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Revista Educação Especial ISSN: 1808-270X revistaeducaçã[email protected] Universidade Federal de Santa Maria Brasil Ferreira Sahb, Warlley Educação Especial: a Constituição Federal de 1988 e a Constituição Mineira de 1989 Revista Educação Especial, núm. 28, 2006 Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=313127398002 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Revista Educação Especial

ISSN: 1808-270X

revistaeducaçã[email protected]

Universidade Federal de Santa Maria

Brasil

Ferreira Sahb, Warlley

Educação Especial: a Constituição Federal de 1988 e a Constituição Mineira de 1989

Revista Educação Especial, núm. 28, 2006

Universidade Federal de Santa Maria

Santa Maria, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=313127398002

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16/11/11 :: Revista do centro de Educa¡:llo ::

... Cadernos :: edlcáo: 2006 - N° 28 > Editorial> Índice> Resumo > Artigo

Educa~¡¡oEspecial: a Constitui~¡¡o Federal de 1988 e a Constitui~¡¡o Mineira de 1989

WBrlley Ferrelra 5Bhb*

o presente trabalho tem a finalidade de apresentar, numa abordagem comparativa sem valordepreciativo, uma análise acerca da Educa~ao Especial, tomando-se como referencia os textos daCcnstltulcáo Federal de 1988 e da Ccnstltulcáo do Estado de Minas Gerais de 1989. Para tanto, realizou­se um levantamento da legisla~ao nacional, nao só nos textos constítuctonaís, como também emlegisla~i5es correlatas e complementares, tais como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) de 1996, o Estatutoda Crlanca e do Adolescente, o Plano Nacional de Educa~ao, entre outros documentos normativos deamplitude nacional. É importante destacar, justamente, a funcéo complementar que fica evidente ao seanalisar os textos legais brasileiros, sobretudo, quando se estende essa análise ao nível dos Estados. Oque se observa é que a Constítuícéo do Estado de Minas Gerais avance em alguns pontos, exatamentepor gozar de autonomia administrativa para tal, respeitados os preceitos constltucíonals. Também há quese fazer ressalvas com rela~ao as atuais ínstalacñes e condícñes físicas das escolas e dos demaisespacos educativos especiais - muitas vezes sem rampas de acesso para cadeirantes e sem banheirosadaptados - que, por leí, se obrigam a receber os portadores de necessidades. Procura-se exemplificaressa sltuacáo com um caso de atuacño do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

Palavras-chave: Educa~ao Especial. Inclusño Escolar. Legisla~ao Educacional.

* Mestre em Educat;iio pela puc Minas/PUC Minas Contagem/Coordenadoria de eetensüc.

A Educa~ao: um direito

A educacño é um elemento fundamental para a construcño de uma cidadania plena e efetiva. Naoapenas a educacác escolar, mas a educacáo no seu sentido amplo, pensada num sistema geral que ainclui, mas que nao se basta nela. Nesse sentido, os processos educativos pemneiam a vida das pessoas.Discutir essa temática implica, também, referenciar aspectos legais que a abranjam, pois a educacño éum direito garantido por lei a todas as pessoas. Far-se-á lsso, neste artigo, dirigindo-se maisespecificamente ao direito dos portadores de necessidades espectaís a educacño, expressos em leís deambito nacional, como na Constltulcáo Federal de 1988 e, também, na esfera estadual, por intemnédio daConstitui~ao do Estado de Minas Gerais de 1989.

O direito a educacáo é uma área rica em debates, que ganha espaco a cada día. Atualmente,pode-se considerar que quase nao há países em que a educacéo nao seja considerada um direitogarantido em lei. A esse respeito, acrescenta Bobbio (1992, p. 75):

Nao existe atualmente nenhuma carta de direitos, para damnos um exemplo convincente, que naoreconheca o direito a instrucáo - crescente, de resto, de sociedade para sociedade - primeiroelementar, depois secundária, e pouco a pouco até mesmo universitária.

Com esse mesmo entendimento, porém numa vlséo mais ampla, veja-se o que Monteiro (2003, p.769) traz, numa defini~ao a respeito da abrangencia do conteúdo do direito a educacáo:

o direito a educacáo é um direito de "toda pessoa", sem discrimina~ao alguma e sem limites detempo ou espacos exclusivos para o seu exercício. É direito da críanca e do adulto, da mulher e dohomem, seja qual for a sua capacidade física e mental, a sua condicac e situa~ao.

Por se tratar de um direito reconhecido, é preciso que seja assegurado. Para ísso, tem-se degarantir que ele esteja inscrito em lei de caráter nacional. Observem-se as opinii5es de alguns autores daárea da educacáo, reafimnando sua prerréncta, Vieira (2001, p. 14) ressalta que

Com rela~ao a política educacional, a Constltulcéo Federal de 1988 concede amplos dlreltos,confimnando e ampliando o interesse social pela educacño. Desde a Constltulcáo monárquica de 1824, aprimeira ccnsntuicso brasllelra, a educacáo irrompe o fundamento da política social, que só alcancemaior abranqéncla durante o século XX.

Já C (2002 259)

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16/11/11 :: Revista do centro de Educa¡:llo::este bern social. Por tsso, declarar e assegurar é mais do que uma proclarracéo solene. Declarar é retirardo esquecimento e proclamar aos que nao sabem, ou esqueceram. que eles continuam a ser portadoresde um direito importante. Disso resulta a necessária cobranca deste direito quando ele nao é preservado.

Na Ccnstltulcáo Federal de 1988, uma se~ao é reservada a educacáo, em seu artigo 205,assegurando que "A educacáo, direito de todos e dever do Estado e da farnlia, será promovida eincentivada com a colaboracño da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparopara o exercício da cidadania e sua quallñcacéo para o trabalho".

Mas é em seu artigo 208, no § 10, que essa Lei declara o acesso ao ensino, obrigatório e gratuito,como direito público subjetivo - por ser direito de toda pessoa, mesmo nao estando em idade escolar etambém por se tratar de uma regra jurídica, que serve para regular os interesses dos poderes públicos,elevando, dessa fonma, o Estado como o sujeito da a~ao de oferecer o que a lei garante.

Logo, poder-se-á ter esse mesmo entendimento, também, acerca da Educa~ao Especial, uma vezque esta se constitui numa modalidade de educacéo escolar, estando, assim, incluída na protecáo legaloferecida por um direito público subjetivo.

Ademais, ressalte-se que o Brasil tem definido e participado de processos de ejabcracáo depolíticas públicas de prormcáo da igualdade de direitos e oportunidades de educacño inclusiva.Transfonmar o sistema de ensino é carrinho certo a ser seguido para que se alcance esse fimo

A Educa~ao Especial: textos constitucionais e legisla~ao correlata

A legisla~ao brasileira determina que a Educa~ao Especial deva ser oferecida, preferencialmente,na rede regular de ensino, indicando, claramente, a concrettzacño de uma política de lnclusáo í •

Na Censtltulcáo Federal de 1988, é justamente o artigo 208, inciso III, que faz referencia aoatendimento educacional especializado aos portadores de deficiencia, quando declara que o dever doEstado em garantir a educacño será efetivado mediante "atendimento educacional especializado aosportadores de deficiencia, preferencialmente na rede regular de ensino".

Segundo Motta (1997, p.182), "Esse dever é conseqüéncla da consclerrtlzacáo, cada vez rreíor,da importancia de se respeitar as díterencas individuais e o direito a igualdade de oportunidades". Sendoassim, o inciso III do artigo 208 é o resultado de uma crescente evolucño no tratamento que asociedade vem dispensando aos portadores de deficiencias, ou melhor, aos portadores de necessidadesespeclals, incluindo-se aí os superdotados.

A Constltulcáo do Estado de Minas Gerais, de 1989, também destina uma secño para tratar daeducacáo, O Título N recebe o nome de DA SOCIEDADE; já o Capítulo I é intitulado DA ORDEM SOCIALe, sua Se~ao III, DA EDUCAc;AO.

Essa parte, destinada a tratar da educacáo correca com o artigo 195, que repete o disposto noartigo 205 da Constitui~ao Federal de 1988, expressando que:

A educacño, direito de todos e dever do Estado e da farnlia, será promovida e incentivada com acolaboracño da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício dacidadania e sua quajñcacáo para o trabalho. (CONSTITUrc;AO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 1989)

Pode-se perceber aí uma convergencia de entendimentos nos textos legais, no que diz respeito asfinalidades da educacáo, que é tida como passo fundamental na fonma~ao da pessoa, na construcño desua cidadania e em seu preparo para o mundo do trabalho.

No que cabe ao tratamento dado aos portadores de necessidades especlaís, na ccnsntuicso doEstado de Minas Gerais, pode-se notar em seu artigo 198, o seguinte:

A garantia de educacño pelo Poder Público se dá mediante:

[ ...]III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiencia, preferencialmente na rederegular de ensino, com garantia de recursos humanos capacitados e material e equipamentos públicaadequados, e de vaga em escola próxima a sua residencia;

XN - programas específicos de atendimento a enanca e ao adolescente superdotados, na fonmada lei.

Nesse ponto, há dois importantes tópicos a serem ressaltados. Em primeiro lugar, propñe-se umacorrparacño entre o texto do artigo 198, inciso III da ccnstrtuicño Estadual com o artigo 208, inciso IIIda Constltulcáo Federal em que se percebe uma diferen~a substancial: o texto da primeira traz a

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16/11/11 :: Revista do centro de Educa¡:llo ::cenciencia que eias possarn ter.

Há que se ressaltar, porém, que, em nivel nacional, essa exigencia é atendida pelo Estatuto daCrian~a e do Adolescente2 t em seu artigo 53, inciso V, o qual declara:

A críanca e o adolescente térn direito a educacáo, visando ao pleno desenvolvimento de suapessoa, preparo para o exercício da cidadania e quallñcacáo para o trabalho, assegurando-se-Ihes:

[ ... ]

V - acesso a escola pública e gratuita próxima de sua residencia.

E, em seu arto 54, inciso I1I, essa mesma lei faz referencia ao atendimento educacionalespecializado, a ser ofertado aos portadores de deficiencia, trazendo:

É dever do estado assegurar a enanca e ao adolescente:

[ ... ]

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiencia, preferencialmente narede regular de ensino.

Mas, voltando os olhares para a corrparacño entre Constltulcáo Federal de 1988 e ConstltulcáoMineira de 1989, o segundo ponto a ser analisado é o inciso XIV do arto 198 da constrtuícáo Estadual.Ele trata do atendimento ao superdotado, o que nao aparece em momento algum no texto daCcnstltulcño Federal de 1988.

Em ambito nacional, o tratamento especializado aos superdotados aparecerá na LDB3 (Lei deDiretrizes e Bases da Educa~ao Nacional), em seu artigo 59, inciso 11, que expressa:

Os sistemas de ensino assegurarao aos educandos com necessidades especiais:

[ ... ]

11 - teminalidade específica para aqueles que nao puderem atingir o nivel exigido para a conclusáodo ensino fundamental, em virtude de suas deficiencias, e aceleracéo para concluir em menor tempo oprograma escolar para os superdotados.

O importante é notar as diferen~as entre os textos dessas duas Constitui~éies, contudo, nao setem o intuito de dizer que uma é melhor ou pior que a outra. O interessante dessa corrparacáo éperceber que, na verdade, uma completa a outra, se nao diretamente, ao menos por intermédio deout ras leis, tais como: a LDB, o Estatuto da Crlanca e do Adolescente, entre outras diversas leis edecretos posteriores4 .

É importante, também, destacar a atuacáo do Conselho Estadual de Educa~ao do Estado de MinasGerais (CEE-MG). Esse Conselho tem sua importancia e suas atrlbulcñes explicitadas na ConstltulcáoEstadual, em seu artigo 206, mas, em Iinhas gerais, sua fun~ao é deliberar sobre assuntos pertinentes ao

ambito educacional.

A Educa~ao Especial, como modalidade de ensino, nao deixou de ser objeto de análise desseConselho. Esse órgao expediu o Parecer CEE/MG nO 424/03, de 27 de maio de 2003, bem aos moldes doParecer nO 17/2001 da cárrara de Educa~ao Básica (CEB) do Conselho Nacional de Educa~ao (CNE),como nao poderia deixar de ser, vista sua poslcéo frente a hierarquia legal vigente no Pais.

pecorréncta do Parecer CEE/MG nO 424/03, do Conselho Estadual de Educa~ao de Minas Gerais, éa Resolu~ao CEE/MG nO 451/03, de 27 de maio de 2003, que 'Fixa nomnas para a Educa~ao Especial noSistema Estadual de Ensino".

O texto introdutório dessa Resolu~ao deixa evidente o propósito a que ela se destina, a saber:promover uma educacéo de qualidade, para todas as pessoas de uma sociedade, como parteconstituinte de um projeto de sociedade igualitária, respeitadora das dlterencas e, principalmente,calcado na valcrízacáo e no respeito a dignidade humana.

Out ros artigos que compéiem a Constltulcáo do Estado de Minas Gerais trazem o espirito deprotecáo e de elirrina~ao de diferen~as discrirrinatórias relativas aos portadores de necessidadesespeciais, nao cabendo analisá-Ios neste trabalho, devido aos seus objetivos5 .

Em nivel Federal, cabe ainda destacar a Lei nO 7.853/89, inclusive por reafimnar a oferta obrigatória

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16/11/11 :: Revista do centro de Educa¡:llo ::"_._..._.. _- - _.__ . ---, .. - ..,-- -- ----_.._- ..,-- -_.- - _.. - ._. -- _... _.. _-- .. __ ._.. _. -, .... - .._--mesmo, difícil ser conciliada com a pluralidade de Estados, com a multiplicidade dos municípios que térndificuldades, sobretudo, de dialogar com as lnstrtulcñes públicas e privadas.

É importante destacar que essa lei reservou um capítulo a Educa~ao Especial, garantindo oreconhecimento social dos trabalhos realizados na área, frutos das lutas pelos evancos e conquistas dedireitos para as pessoas com necessidades especíaís, historicamente discriminadas na sociedade.

Esse capítulo, que recebe o número Veo nome de Da Educa~ao Especial, correca definindo essamodalidade de ensino, em seu artigo 58, da seguinte forma:

Entende-se por educacáo especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educacño escolar,oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidadesespeciais. (LEI DIRETRIZES E BASES DA EDUCAc;;AO NACIONAL, 1996)

De acordo com a LDB, todas as pessoas portadoras de necessidades especiais tem direito amatrícula, sem dlscrírrmacéo de tumos, nas escolas regulares. Com isso, objetiva-se integrar equipes detodos os níveis e graus de ensino com as equipes de Educa~ao Especial, em todas as residenciasadministrativas pedagógicas do sistema educativo e de desenvolver acñes integradoras nas áreas dea~ao social, educacáo, saúde e trabalho.

Também se ressalta que, caso nao seja possível a sua integra~ao nas classes comuns de ensinoregular, o atendimento educacional dessas pessoas será feito somente em c1asses, escolas ou servlcosespecializados.

O arto 60 dessa lei afirma que os sistemas de ensino assequraráo aos educandos com necessidadesespeciais: currículo, métodos, técnicas, recursos educativos adaptados as suas necessidades e, no quediz respeito ao apelo técnico e financeiro, este será dado pelo Poder Público, com a apllcacáo dessesrecursos e atendimentos na própria rede pública regular de ensino.

Out ros documentos, além dos supracitados, foram elaborados e servem como marco regulatóriodessa modalidade de ensino. Entre eles, destaca-se "As Diretrizes Nacionais para a Educa~ao Especial naEduca~ao Básica" da carrera de Educa~ao Básica, do Conselho Nacional de Educa~ao, que intentaregular e instituir leis que alicercem essa modalidade de ensino.

De acordo com esse documento:

Em todo mundo, durante muito tempo, o diferente foi colocado a margem da educacáo: o alunocom deficiencia, particularrrente, era atendido apenas em separado ou entñe simplesmente excluído doprocesso educativo, com base em padré5es de normalidade; a educacño especial, quando existente,também se mantinha apartada em rela~ao a organiza~ao e provlsáo de servlcos educacionais. (DiretrizesNacionais para a Educa~ao Especial na Educa~ao Básica, 2001, p. 5)

Além desses documentos, outros tantos Pareceres e Resolu~é5es emitidos pelo CNE/CEB podem seracessados pela Intemet no slte do MEC (Ministério da Educa~ao e Cultura)6 . Entre eles, o ParecerCNE/CEB nO 04/2002, cujo assunto de interesse é a "Recomenda~ao ao Conselho Nacional de Educa~ao

que tem por objeto a educecáo inclusiva de pessoas portadoras de deficiencia", tratando exatamente dorespeito as díterences.

Por fím, deve-se ressaltar ainda o Plano Nacional de Educa~a07 (PNE). Essa lei tem como finalidadeinstituir marcos e parámetros legais, deteminantes dos rumos do sistema educacional brasileiro, emtodos os seus níveis. Assim, esse documento contempla a educacño especial em todos seus aspectos,ou seja, desde o direito de todos os portadores de necessidades especiais em freqüentar c1assesregulares, até os objetivos e metas dessa modalidade de ensino.

Analisando o texto dessa lei, pode-se notar que ela é bem ampla e geral ao deixar claro que suavalidade independe do tipo de deficiencia que a pessoa apresente. Isso é indiferente no que toca aocumprimento da lei. Deve-se considerar que todos os documentos, lels, decretos, entre out ros, dosquais se trata neste artigo tem essa mesma perspectiva, ao ressaltar as dlterencas como algo positivoe, principalmente, ao destacar a prática do combate a díscrímnacáo,

Esses direitos, expressos em lels, sao frutos de processos democráticos que indicam oreconhecimento da cidadania dessas pessoas. Nessa perspectiva, Vieira (2001) ressalta esse mesmoposicionamento, discorrendo acerca da conquista da cidadania:

Por outro lado, é certo que os direitos de cidadania historicamente nascem na sociedade, quenascem entre os trabalhadores, entre os miseráveis, entre os despossuídos. Eles reivindicam seusdireitos e conseguem ao longo de mais de dois séculos para cá akencar alguns deles.

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1~1111 ::RmIItlIdoc.nn.aEd...-glo::-.-_.. - .. _.._-, --"-7-' -....._...._.._- -......-. -- -.. - -----7-- -- .,--..----, --......------ --oportunidades e ganilntla de pemBnllncla na escola.

esse rel'IexIo aponte para a IlT1Jortllncllil de estratéglas de apolo é constru~lo de UITIiI educeGlo~cluslva, em qee se bU$llue Iil alT1Jlla~lo do atendnnto das ne<:BS$ldades dos alunos e, sobnrtudo, sua~sen;lo IIiIS atlYldades do cotidiano escolar e no arrblente social.

A guisa de algulTlils conclusfles

O reconheclrnento dos dlreltos Inerentes lis peSSOllS portadoras de necessldlldes especlals Já seconfigura num grande avan~o social, ccrém ai'lda nlo é suficiente para que se alcance UITIiI sociedadeem que nlio se considerem as diferen~as COm:l pmcípios discrimilliltórios.

No limillr eesse novo milenio, vivem-se novos tel11)OS, UITII época de transi(;io entre as pniticas deexclus.lio e as de incluslo social. OS dois arecesses coexistel1\ ou seia, algulTDS das venas pniticasa.,da sob~lvem, el1qUllnto as novas vilo sendo "centlvadas.

Deve-se Silllentar que ITLIlto alnda h' que se fazer para a rmlhorlil dlIs condl~6es fisk:as deacesslbllldade, nos diversos 8Spa~os de soclalzaGllo, que reeeeem pIlSSOlIs portadorllls de necessldadesespeclals. Multos prádlos aseolaras alnda nllo garantem arrblentes adaptados que facllltem o transito e apelTTlilno!IIw::1a dllllBi!ls pIlSSOlIs em suas dependllnclils. serreree a garantla legal, condl~lIo necess'rI2I, ITliISnllo suficiente, 1\10 á o bastante para se efetlvar a ~cludo social tarrbám nesse sentido.

No sentido de procurar fiscalizar e 1'azer IT'Ill10rar os B8pBGos aseolares, I atua~lIo do M~lstl!rIo

PI.lb/k:o tem trazldo alguns aVan~os nesse processo de adequaGlIo pBlOI a Inclusllo, prlnclpamente se seconsldelOlrem as aG&es referentes ilI ecesslblldede. GarantIr o acesso facilitado, IItravés de ra~s, poreXl!IT1JIo, jIli se constltul em llViln~o nessa aree.

Dentre alguns rrelos de se garantir o cu"1)ñrento de al;6es que aS$I!Qurem o acesso de pessoasportadoras de del'k:l6ncla aos espa~os piJblk:os e pr1vados, pode-se destacar o TelTTJ:l de A,lustamento

de CDnduta (TAC).

Um exelT1Jlo do uso do TAC é a al;lo do Ministério Público de Minas Gerais, envolllendo aseeretera de Estado de Educal;io de Minas Gerais, que visa -garantir as condil;lles níninls deacessibirldade lis pessoas portadoras de deficiencia, em confol1Ticlade com o disposto na Lei federal nO10.098/00, a Lel EstadUIII 11.666/94, Resolul;lío aE/CEB nO 02/2001 e crttérlos definidos nll NlRQOSO daABNT, Junto 11 Sec~IIr1i1 de Estado de Educa",lío· B.

No entanto, alnda se est' distante do efetlllo CUlT1JrllTIlnto de todas as nOlTTlils que vlsemdefender os IntenlSS8S dlIs pessoas portadoras de defk:lAncla. Multos do os espal;os que alnda nlloatendem lis exlglnclas Ielllills com rellll;lIo i!I acessIJIlldade. NIlo do raros os casos de escollls semrarrpas de acesso pilra peSSOilS que usam a caden de rudas e de aspill;os p(jbllcos sem banhemsadaptados pBlOI atender a estes casos, dentre outros eXl!IT1JIos.

Corro fomB de Ilustrar till sltuill;lo, pode-se destacar os núrrllros Ievantilldos pelo 1JlEP, por ITIlbdo censo Escolilr 2004, que tretam ee quest:!!lo referente é InflOl-estrutulOl i1presentildil nas EscolasPI.lb/k:as de Educal;llo Básica:

Co~ de InfnI-edrut...,. na. ",.colll• ...~.d. I!d_91o U.1ea - 2004

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o momento atual revela o aflitivo estágio de implementac;ao dos direitos conquistados, qual seja,fazer com que a letra fria da lei possa, efetivamente, modificar o cotidiano da pessoa com deficiencia.Caí a importancia da participacéo do Ministério Público.

Embora tenham sido referidas, neste artigo, diversas lels, decretos e demais normas, o carrinhopara a lnstltulcáo de urra igualdade democrática de acesso e permanencia do portador de necessidadesespecíaís na escola regular necessita de um aporte legal eficaz, isto é, da criac;ao, implantac;ao eaplicac;ao de uma legislac;ao educacional quase específica, que garanta os direitos das pessoasinteressadas e envolvidas nesse processo integrador e inc lusivo.

Pensar uma sociedade para todos, na qual se respelte a diversidade, é alicerc;ar a crenc;a de quetodas as pessoas térn direito a partícjpacéo ativa nas relacñes sociais. Por ísso, atender as necessidadesdas maiorias e das minorias, é concretizar a realizac;ao da sociedade inclusiva, que busca dissiparbarreiras e estigmas, consolidados em relac;ao a grupos marginalizados socialmente, do qual fazem parteos portadores de deficiencia.

Referéncias

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Notas

1 Também conroboram com esse interesse, entre outros diwl'Sos artigos da ConstituiyAo da República Federali"" doBrasil, de 1988, o artigo 1°, incisos 11 e 11I, bem como o artigo 3°, incisos 1, 11I e IV. O artigo 5° da Carta traz urna extensalista de incisos referentes é defesa e ao exercfcio dos Direitos CilAs.2 Lei nO 8.069, de 13 de julho de 1990.3 Lei nO 9.394, de 20 de dezembro de 1996.4 Cf. BRASIL. LegislayAo brasileira sobre pessoas portadoras de deliciAncia. Brasilia: Climara dos Deputados, 2004.5 Cf. arto 10, arto 11, arto 28, arto 121, arto 190, arto 198, arto 213, arto 218, arto 224, arto 226 e arto 295.6 Cf. www.mec.gov.br7 Lei nO 10.172, de 09 de Janeiro de 2001.8 Cf. Termo de Ajustamento de Conduta N° 022102 - Inquérito CMI Público nO 02212002Disponi\el em: <www.mp.mg.gov.br/caoppdi> Acesso em: 20/07/2004.

CorrespondAncia

Wariley Femaira Sahb - Rua i1auninha, 126 - Bainro: Cachoeirinha - Belo Horizonte - MG - CEP 31.130-740.E-mail: [email protected]@yahoo.com.br

Recebido em 14 de dezembro de 2005

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