Caderno de Aeronáutico Do Assumpção

Embed Size (px)

Citation preview

  • Direito AeronuticoProf. Alexandre Assumpo

    Por: Alessandra Lisboa. Aline Cabral. Amanda Magalhes, ngelo Robba, Bianca SantAnna,Diana Fernandes, Leticia Lobato. Lorene Louvem. Marcela Brasil, Marcela Limeira. MaidaPratis, Silvana Cezar.

    \

  • Direito Aeronutico

    Aula 1 - 08/08/11 - Al Lisboa

    Direito Aeronutico

    / Introduo

    A matria direito da navegao no tem amparo na legislao brasileira. O direito danavegao foi o nome que se deu proposta que no vingou de unio dos direitos martimo eaeronutico, a partir de um cdigo nico, que unisse a legislao sobre a navegao area e alegislao sobre a navegao martima. A disciplina "Direito das navegaes" foi includa nocurrculo antes que realmente fosse aprovado, editado, um cdigo da navegao. Logo, oprograma se baseia em uma proposta que no vingou.

    O direito aeronutico somente pode ser considerado como ramo autnomo do direito apartir do desenvolvimento da aviao civil para o transporte de passageiros, que s sedesenvolveu efetivamente aps a I" GM. At a Io GM ela era experimental, era uma questo deexcntricos, de grande risco. A tecnologia era muito precria. Comearam a surgir as primeirasleis, os primeiros regulamentos de direito aeronutico que utilizaram as mesmas regras do direitomartimo. Por exemplo, aplicam-se as mesmas regras e o mesmo regime aos comandantes deaeronaves e navios. Ento, o direito aeronutico ele surgiu, em termo de leis, como adaptaesde regras de direito martirrio. Esse movimento de adaptar o direito aeronutico s normas dodireito martimo gerou uma crtica na Itlia: O direito aeronutico no um ramo autnomo, massim uma adaptao das normas de direito martimo, no tendo autonomia. Os institutos Ide direitoaeronutico so os mesmos do direito martimo, apenas adequados navegao area. Qual omovimento? No h necessidade de um cdigo areo e um cdigo martimo. E preciso usar osdois em um nico cdigo, chamado "Cdigo da Navegao", sendo a lei bsica do direito danavegao. Essa proposta no Brasil nunca frutilieou. nem na CF, nem na legislaoinfraconstitucional. Ns sempre tivemos leis martimas e leis aeronuticas. Na Itlia, essaproposta frutificou. Em 1942, ano em que o cdigo civil italiano foi promulgado, tambm foipromulgado o cdigo da navegao, que trata de disposies do direito martimo, alm do direitoaeronutico.

    A expresso "direito das navegaes" pressupe que exista um direito nico, umcomplexo de normas jurdicas nico que regule tanto a navegao area e martima, partindo daseguinte premissa: As normas da navegao area so adaptaes das normas da navegaomartima. A semelhana entre elas quase total. O direito aeronutico no tem autonomia. Seno possui autonomia, mas existem normas para a navegao area, vamos unir tudo o que dizrespeito navegao em um nico cdigo. Ento, esse cdigo ser o Cdigo da Navegao, tantoda martima, quanto da area. Na Itlia a escola do direito da navegao (diritto cli naveguzione)encontrou amparo na lei. o cdigo da navegao, que trata da "/u/vc"e "aeromobile". No Brasilsempre houve legislao martima e legislao aeronutica separadas: Cdigo de Aeronutica eCdigo Martimo. Na UFRJ vrios professores eram entusiastas de reunir os dois em nico

    UFRJ - FND - 2011.2 Transcrio

    2

  • 13Direito Aeronutico

    cdigo. Antecipando-se de uma proposta que nunca veio, que nunca ganhou fora no legislativo,usando a orientao do direito italiano, criaram a disciplina "direito da navegao", segundo aorientao do Cdigo de Navegao italiano. Como no h cdigo de navegao no Brasil, amatria dividida em mdulos: Direito aeronutico e Direito martimo, uma vez que solegislaes formalmente separadas. No cdigo comercial h disposies de direito martimo, queno so disposies de direito aeronutico.

    A CF/88 formalmente no art. 22, I reconhece a competncia da Unio privativa paralegislar sobre o direito martimo e o direito aeronutico, separadamente. H o reconhecimento deuma autonomia legislativa.

    O que vem a ser a unio da navegao area e martima em um mesmo cdigo, em ummesmo corpo de normas jurdicas e o rechao, o abandono pelo direito brasileiro dessa proposta,vamos tratar primeiramente do direito aeronutico.

    .?. Conceito

    O prprio nome "direito aeronutico" decorrente de "aeronave". Originariamente, nodireito brasileiro, era chamado de direito "areo". A Constituio de 1946, por exemplo, sereferia direito areo. A Constituio de 1937, chamada "Polaca", tambm se referia a direitoareo. Por que "areo" antes e agora "aeronutico"? Porque na verdade as primeiras legislaesque ns tivemos, os primeiros cdigos de legislao area eram chamados "Cdigos brasileirosdo ar". Ns tivemos dois cdigos brasileiros do ar: um de 1938 e um em 1986. O atual oterceiro cdigo, que deixa de ser direito areo e passa a ser "direito aeronutico".

    O direito areo estava ligado ao direito do ar e o cdigo do ar. O problema que o ar, autilizao do ar no se d apenas para a navegao, mas tambm para as telecomunicaes. Porexemplo, a questo da telefonia celular, que trabalha com transmisses de sinais pelo ar. O artambm pode ser utilizado para espaonave, no direito espacial, para a transmisso de energiaeltrica. Ento, a expresso "direito areo" foi considerada extremamente genrica, abrangente.Na verdade o objetivo do cdigo no disciplinar o ar, as formas de utilizao do ar, mas sim otransporte por via area, feito em aparelhos denominados "aeronaves". Ento, abandonou-se aexpresso "direito do ar", "direito areo" por uma expresso mais precisa, prxima do que odireito aeronutico estuda. O direito aeronutico no estuda o ar. mas sim regras jurdicas quedisciplinam o transporte de coisas c pessoas. Se um direito que regula o transporte de coisas epessoas pelo ar, o referencial o objeto que realiza o transporte, a navegao area, que sechama aeronave. Da a substituio do direito "areo". Cdigo Brasileiro do Ar, por cdigobrasileiro de aeronutica e a CF/88 nessa linha, "direito aeronutico".

    3. Fontes

    O art. Io do CBA consagra a expresso (o direito aeronutico), tratando das fontes. Hleis. decretos, atos administrativos que tambm regulam o direito aeronutico. Legislao

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    complementar est prevista no cdigo (3). Por exemplo, aeronave tem registro, chamado deRegistro Aeronutico Brasileiro (R.A.B.).Normas complementares sobre este so legislaescomplementares. Os tripulantes de uma aeronave precisam ter as necessrias habilitaes paravoar e exames de sade. Essas normas que dizem respeito a isso tambm so consideradaslegislaes complementares. O prof. chama a ateno ao seguinte: o fato de existir contratoou conveno de que o Brasil seja parte,no significa que automaticamente da data da suaassinatura tenha um valor imediato no plano interno. Muitos tratados dependem de umnmero mnimo de adeses, s entram em vigor, por exemplo, quando obtiverem um nmeromnimo de adeses ou retificaes. No significa que o fato do Brasil assinar ato ou tratadointernacional j entram em vigor. No pode ser interpretado ao p da letra. Pode ser que notenha conseguido o nmero mnimo de adeses, no sendo considerado nem mesmo normainternacional. Alm disso, preciso que haja um processo de internacionalizao, que terminacom um Decreto do poder executivo, com a promulgao. Por isso, o 1 fala da aprovao pelocongresso nacional, a rigor. Entretanto, o CBA permite em alguns casos a aplicao provisriade algum tratado para evitar prejuzos. Por exemplo, se se tratar de uma conveno acerca dotrfego areo, enquanto o Senado no aprovar o presidente no promulgar, ele no poderia seraplicado. Logo, se for acordos internacionais referentes utilizao do trfego areo ou deprestao de servios areos bilateral, mediante clusula expressa, antes mesmo da aprovao docongresso nacional (Art. 204 a 214 CBA). o CBA permite a aplicao provisria.A rigor, o[ratado ou conveno sobre direito aeronutico somente vale internamente a partir da aprovaodo Congresso Nacional. Acima h excees.

    So fontes os Atos Internacionais (com toda a ressalva de vigncia no Brasil), o CBA e alegislao complementar. No faz meno o art. Io aos usos e costumes. O art. Io se referediretamente aos tratados, convenes, cdigos e legislaes. Ao falar cm legislaocomplementar, estamos falando de decretos, atos administrativos, leis aeronuticas especiais, nose referindo a costumes.Mas, ns podemos afirmar que o costume sim uma fonte de direitoaeronutico, embora no esteja prevista expressamente no art.l" CBA. Porm, o prprio art.85 CBA menciona o costume (R.A.B.: Registro Aeronutico Brasileiro). As aeronaves tm umregistro prprio tambm. O Reconhecimento de costumes ou prticas aeronuticas que podemser assentados, como as juntas comerciais podem tambm atentar para no curso de prticascomerciais. Respeitadas as fontes do art. Io, subsidiariamente, com a ressalva do art. 85. desdeque no as contrariem, podemos afirmar que os usos c costumes tambm so consideradosfontes. A lei reconhece a sua existncia expressamente no CBA e admite o seu assentamento. Euma fonte subsidiria mediata com base no art. 85. como os costumes mercantis tambm fontesdo direito comercial - de acordo com o Decreto 1800/96(Olha a analogia a).

    O CBA no prev como fonte, mas o prof. sustenta como fonte: jurisprudncia. obviamente fonte do direito, s que o art. 322 CBA fala em "juntas de julgamento daaeronutica". Essas juntas de julgamento da aeronutica so na verdade so juntas recursais queapreciam recursos administrativos em face de punies feitas pela autoridade aeronutica

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    (ANAC: Agncia Nacional de Aviao Civil). A ANAC pode autuar, atravs dos seus fiscaisuma pessoa e aplicar uma sano, o que geralmente multa, mas pode ser suspenso do trfegoareo, apreenso da aeronave. Dessas decises da ANAC, cabe recurso s juntas recursais. queesto dentro da prpria estrutura da ANAC. As decises das juntas recursais(dizendo: "Olha,cabe isso, no cabe; a junta afirmou a interpretao sobre o artigo tal) formam uma"jurisprudncia administrativa" que vai servir de fonte. Um exemplo: Se um voo e 50passageiros fizeram reclamao, no haver 50 punies, mas uma nica punio, que pode seragravada.Isso no est previsto em lei, mas a junta recursal da ANAC entende que h 50reclamaes, todas pelo mesmo caso. qual o entendimento? As reclamaes no vo dar ensejoa punies somadas. 1000 reais por cada passageiro? No! Pega tudo aquilo, todas referentes aomesmo fato, pronuncia-se uma nica deciso que pode servir como agravamento da multa, umamulta maior em relao ao nmero de reclamaes. Voc tem uma orientao da junta recursal daANAC.Ento, da autuao que um fiscal da ANAC faz. a transportadora tem o direito de recorrer junta recursal, que um colegiado. A jurisprudncia aquela especfica do direito aeronutico.No jurisprudncia perdida de qualquer assunto. No direito martimo, h o tribunal martimo.As decises deste tambm constituem jurisprudncias administrativas, que no caso de direitoaeronutico a junta recursal.

    4. Extraierritoralidadi

    O 2 do Ari. 1" diz respeito ao princpio da isonomia (Art. 5o CF: Brasileiros eEstrangeiros iguais na obrigao). Ento, o cdigo se aplica a todos, indistintamente. Mastambm aplicado no exterior, quando for admitida a sua exlraterritorialidade. Na verdade, alei no espao (principalmente no direito penal), a questo da extraterritorialidade (aplicao dalegislao brasileira fora do territrio brasileiro). Sobre essa questo, ns temos o art. 3o CBA.Quando se fala em extraterritorialidade. significa dizer que h aplicao da lei brasileira fora doterritrio brasileiro, do espao areo brasileiro (sobre o territrio brasileiro, inclusive marterritorial de 12 milhas).

    Toda aeronave tem nacionalidade. A nacionalidade da aeronave se d a partir da suamatrcula no rgo competente do Estado. Ento, a aeronave necessariamente precisa estarmatriculada no rgo competente de cada pas. Cada pas soberano designa o rgo competentepara a matrcula da aeronave. No caso do Brasil o RAB. Nacionalidade um atributo daaeronave. A nacionalidade decorre da matrcula do rgo competente (art. 108 CBA).

    A extraterritorialidade se aplica nas chamadas aeronaves militares, pblicas ou do Estado.

    Art. 3": Aplica-se a lei do pas em que a aeronave est matriculada se tiver a servio.Consideram-se situadas no pas onde est matriculada. Sc forem militares ou civis do Estado ou servio do Estado, gozam de extraterritorialidade. Mesmo fora do espao areo brasileiro,estaro sujeitas ao direito brasileiro.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    Ex.: Avio que traz o Sarko/.y, quando vem ao Brasil, uma aeronave do Estado. Logo, francesa. Ela est no areo brasileiro, mas a lei francesa. O Estado da sua nacionalidade, sendomilitar ou civil a servio do Estado ou de propriedade do Estado.

    As aeronaves civis privadas no gozam de extraterritorialidade (as chamadas comerciaislutu sens). Quando se aplica a lei brasileira? Quando em alto mar ou regio que no pertena aqualquer Estado. Se estiverem fora do espao areo de qualquer Estado soberano, aplica-se a leide sua nacionalidade. O CBA tambm aplicado no exterior.

    5. Conceito de Aeronave Art. 106 CBA

    um aparelho (uma mquina, coisa composta1) manobravel cm voo. A aeronave cumpreo seu papel, agregando uma srie de elementos, que formam um todo, diferente dos demais.Manobravel em voo um aspecto tcnico.

    Art. 2o. Quando o cdigo se refere autoridade aeronutica, ministrio da aeronutica,hoje a ANAC. A ANAC posterior ao cdigo. A agncia verificar atravs de lestes se manobravel em voo, recebendo um certificado de homologao (Art. 68, 2 CBA), recebendo oStatUS de aeronave. Para o advogado no interessa saber se manobravel ou no. uma anliseque no jurdica. E analisado o material com o que ele foi construdo, como ele foi construdo,se sustentvel ou no no ar, como ele pode ser manobrado. Antes do RAB, deve-se ter umcertificado.

    E um direito que cuida do transporte de coisas e pessoas pelo ar. Abandona-se aexpresso "areo" e passou a se utilizar "aeronutico". Caber a ANAC verificar todos osrequisitos. No basta voar. necessrio passar por resistncias tcnicas e transportar comsegurana.

    O espao acima da atmosfera (epi-atmosfrico) no reservado para o trfego deaeronaves. H uma limitao em lermos de altura. Se o aparelho vai alm da atmosfera, no entrano mbito do direito aeronutico (Art. 22,1 CF).

    Aula 2- 11/08/11 -Silvuna

    6. Natureza Jurdica

    .Art. 106. capui CBA: aparelho manobravel cm vo, que possa sustentar-se e circular no espaoareo, mediante reaes aerodinmicas, apto a transportar pessoas ou coisas.

    Art. 106. pargrafo nico CBA: no bem imvel, bem mvel registrvel - no registroaeronutico brasileiro - para efeito de atribuio de nacionalidade.

    H coisas simples e coisas compostas. A aeronave agrega peas, materiais.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    6.1. Matrcula: a prova da nacionalidade. A aeronave nacional do pais em que estmatriculada.

    6.2. Aeronavegabilidade: autorizao para voar, comprovada por meio de certificado. Constano certificado que a aeronave foi homologada, considerada segura de acordo com suas restries(tipo de vo, autonomia), da mesma forma que um veculo automotor.6.3. Transferncia por ato entre vivos: transferncias de aeronaves por ato inter vivos precisamser registradas, no bastando apenas a tradio.

    6.4. Constituio de hipoteca: constitui uma peculiaridade. A garantia real sobre uma aeronaveno penhor, embora seja bem mvel, hipoteca. O registro da hipoteca deve ser feito noRegistro Aeronutico Brasileiro, segundo o art.72, II.

    7. Classificao das aeronaves

    Art. 107. As aeronaves classificam-se em civis e militares.

    1 Consideram-se militares as integrantes das Foras Armadas, inclusive as requisitadasnaforma da lei, para misses militares (artigo 3o, I).

    2o As aeronaves civis compreendem as aeronaves pblicas e as aeronaves privadas.

    3 As aeronaves pblicas so as destinadas ao servio do Poder Pblico, inclusive asrequisitadas naforma da lei; todas as demais so aeronaves privadas.

    4o As aeronaves a servio de entidades da Administrao Indireta Federal, Estadual ouMunicipal so consideradas, para os efeitos deste Cdigo, aeronaves privadas (artigo 3o. II).

    5o Salvo disposio em contrrio, os preceitos deste Cdigo no se aplicam s aeronavesmilitares, reguladas por legislao especial (artigo 14. 6o).

    ,ss' Io Consideram-se militares as integrantes das Foras Armadas, inclusive as requisitadas nuforma da lei. para misses militares (artigo 3o, I).

    A Extraterritorialidade critrio para se aplicar o direito lei brasileiro sobre determinadaaeronave, bem. pessoa ou coisa mesmo fora do territrio brasileiro (mar territorial ou espaoareo).

    A extraterritorialidade tpica das aeronaves militares e das aeronaves do Estado.

    As aeronaves dos bombeiros e polcias militares so civis pblicas, no integrando asForas Armadas.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    As aeronaves privadas no gozam de extraterritorialidade, consequentemente, fora do altomar ou zona que no pertena a Estado soberano nenhum, ou seja, quando estiverem em espaoareo estrangeiro, submetem-se lei do Estado em que estiverem, e no lei de suanacionalidade. Desta forma, quanto s aeronaves civis privadas aplica-se a lei brasileira somenteem espao areo brasileiro ou alto mar ou territrio que no esteja sujeito a nenhum Estado.

    3o As aeronaves pblicas SOO as destinadas ao servio do Poder Pblico, inclusive asrequisitadas naforma da lei; todas as demais so aeronaves privadas.

    As aeronaves civis pblicas gozam de extraterritorialidade.As aeronaves pblicas so asdestinadas ao servio do Poder Pblico, por exemplo, as aeronaves da Polcia Militar.

    4 As aeronaves a servio de entidades da Administrao Indireta Federal, Estadual ouMunicipal so consideradas, para os efeitos deste Cdigo, aeronaves privadas (artigo 3, III.

    Exceo. ATENOSo aeronaves que esto a servio da Administrao Pblica Indireta (autarquias,

    fundaes, empresas pblicas e sociedades de economia mista). Mesmo estando a servio dessaspessoas jurdicas de direito pblico, so aeronaves privadas para os efeitos deste Cdigo, nogozando de extraterritorialidade. A aeronave est a servio da Administrao Pblica, mas oregime privado por expressa previso do Cdigo.

    EXEMPLO: Se uma aeronave vai para o exterior a servio da ANAC (autarquia federal) ou daPetrobrs (sociedade de economia mista) sujeita-se s leis do pas onde estiver.

    8. Da nacionalidade e matricula

    Em matria de direito aeronutico existe uma organizao internacional de fomento edesenvolvimento que coordena a realizao de convenes internacionais. uma organizaoespecializada da ONU, tal como a UNESCO. Denomina-se Organizao da Aviao CivilInternacional (OACI) com sede em Montreal. Canad.

    A OACI no foi a primeira organizao internacional, tendo sido criada durante a IIGuerra Mundial em substituio a C1NA - Comisso Internacional de Navegao Area,vinculada Liga das Naes (que daria lugar ONU). A OACI promove atos internacionais emMontreal com a participao de vrios pases, dando origem a protocolos e convenes.

    A representao do Brasil na OACI cabe ANAC. que indica os representantes dogoverno brasileiro.

    A Conveno de Chicago, tambm chamada de Conveno da Aviao CivilInternacional (anterior OACI - dcada de 40). estabelece uma regra fundamental, j editadapela C1NA. de que toda aeronave deve ter uma nacionalidade. Na verdade, tal regra vem desde a

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    Conveno de Paris, 1919, a primeira conveno em direito aeronutico, que estabeleceu asbases do direito aeronutico.

    Segundo alguns dos princpios da Conveno de Chicago, reproduzidos pelo CdigoBrasileiro de Aeronutica:

    Toda aeronave dever ter uma matrcula que atribuir a ela nacionalidade. E vedada a dupla matrcula, ou seja. vedada a dupla nacionalidade.

    Art. 108. A aeronave considerada da nacionalidade do Estado em que esteja matriculada.

    A matrcula atribui nacionalidade aeronave. No Brasil, o rgo competente oRegistro Aeronutico Brasileiro (RAB), que integra a estrutura organizacional da ANAC. No rgo autnomo na Administrao Pblica Federal.

    Ari. 109. O Registro Aeronutico Brasileiro, no ato da inscrio, aps a vistoria tcnica,atribuir as marcas de nacionalidade e matrcula, identificadoras da aeronave.

    1 A matricula confere nacionalidade brasileira aeronave e substitui a matriculaanterior, sem prejuzo dos atos jurdicos realizados anteriormente.

    2 Sero expedidos os respectivos certificados de matrcula e nacionalidade e deaeronavegabilidade.

    A vistoria tcnica requisito para a emisso do registro de aeronavegabilidade. Estandoem condies, a aeronave receber dois certificados: o certificado de nacionalidade e matrcula eo certificado de aeronavegabilidade, sendo o primeiro permanente e o ltimo, temporrio.

    Por questes de segurana, diz o art. 114. caput:

    Art. 114. Nenhuma aeronave poder ser autorizada para o vo sem a previa expedio docorrespondente certificado de aeronavegabilidade que s ser vlido durante o prazo estipuladoc enquanto ohseivadas as condies obrigatrias nele mencionadas (artigos 20 e 68. 2).

    A aeronave no pode voar sem certificado de aeronavegabilidade ou com o mesmovencido, podendo ser apreendida e ser autuada pela ANAC com emisso multa por infrao.

    Art. 109. 1 A matricula confere nacionalidade brasileira aeronave e substitui amatricula anterior, sem prejuzo dos atos jurdicos realizados anteriormente.

    H a vedao a dupla matrcula. A matrcula no RAB representa a perda da matrculaanterior. A matrcula causa de aquisio e perda de nacionalidade.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    9

  • Direito Aeronutico

    An. 112. As marcas de nacionalidade e matrcula sero canceladas:

    I - a pedido do proprietrio ou explorador quando deva inscrev-la em outro Estado, desdeque no exista proibio legal (artigo 75 e Pargrafo nico);

    II - ex officio quando matriculada em outro pais;

    Feita a matrcula no RAB sero expedidos dois certificados:

    Art. 109. 2o Sero expedidos os respectivos certificados de matrcula e nacionalidade e deaeronavegabilidade.

    A aeronave, necessariamente, ter marcas de matricula e nacionalidade. H umapadronizao internacional. A Conveno de Chicago, em um de seus anexos, estabeleceumarcas (letras ou nmeros) de nacionalidade para cada pas. A matrcula dada por 3letras, no caso do Brasil, sendo atribudas pelo RAB.

    Para o Brasil: PP, PT, PR, PQ - trs letras

    Para Portugal: CS

    Para Frana: F - quatro letras

    Para Alemanha: D

    Art. 110. A matricula de aeronave j matriculada c/n outro Estado pode ser efetuada pelo novoadquirente, mediante a comprovao da transferncia da propriedade; ou pelo explorador.mediante o expresso consentimento do titular do domnio.

    O caput deste artigo no autoriza a dupla nacionalidade, pois a matrcula no Brasilcancela a matricula anterior.

    Os art. 110 c 111 so complementares, tratando de matrcula definitiva e provisria.Quando da transferncia definitiva da aeronave para explorao no Brasil, havendoconsentimento do proprietrio ou documento que comprove a transferncia de propriedade,atribui-se matricula definitiva.

    H hipteses em que a aeronave pode vir a operar no Brasil por quem no sejaproprietrio, como, por exemplo, nos casos de aeronaves que so dadas em arrendamento ouarrendamento mercantil. Nestes casos, o arrendatrio, que o operador - tambm chamado deexplorador, no seu proprietrio, e sua explorao em territrio brasileiro est sujeita a uma

    UFRJ - FND- 2011.2 - Transcrio

    10

    I

  • Direito Aeronutico

    condio temporal, estando vinculada a um contrato. Por isso, atribui-se a esta aeronave umamatrcula provisria.

    Art. 111 A matricula ser provisria quando:

    I - feita pelo explorador, usurio, arrendatrio, promitente-comprador ou porquem. sendopossuidor, no tenha a propriedade, mas tenha o expresso mandato ou consentimento do titulardo domnio da aeronave;

    II - o vendedor reseiva, para si a propriedade da aeronave at o pagamento total dopreoou ale o cumprimento de determinada condio, mas consente, expressamente, que o compradorfaa a matricula.

    Io A ocorrncia da condio resolutiva, estabelecida no contraio, traz comoconseqncia o cancelamento da matrcula, enquanto a quitao ou a ocorrncia de condiosuspensiva autorizaa matricula definitiva.

    2 O contrato de compra e venda, a prazo, desde que o vendedor no reserve para si apropriedade, enseja a matricula definitiva

    Havendo compra com reserva de domnio do vendedor, tambm ser atribuda matrculaprovisria.

    Resolvida a condio, por exemplo, pela aquisio do domnio, compra e vendadefinitiva, cancela-se a matrcula provisria, e esta vira definitiva. Extinto o contrato semaquisio de domnio, cancela-se a matricula provisria, e poder ser matriculada em outroEstado. preciso deixar claro que provisria pode se converter em definitiva, mas pode no seconverter.

    No caso de compra e venda a prazo, no havendo clusula de reserva de domnio,transfere-se a propriedade, ensejando matrcula definitiva.

    8.1. Cancelamento da nacionalidade e da matrcula - Art. 112 CBA

    A matrcula ser cancelada, e por conseguinte, a nacionalidade, quando a aeronave fortransferida para o exterior, seja por ato voluntrio, seja por ato coercitivo.

    Nos casos de abandono ou perecimento no h transferncia. De acordo com o art. 120.so causas de perda da propriedade da aeronave.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    11

  • Direito Aeronutico

    O Cdigo Civil estabelece modos de aquisio da propriedade mvel, por exemplo, pelaadjuno, e modos de perda da propriedade. O CBA estabelece modos peculiares para aeronaves.Desta forma, a lei civil ser aplicada subsidiariamcnte.

    Dentre os modos de perda da propriedade de aeronaves esto o abandono, que pode serexpresso ou tcito, podendo ensejar usucapio, e o perecimento, que pode ser fsico oupresumido. Nos casos de perecimento fsico ou real, sabe-se que a aeronave pereceu, hdestroos da aeronave, e no possvel recuper-la, d-se a perda total - quando cancela-sedefinitivamente a matrcula.

    Art 120. Perde-se a propriedade da aeronave pela alienao, renncia, abandono, perecimento,desapropriao e pelas causas de extino previstas em lei.

    Io Ocorre o abandono da aeronave ou de parte dela quando no for possvel determinarsua legtima origem ou quando manifestar-se o proprietrio, de modo expresso, no sentido deabandon-la.

    2 Considera-se perecida a aeronave quando verificada a impossibilidade de suarecuperao ou aps o transcurso de mais de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data em quedela se leve a ltima noticia oficial.

    3 Verificado, em inqurito administrativo, o abandono ou perecimento da aeronave, sercancelada ex officio a respectiva matrcula.

    O perecimento presumido toma-se mais raro por conta do avano tecnolgico no sentidode possibilitar a localizao da aeronave por meios cada vez mais precisos. A lei considera umprazo de durao entre a falta de notcias e no se encontrarem destroos que possa evidenciarum perecimento fsico. De acordo com o art. 120, 2o, in fine, este prazo de 180 dias a contarda ltima notcia. Aberta a investigao pelo Comando da Aeronutica, verificando-se que foiconstatada a falta de notcias, o rgo aeronutico oficia ao RAB para cancelar a matrcula.

    9. Propriedade - aquisio e perda

    9.1. Aquisio- An. 115CBA

    /. CONSTRUO

    O modo originrio de aquisio de propriedade de uma aeronave sua construo. Essaconstruo pode ser feita de duas formas, segundo o art. 116.

    A forma mais comum a empreitada, quando encomenda-se a construo. O CBAnomeia esses contratos como contratos de construo, que esto citados nos artigos 125 e 126.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    12

  • Direito Aeronutico

    Tecnicamente, trata-se de um contrato de empreitada. O CBA no dispe sobre o contratocm si, sobre os direitos e obrigaes das partes, por exemplo. Desta forma, regula-se o negciojurdico pelo contrato de empreitada. A peculiaridade deste contrato a necessidade de suainscrio no RAB. Um exemplo prtico o seguinte: uma aeronave em construo pode ser dadaem hipoteca, pois j tem um valor. S pode d-la em hipoteca seu proprietrio. Sem inscrever ocontrato de construo no RAB, no pode dar a aeronave em hipoteca, o direito pessoal. Umavez inscrito no RAB. o proprietrio tem direito erga omnes. real. Ver art. 118 CBA.

    No caso de construo de aeronave por conta prpria, a inscrio do projeto no RAB voluntria, entretanto, se no feito, o bem no pode ser alienado, isto , o construtor no podedispor nem dar o bem em garantia.

    // - USUCAPIO OUPRESCRIO AQUISITIVA - An. 116/117 CB IArt. 116. Considera-se proprietrio da aeronave a pessoa natural oujurdica que a tiver:

    III - adquirido por usucapio, porpossui-la como sua. buscada em justo titulo e boa-f. seminterrupo nem oposio durante 5 (cinco) anos;

    An. 117. Para fins de publicidade e continuidade, sero tambm inscritos no RegistroAeronutico Brasileiro:

    VII- as sentenas declaratrias de usucapio.

    Tambm modo de aquisio de propriedade mvel previsto no Cdigo Civil. considerado pela maioria da doutrina como modo de aquisio derivado, pois decorre da inrciado proprietrio. Havendo uma aeronave registrada, mas cujo proprietrio no exerce sobre elapoderes, estando faticamente abandonada, aps o decurso de um prazo, a lei admite que umterceiro possa vir a usucapi-la, mediante sentena declaratria. A peculiaridade no caso dasaeronaves diz respeito ao prazo e ao animus.

    No cdigo civil, h prazos de 3 e 5 anos para a usucapio, enquanto no CBA o prazo de5 anos (art. 116,111).

    O CBA no prev a usucapio sem justo ttulo ou boa f. Para o CBA, toda usucapio deaeronave ordinria. H apenas uma modalidade de usucapio.

    A sentena declaratria de usucapio deve ser averbada no RAB. No basta atingir 5anos.

    UFRJ - FND- 2011.2 - Transcrio

    13

  • Direito Aeronutico

    /// - DIREITO HEREDITRIO OUSUCESSO CAUSA MOR71S

    Art, 1/7. Para fins de publicidade e continuidade, sero tambm inscritos no RegistroAeronutico Brasileiro:

    VI - as sentenas ou atos de adjudicao, assim como os formais ou certides de partilhana sucesso legitima ou testamenlria;

    Nesse caso. uma aeronave integra uma herana ou est discriminado em testamento,sendo um legado. Havendo sucesso, deve-se fazer um inventrio, que pode ser extrajudicial(feito por um tabelio) ou judicial. Findo o inventrio judicial ou lavrada a escritura de partilhada herana, o herdeiro deve levar a escritura ao RAB. No se trata de aquisio de propriedade, oque j aconteceu por conta da sucesso, mas de publicidade. No inventrio judicial, o formal departilha levado ao RAB para a mesma providncia, (art. 117, VI)

    IV-ATOS INTER VIVOS

    Art. 117. Paru fins de publicidade e continuidade, sero tambm inscritos no RegistroAeronutico Brasileiro:

    IV - as sentenas de dissoluo ou liquidao de sociedades, em que haja aeronaves apartilhar;

    2"Os ttulos translativos da propriedade de aeronave, por ato entre vivos, no transferem oseu domnio, seno da data em que se inscreverem no Registro Aeronutico Brasileiro.

    Art. 121. O contrato que objetive a transferncia da propriedade de aeronave ou a constituiosobre ela de direito real poder ser elaborado por instrumentopblico ou particular.

    Pargrafo nico. No caso de contrato realizado no exterior aplica-se o disposto no artigo73. item III.

    Nos atos intervivos dado aeronave tratamento semelhante aos bens imveis. Isto

    porque se adquire a propriedade da aeronave por inscrio do ttulo de transferncia no RAB. Atradio no transfere a propriedade, mas a posse direta. Tal equiparao no absoluta. Osimveis exigem transferncia pblica, enquanto a transferncia da aeronave pode ser feito porinstrumento pblico ou particular.

    O registro no RAB em funo de ato intervivos constitutivo da propriedade, enquantono direito hereditrio declaratrio.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    14

  • Direito Aeronutico

    I" Na transferncia da aeronave esto sempre compreendidos, salvo clusula expressa emcontrrio, os motores, equipamentos e instalaes internas.

    No caso do art. 115, Io, acessrio segue principal.

    V- POR TRANFERNCIA LEGAL

    Art. 115. Adquire-se a propriedade da aeronave:

    V- por transferncia legal (artigos 145 e 190).

    A transferncia legal ocorre nos casos dos artigos 145 e 190. A transferncia dapropriedade da aeronave, em geral, se d pela vontade do alienante. No caso da transferncialegal, se d por fora de lei, independentemente da manifestao de vontade do proprietrio. Huma expropriao por fora de lei.

    O art. 145 trata da hipoteca real, uma garantia sobre a aeronave, mesmo em construo. Ahipoteca , em geral, constituda por vontade do proprietrio, que grava a aeronave, dando comogarantia a um ou mais credores. Em certas situaes, a simples existncia de uma dvida, aindaque o devedor no manifeste a inteno de dar a aeronave em garantia faz com que haja umahipoteca. a chamada hipoteca legal.

    O prprio Cdigo Civil traz alguns exemplos. Numa partilha, um irmo ter para siatribudo um bem indivisvel, mas dever pagar o equivalente a 50% do mesmo a outro irmo, achamada toma ou reposio da partilha. O herdeiro tem hipoteca legal sobre tal bem, sendocredor hipotecrio daquele imvel que foi atribudo por inteiro ao co-herdeiro, no valor de 50%.

    Art. 144. Ser dada em favor da Unio a hipoteca legal das aeronaves, peas e equipamentosadquiridos no exterior com aval, fiana ou qualquer outra garantia do Tesouro Nacional ou deseus agentes financeiros.

    Por exemplo, uma pessoa jurdica obtm financiamento para adquirir uma aeronave noexterior. Se este financiamento tiver garantia da Unio ou de um agente financeiro, no se trataapenas de garantia pessoal, mas de garantia real sobre aquela aeronave.

    Art. 145. Os bens mencionados no artigo anterior sero adjudicados Unio, se esta o requererno Juzo Federal, comprovando:

    I - a falncia, insolvncia, liquidao judicial ou extrajudicial, antes de concludo opagamento do dbito garantido pelo Tesouro Nacional ou seus agentes financeiros;

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    15

  • Direito Aeronutico

    A adjudicao (entrega) dos bens que estavam em hipoteca legal possvel porque houvetransferncia legal dado o inadimplemento da obrigao, pela falncia, insolvncia ou liquidaodo devedor.

    Art. 120. Perde-se a propriedadeda aeronavepela alienao, renncia, abandono, perecimento,desapropriao e pelas causas de extinoprevistas em lei.

    A alienao causa de perda e aquisio de propriedade.

    Renncia ato de vontade em que se deixa de exercer o direito de propriedade.

    A desapropriao se d por ato do poder pblico, sendo a aeronave necessria ao interessepblico, passando a ser um bem pblico, integrando o patrimnio do estado mediante pagamentode indenizao.

    Aula 3-15/08/11-Aline

    10. Explorao da aeronave

    10.1. Conceito

    O Art. 122 CBA trata pessoa que explora a aeronave. A idia de que a pessoa que explorao faz necessariamente com finalidade econmica, lucrativa errada. Essa associao indevida.Empresrio explora a empresa, organiza a empresa. O explorador tambm pode usar comfinalidade econmica, mas isso no um requisito imprescindvel do conceito de explorador.Isso no um elemento essencial do conceito de explorador.

    Observao prvia: CUIDADO com o termo, "explorador" no necessariamente aquele queusa transporte para lucrar! No necessariamente aquele que usa a aeronave para realizartransporte de passageiro ou de carga para lucrar com a cobrana pela utilizao da aeronave notransporte.

    Proprietria ou no: Pode ser proprietria da aeronave que explora ou apenas possuidora.

    Legitimamente: ou seja: se proprietria, tem o domnio (documento escrito que comprova odomnio daquela aeronave); se no for proprietria, tem documento que legitima a sua posse, umdocumento que legitima que ela est autorizava a utilizar, operar a aeronave.

    Pode o explorador utilizar a aeronave para uso prprio mesmo, sem fim lucrativo.

    Ex.: se um empresrio, uma pessoa fsica, tem a sua aeronave particular, a utiliza para usoprprio para lev-lo ao trabalho, um helicptero para leva-lo de frias, sem usar essa aeronavecom finalidade lucrativa. Ele no utiliza essa aeronave como um bem dentro de uma empresa denavegao area, ele usa essa aeronave para atividade privada, para atividade particular. Nessa

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    16

  • 17

    Direito Aeronutico

    situao mesmo assim ele denominado explorador. A noo de explorador no pressupenecessariamente a utilizao com fins lucrativos, econmicos.

    10.2. Espcies de explorador: Art. 123 CBA

    A) Explorador proprietrio - Inciso II

    Realmente dono. Tem o seu nome inscrito no R.A.B. como proprietrio daquela aeronave.Posso ter explorador proprietrio que opera a aeronave por conta prpria com ou sem finalidadelucrativa.

    O Art. 174 CBA trata dos servios areos. Eles podem ser privados ou pblicos. Lembre-seque o explorador proprietrio usa aeronave em servio areo privado, que de acordo com adefinio do Art. 177 CBA so aqueles realizados sem fim lucrativo, sem remunerao embeneficio do prprio proprietrio da aeronave ou de pessoas que ele indica para se beneficiaremdessa aeronave. Ela no utilizada, portanto, em contrato de transporte. NOS SERVIOSAREOS PRIVADOS NO H UM CONTRATO DE TRANSPORTE AREO (j que no hremunerao). A aeronave utilizada para finalidades no lucrativas.

    O CBA exemplifica as atividades que so consideradas servios areos privados no Art.177 CBA:

    I - Recreio ou desportivas: ultraleve utilizado para a prtica desportiva ou de recreio se nele nose cobra para utiliz-lo.

    II - De transporte reservado ao proprietrio ou operador da aeronave: Pessoa que usa o seujatinho para trabalho, transporte reservado ao proprietrio da aeronave sem remunerao: aemissora de TV que tem o helicptero para realizar as filmagens (quem embarca ali no paga) servio areo privado. Estamos presumindo que a sociedade seja dona da aeronave, ou seja, queela no seja arrendada, alugada, fretada.

    III - Servios areos especializados, realizados em beneficio exclusivo do proprietrio ouoperador da aeronave. Vide Art. 201.

    Ex.: Controle de praga, fotografia area para a publicidade area, aeronave das escolas deaviao.

    Obs.: Os servios areos privados no dependem de qualquer autorizao governamental, nodependem de permisso, concesso ou autorizao. Basta que a aeronave esteja homologada,matriculada no R.A.B. e que sejam cumpridas as normas da ANAC. No servio publico e porisso no h que se falar em delegao de servio pblico. Mas, em relao tripulao e aaeronave temos que seguir as regras da ANAC. Se usar aeronave no servio areo especializadono matriculada no R.A.B. a Sano poder ser multa e eventualmente a apreenso da aeronave.Temos aqui a questo da segurana do voo.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    Os servios areos pblicos (Art. 175 CBA ) so aqueles que so feitos comremunerao. No aquele que feito por pessoa jurdica de direito pblico c sim aquele que feito mediante remunerao.

    Ex: Cobra pra fazer filmagens areas, escola de aviao que cobra para fazer adestramento eformao de pessoal.

    Ento, o pblico pode ser o privado que cobrado o transporte, carga, mala postal,passageiro domstico ou internacional. Temos o usurio do servio, aquele que paga pelarealizao do servio que pode ser de transporte ou servio especializado (aerofotogrametria).Temos uma relao contratual, uma relao onerosa. O legislador entendeu que isso um serviopblico. Por isso, alm de todas as providencias quanto aeronave, manuteno, tripulao (quevisam a segurana do voo) o empresrio, pessoa que vai explorar o servio areo publico(mediante remunerao) precisa de uma "autorizao" do poder pblico para exercer essaatividade (Art. 180 CBA). Nesse caso o servio areo publico exercido mediante delegao.SOMENTE AUNIO pode delegar ao particular a realizao de servios areos pblicos.

    O rgo competente para essa delegao a ANAC. Quando se tratar de transporte areoregular (aquele q obedece a rotas e horrios previamente autorizados) mediante concesso.Quando no tem isso previamente definido, temos o transporte areo no regular. Um exemploseria Txi areo (no tem horrio fixo e pode fazer rotas alternativas). No transporte areo noregular a modalidade de autorizao. A mesma coisa nos servios areos especializadospblicos.

    Ex: Quer abrir uma escola de aviao e arrendou quatro aeronaves para fazer os vosexperimentais. Precisa do que? De autorizao da ANAC porque escola de aviao, porque servio areo especializado, para realizar o meu atividade (servio areo pblico especializado).Ex.2: Quer criar uma sociedade de transporte areo que vai operar no transporte regular. Precisado que? De uma concesso da ANAC. VRG linhas areas vai precisar da concesso da ANAC. AAzul que surgiu precisa de concesso.

    No direito aeronutico temos restries para a obteno da concesso. o mercadonacionalista. Isso bastante criticado por causas das exigncias que esto no art. 181 CBA.Inclusive, isso est criando problemas na fuso da TAM e da LAN. Se for fuso, surgir umanova sociedade que precisar da concesso da ANAC.

    Inciso 1: sede no Brasil;

    Inciso II: pelo menos 80 % do capital com direito a voto pertencente a brasileiros natos ounaturalizados, j que a lei no faz distino. Logo, estrangeiro pode, mas s at 20 %. Aqui mais restrito que na CRFB. Vide Art. 222 CF.

    Inciso III: Os conselhos da administrao tm que ser formados necessariamente por brasileiros.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    18

  • Direito Aeronutico

    Estamos diante de um mercado regulado. A atuao do empresrio tem uma serie delimitaes. Muitas atitudes que o empresrio pratica para exercer a sua empresa podem serrecusadas, podem no ser autorizadas pelo governo. Ento, embora, a CRFB diga que eu possoexercer livremente qualquer atividade econmica, no setor areo concesso existe uma srie delimitaes, exigncias. No mercado no regulado pode ter 100% de capital estrangeiro desde quea sociedade tenha sede no Brasil. Pode ler direo exclusiva de estrangeiro desde que a sede sejano Brasil.

    Os atos constitutivos das sociedades do art. 181 (concessionrias) e do art. 182(autorizao), bem como as suas modificaes, alteraes contratuais antes de seremapresentados junta comercial dependem de aprovao da autoridade aeronutica. H umainterferncia do Estado. Tem que submeter a ANAC antes de levar a junta comercial. Isso regulao para verificar aprovao prvia.

    A aprovao no assegura sociedade qualquer direito em relao a concesso ouautorizao. A sociedade deve remeter a ANAC relao dos seus acionistas e transferncias dasaes. A autoridade aeronutica poder determinar que as transferncias dependessem deaprovao prvia. As empresas de que tratam os art. 181 e 182 dependem de autorizao parafundir-se ou incoiporar-se. Os art. 184 a 186 trazem uma serie de medidas que representam ainterveno do estado no servio areo pblico. Ento, em determinadas situaes o empresrio,para o servio areo pblico, pode sofrer a interferncia da agncia reguladora. A justiacompetente pra questionar o excesso de regulao ( interveno a livre iniciativa) a JUSTIAFEDERAL. Existe sim uma regulao pesada prevista no CBA.

    A remunerao a principio direta, mas se a atividade exercida sem remunerao fsica,mas com remunerao indireta, nesse caso a ANAC pode aplicar multas.

    Ex: No se submete s exigncias de concesso ou autorizao, mas realiza um transporte noremunerado que tem vantagens indiretas se a ANAC verificar que h uma simulao, ou seja,que h uma remunerao embutida naquilo ela pode aplicar pena de multa obrigando que soliciteautorizao ou concesso (utiliza a aeronave sem pagamento de remunerao formal mas comvantagens indiretas - o prprio cdigo civil diz que o contrato de transporte em que hajavantagens indiretas considerado contrato de transporte). Tem que ter total liberalidade, totalcortesia para no ser considerado contrato de transporte.

    servio areo privado o explorador proprietrio que atua em servio areo privado eque, consequentemente, a ele se aplicam as normas referentes a segurana da aeronave do voo.No se aplicam as normas de regulao da atividade porque ela no remunerada. J no pblicotemos a regulao da atividade.

    No servio areo pblico, h duas relaes distintas:

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    19

  • Direito Aeronutico

    - Relao de direito pblico rcgulatrio entre ANAC e o autorizado/ concessionrio -^ normasregulatrias. Vide Art. 175 I CBA.

    Ex: Entre a ANAC e a TAM concessionria.

    - Empresrio e o usurio -> relao de direito privado ( consumo/ no consumo), mas essencialmente relao contratual. Vide Art. 175 2 CBA.

    Obs.: A ANAC responsabilizada? Eparte no contrato de transporte areo?

    No parte, mas pode ser responsabilizada por omisso dentro da sua competncia eespecialmente dentro das finalidades da regulao. Uma das finalidades da regulao atenderaos interesses e respeitar os direitos dos usurios dos servios.

    Dizer que a ANAC responsabilizada porque e que a ANAC responsabilizada porqueno deu assistncia material incorreto. A ANAC responsabilizada porque deixou de autuar,apurar, fiscalizar. A omisso deve ser provada. Ela no integra o contrato, no fornecedora deservio. A fornecedora a transportadora area. Tem que dizer que existe um dano praticadopela transportadora area que tem em relao ANAC, uma atitude de omisso em relao auma efetiva punio ou fiscalizao que tem que haver e no h. Ela pode ser responsabilizadapelos Art. 37 6 CRfcFB ( por omisso) responsabilizada como autarquia. No invocar CDCnem CBA.

    B) O proprietrio que no depende de autorizao/ concesso para realizar a sua atividade(privada sem fins lucrativos) - Inciso I

    C) Fretamento - Inciso 111

    O fretamento um contrato de utilizao da aeronave. E como se aeronave servisse comotaxi, que est a sua disposio por viagens ou por certo perodo. O passageiro do txi no pagacombustvel.

    O Afretador (o que freta) no tem responsabilidade por pagar combustvel, tripulao. Cabeao afretador somente embarcar, ou se for agncia de viagens, colocar os seus passageiros e pagara remunerao. Possui papel passivo em relao aeronave, de sujeio. No tem autoridadesobre a tripulao. No tem responsabilidade, no tem a conduo tcnica. Papel passivo quantoa gesto da aeronave, seja humana seja tcnica.

    O fretador (explorador da aeronave) se obriga durante determinado tempo ou por viagem acolocar a aeronave tripulada em condies de operao. Isso tudo mediante remunerao.

    Ex: A aeronave est proibida de realizar voo noturno, uma regra do fretamento que ficouestabelecido^ 0 afretador no pode dizer que quer sair agora porque o fretador reservou para si aautoridade sobre a tripulao. Com isso, percebemos que podem existir algumas limitaes.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    20

  • s\***"Direito Aeronutico

    Explorador arrendatrio

    O arrendatrio aquele que adquire a conduo tcnica e tem autoridade sobre atripulao. Tem papel ativo. Tambm tem responsabilidade, o explorador. O arrendador tempapel passivo.

    Na Ausncia de publicidade legal (art. 124 2 CBA), quando a lei expressamenteresponsabilizar tambm o proprietrio. casode responsabilidade solidria.

    No explorador proprietrio no tem contrato de utilizao, na concesso ou autorizao -temos contrato de delegao de servio pblico.

    Ex: Tenho uma aeronave que est passando, que objeto de leasing, de arrendamento, a TAM exploradora no em virtude de contraio de utilizao, mas em virtude de concesso dada pelaANAC. Quando o art. 124 fala em qualquer contrato de utilizao, devemos interpretar que salvonas hipteses do art. 123 II vamos precisar na inscrio do documento no RAB. Com isso, oresponsvel ser apenas o explorador. At o registro no RAB o proprietrio ser consideradoexplorador ( 1). Se que h explorao de fato haver solidariedade ( 2).

    A ausncia de publicidade legal faz com que exista explorador de fato. Com isso, teremosa solidariedade. Ainda que o proprietrio no opere de fato, de direito ele continua sendoexplorador.

    Alm de a vtima poder demandar o proprietrio explorador solidariamentc pelaindenizao, a ANAC pode aplicar uma multa e exigir o pagamento dessa multa dos dois pelaausncia de publicidade legal. Logo, essa responsabilidade por infrao ou dano resultante daexplorao da aeronave pode ser tambm uma responsabilidade administrativa.

    //. Contratos de utilizao da aeronave

    11.1 Arrendamento (Art. 127 e seg.)

    A) Conceito: Ocorre quando uma das partes chamada de arrendador se obriga a ceder a outra portempo determinado o uso e gozo de sua aeronave ou de seus motores mediante certa retribuio.

    O Motor no aeronave, mas a lei permite que sejam objeto de contrato separadamentedas aeronaves. possvel dar hipoteca ou arrendamento apenas para os motores.Nesse caso,chamamos o motor de pertena ( partes que integram o todo mas no perdem a suaindividualidade, ou seja, pode ser dela retirado e ser separadamente objeto de direito)

    B) Classificao: Contrato oneroso, consensual, bilateral, comutativo ( Art. 129 e 130 -obrigaes certas), de execuo sucessiva. Esse contrato ser inscrito no RAB porque transfere aexplorao. A inscrio obrigatria, de acordo com o art. 128. No fretamento, de acordo com oart. 134. a inscrio no RAB facultativa porque no transfere a explorao.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    tf*Wei\V& *aM^4j0irrOvk)

    21

  • Direito Aeronutico

    C) Subarrendamcnto: O arrendatrio pode transferir mediante subarrendamento a aeronave paraterceiros, mas o arrendador deve autorizar. Alm disso, tem que inserir no RAB. Se no fizerisso, respondem solidariamente (ausncia de publicidade legal). O arrendador tambm serresponsvel, para assegurar maior proteo a vitima. Sempre havendo irregularidade naexplorao, os trs respondem. O arrendador pode se valer de ao de regresso (se forresponsabilizado).Ao proibir o subarrendamento sob clusula resolutiva expressa no contrato, oarrendador fica excludo (no risco integral).O arrendador pode se valer de ao deresponsabilidade.

    Ex: Caso ele tenha proibido e a responsabilidade seja solidria entre o arrendatrio e osubarrendatrio. A aeronave do arrendador , ela um bem . uma coisa que pode ter sofridoalgum dano. Ele tem direito a ao de responsabilidade contratual (arrendatrio ) eextracontratual ( subarrendatrio) pelos danos causados.

    ~D) Obrigaes do Arrendado!- Art. 129 CBA

    um rol exemplificalivo, trazendo as obrigaes essenciais. O contrato pode trazeroutras obrigaes. No pode perturbar a posse do arrendatrio; ter a aeronave arrendada cmcondies de voo ; Documentao e toda manuteno em dia. de modo que o arrendatrio noseja responsabilizado por terceiros ou pela Agncia por questes administrativas. Trata-se deresponsabilidade contratual do arrendador.

    E) Obrigaes do Arrendatrio - Art. 130 CBA

    Pagar o aluguel, fazer uso para o destino nela convencionado, cuidar dela como se suafosse. No contrato de deposito, mas tem responsabilidade de uso e manuteno. No pode serresponsabilizado pelo desgaste natural do bem. Isso fica diludo nas prestaes do aluguel. Soprestaes altssimas porque no se baseia apenas na utilizao, tambm no desgaste natural.

    Obs.: O arrendatrio pode pedir resoluo do contrato e perdas e danos se receber alguma sanopela agncia ou terceiros por falha na documentao ou na manuteno.

    Obs.2: O arrendador pode limitar horas de vo, pode exigir manuteno em determinadostempos, exigncias tcnicas cm relao a tripulao ou as rotas.

    Aula 4 - 22/08/11 - Amanda

    11.2. Fretamento

    A) Conceito:No arrendamento, o arrendatrio tem a operao (explorao) da aeronave e no

    fretamento o oposto, o fretador no transfere a operao da aeronave. Ento, enquanto noarrendamento o arrendatrio o explorador (art. 123. IV), no fretamento o explorador ofretador (art. 123, III). Justamente por isso, o contrato de fretamento de uma aeronave no

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    22

  • 23

    Direito Aeronutico

    precisa ser inscrito no RAB, a inscrio facultativa (no h proibio nem obrigatoriedade deinscrio do contrato para fins de publicidade, conforme o artigo 134). No arrendamento ocontrrio, obrigatria a inscrio (art. 12S).

    O fretador quem permite a utilizao da aeronave por terceiro (afretador recebimentoimprprio), em uma cesso imprpria porque continua com controle da aeronave. No fretamentoa remunerao paga pelo afretador chamada de frete c no arrendamento de aluguel, porque ocontrato de arrendamento similar a um contrato de locao de aeronave (mas a locao nopressupe explorao). O contrato de fretamento pode ser a tempo ('time charter'), no qual oreferencial no o nmero de viagens, mas o tempo em que a aeronave estar disposio doafretador. Ou, ento pode ser o 'voyaee charter' ("uma ou mais viagens preestabelecidas"), queso as rotas), conforme o artigo 133. Isto as partes estabelecem.

    A diferena mais importante entre os dois contratos a de que no fretamento reserva-seao fretador o controle^sbreajTJp eacpnduo tcnica da aeronave (art. 133), e noarrendamento quem tem essa prerrogativa o arrendatrio. Ou seja, no fretamento o papel doafretador de submisso ao fretador, de aceitao das condies que so estabelecidas nocontrato, enquanto no arrendamento o arrendatrio tem efetivamente um poder de utilizao daaeronave, autoridade sobre o comandante, gesto tcnica da aeronave (manuteno). O afretadors utiliza, embarca os passageiros e se submete s condies, mas possvel combinar horrios,rotas, dependendo das limitaes, mas a autonomia pouca.

    B) Obrigaes do fretador - An. 135 CBA

    I - custos com a manuteno, combustvel, seguro, impostos, tripulao (inclusive hospedagem)correm por conta do fretador, assim como os documentos necessrios e o estado deaeronavegabilidade. Ento, se ocorrer um acidente e depois se verificar que a aeronave noestava com a documentao e vistoria em ordem, a responsabilidade do fretador(responsabilidade contratual);II - "Time charter ou Voyage charter". O fretamento sai mais caro, porque o afretador no sepreocupa com nada (o arrendatrio paga por tudo isso). diferente do txi areo porque este coletivo e no exclusivo do afretador.

    B) Obrigaes do Afretador - Art. L36 CBA

    I - dificilmente, o afretador vai descumprir o contrato e suas obrigaes, utilizando a aeronaveem desacordo com as regras estabelecidas, porque, para isso ele vai precisar da conivncia docomandante e este preposto do fretador (tem a autoridade da aeronave), o afretador no temautoridade sobre o comandante;II - a obrigao do muito pequena, basicamente consiste em pagar o frete, adiantadamente ouparceladamente.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    11.3. Arrendamento mercantil de aeronave (contraio de ieasing' )

    A) Conceito: E um contrato que transfere a explorao ao arrendatrio e deve ser inscrito noRAB (;irt. 137). A diferena deste para o arrendamento comum que no mercantil o arrendatriotem a opo de adquirir a aeronave. Se no existir esta opo o contrato de arrendamentocomum. A vantagem que no necessrio fazer um contrato de compra e venda, mas somentecolocar a opo de compra e exerc-la. Agora, esta opo um direito potestativo, que se noexercido possibilita o arrendatrio a devolver a aeronave. Com isso, ele tem uma grandevantagem, a de no precisar comprar a aeronave, pois no se trata de um compromisso decompra e venda irretratvel, se ele utiliza a aeronave por muito tempo, h a depreciao, esta ficadefasada do ponto de vista tecnolgico, ("risco do desenvolvimento") e, por isso, ele pode noquerer comprar, pode querer comprar outra. No entanto, o bem arrendado no configurapatrimnio ou garantia, no pode ser dado em hipoteca. bom dosar, ter uma frota prpria eoutra arrendada.

    B) Elementos do contrato de arrendamento mercantil - Art. 137 CBAI - deve ter um valor referencial para fins de compra;II - o arrendador no pode obrigar o arrendatrio a adquirir o bem (este tem o direito potestativode ficar com o bem ou devolv-lo). O arrendador sabe que vai receber um bem com desgastenatural, assim, as prestaes vo considerar o tempo em que a arrendador est privadoeconomicamente do bem (lucro cessante ), c a depreciao do bem. Assim, as prestaes soaltas, porque incluem a privao da utilizao da aeronave e a depreciao desta. Por isso,quando o bem devolvido, at diz-se que o j est pago, porque o que o arrendador recebeu comas prestaes faz com que ele j tenha tido lucro com aquela aeronave pela vida toda, e, muitasvezes destrudo, no compensa outro arrendamento;III - na verdade, o arrendatrio pode devolver o bem, no obrigado a adquiri-lo, apesar de noestar previsto expressamente (falha do cdigo). Ele pode optar pela aquisio da aeronave,renovao do contrato ou no renovao, devolvendo a aeronave para o arrendador, ou seja, seno adquirir no obrigado a renovar o contrato;IV - a matrcula importante por causa da nacionalidade da aeronave arrendada, assim, caso estaseja proveniente do exterior, o arrendador tem que consentir expressamente a matrcula no pasonde for operar, devido mudana de nacionalidade (art. 137. j Io). No pode haver duplanacionalidade, a aeronave vai receber matrcula provisria porque feita por quem no proprietrio. Em todo leasing' a matrcula provisria, com a opo de compra, com apropriedade, toma-se definitiva (art. 111, 1"). Devolvida a aeronave, cancelada a matrculaprovisria e passa a ter a matrcula do pas para onde ela for (se a matrcula primitiva no tiversido atribuda outra aeronave, pode ser retomada mesma aeronave). Trata-se de

    24

    2A nomenclatura 'leasing' no utilizada pela legislaobrasileira.3Acesso da explorao poroutrem implica que o arrendador tenha uma remunerao que permita o lucro cessante pela

    no explorao da aeronave, j que no se pode prejudicar a posse do arrendatrio, tenho que mant-lo na posse pelos efeitos docontrato, ou seja. o lucro que obteria o arrendador se estivesse explorando a aeronave.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    cancelamento, para no haver dupla nacionalidade, e no suspenso da matrcula anterior (art112).

    C) Vantagem em relao aos arrendadores de aeronave, inclusive o mercantil (Lei 11.101/2005,art. 199)

    O crdito do arrendador no atingido pela recuperao judicial do empresrioarrendatrio (meio preventivo para evitar a falncia), ou seja, no ter seu crdito submetido esse insjitutcxnojsealtej^^ Na falncia ele atingido, entra noconcurso de credores da falncia. S que nas duas situaes, ele pode pedir a apreenso daaeronave, para que esta lhe seja restituda imediatamente. Os demais credores no tem essaprerrogativa, ficam impossibilitados de retomar o bem, principalmente na recuperao. E umdispositivo muito criticado e que muitas vezes no foi aplicado . porque se o problema daqueleempresrio for com o arrendamento mercantil de aeronave ele perder a mesma, j que a lei dizque no ficar suspenso o exerccio dos direitos do contrato de arrendamento de aeronave. Oobjetivo era de resguardar o credor de que se o devedor no pagar e pedir recuperao ele ter odireito de pedir busca e apreenso (atravs de liminar) da aeronave, mesmo que sejam essenciaispara realizar a empresa. Se for arrendamento de outros bens, o empresrio pode ficar com eles efazer um acordo, porque so essenciais para a sua atividade, mas se for de aeronave no, s quecom a aeronave apreendida o empresrio tambm no pode exercer sua atividade, manter suaempresa. Assim, o legislador quis estabelecer uma ultra-prerrogativa para o arrendamento deaeronaves para tranqilizar os arrendadores, atravs do "ativismo judicial". Mas o Judicirioentendeu que deve adotar uma posio pr-ativa cm favor do devedor, no concretizando oinstituto do artigo 199.

    12. Contratos de Garantia: Hipoteca e Alienao Fiduciriu

    Enquanto as hipteses de fretamento e arrendamento so contratos de utilizao daaeronave, com ou sem a transferncia da explorao, hipoteca e alienao fduciria socontratos de garantia, ou seja, pressupem a existncia de uma obrigao principal (dvida) quetem uma garantia real, que a aeronave ou o motor. No o avalista ou o fiador que vem com oseu patrimnio para garantir o pagamento, aqui existe um gravame. um nus real, a aeronave oumotor so dados em garantia.

    No contrato de hipoteca, as posses direta e indireta do bem dado em garantiapermanecem com o devedor. Ele usa e opera a aeronave como possuidor direto e indireto. J naalienao fduciria. a posse indireta transferida para o credor (fiducirio) e o devedor

    75

    4 Nocaso da Varig, os juizes no aplicaram o dispositivo, no autorizaram a apreenso da aeronave, porque afirmaram serincompatvel com a funo social da empresa, incompatvel com o objetivo da recuperao, que a manuteno da fonteprodutiva (art. 47 da Lei 11.101). Assim, retirar a aeronave do empresrio inviabiliza a fonte produtora.

    5 Ex.: na fiana, a garantia pessoal e subsidiria, o patrimnio do (iador garante o credor, em relao ao cumprimento daobrigao pelo afianado. subsidiria em tese, porque com a renncia ao beneficio de ordem toma-se solidrio Aval: garantiapessoal autnoma prpria dos ttulos de crdito pagveis em dinheiro (avalista como solidrio garante o pagamento do titulo sejacomo obrigado principal ou como co-obrigado).

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    (fiduciante) tem apenas a posse direta. Conseqentemente, o devedor na alienao fduciria considerado pela lei como depositrio, j que no proprietrio, a propriedade do bem est como credor.

    Observao: Por isso. por vrios anos houve uma divergncia se a previso da priso civil dodepositrio infiel se aplicava ao fiduciante, se este no devolvesse, no pagasse a dvida, se erapossvel em uma ao de depsito, o juiz decretar sua priso. O STF entendia que sim, porqueele era depositrio e a nossa Constituio previa a priso do depositrio infiel; e o STJ entendiaque no, porque s poderia haver priso civil com base no Pacto de So Jos da Costa Rica, ques prev priso civil por inadimplemento voluntrio e inescusvel de penso alimentcia (normaao nvel da Constituio, que vale como emenda). O CBA, no entanto, no artigo 148 faz meno lei civil e penal.

    12.1. Hipoteca

    Artigo 138: aeronave, embora bem mvel, no est sujeita ao penhor e sim hipoteca, porque openhor implica na transferncia da posse do bem para o credor pignoratcio, que recebe a coisadadaem penhor, em garantia. intil para o devedor, que no pode usaro bem (fica privado deusar o bem) e o credor no pode fruir como na anticrese, onde se explora a coisa e imputa osfrutos no pagamento da dvida, e o bem fica congelado em garantia. Isto invivel para aaeronave e, assim, aplicando-se o mesmo tratamento que o CC de 1916 dava aos navios, foiestendida para as aeronaves, no novo CC e no CBA, a submisso hipoteca. Mas existe umdetalhe: no penhor das cdulas de crdito, chamado penhor cedular, embora seja penhor, o bemcontinua na posse do devedor, pelo 'constituto possessrio', em que o devedor, embora sejapossuidor, detm a posse no nome do credor. No penhor cedular. a aeronave pode ser objeto degarantia (porque continua com o devedor a posse do bem), uma exceo a regra.

    Para que uma aeronave possa ser dada em hipoteca ainda em construo (art. MS), o contratotem que estar inscrito no RAB. E uma forma de garantir o empreiteiro do recebimento do preo,porque tudo que ele acrescentando durante a construo, vai incorporando na sua garantia real, ahipoteca. A aeronave no pode ser hipotecada enquanto a matricula no estiver inscrita no RABou esta for provisria, j que matricula provisria feita por quem no proprietrio, noservindo para hipoteca, porque s quem pode alienar a aeronave (proprietrio) pode hipotec-la,(art. 139). Se toda uma frota 'leasing1 no pode ser dada em garantia. No corre o risco dadepreciao porque pode ser devolvida, mas no tem patrimnio e garantia. Aeronave comclusula de incomunicabilidade tambm no pode ser hipotecada. Assim, necessrio que apessoa tenha capacidade para alienar e o bem deve ser alicnvel, ou seja, no pode ser impossvela alienao por restrio legal ou judicial. 2": acessrio acompanha o principal e. se no for excludo do documento de instituio dehipoteca est dentro da garantia hipotecria;

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    26

  • Kl

    Direito Aeronutico

    4": a hipoteca abarca a aeronave sobre todos os seus componentes (pronta a aeronave, ahipoteca grava o bem com um lodo, garantia ao construtor), a garantia do construtor.

    A) Questes importantes: qualquer que seja o valor da aeronave, o contrato de hipoteca pode serconstitudo por instrumento particular ou pblico (art. 121), porm a inscrio no RAB obrigatria (art. 141) para constituir o direito real (forma da publicidade). Se no tiver inscrio agarantia pessoal, no temdireito real, no "erga omnes\ A eficcia da hipoteca comogarantiavai depender, ento, da sua inscrio no RAB.B) Indivisibilidade da hipoteca - Art. 140 CBA

    Se a aeronave pertencer a duas ou mais pessoas em condomnio, elas no podero dar emhipoteca o seu quinho. Ou a aeronave hipotecada no todo ou no hipotecada (o que tambmse aplica s embarcaes), pois a hipoteca indivisvel, grava o bem como um todo, no temcomo gravar frao ideal. Alm disso, a mesma s poder ser dada em hipoteca com oconsentimento expresso de todos os condminos (uma possibilidade extinguir o condomnio).

    C) Requisitos do contrato de hipoteca - Art. 142 CBA

    Na prtica, o contrato principal do qual a hipoteca a garantia (contrato acessrio) ,geralmente, o de mtuo a dinheiro para pagamento a prestaes, chamado financiamento comgarantia hipotecria (o contrato principal o de emprstimo, embora a lei no digaexpressamente).I - o devedor proprietrio do bem ou tem autorizao expressa do proprietrio, com procuraocom poderesespeciais para dar em garantia;II - a importncia da divida garantida o valor do financiamento. H uma relao entre 0 valordo bem e o valor da dvida, o bem dado em hipoteca para garantir o pagamento da dvida.Conseqentemente, o valor do bem dever ser expresso (valor da garantia), assim como o valorda dvida. No uma obrigao, mas no recomendvel que o valor do bem seja igual ao valorda dvida, devido ao juros, porque no h garantia de que o bem vai se valorizar no mesmo nveldos juros, por causa da depreciao. Alm disso, se a dvida hipotecria no for paga, cabe aocredor promover a execuo do bem, ele no pode ficar com o bem (pacto comissrio). E, nahasta pblica, pode ser que ele no obtenha o valor integral para pagar a dvida e haja um saldodevedor e com esse saldo ele no tem mais garantia real, porque a aeronave j foi vendida.Ento, geralmente, financiado at 50% do valor do bem. j considerando nos outros 50% orisco de depreciao e da diferena na arrematao na hasta pblica (quem arremata tem quearcar com os encargos, como impostos);III - a garantia hipotecria recai sobre a aeronave individualizada, bastando reproduzir no

    contrato de hipoteca o certificado de matricula, que descreve a aeronave;IV - obrigatoriamente, a aeronave tem que estar segurada pelo explorador proprietrio (art. 281),

    aquele que pode dar a aeronave em garantia, mas explorador no significa atividade lucrativa

    UFRJ- FND - 2011.2 - Transcrio

    27

  • Direito Aeronutico

    sempre, mesmo a atividade privada sem remunerao constitui o explorador. Ento, esseexplorador dever apresentar as aplices, os documentos que comprovam que a aeronave estsegurada, porque, caso esta venha a perecer, a seguradora efetuar o pagamento ao credor.

    D) Contrato de hipoteca realizado no exterior, para vir a operar no Brasil tem que estarmatriculada no RAB.

    O credor hipotecrio ter que consentir com esta hipoteca (art. 75. nico) e com aconseqente mudana da nacionalidade. Seja daqui para o exterior, seja de l para o Brasil,porque a aeronave ser matriculada em outro pas, mudando de nacionalidade. Isto porque, deacordo com o artigo 6", os direitos reais sobre a aeronave regem-se pela lei de sua nacionalidade.Assim, o credor hipotecrio tem o direito de vetar que a aeronave mude de matrcula e denacionalidade, se achar que a lei do outro pas no o favorece, no privilegie o crditohipotecrio.

    E) Crdito Hipotecrio - Art. 143 CBA

    I - uma preferncia relativa, porque a prpria lei coloca outros crditos na frente do hipotecrio.Tambm inclui-se o crdito por acidente de trabalho (indenizaes), mencionado pela Lei deFalncia;II - o socorro prestado aeronave denominado assistncia e salvamento. Se for proveniente deservios oficiais no remunerado, somente se for prestado por particulares e havendo resultadotil (salvar pessoas ou poupar bens). Essa remunerao pretere ao crdito hipotecrio, assimcomo gastos efetuados pelo comandante indispensveis continuidade da viagem (por exemplo,com combustvel);Pargrafo nico: a) por exemplo.no caso de assistncia e salvamento com resultado til, mesmocom a perda da aeronave, haver direito a remunerao a ser arbitrada. Essa remunerao recai, aprincipio, sobre o valor da aeronave, mas como esta se perdeu, recair sobre o valor do seguro.Assim, uma parte da indenizao que a seguradora ter de pagar ao proprietrio peloperecimento da aeronave ser devida ao salvador, na forma de sua remunerao;c) a desapropriao prerrogativa do poder pblico, que se desapropriar a aeronave, tem ocredor a preferncia sobre o valor da indenizao.

    F) Hipoteca LegalAquisio da propriedade da aeronave (art. 115. V e 145). Ainda que o devedor no queira

    (independe de sua vontade), quando a aeronave vinda do exterior for matriculada no Brasil, serfeita com hipoteca em favor do credor. Se no for pago o financiamento com ente financeirogarantidor e vier a falir, tomar-se insolvente ou ter a sua liquidao decretada, a aeronave sertransferida para a Unio. A princpio, a hipoteca legal no implica na perda da propriedade,exceto no caso previsto no inciso 1do artigo 145.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    28

  • Direito Aeronutico

    Aula 5-25/08/11-ngelo

    12.2. Alienao fduciria de aeronave - Arts. 148 at 152 do CBA

    A alienao fduciria tema importantssimo dentro do Direito Empresarial e reflete,inclusive, em nossa vida pessoal, seja em concursos pblicos, compra e venda de mveis ouimveis, onde vem sendo utilizada, cesso fduciria dos direitos, alm, tambm, do DireitoFalimentar, onde possui reflexos na qualidade do credor.

    A aeronave, apesar de bem corpreo e mvel (mvel sui generis), tem tratamento que,muitas vezes, atrai institutos do Direito Imobilirio. A aeronave bem to caro e importante,como se pode notar pela imponente estrutura aeronutica que temos (e que se toma ainda maisimportante pelo fato da proximidade da Copa do Mundo e das Olimpadas), e que est sendoreformulada. A aeronave tem tratamento especial, assim como a embarcao.O funcionamento desse contrato/instituto, o CC tambm prev a propriedade fduciria, institutodos Direitos Reais (garantia), em que o credor financia a construo da aeronave, em umamontadora que a exportar (se a montadora for estrangeira), alienando o bem ao financiador, emgarantia, para depois retom-lo se adimplir o que deve. Qual do tipo de contrato que garantiresse financiamento? Produo e financiamento da nave. a preocupao com a cadeiaprodutiva, para que, se puder, sejam nacionais. Porm, muitas vezes so estrangeiros. Peas vmdos fornecedores (terceiros). EMBRAER c BNDES. O BNDES o financiador e vai sepreocupar com o pagamento. Como o devedor pagar? A alienao fduciria um contratomuito bom para garantir o retomo do financiamento. Por que alienao? O contrato tem umaengenharia para proporcionar garantia ao credor. O devedor no tem dinheiro para financiar aconstruo. Ento, pega recursos, que no tem, tomando emprestado de terceiro, e compra anave. Assim que compra, em garantia, transfere a nave para o Financiador, alienando-a emgarantia (confiana, fidcia) para o financiador. Compro com dinheiro de terceiro e alieno aoterceiro, que se toma meu credor. O credor fiducirio diferente (do hipotecrio e pignoratcio).Na hipoteca, credor no proprietrio.

    A conseqncia a falncia/recuperao quando h crises, pois os credores sodiferentes. Em um caso, voc tem a propriedade, e no outro no. Por mais que a propriedade sejaresolvel, propriedade. O direito material e processual ajudam bastante o credor proprietrio(fiducirio). O credor hipotecrio tem garantias (da hipoteca), mas o fiducirio tem mais. Nafalncia, quebra do devedor, se o credor hipotecrio, ele participa de concurso de credores, serecebe antes ou depois de outros crditos. Art. 83 da LFRE. Credor trabalhista vem antes, temprioridade. Se tem outros acima ou abaixo. O credor hipotecrio tem agora um novo upgrade.Agora segundo, antes do fisco. Antes era terceiro. Discusso sobre os bancos. Porm, aindaassim, CONCORRE. J o credor fiducirio extraconcursal, NO participa do concurso decredores (baguna). O credor fiducirio foge, est fora disso. Ele entrar com pedido derestituio do bem, excelente para ele. Diz ao juiz que o bem arrecadado no do devedor, docredor. Pedir para restituir o bem, tira-lo da massa falida. Mecanismos processuais na falncia.Dec-lei 911/1969. Trata das medidas processuais na alienao fduciria. Busca e apreenso(mecanismo cautelar de apreenso do bem). Ao de depsito, etc. CBA, 151, 3". Busca eapreenso para o proprietrio fiducirio. CBA, art. 148. Toma recursos para adquirir e depoisaliena o bem em garantia. O devedor no proprietrio ainda; agora o credor. S depois ser.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    29

  • 30

    Direito Aeronutico

    A) Duas partes na alienao fduciria: credor (credor-fiducirio - detm a propriedade fduciriada aeronave, e tambm a posse indireta para se valer dos interditos possessrios) e devedor(devedor-fiduciante - detm a posse direta, no a propriedade da aeronave. Pode usar, mas noalienar).Obs.: A propriedade Fduciria resolvel com escopo de garantia. Adimplindo as obrigaescontratuais, o devedor consolidar a propriedade, que deixar de ser fduciria e passar a serplena. A propriedade do credor se resolver. Por isso se chama resolvel. Esse o transcorreralegre do contrato. O transcorrer triste o inadimplemento, sem consolidao da propriedade,perdendo-se o bem em favor do credor, que vai alienar o bem. Vedao do pacto comissrio -pacto comissrio o credor ficar com o bem; porm, deve alien-lo, pois, caso contrrio,haveria um conflito de interesses entre o devedor adimplir sua obrigao e o credor querer ficarcom o bem. O credor poderia querer ficar com o bem, querendo que o devedor ficasseinadimplente, para ento poder ficar com o bem. No entanto, a lei no admite essa situao edetermina que o credor aliene esse bem (dado em garantia por meio do contrato de alienaofduciria), por meio de hasta pblica. No caso de imveis admite-se leilo extrajudicial. Porm,o normal o leilo pblico, em hasta pblica.

    B) Alienao fduciria em garantia x hipoteca.

    A alienao fduciria em garantia (propriedade fduciria) direito real EM garantia,diferenciando-se dos direitos reais DE garantia.

    Essa diferena (DE e EM garantia) uma construo doutrinria, a lei nada fala sobre oassunto. Nos direitos reais de garantia (hipoteca, penhor), o credor no tem a propriedade. J nosdireitos reais em garantia, sim. O CC complementa o CBA. A Propriedade fduciria tratada noarts. 1361 do CC. Coisa mvel que o devedor, com esposo de garantia dofinanciamento/emprstimo, transfere (a propriedade resolvel) ao credor. O CC trata dapropriedade resolvel em geral. A propriedade fduciria propriedade resolvelespecificamente para o escopo de garantia no mbito do contrato (de alienao Fduciria). Apropriedade resolvel/fiduciria direito real. O contrato de alienao Fduciria em garantiagera o direito real. a propriedade fduciria. Diferena entre o contrato (de alienao fduciria) eo direito real (propriedade fduciria). O art. 1361 (propriedade fduciria, resolvel) trata dodireito real; o CBA trata do contrato, vnculo pessoal. Assim como a hipoteca surge do contrato(contrato de instituio de hipoteca), que gera direito real de garantia.

    No caso da alienao fduciria, CBA art. 148: "A alienao fduciria em garantiatransfere (alienao) ao credor o domnio resolvel (propriedade resolvel) e a posse indiretada aeronave ou de seus equipamentos, independentemente da respectiva tradio, tornando-se odevedor o possuidor direto e depositrio com todas as responsabilidades e encargos que lheincumbem de acordo com a lei civil epenal".

    C) Depositrio infiel: O sistema da alienao Fduciria fico, um mecanismo jurdico emque lei diz que o devedor possuidor direto e depositrio. Na verdade, o depsito um poucoforado, e isso tem sido discutido, porque o contrato de depsito tpico, puro, aquele em que odepositrio no usa a coisa.Ex.: depsito (depositante) a coisa num cofre, e o dono do cofre (depositrio) no pode utiliz-la.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

  • Direito Aeronutico

    A lei, por fico, equiparou o devedor a um depositrio para se poder usar o mecanismoda priso civil. O Dec-lei 911 traz a possibilidade de, quando do inadimplemcnto, no devolvidaa coisa pelo devedor, o credor intentar ao de depsito, e uma de suas conseqncias, previstapelo CPC, a priso civil do depositrio infiel. H na CF, art. 5", LXVll, a vedao prisocivil, exceto ao devedor de alimentos (penso alimentcia - ex. Romrio - meio de coeroadmitido pelo Direito e muito eficaz) e de depositrio infiel. Esse meio de coero faz com que,normalmente, o devedor pague, rapidamente, a penso. Alm da priso do devedor de alimentos,h a questo (da priso) do depositrio infiel. Essa questo acabou parando no STF, tendointensa discusso. O Pacto de So Jos da Costa Rica, assinado pelo Brasil, internalizado, tratado de direitos humanos e diz que s haver priso civil do devedor de alimentos. Ento, aCorte Maior interpretou que no pode haver priso civil do depositrio, em funo daquelePacto. Houve um julgamento, do Gilmar Mendes, em que se afirmou a natureza supra legal dostratados de direitos humanos (status diferenciado) - hoje, com a EC 45, j no se precisa desseargumento.

    D) O que deve conter o contrato de alienao Fduciria - art. 148.0 149.

    Valor da dvida, data de vencimento, juros, inscrio da aeronave, motores, etc. No casodo 1", alienao Fduciria da aeronave em constmo. Financia-se a constmo da aeronaveque, ento, alienada em garantia.

    E) Leasin - art. 150 CBA. uma disposio especfica, que importante. Poder ser cobrada naprova - citou o leasing.

    A Aeronave registrada no RAB. O registro d publicidade sobre todos os gravamesaplicados nave, como a alienao fduciria. O contrato s tem validade e eficcia aps ainscrio no RAB. um diferencial que o CBA traz.

    F) Inadimplemento An. 151 CBA:O devedor no consegue pagar as prestaes devidas. A regulao feita por esse artigo,

    mas como apenas um artigo, enxuto, e com s trs pargrafos, eventualmente precisaremos doDec-lei 911, que tem mais disposies processuais, mais detalhado.Assim diz o art. 151: "no caso de inadimplemento da obrigao garantida, o credorfiduciriopoder alienar o objeto da garantia a terceiros e aplicar o respectivo preo no pagamento doseu crdito e das despesas decorrentes da cobrana, entregando ao devedor o saldo, se houver. "A idia do art. 151 a vedao do pacto comissrio. O credor, no caso de inadimplemento, podeutilizar-se da busca e apreenso do bem, mas no pode ficar com o bem. Deve alien-lo (vend-lo), e, com o que obtiver, recuperar o que tinha direito a receber. Se, ainda assim, sobrar, estasobra ser do devedor. O pargrafo primeiro desse artigo diz que o devedor, se o preo nobastar para pagar crditos e despesar, ainda est obrigado ao pagamento do saldo. O pargrafosegundo diz que "na falncia, liquidao ou insolvncia do devedor, fica assegurado ao credor odireito de pedir a restituio do bem alienado fiduciariamente." Anotem: ao lado de falncia,botar pedido de restituio. Ou seja, o credor fiducirio extraconcursal, no participa dafalncia do devedor: pede a restituio do bem. Vocs vo ver o pedido de restituio doempresrio na lei falimentar, mas a idia essa. Arrecadada a aeronave, o credor diz que ela nopertence ao devedor, mas quele; ento, restitui-se a nave. No pargrafo terceiro, encontramos

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    31

  • Direito Aeronutico

    aquele medida processual, a busca e apreenso. Mecanismo processual bem gil, previsto tantono CBA (art. 151, 3) quanto no Dec-lei 911 - que tambm disciplina a busca e apreenso dobem - para o credor fiducirio recuperar o bem. A recuperao muito semelhante ao esprito daconcordata.

    A concordata (art. 187 do CBA) vedada s companhias areas ("no podem impetrarconcordata as empresas que, por seus atos constitutivos, tenham por objeto a explorao deservios areos de qualquer natureza ou de infra-estmlura aeronutica"). A idia a de que seuma companhia est em crise, a atividade muito arriscada, pode gerar muitos danos s pessoas.Ento, se impossibilitava a concordata a fim de que a companhia fosse liquidada, tivesse suafalncia decretada e encerrasse as atividades, mesmo. Hoje h uma orientao em outro sentido.A L. 11.101 admite, sim, a recuperao judicial, art. 198 e 199. Caso VARIG, que estava emcrise, a insurgiu-se contra o projeto de lei de falncias e recuperao de empresas (LFRE),fazendo com que esse artigo fosse includo ao final, possibilitando sua recuperao judicial.Assim, possibilita-se, tambm, a recuperao de qualquer outra companhia area: os devedoresproibidos de requerer concordata (art. 198 da LFRE c/c 187 do CBA) esto proibidos de requerera recuperao; no entanto, o art. 199 da LFRE estabelece que o art. 198 (da mesma lei) no seaplica s sociedades a que se refere o art. 187 do CBA.

    13. Tripulao - Art. 156 e s. do CBA.

    > O art. 156 diz: "so tripulantes as pessoas devidamente, habilitadas que exercem funoa bordo de aeronaves. "

    Dois elementos: habilitao (primeira observao: os tripulantes devem estar habilitados,e quem concede a habilitao a Agncia Nacional de Aviao Civil - ANAC. Essa autarquia,que tem regime especial - agncia reguladora -, tem a competncia, pela L. 11.182/05, pararegular, fiscalizar o setor da aviao civil, e tem tambm poder de polcia no mbitoadministrativo, habilitando os tripulantes das aeronaves; segunda observao: a funoremunerada a bordo, no art. 156, 1" (a funo no-remunerada est no 2). Distino entreaeronautas (exercem funo a bordo) e aerovirios (exercem funo em terra, no a bordo) - atripulao exerce funo a bordo, ou seja, so os aeronautas.13.1. Diferena entre habilitao e licenas e certificados (CBA, arts. 160 a 164).

    Assim diz o art. 160: "A licena de tripulantes e os certificados de habilitao tcnica ede capacidade fsica sero concedidos pela autoridade aeronutica, na forma deregulamentao especifica.'''' A L. 11.182/05 (lei da ANAC), por sua vez, fala em capacidadetcnica, fsica e mental. E, como j dito, a autoridade aeronutica que as concede a ANAC. H,ainda, a questo, controvertida, sobre a reserva a brasileiros, natos ou naturalizados, da tripulao- art. 156, 1", in fine. Houve um favorecimento nacionalidade brasileira neste ponto. Algunsentendem ser inconstitucional, mas, na prtica, tem sido observado. Em vos internacionais,admite-se at 1/3 de comissrios estrangeiros - art. 156, 3. Ressalva para o art. 157, em que,atravs de tratado internacional, esse percentual poder ser flexibilizado. L. 7.183/84 - anteriorao CBA, que de 86. Faz, inclusive, remisso ao cdigo antigo (Cdigo Brasileiro do Ar). Art.6" dessa lei.

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    32

  • Direito Aeronutico

    13.2. So tripulantes: comandante (piloto responsvel), co-pilolo. mecnico de vo. navegador,radioperador de vo e comissrios. Regulao trabalhista especfica dessas profisses: jornada detrabalho, folga peridica, remunerao, transferncia, etc.

    A tripulao poder ser mnima (vos de teste), simples, composta e de revezamento.

    > Art. 9"da lei. Responsabilidade civil do comandante. do comandante ou do controladorde vo? Arts. 165 ao 173 do CBA. O comandante preposto do explorador, o representadurante a viagem. Art. 167. Exerce autoridade inerente funo, desde que se apresentapara viagem at a entrega da aeronave, concluda a viagem: funo diferenciada. Deveregistrar, por exemplo, no dirio de bordo - registro dos fatos importantes do vo - fatoscomo nascimentos, casamentos, bitos e testamentos a bordo. Funo quase cartorria.

    Aula 06-29/08/11 -Leticia

    13.3. Tripulao

    O Comandante da aeronave, obviamente ele um tripulante, integra a categoriaprofissional do aeronauta. uma pessoa que exerce atividade remunerada a bordo de umaaeronave, lembrando a vocs que o conceito de tripulante ele no um conceito restrito,qualquer pessoa que exera atividade abordo de uma aeronave, ainda que sem remunerao considerado tripulante, ento por exemplo: uma pessoa tirou o certificado do curso de pilotoprivado, tirou o breve de piloto privado e tem helicptero, essa pessoa um tripulante daquelehelicptero, ela tem a devida habilitao e exerce uma funo a bordo de uma aeronave, aindaque sem remunerao.

    Ento, no conlndam o tripulante com o aeronauta, o aeronauta uma categoriaprofissional, que inclui o comissrio, o comandante o copiloto, etc diferente.

    Dentro dos tripulantes, ns temos a figura do comandante de aeronave, a partir do art.165 do CBA. Esta figura do comandante, no se confunde com o piloto privado que no temrelao de emprego, que tem habilitao para pilotar a aeronave dele ou de terceiro. Mas isso sempre sem remunerao.

    O Comandante a que se refere o art. 165 o Aeronauta, aquele que empregado, que estsob as ordens do empregador que proprietrio ou explorador da aeronave, necessariamenteremunerado. Por isso, sempre fao a distino entre o tripulante e o aeronauta. o Tripulante mais bvio, qualquer pessoa, ainda que seja sem remunerao, ainda que pilote a sua prpriaaeronave, diferente do Comandante que o empregado.

    > Art. 165 CBA: "Toda aeronave ter a bordo um Comandante, membro da tripulao (foio que eu disse, o comandante um tripulante, faz parte da tripulao, embora neste casoaqui eu esteja falando de uma atividade remunerada) designado pelo proprietrio ouexplorador e que ser seu preposto durante a viagem. "

    UFRJ - FND - 2011.2 - Transcrio

    33

  • Direito Aeronutico

    Essa parte final muito importante, porque na responsabilidade civil, existe um casochamado de responsabilidade por fatos de terceiros, o patro, empregador responde pelos atos cseus empregados e prepostos nos exerccios de suas atribuies. Vide Art. 932, III do ( < .

    > Art. 932 do CC: "So tambm responsveis pela reparao civil: o empregador oucomitente,por seus empregados, seiviais c prepostos, no exerccio do trabalho que lhescompetir, ou em razo dele."

    Isso tem toda relao com o comandante, ele preposto do proprietrio, preposto doexplorador durante a viagem. Consequentemente o proprietrio ou explorador, a princpioexplorador operador da aeronave responde pelos atos do comandante, inclusive falhas humanas,tcnicas durante a viagem durante o tempo que a aeronave esteja sob autoridade do comandanteperante terceiros, perante as vtimas, dessa conduta do comandante.

    > Art. 933 do CC: "As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente (dentreeles patro, etc), ainda que no haja culpa de sua parte, respondero pelos atospraticados pelos terceiros ali referidos."

    Essa responsabilidade objetiva, consequentemente dizer o comandante que empregado ou preposto do proprietrio durante a viagem significa dizer o seguinte: o exploradorou proprietrio da aeronave responde independentemente de culpa seja pessoa natural seja pessoajurdica independentemente de culpa pelos atos praticados pelo comandante. o que chamamosde responsabilidade civil por fato de terceiros.

    Cuidado! Preposto mencionado pela lei. mas tecnicamente o Comandante empregado. OComandante tem contrato de trabalho com o explorador/empregador. uma relao de emprego,no uma relao de preposio comercial, como se diz, uma tpica relao de emprego, usa-sea questo de preposto at para associ-la a questo de responsabilidade civil, que aresponsabilidade objetiva por fato de terceiro, do explorador em relao aos atos do Comandantede Aeronave, mas, a rigor a relao jurdica estabelecida no de preposio, mas de contrato detrabalho e ele inclusive integra a categoria dos Aeronautas, isto o Comandante.

    O sindicato das pessoas que trabalham a bordo de aeronaves o sindicato dos Aeronautase o pessoal de terra o Aerovirio. Ento, o Aerovirio aquele que trabalha em solo, nasagncias, nos aeroportos, nas reas referentes logstica, de malas, bagagem, limpeza, tudo isso Aerovirio, mas a bordo da aeronave Aeronauta.

    Ento fica a primeira informao: o Comandante preposto do explorador durante aviagem, com isso ele vai exercer funes de preposto e depois existem outras funes, mas a quemais interessa so as funes de preposto.

    Outra questo tambm importante, na verdade a autoridade do Comandante, suas funesno so exclusivamente