para preencher o vazio no meu peito. — Enquanto ele falava, a voz interior insistia para que ele contasse a respeito de ser o pai biológico de Danny. Porém Zack não teve essa coragem.

— E como você faria com seu trabalho no exterior, no caso de eu aceitar a sua proposta?

— Eu teria de dar um jeito nisso. Não poderia me casar com você e depois partir para longe.

— E aonde escolheria se fixar? Aqui ou em Chicago?

— Aqui em Nova York. De preferência em um bairro mais distante do centro —

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afirmou ele no instante em que eles se aproximavam da entrada do prédio onde ela mo-rava.

Susan ergueu os olhos para o seu apartamento e considerou que se aceitasse se casar com Zack teria de se mudar dali. Talvez esse não fosse o maior problema, pensou ela. Afinal, Susan sempre se preocupara com a possibilidade de Danny precisar crescer em uma área perigosa como aquela. A questão era saber se ela seria feliz ao lado de Zack e se ele realmente assumiria Danny como um verdadeiro pai.

Ela clareou a garganta e resolveu perguntar:

— Você sabia que Danny às vezes se comporta de maneira insuportável? Principalmente quando apanha um resfriado.

— O que você está querendo dizer? Que eu deixaria de gostar dele por causa disso? Eu sei muito bem que as crianças ficam manhosas quando adoecem. — Danny é meu filho e eu jamais deixaria de amá-lo, sentiu Zack vontade de gritar.

— Bem... Apenas você me pegou de surpresa. Eu preciso de um tempo para pensar a respeito.

— Está bem — concordou Zack. — Agora eu preciso voltar para o hotel. E, se aceitar jantar comigo amanhã, eu a levarei para dar uma volta de carruagem no Central Park.

— Eu adoraria! Quem sabe até lá eu já tenha uma resposta.

Pouco depois, Susan desfrutava de um banho quente na banheira enquanto os pensamentos devaneavam. Ela fechou os olhos e se lembrou da massagem que Zack lhe fizera. Como ela gostaria que ele estivesse ali para massagear-lhe os ombros ou talvez seu corpo inteiro.

Isso seria possível se ela se casasse com ele, não seria?

O simples pensamento agitou-lhe o coração e ela se sentou na banheira, de repente sentindo o fôlego lhe faltar.

Zack realmente a tinha pedido em casamento e ela lhe pedira um tempo para pensar. Mas o que havia para pensar? Ela estava apaixonada por Zack e ansiava cada vez mais pela companhia agradável dele. Sentia falta do sorriso que brotava espontâneo daqueles lábios sensuais e dos beijos que se tornavam cada vez mais provocantes.

Além disso, Zack era um homem seguro e confiável. Não bastava ter visto a atitude dele quando a ajudou a encontrar Danny? O que ela teria a perder se entregasse sua vida aos cuidados dele para sempre?

Como Danny reagiria quando soubesse que Zack iria fazer parte da família?

E quanto aos seus pais? Oh, Deus! Ela precisava ligar para eles e contar que tencionava se casar com Zack Morgan, o homem que eles ainda nem conheciam...

Por um instante ela se deu conta de que seu coração já havia tomado a decisão de aceitar a proposta de tornar-se esposa de Zack. E se fosse assim, Susan deveria ter aceitado o pedido quando ainda estavam na calçada. Se acontecesse de Zack mudar de idéia, ela morreria de desgosto.

Se um dia ela considerou Tom como o amor de sua vida, agora ela sabia que estava sentindo o mesmo por Zack. Era impressionante como o coração consegue nutrir o mesmo sentimento por pessoas diferentes, concluiu ela em pensamento.

Susan imergiu o corpo novamente na água e reclinou a cabeça contra a beirada da banheira.

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Os devaneios prosseguiram.

Ela ansiava para que Zack se decidisse por um noivado rápido e logo começassem uma vida juntos. Nem ela mesma acreditava que iria se casar com Zack Morgan, o homem que conseguira arrebatar-lhe o coração e livrá-la de um futuro solitário.

A primeira coisa que Susan fez na manhã seguinte foi ligar para a mãe.

— Está tudo bem por aí? — perguntou a mãe, preocupada. — Você nunca me ligou tão cedo!

— Está tudo bem comigo e com Danny, mãe. Só estou ligando para lhe contar uma novidade. Eu recebi uma proposta de casamento.

— Uma proposta de casamento? — A mãe repetiu em voz tão alta que Susan pôde ouvir uma exclamação do seu pai, que deveria estar ao lado dela.

— Isso mesmo! Zack Morgan quer se casar comigo!

— Zack Morgan? Aquele homem que a ajudou com Danny quando ele escapou da escola?

— Ele mesmo.

— Eu acho ótimo que você se case outra vez, mas não acha que deveria conhecê-lo melhor?

— Era o que eu também pensava, mas estou certa de que Zack é o homem certo para mim. Além disso, ele e Danny se entendem muito bem. Você e o papai irão gostar dele. Pode acreditar.

— Você não irá se casar com ele por causa de Danny, não é?

— Não, mãe. Eu estou apaixonada por Zack e acho que ele também está apaixonado por mim.

— Se é assim, eu e seu pai aproveitaremos o próximo fim de semana para dar um pulo até o seu apartamento e conhecê-lo. Então poderemos discutir sobre os preparativos para o casamento.

— Oh, não! Eu não estou pensando em uma cerimônia formal. Eu já tive isso com Tom. Um juiz de paz no cartório será o suficiente.

— Mas esse não é o primeiro casamento de Zack?

— Sim.

— Então ele poderá querer uma celebração mais suntuosa.

— Pode ser, mas eu não acredito que esse seja o estilo de Zack. Fora o fato de que ele não tem nenhum parente vivo. Zack foi criado em lares adotivos.

— E quanto aos amigos de trabalho?

— Zack trabalha com projetos de engenharia civil e passou a última década na Arábia.

— Bem, de qualquer forma, estaremos aí no próximo fim de semana para conhecê-lo e conversarmos melhor.

— Eu estarei com Zack no trabalho voluntário na escola de Danny. Mas Edith estará aqui para recebê-los.

Preocupada em não perder o horário do trabalho, Susan se despediu da mãe e encerrou a ligação.

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O dia parecia durar uma eternidade e ela não via a hora de se encontrar com Zack outra vez.

Finalmente chegou o horário de encerrar o expediente e ela se apressou em correr para casa, a fim de se preparar para o encontro com ele.

Depois do banho, escolheu um vestido de noite na cor vermelha e, após produzir uma maquiagem leve, escovou os cabelos e os deixou soltos.

Edith concordou em cuidar de Danny, e Susan imaginou o que faria se não fosse a boa vontade da mulher. E o que aconteceria quando ela se mudasse com Zack para um lugar mais distante? Só de pensar em não ter Edith por perto a alegria que Susan estava sentindo se desvaneceu um pouco. E o que aconteceria com a pobre mulher, já que Edith não tinha qualquer parente que pudesse ajudá-la?

Zack elegeu o Tavern on the Green como o restaurante perfeito para levar Susan naquela noite. Ela ficou deslumbrada com o lugar, que ficava bem no coração do Central Park. Havia mesas espalhadas dentro e fora do salão e a iluminação era produzida por milhares de pequenas lâmpadas. Parecia que ela estava vivendo um conto de fadas.

Zack havia reservado uma mesa que ficava próxima da janela. Dessa maneira, eles aproveitariam o ar-condicionado do ambiente e não perderiam a vista do parque.

O garçom trouxe o champanhe e Zack propôs um brinde:

— A nós — repetiu ela erguendo a taça no ar.

Zack não disse nada sobre o pedido de casamento e iniciou o assunto falando sobre o seu pedido de liberação da licença médica e que deveria ser concedida em duas semanas.

— Então você estará livre apenas por mais duas semanas?

— Será o tempo suficiente para terminar os trabalhos de reparo na escola do Danny.

— Você não deveria aproveitar esse tempo para descansar?

— Serão apenas dois finais de semana e isso não fará diferença. Agora me conte como foi o seu dia.

— Eu liguei para os meus pais e eles me disseram que estarão aqui no próximo fim de semana para conhecê-lo.

— Nós não estaremos trabalhando na escola?

— Eu avisei a minha mãe sobre o trabalho voluntário e ela me disse que eles vão aproveitar para ficar com Danny até a nossa chegada.

— Nesse caso, eu acho que deverei levar uma muda de roupa quando formos para a escola.

Susan riu:

— Eu tenho certeza de que eles não se importarão com as suas roupas de trabalho. Eles já estão sabendo que você está ajudando na reforma da escola por causa do Danny.

Tão logo eles terminaram o jantar, Zack cumpriu a promessa de levar Susan para passear de carruagem.

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Assim que eles se acomodaram e os cavalos começaram a movimentar o veículo, Zack aproveitou para beijar Susan e depois fazer-lhe o pedido de maneira formal:

— Você aceita se casar comigo, Susan?

— Sim. Eu aceito me casar com você, Zack Morgan.

Eles trocaram outro beijo. Agora com mais intensidade.

Zack mal podia acreditar que Susan houvesse realmente concordado em se casar com ele. Após a reação que ela tivera na noite anterior, ele imaginava que tivesse estragado tudo por causa da ansiedade.

— Para quando você deseja marcar a data?

— O mais rápido possível. Não vejo a hora de ser sua esposa e ter você só para mim! — exclamou ela com orgulho.

— É o que eu também desejo. Apenas terei de ir até a Arábia para resolver as coisas por lá. Não deverá demorar mais do que uns poucos dias. Eu já avisei a empresa de que não retornarei após o término da licença médica. Eles já estão procurando por outro engenheiro que me substitua.

— Você está desistindo de tanta coisa...

— Nada se comparado ao que eu estou ganhando.

— Danny vai ficar empolgado. Eu ainda não contei nada para ele. Achei que seria melhor se nós dois lhe déssemos a notícia juntos.

— Amanhã eu passarei no seu apartamento e aproveitaremos para contar a ele sobre o nosso casamento.

— Perfeito!

— Quando terminarmos a reforma da escola, eu gostaria de começar a procurar algum lugar para morarmos depois de nos casarmos. Você tem alguma preferência?

— Apenas que seja próximo de alguma linha do metrô. Eu não gostaria de precisar dirigir todos os dias para poder chegar ao trabalho.

— Eu pensei que você tivesse dito que gostaria de ficar em casa com Danny e talvez considerar a hipótese de ter mais filhos.

— Isso era o que eu pensava antes de... — Ela se interrompeu de repente.

Zack sabia que ela iria mencionar o nome de Tom.

— Pode prosseguir, Susan. Você tem todo o direito de falar em Tom. Afinal, ele foi seu marido por vários anos e uma pessoa importante em sua vida. Mas isso foi antes de nos conhecermos e o que importa é o agora.

— Agora é você a pessoa mais importante na minha vida, Zack. E eu desejo ficar em casa com Danny até que ele comece a freqüentar a escola oficial. E se nós tivermos filhos, eu farei o mesmo por eles. Quando todos crescerem, então encontrarei uma maneira de preencher o meu tempo. Ou então pensarei em dar aulas particulares de Alemão. Assim poderei trabalhar e ficar com meus filhos ao mesmo tempo.

— Isso é você quem irá decidir. Eu tenho dinheiro suficiente para bancar o que você achar melhor.

— Eu só estou preocupada com Edith.

— Por quê?

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— Ela tem me oferecido uma ajuda valiosa com Danny nos dois últimos anos. E eu a ajudo com um salário para completar a sua pequena pensão. Com os preços subindo da maneira como estão, eu não sei o que ela fará da vida.

— Pode ser que quando você deixar o apartamento outra família se mude para lá e precise de uma babá.

— Talvez. Mas eu estava pensando que se eu me mantivesse no emprego poderia pagar um salário melhor e, quem sabe, ela pudesse se mudar para um apartamento próximo de onde fôssemos morar?

— Está me dizendo que deseja prosseguir em seu emprego apenas para poder manter um salário para a Edith?

— Acontece que é difícil deixar Edith para trás. Ela é como parte da família para mim.

Zack ficou pensativo por um momento e em seguida sugeriu:

— O melhor seria que encontrássemos uma casa com uma edícula nos fundos. Assim, Edith poderia se mudar para lá e estaria disponível para cuidar de Danny nos ca-sos em que nos dois precisássemos sair juntos.

— Que idéia brilhante! E aonde pensa em me levar depois de casados?

— Não sei. Talvez para jantar fora ou alguns dias de férias para poder ter você só para mim. — E dizendo isso ele a abraçou e a beijou com entusiasmo.

No fim do passeio, Zack sentiu vontade de contar para ela sobre ele ser o pai biológico de Danny, mas desistiu por sentir medo de estragar o romantismo do momento.-

Susan parecia estar pisando nas nuvens quando ela e Zack entraram no apartamento. Eles haviam combinado que o casamento seria em junho, ou seja, em menos de seis semanas para diante.

Zack dispensara uma cerimônia formal, e Susan optara por um vestido branco e chapéu.

Edith os estava aguardando acomodada no sofá da sala.

— Nós decidimos nos casar! — exclamou Susan com alegria e se aproximou da mulher estendendo-lhe os braços. — Vamos, eu quero um abraço!

Edith se ergueu do sofá e abraçou Susan com sinceridade.

— Eu desejo que você seja muito feliz, querida! — E fitando Zack, avisou: — E você, cuide muito bem dela. Susan é uma pessoa especial!

— É exatamente o que pretendo fazer — respondeu ele com um sorriso. — Por isso, quero contar com a sua ajuda. Nós estamos pensando em comprar uma casa com edícula e gostaríamos que considerasse a idéia de morar conosco.

— Oh, vocês têm certeza de que eu não iria incomodá-los?

— Muito pelo contrário — respondeu Zack, e Susan completou:

— Eu e Danny ainda precisamos de você! A mulher exclamou com a voz embargada:

— Obrigada! Eu ficarei muito feliz em acompanhá-los!

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Na tarde do dia seguinte, quando Susan retornou do trabalho, Zack já havia chegado. Ele estava conversando com Edith enquanto Danny brincava no carpete da sala com um brinquedo novo.

— Olá! — exclamou ela, e Danny correu para abraçá-la.

Zack também seguiu ao encontro dela e a cumprimentou com um beijo rápido nos lábios. Edith aproveitou para sair com a desculpa de que precisasse começar a escolher as coisas que deveria ou não levar para seu novo endereço.

Susan ergueu o filho nos braços e perguntou:

— Como foi o seu dia?

— Edith me levou para brincar no parque e eu brinquei bastante com os meus amigos.

— Que ótimo! Agora, eu e Zack temos uma coisa para lhe contar.

— O quê?

— Eu e Zack vamos nos casar. Isso significa que ele irá morar com a gente e formaremos uma família.

Danny olhou intrigado para Zack.

— Então você será o meu novo pai? — Zack concordou com um gesto de cabeça e o garoto prosseguiu: — Mas você não se parece com o meu pai! Eu vi as fotos dele!

Susan interveio:

— Não, Danny. Zack não se parece com Tom, mas ele será como um pai para você. Eu lhe disse que o seu pai está morando no céu, não disse?

O pequeno assentiu com a cabeça.

— Então. Agora você terá um segundo pai.

Zack se aproximou e, afagando os cabelos do filho, declarou:

— Não precisa ficar preocupado, Danny. Eu vou cuidar muito bem de você e da sua mãe.

— Está bem — resmungou o menino, e remexeu as pernas para que a mãe o libertasse. Em seguida, correu de volta para o brinquedo abandonado sobre o carpete.

— Ele ainda precisa de um tempo para se acostumar com a idéia de um novo pai — ponderou ela. — Mais tarde ele entenderá.

Depois do jantar, Susan preparou Danny para dormir e Zack leu uma história para o filho. Assim que o garoto adormeceu, ele saiu do quarto e seguiu para a cozinha, onde Susan terminava de secar os pratos.

Zack estacou no vão da porta e apoiou o ombro direito no batente. Cruzou os braços na frente do peito e declarou com um sorriso:

— Ele apagou como uma lâmpada,

Susan girou o corpo na direção dele e exibiu um sorriso radiante. Naquele instante, Zack teve a certeza de que gostaria de ver aquele sorriso o restante de sua vida.

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Quando Susan e Zack chegaram à escola no sábado seguinte, Brad e Betsy Singleton já os aguardavam.

Após os cumprimentos, eles se separaram para executar suas diferentes tarefas.

— Susan concordou em se casar comigo — anunciou Zack assim que ele e Brad iniciaram o trabalho.

— Verdade! — exclamou o outro demonstrando surpresa. — Essa é uma excelente notícia! — E socando um dos ombros de Zack, avisou: — Precisamos avisar os outros e combinar um jantar de comemoração!

Não demorou muito para que todos os pais ficassem sabendo da novidade. Homens e mulheres vinham até o playground para cumprimentar Zack.

Passava das 15h quando ele e Susan se liberaram do trabalho para poderem chegar mais cedo no apartamento.

Zack aproveitou para se refrescar no banheiro da escola. Ele queria causar uma boa impressão nos pais dela.

CAPÍTULO NOVE

Quando Susan e Zack chegaram ao apartamento, os pais dela conversavam com Edith e Danny estava sentado no colo da avó. Quando ele avistou a mãe, impulsionou as pernas para o chão e saiu correndo na direção de Susan.

— O vovô e a vovó estão aqui! Eles vieram nos visitar!

Susan ergueu o filho nos braços e beijou repetidamente as bochechas coradas do menino.

— Eu já vi que eles estão aqui — falou ela em tom carinhoso. — Você está sendo um bom anfitrião?

— O que é um anfitrião?

— É aquele que recebe as visitas — explicou ela.

Os pais de Susan se ergueram do sofá e cruzaram a sala para cumprimentar a filha e o homem com quem ela decidira se casar e que em breve faria parte da família.

— Esse é Zack Morgan. Esses são meus pais: Amélia e Tony Molina.

Após as apresentações e o aperto de mãos, a mãe de Susan foi a primeira a falar:

— Seja bem-vindo à nossa família. Espero que você faça nossa filha feliz.

— Darei o melhor de mim para que isso aconteça — respondeu Zack.

Com uma desculpa qualquer, Edith se retirou e Danny se empenhou em fazer graça para chamar a atenção. Até que Susan decidiu impor limites:

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— Se você não se aquietar um pouco, eu o mandarei para o quarto!

O pequeno olhou para Zack como se estivesse procurando apoio.

— Seus avós irão passar o fim de semana aqui. Você terá muito tempo para ficar com eles — avisou Zack com serenidade.

O garoto assentiu e tornou a se acomodar no colo da avó. Não demorou muito para que adormecesse.

— Edith disse que ele estava tão ansioso que não conseguiu tirar a soneca do dia — observou Tony.

— Eu vou colocá-lo na cama — avisou Zack, e ergueu o garoto do colo da avó. Com o garoto nos braços, ele saiu da sala e seguiu na direção do quarto de Danny.

— O que vocês acharam de Zack — aproveitou Susan para perguntar.

— Bem, eu ainda não o conheci muito bem, mas percebi que ele é muito atencioso com Danny.

O pai interveio:

— Não está pensando em se casar com ele apenas por causa de Danny, não é?

Susan meneou a cabeça.

— Não. Eu aceitei me casar com Zack porque o amo. O fato de ele ser gentil com Danny representa um bônus para mim.

Assim que Zack retornou para a sala, os pais de Susan iniciaram um verdadeiro interrogatório que durou por mais de uma hora. Zack respondeu a todas as questões de maneira simples e prática.

Depois disso, eles começaram a discutir sobre os planos do casamento.

— Onde vocês pretendem passar a lua de mel? — perguntou Amélia para a filha.

— Eu e Zack ainda não decidimos sobre isso — respondeu Susan.

— Ainda temos algum tempo para pensar nisso — falou Zack com impaciência. Estava ansioso pelo veredicto. Será que os Molina o considerariam como o homem certo para a filha deles?

Finalmente o pai de Susan consultou o relógio de pulso que usava e falou para a esposa:

— Acho melhor irmos para o hotel e nos registrarmos, Amélia. — Em seguida, olhou para Susan e perguntou: — Às 19h será um bom horário para nos reunirmos para o jantar?

— Estará ótimo, pai.

— Vocês não preferem ficar no apartamento com Susan e Danny? — questionou Zack no instante em que eles se erguiam do sofá.

— Oh, não. Os quartos são pequenos e só existe um banheiro — comentou Amélia. — Se vocês se mudarem para uma casa que seja espaçosa e tenha mais de um banheiro, podem ter certeza de que eu adorarei passar um fim de semana com vocês.

Assim que eles saíram, Zack perguntou para Susan:

— Você acha que eles gostaram de mim? Susan riu:

— Por que eles não aprovariam um homem como você? Eu sei que é difícil agradar os pais do outro no primeiro encontro. Mas eu tenho certeza de que eles o

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aprovaram.

— Bem, você os conhece melhor do que eu. E se está dizendo isso, eu fico mais tranqüilo. Agora vou para o hotel e passarei para apanhar você e Danny às 18h30. Está bem?

— Sim. Nós o estaremos aguardando.

Logo que ele saiu, ela aproveitou para tomar um banho e relaxar a musculatura dolorida. Enquanto sentia a água morna lhe umedecendo a pele, começou a analisar o comportamento que os pais dela tiveram com relação a Zack. Eles pareciam mais preocupados do que ela esperava. E ela não poderia culpá-los, afinal a filha decidira se casar com um homem que ela mal conhecia e que não tinha família nem amigos por perto. Entretanto, Susan tinha o pressentimento de que Zack a faria muito feliz. Ele conse-guia lhe transmitir segurança de um modo como nenhum outro fizera antes. Ela estava ansiosa para dividir sua vida com a dele. E seria muito bom ter um homem em casa que pudesse ajudá-la a orientar Danny quando ele alcançasse a adolescência.

Ela até considerou a hipótese de adotar uma ou duas crianças para completar a família e agradar Zack. Talvez ele perdesse o trauma de ter sido adotado e descobrisse que fosse possível para os pais adotivos amarem uma criança como se fosse o próprio filho, embora não o tivessem gerado.

O fim de semana passou muito rápido. Os Molina despenderam a maior parte do tempo com o neto e quase não conversaram com Zack.

Susan sabia que precisaria de mais tempo para que os pais se acostumassem à ideia de vê-la ao lado de Zack. Eles gostavam muito do Tom e caberia a Zack encontrar o caminho para entrar no coração deles. Da mesma maneira como ele fizera com ela. E Susan sabia que isso não demoraria a acontecer. Bastava ter paciência.

Na segunda-feira, logo cedo, os pais de Susan voaram de volta para a Flórida e ela foi para o trabalho, como de costume.

Quando ela retornou, à tarde, encontrou Zack cuidando de Danny.

— Onde está Edith? — perguntou ela em tom preocupado.

— Já que eu estava aqui, eu a dispensei para que pudesse descansar mais cedo — respondeu Zack.

— Você fez bem. Eu vou apenas trocar as roupas e começarei a preparar o jantar.

— Não é preciso. Vou ligar para o restaurante chinês e pedir que nos entreguem uma refeição para três. Eu quero trocar algumas idéias sobre a nossa nova casa.

— Está certo. Eu vou refrescar o rosto e já volto. Zack havia trazido uma lista de casas próximas de avenidas que incluíam as acomodações e condições de preço.

Enquanto aguardavam pelo jantar, eles se acomodaram no sofá e começaram a estudar cada um dos imóveis que constava da lista. A maioria das casas era enorme, e o preço também.

Finalmente Susan exclamou:

— Nossa! Elas são adoráveis, mas jamais poderíamos sonhar em comprar uma casa dessas!

— Claro que podemos — assegurou Zack.

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— Está brincando comigo? — Ela o olhou com suspeita e depois perguntou:

— Afinal, quanto dinheiro você economizou? Essas casas valem milhões de dólares!

Ele deu de ombros e depois prosseguiu estudando a lista dos imóveis.

— Eu a avisarei quando algo estiver fora do meu orçamento. Mas nenhuma dessas casas será capaz de zerar a minha conta no banco.

— Está me dizendo que conseguiu economizar milhões de dólares? Eu não acredito!

— Eu tive sorte em alguns investimentos. Apenas continuei investindo e continuo obtendo lucros.

— Simples assim? Será mesmo que estamos falando sobre milhões de dólares?

— Ora, Susan. Trata-se apenas de dinheiro e aplicações bem-sucedidas.

— Mas você está me confessando que é um homem rico!

— E daí?

Ela olhou para Danny, que estava brincando no carpete, e depois espiou ao redor da modesta sala de estar.

— Você tem mesmo certeza de que deseja se casar comigo? Eu não tenho nada para contribuir para esse casamento!

Ele depositou a lista dos imóveis sobre a mesinha de centro e segurou as mãos dela entre as suas.

— Você está contribuindo com você mesma e Danny. E isso não tem preço. Nunca permita que o dinheiro interfira em nossa felicidade.

Ela sorriu diante daquela resposta. Tom havia conseguido oferecer uma vida confortável para a família, mas Zack parecia ser um mestre em assuntos financeiros. Ela o olhou com ternura e prometeu que faria tudo o que pudesse para fazê-lo tão feliz quanto ela se sentia por ter conquistado um homem tão admirável!

Assim que a comida chinesa foi entregue, Zack ajudou Danny a lavar as mãos, enquanto Susan colocava os pratos na mesa.

Danny olhou fascinado para os palitinhos.

— Eu quero comer com eles!

— Você ainda não tem habilidade para isso — afirmou Susan.

— O Zack está comendo com eles. Eu também consigo fazer isso!

Zack sorriu e apanhou um palito da pilha que estava no centro da mesa e o quebrou ao meio para que Danny conseguisse segurá-los entre seus dedos minúsculos.

— Se você acha que consegue, então me deixe ensiná-lo. Com muita paciência, Zack começou a instruir o filho, mas os palitos deslizavam de seus dedos a cada tentativa de apanhar algo com eles.

Danny ficou frustrado por não conseguir apanhar nada com os palitinhos e num ímpeto de fúria os jogou no meio da sala.

— Eu não quero mais saber desses palitinhos idiotas! — resmungou o garoto e fez beicinho.

— Vá apanhar os palitos que você jogou no carpete — ordenou Zack.

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Danny o encarou com teimosia e meneou a cabeça.

— Danny! — exclamou Susan com censura na voz. Zack ergueu uma das mãos no ar e pediu:

— Deixe-o comigo, Susan, por favor. Se Danny não reconhecer a minha autoridade agora, a nossa convivência ficará mais difícil. — Olhando na direção do menino, ele insistiu: — Nesta casa ninguém joga as coisas no chão. Agora vá apanhar os palitos, Danny. Já!

O menino o fitou assustado e decidiu recolher os palitos. Colocou-os sobre a mesa e tornou a se acomodar na cadeira, exibindo uma cara de choro.

— Obrigado — agradeceu Zack. — Da próxima vez que se sentir zangado com alguma coisa, você precisa encontrar outra maneira de desabafar sem atirar as coisas no chão. Você se lembrará disso?

Danny assentiu com a cabeça e olhou para a mãe. Os olhos marejados de lágrimas.

Susan conteve a vontade de apanhá-lo nos braços e confortá-lo. Ela sabia que Zack estava certo e Danny precisava começar a aprender determinados comportamentos.

— Use o garfo, Danny — aconselhou ela em tom suave. Quando você for grande como o Zack, então saberá usar os palitinhos.

— Eu não gosto do Zack — resmungou Danny. Susan notou que a cor sumiu do rosto de Zack. Ela sabia que muitas vezes as crianças falavam coisas bobas, mas que magoavam.

— Talvez não nesse minuto, mas logo você voltará a gostar dele — falou ela para o filho, e depois para Zack: — As crianças falam coisas sem pensar o tempo inteiro. A primeira vez que Danny disse que me odiava eu pensei que fosse morrer de tanto chorar e ele se esqueceu do que disse em menos de dez minutos. Pouco tempo depois, ele se esqueceu de tudo. Crianças são assim mesmo.

Zack assentiu vagarosamente e prosseguiu seu jantar em silêncio.

A semana que se seguiu foi atribulada para Susan e Zack. Ele ia todas as noites para o apartamento dela e se revezavam no preparo do jantar. Outras vezes pediam que fosse entregue uma refeição pronta. Sempre que Danny acabava de dormir, eles aproveitavam para rever as ofertas de venda das casas para finalmente chegar a um acordo sobre qual delas representaria o melhor lugar para residirem.

Na quinta-feira à noite, Zack avisou Susan de que precisaria viajar para Washington a fim de resolver sua situação com a empresa.

— Eu avisei que estaria disponível se eles tivessem algum projeto para ser executado nas imediações de Nova York.

— E o que acontecerá se eles lhe disserem que não existe projeto para essa área?

— Então eu me demitirei e procurarei outra empresa.

— E não será arriscado?

— Não se preocupe. Eu sou bom no que faço e tenho certeza de que acharei qualquer coisa para fazer depois que nos casarmos. Antes de qualquer coisa, eu pretendo terminar a minha obrigação com a escola, e então estaremos livres para nos preocuparmos apenas com a cerimônia e a casa para onde nos mudaremos depois.

— Não se esqueça de me ligar depois que você conversar com o médico — pediu

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Susan enquanto o acompanhava até a porta de saída do apartamento.

— Será a primeira coisa que farei depois da consulta com ele. Eu devo retornar no sábado — avisou ele, e se despediu com um beijo demorado nos lábios dela.

Depois que ele saiu, Susan trancou a porta e reclinou o corpo contra a madeira:

Ela sabia que sentiria saudades. Estava tão acostumada com a presença dele que o fato de precisar ficar dois ou três dias sem vê-lo lhe parecia uma eternidade.

Pelo menos Danny havia melhorado o seu comportamento depois da desavença com Zack na segunda-feira. Ela queria muito que Zack amasse Danny como se fosse seu próprio filho.

No sábado pela manhã, Susan e outras mães estavam executando os serviços de limpeza final quando Zack apareceu na escola.

Assim que ela o viu entrar, Susan correu ao encontro dele.

Ele a ergueu e a rodopiou nos braços. Depois a beijou de maneira apaixonada.

As outras mães começaram a bater palmas e eles interromperam o beijo.

Susan exibiu um sorriso de embaraço e as mulheres riram divertidas.

Zack se desculpou e decidiu fazer uma última inspeção nos serviços que havia realizado, e Susan retomou para os serviços de limpeza junto com as outras mães.

— Vocês já marcaram a data do casamento? — perguntou Betsy enquanto elas começavam a limpar as janelas.

— Sim. Será no último sábado do mês de junho. Nós pretendemos visitar algumas casas amanhã.

— Nós vamos sentir muito a sua falta — lamentou Betsy.

— E também a de Zack quando outras coisas precisarem ser consertadas na escola — cogitou uma das mães.

— Se isso acontecer, quem sabe ele não possa dar uma passada por aqui? — falou Susan enquanto imaginava se algum dia ela veria aquelas pessoas maravilhosas outra vez.

No instante em que Zack examinava os brinquedos do playground, Brad se aproximou.

— E aí? Quais são as novidades?

— Eu consegui a revogação da licença médica.

— E qual é o próximo passo?

— Ir até a Arábia para passar as instruções para o meu sucessor e depois começar vida nova em uma empresa aqui em Nova York.

— Que grande notícia! Eu estava com medo de que você voltasse para a Arábia e levasse Susan junto!

— Eu jamais faria isso. Um acampamento de trabalho não é lugar para uma

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família. Você não está sabendo que eu estou procurando uma casa em Manhattan?

— Oh, isso é quase tão ruim quanto se mudar para a Arábia! De qualquer maneira, vocês irão morar distante daqui. Eu preferia continuar com a nossa amizade. Eu gostei muito de trabalhar com você.

— Eu digo o mesmo para você, Brad — respondeu Zack e eles prosseguiram a inspeção juntos. Precisaria estar tudo em ordem para que a escola recebesse a aprovação do inspetor que deveria visitar a escola na segunda-feira.

— O que você acha de tomarmos uma cerveja depois que terminarmos a inspeção? — sugeriu Brad.

— Eu ouvi isso! — A voz de Betsy ecoou logo atrás do marido. — E quanto às mulheres? — perguntou ela ao mesmo tempo que Susan se aproximava e estacava ao lado da outra.

— Claro que eu tencionava convidá-las! Como nós poderíamos suportar ficar separados? — respondeu Brad de maneira dramática.

— O que você acha, Susan? Está a fim de acompanhá-los em uma cerveja?

— Isso é com Zack. Eu tenho uma babá que poderá ficar com Danny se eu lhe pedir.

— E nós temos a minha sobrinha que ainda está passando férias em casa — revelou Betsy.

Zack apanhou o celular do bolso e fez uma ligação para Edith. Depois de trocar algumas palavras com a mulher, ele desligou o aparelho é falou para Susan:

— Danny está bem e Edith concordou em ficar até mais tarde.

— Nossa! Que pai devotado! — exclamou Betsy e olhou para Susan. — Você teve muita sorte!

— Eu sei. E não apenas por isso — confessou Susan enquanto enlaçava um dos braços de Zack.

Outros casais os acompanharam e eles decidiram tomar um lanche juntos.

O tempo passou rápido enquanto a conversa prosseguia animada. Zack quase lamentou que a reforma da escola estivesse terminada. Contudo, estava animado com as mudanças que estavam prestes a ocorrer em suas vidas. Susan como sua esposa e a convivência diária com seu filho.

* * *

No domingo, Zack alugou um carro e levou todos para conhecerem as casas que eles haviam separado para visitar.

Susan se sentou no banco da frente e Danny foi atrás com Edith. A mulher protestara que não seria preciso a presença dela para visitar as casas, mas Zack insistiu. Já que também seria o lar dela, Edith tinha o direito de opinar.

Susan sussurrou em um ouvido dele:

— Você é um homem especial.

— Tudo o que precisar para vê-la feliz — sussurrou ele de volta.

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Zack conduziu o carro em baixa velocidade para que pudessem apreciar os bairros e as facilidades que eles ofereciam. Alguns possuíam apenas um supermercado e um posto de gasolina. Outros dois tinham teatros e shoppings modernos. Quando eles alcançaram West Islip, Zack começou a procurar pelas escolas e igrejas que estavam indicadas no mapa que o corretor imobiliário havia lhe emprestado.

Por fim, eles se encontraram com o profissional e visitaram três casas.

O dia foi cansativo e, no caminho de volta, perguntou Zack para Susan:

— Qual delas você gostou?

— Da segunda que vimos. E você?

— Eu gostei mais da primeira.

Susan pensou um instante e considerou:

— Eu também achei a primeira casa excelente. Apenas que ela é grande demais para uma família como a nossa.

— Pode acontecer de termos mais filhos — lembrou a ela.

— Bem, isso é verdade.

— E eu estarei por perto para ajudar com os afazeres domésticos. — Edith se introduziu na conversa e opinou pela primeira vez.

Susan girou a cabeça na direção do banco de trás do carro e perguntou para a mulher:

— Você também preferiu a primeira casa?

— Eu gostei de todas. Cada uma delas tem uma edícula que é maior do que o apartamento onde moro agora. E em todas as casas existe um jardim maravilhoso para ser cuidado.

— Eu não sei se saberia cuidar de um jardim. Exceto por alguns vasos que mantenho na área de serviço, eu nunca plantei nada — revelou Susan.

— Para mim — declarou Zack —, depois de ter passado uma década no deserto, qualquer área verde significa uma bênção. Contudo, não precisamos decidir agora. Existem outras casas na lista e que ainda não visitamos.

Zack ficou frustrado por Susan não ter se apaixonado por nenhuma das casas. Elas eram lindas e espaçosas. Ele não imaginava que seria tão difícil agradar o gosto de uma mulher. Entretanto, ele queria que ela ficasse feliz com a escolha que fizesse e só esperava que Susan não demorasse muito para encontrar o lar dos seus sonhos.

Após o jantar, Zack leu uma história para Danny. Quando o menino adormeceu, Zack ainda ficou por algum tempo observando o rosto miúdo do filho. Ele já podia imaginá-lo correndo pela casa ou brincando com seus amigos no jardim. Por um momento pensou no quanto teria perdido se não tivesse conhecido Susan no dia em que Danny escapou da escola. Agora ele não saberia viver sem ela e o filho em sua vida. E agradecia ao destino por isso.

Pouco depois, ele se ergueu da beirada do colchão e seguiu para a sala.

Susan estava acomodada no sofá e rodeada de panfletos com propaganda de imóveis para venda.

— Acho que eu encontrei a casa ideal para nossa família! — exclamou ela jubilosa e gesticulou para que ele se sentasse ao lado dela. — Eu quero saber a sua opinião — declarou ele, e tão logo ele se acomodou, Susan entregou-lhe um dos panfletos.

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Zack estudou a foto da casa em estilo colonial e que estava localizada próxima de uma larga avenida.

— Se você gostou dela, então poderemos escolher um dia dessa semana para visitá-la.

— Ou poderemos conhecê-la no fim da semana.

— Eu não estarei por aqui no fim de semana.

— E onde estará? — perguntou ela com surpresa.

— Eu preciso retornar ao acampamento na Arábia para instruir o engenheiro que ficará em meu lugar. Talvez tenha de ficar lá por pelo menos uma semana.

— Oh! — exclamou ela desapontada e preocupada ao mesmo tempo.

— Não se preocupe, logo estarei de volta — tranquilizou-a.

— A menos que seja atingido por outra mina perdida. Você não poderia pedir que outra pessoa fosse em seu lugar?

— Não. Essa responsabilidade é minha. Susan deu um longo suspiro.

— Eu achei tão apropriado quando você comentou com Danny sobre a importância de sermos responsáveis. Mas, agora, eu não estou gostando nada disso.

— Nem eu. Mas estarei de volta antes que possa sentir a minha falta.

— Isso é impossível! — exclamou ela, e repousou a cabeça no ombro dele, como se estivesse buscando por consolo.

Eles permaneceram em silêncio por algum tempo.

Zack deu um suspiro e considerou que deveria contar a verdade sobre ser o pai de Danny. Eles não poderiam se casar enquanto ele mantivesse esse segredo. Isso não fazia diferença para ele, mas não seria justo com Susan. O problema era que ela nunca lhe proporcionara uma abertura conveniente para que ele se sentisse à vontade para fazer essa confissão. Susan nunca revelara que ela e Tom haviam adotado Danny. Ela costumava dizer o quanto fosse difícil precisar criar o filho sem ter o pai por perto, porém jamais fizera qualquer menção sobre ter adotado a criança. Contudo, o tempo estava se esgotando e Zack precisava tomar coragem para suscitar o assunto de alguma maneira. Inclusive para firmar a sua opinião sobre o fato de que se fosse ela quem não pudesse ter filhos, isso não mudaria nada em suas vidas. Ele a amava por ela mesma e não pela sua capacidade de engravidar.

— Eu notei que essa casa que escolheu tem cinco quartos.

— Hum-hum — murmurou ela e prosseguiu calada.

— Acho que seria preciso ao menos mais três crianças para que todos os quartos fossem ocupados.

— Acho que sim — resmungou ela apenas.

— Eu só quero que saiba que não tenho nada contra adotar crianças — comentou ele, e aguardou que ela dissesse alguma coisa. Aquela seria uma excelente oportunidade para que Susan revelasse a verdade sobre Danny. Ou ela não confiava nele o suficiente para lhe contar que seu filho tinha sido adotado?

Notando que ela prosseguia calada, ele decidiu despejar a verdade de uma vez:

— Eu preciso confessar-lhe uma coisa, Susan. Danny é meu verdadeiro filho.

— Oh, eu fico feliz que pense assim! Eu ouvi muitas histórias sobre mulheres

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viúvas que tinham filhos e que se casaram outra vez. Mas o novo marido nunca aceitou as crianças como se fossem seus próprios filhos.

— Não foi isso o que eu quis dizer, Susan. Danny é realmente meu filho e eu gostaria de mudar o sobrenome dele para que todos soubessem da verdade.

Ela ergueu os olhos para ele e falou com indignação:

— Eu acho que Danny deverá permanecer com o sobrenome do pai. Esse é o legado que Tom lhe deixou. Quanto à educação de Danny, você poderá agir como se fosse seu pai verdadeiro.

— Acontece que eu sou o pai verdadeiro de Danny. — Zack se ergueu e foi até a janela, antes de prosseguir: — Eu contratei um detetive para encontrar o meu filho. Queria apenas ter certeza de que ele estivesse sendo bem-tratado pelos pais adotivos. Eu não tinha a intenção de me aproximar de você nem de Danny.

Susan se ergueu do sofá e se aproximou de Zack dizendo:

— Sobre o que você está falando? E por que contratou um detetive?

— Eu tive um caso passageiro com uma moça americana quando estive aqui nos Estados Unidos há cinco anos para desfrutar de umas férias. Eu não imaginava que ela estivesse grávida quando retornei para a Arábia. Quando estava no hospital me recuperando do acidente, recebi uma carta da irmã de Alesia me informando que ela havia morrido e que teria dado à luz um filho meu e o entregado para a adoção. Eu queria encontrá-lo, mas não sabia o. nome dele. Então contratei um detetive que pudesse loca-lizar os pais adotivos.

Susan estudou-lhe o rosto por algum tempo, e então falou devagar:

— Zack, Danny é filho do Tom.

— Eu sei que vocês adotaram Danny. Você não precisa fingir para mim. Poderá até me ajudar a contar a verdade para ele.

Susan recuou horrorizada.

— Oh, você acredita mesmo que seja o pai de Danny? Foi por isso que se aproximou de mim? Você descobriu que tem um filho e acredita que ele seja o Danny?

— Eu tenho certeza disso! O detetive que contratei descobriu que a criança que Alesia teve foi adotada por um casal de Nova York chamado T.J. e Susan Johnson.

— Johnson é um sobrenome muito comum. Ele lhe contou o que a inicial T representasse?

— Thomas, eu suponho.

— Está vendo? Você não tem certeza. E essa Susan não tem nada a ver comigo. Eu mantive o nome de solteira antes do Johnson. Meu nome é Susan Caldwell Johnson. Além disso, eu tenho fotos de quando estava grávida. Danny é meu filho e de Tom. Um exame de DNA poderá comprovar isso em instantes — finalizou ela e cruzou os braços contra o peito.

Zack a fitou com o olhar confuso.

— Mas o detetive disse...

— Se eu fosse você, eu pediria meu dinheiro de volta — assegurou ela. Depois exibiu um olhar de desprezo. — Se era por causa disso que pretendia se casar comigo, então pode esquecer. E agora eu gostaria que saísse do meu apartamento.

— Eu não vou sair até que tenhamos esclarecido a situação. O detetive deve ter se

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enganado, e eu vou pedir que ele prossiga com a investigação. Mas isso não muda nada entre nós.

— Eu acho que muda tudo! Por favor, vá embora! — exclamou ela com lágrimas nos olhos e correu na direção do quarto.

Zack ouviu quando a porta do quarto dela foi fechada com força, mas não tinha coragem para mover um passo sequer.

Então Danny não era seu filho?

Ele amava tanto aquele menino! Como ele podia ter se apegado tão rápido a uma criança que não tinha o seu sangue?

Ele pensou por um instante e se perguntou: Não acontecera o mesmo com Susan? Ele se apaixonara por ela e mal a conhecia. Então chegou à conclusão de que o amor está além das fronteiras biológicas e é capaz de se expandir em várias direções.

Decidido, ele seguiu em direção ao quarto dela e bateu na porta.

— Eu preciso falar com você, Susan. Abra a porta, por favor!

— Eu não quero vê-lo nunca mais, Zack! Vá embora!

— Eu posso explicar... Abra a porta!

Ele aguardou por um longo tempo e não conseguiu ouvir nenhum som que viesse de dentro do quarto.

Resignando-se ao fato de que Susan não iria mesmo abrir a porta, ele girou o corpo e se afastou.

Susan ouviu o som da porta de saída do apartamento sendo fechada e sentiu o coração se despedaçar.

Ela estava tão feliz algumas horas antes, e agora uma dor aguda lhe dilacerava o peito.

Ela amava Zack e ele só queria se casar com ela porque pensava que Danny fosse o filho biológico que estava procurando. Desde o princípio ele encorajara o relacionamento deles apenas por causa de se aproximar do menino. Ela mal conseguia respirar só de pensar em que seu relacionamento com Zack não havia passado de uma mentira.

Não haveria mais casamento, nem casa em Manhattan nem Zack na vida dela.

Susan chorava tanto que podia sentir o travesseiro se encharcando com suas lágrimas.

Depois de algum tempo, o pranto foi cessando e Susan começou a analisar sua situação. Como ela poderia ter se deixado enganar a ponto de não ter percebido que Zack não a amasse de verdade?

Em primeiro lugar, ele nunca lhe dissera claramente que a amasse. E, em segundo, que tipo de homem incluiria o filho de uma mulher em seus passeios? Mais ainda, qual homem no mundo se colocaria a disposição para serviços voluntários na escola de um garoto que mal conhecia?

Estava mais do que evidente que Zack não teria feito essas coisas por causa dela e sim por acreditar que Danny fosse o seu filho biológico.

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Havia sido difícil para Susan se desfazer das lembranças do marido e tentar prosseguir com sua vida. Confiar no futuro outra vez e tentar construir uma nova vida. E tudo isso para acabar desiludida e sozinha outra vez?

Agora ela sentia falta dos braços fortes de Zack para consolá-la. Ainda ansiava pelos beijos dele, mas sabia que isso nunca mais seria possível.

Mas no fundo do coração Susan tinha certeza de que nunca esqueceria aquele homem gentil e charmoso.

Ela jamais esqueceria de Zack Morgan.

CAPITULO DEZ

Na manhã seguinte, Susan acordou com uma tremenda dor de cabeça e não tinha ânimo para se levantar da cama. Por isso, ficou por mais algum tempo deitada e sentindo-se triste e solitária.

Ela ouvia Danny correr pela sala e se esforçava para afastar a melancolia para não preocupar o filho. Ele já ficaria triste o suficiente quando soubesse que Zack nunca mais faria parte de suas vidas.

Minutos depois, Danny apareceu no vão da porta do quarto de Susan e sorriu para a mãe.

— Oi, mamãe!

— Oi, querido. Venha aqui se deitar comigo — pediu ela e tapeou o lado da cama que estava vago;

Danny não esperou por um segundo chamado. Disparou na direção da cama da mãe e pulou para cima do colchão.

— Você não vai se levantar? Eu quero ir brincar no parque!

— Está bem. Mas, antes disso, eu preciso dar um jeito no apartamento.

— Está bem — respondeu Danny, e desceu da cama todo animado. — Eu quero tomar o café da manhã!

— Eu vou trocar as roupas e num minuto estarei na cozinha! — gritou ela enquanto ele saía correndo. — Não suba no balcão da cozinha, está me ouvindo?

A última coisa que Susan desejava seria precisar sair da cama naquele instante. Mas não poderia ficar ali para o resto da vida. Hoje seria o seu primeiro dia sem Zack e ela se lembrava muito bem de como foram os seus dias após a morte de Tom. Por isso sabia que a tristeza levaria muito tempo para ir embora.

Ela precisava contar para Edith que eles não iriam mais se mudar e se sentiu penalizada pela mulher. Edith estava tão feliz que iria participar da família e empolgada com a mudança de vida.

Mas a vida prosseguiria da mesma maneira como estava. Susan contando os

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trocados para conseguir pagar as contas e o salário de Edith.

Nas noites, depois que Danny adormecesse, ela ficaria solitária no sofá da sala até que o sono chegasse. Como sempre acontecia antes de Zack entrar em sua vida.

Lágrimas de dor se formaram novamente em seus olhos.

Como ela poderia suportar isso outra vez, depois de ter conhecido um homem como Zack?

Assim que ela e Danny terminaram o café da manhã, Susan cuidou da sala. Depois preparou a cesta com os lanches e duas garrafas de água, e segurando firme a mão do filho, eles seguiram para o parque. Ela não pretendia perturbar a rotina dele. Danny pedia por tão pouco e Susan jamais demonstraria má vontade em agradá-lo.

A manhã estava quente, e provavelmente quando chegasse próximo do meio-dia o calor estaria insuportável. Por isso, seria melhor que Danny aproveitasse ao máximo enquanto a temperatura estivesse mais amena.

Assim que eles se aproximaram do playground, ela libertou a mão do filho e o menino correu na direção dos balanços.

Susan se acomodou em um canto do banco que estava mais próximo, onde havia um homem idoso que observava as crianças. Provavelmente um avô orgulhoso dos seus netos, pensou ela e sorriu polidamente para o homem. O pai de Susan também adorava levar o neto até o playground quando vinha visitá-los.

O tempo passava devagar enquanto Susan observava o filho brincar distraído. Se ele precisasse dela, Susan estaria ao lado dele em um segundo. Caso contrário, ela per-mitia que ele se divertisse livremente com os amigos. De vez em quando, Danny olhava na direção da mãe e Susan acenava com um sorriso de ternura.

De repente, ela percebeu que Danny abandonou o balanço e saiu correndo pelo gramado. Ela se ergueu rapidamente e sentiu o coração acelerar. Será que o filho tinha visto alguém parecido com Tom e estava começando novamente com a mania de querer encontrar o pai?

Ela passou na frente do homem idoso que estava sentado ao lado dele e estava se preparando para perseguir Danny quando reconheceu Zack, que caminhava em sentido contrário.

Danny estava correndo para encontrá-lo. Zack inclinou o corpo e ergueu o garoto, rodopiando com ele nos braços.

Apesar da distância, Susan podia ouvir as gargalhadas divertidas de Danny.

Com o coração disparado no peito, ela se perguntou o que Zack estaria fazendo ali. Ele acomodou o menino em um dos braços e começou a caminhar na direção dela.

Susan sentiu vontade de correr e se esconder em um lugar qualquer. Ou então esperar por ele e exigir que Zack lhe explicasse por que ele deixara que ela se apaixonasse por ele se não estava interessado nela. Por alimentar-lhe os sonhos apenas para desfazê-los depois.

Assim que Zack chegou mais perto de Susan, ele colocou o menino de volta ao chão e Danny correu na direção dos balanços outra vez.

— Olá! — exclamou Zack.

Susan não respondeu e voltou a se sentar no mesmo banco onde estava antes. Ela o ignorou completamente por medo de desabar em lágrimas.

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Zack a seguiu e se sentou ao lado dela. O homem mais velho olhou para eles com curiosidade. Depois desviou a atenção para as crianças novamente.

— Nós precisamos conversar — insistiu Zack. Ela meneou a cabeça.

— Acho que já dissemos tudo o que era necessário ontem à noite.

Ele alcançou as mãos dela e as segurou entre as dele. Susan tentou recolhê-las, mas Zack as prendeu com firmeza.

— Não. Eu não lhe falei sobre o que era mais importante para mim. Eu quero que você se case comigo e desejo criar Danny como se fosse meu próprio filho.

— Ele não é seu filho!

— Eu não disse que Danny é meu filho. Eu falei que desejo criá-lo como se fosse meu próprio filho.

— Por que você não vai procurar o seu filho verdadeiro?

— Eu irei, mas não agora.

— Por que não agora?

— Primeiro eu tenho de resolver as coisas com você. Depois terei muito tempo para saber onde está o meu filho e se ele está sendo bem-tratado. A mesma coisa que eu pretendia fazer quando pensei que Danny fosse o meu filho e fui vê-lo na escola. Eu apenas queria dar uma espiada nele e depois seguir o meu caminho, já que o detetive havia me informado que ele estava sendo muito bem-cuidado. Mas o destino, ou sei lá o que, fez com que eu a conhecesse e isso mudasse o rumo da minha vida. E quando Danny correu para os meus braços agora a pouco, eu enxerguei um o amor puro nos olhos dele.

— Danny o ama.

— E você também me ama, Susan. O mais engraçado é que durante toda a minha vida eu desejei encontrar alguém que me amasse de verdade, e quando isso aconteceu, eu quase não o reconheci.

— O amor só tem valor quando é recíproco — resmungou ela tentando controlar as lágrimas que ameaçavam explodir.

— Quando eu retornei ao hotel ontem, estava aborrecido porque você havia me mandado embora. Mas isso me deu uma idéia do que seria a minha vida sem você. Eu não suportaria.

— O que é que você não suportaria?

— Prosseguir a vida sem ter você ao meu lado. Eu não sou muito bom nessas coisas, Susan, mas pode ter certeza de que eu a amo. Os meus sentimentos por você são mais fortes do que tudo o que enfrentei até agora. E acho que irão durar para sempre.

— Você está dizendo isso agora, mas eu tenho certeza de que você conseguiria superar a situação e prosseguir com sua vida. Você é um homem determinado e autoconfiante.

— Mas por que razão eu teria de fazer isso? Se eu amo você e você me ama, por que não deveríamos nos casar e construir um futuro juntos?

— Ótima idéia! — exclamou o homem idoso olhando na direção deles. — E muito difícil o amor bater duas vezes na porta de alguém. — Fitando Susan, ele continuou: — Pelo fato de você ter um filho, eu acho que está tendo uma segunda chance de amor, moça. Deveria aproveitá-la. Eu sou viúvo há trinta anos e minha única filha e meus dois

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netos são tudo o que tenho agora. Quem me dera eu tivesse encontrado outra mulher a quem amasse e tivesse passado comigo todos esses anos!

Susan olhou para o homem e respondeu:

— Ele só me pediu em casamento porque achava que Danny fosse filho dele.

— Não é o que parece agora — assegurou o homem.

Ela piscou por duas vezes e depois olhou para Zack.

— Você me ama de verdade?

— Oh, Deus! Você não imagina o quanto! — exclamou Zack, e aproveitou a chance para beijar os lábios dela.

Danny falou alguma coisa enquanto estava no balanço, mas Susan não ouviu. Seu coração estava batendo muito forte enquanto ela correspondia ao beijo de Zack.

Ele interrompeu o beijo apenas para perguntar:

— E então? Você vai se casar comigo conforme planejamos?

Ela hesitou por um segundo, e então assentiu com um gesto de cabeça.

— Permitam que eu seja o primeiro a cumprimentá-los e desejar que vocês tenham uma vida longa e feliz — falou o homem idoso que estava ao lado deles. — Depois se er-gueu e acenou para os netos. Os meninos vieram correndo e, segurando a mão do avô, se afastaram do parque.

EPÍLOGO

Zack terminou de ler o relatório do detetive e deslizou o documento através da superfície da mesa na direção de Susan, que ocupava o lado oposto da mesa de jantar.

— Você acredita que finalmente ele encontrou a criança certa? — perguntou ela enquanto apanhava o relatório e o examinava.

Eles tinham terminado o jantar havia pouco tempo e Danny brincava na varanda com o seu pequeno cão.

Edith estava aproveitando para cuidar de algumas plantas enquanto havia um pouco da luz do dia.

— Pode ser — respondeu Zack. — Esse T.J. Johnson mora no Queens e trabalha como contador. A esposa é bibliotecária. Eles têm um excelente apartamento e o nome da criança é Thommy Júnior. O que você achou da foto deles?

Susan olhou para a família que aparecia na foto e que desfrutava de um piquenique na beira de um lago.

— Eles parecem felizes — respondeu ela.

— Espero que eles sejam tão felizes quanto nós — afirmou Zack. — E isso é tudo o que eu pretendo saber. Que meu filho esteja sendo bem-cuidado e esteja feliz.

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— E o que você pretende fazer?

— Primeiro ouvirei o conselho do Josh. Talvez ele mesmo contate a família e a avise onde me achar no caso de precisar de alguma coisa. Josh conhece um vizinho deles e por isso será fácil a apresentação.

— Bem, eu concordarei com qualquer coisa que você decida — declarou Susan. — Se você quiser conhecê-los pessoalmente, eu terei prazer em acompanhá-lo.

— Apenas se eles insistirem. Para mim, será o bastante saber que meu filho está bem.

Zack se ergueu da cadeira e rodeou a mesa até chegar próximo de Susan. Então estendeu a mão para ajudá-la a se levantar.

— Eu vou ajudá-la com os pratos. Susan sorriu e o provocou:

— Eu só não quero que você considere que essa criança seja o seu único filho.

— Claro que não! Danny também é meu filho em todos os sentidos que importam.

— E Danny também não é seu único filho.

— Não estou entendendo — falou Zack com o olhar intrigado.

— Eu estou grávida. Acho que aconteceu em nossa lua de mel.

Zack a olhou com incredulidade.

— Nós vamos ter um bebê?

Ela assentiu:

— E eu acabei de receber um formulário para ser preenchido, no caso de querermos adotar uma criança. Se você desejar, nós poderemos encher esta casa em pouco tempo.

— Você é a mulher mais incrível que já conheci! — exclamou ele e, enlaçando a cintura da esposa, abraçou-a com carinho.

Susan se ergueu na ponta dos pés e roçou seus lábios nos do marido.

— Eu amo você, Zack.

— Eu também a amo, Susan. Agora e para sempre.

Ele selou o voto com um beijo ardoroso nos lábios dela.

Na busca por seu filho, Zack encontrara a única mulher que ele conseguiria amar para sempre. E ela estava disposta a lhe oferecer a família que ele sempre desejara.

Isso não era incrível?

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Próximo Lançamento

A NOIVA DE VERMELHOLUCY GORDON

Na manhã seguinte, Olivia entrou na internet para conversar com Norah e foi recompensada pela visão da simpática mulher acenando e sorrindo pela câmera.

— E, então, o que pretende fazer nestas férias? — A tia quis saber. — Você agendou aquele cruzeiro?

— Sim, devo partir em alguns dias.

— E? — Norah sondou, uma vez que o tom de voz de Olivia indicava outra coisa.

— Eu conheci um homem...

Ela tentou descrever Lang. Não era fácil, pois ele parecia desconcertá-la mesmo quando o mencionava.

— Ele consegue me fazer rir — admitiu ela.

— Isso é sempre um bom começo.

— E ele me deu isso. — Olivia ergueu Ming Zhi. — Quando fomos ao zoológico.

— Agora parece estar ficando sério. Quando você o verá novamente?

— Esta noite. Ele vai me levar para jantar com a família.

— Minha querida, ele parece estar com muita pressa.

— Não é o que você está pensando. Um dos parentes dele nos avistou juntos e a família ficou curiosa. Ele apenas vai me levar para casa a fim de silenciá-los.

— Por acaso ele é algum fraco que não pode enfrentar a família?

— Não, ele não é um fraco — afirmou Olivia. — Ele finge ser algumas vezes, mas essa é apenas a forma que ele encontrou para me pegar desprevenida.

— E isso funciona com você?

— Sim — admitiu Olivia ironicamente.

— Então ele realmente parece ser um homem inteligente. Estou ansiosa para conhecê-lo.

— Norah, por favor! Você está indo rápido demais. Lang e eu nos encontramos apenas algumas vezes. Não estou procurando por nada sério. Nós vamos aproveitar um breve relacionamento e depois eu vou voltar para casa. Aliás...

— Não ouse começar com isso novamente. Você vai ficar exatamente onde está, e viver a sua vida. Não desperdice essa oportunidade.

— Está bem, eu prometo — disse Olivia.

— Fique o tempo que for preciso com Lang. Ele parece ser um homem gentil — observou Norah. — Agora vá e compre um belo vestido. Arrase, ouviu?

— Sim, tia — respondeu Olivia obediente, e as duas riram juntas.

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Após um rápido café da manhã, Olivia se dirigiu às lojas, pretendendo comprar algo da moda ocidental que agora estava disponível em Pequim. Contudo, seu olhar ficou atraído por um cheongsam, o tradicional vestido chinês feito com uma seda de alta qualidade, e com um preço que a fez hesitar por meio segundo. Mas quando Olivia provou a peça e vislumbrou a forma com que o tecido vestia perfeitamente as curvas de seu corpo, soube que não conseguiria resistir à compra. E quando ela experimentou o vestido com os saltos mais finos que ousou calçar, o efeito foi impressionante.

Olivia se perguntou se Lang também iria achar isso. Será que ele elogiaria a sua aparência?

Lang não a elogiou. Chamando-a pontualmente às 18h, a guiou até o carro sem dizer uma palavra. Mas Olivia tinha notado a forma com que o olhar dele se demorou em seus seios, tão perfeitamente destacados pelo justo tecido, e soube que ele havia se lembrado do primeiro encontro deles. A expressão do rosto de Lang lhe dizia tudo o que ela precisava saber.

Olivia virou o rosto para a janela do carro a fim de apreciar a jornada. Eles estavam seguindo para os hutongs; ela sempre fora fascinada por essas ruas que haviam cercado a Cidade Proibida por centenas de anos. Uma hutong era uma rua estreita formada por linhas de pátios chamadas siheyuans, cada siheyuan consistindo de quatro casas situadas perpendicularmente uma a outra. Ali, grandes famílias podiam manter a privacidade de suas próprias casas e ainda continuar com os parentes sempre por perto.

Conforme se aproximavam do local, Lang descreveu a siheyuan de sua família.

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