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    Matria publicada naMinistry(Publicao Oficial da Associao Geral dos Adventistas do 7 dia) em Outubro de 1989. 1

    A Base Histrica do Estilo de

    Vida AdventistaEntender como nossos padres se originaram e mudaram ao longo dosanos pode nos ajudar a lidar com a necessidade de mudanas hoje.

    Por Gerald Wheeler1

    Durante a temporada de frias no leste da Pensil-

    vnia (EUA), encontramos as estradas entupidasde nibus de turismo e carros de outros estados.

    Pessoas de todas as partes dos Estados Unidos vo l para

    ver as colnias dos agricultores amish.Para quem observa de fora, todos os amish, comsuas roupas fora de moda e carroas puxadas por cavalos,parecem iguais. Mas o observador mais atento logo desco-bre que a comunidade amish tem muitos subgrupos, dife-renciados por caractersticas como estilo de roupa, designe cor da carroa. Vrias faces discordam em questescomo a largura da borda do chapu de um homem e seele deve usar um ou dois suspensrios.

    Essas discusses pare-cem triviais e sem sentidopara quem no amish. Masso importantes para eles,porque esses assuntos defi-nem a natureza e os limitesde sua comunidade de f.

    Definem quem umcompanheiro crente e quemno . Para que um grupoexista, necessrio ter umaidentidade consciente, umaautoconscincia de quem eleafirma ser. Essa identidade

    definida no s pelo que apessoa acredita e faz, mastambm pelo que rejeita.

    A maioria dos observa-dores casuais imagina que osamish pensam que a tecnologia moderna e a cultura soinerentemente ms. Porm, os lderes amish mais perspi-cazes reconhecem e admitem que a sua rejeio da culturacontempornea seja uma forma de se manter um grupodistinto, auto identificvel e coeso.

    Os homens amish usam barba porque, quando

    surgiu o costume de se barbear, era considerado smbolode uma cultura militarista. Eles usam ganchos e furos naroupa porque querem ser distinguidos dos menonitas, queutilizam botes. E recusam a tecnologia moderna porque

    veem uma necessidade de preservar barreiras que os impe-

    am de ser absorvidos pela sociedade moderna.Alguns dos princpios que observamos entre os

    amish podem ajudar os adventistas em suas discussesatuais sobre estilo de vida e identidade.

    Contexto histrico do estilo de vida adventista

    Ellen White e outros lderes trouxeram para dentro domovimento adventista uma abordagem ao estilo de vidabaseado nos escritos de John Wesley e de outros gruposreligiosos conservadores2. Wesley e os primeiros metodis-tas opuseram-se ao estilo de ostentao das classes ricas.Homens e mulheres das classes mais altas deviam se vestirde determinada maneira que se encaixasse em sua posi-

    o social.A maioria dos metodis-

    tas vinha das classes mais bai-xas e via as roupas e joias ca-ras como uma indicao de

    vaidade, autoindulgncia emundanismo. Wesley advertiaseus seguidores a se vestiremcom trajes mais simples e ano imitarem os homens

    ricos. Visto que o estilo de

    cabelo era parte da moda dasclasses mais abastadas, os ho-mens metodistas penteavam o

    cabelo para baixo, sobre assuas testas, no que veio a ser

    conhecido como a moda me-

    todista.

    Simplicidade e modstia pro-porcionaram aos metodistas uma identidade clara e defi-nida, entre eles mesmos e na sociedade em geral. Almdisso, o metodismo procurou encontrar apoio bblicopara a sua auto identidade. Eles citavam passagens como1 Pedro 3:3, 1 Timteo 2:8-9, Tiago 4:4 e 1 Joo 2:15.

    Os fundadores da Igreja Adventista do Stimo Dia

    ecoaram essa viso, reimprimindo os sermes de Wesleysobre o tema no peridico Review and Herald3. Os adven-tistas poderiam se identificar com a compreenso meto-dista, j que compartilhavam muitas das mesmas preocu-paes e tambm vinham em grande parte das classes

    Alguns dos princpios que observamos entre os amish

    podem ajudar os adventistas em suas discusses atuais sobre

    estilo de vida e identidade.

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    Matria publicada naMinistry(Publicao Oficial da Associao Geral dos Adventistas do 7 dia) em Outubro de 1989. 2

    socioeconmicas mais baixas. Como os metodistas, osprimeiros adventistas procuravam descobrir na Bblia a

    vontade de Deus para eles e para seu estilo de vida. Masderam seu toque pessoal para as descobertas. Eles consi-deravam a vida presente como uma srie contnua e in-terminvel de testes pelos quais cada cristo deve passar.Por exemplo, eles viam a parbola das dez virgens comoum exemplo de um desses testes, permitindo que as cin-

    co virgens prudentes avanassem para o prximo teste.Era uma abordagem orientada ao indivduo e considera-

    va a vida como um constante processo de aperfeioamen-to. Apenas alguns poucos chegariam ao Cu.

    Em 30 de abril de 1866, a igreja de Battle Creek(Michigan) adotou uma srie de resolues sobre vestu-rio. Poucos dias depois, a Comisso da Associao Geralexpressou a opinio de que a obra de Adoniram Judson,missionrio para a Birmnia, intitulado A Letter to theWomen of America on Dress (Uma carta para as mulheresamericanas, sobre o vesturio), era uma admirvel expo-

    sio bblica sobre o assunto. Essa comisso pediu editora adventista, a Review andHerald, para anexar estas [da igreja

    de Battle Creek] resolues ao estu-do de Judson sobre vesturio4.

    Os adventistas do sculo 21podem achar difcil concluir que ostextos citados por Judson e os ir-mos de Battle Creek abordam v-rios dos itens e prticas a que osprimeiros adventistas se opunham.

    Os leitores modernos interpretariamas passagens bblicas de forma dife-rente. Todavia, para esses pioneiros,as Escrituras realmente falavam demaneira clara sobre o erro quanto ausar joias feitas de borracha e decabelo humano, certos penteados eredes de cabelo, bem como usar bigode ou cavanhaque.

    Evitando a percepo de classe

    Em um livro fascinante intituladoThe Light of the Home:

    An Intimate View of the Lives of Women in Victorian Ameri-ca (A luz do lar: uma viso ntima da vida das mulheresna Amrica vitoriana), Harvey Green e E. Mary Perrycomparam o comportamento e os padres das classesmais baixas, mdia e alta em uma srie de tendncias queestavam remodelando a sociedade norte-americana dosculo 19. Muitas dessas tendncias envolvem a urgnciacom que os norte-americanos queriam ser reconhecidoscomo parte da classe mdia emergente. E, nessa luta porreconhecimento, podemos ver a origem de certos pa-dres adventistas.

    Os adventistas norte-americanos do sculo 19eram tentados a adotar cada nova moda e fazer tudo oque podiam para se identificar com a classe mdia. Nospontos em que Green e Perry discutem temas especficossobre os quais Ellen White escreveu, significativo que a

    atitude da Sra. White normalmente se posicionava orana classe baixa ora na classe alta, ou quase sempre se po-sicionava contra a atitude de classe mdia. Por qu? Tal-

    vez porque ela temesse que os adventistas, por entusias-mo de subir a bordo do movimento da classe mdia, per-dessem sua identidade e eficcia especial.

    Isso explica por que Ellen White foi contra as bici-cletas quando eram um smbolo caro de identificaocom a classe mdia, mas, quando se tornou um meio detransporte pessoal, deixou de advertir contra elas. Apa-rentemente Ellen White estava preocupada em protegera identidade adventista, evitando a vaidade e o desperd-cio de dinheiro. Mas, como o papel da bicicleta na socie-dade mudou, a reao dela tambm mudou.

    Da mesma forma, a Sra. White foi contra o espar-tilho por razes de sade e porque ele era visto comosmbolo de riqueza e aristocracia. Qualquer mulher, aousar esse vesturio, limitava-se fisicamente. Alm disso,tinha um marido com dinheiro suficiente para contratar

    funcionrios para fazer o trabalho domstico que ela nopodia fazer 5.

    Em determinada poca, EllenWhite props um estilo de vesturiodas mulheres como mais saudvel ecomo forma de protesto contra opoder do orgulho de classe e da vai-dade pessoal. Mas sua reforma do

    vesturio no relevante hoje, por-que j no simboliza um protestocontra o estilo insalubre e social-

    mente arrogante. Posteriormente,Ellen White declarou que o vestu-rio no devia ser um teste de comu-nho, ou seja, uma exigncia paraser membro da igreja6. Ao tomar talposio, ela contrariou o conceitoadventista inicial de que tudo na

    vida era um teste.Os adventistas, como outros grupos conservado-

    res, se opunham a tudo o que tivesse origem pag. Porexemplo, evitavam chamar os dias da semana pelo nome

    porque os nomes foram derivados de deuses pagos. [Issose aplica aos nomes em ingls. Por exemplo: segunda-feira Monday, "dia da (deusa) Lua"; quinta-feira Thur-sday, "dia de Thor", um deus nrdico.] Por muitos anoso peridico oficial da igreja, Review and Herald, se referiuaos dias da semana como primeiro dia, segundo diaetc. Atualmente, a origem pag dos nomes dos dias dasemana apenas uma curiosidade cultural. Poucos veri-am isso como uma ameaa identidade crist ou adven-tista.

    No usar aliana de casamento tambm j foi umsmbolo de identificao com a Igreja Adventista nosEstados Unidos. Essa era uma etapa preparatria para obatismo. No entanto, quer queiramos ou no, a revolu-o sexual dos anos 70 e a tolerncia da sociedade pro-miscuidade removeram essa proibio simblica. Com

    Para esses pioneiros, as

    Escrituras realmente fala-

    vam de maneira clara so-

    bre o erro quanto a usar

    joias feitas de borracha e

    de cabelo humano, certospenteados e redes de ca-

    belo, bem como usar bi-

    gode ou cavanhaque.

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    isso, foi reafirmado o simbolismo muito mais antigo daaliana como indicao de compromisso conjugal.

    O fato de que a proibio da aliana nunca foiuma norma adventista mundial tambm significativopara a nossa compreenso do estilo de vida adventista. Aaustraliana May Lacey, quando se casou com William,filho de Ellen White, usou aliana em seu casamento porcausa do simbolismo que tinha em seu pas. E Ellen apoi-

    ou a deciso da nora. Mas, quando foi viver nos EstadosUnidos, May White parou de usar aliana, pois tinha semudado de uma cultura que a usava como smbolo decompromisso, para outra em que muitos no a usavam enem identificavam isso com a f adventista7.

    Na Amrica vitoriana, a simples e pesada aliana

    de casamento era o smbolo de reconhecimento do casa-mento na classe mdia. Os homens geralmente no usa-

    vam aliana8. provvel que parte do motivo para a posi-o de Ellen White era que os adventistas evitassem asarmadilhas de status da classe mdia.

    Em 1905, a Sra. White posou para um retrato defamlia, que incluiu sua neta Ella White Robinson. Ellausava uma colar de metal pescoo, e seu marido ao ladousava uma corrente de relgio pesada no colete9. Oitoanos mais tarde, a Sra. White novamente posou com suaneta. Desta vez, Ella estava usando vrias vertentes de umcolar de metal que, segundo Alta Robinson (cunhada deElla e membro da equipe do Patrimnio Literrio de El-len G. White), a prpria Ellen White tinha trazido parasua neta como presente das ilhas do Hava. Contudo,ainda mais interessante que, segundo uma testemunha

    ocular contempornea da Sra. White, ao falar na assem-bleia de 1888, em Minepolis ela usava um vestido pre-to em linha reta, sem nadapara quebrar a sobriedade,salvo uma gola branca mi-nsculo em seu pescoo euma pesada corrente met-lica que pendia suspensoperto de sua cintura10.

    Essa corrente sem dvidaera um acessrio, um ele-mento puramente decorati-

    vo de seu traje. Em outraspalavras, um item de ador-no.

    Uma anlise das fo-tografias de Ellen Whiterevela que ela gostava deusar pinos e broches. Veja,por exemplo, o artigoHeirloom: Leaves From Ellen Whites Family Al-

    bum (Heirloom: pginas do lbum da famlia de EllenWhite), na edio de primavera de 1982 da revis-

    taAdventist Heritage. Ela usava pinos sobre seu vestido oupara fixar juntos o seu colar. Quando visitou o Hava,uma mulher lhe deu material de seda, um leno de seda eum pino de pedras brancas que custavam 10 dlares, um

    bom pagamento deuma semana na po-ca. A primeira reaode Ellen White foino aceitar os pre-sentes, mas, vendoque isso iria decepci-onar a mulher, elatomou e usou de-pois. Repetindo aperspectiva de John

    Wesley, ela escreveuque era muito sim-

    ples e til e nemum pouco pompo-so11. Para Ellen

    White, simplicidadee modstia no ex-clua adorno, se tal

    adorno no apelassepara a vaidade pessoal ou percepo de classe.

    Outro padro que tem sido fortemente mantidopelos adventistas, pelo menos at recentemente, tem a vercom o teatro. Ellen White tem algumas declaraes pesa-das sobre teatros, e ela parece ser contrria ao drama s-rio. Mas preciso considerar o contexto histrico de suaoposio. O drama srio, como ns conhecemos hoje,simplesmente no existia nos Estados Unidos do sculo19. O teatro consistia de peas melodramticas intercala-das com um primeiro ato, precedido e seguido de partes

    com animaes, nas quais geralmente mulheres usavamcales curtos e mostravam licenciosidade e palhaadas.Sempre que possvel, osprodutores das peas trazi-am muitas mulheres que

    vestiam calas apertadas ououtro tipo de roupa mni-ma. Um ator britnico dis-se que, no teatro norte-americano, a modstia

    no parece ser uma qualida-

    de necessria em umaatriz.Teatros eram geral-

    mente agrupados entre sa-les de bilhar, bares e ou-

    tros refgios para os liberti-nos e desocupados. O p-

    blico muitas vezes consistiade arruaceiros de rua e

    prostitutas e outros clientes em potencial. Assim, o teatrotinha uma merecida reputao ruim. No foi at o fim dosculo 19 que peas comearam a ser apresentadas sem as

    atraes musicais e outros atos12.Outra forma importante do teatro era o menestrel

    que mostrava atores brancos com rostos pintados de pre-to apresentando esteretipos raciais cruis. Eles eram to

    A Sra. White (centro) ao lado de sua neta, Ella Robinson (esq). Ella usa

    vrias vertentes de um colar de metal. Segundo Alta Robinson, a

    prpria Ellen White tinha trazido como presente das ilhas do Hava.

    Sra. White utilizando uma corrente e

    um broche, em foto com sua irm

    gmea, Elizabeth.

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    populares que um drama srio no poderia competir comeles13.

    Levando esses fatores em considerao, parece-meque seria errado descartar categoricamente a leitura ou aencenao do drama srio sem considerar o contexto his-trico e entender por que os primeiros adventistas eramcontra o teatro.

    Como definir nosso estilo de vidaO que vemos nesses exemplos que a compreenso ad-

    ventista inicial do certo e do errado foi fortemente condi-cionada pelo aspecto cultural, bem como por fatores detempo. Devemos sempre aprender, como Ellen White ofez, como selecionar a partir da cultura o que permanen-te e til e rejeitar o efmero e perigoso. Considere, porexemplo, o que nos referimos como as oito leis de sade.Elas no foram criadas por Ellen White; esto presentesnuma grande variedade de publicaes populares daquelapoca. Tais artigos salientam a necessidade de ar puro,

    gua, exerccio, descanso, e assim pordiante. Ellen White convocava os ad-

    ventistas a adotarem essas prticas sau-dveis, mas rejeitou a motivao quemuitas vezes estava por trs da publica-o original deles.

    Durante a ltima parte do sculo19, a populao branca de classe mdiasentiu-se ameaada pelo declnio nataxa de natalidade e uma crescente on-da de imigrao vinda do sul e leste da

    Europa. Eles viram o controle polticosair de suas mos. Os autores dos arti-gos populares sobre sade compreendi-am as oito leis de sade como um meiode manter as mulheres brancas da clas-se mdia em boa sade para que pudes-sem ter mais filhos. Eles acreditavamque o futuro da nao literalmente de-pendia da sade e da fertilidade dasmulheres protestantes anglo-saxs. Os artigos eram decla-radamente racistas14. Ellen White era capaz de aceitar ametodologia sem adotar suas pressuposies.

    Ela tambm compartilhou muitas preocupaescom o que hoje chamamos de movimento do Evangelho

    Social, como a importncia de um movimento de tempe-

    rana e as vantagens da vida no campo. Mas no aceitou amaioria das concluses filosficas desse movimento. Elapoderia responder aos aspectos positivos de sua culturasem adotar os elementos negativos.

    O fato que o mundo mudou muito desde quenossos primeiros padres foram estabelecidos, e inconsci-entemente reconhecemos esse fato pela nossa contnuamudana de vrias prticas. Os adventistas, por exemplo,

    no mais se preocupam com o erro de usar bigodes ebarbichas, mesmo que a Associao Geral j tenha toma-do posio oficial contra eles15.

    Outro exemplo de um padro que muitos adventis-

    tas entendem que tenha sido alterado por mudanas nasociedade envolve a preparao para o sbado. Ellen Whi-te recomendava que se tomasse banho na sexta-feira, mas,nos lugares em que isso no envolve trabalhoso aqueci-mento de gua em fogo a lenha, os adventistas no veemerro algum em tomar banho na manh de sbado16. Aordem especfica j no parece ser relevante no mundoocidental modernizado, embora o princpio absoluto da

    santidade do sbado e sua observncia permaneam eter-nos.

    A Associao Geral e outras instituies adventistasagora possuem carros e motoristas para o transporte dos

    visitantes. Mas, em 1902, quando o administrador de umhospital adventista perguntou se a sua instituio deveriaobter um automvel para levar e trazer os pacientes daestao de trem, Ellen White escreveu: Meu irmo, no

    faa tal compra. Ela viu isso como o estabelecimento de

    um comportamento irresponsvel. Contudo, trs anosdepois, ela andava de carro da estao de trem para um

    hospital e expressou seu prazer emviajar de automvel. Em apenas trsanos, a situao aparentemente haviamudado17. O que era um hbito ex-travagante rapidamente se tornouuma necessidade. Todos esses soexemplos de mudanas do estilo de

    vida adventista que acompanham ascircunstncias.

    Como os amish, precisamos deum estilo de vida que nos d uma

    identidade, que nos una como povo.Mas ele deve ser uma cerca que prote-ja o rebanho de Deus, e no uma bar-reira que exclui da sociedade ou nossepara em faces hostis. Nosso estilode vida deve se basear em princpiosbblicos que atendam a todos os tem-pos e culturas, em vez de simplesmen-te se opor a certas prticas norte-

    americanas vitorianas do sculo 19. E devemos reconhe-cer que uma prtica que um perigo simblico num con-texto cultural pode perder importncia com o tempo, medida que o contexto cultural transformado. Uma florartificial que representa status de classe em um tempo elugar pode ser nada mais que uma decorao inofensivaem outro18.

    Se no estabelecermos um conjunto apropriado detais normais, que seja sensvel s mudanas de acordocom as condies, poderemos nos tornar nada mais queuma curiosidade histrica, como os amish.

    Resolues sobre vesturio (1866)Em 30 de abril de 1866, a igreja de Battle Creek adotou

    um conjunto de resolues sobre vesturio. Os participan-tes da assembleia da Associao Geral daquele ano apreci-aram tanto essas resolues que votaram adot-las, fazen-do apenas uma pequena alterao no texto do ponto 7 e

    Nosso estilo de vida de-

    ve se basear em princ-

    pios bblicos que aten-

    dam a todos os tempos

    e culturas, em vez de

    simplesmente se opor

    a certas prticas norte-

    americanas vitorianas

    do sculo 19.

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    adicionando um 12 ponto. O texto o seguinte:

    Tendo em vista o presente estado corrupto e corruptor do mun-

    do, e os extremos vergonhosos ao que orgulho e moda esto le-

    vando seus adeptos, e o perigo de alguns entre ns, especialmente

    os jovens, de serem contaminados pela influncia e pelo exemplo

    do mundo sua volta, nos sentimos constrangidos como igreja a

    expressar nossos pontos de vista sobre o tema do vesturio nas

    seguintes resolues, as quais acreditamos serem verdadeiramen-

    te bblicas. Isso ir recomendar-se ao gosto cristo e julgamento

    de nossos irmos e irms em qualquer lugar.

    Resolues:

    Ponto 1. Cremos, como igreja, que dever dos nossosmembros ser extremamente simples em todas a questesrelacionadas ao vesturio.

    Ponto 2. Consideramos plumas, penas, flores e todos osenfeites suprfluos e somente uma demonstrao exteriorde um corao vaidoso, e, como tal, no devem ser tolera-dos em qualquer um de nossos membros.

    Ponto 3. Joias. Cremos que todas as espcies de ouro,prata, coral, prola, borracha e joias de cabelo no soapenas elementos totalmente suprfluos, mas estritamen-te proibidos pelos claros ensinamentos das Escrituras.

    Ponto 4. Adornos de vestidos. Sustentamos que babados,laos e excessos de fitas, cordes, trana, bordados, bo-tes etc., em aparamento do vesturio so vaidades con-denadas pela Bblia (Isaas 3), e, consequentemente, nodevem ser tolerados por mulheres que professam a pie-

    dade. Por laos, entendemos o costume de usar vesti-

    dos longos e ento lig-los saia em intervalos.

    Ponto 5. Vestidos decotados. Cremos que estes so umavergonha para a comunidade e um pecado na igreja. Etodos os que as usam transgridem de forma vergonhosa o

    conselho do apstolo para que se

    ataviem com modstia e bom sen-so, no com cabeleira frisada ecom ouro, ou prolas, ou vestu-rio dispendioso (1 Timteo 2:9).

    Ponto 6. Adornar o cabelo. Cre-mos que a limpeza e a ornamenta-

    o extravagante do cabelo, tocomum nesta poca, so condena-das pelo apstolo (1 Timteo 2:9).E cremos que os vrios frisados elantejoulas, tal como so usadospara conter as deformidades artifi-ciais chamadas cachoeiras,

    rodas dgua etc., so as

    testeiras de Isaas 3:18

    (margem), que Deus ameaoutirar no dia da Sua ira.

    Ponto 7. Defendemos que, em matria de barbear e tin-gir a barba, alguns de nossos irmos mostram uma esp-cie de vaidade igualmente censurvel como o de algumasirms em adornar o cabelo. Em todos os casos, eles de-

    vem descartar todos os estilos que denotem ar de presun-o. Mas, embora no tenhamos objees ao crescimentoda barba em todas as partes do rosto, como a natureza oprojetou, cremos que, ao removerem parte da barba, osirmos erram grandemente na sobriedade crist em man-ter bigode ou cavanhaque.

    Ponto 8. Cremos que no devem ser toleradas as modasexageradas dos dias de hoje, em gorros e chapus de mu-lheres; mas que o objetivo principal de se prover um ves-turio para a cabea deve ser cobri-la e proteg-la.

    Ponto 9. Argolas. Cremos que alguns tipos de argolas

    so uma vergonha (Spiritual Gifts, v. 4, p. 68). Por

    argolas, entendemos qualquer coisa do tipo, pelo qual,por causa do seu prprio tamanho ou natureza do mate-rial, a forma de se utilizar se encontra susceptvel de serexposta imodestamente (veja xodo 20:26).

    Ponto 10. Roupas caras. Cremos que Paulo usa a expres-so se ataviem com modstia (1 Timteo 2:9) para con-denar a obteno do material mais caro para o vesturio,seja de homens ou de mulheres, para embora esse vestu-rio possa ser irrepreensvel em outros aspectos.

    Ponto 11. Novas modas. Cremos que o povo de Deusdeve ser tardio para adotar novas modas, de qualquertipo que possam ser. Se determinada moda no for til,no devemos adot-la absolutamente. Se a moda for til,

    levemos tempo suficiente para adot-las depois que fo-rem testadas e o entusiasmo de sua inovao tiver passa-do. Depois de vermos que ela pura, modesta e conveni-ente, devemos ser lentos para fazer mudanas (veja Tito

    Como os amish, precisamos de um estilo de vida que nos d uma identidade, que nos una

    como povo. Mas ele deve ser uma cerca que proteja o rebanho de Deus, e no uma barreira

    que exclui da sociedade ou nos separa em faces hostis.

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    2:14)19.

    Ponto 12. Embora condenemos o orgulho e a vaidadecomo estabelecidas nas resolues anteriores, igualmenteabominamos tudo que desleixado, negligente, desarru-mado e sem limpeza no vesturio ou nos bons modos20.

    Referncias:

    1. Gerald Wheeler, na poca em que escreveu este artigo, eraeditor associado de livros na Review and Herald Publishing Associ-ation. Atualmente editor de livros na mesma editora. Ele pos-sui graduao em ingls (Andrews University), mestrado embiblioteconomia (Universidade de Michigan) e em Antigo Tes-tamento (Andrews University). Wheeler autor de um livrosobre a histria da Igreja Adventista: James White: Innovator andOvercomer(Hagerstown, MD: Review and Herald, 2003);

    2. Vrios anos atrs, uma universidade adventista norte-americana patrocinou uma srie de palestras sobre a influnciametodista no adventismo. Cada palestra concentrou-se em algumtema, como sade ou vesturio, e mostrou que o metodismo teveinfluncia sobre as crenas e o estilo de vida adventista. A pessoaescolhida para falar sobre o vesturio se sentiu to desconfortvelao encontrar tantos paralelos entre os escritos de Ellen White eos de Wesley que nunca chegou a proferir a palestra.

    3. Veja, por exemplo a reedio do sermo de Wesley, Ondress, emReview and Herald, 10 de julho de 1855;

    4. Review and Herald, 22 de maio de 1866;

    5. The Light of the Home, p. 3-4;

    6. Ellen G. White, Testemunhos para a igreja, v. 4, p. 636-637;

    7. Veja Arthur White, Ellen G. White: The Australian Years,

    1891-1900 (Washington, DC: Review and Herald, 1983), p.196-197;

    8. J. C. Fumas, The Americans: A Social History of the United Sta-tes, 1587-1914 (Nova York: G. P. Putnams Sons, 1969), p. 18 -19;

    9. A fotografia est impressa em Arthur White, Ellen G. White:The Early Elmshaven Years, 1900-1905 (Washington, DC: Reviewand Herald, 1981);

    10. A Female Oracle,Minneapolis Tribune, 21 de outubro de1888;

    11. Ellen G. White, Carta 32a, 1891;

    12. Fumas, The Americans, p. 564-569, 757-758; Robert R Ro-berts, Popular Culture and Public Taste, em:The Gilded Age,ed. H. W. Morgan, edio revista e ampliada (Syracuse, New

    York: Syracuse University Press, 1970), p. 285-286;

    13. Fumas, The Americans, p. 516-517; Roberts, Popular Cultu-re and Public Taste, p. 286;

    14. Fumas, The Americans, p. 30, 115-117, 132-137, 183, 184.Veja tambm Janet Forsyth Fishburn, The Fatherhood of God andthe Victorian Family (Filadlfia: Fortress Press, 1981);

    15. Veja Review and Herald, 22 de maio de 1866; Furnas, The

    Americans, p. 665. A combinao de bigode e cavanhaque foipopularizada por um culto personalidade centralizada emNapoleo, imperador da Frana e um importante personagemna poltica europeia. Os adventistas podem ter reagido associ-ao do estilo com ele;

    16. Veja, no entanto, o argumento de Thomas Blincoe, emThe Preparation Principle, Ministry, junho de 1988, p. 6-8.Thomas argumenta que a questo envolvida no a quantida-de de trabalho na limpeza, mas a importncia da preparaopara o sbado antes de sua chegada;

    17. Ellen G. White, Carta 158, 1902; Carta 263, 1905. Ambasaparecem em Manuscript Releases, v. 1, p. 394-395;

    18. Alguns adventistas talvez se lembrem da discusso sobre

    flores artificiais que aconteceu durante a dcada de 1950. Mui-tos argumentavam que as flores eram aceitveis (ao contrrioda posio do sculo 19), mas no deveriam ser usadas emreunio campais;

    19. Review and Herald, 8 de maio de 1866;

    20. Item acrescentado pela assembleia da Associao Geral de1866; publicado em Review and Herald, 22 de maio de 1866.

    Mais informaes:

    Artigo retirado de Gerald Wheeler, The historical basis ofAdventist standards, Ministry, outubro de 1989, p. 8-12. Dis-ponvel em:

    Para estudo mais aprofundado sobre o tema deste artigo, ve-ja: Benjamim McArthur, Amusing the masses, em GaryLand, ed., The World of Ellen G. White (Hagerstown, MD: Revi-ew and Herald, 1987), p. 177-191; George R. Knight, EllenWhites World: A Fascinating Look at the Times in Which She Li-ved (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1998), p. 130-140.

    A Ministry uma revista internacional e mensal, publicadadesde 1928 e destinada pastores e ministros Adventistas detodo mundo. publicado pela Ministerial Association[Associao Ministerial], rgo oficial da Associao Geral dos

    Adventistas do 7 dia.

    Nota Final: em nossos dias, muito se fala sobre estilo de vida.Com o intuito de esclarecer, educar e expandir o conhecimen-to sobre o assunto, o blog Confisses Pastorais[1] postou essamatria publicada na Ministry (Publicao Oficial da Associa-o Geral dos Adventistas do 7 dia) em Outubro de 1989 comum estudo sobre as bases histricas dos padres de vida Adven-tista. O texto muito importante para nosso contexto. Os tra-dutores [2], editores [3] e responsveis pelo blog pedem paraque o texto seja lido e estudado em esprito de orao, humil-dade e dilogo a fim de que se possa evidenciar nos cristos ariqueza que est no ser interior, que no perece, beleza de-monstrada num esprito dcil e tranquilo, o que de grande

    valor para Deus(1 Pedro 3:4 NVI). Esse o desejo sincero dosnossos coraes. Orem por ns.

    [1] Disponvel em: . Por ques-to de tempo e praticidade, o texto se encontra em formato deudio:

    [2] Texto gentilmente traduzido e adaptado por: Ruth Alencar,Marcos Ribeiro, Robson Teles e Matheus Cardoso (Grupo deTradutores Voluntrios);

    [3] Diagramao e Reviso final: Bruno Ribeiro e Andr Reis;

    https://www.ministrymagazine.org/archive/1989/10/the-historical-basis-of-adventist-standardshttps://www.ministrymagazine.org/archive/1989/10/the-historical-basis-of-adventist-standardshttps://www.ministrymagazine.org/archive/1989/10/the-historical-basis-of-adventist-standardshttp://confissoespastorais.com.br/pastor-amigo/a-base-historica-do-estilo-de-vida-adventista/http://confissoespastorais.com.br/pastor-amigo/a-base-historica-do-estilo-de-vida-adventista/http://confissoespastorais.com.br/pastor-amigo/a-base-historica-do-estilo-de-vida-adventista/http://confissoespastorais.com.br/wp-content/uploads/2013/05/A-Base-Historica-do-Estilo-de-Vida-Adventista.mp3http://confissoespastorais.com.br/wp-content/uploads/2013/05/A-Base-Historica-do-Estilo-de-Vida-Adventista.mp3http://confissoespastorais.com.br/wp-content/uploads/2013/05/A-Base-Historica-do-Estilo-de-Vida-Adventista.mp3http://confissoespastorais.com.br/wp-content/uploads/2013/05/A-Base-Historica-do-Estilo-de-Vida-Adventista.mp3http://confissoespastorais.com.br/wp-content/uploads/2013/05/A-Base-Historica-do-Estilo-de-Vida-Adventista.mp3http://confissoespastorais.com.br/wp-content/uploads/2013/05/A-Base-Historica-do-Estilo-de-Vida-Adventista.mp3http://confissoespastorais.com.br/wp-content/uploads/2013/05/A-Base-Historica-do-Estilo-de-Vida-Adventista.mp3http://confissoespastorais.com.br/pastor-amigo/a-base-historica-do-estilo-de-vida-adventista/http://confissoespastorais.com.br/pastor-amigo/a-base-historica-do-estilo-de-vida-adventista/https://www.ministrymagazine.org/archive/1989/10/the-historical-basis-of-adventist-standardshttps://www.ministrymagazine.org/archive/1989/10/the-historical-basis-of-adventist-standards