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8/18/2019 Carter Racing - João Cunha
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A corrida da Carter RacingPartes A e B
Por Jack Brittain e Sim Sitkin
Parte A
John Carter não tinha certeza, mas seu irmão e parceiro, Fred Carter, estava no telefone e
precisava de uma decisão. Deveriam participar na corrida ou não? Aquela havia sido uma
temporada de sucesso até agora, mas a corrida de Pocono era importante por causa do prêmio
em dinheiro e exposição na TV que prometia. Esse primeiro ano tinha sido difícil porque o time
estava tentando criar uma reputação, e, então, teve de participar de muitas corridas
pequenas. Uma última participação de sucesso poderia atrair mais patrocinadores, uma
chance de começar a lucrar, e o luxo de correr só nos maiores eventos. Mas se houvesse outra
falha de motor em rede nacional...
“Essas falhas de motor são um pé no saco”, pensou John. O carro do time tinha falhado, semacabar a corrida, sete vezes em vinte e quatro corridas, com vários níveis de dano para o
motor e para o carro. Ninguém conseguia entender o porquê. Foi necessário muito dinheiro de
patrocinadores para substituir um motor de corrida de US$20.000, e as taxas de inscrição
desperdiçadas também não eram um problema pequeno. John e Fred conseguiram tudo que
tinham através da Carter Racing. Essa temporada tinha que ser um sucesso.
Paul Edwards, o mecânico do motor, achava que o problema era relacionado à temperatura
ambiente do ar. Ele argumentava que, quando era frio, os diferentes graus de expansão para o
cabeçote e bloco danificavam a gaxeta principal e causavam os problemas de motor. A noite
anterior foi congelante, o que significava que haveria uma manhã fria para iniciar a corrida.
Tom Burns, o mecânico chefe, não concordava com o “feeling” de Paul, e tinha dados para
apoiar seu argumento (ver Anexo 1). Ele apontou que as dez falhas da gaxeta (em algumas das
sete corridas não completadas, houve mais de uma falha) ocorreram durante todas as
temperaturas, significando que a temperatura não era o problema. Tom esteve correndo por
vinte anos, e acreditava que sorte era um importante elemento para o sucesso. “Na corrida,
você está ultrapassando os limites do que se conhece”, ele costumava dizer, “e isso significa
que algumas coisas não estarão sob controle. Se você quer ganhar, você deve assumir riscos, e
todo mundo que corre sabe disso. Os motoristas arriscam suas vidas, eu tenho uma carreira
que está em jogo a cada corrida, e vocês tem cada centavo amarrado no negócio. É essa a
emoção da coisa: ir contra as possibilidades e vencer”. Na noite passada, durante o jantar, ele
havia forçadamente adicionado a seu argumento o que ele chamava de Primeira Lei da Corrida
do Burns: “Ninguém nunca ganhou uma corrida sentado nos boxes”.
John, Fred e Tom discutiram sobre a situação da Carter Racing na noite passada. Essa primeira
temporada foi um sucesso do ponto de vista das corridas, com o carro do time terminando
entre os cinco primeiros em doze das dezessete corridas que completou. Como resultado, as
ofertas de patrocínio tão importantes para os negócios do time começaram a aparecer. Uma
grande chance surgiu duas semanas atrás, depois da corrida de Dunham, onde o time
conseguiu sua quarta vitória em primeiro lugar. A Goodstone Tire tinha finalmente decidido
que a Carter Racing merecia seu patrocínio em Pocono – valendo US$40.000 muito necessários
– e estava considerando um contrato de uma temporada inteira para o ano seguinte se o carrodo time terminasse nos cinco primeiros dessa corrida. O patrocínio da Goodstone era para um
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milhão por ano, mais incentivos. John e Fred conseguiram uma resposta favorável do Diretor
do Programa de Corridas da Goodstone na semana passada quando apresentaram seus planos
para a próxima temporada, mas era claro que seu suporte dependia da visibilidade que eles
gerariam nessa corrida.
“John, nós só temos mais uma hora para decidir”, disse Fred pelo telefone. “No fim da corridade Dunham, e antes de termos conseguido os US$ 40.000 da Goodstone, nós tínhamos US$
57.500 no prejuízo. Se nós saímos agora, nós podemos conseguir de volta metade da inscrição
de US$ 15.000. Nós vamos perder a Goodstone, eles vão querer US$ 25.000 do dinheiro deles
de volta e nós vamos acabar a temporada com um rombo de US$ 50.000. Se nós corrermos e
conseguirmos ficar nos cinco primeiros, nós temos a Goodstone no bolso e podemos adicionar
outro carro na próxima temporada.
Você sabe tão bem quanto eu, no entanto, que se nós corrermos e perdermos outro motor,
voltamos à estaca zero na próxima temporada. Nós vamos perder o patrocínio dos pneus, e
um motor destruído vai nos fazer perder o contrato de óleo, com certeza. Nenhuma
companhia de óleo quer que uma audiência de TV nacional veja um carro com fumaça sendo
arrastado para fora da pista com o nome deles escrito nele. O patrocínio de óleo são US$
500.000 que nós não podemos ficar sem. Pense sobre isso – chame o Paul e o Tom se quiser –
mas eu preciso de uma decisão em uma hora”.
John desligou o telefone e olhou para o céu pela janela. A placa de temperatura do outro lado
da rua dizia: “4ºC às 9:23 AM”.
Parte B
“Chame o Paul Edwards para mim”. John estava ligando para ouvir a opinião de seu mecânico
de motor sobre se eles deveriam ou não correr hoje. Os dados que Tom juntou indicavam que
a temperatura não era o problema, mas John queria ter a avaliação direta de Paul.
Paul Edwards era um “mecânico de posto de gasolina” tradicional, com suas unhas
permanentemente escurecidas por graxa e um macacão limpo pelos primeiros dois minutos
em manhãs de sábado. Ele esteve de olho no circuito profissional por dez anos, depois de sair
da escola aos dezesseis anos para seguir corridas de arrancada. Ele não tinha o treinamento
sofisticado de engenharia que estava ficando mais comum nas corridas, mas, ele entendia de
motores de corrida.
John havia discutido o problema da gaxeta com Paul dois dias atrás, e, enquanto ele esperava,
ele refletia na conversa que tiveram. Paul era um homem de poucas palavras, e não costumavaexagerar. “Do jeito que vejo, a pressão do turbo durante o aquecimento – em conjunto com os
diferentes graus de expansão do cabeçote e do bloco – está pregando uma peça em nós”, era
o máximo que ele diria sobre o problema. Era a opinião dele sobre a causa do problema, e ele
não a apresentaria de nenhuma outra forma.
Era a mesma história que John tinha ouvido vinte vezes, mas simplesmente não condizia com
os dados de Tom. “Paul, nós já falamos sobre isso antes, mas, como você sabe que é esse o
problema? Quando nós corremos em Riverside, a temperatura era de 75ºF (24ºC) e nós ainda
perdemos a gaxeta e o motor”.
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“Não tenho certeza do que aconteceu em Riverside”, Paul respondeu. “Eu não tenho certeza
se a temperatura é o problema, mas é a única coisa que pude perceber. São definitivamente as
gaxetas que estão estourando e fazendo o motor ceder”.
Parte do sucesso de Carter Racing era devido a um sistema único de turbo-compressão que
Tom e John haviam desenvolvido. Eles tinham criado um novo modelo de cabeçote que lhespermitia conseguir mais pressão de turbo para o motor, enquanto mantinha o consumo de
combustível em um nível razoavelmente constante. Colocando os corpos do cabeçote e do
turbo em uma liga de aviação resistente, eles também reduziram quase cinquenta libras de
peso. A liga que eles estavam usando não era tão sensível à temperatura quanto o material no
bloco do motor, mas a gaxeta principal deveria ser capaz de aguentar as diferenças.
John podia ouvir os sons de um dia de corrida ao fundo enquanto Paul se aproximava do
telefone. “Olá, John”, ele disse, obviamente empolgado. “Os macacões da Goodstone
acabaram de chegar aqui. Estamos falando de tecidos muito bons, e nada de remendos
costurados desses caras. O logotipo nas costas e nossos nomes são costurados bem no
material. Acho que isso quer dizer que nós vamos ficar com eles. Claro, eu já tenho um poucode graxa no meu, então eles provavelmente não vão querer de volta de todo jeito”.
“Isso é ótimo”, disse John, “Olha, eu quero saber o que está sendo feito sobre o negócio das
falhas das gaxetas”.
“O carro está pronto. Estávamos usando um procedimento de assentos diferente desde
Slippery Rock, e não tivemos problemas por duas corridas. Tom diz que o negócio com a
Goodstone estará feito contanto que nós terminemos bem hoje. Os caras da equipe querem
muito isso. Goodstone é uma bala de canhão: eles podem fazer de nós o time número um no
circuito se fizermos certo”.
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Anexo 1: Bilhete de Tom Burns
John,Eu consegui os dados do problema das falhas das gaxetas do Paul. Nós corremos em 24
corridas nessa temporada, com temperaturas durante as corridas alternando de 53ºF (12ºC) a
82ºF (28ºC). Paul teve uma boa ideia ao sugerir que déssemos uma olhada nisso, mas, como
você pode ver, este não é o nosso problema. Eu testei os dados para uma correlação entre a
temperatura e as falhas das gaxetas, e não encontrei relação.
Em comparação com alguns outros times, nós nos demos muito bem nessa temporada. Nós
terminamos 70% das corridas, e, quando nós terminamos, estávamos nos cinco primeiros 70%
do tempo. Nossa taxa de motores pifados é de 30%, mas estamos correndo rápido, então
temos de esperar algumas dificuldades. Não estou feliz com os problemas de motor, mas eu
vou preferir as quatro vitórias em primeiro lugar e 50% de chance de terminar no pódio do que
sete motores, sempre. Se continuarmos correndo assim, teremos nosso leque de
patrocinadores.
Tom