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CATÁLOGO DIGITAL

Catálogo Digital_ Vozes da África na Terra da Luz

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Catálogo digital com o patrimônio material e imaterial da Cultura Negra no território compreendido entre as serras da Aratanha e Gurguri.

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C A T Á L O G O D I G I T A L

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O PROJETO

A presença do sol o ano inteiro já era indicio que as terras do Ceará, podiam ser denominadas como “terra da luz,” A proclamação da Abolição da Escravidão antes que o Império Brasileiro assim o fizesse, ratificou as estas terras a denominação de mencionada anteriormente. Por sua vez o Ceará que num momento se orgulhava de ser esse templo de vanguarda liberal, ao extinguir a abolição em seu território, saiu na contramão da história ao tentar negar a existência do negro na formação do Ceará e da sociedade cearense. Durante a formação do Império Brasileiro fora criado o IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), e nas províncias foi seguido esse modelo, de criação de espaços que deveriam se dedicar a preservar a memória nacional. No Ceará o Instituto Histórico e Geográfico, recebeu o complemento “Antropológico”, aqui é Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, e essa magnífica instituição que deveria se encarregar de preservar a memória do Ceará, acabou por se tornar o lugar de onde se produziu a “História Oficial do Ceará”. Os intelectuais lá presentes passaram a proferir afirmações que acabaram chegando ao tempo presente, sendo que muitas pessoas ainda as defendem como verdade. A obra de intelectuais como Raimundo Girão, um dos que mais produziu trabalhos sobre diversos temas da história cearense, é categórico ao afirmar que no Ceará a presença do negro foi tão pouca, que por isso os negros não ascenderam na escala social, tal pressuposto vai ao encontro das diretrizes defendidas pelo instituto histórico do Ceará, de que aqui não havia negros. Uma análise um pouco mais aguçada pode perfeitamente indicar que tais afirmações estão ligadas ao modo de como os intelectuais brasileiros do século XIX, queriam que fosse o Brasil. Sem a marca do negro. O próprio VARNHAGEN defendia que ocorreria um branqueamento do povo brasileiro, isso também serviu de base no incentivo a migração europeia.

Se o Brasil queria se livrar da presença negra, por que o Ceará deveria assumir que aqui ocorreu uma grande presença negra africana em seu território, no chamado período colonial ligado a economia subsidiaria da Pecuária, dos famosos tempos das Oficinas de Charqueadas e depois com outros produtos em que o Ceará se destacou como produtor, como o algodão e o café. Por sua vez nessa região que está entre o mar e o sertão, denominada como Maciço de Baturité, fora a região onde se tem um dos registros mais antigos da abolição da escravidão no Brasil. Na vila do Acarape, quem em língua tupi, significa “caminho dos peixes”, hoje Redenção título alusivo à manifestação de libertação dos negros escravizados, é um das regiões que marcam a forte presença do negro no Ceará. Da cidade de Baturité que é uma região serrana, vindo no sentido da capital Fortaleza, unidos pela serra da Aratanha, é nesse espaço que deseja se pesquisar e que possa integrar toda essa região que fora cerne desse processo histórico, que atualmente vive um momento singular em sua história, já que hoje no município de Redenção está instalada a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro- Brasileira, Unilab, instituição que em seu pouco tempo de existência tem promovido a integração do Brasil e da África, como dos contatos entre os povos dessas regiões com suas origens históricas e culturais. Pensamos a serra como elo para efetivação de nossa pesquisa que envolveu as Cidades: Pacatuba, Guaiuba, Acarape e Redenção. Contamos com o apoio dos poderes públicos municipais desses municípios, e o Apoio Cultural do Ministério da Cultura através da Fundação Palmares/ Edital de concurso Público 01/2013- III Ideias Criativas Alusivo ao Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de novembro que tornou viável a produção desse catálogo acreditando em nossa ideia que é fruto do exercício coletivo de pensar o Ceará a partir dos nossos referenciais históricos e afirmativos, nossa gratidão a todos que contribuíram coma concretização desse sonho.

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A S O D E S H

Sociedade de Desenvolvimento e Solidariedade Humana, doravante denominada de SODESH, fundada em 04 (quatro) de abril de 2009 (dois mil e nove), com sede provisória sito a Rua Maria de Jesus Pinheiro, Nº 168, Pinheiro, Município de Guaiúba, Estado do Ceará, tem como foro jurídico o Município de Guaiúba – CE, com capacidade de atuação em todo Território Brasileiro, é uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, autônoma e de duração indeterminada, de caráter cultural e social, de gestão comunitária, composta de número ilimitado de associados. A entidade tem como objetivo: Colaborar, nas iniciativas de interesse coletivo, com as instituições Organização Social–OS, Organização Não Governamental-ONG, além dos Poderes constituídos; a união dos povos (negro, branco, mulato, dentre outros) no fortalecimento das lutas por melhoria da qualidade de vida a partir do seu habitat natural, seja: no núcleo familiar, na rua, no conjunto habitacional, na área de assentamento, na vila, no bairro, no distrito e/ou no município, respeitando os aspectos de diferenças e igualdade, o uso correto dos recursos ecológicos e materiais, preservando o meio ambiente, bem como, criar e desenvolver, em suas bases, atividades: esportivas, recreativas, habitacional, promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio ambiental, paisagístico, histórico e artístico material e imaterial, promoção de políticas de geração de renda, através do desenvolvimento local, integrado e sustentável, de modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos (na agricultura, pecuária, agronegócio, artesanato, comercio, geração de renda, crédito solidário, dentre outros); defender o direito das pessoas, a uma alimentação saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente; defender a promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais; colaborar com a equidade, dos direitos

e deveres, entre homens e mulheres, na sociedade; A entidade possui registro, junto ao Conselho Municipal de Assistência Social-CMAS, no município de Guaiúba, Estado do Ceará. A Instituição foi reconhecida como Ponto de Cultura, onde concorreu ao edital da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, em 2010. Atualmente a Instituição em Parceria com a Prefeitura de Guiaúba executa o Projeto Estação da Música, que tem como objetivo ofertar atividades capazes de desenvolver o intelecto humano sendo a musicalização como ferramenta inclusiva capaz de contribuir com a formação do caráter humano a ética e a cultura de paz, a consciência crítica além de, fortalecer as práticas educacionais no âmbito do ensino escolar, com aulas teóricas e praticas. Além do projeto realiza diversas campanhas em prol do patrimônio histórico, da valorização e do reconhecimento de personagens na qual contribuíram com a sociedade e deixaram legados valorosos.

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PACATUBAMARANGUAPE

PALMÁCIA

BARREIRA

MARACANAÚ

FORTALEZA

GUAIÚBA

REDENÇÃO

ACARAPE

MUNICÍPIOS ENVOLVIDOS• ACARAPE• GUAIÚBA• PACATUBA• REDENÇÃO

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PACATUBAO Município de Pacatuba está situado na Região Metropolitana de Fortaleza, distante apenas 30 km da capital cearense, localizado no sopé da Serra da Aratanha. A cidade possui em torno de 74.000 habitantes, divididos em três distritos, Monguba, Pavuna e Carlos Senador Jereissati.A cidade possui inúmeros atrativos históricos, culturais e ambientais. Mantêm preservados os casarões coloniais do século XIX, símbolos vivos do período em que a cultura do café dominou a economia brasileira. Abundância de um pequeno mamífero conhecido pelo nome de paca conferiu-lhe o nome que, na língua tupi, significa: paca (animal) + tuba (lugar abundante), traduzindo-se, portanto como “lugar de muita paca”.“Em 1683, a sete de outubro, o Capitão-Mor Bento de Macedo Faria concedeu a João Pinto Correia e outros, do Rio Grande do Norte, data e sesmaria” do rio que nasce do pé da serra da Pacatuba, cortando para o nascente com seu comprimento e várzeas anexas ao dito rio, com uma légua de largo que será meia de cada banda até os últimos providos”. Esta concessão, primeira de uma série, deu início, por assim dizer ao povoamento da serra da Pacatuba, origem do atual Município.Em 1791, o Capitão Castro Viana transferiu-se para o local denominado Aratanha-Velha, onde edificou sua morada e plantou árvores frutíferas. Com a passagem desse sítio para Albano da Costa dos Anjos, este, com a família e quarenta escravos, construiu na falda serra outra casa, no lugar Fazenda, ao centro dos algodoais. Para transporte de gêneros, mandou abrir em 1803 uma estrada para a capital da Província. A cultura do café teve início em Pacatuba com a anquisição das primeiras mudas em Baturité, plantadas no sítio Boaçu. Os altiplanos e encostas da serra logo encheram-se de sítios de café.

No ano de 1845, a seca trouxe para o sopé da serra muitos sertanejos que ali se estabeleceram em palhoças, incrementando o povoamento. A construção de prédios principiou em 1850. Em agosto de 1855 a Assembléia Provincial votou e o Presidente Vicente Pires da Conceição sancionou a “”planta para a edificação da povoação de Pacatuba””. Em novembro de 1872 Henrique Gonçalves da Justa obteve autorização legislativa para edificar no centro da praça interna do mercado uma casa destinada a ponto comercial. O Presidente Pires da Mota, ainda em 1855 deu início à construção da estrada que seguia de Fortaleza para a então nascente Pacatuba.O núcleo urbano naquele tempo existente pertencia ao Município e freguesia de Maranguape. Era sede de distritos de paz e policial, criados em 1843. Um juiz de paz tinha assento, com a competência de decidir pequenas demandas e desempenhar alguns encargos administrativos.As competições políticas tinham como centro a vizinha cidade banhada pelo Pirapora, Maranguape, que era a sede do Município. Sobrevindo o progresso urbano e o desenvolvimento da economia, passou a constituir anseio geral o de emancipação, reconhecida a capacidade de Pacatuba para se auto-dirigir por meio de mandatários, desejo atendido em 8 de outubro de 1869. O mesmo desejo de emancipação no âmbito religioso foi satisfeito com a criação da freguesia, elevando a capela de Nossa Senhora da Conceição à categoria de matriz. A instalação da Câmara Municipal ocorreu no dia 26 de abril de 1873. A elevação do termo resultou de Portaria de 13 de 1873. Comarca passou a ser em 1879, e cidade em 1889.”

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CASARÃO JOÃO PINTO

O Casarão João Pinto foi construído em 1854, não contém registro histórico referente aos primeiros moradores, só há registro a partir de 1870, segundo as pesquisas de relatos feitos com antigos moradores do município, o Sr. Antony Fernandes afirma que em meados da década de 1870, um homem negro discursava a cerca da abolição da escravatura no segundo piso do Casarão, este homem era José do Patrocínio. Depois residiu o Dr. Joaquim Vitoriano de Almeida Pinheiro, influente delegado de Pacatuba. Conta a história que o Dr. Joaquim abandonou a casa no período da epidemia de cólera que atingiu o município e ao retornar após o surto da doença foi ligeiramente vitimado com a bactéria da doença, falecendo dois dias depois.Também residiu no casarão o Major Crisanto Pinheiro, grande benfeitor do Município, por alguns anos o edifício pertenceu a arquidiocese de Fortaleza e depois foi vendido ao ex-prefeito João Ferreira Pinto. Atualmente o imóvel pertence á Prefeitura Municipal de Pacatuba. O Casarão funciona como sede da Secretria de Turismo e Cultura e do Museu Histórico de Pacatuba. Esse imóvel é o único que ainda possui a calçada original, todos os outros imóveis ao redor foram modificados, as calçadas foram rebaixadas.

ACERVO DO MUSEU HISTÓRICO DE PACATUBA

PACATUBA

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CASA DA BARONESAA Casa da Baronesa conhecida assim devido aos seus proprietários serem grandes comerciantes de café da região no final do século XVIII, por volta de 1791. É considerado Patrimônio material e imaterial da história de Pacatuba e palco histórico de grandes personalidades da região, como o Barão do Café, o Sr. José Antônio da Costa e Silva e a Baronesa, a Sra. Maria do Carmo Theóphilo e Silva, que por ventura são pais do famoso Escritor e Mestre Juvenal Galeno. Também foi ponto de inspeção da Comissão Científica de Exploração do II Império no ano de 1860, que consistia em pesquisas nas áreas de botânica, geologia, mineralogia, zoologia, astronomia, geografia e etnografia em todo o território do Ceará e arredores. o sobrado está situado no Sítio Boa Vista localizado na Serra da Aratanha pertence a Família do Saudoso Manuel Eduardo Pinheiro Campos. A “Casa da Baronesa”, hoje e utilizado apenas como atrativo histórico aos visitantes das Trilhas Ecológicas da Serra da Aratanha. O casarão não guarda as dimensões que o nome sugere. É simples, mas de paredes robustas. Tem sala, cozinha, corredor, dois quartos e um banheiro. Na cozinha, ainda se encontra o fogão de tijolos e uma pedra que brota do chão, indicativo da maneira de construir uma residência em terreno acidentado como o da serra. Sob o chão de madeira de um dos quartos há uma espécie de porão. Na interpretação dos moradores ali era uma senzala onde dormiam os escravos que trabalhavam nas terras da baronesa do café. Os horrores da escravidão são revividos a partir de suas cenas limites, com o açoite de negros e sua moradia insalubre. Saídas de ar que dão para fora da casa, seriam provas da existência da senzala.

PACATUBA

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ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

A cidade de Pacatuba remonta ao século XVII. O povoado ali formado, no entanto, somente em 1842 foi elevado a sede de distrito. Em 1869 passa a município. “Fato auspicioso para a vida local, evidentemente, ocorreu em 1876, quando a 9 de janeiro, foi inaugurada a estação da estrada de ferro destinada a unir a zona sul do Estado à Capital” (Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XVI, IBGE, 1959). A estação está de pé em 2010 e funciona como cartório.

PACATUBA

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CASA DA ABOLIÇÃO O Sobrado da Abolição, como é conhecido, foi datado aproximadamente do ano de 1863, construído pelo Capitão Henrique Gonçalves da Justa, primeiro prefeito de Pacatuba.No imóvel aconteceu um grande fato histórico, dia 02 de fevereiro de 1883 foi realizada a assinatura da abolição da escravatura, o Major Cícero Franklin saiu na varanda do prédio para comunicar a centenas de pessoas que estavam em baixo da varanda, inclusive escravos ainda acorrentados, leu em voz alta para a multidão, informando que a partir daquele momento os escravos de Pacatuba estavam livres. Foi quando os donos de escravos começaram a abrir as correntes.No Município a maioria dos escravos andavam sem correntes. Nesse dia esteve presente várias personalidades, como Tibúrcio Cavalcanti general do exército nacional.Um dos primeiros residentes do referido prédio foi o escritor Rodolpho Teóphilo, onde pouco depois no próprio prédio montou uma farmácia. O Sobrado da Abolição pertence atualmente á família do escritor Manuel Eduardo Campos, e será em breve sede do Instituto Eduardo campos (IEC), o instituto é presidido por Eduardo augusto campos, filho do escritor.

PACATUBA

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O sobrado foi construído pelo Capitão Henrique Gonçalves da Justa para sua própria residência, localizado no centro histórico de Pacatuba é vizinho do também sobrado onde foi assinado o documento de libertação dos escravos em 2 de fevereiro de 1833. Em 1853 aproximadamente foi também a sede da primeira Câmara Municipal e da primeira Prefeitura.Capitão Henrique era construtor, foi vereador e o primeiro Prefeito de Pacatuba.Já no início do século XX, o sobrado funcionou como único hotel da cidade por algum tempo, e mais tarde foi vendido á família Oscar Cavalcante, onde recentemente serviu para grandes eventos culturais no município, onde também serviu de cenário para o filme “ Iremos a Beirute”.

CASARÃO DA FAMÍLIA CAVALCANTE

PACATUBA

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SOBRADO MARIANA CABRALSobrado, monumento histórico construído em 1854, residência de Dona Mariana Cabral da Silva, na época dona de muitos escravos e vários engenhos de cana de açúcar. Dona Mariana Cabral também foi doadora do terreno para a construção de uma grande obra arquitetônica de Pacatuba, a igreja de Nossa Senhora do Carmo.

No prédio residiram várias personalidades pacatubanas, como o primeiro juiz de direito Dr. Augusto Gurgel do Amaral, logo depois famílias como José de Góes e Arquimedes, benfeitores do município.

PACATUBA

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Este imóvel foi construído no início do século XX, foi residência da família Manoel Novais, comerciante, senhor de escravos e proprietário de sítios na Serra da Aratanha, o imóvel ainda pertence á família Novais, foi reformada recentemente em 2001, mais sem mudanças nas características originais.

PACATUBACASARÃO DOS NOVAIS

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A igreja Matriz de Pacatuba originou-se de uma humilde capela de taipa. No dia 01 de fevereiro de 1870, foi nomeado o primeiro vigário o Pe. Frei Bernardino de Oliveira. Logo após a capela oi demolida.O local da construção foi escolhida por D. Maria Teóphilo e teve início em 26 de agosto de 1874 e sua conclusão ocorreu a 1º de janeiro de 1880. É um templo de estilo neoclássico de belo aspecto, cuja construção foi supervisionada pelo primeiro vigário, Padre Bernadino de Oliveira Memória e contou com a colaboração do Major Crisanto Pinheiro e com os auxílios dos habitantes da localidade e dos escravos. Esta edificação religiosa foi cercada por um muro com grades de ferro em 1998 e concluída no final de 2000.

IGREJA MATRIZ DE PACATUBAPACATUBA

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IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO

PACATUBA

A igreja de Nossa Senhora do Carmo possui aparência modesta, apresenta característica de capela, está localizada na rua Coronel João Carlos com a rua Raimundo Siqueira. Sua construção data do ano de 1883 em estilo colonial, foi idealizada por José Coelho ex-seminarista e construída pelo Padre José Inácio de Morais Navarro. Tendo como doadora do terreno Dona Maria Cabral da Silva, aristocrata e dona de escravos da época. Situa-se na rua Coronel João Carlos com a rua Raimundo Siqueira.

Em 1999 foi realizada uma reforma onde foram restauradas algumas peças sacras. Na sacristia foram acrescentados alguns compartimentos.

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RESIDÊNCIA DOS OLIVEIRASResidência do Sr. Casemiro Leite de Oliveira, Major da Guarda Nacional, também foi prefeito interino de Pacatuba. O imóvel foi construído no final do século XIX, nesse sítio viveram muitos escravos que trabalhavam nas moagens de cana de açúcar e em outras atividades agrícolas.

Atualmente o sítio mantém suas fachadas originais na ainda guarda uma enorme moenda do século XIX. Hoje, existe no município um colégio, onde o Major Casemiro Leite de Oliveira foi homenageado com seu nome

PACATUBA

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CASA DO DAGOBERTOImóvel construído no final do século XIX, foi residência do Sr. Dagoberto Albuquerque, personalidade de grande importância que contribuiu com vários movimentos sociais para a história de Pacatuba, grande comerciante, dono de muitas terras no Município de Pacatuba e na Serra da Aratanha.

A casa do Sr. José Dagoberto também serviu de cenário do filme cearense “Iremos a Beirute” realizado grande parte em Pacatuba.

PACATUBA

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O nome dado pelos indígenas que eram das localidades (Tupiguarani) foi Lagoa do Junco, significava Piripau, então ficou conhecida como Lagoa do Piripau.Dona Maria do Carmo Teófilo e Silva (Conhecida como Baronesa do Café) tinha uma grande amizade com o Imperador Dom Pedro II, sempre lhe entregava sacas de café. As lavadeiras que usavam a lagoa do Piripau pediram a Dona Maria do Carmo Teophilo e Silva para ela construir um açude para terem água o ano inteiro constantemente para lavar suas roupas.Então, ela pediu ajuda a Dom Pedro II, e com ajuda dele mandou construir o açude, foi primeiramente construída de barro, um muro de barro ao redor do açude. A Dona Maria do Carmo Teófilo e Silva – Baronesa do Café que era dona de Escravo utilizou mão de obra escrava para construção do AçudeHoje o açude é atrativo turístico está situado no bairro de São José, na Avenida Othon de Oliveira. Proporciona uma privilegiada paisagem a quem caminha sempre no começo da manhã e no fim de tarde, o açude é abastecido por as águas que descem da Serra da Aratanha.Com as últimas chuvas ocorridas nos primeiros meses de 2015, o açude do Piripau encheu e transbordou, fazendo a felicidade dos pacatubanos, alguns têm o açude como lazer, para o banho no final de semana, e outros dependem dele para sua alimentação e para a venda do pescado.

AÇUDE PIRIPAUPACATUBA

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O Açude batizado com o mesmo nome do Bairro Alto São João e uns do Patrimônio Natural da Cidade mais antigo segundo relatos de moradores fora construindo ainda na época do Império, tempos depois devido a uma grande chuva no município, deslizou muita terra da Serra da Aratanha e aterrou por completo o açude. Com isso a área ficou por muito tempo sendo utilizada como campo de futebol pelos pacatubanos da localidade do Bairro Alto São João, na Gestão do Prefeito Jeanir Fontenele na Década de 90 ele mandou desenterrar e recriar o açude novamente, o Açude além de servi de ponto de lazer auxilia aos moradores também para lavar suas roupas uma pratica muito comum nessa região.

AÇUDE ALTO SÃO JOÃOPACATUBA

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AFROFEST -FESTIVAL DE CULTURA AFRO-BRASILEIRA

O AFROFEST é um festival de Cultura Afro-brasileiraque acontece em novembro, mês da consciência negra, na cidade de Pacatuba-Ceará com realização de palestras para alunos e professores da educação básica, shows e apresentações artísticas e feira de artesanato e gastronomia africana e/ou afro-brasileira, para o público em geral.Todas as atividades são gratuitas. O evento objetiva promover uma ação de intercâmbio e troca de experiências entre músicos e grupos artísticos que trabalham com produção musical de influência afro-descendente, difundindo a diversidade musical e estimulando a reflexão sobre as diferentes possibilidades de inclusão de conteúdos de música e africanidades na educação básica. No ano de 2014 aconteceu a 3ª Edição do Festival que é uma realização do Instituto Aptus, Organização não Governamental Fundado em 2007 com objetivo de promover a integração social de crianças, adolescentes e jovens menos favorecidos, provenientes de famílias de baixo poder aquisitivo, por meio de atividades Educacionais, Artísticas e Culturais e outras necessárias ao desenvolvimento humano.

PACATUBA

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REDENÇÃORedenção, cidade a 55 km de Fortaleza (CE), é reconhecida nacionalmente por ser a primeira cidade a libertar os escravos no País. Localizada na região dos sopés do Maciço de Baturité e ao redor das margens do Rio Acarape/Rio Pacoti, o local era habitado por diversas etnias como Potyguara, Jenipapo, Kanyndé, Choró e Quesito. A partir do século XVII, recebeu diversas expedições militares e religiosas.Com a implementação da pecuária no Ceará, ainda no mesmo século, as terras de Redenção também foram beneficiadas com a agricultura da cana-de-açúcar. A partir do século XIX, engenhos de Redenção tiveram como mão de obra escravos africanos, desta forma senzalas e pelourinhos vieram a fazer parte do modelo urbano.Tornou-se independente do município de Baturité em 1868, com o nome de Vila Acarape (do tupi-guarani acará + pe, caminho dos peixes). Em 1882, criou-se a “Sociedade Redentora Acarapense”, e em 1º de janeiro de 1883, chegavam a então Vila Acarape, abolicionistas como Liberato Barroso, Antônio Tibúrcio, Justiniano de Serpa, José do Patrocínio e João Cordeiro, com a finalidade de concederem alforria a 116 escravos do lugarejo.

A partir daquele ato, em frente à igreja matriz local, não haveria mais escravos ali, ganhando a vila o nome de Redenção, pioneira em libertar seus escravos no País.O legado histórico do município manifesta-se até o presente, considerando que algumas atividades turísticas e culturais são voltadas ao marco que dá nome à cidade. Em reconhecimento ao patrimônio cultural, Redenção sedia a Universidade Federal de Integração Luso-Afro-Brasileira desde 2009. A instituição surge com a importante função de não apenas levar conhecimento, para a região , mas estabelecer novas metas desenvolvimento levando em conta a diversidade cultural existente entre diversos países de língua portuguesa. Redenção ainda abriga a arquitetura e patrimônios históricos, como igrejas, monumentos como o Monte das Graças e o Museu Senzala Negro Liberto. Além disso, nos arredores do município, encontramos belas paisagens naturais, casas da época colonial, com senzalas, pelourinhos, e engenhos de cana-de-açúcar. Além da representatividade do patrimônio natural, histórico e arquitetônico.

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REDENÇÃO

O Museu Senzala Negro Liberto é um museu localizado no Engenho Livramento, no município de Redenção a 50 km de Fortaleza. Situa-se às margens da rodovia CE-060, entre os municípios de Redenção e Acarape.O Sítio Livramento abriga o referido museu, canavial, bem como a unidade de produção da aguardente Douradinha. Este sítio foi construído em 1873 pela família Muniz Rodrigues, que ainda é a proprietária e idealizadora do museu. O marco histórico deste engenho foi a concessão, em 25 de março de 1883, de alforria a todos os negros cativos, cinco anos antes da decretação da Lei Áurea pela princesa Isabel. Outra atração turística é o Engenho Grande. Neste, há uma máquina de moagem de cana-de-açúcar fabricado na Escócia em 1927. Funciona entre os meses de agosto a dezembro, produzindo entre 8 a 15 mil litros de caldo de cana por dia para a produção de cachaça e é ainda ecológico, pois funciona a vapor e utiliza o bagaço da cana-de-açúcar como combustível.

SÍTIO LIVRAMENTOMUSEU SENZALA NEGRO LIBERTO

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MUSEU SENZALA NEGRO LIBERTOCriado em 2003, o museu é composto por casa-grande, senzala, canavial, a moageira e uma lojinha (Mercado da Sinhá). Este conjunto arquitetônico colonial é original e encontra-se em boas condições de conservação. A casa-grande ou casa do feitor possui uma característica especial que a diferencia de outras no Brasil. A casa-grande e a senzala encontram-se sob o mesmo teto, sendo que a senzala localiza-se no subsolo. O Museu Senzala Negro Liberto tem seu nome registrado nos anais da história nacional. Seu passado é coroado de glória a toda raça negra e seu nome resgata a consciência de uma sociedade libertária e pioneira.  Preservada desde o século XVIII o local mantém toda a característica original da época escravocrata. A Senzala do Negro Liberto é a única na região que, teve como marco histórico, um grande gesto de bravura ao conceder alforria a todos os negros cativos, 5 anos antes da decretação da LEI ÁUREA. Também, como atrativo turístico, aberto a visitação pública temos o Engenho de cana-de-açucar com uma máquina de vapor em funcionamento (de agosto a dezembro), os canaviais e a casa grande.No Mercado da Sinhá, é possível degustar da cachaça (produção própria), envelhecida em tonéis de bálsamo por 30 anos. Idealizadora deste projeto, a família Muniz Rodrigues (5ª geracão) mantém o compromisso com a história e com o destino da Liberdade.Museu aberto para visitacão de segunda a segunda.

REDENÇÃO

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O Hotel Pousada Gurguri fica na Serra do Gurguri, entre Redenção e Guaiuba, no Maciço de Baturité. O Acesso se dá por dentro da cidade histórica de Redenção, primeiro local do Brasil a abolir a escravatura.O Casarão que foi restaurado para compor o Hotel, a Pousada e o Restaurante é conhecido por Fazenda Engenho Gurguri e guarda os traços do regime escravocrata, seja na sua construção austera como nos resquícios deixados pela época em que mantinha a senzala, o pelourinho, a Casa de Farinha e etc. Era o segundo local de maior concetração de escravos.A Capela do Gurguri foi a primeira edificação religiosa da região. Com uma altitude média de 590 metros, conserva uma temperatura amena até nas épocas mais quentes do ano. Conta-se que seu antigo proprietário José Bento, após surrar a mulher de um dos seus escravos, Nego Chico, foi assassinado por ele. Depois de matar o seu senhor, Nego Chico refugiou-se num serrote, atrás da fazenda. Perseguido e na iminência de ser capturado, decidiu-se pelo suicídio, saltando do alto de um penhasco. Em alusão ao fato, o serrote passou a denominar-se Cabeça de Negro e seu vulto enorme, cercando a fazenda, parece querer lembrar o drama do escravo fugido.

REDENÇÃOHOTEL POUSADA GURGURI

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MONUMENTO A LIBERDADE “A ESCRAVA”

Localizado na entrada do município de Redenção, antigo alto dos leões, o Monumento a Liberdade “A Escrava” (Negra Nua) simboliza o espírito libertário do povo redencionistas. Retrata uma negra nua, que rompendo os grilhões, dá graças às luzes do céu por sua liberdade. o marco comemorativo do centenário de emancipação política de Redenção, desmembrado do município de Baturité. Obra assinada pelo renomado artista Eduardo Pamplona, que usou técnica em tijolos de ladrilhos. Edificado na administração do prefeito Dr. José Alberto Mendonça e Souza. É o cartão postal da cidade de Redenção, identidade e patrimônio, além de histórico e artístico. Foi inaugurado em 28 de dezembro de 1968.

REDENÇÃO

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MONUMENTO OBELISCOSegundo alguns historiadores, o local era onde os negros mais rebeldes eram amarrados e castigados com chicotes, qualquer cidadão poderia açoitar o escravo com um chicote que ficava sempre à disposição. Muitos escravos não aguentavam e morriam ali mesmo.Hoje, Praça da Liberdade, esse monumento é uma homenagem à Sociedade Redentora Acarapense aos feitos da Abolição, construído em concreto, pontiagudo e quadrangular, alusivo a um pelourinho. Simbologia que traz a marca da maçonaria. Inaugurado em 1º de Janeiro de 1933, em ocasião da festa do cinquentenário da Abolição, na administração do prefeito Odmar de Castro.

REDENÇÃO

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BUSTO DA PRINCESA ISABEL, A REDENTORA

REDENÇÃO

Idealizado pelo Pe. Saraiva Leão, em homenagem à princesa Isabel que libertou os escravos no Brasil. Foi um presente dos redencionistas que residiam na capital cearense ao município de Redenção, por ocasião da festa de comemoração do cinquentenário da abolição. Esculpida em pedra pelo artista Jacinto de Souza, em 1º de janeiro de 1933. Ficava localizado anteriormente onde hoje se encontra o coreto, sua base foi construída na administração do prefeito José Neves de Castro. Nome completo, de solteira, da Princesa Isabel: Isabel Cristina Leopoldina Augusta Michaela Gabriela Gonzaga de Bragança e Bourbon. Nascida em 29 de julho de 1846. Após seu casamento com Gastão de Orleans, em 15 de outubro de 1864, adotaria o sobrenome do marido, dando origem à linhagem Orleans e Bragança e ao nome de casada: Isabel Cristina Leopoldina Augusta Michaela Gabriela Raphaela Gonzaga de Orléans e Bragança.

Dessa forma, é possível, por meio do nome da princesa Isabel, traçar parte de sua árvore genealógica:Isabel é uma homenagem à sua avó, a rainha de Nápoles, Maria Isabel de Bourbon.Cristina é o segundo nome de sua mãe, a imperatriz Teresa Cristina.Leopoldina é o nome de sua avó paterna, a Imperatriz Leopoldina da Áustria, mãe de D. Pedro II.Augusta talvez fosse um nome próprio, já que, até sua tataravó (a Rainha Maria I, de Portugal), não havia o nome “Augusto”, também deixado de lado entre sua irmã, D. Leopoldina, e os dois irmãos, falecidos na infância, D. Afonso e D. Pedro Augusto.Michaela, Gabriela, Raphaela, Gonzaga são fáceis: vieram de seu pai, o Imperador D. Pedro II (que trazia os sobrenomes masculinos: Miguel Gabriel Rafael Gonzaga).Bragança é a casa real à qual pertencia o lado português da família imperial.Bourbon é herança da dinastia Bourbon, que governou a França, a Espanha e Luxemburgo.

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MONUMENTO AO ESCRAVO VICENTE MULATO

Marca os 125 anos de libertação dos escravos. Inaugurado em 1º de janeiro de 2008. O idealizador foi o Dr. Paulo Pereira Viana e o escultor Francisco Mendes Necreto (Bob). Nesse local haviam 5 pés de tamarineira era onde acontecia uma grande feira de escravos que aportavam em Aquiraz e Aracati e eram trazidos de trem para trabalhar na zona canavieira. Atualmente o local é uma praça.

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ESCOLA ESTADUAL PE SARAIVA LEÃO

Fundado em 1924 com o nome de Escola Pública de Redenção, foi a primeira Escola Pública do Município. Erguida em respeito à história, pois nesse local havia um salão onde aconteceu a sessão solene da Câmara Municipal de Redenção que emancipou os escravos em 1º de janeiro de 1883. Nesta solenidade estavam presentes a Sociedade Redentora Acarapense, populares e autoridades estaduais, a exemplo do Liberato Barroso e o famoso abolicionista José do Patrocínio. Esse prédio foi escolhido por ser próximo ao local onde ocorriam leilões de escravos. Com arquitetura da primeira metade do século XX, lembra o neoclássico com janelas simétricas em estilo gótico emolduradas em relevo.

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IGREJA MATRIZ DE N. SRA. DA IMACULADA CONCEIÇÃO

Histórico: Poucos dias antes da criação do município, o Ato Provincial nº 1242, de 5 de dezembro de 1868, criou a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, que foi dada a condição de Igreja, ou seja, instituída canonicamente por Provisão de 24 de agosto de 1869, tendo como primeiro vigário o Pe. Antonio André Lino da Costa, cuja posse data de 6 de fevereiro de 1870. Construída em estilo romano/eclético. Altar preparado em estilo arquitetônico romano, presença de colunas em estilo jônico, conservando a peça mais antiga datada de 1850, que é o Sacrário. Em 25 de março de 1909 recebeu um relógio que está situado em sua torre direita, com funcionamento a base de pêndulos, doado à paróquia pelo coronel Juvenal de Carvalho. Primeira reforma em 1912, recebendo a imagem de N. Sra. da Imaculada Conceição, proveniente de Florença, na França, tendo suas vestes adornadas em folhas de ouro.

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MUSEU HISTÓRICO E MEMORIAL DA LIBERDADE

Construído no século XIX, possui acervo de objeto da época da escravatura. Ao lado do Museu, está a ponte do rio Pacoti, construída por arquitetos, sob a responsabilidade do Imperador Dom Pedro I. Prédio em estilo neoclássico, início do século XX, construído na administração do prefeito José Costa Ribeiro. Em seu acervo constam documentos históricos, objetos de tortura e disciplinamento dos cativos, livros de compra e venda de escravos e, objetos que resguardam a memória de nosso povo, muitos deles doados, e mobiliário da paróquia, vestuário e demais objetos sacros. O Museu Histórico e Memorial da Liberdade foi criado com o objetivo de preservar objetos e documentos que contam a vida de Redenção, especialmente o que é relativo a fatos e circunstâncias da escravatura e da campanha por sua abolição. Redenção faz parte da história brasileira como o primeiro município a libertar seus escravos. Esse fato se deu no dia 1º de janeiro de 1883, antecipando-se em mais de 5 anos à Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, então regente, apenas a 13 de maio de 1888.

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CAMPUS DA LIBERDADE - UNILABA presença da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) reafirma e reconhece a história desse território.Em 20 de julho de 2010, o Presidente da República sancionou a Lei nº 12.289 instituindo a Unilab como Universidade Pública Federal. Redenção: “É o Brasil assumindo a sua grandeza, assumindo a condição de um país que, a vida inteira, foi receptor e, agora, é um país doador. Nós queremos ajudar os outros a se desenvolverem”, disse Lula, em seu programa semanal Café com o Presidente ainda em julho de 2010.A sintonia dos objetivos pautados em busca desta redenção encontrou concordância com a cidade de mesmo nome no interior do Ceará, pioneira na abolição da escravatura em 1883. Localizada a 55Km da capital cearense, a criação do campus em Redenção representou bem a proposta da Unilab: integrar para desenvolver.

Países parceiros: Ponto de fundamental importância é a questão da lusofonia. Cinco países da África foram colônias portuguesas e usam o português como língua oficial: Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Completam a lista dos oito países que compõe o contexto lusófono, o Brasil, Portugal e Timor-Leste.1/03/2013 O ex-presidente Lula recebeu primeiro título de doutor honoris causa pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em Redenção, no Ceará.

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GUAIÚBAGuaiúba está localizada a aproximadamente 35 km de Fortaleza, em um aconchegante lugar de clima agradável, além da rica paisagem natural, constituídas por serras, bicas e cascatas. O Município mantém preservados casarões coloniais do século XIX, símbolos vivos do período em que a cultura do café e do algodão dominou a economia brasileiraO Município de Guaiúba tem seu topônimo definido pelo romancista cearense José de Alencar e significa “por onde vem as águas do Vale”, em referência ao vasto manancial de água da região, sendo originado no Tupy-Guarani, língua matriz dos primeiros habitantes da região: os “Tamoios”. Sua origem oficial remonta a data de doação de sesmaria aos donatários Jorge Martins, Manuel de Souza e Francisco Dias de Carvalho,em 1682, um ano antes da data de doação de sesmaria que originou o município de Pacatuba, ao qual esteve ligado até 13 de março de 1987, quando, a partir da lei nº 11.301, Guaiúba foi emancipada. Seu processo de emancipação é fortemente ligado à mobilização dos diversos distritos de Guaiúba e ao fortalecimento e legitimação de sua identidade. Em 15 de novembro de 1986 foi realizado um plebiscito no qual a população optou pela emancipação do município. Nesse processo, bem como em outras lutas da região, a igreja católica teve um papel fundamental, na organização do povo, sobretudo com a contribuição do Pe. Geraldo, primeiro pároco de Guaiúba. Apesar das terras terem sido doadas aos seus donatários ainda no séc. XVIII permaneceram praticamente inabitadas até o inicio do séc. XIX com o desenvolvimento da atividade cafeeira e da cotonicultura nas serras de Aratanha e Baturité. A cidade cresceu de forma desordenada, seguindo, sobretudo, a rota demarcada pelas estações de trem. Desta forma, tanto o centro, quanto os distritos, se desenvolveram no entorno da linha férrea de Baturité. A primeira estação, na sede de Guaiúba, foi inaugurada em 14 de junho de 1879, seguida pelas estações de Água Verde, em 28 de setembro de 1879, e do Baú, em 14 de março de 1880.

Enquanto alguns municípios despontaram, Guaiúba teve um crescimento tímido. No começo do século XIX, com o início da produção de café na serra Baturité, as sementes do grão ganharam outros adeptos no seu plantio. As terras da belíssima serra da Aratanha se adaptaram ao cultivo dos grãos. Com a produção de café, as terras de Guaiúba, passam, então, a ser habitada.É nesse momento que aparecem personalidades, como a do proprietário Domingos da Costa e Silva, que segundo o historiador cearense Raimundo Girão, foi o “introdutor da cultura de café, nessa região”. A família Costa e Silva não se limitava à figura de Domingão, seu irmão, Antonio da Costa e Silva, era também proprietário de terras em Pacatuba. Essa ocupação se dá nas primeiras décadas do século XIX. Além da produção de café, foi produzido nessa região, o algodão, produto que foi muito importante para o desenvolvimento da cidade de Fortaleza, que o exportava esse para outras partes do mundo.Os Costa e Silva constituíam-se num verdadeiro clã, ou seja, uma grande família. O irmão de Domingos da Costa e Silva, Antonio José da Costa e Silva, era casado com a senhora Maria do Carmo, residiam em Pacatuba. Eram os pais do poeta cearense Juvenal Galeno que, além de grande escritor, foi também deputado provincial. Conta à tradição oral que a senhora Maria do Carmo enviava sacas de café ao imperador Pedro II.Domingos e seu irmão Antonio eram tios da senhora Liberalina Angélica da Silva, a Baronesa de Aratanha, que era casada com o senhor José Francisco da Silva Albano, o Barão de Aratanha. Como você pode ver, o poder econômico da serra da Aratanha, já conferiu um título de Barão a um proprietário de terras, produtor de café.Através da oralidade, Domingos da Costa e Silva, ficou conhecido como Domingão, por possuir, uma grande estatura física, e um vozeirão potente.

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ESTAÇÃO FERROVIÁRIAEstação Ferroviária: Parte da história ferroviária do Ceará, iniciada por volta do ano de 1870, a estação compõe, juntamente com outras na região, um complexo de estruturas da ferrovia Fortaleza-Baturité. Inaugurada em 14 de julho de 1879, tem arquitetura neoclássica requintada para época, porém simples em detalhes.Foi construída com trabalho escravo financiado pelos produtores de açúcar e café, e seu funcionamento, que se estendeu até o ano de 1992, era destinado ao escoamento da produção e transporte de passageiros.A estação era chefiada, até a sua desativação, pelo Sr. José Nocrato Filho. No prédio funcionava também um telégrafo e uma equipe que fazia a vistoria na linha telefônica e telegráfica. A Estação Ferroviária de Guaiúba, é a mais importante edificação do município, confundindo-se com a própria história deste. Contando 250 m² de área e detentora de um inquestionável valor cultural e patrimonial, embora não tombada, em anos passados, foi objeto de descuidada intervenção para implantação no seu interior de uma padaria comunitária, o que lhe custou a perda de alguns elementos arquitetônicos e decorativos originais. Em Guaiuba, a cidade não se desenvolveu ao redor da Igreja Matriz tal espaço urbano desenvolveu-se ao redor de outro monumento: a Estação Ferroviária, próximo à estação ferroviária, desenvolveu-se o centro comercial e político da Cidade. Hoje a Edificação abriga a Sede do Poder Legislativo e foi recentemente reformada perdendo originalidade principalmente na sua área interna.

GUAIÚBA

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IGREJA MATRIZIgreja Matriz: Construída no ano de 1885, sendo inaugurada em 1899, substituiu, no mesmo lugar, uma antiga capelinha de taipa coberta de palha, edificada no inicio do século XIV por Domingos da Costa e Silva (Domingão) proprietário do Engenho Rio Formoso e possuidor de Escravos, o qual cumpria uma promessa para livrar os moradores do lugar de uma peste de “bexiga” bastante ameaçadora na época. Essa capelinha posteriormente deu lugar a uma espaçosa igreja construída pelo trabalho de populares do lugar,

financiados por um grupo de senhores católicos, André Accioly de Vasconcelos, Constantino da Costa e José Correia de Melo, dentre outros. Finalmente, em 1885, a igreja matriz de Guaiúba foi concluída e inaugurada, tendo como padroeiro Jesus, Maria e José. Por volta do ano de 1930, chegaram à cidade, missionários de outras localidades, iniciando as Santas Missões. Seu primeiro pároco foi Pe. Gerardo José Campos.Desde sua construção, a Matriz já ostentava seu estilo gótico eclético, com traços neoclássicos. Atualmente sofreu reformas e mudanças em seu piso, porém, o altar continua o mesmo da época da construção. A maior parte de sua estrutura mantém ainda os traços originais. No seu patamar, se encontra um monumental cruzeiro construído em 1930, local de peregrinação e adoração através de momentos religiosos como novenas terços e outros.

GUAIÚBA

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O Grupo de música percussiva foi criado em outubro de 2003, a partir de um olhar sobre a herança africana e sua manutenção. Iniciamos com 30 componentes que vêm sempre se renovando e mantendo o nosso grupo em movimento. O grupo já participou de grandes festivais como: jazz e Blues (Guaramiranga/CE), Festival de Música da Ibiapaba/CE, Festival UFC de Cultura, entre outros. Traz em seu repertório o baião, coco, caboclinho, maracatu, ciranda, marchas, frevos, samba, axé, funk, reggae, o conteúdo estudado aborda temos como: Técnica de Construção de instrumentos artesanais tais como: Alfais, caixas, ganzás, xequerés e zabumbas. Atualmente o Tambauê está sob orientação da Maria Luana Reis dos Santos, Percussionista foi aluna desde o início do Grupo, de acordo com a jovem percussionista o Grupo Tambauê foi decisivo na sua vida social e profissional, pois além de percussionista ela é Pedagoga e Estudante do Curso de Educação Musical da Universidade Federal do Ceará.

GUAIÚBATABAUÊ - GRUPO DE PERCUSSÃO

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SOCIAL CULTURAL DESPORTIVA AXÉ DENDÊ CAPOEIRA

A Fundação Educacional Social Cultural Desportiva Axé Dendê Capoeira surge em 2009 na cidade de Guaiúba, por iniciativa dos Prof. Edy Graduado Doka, Lourão, Rafael e Everton na época com ajuda do Mestre Beija Flor hoje Mestre do Grupo. Fundaram o Axé Dendê Capoeira, buscando uma nova filosofia na didática para o ensino da capoeira. No dia 13/08/ 2010 registramos a mesma em cartório para deixa tudo legalizado de fato e de direito. A Fundação Axé Dendê esta em vários Estado do Pais e com alguns alunos do continente Africano em formação pois existe uma parceria com a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB através do projeto Ecos da África. O Axé dendê hoje só na região do maciço de Baturité tem mais de 600 alunos praticando a capoeira. A Capoeira está presente hoje em todo Território Libertador atuando como uma das manifestações mais sólida da Cultura Negra em nosso Estado.

GUAIÚBA

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MISS BELEZA NEGRALuma Sara Reis dos Santos, Miss Beleza Negra do Território Libertador 2014 O Território Libertador numa ação afirmativa de promoção da igualdade racial realizou o Concurso Miss e Mister Beleza Negra de Pacatuba-Ceará 2014, que pretende valorizar a beleza do povo negro, contribuindo para a elevação da autoestima de jovens negros e negras da faixa etária entre 15 e 29 anos, além de auxiliar no combate ao racismo e discriminação valorizando a diversidade étnica e sociocultural. É necessário que ações afirmativas de promoção da igualdade racial dessa natureza sejam implementadas no nosso cotidiano com o objetivo de combater o preconceito racial, formar a consciência do ser negro (a), resgatar as características naturais da pessoa negra e fortalecer a autoestima. E em sua primeira Edição a ganhadora foi a Guaiubana Luma Sara Reis dos Santos, ele que é percussionista e arte-educadora do Grupo de Tambores Tambauê. O concurso fora realizado na Cidade Pacatuba e é Promovido por o Instituto Aptus Fundado em 2007 o Instituto Aptus tem o objetivo de promover a integração social de crianças, adolescentes e jovens menos favorecidos, provenientes de famílias de baixo poder aquisitivo, por meio de atividades Educacionais, Artísticas e Culturais e outras necessárias ao desenvolvimento Humano.

GUAIÚBA

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ACARAPEAcarape, cidade a 54 km de Fortaleza (CE), uma cidade simples com seu valor e encantamento. As terras da região entre os sopés do Maciço de Baturité e a serra do Cantagalo; ao redor dás margens do Rio Acarape/Rio Pacoti eram habitada por diversas etnias comos Potyguara, Jenipapo, Kanyndé, Tapuias, sendo conhecida por vila dos índio, recebeu a partir do século XVII diversas expedições militares e religiosas. Com a implementação da pecuária no Ceará no século XVIII, nas terras de Acarape também foram beneficiadas com a agricultura da cana-de-açúcar devido à fertilidade do solo e abundância de água. Neste contexto surgiu a localidade de Calaboca da vila de Redenção, que definiu-se como centro urbano com a construção da Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité S.A. Com a prosperação do comércio, da agricultura da cana de açúcar e abastança de água, foram criados engenhos e alambiques no município, no qual vieram trabalhar negros escravizados direto do Continente Africano . Em 1879 foi construído um estação de trem em Calaboca e com isto todos os comerciantes de Redenção, mudaram seus estabelecimentos para Calaboca. Em 26 de outubro de 1879, Calaboca desmembrou-se de Redenção e passou a ser um município próprio. Em honra as origens Calaboca passou a chamar-se Acarape em 18 de setembro de 1926. Acarape/Redenção libertou e ficou como símbolo da emancipação, com a presença de José do Patrocínio que retornou ao Rio de Janeiro em 10.01.1883 e que cunhou a expressão que o Ceará era a “Terra da Luz”, que nos acompanha há mais de um século, exprimindo o que vira no Ceará. Daí pra frente, cada município foi repetindo o gesto: Pacatuba, Arrarial/Uruburetama, São Francisco/Itapagé, Imperatriz/ Itapipoca, Canoa/Aracoiaba, Baturité, Icó, Tauá. Maranguape, Aquiraz, Sobral, Trairi, Santa Quitéria, Aracati, Cachoeira, Lavras, Tamboril, Santana, Independência, Camocim, Cascavel, Morada Nova, Acaraú,

São Bernardo de Russas , Granja. A Sociedade Cearense Libertadora decidira, num gesto emblemático, alforriar todos os escravos de Acarape.

Vale dizer – e aí a força do símbolo –, abolir a escravidão na pequena vila. A comissão da ‘Libertadora’, composta de João Cordeiro, Almino Affonso, Antônio Martins e Frederico Borges, que visitara Acarape em novembro de 1882 – incumbida da pregação –, empolgou a cidadania. Assim, quando se instalou o ato libertário, a 1° de janeiro de 1883, com a presença de José do Patrocínio (que viera do Rio de Janeiro para o evento) e das mais significativas lideranças do Ceará, foram distribuídas as últimas cartas de alforria. Na verdade, rompera-se a cadeia da escravatura no elo mais frágil. A estação ferroviária foi o palco de chegada dos escravos a serem distribuídos pelas fazendas da região. Origem do topônimo: palavra indígena, composta de Acará (peixe) e (Pe Caminho significado “caminho dos peixes”, conforme José Alencar (Garças) e Pé Caminho ou Canal), significado “Caminho das Garças”.Acarape viveu um ciclo econômico poderoso, que em algumas décadas de apogeu erigiu fortunas econômicas e potências eleitorais. Como todo ciclo, esse também passou por distintas fases, inclusive de declínio, num cenário sob o impacto de novos mercados, concorrências e desníveis tecnológicos. Trata-se do ciclo da cana-de-açúcar e de seu principal derivado: a cachaça. O que elevou Acarape à condição de grande centro açucareiro e produtor das mais apreciadas bebidas destiladas do Ceará. Segundo a memoria local o município chegou a produzir entorno de 85 variedades de cachaça.

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ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ACARAPEA estação de Acarape foi inaugurada em 04 de novembro de 1879, o local em que a estação foi erguida chamava-se Calaboca e já existia antes da chegada da ferrovia. Depois, com redivisões municipais e anexações de distritos, passou a Redenção e Acarape, que, por sua vez, era o nome original do município no qual se situava o povoado de Calaboca. Com a desativação do trem de passageiros em 1988, a estação fechou. Hoje seu prédio abriga a sede da Prefeitura Municipal de Acarape. Acarape viveu um ciclo econômico poderoso, que em algumas décadas de apogeu erigiu fortunas econômicas e potências eleitorais. Como todo ciclo, esse também passou por distintas fases, inclusive de declínio, trata-se do ciclo da cana-de-açúcar e de seu principal derivado: a cachaça. O que elevou Acarape à condição de grande centro açucareiro e produtor das mais apreciadas bebidas destiladasdo Ceará. Com a implementação da pecuária no Ceará no século XVIII, nas terras de Acarape também foram beneficiadas com a agricultura da cana-de-açúcar devido à fertilidade do solo e abundância de água. Neste contexto surgiu a localidade de Calaboca da vila de Redenção, que se definiu como centro urbano com a construção da Companhia Cearense da Via Férrea de Baturité S.A. Com a prosperação do comércio, da agricultura da cana de açúcar e abastança de água, foram criados engenhos e alambiques no município, no qual vieram trabalhar negros escravizados, e com a construção da Estação Ferroviária em Calaboca (Hoje Cidade de Acarape) todos os comerciantes de Redenção, mudaram seus estabelecimentos para Calaboca, pois o funcionamento da Via Férrea impulsionou o comércio de toda região. Após a divisão de Terras entre Acarape e Redenção o território de Redenção ficou com a maioria dos Engenhos, Senzalas e Pelourinhos e Edificações erguida na época Colonial, porém, a Estação Ferroviária é o bem cultural mais precioso para a Cidade de Acarape, pois a Cidade cresceu e se desenvolveu no seu entorno.

ACARAPE

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CONSIDERAÇÕES FINAIS No Ceará, é recorrente a afirmativa de que não existem negros. Mesmo que implicitamente, não podemos deixar de perceber a marca do preconceito e da discriminação para com a cultura africana e com os afro-descendentes. Esta negação às nossas origens africanas tem início nos nossos lares, caminha conosco no silêncio da nossa escola e termina refletindo na sociedade cearense. Não há como negar o caráter multi-étnico na formação e na cultura do povo do Ceará. Uma leitura superficial da nossa história já seria suficiente para questionar o pensamento reducionista em relação a afro- descendência em terras alencarinas. Segundo os cálculos da demografia histórica, no momento da descoberta do Brasil a população nativa variava entre 1,5 e 5 milhões de indígenas. Durante o tráfico transatlântico estima-se uma população de origem africana entre nós da ordem de 4 a 5 milhões de negros. Nosso estado tornou-se conhecido como pioneiro na libertação de cativos com o fechamento do porto de Mucuripe para o embarque e desembarque de escravos pelo célebre líder jangadeiro que entrou para a história como o “Dragão do Mar”. Cento e trinta e um anos depois, o ideal libertário continua vivo e a herança africana pode ser mais bem avaliada, nestes tempos de politicas públicas propositivas, da prevalência do politicamente correto, da implantação das cotas e da consciência que aflora e nos deixa mais alegres mais sensuais, cem por cento mestiços. A ancestralidade é a nossa via de identidade histórica. Sem ela não compreendemos o que somos e nem seremos o que queremos ser, afirma o Prof. Henrique Cunha. Portanto, não há como dissociar ancestralidade e formação cultural do nosso povo. Observando mais de perto o nosso processo de formação no que diz respeito à influência africana percebemos a importância da tradição oral uma vez que todo o passado histórico e cultural de nossos ancestrais nos chegou através da língua em sua modalidade oral. Acreditamos que a língua seja a mais importante característica que representa um povo ou uma nação. No Brasil, temos a segunda maior população negra do mundo. Nosso idioma, o português, em muito difere das variantes linguísticas utilizadas nos outros continentes onde é falado, em consequência de nossa diversificada formação étnica .

Religiosidade, história, memória, abolição, festividades, práticas de sociabilidade e resistência, ritmos e musicalidade, fora o que mais se observou no território libertador que primeiro efetivou os caminhos da liberdade fazendo com que José do Patrocínio cunhasse a expressão que o Ceará era a “Terra da Luz” que nos acompanha até os dias atuais. Por isso sempre vale a pena falar da escravidão. A questão se atualiza com a permanência do racismo, que se evidencia quando menos se espera, e nos deixa tão constrangidos. Mas nem só de maracatus vivemos nós, descentes dos africanos. A consciência negra que é o que nos interessa destacar, está na elegância do porte, na arquitetura dos cabelos pixains ou carapinhos, nas armações das tranças ou nos dreadlocks, nas cores fortes, na superação do banzo pelo canto politizado do rap, o apelo erótico do funk e os movimentos das danças de rua. Hoje, temos a certeza de que a terra é nossa, quando comunidades quilombolas são reconhecidas, casas de candomblé, terreiros de umbanda e de jurema se espalha pela cidade e mostram que, no campo da cultura, a miscigenação ou hibridação, a bricolagem e o sincretismo foram a forma que encontramos para nos reforçar, quando se pode botar a cabeça para fora e cantar, dançar e saracotear. Tivemos avanço? Sim, porém, percebemos o quanto o Território Libertador ainda carece de ações afirmativas que consiga desenvolver um sentimento de pertencimento à cultura negra dai teríamos condições de reduzir os comportamentos preconceituosos e discriminatórios, a partir da conscientização de brancos e não-brancos sobre a importância da cultura africana para a formação cultural brasileira. À medida que o tempo corre, os municípios vão perdendo a memória daqueles anos, vai perdendo a chance não só de conhecer uma fase importante de sua formação, como também a oportunidade de aprender com as lições ministradas pela história. Já é um clichê, mas é oportuno lembrar que estamos condenados a repetir velhos erros, se não assimilamos as experiências do passado. Sobretudo quando esse passado diz respeito à vida de uma comunidade inteira.

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Luiz Emanuel Pereira MonteiroIdealização e Organização

Edimar Batista de SouzaCoordenação

Ozeas Marinho de SousaProdução Executiva

José Linocleo Lima Martins Curadoria

Antonio FerreiraProjeto Gráfico

Historiadores:Wildeson de Sousa Caetano, Odilon Monteiro da Silva Neto e Professora Terezinha de Lisiê FreireColaboradores

Sociedade de Desenvolvimento e Solidariedade Humana - SODESHRealização

Fundação Cultural Palmares - Ministério da CulturaApoio Cultural

AGRADECIMENTOS

Prefeito de Acarape - Franklin Veríssimo OliveiraPrefeito de Redenção - Manuel Soares BandeiraPrefeito de Guaiuba - Kaio Virgínio Gurgel NogueiraPrefeito de Pacatuba - Alexandre Magno Medeiros AlencarVice Prefeito de Redenção - Cesar FernandesSecretário de Cultura de Acarape - Pedro AlcinoSecretário de Cultura de Guaiúba - Victoriano AiresSecretário Executivo da AMAB - Chico TavaresDiretor de Teatro e Cineasta - Nilo Uchôa

Hotel Pousada GurguriMuseu Senzala Negro LibertoInstituto APTUSInstituto Pro Cultura de Guaiúba - PROCULT

SITES CONSULTADOSwww.acarape.ce.gov.br/a-cidade/www.pacatuba.ce.gov.br/inicio/pacatuba/www.redencao.ce.gov.br/www.guaiuba.ce.gov.br/paroquiamissionaria.blogspot.com.br/p/memorias-de-guaiuba.html

FICHA TÉCNICA

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