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Barreiras comerciais

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Texto sobre barreiras comerciais que saiu no DC

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Page 1: Barreiras comerciais

Curso: Técnico em Comércio Exterior - RIA 18/2010 – Relações Econômicas Internacionais - Sala: 82

Orientador: Sérgio

27 de setembro de 2011 | N° 9305AlertaVoltar para a edição de hoje

MURALHAS NAS FRONTEIRAS

Cada um por si na crise

A turbulência global, que afeta com mais força os Estados Unidos e países da Europa, tem

gerado novas medidas de proteção ao mercado interno. O Brasil também entrou na onda e a

previsão é de que tendência continue pelos próximos anos

Brasileiros que sonhavam em comprar um carro importado bateram numa barreira que

começa a se erguer em todo o mundo. Medidas de proteção ao mercado interno, destinadas a

favorecer a indústria nacional e manter o emprego, têm crescido desde a crise de 2008, erguendo

muros nas fronteiras de países ricos e emergentes.

No Brasil, a adoção de um tributo interno – Imposto sobre Produtos Industrializados – para

tratar de forma diferente veículos nacionais e importados abriu uma nova fase de um estudado plano

de defesa comercial anunciado pela equipe econômica do governo desde a posse.

É uma das consequências da crise. Como uma provável queda nas exportações deve afetar o

emprego, mais medidas serão tomadas para defender o mercado de trabalho local – adverte o

embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação

das Indústrias de São Paulo (Fiesp).

Ontem, embora houvesse expectativa de anúncio de novas medidas no Brasil depois da

reunião da presidente Dilma Rousseff com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nem sequer uma

declaração foi feita ao final do encontro.

Efeito previsto logo depois do congelamento do crédito entre o final de 2008 e o início de

2009, o aumento do protecionismo de fato ocorreu, mas foi amenizado por sinais de que haveria

uma rápida recuperação. Como o cenário se inverteu em meados deste ano, com projeções de um

período mais longo de incertezas, o sinal de alerta voltou a se acender.

Essa situação está aí para ficar por quatro ou cinco anos – diz Barbosa.

É preciso estar preparado. Talvez os maiores obstáculos não venham nem da China, mas da

Europa, com medidas não tarifárias, como a Rússia fez com a carne brasileira. Talvez não sejam tão

óbvias quanto a adotada no Brasil, mas ninguém vai ficar só olhando – reforça José Augusto de

Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB).

No Brasil, a barreira atingiu especialmente os carros chineses. Como houve liberação dos

modelos fabricados na Argentina e no México, o Uruguai, que já abriga duas montadoras da China

e tinha planos de atrair outras, está ameaçando até abandonar o Mercosul em protesto.

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Orientador: Sérgio

O mundo todo tem medo de se tornar uma colônia da China, que fala pouco e faz, não

pergunta se pode ou não – observa Castro.

Também houve especulações sobre a possibilidade de que China ou Coreia do Sul, países

mais afetados pela medida brasileira, entrassem com queixa contra o Brasil na Organização

Mundial do Comércio (OMC), uma espécie de xerife planetário das trocas entre países.

– Em tese, quem recorrer à OMC tem 70% de chance de ganhar, porque o que o Brasil fez é

vetado pelas regras internacionais. Mas esse tipo de discussão costuma demorar e a medida

brasileira termina em dezembro de 2012 – avalia Renato Flôres, professor da Fundação Getulio

Vargas.

Ele acredita que, se o Brasil não prorrogar o prazo, tem boas chances de implementar sem

susto a medida, que não considera de todo má, dadas as circunstâncias.

– Deve haver um período mais intenso de protecionismo no mundo. A crise continua, a

economia dos EUA não se recupera, a Europa está em situação ruim. Há uma redução nas compras,

então os países vão querer dar preferência aos produtos deles.

Mesmo críticos costumeiros da adoção de barreiras ao comércio, os três especialistas

concordam em um ponto: nessa altura dos acontecimentos, a medida tomada pelo Brasil é

defensável.

– Quem queria comprar um carro importado talvez tenha de adiar um sonho, mas é menos

ruim adiar o sonho do que enfrentarmos desemprego – avalia Castro.

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MARTA SFREDO