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Carlos Bernardo González Pecotche RAUMSOL EDITORA LOGOSÓFICA COLETÂNEA DA R EVISTA Logosofia 1 Tomo

Coletanea Da Revista Logosofia

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DESCRIPTION

O leitor que pela primeira vez toma contato com algum livro de Logosofia perceberá prontamente que não se trata de uma leitura para mero entretenimento. Seu conteúdo está destinado a guiar a reflexão dos estudiosos para a confrontação de duas realidades perfeitamente delimitadas: a própria vida, tal como cada um tenha sido capaz de vivê-la, e uma nova vida, plena de possibilidades, que a Logosofia ensina a viver.

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  • Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche

    RAUMSOL

    EDITORA LOGOSFICA

    COLETNEA DA

    REVISTALogosofia

    1Tomo

    Nas entranhas

    da Amrica

    gesta-se o futuro

    da humanidade.

    COLETNEA DA

    REVISTALogosofia

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    1

  • Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche

    RAUMSOL

    EDITORA LOGOSFICA

    COLETNEA DA

    REVISTALogosofia

    1Tomo

    Nas entranhas

    da Amrica

    gesta-se o futuro

    da humanidade.

    COLETNEA DA

    REVISTALogosofia

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  • NAS ENTRANHAS DA AMRICAGESTA-SE O FUTURO DA HUMANIDADE.

    RAUMSOL

  • ltimas publicaes do autor

    Intermedio Logosfico, 216 pgs., 1950. (1)

    Introduccin al Conocimiento Logosfico, 494 pgs., 1951. (1) (2)

    Dilogos, 212 pgs., 1952. (1)

    Exgesis Logosfica, 110 pgs., 1956. (1) (2) (4)

    El Mecanismo de la Vida Consciente, 125 pgs., 1956. (1) (2) (4)

    La Herencia de S Mismo, 32 pgs., 1957. (1) (2) (4)

    Logosofa. Ciencia y Mtodo, 150 pgs., 1957. (1) (2) (4)

    El Seor de Sndara, 509 pgs., 1959. (1)

    Deficiencias y Propensiones del Ser Humano, 213 pgs., 1962. (1) (2) (4)

    Curso de Iniciacin Logosfica, 102 pgs., 1963. (1) (2 (4)

    Bases para Tu Conducta, 55 pgs., 1965. (1) (2) (3) (4) (5) (6)

    El Espritu, 196 pgs., 1968. (1) (2) (4)

    Coleccin de la Revista Logosofa (tomos I, II, III), 715 pgs., 1980.

    Coleccin de la Revista Logosofa (tomos IV, V), 649 pgs., 1982.

    (1) Em portugus.

    (2) Em ingls.

    (3) Em esperanto.

    (4) Em francs.

    (5) Em catalo.

    (6) Em italiano.

  • Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche

    RAUMSOL

    EDITORA LOGOSFICA

    COLETNEA DA

    REVISTALogosofia

    1Tomo

  • Ttulo do originalColeccin de la Revista LogosofaCarlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL

    Reviso da traduoJos Dalmy Silva Gama, filiado da Fundao Logosfica Em Prol da Superao Humana, para a Editora Logosfica, dependncia desta Instituio.

    Projeto GrficoCarin Ades

    Produo GrficaMarcia Signorini

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Gonzlez Pecotche, Carlos BernardoColetnea da revista Logosofia, volume 1 /

    Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche (Raumsol) ;reviso da traduo Jos Dalmy Silva Gama. --So Paulo : Logosofia, 2002.

    Ttulo original: Coleccon de la revistaLogosofia

    02-6065 CDD-149.9

    ndices para catlogo sistemtico:

    1. Logosofia : Doutrinas filosficas 149.9

    COPYRIGHT DA EDITORA LOGOSFICA

    www.logosofia.org.bre-mail: [email protected]/fax: (11) 3885 7340Rua Coronel Oscar Porto, 818, B. Paraso CEP 04003-004 So Paulo - SP - Brasil,da Fundao Logosfica (Em Prol da Superao Humana) Sede central: SHCG/NORTE Quadra 704 rea Especial de Escola CEP 70730-730 Braslia DF Brasil

    Vide representantes regionais na ltima pgina.

  • VNOTA DA EDITORA

    Esta traduo do primeiro de um conjunto de cinco tomos da"Coleccon de la Revista LOGOSOFIA".

    O autor, Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche (Raumsol), nascido emBuenos Aires, Argentina, em 11 de agosto de 1901, e ali falecido em 4de abril de 1963, editou oitenta e quatro nmeros da revista mensalintitulada "Logosofia", de janeiro de 1941 a dezembro de 1947.

    Em suas pginas, deixou estampado um valioso conjunto de artigos,que foram selecionados e organizados pela Editora da FundaoLogosfica - Em Prol da Superao Humana, para compor os referidoscinco tomos. Na presente publicao, esto agrupados aqueles quepodem ser tidos como referentes a temas gerais. Nos demais, que serotraduzidos e editados oportunamente, aparecero os que versam sobreestudo de conceitos, temas doutrinais e sobre a II Guerra Mundial,desencadeada naquele perodo histrico.

    O lema que figurou no frontispcio de cada um dos exemplares darevista dizia: "Nas entranhas da Amrica gesta-se o futuro dahumanidade."

    Sobre esse lema, assim se expressou o autor:

    "Consagrada inteiramente misso que se imps de difundir a novaconcepo do pensamento humano ante os problemas do mundo, talcomo seu lema proclama, abriu suas pginas a todas as inquietudes doesprito.

    "Os temas que trata contm profundas reflexes e revelam, ao mesmotempo, seu carter exclusivo e original. Seus estudos, crticas e comen-trios so de um valor extraordinrio."

  • VI

    Como oportuno arremate, vale transcrever o que o prprio autor pro-feriu em 1947, numa conferncia depois publicada em sua obra"Introduo ao Conhecimento Logosfico" (pg. 241):

    "Dizia a uns amigos, h pouco, que eu costumava semear nas pginasda revista Logosofia, em diferentes reas e semelhana de como sesemeia um extenso campo, idias de diversas espcies, para poder fazerum dia, quando quisesse recolher o produto de toda essa semeadura, decada espcie um grande silo, ou seja, um grande livro."

    Aqui est o primeiro.

  • Coletnea da Revista Logosofia TOMO 1

    Sumrio

    1. Logosofia prtica A que chamam liberdade de pensar? (janeiro-1941-pg. 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1

    2. Logosofia prtica Noes elementares sobre adestramento mental(fevereiro-1941-pg. 23) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3

    3. Logosofia prtica Como organizar o arquivo mental (maro-1941-pg. 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5

    4. Logosofia prtica Reflexes teis sobre o conhecimento da mente humana (abril-1941-pg. 21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7

    5. O homem e os pensamentos (maio-1941-pg. 7) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

    6. O sono mental que aflige a humanidade (maio-1941-pg. 9) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

    7. O travesseiro seus segredos, sua virtude, sua discrio (junho-1941-pg. 27) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

    8. O inconformismo (julho-1941-pg. 13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

    9. Quais so os elementos constitutivos da idiossincrasia humana O que . .configura o temperamento (agosto-1941-pg. 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . .19

    10. No deixa de ser sugestivo.(setembro-1941-pg. 13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21

    11. Logosofia Estudos intensivos: Subconscincia Automatismo mental Inconscincia (novembro-1941-pg. 21) . . . . . . . . . . . . . . . . . .25

    12. O erro de muitos (novembro-1941-pg. 23) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

    13. A guerra atual precisa durar dois ou trs anos mais O mundo deve preparar-se para um grande acontecimento: a paz futura (novembro-1941-pg. 25) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29

    14. Estudo sobre estados mentais (dezembro-1941-pg. 25) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33

    15. Atuao dos pensamentos (dezembro-1941-pg. 27) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

    VII

  • 16. Escolas de adiantamento mental (janeiro-1942-pg. 7) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37

    17. Debilidades humanas "A sorte grande" (janeiro-1942-pg. 27) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

    18. A "verdade" dos mentirosos Estudo logosfico sobre o embusteiro(fevereiro-1942-pg. 15) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

    19. A inconscincia no suicida (maro-1942-pg. 15) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45

    20. Inclinaes Psicognitas (abril-1942-pg. 33) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47

    21. O heri desconhecido (junho-1942-pg. 11) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

    22. As coisas em seu lugar (junho-1942-pg. 15) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55

    23. A documentao bibliogrfica no campo logosfico (junho-1942-pg. 21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57

    24. O fomento da colaborao que se deve propiciar (outubro-1942-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59

    25. Preocupaes bsicas com a futura organizao do mundo A guerra total deve ser seguida de uma paz total (fevereiro-1943-pg. 3) . . . . . . . . . . . .63

    26. Imagens analgicas aplicveis ao ser humano O relgio psicolgico (maro-1943-pg. 17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .69

    27. Esporte mental Trs exerccios para agilizar a mente (maro-1943-pg. 21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .73

    28. Estratgia mental (abril-1943-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .75

    29. Concepo da vida Grandeza e Misria (maio-1943-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81

    30. Esporte mental Quatro exerccios para agilizar a mente (maio-1943-pg. 25) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87

    31. O livro de ouro (maio-1943-pg. 27) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .89

    32. Bazar de imagens mentais: A mente-fongrafo O traje ridculo (maio-1943-pg. 33) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .91

    33. ptica mental (junho-1943-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93

    VIII

  • 34. Arcanos do conhecimento (julho-1943-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97

    35. Imagem animada a modo de lenda (julho-1943-pg. 17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99

    36. Filiao psicolgica dos tipos humanos (agosto-1943-pg. 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103

    37. Das formas de expresso do pensamento humano A oral e a escrita (outubro-1943-pg. 17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105

    38. A Logosofia como cincia da observao (dezembro-1943-pg. 9) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107

    39. A capacidade de estudo o que engrandece os povos (maro-1944-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .109

    40. Procriao da palavra (maro-1944-pg. 21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113

    41. A providncia e a sorte (maro-1944-pg. 31) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .115

    42. Teriam certas palavras funes especficas? (maro-1944-pg. 31) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .117

    43. Reao da natureza humana (maio-1944-pg. 15) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .119

    44. Os problemas da juventude (junho-1944-pg. 7) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .121

    45. O juzo final no est longe (julho-1944-pg. 13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .123

    46. A propriedade intelectual Seu valor no mundo das idias (julho-1944-pg. 17). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .125

    47. Frmula para a estratgia econmica individual(julho-1944-pg. 21) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .127

    48. Como se forja a grandeza dos povos (outubro-1944-pg. 7) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .131

    49. A queixa e a lei (novembro-1944-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .133

    50. Esprito construtivo do ensinamento logosfico (dezembro-1944-pg. 9) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135

    51. Propenso ao abuso (janeiro-1945-pg. 15) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .139

    IX

  • X52. Orientando para o conhecimento logosfico (janeiro-1945-pg. 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .143

    53. Na mente humana est a chave que haver de emancipar o mundo de sua atual decadncia (fevereiro-1945-pg. 11) . . . . . . . . . . . . . . . . . .147

    54. Uma deficincia sensvel da mente humana (fevereiro-1945-pg. 17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .151

    55. Caractersticas negativas do ser O egosmo (maro-1945-pg. 13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .153

    56. Importncia do conhecimento transcendente (maro-1945-pg. 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .155

    57. Concepo tica da Logosofia (maro-1945-pg. 23) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .159

    58. Caractersticas psicolgicas do ser humano (maio-1945-pg. 11) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .161

    59. Educando para a vida (junho-1945-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .165

    60. Aspectos da tcnica logosfica (junho-1945-pg. 5) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .167

    61. A superao integral como objetivo (julho-1945-pg. 11) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .171

    62. Diretivas que a juventude necessita (julho-1945-pg. 13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .173

    63. O respeito, fator essencial da paz (setembro-1945-pg. 17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .175

    64. Preparao bsica da juventude (outubro-1945-pg. 11) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .177

    65. A linguagem de cores (outubro-1945-pg. 13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .179

    66. A diferena entre dois ensinamentos (outubro-1945-pg. 17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .181

    67. A funo de pensar e os pensamentos (outubro-1945-pg. 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .183

    68. Mtodo prtico para o ordenamento das idias (janeiro-1946-pg. 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .185

    69. Fatores determinantes do complexo das situaes humanas (fevereiro-1946-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .187

  • XI

    70. Condies e perspectivas da inteligncia (fevereiro-1946-pg. 7) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .189

    71. O livro na educao da humanidade (fevereiro-1946-pg. 8) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .191

    72. As emoes superiores do esprito (fevereiro-1946-pg. 17) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .197

    73. Orientao para a vida Como fazer a inteligncia produzir o mximo de rendimento (fevereiro-1946-pg. 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . .199

    74. As foras potenciais da Criao O homem diante de seus desgnios(maro-1946-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .201

    75. Os pensamentos no conflito das idias (maro-1946-pg. 15) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .203

    76. Um lugar para todos (abril-1946-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .205

    77. As crises humanas na evoluo dos homens e dos povos (maio-1946-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .207

    78. Problemas capitais da inteligncia humana (julho-1946-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .209

    79. A ordem universal (agosto-1946-pg. 5) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .213

    80. Os problemas do entendimento (agosto-1946-pg. 9) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .217

    81. A experincia como fator de progresso (dezembro-1946-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .219

    82. A grande mentira (abril-1947-pg. 15) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .223

    83. Estudo sobre a fisionomia humana (maio-1947-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .225

    84. A grande virtude do conhecimento logosfico (maio-1947-pg. 7) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .229

    85. Os contrastes do temperamento humano (junho-1947-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .231

    86. Fatores que concorrem para formar o bem-estar (julho-1947-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .233

    87. Importncia do conhecimento logosfico na vida diria (julho-1947-pg. 11) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .237

  • XII

    88. De onde provm a dificuldade para expor com clareza o pensamento? (agosto-1947-pg. 7) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .241

    89. Rumo correo dos grandes erros (setembro-1947-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .245

    90. O livro da vida (setembro-1947-pg. 9) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .249

    91. rbitas individuais e coletivas (outubro-1947-pg. 9) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .251

    92. Sobre questes que interessam a todos (dezembro-1947-pg. 9) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .253

    93. O rei prudente (fbula) (agosto-1944-pg. 19) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .257

    94. Curiosidade do tempo dos faras (outubro-1947-pg. 13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .259

    95. O senhor da pedra (dezembro-1947-pg. 3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .261

    96. ndice I (por Revistas) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    97. ndice II (por Artigos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

    98. ndice III (por Tomos da Coletnea) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

  • 1LOGOSOFIA PRTICA

    A que chamam liberdade de pensar?

    %No nos referimos liberdade de emitir opinies, consagrada por

    nossas leis, mas liberdade de pensar em seu sentido ntimo: apossibilidade de refletir e atuar a todo o momento com independnciade preconceitos, de idias alheias, do que diro, etc., e, alm disso,no fazer, pensar ou dizer o que no se deve.

    Nesse sentido, quem se supe amplamente livre?

    Em diversas oportunidades, fizemos notar que quase todos cremosagir conforme nossa vontade e ser donos de nossa mente, sem advertirque fatores alheios a nossos propsitos interferem em tal circunstncia alguns deles da mais duvidosa origem , como seriam os muitospensamentos que costumam tomar conta da mente e atuar burlando ocontrole do homem.

    Observe o leitor essas pessoas cujas vidas so um reflexo dotorvelinho psicolgico que reina em suas mentes. Mudam sem cessarde direo, de rota, de propsito; jamais se sentem seguras de nada;aqui e ali tratam de adquirir, emprestada, a convico ou a certeza quenunca podem obter por si mesmas. Hoje a pedem a um livro, amanha um conferencista, depois a uma ideologia, a uma religio, a umpartido, etc.

    Tm essas pessoas liberdade de pensamento? Pensam e agem deacordo com suas vontades? Fcil a resposta: nelas, a vontade seencontra dominada por concilibulos de pensamentos alheios, que, acerta altura da vida, chegam a ser-lhes to necessrios como a droga aotoxicomanaco. No posso lhe dar minha opinio sobre este assunto;ainda no li os jornais... Esta sutileza de Bernard Shaw encerra,desgraadamente, uma verdade muito comum.

  • 2E observe-se tambm o caso daqueles que esto de tal formaabsorvidos por um pensamento, que este chega quase a constituir umaobsesso. Em circunstncias como esta, o indivduo acaba muitas vezespor adquirir as caractersticas do pensamento que o embarga, e at seunome: diz-se que fulano um beberro, um manaco, umamargurado.

    No primeiro dos exemplos que expusemos, quer dizer, quando ospensamentos se sucedem sem ordem nem harmonia na mente, falar daliberdade que se tem para satisfazer os desejos um contra-senso.Essas pessoas no fazem o que querem, mas o que podem: o poucoque podem alcanar entre os vaivns e os tombos que a heterogneamescla de pensamentos que levam em seu interior lhes acarreta. Nosegundo exemplo, bem claro que no a vontade da pessoa a queatua, mas sim o pensamento que lhe causa obsesso. O governo doindivduo est exercido ditatorialmente por um ou vrios pensa-mentos que formam um desejo, o qual instiga os instintos at obrig-los a satisfazer suas exigncias.

    Enquanto o ser viver alheio por completo a quanto ocorre em suaregio mental e no conhecer a chave mediante a qual poder obter umsevero controle sobre ela, no poder jamais alegar que dono de simesmo e, portanto, no poder pensar livremente.

  • 3LOGOSOFIA PRTICA

    Noes elementares sobre adestramento mental

    %O xito que se possa alcanar em cada caso em que se queira obter

    um feliz resultado, no consiste apenas no fato de poder pensar, senoem saber em que se deve pensar.

    %Se queremos curar uma doena incipiente, devemos criar uma

    situao que dificulte seu agravamento.

    Como?

    Fazendo de conta que a doena j esteja em todo o seu desenvolvi-mento, e tratando-a como tal quanto aos cuidados da sade e sprevenes que se devam tomar.

    O resultado desta prtica maravilhoso: os 99% que sintam a sadeafetada por alguma doena ficaro indiscutivelmente curados, e o 1%restante, tambm.

    Os mdicos tero, assim, pacientes menos rebeldes e descuidados,que podero cumprir melhor suas prescries.

    %Voc tem de caminhar dez ou vinte quadras e lhe parece muito? No

    quer se cansar? Ento, faa de conta que deve andar uma ou duaslguas, e fixe isso em sua mente. Que formoso ser para voc, ao finaldas dez ou vinte quadras, dar por terminada a caminhada imposta, quebem poderia ter sido de uma ou duas lguas, tal como ficou projetadaao come-la!

  • 4Devemos agigantar a figura do inimigo acidental, fazendo de contaque dez vezes mais poderoso ou terrvel do que ; dessa maneira,buscaremos os meios e recursos que impeam ou neutralizem o danoque ele nos possa causar e, ao mesmo tempo, os elementos que haverode derrub-lo e faz-lo desaparecer.

    Se agirmos assim, vamos nos pr a salvo de surpresas e no teremosde lamentar excessos de confiana em nossas foras ou recursos, osquais, depois, como no existem, no podem ser utilizados e provocamnossos erros.

    Quando, pelo contrrio, desferimos o golpe merecido pelo inimigoque busca furioso nos prejudicar, e cuja figura agigantamos, veremosque o dito golpe aumentado dez vezes em potncia. Se o inimigo no como de propsito o imaginamos, ficar o leitor no tenha dvidadisso completamente desfigurado.

    Para isso no ser de modo algum necessrio utilizar nenhum meiofsico, mas sim a inteligncia, salvo nos casos em que a agresso semanifestar por aquele meio. Nessa circunstncia, a lei da existnciapermite a cada um defender sua vida, e ento poder tambm agirdecuplicando a ao dos movimentos.

    Os velhos inimigos, que j conhecemos bem, devemos vigi-loscomo faz a polcia com os ladres reconhecidos, a fim de evitar quecausem dano.

  • 5LOGOSOFIA PRTICA

    Como organizar o arquivo mental

    %Tomemos, por exemplo, um pensamento a que demos vida porque o

    consideramos til ou, suponhamos, porque nos trar satisfao convi-ver com ele, ainda que no venhamos a ter necessidade de nos servirdele em todos os momentos. Ns o colocamos no arquivo mental, querdizer, o situamos num lugar proeminente de nossa chamada mem-ria, ou seja, da faculdade de recordar. E assim vamos colocando, umaps outro, todos aqueles que so teis e que havero de nos servir emcada uma das circunstncias em que maior necessidade tenhamos delespara cumprir uma atuao feliz.

    No mundo comum, ocorre que esses pensamentos so amontoadosno recinto mental, na confiana de t-los mo ao chegar o momentode utiliz-los, em vez de serem cuidadosamente ordenados, como numarquivo. Porm, chega o momento de fazer uso de um deles, e amaioria das pessoas, ao ir em sua busca, no o encontra, ou demoratanto a ach-lo entre os demais, que no final no pode empreg-lo.

    Em Logosofia o caso muito diferente, porque eles podem sercolocados no recinto mental, classificados numa ordem e, chegada aoportunidade, pode-se recorrer a eles e encontr-los rapidamente, afim de utiliz-los com inteligncia. Pois bem; como tais pensamentosso passveis de aumentar de acordo com a capacidade que se valcanando capacidade em espao mental, entende-se , deve-se t-los sempre em movimento; tomar um ou outro, segundo a situao,para que nos sirva num suposto caso que lhe apresentemos; porexemplo, um caso em que poderia nos servir para solucionar umproblema, quando faremos com que o pensamento eleito para o ditoexerccio se ponha em atividade e cumpra seu objetivo. Se essa provase fizer duas, trs, cinco, dez, quinze vezes, ser conseguida uma

  • 6grande flexibilidade mental, e teremos toda a segurana de que, depois,ao menor movimento de nosso pensamento motor, a imagem quequeremos recordar acudir por si e de imediato a nosso chamado,sendo possvel utiliz-la com toda a facilidade.

    Isso o que muitas vezes tem surpreendido e assombrado o espritodas pessoas, quando, na presena de algum que possui uma vastacultura mental, observa essa forma instantnea de atuar com ospensamentos. Tal acontece justamente porque se teve a precauo deordenar esse grande arquivo que existe na mente, organizando-o de talmodo que, constantemente, todos os pensamentos so postos ematividade, tomando a uns e a outros para que participem dessecontnuo jogo de treinamento, como meio mais eficaz de t-los sempredispostos e prontos para servir.

    H mais, porm: podemos ter na mente um pensamento de determi-nada natureza que vamos utilizar, servir-nos dele; se, porm, em vez deempreg-lo conforme sua natureza, conforme o fim a que est destina-do, o utilizamos para outro fim, como faz a maioria, isso dar origem aum movimento de resistncia do pensamento dentro da prpria mentee, tambm, na dos demais, existindo casos em que at se produzemperturbaes e conseqncias que depois devem ser lamentadas.

    Vejamos um exemplo: encontrando-nos num momento de necessida-de, recorremos a algum procura de ajuda; expomos, com auxlio depensamentos que configuram tal necessidade, a situao em que nosencontramos e obtemos o que pedimos. Esse pensamento cumpriu suamisso e alcanou com xito o objetivo perseguido; entretanto, sequeremos sem necessidade alguma utiliz-lo para aproveitar da boa-fde algum, tratando de conseguir o que na outra situao era lgico erazovel, isso produzir um movimento de resistncia numa e noutramente, ocasionando desgostos e incmodos inteis. que se terutilizado esse pensamento no para aquilo a que estava destinado, massim para um fim mesquinho, ou um fim que no era, precisamente,aquele que lhe fora assinalado quando ele foi posto no arquivo mental.

  • 7LOGOSOFIA PRTICA

    Reflexes teis sobre o conhecimentoda mente humana

    %Poder algum perguntar: Que necessidade tenho de conhecer

    minha mente, se posso empreg-la do mesmo modo e fazer tudoquanto me apetece? A isso respondemos que verdade; mas aqueleque, ao pensar, sabe por que leis pensa, j tem uma vantagem sobrequem ignora tal coisa. Alm disso, quem no conhece como atuam ospensamentos dentro e fora de sua mente estar sempre merc de seusimpulsos, sem que a razo, utilizando a vontade, possa sofre-los.

    Existem, no obstante, pessoas que por natureza levam em si o domdo domnio pessoal. Porm, com freqncia estas tambm so sur-preendidas em sua boa-f, por desconhecerem as manobras mentaisrealizadas pelos que perseguem fins mesquinhos. Por outro lado,pouca a liberdade de que goza quem se deixa levar pelos pensamen-tos s mesas de jogo, aos prazeres do lcool, etc. Se a razo a que devegovernar, em ntima consulta com a conscincia, nestes casos vemosque tal coisa no acontece.

    O conhecimento logosfico permite desalojar da mente todo pensa-mento pernicioso que rebaixe a condio do ser humano.

    Conhecer as combinaes e movimentos que se promovem dentro damente experimentar a conscincia do pensamento executor, afugentar a fatalidade do acaso, j que este o que aparece determinan-do o jogo mental e o que define as alternativas por que passa oindivduo que no domina, com a inteligncia de seus conhecimentos,os fatores que intervm para enaltecer sua vida, faz-la fecunda e feliz,ou ento rebaix-la, arrastando-a pelo caminho da desventura e daperdio.

  • 8O homem, em geral, toma o cuidado de no ingerir alimentos que,segundo sabe, havero de lhe fazer mal, mas amide esquece que devefazer o mesmo com os pensamentos que, por experincia, conhececomo maus.

    Em resumo, quem no prefere possuir as riquezas do conhecimento ater de se ver exposto a enfrentar as difceis situaes em que aignorncia o coloca?

  • 9O HOMEM E OS PENSAMENTOS

    %Uma das coisas que a humanidade ignora, ou pelo menos aparenta

    ignorar, e que sem dvida , diramos, a causa maior de sua desgraa edesventura, a que concerne ao papel do homem, como ser inteligen-te, diante dos mbitos naturais de sua existncia e do orbe.

    J comprovamos mil e uma vezes que o homem alheio a tudoquanto acontece na esfera mental do mundo; no no que diz respeitoaos fatos que ocorrem e que, de uma maneira direta ou indireta, afetamo gnero humano, pois negar isto seria absurdo, mas sim ao porqu detais fatos e s causas que determinam as situaes que diariamente socriadas para ele e para o mundo. No sabe, ou resiste a admiti-lo,apesar das afirmaes da experincia, que a espcie humana foi postanum mundo onde imperam os pensamentos. Por algo o Criador odotou de faculdades e rgos apropriados para serem exercitados novasto campo mental. Por algo foram criadas nele aptides psicolgicasque o habilitam a nutrir sua alma com a fertilidade do saber. Por algoexiste nele uma conscincia que regula seus movimentos volitivos emorais, modera os excessos e estimula as belas e nobres aes. Em sualuta diria, por algo deve enfrentar problemas que s pode resolvercom sua mente. No obstante, tendncia habitual no atribuir mente humana sua verdadeira funo e importncia.

    Faz anos vimos repetindo que, enquanto o homem continuar indife-rente ao conhecimento bsico do princpio mental antes do Verbo foia mente e no se convencer de que os pensamentos so foras queatuam no mundo, dentro e fora de seu ser, no poder se emanciparjamais da ao direta ou indireta deles sobre sua mente, j que eles so,de certo modo, os participantes mais ativos de todos os seus movimen-tos internos, conscientes ou inconscientes, influenciando seu nimo eintervindo, de forma decisiva, em cada um dos passos que d emqualquer direo e para qualquer fim.

  • 10

    Infeliz do homem que prefere se enganar, crendo-se dono absoluto deseus pensamentos e de seus atos! A crnica diria nos mostra quoerrnea essa atitude de desprezo em relao a toda tentativa demodificar seu conceito; nesses casos se diz, porm, para justificardesvios incompreensveis, que o homem joguete do destino.

    No, senhores lricos da especulao emprica! No se deve atribuirtal responsabilidade ao destino, uma figura que, se se quer, pode serchamada de sideral, por sua abstrata e ignota relao com nossamaneira de ser, de sentir, de pensar e de agir.

    Assim, no sendo o destino quem se compraz em brincar com a vidahumana, pois seria uma insensatez pensar tal coisa, devemos admitirque, mais perto de ns, algo atua com diligncia e rapidez, e esse algono pode ser outra coisa que os pensamentos.

    No irei esta noite ao teatro, pensa o homem. Vem-lhe porm umpensamento mente, recordando-lhe uma pea interessante que vaiestrear; busca o jornal para se informar a que horas comea e,esquecendo o que pensou primeiro, vai solcito, levado pelo pensa-mento que influenciou seu nimo, sentar-se na platia, como se nadativesse acontecido. A partir de hoje no farei mais isso, diz aqueleque, como o jogador, o alcolatra, etc., cai na armadilha do vcio; masos pensamentos afins voltam, com maior violncia, a excit-lo einduzi-lo a continuar na mesma vida. No sou capaz de matar umamosca, exclama o bom homem que, um dia, num arrebato deindignao, ergue a mo e mata quem o ofendeu.

    Mas... seria a razo a que atua em cada uma destas circunstncias?Ou talvez a conscincia? Ou o sentimento?

    No sejamos ingnuos, por Deus!, haveria de dizer Voltaire,crendo que essas coisas ns as fazemos em so juzo!

    Admitamos, ento, que so os pensamentos no no conceito ambguoe errneo que a generalidade tem deles, mas sim tais quais eles so narealidade quem impera no mundo mental em que vivemos. Se no nospreparamos para busc-los, descobri-los e domin-los, no seremos outracoisa seno joguetes de suas hbeis manobras, e nessas condies nopoderemos esperar nunca o desfrute de uma verdadeira felicidade.

  • 11

    O SONO MENTAL QUE AFLIGE AHUMANIDADE

    % certamente difcil enfocar uma questo que, nestes momentos, se

    reveste de to graves aspectos, quando a inclinao intelectual dasgeraes modernas resvala pelas sendas mais arbitrrias do pensamen-to; quando os jovens, como os homens maduros, salvo raras excees,preferem os deleites da vida mundana, fcil e cheia de sedues, aoesforo determinado e sadio dos espritos fortes e abnegados; quando lamentvel ter de confess-lo a massa humana, com sua elite frente, tem permanecido durante sculos s escuras, pouco menos quesubmersa num letargo suicida que dia aps dia a foi aproximando dosumbrais de uma viglia to espantosamente trgica que, ou abre deuma vez os olhos e desperta o homem de seu sono mortal, unindo-seeste ao semelhante para defender a essncia do seu gnero, ousucumbe irremediavelmente, entregando seu destino ao caos, arrastadapelo imprio da fora sob o signo da barbrie, que consumir suashoras nas crises mais impiedosas da moral humana.

    Entretanto, que fizeram os homens de governo que tiveram em suasmos, como jamais governante algum teve, os meios mais eficazes epoderosos com que teriam podido conjurar, uma a uma, todas assituaes que ameaaram a paz do mundo? Que fizeram? Fizeram o queteriam feito os seres mais inconscientes e irresponsveis: fecharam osolhos realidade e comprometeram a segurana do mundo, enquanto seentregavam aos braos do prazer, enchidos de soberba por uma aparentevitria que parece ter cegado seus entendimentos de modo inconcebvel.

    E que fazem hoje os que esto no poder, e tambm os povos em cujoseio se encontram tantos homens de valor, em face do que estocorrendo no corao do mundo? Que fazem? Ser necessrio recordaras passagens que com maior eloqncia falam ao entendimento dosque ainda utilizam a razo? Pois bem; foi tal a embriaguez do triunfo

  • 12

    que tomou conta das potncias aliadas da guerra anterior, aps ter sidoassinado o armistcio, que, se no pecssemos por exagero, chegara-mos a dizer que durou at o momento em que, na guerra atual, astropas alems invadiram a Blgica e a Holanda.*

    Governo e povo da herica Frana e da Gr-Bretanha, confiando ato inimaginvel no debilitamento do poderio alemo, e crendo na quaseimpossibilidade de ocorrer um novo conflito como ocorreu a topoucos anos do anterior, cometeram o que bem se poderia qualificarcomo o pior dos desatinos: o desarmamento. De modo que, enquanto aAlemanha se armava, rufando bem alto seus tambores, a Frana e aInglaterra tomavam, ano aps ano, novas medidas no sentido de sedesarmarem mutuamente, numa escala que alarmava a todos, menos aeles. Os operrios das fbricas de armamentos, incitados pela diminui-o do trabalho, pressionaram com exigncias de toda espcie, que ogoverno, como sucedeu na Frana, tolerou em excesso.

    Ao contrrio disso, as fbricas alems trabalhavam incansavelmente, diae noite, produzindo novo e mais eficiente material blico, mas a Frana e aInglaterra no se inquietaram por isso. Como haveriam de se inquietar, seconcederam Alemanha emprstimos valendo o dobro do custo dasreparaes de guerra que ela tinha de pagar, na crena de que esta nao searmava para combater a Rssia e destruir o comunismo? Nem a conquistada Abissnia pela Itlia, nem a guerra da Espanha, tiraram os governantesda sua impassibilidade, que atingiu as raias da inconscincia. Tudo pareciapouco para fazer com que se movessem e decidissem preparar suasdefesas, como correspondia a pases guardies de pactos e fronteiras. Smesmo quando as vantagens do inimigo se tornaram aterradoras, equando perceberam como os tolos que perguntam: Que est acontecen-do?, depois de todo o mundo j ter esquecido o que ocorreu que oscanhes apontavam para os lados da Frana, e os avies se enfileiravamem direo Inglaterra, que eles proclamaram com toda a solenidade amobilizao, o rearmamento e... a guerra.

    No passou muito e vimos o desespero dos soldados franceses, aocomprovarem que de nada lhes valia o herosmo, se no tinham armasadequadas para lutar. Possivelmente, mais de um ter recordado

    * N.T.: Este artigo foi publicado em maio de 1941.

  • 13

    aquelas horas de greve que to amide se repetiram naquele pas e que,ao atrasar a construo do material que seria utilizado para a defesa,fizeram com que pagassem um preo to alto por suas injustasreivindicaes de ento.

    E, enquanto isso ocorria na Europa, e ainda segue ocorrendo, ns, daAmrica Latina, que vimos e analisamos da superfcie at a maiorprofundeza o processo de semelhante drama, e que ainda gozamos assublimes prerrogativas que a liberdade de pensar e agir nos concede,que fizemos? Cruzamos os braos e enchemos, com as estreisdiscusses de nossa poltica domstica, os espaos de um tempo cujaperda talvez algum dia tenhamos de lamentar.

    Porventura os governos e povos da Amrica no deveriam, tirandoproveitosas lies do que se est presenciando na Europa, colocar noprimeiro plano de suas preocupaes mais prementes a que concerne defesa do continente? Nossas foras armadas possuem o materialmoderno indispensvel para fazer frente a qualquer agresso provindado alm-mar? A tendncia dos homens deste sculo, talvez por sermuito cmoda, parece ser a de confiar a outros o que demoram a fazerpelo prprio bem. Logo sobrevm os apuros e, com eles, as omisses eerros irreparveis, que despejam sobre os povos a desgraa, acabandocom todos os bens mais estimveis que, em seus afs de progresso,conseguiram conquistar.

    No entanto, se h algo que deveria mover com maior desvelo oesprito dos filhos da Amrica, esse algo haveria de ser e isto aomesmo tempo honraria os antepassados que forjaram os ideais denossa independncia, quando a proclamaram terra dos livres aresponsabilidade que nos incumbe como homens amantes da liberdadee do direito, conscientes dos deveres de amparo a nossos lares, osquais, por imprevises injustificveis, poderiam ficar merc dashordas infernais que esto assolando o mundo, este mundo queconfiou uma vez mais no arbtrio da Providncia, sem fazer de suaparte o indispensvel para merecer novamente semelhante graa.

    Se resumirmos numa sntese a srie de acontecimentos que sesucederam desde a guerra passada, chegaremos sem grande esforo

  • 14

    concluso de que a maioria dos povos do Velho Mundo, e tambm doNovo talvez para no ficarem para trs , tem vivido numa espcie desono mental que, sem adormecer os sentidos, eclipsa a inteligncia efomenta nos homens a tendncia a no dar importncia, ou no levar asrio, nada que provoque em seu nimo a necessidade de estudar,analisar ou julgar as situaes que se apresentam.

    A este sono mental, to pernicioso para a espcie humana pelosestragos que lhe causa quando esta se v surpreendida como nasatuais circunstncias por uma ecloso blica, deve-se atribuir aorigem de todos os sofrimentos e desditas que o homem depois tem desuportar, quando, ante a iminncia do perigo, j de nada lhe serveacordar.

    Esforcemo-nos, pois, para que nestas terras da Amrica no penetremos germes da destruio; mas para isso ser necessrio se ns, osamericanos, amamos as respectivas ptrias afugentarmos, com todasas energias de nosso esprito, esse sono mental que tolhe os nimos,inibe as inteligncias e paralisa as vontades.

    Lancemos, de uma vez por todas, nosso grito de guerra contra todasas mesquinharias e assuntos de ordem secundria que estorvam nossasdecises e usurpam nosso tempo, e enfoquemos numa ao comum ogrande problema que hoje aflige toda a humanidade e que reclama, detodos, a mais urgente soluo. S assim ainda haver alguma possibili-dade de salvar a civilizao desta encruzilhada sinistra em que seencontra.

    Sejamos todos um no pensamento e na ao, mas que o sejamos j,antes que seja tarde, por nossa tradio gloriosa, por nossos lares e pelagrandeza da Amrica.

  • 15

    O TRAVESSEIRO

    Seus segredos Sua virtude Sua discrio

    No sei se os poetas cantaram, oh! sublimetravesseiro!, os poemas e os louvores que tuaannima misso pde sempre inspirar s luzesdo talento humano.

    No sei se algum te recordou em suasmemrias, ou te dedicou umas linhas nas folhasde algum livro, nelas expressando gratido a ti.

    Eu te ofereo esta humilde homenagem, naesperana de que os que a lerem te saibamvenerar como se veneram as coisas santas, quecomovem as fibras mais ntimas de nosso sentir.

    %De muitas coisas j se ocupou o pensamento humano, e de muitas

    continuar se ocupando no futuro, mas desta penso que no. Ocorre-me que at seria tido como ridculo atribuir-lhe a menor importncia,ou faz-lo objeto de alguma ateno.

    O travesseiro. Que o travesseiro? Ora, uma almofada cheia depenas, ou de l, que a pessoa utiliza para dormir. Quem se ocupa dele?A pessoa que arruma nosso quarto, aps nos levantarmos, deixando acama pronta para a noite, com o especial cuidado de ocult-lo sob acolcha, para que no mostre sua palidez mortal.

    Ser ento possvel que o travesseiro, essa coisa inerte que ningumcontempla ou recorda jamais, possa ser motivo de algum interesse, dealguma considerao de nossa parte? Fantasias, homem, fantasias!Mas... como? Ser que o travesseiro no significa nada para nossa vida?Acaso no foi ele o primeiro a oferecer nossa cabea seu piedoso esuave apoio quando viemos ao mundo? No ele o que, desde oprimeiro instante, recolhe nossas lgrimas; o que vela por nosso sonode crianas e regozija as douras do folguedo infantil; o que mais

  • 16

    ntimo contato tem com nossa fronte, com nosso rosto, com nossospensamentos?. . .

    Sobre o travesseiro descansa a cabea fatigada pelo trabalho dirio.Ele serena o esprito em seus momentos de angstia. A ele confiamosos pesares e as preocupaes, experimentando o alvio que fazbenignas as horas do repouso.

    Quantas vezes, quando crianas, corremos em busca do travesseiropara enxugar nosso pranto, como se fosse o nico capaz de nosconsolar! E quantas vezes tambm, sendo homens, nos amparamosnele, como se fosse o regao de um anjo, e sentimos a carcia e aexpresso terna e compassiva de seu conselho. Quantas vezes nossosolhos, carregados de amarguras, encontraram esse doce refgio!

    Se estamos enfermos, no faz ele, por acaso, prodgios para se adaptara todas as posies em que nossa cabea quer se colocar? No ele atestemunha que guarda o segredo de tudo o que pensamos, fizemos ouhaveremos de fazer na vida? No quem compartilha nossos momen-tos de maior felicidade e o nico que no se nega a nos receber quandonos sentimos tristes, quando a adversidade nos persegue? ele que,quanto mais cansados estejamos, tanto mais se oferece para nos fazerplcido o sono; que recebe de modo igual, e com a mesma solicitude, acabea suada do operrio e a perfumada tez do fidalgo; que no seesquiva cabea do malvado, nem protesta quando convertido emalmofada de ces ou de gatos.

    Ele, o travesseiro, o que recebe no final de nossos dias o ltimosuspiro e, s vezes, nossa ltima lgrima.

    Com ele o homem pode aprender a discrio. Sua virtude, sua grandevirtude, a de servi-lo em seus momentos mais difceis com extremahumildade, sem nada exigir.

    No ser o travesseiro, talvez, o livro em que se grava toda a nossahistria com caracteres inapagveis, livro que somente Deus pode ler,por ser somente ele, o travesseiro, que contm a essncia de nossa vida,essa mesma essncia que, segundo pensamos, vai se gastando no cursode nossos dias?

  • 17

    O INCONFORMISMO

    % O inconformismo , pode-se dizer, sinnimo de discrdia, desde

    que, prpria intemperana que auspicia esse estado de reao contratudo o que discorda do juzo pessoal ou da simples opinio, adiciona-se um movimento mental de violncia, que mantm o ser numaespcie de constante conspirao, propcia a toda ao vingativa.

    Na maioria dos casos, o inconformismo nasce desse complexo deinferioridade pessoal que faz o homem suscetvel a toda sorte desupostas ofensas, que, por certo, no o so mais do que para anecedade do pretenso ofendido.

    No nos referimos aqui ao inconformismo que, por natural reao doesprito, sentem as pessoas ante os prprios defeitos, ante a prpriaincapacidade ou falta de conhecimento, ilustrao ou cultura, pois natural que estas se esmerem em eliminar as causas de seu infortnio.

    Aquele que mostra com lealdade e sinceridade seu inconformismo,sempre trata de atenuar as coisas ou fatos que o promoveram, e ofereceseu desinteressado concurso para restabelecer a harmonia entre seujuzo e o que contrariou seu sentir ou seu pensar. Mas o inconformis-mo corrente fruto da intolerncia e da insensatez; da o xito togrande com que sempre foi utilizado pelos que o exploraram e seguemexplorando, para disseminar toda classe de idias exticas que promo-vem a discrdia e o debilitamento dos povos.

    No pode haver paradoxo mais ridculo do que aquele em que ohomem (referimo-nos a um conjunto inumervel), magoado e comexpresso irascvel, manifesta, em pleno gozo de suas liberdades e usode seus direitos, que prefere viver sob uma ditadura cruel a ter desuportar as insolncias, por exemplo, de um servidor pblico queno o atende com a urgncia que sua intolerncia exige. Voc vai ver,diz em tom depreciativo e ameaador, quando outros assumirem o

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    poder. E, aps esse desafogo, ajeita com nervosismo o palet e sailanando chispas, como se costuma dizer. O que menos pensa topetulante insensato que, enquanto resmunga e esbraveja contra umsistema de vida que faz possvel uma convivncia humana concilivelcom todos os caracteres e costumes, est auspiciando com sua atitudeoutro sistema, o qual lhe evitar por certo essas contrariedades, selevarmos em conta que, uma vez implantado, a ningum ser permiti-do protestar, mas no porque agora ser despachado logo em seguida, esim porque, passando todos os assuntos a ser atendidos pelo Estado, avontade de enfurecer vai ficar s na vontade, depois de lhe aplicaremuma advertncia a modo de primeiro aviso.

    O inconformismo, portanto, igual a tudo o que emana do homem,deve ser fruto de uma atitude construtiva, assim como seria o juzosereno que indica a necessidade de uma modificao em tal ou qualcritrio, fato, circunstncia ou reflexo, sempre tendente a solucionaras coisas, e nunca a complic-las, nem a fazer delas uma fonte dediscrdia.

  • 19

    QUAIS SO OS ELEMENTOSCONSTITUTIVOS DA IDIOSSINCRASIA

    HUMANA

    O que configura o temperamento

    %Fundamentalmente, todos os seres humanos respondem a trs as-

    pectos: o mental, o sentimental e o instintivo. So eles, segundo suasdiversas variaes e caractersticas, os que contribuem para formar otemperamento humano.

    O primeiro aspecto - sem dvida o mais importante - est represen-tado pela mente com todas as suas faculdades. Cada mente produz eirradia certa classe de pensamentos que constituem seu objeto e suapredileo; estes se multiplicam ou se eliminam, segundo a maior oumenor fora com que atuam dentro da mente e, em conseqncia, so-bre a vontade do indivduo. Sua qualidade se reflete nas aes e pro-cedimentos do homem, uma vez que os pensamentos influem de for-ma decisiva em suas atividades.

    Quanto ao segundo aspecto, vamos dividi-lo, para melhor com-preender sua natureza, em duas grandes categorias: sentimento co-mum e sentimento superior.

    O primeiro reconhecido no fato de ser efmero, instvel e de certaefusividade em sua expresso. Reflete correntemente a condiomedocre do homem, j que responde a influncias externas; estaclasse de sentimentos costuma ser motivada pelos prazeres de umafesta, a gritaria de uma multido, o interesse de um espetculo vulgare, em geral, por tudo o que est excludo do carter inerente verda-deira e elevada hierarquia moral e intelectual. Quase sempre eles in-duzem a falar em excesso e a agir de forma arrebatada e sem controle,

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    muitas vezes levando as pessoas a situaes das quais devem se des-culpar depois, manifestando haver dito tais coisas ou feito tais tolicesporque estavam muito emocionadas.

    O sentimento elevado tem uma origem mais nobre e essencial.Responde a um pensamento superior que lentamente se foi transfor-mando, at condensar-se em sentimento; vale dizer que ele se foi iden-tificando com o ser at perdurar para sempre na intimidade do seucorao. No se expressa por meio do bulcio nem da agitao irrefleti-da; muito ao contrrio, atua silenciosamente, mas com toda a segurana,sempre que se lhe depara a oportunidade de exteriorizar-se em obrasde real utilidade. O anelo de ser melhor, o amor a Deus, a aspirao deajudar o prximo, so formosos exemplos desta categoria de senti-mentos.

    O terceiro aspecto, o instintivo, o que habitualmente acumula asconfuses mais temveis. Provm da parte inferior da constituio hu-mana, e sua influncia est representada nas paixes. comum identi-ficar o instinto com a corrente gensica; mas, em rigor, como j ex-pressou a Logosofia, esta devia constituir uma linha intermediria en-tre a regio instintiva e a do sentimento superior. Se hoje em dia noacontece assim, isso se deve ao relaxamento que, atravs dos sculos,vem sendo experimentado pela raa humana, cuja sensibilidade natu-ral est contaminada pelo desenfreio do instinto.

    Para terminar, recordaremos que os trs aspectos da idiossincrasiahumana que acabamos de descrever esto, como lgico, intimamentevinculados entre si, e suas influncias interferem na forma caractersti-ca que configura com preciso o temperamento de cada um.

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    NO DEIXA DE SER SUGESTIVO...

    %Embora possa parecer uma suspeio que por seu tipo excede as co-

    muns, certos fatos e tendncias de nossa poca no deixam de chamarpoderosamente a ateno, ao revelarem bem s claras qual o estadoambiente ou, melhor ainda, a aspirao comum, a qual, embora se tenhao especial cuidado de ocultar, ao que parece por uma espcie de recatopessoal e at coletivo, nem por isso deixa de manifestar-se em mlti-plos sentidos.

    O homem, em geral, se move, atua e realiza por impulso de determi-nados estmulos, que viriam a ser os seus agentes motores. Esses es-tmulos, no obstante se acharem ao alcance das possibilidades indi-viduais, passam inadvertidos para a maioria, a ponto de ser necessriomostr-los a seu entendimento, a fim de que os perceba e sinta o in-fluxo de sua influncia benfica.

    Pode-se dizer, portanto, que essa maioria carece de estmulos, maispor fora de um costume que parece ser inato no homem - o de esperartudo dos demais e no do esforo prprio, o de confiar na sorte ounuma providncia com perfume de fadas - do que pelo fato de tais es-tmulos no existirem em realidade.

    Pois bem; essa aparente orfandade de estmulos faz o ser sentir ouexperimentar, amide, a necessidade de se liberar da opresso quepara ele representa uma vida montona, sem maiores alternativas. E,enquanto uns buscam dissipar o fastio ou preencher o vazio com dis-traes e diverses de toda espcie - e quantas so as coisas teis evaliosas com que se poderia preench-lo! -, outros manifestam, dediferentes modos, sua predisposio ao sobrenatural, ao que est almdo humano. Assim, por exemplo, vemos que existe nos pases em lutauma marcante tendncia a aparecer, perante o adversrio, ameaandoesgrimir ou utilizar armas secretas, desconhecidas, como se fossemfabricadas com elementos de outro mundo, e com soldados a quem

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    atribuem uma fora invencvel, sobre-humana, capaz de causar a estu-pefao do inimigo.

    Vemos tambm que, de uns tempos para c, quase todas as histriasem quadrinhos publicadas, e que constituem o deleite de um con-sidervel nmero de leitores, crianas e adultos (os ltimos so amaioria), tm suas tramas baseadas em super-homens dotados deforas extraordinrias, que realizam proezas estupendas, fazendo o co-mum das pessoas sonhar em possuir, algum dia, iguais condies ouqualidades, dignas da admirao e do assombro do semelhante.

    Encontramos a mesma coisa nos filmes de desenhos animados, emque aparecem homens de fora herclea, e bem possvel que issoobedea ao fato de que - tendo-se humanizado tanto o animal nessasprojees, a ponto de dot-lo do uso da razo, da fala e de todas as ex-presses caractersticas do ser humano - este tenha ficado em situaobastante incmoda, sendo necessrio, em conseqncia, elev-lo cate-goria de semideus ou super-homem quanto potncia fsica.

    No deixa, pois, de ser sugestivo esse movimento mental voltadopara um pretenso ideal que, pelo fato mesmo de ser inalcanvel, exal-ta ainda mais a imaginao de quantos coincidem em tal aspirao.

    Todo esse movimento mental, que, conforme demonstramos, se re-produz em diferentes setores do pensamento e da atividade humana,mostra com irrefutvel evidncia qual o estado de meia humanidade.At parece que, no se conformando com uma existncia que no lheproporciona os inefveis gozos que os cmbios notveis produzem naalma, o homem alimenta, cada dia com maior af, o pensamento deser algo superior; superior a tudo o que existe de vulgar no sentir hu-mano.

    A Logosofia, com sua riqueza de estmulos, vem preencher essegrande vazio, conduzindo o homem rumo ao despertar de uma vidaque no a comum, cheia de tristezas e limitaes, e sim outra, naqual podem ser satisfeitas as mais extremas exigncias. Ao mesmotempo que assinala, como um absurdo pouco feliz para o bom senso, ailusria imagem das criaes fantasiosas, indica ao homem, com a elo-

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    qncia de seus quadros experimentais, qual o caminho a seguirpara conquistar at as mais altas expresses de sua humana natureza ede sua hierarquia mental.

    Se, por exemplo, se admite que o homem comum, civilizado, parao ndio inculto um super-homem, por que no se haver de admitirque um homem dotado de um extraordinrio saber tambm o sejapara o homem comum?

    Convenhamos, ento, que a riqueza de conhecimento faculta ao serviver uma vida que s em aparncia se assemelha vulgar, pois deladista muito quanto amplido, s perspectivas, qualidade e eficin-cia de suas particularidades, sobretudo na ordem das possibilidadesconscientes.

    Nada pode ser mais propcio a todos, nestes momentos, do que prmos obra, com o propsito de criar uma nova individualidade, cu-jas necessidades vitais sejam atendidas com o sumo dos conhecimen-tos que se prodigalizam ao entendimento de quem cumpre suasprprias promessas nesse sentido; e podemos assegurar que, emboranunca chegue a ser um Tarzan, um Patoruz* ou um Popeye, muitopossvel que o faa no concernente potncia mental, moral e espiri-tual, dentro do quadro das reflexes que fazemos neste estudo.

    * N.T.: ndio patagnio fictcio, dotado de grande fora fsica, famoso super-heri de histrias

    em quadrinhos da Argentina. Sua popularidade alcanou o auge em meados do sculo XX.

  • 24

  • 25

    LOGOSOFIA - ESTUDOS INTENSIVOS

    %Subconscincia. O subconsciente formado por imagens mentais ar-

    quivadas e que j no tm atividade ou vigncia.

    Suponhamos o caso de um estudioso que deixa de exercer, durantelongos anos, a cincia que aprendeu. Chegar um momento em quetodos aqueles conhecimentos se tornaro elementos passivos. Ele novai esquec-los, vai record-los como simples noes, mas no poderutiliz-los com rapidez nem segurana se alguma emergncia o exigir.Nessas condies, os conhecimentos passam a ser subconhecimentos.Seu conjunto constitui a subconscincia.

    Pode o estudioso procurar reanim-los e traz-los de volta ao seu an-terior estado de esplendor; em tal caso, a conscincia que toma, dasubconscincia, as imagens que nela esto arquivadas, para p-las denovo em atividade.

    Automatismo mental a ao espontnea do consciente.

    A psicologia comum estabelece que a funo subconsciente. Graveerro, pois que a funo automtica a que nos referimos representa umgrau mais avanado da funo consciente, e no uma regresso dela,como supuseram tantos autores. O msico que repassa muitas vezesuma pea at execut-la sem necessidade de fixar nela sua mente, omotorista de um veculo que pode ir dirigindo e conversando ao mes-mo tempo, representam o conhecimento num grau de adiantamento esegurana maior. No segundo caso, o chofer conseguiu reduzir todasas complicaes da direo, das leis do trnsito, do idioma que fala edos conceitos que est abordando na conversao a uma ao simul-tnea e espontnea da conscincia. Isso indica um estado de agilidade,brilho e segurana de conhecimento, que bem pode ser consideradouma excelente conquista e uma feliz culminao de processos conscientesque permitem utilizar todas as vantagens com o mnimo de esforo.

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    Tomamos por base os casos mais vulgares. Se a mesma circunstnciapassa a envolver pessoas de maior ilustrao, observaremos uma in-fluncia decisiva em suas possibilidades, at o ponto de agirem comtotal rapidez, e quase simultaneamente, em diversas emergncias querequeiram sua pronta e eficaz ateno.

    A inconscincia reflete o estado de quem emprega imagens sem ocontrole da conscincia.

    Da inconscincia ao desvario um pulo, j que, no atuando a razono inconsciente, a imaginao se extravia no labirinto de imagens que,de forma desordenada, atuam dentro da mente.*

    * Trataremos destes temas oportunamente, a fim de ampliar, com as concluses

    importantssimas que a concepo logosfica apresenta, estes pontos to vitais para o

    conhecimento humano.

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    O ERRO DE MUITOS

    %Ocorre freqentemente que, quando uma pessoa l os estudos de

    Logosofia que aparecem nesta revista, ou escuta o que algum lhe in-forma sobre a importncia e transcendncia deles, manifesta seu temorde que esses estudos a afastem de suas ocupaes habituais e lheroubem o tempo de que necessita para suas distraes, etc.

    No pecaramos por excesso se dissssemos que consideramos essaapreciao totalmente infundada. Em primeiro lugar, ningum podejulgar uma coisa por uma simples leitura ou por impresses de outros,nem estabelecer comparaes ou fazer discriminaes sobre o que ig-nora ou, melhor dizendo, sobre o que no de seu conhecimento; emsegundo lugar, no se deve esquecer que muito poucos so os que dis-tribuem seu tempo eficientemente.

    Comumente, todos tm falta de tempo, porque no sabem organizaras atividades de suas mentes, empregando muitas vezes horas, e atdias, naquilo que se pode fazer em breves instantes. A Logosofia, pre-cisamente entre as mltiplas coisas que ensina, adestra o homem parasaber aproveitar o tempo e dispor dele com grandes vantagens parasua vida. Temos numerosos casos de pessoas, por exemplo, que, aocomearem os estudos logosficos, no tinham maior disponibilidadede tempo para dedicar a eles, e, aps um breve perodo, para suagrande surpresa, este lhes sobrava em abundncia. que esta cincia,ao dar a conhecer como atua o mecanismo mental e a atividade e in-fluncia que os pensamentos tm nele, abre para o ser as portas deuma de suas maiores conquistas, permitindo-lhe o livre movimento desuas funes mentais, em correspondncia com uma evoluo semprecrescente, que o conduzir rumo a uma inteira superao.

    A Logosofia o melhor e mais eficaz auxiliar para o conhecimentodo ser em todas as situaes da vida, visto que comea por aliviar opeso das preocupaes, por evitar o prolongamento de estados men-

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    tais infrteis, provocados por problemas no resolvidos, e por eliminaros mil motivos que enredam o pensamento, obrigando o homem aatender deficientemente suas ocupaes, e at fazendo com que eleviva uma existncia amarga, cheia de inquietaes e sobressaltos.

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    A GUERRA ATUAL PRECISA DURAR DOISOU TRS ANOS MAIS*

    O mundo deve preparar-se para um grandeacontecimento: a paz futura

    %H coisas que a humanidade no consegue compreender, e no as

    compreende justamente porque s atina a encarar a realidade quandoesta j se aproximou tanto que se torna impossvel deixar de senti-la.

    Mas essa realidade costuma ser, na maioria dos casos, a conseqn-cia de um processo que se foi gestando no mundo e ao qual a hu-manidade - por negligncia, por excessiva indiferena ou, melhor ain-da, por incompreenso a respeito dos acontecimentos - permaneceualheia, at o momento em que a violncia das comoes blicas ou so-ciais a despertou desse letargo pouco menos que mortal em que haviamergulhado. Da que no lhe seja dado apreciar e julgar o que acon-tece em cada circunstncia que, por encadeamento, se promove nogrande teatro dos episdios internacionais, nem tampouco - o que mais grave ainda - aquilo que acontece no rigor das experincias queimpelem o mundo a adotar decises supremas, resultantes das situ-aes que se apresentam ao seu porvir.

    A guerra atual, ainda que aparente assemelhar-se em seus objetivoss anteriores, difere em alto grau quanto s projees e conseqncias.Esta uma guerra preparada durante longos anos; guerra que os ho-mens foram incapazes de evitar. Ideologias articuladas em ferozesdesgnios foram e so o explosivo com que se pretende aniquilar avida independente e racional do semelhante, e, ao dizer semelhante,referimo-nos a povos e continentes que, por natural reao do esprito

    * N.T.: Este artigo foi publicado novembro de 1941.

  • 30

    humano, rechaam esse temperamento arbitrrio e absoluto que conspiracontra os princpios que regem a sociedade e a solidariedade humana, eque est em aberta oposio s leis e mandados que aliceram a soberaniados povos e fazem do indivduo um ente nobre, livre e civilizado.

    O homem comum, em geral apreensivo, temeroso e inclinado aindas iluses mais absurdas, desde que alimentem esperanas, de seis me-ses para c j acreditou, repetidas vezes, que a paz poderia sobrevir deum momento para outro na Europa e, por conseguinte, no mundo,pois bem se sabe que o que acontece nesse continente afeta todos osmbitos do orbe.

    Mas ningum pensou, ou s uns poucos o fizeram, que uma paznestes momentos seria um desastre para a humanidade. No se pode-ria evitar o caos mais espantoso que se produziria em todas as ordensda vida. Seja-nos permitido explicar esta afirmao, que fazemosbaseados em profundas e por demais sutis observaes sobre ogravssimo instante que o gnero humano est atravessando.

    A estrutura social, poltica e econmica dos povos no pode ser modi-ficada bruscamente, sob pena de se produzirem fortes e s vezes irre-mediveis comoes no seio deles. Pois bem; se, como vimos, as naesestiveram se preparando para esta guerra, umas levadas pela premedi-tao encarnada no instinto agressor, e outras obrigadas pela ne-cessidade de existir e defender o patrimnio de sculos - e com ele aliberdade, o direito e a justia -, convenhamos que tanto mais necessrioser, nos momentos atuais, que esses mesmos povos e o mundo em geralse preparem para a paz, acontecimento este que deve ser considerado detanta ou maior transcendncia que a prpria guerra, uma vez que estaltima j absorveu a vitalidade de pases inteiros, fez desaparecer a vidanormal e alterou quase todas as normas da convivncia comum, fazendocom que a maioria dos homens de trabalho - que antes ocupavam umlugar dentro do mecanismo social, econmico, e nas demais ordens queformam a base pela qual se regem os povos e a famlia - agora se achemem campos de batalha ou ocupados em fbricas ou outras atividades rela-cionadas diretamente com a guerra, sem esquecer os que passam aspenrias mais horrendas nos campos de concentrao.

  • 31

    Podero nos perguntar por que necessrio preparar-se para a paz,se, uma vez terminada a guerra, cada um voltar para sua casa e a vidade imediato se normalizar.

    Gravssimo erro. Em primeiro lugar, nem todos voltam para suas ca-sas... e, em segundo, os povos e os lares que foram destrudos no soreconstrudos to facilmente como a iluso corrente parece supor. Sernecessrio - mais que isso, ser absolutamente indispensvel - que ospovos criem novas fontes de trabalho, pois se, ao encerrar a guerra eregressarem os soldados a suas ptrias, as fbricas de armamentos tam-bm encerram suas atividades, deixando milhes deles sem trabalho -o que que mais provavelmente vai acontecer? As revolues maissinistras de que a histria dos sculos jamais teve noo.

    A guerra no pode terminar agora. O prprio esprito de conser-vao da espcie humana exige isso. Os que desencadearam a guerradevem saber que as leis universais podem ser foradas, mas o prato dabalana no poder permanecer por mais que um limitado tempo forade seu nvel, e logo haver de buscar, pela prpria fora que o susten-ta, o equilbrio que ele alterou ao pender para o lado oposto.

    A tarefa que os governos devem encarar, sobretudo os daqueles pasesque marcham na liderana, simplesmente enorme, e no menor aresponsabilidade que incumbe a eles.

    Novas rotas tm de ser abertas para o futuro humano. Os homensque foram arrancados da vida normal devem voltar a ela livres das pre-ocupaes que embargaram seus dias de juventude e de luta. Devemsaber que a ptria que os convocou para sua defesa lhes oferece, noseu regresso, um lugar na sociedade, o qual ser, se no o mesmo, pelomenos similar ao que tiveram antes de partir.

    Essa a obra na qual os povos, estejam ou no em guerra, devem seempenhar desde j.

    preciso saber, de uma vez por todas, que a paz no significa a ces-sao da guerra, mas sim a volta normalidade, e esta s poder seralcanada se forem preparadas de antemo, com tempo e estudo, asbases de uma subsistncia comum.

    Por isso, estimamos que esta guerra tem de durar ainda dois ou trs

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    anos, enquanto as naes se pem em condies de encarar a paz, comtodos os recursos que ela reclama para ser efetiva, verdadeira.

    Mas absolutamente necessrio que os que j falam de como deverser encaminhada a vida aps a guerra - neste caso a Inglaterra e aAmrica do Norte - se preocupem em ganh-la a todo o custo, nopoupando esforo nem sacrifcio algum para alcanar to ansiado fim,pois a nica forma de conceber o futuro como o anela a humanidadeque vive margem de to fantstica luta e de to terrveis massacres dehomens.

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    ESTUDO SOBRE ESTADOS MENTAIS

    %Ante uma pessoa que expresse enfaticamente: O que que voc

    quer que eu faa? Deus me fez assim e nada poder me modificar,que diria voc, leitor?

    O que comumente se tem dito nesses casos que tal pessoa no temconserto, ou que no h meio de faz-la mudar sua maneira de pensar.

    Pois bem; no seria interessante, por acaso, saber o que faria umbom logsofo diante de uma pessoa assim?

    Vejamos o seguinte: a primeira impresso que ele receber de quetal pessoa se colocou margem da razo e, portanto, de toda lgica.Essa impresso delineia o esquema psicolgico do ser, colocando-odentro de um quadro em que a sensatez pareceria estar ausente. De-pois de enfocar detidamente essa posio mental, uma segunda im-presso lhe indicar que preciso um tato especial para fazer comque o obstinado se decida, em primeiro lugar, a entrar nos foros darazo, analisar e buscar os fundamentos de to temerria afirmao.Caso se ache ante um amigo, perguntar a ele: Como voc sabe queDeus o fez assim? Ele o fez assim quando voc veio ao mundo ou foiagora?

    No primeiro caso, o logsofo admitir que tenha sido assim, mas, nosegundo, no poder admiti-lo. O interrogado ter tido inmerasoportunidades de mudar a face de sua vida e, como todos, deve tersuas aspiraes, s que lhe faltam os meios de realiz-las. Um con-formismo absoluto, como o que assinalamos, inconcebvel em quem,cheio de vida e de prerrogativas, pode cumprir altas finalidades. Se lhefosse proposto mudar de posio, melhorando suas condies em to-dos os sentidos, continuaria sustentando que nada poderia faz-lo mu-dar? Seria absurdo; seria renunciar a seus direitos de ser humano dota-do de inteligncia.

  • 34

    Deus fez o homem sua semelhana. Isso j significa e expressa umacondio que negou s demais espcies do orbe. Pretender que o tenhafeito caprichosamente, com um selo particular, limitando-o a sofrer asconseqncias de uma precria situao, como a que a expresso anali-sada por ns supe, seria uma aberrao inadmissvel. Portanto, deve-mos considerar que, se Deus fez o homem sua semelhana, cabe aeste descobrir as chaves que o tornem consciente de tal semelhana;mas, para isso, apenas desejar no o bastante. As referidas chaves saparecem vista quando o entendimento est preparado para com-preend-las e delas servir-se sensata e judiciosamente.

  • 35

    ATUAO DOS PENSAMENTOS

    %Que importncia voc atribui ao pensamento dentro de sua vida? J

    pensou que o homem pode ser feliz ou desditado, segundo sejam seuspensamentos? E que, se ele optar pelos melhores, ter ventura e evi-tar muitos padecimentos, ao passo que, se eleger os piores, sua vidase tornar amarga? Voc cr ser impossvel poder diferenar uns dosoutros?

    Em nosso conceito, no s possvel, mas tambm constitui a maiorprerrogativa que o ser humano pode ter.

    Para lev-la a cabo, deve-se comear, logicamente, estudando osprprios pensamentos, at conhecer quais so os mais habituais; deque classe so; a que aes induzem; que fruto deixaram aqueles quecom maior empenho foram alimentados; etc.

    Talvez esse exame mostre a voc, leitor, que um de seus mais persis-tentes pensamentos seja, suponhamos, o que o induz uma ou duas ho-ras por dia a algum jogo de azar; e a voc, leitora, a dedicar duas outrs tardes da semana a falar sobre moda ou outra frivolidade similar.Muito bem; que se ganhou com isso? Para que serviu? Que benefciosforam recolhidos para o futuro?

    Passe-se igualmente revista a outras companhias que freqentam amente, e se ver que elas no so mais que um lastro intil que retar-da as prprias atividades, ou um foco de inquietaes, irritabilidadeou melindres, que leva constantemente a situaes difceis. Por exem-plo, este pensamento nos aconselha a ficar aborrecidos ao menoratrito; aquele, a pensar que ningum sabe o que nos vai aconteceramanh; aqueloutro nos sugere que mais vale desfrutar ociosamenteo momento presente do que nos preocuparmos com o amanh. Eponhamos aqui um longo etctera, que cada leitor completar discre-tamente.

  • 36

    Prosseguindo com este estudo, vejamos o que sucede quando sedeve enfrentar uma situao pouco comum, como seria um exame ouconcurso. freqente, nestes casos, aparecerem na mente pensamen-tos de impotncia ou de temor, que inibem ou paralisam nessaemergncia o uso das faculdades. Quantas vezes vemos fracassar oestudante mais bem preparado, s porque um pensamento inibitrio oimpediu de utilizar todo o acervo de imagens que levava como bagagemde conhecimento? Nesses casos, sempre se nota que, passado o momen-to crtico, uma vez j tranqilizado, o estudante constata pasmado quepara todas as perguntas que lhe fizeram tinha uma resposta satisfatria;simplesmente no as pde dar, porque um pensamento de inseguranaou de temor paralisou o movimento dessas imagens mentais.

    De modo, pois, que o estudo dos pensamentos, com sua classificaoe seleo, constitui uma primordial necessidade humana. im-prescindvel saber quais pensamentos h dentro da mente, afastar semdemora aqueles cuja influncia se mostra intil ou prejudicial, e culti-var os de ndole sadia e construtiva. Assim comea a verdadeira arte deforjar uma nova individualidade.

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    ESCOLAS DE ADIANTAMENTO MENTAL

    %Designamos com este nome, por nos parecer o mais adequado

    compreenso comum, aquelas escolas que, na Antiguidade, se preocu-param em resgatar um punhado de homens das sombras que man-tiveram a humanidade mergulhada na ignorncia.

    Estas escolas denominavam-se iniciticas, porque iniciavam ohomem nos verdadeiros conhecimentos da vida e do Universo, e o fa-ziam descobrir, por esse meio, os mistrios que, sem tal concurso, seri-am impenetrveis para seu entendimento. Tais escolas sempre foramdirigidas por expoentes da hierarquia da inteligncia e continham aexpresso mais pura das verdades que ensinavam.

    O ser geralmente ignora que, alm da instruo comum que recebe -mesmo compreendendo a mais esmerada educao e ilustrao que possvel obter na universidade, com suas posteriores especializaestcnicas e cientficas -, existe uma cultura e uma cincia cujos conheci-mentos, no sendo semelhantes aos que comumente so ministrados,devem ser adquiridos fora do mbito universitrio, pelo esforo pes-soal e pela dedicao intimamente estimulados, a servio de um idealcuja concepo escapa s consideraes e juzos correntes que a mentevulgar possa formular.

    Na presente poca, a nica escola de adiantamento mental a raum-slica,* que difunde os conhecimentos de Logosofia. No h outra, eno seria aventurado vaticinar que passar muito tempo antes queoutra de similar natureza surja no mundo.

    Com o auxlio do saber logosfico, o homem adquire uma srie deconhecimentos de inestimvel valor para sua vida. Diremos aindamais: o conhecimento logosfico promove no esprito humano umnovo gnero de vida, que lhe proporciona enormes satisfaes e lhe

    * N.T.: Atualmente, Fundao Logosfica - Em Prol da Superao Humana.

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    permite colocar seu entendimento muito acima da conduta corrente edas deficientes apreciaes do temperamento comum.

    Aquele que sabe o que pode, se comparado com quem desconheceseus recursos, sempre leva uma vantagem considervel, que na lutadiria assume um valor imenso.

    No rias, diz o antigo adgio, daquilo que, por ignorares, menos-prezas.

    Escolas havia, em tempos j remotos, que acondicionavam a vida deseus adeptos a uma existncia superior, cujas projees abarcavammuitas geraes. Eram escolas de Sabedoria, e suas luzes foram tochasimortais que indicavam a rota a luminosas civilizaes que alcanaramo mximo de esplendor e cultura.

    Em nossos dias, em que o progresso dos povos est truncado,desconjuntada a estrutura social pelas imposies do momento blico,a parte de humanidade que sobreviver a este massacre dever encararseu futuro com um conceito muito diferente daquele que at agorateve da sua existncia.

    um fato por demais evidente, na histria do gnero humano, que ohomem tarda muito a compreender o objetivo de sua vida. Geral-mente, a necessidade e a dor obrigam seu carter a ser mais dcil emenos spero, quando deve incluir em sua psicologia modalidadesque lhe so indispensveis para exercer um sadio domnio sobre seusnervos e, no menos que isso, um estrito controle sobre seus impulsosirreflexivos.

    A Escola de adiantamento mental oferece ao ser humano a possibilidadede conquistar, por via normal, ou melhor, natural, e com a devida an-tecipao, todos aqueles conhecimentos que lhe evitaro os ingratos edesagradveis choques com a adversidade.

    Diz a cincia mdica que mais vale operar um apndice ainda nocomplicado do que quando ele j tiver posto o organismo em perigo.E, falando de organismo, diremos que, assim como se criam as defesaspara imuniz-lo contra certas doenas conhecidas, tambm podem ser

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    criadas poderosas defesas mentais que impeam o contgio de deter-minados pensamentos-bacilos, que levam a vtima, quando conseguemobcecar sua mente, aos mais agudos desvarios ou tormentos que sepossam imaginar e, quando no o fazem, deixam o indivduo em umestado de manifesta incapacidade, acontecendo que, em tais condiesde inferioridade, qualquer problema o derruba, fazendo-o experimen-tar os amargos transes do desespero.

    O ensinamento logosfico, entre os mltiplos e valiosssimos conheci-mentos que divulga, preceitua a convenincia de o ser humano se pre-caver a tempo contra as desagradveis eventualidades que, por inex-perincia ou ignorncia dos fatores que cumprem seu inexorvel papelna vida, ele deve enfrentar no curso de seus dias.

    O saber logosfico pode ser aplicado de imediato e com inteira dis-crio prpria vida. O ensinamento ingressa de cheio no acervo in-terno, operando verdadeiros prodgios na psicologia individual.

    Deve-se entender, pois, que uma escola de adiantamento mental um centro de estudos e investigaes cujos conhecimentos diferem emabsoluto dos comuns, devido sua qualidade e transcendncia. Porisso, tais escolas sempre foram, so e seguiro sendo, em todas aspocas, o lugar predileto das almas que anelam realizar uma superaointegral que lhes economize os momentos de desventura que to farta-mente a ignorncia proporciona, com todas as deficincias que, porsua causa, existem no mecanismo mental e psicolgico do ser.

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    DEBILIDADES HUMANAS

    A sorte grande

    %De todos os que compram semanalmente bilhetes de loteria com a iluso

    de ganhar um prmio, pode-se dizer que cem por cento (e aqui nos referi-mos gente medocre, tanto a de escassos recursos como aquela queaparece mais bem vestida moral e fisicamente) s pensam - ou, dizendomelhor, sonham - com o maior deles: a sorte grande, como se diz vul-garmente. Essa cobia, que se mostra sem dissimulao, vigorosamenteestimulada no homem por um nico desejo: o de encher-se de luxo, paraque parentes, amigos, companheiros de trabalho, vizinhos e todos os queo conhecem sintam inveja, ao v-lo convertido num grande senhor.

    Que satisfao diablica no sentiria um simples empregado qualquerao apresentar seu pedido de demisso ao chefe, enquanto lhe diria, repri-mindo um tanto a emoo, mesclada com ares de triunfo: Estou medemitindo porque j no preciso trabalhar; trabalhava s por distrao.Ou o fulano que passasse para amigos e parentes um carto com seu novoendereo, para que se inteirassem de que ele mora pelo menos num palacetede algum bairro gr-fino. Ternos novos e s dzias, carros, pompa a maisno poder - j que at o mais caro lhe parece excessivamente barato -, ei-lo ento, o novo rico, que antes mandava reformar as roupas velhas e,muitas vezes, almoava uma humilde xcara de caf com leite.

    Eis o af de quase todos os pobres, ou dos que no tm uma situaoeconmica muito folgada: ser ricos, para encher-se de soberba e insensatez.

    Observando uma enorme fila de pessoas que esperavam a vez paracomprar um bilhete da loteria de Natal, que ali era vendido a preo decusto, refletimos:

    Ser que toda essa gente j pensou seriamente no que faria se a sortefosse sua? Seguramente, no, pois, para aliviar sua situao econmica

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    e, ainda, para melhor-la notavelmente, o homem no necessita tirara sorte grande e, no necessitando de tal coisa, deveria contentar-secom bilhetes que custam muito menos e cujos prmios no so nadadesprezveis.

    que, para possuir de golpe grandes somas de dinheiro, necessrioter suficiente ilustrao para poder administr-las. Quem nunca ad-ministrou dinheiro em abundncia facilmente o malgasta, e muitos soos que devem, aps desfrutar a grandeza, retornar pobreza maldi-zendo sua sorte.

    Para que se pede a Deus, por exemplo, que conceda a graa de tirara sorte grande, se isso s vai servir para se perder nas tentaes e nalibertinagem? Deve ser por isto que muito raramente Deus pe o pr-mio maior nas mos do nscio. Geralmente, esse prmio sai repartidoentre muitos e, quando sai inteiro, um endinheirado que o leva, poissabe como administr-lo.

    Se o pobre fosse mais sensato ao jogar na loteria e pensasse no futuroe bem-estar de sua famlia, na ajuda sem jactncia que poderia dar aoprximo, com toda a segurana as bolinhas de sua sorte sairiam emlugar das que saem para decepcionar. Porm, uma das grandes debilidadeshumanas que mais custa ao homem eliminar a vaidade. Ser tudo semfazer nada, e ter muito para fazer menos ainda, eis a frmula ideal datpica tendncia humana.

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    A VERDADE DOS MENTIROSOS

    Estudo logosfico sobre o embusteiro

    A mentira vil: quando parece dar afelicidade, a arrebata. (Raumsol)

    %O embusteiro, apesar de ser um sujeito tpico e classicamente

    definido, consegue na maioria das vezes safar-se habilmente das situ-aes complicadas que ele mesmo provoca com sua costumeira m-f. , em geral, temido pela gente ignorante, e at mesmo por aque-les que preferem o confronto a terem de se envolver com tipos dessaespcie.

    Mesmo assim, o embusteiro o prottipo do covarde e do traidor.Nunca ataca de frente; esconde-se sempre no anonimato, para que aluz no descubra sua fatdica silhueta, e se esquiva agilmente dos pre-ceitos da lei. Identificado por inteiro com a mentira, a verdade paraele uma fico, fazendo, com sutis enganos, os incautos e os tolos creremque, se isso o que ele diz, essa a verdade.

    Est continuamente margem da realidade, a tal ponto que o sur-preende o fato de haver seres que vivam com sensatez e rechacem oimpostor em seus pretensiosos intuitos.

    Em suas aes canalhas e delituosas, emprega a maior tenacidade emlanar, sobre aqueles que ele utiliza como instrumentos, o peso daresponsabilidade. Na ponta da lngua tem sempre a palavra de hon-ra, que empenha com a mesma facilidade com que a nega.

    Passar por homem de bem sua obsesso permanente. Incapaz damenor ao nobre, visto que um ente sem honra, desprezvel por na-tureza, faz tudo para lesar a dignidade dos demais.

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    As inquietudes espirituais desses sujeitos consistem em usurpar bensalheios, ttulos que usam ilicitamente e tudo quanto seja motivo de co-bia para suas mentes extraviadas. No final de suas aventuras, esseseternos suspeitos aos olhos da polcia quase sempre caem na mo dajustia e so trancafiados em lugar seguro. O curioso que, j presos,continuam fazendo clculos para suas futuras manobras delituosas, in-ventando novas mentiras e dizendo enfaticamente e com gestos dedesdm aos carcereiros: Ns defendemos a sociedade com nossoshonrveis nomes e conseguimos, finalmente, a felicidade de ver todoo mundo atrs das grades!

    Convm que os psiquiatras e os juzes tenham bem em conta essaclasse de demncia, que constitui todo um perigo para a paz social.

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    A INCONSCINCIA NO SUICIDA

    %Se examinamos a estatstica dos suicidas, veremos que estes, na

    maioria dos casos, malograram suas vidas em plena juventude, entreos dezessete e os vinte e trs anos de idade. Muito poucas exceesocorrem fora dessa faixa etria.

    Perguntar-se-, sem dvida, quais so as causas que influem no ni-mo do jovem que adota to irreparvel atitude. Vamos responder doponto de vista das observaes logosficas.

    A criatura humana, durante esse perodo, ainda no se identificoucom a vida, o sentido da responsabilidade ainda no despertou nela;vive como alheia realidade da prpria vida. A proteo paternaparece excluir toda preocupao quanto a seus deveres para com a so-ciedade e o mundo em que vive. Nessa idade, no aprendeu ainda a re-solver os pequenos problemas que as necessidades morais prprias lhecriam; tampouco ensaiou as primeiras lies da temperana e da re-flexo. Supe que o primeiro pensamento que lhe acode mente onico que existe para julgar qualquer situao, e rechaa, com nopouca altivez, todo raciocnio que os maiores lhe fazem com o objeti-vo de auxiliar seu incipiente juzo. Se tem um amigo, pensa que s ele capaz de lhe ser fiel; se um amor, que o nico que pode faz-lo feliz;e sofre, em conseqncia dessa atitude mental e sentimental, amargasdecepes, que o levam muitas vezes a graves resolues, se algo supe-rior a suas foras no influi para faz-lo mudar de deciso.

    O que induz esse tipo de suicida a consumar o crime contra sua vida, geralmente, um ressentimento.

    Ele pensa, por exemplo, na dor imensa que sentiro pais, irmos eamigos; quer ver todos eles aflitos, dispensando-lhe atenes e dando-lhe a razo que at esse instante lhe fora negada, ou que ele acreditoulhe estivessem negando. Com os olhos de uma imaginao embriagadapela seduo da tragdia, o jovem v que deixar de ser indiferente

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    para os demais, que passar a ser recordado por todos, com pranto,desespero e arrependimento; v tudo quanto sua hipertrofiada vaidadelhe faz ver. Porm, no consegue ver, por terem sido cegados os olhosde sua razo, que est truncando toda uma vida, que poderia desfrutare utilizar para edificar a prpria felicidade. No v que seu desapareci-mento nada implica para o mundo; que seus pais e familiares no finaldas contas se consolaro, dando prosseguimento a seus dias como quan-do ele vivia. Mas...e o crime que comete, e os horrveis tormentos quepadecer sua alma num purgatrio sem expiao, como poder repar-los? Quem o ser humano para desprezar a existncia que Deus lheconcedeu? Se cada potencial suicida pensasse nisso, mais de uma mose deteria, e o corao se encheria dos sobressaltos do espanto.

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    INCLINAES PSICOGNITAS*

    %Entre os tipos psicolgicos que a Logosofia descobre, ao enfocar sua

    observao sobre os que povoam a sociedade humana, acha-se o quevamos apresentar neste estudo. Ns o escolhemos, nesta opor-tunidade, pelos curiosos e no menos interessantes aspectos que con-figuram seu quadro mental, pois julgamos que tal estudo no deixarde constituir uma valiosa contribuio para os cultores da investigaologosfica. Trata-se do ser que comumente tomado por excntrico.

    Na realidade, um descentrado, pelo fato de que jamais ajustou suaconduta aos ditames da sensatez e da razo. Mimado na infncia e tolera-do em excesso na adolescncia, sofre prematuramente os tormentos desua prpria exaltao, em conseqncia do descontrole, dos abusos dapaixo e dos deleites do mundo quimrico.

    Esses seres, dominados por iluses e aspiraes irrealizveis, vidos deesperanas sobrenaturais, pretendem divorciar-se do mundo prtico ereal para mergulhar na divagao terica e arbitrria. A sede do fenomni-co lhes atrofia o gosto, impossibilitando-os de poder apreciar as virtudesdo poderoso licor que a reflexo faz beber. J no foram eles vistos, poracaso, indo em busca de tantos ambientes quantos possam existir, ondevivem um tempo aceitando de bom grado o engano de serem elevados aposies honorficas que botariam no chinelo os mais conspcuos perso-nagens da nossa histria? Infladas assim as ambies, sempre vivendocompletamente margem de toda realidade, muito comum v-los in-cluir os demais no rol de seus vassalos imaginrios.

    Muitas vezes se surpreendem, e se incomodam, e vociferam, se noencontram o semelhante disposto a servi-los, e at dirigem injrias ecalnias a quem no reverencie suas palavras e no creia cegamentenelas. O grave aparece, precisamente, quando tais palavras exprimemcoisas inventadas com o propsito de aliviar o bolso alheio e usar,em proveito prprio, o centavo que pertence aos demais.

    * N.T.: No original: "Inclinaciones Psicognitas", com o sentido de "Tendncias Hereditrias".

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    Esses entes humanos so incapazes de realizar qualquer coisa por simesmos. Dspotas e egostas por excelncia, se alguma vez galgampostos na hierarquia s pensam em usar o mximo de rigo