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MANEJO INTEGRADO DE BACIAS HIDROGRAFICAS (Do Gerenciamento de Bacias ao Planejamento Participativo) Geol. Antonio Carlos de Franca Biol. Antonio Carlos Pereira Martins Eng. Agr . Bernadette Faria Geog. Maria Lucia Andrade Matos Geog. Neusa Maria Andrade Maximo Susete Aparecida Lopes Alvares CESP - Companhia Energetica de Sao Paulo A%. Angelica 2565 - andar Fone ./Fax: (O11) 256-7011 r . 398 - E-mail : envOlracesp . com.br Ge6g °. Maria Tereza Sgarbi Antunes CPFL RES1 MO Relata uma experiencia de Manejo lntegrado de Bacias Hidrograficas, que esta se realizando no rio Dourado, afluente do rio Tiete no reservatorio da U.H.E. Mario Lopes Ledo. 0 trabalho esta baseado no planejamento participativo, na cooperacdo entre orgaos federais, estaduais e municipals, entidades da sociedade civil e organizacoes ndo governamentais, rompcndo com a forma tradicional de atuacao institucional. de carater setorial e isolado. A integracao das awes dos orgaos publicos e da sociedade civil objetiva assegurar a efetiva conservacao do meio ambiente, garantir a geracao de energia eletrica e outros usos sociais dos recursos hidricos. INTRO1)ucAO A CESP, conta atualmente com uma capacidade instalada de 10.200 MW, em vinte usinas hidreletricas, representando 86,90% da producao de energia eletrica do Estado de Sao Paulo e 16.07°0 do Pais. Os reservatorios desse enorme complexo hidreletrico perfazem uma area superior a 7.500 km2 e um peri:metro de margens da ordem de 15.000 km, praticamente o dobro da costa brasileira. A area de drenagem desses reservatorios, ou seja, a porcao das bacias hidrograficas pertencentes ao territorio paulista equivale a aproximadamente 62,5% da area total do Estado de Sao Paulo ( 247.898 km2 ). VVII Seminririo Nacionat de Grandes Barragens 105

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Page 1: CESP - Companhia Energetica de Sao Paulo - Comitê ... INTEGRADO.pdf · O desenvolvimento do Manejo Integrado de Bacias Hidrograficas, baseia-se em dois aspectos ... de esgotos domiciliares;

MANEJO INTEGRADO DE BACIAS HIDROGRAFICAS(Do Gerenciamento de Bacias ao Planejamento Participativo)

Geol. Antonio Carlos de Franca

Biol. Antonio Carlos Pereira Martins

Eng. Agr . Bernadette Faria

Geog. Maria Lucia Andrade Matos

Geog. Neusa Maria Andrade Maximo

Susete Aparecida Lopes Alvares

CESP - Companhia Energetica de Sao PauloA%. Angelica 2565 - 2° andar

Fone./Fax: (O11) 256-7011 r . 398 - E-mail : envOlracesp . com.br

Ge6g°. Maria Tereza Sgarbi AntunesCPFL

RES1 MO

Relata uma experiencia de Manejo lntegrado de Bacias Hidrograficas, que esta se realizando

no rio Dourado, afluente do rio Tiete no reservatorio da U.H.E. Mario Lopes Ledo.

0 trabalho esta baseado no planejamento participativo, na cooperacdo entre orgaos federais,

estaduais e municipals, entidades da sociedade civil e organizacoes ndo governamentais,

rompcndo com a forma tradicional de atuacao institucional. de carater setorial e isolado.

A integracao das awes dos orgaos publicos e da sociedade civil objetiva assegurar a efetiva

conservacao do meio ambiente, garantir a geracao de energia eletrica e outros usos sociais dos

recursos hidricos.

INTRO1)ucAO

A CESP, conta atualmente com uma capacidade instalada de 10.200 MW, em vinte usinas

hidreletricas, representando 86,90% da producao de energia eletrica do Estado de Sao Paulo e

16.07°0 do Pais. Os reservatorios desse enorme complexo hidreletrico perfazem uma area

superior a 7.500 km2 e um peri:metro de margens da ordem de 15.000 km, praticamente o

dobro da costa brasileira. A area de drenagem desses reservatorios, ou seja, a porcao das

bacias hidrograficas pertencentes ao territorio paulista equivale a aproximadamente 62,5% da

area total do Estado de Sao Paulo ( 247.898 km2 ).

VVII Seminririo Nacionat de Grandes Barragens 105

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Esses dados dao ideia da ordem de grandeza dos aspectos de natureza ambiental com que se

vem defrontando a Empresa, em sua respectiva area de concessao. Incluem-se ai aqueles de

carater social, considerando que a utilizacao dos recursos hidricos para a producao de energia

vem se processando em locais com ecossistemas muito alterados, caracterizados pela intensa

exploracao das areas por atividades agropecuarias, industriais e urbanas.

Os esforcos iniciai.s da CESP na area ambiental basearam - se nos programas de recuperacao de

areas de emprestimo , locais lesionados pela retirada de terra para construgdo de barragens, no

reflorestamento de margens e ilhas dos reservatorios , ambos visando o controle da erosao. e

na introducao de alevinos nos mesmos , ja que a ictiofauna a seriamente comprometida pela

modificarao do regime hidrico dos rios barrados.

Varios estudos foram realizados com diferentes instituicoes de pesquisas, visando desenvolver

metodologias apropriadas para o diagnostico de problemas particulares aos reservatorios e a

dinamica ambiental de suas bacias hidrograficas. E o caso dos trabalhos relacionados com o

entendimento dos fenomenos de desencadeamento e evolucao de escorregamentos nas

encostas marginais, e a distribuirao do assoreamento em reservatorios.

De outro lado, o use social do recurso hidrico torna-se cada vez mais intenso e diversificado.

A par da crescente demanda da agua para abastecimento publico, industrial , irrigacao e lazer,

o volume de efluentes domesticos e industrials, nao tratados de forma conveniente, lancados

nos corpos da agua aumenta consideravelmente , refletindo -se em consequencias indesejaveis

para os reservatorios e. por extensao , para a geracao de energia e use multiplo do sistema.

Esses fatos resultaram na necessidade de se revisar as diretrizes ambientais da Empresa, de

avanqar na concepcao , no planejamento e na gestao de awes voltadas para a promocao do

desenvolvimento regional e do manejo integrado dos recursos naturais , como um dos

mecanismos para a resolucao dos principais problemas em seus empreendimentos, como

corrosao e abrasao em seus equipamentos de geracao e nas estruturas de apoi . o da hidrovia. e

co^nflitos de uso^ nas margens dos reservatorios.

NIETOI)OLOGIA

O desenvolvimento do Manejo Integrado de Bacias Hidrograficas, baseia-se em dois aspectos

fundamentals. 0 primeiro deles, e uma questao de ordem interna ou especifica. refere-se a

I 06 XXII Seininr rio Nacional de Grondes Barragens

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necessidade de priorizar as areas de atuacao em seus empreendimentos, devido a grande

extensao territorial e a complexidade de problemas existentes. E o segundo, a uma questao de

ordem externa ou geral, qual seja. integrar os esforcos isolados das mais diferentes instituiq es

e dos diversos segmentos da socicdade civil.

Em rela4ao a primeira questao, a CESP tem um procedimento tecnico-metodologico para

analise e selecao de parametros associados ao conhecimento dos principais aspectos

ambientais em seus empreendimentos, que resultam na indicacao e priorizagao de areas para

atuacao.

Com o Programa de Gerenciamento de Bacias (PGA) ha a sistematizacao do conhecimento

dos empreendimentos , dos problemas para as atividades da Empresa, bem como as

potencialidades e as qualidades ambientais existentes nos reservatorios e cursos d'agua

alluentes.

0) Segundo aspecto. e urn esfor4o na busca da articulacao interinstitucional e da parceria com a

sociedade civil e os poderes ptiblicos municipais. E uma diretriz de atuacao que tem por

objetivo contribuir na modificacao qualitativa de um conjunto de awes isoladas de orgaos

governamentais, em uma Acao de Governo. Trata-se da combinacao de diferentes

perspectivas e objetivos em algo comum e unitario, gerenciando conflitos e interesses, e que

imprescinde, portanto, da consolidacao de urn processo de confianga m6tua e da articulacao

das instancias socials, politicas, economicas e institucionais.

I)esenvolvimento dos Trahalhos

latudos realizados pela CESP revelaram a existencia de importantes ecossisternas

relacionados ao rio Dourado, afluente do rio Tiete no reservatorio de Promissao, para a

biodiversidade regional . A presenga de lagoas marginais e de remanescentes florestais bern

conservados. fazem deste rio um ambiente adequado para a reproducao de peixes e demais

espccies da fauna silvestre , constanternente ameacadas pelos processos de degradagao em

curso em sua bacia hidrografica.

A partir de setembro de 1995, a Secretaria de Estado de Energia, por iniciativa da CESP

(Companhia Energetica de Sao Paulo ), juntamente com a Secretaria de Estado do Meio

:Ambiente. Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, Secretaria de Estado dos

.\'.\7/ Se,nineirio Nnciunul de GranderBarra ens 107

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Recursos Hidricos e Saneamento ; DAEE (Departamento de Aguas e Energia Eletrica); CPFL

(Companhia Paulista de Forca e Luz); SABESP (Companhia de Saneamento Basico de Sao

Paulo ); CODASP (Companhia de Desenvolvimento Agricola de Sao Paulo ); Policia Florestal

e a CETESB. iniciaram um trabalho integrado visando a recuperacao da qualidade ambiental

do rio I)ourido.

Apos a criacao de um instrumento para a cooperacao tecnica, denominado "Declaracao de

Intencoes da Acao Interinstitucional para o Manejo lntegrado de Bacias Hidrograficas" , estas

instituicoes organizaram um Grupo Tecnico de atuacao regional e firmaram a parceria com os

municipios integrantes da bacia hidrografica, para elaborarem um Plano para a Recuperacao

Ambiental da Bacia.

A operacionalizacao dos trabalhos neste periodo 95/96 foi orientada por uma estrategia de

acao voltada para a criacao de mecanismos de participacao , para o planejamento e a

integracao das ag6es setoriais no nivel regional , e na constituicao de parceria com a sociedade,

tendo por base a sensibilizacao e o engajamento dos segmentos sociais envolvidos.

obedecendo as seguintes etapas.

P-' Etapa - Processo de discussao envolvendo as instituicoes com atuacao na regiao , prefeitos.

secretarios , vereadores e tecnicos municipais , tendo por base o diagnostico preliminar sobre os

aspectos de degradacao ambiental e conflitos de use existentes na bacia. Os objetivos desta

etapa foram homogeneizar o conhecimento dos problemas , complementar o diagnostico

preliminar realizado pela CESP , instituir as camaras tecnicas e reforcar o forum regional para

as questoes abordadas.

Nesta etapa foram identificados problemas de erosao, assoreamento e poluicao dos principais

cursos d'agua da bacia hidrografica do rio Dourado, como os principais fenomenos que

colocam em risco as atividades sociais e economicas e, tambem, a qualidade das aguas e dos

ecossistemas da regiao.

'=' Etapa - Desenvolvimento dos trabalhos atraves de reunioes das camaras tecnicas para

complementar o diagnostico preliminar , hierarquizar os problemas , priorizar areas para

intervencao . 0 resultado final desta etapa foi a elaboracao do Plano de Acao Consensual

(PAC). isto e. foram propostos projetos de recuperacao e conservacao ambiental de cal-Ater

prioritario. para as areas rurais e urbanas.

108 XXII Semindrio Nacional de Grandes Barragens

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3". Elapa - Apresentacao e discussao dos diagnosticos , piano e projetos de cooperagAo com a

sociedade civil por meio de encontros , palestras e seminarios regionais.

A experiencia ao longo de quase dois anos de trabalho, tern revelado que os maiores desafios

para a conservaFao e a recuperacao do meio ambiente sao: a administracao de conflitos e

interesses . a negociacao com a sociedade , a viabilizacao da cooperacao interinstitucional e a

descentralizacao das decisoes tecnico-administrativas do poder p6blieo.

Em trabalhos de Planejamento Ambiental, a CESP tern adotado determinados procedimentos

para setorizar bacias hidrograficas de seus reservatorios em unidades menores , de modo a

facilitar a analise sobre a dinamica ambiental e a earacterizacao dos principais problemas

nessas unidades. 0 aprofundamento dos estudos leva a uma priorizacao de areas para

intervencao . portanto . objeto de planejamento e atuacao.

Na hacia do rio Dourado, a adesao de grande numero de tecnicos de diferentes instituicoes

corn atuacao regional no processo de trabalho integrado , determinou uma inversao de

procedimentos . Com base no Diagnostico Preliminar da CESP, no conhecimento empirico e

nas experiencias regionais, as discussoes sobre os principals problemas ambientais

cnfrentados pelos municipios e suas respectivas comunidades da bacia, resultaram numa

imediata priorizacao de areas para estudos e atuacao.

1'riorizar areas para estudo a atua4ao significou , num universo de 245.000 ha de extensao

territorial desta bacia, dimensionar os locais e espacializar os problemas com potencial de

resolucao. totalizando cerca de 50.000 ha (ver figura 1), assim distribuidos:

• sub-bacia das nascentes do rio Dourado (Pirajuf)

• sub-bacia do ribeirao Coqueirao (Guaranta)

• sub-bacia do corrego Saltinho (Cafelandia e Guaranta)

• suh-hacia do riheirao Campestre (Lins)

• suh-bacia do corrego do Fim (Guaicara e Lins) e

• suh-bacia do corrego do Gonzaga (Promissao).

.\.\!I Senunurio ;\'ucional de Grandes Barragens 109

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BACIA MIDROBRArICA DO RIO DOURADO

Ea NANANCIAL (ASASTECINtMTO)

AMIAI IJpANAS SWEITAS• -^ MIUMOA^^

v rrr•AtCE NTES Di6MACAOA5

AREAS PRIORITARIAS PARA INTERVENcAO NAS BACIAS DO RIO

DOURADO E RIBEIRAO DOS PATOS

Figura I - Areas prioritarias para intervencAo no Baixo Tietc - ReservatOrio Promissao.

Resuhados obtidos

U processo de trabalho desencadeado na regiao, respaldado na boa aceitabilidade da sociedade

local. fortaleceu a opcao tecnica da CESP em estabelecer essa sub-bacia como prioritaria para

atuacao no reservatorio de Promissao.

Em cumprimento com os objetivos gerais do trabalho foram realizadas as tarefas:

• compreensao e hierarquizacao dos problemas ambientais existentes na regiao, segundo

indicadores da importancia e qualidade dos recursos naturais para a sociedade, a saber:

degradacao de mananciais de abastecimento; enchentes nas areas urbanas; erosao do solo;

degradacao de formacoes vegetais; degradacao de areas timidas e lagoas marginais; dilui4ao

de esgotos domiciliares; e ausencia de areas legalmente protegidas.

1111 ,\.VII Semintirio Nacional de Grandes Barragens

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• racionalizacao na participacao dos tecnicos de cada instituicao envolvida no processo. e

otimiza4ao na execucao dos pianos de trabalho, atraves das Camaras Tecnicas Rural e

Urbana.

• diagnosticos por municipio da disposicao dos resIduos solidos, lanramento e tratamento de

esgoto. enchentes em areas urbanas, situagdo dos mananciais , estado de conservacao da

vegetacao ciliar e dos remanescentes vegetacao natural , ocorrencia de erosoes nos locais de

captacao de agua e em areas rurais.

• aceitabilidade social da proposta de trabalho integrado para a recuperagdo ambiental da

bacia. nas areas prioritarias para atuacao, e ressaltada a importancia da compreensao e o

apoio dos poderes publicos municipais, para o sucesso deste trabalho.

• sistematizacao de dados e informacoes, tanto de aspectos urbanos e rurais, que

caracterizam a historia das enchentes e do abastecimento pt blico nos municipios

envolvidos, como os problemas mais graves e de resolucao prioritaria na regiao.

• parceria das prefeituras e camaras municipais de Pirajui, Guaranta, Cafelandia, Lins,

Guaicara e Promissao, com apoio logistico, informacoes e tecnicos pars o desenvolvimento

dos trabalhos, parceria das entidades da sociedade civil, como a Fundacao Paulista de

Tecnologia e Educacao (FPTE), a Diocese de Lins e a ONG S.O.S. Rio Dourado.

• envolvimento dos setores produtivos e dos meios de comunicacao regionals.

• identificacao das areas de maior importancia estrategica para a recuperacao ambiental

comandadas pelas demandas socials, exigindo um direcionamento de estudos e awes

emergenciais para sua resolucao.

• rcalizacao de I Encontro Tecnico Regional para a Recuperacao Ambiental da Bacia do rio

Dourado, em maio de 1996, objetivando a consolidacao dos diagnosticos tecnicos e do I

Seminario da Bacia do rio Dourado, em outubro de 1996, para a apresentacao das

propostas tecnicas e aprovacao do Plano de Acao Consensual pela sociedade.

• elahoracao de projetos para o Comite da Bacia 1 1 idrografica do Tiete-Batalha e a

incorporacao de novos parceiros : DENACOOP/PNUD e Secretaria de Economia e

Planejanmento.

.v\7l Seminririo .Nacional de Grandes Barragens 111

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CO NCLUSAO

A impossibilidade de obter um use privativo e exclusivo dos recursos hidricos para a geracao

de energia eletrica decorre da condicao da agua, recurso natural essencial a todas as formas de

vida e atividades economicas e sociais. Desta caracteristica de essencialidade, a conservagAo

de sua qualidade, quantidade e regularidade, depende de um mt ltiplo conjunto de esforgos, no

ambito das mais diversas instancias sociais, politicas e economicas.

E sob esta perspectiva que vem sendo instituida a PolItica Estadual de Protecao dos Recursos

Hidricos, coin a instalagAo dos Comites de Bacias Hidrograficas , como urn dos mais

importantes instrumentos de gerenciamento da agua.

Para a CESP, um dos maiores usuarios nao consultivo dos rios no Estado de Sao Paulo, o

enfrentamento desta questao passa necessariamente, por agues integradas para o combate dos

processos de degradacao mais agressivos nas bacias hidrograficas de seus reservatorios.

Fm estudos anteriores, detectou-se os efeitos negativos nos empreendimentos, coin especial

relevancia para aqueles consequentes da poluigAo e sedimentos transportados pelas Aguas. A

reducAo de materiais em suspensao e da carga poluidora domestica e industrial contribuirA,

coin certeza, para a diminuicao do assoreamento de parte do volume t til dos reservatorios, da

corrosao de equipamentos e da proliferacao de plantas aquaticas.

A experiencia de Manejo Integrado de Bacias Hidrograficas no rio Dourado, caminha nesta

direcao, promovendo uma integracao de esforgos cujo objetivo central e a recuperacao

ambiental da bacia. a partir de medidas que contemplem o reordenamento do use e ocupacao

do solo, a reducao da carga remanescente de efluentes domesticos, do tratamento e disposicao

final dos residuos solidos, a recomposigdo da vegetagAo ciliar e a efetiva protecao das areas

coin interesse para a biodiversidade.

Face a enorme e complexa extensao territorial das bacias hidrograficas dos reservatorios da

CESP. a opgAo de estabelecer areas prioritarias para atuacao tem se revelado acertada e

eficiente . Outro aspecto que merece destaque , e o reconhecimento da integracao e da parceria

comp mecanismo fundamental para o enfrentamento dos grandes problemas relacionados coin

a qualidade, quantidade e regularidade da agua.

112 XXII Seminbrio Nacional de Grandes Barragens

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Como desdobrarnento destes dois aspectos tem-se atualmente uma Atuacao Conjunta para a

elahoracao e implementacao do Piano de Recuperacao Ambiental desta bacia . Baseada em

uma estrategia de acao que valoriza o consenso e a negociacao das mais diferentes instituicoes

e representag6es da sociedade civil, c um exercicio pratico que revela a urgencia e a

necessidade da implementacao radical de awes politicas que descentralize as decisoes e

regionalize o planejamento e os recursos necessarios para promover o desenvolvimento

sustentado.

Para a CESP ou suas sucedaneas, esta postura tem um valor estrategico na defesa e na

salvaguarda de seu major patrimonio, seus reservatorios e sua materia-prima, a agua. A

conservacao do rneio ambiente e a maneira mais eficaz de assegurar a longevidade suas

unidades geradoras. E esta conservacao ambiental encontra maiores perspectivas de ser

factivel na medida em que houver a cooperagdo tecnica, a integracao das instituicoes e a

parceria com a sociedade.

O gerenciamento dos recursos hidricos e dos negocios da geracao hidroeletrica passa

inexoravelmente, pela gestao dos conflitos de use e de interesses sobre um recurso natural

indispensavel a vida.

BIBLIOGRAFIA

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Desenvolvimento, 067.

CESP. Encontros Preparatorios para o Seminario da Bacia do Rio Dourado - Informe Tecnico.

Sao Paulo. agosto 1996.

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CESP. Maneio inte rado da bacia do no Dourado. Sao Paulo, SP, outubro 1996. Serie

Pesquisa e Desenvolvimento, 138.

FRANCA, A.C., Globalizacao e Regiao. Palestra apresentada no I Seminario da Bacia do Rio

Dourado. Lins. SP, 1996.

X XI/ Seminario Nacional de Grandes Barragens 113