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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Mineralizao de Au-Cu-(Etr-U) Associada s Brechas Hidrotermais do Depsito de Igarap Bahia, Provncia Mineral de Carajs, PA
por
EDISON TAZAVA
Dissertao de Mestrado
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM EVOLUO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS
REA DE CONCENTRAO: PETROGNESE/DEPSITOS MINERAIS/GEMOLOGIA
Orientador: Prof. Dr. Newton Souza Gomes
Ouro Preto MG Fevereiro/1999
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM
EVOLUO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS
REA DE CONCENTRAO: PETROGNESE/DEPSITOS MINERAIS/GEMOLOGIA
MINERALIZAO DE Au-Cu-(ETR-U) ASSOCIADA S BRECHAS HIDROTERMAIS DO DEPSITO DE IGARAP BAHIA, PROVNCIA
MINERAL DE CARAJS, PA
por
EDISON TAZAVA
Dissertao apresentada ao Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito parcial para a obteno do ttulo de mestre
Ouro Preto Fevereiro/1999
BANCA EXAMINADORA
PROF. DR. NEWTON SOUZA GOMES UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Orientador
PROF. DR. CLAUDINEI GOUVEIA DE OLIVEIRA UNIVERSIDADE DE BRASLIA
Co- Orientador
PROF. DR. RAIMUNDO NETUNO NOBRE VILLAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR
PROF. M.SC. MESSIAS GILMAR DE MENEZES UNIVERDIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
AGRADECIMENTOS Durante o mestrado, foram muitas as pessoas e instituies que contriburam para a realizao deste trabalho e seria quase impossvel agradecer a todos, mas vale a tentativa: Aos orientadores, professores Newton Souza Gomes e Claudinei de Gouveia de Oliveira pela orientao, liberdade de trabalho e confiana. A Ufop pela oportunidade de realizao do mestrado, ao CNPq e a Fapemig pela bolsa de estudos e a Companhia Vale do Rio Doce pela liberao da rea de estudo. Aos gelogos da CVRD/Sumen-Mina de Igarap Bahia Jos Luzimar do Rego, pelo suporte para a realizao da etapa de campo; Clvis Wagner Maurity e Henrile Pinheiro Meireles pela apresentao da geologia da mina , acompanhamento e discusses durante a etapa de campo. Ao gelogo Fernando Bucco Tallarico da CVRD-Sutec pelo incentivo e colaborao desde as idias iniciais deste trabalho. Aos laboratrios de microssonda eletrnica e istopos estveis da Universidade de Braslia, ao laboratrio de microscopia eletrnica do Cenpes/Petrobrs, atravs da geloga Dra. Sylvia Couto dos Anjos e do tcnico Ailton e ao laboratrio de microssonda eletrnica da CVRD/Sutec, atravs dos gelogos Garcia e Murilo, pelas anlises efetuadas. A Docegeo, atravs do gelogo Anselmo Domingos Soares, pela gentileza em fornecer o mapa geolgico da mina de Igarap Bahia e presteza no envio deste material. Aos professores Csar Mendona Ferreira, Messias Gilmar de Menezes, Hanna Jordt Evangelista, Anglica F. D. C. Varajo, pela colaborao e discusses nas diversas etapas deste trabalho. Ao professor Paulo de Tarso Amorim Castro, pelo apoio em todos os momentos, principalmente em etapas conturbadas, atuando sempre com pacincia e coerncia. Aos funcionrios do Departamento de Geologia da Ufop Edson, Roselene, Aparecida, Deusilene, Beatriz, Moacir, Terezinha, Reginaldo, Rvia, Mara, Suzana, Lani, Suzane, Judith, que de diferentes formas, muito colaboraram para o desenvolvimento dessa dissertao, seja com ateno e presteza nos servios ou amizade. Aos velhos amigos e colegas de mestrado Luziene, Marco Antnio, Maria do Carmo, Edsio, Daniele, Sirlene Antnia, Jlia, Reginaldo, Rick, Gabriel e Cristiane. E aos colegas de mestrado e agora novos amigos, Gilvan, Mara, Marinho e Mrcio Baslio. A Adriane Fischer pelas inmeras referncias, favores e acima de tudo pela amizade e apoio constante atravs dos n mails dirios e, mesmo estando a muitos quilmetros de distncia, participou de todos os momentos desse trabalho. Ao Fabiano Caixeta Avellar pela amizade, companheirismo e por ter integrado sua famlia durante parte do mestrado.
iii
Ao Fred e Elosa pela amizade, agradvel convvio e incentivo constante. Agradeo tambm a Neide Gomes e Olvia Riso Ferreira e famlia pela amizade e hospitalidade. A Repblica Sparta e moradores pelo apoio constante e amizade. A Ana Paula Andrade Moreira, pela elaborao das figuras e auxlio na edio final da dissertao, com pacincia, dedicao e disposio sem limites, que foi imprescindvel na finalizao. A Maringela Garcia Praa Leite pelo apoio e inmeros auxlios durante a execuo e finalizao deste trabalho. A Ana Moliterno pelo auxlio nos slides da apresentao. A minha famlia pelo apoio e confiana. Em especial, o meu agradecimento a Petronilia Carneiro Ronz, por tudo em todos os momentos e a quem dedico este trabalho.
iv
RESUMO
O depsito de Au-Cu de Igarap Bahia est localizado na Provncia Mineral de
Carajs (PA) e caracterizado por apresentar uma seqncia de rochas vulcanossedimentares
arqueanas, metamorfizadas na fcies xisto verde, composta por rochas metavulcnicas bsicas
na base e por rochas metapiroclsticas/metassedimentares no topo da seqncia.
A zona de mineralizao principal caracterizada por um domnio de brechas
heterolticas magnetticas e siderticas, posicionadas entre o pacote de rochas metavulcnicas
e o de metapiroclsticas/metassedimentares. Essas brechas so ricas em calcopirita e,
subordinadamente, bornita e possuem ouro associado.
A seqncia vulcanossedimentar foi submetida intensa alterao hidrotermal, sendo
os principais resultados desta alterao, representados pela cloritizao, que atingiu todas a
rochas da seqncia, sulfetao, carbonatao, Fe-metassomatismo, turmalinizao,
silicificao e, subordinadamente, biotitizao.
Nas brechas mineralizadas, ocorre um enriquecimento principalmente em ETR, Mo,
U, F, Cl e P. A presena desses elementos indica que fluidos salinos, ricos em flor e com
elevadas temperaturas, teriam sido os responsveis pelo transporte do grande volume de
ETR.
Dados de istopos de carbono e oxignio em carbonatos hidrotermais sugerem a
existncia de dois fluidos responsveis pela alterao e, conseqentemente, pela
mineralizao. Um fluido de origem magmtica caracterizado pelos estreitos valores
negativos de 13C (-9,3 a -5,8 ). Alm disso, a ampla variao de 18O (0,7 a 9,4) mostra que os valores mais positivos podem estar associados a fluidos magmticos de mais altas
temperaturas. Estes teriam interagido progressivamente com fluidos, cujos valores muito
baixos da composico isotpica do oxignio so sugestivos da participao de componentes
metericos de baixas temperaturas.
As evidncias qumicas e mineralgicas associadas composio istopica de carbono
e oxignio permite sugerir para o depsito Igarap Bahia um modelo gentico semelhante ao
proposto para o depsito de xido de ferro-(Cu-Au-U-ETR) Olympic Dam, sul da Austrlia,
no qual tambm se constata uma interao de fluidos magmticos e superficiais na gnese da
mineralizao. Todos os depsitos classificados como do tipo xido de ferro-(Cu-Au-U-ETR)
so encontrados a partir do Proterozico. Assim, o depsito de Igarap Bahia seria o v
primeiro depsito desta classe descrita no Arqueano.
Apesar da qumica e da mineralogia da mineralizao serem indicativas do
envolvimento de fontes granticas na gnese da mineralizao, esta fonte cida ainda no foi
constatada nos vrios furos de sondagem realizados na rea. Todavia, a fonte da
mineralizao poderia estar relacionada a um dos eventos de granitognese ocorrentes na
regio.
vi
ABSTRACT
The Au-Cu Igarap Bahia deposit, located in the Carajas Mineral Province (Northern
Brazil), can be defined as a sequence of metamorphosed volcanosedimentary rocks, with
metabasics at the base and metapyroclastics/metasedimentaries at the top of the sequence. The
main mineralization occurs between volcanic and metavolcaniclatic rocks, and it is
characterized by the presence of magnetitic and sideritic heterolithic breccias.
The volcanic sequence underwent an intense hydrothermal alteration which resulted in
chloritization throughout the whole sequence, associated with sulphidation, silicification,
carbonatization, Fe-metasomatism, tourmalinization and biotitization. Chemical and
mineralogical data show an REE, Mo, U, F, Cl and P enrichment of these rocks, specially in
the mineralizations neighbourhood. Saline and F-rich fluids at high T may have been
responsible for the REE transportation.
C and O isotopic data from hydrothermal carbonates suggest the presence of two
fluids which promoted alteration and consequent mineralization. A magmatic fluid is
characterized by negative values of 13C (-9,3 to -5,8); moreover, the large variation of 12O (0,7 to 9,4) suggests a mixture between magmatic fluids of high T (higher isotopic values) and meteoric fluids (lower values).
Based on chemical and mineralogical composition, and isotopic data, a genetic model
similar to that of Cu-Au-U- REE Olympic Dam deposit (Southern Australia) is suggested to
Igarape Bahia deposit. However, some features are quite different for the two deposits such as
the age of mineralization. All Fe-oxide(Cu-Au-U- REE) known deposits are of Proterozoic
age, while the Igarap Bahia could be the first described of Archaean age. Moreover, besides
the chemical and mineralogical composition of the mineralization are suggestive of granitic
sources ivolvement, direct sources were not observed in the deposit region, so that Igarape-
Bahia deposit may be related to other granitic intrusions present in that region. In Olympic
Dam deposit the mineralization and granitic intrusions are contemporaneous.
vii
NDICE
Pg.
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... iii
RESUMO ................................................................................................................... v
ABSTRACT ................................................................................................................. vii
NDICE ................................................................................................................ viii
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... x
LISTA DE FOTOS............................................................................................................... xi
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... xiii
LISTA DE ANEXOS ......................................................................................................... xiii
1 INTRODUO............................................................................................................... 1
1.1- OBJETIVOS ......................................................................................................... 1
1.2- MTODOS ........................................................................................................... 4
2 PROVNCIA MINERAL DE CARAJS ....................................................................... 5
2.1 - GEOLOGIA REGIONAL ................................................................................... 5
2.1.1 Estratigrafia ............................................................................................ 5
2.1.2 - Evoluo tectono-estrutural................................................................... 12
3 O DEPSITO DE AU-CU DE IGARAP BAHIA...................................................... 14
3.1 HISTRICO ..................................................................................................... 14
3.2 MINA DE IGARAP BAHIA.......................................................................... 15
4 PETROGRAFIA E ALTERAO HIDROTERMAL................................................. 22
4.1 PETROGRAFIA ............................................................................................... 22
4.1.1 Rochas metavulcnicas......................................................................... 22
4.1.2 Rochas metavulcanoclsticas ............................................................... 23
4.1.3 Rochas metassedimentares ................................................................... 24
4.1.4 Brechas hidrotermais ............................................................................ 25
4.1.5 Rocha intrusivas (diques) ..................................................................... 27
4.2 ALTERAO HIDROTERMAL .................................................................... 27
4.2.1 Cloritizao........................................................................................... 28
4.2.2 Fe-metassomatismo .............................................................................. 29
4.2.3 Sulfetao ............................................................................................. 29 viii
4.2.4 Carbonatao ........................................................................................ 29
4.2.5 Silicificao .......................................................................................... 30
4.2.6 Turmalinizao ..................................................................................... 30
4.2.7 Biotitizao........................................................................................... 30
4.2.8 Outras fases hidrotermais associadas mineralizao ......................... 31
5 QUMICA MINERAL .................................................................................................. 41
5.1 CLORITA ......................................................................................................... 41
5.2 TURMALINA................................................................................................... 45
5.3 CARBONATO.................................................................................................. 47
5.4 FERROPIROSMALITA................................................................................... 47
5.5 ANFIBLIO ..................................................................................................... 47
5.6 STILPNOMELANA ......................................................................................... 47
6 GEOQUMICA ............................................................................................................. 49
6.1 LITOGEOQUMICA........................................................................................ 49
6.1.1 Mtodos Analticos............................................................................... 49
6.1.2 Comportamento dos elementos maiores e traos ................................. 49
6.1.3 Comportamento dos elementos terras raras.......................................... 52
6.2 COMPORTAMENTO DOS ISTOPOS DE OXIGNIO E CARBONO ...... 54
7 CONSIDERAES GENTICAS PARA O DEPSITO DE Au-Cu DE IGARAP
BAHIA ......................................................................................................................... 59
7.1 INTRODUO ................................................................................................ 59
7.2 MODELOS ANTERIORMENTE PROPOSTOS PARA O DEPSITO DE
IGARAP BAHIA ........................................................................................... 59
7.3 DISCUSSO DOS RESULTADOS OBTIDOS NESTE TRABALHO.......... 61
7.3.1 Significado da ferropirosmalita nas brechas mineralizadas.................. 61
7.3.2 Enriquecimento em ETR, Mo, U, F, B, P e Cl ..................................... 63
7.4 ASSINATURAS DOS ISTOPOS DE C E O EM CARBONATOS............... 65
7.5 CARACTERSTICAS DOS DEP.DE XIDO DE FERRO
(Cu- Au -ETR - U).......................................................................................... 66
7.6 MODELO GENTICO PARA O DEPSITO IGARAP BAHIA................. 68
8 CONCLUSES............................................................................................................. 70
REFERNCIAS .................................................................................................................. 73
ix
LISTA DE FIGURAS
Pg.
Figura 1 Mapa de localizao do depsito Igarap Bahia......................................... 2
Figura 2 Coluna litoestratigrfica da Provncia Mineral de Carajs ......................... 8
Figura 3 Mapa geolgico regional da Provncia Mineral de Carajs........................ 9
Figura 4 Mapa geolgico da Mina Igarap Bahia................................................... 16
Figura 5 Seo geolgica do Corpo Acampamento................................................ 17
Figura 6 Seo geolgica do Corpo Furo 30........................................................... 18
Figura 7 Classificao granulomtrica para rochas piroclsticas ........................... 24
Figura 8 Classificao das cloritas segundo Hey (1954) ........................................ 42
Figura 9 Classificao das cloritas segundo Bayley (1980) ................................... 42
Figura 10 Diagrama Al (Al + Mg + Fe) e Mg(MG + Fe) das cloritas .................... 43
Figura 11 Diagrama Al-Fe-Mg das turmalinas ....................................................... 46
Figura 12 Diagrama Ca-Fe-Mg das turmalinas....................................................... 46
Figura 13 Classificao dos anfiblios ................................................................... 48
Figura 14 Perfil dos teores de Cu, Au e suceptibilidade magntica dos poos....... 51
Figura 15 Distribuio dos elementos terras raras nos metarritmitos e metatufos . 52
Figura 16 Distribuio dos elementos terras raras em formao ferrfera bandada .... 53
Figura 17 Distribuio dos elementos terras raras nas rochas metabsicas ............ 53
Figura 18 Distribuio dos elementos terras raras nas brechas mineralizadas ....... 54
Figura 19 Composio isotpica de oxignio em vrios ambientes e rochas ......... 55
Figura 20 Composio isotpica de 13 C em vrios ambientes e rochas............... 56 Figura 21 Diagrama de valores de 13 C versus 18 O das amostras....................... 58 Figura 22 Diagrama comparativo de valores de 13 C e 18 O ............................... 65 Figura 23 Ambientes tectnicos para depsitos de xido de ferro (Cu-U-ETR-Au) .. 67
Figura 24 Zonamentos de alterao em depsitos de xido de ferro (Cu-U-ETR-
Au)........................................................................................................... 67
Figura 25 Diagrama de T versus fO2 mostrando transporte e deposio do Au .... 69
Figura 26 Diagrama de temperatura versus salinidade ........................................... 69
x
LISTA DE FOTOS
Foto 1 Vista geral da Mina de Igarap Bahia e corpos de minrio .......................... 3
Foto 2 Vista geral das instalaes da mina de ouro Igarap Bahia........................... 3
Foto 3 - Fotomicrografia de amgdalas preenchidas ................................................. 33
Foto 4 - Fotomicrografia de fragmento de rocha vulcnica em metadiorito. (NX) ... 33
Foto 5 - Fotomicrografia de metadiorito, com textura oftica. (NX) ......................... 33
Foto 6 - Fotomicrografia de fragmento de pmice em tufo de cristais. (NP) ............ 33
Foto 7 -Tufo de cristais. ............................................................................................. 33
Foto 8 - Fotomicrografia de tufo de cristais com estrutruras tipo fiamme. (NP)....... 33
Foto 9 - Fotomicrografia de tufo laminado. (NP) ...................................................... 34
Foto 10 - Fotomicrografia de tufo de lapilli (NP)...................................................... 34
Foto 11 - Fotomicorgrafia de tufo de lapilli com fragmentos diversos (NX) ............ 34
Foto 12 - Fotomicrografia de gro de quartzo com borda de corroso . (NP) ........... 34
Foto 13 - Fotomicrografia de quartzo vulcnico sob catodoluminescncia. (NP)..... 34
Foto 14 - Fotomicrografia de metarritimo. Detalhe do contato entre as bandas. (NP)... 34
Foto 15 - Metarritimito com ndulo de calcopirita paralelo ao bandamento. .......... 35
Foto 16 - Metarritimito com ndulo e laminaes de calcopirita ............................. 35
Foto 17 - Metarritimito com microfalhas deformando as laminaes. ..................... 35
Foto 18 - Formao ferrfera bandada oxidada. ........................................................ 35
Foto 19 - Fotomicrografia de metarenito quartzoso. (NP)......................................... 35
Foto 20 - Metaconglomerado polimtico cloritizado. ............................................... 35
Foto 21 - Fragmento de rocha vulcnica com gro de quartzo eudrico .................. 36
Foto 22 - Brecha heteroltica magnettica .................................................................. 36
Foto 23 - Fotomicografia da matriz de brecha magnettica ....................................... 36
Foto 24 - Fotomicrografia de calcopirita associada a bornita ................................... 36
Foto 25 - Fotomicrografia de finas ripas de anfiblio inclusas em calcopirita ......... 36
Foto 26 - Fotomicrografia de anfiblio em matriz de brecha magnettica. (NX) ...... 36
Foto 27 - Brecha heteroltica sidertica com fragmentos orientados. ........................ 37
Foto 28 - Brecha com fragmentos orientados e matriz clortica. .............................. 37
Foto 29 - Fotomicrografia de cristais eudricos de ferropirosmalita ........................ 37
Foto 30 - Fotomicrografia de cristais de ferropirosmalita em fragmento de BIF ...... 37 xi
Foto 31 Fotomicrografia de rocha metabsica cloritizada e textura suboftica. (NP).. 37
Foto 32 - Fotomicrografia de rocha metabsica cloritizada e textura suboftica. (NX).. 37
Foto 33 - Fotomicrografia mostrando cloritizao ................................................... 38
Foto 34 - Fotomicrografia de magnetita andrica associada a bornita e calcopirita . 38
Foto 35 - Fotomicrografia mostrando calcopirita associada a pirita. NP................... 38
Foto 36 - Rocha metavulcnica com veios de quartzo e carbonato em stockwork. .. 38
Foto 37 - Rocha metabsica hidrotermalizada (hidrotermalito), .............................. 38
Foto 38 - Fotomicrografia de turmalizao intensa na matriz hidrotermal. NX........ 38
Foto 39 - Fotomicrografia de cristal de turmalina eudrico e zonado ...................... 39
Foto 40 - Fotomicrografia de agregado radial de tumalina em matriz clortica. NP ...... 39
Foto 41 - Fotomicrografia de agregado radial de turmalina em matriz clortica. NX .... 39
Foto 42 - Fotomicrografia de cristal de turmalina com fraturas preenchidas ........... 39
Foto 43 - Fotomicrografia de biotita em brecha magnettica. (NX) .......................... 39
Foto 44 - Fotomicrografia mostrando biotitizao e cloritizao ............................. 39
Foto 45 - Fotomicrografia de fluorita em matriz carbontica. NP............................. 40
Foto 46 - Fotomicrografia de fluorita associada a biotita ......................................... 40
Foto 47 - Imagem de eltrons retroespalhados de telureto de prata .......................... 40
Foto 48 - Imagem de eltrons retroespalhados de mineral rico em urnio ............... 40
Foto 49 - Imagem de eltrons retroespalhados de mineral rico em Ce e La ............. 40
Foto 50 - Imagem de eltrons retroespalhados de mineral rico em Ce e La ............. 40
xii
LISTA DE TABELAS
Pg.
Tabela 1 Sucesso litoestratigrgica da unidade vulcanossedimentar .................... 20
Tabela 2 Composies da ferropirosmalita............................................................. 48
Tabela 3 Anlise isitpica de carbono e oxignio dos carbonatos.......................... 57
Tabela 4 Ocorrncias de minerais da srie da pirosmalita...................................... 62
LISTA DE ANEXOS
Anexo I Coordenadas dos furos de sondagem
Anexo II Relao de amostras laminadas
Anexo III Microanlises de clorita
Anexo IV Microanlises de turmalina
Anexo V Microanlises quimicas de carbonato
Anexo VI Microanlises qumicas de anfiblio e stilpnomelana
Anexo VII Dados de anlises qumicas
xiii
1
CAPTULO 1
INTRODUO
O depsito de Au-Cu de Igarap Bahia est localizado na parte oeste da Provncia
Mineral de Carajs, estado do Par (Fig. 1), numa extensa rea de plat de cerca de 650m de
altitude. Foi descoberto em 1974, atravs de trabalhos de prospeco geolgica-geoqumica
da empresa Rio Doce Geologia e Minerao S.A. (Docegeo) na Serra dos Carajs. Esse
depsito est associado a uma seqncia vulcanossedimentar arqueana, denominada de Grupo
Igarap Bahia, o qual pertence ao Supergrupo Itacainas.
A mina de ouro de Igarap Bahia (Fotos 1 e 2) hoje a principal unidade de produo
da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) desse metal, tendo produzido cerca de 10 toneladas
de ouro no ano de 1995 (Alves & Brito 1996). Atualmente, esta escala de produo vem
sendo mantida, sendo a explotao de ouro desenvolvida em uma zona latertica bastante
espessa (zona oxidada), formada sobre o depsito de cobre primrio sulfetado, devido ao
intemprica.
1.1 OBJETIVOS
Embora j tenham sido realizados vrios trabalhos sobre o depsito de Igarap Bahia
desde a sua descoberta, vrias questes ainda permanecem em discusso, como por exemplo,
questionamentos sobre sua gnese e o controle da mineralizao primria. A partir deste fato,
foi proposto o presente trabalho, o qual possui os seguintes objetivos: i) estudar a
mineralizao primria e as rochas encaixantes atravs dos novos furos de sondagem obtidos,
com a finalidade de contribuir para o entendimento das questes acima mencionadas e ii)
comparar as caractersticas do depsito de Igarap Bahia com depsitos de xidos de ferro-
(Cu-U-Au-ETR) ou tipo Olympic Dam, cujas similaridades j foram abordadas por Huhn
(1996) e Huhn & Nascimento (1997).
Captulo 1 - Introduo 2
Figura 1 - Mapa de localizao do depsito de Au-Cu de Igarap Bahia - Provncia Mineral de Carajs.
Captulo 1 - Introduo 3
Foto 1 - Vista Geral da Mina de Igarap Bahia, mostrando os corpos de minrio Furo Trinta, Acampamento, e
Acampamento Norte (foto cedida CVRD).
Foto 2 -Vista Geral das instalaes da mina de ouro Igarap Bahia (foto cedida CVRD).
Acampamento
NorteAcampamento
Furo Trinta
Pilhas de Rejeito Lixiviao Acampamento
Canteiro das Empreiteiras
Usina e Escritrio
CVRD
Alojamentos
Captulo 1 - Introduo 4
1.2 MTODOS
Para a execuo deste trabalho, foi realizada uma etapa de campo em julho de 1996
(cerca de 30 dias). Nesta etapa 19 furos de sondagem foram selecionados, descritos e
amostrados, sendo 8 deles no corpo de minrio denominado Furo Trinta e o restante no corpo
de minrio Acampamento (Fotos 1 e 2), em cerca de 4200m descritos (Anexo I). A seleo
desses furos de sondagem foi condicionada por serem, em geral, os dados mais recentes na
poca da amostragem e, conseqentemente, sem nenhum estudo prvio, e por apresentar
profundidade adequada, para a finalidade de se obter uma amostragem completa das rochas
encaixantes e das zonas primrias mineralizadas.
A partir desta etapa, seguiram-se os seguintes trabalhos de laboratrio:
confecco de 87 lminas delgadas e polidas para descrio detalhada dos aspectos texturais e composicionais das rochas (Anexo II);
anlises por cadoluminescncia em quartzo e carbonato, objetivando identificar a procedncia do quartzo e possveis variaes composicionais no carbonato;
anlises por microssonda eletrnica/EDS em carbonatos, turmalinas, cloritas, anfiblios e minerais no identificados ao microscpio ptico convencional. Essas anlises foram
realizadas em laboratrios da Universidade de Braslia (UnB) e da Superintendncia de
Tecnologia da Companhia Vale do Rio Doce;
anlises qumicas de elementos maiores, traos e elementos terras raras, realizadas no laboratrio Actlabs (Canad) em 22 amostras dos vrios litotipos presentes no depsito;
estudo das anlises de rotina de Au-Cu e susceptibilidade magntica cedidas pela CVRD; anlises de istopos estveis (carbono e oxignio) em 17 amostras portadoras de
carbonatos, realizadas na UnB, a fim de se obter informaes sobre a origem dos fluidos;
anlises sob microscpio eletrnico de varredura em 5 lminas delgadas, efetuadas no centro de pesquisa (Cenpes) da Petrobrs S.A, com a finalidade de identificar os minerais
portadores de elementos terras raras e outros minerais traos.
Aps a aquisio dos dados, foi feita a interpretao dos mesmos e desenvolvida a
presente dissertao.
5
CAPTULO 2
PROVNCIA MINERAL DE CARAJS
Geograficamente, a Provncia Mineral de Carajs limitada a leste pelos rios
Araguaia-Tocantins, a oeste pelo rio Xingu, ao norte pela Serra do Bacaj e ao sul pela Serra
de Gradas. Essa provncia corresponde poro sudeste do Crton Amaznico, conforme
compreendido por Schobbenhaus & Campos (1984).
A Provncia Mineral de Carajs hospeda importantes depsitos minerais, os quais so
representados por depsitos de ferro, ouro, mangans, cobre e nquel (Fig. 1). Apresenta ainda
um grande potencial prospectivo, em virtude de sua natureza geolgica singular, caracterizada
por conter seqncias vulcanossedimentares associadas a rochas granticas arqueanas e
proterozicas (Docegeo 1988).
A histria de sua explorao mineral remonta dcada de 30, porm com a descoberta
dos depsitos de ferro da Serra de Carajs em 1967, um intenso programa de prospeco
geoqumica, geolgica e geofsica foi implantado na regio (Tolbert et al. 1971). Ainda hoje a
regio de Carajs foco de diversos projetos de pesquisa mineral, os quais so realizados
principalmente pela Docegeo e por outras empresas de minerao, o que tem contribudo com
importantes investimentos nesta regio. 2.1 GEOLOGIA REGIONAL 2.1.1 Estratigrafia
A primeira coluna estratigrfica regional mais abrangente desta provncia foi proposta
por Silva et al. (1974), como resultado do trabalho de mapeamento regional desenvolvido
pelo projeto Radam Brasil. Essa coluna composta pelas seguinte unidades: Complexo Xingu
(embasamento polimetamrfico), Grupo Gro Par (seqncia ferrfera e metabasitos),
Formao Rio Fresco (seqncia sedimentar), Granitos tipo Serra dos Carajs (plutonismo
ps-orognico) e outras unidades sobrejacentes (Grupo Uatam. Formao Gorotire e
Formao Triunfo).
Com base nos trabalhos desenvolvidos pela Docegeo desde 1974 e demais dados
acumulados, Hirata (1982) props uma coluna estratigrfica informal para a regio.
Posteriormente, com o avano da pesquisa mineral e aquisio de novos dados, Docegeo
Captulo 2 Provncia Mineral de Carajs 6
(1988), objetivando facilitar o entendimento da evoluo geolgica da regio e uniformizar a
nomenclatura para as unidades definidas, props uma nova coluna estratigrfica (Fig. 2),
cujas unidades esto representadas no mapa geolgico (Fig. 3). As unidades que compem
esta coluna encontram-se sucintamente descritas abaixo:
Complexo Pium
Essa unidade, caracterizada por rochas granulticas, foi descrita inicialmente por
Hirata (1982) e incorporada ao Complexo Xingu. Arajo et al. (1988) cartografaram e
descreveram as rochas granulticas desse complexo e as entenderam como pores das crosta
inferior soerguidas atravs de zonas de cisalhamento. Rodrigues et al. (1992) dataram essa
rochas pelo mtodo Pb/Pb em rocha total e obtiveram a idade de 3050 57Ma. Complexo Xingu
Considera-se esse complexo como rochas gnassicas, s vezes migmatizadas com
composies tonalticas, trondhjemticas e/ou granodiorticas. So consideradas como
resultado do retrabalhamento metamrfico sobre terrenos granticos arqueanos. As dataes
obtidas por Machado et al. (1988) em migmatitos atravs do mtodo U/Pb foram de
28514,0Ma. Machado et al. (1991) e Macambira e Lancelot (1992) obtiveram, pelo mesmo mtodo, idades muito prximas.
Sute Plaqu
Essa unidade corresponde a granitides deformados lenticulares que foram
individualizados e cartografados por Arajo et al. (1988). Esses granitides foram
interpretados preliminarmente como produtos de fuso crustal durante evento de
cisalhamento. No trabalho de Arajo et al. (1991) foi proposto para essa unidade o termo
informal granito estratide, tanto por sua predominncia composicional, como por sua feio
morfolgica, sugestiva do seu mecanismo de gerao e colocao.
Supergrupo Andorinhas
Os greenstone belts que ocorrem na regio foram agrupados no Supergrupo
Andorinhas. O Supergrupo Andorinhas foi dividido em grupos Babau (base) e Lagoa Seca
(topo). O Grupo Babau possui em duas formaes: a Formao Igarap Encantado,
constituda por uma sucesso de derrames ultramficos komatiticos, com intercalaes de
Captulo 2 Provncia Mineral de Carajs 7
formao ferrfera bandada magntica, que ocorre numa faixa de 30km de comprimento por
3km de largura, e a Formao Mamo, composta por derrames de metabasaltos intercalados
com sedimentos qumicos predominantes, metatufos e talco-xistos. Apresenta espessura
mdia, aparente, de 2km por cerca de 10km de extenso.
O Grupo Lagoa Seca constitui a seqncia de topo do Supergrupo Andorinhas e
engloba duas unidades: a Formao Fazenda do Quincas, o qual abrange um conjunto de
rochas metassedimentares clstico-qumicas, intercalados com rochas metavulcnicas
bsicas/ultrabsicas e interecalaes de rochas metavulcnicas/subvulcnicas intermedirias a
cidas, que constitui uma faixa estreia, alongada (50 x 1000m) e subverticalizada. A
Formao Recanto Azul engloba um conjunto de rochas metavulcnicas/subvulcnicas
intermedirias a cidas (andesitos, dacitos e riodacitos), intercaladas com rochas
metassedimentares (predominantemente clsticas) e nveis espordicos de metavulcnicas
bsicas/ultrabsicas.
Arajo et al. (1991) caracterizaram as unidades geotectnicas mais antigas e os
produtos litoestruturais de Proterozico Mdio e do Fanerozico na Folha Serra dos Carajs.
Esses autores descreveram e identificaram os terrenos granito-greenstones, propondo a eles a
denominao formal de Grupo Tucum, o qual faz parte do Supergrupo Andorinhas de
Docegeo (1988).
Supergrupo Serra do Inaj
Esta unidade tambm considerada uma seqncia greenstone belt e possui dois
grupos: Santa Lcia e Rio Preto. O Grupo Santa Lcia composto por uma espessa seqncia
basltica. Intercalados a esses basaltos ocorrem, subordinadamente, rochas metaultramficas,
metassedimentares qumicas e metadacitos. Estruturas tipo pillow foram encontradas nesse
grupo. O Grupo Rio Preto constitudo por vulcnicas cidas (metadacitos) , formaes
ferrferas e metabasaltos, que se intercalam.
Vrias semelhanas so observadas entre os supergrupos Andorinhas e Serra do Inaj
e s no foi proposta uma correlao devido ao fato de a denominao Serra do Inaj j ter
uso consagrado.
Intrusivas Bsico-Ultrabsicas Diferenciadas
Captulo 2 Provncia Mineral de Carajs 8
Ocorrem sills mficos-ultramficos diferenciados, geralmente como intruso nas
faixas de greenstone belts, como os complexos Luanga e Serra Azul.
O Complexo Intrusivo Luanga constitudo por peridotitos e dunitos, na base, que
gradam a gabros anortosticos para o topo. Foram identificados tambm cromititos na poro
basal. Datao realizada por Machado et al. (1988) pelo mtodo U/Pb em zirces de
leucogabro pertencente ao Complexo Luanga resultaram numa idade de 2763 6Ma. O Complexo Intrusivo Serra Azul ocorre como uma intruso diferenciada semelhante
ao Complexo Luanga Dataes pelo mto U-Pb realizadas por Pimentel & Machado (1994)
resultaram numa idade de 2970 7Ma. constitudo de dunitos cumulados, piroxenitos, peridotitos, gabros e anortositos.
IDADE (b.a.)
SUPERGRUPO GRUPO FORMAO COMPLEXO SUTE
GRANITIDES/GRANITOS VARIAO NA COLUNAEO
N
ERA
PRO
TER
OZ
ICO
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QU
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NA
S
BABAU/SANTA LCIA
LAGOA SECA/RIO PRETO
IGARAP SALOBO
IGARAP POJUCA
GRO PAR
BURITIRAMAIGARAPBAHIA
TOCANTINS/RIO FRESCO
GABRO SANTA INS*
RIO NAJA
IGARAP AZUL
SUMIDOUROGROTA DO VIZINHO
PALEOVULCNICA SUPERIOR
CARAJSPARAUAPEBAS
CORPO QUATRO
CINZENTO
TRS ALFAGNAISSE CASCATA
RECANTO AZULFAZENDA DO QUINCAS
MAMO
IGARAP ENCANTADO
PIUM*
XINGU
LUANGA/SERRA AZUL*
QUATIPURU*
SERINGA, JAMON
CARAJS, CIGANO,MUSA, GRADAS*,BORRACHUDO*, XINGUARA*, SO JOS*,SO JOO*, BANNACH*,CACHOEIRINHA*,MARAJOARA*, ETC.
ESTRELA*
TONALITO PARAZNIA
TRONDJEMITO MOGNO
GRANODIORITO R. MARIA
* SEM DADOS GEOCRONOLGICOS
0,57
1,10
1,80
1,90
2,25
2,402,60
2,75
2,76
2,85
>2,85
Figura 2 - Coluna litoestratigrfica - Provncia Mineral de Carajs (Docegeo 1988).
Captulo 2 Provncia Mineral de Carajs 9
Captulo 2 Provncia Mineral de Carajs 10
Supergrupo Itacainas
Este supergrupo engloba os principais depsitos minerais de Carajs (Fe, Mn, Au,
Cu), possuindo rochas pertencentes a uma seqncia vulcanossedimentar de idade arqueana,
apresentando grau metamrfico diverso. Suas principais unidades so: Grupo Gro Par,
Grupo Igarap Salobo, Grupo Igarap Pojuca, Grupo Igarap Bahia, Grupo Buritirama.
Grupo Gro Par:- compreende uma seqncia vulcanossedimentar composta por
trs unidades: Paleovulcnica Inferior (basaltos e rochas vulcnicas flsicas intercaladas -
Formao Parauapebas), Formao Carajs (formao ferrfera) e Paleovulcnica Superior
(basaltos de topo). Wirth et al. (1986) dataram zirces das rochas vulcnicas flsicas pelo
mtodo U/Pb determinando idade de 2750Ma. Encontram-se na Formao Carajs os grandes
depsitos e as minas de ferro de Carajs.
Grupo Igarap Salobo:- unidade vulcanossedimentar metamorfizada no grau mdio a
alto. Foi dividida em trs formaes: a Formao Gnaisse Cascata (gnaisse com intercalaes
de anfibolitos e metapelitos), a Formao Trs Alfa (rochas metassedimentares de origem
qumica e detrtica alm de rochas vulcnicas bsico-intermedirias subordinadas), que
hospeda as mineralizaes de Cu (Au-Mo-Ag) e a Formao Cinzento (composta
predominantemente por quartzitos e intercalaes de gnaisses andesticos, metarcseos e
siltito). Machado et al. (1991) obtiveram atravs de dataes pelo mtodo U/Pb em zirces de
anfibolito mitonitizado idade de 2761 3Ma.O Grupo Igarap Salobo cortado por corpos granticos de 1,8 Ma (Rb/Sr) e rochas bsicas de 560Ma (Cordani 1980 apud Docegeo 1988).
Grupo Igarap Pojuca: pacote vulcanossedimentar que compreende rochas
vulcnicas bsicas e intermedirias intercaladas com sedimentos clsticos e qumicos e grau
metamrfico variando de xisto verde a anfibolito hospedando depsito de Cu (Zn), com Au e
Mo associados. Corpos granticos correlacionados ao Granito Carajs cortam a seqncia.
Nesse grupo foi individualizada a Formao Corpo Quatro constituda por dois agrupamentos
litolgicos principais: as denominadas rochas bandadas e xistos com fragmentos. Outros
litotipos podem ser encontrados no Grupo Igarap Pojuca tais como rochas metavulcnicas
bsicas a intermedirias, rochas metassedimentares pelticas e formaes ferrferas bandadas.
Machado et al. (1991) dataram zirces de anfibolitos pelo mtodo U/Pb e obtiveram idade de
2732 2Ma. Grupo Igarap Bahia: constitudo por uma seqncia vulcanossedimentar, a qual
dividida em duas unidades: a Formao Grota do Vizinho (basal), que consiste de rochas
piroclsticas e sedimentares clsticas e qumicas, ocorrendo de forma subordinada rochas
Captulo 2 Provncia Mineral de Carajs 11
metabsicas; e a Formao Sumidouro (topo), constituda de arenitos e intercalaes de
rochas vulcnicas bsicas. Essas duas formaes correspondem, respectivamente, unidade
mais antiga e a unidade essencialmente sedimentar de Ferreira Filho (1985).
As rochas do Grupo Igarap Bahia constituem o escopo deste trabalho e sero
discutidas em detalhe no prximo captulo.
Grupo Buritirama: composto da base para o topo por quartzitos micceos, mica
xistos, quartzito bandado e xistos variados.
Granitides Arqueanos
Esses granitides so intrusivos na seqncia greenstone e, em geral, possuem
composio granodiortica e trondhjemtica, constituindo batlitos. Ao norte do municpio de
Rio Maria afloram o tonalito Paraznia e o trondhjemito Mogno. Dataes U-Pb em titanitas
forneceram idades de 2871 Ma para o primeiro e 2858 Ma para o segundo (Pimentel &
Machado 1994).
Para o granodiorito Rio Maria, dataes U-Pb em zirco indicaram idade de 2,87 Ga
(Medeiros & DallAgnol 1994).
Alguns granitides que constam sem datao na coluna da Docegeo (1988) j contam
com dataes mais recentes. o caso do granito Estrela que foi datado por Barros et al.
(1992) pelo mtodo Rb-Sr em rocha total, apresentando idade de 2527 34 Ma (RI=0,7018 0,00197). Para o granito Xinguara, que constitudo de monzogranitos e sienogranitos,
dataes U-Pb em zirces forneceram idade mnima de 2800 18 Ma (Macambira & Lafon 1995).
Grupo Rio Fresco: constitui-se basicamente de uma seqncia clstica, com
espessura em torno de dois mil metros, representada principalmente por arenitos, siltitos e
pelitos , submetidos s condies de anquimetamorfismo. O Grupo Rio Fresco depositou-se
discordantemente sobre granitides arqueanos e sobre as rochas dos supergrupos Andorinhas
e Itacainas. Freqentemente essas rochas so cortadas por granitos anorognicos. A
terminologia Rio Fresco foi questionada por Arajo et al. (1991) por ser difcil a correlao
entre suas variaes, devido falta de continuidade dos afloramentos e pela diversidade
litolgica. Esses autores adotaram o termo Formao guas Claras para representar essa
cobertura siliciclstica expressiva na regio central de Carajs (Fig. 3).
Captulo 2 Provncia Mineral de Carajs 12
Dias et al. (1996) atravs de dataes pelo mtodo Pb/Pb, em zirces de um sill de
metagabro instrusivo na Formao guas Claras obtiveram idade mnima de 2645 12Ma.
Granitos ps-tectnicos e/ou anorognicos ocorre na regio, um grande nmero de
intruses granticas, de carter ps-tectnico e/ou anorognico, que cortam as rochas do
Complexo Xingu, do Grupo Rio Fresco e dos supergrupos Andorinhas, Inaj e Itacainas.
Alm dos corpos j cartografados como granito Serra dos Carajs, Cigano, Jamon, Musa,
Cachoeirinha, Serra dos Gradas, Xinguara, Bannach, Borrachudo, Seringa, Marajoara, Stio
So Jos e So Joo, ocorrem ainda outros corpos pequenos, ainda no denominados,
provavelmente correlacionveis ao Granito Serra dos Carajs.
Diques e Sills mficos, Sute Mfico-Ultramfica Quatipuru e o Gabro Santa Ins -
apresentam ampla distribuio no tempo geolgico, ocorrendo desde o arqueano (gabros
intrusivos na seqncia guas Claras depsito guas Claras) at o Brasiliano (diques
encontrados no Salobo). So representados por gabros, dioritos e diabsios.
2.1.2 Evoluo tectono-estrutural
A bacia de Carajs apresenta-se em mapa ou imagens de radar com uma estruturao
em forma sigmoidal, alongada, de direo NW-SE a E-W (Fig. 3), indicando, possivelmente,
movimentao transcorrente sinistral em alguma fase de sua evoluo estrutural.
Diversas propostas tm sido apresentadas para a evoluo tectono-estrutural da
Provncia Mineral de Carajs (PMC). Inicialmente a estrutura geral da rea da Serra dos
Carajs foi interpretada como um sinclinrio falhado, com os flancos aparecendo em relevo
nas serras Norte e Sul (depsitos de ferro) e constitudos pelas rochas do Grupo Gro Par
(Beisegel et al. 1973). Segundo Costa et al. (1995), a evoluo geolgica da PMC, deve-se
atuao de eventos termo-tectnicos ocorridos do Arqueano ao Proterozico. No Arqueano,
teriam acontecido colises oblquas de massas continentais, caracterizadas pela alternncia de
movimentos compressivos direcionais. No Proterozico, a regio teria sofrido movimentos
essencialmente extensionais, seguidos por compresso.
Em trabalho mais recente, Pinheiro & Holdsworth (1997) abordam sobre a possvel
histria de estruturao de Carajs e consideram o Cinturo Itacainas caracterizado por duas
zonas de falhas arqueanas, de direo E-W (sistema de transcorrncia Carajs e Cinzento),
Captulo 2 Provncia Mineral de Carajs 13
desenvolvidas sobre uma ampla zona de cisalhamento dctil precoce. Um sumrio desses
principais eventos apresentada sumariamente a seguir:
> 2,8 Ga - Rochas mais antigas do embasamento mostram um textura milontica de direo E-W, formada em altas temperaturas, durante transpresso sinistral dctil. Nessa fase,
deposita-se o Grupo Igarap Pojuca sobre o embasamento.
2,8-2,7 Ga - deformao do Grupo Igarap Pojuca, sob condies da fcies xisto-verde, durante uma segunda fase de transpresso sinistral, de comportamento rptil-dctil, associada
a retrabalhamento de estruturas do embasamento. Deposio do Grupo Gro Par e deposio
da Formao guas Claras.
< 2,6 Ga - (Arqueano-Proterozico Inferior). Formao do sistema de falhamento transcorrente Carajs e Cinzento, durante transtenso destral regional (2,6-2,7 Ga), a qual
basculou as rochas da seqncia de cobertura, em falhas de dilatao. Ocorrncia de intruses
de granitides (2,5 a 2,6 Ga)
> 1,9 Ga ocorreu transpresso sinistral ao longo da falha Carajs., invertendo parcialmente as zonas de dilatao, produzindo falhas compressionais oblquas e dobras,
evidenciadas principalmente em rochas de cobertura guas Claras.
1,9/1,8-1,0 Ga houve a reativao de fraturamentos, ocorrendo a intruso de pltons granticos e enxames de diques. Deposio de arenitos e conglomerados imaturos Formao
Gorotire.
Sob a ptica de Pinheiro & Holdsworth (1997), os grupos Igarap Salobo e Igarap
Pojuca so considerados unidades tectono-estratigrficas anteriores ao Grupo Gro Par, uma
vez que apresentam paragneses de mais alto grau metamrfico. Esta proposta estratigrfica
discordante de Docegeo (1988), a qual est mencionada no item anterior.
14
CAPTULO 3
O DEPSITO DE AU-CU DE IGARAP BAHIA
3.1 HISTRICO
A descoberta do depsito de Igarap Bahia se deve ao extenso programa de
prospeco geolgico-geoqumica para pesquisar metais base, realizado pela Docegeo na
regio do mdio ao alto rio Itacainas, a partir de 1974. Baseado nos trabalhos de Fonseca et
al. 1984, Docegeo (1988) e Costa et al. (1996), apresenta-se a seguir uma sntese das diversas
fases de explorao e pesquisa de Igarap Bahia.
1974 descoberta de Cu, atravs de levantamento geoqumico de sedimentos de corrente em reas com anomalia magntica. Subseqentemente, foram encontrados valores de cerca de
4200ppm Cu em sedimento de corrente e realizados trabalhos de detalhe (solo, poos);
1977 a 1978 - foram executados 6 furos de sonda que mostraram valores anmalos de cobre de at 2,8% em rochas metassedimentares intemperizadas (1977 primeiro furo de
sondagem);
1981 executada a amostragem de solo ao redor de todo o plat de Igarap Bahia (solos e concrees ferrferas), sendo os resultados para ouro menores que 0,1ppm e, localmente, de
0,17 ppm. Foram executados 11 furos de sondagem, que indicaram a existncia de
mineralizao de cobre de baixo teor, associada a ritmitos, bem como mineralizao
polimetlica de Cu, Au, Mo, Ag em brechas polimticas e formaes ferrferas;
1986 a 1988 execuo de levantamentos geoqumicos adicionais, em malha de 50 x 200m e, localmente, de 50 x 100m. As amostras de solo e concrees ferruginosas foram
sistematicamente modas, sem prvio peneiramento, e analisadas para ouro (ppm) e Cu, Co,
Ag e Mo. Com a adoo desse mtodo, os resultados para ouro foram bastante significativos,
se comparados com os anteriormente obtidos, sendo delineado uma anomalia em ouro no
plat. O furo de sondagem 18, concludo em abril de 1986, interceptou cerca de 35m com
3,36 g/t de ouro, em laterita e saprlitos desenvolvidos sobre a seqncia vulcanossedimentar.
A partir dessa descoberta, a pesquisa foi totalmente redirecionada para ouro. A pesquisa
conduzida pela Docegeo foi desenvolvida atravs de vrios furos de sonda e tambm por
levantamento magnetomtrico terrestre que permitiu delimitar melhor os principais corpos de
Captulo 3 - O Depsito de Au-Cu de Igarap Bahia 15
minrio: Acampamento e Furo Trinta. Ainda em 1988, a Docegeo estimou os recursos
geolgicos do corpo Acampamento e estimou um potencial para o corpo Furo Trinta.
1989-1990 Continuidade do programa de sondagem (Docegeo/CVRD-SUMEN) e, em 1990, operao da usina piloto para produo de ouro, para testar o processo metalrgico;
1991 incio da produo de ouro pela Companhia Vale do Rio Doce/SUMEN 1996 - descoberto pela Docegeo um novo corpo de minrio nas proximidades da mina Igarap Bahia, denominado de Corpo Alemo.
Atualmente, a mina de Igarap Bahia continua lavrando o minrio oxidado, sendo sua
produo de ouro em torno de 10 toneladas por ano. Constitui, portanto, a principal unidade
produtora deste metal da Companhia Vale do Rio Doce.
3.2 MINA DE IGARAP BAHIA
A mina de Igarap Bahia possui trs corpos de minrio, denominados de Corpo Acampamento, Corpo Furo Trinta e Corpo Acampamento Norte, os quais esto situados numa extensa rea de plat (Foto 1), cuja altitude mdia de aproximadamente 650m. Todos esses corpos esto sendo lavrados atualmente, porm, quando do incio deste estudo em 1996, o corpo Acampamento Norte no havia sido aberto.
Os corpos de minrio da mina de Igarap Bahia esto dispostos espacialmente de forma semi-circular, caracterizada pela direo NW-SE do corpo Acampamento, E-W do corpo Furo Trinta e NE-SW do corpo Acampamento Norte (Fig. 4 ). Esses corpos de minrio so verticalizados, sendo o mergulho do corpo Acampamento para NE (75o) e do Furo Trinta para sul, com variaes locais e, encontram-se encaixados na interface de rochas sedimentares e vulcnicas (Figs. 5 e 6), metamorfizadas na fcies xisto verde e comumente brechadas prximo ao contato com minrio.
O minrio ocorre principalmente em brechas, possuindo fragmentos de tamanho milimtricos a mtricos (observados na cava da mina e em testemunhos de sondagem), de composio variada (formao ferrfera, metavulcnicas, metavulcanoclsticas). Diques de direo aproximada N-S e NE-SW cortam as rochas do Grupo Igarap Bahia.
Em funo do intenso intemperismo a que foram submetidas as rochas metavulcanosedimentares, uma espessa cobertura latertica se desenvolveu sobre os litotipos, formando solos, crosta latertica e gossans nas reas mineralizadas. Com isso, a composio mineralgica primria do minrio foi modificada para se adaptar a novas condies fsico-qumicas.
Captulo 3 - O Depsito de Au-Cu de Igarap Bahia 16
Figura 4 Mapa geolgico da mina de Igarap Bahia com a distribuio dos furos
estudados (modificado de Docegeo 1996)
Captulo 3 - O Depsito de Au-Cu de Igarap Bahia 17
Figura 5 Seo geolgica do Corpo Acampamento AS1050S
Captulo 3 - O Depsito de Au-Cu de Igarap Bahia 18
Figura 6 Seo geolgica do Corpo Furo Trinta FT 300S
Captulo 3 - O Depsito de Au-Cu de Igarap Bahia 19
Baseado na composio mineralgica presente no minrio, ou seja, no tipo de minerais
de cobre e no contedo de ouro, a CVRD/SUMEN caracterizou, verticalmente, trs tipos de
zonas de minrio no depsito de Igarap Bahia: zona oxidada, zona de transio e zona
sulfetada (Figs. 5 e 6).
Zona Oxidada: a mineralizao gerada por enriquecimento supergnico, possuindo alto teor de ouro e valores de cobre muito baixos (o cobre lixiviado nesta zona). Sua espessura
chega a atingir cerca de 150m de profundidade e composta por hematita, goethita, gibbsita,
e quartzo em diferentes propores;
Zona de Transio (cimentao-Cu): apresenta espessura de cerca de 50m e a mineralizao tambm proveniente de enriquecimento supergnico, sendo caracterizada pela presena de
malaquita, cuprita, cobre nativo e goethita e, subordinadamente, digenita e calcocita e por ter
teores de cobre e ouro altos;
Zona Sulfetada: compreende a mineralizao primria de Cu e Au. Ocorre a partir de cerca de 200m de profundidade e representada por brechas hidrotermalizadas contendo
calcopirita, bornita, carbonato, magnetita e, subordinadamente, pirita e molibdenita). A zona
sulfetada primria e suas rochas encaixantes constituem o objetivo deste estudo e sero
abordadas em detalhe nos prximos captulos.
Para simplificar e facilitar a conduo dos trabalhos de interpretao de sees
geolgicas e modelamento geolgico, os quais subsidiam o desenvolvimento da mina, a
CVRD/SUMEN adotou terminologias prprias para designar os litotipos presentes na rea de
Igarap Bahia. Neste trabalho, entretanto, optou-se pela descrio dos litotipos, sem usar os
termos simplificados.
Os trabalhos existentes sobre o depsito de Igarap Bahia, at o trabalho de Ferreira
Filho (1985), resumiam-se aos relatrios internos de pesquisa da Docegeo e ao de Fonseca et
al. (1984), o qual reporta a descoberta da mina. Posteriormente, com a aquisio de novos
dados de furos de sondagem, alm dos trabalhos internos da CVRD/SUMEN e Docegeo,
diversos trabalhos foram desenvolvidos na rea de Igarap Bahia, alguns dos quais so
comentados a seguir.
Ferreira Filho (1985) e Ferreira Filho & Danni (1985) realizaram estudos de detalhe
nas rochas encaixantes da mineralizao e caracterizaram trs unidades na rea, separadas
entre si por importantes discordncias. A unidade mais antiga, portadora das mineralizaes
de cobre de baixo teor, compreende uma seqncia hidrotermalizada de natureza
predominantemente vulcnica com intercalaes sedimentares. A sucesso litoestratigrfica
Captulo 3 - O Depsito de Au-Cu de Igarap Bahia 20
foi sumarizada com base nos tipos litolgicos predominantes, em cinco nveis principais
(Tabela 1). Essa unidade corresponde Formao Grota do Vizinho de Docegeo (1988).
Outra unidade denominada unidade essencialmente sedimentar, com espessura mnima de 100
metros, composta por metarritmitos de colorao branca, que localmente contm intercalaes
de metaconglomerados e metassiltitos. E uma terceira unidade constituda por cobertura
latertica que se desenvolve sobre uma superfcie de aplainamento, provavelmente Terciria.
Tabela 1 - Sucesso litoestratigrfica da unidade vulcanossedimentar (Ferreira Filho 1985)
Espessura (m) Litologias
70 Metassiltito cinza com intercalaes vulcanoclsticas.
30-40 Nvel com predomnio de rochas piroclsticas silicosas
20-70 Metarritmito com intercalaes de formao ferrfera.
100-150 Nvel com predomnio de rochas piroclsticas silicosas e metavulcnicas bsicas.
150 Metarritmito com intercalao de vulcnicas bsicas e formao ferrfera.
Determinaes geocronolgicas Rb-Sr, realizadas por Ferreira Filho(1985), indicam
idades de 2350 Ma (R.I = 0,715) e em piroclsticas silicosas e 2577 72 Ma (R.I = 0,702).
Foi obtida atravs do mtodo K-Ar a idade de 2270 50 Ma em anfiblios de rochas
metabsicas.
Dardenne et al. (1988), com base em dados petroqumicos envolvendo elementos
maiores e traos das seqncias vulcanossedimentares do depsito Igarap Bahia e Grupo
Gro Par, propem uma nova interpretao geotectnica para a Serra de Carajs,
considerando as seqncias vulcnicas como geneticamente ligadas a processos de subduo
no Arqueano. Nesse contexto, a seqncia vulcanossedimentar de Igarap Bahia
corresponderia a uma seqncia clcio-alcalina associada a arco de ilha de margem de placa e
que teria se formado no incio da fase de subduco .
Ribeiro (1989) e Althoff et al. (1994), com base principalmente em dados de incluses
fluidas de veios situados em rochas encaixantes, caracterizam a presena de fluidos salinos e
as temperaturas em que foram gerados.
Sachs (1993) realizou estudos com nfase na seqncia vulcnica, descrevendo cinco
tipos de mineralizaes: estratiforme; associada a veios e vnulas; associada a brechas e
fraturas; lentes de sulfeto macio associadas a nveis ricos em xido de ferro (magnetita); e
oxidada.
Captulo 3 - O Depsito de Au-Cu de Igarap Bahia 21
Anglica (1996) estudou com detalhe o perfil de laterito-gossnico de Igarap Bahia e
prospecto guas Claras, enfatizando a mineralogia e a geoqumica do ouro, sua distribuio e
a evoluo supergnica do minrio. Anglica et al. (1996) descreveram uraninita associada
zona de sulfetos primrios em Igarap Bahia.
Mougeot et al. (1996) utilizando os mtodos U-Pb e Pb-Pb em anlise de sulfetos
(calcopirita, pirita, galena e molibdenita) encontraram para a mineralizao de Cu e Au da
Mina Igarap Bahia uma idade de 2850 65 Ma.
Huhn (1996) e Huhn & Nascimento (1997) consideraram a associao Au-Cu-U que
tem sido descrita nos depsitos de Salobo e Igarap Bahia como relacionadas a depsitos da
classe xidos de Ferro (Cu-U-Au-ETR), proposta por Hitzman et al. (1992).
No captulo 7, sero discutidas os diversos modelos genticos propostos pelos autores
citados acima para o depsito de Cu-Au de Igarap Bahia.
22
CAPTULO 4
PETROGRAFIA E ALTERAO HIDROTERMAL
4.1 PETROGRAFIA
A caracterizao das rochas da seqncia vulcanossedimentar de Igarap Bahia se deu
atravs da descrio macroscpica dos testemunhos de sondagem, anlise microscpica de
lminas delgadas e sees polidas, alm de anlises em microscpio de varredura com
microssonda acoplada, objetivando o estudo da mineralizao primria e rochas encaixantes.
A seqncia de rochas que ocorre no depsito Igarap Bahia de natureza
vulcanossedimentar e apresenta, de maneira geral, o seguinte empilhamento da base para o
topo:
rochas metavulcnicas; rochas metapiroclsticas/vulcanoclsticas silicosas e brechas hidrotermais; rochas metassedimentares. Atualmente as rochas encontram-se com o acamamento verticalizado (Figs. 4, 5 e 6).
Praticamente, todas as rochas da seqncia apresentam nveis brechados, o que ser descrito
em cada litotipo. No entanto, os nveis que contm as brechas mineralizadas esto situados
entre as rochas metavulcnicas e metassedimentares. Como no foi observado estruturas
penetrativas nas rochas, considera-se que o empilhamento das rochas seja o original.
Praticamente todas as rochas da seqncia Igarap Bahia encontram-se cloritizadas,
caracterizando um metamorfismo na fcies xisto-verde, considerado por Docegeo (1988)
como regional. As brechas mineralizadas so amplamente hidrotermalizadas, desenvolvendo,
localmente, cristais de anfiblio (ferro hornblenda-acntnoltica a ferro-hornblenda), indicando
ter havido atuao de fluidos com temperaturas relativamente mais elevadas em algumas
pores da seqncia Igarap Bahia.
Rochas intrusivas na forma de diques cortam todo pacote vulcanossedimentar.
4.1.1 Rochas metavulcnicas
Os metabasaltos apresentam-se macios e, muito provavelmente, so representativos
de derrames. Em geral, so cloritizados, possuindo cor esverdeada macroscopicamente. As
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 23
espessuras so variveis, assim como o grau de alterao hidrotermal. Em alguns casos, onde
a composio mineralgica e textura primria esto preservadas, observa-se que as rochas so
compostas por plagioclsio e piroxnio, apresentando texturas intergranular ou suboftica com
granulometria fina a mdia (Fotos 3 e 4). s vezes, essas rochas apresentam-se brechadas.
A ocorrncia de amgdalas s foi observada em fragmento do arcabouo de
metaconglomerado e em fragmentos constituintes de brechas (Foto 5).
Ferreira Filho (1985) identificou nessas rochas feies indicativas de topo e base das
unidades de derrame: a zona basal, caracterizada por apresentar granulometria muito fina
(paleo textura afantica) e colorao verde; a zona central, apresentando granulometria fina
com paleo texturas intergranular a suboftica e de colorao cinza escuro; e a zona de topo,
idntica basal. As rochas vulcnicas descritas por Ferreira Filho (op. cit) foram identificadas
como de natureza subalcalina, com composio variando de basaltos at riolitos. A partir dos
dados geoqumicos, Ferreira Filho (op cit) considerou os basaltos de Igarap Bahia
comparveis a basaltos originados em arcos de ilha.
Sachs (1993) estudou em detalhe as rochas vulcnicas e intrusivas associadas ao
depsito Igarap Bahia e distinguiu os seguintes litotipos: metabasaltos, metadiabsios e
metandesitos a metadacitos, concluindo que essas rochas apresentam natureza subalcalina
(bsicas a cidas) e correspondem, provavelmente, a toletos associados a ambientes de riftes
continentais.
4.1.2 Rochas metavulcanoclsticas
Nessa unidade, so englobadas as rochas de natureza piroclstica, cuja classificao
foi realizada segundo aspectos texturais e granulomtricos apresentados por Fisher (1966)
(Fig. 7). As rochas so predominantemente classificadas como tufos, porm possuem
variedades texturais e composicionais:
metatufo de cristais: rocha composta predominantemente por cristais de quartzo angulosos, soldados por uma matriz clortica com pontuaes de magnetita e clorita.
Localmente observam-se fragmentos de pmice e estruturas tipo fiamme (Fotos 6, 7 e 8)
metatufo laminado: caracterizado pela intercalao de nveis de cristal fino e nveis cinerticos (Foto 09).
metatufo de lpilli: caracteriza-se por apresentar fragmentos de natureza e granulometria diversas, sendo a maioria deles quartzosos e em menor quantidade de rocha vulcnica e de
rocha com bandamento (Fotos 10 e 11). A matriz dessa rocha clortica. Foram observados
tambm nessas rochas gros de quarzto com bordas de corroso e que tiveram a origem
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 24
vulcnica confirmada por catodoluminescncia (Fotos 12 e 13). Segundo Zinkernagel (1978),
os centros de luminescncia do quartzo esto relacionados a defeitos na estrutura cristalina do
mineral e o carter da catodoluminescncia de cor violeta corresponde a quartzo gerado sob
altas temperaturas.
Ferreira Filho (1985) associou os nveis de rochas piroclsticas como semelhantes s
descritas na literatura em regies tpicas de vulcanismo explosivo cido e subaquoso ( Fiske
& Matsuda 1964; Niem 1977). Uma das principais caractersticas de fluxos piroclsticos
subaquosos a existncia de uma poro basal macia e mal selecionada, e uma zona de topo
finamente acamadada. Essa sucesso foi muito bem descrita por Ferreira Filho (1985) e
tambm observada em vrios furos aqui estudados.
Figura 7 - Classificao em termos granulomtricos para rochas primrias piroclsticas (Fisher 1966)
4.1.3 Rochas metassedimentares
Nessa unidade foram identificados metarritmito principalmente, formao ferrfera
bandada, metaquartzo-arenitos e metaconglomerados.
O metarritmito uma rocha caracterizada pela alternncia de laminaes de
granulometria areia/silte/argila, compostas por quartzo, clorita e sericita. Essas laminaes
variam de milimtricas a centimtricas. Os nveis de granulometria areia so constitudos
predominantemente por quartzo e em menor quantidade por clorita e sericita, apresentando
colorao cinza esbranquiada macroscopicamente. Os nveis com granulometria silte/argila
apresentam maior quantidade de clorita e colorao cinza escura. Localmente, observou-se
turmalina.
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 25
Comumente, essas rochas apresentam nveis com mineralizao sulfetada de baixo
teor, caracterizada principalmente pela presena de calcopirita. A calcopirita ocorre sob vrias
formas nessa rocha, disseminada, predominantemente nos nveis de granulometria mais
grossa, em ndulos, s vezes centimtricos e tambm paralela ao bandamento com espessuras
variveis (Fotos 14, 15, 16 e 17).
comum a ocorrncia de nveis de metarritmitos brechados (provavelmente
intraformacionais, provavelmente resultante de slumps) e com microfalhas que deslocam o
bandamento e estruturas convolutas.
As formaes ferrferas bandadas ocorrem intercaladas, na maioria dos casos, com os
metarritmitos, mas tambm foi observada em rochas vulcnicas e alteradas hidrotermalmente.
Observa-se claramente a alternncia de laminaes de magnetita e de quartzo recristalizado
(microcristalino) e mais raramente ocorre carbonato. Essa rocha ocorre tanto oxidada (Foto
18) como cloritizada.
Os arenitos finos a mdios so constitudos essencialmente por quartzo, sericita e
clorita. Os gros de quartzo so angulosos a subarredondados, muitas vezes recristalizados.
Alguns gros parecem ser de plagioclsio alterado. A matriz ocorre de forma subordinada e
constituda predominantemente por clorita e, em menor quantidade, por sericita, quartzo
bastante fino e opacos (Foto 19).
Os metaconglomerados ocorrem em menor quantidade, de forma localizada, como
delgadas camadas que ultrapassam pouco mais de um metro de espessura. Trata-se de um
conglomerado polimtico, apresentando fragmentos subarredondados a arredondados e que
chegam a centimtricos (a granulometria bastante varivel). Os fragmentos so de formao
ferrfera bandada, metarritmitos, rochas vulcnicas afanticas, rochas vulcnicas com
amgdalas, rocha vulcnica com quartzo eudrico e fragmentos quartzosos (provvel chert),
(Fotos 20 e 21). A matriz clortica, apresentando comumente calcopirita disseminada.
4.1.4 Brechas hidrotermais
As brechas hidrotermais apresentam matriz com propores variadas de clorita,
turmalina, carbonato, quartzo, magnetita, calcopirita, bornita e, mais raramente, biotita e
stilpnomelana.. Ocorrem desde brechas clorticas at magnetticas e siderticas, refletindo
provavelmente diferentes estgios evolutivos das solues hidrotermais.
Baseado na composio predominante da matriz hidrotermal, trs tipos principais de
brechas podem ser descritos, sendo que ocorrem variaes dentre esses tipos: brecha clortica,
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 26
brecha sidertica e brecha magnettica heteroltica, sendo que as duas ltimas so
estreitamente ligadas mineralizao.
Brecha heteroltica magnettica: dentre as rochas estudadas, essas so as que apresentam os mais altos teores em ouro, cobre, urnio e tambm elementos terras raras leves. A
matriz constituda principalmente de magnetita, clorita, anfiblio (ferro-hornblenda
actinoltica), stilpnomelana, biotita, quartzo calcopirita, bornita e, subordinadamente,
epidoto, apatita, fluorita ,turmalina, ferropirosmalita, minerais de terras raras e pirita. Os
fragmentos so angulosos a subangulosos, variando de milimtricos a centimtricos e so
de formao ferrfera bandada, quartzosos, de rochas vulcnicas e, subordinadamente,
alguns fragmentos slticos tambm so observados (Fotos 22, 23, 24, 25 e 26). Em alguns
intervalos, observa-se a orientao dos fragmentos.
Brecha heteroltica sidertica: esse tipo de brecha se diferencia da anterior por apresentar grande quantidade de siderita e, subordinadamente, magnetita. Tambm so mineralizadas
e os fragmentos podem ocorrer orientados (Foto 27).
Brecha clortica: caracteriza-se por apresentar grande quantidade de clorita, tanto na matriz quanto nos fragmentos. Os fragmentos so da rocha hopedeira, na maioria dos
casos de metabsicas. Em geral, no so mineralizadas (Foto 28), mas podem apresentar
alguma disseminao de sulfeto.
Nas brechas mineralizadas, foi identificado o mineral ferropirosmalita, o qual ocorre
na brecha carbontica sob a forma de cristais eudricos a andricos e com tamanhos que
variam de 0,05 a 0,30 mm (Foto 29); na brecha magnettica, ocorre bordejando os fragmentos
de formao ferrfera bandada, no interior dos fragmentos de rochas metavulcnicas e, mais
raramente, na matriz. Os cristais de ferropirosmalita apresentam-se como subdricos a
andricos e com tamanhos variveis (0,02 a 0,5mm) (Foto 30).
Em relao origem das brechas, algumas dvidas persistem e seria necessrio
trabalhos de detalhe adicionais nessas rochas com nfase nos aspectos texturais das mesmas e
nas relaes de contato com as demais unidades rochosas. Mas, com o presente estudo,
algumas consideraes podem ser feitas. Por exemplo, em alguns locais, nota-se claramente
que houve brechao hidrulica das rochas, havendo uma forte orientao dos fragmentos das
rochas hospedeiras. Nos casos das brechas heterolticas mineralizadas, mais difcil precisar a
origem, pois os fragmentos so representativos tanto de rochas subjacentes quanto
sobrejacentes, na maioria dos casos angulares, apresentando ou no orientao. Os intervalos
onde ocorrem essas brechas foram os que sofreram mais intensa alterao hidrotermal e os
fragmentos encontram-se soldados principalmente por magnetita, siderita e calcopirita. Os
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 27
fluidos podem ter percolado essas rochas por serem as zonas de maior permeabilidade, ou
seja, considerando-se que essas rochas j existissem quando da introduo dos fluidos, que
seguiu paralelamente ao bandamento geral da seqncia, percolando de forma anastomosada.
4.1.5 Rochas intrusivas (diques)
No furo BAH F349/ACP, foi observado rocha intrusiva com granulometria mais
grossa, constituda basicamente por plagioclsio, piroxnio, biotita e clorita e, apresentando
textura oftica e intercrescimento granofrico. Esta amostra foi submetida anlise qumica e
com base nos resultados obtidos e na textura da rocha conclui-se que esta rocha trata-se de
metadiorito. Embora levemente hidrotermalizada, apresenta-se mais preservada que as demais
rochas metavulcnicas e, possivelmente reflete a composio original. Nessa rocha tambm
foi observado fragmento de rocha vulcnica (Fotos 31 e 32)
As rochas intrusivas seccionam tanto as rochas metavulcnicas como tambm as
rochas metavulcanoclsticas e metassedimentares. No contato das rochas intrusivas (diques)
com as rochas encaixantes, observa-se intensa brechao, e os fragmentos apresentam-se
orientados e com matriz essencialmente clortica.
4.2 ALTERAO HIDROTERMAL
Segundo Thompson & Thompson (1996), as alteraes hidrotermais so modificaes
que ocorrem numa determinada rocha, devido interao de um fluido tipicamente dominado
por gua em temperaturas, que variam de baixas (< 100o C) a elevadas (>500o C). Essa
interao propicia a converso de uma assemblia mineral inicial em um novo conjunto de
minerais mais estveis sob as condies de temperatura, presso e, principalmente,
composio do fluido (Rose & Burt 1979). Segundo estes autores, muitas variveis afetam a
mineralogia da alterao hidrotermal, sendo as mais importantes relacionadas constituio
mineralgica da rocha original, composio qumica, ao pH e fO2 do fluido hidrotermal,
relao fluido/rocha, alm da temperatura e presso.
A composio mineralgica de alterao registra a histria da rocha posteriormente a
sua formao, fornecendo importantes informaes sobre o ambiente hidrotermal e, muitas
vezes, por exemplo, sobre depsitos minerais, uma vez que, em geral, a alterao forma halos
que podem ser usados como guia na explorao mineral. A composio qumica da alterao
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 28
fornece uma indicao da proximidade da mineralizao ou, em um caso ideal, mostra um
vetor em direo mineralizao. Portanto, a interpretao da alterao muito utilizada na
explorao de depsitos minerais hidrotermais, como por exemplo depsitos porfirticos
(Lowell & Guilbert 1970).
Muitos autores tm realizado a classificao da alterao hidrotermal, empregando
uma terminologia fortemente influenciada pelo ambiente de formao da alterao
(Thompson & Thompson 1996) e, desta forma, as classificaes tendem a refletir trabalhos
detalhados em um tipo individual de depsito, por exemplo, depsitos porfirticos (Lowell &
Guilbert 1970), depsitos vulcanognicos de sulfeto macio (Franklin et al. 1981), depsitos
em veios mesotermais (Hodgson 1993) e depsitos epitermais (Sillitoe 1993). Em cada caso, a
classificao resultante pode ser extremamente til na interpretao da geometria dos corpos
mineralizados, fornecendo guias prospectivos para a mineralizao. Embora este tipo de
classificao possa ser internamente consistente para determinada rea, a idia prvia do
ambiente pode causar problemas para reas no conhecidas, complexas ou pobremente
expostas, impondo consideraes genticas j formuladas sobre as observaes.
Assim, na descrio da alterao hidrotermal no depsito Igarap Bahia, adotou-se a
descrio da composio mineralgica da alterao, baseando-se na identificao das
alteraes hidrotermais mais importantes, procurando determinar as relaes entre os
minerais.
Os principais tipos de alterao que ocorrem nas rochas do depsito Igarap Bahia so:
cloritizao, Fe-metassomatismo, sulfetao, carbonatao, silicificao, turmalinizao e
biotitizao. Outros enriquecimentos tambm so registrados nas rochas do Grupo Igarap
Bahia e encontram-se descritos aps os principais eventos de alterao.
4.2.1 Cloritizao
A cloritizao o principal processo de alterao e ocorre intensamente tanto nas
rochas da seqncia vulcanossedimentar quanto nas rochas mineralizadas. A clorita ocorre em
finas palhetas na matriz das rochas e como franjas bordejando fragmentos e/ou veios (Foto
33), e muitas vezes, substituindo parcial ou completamente os minerais originais da rocha,
proporcionando-lhe uma tonalidade esverdeada.
Localmente, observa-se em lmina delgada uma ntima relao da clorita com a biotita
e a stilpnomelana, sugerindo processos de substituio. Esse fato tambm foi constatado
durante anlises de microssonda eletrnica, mostrando valores de composio intermedirios.
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 29
Um aumento da razo Fe/(Fe + Mg) das rochas encaixantes para zonas mineralizadas
foi constatada atravs das anlises qumicas, as quais sero discutidas no captulo 5 o que
concordante com o que foi observado por Zang & Fyfe (1995) no depsito Igarap Bahia.
4.2.2 Fe-metassomatismo
Caracterizado principalmente pela grande quantidade de magnetita presente na brechas
mineralizadas da poro norte do Corpo Acampamento. A magnetita ocorre sob a forma de
cristais eudricos finos a mdios (Foto 25), tambm de forma andrica (Foto 34) e macia.
Normalmente, est associada a outros minerais hidrotermais, cimentando fragmentos de
rochas metavulcnicas, de formao ferrfera bandada e de vulcanoclsticas. Ocorre ainda
associada siderita nas brechas carbonticas.
O enriquecimento em ferro tambm constatado nos minerais associados magnetita
na matriz hidrotermal, como Fe-clorita (chamosita), Fe-anfiblio, siderita, turmalina rica em
ferro e ferropirosmalita
4.2.3 Sulfetao
Ocorre de forma bastante expressiva tanto no Corpo Acampamento quanto no Corpo
Furo Trinta e marcada sobretudo por calcopirita e, subordinadamente, por bornita, pirita e
molibdenita. Raramente observa-se covelita associada bornita.
A presena de calcopirita observada em todos os litotipos estudados. Nos
metarritmitos, apresenta-se paralela ao bandamento, em forma de ndulos (Foto 18) e
disseminada nas bandas de granulometria relativamente mais grossa. Nas brechas
mineralizadas, ocorre comumente em agregados macios finos a grossos, s vezes como
lamelas orientadas e tambm disseminada na matriz associada bornita (Foto 26). A pirita
ocorre de forma restrita e normalmente associada calcopirita (Foto 35). No foi encontrado
em seo polida a molibdenita, mas este mineral foi encontrado de forma pontual em
testemunhos de sondagem.
4.2.4 Carbonatao
A carbonatao ocorre tanto nas rochas mineralizadas quanto nas encaixantes e
bastante evidente nas rochas intrusivas e vulcnicas, onde chega a formar pores
esbranquiadas na rocha cloritizada.
Nas brechas mineralizadas, ocorre maior quantidade de siderita e, subordinadamente,
calcita (Foto 29). Em alguns casos, possvel separar texturalmente duas fases carbonticas,
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 30
uma formada por massa carbontica constituda de pequenos cristais e a outra com cristais
maiores e bem formados. As anlises de catodoluminescncia realizadas nos carbonatos s
permitiram verificar estgios de formao da calcita. Os carbonatos ferrosos no fornecem
catodoluminescncia, devido presena de Fe+2.
Nas rochas intrusivas e vulcnicas ocorre o predomnio de calcita, resultando numa
colorao esbranquiada da rocha e em veios, geralmente, centimtricos, chegando a mtricos
e, por vezes, apresentando textura stockwork (Foto 36).
Localmente, foi observada carbonatao associada biotitizao.
4.2.5 Silicificao
Ocorre de forma mais intensa nas rochas de natureza silicosa. representada
principalmente por veios e vnulas de quartzo, normalmente associados a carbonato (Fotos 36
e 37), clorita e sulfetos, cortando as rochas mineralizadas e encaixantes. Em alguns locais,
observa-se quartzo substituindo plagioclsio.
4.2.6 Turmalinizao
Os cristais de turmalina so observados em praticamente todos os litotipos, sendo
porm pouco comuns nas rochas metassedimentares. Normalmente, esto associados matriz
hidrotermal (Foto 38) e a veios tardios de calcita.
Macroscopicamente, apresentam colorao escura a preta e, ao microscpio ptico,
suas cores so verdes a marrons, mostrando freqentemente zonao (Foto 39). Ocorrem sob
a forma de cristais eudricos a subdricos finos a grossos, sendo comum tambm a ocorrncia
de agregados radiais (Fotos 40 e 41).
Tambm foram observados cristais de turmalina com fraturas, as quais esto
preenchidas por calcopirita (Foto 42).
4.2.7 Biotitizao
Foi observada associada brecha mineralizada rica em magnetita (Foto 43) e tambm
associada carbonatao (Foto 44). Ocorrem em forma de pequenos veios e tambm na
matriz intercrescida com clorita, stilpnomelana e anfiblio. Apresenta colorao amarronzada
tanto macro quanto microscopicamente
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 31
4.2.8 Outras fases hidrotermais associadas mineralizao
Alm das alteraes j descritas, observa-se a presena de fluorita, apatita, alanita,
epidoto e ferropirosmalita, sendo tambm identificado atravs do microscpio eletrnico de
varredura e anlises de EDS, a presena de monazita.
A fluorita foi encontrada na matriz hidrotermal associada a siderita (Foto 45), tambm
como cristais finos e eudricos em matriz clortica e, localmente, em contato com biotita
(Foto 46), no contexto da brecha rica em magnetita.
A apatita ocorre nas pores mais hidrotermalizadas na forma de cristais finos
eudricos a andricos, na maioria das vezes, em matriz clortica. Foram tambm observados
agregados de apatita durante a anlise de catodoluminescncia.
A alanita foi observada sob a forma de cristais subdricos zonados, sendo sua presena
corroborada atravs de anlise de microssonda eletrnica e EDS na amostra do furo
F353/ACP-215,00m. O epidoto ocorre associado calcopirita, magnetita e clorita em
intervalos mineralizados, sob a forma de cristais andricos a subdricos.
A ferropirosmalita foi observada associada a brechas carbonticas e magnetticas
mineralizadas, o que caracteriza a presena de cloro nas solues hidrotermais.
Outros minerais com enriquecimento em lantnio e crio foram constatados atravs de
MEV/EDS, tais como xido de titnio, flor-apatita , telureto de prata e outras fases minerais
para as quais no foi possvel calcular a frmula estrutural (Fotos 47, 48, 49 e 50).
Em termos gerais, pode-se tecer algumas consideraes sobre algumas relaes
texturais entre as fases hidrotermais presentes. Dentre elas pode-se destacar sucintamente que:
a clorita ocorre em praticamente todas as rochas e tambm est na matriz das brechas, envolvendo cristais de turmalina, ndulos e fragmentos de calcopirita;
os cristais de calcopirita envolvem os de magnetita e, muitas vezes, preenchem interstcios entre cristais de magnetita. Quando associados siderita, encontram-se
normalmente preenchendo os interstcios desta;
a calcopirita e a bornita normalmente esto associadas, sendo difcil determinar relaes temporais entres esses minerais. A pirita ocorre associada calcopirita, mas raras
ocorrncias foram observadas neste estudo, no sendo possvel observar essa relao;
calcita e quartzo ocorrem dispersos na rocha e principalmente na forma de veios que cortam as rochas, muitas vezes na forma de stockwork, sugerindo serem posteriores,
alm da presena de quartzo eudrico em alguns veios;
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 32
a biotita observada nas brecha magnetticas e ocorre em fraturas e em torno de fragmentos, associada clorita, stilpnomelana e fluorita (esta ocorrendo muitas vezes
como cristais eudricos);
os anfiblios apresentam-se eudricos e ocorrem na matriz magnettica e tambm em forma de finas agulhas inclusos na calcopirita, sugerindo serem do estgio final
da alterao;
a ferropirosmalita ocorre nas brechas magnetticas principalmente bordejando os fragmentos de formao ferrfera bandada e ao longo de fraturas nas brechas siderticas e,
geralmente, sob a forma de cristais eudricos.
A partir das relaes texturais encontradas nas amostras estudadas, pode-se sugerir a
provvel seqncia de cristalizao dos principais minerais da assemblia hidrotermal de
Igarap Bahia. No entanto, dado ao carter pontual deste trabalho, essa cronologia deve ser
confirmada em estudos mais detalhados para se empregar para todo o depsito Bahia,
inclusive atentando para possveis recorrncias de precipitao de alguns destes minerais.
Tempo relativo: precoce --------------------------------------------------------------tardio
Minerais: Clorita magnetita turmalina calcopirita/bornita siderita ferropirosmalita/anfiblio/biotita/fluorita/minerais ricos em ETR e urnio quartzo calcita.
O ouro no foi observado nas rochas estudadas, mas sua presena indiretamente
notada atravs dos resultados analticos e tambm encontra-se descrito nos trabalhos de Sachs
(1993) associado bornita, covelita e calcocita, da Sutec (1996) associado monazita em
matriz hidrotermal e de Lyndenmayer & Bocalon (1997) na estrutura da calcopirita.
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 33
Foto 3 - Fotomicrografia de rocha metabsica cloritizada com granulometria fina e textura su F352/ACP 194,10m Nicis Paralelos (NP) boftica.
Foto 4 - Fotomicrografia de rocha metabsica cloritizada com granulometria fina e textura suboftica. F352/ACP 194,10m Nicis Cruzados (NX)
Foto 5 - Fotomicrografia de amgdalas preenchidas por quartzo, clorita e cp ,em fragmento do arcabouo de brecha sidertica F352/ACP 122,95m NX
Foto 6 - Fotomicrografia de fragmento de pmice em tufo de cristais. F9/ACP 163,80m NP
200200mm
400m400m
400m 400m
Foto 8 - Fotomicrografia de tufo de cristais com estrutruras tipo fiamme. F349/ACP 540,60m NP
400m
Foto 7 -Tufo de cristais F385/CT 141,00m
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 34
400m400m
Foto 10 - Fotomicrografia de tufo de lapilli com fragmentos diversos e mostrando orientao de fluxo. F346/ACP 119,80m NP
Foto 9 - Fotomicrografia de tufo laminado. F9/ACP264,40m NP
400m 200m
Foto 11 - Fotomicrografia de tufo de lapilli com fragmentos diversos e mostrando orientao de fluxo. F346/ACP 119,80m NX
Foto 12 - Fotomicrografia de gro de quartzo com borda de corroso em tufo de lapilli. F346/ACP 119,80m NP
Foto 13 - Fotomicrografia de quartzo vulcnico com bordas de corroso sob catodoluminescncia F346/ACP 119,80m NP
Foto 14 - Fotomicrografia de metarritimo. Detalhe do contato entre as bandas. F365/CT 142,75m NP.
200m 400m
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 35
Foto 16 - Metarritimito com ndulo e laminaes de calcopirita paralelos ao bandamento F391/CT 315,50m Foto 15 - Metarritimito com ndulo de calcopirita
paralelo ao bandamento F384/CT 201,50m
Foto 17 - Metarritimito com microfalhas deformando as lamina
Foto 18 - Formao ferrfera bandada oxidada. F348/ACP 82,00m es. F378/CT 201,50m
Foto 19 - Fotomicrografia de metarenito quartzoso F374/CT 111, 70m NP
400m
Foto 20 - Metaconglomerado polimtico cloritizado. F385/CT 138,00m
Captulo 4 - Petrografia e alterao hidrotermal 36
Foto 21 - Fragmento de rocha vulcnica com gro de quartzo eudrico do arcabouo de metaconglomerado F385/CT- 138,00m
Foto 22 - Brecha het